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I NSTITUTO DE ESTUDOS,
moradia não é só casa
FORMAÇÃO E ASSESSORIA resultado do 2º ano do curso
EM POLÍTICAS SOCIAIS
“participar da gestão da cidade”
Apresentação 5
2. Mutirão Celeste 18
Contexto Urbano e o lugar da ocupação 18
Histórico da ocupação 18
Visita de campo 21
Considerações Finais 33
Os autores:
Florisbela
Florisbela Pereira Martins nasceu em Minas Gerais, na cidade de Santo
Antônio do Grama. Veio para São Paulo no ano de 1963, quando começou
a freqüentar as missas do falecido Padre Mauro Batista da Paróquia Nossa
Senhora de Fátima no bairro Vila das Belezas. Em 1975, mudou-se para o
bairro do Campo Limpo, trabalhou como secretária da Sociedade Amigos
do Bairro Jardim Vale das Virtudes. Hoje, trabalha na Paróquia Senhor dos
Passos na entrega do “Viva Leite” e na Pastoral dos Vicentinos, ajudando
na distribuição de alimentos e outros atendimentos à população local. É
Conselheira Tutelar do Campo Limpo desde 2002.
Geraldina
Geraldina Souza Viana Santos nasceu em Minas Gerais, na cidade de
Januário. Chegou a São Paulo aos seis anos de idade, em 1966. De início,
morou em São Bernardo e, logo após, foi viver “na Paulicéia”. Em 1975,
mudou-se para Vila Cristina. Lá começou seu trabalho como voluntária no
Centro Jovem da Igreja Santa Cristina e fez parte do movimento “Panela
Vazia”. Nesta época, final dos anos 70, a luta por melhores condições de
moradia começou a se intensificar na região. Participou ali de diversas ações
do movimento de moradia. Fez parte do mutirão Celeste I e II, mas, devido
a problemas de saúde, sua atuação não foi constante e ela não conseguiu
sua casa. Hoje, está no projeto de mutirão de prédios “residencial”, locali-
zado próximo ao Celeste I, com previsão de ser iniciado em breve.
Jorge
Jorge Nascimento nasceu em Guararapes, Estado de São Paulo, e veio para
a cidade de São Paulo em 1971, residindo na Vila Bela, sub-distrito da Vila
Prudente. Sempre participou das lutas sociais, atuando no Sindicato dos
Rodoviários do Grande ABC e no Movimento pela “Diretas Já”. Engajou-se
na luta pela moradia, em 1999, no movimento Santo Conti da Vila Pru-
dente e também no movimento de saúde da Zona Sudeste. Em 2001, co-
meçou a integrar a coordenação do Fórum dos Mutirões de São Paulo. Hoje,
é também conselheiro gestor da Unidade Básica de Saúde “Dr. Herminio
Moreira” da Vila Alpina.
Manoel
Manoel Otaviano da Silva nasceu na cidade de Alegrete, no Piauí e veio
para São Paulo em 1986, indo morar na favela de Heliópolis, onde come-
çou sua militância no movimento de moradia, no movimento partidário e
no movimento de saúde. Hoje, é um dos diretores da Unas (União de Nú-
cleos, Associações e Sociedade de Heliópolis e São João Clímaco), tem par-
ticipação na CMP (Central de Movimentos Populares) e na UMM (União
dos Movimentos de Moradia). É muito atuante na militância pela melhoria
da qualidade de vida em Heliópolis.
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Apresentação
5
A partir de então, desenvolveu-se todo um trabalho conjunto de
pesquisa de campo para buscar fontes de informação e depoimen-
tos de pessoas das três áreas de moradia escolhidas e que pudessem
nos ajudar a responder as perguntas formuladas. O intercâmbio de
conhecimentos, visões, interpretações da realidade, proporcionado
pelas visitas compartilhadas de educadores e educandos, foi uma
experiência muito importante para a formação de todos(as) e for-
neceu os insumos mais importantes para a produção final do grupo.
Seguiu-se um intenso e fecundo esforço de interpretação daqui-
lo que foi colhido nas visitas e a busca coletiva de traduzir este tra-
balho no texto que agora apresentamos e que queremos comparti-
lhar com aqueles que, como nós, acreditam que “moradia não é só
casa” e que, na verdade, a luta por moradia só adquire potencial
emancipador quando ela integra um conjunto de alternativas que
possibilitem uma vida mais digna e um habitat melhor para a comu-
nidade em todos os aspectos.
Esta visão está bem sintetizada na fala dos próprios educandos:
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1. Unas – Favela de Heliópolis
Histórico da ocupação
Toda a região de Heliópolis fazia parte do “Sítio Moinho Velho”,
pertencente ao Conde Álvares Penteado. Em 1942, a área foi com-
prada pelo IAPAS (Instituto de Aposentados e Pensões dos
Industriários), que construiu, em 1969, o Hospital Heliópolis e o
Posto de Assistência Médica (PAM), até hoje referência de atendi-
mento emergencial para a região.
Em 1971, a área começou a ser ocupada, com a acomodação
de 200 famílias da Vila Prudente e da Vila Vergueiro levadas
pelo poder público. Na época, Paulo Maluf era prefeito. No ano
seguinte, famílias da Vila Arapuá também foram remanejadas
para o mesmo local, mas, desta vez, contavam com o apoio de
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setores progressistas da Igreja Católica. Frei Betto, foi uma das
figuras importantes que atuaram junto aos moradores de
Heliópolis.
A partir de 1977, cresceu a ação de “grileiros” no território. Eles
dividiram a área em lotes, venderam esses lotes para as pessoas
que migravam para Heliópolis e passaram a fazer ameaças às pes-
soas que estavam ocupando espontaneamente o local, criando um
clima de violência.
Nos anos de 1975 e 1976, não existiam creches na região. Pos-
teriormente, algumas mulheres se organizaram para cuidar dos fi-
lhos de mães que precisavam trabalhar. Deu-se a esta experiência
o nome de “mães crecheiras”. Apenas na gestão do governador
Orestes Quércia (1987-1990) surgiram as primeiras creches públi-
cas em Heliópolis. Estas creches existem até hoje.
A ocupação de Heliópolis se expande cada vez mais, atingindo
o bairro São João Clímaco. Em maio de 1979, foi realizado o Con-
gresso de Favelados de Grande São Paulo e, em agosto do mesmo
ano, foi criado o Movimento Unificado de Favelas de São Paulo,
com o objetivo de criar uma rede de comunicação entre os movi-
mentos, para socializar as dificuldades enfrentadas por cada um e
pensar uma ação política conjunta para cobrar do poder público
as deliberações tomadas nos encontros.
A partir destes anos, a população começou a se organizar para
lutar pelo lugar de moradia e por infra-estrutura: luz, água e es-
goto. Favela era uma questão de polícia e, de olho na alta valori-
zação da região, a Prefeitura pretendia destinar a área para cons-
trução de moradia para a classe média. Os moradores da favela
resistiram com passeatas e assembléias.
Na década de 80, os moradores estavam mais organizados,
lutando pela legalização e urbanização da favela. Em 1981, foi
criada a Central dos Moradores de Heliópolis e iniciada a cons-
trução de uma sede. Em 1982, foi organizada a associação Unas
( União de Núcleos, Associações e Sociedade de Heliópolis e São
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João Clímaco ), embora ela só tenha sido oficializada em 1992.
A partir daí, a luta se tornou permanente, com assembléias, pas-
seatas, manifesta-
ções e ocupações, e
se iniciam novas rei-
vindicações por direi-
tos que não apenas
por moradia.
Durante a gestão
municipal de Jânio
Quadros (1985-1988),
os moradores de
Heliópolis criaram as
comissões de moradia
para negociar com o poder público a regularização dos locais de
habitação. A partir de um determinado momento, no entanto,
o prefeito deixou de atender as comissões e os moradores fun-
daram a Associação Central, para se contrapor ao fim das ne-
gociações.
Durante a gestão municipal de Luiza Erundina (1989-1992),
os contatos entre as organizações de Heliópolis e o poder pú-
blico foram retomados. Surgiram os primeiros convênios fir-
mados entre a prefeitura e associações que compõem a Unas:
Associação Central e Associação de Amigos do Heliópolis. Fo-
ram assinados três convênios para Centros Jovens (atuais Es-
paço Gente Jovem). Nesta mesma época, foram assinados ou-
tros convênios para abrir e pavimentar as primeiras ruas da
favela. As obras foram feitas em regime de mutirão e auto-
gestão pelos próprios moradores. As ruas foram pavimenta-
das, no entanto, com paralelepípedos; material não muito ade-
quado. Neste momento, os moradores não tinham clareza so-
bre a qualidade ou facilidade do material, o importante era a
retirada da lama.
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EGJ - ESPAÇO GENTE JOVEM
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Com o fim da gestão Erundina, os convênios com a prefeitura
foram encerrados. A gestão de Paulo Maluf (1993-1996) não tinha
como prioridade construir moradias populares em regime de muti-
rão; as construções de sua administração foram sempre realizadas
por grandes empreiteiras. Maluf desapropriou famílias no Sacomã
para a construção de um anel viário. Estas famílias foram deslocadas
para uma das ruas que cercam a favela de Heliópolis (Avenida Presi-
dente Wilson), ali, foram construídos prédios do Projeto Cingapura
com capacidade para alojar 600 famílias – em uma região que é tida
como uma área de risco. A favela foi ainda mais adensada e nenhu-
ma creche ou outro equipamento público foi construído.
Um dos inúmeros conflitos que tiveram lugar neste período foi
o da mobilização de cerca de 3 mil pessoas para impedir o despejo
de famílias da quadra H. Houve conflito direto e muitas lideranças
foram presas. Ao fim, os mandados de despejo foram suspensos
pela ação de uma juíza. Diante das tantas mobilizações de resis-
tência, os moradores e a prefeitura chegaram a um acordo judicial
que determinava que nenhuma ordem de despejo seria executada
até o término da gestão do então prefeito Paulo Maluf. Este acor-
do foi mantido durante esta gestão e toda a gestão seguinte do
Prefeito Celso Pitta. A gestão Maluf foi o período de maior ocupa-
ção na favela, graças a retirada do policiamento mantido desde a
gestão Erundina. Foi um momento denominado de ocupação es-
pontânea.
Características da área
Segundo dados do Censo 2000 do IBGE, há cerca 100 mil famí-
lias na favela de Heliópolis. Esta população é, em sua maioria, uma
população jovem. Cerca de 50% dos habitantes se encontram na
faixa etária entre 0 e 21 anos. Dados também revelam que, como
em todo o país, os jovens que hoje residem na favela têm avança-
do mais nos estudos do que aqueles que chegaram no passado.
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Visita de Campo
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bitação da região. Existe um projeto de iniciativa das entidades
parceiras para a ampliação deste centro no ano de 2004. A inten-
ção é aumentar a capacidade de atendimento para 1.200 crianças
(de 6 a 14 anos).
Além deste espaço, há outro centro de lazer localizado na sede
central da Unas. Este conta com uma quadra de futebol de salão,
além de um telecentro com 21 computadores. O telecentro atende
a uma demanda de mais de 500 pessoas para o curso básico de
computação. Nesta sede, também visitamos a rádio comunitária,
com direito a uma entrevista ao vivo. Ainda no mesmo local, há
outro Espaço de Gente Jovem (EGJ).
Para observar o atendimento às crianças e aos adolescentes,
visitamos um outro Espaço Gente Jovem, o “Cidade do Sol”,
conveniado entre a Unas e a Secretaria da Assistência Social (SAS).
O espaço é pequeno e as condições de atendimento são precárias.
O EGJ localiza-se em um salão cedido pela Igreja, que serve, ao
mesmo tempo, como refeitório e como espaço para as atividades.
O projeto atende cerca de 70 crianças. Semanalmente, elas vão ao
Balneário Princesa Isabel, equipamento da Secretaria Municipal de
Esporte e Lazer. Lá, as crianças têm atividades de lazer, incluindo
natação e jogos de quadra, e recebem um lanche.
Não há um semáforo para a travessia das crianças e não há
garantia de transporte público gratuito do local para outras áreas
do bairro. Através de entrevista com uma das educadoras, consta-
tamos falta de recursos para o desenvolvimento de outras ativida-
des necessárias para o atendimento.
Este espaço existe há três anos. Em um primeiro momento, fun-
cionava através de um convênio com a Fundação Abrinq, que du-
rou um ano. Há um ano e meio, a SAS assinou um novo convênio.
No período da noite, o mesmo espaço é utilizado para um trabalho
voluntário de educação de adultos.
A realidade das creches é similar, conforme constatamos em nossa
visita: faltam recursos para o atendimento das crianças. A verba
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disponibilizada pelo convênio com a prefeitura não é suficiente para
arcar com a manutenção dos equipamentos usados (brinquedos, es-
tantes). As creches fazem bingos, festas, rifas durante os fins de
semana para arrecadar recursos a fim de cobrir as necessidades do
atendimento. A visita centrou-se em duas creches conveniadas com
a Unas: uma com a prefeitura e a outra com o governo do Estado.
Ao lado da sede central da Unas, visitamos a creche da Rua da
Mina, um convênio da Unas com o governo do Estado. Conversa-
mos com a assistente da diretora. Segundo ela, a verba destinada
pelo convênio é razoável embora, da mesma forma como observa-
mos em outras creches, a comunidade tenha que realizar eventos
para ajudar na manutenção do equipamento. A demanda desta
creche é de mais de 600 crianças. Devido à alta demanda, surgiu
na região um movimento denominado “movimento dos sem cre-
ches da [quadra] H”.
Constatamos ainda a forte presença de ONGs que desenvolvem
atividades nos espaços de lazer da comunidade.
Grande parte dos moradores da favela ainda vive em barracos
de alvenaria ou madeira. No início da favela, há alguns prédios
construídos através de programas do poder público. O primeiro
conjunto visitado foi um Cingapura, prédios de cinco andares cons-
truídos pela prefeitura durante a gestão Maluf. Na parte térrea
destes prédios, observamos a existência de comércio, o que não
acontece nos outros conjuntos. O funcionamento de comércios foi
uma demanda da população local.
Seguimos então para os prédios da Cohab (Prefeitura de São
Paulo). Cada um deles tem 10 andares. Os apartamentos são con-
fortáveis e com boa ventilação. Nestes prédios, há dois salões no
térreo para reuniões dos moradores e festas. Nas imediações, exis-
te um projeto para a construção de uma quadra de futebol de sa-
lão e um playground .
Fomos conhecer ainda outro projeto, o Prover (com a Prefeitu-
ra de São Paulo, da gestão Marta Suplicy). Os prédios do conjunto,
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de cinco andares, são semelhantes aos prédios do Cingapura, com
o único diferencial de ter um estacionamento.
Continuando nosso percurso, nos deparamos com “a mais ou-
sada obra do Maluf para a área”, um alojamento provisório cons-
truído com Madeirite e telhas Brasilite . É um aglomerado de pes-
soas vivendo em condições subumanas;
as caixas de água ficam ao ar livre, o
esgoto está a céu aberto, não há venti-
lação nem iluminação e o espaço físico
é bastante reduzido. Segundo consta-
tamos através de conversas com os
moradores, não há expectativa ou pre-
visão de melhora.
Os moradores deste alojamento fo-
ram levados para lá durante a gestão
Maluf. Vítimas de um incêndio, a pro-
messa era a de que seriam removidos
para uma área adequada em seis me-
ses. Porém, até hoje, eles continuam lá.
Dando continuidade a visita, para-
mos no espaço destinado às equipes do
Programa de Saúde da Família (PSF) e constatamos a situação pre-
cária com que trabalham. São três equipes que realizam o atendi-
mento de uma área muito grande e muito adensada: uma parte de
Heliópolis e uma parte da Vila Carioca. Não há nenhum equipa-
mento médico e os enfermeiros realizam o atendimento no Posto
de Saúde da Vila Carioca, a Unidade Básica de Saúde (UBS) “Dr.
Joaquim Rossini”.
Retornamos à sede da Unas, na quadra H, e aguardamos a che-
gada de mais uma integrante do grupo. Fomos visitar e almoçar na
creche Padre Pedro Balin. Esta creche, originalmente, se localizava
dentro da favela, mas mudou-se em função de problemas na estru-
tura da casa. O novo endereço fica nas imediações da favela, mas
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continua atendendo a mesma demanda. O convênio, firmado entre
a Unas e a Secretaria Municipal de Educação (SME), é para 90 crian-
ças, embora sejam atendidas 97. O valor do convênio é de 1.500
reais; pouco para o trabalho diário, segundo a diretora da creche.
Esta situação faz com que os responsáveis pela creche sejam obri-
gados a recorrer à sua criatividade e realizem bingos, festas, feijoa-
das para arrecadar fundos para a manutenção do equipamento. A
situação também é contornada através do trabalho voluntário de
algumas mães em substituição ao trabalho de profissionais.
Foi observado que o
espaço é muito grande,
excelente, mas é sub-
utilizado. No espaço,
cabem 120 crianças e a
prefeitura não quer
ampliar o número de
atendidos. Há 700 cri-
anças na fila de espera
e, por exigência da pre-
feitura, as inscrições
acontecem mensalmente mesmo não havendo condições de
atender toda a demanda.
Conforme relato da diretora, existe uma grande preocupação
com a saúde das crianças, que quase sempre vêm doentes de casa.
Há acompanhamento odontológico, psicológico e pediátrico, num
total de quatro profissionais cedidos pela UBS, conhecida como
“Posto da Estrada das Lágrimas”. Os mantimentos da creche são
comprados diretamente pela coordenação da creche. Além desta
aquisição, algumas hortaliças são doadas por moradores da região.
Em seguida, visitamos uma das escolas que atendem os jovens
de Heliópolis, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos
Salles. Conversamos com o diretor, Brás, que está na escola desde
1995. Segundo ele, a escola não é suficiente para atender a de-
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manda de alunos da favela e de seu entorno. Há mais uma escola
dentro da favela, a EMEF Luiz Gonzaga, conhecida como
Gonzaguinha.
A violência é um problema grave enfrentado pela escola e pela
comunidade. Em 1999, após a morte de uma estudante, o diretor,
juntamente com a população, tomou a iniciativa de realizar a “Ca-
minhada pela Paz”. Já foram feitas quatro caminhadas e, cada vez
mais, tem tido adesão das escolas municipais e estaduais e da
sociedade em geral. Todos os equipamentos sociais fecham nos dias
das caminhadas para que as pessoas possam acompanhar a mar-
cha que circula dentro de toda Heliópolis. Há dois pontos princi-
pais: o ponto de partida, no Colégio Campos Salles, por onde se
entra na favela, e o término, na Igreja Santa Edwiges.
A escola é um bem público e pertence à comunidade, portanto,
a história dessa comunidade tem que fazer parte do currículo da
escola, assim como dos valores e da formação dos professores. Se-
gundo os diretores, muitos dos professores têm valores e passam
uma visão de classe média, descolada da realidade dos alunos do
entorno: “(...) não basta a escola estar aberta, a cabeça também
tem que estar, pois os professores desconhecem a realidade dos
alunos (...)”. 1
Além do problema da violência, outra dificuldade enfrentada é
a da falta de professores. O diretor reclama desta situação, pois,
desta maneira, os professores são substituídos pelo assistente de
direção ou pela coordenadora pedagógica e perde-se o fio das dis-
cussões de aula. Ele lamenta não poder atender todas as pessoas
do entorno, que muitas vezes vão estudar em outras escolas mais
distantes.
1
Entrevista concedida por Brás, diretor da EMEF Campos Salles, ao grupo de trabalho.
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2. Mutirão Celeste
Histórico da ocupação
Na década de 70, Padre João Júlio, juntamente com Irmã
Fernanda, realizavam trabalhos de parceria e orientação da comu-
nidade na Igreja de Santa Cristina e dentro da própria favela. Nesta
época, os movimentos organizados estavam começando a se formar
e se mobilizar e o padre os auxiliava na organização de reuniões
junto ao poder público e com trabalhos de formação de lideranças.
Foi neste momento que nasceu o movimento “Panela Vazia”.
O movimento cresceu e a favela foi adensada com a chegada
de famílias de outras regiões da cidade e do país. Dava-se início ao
movimento de luta por moradia e a população organizada come-
çou a pressionar o poder público para dar início a um projeto de
construção de moradias.
O plano inicial era de urbanização da favela Santa Cristina.
Como o número de famílias era muito grande e a região até en-
tão ocupada era precária, o padre João Julionegociou junto a
Prefeitura Municipal de São Paulo (gestão Jânio Quadros) a com-
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pra da fazenda no terreno próximo à favela. A idéia era construir
casas populares.
A construção das unidades do conjunto habitacional Celeste se
deu em regime de mutirão na gestão Luiza Erundina. A construção
das unidades se deu em três etapas. No primeiro momento, foi ini-
ciado o conjunto Celeste I. Durante a gestão Maluf, houve a inter-
rupção do repasse de verbas para as obras. A população se organi-
zou para construir com recursos próprios. Na gestão de Celso Pitta,
mesmo com poucos recursos, se iniciou a construção de um se-
gundo conjunto de casas, o conjunto Celeste II, que, hoje, está sen-
do entregue para a fase de acabamento individual de cada mora-
dor. Hoje, o terceiro bloco de moradias está em fase de finalização,
o conjunto São Savério.
Quando as obras foram paralisadas, no final da gestão Maluf, a
Associação dos Movimentos de Moradia da Região Sudeste, res-
ponsável pelo projeto junto à Secretaria Municipal de Habitação,
filiou-se ao Fórum dos Mutirões para lutar pela continuidade das
obras. Apenas na gestão do Prefeito Celso Pitta (1997-2000), depois
de muitas manifestações, dentre elas invasões da Cohab, os mora-
dores conseguiram a liberação de escassas verbas para os muti-
rões. Nesta época, foi iniciada a construção do conjunto Celeste II.
Com o início da gestão da Prefeita Marta Suplicy (2001-2004), os
programas de mutirão foram retomados.
O início da organização do Movimento de Moradia da Região
Sudeste se deu no final dos anos 70, com a criação da Pastoral de
Favelas na Região do Ipiranga, sob a orientação do bispo do
Ipiranga, Dom Celso. A partir dos trabalhos da comunidade eclesial
na luta pela melhoria das favelas, os moradores se organizam em
Comissões de Moradores em cada favela. Posteriormente, se uni-
ram na eleição do Conselho Regional de Favelas do Ipiranga.
Esta primeira fase da organização dos moradores das favelas
foi marcada pela intensificação das relações com as paróquias da
região. O resultado foi o surgimento dos agentes pastorais.
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Em 1980, ocorreu a primeira ocupação de terra na região, da qual
surgiu a favela Campo de Luta – onde os moradores continuam até hoje.
Este é o período também do surgimento de dois importantes movimen-
tos de moradores de favela na cidade de São Paulo: o Movimento de
Defesa dos Favelados (MDF) e o Movimento Unificado de Favelas (MUF),
dos quais faziam parte os moradores das favelas da Região Sudeste.
Alguns anos mais tarde, a Pastoral de Favelas torna-se Pastoral
da Moradia, impulsionando a articulação dos moradores de corti-
ços, de favelas e de aluguel na eleição da Coordenação dos Movi-
mentos de Moradia da Região Sudeste. No mesmo sentido, os mo-
radores da favela de Heliópolis iniciavam a discussão que culmi-
naria na fundação da Unas - União de Núcleos, Associações e So-
ciedades de Heliópolis e São João Clímaco.
Em 1989, a Coordenação tem sua primeira importante vitória.
A luta dos moradores consegue articular um projeto habitacional
para a região, atendendo 1.200 famílias com 500 unidades habita-
cionais construídas em regime de mutirão – o Conjunto Celeste.
20
Visita de campo
21
Até o ano de 2002, a creche atendia 25 crianças e os funcioná-
rios trabalhavam voluntariamente. Em seguida, foram feitas re-
formas e um convênio entre a Associação e a SAS foi assinado. Os
recursos do convênio são insuficientes para a creche. De acordo
com a funcionária da creche, a merenda também não é suficiente
para o número de crianças atendidas.
Ao lado desta creche, existe uma quadra que os jovens utilizam
para esporte, com revezamento de times entre eles. Essa quadra
também é utilizada para
o trabalho com as crian-
ças da creche.
Saímos para conhe-
cer as obras feitas em
regime de mutirão. As
unidades são sobrados
com 72 metros quadra-
dos. São bem distribuí-
dos, com arquitetura
bem elaborada e foram
entregues recentemente, na gestão atual. As casas foram entre-
gues aos moradores mesmo sem toda a infra-estrutura de água e
luz instalada e sem os acabamentos internos.
No entorno deste
conjunto, moram mais
de 500 famílias na fave-
la Santa Cristina. Esta
população utiliza a cre-
che e freqüenta a cape-
la. Ela está cadastrada
no Leve Leite, programa
do governo do Estado.
Continuando nosso
percurso, fomos para o
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primeiro projeto, o Celeste I. Este já foi concluído por iniciativa
própria dos moradores, em um total de 112 famílias. A construção
e a compra do material foi feita pelos próprios moradores. Neste
conjunto, observamos algumas construções irregulares como o “fa-
moso” puxadinho, utilizado para várias finalidades, e algumas ga-
ragens. As ruas são isoladas umas das outras por meio de grades,
configurando-se como condomínios fechados, devido a seguran-
ça. Conversamos, neste local, com um dos três jovens que moram
ali e estudam medicina em Cuba através de um projeto destinado
a jovens da periferia da cidade de São Paulo.
Depois, fomos conhecer os conjuntos de prédios localizados ao
lado do Celeste I. São dois tipos diferentes de prédios. Em um dos
blocos, há jardim nos prédios. Estes contam com escadas. No mes-
mo bloco, há diferentes formas de organização do jardim. Nota-
mos que estes são bem cuidados e entrevistamos o síndico de um
dos prédios que é também seu jardineiro.
Próximo aos prédios, visitamos um outro conjunto de casas
construídas com recursos próprios dos moradores. É uma vila fe-
chada e, ali, as casas não foram construídas através de programas
de governo. O espaço é bom; as casas têm aproximadamente 63
metros quadrados. Percebe-se no conjunto a criatividade da ini-
ciativa privada.
Na frente das casas, existe um alojamento onde vivem, em con-
dições muito precárias, famílias vindas de uma remoção. Neste
“aglomerado humano” as pessoas vivem sem ventilação, sem ilu-
minação e sem área de serviço. Os moradores estão esperando al-
guma solução, já que tiveram promessas por parte do poder públi-
co. No entanto, nada se cumpriu até agora. Eles se sentem aban-
donados.
Os demais equipamentos sociais visitados não se localizam den-
tro do conjunto, mas também são usados pelos moradores. Visita-
mos um EGJ e uma outra creche, ambos localizados no bairro do
Jardim São Savério.
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A creche municipal atende 160 crianças, todas as salas têm ba-
nheiros e pequenos jardins individuais. Visitamos um EGJ vizinho
à creche, com convênio com a CAICÓ (Centro de Iniciativas Comu-
nitárias). Ele atende jovens do entorno com atividades de artesa-
nato, pintura, grafite, dança, teatro, curso de instrumentos musi-
cais, educação sexual, prevenção da natalidade, prevenção de do-
enças sexualmente transmissíveis (DST) e curso de cidadania. As
atividades ocorrem em período integral, dividindo-se em três tur-
mas: manhã, tarde e noite. As avaliações são feitas pelos próprios
jovens que alegam que, no EGJ, resgatam a própria auto-estima e
se preparam para a luta diária.
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3. Visita ao conjunto da CDHU
Jardim Leônidas Moreira
Histórico da ocupação
O conjunto Jardim Leônidas Moreira foi ocupado no início de
1997 por famílias de várias localidades da cidade logo que a
empreiteira paralisou as obras. A obra de construção do conjunto
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se deu entre os anos 1996-1998, durante as gestões dos Prefeitos
Paulo Maluf e Celso Pitta.
A entrada das pessoas foi individual; foi uma ocupação espontâ-
nea. Nas duas primeiras tentativas, houve muita violência e a ocupa-
ção não se sustentou. De acordo com informações obtidas durante a
visita, soubemos que o tráfico de drogas era muito forte na região.
A terceira ocupação foi mais organizada, segundo constatamos
através de uma entrevista realizada no conjunto. A partir daí, al-
guns moradores começaram a se organizar. A Companhia de Desen-
volvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo foi pro-
curada por algumas lideranças com a intenção de negociar a per-
manência das pessoas nos prédios ocupados, no entanto, a empresa
colocou empecilhos, alegando que o conjunto era destinado a uma
outra demanda. Houve várias tentativas de reintegração de posse
por parte do governo, mas o impasse permanece até hoje.
No ano de 2000, seguindo conselhos de políticos que visitaram
o conjunto Leônidas Moreira, seus moradores fundaram uma as-
sociação. A intenção era facilitar as negociações com o poder pú-
blico. Tendo em vista o grande número de eleitores em potencial,
alguns políticos passaram a atuar na área a fim de se beneficiar
destes votos. A manutenção da população em uma situação de vul-
nerabilidade contribui para a reprodução de práticas clientelistas
na área.
Os moradores se uniram para fundar a Associação de Morado-
res Jardim Leônidas Moreira que, atualmente, está se filiando à
Federação dos Anjos do Brasil.
A situação atual do conjunto é bastante precária. A água e a luz são
clandestinas e apenas as ligações telefônicas foram regularizadas.
Ainda no ano de 2000, houve um assassinato no conjunto. Até
aquele momento, segundo entrevista, o Distrito Policial da região
se omitia diante dos fatos. A partir deste crime, houve a interfe-
rência do Denarc (Departamento de Narcóticos da Polícia Civil) e,
depois de muitas prisões, o problema do tráfico foi amenizado. Em
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função destes acontecimentos, muitas famílias abandonaram o
local. Mesmo assim, outras chegavam.
Visita de campo
Quando chegamos ao conjunto, nossa primeira impressão foi
de que se tratava de um projeto do Cingapura, dada a semelhança
com a estrutura dos prédios. Mais tarde, soubemos que era um
projeto da CDHU. Fomos apresentados a um morador que nos le-
vou para conhecer a área. Ele nos relatou as dificuldades das pes-
soas em arrumar empregos e abrir crediários no comércio em função
da falta de regularização da moradia. Na
situação em que estão, as pessoas não
têm como comprovar o endereço e a
conta telefônica acaba sendo o único
comprovante de residência; daí o ema-
ranhado de fios de telefone que vimos
acumulado no poste da entrada.
Durante a nossa visita, observamos
que não há creches nem escolas próxi-
mas ao conjunto. As crianças têm que
andarpercorrer um longo caminho até
estes equipamentos.
Quando o conjunto foi ocupado pe-
las famílias, a obra ainda não tinha sido
concluída. Observamos que os prédios
permanecem inacabados, visto que a
ocupação ainda não foi regularizada. Em alguns deles, os próprios
moradores se uniram para terminar algumas instalações, como pi-
sos, janelas, vasos sanitários e pias.
Houve a iniciativa de montar um quadro de luz para atender
todos os moradores do conjunto. Eles entraram com um processo
junto à Eletropaulo para requisitar a ligação. No entanto, a em-
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presa se recusou a fazê-lo, alegando a irregularidade da habita-
ção. Observamos, portanto, que os moradores têm se utilizado de
ligações clandestinas, inclusive as de água, para permitir o acesso
a tais serviços.
É visível a melhoria em alguns blocos, dentre elas, a colocação
de interfones e tela protetora para evitar a passagem entre os blo-
cos, como medida de segurança. Visitamos um apartamento de um
dos blocos. Ele mede 46 metros quadrados, é bem confortável e
com boa ventilação.
Segundo entrevista realizada com um morador, a compreensão
dos habitantes do conjunto em relação à manutenção e melhoria
dos prédios ainda é limitada. Até o momento, não há regulariza-
ção da situação em que se encontram e, a qualquer momento, uma
liminar de despejo pode ser concedida. Desta forma, muitos dos
moradores não se articulam em torno de eventuais melhorias.
No entorno do conjunto, há uma ocupação irregular, com 480
famílias em área de risco sujeita a desmoronamento. O esgoto per-
manece a céu aberto e há risco de incêndio permanente – após a
visita, houve um incêndio que destruiu
quatro barracos, deixando as famílias sem
moradia. Mais adiante, há um espaço no
qual, de acordo com o projeto do conjun-
to, seria construída uma escola. Este lo-
cal também foi ocupado.
Em época de eleição, o conjunto é visi-
tado por vários políticos que fazem pro-
messas de melhoria. No entanto, nada é
feito. Não há nenhum trabalho assistenci-
al desenvolvido no local. Segundo a entre-
vista, os benefícios sociais do governo não
chegam a estes moradores por causa da
falta de regularização. No entanto, após
nossa visita, pudemos constatar que, de
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fato, o que falta é a organização dos próprios moradores para rei-
vindicar seus direitos junto ao poder público. Em outras regiões vi-
sitadas, como no caso da favela de Heliópolis, o local também é irre-
gular e há inúmeros projetos sociais sendo desenvolvidos em parce-
ria com a prefeitura e com o governo do Estado.
Na região do Campo Limpo, há o Programa Saúde da Família,
embora o atendimento de saúde no local seja precário. O Hospital
destinado ao atendimento destas pessoas está distante do con-
junto Leônidas Moreira. A necessidade de especialistas é dirigida
ao Hospital das Clínicas ou à Santa Casa da Misericórdia, que aten-
dem à demanda de todo o país e, inclusive, de outros países da
América Latina.
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E, de acordo com o artigo 54, é direito das crianças e dos adolescentes:
III - o atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino,
IV – o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a
seis anos de idade,
VI – e a oferta de ensino noturno regular adequado as condições
do adolescente trabalhador.
ESCOLAS DE LATINHA
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As relações da escola com a comunidade são boas. Houve um
incêndio nos arquivos da escola que, acredita-se, ter sido crimi-
noso. Depois deste episódio e da abertura da escola para a co-
munidade, graças ao Programa Municipal Escola Aberta, a popu-
lação passou a ter uma maior preocupação com a conservação
do equipamento. Atualmente, alguns rapazes da comunidade fi-
cam com as chaves da escola a fim de se utilizar do espaço para
práticas de lazer durante os fins de semana. Uma outra atividade
de que os moradores participaram na área da escola foi o “Re-
creio nas Férias”.
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Visitamos, também, a Escola Municipal de Educação Infantil
(EMEIS) Luis da Câmara Cascudo. São 420 crianças com mais 400
na fila de espera. Observamos a existência de uma boa área de
lazer para as crianças. As salas têm boa ventilação e a área de
lazer é excelente para recreação e educação. Na nossa opinião, de
todas as EMEIS visitadas nesta pesquisa, esta é a melhor
estruturada.
Visitamos, também, o Centro de Educação Infantil (CEI) Paulo e
Admar. Lá, observamos que o trabalho é realizado com duas faixas
de atendimento – de 0 à 4 anos e 11 meses e de 5 à 6 anos e 11
meses. O Centro atende 274 crianças em 15 classes; 6 em período
de 6 horas e o restante em período integral. Hoje, a lista de espera
está em torno de 1.800 crianças. Na gestão atual, a relação dos
Centros de Educação Infantil com a prefeitura passou a ser feita
com a Secretaria Muni-
cipal de Educação. Ante-
riormente, esta relação
se dava pela Secretaria
Municipal de Assistência
Social.
É visível a diferença
entre as creches conve-
niadas e a creche da pre-
feitura. Nesta o atendi-
mento é feito por funci-
onários concursados.
Observa-se também que
não se fala em convocar a população para arrecadar recursos para
garantir o funcionamento adequado das creches. Questionamos por
que isto acontece em outros lugares, já que é uma obrigação do
Estado garantir o direito de todas as crianças a educação.
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Considerações Finais
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por exemplo, pensar na faixa da população que ganha entre 1 e 3
salários mínimos. Moradia é um direito de todos.
As dificuldades decorrentes da escassez de áreas de lazer em
áreas muito adensadas são esquecidas e os governos se preocu-
pam apenas com construção de casas.
Nestas três visitas, observamos áreas muito adensadas. Em
Heliópolis, em função da ocupação inicial ter sido feita de forma
desordenada, não houve a preocupação com a destinação de es-
paços para o lazer. Os novos projetos de legalização e urbanização
da região prevêem estes espaços. Para isso, no entanto, será ne-
cessária a remoção de cerca de 3.000 famílias.
No caso do conjunto Celeste, por ter um projeto de implanta-
ção inicial, foram reservadas áreas de lazer. Observamos que estas
se mantiveram. Mas em função da grande demanda no entorno,
ocupado por favelas, os locais de lazer e os equipamentos conti-
dos neles não são suficientes.
A realidade do conjunto Leônidas Moreira é bem diferente. Não
observamos nenhum espaço destinado ao lazer. As poucas áreas
livres observadas não têm nenhum tipo de manutenção ou cuida-
do que as torne utilizáveis. Em geral, nestes conjuntos, as áreas
livres são áreas impróprias para construção e, mesmo assim, estão
sendo ocupadas por favelas.
A população tem se unido em busca de soluções para muitos pro-
blemas, encontrando entraves que dificultam o trabalho comunitá-
rio. Enquanto o povo resolve as pendências, o poder público se omite.
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Fotos do Trabalho de Grupo:
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Endereços das Associações
Associação de Heliópolis
Rua Coronel Silva Castro, 58 – Ipiranga
Tel: 6161 8213
Material consultado
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PÓLIS
I NSTITUTO DE ESTUDOS,
moradia não é só casa
FORMAÇÃO E ASSESSORIA resultado do 2º ano do curso
EM POLÍTICAS SOCIAIS
“participar da gestão da cidade”