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Edição crítica de música

glossário
[doc. de trabalho 11.11.07]

alógrafo – o texto do autor pela mão de outrem.

antígrafo, modelo ou exemplar – testemunho a partir do qual se faz a


cópia.

aparato crítico negativo – o que regista apenas as variantes rejeitadas


pelo editor. Pode assumir duas formas: 1. antes das lições divergentes,
repete a lição do texto, sem referir os respectivos testemunhos; 2. não
repete a lição do texto, apontando só as lições divergentes e os
testemunhos em que ocorrem.

aparato crítico positivo – o que regista todos os testemunhos nos quais


se fundamenta a edição e as respectivas lições, sejam concordantes ou
divergentes da que foi aceite pelo editor.

apógrafo, ou cópia – reprodução do texto original ou de um ou mais


antígrafos precedentes.

arquétipo – testemunho não conservado, distinto do original, que não


corresponde necessariamente a um objecto, reconstituível com base na
presença de, pelo menos, um erro significativo de tipo conjuntivo comum a
toda a tradição, do qual descendem, por diversas vias, todos os
testemunhos de um dado texto. O mais antigo antepassado comum de
todos os testemunhos subsistentes.

ascendente – testemunho para o qual remete uma família de


testemunhos, podendo coincidir com o arquétipo ou com um hipoarquétipo.

autógrafo – o texto do autor pela sua mão.

banalização, trivialização, ou lectio facilior – erro que consiste na


reinterpretação geralmente simplificadora de uma forma desconhecida
(lectio difficilior) à luz de uma forma conhecida. A lectio facilior pode
resultar da incorporação de elementos provenientes da prática de execução
e, neste caso, a sua origem não é necessariamente uma lectio difficilior,
mas a reformulação de um lugar do texto à luz de uma dada experiência da
obra.

colação (collatio) – comparação sistemática das lições de todos os


testemunhos de um dado texto.

concordância – No uso corrente da Musicologia, designa os diferentes


testemunhos que transmitem um mesmo texto, ou a mesma leitura de um
dado texto.

Universidade de Évora, Mestrado em Musicologia 2007-09


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conjectura (emendatio ope ingenii, ou divinatio) – reconstituição de uma


leitura sem o apoio de testemunhos, eliminando um erro ou preenchendo
uma lacuna.

contaminação – processo pelo qual se introduzem leituras no texto


provenientes da consulta de mais do que um exemplar, ou da incorporação
de variantes assinaladas no próprio modelo. A transmissão do texto não se
faz exclusivamente no sentido vertical, antes segue percursos horizontais. A
contaminação pode ser infraestemática, quando os contactos horizontais se
fazem entre testemunhos conhecidos da tradição, ou extraestemática,
quando aqueles contactos se produzem entre testemunhos que não se
puderam registar no estema.

cópia – o processo e o produto da reprodução de um texto a partir de um


exemplar, pela mão do autor ou de outrem.

difracção – discordância geral dos testemunhos num dado lugar do texto,


com proliferação de variantes equipolentes, produzida por uma lectio
difficilior.

edição crítica – o processo e o produto da fixação do texto, que comporta:


1. a recensão completa dos testemunhos subsistentes (recensio), 2. a sua
colação sistemática (collatio), 3. a eliminação dos testemunhos inúteis
(eliminatio), 4. o estabelecimento do estema e a classificação dos
testemunhos que não sejam rejeitados, 4. a crítica do texto,
compreendendo as operações da interpretação e da correcção, com vista à
constitutio ou à restitutio textus, e 5. o aparato crítico, que regista
exaustivamente as variantes (sincrónicas ou diacrónicas) e dá conta do
procedimento do editor.

eliminação (eliminatio) – operação que consiste em pôr de parte os


testemunhos que são cópia directa de um testemunho conservado ou
reconstituível sem o seu contributo (eliminatio codicum descriptorum), ou
que constituem leituras singulares e por isso inúteis para a reconstituição
do texto original (eliminatio lectionum singularium).

emenda (emendatio, correctio) – operação de correcção de um erro. Pode


ser feita por conjectura (emendatio ope ingenii, ou divinatio), ou com base
nos elementos da tradição (emendatio ope codicum).

erro – qualquer desvio em relação ao original que não constitua uma leitura
razoável ou uma variante. O erro pode ser monogenético ou significativo
– quando se verifica a improbabilidade da sua introdução independente,
sendo, por conseguinte, a sua presença em dois testemunhos distintos sinal
de ascendência comum (erro conjuntivo) e a sua ausência em pelo menos
um testemunho, não se admitindo a hipótese de uma correcção conjectural,
sinal de ascendência diversa (erro disjuntivo) – ou poligenético – quando
se verifica que pode ter sido introduzido de forma independente, sendo por
isso não-significativo, porque não serve para provar ou para negar o
parentesco entre os testemunhos que o comportam.

Universidade de Évora, Mestrado em Musicologia 2007-09


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erro conjuntivo – erro comum a pelo menos dois testemunhos do mesmo


texto, que o não poderiam ter introduzido independentemente. A ocorrência
de um erro partilhado supõe a existência de, pelo menos, um testemunho
intermediário, ou de um hipoarquétipo.

erro disjuntivo – aquele que é detectado num testemunho, mas não em


outro do mesmo texto, remetendo cada testemunho para diferentes linhas
de transmissão.

estema (stemma)– representação esquemática da tradição de um texto,


que explicita as relações de conexão e de derivação entre cada testemunho,
obtida depois de se fazer a colação.

família de testemunhos – ramo da tradição caracterizado pela presença


de erros comuns significativos.

hipoarquétipo, ou subarquétipo – o arquétipo de um ramo da tradição


de um dado texto.

inovação (innovatio) – qualquer leitura que constitua um desvio do


original, incluindo, por conseguinte, erros e variantes.

interpretação – operação crítica de valoração das leituras singulares e das


variantes equipolentes, com vista à fixação do texto.

lacuna – omissão de um segmento do texto, devida mais frequentemente a


acidentes de cópia ou às contingências da conservação dos suportes.

lectio difficilior – lição que se distingue de todas as outras pelo maior grau
de dificuldade, pela complexidade ou pela raridade do ponto de vista
morfológico, semântico ou lexical.

leitura, ou lição – o conteúdo de um lugar do texto em qualquer dos seus


testemunhos. De acordo com J. Grier (The Critical Editing of Music, p. 30 e
passim), com base na percepção adquirida do estilo da obra, as leituras
podem ser categorizadas como: 1. boas («good readings»), 2. razoáveis
concorrentes («reasonable competing readings») e 3. erros evidentes
(«clear errors»).

original – o texto escrito pelo autor, ou por ele revisto, ou publicado sob a
sua supervisão, na forma de um manuscrito (autógrafo), um dactiloscrito,
um impresso, ou um ficheiro binário-digital (manuscrito electrónico).

recensão (recensio) – a identificação do conjunto completo dos


testemunhos subsistentes de um texto e a análise das suas relações
recíprocas.

recensão fechada – diz-se quando as relações dos testemunhos são


exclusivamente verticais e a lição do arquétipo pode ser reconstituída. As
linhas do estema são todas divergentes.

Universidade de Évora, Mestrado em Musicologia 2007-09


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recensão aberta – diz-se quando a tradição é perturbada pela


contaminação e as leituras concorrentes, ou variantes, são equipolentes.
Sendo possível traçar o estema, as linhas de transmissão são parcialmente
convergentes.

testemunho, ou, no uso corrente da Musicologia, fonte – o objecto,


manuscrito, impresso, misto ou binário-digital (manuscrito electrónico), que
transmite o texto da obra. Pode transmitir um ou mais textos de um único
autor ou textos de diferentes autores. Neste caso, trata-se de um
testemunho miscelâneo.

tradição – o percurso da transmissão de uma obra e, concomitantemente,


dos testemunhos que a documentam. O encadeamento da totalidade dos
testemunhos de um texto, subsistentes ou desaparecidos.

variante – leitura que constitui um desvio do original, mas que não tem
carácter de erro. Leitura divergente, num dado lugar do texto, entre dois ou
mais testemunhos. Pode ser introduzida pelo autor (variante sincrónica) ou
pela tradição (variante diacrónica).

variante alternativa – diz-se quando o autor apresenta mais do que uma


lição para o mesmo lugar do texto, não se decidindo por nenhuma.

variante da tradição – qualquer leitura divergente introduzida no curso da


transmissão.

variante equipolente, ou adiáfora – leitura razoável, que pode resultar


de um erro invisível e em relação à qual, mesmo com a ajuda do estema,
do conhecimento dos hábitos de escrita (usus scribendi) e da lectio
difficilior, é impossível decidir se é mais ou menos certa que outra.

versão – estado de um texto que corresponde a um nível de composição


completo, compreendendo todas as variantes introduzidas pelo autor ou por
outrem, por oposição a um estado anterior e a outros eventuais estados
resultantes de outras reformulações.

Universidade de Évora, Mestrado em Musicologia 2007-09

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