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AMERICANO DA CONSTRUÇÃO
METÁLICA (CONSTRUMETAL 2014)
02 a 04 setembro de 2014
�
Apoio
VI Congresso Latino-Americano da
Construção Metálica
SÃO PAULO
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Maurício Amormino Júnior, CRB6/2422)
C749a
Congresso Latino-Americano da Construção Metálica (6. : 2014 :
São Paulo)
Anais do 6º Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica (Construmetal) / VI Congresso Latino-Americano da
Construção Metálica, 02-04 setembro 2014, São Paulo, Brasil ;
organizador Eduardo de Morais Barreto Campello. – São Paulo:
ABCEM, 2014.
PDF
ISBN 978-85-68391-00-6
CDD-624.1821
Foto de Capa:
Estação de metrô – Cidade Nova – Rio de Janeiro
Paulo Ricardo de Barros Mendes
Construmetal 2014
www.construmetal.com.br
Av. Brig. Faria Lima, 1931 - 9º Andar - 01451.917 – São Paulo, SP – Brasil
www.abcem.org.br
VI Congresso Latino-Americano da
Construção Metálica
02 a 04 setembro de 2014
SÃO PAULO
2014
VI Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
ANAIS DO
SEXTO CONGRESSO LATINO-AMERICANO
DA CONSTRUÇÃO METÁLICA
(CONSTRUMETAL 2014)
Índice:
Apresentação 1
Já consagrado como o maior evento da construção metálica na América Latina, nessa sua sexta
edição o Construmetal contou pela primeira vez com um Comitê Tecnocientífico para
organizar as Sessões Tecnocientíficas. O objetivo foi conferir novo escopo às Sessões e com
isso prover aos meios técnico e científico latino-americanos ligados ao uso do aço como
material estrutural um fórum específico de alto nível para discussão e disseminação de novas
tecnologias relacionadas à área. O Comitê contou com a participação de renomados
pesquisadores de todo o Brasil, além do apoio institucional da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo – que, também pela primeira vez, foi apoiadora do congresso.
Curiosamente, até a presente data não existia na América Latina um congresso específico do
aço que fosse ao mesmo tempo técnico e científico, embora nos últimos anos as estruturas de
aço tenham ganhado enorme destaque e relevância no cenário subcontinental da engenharia
civil e da arquitetura. Na região, existem congressos tecnocientíficos consolidados (e até
mesmo já tradicionais) voltados ao uso do concreto como material estrutural, mas nenhum
que seja específico do aço com esse mesmo perfil. Assim, nessa sexta edição do Construmetal,
esperamos estar dando o primeiro passo na direção de preencher essa lacuna e fazer desse
“o” congresso tecnocientífico do aço (relacionado à construção civil) no Brasil e na América
Latina. Parabenizo a ABCEM por essa importante iniciativa. Agradeço à Catia Mac Cord, ao
Sidnei Palatnik e à Patrícia Davidsohn por toda a dedicação na organização do congresso. E
agradeço em especial o valiosíssimo esforço de todos os membros do Comitê Tecnocientífico,
sem os quais a organização desses Anais – e também das próprias Sessões – teria sido
impossível.
Realização
Comissão Organizadora
Comitê Tecnocientífico
Contribuições Tecnocientíficas
Parte 1
– Coberturas e Fechamentos –
Materiais, Tecnologia e Projeto
Tema: Coberturas e Fechamentos – Materiais, Tecnologia e Projetos
Resumo
A utilização de engradamentos metálicos para estruturação de telhados de edificações é
prática consagrada na construção civil brasileira, face às grandes vantagens deste material,
como leveza, versatilidade, capacidade de vencer grandes vãos, qualidade e disponibilidade de
matéria-prima. No caso específico de residências, nota-se a concorrência com estruturas de
madeira, que são cada vez menos comuns e mais onerosas pela menor disponibilidade de
matéria-prima aprovada. Percebe-se ainda que o emprego de estruturas de aço neste
segmento é marcado pelo uso de barras metálicas cortadas e soldadas in loco, em processo
artesanal, com baixa produtividade e qualidade, além de elevado desperdício. O presente
artigo demonstra a possibilidade de produção e utilização de engradamentos metálicos
montados no sistema Light Steel Framing (LSF) para uso em residências em alvenaria
convencional. A solução em LSF emprega aços galvanizados e permite que a estrutura de
cobertura seja pré-montada em indústria, com maior controle e produtividade, e depois
montada em canteiro com grande eficiência, rapidez, sem improvisações e com custo
competitivo. São apresentadas no artigo experiências práticas de utilização do sistema para
coberturas de residências, suas vantagens e limitações, além de ensaio realizado para
validação da solução frente às normas pertinentes.
Palavras-chave:
Engradamento metálico de telhados; Light Steel Framing (LSF), Estruturas metálicas
SYSTEM.
Abstract
The use of light steel roof framing in buildings is a common practice in the Brazilian civil
construction due to the great advantages of this material, such as lightness, versatility, large
spans, quality and availability of raw materials. Regarding specifically residential construction,
1
Arquiteto e Urbanista UFMG, MSc. Engenharia Civil UFOP, Professor Associado IET UNI-BH, Sócio da
Construseco Construtora, Belo Horizonte, MG
2
Arquiteta e Urbanista UFV, MSc. Engenharia de Estruturas UFMG, Professora Associada IET UNI-BH,
Gestora de P&D da Flasan, Belo Horizonte, MG
3
Professor Doutor, Professor Titular do Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de
Engenharia da UFMG, Belo Horizonte, MG
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
it can be observed the competition of wood structures, which are becoming less common and
more expensive due to the decreasing availability of approved raw materials. It can be noticed
that the use of steel structures for roof structures is marked by low quality and efficiency, as
well as high wastage due to the handcrafted process of cutting and welding pieces on site. This
paper demonstrates the possibility of producing and using Light Steel Framing (LSF) system for
roof structures of houses built in conventional masonry. LSF solution uses galvanized steel
allowing pre-assembly of the roof structure in the factory, with greater accuracy and
productivity, and then mounting it on construction site with efficiency, speed, competitive
costs and without improvisation. This article presents practical experiences of using this
system for residential roofs, its advantages and limitations, as well as performance test to
validate the solution for relevant Standards requirements.
Keywords:
Metal Roof Structure; Light Steel Framing (LSF); Metal structure
1 INTRODUÇÃO
A utilização de telhados aparentes, com os mais diversos tipos de telhas, é prática comum em
residências na arquitetura brasileira, desde as tradicionais casas coloniais até a arquitetura
contemporânea. Os sistemas tradicionais de engradamento para telhados de residências são
executados com estruturas de madeira, sejam elas compostas por tesouras que vencem o vão
livre dos espaços construídos ou apoiadas sobre lajes de concreto com uso de pontaletes.
Entretanto, em função do maior controle existente hoje sobre a produção e o manejo
adequados de madeira controlada e os aumentos recentes no custo da mão de obra, houve
grande acréscimo no custo final da utilização de estruturas de madeira em telhados.
O desenvolvimento das soluções construtivas em aço alcança sua melhor viabilidade técnica e
econômica quando passa a utilizar conceitos de industrialização. Há algumas experiências no
Brasil de sistemas de estruturas para telhados prontas, que entregam um produto beneficiado
que aumenta a produtividade ao tornar a instalação da estrutura na obra um processo de
montagem de elementos pré-montados e planejados de forma eficiente.
Uma destas experiências é o sistema Usiteto, desenvolvido pela Usiminas (Portal Metálica,
2014) [1], onde são utilizados perfis de aço formados a frio, compondo pilares e engradamento
do telhado para execução de cobertura de casas térreas de 36m² e 42m². Este sistema alia
peças industrializadas e padronizadas, com encaixes que permitem uma montagem rápida e
com grande precisão (Figura 1). Uma das desvantagens deste sistema é a utilização de pilares
2
metálicos, que poderiam ser suprimidos caso o telhado se apoiasse sobre as paredes de
alvenaria estrutural, tornando a solução mais econômica.
A alternativa em aço para execução de estrutura de telhados proposta neste artigo utiliza o
sistema Light Steel Framing (LSF) buscando um conceito de solução que possa ser utilizado em
residências construídas em alvenaria estrutural convencional. A solução em LSF proposta
permite que a estrutura de cobertura seja pré-montada em indústria, onde há maior controle
e produtividade, e depois montada em canteiro com grande eficiência, rapidez e sem
improvisações, com custo competitivo, tornando-se assim uma solução bastante interessante
para diversos segmentos da construção civil. O sistema LSF permite diversas tipologias de
montagem diferentes, de acordo com a situação da obra, podendo tanto ser constituído de
tesouras convencionais quanto de painéis inclinados (Figura 2).
3
2 SOLUÇÃO DE ENGRADAMENTO METÁLICO EM LIGHT STEEL FRAMING
O LSF se caracteriza por um esqueleto estrutural composto por perfis leves de aço galvanizado
formados a frio. Os perfis são utilizados na composição de painéis estruturais de paredes, vigas
de piso, treliças, tesouras de telhado, entre outros componentes. As montagens mais usuais de
LSF utilizam combinações de seções transversais “U” enrijecido (Ue) e “U” simples, mas há
sistemas de montagem que empregam apenas seções Ue (Figura 3). As seções dos perfis Ue
são, geralmente, 90x40x12 mm, 140x40x12 mm e 200x40x12 mm. Já os perfis U possuem
seções de 90x40 mm, 140x40 mm e 200x40 mm, padronizadas pela norma brasileira ABNT
NBR 6355:2012 [3]. Podem ser utilizados perfis com outras seções, como cantoneiras e perfis
cartola, em função de necessidades específicas de cada projeto ou aplicação do sistema
(Freitas, Santiago, Crasto, 2012) [4].
A estrutura em LSF é montada a partir de perfis formados a frio em aço galvanizado estrutural
do tipo ZAR (Zincado de Alta Resistência), cobertura de galvanização 180 g/m² (Z180),
resistência ao escoamento (fy) mínima de 230 MPa, conforme requisitos da norma ABNT
NBR 15253:2005 [6]. A espessura da chapa de aço é geralmente igual a 0,80 mm, 0,95 mm ou
1,25 mm, sendo determinada de acordo com o cálculo estrutural. Todas as ligações entre
elementos de LSF são realizadas com parafusos estruturais autobrocantes, flangeados ou
sextavados, em quantidade também avaliada e definida em cálculo estrutural (Rodrigues,
2006) [7].
4
como referência nos projetos habitacionais naquele período (COHABMINAS, 2007) [8]. Este
telhado possui 2 águas iguais, e foi pensado para uso de telhas cerâmicas, que tem sido a
tipologia mais adotada pelo órgão em seus projetos.
O sistema é composto por painéis inclinados que se apoiam nas paredes em alvenaria
estrutural na parte inferior, onde há também um beiral de 50 cm em todo o perímetro da
edificação. Na cumeeira, há um sistema de pontaletes também apoiados na alvenaria, que
suportam a extremidade superior do painel em uma viga central. Nesta viga há peças
metálicas de articulação onde a extremidade superior do painel inclinado é encaixada, de
maneira a absorver pequenas imperfeições na execução da alvenaria.
O sistema utiliza perfis tipo Ue com seção 90x40x12 mm para composição dos caibros do
painel inclinado, fixados entre si com parafusos autobrocantes galvanizados e com
espaçamento aproximado de 800 mm. Sobre eles são instalados perfis tipo cartola, também
em aço galvanizado, espaçados conforme a galga da telha cerâmica a ser utilizada. A cumeeira
central é fabricada com perfis caixa compostos por dois perfis Ue 140x40x12 mm e recebe as
peças de articulação, também em aço galvanizado (figura 4).
5
3 AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DO ENGRADAMENTO METÁLICO EM LSF
Com o objetivo de atestar o sistema de engradamento proposto, foi realizada pela empresa
Flasan, em parceria com o Laboratório de Análise Experimental de Estruturas da UFMG [10],
prova de carga em protótipo com área equivalente a 36 m², adotando como referência a casa
padrão da COHABMINAS. O ensaio verificou os deslocamentos limites e as forças resistentes
da cumeeira, dos caibros e das ripas e o comportamento das ligações entre caibros e
cumeeira.
A estrutura do engradamento ensaiado foi composta por viga da cumeeira em perfil caixa
formado por dois perfis Ue 140x40x12x0,95; Caibros em perfil Ue 90x40x12x0,80, sendo que
no apoio da cobertura da varanda, o caibro é constituído por um perfil caixa formado por dois
perfis Ue 90x40x12x0,80; Ripas em perfil Cartola Cr 20x25x10x0,50; e ligações feitas por
parafusos autrobrocantes e autoatarraxantes. Todos os perfis foram fabricados em aço
ZAR230.
As medições dos descolamentos da cumeeira, caibros e ripas foram realizadas por relógios
comparadores, com campo de medida de 50 mm, como mostrado na Figura 6. A Figura 7
mostra os pontos de localização das medições. Nas posições R1 a R11 foram registrados os
deslocamentos dos caibros e cumeeira, enquanto nas posições R’1 a R’7 realizaram-se
medições para determinar os descolamentos das ripas.
6
Figura 6 – Instrumentação utilizada para medição de deslocamento.
De acordo com a ABNT NBR 14762:2010 [11], os descolamentos limites de serviço são valores
práticos utilizados para verificação no dimensionamento e em ensaios com aplicação de cargas
de serviço, respeitando os Estados-Limites de Serviço (ELS) da estrutura estudada. No entanto,
no presente trabalho, o protótipo foi submetido também às ações de carga para Estado-Limite
Último (ELU), utilizando coeficiente de ponderação para combinações normais e peso próprio
de elementos construtivos industrializados com adições in loco, igual 1,4. Ou seja, a majoração
das ações permanentes ficou cerca de 40% acima das ações nominais. A Tabela 1 apresenta os
valores considerados para ELS e ELU neste ensaio.
7
Tabela 1 - Carregamentos adotados na projeção horizontal. Inclinação do telhado = 35%.
FG - Peso da Telha FQ2 -Sobrecarga
Dimensionamento FQ1 - Carga de Vento
encharcada (kgf/m²) (kgf/m²)
Estado Limite de Serviço 53,40 27,81 Desconsiderada por ser
Estado Limite Último γg=1,4 74,76 38,93 favorável à segurança.
Os parâmetros para avaliação dos deslocamentos limites dos elementos estruturais do telhado
e a combinação de carregamento foram definidos em acordo com o Anexo A da ABNT NBR
14762:2010 [11], como mostrado na Tabela 2.
8
Nas figuras 8 e 9, nota-se também as telhas de aço, que foram utilizadas para a distribuição
dos sacos com areia, sendo que seus pesos próprios foram desprezados durante os ensaios.
A Tabela 3 apresenta as médias dos deslocamentos verificados a partir das leituras realizadas
nos relógios comparadores posicionados conforme Figura 7, nas Etapas 1 e 2.
Tabela 3 – Deslocamentos encontrados nos ensaios para carregamento nas condições ELS e ELU
Deslocamentos Limites
Média dos Deslocamentos
Descrição recomendados pela ABNT
Registrados (mm)
NBR14762:2010 (mm)
Viga de Cumeeira 13,20 8,44
Caibros – Seção Central 16,00 16,39
Caibros – Seção com balanço 12,48 1,34
Ripas1 4,53 2,24
1
Os deslocamentos das ripas são relativos aos deslocamentos dos caibros.
Fonte: Rodrigues, 2011 [10]
Figura 10 - Bloqueador e fita para o travamento Figura 11 - Bloqueador e fita para o travamento
9
Quanto ao comportamento das ligações entre os caibros e a viga da cumeeira, durante as fases
de carregamento e descarregamento - com períodos de repouso da estrutura, não foi
observado nenhum tipo de colapso ou instabilidade das diversas ligações que compõem o
protótipo ensaiado.
Após os ensaios de carga, foram instaladas telhas em metade do protótipo a fim de confirmar
a eficiência do sistema de engradamento. Passados 4 meses da instalação das telhas foi
realizada outra verificação do comportamento estrutural dos principais componentes do
telhado e nenhuma alteração em relação aos ensaios anteriores foi observada.
A partir deste projeto padronizado para residências de 36 m², foi desenvolvido e aplicado em
obra na cidade de Betim, MG, em 2011, uma solução piloto de telhado para cobertura de
conjunto de 5 casas geminadas (área de 48 m² cada), com telhado em duas águas e telhas
cerâmicas.
A execução desta obra permitiu a validação em situação real da viabilidade dos conceitos de
montagem desenvolvidos em projeto. Pode ser percebido pela equipe de instalação que a
entrega na obra dos painéis pré-montados, já com as ripas fixadas, agilizou de maneira
perceptível o processo de instalação na obra. O prazo de execução do telhado foi considerado
satisfatório, ficando abaixo daquele esperado para a montagem de um telhado semelhante em
perfis soldados no local. Outro aspecto aprovado na obra real foi a solução de encaixes
10
reguláveis da cumeeira, que se mostrou satisfatoriamente eficiente, permitindo ajustar a
inclinação do telhado a situação da obra.
A grande dificuldade encontrada pelo sistema está na interface com a alvenaria convencional,
fruto das tolerâncias de execução e montagem consideradas em cada um dos sistemas.
Enquanto o sistema industrializado em aço possui grande precisão de fabricação, utilizando o
milímetro como unidade de referência, a alvenaria possui tolerâncias muito grandes, tanto nas
dimensões dos espaços quanto nos prumos e alinhamentos.
11
5 CONCLUSÕES
A utilização de telhados em Light Steel Framing oferece diversas vantagens diante de outras
soluções para coberturas residenciais. O sistema apresentado neste trabalho mostrou ser
econômico, leve, de fácil instalação, além de garantir maior durabilidade que os telhados de
madeira. Comparados aos outros sistemas de engradamento metálico, observa-se que o LSF
apresenta maior facilidade de montagem e fabricação, uma vez que elimina a utilização de
soldas. Além de apresentar uma estética mais agradável na composição da cobertura, sem a
necessidade de pintura.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2 Santiago, A. K.; Terni, A. W.; Pianheri, J. Como Construir - Steel Framing - 05 Coberturas.
São Paulo: Téchne Revista de Tecnologia da Construção, v. 144, p. 77-80; 2009.
3 Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 6355: Perfis estruturais de aço
formados a frio – Padronização. Rio de Janeiro: ABNT; 2012.
4 Freitas, A. M. S.; Santiago, A. K.; Crasto, R. C. M. Steel Framing: Arquitetura. 2ª edição. Rio
de Janeiro: Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA); 2012.
5 Flasan Soluções para Construção a Seco [homepage na internet]. Portfólio de Obras; 2014.
[acesso em 05 mai 2014]. Disponível em: http://www.flasan.com.br.
6 Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 15253: Perfis de aço formados a
frio, com revestimento metálico, para painéis reticulados em edificações - Requisitos gerais. Rio
de Janeiro: ABNT; 2005.
12
7 Rodrigues, F. C. Steel Framing: Engenharia. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro da
Construção em Aço (CBCA); 2006.
13
Tema: Coberturas e Fechamentos - Materiais, Tecnologia e Projetos
ARQUITETURA EM AÇO*
Resumo
Ao se analisar um edifício apenas pelo sistema estrutural adotado, seja integralmente metálico
ou misto [aço e concreto], é comum encontrar estudos relevantes aos elementos estruturais
de composição do sistema: vigas, pilares, perfis, ligações, muitas vezes de forma bem
detalhada. Contudo, ao se tratar do fechamento da edificação, tanto para cobertura quanto
para as áreas laterais, o único acesso a informação se dá através de catálogos de fabricantes,
que por muitas vezes não possuem uma linguagem arquitetônica diante das necessidades mais
expressivas que o material possa produzir em compatibilidade com o projeto. Este trabalho
tem como objetivo mostrar as várias possibilidades de uso e emprego das chapas de aço
corrugadas trapezoidais, senoidais ou lisas, nas suas múltiplas formas, optando-se por
elementos produzidos no mercado nacional, aplicados de forma criativa, de forma a traduzir-
se em uma expressão plástica arquitetônica marcante com personalidade, funcionalidade,
viabilidade executiva e segura ao longo dos anos.
THE ROOFING AND CLADDING SYSTEMS THAT FORM THE MODERN ARCHITECTURE´S STEEL
Abstract
While analizing a building only by the way of it’s strucural system, be it entirely metallic or
mixed (steel and concrete), it’s common to find studies about the structural elements of the
system composition: beams, pillars, listings, connections, usually well detailed. However, when
dealing about the building’s closure, as for the coverage and lateral areas, the only access to
information is through catalogs of manufacturers, which most of the time lack an architectural
language before the most expressive needs that the material can produce in compatibility with
the project. This work’s main objective is to show the several possibilities of use and utility of
steel plates corrugated trapezoidally, sinusoidally or smoothly, on its multiple shapes, opting
for elements produced on the national market, applied on a creative way, in order to turn
them into a striking architectural artistic expression with personality, functionality and secure
business feasibility over the years.
Keywords: Steel architecture; Roofing systems; Cladding systems; Plasticity and steel
expression.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
¹ Arquiteto e Urbanista formado pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo em 1987. Especialista em
Administração de Marketing pela Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP em 2003, Mestre pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2005. Professor
Universitário do curso de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores das Faculdades Integradas
Alcântara Machado - FIAM e Faculdade de Artes Alcântara Machado – FAAM, São Paulo, SP; Consultor
de mercado.
2
1 INTRODUÇÃO
Resistente, durável, flexível e belo, o aço gera riquezas, propicia o desenvolvimento de novos
produtos, possibilita a modernização tecnológica e inspira a criatividade artística.
Os limites do aço são cada vez mais explorados, técnica e expressivamente gerando soluções
estéticas ricas, criativas e variadas.
Desde a implantação dos primeiros altos-fornos, em meados do Século XIX, o aço desempenha
um papel protagonista no desenvolvimento humano.
Com a possibilidade de sua produção em larga escala que propiciou o avanço da Revolução
Industrial em direção à descoberta de novas tecnologias aplicadas na agricultura, na indústria,
na construção, nos transportes, enfim, na vida cotidiana de todos. A siderurgia é a indústria de
base por excelência, já que o aço está presente em todas as outras atividades econômicas.
O aço é versátil
O aço é adaptável e inovador
O aço é moderno e fabricado em (e para) uma indústria de alta tecnologia
O aço é usado em inúmeras aplicações
O aço é infinitamente reciclável
O aço é o material mais reciclado em todo o mundo
O aço representa crescimento
O aço é cultura
A falta de conhecimento sobre o emprego dos produtos provenientes do aço para construção
civil e arquitetura promove uma limitação espontânea de sua utilização, resultando na adoção
de edificações convencionais ou mistas que por muitas vezes ocasionam diversas patologias
após a conclusão da obra.
3
Projetar em aço, tomando-se como partido o conhecimento da tecnologia de construção a
seco, permite
o leveza estrutural,
o racionalização do canteiro,
o controle de custos e
o agilidade operacional.
4
futuras de atender suas próprias necessidades"1.
Cada nova edificação impacta o meio, consumindo energia, recursos naturais, esgoto e água
tratada, aumentando a poluição. Cabe aos arquitetos, engenheiros, estudar as consequências
do empreendimento em longo prazo:
A padronização das peças é um conceito muito importante, pois como todo sistema
industrializado ao valer-se da repetição, diminui seu custo em todo processo.
1
Nações Unidas no Brasil. [homepage na internet]. A ONU e o meio ambiente [acesso em 11 mai 2014].
Disponível em: http:www.onu.org.br
5
O aço desponta-se como material que propicia um conceito elevado no processo de
industrialização, permitindo a pré-fabricação de sistemas construtivos, associando-se aos
conceitos de organização e produção em série.
É importante que o projeto em aço já comece a ser pensado com o conceito do material,
envolvendo a satisfação do cliente, a técnica, normas, o espaço construído, sua reciclagem e
sustentabilidade, o modelo de industrialização e montagem, sua execução, custos, materiais e
desempenhos além da estética
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnica - ABNT, desde abril de 2000 [figura
1] temos:
Desta forma, é extremamente recomendável que o responsável pela especificação, seja ele o
arquiteto, o projetista ou mesmo o comprador, observe os catálogos do fabricante, as
amostras e igualmente o atendimento às normas técnicas já mencionadas. Somente assim, a
garantia de qualidade de produto estará assegurada.
6
6 MATERIAIS – AS TELHAS E FEC
FECHAMENTOS
HAMENTOS EM AÇO
Nota-se
se que a tendência marcante
marcante do uso do aço está na diminuição do peso
peso e da inclinação
telhas de aço em qualquer edificação representa uma
do telhado. O uso das telhas uma solução para
redução estruturais.
dução de custos estrutur ais.
6. 1 Características Gerais
utiliza
Fácil aplicação, rapidez, utiliza pouca mão de obra, geralmente são leves, fixadas
fixadas por parafusos
autoperfurantes;
Fornece
nece um aspecto moderno
moderno e atrativo ao telhado, com uma gama variada de cores. Quando
lateral pode ser disposta tanto na vertical, diagonal
usada como fechamento lateral diagonal ou horizontal e,
ainda, ser composta nos cantos
cantos com telhas multidobras.
7
Exemplo residencial sobre o emprego da telha ondulada:
Outro exemplo pode ser verificado na residência construída em Pindimar Bay – Austrália
[figura 4], projeto do arquiteto Alexander Kinross-Rowe, onde os revestimentos externos são
efetuados com telha ondulada, formando uma parede sanduíche termoisolante no método
construtivo a seco. A diferenciação das cores e o material em si permite baixa manutenção.
8
Figura 5: Residência com revestimento em telha ondulada disposta horizontalmente - Arquiteto: Greg
Jones, em Geelong, Victoria - Austrália.
Fonte: Lysaght
São telhas formadas por trechos horizontais e inclinados, formando o desenho de uma telha
grega.
9
As telhas trapezoidais apresentam a melhor concepção técnica de coberturas e fechamentos
no mercado nacional.
Possuem uma grande diversidade de tipos, em função da altura do trapézio, pode-se obter a
melhor performance de qualidade em relação ao projeto especificado. Sua utilização em
grandes obras industriais no início da década de 70 e em meados de 80 tornou-se um grande
precursor desse mercado.
Em alguns casos podem interagir no cálculo estrutural da edificação, e não somente como uma
utilização estética para os projetos arquitetônicos.
Obras industriais de grande porte utilizam telhas trapezoidais [figuras 7 e 8], pois possibilitam
a racionalização do tempo de construção (produtividade de execução).
Figura 7: Perfil trapezoidal – Detalhe para a telha multidobra que envolve toda a lateral frontal da
cobertura - Entreposto Alfandegário Aurora Eadi – Sorocaba – SP – arquiteto Cláudio Libeskind
Fonte: CONSTRUCTALIA
10
Figura 8: Perfil trapezoidal – Detalhe para a telha multidobra que envolve toda disposta
horizontalmente, formando um novo revestimento de fachada, de baixa manutenção e de grande
impacto visual - Entreposto Alfandegário Aurora Eadi – Sorocaba – SP – arquiteto Cláudio Libeskind
Fonte: CONSTRUCTALIA
11
7 RESISTÊNCIA E PROTEÇÃO
Portanto o sistema adotado deve ser suficientemente adequado a conter esses meios.
7.1 Condensação
A condensação ocorre pela diferença de gradiente externo com o interno, formando gotículas
que se depositam em pontos que favoreçam o empoçamento, escorram ou gotejam por algum
local onde é percebida. Como não é vista dependendo do material de contato pode ocorrer o
aparecimento de algas e fungos além de outros elementos que progressivamente possam
atacar o material especificado para a cobertura.
7. 2 Barreiras de proteção
Contra calor
Contra umidade
Clima
Materiais disponíveis
Cultura
Função da edificação
Vida útil projetada
12
CONCLUSÕES
Com o surgimento de novos produtos para indústria da construção civil, gradativamente vem
se desenvolvendo uma nova maneira de erguer as edificações, seja para qual for seu uso
(comercial, industrial ou residencial).
Edificações industriais e comerciais partem de soluções semi prontas obtendo prazos, custos e
processo construtivo garantido.
As estruturas de um modo geral passaram a ser mais esbeltas, assim como os materiais
empregados, tal como o aço e o concreto, passaram a ser mais resistentes.
Com o abastecimento do mercado interno pelas companhias siderúrgicas com bobinas de aço
galvanizado, o mercado pode expandir o emprego desse material nos fechamentos e
coberturas, antes saturado pelas placas de cimento corrugado (telhas de fibrocimento)
permitindo opções arquitetônicas e ganhos de vãos de apoio.
13
REFERÊNCIAS
AGOPYAN, Vahan. Estudos dos materiais de construção civil – materiais alternativos. In:
CUNHA, Lix. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. São Paulo: Pini: IPT;
1995. p.75-78.
ARCOWEB. [homepage na internet]. Sergio Roberto Parada: Residência, Brasília - DF. [acesso
em 11 mai 2014]. Disponível em: http: www.arcoweb.com.br
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Dissertação [Mestrado em Arquitetura e Urbanismo] - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
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CASTRO, Eduardo Munhoz de Lima; BRUNA, Gilda Collet. A Sustentável leveza do aço:
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REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. A concepção estrutural e a arquitetura. 3. ed. São Paulo:
Zigurate, 2003.
14
Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
CONSTRUMETAL 2014
Contribuições Tecnocientíficas
Parte 2
– Construções Leves Estruturadas em Aço –
Tema: Construções leves estruturadas em aço
Resumo
Os elementos pré-fabricados para edificação são cada vez mais utilizados, dentre eles, as
fachadas leves de steel frame, a qual foi analisada para este artigo com ênfase no desempenho
estrutural global. A fachada analisada é formada por placas cimentícias na face externa e
chapa de gesso para drywall na face interna, analisando assim, os efeitos localizados e os
modos de falha de perfis leves de aço formados a frio por meio de modelagem numérica. A
análise estrutural foi realizada em painéis de fachada de um edifício com 126m de altura,
considerando: o peso próprio; a não-linearidade física e geométrica dos perfis; e as rajadas de
vento mais críticas de sobrepressão e sucção. Com os resultados obtidos, foi possível analisar
que os painéis sem bloqueadores fazem com que os montantes trabalhem individualmente,
sendo os montantes ancorados mais solicitados que os não ancorados e, que quando há
bloqueadores, os montantes ancorados são inicialmente mais solicitados, mas conforme o
carregamento aumenta, há uma alternância de solicitação entre os montantes. Além disso, foi
identificado que o painel com 3,75mm de espessura dos montantes e com uma linha de
bloqueadores apresentou maior capacidade de carregamento, menor quantidade de
instabilidades e menores deslocamentos horizontalmente no plano do painel e fora do plano
do painel do que os outros painéis analisados.
Structural evaluation of lightweight facade panels for buildings with multiple floors
with numerical modeling
Abstract
The prefabricated elements for construction are increasingly being used, including the
lightweight facades of steel frame, which was analyzed for this article with emphasis on overall
structural performance. This system consisted of light “profiles” of cold-formed steel, forming
a frame to which were fixed a cement board on the outer face and gypsum board (drywall) on
the inner face. A structural analysis was made of the façade of a building 126m high,
considering the following parameters: weight of the structure; the physical and geometric non-
linearity of the frame elements; and critical overpressure and suction of wind gusts. With the
results obtained, it was possible to observe that, when loaded, the panels without bracing
straps cause the studs to work individually and that anchored studs were more stressed than
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
non-anchored ones. With bracing straps present, however, the anchored studs were initially
more stressed, but as the load increased there was an alternation of stress among the studs. In
addition, it was identified that the 3.75mm thick panel and a line of bracing
straps between the studs of the frame presented a higher load capacity, a lower number of
instabilities and less horizontal movement both in and outside of the panel plane.
Keywords: light façade with steel frame, Structural performance, Finite elements method,
Gust of wind.
2
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para estabelecer um painel padrão para a análise estrutural foi realizado um pré-
dimensionamento no qual foram utilizados os procedimentos e as combinações de ações
estabelecidas na ABNT NBR 14762:2010 [7] e utilizados os perfis padronizados pela ABNT NBR
6355:2012 [5], além de informações mínimas de fixação do catálogo da Eternit® [8]. Foram
realizados cálculos de resistência para estabelecer: a distância máxima padrão entre apoios
das placas (montantes distantes entre si: 30cm, 40cm ou 60cm); a quantidade de parafusos de
3
fixação das placas; as dimensões dos perfis; e a quantidade de chumbadores na ligação entre
ancoragem e estrutura principal do edifício.
Chegou-se à conclusão que a configuração da Figura 1, com distância entre montantes de
40cm, seria a mais conveniente, pois este painel apresenta menor peso que o painel com 30cm
de distanciamento entre montantes, conforme Tabela 1, e é mais viável de encontrar uma
placa cimentícia que suporte a pressão do vento calculada, no item 2.1, do que o painel com
60cm de distanciamento entre montantes.
Figura 1 - Planta e vista do painel utilizado na simulação com 14 pontos de ancoragem
4
2.1 Força devida ao vento
As solicitações mais importantes para a analise dos painéis de fachada são as forças devidas ao
vento. Estas forças podem ser calculadas segundo a ABNT NBR 6123:1988 [4]. No entanto,
neste trabalho foram utilizados os resultados dos picos dos coeficientes de pressão obtidos no
Túnel de Vento de Camada Limite Atmosférica do Centro de Metrologia de Fluidos (CMF) do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. – IPT. A seguir é apresentada
uma breve descrição do edifício, do ensaio e os resultados obtidos.
Para fazer a simulação da força do vento em fachada foi utilizado como exemplo um edifício de
uso misto, residencial e comercial, com 35 pavimentos (126m de altura) com formato
retangular escalonado, sendo as dimensões em planta: 15,45 m de largura e 44,65 m de
comprimento, na base do edifício, chegando a 13,85 m de largura e 13,85 m de comprimento,
no topo do edifício, onde estão a casa de máquinas e o reservatório. A Figura 2 apresenta a
fachada Leste e a Figura 3 apresenta a planta tipo de base do edifício.
Figura 2 – Fachada leste do Edifício
5
Figura 4- Pico dos coeficientes máximos de pressão nas fachadas leste e oeste
Ao analisar estes dados, observa-se que o pico máximo de pressão é maior conforme aumenta
a altura do edifício, variando de aproximadamente 1,2 na base até 1,6 na proximidade do
topo.
Figura 5- Pico dos coeficientes mínimos de pressão nas fachadas leste e oeste
6
Já os picos mínimos do coeficiente de pressão ocorrem nos cantos, onde o edifício é mais largo
e mais alto, e no centro do edifício, provavelmente ocasionados por turbulências localizadas.
Neste trabalho foram utilizados os picos de coeficientes de pressão obtidos no ensaio de túnel
de vento, porém será admitida a velocidade básica do vento para a cidade de São Paulo de
acordo com o gráfico de isopletas da ABNT NBR 6123:1988 [4], considerando V0 = 45m/s.
Desta forma, a pressão de obstrução para a edificação pode ser calculada de acordo com a
ABNT NBR 6123:1988 [4], conforme cálculo a seguir:
V0 = 45m/s (São Paulo); S1 = 1,0; S2 = 1,18; S3 = 1,0
Vk = V0 .S1 .S2 .S3 = 53,1m/s (1)
q = 0,613 . Vk² = 1.728,42 N/m² (2)
Quando esta pressão dinâmica é aplicada junto aos picos de coeficientes de pressão obtidos
no ensaio de túnel de vento, obtém-se:
qk= q . ČP;min ou ĈP;max = 2.765,47 N/m² e 6.568,00 N/m² (3)
Onde:
ČP;min = pico de coeficiente de pressão mínimo = -3,8
ĈP;max = pico de coeficiente de pressão máximo = 1,6
Isto posto, as forças devidas ao vento que serão utilizadas neste artigo de sobrepressão e
sucção máximas exercidas no edifício para São Paulo são, respectivamente, 2.765,47 N/m² e
6.568,00 N/m².
As opções de projeto analisadas nas simulações computacionais para o painel são mostradas
no Quadro 1.
Quadro 1 - Variáveis de projeto utilizadas nas simulações
Quantidade de linhas de Espessura dos perfis (mm)
estabilidade lateral Montantes Guias
0 3,75 3,00
1 2,00 2,00
2
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
- quantidade de linhas de estabilidade lateral (bloqueadores) utilizadas: zero (Figura 1);
uma, no meio dos montantes (Figura 6); e duas, nos terços dos montantes (Figura 7).
7
Figura 6 – Painel com uma linha de travamento lateral
Em vários estudos já realizados com perfis metálicos formados a frio, as modelagens foram
realizadas em campo bidimensional utilizando elementos do tipo casca (Shell), como em
Maiola (2004) [3] e Baságlia (2004) [2], pois, com esta simplificação, reduz-se o número de
elementos utilizados na discretização e o tempo de processamento, obtendo-se resultados
satisfatórios.
8
A biblioteca do programa contém várias opções de elementos. Nas simulações, tanto os perfis
como as placas foram modelados como elemento SHELL 181 formado por um elemento de
casca com 6 graus de liberdade em cada nó e por 4 nós, conforme Figura 8.
Figura 8 – Elemento SHELL 181
9
Figura 10 - Gráfico de tensão x deformação da placa cimentícia
Resistência de
Resistência à
Resistência à
Resistência à
flexão (MPa)
escoamento
compressão
elasticidade
Módulo de
específica
tração na
Material
Poisson
(kg/m³)
Massa
tração
(MPa)
(MPa)
(MPa)
(GPa)
Aço -
7.850 0,26 450 280 200 NA
ASTMA361
Placa 20
1.700 0,3 NA NA 6 18
cimentícia2
NA – Não se aplica
1 Informações advindas da ASTM A36/A36 – 12 e MATWEB
2 Informações advindas dos catálogos técnicos da BRICKWALL, da ETERNIT e na ABNT NBR 15498:2007
Na concepção do modelo numérico, como a chapa de gesso para drywall não interfere na
solução estrutural do painel, apenas as placas cimentícias foram utilizadas na modelagem. Os
contatos entre superfícies de perfis e entre superfícies de perfis e placa cimentícia foram
realizados sem atrito.
10
Os modelos elaborados para a simulação foram realizados pela constituição de cada
componente: placa cimentícia, guia, montante e perfil de ancoragem. A Figura 11 apresenta os
componentes no painel modelado.
Figura 11- Perspectiva posterior do painel modelado
Ligação entre
Ligação entre montante e placa
montante e guia cimentícia
Ligação entre
montante e
ancoragem
Montante
Placa
cimentícia
Perfil de Guia
ancoragem
A ligação entre o painel e a estrutura principal do edifício é realizada por peças de ancoragens
em “L” (Figura 12). As peças de ancoragem são fixadas à estrutura principal do edifício com 2
chumbadores, já a ligação dela com o montante é realizada com duas colunas de parafusos. Na
simulação, a fixação da peça de ancoragem à estrutura principal da edificação foi realizada
como suporte fixo em 2 pontos de cada peça de ancoragem, simulando os pontos onde serão
colocados os chumbadores, com restrição nos 6 graus de liberdade. Já as ligações entre perfis
de ancoragem e montantes foram realizadas por 2 arestas por peça de ancoragem e 2 arestas
no montante, limitando os 6 graus de liberdade (Figura 13).
11
Figura 12 – Planta esquemática das ligações do perfil de ancoragem
Concreto da viga/pilar da
estrutura principal do edifício
Chumbador
Chapa de gesso
Colunas de
parafusos Montante
Peça de ancoragem
Placa cimentícia
Montante
Arestas simulando a
ligação entre ancoragem
e montante
Áreas simulando a
ligação entre
ancoragem e
estrutura principal
Guia
A ligação entre guia e montante é realizada com parafusos, sendo, em cada montante, 2 na
No modelo estudado estas ligações foram realizadas por áreas, iguais no montante e na guia,
12
Parafuso
Guia superior
Montante
Guia inferior
A ligação entre placa cimentícia e montantes ou guias é realizada com parafusos, sendo, um
parafuso a cada 20cm no montante e um parafuso a cada 40cm na guia (Figura 16).
Na simulação estas ligações foram realizadas por áreas, iguais entre placa cimentícia e
montante/guia, com restrição de 5 graus de liberdade, 3 de translação e 2 de rotação, e
deixando a rotação perpendicular ao eixo do parafuso livre (Figura 17).
13
Figura 16 – Esquema da fixação da placa cimentícia
Chapa de gesso
Parafusos
Placa cimentícia
Os bloqueadores são trechos de guias cortados, dobrados e fixados aos montantes utilizados
para fazer o travamento lateral dos montantes. Neste estudo, utilizaram-se bloqueadores a
meia altura dos montantes e nos terços (Figura 18).
14
Figura 18 – Configuração dos bloqueadores a meia altura do montante (esquerda) e nos terços
(direita)
Nas simulações, estes componentes foram simulados por meio de restrições dos graus de
liberdade de pequenas arestas dos montantes na parte da frente e de trás (Figura 19). Adotou-
se a ligação com restrição de 4 graus de liberdade, 2 de translação (Ux e Uy) e 2 de rotação
(ROTx e ROTz), deixando livre o deslocamento em Z e a rotação em Y.
Figura 19 – Arestas ligadas simulando bloqueadores
Arestas ligadas
2.2.4.5 Carregamento
15
considera-la mais rigorosa, já que o valor é maior e o lado comprimido dos montantes do
painel não terá a contribuição do contraventamento da placa cimentícia.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
16
Figura 20 – Tensão media dos montantes ancorados e sem ancoragem (livres) – painel sem
bloqueadores (Exemplo do painel 03)
Pressão (kPa)
10 15 20 25 30 35 40
-100
-150
Tensão (MPa)
-200
-250
-300
-350
ancorado livre
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
Na Figura 20, pode-se verificar nos painéis sem bloqueadores que os montantes ancorados
apresentam maior carregamento que os montantes não ancorados.
Figura 21 - Tensão media dos montantes ancorados e sem ancoragem (livres) – painel com
bloqueadores (Exemplo do painel 22)
Pressão (kPa)
7 12 17 22 27 32 37
-160
-210
-260
Tensão (MPa)
-310
-360
-410
-460
Ancorado Livre
Já na Figura 21, pode-se verificar nos painéis com bloqueadores que os montantes ancorados
apresentam maior carregamento inicialmente, mas com posterior distribuição do
carregamento entre todos os montantes.
A análise individual do painel 12, por exemplo, permite verificar a forma do deslocamento
global dos perfis (fora da escala real, aumentado em 6 vezes) conforme Figura 22. Dentre os
montantes analisados deste painel, o montante que sofreu maior tensão atuante de
compressão foi o montante 7, chegando a 429MPa na alma a meia altura do montante. Este
montante sofreu alguns tipos de instabilidades, como a flambagem lateral com torção (pressão
de vento de sucção de 18kPa, tensão correspondente de 318MPa, Figura 23) e a flambagem
local (pressão de vento de sucção de 27kPa, tensão correspondente de 330MPa, Figura 24),
além disso, sofreu distorção da seção na região da ancoragem (pressão de vento de sucção de
17
3kPa, tensão correspondente de 65MPa, Figura 25). Outro fator que influenciou o
comportamento dos montantes, principalmente na região tracionada, foi a ruptura da placa
cimentícia com pressão de vento de sucção de aproximadamente 14,8kPa, como pode ser
visto na Figura 26, onde são apresentadas as tensões de compressão e de tração da secção do
montante 2 e a tensão da placa cimentícia em função da pressão do vento.
Figura 22 – Deslocamento do painel for a da escala real (aumentado 6 vezes)
18
Figura 24 – Flambagem local (MPa)
400
300
Tensão (MPa)
200
100
0 5 10 15 20 25 30 35
40
Pressão (kPa)
comportamento de tração do montante 2
19
Comparando os diversos resultados obtidos em cada painel é possível notar que as
características dos componentes interligados (principalmente características dos montantes,
inclusão e localização de bloqueadores e tipo de placa cimentícia) da fachada leve interferem
na rigidez e na resistência global do painel (Figura 27 a Figura 32).
Figura 27 – Comparação dos deslocamentos em Y
70
60
50
Pressão (kPa)
40
30
20
10
0
0
6 28 10 4 12 14
Deslocamento (cm)
painel 02 painel 03 painel 12 painel 13
painel 22 painel 23 limite de serviço
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
O deslocamento fora do plano do painel (Y) foi maior no painel sem bloqueadores e com
menor espessura, diminuindo com o aumento da espessura. Porém, quando a estrutura
apresentava uma linha de bloqueadores no meio dos montantes, o deslocamento resultante
foi menor do que quando utilizada duas linhas de bloqueadores, isto porque quando há duas
linhas de bloqueadores, o meio do montante, região mais solicitada, está mais propensa a
sofrer instabilidades. Desta forma, o limite de serviço de deslocamento fora do plano do
painel, de acordo com ABNT NBR 10821:2011[6], deve ser H/175 (1,65cm), ocorreu
primeiramente no painel 02 (6,5kPa), e depois nos painéis 22 (7,5kPa), 03 (8,5kPa), 12
(11,0kPa), 23 (13,0kPa), e por fim no painel 13 (19,0kPa).
Figura 28 - Comparação deslocamentos em X
70
60
Pressão (kPa)
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8
Deslocamento (cm)
painel 02 painel 03 painel 12 painel 13 painel 22 painel 23
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
20
O deslocamento horizontal no plano do painel (X) do montante mais deslocado em cada painel
segue o mesmo raciocínio do deslocamento fora do plano do painel - quando sem
bloqueadores e com menor espessura, maior o deslocamento. Porém, inicialmente neste caso,
duas linhas de bloqueadores com montantes de 2mm de espessura sofrem deslocamento
menor do que quando o painel sem bloqueadores e com 3,75mm de espessura do montante,
ao contrário do deslocamento fora do plano do painel. Pode-se dizer também que quando há
uso de bloqueadores os montantes das extremidades sofrem maior deslocamento por não
estarem estabilizados lateralmente dos dois lados, caso dos painéis 12, 22 e 23, nos quais o
montante 1 sofreu maior deslocamento.
Figura 29 – Comparação da Tensão de compressão dos montantes mais solicitados
Pressão (kPa)
0 10 20 30 40 50 60
0
-100
Tensão (MPa)
-200
-300
-400
-500
painel 12 - montante 7 painel 22 - montante 2 painel 03 - montante 3
painel 13 - montante 2 painel 23 - montante 12 painel 02 - montante 3
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
De forma geral, os montantes mais solicitados à compressão são os montantes mais próximos
da extremidade, excetuando-se os montantes 1 e 13, por terem a largura colaborante de
pressão menor. Quando há a utilização de bloqueadores, são os montantes 2 e 12 e, quando
não há bloqueadores, por serem mais solicitados os montantes ancorados, são os montante 3
e 11. A prevalência pelos montantes 2 e 3 é causada pelo maior distanciamento entre as almas
dos montantes (1cm a mais). A exceção é o painel 12 com o montante 7, o qual pode ter
recebido maior solicitação por se tratar do montante central do painel.
21
Figura 30 – Comparação da tensão equivalente de Von Misses das placas
18
16
Tensão (MPa)
14
12
10
0 5 10 15 20 25 30
Pressão (kPa)
painel 02 painel 12 painel 22 painel 03 painel 13 painel 23
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
A placa cimentícia foi rompida com pressão maior nos painéis com maior espessura dos
montantes e uma linha de bloqueadores no meio do montante, e diminuindo com duas linhas
de bloqueadores e, por fim, sem bloqueadores. Desta forma, traçando-se uma linha horizontal
a 16MPa, percebe-se que a sequencia de pressão atuante é menor nos painéis 02, 22 e 12
depois nos painéis 03, 23 e 13.
Figura 31 – Comparação da tensão equivalente de Von Misses das guias
440
420
400
380
Tensão (MPa)
360
340
320
300
280
260
240
220
200
5 15 25 35 45 55 65
Pressão (kPa)
painel 02 painel 03 painel 12 painel 13 painel 22 painel 23
22
Figura 32 – Regiões de tensão máximas da guia
4 CONCLUSÃO
De forma geral, observou-se que os montantes fixados às ancoragens tendem a ser mais
solicitados quando não há o uso de bloqueadores, mas, com a inclusão dos bloqueadores,
passa a existir uma distribuição mais homogênea de carregamento entre os montantes. Com
isso, quando o sistema estrutural de painéis não utiliza bloqueadores, é recomendável a
utilização de montantes ancorados com maior espessura, porém, esta mudança dificulta a
execução dos painéis, inclusive podendo gerar erros. Para que haja melhor distribuição das
solicitações entre os montantes com a mesma espessura de perfis, é aconselhável a utilização
de bloqueadores, inclusive para aumentar a rigidez da estrutura diminuindo os deslocamentos.
O deslocamento fora do plano do painel (Y) foi maior no painel sem bloqueadores e com
menor espessura, ou seja, no painel 02, diminuindo o deslocamento com o aumento da
espessura e o uso de bloqueadores. Porém, quando a estrutura apresentava uma linha de
bloqueadores no meio dos montantes, o deslocamento resultante foi menor do que quando
utilizada duas linhas de bloqueadores, isto porque quando há duas linhas de bloqueadores, o
meio do montante, região mais solicitada, está mais propensa a sofrer instabilidades. Desta
forma, o limite de serviço de deslocamento fora do plano do painel (1,65cm) ocorreu
primeiramente no painel 02 (6,5kPa), e depois nos painéis 22 (7,5kPa), 03 (8,5kPa), 12
(11,0kPa), 23 (13,0kPa), e por fim no painel 13 (19,0kPa). Pôde-se notar também que os
montantes não ancorados foram os que mais se deslocaram: painel 02 – montante 2; painel 12
– montante 4; painel 22 – montante 4; painel 03 – montante 2; painel 13 – montante 8; e
painel 23 – montante 12, já que nestes montantes as guias permitem um maior deslocamento
e os apoios dos montantes estão mais distantes (aproximadamente 14cm em cada ponta),
apenas nas guias, ao invés de estarem apoiados na ancoragem.
O deslocamento horizontal no plano do painel (X) dos montantes é maior quando o painel não
utiliza bloqueadores e tem espessura reduzida. Pode-se dizer também que quando há uso de
bloqueadores, os montantes das extremidades sofrem maior deslocamento por não estarem
estabilizados lateralmente dos dois lados, caso verificado nos painéis 12, 22 e 23, nos quais o
montante 1 sofreu maior deslocamento.
Como esperado, o comportamento das guias de 3,0mm superou os das guias de 2,0mm, as
quais iniciaram o escoamento muito próximo do limite de serviço calculado no item 2.1 deste
artigo. Os pontos de maior tensão das guias são: do lado externo, nos montantes com
23
ancoragens, lugar onde o perfil dobra (perfil ancorado mantem-se no mesmo lugar e os não
ancorados empurram a guia); e do lado interno, as dobras nos montante não ancorados (efeito
inverso).
Desta forma, tomando-se como base a análise global das fachadas leves simuladas e a
utilização apenas da deformação elástica dos materiais, pode-se concluir que os painéis 12 e
22 atendem às solicitações impostas, mas os painéis 03, 13 e 23 são os mais adequados a
serem utilizados, sendo o melhor desempenho estrutural do painel com uma linha de
bloqueadores no meio dos montantes e com espessura de 3,75mm. Com isso é possível
concluir que nem sempre uma estrutura mais pesada, comparando os painéis 23 (317,5kg) e
13 (310,0kg) por exemplo, tem um desempenho melhor. Os painéis com perfis de 2,0mm de
espessura foram prejudicados pelo desempenho da guia, a qual iniciou o escoamento muito
próximo do limite de serviço, 7kPa. Além disso, o painel 02 apresentou deslocamento fora do
plano do painel maior que 1,65cm, limite estabelecido pela ABNT NBR 10821:2011 [6], quando
aplicada a carga de serviço. Caso fosse utilizada guia com espessura de 3,0mm em todos os
painéis, tanto o painel 12, como o painel 23 também teriam potencial para atender aos
critérios de deformação e resistência dos materiais com melhores resultados.
REFERÊNCIAS
3 MAIOLA, C.H. (2004) Ligações parafusadas em chapas finas e perfis de aço formados a
frio. São Carlos. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos -Universidade de São
Paulo.
24
Tema: Construções Leves Estruturadas em Aço
Resumo
Este artigo tem como objetivo um estudo teórico-experimental sobre a estabilidade estrutural
de painéis de cisalhamento, também conhecidos como “Shear Wall”, do sistema construtivo
Light Steel Framing (LSF). O LSF, que é também conhecido como sistema autoportante de
construção a seco estruturado em aço. Este vem se consolidando no mercado da construção
civil brasileira. Esse sistema é composto por painéis reticulados de perfis de aço galvanizado
formados a frio (PFF), configurando esse sistema autoportante. Fixadas ao reticulado metálico,
as placas de revestimento podem ser de Oriented Strand Board (OSB) ou placas cimentícias,
ambas com considerável resistência mecânica, ou ainda gesso acartonado, que possui apenas
a função de vedação. São propostos alguns modelos para a análise experimental e a
determinação das propriedades mecânicas do material OSB. Nas análises será verificado o
comportamento da placa de OSB como possível substituta das fitas de aço galvanizado
geralmente utilizadas como componentes do sistema de contraventamento dos painéis de
cisalhamento. Para isso, será observado também o comportamento dos parafusos
autoatarraxantes trabalhando em conjunto com as placas de OSB e o reticulado metálico,
caracterizando o denominado painel de cisalhamento.
Palavras-chave: Light Steel Framing; Painel de cisalhamento; Oriented Strand Board;
Contraventamento.
Theoretical and experimental study on the structural stability of Shear Wall on the Light Steel
Framing System
Abstract
This article aims to propose a theoretical and experimental study on the structural stability of
shear panels ("Shear Wall") of the Light Steel Framing (LSF) construction system. The LSF
construction system, which is also known as self-supporting system for the dry construction
structured by steel, has been consolidated in the Brazilian construction market. This system is
composed of panels assembled by galvanized cold formed steel profiles, configuring a self-
supporting system. The sheathing material can be oriented strand board (OSB) or cementitious
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
plates, both with considerable mechanical strength, or plasterboard, which has only sealing
function. Some models are proposed for experimental analysis and determination of the
mechanical properties of the material OSB. The analyzes will be checked the behavior of OSB
board as a possible replacement of galvanized steel strips usually used as components of the
bracing system of shear panels. This will be also observed the behavior of chipboard screws
working with OSB boards and the light-gauge steel studs, composing the so-called shear panel.
Keywords: Light Steel Framing; Shear Wall; Oriented Strand Board; Sheathing.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Bevilaqua [1] entre os anos de 1810 e 1860 os Estados Unidos
obtiveram um crescimento acelerado; as estimativas são de que a população americana se
multiplicou por dez. Em consequência, houve uma crescente demanda principalmente de
habitações em um curto espaço de tempo. Para responder a esta demanda buscou-se um
sistema rápido, produtivo e prático, conceitos oriundos da revolução industrial. Visto que
naquela época existiam grandes reservas florestais, recorreu-se à utilização da madeira como
matéria-prima. Assim surgiu o sistema construtivo denominado Wood Framing.
A costa leste dos Estados Unidos se transformou em um grande canteiro de obras
quando, em 1992, foi atingida pelo furacão Andrew, causando enorme destruição. Houve
então a necessidade de reconstruir rapidamente as áreas afetadas.
Durante a reconstrução observou-se que a substituição dos perfis de madeira
utilizados no sistema Wood Framing não era tão rápida quanto o desejado. O aço apresentou-
se como material que soma inúmeras vantagens construtivas, como elevada resistência,
elevada ductilidade, canteiro de obras menor, limpo e organizado, facilidade de reforço,
ampliação e rapidez de execução. A tecnologia dos perfis de aço galvanizado já era conhecida
na época; assim, os perfis de madeira começaram a ser trocados pelos perfis de aço, que
podiam ser substituídos rapidamente e possuíam boa relação resistência/peso. Incrementa-se,
então, o emprego do sistema denominado Light Stell Framing (LSF) na construção civil.
O sistema construtivo LSF resume-se a uma composição de painéis reticulados de aço
galvanizado em perfis formados a frio trabalhando em conjunto com placas de diferentes
materiais, tais como as placas cimentícias e as placas de tiras orientadas de madeira,
internacionalmente denominadas de Oriented Strand Board (OSB), resultando assim em uma
estrutura com função estrutural de construção a seco.
A construção metálica ainda atravessa um período de grande expansão no mundo e,
no Brasil, desde os anos oitenta esse mercado de estruturas tem crescido sensivelmente. Hoje
a estrutura metálica é uma solução técnica comprovadamente viável.
Dois conceitos relativos ao LSF colocados por Rodrigues [2]: Frame é o esqueleto
estrutural projetado para dar forma e suportar a edificação, sendo composto por elementos
leves, os perfis formados a frio (PFF); Framing é o processo pelo qual se unem e vinculam esses
elementos.
Segundo Rodrigues [2], o sistema estrutural total de um edifício pode ser dividido em
dois grupos de subsistemas, os verticais e os horizontais. Os subsistemas horizontais precisam
ser suportados pelos subsistemas verticais. Os subsistemas horizontais recebem e
transmitem, para os subsistemas verticais, as cargas de piso e teto através de flexão e as
2
cargas horizontais através de ação de diafragma dos painéis de cisalhamento
(internacionalmente denominados de "Shear Wall").
Os subsistemas verticais são os painéis que compõem paredes com ou sem função
estrutural. Paredes com função estrutural têm capacidade de transmitir tanto cargas verticais
quanto horizontais para a fundação da edificação; paredes sem função estrutural não tem tal
capacidade.
Para a fabricação dos perfis estruturais formados a frio do sistema LSF devem ser
empregadas bobinas de aço Zincado de Alta Resistência (ZAR), revestidas com zinco ou liga
alumínio-zinco pelo processo contínuo de imersão a quente. As massas mínimas de
revestimento são iguais a 150 g/m² (Alumínio-zinco por imersão a quente) e 275 g/m² (Zincado
por imersão a quente). As espessuras nominais das chapas mais utilizadas são 0,80mm,
0,95mm e 1,25mm. A resistência ao escoamento do aço deve ser de no mínimo 230 MPa.
Os perfis formados a frio vêm sendo muito utilizados como material de construção,
principalmente em edificações de até quatro pavimentos, pois são extremamente leves, têm
baixo custo relativo e satisfazem à tendência de industrialização e agilidade na execução. Os
subsistemas projetados para resistir às forças laterais nas edificações em LSF são comumente
paredes contraventadas por meio de fitas de aço galvanizadas ("Shear Wall" ou painel de
cisalhamento).
A estabilidade global de um edifício projetado segundo o sistema construtivo LSF é
geralmente de responsabilidade do contraventamento, que possui função de resistir apenas à
força axial de tração. Assim, torna-se necessário a instalação de placas e/ou contraventamento
em fitas de aço, para que esses esforços sejam transmitidos para a fundação da edificação.
Segundo Rodrigues [2] esse contraventamento pode ser feito por meio de fitas de aço
galvanizado. O tipo mais comum utilizado é o formato de "X". Quando esse formato não é
adequado devido, por exemplo, a alguma abertura, pode-se utilizar o contraventamento em
outros formatos, como em "K", "Ʌ" e "V".
De acordo com o manual do Consul Steel [3] o ângulo formado entre a fita de aço
utilizada no contraventamento e a guia inferior do painel deve estar entre 30° e 60°. Segundo
Schafer e Hiriyur [4] quanto menor for o ângulo menor será a força de tração na fita.
Segundo Bredel [5], pode-se considerar que no sistema LSF o painel que trabalha como
Shear Wall é engastado na parte inferior e livre na parte superior, servindo de apoio para a
laje. Logo, as ações laterais estão aplicadas na parte superior, oriundas da presença do
diafragma rígido (Figura 1). A força aplicada na guia superior é distribuída para as placas e
montantes através de parafusos autoatarraxantes. Ao receber os esforços, a guia inferior os
transmite para a fundação através do chumbador de ancoragem. Na maioria das vezes, a
ancoragem dos painéis à fundação, é feita com a peça estrutural denominada hold-down
(Figura 2). Este dispositivo é de extrema importância nos painéis de cisalhamento por oferecer
uma maior resistência ao movimento de tombamento do painel. A instalação do hold-down
deve ser nas extremidades de cada painel. Parafusos autoatarraxantes fixam este elemento ao
montante, na vertical, e o chumbador de ancoragem, na horizontal, fixa a guia inferior à
fundação.
3
Figura 1: Ações laterais e condições de contorno [5].
O sistema de contraventamento do Light Steel Framing com fitas (ou tiras) de aço
dispostas nas diagonais dos painéis de cisalhamento necessita de chapas de ligação,
denominadas de Chapas de Gusset, para permitir a união dessas diagonais às guias e aos
montantes que formam os cantos desses painéis. Como é necessária a superposição da fita
sobre a Chapa de Gusset, incluindo o emprego de parafusos do tipo HEX com cabeça
sextavada, forma-se uma saliência que impede o perfeito assentamento das placas de
revestimento sobre o reticulado metálico, sejam elas placas cimentícias ou placas de OSB. Este
problema pode ser resolvido com a execução de rebaixos nas placas de revestimento. No
entanto, estes ajustes não são coerentes com o Sistema Construtivo LSF, que tem por princípio
uma construção racional e rápida, com o mínimo de interferências de fabricação e montagem.
Como as placas de OSB são geralmente utilizadas como elementos de revestimento do
reticulado metálico, servindo de substrato para aplicação dos acabamentos das paredes, e por
serem consideradas pelos fabricantes como componentes estruturais, elas podem também ser
utilizadas em substituição às fitas e/ou perfis de contraventamento dos painéis de
cisalhamento para reduzir o custo da obra. Porém, ainda não existem metodologias de
dimensionamento e normas nacionais ou estrangeiras que fazem a regulamentação dessas
placas na função de contraventamento. Ocorre que essa substituição deve ser calculada e
4
analisada mais atentamente para realmente atender a essa função de resistir aos esforços
cortantes oriundos da força do vento ou outras ações horizontais.
Uma vez que não existem normas brasileiras para especificação e determinação dos
parâmetros de ensaio e das propriedades físicas e mecânicas necessárias para que o OSB possa
ter de fato uma função estrutural como componente do painel de cisalhamento, com os
resultados obtidos a partir do presente trabalho esperamos poder contribuir e servir como
base para o desenvolvimento dessas normas.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
5
O Brasil ainda não possui normatização para as placas de OSB e nem selo de qualidade que as
certifique. Por isso, até o momento, a qualidade do produto é certificada com parâmetros
internacionais. O APA (Engineered Wood Association) é uma certificação internacional que
certifica a maioria das placas estruturais no mundo. Leva em consideração as propriedades
físico-mecânicas para serem utilizadas na construção de casas, conforme as normas de
construção do Canadá e dos Estados Unidos da América (EUA).
2.2 Ensaios
Figura 3: Esquema dos ensaios de três pontos para os corpos-de-prova cortados na direção
longitudinal da placa de OSB.
6
Figura 4: Esquema dos ensaios de três pontos para os corpos-de-prova cortados na direção
transversal da placa de OSB.
7
t = 18,3mm V 3
H 3
T4 498,2 100
V 3
Total de corpos-de-prova 48
onde:
Ainda segundo Bodig & Jayne apud Dias, Santos, Lima, Szücs [9], este método
constitui-se num dos poucos métodos diretos de determinação do módulo de elasticidade ao
cisalhamento, tornando-se uma opção promissora. Devido ao complexo dispositivo de ensaio,
esse método tem sido pouco empregado, além do que este método requer corpos-de-prova
de grandes dimensões.
Os corpos-de-prova para os ensaios de cisalhamento nas placas de OSB foram
dimensionados de acordo com a norma ASTM D2719-13 [8]. Os corpos-de-prova submetidos
ao ensaio de cisalhamento são: 3 para cada espessura de placa de OSB, totalizando em 12
corpos-de-prova no total. Esse ensaio será realizado para determinação da resistência e da
rigidez ao cisalhamento. No corpo-de-prova, a área de cisalhamento deve ter no mínimo 610
mm de lado. Quando a espessura da chapa for menor que 12,7 mm, duas ou mais chapas
devem ser coladas para garantir no mínimo essa espessura, esse será o caso das chapas de
9,5mm e de 11,1mm. As quinas do corpo-de-prova devem ser arredondadas, com raio de
12,5mm. As extremidades do corpo de prova são enrijecidas através de guias de madeira
maciça coladas rigidamente em ambos os lados do corpo-de-prova, sendo necessárias para
receber a aplicação do carregamento.
8
2.2.2 Ensaios "push-out"
9
Figura 7: Vista em planta do Modelo 1 para o ensaio de “push-out”.
10
Figura 10: Vistas frontal e lateral do Modelo 2 para o ensaio de push-out”.
11
Figura 11: Painel de cisalhamento contraventado com placas de OSB.
Placa de reação
12
Tabela 2: Modelos de painéis de cisalhamento a serem ensaiados
13
placas de OSB, principalmente como componentes do painel de contraventamento do Sistema
Construtivo LSF.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas
(PROPEEs) da Universidade Federal de Minas Gerais e ao apoio financeiro em forma de
fomento à pesquisa concedido pela FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Minas Gerais) e pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
REFERÊNCIAS
2 Rodrigues FC. Manual de Construção em Aço. Steel Framing: Engenharia. Rio de Janeiro:
Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA); 2006.
3 Consul Steel. Manual de Procedimiento: Construcción com Steel Frame. Buenos Aires;
2002.
4 Schafer BW, Hiriyur B. Analisys of Sheathed Cold-Formed Steel Wall Studs. Sixteenth
International Specialty Conference on Cold-Formed Steel Structures; 2002, 17-18 de
Outubro; Orlando, Florida, Estados Unidos; 2002.
5 Bredel DH. Performance Capabilities of Light-Frame Shear Walls Sheathed With Long OSB
Panels. Virginia. Dissertação [Mestrado em Engenharia Civil] – Polytechinic Institute and
State University; 2003.
6 Mendes LM, Iwakiri S, Matos JL, Keinert S, Saldanha LK. Pinus sp. Na Produção de Painéis
de Oriented Strand Board (OSB). Ciência Florestal, 12 (2); 2002. p. 135-145.
7 American Society for Testing and Materials - ASTM D3043-00 (Reapproved 2011).
Standard Test Methods for Structural Panels in Flexure. Estados Unidos; 2000.
8 American Society for Testing and Materials - ASTM D2719-13. Standard Test Methods for
Structural Panels in Shear Through-the-Thickness. Estados Unidos; 2013.
9 Dias GL, Santos AC, Lima AL, Szücs CA. Determinação de Propriedades Mecânicas do OSB.
IX Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira; 2004, julho; Cuiabá, M.T.,
Brasil; 2004.
10 Bastos EF. Caracterização Física e Mecânica de Painel de OSB do Tipo FORM. Campinas.
Dissertação [Mestrado em Engenharia de Estruturas] – Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas; 2009.
14
11 EM 1994-1-1:2004. Eurocode 4: Design of Composite Steel and Concrete Structures, Part
1.1: General Rules and Rules for Buildings. European Committee for Standardization.
Brussels, Belgium; 2004.
13 American Iron and Steel Institute. Monotonic Tests of Cold-Formed Steel Shear Walls With
Openings. Marlboro, Estados Unidos; 1997.
14 Tian YS, Wang J, Lu TJ. Racking Strength and Stiffness of Cold-Formed Steel Wall Frames.
Journal of Constructional Steel Research, 60; 2004. p. 1069-1093.
15
Tema: Construções Leves Estruturadas em Aço
Mario Aparicio1
2
Juan José Zubia Soldevilla
3
Estibaliz Bengoetxea
Resumo
No mundo inteiro, assim como no Brasil, existe um grande problema habitacional. Isto
acontece devido a várias circunstâncias: incremento da emigração das áreas rurais e mais
pobres às cidades, catástrofes naturais, dificuldades para desenvolver políticas de habitação
social. Todos estes problemas causam um enorme déficit habitacional desde há décadas. A
origem do nosso projeto está na inovação, na vontade de solucionar estes problemas
habitacionais, com a concepção e desenho de uma moradia simples e economicamente
viável, e, ao mesmo tempo, duradoura, de qualidade, rápida de fabricar, fácil de transportar
e montar. Uma moradia que garanta as necessidades básicas de uma família em qualquer
lugar do mundo. Este projeto inclui também a construção de outros prédios essenciais, como
escolas e hospitais. O sistema construtivo, feito todo em aço e calculado através de
programas específicos de cálculo de elementos finitos, é baseado num sistema viga-pilar,
com perfis de desenho patenteado, e painéis tipo sanduíche nas paredes e no teto, o que
permite ter um total conforto térmico e acústico. Os materiais de revestimento podem ser
diversos, sempre optando por aqueles que valorizem a moradia tanto em termos de conforto
interior, quanto em termos estéticos. Além do conforto, o sistema garante uma durabilidade,
equivalente à dos materiais tradicionais.
1
Arquitecto superior por la Universidad Politécnica de Madrid (09/1993),habiendo ejercido su actividad
profesional por libre, desde entonces en Cantabria, Vizcaya y Madrid.
2 Arquitecto superior por la Universidad Politécnica de Madrid (07/1991), habiendo ejercido su
actividad profesional por libre, desde entonces en Cantabria, Vizcaya, Málaga y
Madrid.
3
Licenciada en LADE y Derecho por la Universidad Pública de Navarra (2008) y especialista en comercio
exterior
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
Tema: Construções Leves Estruturadas em Aço
Mario Aparicio
Juan José Zubia Soldevilla
Estibaliz Bengoetxea
Resumen
En el mundo entero, incluyendo Brasil, existe un gran problema habitacional. Existen varias
razones: incremento de la emigración de las áreas rurales y más pobres a las ciudades,
catástrofes naturales, dificultades para desarrollar políticas de vivienda social. Todos estos
problemas causan un enorme déficit habitacional desde hace décadas. El origen de nuestro
proyecto está en la innovación, en las ganas de solucionar estos problemas de vivienda, con
la concepción y desarrollo de una vivienda simple y económicamente viable, y, al mismo
tiempo, duradera, de calidad, rápida de fabricar, fácil de transportar y montar. Una vivienda
que garantice las necesidades básicas de una familia en cualquier lugar del mundo. Este
proyecto incluye también la construcción de otros edificios esenciales como escuelas y
hospitales. El sistema constructivo, es todo de acero y calculado a través de programas
específicos programas específicos de cálculo de elementos finitos, se basa en un sistema
viga-pilar, con perfiles de diseño patentado, y paneles tipo sándwich en las paredes y tejado,
lo que permite obtener un total confort térmico y acústico. Los materiales de revestimiento
pueden ser diversos, siempre optando por aquellos que valoricen la vivienda tanto a nivel de
confort interior, cuanto a nivel estético. Además del confort, el sistema garantiza un
durabilidad, equivalente a la de materiales tradicionales de la construcción.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
2
1.INTRODUCCIÓN
El problema habitacional en los suburbios de grandes ciudades, de países en vías de desarrollo
y en países subdesarrollados es un problemas que la sociedad debe de afrontar con la
colaboración de diferentes actores (gobierno, instituciones, empresas). La falta de vivienda
produce problemas graves de carácter social, político y humano. Existe en el mundo una fuerte
necesidad de crear modelos de producción con capacidad de generar viviendas suficientes, en
condiciones razonables de economía, dignidad y durabilidad. Basándonos en principios de
sostenibilidad y conservación del medio natural hemos desarrollado unos sistemas de
viviendas adaptables a cualquier entorno y familia.
El proyecto que vamos a explicar a continuación se realiza a petición del Ayuntamiento de Kribi
para dar solución a la construcción de un mercado en la ciudad sustituyendo a un mercado que
recientemente sufrió un siniestro por incendio. Kribi es una ciudad costera del sur de Camerún
con una población estimada de 55.400 personas, desde el máximo respeto a su cultura y
medio natural.
3
2.PROYECTO NUEVA CIUDAD EN KRIBI
2.1. URBANIZACIÓN
El desarrollo urbanístico de las ciudades siempre ha sido un desafío para los arquitectos y
autoridades, puesto que hay que adaptarlo al día a día de la población y adecuarlo a la cultura
de cada lugar y a su forma de vivir. Anchos viales suficientes para el tránsito, dando lugar a
espacios públicos abiertos en los que puedan surgir pequeños mercados y áreas de juego.
centros médicos, mercados, etc., que cubran las necesidades mínimas en función de la
densidad de su población.
Para desarrollar el Proyecto Kribi se han contemplado las siguientes variables de diseño:
equilibrado y sostenible.
4
2.2. VIVIENDAS
Uno de los desafíos del mundo actual es crear viviendas suficientes, en condiciones razonables
de economía, dignidad y durabilidad.
Las viviendas propuestas en el proyecto son viviendas sencillas duraderas, de excelente calidad
y precio ajustado, debido a un exhaustivo control del proceso de producción, que minimiza los
costes y que consigue elementos fáciles de transportar y montar.
La vivienda está compuesta por unas estructura de acero galvanizado y plegado, con
cerramientos de fachadas y techos compuestos a partir de paneles sándwich que aportan al
conjunto un alto rendimiento térmico y acústico.
El conjunto de la vivienda se anclará con tacos técnicos a una solera ya existente mediante una
placa de anclaje en la base de los pilares. El sistema estructural resultante es un sistema
articulado mediante atornillado de los diferentes elementos que lo componen.
5
El diseño de las estructura permite que el conjunto quede arriostrado en todas sus direcciones,
garantizando con el adecuado dimensionado la estabilidad de la construcción.
La cubierta se resuelve a dos aguas a través de una viga de cumbre apoyada en el bastidor de
coronación, formando el resto de los faldones los propios paneles metálicos autoportantes.
Para el cálculo de los esfuerzos (momentos flectores, esfuerzos cortantes y axiles) se han
utilizado las teorías de la mecánica, por tratarse de estructuras estáticamente determinadas. El
método de cálculo aplicado es de los Estados Límites, en que se pretende limitar que el efecto
de las acciones exteriores ponderadas por unos coeficientes, sea inferior a la respuesta de la
estructura, minorando la resistencias de los materiales. En los Estados Límites últimos se
comprueban los correspondientes a: equilibrio, agotamiento o rotura, adherencia, anclaje y
fatiga. En los Estados Límites de utilización. se comprueba: deformaciones(flechas) y
vibraciones.
6
2.2.e- BASTIDOR CUBIERTA
En tabiquería, estos paneles van anclados mediante perfiles de aluminio lacado blanco sujetos
a piso y techo.
2.2.g- CUBIERTA
La cubierta con la configuración a dos aguas, está formada por panel sándwich especial para
cubiertas, machihembrados entre sí, acabados en chapa galvanizada, micro perfilado y
prelacado en poliéster silicona color rojo teja. El aislamiento es el mismo a base de poliuretano
inyectado, con sus extremos rematados.
El montaje es muy simple y rápido, una vivienda de 60m2 puede ser montada por un equipo de
3 personas en 180h.
7
2.3. TIPOS DE VIVIENDAS
Este sistema nos permite obtener varios modelos de viviendas modulares, adaptándose a las
necesidades de cada local y de las familias. Estos modelos ofrecen la posibilidad de ampliar o
disminuir el tamaño de las viviendas en función de sus habitantes.
Hábitat 79 EVO
8
Hábitat 73 EVO DÚO
9
Hábitat 66 EVO
10
Hábitat 53 EVO
Hábitat 40 EVO
11
Hábitat 53 EVO VS
Figura 11: planta modelo Hábitat 53 EVO VS
12
2.4. DOTACIONES
Resulta indispensable la integración de dotaciones mínimas que satisfagan las necesidades de
la ciudad.
Con la misma solución modular empleada en las viviendas basado en el sistema de vigas de
acero y paneles sándwich, se pueden desarrollar diversas instalaciones:
- ESCUELA
La educación es la base de la sociedad y por eso es necesario y un punto clave cuidar de los
más pequeños de las sociedad, formándoles y ofreciendo así un mejor desarrollo futuro.
Esta escuela desarrollada con el sistema modular puede albergar hasta 250 alumnos, con todas
las necesidades cubiertas (aulas, sala de profesores, aseos, comedor, etc.)
13
- CENTRO DE SALUD
La atención sanitaria es un bien preciado que debería ser de acceso de todos los integrantes de
esta nueva ciudad, sin restricciones de distancias ni de espacio, un centro de salud capaz de
dar atención médica de primera calidad. El aislamiento del panel sándwich permite crear
ambientes de "salas limpias".
Este modelo tiene un total de 140m2 y consta de una consulta médica, sala de observación,
dispensario médico y una sala de curas, así como sala de espera y aseos.
- MERCADO
Figura 15: iconográfico del mercado de Kribi y planta de distribución de las tiendas
14
- BIBLIOTECA
15
3. CONCLUSIÓN
Con el proyecto del mercado de Kribi se pretende que el edificio proyectado sea un hito en la
ciudad y genere la ordenación paulatina de la trama urbana próxima convirtiendo el espacio en
un lugar de encuentro en el referente de una actividad salubre, segura y más productiva,
siempre desde unos parámetros de economía y practicidad, añadido a una calidad duradera y
un bajo costo de mantenimiento.
4.BIBLIOGRAFÍA
Internet:
- www.habiteck.es
- www.codigotecnico.org
16
Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
CONSTRUMETAL 2014
Contribuições Tecnocientíficas
Parte 3
– Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto –
Tema: Ação dinâmicas produzidas pelo vento em estruturas de aço
Resumo
Uma das alternativas para determinar as ações devidas ao vento é o método estático
apresentando pela norma brasileira ABNT 6123, que considera os efeitos meteorológicos, de
terreno e de dimensões da edificação. Além disso, os coeficientes aerodinâmicos tais como
coeficientes de pressão interna e externa também devem ser considerados, coeficientes esses
que majoram ou minoram as ações do vento conforme as características da estrutura
analisada. Entretanto, algumas estruturas apresentam alta sensibilidade a componente
dinâmica flutuante do vento. Segundo a ABNT NBR 6123:1988, edificações com período
fundamental superior a um segundo, em particular aquelas fracamente amortecidas, podem
apresentar uma importante resposta flutuante na direção do vento médio. A resposta
dinâmica deve ser calculada segundo outras especificações e equações, que diferem daquelas
tradicionalmente utilizadas no método estático. Por outro lado, a norma americana ASCE 7-10
considera a importância da flexibilidade de estrutura, e estabelece equações para definição da
frequência natural aproximada para diferentes tipos de estrutura, e admite-se uma nova
pressão de velocidade. Sendo assim, os novos valores obtidos, para diferentes velocidades
básicas de vento, devem ser comparados com os métodos estáticos Neste trabalho os
procedimentos da ABNT NBR 6123 e da ASCE 7:10 são discutidos e aplicados a um exemplo de
edificação esbelta, de maneira a avaliar as considerações necessárias ao projeto, finalmente
observações para a correta consideração dos efeitos dinâmicos devidos ao vento são
discutidas.
Abstract
One of the alternatives to determine the actions caused by wind is the equivalent static
method as defined by the Brazilian ABNT 6123, which include the meteorological effects of
wind, characteristics of obstacles in the vicinity of the building. In addition, the aerodynamic is
considered through internal and external pressure coefficients, from tunnel wind tests, and
these coefficients define the forces due to wind. However, some structures have high
sensitivity to dynamic component of the wind. According to ABNT NBR 6123: 1988, buildings
with fundamental period of more than one second, in particular those weakly damped, may
present an important fluctuant response due to the wind. The dynamic response must be
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
calculated according to other methods, which differ from those traditionally used in the static
method. The ASCE 7-10 considers the importance of flexibility of the structure and establishes
formulae’s for approximate natural frequency for different kinds of structure, and assume a
new velocity. Thus, the new values obtained for different basic wind speeds, must be
compared with the static methods. In this work procedures of ABNT NBR 6123 and ASCE 7:10
are discussed and applied to a slender buildings examples, in order to evaluate the
considerations necessary for the project, remarks for the correct consideration of the dynamic
effects due to the wind are summarized.
¹ Graduando, Engenharia Civil, Universidade da Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.
2
D.Sc. Engenharia Civil, Programa de Pós graduação engenharia civil e ambiental, Universidade da Passo
Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.
2
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
O estudo tem como principal objetivo desenvolver um estudo comparativo entre os efeitos
estáticos e dinâmicos devido as ações do vento, baseado nas prescrições da ABNT NBR 6123 e
ASCE 7-10. Para isso serão definidos os fluxos de processos para determinação das ações
devidas ao vento pelos métodos estático equivalente e dinâmico simplificado segundo NBR
6123 e para determinação dos coeficientes de amplificação dinâmica segundo ASCE 7-10.
A atmosfera ao ser perturbada, tende naturalmente para o movimento, originando aquilo que
se convenciona chamar de vento. Estas perturbações são constituídas fundamentalmente por
gradientes de pressões que resultam de aquecimentos diferenciais em diferentes locais. Tais
desiquilíbrios, provocados por fenômenos termodinâmicos, tornam a atmosfera instável,
obrigando esta a uma procura incessante de equilíbrio originando as circulações atmosféricas.
(VASCONSELOS LOPES,1992)
3
A ASCE 7-10 considera a importância da flexibilidade da estrutura. Para determinar se um
edifício ou estrutura é rígido ou flexível, a frequência natural fundamental, será estabelecida
usando as propriedades estruturas e de deformação característica dos elementos.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
4
Com pórticos em um dos sentidos horizontais, e contido lateralmente no outro, o edifício
possui 22,5m, divididos em 3 módulos de 7,5m, em sua maior direção horizontal, e 8,5m em
sua menor direção horizontal. A altura total do edifício é de 21,5m. Predominantemente
formada por perfis laminados do tipo W (laminado de abas largas) a estrutura é utilizada para
apoio e manutenção de silos e equipamentos auxiliares.
Posteriormente, realiza-se a análise modal, com auxílio do mesmo software (SAP 2000), a
verifica-se a frequência natural fundamental e o período fundamental da estrutura nos seus
diversos graus de liberdade. A imagem a seguir representa a deformação da estrutura em seu
primeiro modo de vibração, o qual representa o período fundamental superior a um segundo.
5
A segunda estrutura analisada foi proposta com altura para que o período da estrutura ficasse
acima de 1 segundo. Trata-se de uma torre que pode ser usada para suporte de equipamentos
de telecomunicação ou então para suporte de equipamentos leves. Estruturada em aço com
ligações predominantemente soldadas. A modelagem, aplicação de cargas e dimensionamento
foram realizados no CSI SAP 2000 V16.0. Para cálculo provisório do período fundamental a
estrutura foi submetida a carregamentos de vento calculados conforme método estático da
NBR 6123:1988. A seguir apresenta-se modelo matemático da estrutura 3D que a partir deste
momento será chamada de torre metálica.
Com pórticos rígidos em um dos sentidos horizontais, e contenções alterais no outro, o edifício
possui 12m, divididos em dois módulos de 6m, em sua maior direção horizontal, e 6m em sua
menor direção horizontal. A altura do edifício é de 50m. Predominante formado por perfis
laminados do tipo W.
6
O dimensionamento automático realizado pelo SAP 2000, atende os princípios da norma
americana ANSI/AISC 360-05, definidos para o método dos estados limites LRFD. As
deformações máximas estão de acordo com os limites apresentados pela ABNT NBR 8800.
Posteriormente, realiza-se a análise modal, com auxílio do mesmo software (SAP 2000), a
verifica-se a frequência natural fundamental e o período fundamental da estrutura nos seus
diversos graus de liberdade. A imagem a seguir representa a deformação da estrutura em seu
primeiro grau de liberdade, o qual apresenta período fundamental superior a um segundo.
7
2.2 Cálculo pelo método estático segundo ABNT NBR 6123:1988
Naturalmente, o vento é uma ação dinâmica. As indicações das normativas nada mais fazem
que transformar esta ação dinâmica em uma ação estática equivalente. (MARTINS VIEIRA,
2013). A NBR 6123:1988 define parâmetros para o cálculo da pressão estática equivalente,
denominada q, parâmetros esses que dependem basicamente da localização da estrutura, do
relevo do terreno em que ela está inserida, das suas dimensões e do seu uso.
Logo, segundo a NBR 6123, q pode ser definido pela seguinte equação. (Equação 1):
= 0,613 ² (1)
Onde:
q é a denominada pressão estática equivalente;
vk é a velocidade caraterística do vento.
Define-se então, que ambas as estruturas serão construídas na cidade de Passo Fundo, no
norte do estado do Rio Grande do Sul. Para definição da velocidade básica do vento Vo, é
necessária análise do mapa das isopletas do vento apresentado na NBR 6123:1988. A
velocidade básica indicada para a região de Passo Fundo é de 45m/s.
Segundo a NBR 6123:1988 o fator topográfico S1 é diferenciado para três situações. Ambos os
edifícios estudados serão construídos em terreno plano ou fracamente acidentado, o que
significa que o fator S1 será igual a 1,0.
O fator combinado S2, depende de três fatores. Da rugosidade do terreno, das dimensões da
edificação e da altura da edificação sobre o terreno. A rugosidade do terreno é classificada em
5 categorias. Os edifícios considerados serão construídos sobre terrenos abertos em nível ou
aproximadamente em nível, com poucos obstáculos isolados. Isso define a categoria de
rugosidade II. As dimensões da edificação foram citadas no item anterior deste artigo, sendo
assim, pode-se definir os parâmetros b, p e Fr e que a edificação pertence a classe B. Conforme
a equação a seguir, (Equação 2) obtém-se o 1,05 como fator S2 para o edifício de processos.
2= × × ( ) (2)
8
= × 1 × 2 × 3 (3)
= 47,25 /
= 1368 / ²
Para possibilitar a comparação dos resultados, a torre metálica será construída em local
idêntico ao do edifício de processos. Portanto, segundo as explicações dadas no item 2.2.1
deste artigo, define-se a velocidade básica do vento de 45m/s e que os fatores S1 e S3 são
iguais a 1,0. Entretanto, pela diferença de altura verificada entre as duas estruturas, o fator
combinado S2, definido a partir da equação 2 é de 1,13.
= 50,85 /
= 1585 / ²
Semelhantemente a NBR 6123, a ASCE 7-10 também converte a ação dinâmica natural do
vento em uma pressão estática equivalente. Para isso, são necessárias definições da
velocidade básica do vento, do fator de direcionalidade do vento, Kd. Além disso, a normativa
exige a definição da rugosidade superficial e da categoria de exposição do terreno. O fator
topográfico kzt, e os coeficientes de pressão e exposição de velocidade complementam o
cálculo.
Primeiramente, salienta-se que os locais e terrenos das obras continuam idênticos. Portanto é
necessária mais uma vez, para definição da velocidade básica, a utilização do mapa das
isopletas da NBR 6123:1988. Logo, serão obtidos os 45m/s para região de Passo Fundo no
estado do Rio Grande do sul. A partir disso, o fator de direcionalidade kd, deve ser definido
9
segundo o item 26.6 da ASCE 7-10. Para o edifício de processos teremos o fator de
direcionalidade Kd igual a 0,85, conforme definido na tabela 26.6-1 da ASCE 7-10. Depois disso,
foram definidas as denominadas categorias de risco, de exposição e rugosidade do terreno.
Estes mesmos fatores estão definidos da seguinte maneira.
Rugosidade da superfície: B: ASCE 7-10 seção 26.7.2: Define-se como rugosidade da superfície
do tipo B, áreas urbanas e suburbanas, áreas de florestas ou terrenos com numerosas
obstruções pouco espaçadas entre si com dimensões de residências ou superiores.
Categoria de exposição: C: ASCE 7-10 seção 26.7.3: A categoria de exposição C, deve ser
aplicada quando as características do edifício não se enquadram nas definidas nos grupos B e
D. O grupo B engloba edifícios cuja maior altura seja menor ou igual a 9,1m, o que não é o caso
de nenhuma das estruturas estudadas neste artigo. O grupo D engloba edifícios que estejam
inseridos e áreas com rugosidade da superfície do tipo D.
O fator topográfico Kzt, é muito semelhante ao fator S1 da NBR 6123:1988. Portanto segundo
figura 26.8-1 da ASCE 7-10, para ambas as estruturas, Kzt é igual a 1,0.
= 0,613 ∗ ∗ ∗ ²
Onde:
Kz = 1,17
Kzt = 1,0
Kd= 0,85
V = 45m/s
Portanto:
= 1235 / ²
Logo:
Kz = 1,398
Kzt = 1,0
Kd = 0,85
10
V = 45m/s
= 1475 / ²
2.4 Cálculo pelo método dinâmico simplificado segundo NBR 6123:1988
O item 9.3.1 da NBR 6123 define uma equação para cálculo dinâmico simplificado do vento.
(Equação 5).
Primeiramente é necessário definir o termo denominado qo, que é dado pela equação a seguir
(Equação 6).
= 0,613 ²
Onde:
Vp = 0,69 Vo*S1*S3
Vo = 45 m/s
S1 = 1,0
S2 = 1,0
Logo:
= 591 / ²
Os demais fatores utilizados na equação são também definidos pela NBR 6123 e dependem
basicamente das características da estrutura e das características naturais do vento. Tais
fatores respeitam as seguintes descrições e atribuições:
∗
= 0,0170426 (6)
11
Onde :
Vp = 31,05 m/s
fj = frequencia fundamental = 0,98797, calculada pelo CSI SAP 2000
L = dimensão característica do terreno = 1800m
( ) = 2143 / ²
b = 1,0
z = 50m
zr = 10m
h = 50m
y = 1,2
p = 0,15
ƫ = 1,20
= 0,02139
∗
Onde:
Vp = 31,05m/s
fj = frequência fundamental = 0,80614
L= 1800m
Portanto:
( ) = 2264 / ²
(7)
12
Neste caso, os fatores envolvidos na equação são mais elaborados, distintos para cada tipo de
edificação e dependem de novas equações.
Inicialmente definem-se gq e gv como 3,4, segundo 26.9.5 da ASCE 7-10. Depois disso a
equação 8 define gr como:
(8)
Onde:
N1 = 0,98797, frequência natural fundamental da estrutura, SAP 2000;
Logo:
= 4,1866
(9)
Onde:
B = 0,02
Antes de definir os demais fatores, é necessário definir Rn, que depende de nova equação.
(Equação 10) ou 26.9-13 da ASCE 7-10
(10)
N1 depende de nova equação, (Equação 11)
(11)
Onde:
= ( /10)
Onde:
E = 1/5, definido pela tabela 29.9-1;
l = 152,4m, definido pela tabela 29.9-1;
z = 12,9m = 0,6 h, sendo h a altura livre do edifício;
Logo:
= 160,362
O coeficiente Vz é definido pela equação a seguir. Equação 12.
13
(12)
Onde:
b = 0,65, definido pela tabela 26.9-1;
α = 0,154, definido pela tabela 26.9-1;
V = 45m/s = 259,2 mi/h. Velocidade básica do vento em milhas por hora.
Logo:
Vz = 175,22 mi/h
Definidos Vz e Lz, calcula-se N1 pela equação 11, sendo n1 a frequência fundamental que é
igual a 0,98797.
N1 = 0,904
O coeficiente N1, será utilizado para definição de Rn, segundo equação 10.
Rn = 0,1382
(13)
n para RH:
, quando n1 é a frequência e h a altura livre do edificio;
n para RL
, quando L é a dimensão característica do terreno;
N para RB:
, quando B é a menor dimensão horizontal da estrutura;
Logo:
RH = 0,71249;
RB = 0,86785;
RL = 0,955;
= 2,045
Seguindo com o objetivo de resolver a equação sete, para encontro do fator de efeito de
rajada, são necessárias novas equações para definição de Iz e Q. Iz é definido conforme
equação a seguir. (Equação 14)
14
(14)
Onde:
c = 0,2, conforme tabela 26.9-1
z = 12,9m = 0,6*h
Logo:
Iz = 0,1917
Q é definido pela equação 26.9-8 da ASCE 7-10 ou pela seguinte. (Equação 15)
(15)
Onde:
B= 8,5m, menor dimensão horizontal da estrutura;
h = 21,5m, altura livre do edificio;
Lz = 160,362m conforme calculado anteriormente;
Logo:
Q = 0,9057
Com todos os fatores definidos, é possível calcular Gf para o edifício de processos, fator de
efeito de rajada, conforme equação 7.
Gf = 1,74
Para cálculo da pressão dinâmica q(z), multiplica-se a pressão encontrada no método estáticos
por Gf. Então:
( ) = 2149 / ²
A frequência natural da estrutura, n1, calculada pelo software CSI SAP 2000 é de 0,80614.
15
gr = 4,1378, segundo equação 8.
Para:
z = 30m;
l = 152,4m
E = 0,2
b = 0,65
α = 0,154
Temos:
Lz = 189,85m
Vz = 199,54 mi/h
N1 = 0,767
E conforme equação 10:
Rn = 0,15
Iz = 0,1665
Conforme equação 15:
Q = 0,8798
Gf = 1,64644
Para cálculo da pressão dinâmica q(z), multiplica-se a pressão encontrada no método estáticos
por Gf. Então:
( ) = 2434 / ²
16
3 RESULTADOS, DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
2500 2500
2000 2000
1500 1500
2134 2264
1000 1368 1000 1585
500 500
0 0
Estático NBR Dinâmico Estático NBR Dinâmico
6123:1988 simp. NBR 6123:1988 simp. NBR
6123:1988 6123:1988
Método de Calculo Método de Calculo
Figura 05: Comparação entre os métodos Figura 06: Comparação entre os métodos
estático e dinâmico, segundo NBR 6123 para estático e dinâmico, segundo NBR 6123 para
edifício de processos. (56%) torre metálica. (43%)
17
Edificio de processos Torre metálica
h = 21,5m h = 50m
f1 = 0,98797 f1 = 0,80614
Pressão do vento N/m²
Figura 07: Comparação entre os métodos Figura 08: Comparação entre os métodos
estático e dinâmico, segundo ASCE 7-10 para estático e dinâmico, segundo ASCE 7-10 para
edifício de processos. (74%) torre metálica. (65%)
1400 2000
1200
1000 1500
800 1368 1235 1000 1585
600 1475
400 500
200
0 0
Estático NBR Estático ASCE Estático NBR Estático ASCE
6123:1988 7-10 6123:1988 7-10
Método de Calculo Método de Calculo
Figura 09: Comparação dos métodos estáticos Figura 10: Comparação dos métodos estáticos
NBR- ASCE para edifício de processos. (11%) NBR- ASCE para torre metálica. (7%)
18
Edificio de processos Torre metálica
h = 21,5m h = 50m
f1 = 0,98797 f1 = 0,80614
Pressão do vento N/m²
Além disso, os resultados podem ser avaliados sob os mais diversos aspectos. Enquanto que
para os métodos estáticos a NBR 6123 define ações mais intensas que a ASCE 7-10, para os
métodos de consideração dinâmica do vento, os maiores coeficientes são obtidos pelos
americanos. (Figuras 09, 10, 11 e 12).
19
Para complementação do estudo, seriam interessantes novas analise considerando um edificio
ainda mais esbelto, com frequência menor do que a da torre metálica. Assim a importância
exponencial da diminuição da frequência no resultado poderia ser melhor observada. Além
disso, novos modelos matemáticos, dos mesmos edifícios, gerados com aplicação das pressões
dinâmicas encontradas neste estudo, teriam novas frequências fundamentais, que
possibilitariam várias novas informações e comparações no mesmo sentido. Outro estudo
interessante, seria a comparação das pressões obtidas para um mesmo edifício com
velocidades básicas diferentes.
A NBR 6123:1988, em seu anexo I, apresenta um exemplo de cálculo pelo método dinâmico
simplificado. Trata-se de um edifício de 120m de altura de 24m por 24m de lado, localizado em
um terreno de categoria IV, com velocidade básica de 45m/s estruturado em concreto e aço.
Para justa comparação, serão apresentados aqui, as pressões obtidas pela normativa somente
para o edifício em aço. Tem-se:
Confere-se uma variação de 24%, menor que as de 56% e 43% verificadas neste estudo.
Possivelmente, o aumento da altura do edifício, torne-se exponencialmente menos influente
na diferença de pressão entre os métodos estáticos e dinâmicos. Isso pode ser afirmado
porque para o edifício de processos (21,5m de altura) verifica-se uma diferença de 56%. Para a
torre metálica (50m de altura) 43% e para o edifício exemplado na NBR 6123 (120m de altura)
24%.
REFERÊNCIAS
3 NBR 6123. Forças devido ao vento em edificações. ABNT: Associação Brasileira de Normas
Técnicas, Rio de Janeiro; 1988.
20
5 ASCE/SEI 7-10. Minimum Design Loads for Buildings and Structures. ASCE: American
Society of Civil Engineers, Reston, Virginia; 2010.
6 CFE/2088. Manual de Diseño de Obras Civiles. Cap 4 Diseño por viento. CFE: Comision
Federal de Electricidad, Mexico; 2008.
21
ANÁLISE DE ELEMENTOS FINITOS PARA REFORÇOS ESTRUTURAIS METÁLICOS EM
Resumo
Brazilian logistics operators intend to increase the transport of iron ore in the São Paulo
railway mesh in order to meet deadlines and volume of goods requirements. The existing
bridges along the São Paulo railway mesh were originally designed for moving load TB-20
(Based on old standard ABNT NB 7:43) and to meet the new load configuration, the moving
load should be modified for the TB-360. Due to the new load configuration is higher than
current one, new bridge should be designed and constructed or it should be seek to
strengthen the existing bridge. Another requirement to be met is that the run-off of goods
along this railway mesh must be preserved, i.e., it is not allowed long periods of interruption in
the operation of the railway track. A finite element analysis is presented for a railway concrete
bridge that will be strengthened to ensure the future use of the moving load TB-360 and that
during the execution of bridge´s structural steel reinforcements does not impact the operation
of the railway track.
Keywords: Railway bridges; Structural Steel Reinforcements; Finite Elements; Moving load.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
2
Para avaliar se a nova concepção estrutural de OAE reforçada atende aos dois requisitos
de projeto mencionados anteriormente, foi feito um estudo comparativo de resultados de
tensão de von Mises por meio de analises de elementos finitos para três situações de estrutura
de OAE e condição de trem-tipo. As situações de estrutura de OAE analisadas foram: (1)
Estrutura de OAE atual e com operação do trem-tipo TB-20; (2) Estrutura de OAE em fase de
execução de reforços e com operação de via com o trem-tipo TB-20; e (3) Estrutura de OAE
reforçada para utilização do trem-tipo TB-360.
Para validação dos reforços estruturais propostos para a OAE aqui estudada, foi verificado
se os resultados de tensão de von Mises observados para as situações de estruturas de OAE (2)
e (3) são inferiores aos obtidos para a situação de OAE (1).
A Obra de Arte Especial estudada em questão possui uma superestrutura em laje caixão
em concreto armado e com dois tramos de 10m, sendo cada tramo apoiado em um encontro
com alas e engastado num pilar interno.
3
Figura 3 apresenta uma vista lateral da Superestrutura e Mesoestrutura da OAE.
No caso do reforço estrutural de perfil especial “I” metálico, este foi confeccionado por
chapas soldadas de material ASTM A-36 de espessura de 25,4mm e chumbados por conectores
nas lajes do interior da seção caixão, como ilustrados na Figura 4.
4
4 AÇÕES CONSIDERADAS
Trem tipo ferroviário de classe TB-360 [3] para a situação projetada da OAE e que
trata de um trem tipo com cargas pontuais, representando à locomotiva e cargas
distribuídas variáveis como os vagões carregados e descarregados, conforme
ilustrado na Figura 6.
Para as ações variáveis foi adotado o coeficiente de impacto, calculado de acordo com a
seguinte equação [4]:
√
Onde: Comprimento, em metros do vão teórico do elemento carregado.
5
5 ETAPAS EXECUTIVAS
A OAE foi analisada para três situações de estrutura de ponte e com condição de trem-
tipo, conforme descritas na Figura 7.
6
Situação (3): Estrutura da OAE reforçada para operação com o TB-360.
Figura 7 – Continuação.
7
6 MODELAGEM E ANÁLISE DE ELEMENTOS FINITOS
As ações permanentes devido ao peso próprio das estruturas foram representadas nos
modelos de elementos finitos por meio de cargas gravitacionais. No caso do peso
próprio dos trilhos foram aplicadas cargas por unidade de comprimento.
Ações variáveis provenientes dos trens-tipo (TB-20 e TB-360) foram simuladas por
meio de cargas concentradas e cargas uniformemente distribuídas e aplicadas nos
elementos de barras fictícias que representavam os trilhos.
Análises de elementos finitos tipo estática linear foram realizadas para avaliação das
etapas executivas de estrutura de OAE, conforme estabelecidas no item 5.
8
Figura 8 – Estrutura da OAE existente e com operação do TB-20.
9
Figura 10 – Estrutura da OAE projetada para a utilização do TB-360.
A estrutura da OAE foi verificada para a combinação ultima (ELU) [2], estabelecida
conforme a expressão abaixo:
𝐅𝐝 = 𝛄𝐠 𝐅𝐠𝐤 + 𝛄𝐪 𝐅𝐪𝐤
Onde:
10
7.2 METODOLOGIA DE VALIDAÇÃO DA OAE PARA AS ETAPAS EXECUTIVAS
O objetivo dessa metodologia de validação de OAE era comprovar que o nível de tensão,
tanto quantitativo quanto qualitativo, obtido para as situações de OAE em fase de execução de
reforços e de OAE reforçada para a condição de trem-tipo TB-360 é menor do que os
resultados obtidos para a situação de OAE atual.
11
8 RESULTADOS
Tabela 1 lista um resumo de resultados de máxima tensão de von Mises obtidos para
elementos estruturais da ponte a partir das análises de elementos finitos realizadas para as
etapas executivas descritas no item 5.
Figura 12 a Figura 16 apresentam resultados de tensão de von Mises (tf/m2) obtidos para
elementos estruturais da ponte a partir das análises de elementos finitos realizadas para as
etapas executivas descritas no item 5 e resumidos na Tabela 1.
Figura 12 – Estrutura da OAE existente e com operação do TB-20 – Tensões de von Mises.
12
13
Estrutura da OAE existente e com operação do TB-20
14
Estrutura da OAE existente e com operação do TB-20
15
Observa-se que os resultados de tensão de von Mises obtidos para as situações de
estruturas de OAE (2) e (3) são inferiores aos obtidos para a situação de OAE (1).
Nervuras
Mesas Mesas
Superior Inferior
Nervuras
Mesas Mesas
Superior Inferior
16
Nervuras
Mesas Mesas
Superior Inferior
Observa-se que a máxima tensão de von Mises obtida para os reforços estruturais é de
96MPa, como mostrado na Figura 17, e este resultado de tensão é bem inferior ao limite de
escoamento de um aço ASTM A36 que é 250MPa. Logo, tem-se uma boa margem de
segurança quanto ao escoamento para os reforços estruturais quando da operação da via com
o trem-tipo TB-360.
Fazendo um calculo simplificado de verificação dos reforços estruturais à falha por fadiga,
ou seja, adotando-se como tensão admissível de fadiga um valor de tensão de tração igual a
80% da tensão de escoamento do material, observa-se que os reforços não irão apresentar
falha por fadiga, pois o valor máximo de tensão de tração atuante nos reforços é de 73MPa
(7246.65 tf/m2), conforme mostrado na Figura 18 para as tensões principais máximas na
combinação de ELU.
Também se pode comprovar que os reforços estruturais têm uma boa capacidade
resistente quanto à falha por flambagem, pois o valor máximo de tensão de compressão
atuante nos reforços é de 109MPa (-10850.7 tf/m2), conforme mostrado na Figura 19 para as
tensões principais mínimas e na combinação de ELU, e que por meio de uma verificação
preliminar para os critérios da norma NBR 8800 [1], esse valor de tensão atuante fica abaixo do
valor admissível de falha por flambagem. Outro ponto a ressaltar é que os reforços estruturais
propostos são peças com seção robusta e de espessuras de 25.4 mm para mesas e alma.
17
A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta resultados de forças de
compressão atuantes nas estruturas do cimbramento e referentes à etapa de execução de
reforços e com operação de via com o trem-tipo TB-20.
Cimbramentos
Estrutura Central
Cimbramentos
Estrutura lateral
18
Observa-se que a máxima força de compressão atuante nos escoramentos localizados na
parte central da seção caixão é de 15 tf, enquanto que para os escoramentos posicionados na
parte lateral do caixão, a máxima força de compressão é de 5 tf.
9 CONCLUSÃO
Análises de elementos finitos para três situações de estrutura de OAE e com consideração
de trens-tipos ferroviários distintos foram desenvolvidas para validar uma proposta de reforço
estrutural para garantir o uso da OAE em fase de execução de reforços e sem interrupção de
operação de via ferroviária e para a futura configuração de carga do trem-tipo TB-360.
Foi comprovado que os resultados de tensão de von Mises para elementos estruturais das
situações de estrutura de OAE referentes a fase de execução de reforços e com operação de
via com o trem-tipo TB-20 e de estrutura de OAE reforçada para futura operação com o trem-
tipo TB-360 apresentam resultados de tensões inferiores ao da situação atual de OAE.
Também foi realizado um estudo com o intuito de se obter uma estimativa de máxima
carga de compressão atuante nas estruturas do cimbramento da OAE durante a fase de
execução de reforços. A partir desse estudo, obteve-se uma carga máxima de compressão de
15 tf para os escoramentos localizados na parte central do caixão da ponte, enquanto que para
os escoramentos na parte lateral, o valor máximo foi de 5 tf.
Dessa forma, conclui-se que os reforços estruturais propostos para a OAE aqui estudada
atendem aos requisitos de fase de execução de reforços e sem causar impactos de interrupção
de operação de via quando do uso do trem-tipo TB-20 bem como a futura configuração de
carga de trem-tipo TB-360.
19
10 REFERÊNCIAS
20
Tema:
Estruturas
Metálicas
e
Mistas
ANÁLISE DINÂMICA DE ESTRUTURAS DE AÇO SUPORTES DE MÁQUINAS ROTATIVAS *
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
Keywords:
Dynamic
Analysis;
Vibration;
Rotating
Machinery;
Steel
Structures
Support.
¹
Engenheiro
Mecânico, Professor
Especialista,
Coordenação
de
Mecânica,
Instituto
Federal
de
Ciência
e
Tecnologia
do
Espírito
Santo
-‐
IFES
-‐
Campus
Aracruz,
Aracruz,
ES,
Brasil.
²Engenheiro
Civil,
Professor
Doutor,
Departamento
de
Engenharia
Civil
-‐
UFES
-‐
ES,
Universidade
Federal
do
Espírito
Santo
-‐
Centro
Tecnológico
-‐
Campus
de
Goiabeiras,
Vitória
,
ES,
Brasil.
³Engenheira
Civil,
Professora
Doutora,
Departamento
de
Engenharia
Civil
-‐
UFES
-‐
ES,
Universidade
Federal
do
Espírito
Santo
-‐
Centro
Tecnológico
-‐
Campus
de
Goiabeiras,
Vitória
,
ES,
Brasil.
1
INTRODUÇÃO
1.1
Análise
Dinâmica
das
Estruturas
A
análise
dinâmica
das
estruturas
estuda
os
movimentos
ou
deslocamentos
dos
corpos,
provocados
por
forças
a
eles
aplicadas,
e
também
estuda
essas
forças
que
provocam
os
movimentos
nas
estruturas.
Estruturas
de
concreto
e
aço
são
elementos
sujeitos
à
esforços
que
devem
resistir
para
que
o
formato
inicial
projetado
dessas
estruturas
se
mantenha
razoavelmente
próximo
das
configurações
desejadas
durante
os
movimentos
introduzidos.
De
acordo
com
Brasil
[1]
os
movimentos
de
uma
estrutura
devem
ser
suficientemente
pequenos
em
torno
de
uma
configuração
inicial
projetada.
Considerando
uma
aplicação
de
cargas
e
esforços
feita
de
maneira
lenta,
com
velocidades
desprezíveis,
é
considerável
não
levar
em
conta
o
aparecimento
de
forças
de
inércia.
Com
isso,
a
análise
dessas
estruturas
é
feita
de
forma
quase
estática,
onde
na
maioria
das
vezes
desconsidera-‐se
o
efeito
dos
movimentos
sobre
o
equilíbrio
(análise
linear).
De
outra
forma,
devemos
considerar
resultados
de
movimentos
oscilatórios
em
torno
da
configuração
inicial
da
estrutura
projetada
com
efeitos
que
podem
ser
indesejados.
Esses
movimentos
oscilatórios
podem
levar
a
reações
e
esforços
internos
solicitantes
maiores
que
os
determinados
estaticamente
e
a
permanência
de
seres
humanos
sobre
a
estrutura
pode
se
tornar
desconfortável.
Também,
os
movimentos
podem
afetar
o
funcionamento
de
equipamentos
sobre
elas
montados
ou
ainda
pessoas
e
equipamentos
nas
imediações
da
estrutura
podem
ser
afetados
pelo
seu
movimento.
Em
seus
estudos
Brasil
[1]
indica
que
as
características
básicas
para
considerar
em
uma
análise
dinâmica
de
uma
estrutura,
são:
-‐
Cargas,
reações,
deslocamentos,
deformações
e
esforços
internos
que
variam
com
o
tempo,
com
velocidades
não
desprezíveis;
-‐
Além
das
cargas
aplicadas,
reações
e
esforços
internos
(que
se
equilibram
numa
situação
estática)
participam
também
do
equilíbrio
forças
de
inércia
(relacionadas
com
a
massa
da
estrutura)
e
forças
que
dissipam
energia
(amortecimento);
-‐
As
análises
não
levam,
via
de
regra,
a
um
resultado
único
(estático),
mas
a
um
histórico
de
resposta.
Assim,
citam-‐se
as
situações
em
que
se
deve
pensar
na
possibilidade
ou
necessidade
de
análise
dinâmica
de
estruturas,
entre
outras
temos:
2
•
Fundações
de
máquinas
e
equipamentos;
•
Estruturas
submetidas
ao
tráfego
de
veículos
ou
público;
•
Estruturas
submetidas
ao
movimento
rítmico
de
pessoas;
•
Efeito
de
sismos
(terremotos)
sobre
estruturas;
•
Efeito
de
vento
sobre
estruturas;
•
Efeito
de
impactos
e
explosões
sobre
estruturas;
•
Efeito
de
ondas
do
mar
sobre
estruturas.
Para
uma
análise
dinâmica,
adequada,
inicia-‐se
pela
criação
de
modelos
que
permitam
converter
uma
entidade
pré-‐estabelecida,
de
forma
complexa,
em
algo
que
os
recursos
atuais
possam
compreender
e
modelar.
Assim,
de
acordo
com
Brasil
[1]
no
princípio,
transforma-‐se
a
estrutura
real
em
um
modelo
físico
(ou
conceitual),
por
simplificações
como
barras,
placas,
apoios
idealizados,
materiais
de
comportamento
simplificado,
massas
pontuais,
etc.
A
partir
de
então,
constrói-‐se
um
modelo
matemático,
um
sistema
de
equações
relacionando
as
características
da
estrutura,
introduzindo
as
leis
da
mecânica.
Na
fase
final,
procura-‐se
resolver
essas
equações
por
vias
analíticas
ou
numéricas.
No
caso
da
dinâmica
das
estruturas,
o
modelo
matemático
a
que
se
chega
é
constituído
de
sistemas
de
equações
diferenciais
em
que
o
tempo
tem
papel
fundamental.
Isso
é
bem
diferente
do
caso
estático,
em
que
se
recai
em
sistemas
de
equações
algébricas.
Atualmente,
os
processos
de
modelagem
matemática
e
de
solução
numérica
foram
transformados
pelo
advento
da
computação
através
de
programas
de
modelagem.
Outro
processo
talvez
ainda
mais
importante,
que
ocorreu
em
função
do
desenvolvimento
dos
computadores,
foi
o
desenvolvimento
do
Método
dos
Elementos
Finitos.
Esse
método
pode
ser
melhor
verificado
em
CLOUGH
e
PENZIEN
[2].
1.2
Vibrações
Mecânicas
em
Máquinas
Rotativas
Vibrações
causadas
por
equipamentos
mecânicos,
como
máquinas
rotativas,
devem
ser
rigidamente
controladas
de
acordo
com
a
aplicação
e
os
critérios
de
normas
técnicas
existentes,
e
devem
ser
utilizadas
como
uma
base
das
condições
de
funcionamento
de
equipamentos
mecânicos,
sobretudo
no
caso
de
manutenções
preditivas.
Em
seus
estudos
Soeiro
[3]
mostra
que
a
manutenção
preditiva
é
um
formato
de
manutenção
onde
se
considera
que
em
equipamentos
ou
máquinas,
geralmente
em
regime
de
operação,
deve
ocorrer
o
monitoramento
contínuo
e
programado
com
o
objetivo
de
detecção
falhas
como
desbalanceamento,
desalinhamento,
folgas
generalizadas,
má
fixação,
campo
elétrico
desequilibrado,
etc.
Desgaste
prematuro
de
seus
componentes,
quebras
inesperadas
de
peças,
fadiga
estrutural
do
equipamento
e
de
sua
base
suporte,
desconexão
de
partes
e
até
uma
possível
parada
do
equipamento
não
programada,
são
as
falhas
nas
máquinas
que
ocasionam
vibrações
excessivas
de
partes
do
equipamento
e
podem
provocar
danos
aos
processos
industriais.
Assim
esse
formato
de
manutenção,
a
preditiva,
permite
indicar
a
operação
do
equipamento
com
máxima
eficiência
durante
sua
vida
útil,
minimizando
os
custos
de
manutenção.
3
Dentro
do
pilares
da
manutenção
acima
citada,
para
efetuar
o
controle
dos
fenômenos
de
vibração
devem
ser
seguidos
três
procedimentos
diferenciados,
considerando
o
último
como
o
foco
do
estudo:
-‐
Eliminação
das
fontes:
balanceamento,
alinhamento,
troca
de
peças
defeituosas,
aperto
de
bases
soltas,
etc.
-‐
Isolamento
das
partes:
colocação
de
um
modo
elástico
amortecedor
de
modo
a
reduzir
a
transmissão
da
vibração
a
níveis
toleráveis.
-‐
Atenuação
da
resposta:
alteração
da
estrutura
(reforços,
massas
auxiliares,
mudança
de
frequência
natural,
etc.).
1.3
Justificativa
e
Objetivos
da
Pesquisa
O
avanço
do
desenvolvimento
tecnológico
e
científico,
que
vem
ocorrendo
ao
longo
das
últimas
décadas
na
construção
civil
e
industrial,
continua
evoluindo
considerando
o
conhecimento
no
desenvolvimento
dos
materiais,
novas
técnicas
construtivas
e
novos
modelos
de
produção,
sobretudo
no
aprimoramento
dos
processos
de
cálculo.
Assim,
o
desenvolver
de
novos
projetos,
com
estruturas
de
aço,
se
torna
a
cada
dia
mais
responsável
por
promover
maior
industrialização
da
construção
civil,
onde
consideramos
a
utilização
de
peças
pré-‐fabricadas
e
pré-‐montadas,
incluindo
o
maior
controle
de
qualidade,
influenciando
o
aparecimento
de
obras
com
grandes
vãos
e
com
o
tempo
de
construção
reduzido.
Escolas
de
engenharia
e
empresas,
cada
vez
mais,
desenvolvem
soluções
estruturais
mais
leves,
com
menor
custo
de
produção,
com
maior
velocidade
de
construção
e
maior
gama
de
aplicação.
Esse
desenvolvimento
acaba
gerando
estruturas
mais
esbeltas,
flexíveis
e
com
baixo
fator
de
amortecimento,
onde
essas
estruturas
se
tornam
mais
suscetíveis
a
problemas
de
dinâmica
com
níveis
de
vibração
indesejáveis.
Considerando
a
aplicação
de
ações
como
de
ventos,
explosões,
terremotos,
tráfego
de
veículos,
movimentação
de
pessoas,
ação
de
equipamentos,
ondas,
escoamento
turbulento
de
fluidos,
onde
nessas
ações,
podem
aparecer
mais
de
uma
característica,
como
intensidade,
sentido,
direção
e
posição,
que
são
variáveis
ao
longo
da
vida
útil
da
estrutura,
amplificando
a
ação
dinâmica
da
estrutura.
Em
sua
pesquisa,
Assunção
[4]
mostra
que
as
estruturas
devem
resistir
às
combinações
de
carregamentos
mais
críticas
previstas
para
toda
a
sua
vida
útil
com
certa
reserva
de
segurança.
Para
os
carregamentos
mais
comuns,
consideram-‐se
o
peso
próprio
da
estrutura,
as
ações
acidentais,
as
sobrecargas
previstas,
os
recalques,
as
variações
de
temperatura
e
as
ações
decorrentes
da
natureza.
Para
que
o
dimensionamento
de
estruturas
sujeita
a
vibração,
causadas
por
carregamento
dinâmico,
fique
de
acordo
com
critérios
desenvolvidos
nas
normas
técnicas
vigentes,
uma
análise
dinâmica
estrutural
deve
ser
realizada,
ou
seja,
realizar
uma
manipulação
das
propriedades
dinâmicas
dos
sistemas
estruturais,
tais
como
massa,
rigidez
e
amortecimento
estrutural,
considerando
os
movimentos
vibratórios
dos
equipamentos
mecânicos.
Em
uma
análise
dinâmica
estrutural,
é
muito
importante
considerar
que
o
modelo
numérico
computacional
deve
representar
a
forma
mais
real
possível
do
sistema
físico
a
ser
analisado.
4
Assim
em
projetos
industriais,
de
forma
geral,
que
contenham
plataformas
ou
pórticos
de
aço,
que
estão
sujeitos
a
ações
dinâmicas
provenientes
dos
mais
diversos
tipos
de
equipamentos
envolvidos
nos
processos
de
produção,
onde
em
sua
grande
maioria
há
a
necessidade
de
aplicação
de
máquinas
rotativas,
devem
ser
realizadas
análises
dinâmicas.
Com
isso,
as
máquinas
rotativas
causam
um
efeito
dinâmico
sobre
a
estrutura,
que
ocorre
pelo
desbalanceamento
do
rotor,
ou
seja,
a
concentração
de
massa
fora
do
eixo
de
rotação
do
rotor,
onde
vibrações
harmônicas
são
causadas
pelo
desbalanceamento,
gerando
várias
condições
dinâmicas
na
estrutura.
A
estrutura
suporte
deve
ser
dimensionada
de
forma
a
prevenir
que
vibrações,
com
limites
inaceitáveis,
sejam
transmitidas
às
estruturas
e
outros
envolvidos
nas
proximidades,
respeitando
as
amplitudes
e
acelerações
máximas
em
função
do
equipamento
e
dos
critérios,
tanto
do
conforto
humano
quanto
do
bom
desempenho
dos
equipamentos
e
estruturas
suportes.
O
estudo
da
analisa
dinâmica
em
estruturas
submetidas
a
carregamentos
dinâmicos,
como
as
vibrações
geradas
por
equipamentos
mecânicos
rotativos,
é
de
forma
geral
um
processo
de
difícil
aplicação
pela
grande
maioria
dos
engenheiros
mecânicos
e
civis
e
os
que
atuam
na
área
de
projetos
estruturais.
Dificuldades
como
na
quantificação
do
carregamento,
na
representação
da
excitação
dinâmica,
na
determinação
real
das
causas
e
efeitos
das
vibrações
sobre
as
estruturas,
pessoas
e
equipamentos
e
ainda
a
energia
necessária
para
dissipar
esta
excitação.
Considerando
estas
dificuldades,
a
maioria
dos
engenheiros
projetistas
de
estruturas,
geralmente
superestimam
as
estruturas
de
forma
a
considerar
os
carregamentos
dinâmicos
como
carregamentos
estáticos
multiplicados
por
fatores
de
amplificação
dinâmica.
Diante
da
facilidade
de
acesso
a
computadores
com
alto
desempenho
e
softwares
computacionais
cada
vez
mais
avançados,
a
capacidade
de
análise
dos
sistemas
estruturais
foi
ampliada,
gerando
soluções
mais
rápidas
e
precisas.
Por
outro
lado,
ainda
os
fabricantes
de
máquinas
preocupam-‐se
de
forma
geral
somente
com
o
bom
desempenho
e
funcionamento
de
seus
equipamentos,
e
ainda
omitem
ou
não
têm
dados
suficientes,
como
alguns
dados
necessários
para
o
cálculo
das
estruturas
que
suportam
estes
equipamentos,
como
as
forças
dinâmicas
reais
geradas
por
estas
máquinas.
Assim,
as
estruturas
suportes,
se
não
projetadas
adequadamente,
podem
causar
falhas
no
equipamento
e
na
própria
estrutura.
Com
isso,
os
danos
geram
paradas
da
produção
para
manutenções,
como
troca
de
componentes
mecânicos
e
de
reforço
da
estrutura,
o
que
acarreta
em
custos
para
as
empresas.
O
fato
de
as
estruturas
apresentarem
custos
muito
inferiores
quando
comparados
aos
custos
dos
equipamentos
é
um
fator
muito
comum
para
o
não
dimensionamento
dinâmico
efetivo.
No
período
de
desenvolvimento
desta
pesquisa,
percebe-‐se
que
a
análise
de
vibração
de
estruturas
de
aço
suportes
de
máquinas
rotativas
é
um
assunto
pouco
estudado.
A
maioria
das
pesquisas
encontradas
é
ainda
considerando
a
análise
dinâmica
de
estruturas
constituídas
totalmente
em
concreto
ou
estruturas
mistas.
Esse
trabalho
visa
à
análise
do
efeito
do
carregamento
dos
equipamentos
mecânicos
rotativos
sobre
estruturas
de
aço
suportes
presentes
no
ambiente,
principalmente,
industrial.
Assim,
parâmetros
iniciais
serão
estabelecidos
para
os
três
tipos
de
ligações
(rígidas,
rotuladas
ou
5
semirrígidas)
entre
perfis
metálicos
que
podem
ser
considerados
no
projeto
dessas
estruturas
de
aço
que
suportam
os
equipamentos
e
verificando
qual
base
têm
o
melhor
desempenho
em
relação
ao
carregamento
dinâmico
provocado
pelos
equipamentos
nas
estruturas
suportes.
O
Estudo
faz
a
análise
de
um
modelo
numérico
computacional
de
uma
estrutura
metálica
suporte
de
bombas
centrifuga
movidas
por
motores
elétricos,
ou
conjunto
moto-‐bomba,
considerando
que
a
sua
ocorrência,
ou
de
equipamentos
com
suas
características,
é
muito
comum
na
indústria
em
geral.
A
Figura
01
apresenta
um
conjunto
moto-‐bomba
utilizado
em
projetos
industriais.
Figura
01
-‐
Conjunto
moto-‐bomba.
Fonte:
KSB
Bombas.
2
MATERIAIS
E
MÉTODOS
2.1
Considerações
Para
o
Projeto
de
Estruturas
de
Aço
Suportes
–
Recomendações
Conforme
pesquisas
passadas,
considerava-‐se
que
o
efeito
das
cargas
dinâmicas
sobre
as
estruturas,
poderia
ser
considerado
através
de
majoração
das
cargas
estáticas.
Contudo
em
pesquisas
recentes,
verifica-‐se
que
a
os
trabalhos
passados
não
representavam,
de
forma
correta,
o
efeito
das
cargas
dinâmicas
na
estrutura,
visto
que
a
análise
dos
efeitos
causados
por
uma
carga
dinâmica
difere
muito
da
análise
dos
efeitos
causados
por
uma
carga
estática.
Assim,
características
inerentes
a
cada
tipo
de
atividade
que
geram
uma
excitação
dinâmica,
devem
ser
consideradas
como
carregamentos
que
possuem
frequência,
amplitude
e
forma,
levando
os
sistemas
estruturais
a
diferentes
tipos
de
perturbações.
A
seguir
serão
apresentadas
normas
que
se
referem
à
análise
de
estruturas
submetidas
a
ações
dinâmicas
e
critérios
relativos
à
análise
do
conforto
humano
e
o
bom
desempenho
dos
equipamentos
mecânicos.
6
2.1.1
Norma
Brasileira
–
Projeto
de
estruturas
de
aço
e
de
estruturas
mistas
de
aço
e
concreto
de
edifícios:
NBR
8800
(2008)
A
norma
brasileira,
NBR
8800
[5],
indica
que
estruturas
de
pisos
formadas
por
grandes
vãos
e
baixo
amortecimento
podem
resultar
em
vibrações
que
provocam
desconforto
durante
as
atividades
humanas
normais
e
causar
prejuízo
no
bom
funcionamento
de
equipamentos.
A
NBR
8800
[5]
recomenda
que
em
nenhum
caso
a
frequência
natural
da
estrutura
do
piso
seja
inferior
a
3
Hz
e
para
estruturas
com
problemas
de
vibração
em
pisos,
o
projetista
deverá
recorrer
a
uma
análise
dinâmica
que
leve
em
conta
os
seguintes
fatores:
a)
As
características
e
a
natureza
das
excitações
dinâmicas,
como
por
exemplo,
as
decorrentes
do
caminhar
de
pessoas,
de
atividades
rítmicas,
de
máquinas
com
partes
rotativas,
etc.;
b)
Os
critérios
de
aceitação
para
conforto
humano
em
função
do
uso
e
ocupação
das
áreas
do
piso;
c)
A
frequência
natural
da
estrutura
do
piso;
d)
A
razão
de
amortecimento
modal;
e)
Os
pesos
efetivos
do
piso.
A
NBR
8800
[5]
indica
e
recomenda,
para
análises
mais
precisas,
algumas
normas
e
especificações
nacionais
e
internacionais,
além
de
bibliografia
especializada.
2.1.2
Deutsche
norm
-‐
Vibrations
in
buildings
-‐
part
3:
Effects
on
structures:
DIN
4150-‐3
(1999)
A
norma
alemã
DIN
4150-‐3
[6]
fornece
valores
limites
de
velocidade
de
vibração
de
partícula
em
mm/s,
levando
em
consideração
o
tipo
de
estrutura
e
o
intervalo
da
frequência
em
Hz.
As
três
classes
de
edificações
a
que
a
norma
se
refere
são:
a)
Edifícios
industriais;
b)
Habitações;
c)
Monumentos
de
construções
delicadas.
As
frequências
são
analisadas
em
três
intervalos,
a
saber:
valores
inferiores
a
10
Hz,
valores
entre
10
e
50
Hz
e
valores
entre
50
e
100
Hz.
A
norma
DIN
4150-‐3
[6]
recomenda
que,
para
frequências
acima
de
100
Hz,
a
estrutura
suporta
níveis
altos
de
vibração.
Para
estruturas
de
instalações
industriais,
a
DIN
4150-‐3
[6]
admite
velocidades
de
até
50
mm/s
para
frequências
entre
50
e
100
Hz,
no
nível
da
fundação,
para
que
não
ocorram
danos
estruturais,
enquanto
que
para
o
pavimento
mais
elevado
da
edificação
admite-‐se
até
40
mm/s
em
qualquer
frequência,
sem
riscos
de
danos.
Na
avaliação
dos
danos
estruturais
provocados
pelas
vibrações
do
terreno,
os
valores
limites
de
velocidade
admissíveis
para
diversos
tipos
de
construção,
em
função
da
frequência
são
apresentados
na
Tabela
01.
7
Tabela
01:
Velocidade
permissível
para
vibrações
transientes
em
edifícios
-‐
DIN
4150-‐3
(1999)
Valores
de
frequências
superiores
a
100
Hz
podem
ser
aceitos
nas
partes
mais
elevadas
das
edificações.
Outros
valores,
medidos
abaixo
dos
limites
especificados
anteriormente
são
considerados
não
danosos
à
estrutura.
A
DIN
4150-‐3
[6]
é
reconhecida
e
aceita
por
toda
a
comunidade
europeia
como
norma
padrão.
Diversos
países
europeus
desenvolveram
normas
próprias,
baseadas
ou
relacionadas
à
DIN
4150-‐3
[6].
2.1.3
British
Standard
–
Evaluation
and
measurement
for
vibration
in
buildings
-‐
part
1:
Guide
for
measurement
of
vibrations
and
evaluation
of
their
effects
on
buildings:
BS
7385-‐1
(1990)
A
norma
britânica
BS
7385-‐1
[7]
define
três
tipos
de
danos
em
edificações:
danos
estéticos,
danos
menores
e
danos
maiores
ou
estruturais.
Esses
valores
são
baseados
em
termos
de
velocidade
máxima
e
frequência.
A
norma
BS
7385-‐1
[7]
admite
um
limite
de
velocidade
de
50
mm/s
(medido
na
base
do
edifício)
em
qualquer
frequência
para
que
não
ocorram
danos
em
estruturas
industriais
aporticadas
sujeitas
a
vibração
contínua,
em
que
se
observa
amplificação
dinâmica
na
resposta.
2.2
Considerações
Sobre
Dinâmica
de
Rotores
de
Máquinas
Rotativas
2.2.1
Fundamentos
da
dinâmica
de
rotores
Na
simulação
numérica
da
dinâmica
de
rotores,
a
formulação
de
um
modelo
matemático
que
represente
um
sistema
rotativo
requer
o
conhecimento
prévio
de
parâmetros
de
projeto,
como
dimensões
e
dados
dos
materiais.
O
sucesso
de
um
projeto
de
uma
máquina
rotativa
consiste
principalmente
em:
-‐
Evitar
velocidades
críticas,
se
possível;
-‐
Minimizar
a
resposta
dinâmica
nos
picos
de
ressonância,
caso
seja
necessário;
-‐
Passar
por
uma
velocidade
crítica;
-‐
Evitar
instabilidade;
-‐
Minimizar
as
vibrações
e
as
cargas
transmitidas
à
estrutura
da
máquina
durante
todo
o
intervalo
de
operação.
8
As
velocidades
críticas
pelas
quais
uma
máquina
pode
passar
até
atingir
sua
rotação
de
trabalho,
tornam-‐se
um
dos
grandes
inconvenientes
na
dinâmica
de
rotores.
Nestas
velocidades,
o
eixo
da
máquina
pode
atingir
grandes
amplitudes
de
vibração
que
podem
causar
danos
irreversíveis
nos
mancais
e
demais
componentes
do
rotor.
No
caso
de
um
rotor
com
o
eixo
em
material
convencional,
os
caminhos
possíveis
para
reduzir
a
amplitude
nas
velocidades
críticas
são:
-‐
Balancear
o
rotor,
que
significa
ir
direto
à
fonte
do
problema,
contudo,
dificilmente
se
consegue
balancear
um
rotor
com
perfeição.
-‐
Alterar
a
velocidade
de
rotação
da
máquina,
distanciando-‐a
das
velocidades
críticas,
ou
alterar
a
velocidade
crítica
através
da
variação
da
rigidez
dos
mancais.
Se
a
máquina
opera
próximo
da
velocidade
crítica
e
esta
velocidade
é
imprescindível,
a
solução
é
adicionar
amortecimento
externo
ao
rotor.
Esta
propriedade
pode
ser
utilizada
na
dinâmica
de
rotores,
onde
se
necessita
reduzir
as
amplitudes
de
vibração
quando
este
é
excitado
em
uma
de
suas
velocidades
críticas.
É
ainda
necessário
dispor
de
hipóteses
simplificadoras
que
viabilizam
o
modelo
numérico,
sem,
contudo,
descaracterizar
o
seu
comportamento.
2.2.2
NBR
8008
(1983)
–
Balanceamento
de
corpos
rotativos
A
Norma
NBR
8008
[8]
fornece
o
desbalanceamento
residual
admissível
para
rotores
em
função
do
tipo
de
máquina
(quanto
maior
for
a
massa
do
rotor,
tanto
maior
é
o
desbalanceamento
admissível)
e
da
rotação
nominal
(o
desbalanceamento
residual
admissível
varia
inversamente
com
a
velocidade
de
operação).
2.2.3
EUROCODE
1,
Parte
3:
Ações
induzidas
por
guindastes
e
maquinas
(2002).
A
norma
europeia
EUROCODE
1,
PARTE
3
[9],
na
seção
de
ações
induzidas
por
máquinas,
auxilia
nas
características
destas
informações
a
serem
requeridas
e
determina,
para
os
casos
mais
simples,
a
força
dinâmica
gerada
por
máquinas
com
partes
rotativas
conforme
a
Equação
1.
F
=
mrt.e.Ω2
=
mrt.(eΩ).Ω
(1)
Onde:
F
=
força
excitante
mrt
=
Massa
do
rotor
Ω
=
frequência
circular
do
rotor
e
=
excentricidade
da
massa
do
rotor
eΩ
=
Qualidade
de
Balanceamento
(Fornecido
por
ISO
1940-‐1
[10])
2.2.4
International
Standard
–
Mechanical
vibration
of
machines
with
operating
speeds
from
10
to
200
rev/s
–
Basis
for
specifying
evaluation
standards:
ISO
2372
(1974)
Para
o
bom
funcionamento
das
máquinas
rotativas,
a
ISO
2372
[11]
estabelece
limites
de
vibração
que
dependem
da
potência
da
máquina
e
do
tipo
de
fundação.
As
vibrações
são
medidas
em
pontos
das
superfícies
das
máquinas
que
operam
com
frequência
na
faixa
de
10
a
1000
Hz.
A
Tabela
02
apresenta
as
faixas
de
classificação:
9
Tabela
02:
Critérios
de
severidade
das
vibrações
de
máquinas.
ISO
2372.
Onde:
Classe
I
-‐
máquinas
pequenas
de
até
15
kW;
Classe
II
-‐
máquinas
médias
de
15
kW
a
75
kW
quando
rigidamente
montadas,
ou
acima
de
300
kW
com
fundações
especiais;
Classe
III
-‐
grandes
máquinas
com
fundação
rígida
e
pesada,
cuja
frequência
natural
não
exceda
a
velocidade
da
máquina;
Classe
IV
-‐
grandes
máquinas
que
operam
com
velocidade
acima
da
frequência
natural
da
fundação,
como
as
turbo-‐máquinas.
2.2.5
Handbook
of
machine
foundations
(1976)
Outra
referência
encontrada
na
literatura
técnica
disponível
sobre
o
tema,
SRINIVASULU
e
VAIDYANATHAN
[12]
fornece
uma
tabela
mais
simples
de
valores
limites
de
amplitudes
de
vibrações
para
diversos
tipos
de
máquinas.
A
Tabela
03
apresenta
os
valores
propostos
por
SRINIVASULU
e
VAIDYANATHAN
[12].
Onde
essa
tabela
será
usada
para
validação
dos
modelos
propostos
nesta
pesquisa.
Tabela
03:
Amplitudes
admissíveis
de
vibração
de
acordo
com
a
velocidade
do
equipamento.
SRINIVASULU
e
VAIDYANATHAN
(1976)
10
2.2.6
Forças
desbalanceadas
em
máquinas
rotativas
Conforme
Brasil
[1],
modelar
uma
força
desbalanceada,
girando
em
torno
de
um
eixo
como
uma
força
atuando
no
plano
vertical
(x1-‐x2),
apontando
“todas”
as
direções,
deve-‐se
aplicar
esta
força
em
duas
direções
ortogonais
entre
si,
uma
na
direção
horizontal
(x1)
com
fase
t0,
igual
a
zero,
e
outra
na
direção
vertical
(x2)
com
fase
t0,
igual
a
¼
do
período
de
vibração
desta
força
desbalanceada.
Assim,
à
medida
que
o
tempo
avança,
teremos
uma
variação
de
duas
forças
de
modo
que
a
composição
destas
resultará
na
força
desbalanceada,
pois
uma
estará
sendo
multiplicada
por
sen(wt)
e
a
outra
por
sen(wt+π/2),
e
enquanto
uma
for
máxima
a
outra
será
nula,
e
vice-‐versa.
2.3
Modelagem
do
Carregamento
Dinâmico
O
modelo
utilizado
neste
trabalho
é
composto
por
2
conjuntos
moto-‐bombas
(Motor
elétrico
e
um
bomba
hidráulica)
montados
sobre
uma
plataforma
(Pórtico
Espacial),
um
deles
com
seu
eixo
orientado
transversalmente
ao
pórtico
e
o
segundo
com
seu
eixo
orientado
longitudinalmente.
Dados
do
Motor
Elétrico:
Massa
Total:
MTm
=
9.448
kg
Qualidade
do
desbalanceamento:
Q
=
2,5
mm/s
Frequência
de
Operação:
f
=
60
Hz
Dados
da
Bomba
KSB
RDLO
350
575:
Massa
Total:
MT
b=
2.600
kg
Dados
da
Estrutura:
Pilares
e
Vigas
Principais:
Perfil
W410x38,8.
Contraventamentos
e
Vigas
Secundárias:
Perfil
W380x44,5.
Motor:
Perfil
Geométrico
Retangular
com
propriedades
do
aço
com
o
peso
total
do
conjunto.
Coeficiente
de
amortecimento:
0,8%.
Figura
02:
Indicação
dos
Nós
da
estrutura.
11
Figura
03:
Estrutura
suporte
dimensionada.
12
2.3.1
Modelo
das
ligações
Rígidas
(Modelo
I)
Figura
4:
Modelo
de
ligação
rígida
2.3.2
Modelo
das
ligações
Flexíveis
(Modelo
II)
Figura
5:
Modelo
de
ligação
flexível
13
2.3.3
Modelo
das
ligações
Semirrígidas
(Modelo
III)
Figura
6:
Modelo
de
ligação
semirrígida
A
ligação
semirrígida
foi
estabelecida
de
acordo
com
os
estudos
de
JONES
and
KIRBY
(1980)
[13].
Assim
consideramos
a
ligação
semirrígida
com
mola
de
3000
tf*metro/rad.
2.3.1
Considerações
iniciais
–
aplicação
dos
pesos
nodais
A
distribuição
das
massas
dos
equipamentos
depende
da
posição
dos
centros
de
gravidade
dos
equipamentos,
dos
rotores
e
da
forma
como
estes
equipamentos
estão
apoiados
sobre
a
estrutura.
No
modelo,
a
massa
total
de
cada
Conjunto
Moto-‐Bomba
é
considerada
de
12.200kg
e
foi
inteiramente
aplicada
nos
pontos
de
apoio
de
seu
eixo.
A
massa
da
estrutura
foi
aplicada
em
seus
Nós
na
forma
de
Pesos
Nodais,
conforme
a
figura
07
(O
peso
Próprio
dos
Perfis
é
considerado,
contudo
não
esta
visualizado).
Tabela
04:
Aplicação
de
Massa
nos
Nós
dos
Conjuntos
Moto-‐Bomba.
Conjunto Ponto(de(aplicação Massa
CMB1 Nós(52(e(53 12.200(kg
CMB2 Nós(54(e(55 12.200(kg
14
Figura
07:
Indicação
da
aplicação
dos
Pesos
Nodais
dos
Conjuntos
no
modelo.
2.3.3
Descrição
do
carregamento
dinâmico
-‐
Cálculo
das
forças
dinâmicas
do
equipamento
O
desbalanceamento
do
conjunto
moto-‐bomba
gera
uma
força
centrífuga,
a
qual
depende
da
massa
total
do
conjunto
distribuída
nos
dois
pontos
do
eixo,
da
excentricidade
entre
o
centro
de
gravidade
do
rotor
e
o
eixo
geométrico
de
rotação,
e
da
velocidade
angular
do
conjunto.
FT
=
Mcmb/2.Q.Ω
=
6100.(0,0025).(60.2π)
≈
0,58
tf
Tabela
05:
Carregamentos
Dinâmicos
aplicados
aos
Nós.
Carregamentos Força-.-Nós Direção
CMB1.X1-.-f=60Hz-.-T=0.016s-.-t0=0.00s 0,29-tf-.-52/53 X1
CMB1.X2-.-f=60Hz-.-T=0.016s-.-t0=0.004s 0,29-tf-.-52/53 X2
CMB2.X3-.-f=60Hz-.-T=0.016s-.-t0=0.00s 0,29-tf-.-54/55 X3
CMB2.23-.-f=60Hz-.-T=0.016s-.-t0=0.004s
0,29-tf-.-54/55 X2
Abaixo
se
mostra
nas
Figuras
08
e
09
a
aplicação
dos
carregamentos
no
Conjunto
Moto-‐Bomba
1.
A
aplicação
no
Conjunto
Moto-‐Bomba
2
é
idêntica.
Figura
08:
Força
Dinâmica
1
aplicada
ao
modelo.
15
Figura
09:
Força
Dinâmica
2
aplicada
ao
modelo.
3
RESULTADOS
E
DISCUSSÃO
3.1
Análise
Dinâmica
da
Estrutura
Definidos
os
dois
carregamentos
(forças)
ortogonais
para
cada
Equipamento,
deve-‐se
combiná-‐los
no
módulo
análise
dinâmica
do
STRAP
2012,
de
modo
que
os
resultados
sejam
somados
instante
a
instante
de
tempo,
de
cada
um
dos
carregamentos
dinâmicos,
e
jamais
somados
os
resultados
máximos
deles,
tomado
como
carregamentos
separados.
Após
o
carregamento
dinâmico
aplicado,
no
Módulo
“Time
History”,
pode-‐se
visualizar
as
amplitudes
nodais
máximas
em
regime
permanente
de
operação,
com
as
respostas,
no
regime
permanente,
no
período
de
10,0
a
10,1
segundos,
nos
nós
52
e
54,
assim
verificando
qual
estrutura
tem
o
melhor
desempenho
na
relação
carregamento
e
deslocamento
nodal.
Vale
ressaltar
que
os
fabricantes
de
máquinas
têm
seus
limites
de
deslocamentos
baseados,
de
maneira
geral,
no
Handbook
of
Machine
Foundations
de
SRINIVASULU
e
VAIDYANATHAN
[12].
3.2
Análise
das
Amplitudes
Cada
modelo
foi
analisado
em
seus
planos
horizontais
(x1
e
x3)
e
verticais
(x2)
e
gerado
um
gráfico
das
amplitudes,
ou
deslocamentos,
máximos
e
mínimos,
conforme
a
figura
10.
Assim,
observa-‐se
na
Tabela
06,
que
os
deslocamentos
gerados
nos
três
modelos
têm
uma
variação
pequena
entre
as
estruturas
e
todas
dentro
dos
padrões
permitidos
conforme
a
Tabela
3
do
Handbook
of
Machine
Foundations
de
SRINIVASULU
e
VAIDYANATHAN
[12].
16
Figura
10:
Deslocamentos,
no
período
de
10
a
10,1
segundos,
em
X1
da
combinação
1
no
Nó
52
(metros*1000
=
milimetros).
Tabela
06:
Deslocamentos
dos
Modelos
gerados
no
STRAP
(mm).
Deslocamentos
por
Deslocamentos
em
Deslocamentos
em
Deslocamentos
em
Deslocamentos
em
Modelo
gerado
no
X1
da
combinação
1
X2
da
combinação
1
X3
da
combinação
2
X2
da
combinação
2
Strap
no
Nó
52
(mm)
no
Nó
52
(mm)
no
Nó
54
(mm)
no
Nó
54
(mm)
Análise
Dinâmica
do
0,048
0,0031
0,0238
0,0029
Modelo
I
-‐
Com
ligações
Rígidas:
Análise
Dinâmica
do
0,0483
0,0031
0,0244
0,0029
Modelo
II
-‐
Com
ligações
Semirrígidas:
Análise
Dinâmica
do
0,0507
0,0031
0,0253
0,0029
Modelo
III
-‐
Com
ligações
Rotuladas:
Nos
deslocamentos
em
X1
da
combinação
1
no
nó
52,
a
estrutura
Rígida
apresentou
melhor
desempenho
e
a
estrutura
semirrígida
o
segundo
melhor
desempenho
e
a
rotulada
o
pior
desempenho.
Nos
deslocamentos
em
X2
da
combinação
1
no
nó
52,
as
estruturas
rígida,
rotulada
e
semirrígida
apresentaram
o
mesmo
desempenho,
igual
nesse
caso.
Nos
deslocamentos
em
X3
da
combinação
2
no
nó
54,
a
estrutura
Rígida
apresentou
melhor
desempenho
e
a
estrutura
semirrígida
o
segundo
melhor
desempenho
e
a
rotulada
o
pior
desempenho.
Nos
deslocamentos
em
X2
da
combinação
2
no
nó
54,
as
estruturas
rígida,
rotulada
e
semirrígida
apresentaram
o
mesmo
desempenho,
igual
nesse
caso.
17
4
CONCLUSÃO
O
modelo
estrutural
estudado
tem
sua
rigidez
bem
dimensionada,
o
que
se
observa
é
que
intuitivamente
a
utilização
de
estruturas
totalmente
rígidas,
pode
ser
a
melhor
solução
do
ponto
de
vista
estrutural
dinâmico.
Contudo,
verificasse
que
nos
três
modelos
todas
as
amplitudes
estão
de
acordo
com
a
Tabela
3
do
Handbook
of
Machine
Foundations
de
SRINIVASULU
e
VAIDYANATHAN
[12],
e
ainda
por
outra
análise
do
programa
STRAP
2012,
os
resultados
relacionados
às
velocidades,
que
não
foram
mostrados
nesse
trabalho,
também
estão
de
acordo
com
a
Tabela
01
DIN
4150-‐3
[6].
O
presente
artigo
monstra
que
quando
há
uma
base
teórica
bem
fundamentada
e
ferramentas
computacionais
adequadas,
a
realização
do
efetivo
cálculo
dinâmico
da
estrutura
e
do
equipamento
pode
ser
certa
forma
simples
e
com
maior
capacidade
do
engenheiro
estrutural
indicar
qual
a
melhor
estrutura
considerando
suas
ligações.
Assim
considerando
um
software
como
o
STRAP
2012,
onde
a
há
uma
praticidade
na
sua
utilização
dentro
da
pesquisa,
os
cálculos
de
dinâmica
estrutural
podem
ser
mais
confiáveis.
Por
fim
o
artigo
é
sugerido
como
referência
para
futuros
cálculos
de
estruturas
suportes
de
máquinas
rotativas
e
como
sugestão
fica
a
construção
real
dos
modelos.
Agradecimentos
Agradeço
os
colegas
André
e
Humberto
da
SAE
(Sistemas
de
Análise
Estrutural
Ltda)
pela
licença
do
Software
STRAP
2012
para
o
período
de
pesquisas.
E
ainda
agradeço
os
colegas
do
IFES
pelo
apoio
incondicional
e
o
IFES
como
fonte
indireta
de
financiamento
desta
pesquisa,
devido
o
autor
1
ser
professor
efetivo
do
IFES
e
utilizar
seus
próprios
recursos
como
fonte
de
financiamento
desta
pesquisa.
Por
fim
agradeço
a
atenção
dos
Orientadores.
REFERÊNCIAS
1
BRASIL,
REYOLANDO
M.
L.
R.
F.,
SILVA,
MARCELO
ARAUJO
DA
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ASSUNÇÃO,
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Dissertação
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Mestrado.
Universidade
Federal
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Minas
Gerais,
Minas
Gerais,
MG,
Brasil,
(2009).
5
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
NORMAS
TÉCNICAS.
ABNT,
NBR
8800:
Projeto
e
Execução
de
Estruturas
de
Aço
de
Edifícios.
(2008).
18
6
DEUTSCHES
INSTITUT
FÜR
NORMUNG.
DIN
4150-‐3:
Vibration
in
buildings
-‐
Part
3:
Effects
on
structures.
(1999).
7
BRITISH
STANDARD.
BS-‐7385:
Evaluation
and
measurement
for
vibration
in
buildings.
Part
1
-‐
Guide
to
measurement
of
vibrations
and
evaluation
of
their
effects
on
buildings.
(1990).
8
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
NORMAS
TÉCNICAS.
ABNT,
NBR
8008:
Balanceamento
de
Corpos
Rígidos
Rotativos
–
Balanceamento
–
Procedimentos.
(1983).
9
EUROCODE
1:
ACTIONS
ON
STRUCTURES
-‐
Part3:
Actions
induced
by
cranes
and
machinery;
European
Committee
for
Standardization,
CEN,
Brussels,
second
draft,
(2002).
10
ISO
-‐
INTERNATIONAL
ORGANIZATION
FOR
STANDARDIZATION.
ISO
1940-‐1:
Balance
quality
of
rigid
bodies
(1986).
11
ISO
-‐
INTERNATIONAL
ORGANIZATION
FOR
STANDARDIZATION.
ISO
2372:
Mechanical
Vibration
of
machines
whith
operating
speeds
from
10
to
200
rev/s
-‐
Basis
for
specifying
evaluation
standards
(1974).
12
SRINIVASULU,
P.;
VAIDYANATHAN,
C.
V.
Handbook
of
Machine
Foundations.
New
Delhi,
Índia,
(1976).
13
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Effect
of
Semi-‐Rigid
Connections
ons
Steel
Column
Strength.
In:
Journal
of
Construction
Steel
Research:
Vol.1,
Nº1.
(1980).
19
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
¹ Mestrando em Engenharia Civil, Depto. de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa. Viçosa,
Minas Gerais, Brasil.
² Doutor em Engenharia de Estruturas, Professor do Depto. de Engenharia Civil, Universidade Federal de
Viçosa. Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
³ Doutor em Ingeniería de La Construcción, Professor do Depto. de Engenharia Civil, Universidade
Federal de Viçosa. Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
Resumo
Neste trabalho, apresenta-se uma modelagem numérica do comportamento estrutural do
conector de cisalhamento CRESTBOND, utilizando o Método dos Elementos Finitos.
Os modelos numéricos desenvolvidos apresentaram excelente correlação com resultados
experimentais, utilizando o modelo de dano com plasticidade para representação do concreto.
Nas simulações numéricas foram avaliadas diferentes estratégias de modelagem da interface
aço-concreto. Essas estratégias mostraram-se capazes de representar adequadamente os
fenômenos observados nos ensaios de laboratório. O modelo numérico desenvolvido mostrou-
se adequado para a simulação do comportamento estrutural dos conectores Crestbond, sendo
capaz de representar a interação entre o aço e o concreto, de caracterizar a carga máxima
resistida pela conexão e de caracterizar as deformações do conector, constituindo uma
ferramenta útil para vários outros estudos.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
As estruturas mistas de aço e concreto vêm sendo largamente utilizadas há várias décadas, em
função da solução eficiente e econômica que representam. Em edifícios de múltiplos andares e
em pontes é comum a consideração do comportamento misto, em que a laje de concreto
trabalha solidariamente com a viga de aço, permitindo o melhor aproveitamento possível das
características de cada um dos materiais. Com este artifício, obtém-se um sistema mais rígido
e mais resistente, podendo-se reduzir a altura do perfil de aço ou área da seção da laje,
aumentando a competitividade e a sustentabilidade da solução estrutural.
O comportamento misto das seções estruturais de aço e concreto é viabilizado pelo uso de
conectores de cisalhamento mecânicos, que permitem a transferência das forças que surgem
naturalmente entre o aço e o concreto.
Diversos dispositivos e configurações têm sido utilizados como conectores de cisalhamento.
No entanto, muitos deles apresentam restrições importantes no que se refere à produção
industrial, à instalação e ao próprio comportamento estrutural.
No Brasil, dois tipos de conectores de cisalhamento são comumente utilizados em sistemas de
mistos de aço e concreto: o conector tipo pino com cabeça, também conhecido como stud
bolt, e o conector em perfil U. O pino com cabeça proporciona grande produtividade na
instalação, e pode ser utilizado em sistemas com forma de aço incorporada ou com pré-laje,
porém requer equipamentos especiais para aplicação. O conector U é soldado manualmente e
sua instalação rende bem menos que a do stud.
(a) (b)
Figura 1- Conector Crestbond: contínuo e descontínuo (Veríssimo [1]).
2
Figura 2- Conector Perfobond contínuo (Veríssimo [1]).
3
Figura 3- Conector Crestbond: contínuo e descontínuo (Veríssimo [1]).
Neste trabalho, apresenta-se o desenvolvimento de novos modelos numéricos para simulação
do comportamento do Crestbond, com novas abordagens que conduziram a respostas com
melhor correlação com os resultados experimentais.
1.2 Objetivos
O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver modelos numéricos capazes de simular o
comportamento do conector Crestbond, aperfeiçoando a abordagem de Silva [6], para estimar
a resistência e a ductilidade do conector, tendo como referência os experimentos realizados
por Veríssimo [1].
2 REVISÃO DE LITERATURA
4
Figura 4- Corpo de prova para o ensaio push-out padrão (EN1994-1-1-2004 [3]).
5
O comportamento da conexão de cisalhamento em ensaios push-out é, majoritariamente, não
linear. Geralmente, para simular este comportamento, utiliza-se um método de controle de
carga implícito, em que a carga é aplicada proporcionalmente em vários passos de carga. Em
cada passo é realizada uma iteração, e o caminho do equilíbrio é obtido, passo a passo, por
meio das relações de força × deslocamento.
6
confinamento, o concreto sofre ruptura frágil, sendo seu principal mecanismo de falha a
fissuração na tração e o esmagamento na compressão. Se a pressão de confinamento é
suficientemente grande para evitar a propagação de fissuras, a falha é causada pelo
adensamento e colapso da microestrutura porosa do concreto, acarretando uma resposta
macroscópica que se parece com a de um material dúctil com encruamento (Abaqus [7]).
fct
curva
tension stiffening
Ec
εt deformação ε
Figura 5 - Curva tensão × deformação do concreto à tração com o efeito de tension stiffening.
7
até mesmo a 20.000°C no segundo. Encontram-se em andamento estudos para verificar a Zona
Termicamente Afetada (ZTA) no Crestbond, devido ao corte a plasma.
Há pelo menos duas formas de considerar a tensão residual num modelo numérico. A primeira
é introduzindo as tensões nos elementos no início do processo de carregamento. A segunda é
admitir o efeito da tensão residual através do modelo constitutivo do aço.
Almeida [8] adotou em seu trabalho um diagrama tensão × deformação, conforme a Figura 6,
que leva em conta a tensão residual como imperfeição do material.
Figura 6- Diagrama tensão × deformação para aços com e sem imperfeição (Almeida [8]).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
8
A malha dos modelos é gerada automaticamente pelo ABAQUS. Devido à sua geometria
regular da laje e do perfil, essas partes do modelo foram discretizadas com uma malha
estruturada. Neste caso, os elementos da malha apresentam grande uniformidade, mantendo
sua forma constante ao longo da malha. Para o conector, devido à sua geometria irregular,
utilizou-se a técnica de geração de malha por varredura.
Uma análise de sensibilidade da malha revelou que a maior dimensão dos elementos que
conduzia a resultados com boa correlação com os resultados experimentais foi de 10 mm.
9
Os modelos com armadura passante possuem a mesma configuração, porém com barras de
armaduras transversais nas aberturas dos conectores, semelhantes às do tipo N2 da Figura 7.
O conector utilizado nos modelos foi um CR56b, cujas dimensões podem ser vistas na Figura 8,
com chapa de 12 mm de espessura.
O modelo numérico foi elaborado considerando-se apenas um quarto do modelo físico, devido
à sua dupla simetria, substituindo-se o restante por condições de contorno equivalentes
(Figura 9 ).
(a) (b)
10
(a) (b) (c)
Figura 10 - Condições de contorno do modelo: (a) simetria em relação ao plano x-y; (b) simetria ao
plano x-z; (c) apoio da laje na base, plano y-z.
(a) (b)
Figura 11 – (a) restrição tipo tie entre a superfície inferior do conector e
parte da superfície superior do perfil;
(b) restrição do tipo embedded constrain entre a armadura e a laje de concreto.
11
contato entre duas superfícies. Para as superfícies da laje de concreto, do conector e do perfil
(Figura 12), foram definidas as seguintes propriedades de contato: tipo hard aonde há contato
frontal, em que há mínima penetração de uma superfície em relação à outra, permitindo a
separação das superfícies depois do contato; e tipo frictionless (sem atrito) entre as superfícies
onde há contato tangencial.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 12 - Superfícies utilizadas na interação do tipo surface-to-surface no modelo:
(a) e (b) região da interação do perfil e do conector;
(c) região de interação da laje; (d) as duas regiões de interação em contato.
3.5 Carregamento
12
Quando usando análise dinâmica, é necessário atribuir a velocidade do carregamento, por se
tratar de uma análise dependente do tempo. Neste caso, a velocidade considerada foi de
0,008 mm/s, compatível com a velocidade utilizada nos ensaios experimentais.
3.6.1 Concreto
O comportamento estrutural do concreto é representado através do módulo de elasticidade,
coeficiente de Poisson, curvas do concreto submetido à compressão e à tração, e dos
parâmetros de plasticidade aplicados juntamente com o modelo de dano com plasticidade.
1/ 3
f
Eci Ec 0 E cm (1)
10
onde:
Ec0 = 21,5 × 103 MPa;
E = 1,0 para agregados de quartzo;
fcm é a resistência à compressão do concreto aos 28 dias.
13
3.6.1.2 Curva de Compressão do Concreto
O FIB Model Code 2010 [9] define a relação entre tensão σc e a deformação εc no concreto
submetido à compressão pela Equação (2):
c k 2
(2)
f cm 1 k 2
onde:
η = εc / εc1 ;
k é o número de plasticidade, igual a Eci /Ec1;
εc1 é a deformação na tensão de compressão máxima, dada na Tabela 1;
Ec1 é o módulo de elasticidade secante, com início na origem e fim no pico
da tensão de compressão.
Tabela 1 - Módulos Eci, Ec1, deformações εc1, εc,lim e número de plasticidade k para concreto de
densidade normal (Adaptado de FIB Model Code 2010 [21]).
fcm [MPa] 20 28 38 48 58
Eci [GPa] 27,1 30,3 33,6 36,3 38,6
Ec1 [GPa] 11,1 13,3 16,5 20,0 23,2
εc1 [‰] -1,8 -2,1 -2,3 -2,4 -2,5
εc,lim [‰] -3,5 -3,5 -3,5 -3,5 -3,4
k 2,44 2,28 2,04 1,82 1,66
14
3.6.1.3 Diagrama de Tração do Concreto
Para a estimativa da resistência a tração média, fctm , o FIB Model Code 2010 [9] prescreve a
Equação (3):
f ctm 0,3 f ck
2/3
(3)
onde:
fck é a resistência característica do concreto à compressão, igual a:
f ck f cm 8 (valores em MPa);
Segundo FIB Model Code 2010 [9], a energia de fratura, GF, em N/m, pode ser estimada pela
Equação (4).
GF 73 f cm0,18 (4)
Os autores deste trabalho ajustaram uma função exponencial para descrever a relação
tensão×abertura de fissura (σct × w) para o modelo desenvolvido (Equação 5). Essa função tem
como parâmetros a resistência à tração média do concreto, fctm, em MPa, a abertura da
fissura, w, em mm, e a energia de fratura, GF, em N/mm.
w
3/ 4
fc
fc2c 1,2 fc (6)
1000
f c2c fc
1,2 (7)
fc 1000
Outros parâmetros como a excentricidade e a viscosidade são todos admitidos com valores
iguais a zero.
15
3.6.2 Aço
O comportamento do aço foi representado de forma diferente para cada parte do modelo. Na
Tabela 2, são apresentadas as partes do modelo e seus respectivos módulos de elasticidade
(Ea), tensões de escoamento (fy) e os tipos das curvas tensão deformação dos aços utilizados.
Para o aço do conector admitiu-se um diagrama tensão-deformação trilinear, para levar em
conta o efeito da tensão residual, conforme apresentado no item 2.3.6. Este diagrama foi
baseado na curva apresentada por Almeida [8] e foi ajustado de forma a garantir o
comportamento do modelo mais próximo possível do ensaio experimental (Figura 15).
σ σ
tensão
tensão
fy fy
0,44 fy
Ea Ea
εy deformação ε εy 15εy ε
deformação
(a) (b)
Figura 15 - Diagramas tensão deformação dos aços modelados: (a) bilinear; (b) trilinear.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As características dos modelos ensaiados por Veríssimo [1] e utilizadas nos modelos numéricos
são apresentadas na Tabela 3.
16
Tabela 3 – Características e propriedades dos modelos das séries B e C (Adaptado de Veríssimo [1]).
fc Lsc hsc tsc D Atr
Modelo tipo np n1 n2
(MPa) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm²)
B1 CR56b 26,6 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 0 471,2
B2 CR56b 26,6 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 0 471,2
B3 CR56b 27,2 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 6 942,5
B4 CR56b 26,9 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 6 942,5
B5 CR56b 27,2 413,4 81,2 12,0 56 3 12 6 6 1357,2
B6 CR56b 24,8 413,4 81,2 12,0 56 3 12 6 6 1357,2
B7 CR56b-SF 28,3 413,4 81,2 12,0 0 0 10 6 0 471,2
B8 CR56b-SF 24,8 413,4 81,2 12,0 0 0 10 6 0 471,2
C1 CR56b 46,9 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 0 471,2
C2 CR56b 48,1 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 0 471,2
C3 CR56b 49,1 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 6 942,5
C4 CR56b 48,7 413,4 81,2 12,0 56 3 10 6 6 942,5
C5 CR56b 48,7 413,4 81,2 12,0 56 3 12 6 6 1357,2
C6 CR56b 45,9 413,4 81,2 12,0 56 3 12 6 6 1357,2
C7 CR56b-SF 49,4 413,4 81,2 12,0 0 0 10 6 0 471,2
C8 CR56b-SF 49,7 413,4 81,2 12,0 0 0 10 6 0 471,2
fc = resistência à compressão do concreto à data do ensaio push-out
tc = espessura da laje (sempre constante, igual a 150 mm)
Lsc = comprimento longitudinal do conector
hsc = altura do conector
tsc = espessura da chapa do conector
D = diâmetro de referência (do círculo inscrito no dente trapezoidal)
np = número de aberturas no conector (pinos virtuais de concreto)
= diâmetro das barras da armadura transversal
n1 = número de barras de armadura transversal passando por fora do conector
n2 = número de barras de armadura transversal passando por dentro do conector
Atr = área total da armadura transversal = (n1+n2 )2/4
Lc = comprimento da laje (sempre constante, igual a 650 mm)
fysc = resistência ao escoamento do aço do conector (sempre constante, igual a 324 MPa)
fytr = resistência ao escoamento do aço da armadura (sempre constante, igual a 500 MPa)
Na Figura 16 são apresentadas imagens da distribuição de tensões de von Mises no modelo B1,
obtida com uma análise dinâmica explícita, para um carregamento próximo à ruína do modelo.
Observa-se uma distribuição de tensões de forma contínua e gradual entre as partes,
indicando a qualidade da malha e das condições de contorno. Nota-se que as tensões, em
vermelho, na base do dente se aproximam da tensão de escoamento do material (324 MPa),
indicando um escoamento limitado a essa região, de acordo com o comportamento
elástoplástico do material.
17
Figura 16 – Distribuição de tensões de von Mises no modelo B1, na iminência de ruína, obtida a partir
de uma análise do tipo dinâmica e explícita.
18
Figura 17 – Distribuição de pressões no concreto da laje do modelo B1.
Foram simulados numericamente 16 dos ensaios tipo push-out executados por Veríssimo [1],
oito da série B e oito da série C. Em ambas as séries o conector utilizado foi um CR-56b e as
configurações dos modelos são similares. Na série B foi utilizado um concreto usual, com
resistência na faixa de 27 MPa, e na série C um concreto de maior resistência com fc na faixa
de 48 MPa.
As curvas força×deslizamento relativo dos modelos da série B são apresentadas na Figura 18.
As mesmas curvas para os modelos da série C são apresentados na Figura 19. Os modelos
numéricos são identificados conforme o tipo de análise, análise estática implícita (AEI) e a
análise dinâmica explícita (ADE), e os modelos experimentais pela sua identificação original.
Pode-se observar que os valores das análises são próximos. Em alguns casos as curvas
praticamente se sobrepõem, indicando a excelente correlação entre o modelo numérico e o
experimental. Em geral os modelos foram capazes de simular com precisão o comportamento
anterior e posterior à carga máxima. Porém, alguns modelos numéricos com armadura
passante apresentam uma acentuada diferença em relação aos experimentais.
19
350 350
300 300
250 250
Força (kN)
Força (kN)
200 200
150 150
AEI-B1B2 ADE-B1B2
100 100
B2 B2
50 50
B1 B1
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
400 400
350 350
300 300
Força (kN)
Força (kN)
250 250
200 200
150 150
B3 B4
100 100
ADE-B3 ADE-B4
50 50
AEI-B3 AEI-B4
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
400 400
350 350
300 300
Força (kN)
Força (kN)
250 250
200 200
150 150
B5 B6
100 100
ADE-B5 ADE-B6
50 50 AEI-B6
AEI-B5
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
200 200
175 175
150 150
Força (kN)
Força (kN)
125 125
100 100
75 75
B7 B8
50 50
ADE-B7 ADE-B8
25 25
AEI-B7 AEI-B8
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
20
450 450
400 400
350 350
300 300
Força (kN)
Força (kN)
250 250
200 200
150 150
AEI-C1 AEI-C2
100 100
ADE-C1 ADE-C2
50 C1 50
C2
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
525 525
450 450
375 375
Força (kN)
Força (kN)
300 300
225 225
C3 C4
150 150
AEI-C3 AEI-C4
75 75
ADE-C3 ADE-C4
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
525 525
450 450
375 375
Força (kN)
Força (kN)
300 300
225 225
C5 C6
150 150
AEI-C5 AEI-C6
75 75
ADE-C5 ADE-C6
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
350 350
300 300
250 250
Força (kN)
Força (kN)
200 200
150 150
100 AEI-C7 100 AEI-C8
50 ADE-C7 50 ADE-C8
C7 C8
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento Relativo (mm) Deslocamento Relativo (mm)
21
Na Figura 20 pode-se observar um gráfico com a comparação dos modelos das diferentes
análises. Observa-se que os valores das análises são próximos, porém apresentam uma leve
divergência nos modelos com armadura passante, quais sejam: B5, B6, C3, C4, C5 e C6.
450
Resistência do Conector (kN)
375
300
225
Experimental
150
ADE
75
AEI
0
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8
Modelo
(a)
600
Resistência do Conector (kN)
500
400
300
Experimental
200
AEI
100
ADE
0
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Modelo
(b)
Figura 20 - Comparação das resistências dos modelos da: (a) série B; (b) série C.
22
Tabela 4 - Resistência dos modelos da série B e da série C.
ensaio (1) (2) (3) (2)/(1) (3)/(1)
B1 296,2 298,7 306,9 1,009 1,036
B2 306,5 298,7 306,9 0,975 1,001
B3 313,9 323,3 339,5 1,030 1,082
B4 338,3 321,1 333,4 0,949 0,986
B5 378,2 340,5 356,4 0,900 0,942
B6 371,8 315,7 356,4 0,849 0,959
B7 183,7 175,7 181,2 0,957 0,986
B8 177,6 162,5 178,2 0,915 1,004
C1 361,3 404,4 381,3 1,119 1,055
C2 377,5 410,1 380,8 1,086 1,009
C3 493,7 432,0 405,8 0,875 0,822
C4 506,7 431,0 399,5 0,851 0,788
C5 465,0 435,9 412,8 0,937 0,888
C6 496,9 433,5 409,5 0,872 0,824
C7 215,5 230,7 215,0 1,071 0,998
C8 217,6 230,7 214,3 1,060 0,985
(1) Capacidades resistentes, em kN, dos ensaios experimentais realizados por Veríssimo (2007);
(2) Capacidades resistentes, em kN, dos ensaios numéricos realizados pela análise estática implícita;
(3) Capacidades resistentes, em kN, dos ensaios numéricos realizados pela análise dinâmica explícita;
Analisando as últimas duas colunas da Tabela 5 é possível verificar que a média das relações
entre os modelos numéricos e os experimentais é de: 0,963, para todos os modelos;
1,017 para os modelos sem armadura passante; e 0,910 para os modelos com armadura
passante. Esses resultados indicam que os modelos numéricos apresentam excelente
correlação com os modelos experimentais. No caso específico dos modelos com armadura
passante, os modelos numéricos apresentam resultados conservadores em relação aos
experimentais.
Presume-se que, na prática, haja uma interação entre a barra da armadura passante e o
concreto ao seu redor, de forma que ambos trabalhem solidariamente mobilizando uma maior
resistência da conexão. No modelo numérico, a modelagem das barras como elemento de viga
não é capaz de simular a superfície de contato entre o concreto e a barra. Assim, é possível
que a diferença entre os resultados dos modelos numéricos com armadura passante e os
modelos experimentais seja causada pela utilização de elementos de viga na modelagem das
barras da armadura passante.
A partir da análise dos valores da Tabela 5, observa-se que os modelos numéricos com análise
do tipo dinâmica e explícita apresentam, para os modelos sem armadura passante, resultados
mais próximos dos experimentais que os modelos numéricos com análise do tipo estática e
implícita. Para os modelos com armadura passante os resultados dos modelos numéricos com
análise do tipo dinâmica e explícita são mais próximos dos experimentais que os modelos
numéricos com análise estática e implícita, para os modelos da série B. O mesmo não se
verifica em relação aos ensaios da série C, cujo concreto possuía resistência de quase 50 MPa.
23
Assim, pode-se concluir que, para a maioria dos modelos, de maneira geral, a análise do tipo
dinâmica e explícita apresentou valores mais próximos dos reais que a análise do tipo estática
e implícita.
5 CONCLUSÃO
Este trabalho foi realizado com o objetivo de desenvolver um modelo numérico capaz de
simular adequadamente o comportamento estrutural do conector Crestbond, que constitua
uma ferramenta útil para a investigação de aspectos particulares relacionados à conexão.
O modelo numérico desenvolvido foi capaz de representar adequadamente o comportamento
não linear do concreto sob confinamento, utilizando o modelo de dano com plasticidade. Os
resultados obtidos com esse modelo numérico apresentaram boa correlação com os
resultados experimentais. O modelo é capaz de estimar com precisão a resistência e a curva
força × deslizamento do conector.
Os modelos numéricos com armadura passante apresentaram resultados conservadores em
relação aos modelos experimentais. Atribui-se esta variação ao elemento utilizado para
modelar as barras de armadura passante no modelo numérico. Apesar das resistências obtidas
numericamente serem inferiores às experimentais, os resultados do modelo numérico ainda
podem ser utilizados para estimar a capacidade resistente de conectores.
Em relação ao tipo de análise, a análise do tipo dinâmica e explícita apresentou resultados
mais próximos dos experimentais que a análise do tipo estática e implícita.
24
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio para o desenvolvimento desta pesquisa.
REFERÊNCIAS
3 EN1994-1-1: Eurocode 4—Design of composite steel and concrete structures. Part 1-1:
General rules and rules for buildings. Brussels, Belgium: European Committee for
Standardization (CEN); 2004.
5 Oguejiofor, E. C.; Hosain, M. U.: A parametric study of perfobond rib shear connectors,
Canadian Journal of Civil Engineering, 21, pp. 614-625, 1994.
9 Model Code 2010: final draft. Lausanne, Swiss: Fédération Internationale du Béton (FIB),
2011.
10 ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 8800: Projeto de estruturas de aço e
de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, Brasil, 2008.
25
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
Resumo
Este trabalho tem como objetivo a análise da estrutura de um forno de reaquecimento de
tarugos. Essa estrutura apresenta trincas em uma das vigas responsáveis pelo movimento de
translação. O estudo será baseado na mecânica da fratura, aplicando-se os conceitos da
propagação de trincas em componentes mecânicos sujeitos à fadiga. A metodologia
empregada consiste de duas etapas. A primeira delas corresponde à análise linear elástica
global da estrutura, sem a presença de trinca, utilizando o Método de Elementos Finitos
através do programa COSMOS. Essa etapa visa à determinação das regiões críticas em termos
de solicitação, com maior possibilidade de ocorrência de trincas. Por outro lado, na segunda
etapa, será considerada a presença de trincas nas regiões críticas determinadas na primeira
etapa. O modelo contendo trincas será baseado no Método dos Elementos de Contorno e
utilizará o programa FRANC3D. Os resultados desta segunda etapa poderão ser utilizados para
refinar a análise global da primeira etapa, num processo de refinamento sucessivo de análises.
Por fim, propõe-se estabelecer planos de inspeção e de manutenção para a continuidade
operacional do forno de reaquecimento de tarugos.
Abstract
This paper aims on analyzing a Billet Reheating Furnace structure. This structure presents
cracks in one of its beams that are in charge of billets movement. Study methodology will be
based on Fracture Mechanics and concepts about crack propagation at mechanical
components submitted to fatigue. Used methodology will be divided in two steps. The first one
corresponds to the global linear elastic analysis of the structure considering cracks absence,
using to this the numerical Method of Finite Elements by COSMOS software. This step will
enable the establishment of critical regions considering the work to be done and, therefore,
more susceptible to cracks occurrences. At the second step, the existence of cracks will be
considered at the critical regions defined at the first step. Model conception considering cracks
will be performed by the Method of Elements Contour using FRANC3D software. Results found
at this second step can be used to refine the global analysis of first step, in a continuous
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
refining process. Finally, inspection and maintenance plans to keep reheating furnace in
operation, will be proposed.
2
1 INTRODUÇÃO
3
1.1 Descrição do problema
(a) (b)
Figura 1: (a) Trinca na borda da mesa inferior. (b) Trinca através da mesa superior.
1.2 Objetivo
4
1.3 Fundamentos da mecânica da fratura
5
a
k a f (1)
w
onde, w é a largura da chapa, a é o comprimento da trinca e a função f a w é o fator
geométrico que depende da relação a w .
2a
6
A Tamanho da trinca (a)
Tamanho da trinca (a+da)
C
0 B Deslocamento
da
C (k ) m (2)
dN
onde da dN é a taxa de crescimento da trinca, k é a variação do fator de intensidade de
tensão, C e m são parâmetros do material, sendo que valores de m usualmente variam entre 2
e 4 para os aços em geral.
A taxa de crescimento da trinca é obtida submetendo-se um corpo de prova a um
carregamento cíclico de amplitude constante. Os incrementos do comprimento da trinca são
medidos e o tamanho da trinca é plotado em função do correspondente número de ciclos.
Variações na amplitude de carregamento e no comprimento inicial da trinca produzem
diferentes curvas. Estas podem ser reduzidas a uma única curva a partir dos dados dos ensaios,
na qual é representada a taxa de crescimento da trinca da dN em função da variação do fator
de intensidade de tensão k . A Fig. 6 representa esquematicamente a curva da dN versus
k em escala logarítmica.
Escala Log
Da/dN
I II III
k th kc
k
Escala Log
7
Com base na Fig. 6, o estágio I caracteriza-se por baixos valores de k e o crescimento
da trinca é limitado pelo limiar de fadiga kth , abaixo do qual a propagação da trinca por
fadiga não ocorre. Por outro lado, no estágio II, ocorre o crescimento estável da trinca,
caracterizado por uma linha reta. Esse estágio é representado adequadamente pela equação
de Paris. Já no Estágio III, ocorre um crescimento rápido e instável da trinca, com o fator de
intensidade de tensão k máx tendendo para o valor crítico k c .
Outras expressões para descrever a taxa de crescimento da trinca foram desenvolvidas,
levando-se em consideração o efeito da razão, R min máx . Dentre estas expressões,
enfatizam-se a equação de Walker e a equação de Forman. A equação de Walker (3) é
representada pela expressão:
m1
da k
C1 1
(3)
dN 1 R
onde C1 , e m1 são parâmetros do material. Quando R ≥ 0, a constante situa-se entre 0,3
a 1,0 para vários tipos de metais. Quando R < 0, a constante se iguala a zero, exceto para
aços dúcteis, onde = 0,22.
De acordo com Dowling [5], Forman demonstrou que da dN tende para infinito,
quando a trinca alcança o comprimento crítico, ou seja, quando o fator de intensidade de
tensão k máx alcança o valor critico k c . A equação de Forman (4) é representada por:
da k m
C2 (4)
dN (1 R)(kc k máx )
O forno de reaquecimento de tarugos, do tipo walking beam, tem capacidade de 140 t/h e
é composto de soleiras móveis e fixas e tubos com refrigeração à água (skids móveis e fixos). A
TABELA 1 apresenta as principais especificações do forno.
8
A Fig. 7 representa a parte interna do forno de reaquecimento de tarugos. O forno de
reaquecimento é divido em cinco zonas: zona de pré-aquecimento, zonas 1 e 2 de
aquecimento e as zonas 3/4 e 5 de encharque. Além disso, é composto de 75 queimadores,
sendo 66 nas zonas 1, 2, 3/4 e 9 queimadores na zona 5. Para o sistema de combustão é
utilizado gás de alto-forno (GAF) e/ou gás natural (GN). A temperatura do tarugo na saída do
forno pode variar entre 950°C e 1200°C.
A capacidade do forno de reaquecimento é de 129 tarugos. Cada tarugo pesa
aproximadamente 21,5 kiloNewtons, com comprimento de 12 metros, altura e largura de
0,155 metros.
ZONA DE PRÉ
AQUE. ZONA 1 ZONA 2 ZONA 3 / 4
Entrada
SAÍDA
Temperatura
TEMPERATURA DE
Ambiente 950 - 1200 C
SOLEIRA SKID
ZONA 5
9
Figura 9: Skid móvel.
Soleira
Soleira Fixa
Móvel Móvel
SkidSkid Fixo
Elevação
SoleiraFixa
Soleira Móvel Skid Móvel
SkidFixo
Translação
10
A carga total das soleiras móveis, incluindo o peso próprio e o peso dos tarugos, é
maior em comparação à carga total dos skids móveis. O estudo será realizado na estrutura da
soleira móvel, onde a viga responsável pelo movimento de translação do forno é solicitada
com maior intensidade. A ocorrência de trincas foi observada nestas vigas de translação.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
(a)
(b)
Figura 11: (a) Vista Longitudinal e (b) Seção transversal da viga em estudo.
11
Figura 12: Viga em estudo (viga superior).
As vigas responsáveis pelo movimento de translação do forno de reaquecimento são
do tipo perfil I soldado e aço ASTM A-36. Essas vigas estão sujeitas as forças verticais e a força
horizontal. As forças verticais correspondem ao peso dos tarugos, peso próprio de todo o
conjunto da estrutura metálica e ao material refratário da soleira móvel. A força horizontal é
proveniente do cilindro de translação responsável pela trajetória dos tarugos no interior do
forno. A Fig. 13 apresenta a disposição dos tarugos sobre a soleira móvel do forno de
reaquecimento na elevação +4.877 mm.
AA
20,87 m
BB
1,1
Soleira móvel 1
Soleira fixa
9,33 m
1,43
Soleira móvel 2
Soleira fixa
Soleira móvel 1
1,1
12
metálica, pois o revestimento do refratário das soleiras isola a parte interna do forno do
ambiente externo.
A estrutura metálica consiste de vigas denotadas pela letra V e por montantes
denotados pela letra M, essas identificações estão representadas na Fig. 14 e 15. Os
montantes servem para transmitir carga entre os níveis de vigamentos, a saber, vigamento das
elevações +3.905, +2.666 e +885. As elevações são dadas em milímetros.
Elev. +2.666 V1
CORTE AA
Soleira móvel
Elev. +3.905 VA Perfil I 12” x 5 ¼”
Perfil I 8”
MA1 MA2 MA3 MA4 MA5 MA6 MA7
Perfil I 8”
M11 M12 M13 M14 M15 M16 M17
Elev. +885 V1A V2A V3A V4A V5A V6A V7A Perfil I 450
Força horizontal
Viga responsável
pelo movimento de
translação
CORTE BB
13
Para a análise dos esforços na viga de translação foram elaborados esquemas de
distribuição de carga em cada nível da estrutura metálica do forno de reaquecimento, desde a
elevação +4.877 (tarugos) até a elevação +885 (topo da viga em estudo). Esses esquemas e a
identificação das vigas e dos montantes são importantes para o entendimento da transmissão
de carga em cada nível, bem como entre os níveis da estrutura. O estudo aprofundado de
manuais do fabricante e a compreensão do projeto são essenciais para obter os resultados
mais próximos da realidade.
2.1 Análise dos esforços entre as elevações +4.877 e +3.905 das vigas VA a VF
Para o cálculo dos esforços nas vigas VA a VF, representadas na Fig. 14 e 15, foi feito
uma pesquisa nos projetos e manuais do fabricante do forno de reaquecimento para encontrar
o peso da estrutura metálica, o peso do material refratário da soleira, bem como a carga de
tarugos na região da soleira móvel. Os tarugos, quando elevados e em contato com a soleira
móvel, mobilizam cargas uniformemente distribuídas (q) nas vigas VA a VF, que incluem o peso
próprio dos mesmos e o peso das soleiras móveis (estrutura metálica e material refratário). A
distribuição de cargas na viga VA está representada na Fig. 16 e é semelhante nas vigas VB a
VF. Os apoios dessas vigas estão identificados na TABELA 2.
2.2 Análise dos esforços entre as elevações +3.905 e +2.666 das vigas V1 a V7
14
TABELA 3. As vigas V1 a V7 estão apoiadas nos montantes M11 a M57 representadas na
TABELA 4.
2.3 Análise dos esforços entre as elevações +2.666 e +885 das vigas V1A a V7A
As vigas transversais V1A a V7A, ilustradas na Fig. 14 e 15, são responsáveis pela
transmissão das cargas para a viga de translação. Essas vigas (V1A a V7A) suportam cargas
concentradas e que lhes são transmitidas por meio dos montantes M11 a M57 provenientes
da estrutura acima e conforme TABELA 5.
15
TABELA 5 – Identificação das Vigas e Montantes transmissores de carga.
Montantes transmissores de
Viga
carga
V1A M11/ M21/ M31/ M41/ M51
V2A M12/ M22/ M32/ M42/ M52
V3A M13/ M23/ M33/ M43/ M53
V4A M14/ M24/ M34/ M44/ M55
V5A M15/ M25/ M35/ M45/ M55
V6A M16/ M26/ M36/ M46/ M56
V7A M17/ M27/ M37/ M47/ M57
Viga em estudo
Posição 1
q1 q2 q3 q4 q5 q6 q7
0,15 3,01 3,01 3,01 3,01 3,01 3,01 0,694
16
Posição 2
q1 q2 q3 q4 q5 q6 q7
0,15 3,01 3,01 3,01 3,01 3,01 3,01 0,694
Posição 3
q1 q2 q3 q4 q5 q6 q7
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
17
A partir dos resultados da primeira etapa, serão introduzidas trincas nas regiões
críticas determinadas nessa etapa. A análise de sua propagação será realizada considerando-se
os valores extremos dos fatores de intensidade de tensão. Os resultados da segunda etapa
poderão ser utilizados para refinar a análise global da primeira etapa num processo de
refinamento sucessivo de análise. De acordo com Teixeira [7], a simulação da propagação da
trinca é um processo incremental, no qual uma série de passos é repetida para a propagação
da mesma. Cada iteração do processo representa uma configuração de trinca e depende dos
resultados anteriores. Esses resultados são os campos de forças e os deslocamentos no
contorno do corpo trincado. Os valores dos fatores de intensidade de tensão são calculados
em pontos discretos ao longo da frente da trinca, a partir do campo de forças e deslocamentos
no contorno. Com os valores dos fatores de intensidade de tensão calcula-se uma nova frente
de trinca.
Para a confiabilidade dos resultados obtidos através das simulações numéricas será feita uma
comparação com as soluções analíticas disponíveis nos livros e manuais de mecânica da fratura
de forma mais aprofundada.
af da
N (5)
ai C (K ) m
onde, N é o número de ciclos necessários para propagação da trinca, a f é o comprimento
crítico da trinca, ai é o comprimento inicial e da o incremento do comprimento da trinca.
Além disso, será estimada a vida da viga em estudo através da abordagem clássica baseada nas
curvas S-N, a partir da viga sem a presença de trincas, quando esta é submetida a tensões
cíclicas de amplitude constante. De acordo com Dowling [5], a aplicação da equação de SWT
(Smith, Watson e Topper) fornece ótimos resultados para diversos tipos de aços estruturais. A
relação da equação SWT com uma curva S-N obtida de um carregamento completamente
reverso é dada pela equação (6).
18
onde, máx é a tensão máxima, a é a amplitude de tensão , ' f e b são propriedades do
material e N f o número de ciclos para falha.
4 CONCLUSÃO
Este trabalho se propõe a estimar a vida em fadiga de uma viga de translação do forno
de reaquecimento, com base na fundamentação da mecânica da fratura e nas leis da
propagação de trinca a partir da análise estrutural global e local, utilizando-se o Método de
Elementos Finitos e Método de Elementos de Contorno. Essa análise numérica é fundamental
para o cálculo dos fatores de intensidade de tensão correspondentes às condições de
solicitação máxima e mínima decorrentes da variação de carregamento. A análise global será
baseada no MEF e se destina a identificar as regiões críticas, em termos de solicitação, bem
como nas regiões de ocorrências das trincas observadas na estrutura. Partindo-se dos
resultados dessa análise, serão elaboradas modelagens tridimensionais locais em regiões
especificas das quais foram observadas ocorrências de trincas ou em regiões onde há maior
probabilidade de ocorrências. Essa modelagem baseada no MEC se destina a obter os fatores
de intensidade de tensão extremos para a realização dos estudos de propagação. A partir dos
resultados desses estudos, serão elaborados planos de inspeção e de manutenção das vigas de
translação do forno de reaquecimento. O primeiro desses planos visa determinar a
periodicidade de inspeção e o comprimento crítico da trinca antes da propagação instável ou
colapso da estrutura. No plano de manutenção pretende-se elaborar uma metodologia para a
reparação das vigas de translação proporcionando a continuidade operacional do forno de
reaquecimento de tarugos.
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
19
5 DOWLING, N. E. Mechanical behavior of materials. Engineering methods for
deformation, fracture and fatigue. 2° Edição, Upper Saddle River: Prentice Hallp; 1999.
6 FIGUEIREDO, A. M. G. Caracterização da fadiga mecânica de baixo ciclo em ligas
superelásticas de NiTi [Tese de Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Minas].
Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2006.
7 TEIXEIRA, R. S. Metodologia de análise de fadiga em componentes estruturais de aço
baseada na Mecânica da Fratura [Dissertação em Engenharia Civil], Belo Horizonte:
Universidade Federal de Minas Gerais; 2004.
20
Tema: Estruturas Metálicas e Mistas / Construções Leves estruturadas em Aço
Abstract
This work evaluates three methods for linear stability analysis of isolated cold-formed
members. Specifically, it was studied Ue section members (i) simply supported, without
warping restraint at the ends and subjected to uniform compression and (ii) with one end fixed
and the other end free and subjected to flexure. The elastic critical loads and uncoupled
buckling modes are determined by means of numerical analyses: (i) with the Finite Strip
Method (FSM), using computer program CUFSM, (ii) with beam finite element based on the
Generalized Beam Theory (FEM-GBT), using GBTUL program, and (iii) with shell finite elements
(FEM-shell) using ABAQUS program. Some restrictions and warnings regarding the use of the
FSM are then presented, as well as limitations for the application of the Generalized Beam
Theory and some precautions to be taken when using FE shell models. It is also analyzed the
influence of the discretization on the cross section.
Keywords: Linear stability analysis, Cold formed members, Finite strip method, Generalized
beam theory, Finite element method.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
Os perfis de aço formados a frio, ou perfis de chapa dobrada, têm sido amplamente
empregados em vários segmentos da construção civil. O bom padrão construtivo, a facilidade
de fabricação, a economia no manuseio e na montagem, aliados à sua enorme versatilidade,
contribuíram para a difusão desses perfis [1]. Sua utilização tem sido também motivada por se
tratar de perfis leves, esbeltos e com elevada eficiência estrutural, o que ao mesmo tempo
acarreta complicações: a perda de estabilidade passa a ser um aspecto importante no projeto.
Faz-se necessária também a definição de carregamento crítico, Pcr, que é o carregamento (seja
ele uma força, um conjunto de forças ou momentos) correspondente a um ponto crítico, i.e., a
um ponto da trajetória de equilíbrio em que a estrutura pode se tornar instável. Um ponto
crítico por sua vez pode ser de dois tipos: (i) estático, podendo ser classificado como ponto de
bifurcação ou ponto limite (ambos caracterizam a perda de estabilidade através de uma
mudança brusca do sistema, sendo esse fenômeno conhecido como “buckling” na língua
inglesa); ou (ii) dinâmico, caracterizado por movimentos oscilatórios.
2
ponto o mesmo pode seguir dois estados de equilíbrio distintos, conforme ilustrado na Figura
1.1. Adiante do ponto de bifurcação, o sistema pode: (i) permanecer ao longo da sua trajetória
original de equilíbrio, a chamada trajetória primária ou trajetória fundamental
(correspondente à forma retilínea da barra), ou (ii) divergir da sua trajetória original e seguir
uma nova trajetória, nomeada de trajetória secundária (correspondente a uma forma em que
adquire curvatura), sendo a primeira alternativa instável e a segunda estável.
3
Já os modos de instabilidade local são aqueles que não envolvem deslocamentos significativos
do eixo da barra, mas que induzem deformações localizadas nas seções transversais,
permanecendo o seu eixo praticamente reto. Os modos locais são convencionalmente
divididos em modo local de chapa (MLC) e modo distorcional (MD), como ilustra a Figura 1.2d
e Figura 1.2e respectivamente. Por definição, modo local de chapa caracteriza-se pela
conservação da posição original dos cantos dobrados da seção – os quais permanecem
definindo uma linha reta paralela ao eixo do perfil – apresentando somente deslocamentos de
flexão das paredes que constituem o perfil, enquanto que o modo distorcional caracteriza-se
pela rotação e possível translação do conjunto formado pela(s) mesa(s) comprimida(s) e seu(s)
enrijecedor(es) de borda, com grandes mudanças na forma da seção transversal (cantos
dobrados da seção podem mudar de posição).
Dentro do contexto da análise linear de estabilidade, neste trabalho pretende-se avaliar três
diferentes métodos numéricos de obtenção de carregamentos críticos elásticos bifurcacionais
e seus correspondentes modos de instabilidade, quando aplicados a perfis de aço de chapa
dobrada de seção U enrijecido (comercialmente denominados “Ue”). Em cada método,
analisa-se também a influência do grau de discretização da seção transversal.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O Método das Faixas Finitas (MFF) tira proveito da natureza prismática dos perfis e discretiza a
seção transversal em finitos segmentos, sendo que cada segmento dá origem a uma faixa com
uma dimensão longitudinal igual à do comprimento total do perfil conforme a Figura 2.1a.
Cada faixa finita é representada por quatro nós, tendo cada nó quatro graus de liberdade. O
campo de deslocamentos é obtido por interpolação dos deslocamentos nodais através de
4
funções de forma Ψ. As funções de forma longitudinais devem ser escolhidas de acordo com as
condições de contorno do problema. No caso de um perfil biarticulado, é possível fazer Ψ(y) =
sen(mπy/L) (y=coordenada ao longo do eixo), sendo que a constante “m” denota o número de
semiondas longitudinais esperadas para a configuração deformada ao longo do comprimento
da faixa (“m” é um número que deve ser assumido a priori, normalmente adota-se m=1).
A Teoria Generalizada de Vigas (MEF-GBT), denominada GBT (Generalized Beam Theory) foi
desenvolvida por Richard Schardt em 1966 na Alemanha [7]. A GBT apresenta uma formulação
baseada numa teoria de vigas, isto é, ela idealiza o perfil como sendo um objeto
unidimensional representado por sua linha de eixo, dotado de uma seção transversal. O eixo
pode experimentar deslocamentos e rotações de magnitude moderada e a descrição
cinemática é enriquecida com a inclusão de graus de liberdade adicionais pertencentes às
seções transversais (e não apenas ao eixo). Em outras palavras, introduzem-se nós nas seções
transversais, o que permite a consideração dos efeitos locais, i.e. das deformações da seção,
conforme a Figura 2.1b. O método dos elementos finitos com elementos de barra (i.e.
elementos unidimensionais) é então utilizado para solução numérica das equações
correspondentes.
Por fim, há a discretização por meio de elementos finitos de casca (MEF-cascas), que é o
método numérico mais geral, versátil e popular. O método consiste em discretizar a geometria
do perfil utilizando elementos de casca, conforme a Figura 2.1c. Com esses elementos, os
deslocamentos e as rotações em um ponto qualquer do perfil são aproximados por funções de
forma polinomiais cujos coeficientes são os deslocamentos generalizados ou, em outras
palavras, os graus de liberdade nodais. A necessidade de capturar adequadamente as
deformações da seção transversal nos vários modos de instabilidade (cujas formas são
inicialmente desconhecidas) faz com que a discretização se dê com o uso de malhas refinadas.
(1.1)
5
A confiabilidade dos resultados obtidos depende de o quão o método de discretização
consegue reproduzir as reais condições de contorno nas extremidades do perfil, além do nível
de discretização da seção transversal e da “qualidade” das funções de forma que originam as
matrizes de rigidez elástica e geométrica.
O CUFSM é um programa que utiliza o Método das Faixas Finitas (MFF) para calcular os
carregamentos críticos elásticos de um perfil isolado de seção transversal definida, tendo
diferentes comprimentos. O programa fornece o modo e o carregamento crítico
correspondente para diferentes comprimentos arbitrários do perfil. O CUFSM convencional –
no presente trabalho denominado apenas como CUFSM–, apesar de ser uma alternativa de
baixo custo computacional em relação ao MEF, apresenta algumas restrições: (i) as barras
devem ser obrigatoriamente prismáticas; (ii) o método só permite barras isoladas; (iii) não há
restrição ao empenamento; e (iv) por haver nós somente nas seções das extremidades, o
carregamento tem que ser obrigatoriamente uniforme ao longo da barra.
O GBTUL, por sua vez, é um programa que tem a Teoria Generalizada de Vigas (MEF-GBT)
implementada. O programa trata de forma analítica as barras simplesmente apoiadas e de
forma numérica (elementos finitos) barras com outras condições de vinculação. Como
resposta nas análises de estabilidade, o GBTUL exibe os modos de instabilidade e os
correspondentes carregamentos críticos para diversos comprimentos do perfil (o comprimento
é admitido como uma variável livre: apenas as dimensões da seção transversal são fixas e
fornecidas nos dados de entrada), semelhantemente ao CUFSM.
Já nas análises com elementos de casca via Método dos Elementos Finitos (MEF) através do
programa computacional ABAQUS, diferentemente daquelas com o uso do CUFSM e do GBTUL, o
comprimento do perfil precisa ser definido previamente (é um dado fixo do problema). A
6
introdução dos carregamentos e das condições de contorno nos nós das seções transversais
extremas precisa ser feita com muito critério, a fim de se representar adequadamente a
solicitação externa e a condição de vínculo que se deseja. Esse aspecto parece um tanto óbvio
e, no entanto, é aqui onde muitos modelos incorrem em erro e fornecem resultados
completamente inesperados ou sem representatividade do problema em apreço.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo é dedicado à obtenção dos carregamentos críticos elásticos bifurcacionais e seus
correspondentes modos de instabilidade, através do (i) MFF, (ii) MEF-GBT e (iii) MEF-cascas,
quando aplicados à análise de perfis de chapa dobrada de seção U enrijecido 200x75x20x2
ilustrado na Figura 3.1a, para as seguintes condições de carregamento e vinculação: (i) barra
isolada biarticulada sem restrição ao empenamento, submetida à compressão uniforme e (ii)
barra isolada engastada em uma extremidade e livre na outra, submetida à flexão simples.
Figura 3.1 – Seção Ue200x75x20x2 e sua discretização.(a) dimensões nominais em mm, (b) malha tipo 1, (c) malha
tipo 2 e (d) malha tipo 3.
7
3.1.1 Análise com o Método das faixas finitas
A Figura 3.3 apresenta a curva obtida com o uso do CUSFM, onde na abscissa tem-se o
comprimento do perfil em milímetros (escala logarítmica) e na ordenada tem-se o fator de
carregamento, p, que é a relação entre o carregamento aplicado (para este caso o
carregamento é unitário) e o carregamento crítico. Os seis pontos marcados representam os
perfis de comprimentos destacados na Figura 3.4 abaixo, cujos modos de instabilidade são
apresentados. Nota-se que os casos de comprimentos 15 cm e 70 cm correspondem a pontos
de mínimo locais na curva da Figura 3.3. Os carregamentos críticos obtidos com os três graus
de refinamento da seção transversal estão apresentados na Tabela 3.1.
Figura 3.3 – Determinação da curva comprimento do perfil (mm) vs. fator de carregamento, p, com o CUFSM.
Figura 3.4 – Modos de instabilidade obtidos com o CUFSM para a discretização tipo 1 da seção transversal para
comprimento de (a) 15 cm, (b) 70 cm, (c) 150 cm, (d) 200 cm, (e) 300 cm e (f) 400 cm.
8
Tabela 3.1. Valores dos carregamentos críticos (kN) obtidos com o CUFSM para os graus de refinamento (Gr) tipo 1,
2 e 3 da seção transversal.
L (cm)
Gr. 15,0 70,0 150,0 200,0 300,0 400,0
1 82,15 155,58 271,73 232,84 109,06 64,84
2 82,08 155,34 271,25 231,54 108,48 64,51
3 82,07 154,36 271,04 231,19 108,32 64,43
Convém destacar que para os comprimentos 70 cm, 150 cm e 200 cm o CUFSM fornece como
resultado um modo de instabilidade distorcional (MD) e para os comprimentos de 300 cm e
400 cm o resultado é um modo global de flexotorção (MGFT). Utilizando a formulação do
Método das Faixas Finitas Confinadas através do programa do cFSM, contudo, obtêm-se
resultados diferentes para os comprimentos de 70 a 300 cm: o carregamento crítico passa a
ser aproximadamente Pcr=82kN para todos os comprimentos indicados na figura abaixo e
todos correspondem a um modo local de chapa (MLC) com mais de uma semionda
longitudinal, conforme ilustrado na Figura 3.5.
Figura 3.5 – Modo de instabilidade local de chapa obtido via cFSM, para comprimentos de (a) 70 cm, (b) 150 cm,
(c) 200 cm e (d) 300 cm.
9
Figura 3.6 – Determinação da curva comprimento (cm) vs. carga crítica, Pcr (kN) com o GBTUL.
Figura 3.7 – Seção transversal no meio do vão obtida com o GBTUL para os modos de instabilidade de comprimento
igual a: (a) 15 cm, (b) 70 cm, (c) 150 cm, (d) 200 cm, (d) 300 cm e (f) 400 cm.
Tabela 3.2. Valores dos carregamentos críticos (kN) obtidos com o GBTUL para os graus de refinamento (Gr) tipo 1,
2 e 3.
L (cm)
Gr. 15,0 70,0 150,0 200,0 300,0 400,0
1 82,61 83,51 82,61 88,71 118,10 69,78
2 82,58 83,48 82,59 88,67 118,10 69,78
3 82,59 83,48 82,59 88,67 118,10 69,78
10
Por outro lado para os comprimentos de 300 cm e 400 cm o GBTUL fornece carregamentos e
modos críticos que concordam com os resultados do item anterior, sendo os modos de
instabilidade por flexotorção global (MGFT) em ambos os casos. Cabe observar que,
analisando a Figura 3.6, temos a falsa impressão de que, para uma faixa de comprimentos
entre 200cm e 300cm há um acréscimo do carregamento crítico. Isso ocorre em virtude de o
número máximo de semiondas permitido no programa GBTUL ser igual, por default, a 10
harmônicos longitudinais.
Quando se altera o valor de “m” para, por exemplo, 20 harmônicos longitudinais, obtêm-se a
curva ilustrada na Figura 3.8 e os valores das cargas críticas para 200 cm e 300 cm são
alterados conforme a Tabela 3.3. Observar-se que para o comprimento de 300 cm o modo
deixa de ser global de flexotorção (MGFT) e passa a ser um modo local de chapa (MLC).
Figura 3.8 – Determinação da curva comprimento (cm) vs. carga crítica, Pcr (kN).
Tabela 3.3. Valores dos carregamentos críticos (kN) para os graus de refinamento (Gr) tipo 1, 2 e 3.
L (cm)
Gr. 200,0 300,0
1 82,52 82,55
2 82,49 82,52
3 82,49 82,52
Esse resultado indica que, para uma determinada faixa de comprimentos, o modo crítico
independe do comprimento do perfil, a diferença estando somente na quantidade de
harmônicos (i.e. semiondas “m”) longitudinais observados. O carregamento crítico
corresponderá, nessa faixa, a modos de instabilidade de chapa, MLC.
11
(as cores se referem ao valor do deslocamento normalizado: máximo na cor vermelha e nulo
na cor azul escura). Os carregamentos críticos para os três graus de refinamento estão
apresentados na Tabela 3.4.
Tabela 3.4. Valores dos carregamentos críticos (kN) obtidos com o MEF-cascas para os graus de refinamento (Gr)
tipo 1, 2 e 3.
L (cm)
Gr. 15,0 70,0 150,0 200,0 300,0 400,0
1 87,70 90,76 85,82 85,89 85,97 60,12
2 82,57 83,98 83,31 83,37 83,44 62,86
3 80,26 82,28 80,87 80,93 80,98 63,95
Figura 3.9 – Modos de instabilidade obtidos com o MEF-cascas para a discretização tipo 3 da seção transversal para
comprimento de (a) 15 cm, (b) 70 cm, (c) 150 cm, (d) 200 cm, (e) 300 cm e (f) 400 cm.
A Figura 3.9b, Figura 3.9c, Figura 3.9d e Figura 3.9e apresentam o primeiro modo de
instabilidade para comprimentos de 70 cm, 150 cm, 200 cm e 300 cm respectivamente. É
importante observar que ambos os casos tratam de modos locais de chapa (MLC), o primeiro
com cinco semiondas longitudinais, o segundo com dez semiondas longitudinais, o terceiro
com treze semiondas longitudinais e por fim, o quarto com vinte semiondas longitudinais. Para
12
esses casos os resultados obtidos com o GBTUL (MEF-GBT) estão em ótima concordância com
os resultados obtidos com o ABAQUS (MEF-cascas) se o número de semiondas permitido no
GBTUL for suficientemente grande (m=20 ou maior), enquanto que o CUFSM (MFF convencional)
apresenta grande discrepância.
Para os casos de 200 cm e 300 cm de comprimento a Figura 3.11 apresenta o primeiro dos
modos globais, dentre todos os modos obtidos para esses perfis. Para esses comprimentos,
respectivamente, tem-se: (a) o MGFT é o décimo sexto modo, com Pcr=229,1 kN e (b) o MGFT
é o vigésimo segundo modo, com Pcr=107,0 kN. Para o GBTUL identificar esses modos é
necessário configurar o valor de “m” para pelo menos 20 semiondas longitudinais e que esses
são os modos que a análise via MFF convencional captura como sendo os primeiro modo de
instabilidade para as barras de 200 cm e 300 cm de comprimento, respectivamente.
13
críticos. Esses diferem entre si de (i) 6% a 10% entre os tipos 1 e 3, (ii) 3% a 8% entre os tipos 1
e 2, e (iii) 2% a 3% entre os tipos 2 e 3.
Figura 3.12 – (a) Barra isolada de comprimento L, engastada-livre e submetida ao carregamento P, (b) esquema
estrutural no GBTUL; (c) esquema estrutural no ABAQUS.
Como os esforços não são uniformes ao longo da barra, o CUFSM não consegue simular esse
problema e não será utilizado nesta análise. Aborda-se então a comparação das diferenças de
modelagem e dos resultados entre o MEF-GBT e o MEF-cascas através dos programas GBTUL
(Figura 3.12b) e ABAQUS (Figura 3.12c), respectivamente. Os resultados obtidos nessa análise
são para seções com o grau de refinamento tipo 3, conforme ilustrado na Figura 3.1.
Figura 3.13 – Determinação da curva comprimento (cm) vs. carga crítica, Pcr (kN).
14
Pcr = 58,8 kN Pcr = 36,9 kN Pcr = 16,0 kN Pcr = 10,2 kN Pcr = 4,9 kN Pcr =2,6 kN
Figura 3.14 – Carregamentos críticos e modos de instabilidade obtidos com o GBTUL (seção transversal na
extremidade carregada) para L igual a: (a) 15 cm – meio do vão, (b) 70 cm- extremidade carregada, (c) 150 cm, (d)
200 cm, (d) 300 cm e (f) 400 cm.
15
Pcr = 3,8 kN Pcr = 4,4 kN Pcr = 2,2 kN
Pcr (kN)
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
10 100 1000
Comprimento (cm)
ABAQUS (primeiro modo) GBTUL ABAQUS (outros modos)
Figura 3.18 – Curvas dos carregamentos críticos em função dos comprimentos da barra para as análises (i) via
ABAQUS, considerando apenas o 1º modo, (ii) via GBTUL e (iii) via ABAQUS, considerando modos superiores ao 1º.
16
4 CONCLUSÃO
Avaliaram-se aqui três métodos numéricos para a análise linear de estabilidade de perfis de
seção U enrijecido, biarticulados submetidos à compressão uniforme e engastados submetidos
à flexão simples.
A análise com o Método das Faixas Finitas, apesar de ser uma alternativa de baixo custo
computacional, revela algumas limitações a priori: (i) as barras devem ser obrigatoriamente
prismáticas; (ii) o método só permite barras isoladas; (iii) não há restrição ao empenamento; e
(iv) por haver nós somente nas seções das extremidades, o carregamento tem que ser
obrigatoriamente uniforme ao longo da barra. Essa última limitação é a mais desfavorável para
o método e não permitiu neste trabalho a simulação de uma viga engastada sob flexão
simples.
A análise com a Teoria Generalizada de Vigas por meio de elementos finitos de barra tem uma
abordagem mais geral do que o MFF e por sua vez, oferece bons resultados analíticos, o que só
é possível quando se trata de barras simplesmente apoiadas. No caso geral, em que a solução
numérica é necessária, chama-se a atenção para a escolha do número máximo de semiondas a
serem levadas em consideração na determinação dos carregamentos críticos, já que a escolha
insuficiente do parâmetro “m” pode levar ao falso resultado de carregamentos superiores ao
mínimo.
A análise com o Método dos Elementos Finitos utilizando elementos de casca, apesar de ser
mais confiável e geral, requer a imposição criteriosa das condições de contorno e dos
carregamentos nas seções extremas. No caso da análise de estabilidade de perfis formados a
frio, a incorreta modelagem dessas condições pode acarretar em modos e carregamentos
críticos completamente não condizentes com o problema em apreço. Desde que se tratem
esses aspectos adequadamente, contudo, a análise com o MEF-cascas será sempre a mais
confiável, uma vez que o modelo de casca representa mais fielmente o problema físico.
O resultado das análises realizadas nos programas CUFSM e GBTUL fornecem curvas que
caracterizam o carregamento crítico em função do comprimento longitudinal do perfil. Essa
forma de apresentação dos resultados gera uma boa visão do caso em estudo – desde que,
claro, os resultados sejam confiáveis.
17
autovalor inferior ao modo local de chapa com uma semionda. Esse problema pode ser
parcialmente contornado utilizando-se a formulação alternativa do MFF confinado, ou cFSM,
Esse método modificado introduz graus de liberdade adicionais na direção longitudinal,
enriquecendo a aproximação (nada garante, contudo, que esse artifício seja suficiente para
todas as situações). Com relação ao grau de discretização da seção transversal, a análise como
MEF-cascas (ABAQUS) revelou-se a única que apresenta alguma sensibilidade, embora não
significativa.
No caso da barra engastada submetida à flexão simples a análise numérica via GBTUL não
conseguiu identificar mínimos distintos para os comprimentos de 15 cm, 70 cm, 150 cm, 200
cm e 300 cm. Para estes casos, o primeiro modo de instabilidade fornecido pelo GBTUL
corresponde a carregamentos críticos superiores aos fornecidos pelo A BAQUS. Para os
comprimentos de 70 cm, 150 cm, 200 cm e 300 cm o ABAQUS conseguiu identificar os modos
que o GBTUL forneceu erroneamente como os primeiros modos de instabilidade. Para o menor
dos comprimentos da barra, L=15cm, o ABAQUS não conseguiu identificar um modo semelhante
ao apresentado pelo GBTUL; isso pode ser melhor explicado pelo fato de os modelos
cinemáticos não representarem a mesma coisa. O modelo de barra do GBTUL considera o
carregamento atuando no centro de torção da barra enquanto que o modelo de cascas do
ABAQUS simula um carregamento linear ao longo de toda a seção da extremidade, i.e. há torção
da barra no instante zero da análise, situação esta mais semelhante com a realidade, visto que
o centro de torção é um ponto fora da seção transversal da viga. Além disso, o modelo de
barra para a viga de 15 cm de comprimento não é um modelo adequado, uma vez que a altura
da seção transversal representa 1,33 vezes o comprimento da viga.
Agradecimentos
Os autores agradecem aos colegas Eduardo Simões, Jorge Costa, Ricardo Lahuerta, Leonardo
Lago e Fernando Gonçalves do Laboratório de Mecânica Computacional da Escola Politécnica
da USP, pelo auxílio e discussões acerca das modelagens com o MEF. O segundo autor também
agradece ao CNPq pelo suporte financeiro (processo 303793/2012-0).
REFERÊNCIAS
1 Campello, E. M. B. Análise não-linear de peris metálicos conformados a frio. Departamento
de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2000. Dissertação de Mestrado.
2 Zagottis, D. Capítulo 10: Estabilidade e instabilidade do equilibrio das estruturas. In
Introdução à teoria das estruturas. Escola Politecnica da Universidade de São Paulo -
Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações, São Paulo, 1980.
3 Silva, L. S. and Gervásio, H. Dimensionamento de Estruturas Metálicas: Métodos Avançados.
CMM - Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista, Coimbra, Portugal, 2007.
18
4 Farshad, M. Stability of Structures. Elsevier Science B. V., Dübendorf, Switzerland, 1994.
5 Thompson, J.M.T. Instabilities and Catastrophes in Science and Engineering. John Wiley &
Sons, London, 1982.
6 Gambhir, M. L. Stability Analysis and Design of Structures. Springer, Berlim, Alemanha,
2004.
7 Camotim, D., Silvestre, N., Gonçaçves, R., and Dinis, P.B. GBT - Based Analysis and design of
thin-walled metal and FRP members: recent developments. APCMR, Brasov, Romênia, 2006.
8 Schafer, B. W. and Ádány, S. Buckling analysis of cold-formed steel members using CUFSM:
conventional and constrained finite strip methods. October 26-27, Orlando, Florida, USA.,
2006.
9 Bebiano, R., Pina, P., Silvestre, N., and Camotim, D. GBTUL – Buckling and Vibration Analysis
of Thin-Walled Members. DECivil/IST, Technical University of Lisbon. 2008.
10 ABAQUS. Abaqus 6.10 Documentation. Dassault Systèmes, Providence, RI, USA, 2010.
11 Li, Z. and Schafer, B. W. Buckling analysis of cold-formed steel members with general
boundary conditions usinf CUFSM: conventional and constrained finite strip method. In
Twentieth International Specialty Conference on Cold-Formed Steel Structures ( November
3-4, Saint Louis, Missouri, USA. 2010).
12 Sarawit, A. T., Kim, Y., Bakker, M. C. M., and Pekoz, T. The finite element method for thin-
walled members-applications. Elsevier Science Ltd. 2003.
19
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
Resumo
No projeto de sistemas de piso com estrutura de aço, a determinação da flecha de vigas com
aberturas é complexa e pode requerer análise numérica avançada via Método dos Elementos
Finitos. Este trabalho propõe um modelo semi-empírico capaz de estimar com boa precisão a
flecha de vigas de aço com aberturas na alma, ajustado por regressão a partir de resultados de
simulações numéricas via MEF. O modelo proposto, obtido por ajustamento estatístico,
mostrou boa correlação com os resultados numéricos e é de fácil utilização prática. É
apresentado um exemplo de cálculo da flecha de uma viga de aço com aberturas na alma,
evidenciando a aplicabilidade do modelo semi-empírico proposto.
Abstract
In the design of steel beams with web openings the determination of deflections is complex
and may require advanced numerical analysis via FEM. This paper presents the development of
a semi-empirical model for determining the deflection suffered by steel beams with web
openings, adjusted by regression analysis from results obtained by numerical simulations via
FEM. The model shows good correlation with numerical results and is easy to use in practice.
An example of deflection calculation in a steel beam with web openings is presented, showing
the applicability of the semi-empirical model proposed.
1
Doutor em Engenharia da Estruturas, Professor Adjunto do DEC/UFV**
2
Doutor em Engenharia da Construção, Professor Associado do DEC/UFV **
3
Doutor em Engenharia de Estruturas, Professor Titular do DEES/UFMG***
** Depto de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, 36570-000, Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
*** Depto de Engenharia de Estruturas, Universidade Federal de Minas Gerais, 31270-901, Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
Nas estruturas metálicas dos sistemas de piso de edifícios, tem se tornado cada vez mais
comum fazer aberturas na alma dos perfis I para possibilitar a passagem de dutos das
instalações da edificação. Dessa forma, as instalações são integradas com a estrutura,
reduzindo-se o espaço vertical necessário por pavimento e a altura total do edifício.
A motivação para isso pode ser econômica ou legal. No primeiro caso, o objetivo é a redução
do volume da edificação, com consequente redução do consumo de materiais nas paredes, de
revestimentos, de área de pintura, etc., resultando em menores custos de execução, de
operação e de manutenção. No segundo, o objetivo é atender à legislação, que,
eventualmente, limita a altura da edificação, viabilizando-se certos arranjos arquitetônicos e
até a criação de novos pavimentos sem contrariar o gabarito de construção do município.
Em ambos os casos, a solução propicia um melhor aproveitamento do espaço.
Na Figura 1 são apresentados os elementos geométricos típicos de uma abertura na alma de
um perfil I de aço e suas designações. As aberturas podem ser concêntricas ou excêntricas em
relação à semialtura da seção transversal da viga.
bfs
tfs
hts
eo ho tw
Do h d
ao hti
tfi
bfi
A presença de aberturas na alma de uma viga de aço pode modificar seus modos de colapso,
bem como reduzir sua capacidade resistente e sua rigidez, e exigir reforço especial [1].
Grande parte da pesquisa teórico-experimental sobre as vigas com aberturas na alma foi
realizada nos Estados Unidos, tendo sido compilada e publicada por David Darwin, em
1990 [2]. Esse trabalho, posteriormente, deu origem ao Design Guide No.2 do AISC [3]. Embora
essas publicações proponham formulações interessantes para a determinação da capacidade
resistente de vigas com aberturas, ainda não se dispõe de um modelo analítico ou semi-
empírico simples para o cálculo dos deslocamentos sofridos por estas vigas.
O objetivo deste trabalho foi ajustar um modelo semi-empírico a partir de resultados obtidos
de simulações numéricas com modelos de elementos finitos, capaz de estimar a flecha de uma
viga com uma ou várias aberturas na alma de maneira simples [4].
2 METODOLOGIA
2.1 Generalidades
Para que fosse possível ajustar um modelo semi-empírico, capaz de estimar a flecha de uma
viga de aço biapoiada com uma ou algumas aberturas na alma, era necessário obter um
conjunto de resultados de flechas de vigas com diversas configurações de aberturas na alma.
2
Para isso foi elaborado um modelo numérico, utilizando-se o software ABAQUS [5], capaz de
calcular o deslocamento vertical sofrido no centro do vão por uma viga de aço em perfil I,
biapoiada, com aberturas na alma e sujeita a um carregamento uniformemente distribuído.
A hipótese do carregamento uniformemente distribuído foi adotada porque corresponde à
maioria dos casos práticos de vigas de sistemas de piso, as quais quase sempre estão
suportando uma laje ou uma parede sobre si. Outra situação relativamente comum é a das
vigas principais, que recebem as reações de vigas secundárias. Nestes casos, embora as cargas
atuantes na viga sejam concentradas em determinados pontos, normalmente elas são
espaçadas de tal forma que produzem uma distribuição de momento fletor e de força cortante
não muito diferente da de uma viga biapoiada com carregamento uniformemente distribuído.
A verificação da flecha está relacionada a carregamento de serviço, situação para a qual a viga
trabalha em regime elástico. Assim, o mesmo perfil foi simulado para um carregamento
qualquer, uniformemente distribuído, com e sem aberturas, com os apoios rotulados, para
possibilitar posteriormente o cálculo da relação entre a flecha da viga com abertura(s) e a
flecha da viga sem abertura(s), da forma
f0
(1)
f
3
Foram modelados enrijecedores de alma nos apoios, com a mesma espessura da alma, para
evitar deformação localizada nessa região em função da reação de apoio.
ho/d = 0,3 n = 1, 3, 5
L/d =10 ho/d = 0,5 n = 1, 3, 5
ho/d = 0,7 n = 1, 3, 5
ho/d = 0,3 n = 1, 3, 5
Para cada perfil
L/d =15 ho/d = 0,5 n = 1, 3, 5
estudado
ho/d = 0,7 n = 1, 3, 5
ho/d = 0,3 n = 1, 3, 5
L/d =20 ho/d = 0,5 n = 1, 3, 5
ho/d = 0,7 n = 1, 3, 5
4
Figura 3: Aspecto da deformada para diferentes números de aberturas na viga.
x2 x3
d h0 n
x4
f 0 f 1 x1 1 I o 5
x
(4)
L d
Na Equação (4), é um fator de forma, adimensional, que relaciona a geometria da abertura
(circular, quadrada ou retangular) e Io é dado por
t w ho3
Io (5)
d 2 bf t f
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com os resultados obtidos das análises numéricas, foi feita uma análise de regressão com base
no Método dos Mínimos Quadrados, para minimizar simultaneamente o somatório dos
quadrados dos erros e o erro percentual máximo. Dessa análise obteve-se as constantes x1,...,
x5 e o parâmetro para aberturas retangulares, quadradas e circulares, conforme abaixo.
3, 56 7 , 59
d h0 n
1,83
f 0 f 1 18065 1 I o
0, 319
(6)
L d
onde = 1,0 para aberturas retangulares;
= 2,9 para aberturas quadradas;
= 4,5 para aberturas circulares.
5
O modelo de regressão da Equação (6) apresentou coeficiente de determinação ajustado
R 2 0,963 e coeficiente de variação igual a 4,6%. O coeficiente de determinação ajustado é
dado por
n 1
R2 1
n v 1
1 R2 (7)
20
15
Erro Percentual
10
-5
-10
-15
1 25 49 73 97 121 145 169 193 217 241
Análises
6
Observando a Figura 4, nota-se que para as aberturas circulares o modelo apresenta um
ajustamento excelente. Para aberturas quadradas, o erro máximo ficou quase sempre na faixa
de 5%. Para as aberturas retangulares, o erro máximo em boa parte dos casos ficou na faixa
de 5%, chegando à faixa de 10% em alguns casos e em apenas 3 casos, do total de 81
análises com aberturas retangulares, o erro chega à faixa entre 20% e 25%. Coincidentemente,
estes três casos singulares correspondem a vigas com uma única abertura retangular no centro
do vão com ho/d = 0,7. Em análises realizadas, observou-se que caso a abertura seja deslocada
do centro do vão em direção a um dos apoios, a flecha da viga aumenta devido ao efeito
Vierendeel influenciado pela força cortante. Dessa forma, o modelo de regressão apresenta
maior precisão para aberturas retangulares distantes do centro do vão e produz resultados
conservadores para grandes aberturas retangulares na região do centro do vão. De modo
geral, considera-se que o modelo produz resultados bastante acurados, que podem ser
considerados para efeito prático de verificações de projeto em vigas de aço com aberturas na
alma.
Nas Figuras 5, 6 e 7 são apresentados graficamente os resultados obtidos com o modelo
numérico e com o modelo de regressão para a relação ( m) entre a flecha da viga com
abertura(s) (f0) e a flecha da viga sem abertura (fn).
Na Figura 5 pode-se observar os resultados obtidos para as vigas com aberturas retangulares
estudadas. Nota-se que o modelo de regressão é capaz de estimar o acréscimo de flecha na
viga com abertura(s), em relação à viga de alma cheia, com boa precisão e que, na grande
maioria dos casos, a presença de uma ou mais aberturas produz pouca alteração nos
deslocamentos sofridos pela viga.
aberturas
7
retangulares
resultados numéricos
6
modelo de regressão
4
m = fo/fn
0
0 9 18 27 36 45 54 63 72 81
Análises
Na Figura 6 são apresentados os resultados obtidos para as vigas com aberturas quadradas
estudadas e na Figura 7 são apresentados os resultados obtidos para as vigas com aberturas
circulares. Novamente o modelo de regressão estima o acréscimo de flecha na viga com
abertura(s) em relação à viga de alma cheia com boa precisão.
7
aberturas
2,0
quadradas
resultados numéricos
1,8
modelo de regressão
1,6
m = fo/fn
1,4
1,2
1,0
0,8
81 90 99 108 117 126 135 144 153 162
Análises
Os resultados das simulações numéricas demonstram que as aberturas retangulares são as que
causam maior perturbação no comportamento da viga. As aberturas circulares são as que
menos afetam o comportamento da viga.
aberturas
2,0
circulares
resultados numéricos
1,8
modelo de regressão
1,6
m = fo/fn
1,4
1,2
1,0
0,8
162 171 180 189 198 207 216 225 234 243
Análises
De modo geral, como se pode observar nas Figuras 5, 6 e 7, as aberturas causam pouco
acréscimo nos deslocamentos em relação à flecha da viga sem aberturas. Não obstante, no
caso das aberturas retangulares, dependendo do tamanho das aberturas e de sua quantidade,
os deslocamentos podem aumentar de 2 a 4 vezes.
8
4 EXEMPLO
Deseja-se calcular a flecha de uma viga de aço birrotulada com vão L = 6 m, constituída por um
perfil I laminado W46052 com altura (d) igual a 450 mm, largura das mesas (bf) igual a
152 mm, espessura das mesas (tf) igual a 10,8 mm e espessura da alma (tw) igual a 7,6 mm,
contendo duas aberturas retangulares com dimensões de 540×270 mm, não reforçadas, como
representado na Figura 8. A viga encontra-se submetida a uma carga de serviço
uniformemente distribuída q = 21,6 kN/m.
21,6 kN/m
y
z
6000 mm
Número de aberturas n = 2
7,6 2703
Io 2
450 103
450 152 10,8
3, 56 7 , 59
450 270 2
1,83
f o 8,5 1 18065
1 450 10
3
0 , 319
9,4 mm
6000 450 1,0
9
5 CONCLUSÃO
Neste trabalho apresentou-se o desenvolvimento de um modelo semi-empírico para o cálculo
da flecha em vigas de aço com aberturas na alma. Para ajustar estatisticamente o modelo
semi-empírico, foram utilizados os resultados de 252 casos de vigas simuladas numericamente
com modelos de elementos finitos.
Nas análises numéricas realizadas, diversos parâmetros que afetam as deformações das vigas
com aberturas foram variados, com o objetivo de produzir resultados para posterior ajuste de
um modelo de regressão.
O modelo proposto pode ser aplicado a vigas em perfil I duplamente simétrico com aberturas
na alma sem reforço ou com reforço constituído por chapas planas soldadas na alma acima e
abaixo da abertura, conforme recomendado no Design Guide 2 do AISC [3].
Conservadoramente também pode ser aplicado a vigas mistas de sistemas de piso de edifícios,
uma vez que a rigidez da viga mista é um pouco maior do que a rigidez da viga de aço isolada.
A equação obtida apresentou boa correlação com os resultados dos experimentos numéricos e
é útil para o cálculo prático de flechas em vigas com aberturas na alma, cuja análise rigorosa é
muito trabalhosa, dispensando o uso de modelos numéricos avançados.
Agradecimentos
Os autores agradecem à FAPEMIG, à CAPES, ao CNPq e à Universidade Federal de Viçosa pelo
apoio para a realização deste trabalho.
REFERÊNCIAS
2 Darwin, D., Lucas, W. C. LFRD for Steel and Composite Beams with Web Openings. ASCE
Journal of Structural Engineering, 1990, vol. 116, n. 6, pp. 1579-1593.
3 Darwin, D. Steel and composite with web openings. Steel Design Guide Series 2, Chicago:
American Institute of Steel Construction; 1990.
4 Veríssimo, G. S; Ribeiro, J. C. L.; Flecha em vigas com aberturas na alma, Relatório Técnico,
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Engenharia Civil; 2012.
6 Gerdau. Perfis Estruturais Gerdau Informações Técnicas, São Paulo: Gerdau; 2012.
10
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
Resumo
Palavras-chave: Perfis formados a frio, rebites com rosca interna, parafusos com cabeça sextavada, pilares
mistos, ensaios de cisalhamento direto, simulação numérica.
________________________________
* Contribuição tecnocientífica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da
Construção Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
As estruturas mistas de aço e concreto se tornaram nos últimos anos cada vez mais presentes
na construção civil. Essas soluções têm sido amplamente empregadas em pontes, shopping
centers, edifícios comerciais e também nas reformas dos estádios utilizados na Copa do
Mundo do Brasil em 2014. Com essa crescente demanda, há uma grande necessidade pela
busca de novas tecnologias no ramo de estruturas mistas.
2
Essa tecnologia quando combinada com sistemas mistos com PFF, apresenta diversas
vantagens: montagem por um único acesso em perfis caixa; não requer operador
especializado; superfícies acabadas, sem operações secundárias; fixam materiais diferentes,
inclusive várias chapas; possibilidade de ligação parafusada em chapa fina; baixo investimento;
instalação simples e rápida da ferramenta; pode ser aplicado em linha de montagem;
posicionamento preciso; alta resistência na rosca; baixo consumo de energia; comportamento
mais rígido do conector parafuso devido à rebitagem.
Por ser uma nova tecnologia, ainda não há uma formulação específica para o
dimensionamento desses conectores como meios de introdução de carga nos pilares mistos de
aço e concreto. No entanto, diversos estudos foram realizados na EEUFMG para estudar a sua
concepção estrutural, podendo citar: Bremer [1], Oliveira [2], Oliveira [3] e Quiñonez [4].
Bremer [1] e Oliveira [2] realizaram estudos teórico-experimentais desses conectores em
sistemas de laje mista com fôrma de aço incorporada (deck metálico, ou popularmente, steel
deck), sendo estes modelos em escala natural. Nos estudos de Oliveira [2] foram ensaiados
quatro modelos, sendo dois modelos com duas camadas de Teflon entre o perfil metálico e a
laje de concreto, e outros dois modelos sem as camadas de Teflon entre os dois perfis, para se
analisar a influência do atrito entre o concreto e o aço do perfil. Quiñores [4] estudou o
comportamento e a resistência de ligações parafusadas de ligações mistas viga-pilar
constituídos por PFF. Oliveira [3] e Bremer [1] realizaram ensaios de cisalhamento direto
padrão (“push-out”), com o objetivo de analisar o comportamento e a resistência dos
conectores de cisalhamento com rebite com rosca interna. Nos ensaios de cisalhamento
direto realizados por Bremer [1] foram utilizadas formas de aço incorporadas nas lajes de
concreto, enquanto que nos modelos de Oliveira [3] foram analisadas lajes de concreto com e
sem armaduras. Os autores verificaram que estes conectores apresentavam um
comportamento flexível e dúctil.
Este artigo apresenta um estudo teórico-experimental que tem como objetivo estudar o
comportamento de conectores de cisalhamento constituídos por parafuso e rebite tubular
com rosca interna em pilares mistos de aço e concreto com perfis formados a frio (PFF). Os
modelos experimentais propostos seguem os procedimentos de ensaio de cisalhamento direto
padrão, preconizados pela norma europeia EN 1994-1-1:2004 [5]. Contudo, nestes ensaios
foram realizadas algumas adaptações que visam obter uma melhor avaliação do uso desses
conectores em pilares mistos preenchidos com concreto. O estudo teórico foi realizado através
de simulações numéricas dos modelos experimentais, utilizado o software comercial de
elementos finitos, ABAQUS. Nessas simulações são consideradas a não linearidade geométrica
e a não linearidade física, e também os efeitos de dano no concreto. Com esses modelos
numéricos serão realizados estudos paramétricos com o objetivo de propor uma solução
analítica para o dimensionamento do conector de cisalhamento como componente de
transferência de carga entre vigas e pilares mistos de aço e concreto com PFF.
3
2 PROGRAMA EXPERIMENTAL
Foram ensaiadas e analisadas duas séries de modelos de pilares com perfis formados a frio
preenchidos com concreto, utilizando conectores de cisalhamento constituídos por parafuso e
rebite tubular com rosca interna. Cada série analisada apresentava três modelos; essas séries
eram diferenciadas somente pelo número de conectores de cisalhamento. Os modelos da série
B4 apresentavam 4 conectores, enquanto que os modelos da série B8 apresentavam 8
conectores (observar Tabela 1). Cada conjunto de quatro conectores era distribuído em um
nível diferente de altura, como pode ser observado nas Figuras 2 e 3. Os ensaios dos modelos
foram realizados no Laboratório de Análise Experimental de Estruturas (LAEES) da EEUFMG.
(a) (b)
Figura 2 – Modelos antes de serem concretados: (a) vista externa dos modelos, (b) vista interna dos
modelos.
4
Os modelos analisados neste estudo foram fabricados a partir da conformação a frio de chapa
fina de aço fabricada pela USIMINAS, especificação USI SAC 300. Após os ensaios de
caracterização deste material, obteve-se as seguinte propriedades mecânicas: fy = 373,6 MPa
(resistência ao escoamento do aço) e fu = 486,2 MPa (resistência à ruptura do aço na tração).
Os perfis de chapa fina, por sua vez, foram fabricados por meio da soldagem de dois perfis U
enrijecidos (Ue), utilizando solda de filete intermitente (observar Figura 2) . Estes perfis Ue
apresentavam dimensões nominais de 175x65x25x3,75 mm e um comprimento longitudinal de
505 mm (altura dos pilares). A chapa inferior soldada junto à base do pilar apresentava
dimensões de 220x220m e espessura de 6,30 mm.
Para a concretagem dos pilares foi utilizado concreto convencional com fck de 25 MPa e slump
de 18 cm. Nos ensaios de caracterização da resistência do concreto foram obtidas as seguintes
propriedades mecânicas: fcm = 36,33 MPa (resistência média à compressão), fctm = 3,47 MPa
(resistência média à tração), Ecm = 29,36 GPa (módulo de elasticidade médio do concreto à
compressão).
Os rebites tubulares com rosca interna eram do tipo RIVKLE M12x1,5 PO300, fabricados pela
Bollhoff, com aço SAE1040 temperado. Estes rebites antes de sofrerem o procedimento de
fixação, apresentam o comprimento longitudinal total de 30 mm. Contudo após este
procedimento, há um encurtamento do corpo rebite. Dessa forma, antes que os pilares fossem
concretados, foram realizadas medidas para obter o comprimento longitudinal destes rebites
após a sua fixação, apresentando um comprimento médio de 21 mm descontando a espessura
do perfil de aço, como pode ser observado na vista A-A representada na Figura 3. Os parafusos
utilizados eram sextavados com rosca total, apresentando diâmetros de 12 mm e
comprimento do corpo de 70 mm. Estes parafusos eram do tipo DIN960 Classe 5.8.
5
Figura 3 - Desenho representativo dos modelos experimentais, dimensões em mm.
O carregamento foi aplicado de forma centrada na parte superior do pilar misto, sobre o
núcleo de concreto (observar Figura 4). Para medir os deslizamentos relativos entre o perfil de
aço e o núcleo de concreto, foram utilizados dois transdutores de deslocamentos (DTs),
posicionados na posição vertical. Ao observar Figura 4, percebe-se que estes DTs eram fixados
lateralmente sobre os modelos com o auxílio de uma base magnética. A disposição
apresentada na Figura 4b foi utilizada nos últimos modelos ensaiados.
6
Carregamento aplicado
sobre o núcleo de concreto
DT vertical medindo o
deslizamento relativo
(a) (b)
Figura 4 – Montagem e instrumentação dos ensaios de cisalhamento direto realizados nos modelos
A execução dos ensaios foi realizada em duas etapas distintas. Na primeira etapa de cada um
dos ensaios foram realizados 25 ciclos de carga e descarga, com o carregamento variando
entre 5% e 40% da carga última esperada. A carga última estimada foi baseada nos ensaios de
cisalhamento direto realizados por Bremer [1]. Conforme os resultados obtidos pela autora,
cada conector de cisalhamento resiste aproximadamente a um carregamento de 40 kN. Na
segunda etapa, por sua vez, os modelos são submetidos a um carregamento estático e
progressivo até o colapso estrutural. Estes procedimentos descritos seguem as especificações
dos ensaios de cisalhamento direto padrão, preconizados pela norma EN 1992-1-1:2004 [5].
3 SIMULAÇÃO NUMÉRICA
O estudo numérico foi realizado por meio de simulações dos modelos experimentais
analisados utilizando o software comercial de elementos finitos, ABAQUS versão 6.10. Neste
estudo foi modelado apenas um quarto dos modelos, devido à sua simetria, como pode ser
observado na Figura 5. Foram analisados dois modelos numéricos, apresentando as dimensões
reais médias dos modelos experimentais das séries B4 (4 conectores) e B8 (8 conectores),
sendo estes denominados como modelos B4n e B8n, respectivamente. A chapa inferior
soldada junto à base do pilar não foi considerada na modelagem, levando em conta que a
7
extremidade inferior do perfil de aço está apoiada. Assim como nos modelos experimentais, o
carregamento foi aplicado diretamente na extremidade superior do núcleo de concreto do
pilar misto.
Figura 5 – Simulação numérica dos modelos experimentais realizada pelo software comercial ABAQUS,
versão 6.10.
Os componentes estruturais (perfil de aço, núcleo de concreto, parafusos e rebites com rosca
interna) foram modelados com elementos do tipo C3D8 (linear, hexaédrico e sólido). Este tipo
de elemento possui oito nós e três graus de liberdade por nó (translação segundo os eixos
principais x, y e z), como pode ser observado na Figura 6.
8
Na interface entre o rebite e o corpo do parafuso, foi adotado um alto coeficiente de atrito
estático, igual a 1, simulando o efeito de rosqueamento entre o componentes. Para a
interação entre o rebite e a parede do tubo de aço foi considerando um engastamento
perfeito entre estes componentes, simulando o procedimento de fixação dos rebites. Nas
demais interações o coeficiente de atrito estático foi considerado nulo. Para a modelagem foi
utilizada malha que continha aproximadamente 19 mil elementos para o modelo B4n e 22 mil
elementos para o modelo B8n. Foram adotadas as seguintes restrições de movimento nos
modelos: deslocamento lateral na direção y no plano de simetria x-z, deslocamento lateral na
direção x no plano de simetria y-z, deslocamento vertical na direção do eixo z na extremidade
inferior do perfil de aço (base do pilar) e os deslocamentos laterais na direção dos eixos x e y
no topo do pilar. As respectivas direções dos eixos e as restrições são representadas na Figura
7.
Plano de simetria y:
restrição ao deslocamento
Plano de simetria x: lateral na direção x
restrição ao deslocamento
lateral na direção y
Topo do pilar:
deslocamentos
Extremidade inferior
laterais impedidos
do perfil de aço:
restrição ao
deslocamento vertical
9
Tabela 2 – Propriedades mecânicas dos materiais metálicos utilizados na modelagem numérica.
O método de convergência utilizado nas simulações foi o de Riks modificado, sendo este um
método de comprimento de arco. Este método realiza incrementos de carga e deslocamentos,
apresentando uma maior facilidade de convergência nos resultados, caso a estrutura torne-se
instável em um determinado incremento. Para levar em conta o efeito do confinamento no
núcleo de concreto e de dano, foi utilizado o modelo constitutivo Concrete Damage Plasticity.
10
Figura 8 - Determinação da capacidade de deslizamento δu [5].
Segundo Almeida [8] não se encontra na literatura vigente uma definição precisa dos limites
de rigidez que caracterizam um conector como rígido ou flexível. Contudo, o autor define em
seu estudo que os conectores que apresentam uma rigidez secante menor ou igual a
200 kN/mm são classificados como flexíveis, e os restantes como rígidos. A rigidez secante é
definida conforme item A.3(3) do EN 1994-1-1:2004, igual a ksc = 0,7 PRk/s, onde s é o
deslizamento relativo que ocorre para a força de 0,7 PRk.
5 RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Nas Figuras 9 e 10 são representados os diagramas de força versus deslizamento relativo dos
modelos experimentais, considerando apenas o carregamento estático e progressivo, realizado
após os 25 ciclos de carga e descarga. Analisando estes diagramas, percebe-se que se atinge
um patamar de carga nos modelos a partir de um deslizamento relativo de 6 mm, com exceção
do modelo B8-3, que apresentou um comportamento mais frágil em relação aos outros
modelos. Como não há uma perda de rigidez das curvas após se atingir a carga última do
ensaio (Pu), δuk é definido como o deslizamento relativo medido ao nível de Pu. Dessa forma,
os conectores de cisalhamento podem ser considerados como dúcteis, por apresentarem
deslizamentos relativos δuk superiores a 6 mm. O ensaio do modelo B4-1 foi interrompido logo
após se atingir um patamar de carga, para que posteriormente se realizar-se um corte no perfil
para verificar a causa do colapso estrutural.
11
200
180
160
140
120
Força (kN)
100
80
60 Modelo exp B4-1*
40 Modelo exp B4-2
20 Modelo exp B4-3
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deslizamento relativo (mm)
Figura 9 - Força versus deslizamento relativo dos modelos da série B4 1.
350
300
250
200
Força (kN)
150
100 Modelo exp B8-1
Modelo exp B8-2
50
Modelo exp B8-3
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
Deslizamento relativo (mm)
1
O ensaiado do modelo B4-1 foi interrompido quando se alcançou um deslizamento relativo superior de
7 mm.
12
Tabela 4 – Parâmetros de resistência dos conectores de cisalhamento dos modelos da série B4.
Tabela 5 - Parâmetros de resistência dos conectores de cisalhamento dos modelos da série B8.
Nos modelos com 4 conetores (série B4), obteve-se valores de carga última por conector em
torno de 40 kN, próximos aos encontrados por Bremer [1] em ensaios do tipo push-out
padrão. Para se verificar qual estado limite a estrutura estaria sujeita, realizou-se um corte
retangular nos perfis dos modelos B4-1 e B4-2, como pode ser observado na Figura 11.
Concluiu-se que os modelos começavam a perder rigidez devido à fissuração do núcleo do
concreto, ocasionada devido a rotação dos conectores. Observando ainda a Figura 11a, nota-
se que essas fissuras se originaram no nível dos conectores e se propagando até a outra
extremidade.
(a) (b)
Figura 11 – Fissuração e ruptura do núcleo de concreto nos modelos: (a) B4-1 e (b) B4-2.
13
Conforme descrito no item 2, para os modelos B4-1, B4-2, B4-3 e B8-1, a montagem e a
instrumentação dos ensaios foram realizadas de acordo com a disposição representada na
Figura 4a. Observando ainda essa figura, nota-se que para este procedimento de ensaio foi
utilizada uma chapa de aplicação de carga em formato circular. Contudo para o modelo B8-1,
ocorreu um esmagamento localizado no núcleo de concreto na região em contato com a chapa
de aplicação de carga, como pode-se observar na Figura 12b. Menciona-se também que a
carga última obtida neste modelo se apresentou bem abaixo da carga última estimada, igual a
320 kN (40 kN por conector de cisalhamento), além de se apresentar um pequeno
deslizamento relativo entre o perfil de aço e o núcleo de concreto. Dessa forma, foram
fabricadas duas chapas de aço com dimensões próximas às da seção transversal do núcleo de
concreto, atuando sobrepostas, com o intuito de garantir maior uniformidade do
carregamento aplicado e menor tensão na seção transversal do núcleo de concreto.
Com o carregamento sendo distribuído de forma mais homogênea sobre a seção transversal
do núcleo de concreto nos modelos com 8 conectores, foram obtidos valores superiores de
carga última e deslizamentos relativos se comparados com os do modelo M8-1 (observar a
Tabela 5). Apesar disto, foi observado também o esmagamento do núcleo de concreto,
representado pelo desnível da seção transversal do concreto, como pode ser observado na
Figura 12c. Este desnível originou-se devido à folga entre a chapa de aplicação de carga e o
perfil de aço. Nos modelos com 4 conectores, por sua vez, não foi observado o esmagamento
do núcleo de concreto caracterizado pelo desnível da seção transversal superior do núcleo de
concreto (observar Figura 12a).
Figura 12 – Vista superior dos modelos após a realização dos ensaios: (a) B4-3, (b) B8-1, (c) B8-2.
14
Para averiguar a ruptura do bloco do concreto, realizou-se um corte nos perfis dos modelos
B8-1 e B8-2, como pode ser observado na Figura 13. Ao observar essa figura, percebe-se que
ocorreu a linha de fissuração no primeiro nível de conectores. Averiguou-se também a ruptura
do bloco de concreto situado acima dos conectores, devido às bielas de compressão,
formando linhas de rupturas a 45o, que se prolongam até o nível dos conectores. Para essa
série, houve uma redução da carga última média por conector de 18% em relação à carga
última média obtida na série B4.
(a) (b)
Figura 13 - Fissuração e ruptura do núcleo de concreto nos modelos: (a) B8-1 e (b) B8-2.
(a) (b)
Figura 14 – Representação do giro dos conectores no modelo M8-5: (a) vista externa, (b) vista interna.
15
4 RESULTADOS NUMÉRICOS
200
180
160
140
120
Força (kN)
100
80
60 Modelo num B4n
Modelo exp B4-1
40 Modelo exp B4-2
20 Modelo exp B4-3
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)
Figura 15 - Força versus deslizamento relativo do modelo numérico B4n e os modelos experimentais da
série B4, limitado a um deslizamento relativo de 12 mm.
350
300
250
200
Força (kN)
150
Modelo num B8n
100
Modelo exp B8-1
50 Modelo exp B8-2
Modelo exp B8-3
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)
Figura 16 - Força versus deslizamento relativo do modelo numérico B8n e os modelos experimentais da
série B8, limitado a um deslizamento relativo de 12 mm.
16
A comparação entre os resultados numéricos e experimentais da carga última dos modelos é
apresentada na Tabela 6. Comparando esses resultados obteve-se erros de 3,63% e 4,95% para
as séries B4 e B8, respectivamente. Desconsiderando o modelo experimental M8-1, que
apresentou um comportamento mais frágil em relação aos outros modelos da série M8, o erro
da série B8 é reduzido para 2,81%. Dessa forma, a modelagem numérica apresentou uma
grande eficiência para estimar a carga última dos modelos. Na simulação numérica foram
obtidos os seguintes valores para a rigidez secante: ksc,B4n = 7,19 kN/mm e ksc,B8n = 3,56
kN/mm. Conforme descrito no item 3, obteve-se uma grande dispersão entre os valores da
rigidez secante ksc determinados experimentalmente, dificultando dessa forma a confibilidade
destes parametros obtidos numericamente. Analisando ainda as curvas numéricas
apresentadas, obteve-se deslizamentos relativos superiores a 6 mm, caracterizando um
comportamento dúctil. Dessa forma, como na analise experimental, os conectores de
cisalhamento apresentaram um comportamento flexível e dúctil.
17
representada) se encontram bem próximas e a região esmagada de concreto acima do
segundo nível de conectores próximas a superfície do núcleo de concreto. Isto indica que, com
o avanço do carregamento, são formadas linhas de rupturas a 45o, como foi observado nos
modelos experimentais (ver Figura 13).
(a) (b)
Figura 17 - Tensões longitudinais de tração no núcleo de concreto nos modelos: (a) B4n, (b) B8n.
(a) (b)
Figura 18 - Tensões longitudinais de compressão no núcleo de concreto nos modelos: (a) B4n, (b) B8n.
18
O escoamento do aço do perfil é representado pela região cinza da Figura 20a. Essa região
apresenta tensões superiores a fy = 373,6 MPa. Para uma melhor análise do escoamento do
aço do perfil, são analisadas as tensões de von Mises. Nas simulações notou-se que o
escoamento ocorria na região próxima ao nivel dos conectores e na mesma face do perfil que
estes estão situados.
(a) (b)
Figura 19 – Escoamento do aço do perfil nos modelos: (a) B8n, (b) B8-2.
(a) (b)
Figura 20 - Representação do giro dos conectores nos modelos: (a) B8n, (b) B8-2.
19
5 CONCLUSÃO
Após a realização dos ensaios e a simulação numérica desses modelos, pode-se concluir que a
modelagem retratou bem o comportamento dos conectores de cisalhamento estudados. Em
ambas as análises experimentais e numéricas foram observados os seguintes fenômenos:
fissuração do núcleo de concreto na altura do primeiro nível de conectores, rompimento do
núcleo de concreto para os modelos com 8 conectores (formando linhas de rupturas a 45 o),
engastamento dos conectores na interface concreto-perfil de aço e o escoamento do perfil de
aço na região próxima ao nível dos conectores. A modelagem numérica apresentou uma boa
eficiência para se estimar a carga última dos modelos apresentando erros menores que 5%.
Agradecimentos
20
REFERÊNCIAS
1 Bremer, C. F. Vigas Mistas em Perfis Formados a Frio Com Lajes Mistas e Lajes Moldadas
Sobre Painéis de Concreto Celular. Tese (Doutorado). Belo Horizonte: Escola de Engenharia,
Universidade Federal de Minas Gerais; 2007.
2 Oliveira, C. G. R. Análise teórico – experimental de vigas mistas com perfis formados a frio,
considerando a flexibilidade dos conectores de cisalhamento e a influência do atrito entre o
concreto e o aço do perfil. Dissertação (Mestrado) Belo Horizonte: Escola de Engenharia,
Universidade Federal de Minas Gerais; 2009.
21
Tema: Estruturas Metálicas e Mistas
Priscilla I. S. Ribeiro ¹
Adenilcia F. G. Calenzani ²
3
Augusto Alvarenga
4
Walnório Graça Ferreira
Resumo
Os profissionais da arquitetura ainda não estão habituados à concepção de projetos de
estruturas em aço. Existe a necessidade de uma maior reciprocidade entre o trabalho do
arquiteto e do calculista. Uma das principais preocupações tem sido a melhoria da formação
técnica dos arquitetos, bem como o desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a
inserção desses profissionais no processo global de concepção, cálculo, fabricação e
montagem das estruturas de aço.
Dentro desse contexto, nesse trabalho foi desenvolvido um programa computacional,
denominado Metal Fácil, para proporcionar à comunidade acadêmica e aos profissionais uma
ferramenta prática e didática de pré-dimensionamento de elementos em aço de edifícios de
múltiplos andares, tendo como ponto de partida os dados do projeto arquitetônico. Para
sistemas de piso compostos por lajes mistas e vigas de aço, o Metal Fácil calcula o perfil de aço
adequado às vigas a partir do carregamento selecionado pelo usuário. Pilares de aço
submetidos à compressão simples também são pré-dimensionados pelo programa.
Fluxogramas para o pré-dimensionamento dos elementos estruturais foram desenvolvidos
para dar suporte à implementação computacional realizada no Visual Basic for Applications
7.1. O programa Metal Fácil foi validado e teve a sua eficiência comprovada para os fins de
pré-dimensionamento a que se destina.
1
Estudante de Graduação, Arquitetura e Urbanismo - Universidade Federal do Espírito Santo
2
Prof(a). Dr(a)., Departamento de Engenharia Civil – Universidade Federal do Espírito Santo
3
Prof. Dr., Departamento de Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal do Espírito Santo
4
Prof. Dr., Departamento de Engenharia Civil – Universidade Federal do Espírito Santo
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
Subject: Composite and Steel Structures
Abstract
Professionals in the architecture are not yet accustomed to the design of structural steel
projects. There is a need for greater reciprocity between the architect's work and calculating. A
major concern has been to improve the technical training of architects, as well as the
development of mechanisms that enable the integration of these professionals in the overall
process of design, calculation, manufacture and erection of steel structures.
Within this context, this paper develops a computer program, called Metal Fácil to provide the
academic community and area’s professionals a practical and didactic tool for preliminary
design of steel structural elements, having as starting point the data of architectural design. To
floor systems constituted for composite slabs and steel beams, Metal Fácil calculates the
section suitable for steel beams according to load specified by the user. Steel columns subject
to pure compression are also designed by the program. Flow charts for the preliminary design
of these structural elements were developed aiming to support the computational
implementation developed in the Visual Basic for Applications 7.1. Metal Fácil program has
been validated and it has had its efficiency proven for the purpose of preliminary design.
1
Undergrad Student, Architecture and Urbanism- Federal University Espírito Santo
2
Professor, Civil Engineering Department – Federal University Espírito Santo
3
Professor, Architecture and Urbanism Department– Federal University Espírito Santo
4
Professor, Civil Engineering Department – Federal University Espírito Santo
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
2
1 INTRODUÇÃO
São inúmeras as vantagens associadas à utilização de estruturas em aço. Dentre elas, podem-
se citar as vantagens associadas à economia: rapidez de execução, maior área útil nos andares
e pé-direito reduzido, baixo custo de fundações, canteiro de obras reduzido, facilidade de
montagem, desmontagem e reaproveitamento, construção independente das intempéries,
quase nenhuma utilização de madeira, facilidade de transporte e manuseio, baixo custo de
manutenção, fácil fixação de sistemas de vedação e de outros componentes, baixo índice de
desperdício, montagem programada minimizando trabalho “in loco” e precisão nas dimensões;
as vantagens tecnológicas: soluções eficientes para isolamento térmico e acústico, fácil
combinação com outros materiais e sistemas de proteção eficientes; as vantagens associadas à
concepção arquitetônica: grande liberdade de expressão, transparência, esbeltez e leveza,
grandes vãos livres. Por último, podem-se citar algumas vantagens associadas à preservação
do meio ambiente: boas condições de transporte do material, pouco barulho, pouca poeira e
pouco desperdício na construção, e por fim o aço é um material totalmente reciclável.
O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de aço, possuindo usinas siderúrgicas
reconhecidas internacionalmente, muitas das quais fabricam, além do próprio aço, também
perfis estruturais, FAKURY (2013). A engenharia brasileira encontra-se capacitada para levar
adiante as obras mais ousadas em estruturas de aço, entretanto os profissionais da
arquitetura, por uma série de motivos ainda não estão habituados à concepção de projetos de
estruturas em aço. Existe a necessidade de uma maior reciprocidade entre o trabalho do
arquiteto e do calculista. Uma das principais preocupações tem sido a melhoria da formação
técnica dos arquitetos, bem como o desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a
inserção desses profissionais no processo global de concepção, cálculo, fabricação e
montagem das estruturas de aço.
Outro tema bastante explorado atualmente é a necessidade da integração total de todas as
etapas da construção em aço, em especial a necessidade de interação do arquiteto não
somente com o engenheiro estrutural, mas também com o empreendedor, com o construtor,
com os fornecedores, e todos aqueles que participam direta ou indiretamente do processo
construtivo como um todo, MANCINI (2003).
Sendo assim, os arquitetos necessitam de ferramentas que permitam, de modo rápido e
prático, estimar as dimensões necessárias dos elementos estruturais, de modo a possibilitar-
lhes não somente a perspectiva de análise das interferências no projeto arquitetônico, mas
também a percepção das implicações da utilização de tais elementos no comportamento
global da estrutura e do consequente consumo de aço, MANCINI (2003).
Alguns fabricantes de produtos de aço lançaram no mercado publicações em forma de tabelas,
que auxiliam na determinação da carga máxima suportada por elementos estruturais (vigas e
pilares) fabricados a partir de seus produtos, considerando a variação no vão e no
comprimento da peça, podendo-se citar o trabalho de D’ALAMBERT e LIPPI (2010). Entretanto,
essa iniciativa, muito boa no que diz respeito ao fornecimento de pré-dimensionamento de
perfis de aço, não consegue ajudar efetivamente os profissionais de arquitetura, uma vez que
as dúvidas mais frequentes estão relacionadas ao lançamento da estrutura e à estimativa das
cargas atuantes. Pode-se citar também o trabalho de Eller at. al. (2011) que elaboraram
tabelas para o pré-dimensionamento de vigas mistas de aço e concreto de pontes vicinais. Os
3
resultados de Eller at. al. (2011) servem para auxiliar os profissionais de arquitetura e
engenharia na fase inicial do projeto de pontes em estruturas mistas de aço e concreto.
Neste contexto, este artigo trata de uma solução estrutural muito utilizada em edifícios de
múltiplos andares em aço, que consiste em lajes mistas de aço e concreto apoiadas em vigas e
pilares de aço. O objetivo foi o desenvolvimento de um programa computacional de fácil
utilização para o lançamento da estrutura e para o pré-dimensionamento de seus elementos
estruturais.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Como as lajes mistas de aço e concreto são unidirecionais, um layout típico para as vigas de
piso consiste de uma série de vigas secundárias paralelas, com espaçamento uniforme que
depende da capacidade resistente da laje. As vigas secundárias são usadas em conjunto com as
vigas primárias para compor um módulo do sistema de piso, figura 1(a), denominado módulo
básico. A figura 1(b) mostra variações do módulo básico que são usadas para acomodar os
requisitos do layout do edifício, MACDONALD (1998).
Nesse trabalho, um programa computacional foi desenvolvido tendo como base a utilização de
módulos, figura 1(a), para compor a área dos pavimentos de um edifício e proceder ao
lançamento da estrutura. Seis possíveis posições dos módulos em relação ao layout do edifício,
figura 2, foram consideradas. A posição (a) deve ser utilizada quando o pavimento é composto
por apenas um módulo. A posição (b) deve ser utilizada quando o módulo a ser dimensionado
possui uma viga em comum com outro módulo. As posições (c) e (d) devem ser utilizadas se o
módulo em estudo possuir duas vigas em comum com módulos adjacentes, a posição (e) se
houver três vigas em comuns com módulos adjacentes e por último a posição (f) se todas as
vigas de extremidade do módulo são comuns a módulos adjacentes.
Dessa forma, o usuário deve inicialmente modular (dividir em módulos) a planta do pavimento
e identificar os módulos de acordo com a figura 2 para proceder ao seu pré-dimensionamento.
4
A identificação do tipo de módulo é essencial à correta distribuição do carregamento das lajes
nas vigas.
O módulo básico possui três, quatro ou cinco vigas secundárias e duas vigas principais, figura 3.
O número máximo de cinco vigas secundárias foi estabelecido considerando quatro painéis de
lajes mistas com a máxima dimensão fornecida em catálogo, isto é, 4 m, o que levaria a uma
viga principal de 16m. Acima de 16m, a viga treliçada é uma solução economicamente mais
viável, entretanto, esse tipo de viga está fora do escopo do trabalho. O número mínimo de três
vigas secundárias foi estabelecido, porque no caso de se utilizar a menor dimensão de painel
para a laje mista, isto é, 2 m, a viga principal teria um vão de apenas 4 m. Vãos menores que 4
m, raramente são utilizados em vigas de aço.
5
Todos os perfis de aço manuseados no programa são compactos, isto é, as chapas
componentes do perfil não são sujeitas à flambagem local;
No pré-dimensionamento das vigas foi verificado o estado limite último relativo a
momento fletor (formação de rótula plática) e o estado limite de serviço relativo à
flecha excessiva. Não foram verificados os estados limites relativos ao esforço
cortante;
Os pilares são dimensionados somente à compressão simples.
A verificação do estado limite último de flambagem lateral com torção nas vigas não foi feita,
uma vez que a fôrma de aço (steel deck) fornece contenção lateral contínua. Esta hipótese é
bem realista se a fôrma possuir rigidez suficiente e estiver adequadamente ligada as vigas,
como é o caso de fôrmas de aço de nervuras transversais ao eixo da viga (Queiroz, 2001).
O programa possui apenas uma janela de entrada de dados o para pré-dimensionamento dos
módulos (figura 5). Nesta janela, estão descritos todos os itens que necessitam ser
especificados pelo usuário. Os itens referentes às dimensões do módulo são: Vão da Viga
Principal (Lx), Vão da Viga Secundária (Ly) e Número de Vigas secundárias (Nv).
Os dados Lx e Ly devem ser inseridos em metros e o número de vigas secundárias é escolhido
pelo usuário, porém respeitando o intervalo de 2 a 4 m para os vãos da laje mista. Caso isto
não aconteça, uma mensagem para alterar o número de vigas secundárias é exibida.
Em relação aos carregamentos, o programa já incorpora as prescrições da NBR 6120:1980,
ficando a cargo do usuário informar apenas o tipo da edificação (necessário para a definição
do carregamento acidental) e os materiais dos elementos construtivos como revestimento de
piso, forro, alvenaria e divisórias (necessários para a definição dos carregamentos
permanentes). O pé-direito dos pavimentos do edifício é solicitado ao usuário para a definição
do peso das alvenarias e divisórias.
6
Figura 5 – Entrada de dados para o pré-dimensionamento dos módulos
Caso o programa não encontre um perfil laminado que atenda às solicitações de cálculo para
as vigas dos módulos, o usuário tem a opção de pré-dimensionar a viga com um perfil soldado.
Basta inserir como dados de entrada a geometria da seção transversal, figura 6. O usuário
também deve fornecer a resistência ao escoamento do aço, que pode ser 25 kN/cm2 (ASTM
A36) ou 34,5 kN/cm² (ASTM A572 Gr 50).
7
2.3.3 Para a opção de pré-dimensionamento de pilar do módulo
Caso o usuário deseje pré-dimensionar um pilar que não faça parte do módulo pré-
dimensionado, os seguintes dados de entrada (figura 8) devem ser preenchidos: carga por
pavimento em kN/m², pé-direito em metros, área de influência em m² e número de
pavimentos do edifício.
8
requisitos mencionados, o programa exibe uma mensagem para aumentar o número de vigas
secundárias.
9
Figura 9 – Fluxograma de pré-dimensionamento das vigas dos módulos – Parte 1
10
Figura 10 – Fluxograma de pré-dimensionamento das vigas dos módulos – Parte II
11
Figura 11 – Fluxograma de pré-dimensionamento do pilar do módulo
12
Figura 12 – Fluxograma de pré-dimensionamento do pilar isolado
13
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
(b) Estrutural
Figura 13 – Imagem da edificação
14
Figura 14 – Planta do pavimento tipo
15
Figura 15 – Planta estrutural do pavimento tipo
16
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
RELATÓRIO DE DADOS
Data: 28/05/2014 Usuário: Priscillla
17
Figura 18 – Relatório de saída - Cálculo do pilar P1
O exemplo descrito foi devidamente aferido por cálculos manuais desenvolvidos com o auxílio
dos fluxogramas de cálculo.
4 CONCLUSÃO
18
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 8800. Projeto de estrutura de aço e de
estrutura mista de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- ABNT. NBR 6120. Cargas para cálculo de estruturas de
edificações. Rio de Janeiro, nov/1980.
D’ALAMBERT, F., LIPPI, I. Coletânea do uso do Aço - Tabela de vãos e cargas. 3ª Ed. Gerdau, São Paulo,
2010.
ELLER, P. R., PAULA, G. D., FERREIRA, W.G. Pré-Dimensionamento de Vigas Mistas de Aço e Concreto
para Pontes de Pequeno Porte. Engenharia Estudo e Pesquisa, Vol. 11, Nº 1, pg. 15-25, 2011.
FARURY, R. H. Realidade Brasileira. In: CEAM-UFMG Centro de estudos de estruturas de aço e mistas
aço e concreto da UFMG. Disponível em: https://www.sites.google.com/site/acoufmg/home/realidade-
brasileira. Acesso em 20/05/2013.
MORAES, P. S. Curso Básico de Lógica de Programação. Centro de Computação, DSC, UNICAMP, São
Paulo, 2000.
19
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
Resumo
Apesar da necessidade de intervenções em edificações antigas sempre ter existido, somente
nos últimos anos tem surgido a preocupação com a preservação do patrimônio histórico. O
estudo de caso realizado em edificação histórica localizada no Bairro do Recife, na cidade de
Recife/PE, apresenta as características necessárias para que seja realizada uma intervenção
estrutural ao mesmo tempo em que são mantidas as características históricas do edifício.
Durante o estudo foi realizado o dimensionamento estrutural através de softwares
computacionais e considerando os aspectos históricos da edificação. Também foi levando em
consideração a utilização de estrutura mista para otimização do conjunto estrutural. Este
trabalho tem como função principal expor as diversas vantagens e opções para restauração em
edificações históricas, serão apresentados os conceitos e critérios para recuperação estrutural
em edificações históricas, bem como o detalhamento do dimensionamento das peças no
estudo de caso mencionado, podendo ser feita uma validação entre os softwares utilizados.
Abstract
Despite the need for interventions in old buildings always have existed, only in recent years
has arisen concern for the preservation of historical heritage. The case study in the historic
building located in Bairro do Recife, in Recife/PE, presents the characteristics necessary for a
structural intervention at the same time that the historic features of the building are kept.
During the study case the structural design was done taking into consideration the historical
aspects of the building and making use of computer software, the use of steel-concrete
composite beam was considered to optimize the structural assembly. This work has as main
objective to expose the many advantages and options for restoration of historical buildings,
the concepts and criteria for structural repair in historic buildings will be presented as well as
the detailed calculus of the parts mentioned in the case study, a validation can be done
between the software used.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
Keywords: Structural Rehabilitation; Steel-Concrete Composite Beam; Steel Structures;
Historical Buildings.
2
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O primeiro software que será utilizado será o Metálicas3D (licença nº 92427) que, de acordo
com o manual de utilização do programa, é um software para cálculo de estruturas metálicas e
também de estruturas de madeira. Possui uma entrada de dados fácil, onde o usuário pode
desenhar a estrutura e com um prático comando de cotas, informa as dimensões do projeto
ou, também, pode-se importar um desenho feito em qualquer programa CAD (dwg ou dxf) e as
linhas deste desenho são transformadas em barras, sem a necessidade de redesenhar toda a
estrutura. O Software METÁLICAS 3D - Cálculo realiza o dimensionamento de acordo com as
seguintes normas:
• Madeira - NBR 7190
• Chapa Dobrada - NBR 14762
• Laminados e Soldados - NBR 8800
• Ações e Combinações - NBR 8681
• Carregamentos - NBR 6120
3
• Vento - NBR 6123
Através do cálculo automático dos coeficientes de flambagem o software determina
automaticamente, em função dos nós da estrutura, os valores mais apropriados, inclusive para
estruturas complexas, permitindo ao engenheiro adotar o coeficiente que achar mais
adequado.
O segundo software utilizado é o Bridge Advanced 3D V.15 é um programa de análise
tridimensional de estruturas, que permite a utilização de análises lineares e não-lineares
estáticas e dinâmica, efetuada com base EM um modelo de cálculo 3D constituído por
elementos de barra a simular as vigas e pilares e elementos de casca para simular lajes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo KUHL [2] As noções relativas à intervenções em obras do passado, surgidas desde o
Renascimento, começaram a se afirmar a partir da segunda metade do século XVIII, para
depois serem conjugadas nos conceitos relativos ao restauro. A restauração começou a
assumir uma conotação cultural, se afastando das ações ditadas por motivos práticos,
passando a se basear em conhecimento histórico e análises formais, com mais rigor e método
nos procedimentos.
A partir do Século XX a abordagem do Patrimônio Histórico, definido até então como conjunto
de edificações, objetos e documentos de valor histórico ou artistico, passou a ser analisado
considerando-se a integração em seu entorno. De acordo com GRAMMONT [3] nesse contexto
o conceito de monumento se estende para algumas cidades e conjuntos urbanos, passando a
ser percebidos com um papel memoral de monumentos.
GIRIBOLA [4] comenta que o PAC Cidades Históricas é uma ação intergovernamental articulada
com a sociedade para preservar o patrimônio brasileiro, valorizar nossa cultura e promover o
desenvolvi mento econômico e social com sustentabilidade e qualidade de vida para os
cidadãos e suas ações serão executadas em três frentes diferentes, sendo uma delas por meio
de licitação e contratação direta da obra pelo IPHAN através de licitações. A segunda frente,
que será a mais comum, será aquela onde o IPHAN apenas supervisionará as obras, cabendo
aos municípios a execução das obras, o projeto será elaborado pela própria prefeitura e
apenas aprovado pelo IPHAN, uma vez que o projeto esteja aprovado as prefeituras poderão
dar início ao processo de licitação e execução da obra.A terceira e última frente de execução
dos projetos será aquela em que se tratam de espaços públicos, onda a CEF será responsável
por fazer as análises posteriores à aprovação do IPHAN.
Ainda segundo GIRIBOLA [4] no estado de pernambuco as cidades de Recife e Olinda já tem
ações em andamento, entre eles o Cine Teatro Duarte Coelho, localizado no bairro do
Varadouro, em Olinda (PE), que já está em desuso desde 1980, que em 2005 já havia passado
por obras de requalidicação mas teve suas obras interrompidas. O projeto de recuperação do
cinema foi desenvolvido pela Prefeitura de Olinda juntamente com a SEPRAC do munício.
4
3.1 Conceitos
Segundo JESUS [1] em diversos países, inclusive no Brasil, os temas que envolvem as áreas
urbanas centrais têm sido discutidos nas últimas décadas em fóruns que enfocam o
desenvolvimento urbano, fazendo com que crescesse consideravelmente o número de
trabalhos acadêmicos sobre as intervenções em edifícios inseridos nas áreas centrais,
tornando necessária a criação de uma base conceitual única permitindo o completo
entendimento sobre o tema.
A partir das considerações de JESUS [1] sentiu-se a necessidade de neste trabalho fazer a
definição dos conceitos mais importantes no âmbito de recuperação de edificações históricas,
sendo eles:
Gutting: de acordo com CAMPOS, VELLASCO, LIMA, ANDRADE, & SILVA [5] gutting
pode ser definido com sendo o tipo de intervenção através do qual as áreas internas
adquirem novas características através da demolição das estruturas internas da
edificação e sua parcial ou total substituição por um tipo diferente. O arranjo mais
racional dos novos elementos estruturais, necessários devido à modificação de uso da
estrutura, dota a edificação de novos valores estilísticos;
Retrofit: JESUS [5] define retrofit como sendo “a troca ou substituição de componentes
ou subsistemas específicos de um edifício que se tornaram inadequados ou obsoletos,
seja pelo passar do tempo, ou em função da evolução tecnológica ou de novas
necessidades do usuário”;
Conservação: Segundo JESUS [1], o termo “conservação” está diretamente ligado com
a preservação da edificação no que se refere à sua importância para a sociedade
quanto aos aspectos culturais e históricos, envolvendo um conjunto de processos de
maior ou menor complexidade técnica;
Reparação: Segundo o IPHAN [6] entende-se como reparação o conjunto de operações
para corrigir danos incipientes e de pequena repercussão. São exemplos: troca ou
recuperação de ferragens, metais e acessórios das instalações, reposição de elementos
de coberturas, recomposições de pequenas partes de pisos e pavimentações e outras;
Restauração e Restauro: De acordo com MORAES & QUELHAS [7] a expressão
restauração tem sua utilização quando se trata de intervenções em obras de arte,
correspondendo a um conjunto de ações executado para que seja possível recuperar a
concepção original ou momento áureo da história da edificação restaurada;
Revitalização: A revitalização, segundo o IPHAN [6], consiste em “conjunto de
operações desenvolvidas em áreas urbanas degradadas ou conjuntos de edificações de
valor histórico de apoio à “reabilitação” das estruturas sociais, econômicas e culturais
5
locais, procurando a consequente melhoria da qualidade geral dessas áreas ou
conjuntos urbanos”.
De acordo com CHAMBERLAIN, FICANHA, & FABEANE [8] o ferro começou a ser utilizado,
8.000 anos atrás, somente como adorno nas construções ou com fins militares em civilizações
como o Egito, a Babilônia e a Índia, sendo que somente em meados do século XIX, como
consequência da Revolução Industrial, o uso do ferro atingiu a escala industrial. A primeira
grande obra construída em ferro foi a ponte do rio Severn, em Coalbrokdale, na Inglaterra, em
1779 (Figura 1), e a aplicação desse material em edifício teve como marco a construção do
Palácio de Cristal em Londres, em 1851 (Figura 2).
De acordo com BELLEI, PINHO, & PINHO [11] A utilização da estrutura metálica vem ganhando cada
mais espaço na construção civil brasileira, como consequência desse cenário em 1953 a FEM,
desativada em 1998., iniciou a formação de mão-de-obra especializada, bem como o ciclo completo
de produção das Estruturas Metálicas. No Brasil podem ser encontrados diversos bons exemplos de
construção em Estrutura Metálica como o Edifício Garagem América, construído em 1957, o Edifício
Avenida Central, construído em 1961, o Edifício Escritório Central da CSN, construído em 1966 e o
Edifício Casa do Comércio da Bahia.
A utilização das estruturas de aço na construção civil apresenta inúmeras vantagens em relação ao
sistema convencional de concreto armado, dentre elas estão, principalmente, a elevada resistência
tanto à tração como à compressão do aço e o caráter de produção industrial das peças, fazendo com
que haja uma maior precisão e garantindo a homogeneidade do material.
estrutura metálica apresenta também pontos de desvantagem em relação ao sistema usual de
concreto armado, sendo eles (CHAMBERLAIN, FICANHA, & FABEANE , 2013):
• Possibilidade de um custo mais elevado da obra a depender do planejamento que foi
realizado;
6
• Alta especialização da mão-de-obra;
• Dificuldade de encontrar determinados aços e perfis em algumas regiões do Brasil;
• Tradição cultural por parte da população de determinadas regiões;
• Necessidade de mercado de componentes desenvolvidos (fachada pré-moldada, dry-wall
etc.);
• Viabiliza somente elementos lineares, para lajes ainda é necessária a associação com
concreto.
“As normas são o resumo do resultado da experiência acumulada em cada área de conhecimento e
devem estar em contínuo aperfeiçoamento, com base nas últimas pesquisas e testes. O seu emprego
garante ao projetista um projeto seguro e econômico. Podemos empregar normas nacionais e
estrangeiras, devendo-se, entretanto, tomar muito cuidado ao se misturar recomendações de
diferentes normas” BELLEI, PINHO, & PINHO [11].
As principais normas ABNT aplicáveis para a construção com estruturas metálicas são:
• NBR 5884 - Perfil estrutural soldado por arco elétrico;
• NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edifícios;
• NBR 6123 - Forças devidas aos ventos em edificações;
• NBR 6648 - Chapas grossas de aço carbono para uso estrutural;
• NBR 6650 - Chapas finas à quente de aço carbono para uso estrutural;
• NBR 7007 - Aços-carbono e microligados para uso estrutural geral;
• NBR 8800 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de
edifícios;
• NBR 14323 - Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação ce incêndio;
• NBR 14432 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações;
• NBR 15279 - Perfil estrutural de aço soldado por eletrofusão.
Para que seja possível a intervenção estrutural em uma edificação histórica é necessário que se
obtenha a maior quantidade de informações possíveis sobre o sistema estrutural existente, de forma
que seja possível a estimativa da sua capacidade de carga, bem como é necessário o desenho do
reforço e os detalhes de recuperação.
O processo ideal de recuperação estrutural é único para cada edificação, tendo em vista a
singularidade do sistema estrutural bem como do tipo de material e técnica utilizada durante a
construção original. As etapas básica da avaliação estrutural de uma edificação histórica devem
conter uma avaliação detalhada da degradação sofrida pela construção, de forma a dimensionar os
danos estruturais.
Assim como para uma nova obra em estrutura metálica as obras de intervenção em estruturas de
edificações históricas devem passar por diversas fases, abrangendo desde o levantamento
arquitetônico até a proteção da estrutura contra o fogo.
Durante a execução do levantamento arquitetônico deve-se coletar a maior quantidade de
informações possível sobre a estrutura existente, para que seja possível a execução de um projeto
7
compatível com a edificação já construída. Após o levantamento da arquitetura existente deverá ser
executado um projeto de compatibilização da arquitetura para a nova finalidade da edificação, a
partir do qual será desenvolvido o projeto de estrutura.
O projeto de intervenção na estrutura da edificação será realizado de forma a tornar possível a
funcionalidade do novo projeto de arquitetura, sempre respeitando a estrutura existente da
edificação. A partir do projeto de estrutura, já aprovado pelos órgãos responsáveis, será feito todo o
detalhamento das peças que serão utilizadas na estrutura, indicando todas as ligações que deverão
ser executadas.
Segundo CAVALERA apud BORGES & SÁLES [12] normalmente o processo de recuperação de um
edifício engloba o processo de substituição de componentes ou inserção de outros de modo a
possibilitar o completo funcionamento da estrutura. O projeto de intervenção estrutural em uma
edificação é realizado após análise minuciosa que atente para as seguintes características:
a) Segurança – É possível prever se a ruina da edificação se apresentará em curto ou médio
prazo através da apresentação de sintomas como movimentação e fissuras em alguns elementos
estruturais;
b) Adequação – As atuais exigências da sociedade podem não estar de acordo com as
características estéticas e funcionais existentes da edificação;
c) Conforto – O projeto de intervenção deve conter elementos de proteção e acabamento bem
como instalações que funcionem.
CAVALERA apud BORGES & SÁLES [12] observam ainda que o plano de atuação detalhado só será
possível mediante inspeção preliminar da estrutura, e tal plano deve definir a estrutura ou parte dela
que será estudada e seu estado de conservação. Podem ser definidos os seguintes tipos de atuação:
a) Inspeção visual detalhada, visando o estabelecimento de procedimentos adequados:
• Esquema estrutural: Seções, tipologias dos elementos estruturais, sistemas de apoio.
• Sistemas de união: geometria e disposição e controle dimensional de alguns elementos.
• Possíveis defeitos: Deformações nos elementos estruturais, inspeção de ligações soldadas e
parafusadas, corrosão, deterioração, fissuras, entre outros.
b) Tomada de amostras e ensaios destrutivos: ensaios mecânicos de qualificação do material,
ensaios químicos.
c) Ensaios não destrutivos: ensaios de soldas (radiografias, líquidos penetrantes, ultrassom),
comprovação de perda de espessura, ensaios de carga.
São três as principais características que devem ser asseguradas no que diz respeito ao tipo de
material utilizado nas intervenções em edificações históricas sendo elas:
• Compatibilidade: As alterações das características de rigidez da construção devem ser
minimizadas, de forma que aja compatibilidade mecânico-estrutural entre a estrutura original e
aquela que será introduzida.
• Durabilidade: Os materiais utilizados na recuperação estrutural devem ter longos períodos de
vida, de forma que atenda à necessidade de preservação da estrutura antiga no decorrer do tempo.
• Reversibilidade: É necessário que se mantenha a possibilidade de reversão da intervenção
estrutural sem que sejam provocados danos na estrutura original caso revelem sinais de
incompatibilidade ou cheguem ao fim de sua vida útil.
8
3.4 Estudo de Caso
A edificação objeto deste estudo é o Armazém 09, localizado no Bairro do Recife, na cidade de
Recife/PE. O prédio será revitalizado para que possa assumir características de edifício comercial,
com escritórios e lojas, fazendo parte do conjunto de edifícios revitalizados chamado Porto Novo do
Recife.
O edifício existente, com estrutura original em estrutura metálica, está localizado no entorno da área
tombada pelo IPHAN para o Bairro do Recife, que se encontra inserida no setor de intervenção
controlado pelo Lei Urbanística Municipal. O Armazém 9 é testemunho de valor documental,
memorial e simbólico da arquitetura portuária que resultou da reforma do Bairro do Recife no início
do século XX.
Durante estudo de viabilidade do empreendimento foram constatadas algumas características da
estrutura da edificação existente que se tornaram determinantes quanto ao tipo de recuperação
estrutural a ser executada. Foi observado que o grau de corrosão nas peças estruturais do armazém
estava bastante elevado (Figuras 3 a 5) fazendo com que fosse descartada a possibilidade de
utilização dessas peças com fins estruturas na nova estrutura, no entanto, as peças que formam a
treliça da coberta se encontravam em perfeito estado (Figura 6 e 7) e foram utilizadas na nova
coberta, sendo necessária apenas a troca dos seus apoios (Figura 8 e 9).
Figura 3 – Corrosão nas estrutura existente Figura 4– Corrosão nas estrutura existente
da edificação da edificação
9
Figura 6 – Estrutura da coberta existente
que será reutilizada
10
deck para otimização do conjunto estrutural. Com a utilização de viga mista com laje steel deck foi
possível se obter uma estrutura mais leve e que não se distancie, visualmente falando, da estrutura
original. Outro motivo que foi determinante na utilização da estrutura metálica foi a dificuldade de
execução de estruturas em concreto armado dentro do armazém tendo a vista que não seria possível
a desmontagem das treliças das coberta para a execução da nova estrutura.
Considerando que a nova estrutura do Armazém 09 será destinada para uso de fins comerciais,
foram consideradas as seguintes cargas de projeto para dimensionamento da estrutura:
• Peso próprio do revestimento da laje: 0,10tf/m²=0,98KN/m²;
• Peso próprio da alvenaria de vedação: 0,80tf/m=7,84KN/m
• Sobrecarga de Utilização: 0,25tf/m²=2,74KN/m²
• Peso próprio das telhas de fibrocimento: 0,01Kg/m2=0,098KN/m²
• Carga de vento: as cargas de vento sobre a estrutura foram determinadas de acordo com a
norma NBR 6123, considerando uma força global de 50Kg/m²=0,49KN/m²
A partir das cargas de utilização estabelecidas para o dimensionamento da estrutura serão
apresentadas as memórias de cálculo para os três tipos de peças utilizadas: vigas metálicas, vigas
mistas aço-concreto e pilares metálicos. As peças da treliça da coberta foram verificadas quanto ao
enquadramento nas normas vigentes de dimensionamento uma vez que serão utilizadas as peças
originais do armazém.
Como a quantidade de peças da estrutura é bastante elevada, será apresentado o memorial
descritivo de calculo apenas para um elemento, juntamente com um quadro resumo de todas as
peças da estrutura. Para objetivo de validação dos métodos serão apresentados os esforços obtidos
pelo Metálicas 3D e pelo Bridge Advanced 3D V.15, bem como o percentual de utilização de cada
perfil e seus deslocamentos.
11
Figura 11 - Imagem 3D da estrutura Figura 12 – Momento Y obtido pelo
dimensionada pelo Metálicas 3D dimensionamento no Metálicas 3D
12
Figura 17 – Momento Z obtido pelo Figura 18 – Força Axial obtido pelo
dimensionamento no Bridge Advanced 3D dimensionamento no Bridge Advanced 3D
V.15 V.15
13
METÁLICAS 3D BRIDGE ADVANCED 3D RELAÇÃO (BRIDGE/METÁLICAS 3D)
COMP.
VIGA PERFIL TIPO MOMENTO CORTANTE FLECHA MOMENTO CORTANTE FLECHA
(cm) % UTIL. % UTIL. MOMENTO CORTANTE FLECHA % UTIL
(KNcm) (KN) (mm) (KNcm) (KN) (mm)
VM 16 W 360x51 VM 805 20348,72 100,70 19,1 51,23 20542,00 109,91 21,0 59,84 101% 109% 110% 117%
VM 17 W 360x51 VM 805 18053,56 89,71 17,0 45,48 17720,00 88,36 18,3 51,62 98% 98% 108% 114%
VM 18 W 360x39 VM 593 9486,40 62,38 5,0 23,80 10462,95 69,07 5,8 37,86 110% 111% 116% 159%
VM 19 W 360x39 VM 790 16610,02 82,54 14,7 41,60 18296,61 91,23 17,1 66,22 110% 111% 117% 159%
VM 20 W 360x39 VM 593 10071,46 66,22 4,5 25,26 10462,95 69,07 5,8 37,86 104% 104% 129% 150%
VM 21 W 360x39 VM 390 7491,12 49,49 1,2 18,79 6400,00 34,96 0,6 23,16 85% 71% 49% 123%
VM 22 W 360x39 VM 567 9245,32 63,45 4,6 23,19 9762,49 66,52 4,9 35,33 106% 105% 106% 152%
VM 23 W 360x39 VM 593 10655,54 70,05 5,6 26,72 10462,95 69,07 5,8 37,86 98% 99% 103% 142%
VM 24 W 360x39 VM 390 1757,14 16,13 0,1 4,04 2203,00 20,90 0,9 7,97 125% 130% 733% 197%
VM 25 W 360x39 VM 567 9780,40 67,12 4,7 24,53 9762,49 66,52 5,0 35,33 100% 99% 105% 144%
VM 26 W 360x39 VM 805 17632,16 87,61 15,6 44,22 18296,61 90,95 16,9 66,21 104% 104% 109% 150%
VM 27 W 360x39 VM 805 20691,72 96,04 18,3 51,90 22700,00 158,70 21,1 82,15 110% 165% 115% 158%
VM 28 W 360x39 VM 535 8380,96 60,41 4,6 21,03 8727,00 62,90 4,0 31,58 104% 104% 88% 150%
VM 29 W 360x39 VM 805 24037,44 104,56 21,0 60,29 24294,87 62,90 22,0 87,92 101% 60% 105% 146%
VM 31 W 360x39 VM 535 8380,96 64,82 4,6 21,03 8727,00 62,90 4,0 31,58 104% 97% 88% 150%
VM 33 W 360x39 VM 805 20720,14 96,19 18,3 51,97 22727,00 158,83 21,2 82,25 110% 165% 116% 158%
MÉDIA 104% 108% 143% 148%
14
BRIDGE ADVANCED RELAÇÃO
COMP. TOTAL METÁLICAS 3D
PILAR PERFIL 3D (BRIDGE/METÁLICAS 3D)
(cm)
AXIAL (KN) % UTIL. AXIAL (KN) % UTIL. AXIAL % UTIL.
PM24 W 200x35,9 6,04 403,50 44,20 433,85 46,85 108% 106%
PM25 W 200x35,9 6,04 469,61 51,44 490,10 52,92 104% 103%
PM26 A PM31 W 200x35,9 6,04 490,11 53,68 515,38 55,65 105% 104%
PM32 W 200x35,9 6,04 419,36 45,94 469,42 50,68 112% 110%
PM33 W 200x35,9 6,04 348,99 38,24 350,37 37,83 100% 99%
PM34 W 200x35,9 6,04 420,03 46,01 470,40 50,79 112% 110%
PM35 A PM39 W 200x35,9 6,04 490,11 53,68 515,38 55,65 105% 104%
PM40 W 200x35,9 6,04 431,52 47,27 490,11 52,92 114% 112%
PM41 W 200x35,9 6,04 403,50 44,20 433,16 46,77 107% 106%
PM49 A PM54 E
W 200x53 6,04 716,24 49,54 743,47 46,80 104% 94%
PM 58 A PM61
PM55 W 200x53 6,04 703,74 48,68 735,10 46,32 104% 95%
PM56 W 200x53 6,04 691,30 47,82 713,93 44,98 103% 94%
PM57 W 200x53 6,04 703,86 48,69 735,20 46,32 104% 95%
PM62 W 200x53 6,04 703,54 48,66 742,84 46,80 106% 96%
PM63 W 200x53 6,04 500,20 34,60 558,31 35,18 112% 102%
PM70 W 200x35,9 6,04 384,75 42,87 411,70 44,38 107% 104%
PM71 W 200x35,9 6,04 472,55 51,76 492,06 53,13 104% 103%
PM72 A PM85 W 200x35,9 6,04 490,11 53,68 514,30 55,53 105% 103%
PM86 W 200x35,9 6,04 472,55 51,76 492,16 53,14 104% 103%
PM87 W 200x35,9 6,04 391,27 42,86 411,80 44,62 105% 104%
MÉDIA 106% 102%
15
BRIDGE ADVANCED 3D RELAÇÃO
METÁLICAS 3D (BRIDGE/METÁLICAS 3D)
PILAR PERFIL COMP. ELU VENTO X ELU VENTO Y %
AXIAL My Mz % AXIAL My Mz My Mz %
(KN) UTIL. AXIAL My Mz
(KN) (KN.Đm) (KN.Đm) UTIL. (KN.Đm) (KN.Đm) (KN.Đm) (KN.Đm) UTIL.
PM1 HP 310x110 8,66 52,31 5583,06 4633,44 23,77 40,08 1362,20 5262,60 6017,20 1577,80 35,83 77% 108% 114% 151%
PM2 W 360x72 8,66 49,38 6388,62 735,00 20,55 54,88 1342,60 813,40 6713,00 39,20 37,39 111% 105% 111% 182%
PM3 W 360x72 8,66 49,56 8194,76 684,04 25,97 54,88 2920,40 813,40 8036,00 39,20 37,39 111% 98% 119% 144%
PM4 W 360x72 8,66 85,81 8718,08 673,26 26,92 54,88 2930,20 813,40 8134,00 29,40 42,75 64% 93% 121% 159%
PM5 W 360x72 8,66 77,36 8838,62 670,32 27,26 54,88 1773,80 813,40 8183,00 29,40 42,93 71% 93% 121% 157%
PM6 W 360x72 8,66 79,18 8881,74 665,42 27,26 54,88 1773,80 803,60 8183,00 19,60 42,83 69% 92% 121% 157%
PM7 W 360x72 8,66 79,34 8894,48 848,68 28,17 54,88 1773,80 803,60 8183,00 19,60 42,83 69% 92% 95% 152%
PM8 W 360x72 8,66 80,29 8898,40 658,56 27,06 54,88 1773,80 803,60 8143,80 9,80 42,68 68% 92% 122% 158%
PM9 W 360x72 8,66 78,01 8899,38 656,60 27,05 54,88 1773,80 803,60 8192,80 9,80 42,87 70% 92% 122% 158%
PM10 W 360x72 8,66 79,20 8900,36 651,70 26,97 54,88 1773,80 803,60 8192,80 0,00 42,87 69% 92% 123% 159%
PM11 W 360x72 8,66 79,20 8900,36 648,76 27,04 54,88 1254,40 793,80 8183,00 0,00 42,76 69% 92% 122% 158%
PM12 W 360x72 8,66 79,20 8899,38 644,84 27,12 54,88 1254,40 793,80 8183,00 0,00 42,76 69% 92% 123% 158%
PM13 W 360x72 8,66 79,19 8899,38 641,90 27,20 54,88 1254,40 793,80 8183,00 0,00 42,76 69% 92% 124% 157%
PM14 W 360x72 8,66 79,19 8898,40 638,96 27,28 54,88 1254,40 793,80 8183,00 9,80 42,76 69% 92% 124% 157%
PM15 W 360x72 8,66 79,19 8896,44 637,00 27,36 54,88 1254,40 793,80 8183,00 9,80 42,76 69% 92% 125% 156%
PM16 W 360x72 8,66 79,19 8887,62 635,04 27,42 54,88 1254,40 784,00 8183,00 19,60 42,56 69% 92% 123% 155%
PM17 W 360x72 8,66 79,19 8859,20 633,08 27,43 54,88 1254,40 784,00 8183,00 19,60 42,46 69% 92% 124% 155%
PM18 W 360x72 8,66 79,24 8764,14 631,12 27,26 54,88 1254,40 784,00 8183,00 29,40 42,59 69% 93% 124% 156%
PM19 W 360x72 8,66 79,18 8467,20 627,20 26,53 54,88 1254,40 784,00 8173,20 29,40 42,59 69% 97% 125% 161%
PM20 W 360x72 8,66 77,46 7414,68 820,26 23,52 54,88 1244,60 774,20 8036,00 39,20 41,97 71% 108% 94% 178%
PM21 W 360x72 8,66 68,12 4836,30 610,54 15,65 47,04 686,00 774,20 6713,00 39,20 36,39 69% 139% 127% 233%
PM22 HP 310x110 8,66 52,33 4996,04 2919,42 22,90 44,49 735,00 3733,80 8339,80 1577,80 34,40 85% 167% 128% 150%
PM23 W 200x35,9 6,04 346,50 910,42 0,00 42,39 353,78 0,00 0,00 1078,00 0,00 32,39 102% 118% 0 76%
PM42 W 200x35,9 6,04 343,91 769,30 0,00 42,13 353,68 0,00 0,00 1078,00 0,00 32,39 103% 140% 0 77%
PM43 W 200x53,0 6,04 231,99 0,00 0,00 16,34 220,89 0,00 970,20 78,40 970,20 20,70 95% 0 0 127%
PM44 W 200x53,0 6,04 172,61 0,00 0,00 12,15 180,22 0,00 156,80 29,40 156,80 7,98 104% 0 0 66%
PM45 W 200x53,0 6,04 172,61 0,00 0,00 12,15 180,22 0,00 254,80 29,40 166,60 9,30 104% 0 0 77%
PM46 W 200x53,0 6,04 231,98 0,00 0,00 16,33 235,79 0,00 1019,20 78,40 1019,20 21,90 102% 0 0 134%
PM47 W 200x53,0 6,04 461,02 1328,88 0,00 36,71 483,83 0,00 137,20 1528,80 68,60 27,40 105% 115% 0 75%
PM64 W 200x53,0 6,04 461,02 1203,44 0,00 36,02 483,92 0,00 58,80 1528,80 68,60 26,21 105% 127% 0 73%
PM65 W 200x53,0 6,04 304,48 0,00 0,00 21,44 317,62 0,00 989,80 78,40 989,80 17,44 104% 0 0 81%
PM66 W 200x53,0 6,04 178,64 0,00 0,00 12,58 185,51 0,00 176,40 29,40 176,40 7,35 104% 0 0 58%
PM67 W 200x53,0 6,04 178,64 0,00 0,00 12,58 185,51 0,00 156,80 29,40 176,40 7,35 104% 0 0 58%
PM68 W 200x53,0 6,04 304,48 0,00 0,00 21,43 332,71 0,00 931,00 78,40 931,00 17,55 109% 0 0 82%
PM69 W 200x35,9 6,04 338,00 910,42 0,00 41,42 351,62 0,00 0,00 1078,00 0,00 32,26 104% 118% 0 78%
PM88 W 200x35,9 6,04 320,21 669,34 0,00 36,27 351,53 0,00 0,00 1078,00 0,00 32,26 110% 161% 0 89%
PM89 HP 310x110 8,66 52,31 5583,06 4634,42 23,77 40,08 1362,20 5262,60 4478,60 2851,80 62,57 77% 80% 114% 263%
PM90 W 360x72 8,66 49,38 6388,62 735,00 20,55 54,88 1342,60 813,40 6017,20 78,40 34,76 111% 94% 111% 169%
PM91 W 360x72 8,66 49,56 8194,76 675,22 25,97 54,88 2920,40 813,40 8731,80 68,60 45,00 111% 107% 120% 173%
PM92 W 360x72 8,66 85,81 8718,08 672,28 26,92 54,88 2930,20 813,40 8829,80 58,80 45,37 64% 101% 121% 169%
PM93 W 360x72 8,66 77,36 8838,62 669,34 27,24 54,88 1773,80 813,40 8878,80 49,00 45,55 71% 100% 122% 167%
PM94 W 360x72 8,66 79,18 8881,74 665,42 27,26 54,88 1773,80 803,60 8878,80 39,20 45,45 69% 100% 121% 167%
PM95 W 360x72 8,66 79,34 8894,48 848,68 28,17 54,88 1773,80 803,60 8878,80 39,20 45,45 69% 100% 95% 161%
PM96 W 360x72 8,66 80,29 8898,40 658,56 27,06 54,88 1773,80 803,60 8839,60 29,40 45,30 68% 99% 122% 167%
PM97 W 360x72 8,66 78,01 8899,38 655,62 27,05 54,88 1773,80 803,60 8878,80 19,60 45,45 70% 100% 123% 168%
PM98 W 360x72 8,66 79,20 8900,36 651,70 26,97 54,88 1773,80 803,60 8878,80 9,80 45,45 69% 100% 123% 169%
PM99 W 360x72 8,66 79,20 8900,36 647,78 27,04 54,88 1254,40 793,80 8878,80 0,00 45,35 69% 100% 123% 168%
PM100 W 360x72 8,66 79,20 8899,38 644,84 27,12 54,88 1254,40 793,80 8878,80 0,00 45,35 69% 100% 123% 167%
16
PM101 W 360x72 8,66 79,19 8899,38 651,70 27,20 54,88 1254,40 793,80 8878,80 9,80 45,35 69% 100% 122% 167%
PM102 W 360x72 8,66 79,19 8898,40 638,96 27,28 54,88 1254,40 793,80 8878,80 19,60 45,35 69% 100% 124% 166%
PM103 W 360x72 8,66 79,19 8896,44 637,00 27,36 54,88 1254,40 793,80 8878,80 29,40 45,35 69% 100% 125% 166%
PM104 W 360x72 8,66 79,19 8887,62 635,04 27,42 54,88 1254,40 784,00 8878,80 39,20 45,25 69% 100% 123% 165%
PM105 W 360x72 8,66 79,19 8859,20 636,02 27,43 54,88 1254,40 784,00 8878,80 39,20 45,25 69% 100% 123% 165%
PM106 W 360x72 8,66 79,24 8764,14 628,18 27,26 54,88 1254,40 784,00 8878,80 49,00 45,25 69% 101% 125% 166%
PM107 W 360x72 8,66 79,18 8467,20 628,18 26,53 54,88 1254,40 784,00 8829,80 58,80 45,06 69% 104% 125% 170%
PM108 W 360x72 8,66 77,46 7414,68 624,26 23,52 54,88 1244,60 774,20 8731,80 68,60 44,59 71% 118% 124% 190%
PM109 W 360x72 8,66 68,12 4836,30 615,44 15,65 47,04 686,00 774,20 7144,20 78,40 38,01 69% 148% 126% 243%
PM110HP 310x110 8,66 52,33 4996,04 2919,42 22,90 44,49 735,00 3733,80 4478,60 2851,80 25,61 85% 90% 128% 112%
MÉDIA 81% 90% 91% 147%
4 CONCLUSÃO
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
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Estruturas. - 2007. - pp. 45-62.
18
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
Resumo
Neste trabalho apresenta-se um modelo numérico de elementos finitos para simulação do
comportamento estrutural de vigas alveolares mistas de aço e concreto susceptíveis ao
colapso por flambagem do montante de alma por cisalhamento. Foram modeladas duas vigas
celulares mistas pertencentes a um programa experimental. Os resultados obtidos por meio
do modelo numérico proposto apresentam excelente concordância com resultados
experimentais disponíveis na literatura. O modelo numérico desenvolvido é adequado para a
simulação do comportamento estrutural de vigas alveolares mistas, visto que este foi capaz de
representar a interação total entre aço e concreto, caracterizar a carga máxima dos modelos
experimentais e caracterizar modos de colapso existentes na literatura.
Palavras-chave: Vigas alveolares mistas; Vigas casteladas; Simulação numérica; Método dos
elementos finitos.
Abstract
This paper presents a finite element numerical model to simulate the structural behavior of
composite cellular beams susceptible to failure by web post shear buckling. Two composite
cellular beams of an experimental program were modeled. The results obtained by the
proposed numerical model show excellent agreement with experimental results available in
the literature. The proposed numerical model is appropriate for simulation of structural
behavior of composite cellular beams, since it was able to describe the interaction between
steel and concrete, determine the ultimate capacity of experimental models and simulate the
possible failure modes.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
As vigas alveolares geralmente são obtidas a partir de perfis I de aço laminados cortados ao
meio, no sentido longitudinal, segundo um traçado simétrico, de modo que as duas metades
obtidas podem ser reposicionadas e soldadas de modo a formar uma viga com uma sequência
de aberturas, com altura e inércia superiores à do perfil original (Figura 1).
Figura 1 - Fabricação de uma viga castelada: corte com máquinas de Comando Numérico
Computadorizado (CNC) e soldagem (Gemperle [1]).
O esquema de fabricação das vigas casteladas é mostrado na Figura 3-a. Eventualmente pode-
se aumentar ainda mais a altura da viga introduzindo-se chapas intermediárias, como
mostrado na Figura 3-b, obtendo-se uma viga com aberturas octogonais.
2
Figura 3 - Esquema do procedimento utilizado na fabricação de vigas casteladas:
(a) sem chapa intermediária e (b) com chapa intermediária
(fonte: www.grunbauer.nl/eng/wat.htm - acessado em 28/07/2013).
A presença das aberturas na alma das vigas alveolares modifica seu comportamento estrutural
em relação às vigas de alma cheia. Essa mudança de comportamento está relacionada ao
aumento da esbeltez da alma da viga, a fenômenos de instabilidade devido à borda livre dos
alvéolos e a perturbações na distribuição de tensões devido à variação da inércia da seção ao
longo do vão, bem como mudanças abruptas de geometria. Todos esses aspectos têm
influência no comportamento estrutural das vigas alveolares, de modo que elas podem exibir
modos de colapso distintos daqueles apresentados pelas vigas de alma cheia.
Embora tenham sido realizados diversos estudos no passado sobre vigas alveolares, avanços
tecnológicos recentes têm possibilitado o desenvolvimento de aços mais resistentes e perfis
com chapas mais finas. Eventualmente, uma combinação dessas duas características pode
ocasionar a manifestação de modos de colapso que não ocorriam com os perfis mais antigos e,
portanto, não são contemplados nos estudos feitos no passado. Além disso, a fabricação de
perfis laminados no Brasil teve início recentemente, em 2002, e alguns desses perfis possuem
esbeltez de alma superior à dos perfis típicos da época em que as vigas alveolares foram
inicialmente utilizadas.
Recentemente, tem-se observado uma busca crescente por critérios e procedimentos de
projeto aplicáveis às vigas alveolares no Brasil. Em função dessa necessidade, e da
inadequação dos modelos mais antigos disponíveis na literatura, um grupo de pesquisadores
do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa (DEC-UFV) e do
Departamento de Engenharia de Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais (DEES-
UFMG) tem empreendido uma ampla investigação sobre o tema, envolvendo estudos teóricos,
numéricos e experimentais (ABREU [2]; BEZERRA [3]; SILVEIRA [4]; VIEIRA [5]; OLIVEIRA [6];
FERRARI [7]; VIEIRA [8]). A presente contribuição técnica é um produto dessas investigações.
Discussões detalhadas sobre os modos de colapso que podem ocorrer nas vigas alveolares
podem ser encontradas nos trabalhos citados.
3
A maioria dos modelos de cálculo disponíveis na literatura são conservadores, em função da
abordagem adotada à época de seu desenvolvimento, notadamente hipóteses de distribuição
elástica de tensões no contexto do Método das Tensões Admissíveis. Com as ferramentas de
análise numéricas e modelos matemáticos sofisticados disponíveis atualmente é possível
realizar novos estudos, obtendo-se soluções mais realistas que propiciam um melhor
aproveitamento do aço, contribuindo para a evolução da solução tanto no tocante à
competitividade como à sustentabilidade.
O objetivo deste trabalho foi desenvolver modelos de elementos finitos para simulação de
vigas alveolares mistas de aço e concreto, que constituem ferramentas poderosas para o
estudo do comportamento estrutural desses elementos.
2 METODOLOGIA
Para desenvolvimento do modelo numérico para simulação do comportamento estrutural de
vigas alveolares mistas de aço e concreto, utilizou-se o programa computacional ABAQUS [9],
um software para simulação de problemas de engenharia baseado no Método dos Elementos
Finitos, amplamente utilizado em diferentes áreas da engenharia.
Figura 4 – Aspecto do modelo geométrico tridimensional para uma viga alveolar mista.
4
Na Figura 5 estão apresentados os elementos C3D8R, S4R e S3 da biblioteca do
ABAQUS/Standard, utilizados para construção do modelo de elementos finitos.
Para a viga alveolar de aço foi gerada uma malha livre, como a mostrada na Figura 7.
5
Figura 7 - Aspecto geral da malha de elementos finitos da viga alveolar de aço.
A malha da viga foi gerada utilizando-se uma técnica denominada quad-dominated, em que
são utilizados predominantemente elementos S4R mas em algumas regiões são incorporados
elementos S3R (Figura 8). Essa técnica facilitou a modelagem dos alvéolos circulares inseridos
nos painéis retangulares do perfil.
Embora uma malha livre possa ocasionar problemas numéricos em determinados casos, o que
pode ser contornado usando-se uma malha estruturada, um estudo de sensibilidade de malha
revelou que, para o caso de uma viga alveolar de aço, uma malha livre com elementos de
aproximadamente 10 mm fornece resultados tão bons quanto uma malha estruturada de
resolução similar. Como a malha estruturada exigiria um trabalho maior de modelagem, sem
nenhuma vantagem adicional, adotou-se a malha livre.
6
2.2 Modelos constitutivos dos materiais
Para o aço, adotou-se um modelo material com comportamento elastoplástico sem
encruamento, associado ao critério de escoamento de von Mises.
Para representar o comportamento mecânico do concreto foi utilizado o Modelo de Dano com
Plasticidade, implementado no ABAQUS[9]. Esse modelo constitutivo permite caracterizar a
relação tensão × deformação do concreto, especialmente a perda de rigidez a partir do ponto
de sua resistência máxima, como observado em ensaios.
O módulo de elasticidade do concreto pode ser descrito pela seguinte equação, de acordo com
a EN 1992-1-1:2004 [10]:
0,3
f
Ecm 22 cm (1)
10
em que fcm é o valor médio da resistência à compressão cilíndrica do concreto, em MPa, e Ecm é
dado em GPa. O coeficiente de Poisson do concreto foi admitido com valor igual a 0,2.
Os principais parâmetros plásticos a serem informados para o Modelo de Dano com
Plasticidade são o ângulo de dilatância (ψ) e a razão entre as resistências à compressão no
estado biaxial e uniaxial (σb0/ σc0).
Segundo Malm [11], o ângulo de dilatância mede a inclinação que o potencial plástico alcança
para altas tensões de confinamento e baixos valores do ângulo de dilatância produzem um
comportamento frágil no concreto, enquanto altos valores produzem um comportamento
dúctil. De acordo com o autor, o valor ideal está entre 35 e 38. Neste trabalho admitiu-se um
ângulo de dilatância ψ = 36.
Para a razão entre as resistências à compressão no estado biaxial e uniaxial foi admitido o
valor (σb0/σc0) = 1,16. Os outros parâmetros foram admitidos iguais a zero.
Na Figura 9 são mostradas as curvas representativas do comportamento do concreto à
compressão (Figura 9a) e à tração (Figura 9b).
Tensão
Deslocamento
(a) (b)
7
Para o concreto comprimido admite-se comportamento elástico linear até cerca de 40% da
resistência média à compressão do concreto (0,4fcm), de acordo com a EN 1992-1-1:2004 [10].
Para tensões acima desse valor o comportamento à compressão é representado por uma
parábola de 2º grau que evolui da tensão de 0,4fcm até alcançar a deformação última do
concreto (εcu1), dada pela EN 1992-1-1:2004 [10] como:
kn n²
(2)
f cm 1 k 2 n
c c1
em que: n ; k 1,05 Ecm ;
c1 f cm
c é a deformação do concreto à compressão;
c1 é a deformação do concreto à compressão para a tensão máxima (fcm);
Ecm é o módulo de elasticidade secante do concreto.
O efeito tension stiffening na fase pós-pico da curva pode ser especificado por meio de uma
relação tensão×deformação pós-falha ou por aplicação de um critério de energia de fratura.
De acordo com a documentação do ABAQUS [9], em casos com pouca ou nenhuma armadura
a abordagem através da relação tensão×deformação muitas vezes provoca resultados
sensíveis à malha. Por isso preferiu-se utilizar o critério de energia de fratura neste trabalho.
Com essa abordagem o comportamento frágil do concreto foi caracterizado por uma resposta
tensão×deslocamento, como pode ser visto na Figura 9b, ao invés de uma resposta
tensão × deformação. O deslocamento é determinado por abertura de fissura, o que não
depende do comprimento do elemento nem do tamanho da malha. Neste trabalho admitiu-se
para esse deslocamento máximo um valor de 0,50 mm. Os demais pontos foram tomados de
forma a manter a natureza da curva tensão×deslocamento (Figura 9b). Os pares estão
mostrados na Tabela 1, em que fctm é a resistência média à tração do concreto.
σt (MPa) u (mm)
fctm 0,00
0,60 fctm 0,05
0,30 fctm 0,15
0,05 fctm 0,50
8
2.3 Interação entre Aço e Concreto
Uma das características mais importantes de um modelo numérico de viga mista é a simulação
da interação entre a laje de concreto e a viga de aço.
Até o momento em que este artigo foi escrito, apenas a situação de interação completa entre
o aço e o concreto havia sido considerada. Para isso, a interação entre as malhas da laje e do
perfil foi definida aplicando-se uma restrição do tipo Tie disponibilizada pelo ABAQUS. Esta
restrição garante compatibilidade de deslocamento entre os nós ou superfícies conectadas.
Para efeito de uma viga mista, este artifício garante a transmissão de todo o fluxo de
cisalhamento na interface entre a laje de concreto e a viga de aço.
Como estratégia geral de análise, decidiu-se por realizar numa primeira fase uma análise de
flambagem elástica, por meio da qual se obtém o modelo geométrico com uma configuração
deformada que é admitida como representativa da distribuição de imperfeições iniciais na viga
de aço. Numa segunda fase, tomando-se por base o modelo geométrico com as imperfeições
iniciais na viga de aço, realiza-se uma análise considerando a não-linearidade do material bem
como a não-linearidade geométrica.
9
altura da alma. Não obstante, a ABNT NBR5884 especifica uma tolerância de fabricação para a
imperfeição da alma igual a h/200 e a EN 1993-1-5:2006 [12], em seu Anexo C, recomenda que
se adote nos modelos numéricos de estruturas de aço 80% da tolerância de fabricação
considerada nas normas relacionadas ao estudo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para validação do modelo numérico foram simulados dois experimentos de vigas alveolares
mistas, com aberturas simétricas, cujas características e resultados experimentais estão
disponíveis na literatura, a saber, duas vigas celulares mistas denominadas Beam 1A e
Beam 1B ensaiadas por Nadjai (apud Bake [13]).
Os modelos experimentais possuem vão entre apoios de 4500 mm, grau de interação de 100%
entre a viga de aço e a laje de concreto e um conector de cisalhamento por nervura da forma
de aço incorporada. A viga celular de aço é composta por aço S355 e a resistência à
compressão do concreto da laje é de 35 MPa. As demais características desses modelos podem
ser encontradas na Tabela 2.
No modelo numérico, para o aço da viga alveolar admitiu-se um comportamento elasto-
plástico perfeito, com Módulo de Elasticidade de 210000 MPa e coeficiente de Poisson de
0,30. Para o concreto, admitiu-se um modelo constitutivo elasto-plástico, considerando o
Modelo de Dano, com Módulo de Elasticidade de 30120 MPa e coeficiente de Poisson de 0,20.
O modo de colapso observado nos dois modelos numéricos também foi flambagem do
montante de alma por cisalhamento, condizente com o observado nos modelos experimentais.
Outras características dos modelos numéricos Beam 1A e Beam 1B estão listadas na Tabela 3.
10
Figura 11 - Características geométricas da viga Beam 1B (dimensões em milímetros).
Beam 1A Beam 1B
Carregamento 2 cargas concentradas 1 carga concentrada
Carga máxima (kN) 370 430
Beam 1A Beam 1B
Modo de flambagem
1º modo 4º modo
escolhido
1º passo de carga (kN) 0 - 300 0 – 350
2º passo de carga (kN) 300 – 400 350 – 400
Carga máxima (kN) 356,3 394,5
11
3.1 Resultados do modelo numérico Beam 1A
O modo de colapso observado nos dois modelos/ experimentais foi a flambagem do montante
de alma por cisalhamento. Na Figura 12 são apresentadas as curvas carga × flecha no centro do
vão para os modelos experimental e numérico Beam 1A. A carga máxima obtida no ensaio foi
de 370 kN, enquanto que a obtida na simulação numérica foi de 356,3 kN, que representa
96,3% do valor experimental.
400
350
300
250
P (kN)
200
150
Beam 1A (Pmáx = 370 kN)
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslocamento vertical (mm)
Figura 12- Curvas carga × flecha para os modelos Beam 1A (experimental e numérico).
A distribuição das tensões de von Mises na viga alveolar de aço para o nível de carga máxima
alcançado no modelo numérico é apresentada na Figura 13. Nota-se que em diversas regiões
da viga a tensão atuante atinge o limite de escoamento do aço, com valor de 308 MPa, com
efeito mais acentuado nas regiões onde o esforço cortante é importante.
Figura 13 - Distribuição de tensões de von Mises (kN/m²) na viga alveolar de aço para o nível de
carga máxima alcançado no modelo numérico Beam 1A.
12
A distribuição das tensões na direção do eixo z (S33) na laje de concreto para o nível de carga
máxima alcançado no modelo numérico é apresentado na Figura 14. Nota-se que nas regiões
da laje onde foram aplicados os carregamentos atingiu-se uma tensão máxima de compressão
de 16,65 MPa, valor bem abaixo da resistência do concreto à compressão de 35 MPa.
13
Pode-se observar que a parte superior dos montantes mais solicitados se desloca para fora do
plano da alma, em um sentido, e que a parte inferior dos montantes se desloca para fora do
plano da alma no sentido contrário, indicando colapso por flambagem do montante de alma
por cisalhamento. Nota-se ainda que os montantes, além de se deslocarem para fora do plano
da alma em sentidos opostos, sofrem efeito de torção.
450
400
350
300
250
P (kN)
200
150
Beam 1B (Pmáx = 430 kN)
50
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Flecha no centro do vão (mm)
A distribuição das tensões de von Mises na viga mista para o nível de carga máxima alcançado
no modelo numérico é apresentada na Figura 17. Nota-se que em algumas regiões da viga o
aço atingiu a resistência ao escoamento, com valor de 308 MPa.
14
Figura 17 - Distribuição de tensões de von Mises, em kN/m², na viga alveolar de aço para o
nível de carga máxima alcançado no modelo numérico Beam 1B.
A distribuição das tensões S33 na laje de concreto para o nível de carga máxima alcançado no
modelo numérico é apresentada na Figura 18. Nota-se que nas regiões da laje de concreto
onde foram aplicados os carregamentos atingiu-se uma tensão de compressão de
aproximadamente 25 MPa, valor inferior à resistência do concreto à compressão de 35 MPa.
Figura 18 - Distribuição de tensões S33, em kN/m², na laje para o nível de carga máxima
alcançado no modelo numérico Beam 1B.
15
Figura 19 - Distribuição de deslocamentos (m) na direção do eixo x da viga mista para
um nível de carga pós-colapso correspondente a 95% da carga máxima
alcançada no modelo numérico Beam 1B.
4 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que o modelo numérico desenvolvido neste
trabalho é capaz de representar o comportamento estrutural de vigas alveolares mistas de aço
e concreto com interação total, susceptíveis ao colapso por flambagem do montante de alma
por cisalhamento. O modelo foi capaz de: representar a interação total entre aço e concreto;
caracterizar a carga máxima dos modelos experimentais; caracterizar o modo de colapso por
flambagem do montante de alma por cisalhamento.
As estratégias adotadas para simular a interação completa entre aço e concreto no modelo
numérico foram capazes de representar adequadamente os fenômenos observados nos
modelos experimentais.
Nos casos utilizados no estudo de validação, o modelo numérico apresentou modos de colapso
muito parecidos com os observados nos modelos experimentais.
As simulações realizadas, que envolveram análise de estabilidade e análise não-linear,
demonstraram a aplicabilidade da metodologia de modelagem desenvolvida para simulação
de vigas alveolares mistas, abrangendo, inclusive, modos de colapso complexos como o de
flambagem do montante de alma por cisalhamento.
Agradecimentos
16
REFERÊNCIAS
17
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
O USO DAS PROPRIEDADES DE VIBRAÇÃO (PERÍODO NATURAL) PARA AVALIAÇÃO DOS
EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM EM ESTRUTURAS DE AÇO
Ricardo Ficanha¹
Zacarias Martin Chamberlain Pravia²
Resumo
Com o aumento significativo da utilização de aço como sistema estrutural em
empreendimentos em todo o mundo, as necessidades de atualização em normas e
procedimentos de análise que influenciam no correto comportamento são recorrentes. Essas
atualizações levam em conta todos os recursos de estabilidade e resistência dos elementos e
sistemas utilizados para viabilizar o projeto com a devida segurança, fundamental para vida
útil da estrutura. Nas últimas décadas as normas específicas incluíram nas prescrições,
obrigatoriedade na verificação dos efeitos de segunda ordem nas estruturas. Foi avaliada a
resposta da estrutura a efeitos de segunda ordem com a utilização da resposta da análise
modal da estrutura com o período referente para cada caso de carregamento apresentado. Os
resultados gerados apresentam coerência com o método que classifica a estrutura através do
método comparativo entre deslocamentos provenientes de análise de segunda e primeira
ordem, utilizado pelas normas de estruturas de aço em vigor.
Palavras‐chave: Período natural; Análise de segunda ordem; Sensibilidade estrutura;
USE VIBRATION PROPERTIES (MODAL ANALYSIS) TO EVALUATION SECOND ORDER EFFECTS
IN STEEL STRUCTURES
Abstract
With the significant increase in the use of steel as a structural system in enterprises worldwide,
the need to update codes and guides for analysis ultimately influence the correct behavior of
the steel structure to allow use all features of stability and resistance of elements and systems
used to make the project viable. In recent decades the specific rules included in prescriptions,
mandatory verification of second order effects in structures. The response of the structure to
second order effects with the use of modal analysis of the response of the structure with the
related period for each loading case presented was evaluated. The generated results show
consistency when compared with the second order drifts and primer order drifts used by the
standards of steel structures.
Keywords: Natural period; Second order analysis; Steel structure Sensibility;
¹ Engenheiro Mecânico, Acadêmico PPGeng da FEAR/UPF, Engenheiro METASA S.A., Marau ‐
RS, Brasil.
² D. Sc., Professor titular PPGEng FEAR/UPF, Passo Fundo ‐ RS, Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
O uso de estruturas de aço em edificações industriais ocorre devido aos vários motivos
específicos relacionados e avaliados no momento da escolha do sistema estrutural para o
empreendimento. A fase de análise estrutural requer elevado conhecimento do engenheiro
responsável, o qual, entre outras verificações, deve ter total atenção para os esforços gerados
pelo comportamento de segunda ordem da estrutura quando em operação.
O desenvolvimento tecnológico permite ao engenheiro a pesquisa detalhada das respostas do
comportamento da estrutura. O comportamento da estrutura para carregamentos verticais,
no que tange análise da sensibilidade da estrutura para deslocamentos horizontais, conhecidos
como efeitos de segunda ordem, foram apresentando metodologias de avaliação alternativas
e renovadas.
A análise aos efeitos de segunda ordem, nas últimas décadas, foi incluso em diversas
normas como requisitos primários para a avaliação da estrutura. A norma brasileira ABNT
NBR8800:2008, mesmo contendo informações sobre análise de segunda ordem em versão
anterior, no ano de 2008 prioriza e destaca o procedimento de cálculo de estruturas de aço em
duas etapas. Determinação dos esforços e a verificação do dimensionamento da seção de
perfil pré‐definida na análise. Na etapa de análise, a referida norma, orienta a definição dos
esforços de acordo com a classificação da estrutura quanto a deslocabilidade, levando‐se em
consideração as imperfeições geométricas na análise não linear, apresentado por Lavall et al.
[1].
A determinação de deslocamentos, velocidades e acelerações dos elementos que
fazem parte de um sistema estrutural submetido a cargas dinâmicas pode ser definida pela
dinâmica das estruturas [2]. As respostas da estrutura para as grandezas citadas são sempre
definidas com base na deformada estática da estrutura. Os modos de vibração da estrutura
possibilitam a interpretação dos resultados de forma gráfica, deve‐se selecionar os modos de
vibração que fornecem os resultados que estão sendo verificados, no caso de confirmação da
frequência de pisos, o mais importante são os modos que apresentam deslocamento
(vibração) vertical. No caso de um edifício de vários níveis, geralmente, cada nível apresenta
um modo de flambagem, ficando a cargo do engenheiro selecionar o modo que represente o
estado que se está verificando.
Estudos envolvendo o período natural da estrutura, principalmente para estudos
considerando o uso e ocupação de edificações com grande concentrações de pessoas e os
respectivos uso, sala de ginastica, anfiteatro, ou qualquer outra ocupação, são destaques no
meio técnico, assunto que até então não era tido com a atenção que necessita, simplificando
alguns métodos e meios para definir o comportamento da estrutura quando submetida a
excitações dinâmicas devido a uso e ocupação.
Diversos trabalhos recentes são encontrados na literatura referentes a análises de
frequência natural de estruturas de aço e estruturas mista de aço e concreto. Todavia, estes
trabalhos apresentam, geralmente, estudos vinculados ao comportamento da estrutura
quando submetidas a excitações devida ao uso e ocupação de população, para atividades
como ginástica, caminhada, salões de festas entre outros ambientes passiveis de se
desenvolver vibrações devido ao uso da população [3, 4, 5].
Estudos relacionados com análise modal, determinações aproximadas de período,
apresentação de códigos internacionais para definição de períodos naturais e ensaios, todavia,
2
estes trabalhos não relatam a relação com os efeitos de segunda ordem. Chrysanthakopoulos
et al. [6], apresenta formulação para determinação aproximada dos períodos naturais de
estruturas aporticadas e contraventadas. Nicoreac e Hoenderkamp [7] apresenta um resumo
das considerações para períodos naturais para edificações com sistemas estabilizantes
verticais. Valle et al. [8] apresenta estudo realizado com estrutura apresentando o
comportamento não linear da estrutura em análise ao período da estrutura, sem vincular
equacionamentos para avaliação dos efeitos no cálculo.
A busca da frequência natural da estrutura é atividade necessária e crescente devido à
grande utilização de estruturas de aço para suportes de equipamentos. Para facilitar a
aplicação em modelos reais e utilização de softwares comerciais, diversos estudos são
encontrados com os resultados para estruturas cuja análise modal é realizada no software
SAP2000. Assunção e Paula [9] apresentam de forma prática a análise de um estrutura suporte
para uma peneira vibratória as considerações que se deve e que não se deve fazer para
aproximar os resultados do modelo de cálculo com valores reais obtidos com medição da
estrutura.
Statler et al. [10], apresenta um estudo realizado em 9 (nove) modelos planos de
edifícios regulares indicando o período natural da estrutura predizendo assim os efeitos de
segunda ordem, característicos por incrementar esforços internos de momento fletor nos
elementos que resistem a esforços gravitacionais e são responsáveis pela estabilização da
edificação.
O período natural de uma estrutura, utilizado na maioria das vezes para d
Figura 1 – Sistema com um grau de liberdade
Fonte: Adaptado de Statler et al. [10]
A estrutura apresentada na Figura 1 pode ser modelada conforme a Equação 1,
equação que apresenta a equação do movimento da estrutura simplificada.
0 1
3
3
O período fundamental em função da massa da estrutura pode ser expressa pela
Equação 2, já considerado a rigidez da estrutura para um elemento fixo e livre.
2 2
3
A consideração dos fatores de amplificação devido aos efeitos de segunda ordem, a
expressão que define o período da estrutura necessita levar em consideração o fator que
define a sensibilidade da estrutura para resistir a efeitos de segunda ordem, acrescentado na
Equação 2 e apresentado na Equação 3 o fator B2, considerando assim os efeitos de segunda
ordem na análise do período da estrutura.
2 3
3
Sabendo‐se que pelo método aproximado de amplificação dos efeitos de segunda
ordem aproximado e exato, podem ser representados pelas equações 4 e 5, respectivamente,
pode‐se isolar os fatores de amplificação em função do período da estrutura, pois apresentam
as mesmas variáveis envolvidas. Os fatores de amplificação dos momentos em função do
período natural da estrutura, para o método aproximado e para o método exato, são
apresentados nas Equações 6 e 7, respectivamente, sendo L a altura total do elemento.
1 4
1
5
1
3
, 1 6
4
1
, 7
3
1
4
O objetivo do trabalho foi apresentar a avaliação da sensibilidade de um modelo
tridimensional de um edifício industrial em aço para efeitos de segunda ordem, realizado com
a análise modal que define o período natural da estrutura e comparar com a avaliação dos
efeitos de segunda ordem pela avaliação dos deslocamentos de análise linear de primeira
ordem e linear de segunda ordem.
4
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Um modelo de um edifício estrutural com análise realizada no software SAP2000 [13]
com as ações devido uso e ocupação será apresentado, priorizando a comparação entre os
efeitos de segunda ordem com inclusão no modelo de cargas fictícias e análise do período
natural da estrutura. O edifício tem fins industriais e devido a finalidade não apresenta sistema
de contraventamento vertical formado por elementos inclinados, apenas pórticos rígidos e
vigas para apoios de grades de piso e equipamentos.
O edifício industrial é composto por 12 níveis, sendo o edifício principal composto por
9 colunas (dispostas de 3 em 3), e uma torre de escadas anexa ao edifício principal,
possibilitando o acesso a todos os níveis. Os elementos inclinados das escadas não foram
considerados no modelo, tampouco as ações desenvolvidas por estes elementos inclinados,
pois apresentam baixa rigidez e não necessária para avaliação da estabilidade.
Os níveis são 2.500 mm, 5.000 mm, 7.000 mm, 9.000 mm, 11.400 mm, 13.800 mm,
15.950 mm, 18.100 mm, 21.150 mm, 24.200 mm, 27.250 mm e 30.300 mm, conforme
esquema da Figura 2 é possível ver a distribuição dos níveis e a regularidade do sistema. A
carga permanente (CP) de 0,3 kN/m² e carga acidental (SC) de 4,0 kN e atribuída para todos os
níveis exceto o nível 5.000 mm que apresenta uma carga permanente de 0,6 kN/m² e carga
acidental de 15,0 kN/m².
Figura 2 ‐ Perspectiva do modelo em estudo
A combinação de ações utilizadas para comparação dos efeitos de segunda ordem com
as cargas fictícias e o período natural da estrutura é 1,2 CP + 1,6 SC. Sendo que as ações dos
5
equipamentos na estrutura podem ser visualizadas na Figura 3, com as respectivas cargas em
cada nível de apoio dos equipamentos. Os equipamentos não serão apresentados pois não são
o objetivos deste trabalho e sim, apenas as ações destes sobre a estrutura para análise das
respostas do sistema.
Para análise modal da estrutura foram consideradas as cargas permanentes e para
verificação da influência da inclusão da solicitação variável devido aos equipamentos, serão
apresentados 6 (seis) respostas para consideração de 10 a 60% de ação variável juntamente
com as ações permanentes consideradas na estrutura. Não foram consideradas imperfeições
geométricas e redução do modulo de elasticidade para obtenção do período da estrutura.
Sendo a carga considerada como variável apresentada na Figura 3.
Nível 9.000 mm Nível 13.800 mm
Nível 18.100 mm Níveis 24.200 mm e 30.300 mm
Figura 3 ‐ Ações verticais dos equipamentos sobre a estrutura em cada nível
A análise de segunda ordem realizada pela inclusão de cargas nocionais nas colunas é
realizada com a consideração de notional loads com valor correspondente a 0,2% da
respectiva solicitação definida pela área de influência de cada coluna, as cargas fictícias foram
consideradas nos dois eixos ortogonais da estrutura para se detectar qual é o sentido mais
sensível da estrutura para comportamento não linear devido a carregamentos verticais. A
carga fictícia é determinada conforme as prescrições na norma americana AISC 360 [11]. A
Figura 4 ilustra a consideração em todas as colunas da estrutura das cargas fictícias
consideradas.
6
Figura 4 – aplicação das cargas fictícias no modelo tridimensional
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da segunda ordem com a consideração de cargas fictícias horizontais
para representar as imperfeições geométricas da estrutura são apresentados para a coluna
destacada na Figura 5, com resultados para todos os níveis, nas duas direções ortogonais (x e
y) e em ambos os sentidos (positivo e negativo).
Figura 5 ‐ Coluna em análise da sensibilidade a deslocamentos horizontais
7
A Tabela 1 apresenta os resultados para a avaliação dos efeitos de segunda ordem com
notional load de 0,2 % na direção x, com modulo de elasticidade de 200GPa em todos os níveis
da coluna em estudo.
Tabela 1 ‐ Analise segunda ordem na direção x, notional load = 0,002Fg
Δx (+) Coluna 3E Δx (‐) Coluna 3E
Nó Δx2 Δx1 Δx2/Δx1 Δx2 Δx1 Δx2/Δx1
5.000_3E 0,49 0,48 1,03 ‐0,24 ‐0,23 1,04
9.000_3E 1,31 1,23 1,06 ‐0,33 ‐0,32 1,01
13.800_3E 3,34 3,12 1,07 0,14 0,11 1,25
18.100_3E 5,57 5,18 1,08 0,96 0,87 1,10
24.200_3E 8,79 8,20 1,07 2,52 2,35 1,07
30.300_3E 10,96 10,31 1,06 4,13 3,92 1,05
O valor apresentado para relação entre o deslocamento de segunda ordem e o
deslocamento de primeira ordem para o nível 13.800 mm na Tabela 1 no sentido negativo de
x, demonstra uma amplificação considerável na estrutura de aproximadamente 1,25, todavia
verifica‐se que ocorre uma inversão no sentido dos deslocamentos, mostrado através do sinal
dos deslocamentos. Sendo a coluna neste nível pouco solicitada devido à composição dos
esforços do modelo, não caracterizando uma grande sensibilidade da estrutura a
deslocamentos horizontais de segunda ordem.
A Tabela 2 apresenta os resultados para a avaliação dos efeitos de segunda ordem com
notional load de 0,2 % na direção y, com modulo de elasticidade de 200GPa em todos os níveis
da coluna em estudo.
Tabela 2 ‐ Analise segunda ordem na direção y, notional load = 0,002Fg
Δy (+) Coluna 3E Δy (‐) Coluna 3E
Nó Δy2 Δy1 Δy2/Δy1 Δy2 Δy1 Δy2/Δy1
5.000_3E 2,38 2,09 1,14 ‐0,30 ‐0,22 1,33
9.000_3E 3,84 3,39 1,13 ‐0,53 ‐0,43 1,21
13.800_3E 6,02 5,33 1,13 ‐0,78 ‐0,66 1,19
18.100_3E 6,44 5,66 1,14 ‐1,71 ‐1,55 1,10
24.200_3E 12,18 11,08 1,10 2,48 2,42 1,02
30.300_3E 14,88 13,66 1,09 4,33 4,19 1,03
Os resultados para a consideração das cargas fictícias na direção y apresentam
relações maiores entre os deslocamentos de segunda e primeira ordem. Caracterizando maior
sensibilidade da estrutura na direção em que as notional loads são aplicadas no sentido
perpendicular a menor inércia da seção das colunas.
O período natural do modelo de cálculo para consideração de 10 % à 60 % da ação
gravitacional é apresentado na Figura 6, com o respectivo modo de vibração da estrutura.
Observa‐se que o primeiro modo para os casos de consideração de 10 % à 30 % da ação
8
variável apresenta modo comportamento similar ao primeiro modo para consideração de 50 %
e 60% da carga acidental, o único modo distinto é para a combinação de carga com 40 % das
ações acidentais, todavia, todos os casos de ações ilustradas não apresentam uma variação no
valor considerável do período natural da estrutura.
Utilizando as Equações 6 e 7 para definição dos fatores de amplificação dos esforços
pelo método aproximado e pelo método exato, respectivamente, são apresentados os
resultados para cada período representando a porcentagem de ação variável considerada na
análise.
10% ação variável 20% ação variável 30% ação variável
T= 1,237 T= 1,292 T= 1,346
40% ação variável 50% ação variável 60% ação variável
T= 1,399 T= 1,450 T= 1,499
Figura 6 ‐ Primeiro modo do período natural para ação variável com considerações de 10 a
60% do seu valor pleno
9
A Tabela 3 apresenta os resultados para os métodos de avaliação dos efeitos de
segunda ordem na estrutura com amplificação dos esforços aproximado e exato.
Tabela 3 – Análise da amplificação dos esforços considerando o período da estrutura
% AV T (s) L (m) g (m/s²) Ba,t Be,t
10% 1,237 30,3 9,81 1,113 1,127
20% 1,292 30,3 9,81 1,123 1,141
30% 1,346 30,3 9,81 1,134 1,154
40% 1,399 30,3 9,81 1,144 1,169
50% 1,45 30,3 9,81 1,155 1,184
60% 1,499 30,3 9,81 1,166 1,199
Os resultados das amplificações são mínimas, o que representa que a estrutura não
apresenta sensibilidade a efeitos de segunda ordem devido a carregamento vertical.
É percebida pequena variação entre o método aproximado e o método exato de
cálculo para obtenção dos fatores de amplificação dos esforços para consideração dos efeitos
de segunda ordem na estrutura. Porém, apresenta valores que possibilitam a avaliação da
estrutura como uma estrutura que apresenta sensibilidade para efeitos de segunda ordem
frente a carregamentos gravitacionais.
4 CONCLUSÃO
O estudo levou em consideração a aplicação de um método simplificado considerando
o período da estrutura e a influência da carga gravitacional para os resultados do período
natural da estrutura, representando o comportamento da estrutura de forma semelhante ao
resultado da análise dos deslocamentos da estrutura considerando as cargas fictícias aplicadas
horizontalmente nos nós das colunas.
O método de cálculo apresentado para avaliação da sensibilidade da estrutura para
efeitos de segunda ordem representa uma maneira rápida de verificação do estado da
estrutura referente à sensibilidade a desenvolver efeito de segunda ordem significativo para os
esforços internos, visto a facilidade atual de realização de análise modal e definição dos
períodos da estrutura.
Um estudo sobre as simplificações adotadas de regularidade nas cargas e centro de
gravidade da estrutura devem ser aprofundado, gerando maior confiabilidade e até mesmo
possibilidade de inclusão em normas técnicas de estruturas de aço.
REFERÊNCIAS
1 Lavall, A. C. C.; Silva, R. G. L. da; Costa, R. S.; Fakury, R. H. Análise avançada de pórticos de
aço conforme as prescrições da ABNT NBR 8800:2008. Revista da Estrutura de Aço. 2013; v.2,
n3: 146‐165.
2 Lima, S. S.; Santos, S.H.; Análise dinâmica das estruturas. Rio de Janeiro. Editora Ciência
Moderna,2008.
10
3 Lee, S‐H.; Lee, K‐K.; Woo, S‐S.; Cho, S‐H. Global vertical mode vibration due to human group
rhythmic movement in a 39 story building structure. Engineering Structures. 2013; v.57: 296‐
305.
4 Lee, K.; Lee, S‐H.; Kim, G‐C.; Woo, S‐S. Global vertical resonance phenomenon steel building
and human rhythmic excitations. Journal of Constructional Steel Research. 2014; v.92: 164‐
174.
5 Neves, C. L. F.; Silva, J. G. S. da; Lima, L.R.O. de; Jordão, S. Multi‐story, multi‐bay buildings
with composite steel‐deck floors under human‐induced loads: The human comport issue.
Computers and Structures. 2014; v.136: 34‐46.
6 Chrysanthakopoulos, C.; Bazeos, N.; Beskos, D. E. Approximate formulae for natural periods
of plane steel frames. Journal of Constructional Steel Research. 2006; v.62: 592‐604.
7 Nicoreac, M. e Hoenderkamp, J. C. D. Periods of vibration of braced frames with outriggers.
Procedia Engineering. 2012; v.40: 298‐303.
8 Valle, Z. J. L.; Diéguez,G. M.; Camblor, A. R. Nonlinear modal identification of a steel frame.
Engineering Structures. 2013; v.56: 246‐259.
9 Assunção, T.M.R.C.; Paula, F. A. de; Análise dos Efeitos Dinâmicos Induzidos por Peneiras
Vibratórias em Estruturas Industriais. São João Del‐Rei. Associação Brasileira de Métodos
Computacionais em Engenharia, 2010.
10 Statler, D. E.; Ziemian, R. D.; Robertson, L. E. The natural period as an indicator of second‐
order effects. Proceedings of the Annual Stability Conference Structural Stability Research
Council. 2011;
11 American Institute of Steel Construction – AISC360. Load and resistance factor design
specification for structural steel buildings. Chicago, 2010. p.612.
13 SAP 2000 – Software integrado para analise e dimensionamento estrutural. Computers
and Structures, Inc. California. V16, 2014.
11
Tema: Estruturas de Aço
OBTENÇÃO DE COEFICIENTES AERODINÂMICOS ATRAVÉS DE MECÂNICA
COMPUTACIONAL DE FLUIDOS PARA DETERMINAÇÃO DE AÇÕES EM EDIFICAÇÕES
DEVIDAS AO VENTO
Anderson Guerra¹
Zacarias M. Chamberlain Pravia²
Resumo
Devido à extrema necessidade da verificação das ações de vento em edificações,
pretende‐se simular um túnel de vento por meio da Dinâmica dos Fluidos Computacional
(CFD), e obter os valores aerodinâmicos de sobre‐pressão e sucção causados devido as ações
do vento em edificações industriais em aço ou concreto, e por sua vez confrontá‐las com
dados de túnel de vento real para sua validação.
Para a simulação numérica computacional, foi utilizada a ferramenta computacional ANSYS
12.1, considerando a interação fluido‐estrutura. A geometria da edificação foi determinada
tridimensionalmente, totalmente vedada e inserida no fluido ar.
Palavras‐chave: Vento, CFD, Túnel de Vento, MEF, Mecânica dos Fluidos.
AERODYNAMIC COEFFICIENTS THROUGH COMPUTATIONAL FLUID MECHANICS FOR FORCES
DUE TO WIND
Abstract
Due to the need to verify forces due to Wind, the aerodynamics parameters obtained in Wind
tunnel can be determinate by Computational Fluid Dynamics (CFD), and can be compared with
those obtained from Wind tunnel measurements of pressures. In this article, a computational
numerical simulation was developed with CFD in the software ANSYS Version 12.1, considering
the fluid‐structure interaction. The geometry of the building was modeled in three‐
dimensional space, fully sealed and inserted in the air fluid, simulating a numerical wind
tunnel. Some examples are presented and some remarks about are commented.
Keywords: Forces due to Wind, Computational Mechanical Fluids.
¹ Engenheiro Civil, Graduado, Calculista Estrutural, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio
Grande do Sul ‐ Brasil.
² Engenheiro Civil, Doutor, Professor, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil e Ambiental e Da
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul ‐
Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
As forças devidas ao vento são importantes no projeto e dimensionamento de elementos de
estruturas, sendo que, em alguns casos esta é a ação principal dentro daquelas que solicitam a
edificação. Para definir as forças devidas ao vento são usados os procedimentos da NBR
6123:1988 – Forças devidas ao vento em edificações. Nela há dois aspectos para a obtenção
das ações devidas ao vento: os dados meteorológicos, que principalmente tem a ver com as
velocidades do vento natural, e os dados aerodinâmicos. Ambos são obtidos por medições, a
velocidade básica do vento através de estações, que tem seus dados processados em uma
rajada de 3 segundos, excedida em média uma vez em 50 anos, a 10m acima do terreno e em
campo aberto e plano. Como regra geral, é admitido que o vento básico pode atuar em
qualquer direção horizontal.
A norma brasileira NBR 6123 não é válida para edificações de forma, dimensões ou localização
fora do comum e permite que as ações dinâmicas do vento sejam consideradas como ações
estáticas, desde que o período da estrutura seja inferior a um segundo. Sendo assim, caso não
atenda estas exigências, são necessárias estudos em túnel de vento.
Com a necessidade de otimização do tempo, o baixo custo e com a evolução dos
computadores, ficou comum a pesquisa na área de análise numérica de mecânica de fluidos
para a determinação de fatores aerodinâmicos. Em indústrias aeronáuticas, automobilísticas e
navais este tipo de pesquisa e análise previa em computadores é rotineiro. No caso da
construção civil há vários pesquisadores que realizam estudos ligados a este tema, e com o
aquecimento continuo da construção, edifícios com formas diferentes e cada vez mais altos
será necessário o acréscimo de novas tecnologias para ajudar o estudo da influência
aerodinâmica causada pelo vento.
Este trabalho tem por objetivo reproduzir objetos testados em túnel de vento encontrados na
bibliografia, e através de analise numérica computacional, obter os parâmetros aerodinâmicos
comparando‐os com os dados ensaiados em túnel de vento. Fazendo‐se assim provar a
eficiência da análise numérica computacional para a determinação de coeficientes
aerodinâmicos de uma edificação qualquer.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Considerações iniciais
A análise numérica foi desenvolvida através do software ANSYS 12.1, um programa de
elementos finitos, onde foi simulado um edifício industrial sujeito as ações do vento
semelhantes as condições naturais.
2
2.2 Obtenção de dados Prévios
2.2.1 Modelo 1
O primeiro modelo a ser simulado é um telhado a quatro aguas estudado e apresentado pelo
professor Joaquim Blessmann da UFRGS.
Blessmann (2004) ensaiou no túnel de vento Prof. Joaquim Blessmann da UFRGS os efeitos do
vento em telhados a quatro aguas, e considerou variações do mesmo, como, platibandas e
beiras de diferentes tamanhos. Estas mesmas considerações serão feitas aqui e comparadas
com os resultados obtidos por Blessmann.
Figura 1 ‐ Vista Superior do modelo a ser estudado
Fonte: Blessmann (2004)
Figura 2 ‐ Corte do modelo a ser estudado
Fonte: Blessmann (2004)
3
Tabela 1 ‐ dimensões e proporções dos modelos com Beiral
Fonte: Blessmann (2004)
Dimensões e Proporções dos Modelos com Beiral (7 modelos)
320 x 160 x 180
Parede Alta (PA) 15° 2/30 9/8
[2 x 1 x 1,125]
Tabela 2 ‐ dimensões e proporções dos modelos com platibanda
Fonte: Blessmann (2004)
Dimensões e Proporções dos Modelos com platibanda (28 modelos)
0 0
320 x 160 x 180 3 0,05
Parede Alta 15° 9/8
[2 x 1 x 1,125] 6 0,10
12 0,20
2.2.2 Modelo 2
O segundo modelo a ser reproduzido e simulado é o apresentado em Almeida (2009) onde ele
ensaiou no túnel de vento da UFRGS uma estrutura espacial em aço executada em 2006 em
Gramado‐RS. Trata‐se de uma edificação cuja geratriz é um arco pleno com 53m de vão, 26,5m
de flecha, e comprimento de 105m. A velocidade usada para o vento turbulento no ensaio
realizado por Almeida (2009) foi de 40,97m/s e foi a mesma usada nesta pesquisa.
Figura 3 ‐ Estrutura estudada por Almeida (2009)
4
Figura 4 ‐ Estrutura estudada por Almeida (2009)
Fonte: Almeida (2009)
Almeida (2009) Apresentou dados do ensaio para todas as direções da edificação variando 15°
para cada lado, chegando a um total de 360°, e com 255 tomas para cada direção. Porem ele
não apresentou valores de pressões ou ate mesmo coeficientes de pressões não sendo assim
possivel uma comparação de pressoes com os valores de almeida, entao para a validação
deste modelo será usado o anexo E da NBR 6123/88. E as incidencias de vento analisadas
foram de 0 e 90 graus.
Figura 5 ‐ Modelo em miniatura para estudo em túnel de vento
Fonte: Almeida (2009)
5
Figura 6 ‐ Abóbodas cilíndricas de seção circular pela NBR 6123/88.
2.3 Métodos e técnicas
Os modelos que serão analisados, possuem dimensões de comprimento, largura e altura
conforme os apresentados no item acima. O escoamento será turbulento p=0,23, classe entre
III e IV da NBR 6123, serão analisados 7 direções do vento, girando os modelos 15° para cada
direção, totalizando 90°
Para a análise numérica de CFD (Computacional Fluid Dynamic), foi escolhido sistema
Fluid Flow CFX do ANSYS 12.1, as velocidades são obtidas do princípio de conservação de
energia e a pressão é obtida do princípio de conservação de massa. O fluido onde a edificação
está inserida, tem como característica a incompressibilidade, fluido isotérmico, densidade de
1,185kg/m³ e viscosidade de 1,83e‐005 kg/m.s, a 25° de temperatura ambiente.
A edificação está inserida em um volume de controle onde a discretização do mesmo é
feita pelo ANSYS através de malhas cujo tamanho é definido de acordo com a precisão
requerida para os resultados.
O volume de controle o qual a edificação está inserida segue recomendações indicadas
por Franke et al. (2007) e possuem distância entre a entrada e o edifício de 5H entre a saída
15H, laterais de 5H e altura de 6H sendo H a altura de cumeeira do edifício em questão. Estas
dimensões podem ser visualizadas na Figura 7.
6
Figura 7 ‐ Proporções do Volume de Controle Sugeridas por Franke et al. (2007)
Figura 8 ‐ Aplicação das Propriedades do Fluido (1,185 kg/m³ e 1,83x10^‐5 kg/m.s)
Figura 9 ‐ Modelo de turbulência proposto RNG k‐Epsilon
Para os elementos de malha foi utilizado o ANSYS ICEM CFD usando o CFX‐Mesh
Method que é composto basicamente por malha Tetraédrica. A turbulência foi simulada
através do RNG k‐Epsilon, como vemos na Figura 9, que utiliza o modelo de turbulência k‐ε
padrão onde a viscosidade turbulenta assume que os tensores de Reynolds são proporcionais
7
aos gradientes de velocidade média com a constante de proporcionalidade sendo
caracterizada pela viscosidade turbulenta.
As condições de contorno do volume onde a edificação está inserida são as seguintes:
Na face do volume de controle a barlavento, na direção do vento a velocidade de
entrada do vento Vz é igual a 45m/s;
Figura 10 ‐ Aplicação das condições de contorno
Na face inferior do volume de controle, onde é simulado a superfície terrestre e em
todas as faces da edificação, Vx=Vy=0 (condição de não deslizamento);
Figura 11 ‐ Aplicação das Condições de contorno
Nas duas faces laterais, na face superior e na face a sotavento do volume de controle,
a pressão é igual a zero.
Figura 12 ‐ Aplicação das condições de contorno
8
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Modelo 1
3.1.1 Considerações Iniciais
Os resultados foram obtidos através de uma média dos valores proporcional a área da pressão
efetiva referente a cada zona dos quadrantes 1, 2, 3 e 4. Os coeficientes de pressão locais e
médios foram obtidos através da formula Cp = Δp/ q sendo que Δp = pressão efetiva e q =
pressão dinâmica definida como 0,613.V².
3.1.2 Apresentação dos Resultados
Tabela 3 ‐ Coeficientes de Pressão médios adquiridos através da Análise Numérica
Quadrante 1 Quadrante 2
Zona Platibanda p/h = Platibanda p/h =
Beiral Beiral
0 0,05 0,10 0,20 0 0,05 0,10 0,20
0 ‐0,52 ‐0,81 ‐0,78 ‐0,71 ‐0,65 0 ‐0,28 ‐0,22 ‐0,02 0,04 ‐0,05
15 ‐0,31 ‐0,52 ‐0,61 ‐0,88 ‐0,85 15 ‐0,60 ‐0,44 ‐0,30 ‐0,24 ‐0,31
30 ‐0,41 ‐0,23 ‐0,58 ‐0,86 ‐0,82 30 ‐0,84 ‐0,51 ‐0,49 ‐0,48 ‐0,43
I 45 ‐0,76 ‐0,40 ‐0,96 ‐1,04 ‐1,04 45 ‐0,89 ‐0,75 ‐0,63 ‐0,74 ‐0,85
60 ‐0,97 ‐0,41 ‐1,30 ‐1,28 ‐1,12 60 ‐1,15 ‐0,56 ‐0,98 ‐0,87 ‐0,79
75 ‐1,17 ‐0,56 ‐1,28 ‐1,12 ‐1,05 75 ‐1,15 ‐0,58 ‐1,09 ‐1,02 ‐0,63
90 ‐1,34 ‐0,81 ‐1,15 ‐0,98 ‐0,94 90 ‐1,34 ‐0,81 ‐1,15 ‐0,98 ‐0,94
0 ‐0,27 ‐0,34 ‐0,34 ‐0,48 ‐0,36 0 ‐0,08 ‐0,15 ‐0,02 ‐0,04 ‐0,17
15 ‐0,29 ‐0,41 ‐0,56 ‐0,35 ‐0,57 15 ‐0,29 ‐0,41 ‐0,32 ‐0,17 ‐0,32
30 ‐0,42 ‐0,33 ‐0,53 ‐0,46 ‐0,69 30 ‐0,78 ‐0,40 ‐0,54 ‐0,45 ‐0,42
II 45 ‐0,85 ‐0,68 ‐0,78 ‐0,79 ‐0,91 45 ‐0,92 ‐0,63 ‐0,72 ‐0,79 ‐0,88
60 ‐1,15 ‐0,97 ‐1,01 ‐1,10 ‐0,97 60 ‐1,10 ‐0,92 ‐0,94 ‐0,96 ‐0,87
75 ‐1,16 ‐1,15 ‐1,11 ‐1,05 ‐0,80 75 ‐1,15 ‐1,03 ‐1,08 ‐0,99 ‐0,67
90 ‐1,23 ‐1,21 ‐1,07 ‐0,92 ‐0,84 90 ‐1,23 ‐1,21 ‐1,07 ‐0,92 ‐0,84
0 ‐0,85 ‐0,47 ‐0,94 ‐0,83 ‐1,11 0 ‐0,30 ‐0,26 ‐0,02 0,08 0,06
15 ‐0,83 ‐0,58 ‐1,04 ‐1,00 ‐1,07 15 ‐0,61 ‐0,56 ‐0,36 ‐0,21 ‐0,14
30 ‐0,86 ‐0,37 ‐0,97 ‐0,92 ‐1,13 30 ‐0,80 ‐0,56 ‐0,31 ‐0,36 ‐0,32
III 45 ‐0,74 ‐0,40 ‐0,79 ‐0,88 ‐0,94 45 ‐0,77 ‐0,82 ‐0,59 ‐0,50 ‐0,44
60 ‐0,75 ‐0,65 ‐0,49 ‐0,86 ‐0,80 60 ‐0,79 ‐0,88 ‐0,73 ‐0,68 ‐0,45
75 ‐0,71 ‐0,76 ‐0,78 ‐0,81 ‐0,67 75 ‐0,60 ‐0,77 ‐0,94 ‐0,82 ‐0,61
90 ‐0,89 ‐0,94 ‐0,91 ‐0,69 ‐0,77 90 ‐0,89 ‐0,94 ‐0,91 ‐0,69 ‐0,77
Quadrante 3 Quadrante 4
Zona Platibanda p/h = Platibanda p/h =
Beiral Beiral
0 0,05 0,10 0,20 0 0,05 0,10 0,20
0 ‐0,52 ‐0,81 ‐0,78 ‐0,71 ‐0,65 0 ‐0,28 ‐0,22 ‐0,02 0,04 ‐0,05
I
15 ‐0,65 1,02 ‐0,84 ‐0,78 ‐0,84 15 ‐0,29 ‐0,48 ‐0,07 ‐0,12 ‐0,19
9
30 ‐0,80 ‐0,96 ‐0,79 ‐0,78 ‐0,69 30 ‐0,62 ‐0,60 ‐0,09 ‐0,08 ‐0,08
45 ‐0,86 ‐0,67 ‐0,66 ‐0,64 ‐0,48 45 ‐0,72 ‐0,64 ‐0,32 ‐0,34 ‐0,38
60 ‐0,83 ‐0,84 ‐0,36 ‐0,40 ‐0,37 60 ‐0,39 ‐0,66 ‐0,44 ‐0,53 ‐0,26
75 ‐0,58 ‐0,85 ‐0,24 ‐0,32 ‐0,43 75 ‐0,26 ‐0,69 ‐0,47 ‐0,41 ‐0,49
90 ‐0,29 ‐0,83 ‐0,39 ‐0,32 ‐0,55 90 ‐0,29 ‐0,83 ‐0,39 ‐0,32 ‐0,55
0 ‐0,27 ‐0,34 ‐0,34 ‐0,48 ‐0,36 0 ‐0,08 ‐0,15 ‐0,02 ‐0,04 ‐0,17
15 ‐0,60 ‐0,76 ‐0,44 ‐0,39 ‐0,57 15 ‐0,29 ‐0,63 ‐0,07 ‐0,12 ‐0,20
30 ‐0,69 ‐0,70 ‐0,46 ‐0,43 ‐0,40 30 ‐0,68 ‐0,70 ‐0,32 ‐0,08 ‐0,15
II 45 ‐0,83 ‐0,64 ‐0,40 ‐0,21 ‐0,42 45 ‐0,80 ‐0,74 ‐0,32 ‐0,34 ‐0,42
60 ‐0,71 ‐0,92 ‐0,41 ‐0,35 ‐0,32 60 ‐0,63 ‐0,88 ‐0,58 ‐0,60 ‐0,31
75 ‐0,42 ‐0,91 ‐0,56 ‐0,58 ‐0,53 75 ‐0,39 ‐0,82 ‐0,56 ‐0,48 ‐0,53
90 ‐0,40 ‐0,90 ‐0,52 ‐0,37 ‐0,55 90 ‐0,40 ‐0,90 ‐0,52 ‐0,37 ‐0,55
0 ‐0,85 ‐0,47 ‐0,94 ‐0,83 ‐1,11 0 ‐0,30 ‐0,26 ‐0,02 0,08 0,06
15 ‐0,91 ‐0,77 ‐0,93 ‐0,96 ‐1,06 15 ‐0,54 ‐0,48 ‐0,07 ‐0,08 0,10
30 ‐0,95 ‐0,59 ‐0,79 ‐0,95 ‐1,01 30 ‐0,69 ‐0,53 ‐0,07 ‐0,08 ‐0,02
III 45 ‐0,94 ‐0,48 ‐0,68 ‐0,80 ‐0,93 45 ‐0,75 ‐0,66 ‐0,48 ‐0,34 ‐0,38
60 ‐0,91 ‐0,70 ‐0,61 ‐0,58 ‐0,65 60 ‐0,40 ‐0,83 ‐0,52 ‐0,53 ‐0,24
75 ‐0,56 ‐0,75 ‐0,38 ‐0,60 ‐0,56 75 ‐0,27 ‐0,71 ‐0,56 ‐0,41 ‐0,49
90 ‐0,29 ‐0,83 ‐0,52 ‐0,56 ‐0,55 90 ‐0,29 ‐0,83 ‐0,52 ‐0,56 ‐0,55
Tabela 4 ‐ Coeficientes de Pressão médios apresentados por Blessmann
Quadrante 1 Quadrante 2
Zona Platibanda p/h = Platibanda p/h =
Beiral Beiral
0 0,05 0,1 0,2 0 0,05 0,1 0,2
0 ‐0,51 ‐0,65 ‐0,82 ‐0,77 ‐0,62 0 ‐0,26 ‐0,27 ‐0,05 0,03 ‐0,05
15 ‐0,34 ‐0,39 ‐0,63 ‐0,89 ‐0,87 15 ‐0,51 ‐0,52 ‐0,28 ‐0,17 ‐0,11
30 ‐0,39 ‐0,39 ‐0,57 ‐0,84 ‐0,86 30 ‐0,75 ‐0,66 ‐0,49 ‐0,40 ‐0,43
I 45 ‐0,62 ‐0,61 ‐0,97 ‐1,00 ‐0,97 45 ‐0,82 ‐0,76 ‐0,66 ‐0,68 ‐0,60
60 ‐0,92 ‐1,02 ‐1,31 ‐1,25 ‐1,04 60 ‐1,03 ‐0,93 ‐0,92 ‐0,82 ‐0,70
75 ‐1,24 ‐1,25 ‐1,28 ‐1,11 ‐0,87 75 ‐1,24 ‐1,17 ‐1,01 ‐0,84 ‐0,77
90 ‐1,32 ‐1,33 ‐1,13 ‐0,91 ‐0,84 90 ‐1,32 ‐1,33 ‐1,13 ‐0,91 ‐0,84
0 ‐0,27 ‐0,28 ‐0,32 ‐0,48 ‐0,64 0 ‐0,20 ‐0,20 ‐0,10 ‐0,10 ‐0,29
15 ‐0,31 ‐0,32 ‐0,30 ‐0,32 ‐0,57 15 ‐0,36 ‐0,39 ‐0,30 ‐0,21 ‐0,20
30 ‐0,54 ‐0,30 ‐0,57 ‐0,53 ‐0,65 30 ‐0,66 ‐0,62 ‐0,59 ‐0,50 ‐0,56
II 45 ‐0,81 ‐0,82 ‐0,79 ‐0,79 ‐0,92 45 ‐0,87 ‐0,84 ‐0,76 ‐0,76 ‐0,80
60 ‐0,99 ‐1,03 ‐1,04 ‐1,02 ‐1,01 60 ‐1,04 ‐0,98 ‐0,93 ‐0,94 ‐0,86
75 ‐1,14 ‐1,13 ‐1,11 ‐1,01 ‐0,87 75 ‐1,12 ‐1,10 ‐1,06 ‐0,93 ‐0,81
90 ‐1,14 ‐1,12 ‐1,08 ‐0,94 ‐0,86 90 ‐1,14 ‐1,12 ‐1,08 ‐0,94 ‐0,86
0 ‐0,89 ‐1,02 ‐0,90 ‐0,76 ‐0,61 0 ‐0,29 ‐0,28 ‐0,03 0,12 0,04
15 ‐0,87 ‐0,91 ‐1,08 ‐1,05 ‐0,88 15 ‐0,44 ‐0,46 ‐0,07 0,06 0,03
30 ‐0,70 ‐0,76 ‐0,97 ‐1,10 ‐0,91 30 ‐0,58 ‐0,52 ‐0,36 ‐0,33 ‐0,34
III 45 ‐0,59 ‐0,66 ‐0,77 ‐0,88 ‐0,98 45 ‐0,65 ‐0,61 ‐0,61 ‐0,63 ‐0,55
60 ‐0,53 ‐0,55 ‐0,49 ‐0,83 ‐0,98 60 ‐0,73 ‐0,66 ‐0,78 ‐0,75 ‐0,68
75 ‐0,60 ‐0,63 ‐0,78 ‐1,03 ‐0,88 75 ‐0,74 ‐0,76 ‐0,93 ‐0,82 ‐0,78
90 ‐0,77 ‐0,86 ‐1,00 ‐0,92 ‐0,85 90 ‐0,77 ‐0,86 ‐1,00 ‐0,92 ‐0,85
Quadrante 3 Quadrante 4
Zona
Beiral Platibanda p/h = Beiral Platibanda p/h =
10
0 0,05 0,1 0,2 0 0,05 0,1 0,2
0 ‐0,51 ‐0,65 ‐0,82 ‐0,77 ‐0,62 0 ‐0,26 ‐0,27 ‐0,05 0,03 ‐0,05
15 ‐0,79 ‐0,82 ‐0,85 ‐0,85 ‐0,79 15 ‐0,35 ‐0,38 ‐0,03 0,15 0,32
30 ‐0,80 ‐0,73 ‐0,79 ‐0,82 ‐0,81 30 ‐0,44 ‐0,46 ‐0,09 0,04 0,06
I 45 ‐0,85 ‐0,77 ‐0,63 ‐0,61 ‐0,73 45 ‐0,46 ‐0,50 ‐0,32 ‐0,33 ‐0,35
60 ‐0,82 ‐0,76 ‐0,37 ‐0,32 ‐0,56 60 ‐0,52 ‐0,53 ‐0,48 ‐0,51 ‐0,62
75 ‐0,68 ‐0,65 ‐0,25 ‐0,31 ‐0,62 75 ‐0,48 ‐0,48 ‐0,48 ‐0,61 ‐0,72
90 ‐0,49 ‐0,47 ‐0,44 ‐0,65 ‐0,74 90 ‐0,49 ‐0,47 ‐0,44 ‐0,65 ‐0,74
0 ‐0,27 ‐0,28 ‐0,32 ‐0,48 ‐0,64 0 ‐0,20 ‐0,20 ‐0,10 ‐0,10 ‐0,29
15 ‐0,53 ‐0,58 ‐0,48 ‐0,49 ‐0,60 15 ‐0,39 ‐0,44 ‐0,20 ‐0,05 0,02
30 ‐0,66 ‐0,66 ‐0,48 ‐0,33 ‐0,38 30 ‐0,55 ‐0,57 ‐0,29 ‐0,09 ‐0,03
II 45 ‐0,76 ‐0,75 ‐0,39 ‐0,20 ‐0,37 45 ‐0,63 ‐0,65 ‐0,32 ‐0,32 ‐0,44
60 ‐0,80 ‐0,77 ‐0,39 ‐0,43 ‐0,63 60 ‐0,68 ‐0,67 ‐0,55 ‐0,63 ‐0,70
75 ‐0,73 ‐0,73 ‐0,53 ‐0,63 ‐0,81 75 ‐0,62 ‐0,61 ‐0,55 ‐0,68 ‐0,79
90 ‐0,62 ‐0,59 ‐0,56 ‐0,77 ‐0,82 90 ‐0,62 ‐0,59 ‐0,56 ‐0,77 ‐0,82
0 ‐0,89 ‐1,02 ‐0,90 ‐0,76 ‐0,61 0 ‐0,29 ‐0,28 ‐0,03 0,12 0,04
15 ‐0,97 ‐0,98 ‐0,92 ‐0,91 ‐0,80 15 ‐0,34 ‐0,35 0,07 0,23 0,33
30 ‐0,89 ‐0,79 ‐0,85 ‐0,91 ‐0,89 30 ‐0,43 ‐0,43 ‐0,03 0,08 ‐0,01
III 45 ‐0,96 ‐0,89 ‐0,68 ‐0,73 ‐0,87 45 ‐0,49 ‐0,52 ‐0,41 ‐0,36 ‐0,35
60 ‐0,88 ‐0,82 ‐0,57 ‐0,52 ‐0,85 60 ‐0,57 ‐0,60 ‐0,53 ‐0,51 ‐0,59
75 ‐0,67 ‐0,64 ‐0,38 ‐0,53 ‐0,88 75 ‐0,59 ‐0,61 ‐0,58 ‐0,68 ‐0,76
90 ‐0,60 ‐0,55 ‐0,56 ‐0,80 ‐0,83 90 ‐0,60 ‐0,55 ‐0,56 ‐0,80 ‐0,83
Figura 13 ‐ Pressão Total, ℓb/h = 0, 0° e 15°
11
Figura 14 ‐ Pressão Total, ℓb/h = 0.10, 60° e 75°
Gráfico 1 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 1 ‐ Beiral
Gráfico 2 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 1 ‐ ℓb/h = 0.05
12
Gráfico 3 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 1 ‐ ℓb/h = 0.10
Gráfico 4 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 1 ‐ ℓb/h = 0.20
Gráfico 5 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 2 ‐ Beiral
13
Gráfico 6 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 2 ‐ ℓb/h = 0.05
Gráfico 7 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 2 ‐ ℓb/h = 0.10
Gráfico 8 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 2 ‐ ℓb/h = 0.20
14
Gráfico 9 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 3 ‐ Platibanda ‐ Beiral
Gráfico 10 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 3 ‐ ℓb/h = 0.05
Gráfico 11 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 3 ‐ ℓb/h = 0.20
15
Gráfico 12 ‐ Ce Quadrante 1 ‐ Zona 3 ‐ ℓb/h = 0.20
3.2 Modelo 2
3.2.1 Apresentação dos Resultados
Figura 15 ‐ Pressão para Vento a 0°
Figura 16 ‐ Pressão para Vento a 90°
16
Figura 17 ‐ Coeficientes de Pressões através da NBR 6123/88.
Tabela 5 ‐ Resultado Modelo 3 para vento a 0°
Resultados Para vento a 0 graus
Analise Numerica
Ponto NBR6123/88
Pd (m/s) Pt (Pa) Cpe
A1 ‐1,8 40,97 1191 ‐1,157
A1+A2 ‐0,8 40,97 918 ‐0,892
B ‐0,6 40,97 467 ‐0,454
C ‐0,3 40,97 157 ‐0,153
D1+D2 ‐0,2 40,97 171 ‐0,166
Tabela 6 ‐ Resultado Modelo 3 para vento a 90°
Resultados Para vento a 90 graus
Analise Numerica
Ponto NBR6123/88
Pd (m/s) Pt (Pa) Cpe
1 0,3 40,97 1032 1,003
2 ‐0,3 40,97 ‐467 ‐0,454
3 ‐0,6 40,97 ‐946 ‐0,919
4 ‐0,7 40,97 ‐907 ‐0,881
5 ‐0,6 40,97 ‐574 ‐0,558
6 ‐0,2 40,97 ‐327 ‐0,318
17
Gráfico 13 ‐ Comparação para incidência de 0°
Gráfico 14 ‐ Comparação para incidência de 90°
3.3 Analise dos Resultados
3.3.1 Modelo 1
a) O exame da Tabela 3 e
Tabela 4 e os Gráficos 1 ao 12 nos leva a concluir que os valores mais próximos entre a Analise
Numérica Computacional e os valores de Blessmann (2004) acontecem nos quadrantes 1 e 3
para incidência de vento 0, 15 e 30 graus e nos quadrantes 1 e 2 para ventos com incidência
nos ângulos 60, 75 e 90 graus.
b) Constatou‐se também valores divergentes os de Blessmann (2004) nos quadrantes 2 e 4
para as coberturas com platibanda ℓb/h = 0 e 0,20 de altura.
c) O valor de |Ce| máximo foi de 1,34 e aconteceu para cobertura com beiral nos quadrantes 1
e 2, zona 1 e incidência de vento 90 graus. Valores próximos a 1,34 aconteceram para o
18
modelo com platibanda de ℓb/h = 0,05 e 0,10 no quadrante 1, zona 1 e incidências de 60 e 75
graus.
d) Conforme Blessmann (2004) já tinha constatado os valores absolutos maiores que 1 de Cpe
aparecem nos quadrantes 1 e 2 sendo que nos quadrantes 3 e 4 os valores de |Ce| situaram‐
se abaixo deste valor.
e) Para o uso de platibanda assim como Blessmann (2004) notou‐se que a sua influência em
diversas situações aumentam os valores das sucções, tanto para valores médios |Ce| como os
valores locais de Cpe.
3.3.2 Modelo 2
a) Os valores obtidos através da NBR6123 para coberturas circulares são semelhantes com
aqueles do procedimento de analise numérico, tendo divergências somente nos coeficientes
de pressão de borda (Cpe médio).
b) Para o Vento com incidência de 0 graus o valor máximo de coeficientes de pressão obtido
através da análise numérica computacional foi de ‐1,16 enquanto a norma nos traz ‐1,8 como
máximo de borda.
c) Já para o Vento com incidência de 90 graus o valor de coeficiente de pressão de borda foi
obtido +1,003 através da análise numérica e +0,3 com o procedimento da NBR6123,
mostrando que a norma pode estar subestimando as pressões de borda em alguns casos.
4 CONCLUSÃO
Em analise numérica computacional e, especificamente falando em engenharia do vento
computacional, a confiabilidade dos resultados é um fator discutível. A limitação do métodos
numéricos e a correta forma de analise influenciam na confiabilidade dos resultados.
Os resultados, em grande maioria, dos modelos analisados neste trabalho, através da dinâmica
dos fluidos computacional ou analise numérica computacional, apresentaram valores não tão
precisos quanto os encontrados em túnel de vento. Contudo é apresentado casos de
incidências de vento onde valores das análises numéricas chegam próximos aos obtidos em
túnel de vento.
É importante ressaltar que os valores das análises não são idênticos aos de túnel de vento,
porem Ferziger (1990) comenta que erros de mais de 25% podem ser aceitáveis na Engenharia
do Vento, então estas variações podem ser toleradas.
REFERÊNCIAS
BLESSMANN, J. Aerodinâmica das Construções. 2° ed. Porto Alegre: SAGRA. 1983.
19
BLESSMANN, J. Ação do Vento em Telhados. Porto Alegre: SAGRA. 1991.
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CUNHA DE ALMEIDA, P. R. Estudo comparativo de dimensionamento de uma cobertura
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Ortogonal Própria. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós‐
Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
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LOREDO‐SOUZA, A. M ; SCHETTINI, E. B. C.; PALUCH, M. J. Simulação da camada limite
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RIBEIRO, ANDRÉ F. P. Analise aerodinâmica de um Edifício por Dinâmica dos Fluidos
Computacional. 2009. Trabalho de Graduação – Faculdade Federal do Rio Grande do Sul
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CASTELLI, M. R.; TONIATO, S.; BENINI, E. Numerical analysis of wind loads on a hemicylindrical
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FRANKE, J.; HELLSTEN, A.; SCHLUNZEN, H.; CARISSIMO, B. COST Action 732: Best practice
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FERZIGER, J. H. Approaches to turbulent flow computation: applications to flow over
obstacles. Journal of Wind Engineering and Industrial Aerodynamics, Amsterdam, v.35, p. 1‐19,
Sept. 1990.
20
Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
CONSTRUMETAL 2014
Contribuições Tecnocientíficas
Parte 4
– Estruturas de Aço em Situação de Incêndio –
DESEMPENHO DE EDIFÍCIO HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL
INDUSTRIALIZADO EM AÇO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
Este trabalho apresenta os resultados de um projeto que tem como objetivo principal fornecer subsídios
para o conhecimento do comportamento de um sistema estrutural misto de aço e concreto para
habitações de interesse social de andares múltiplos. Um protótipo foi desenvolvido sendo composto por
estrutura em aço USI-CIVIL-300 em perfis conformados a frio na forma de tubos quadrados para os
pilares e perfis I formados por dois U enrijecidos para as vigas além das lajes mistas com forma de aço
incorporada tipo ―steel deck; paredes externas com painéis sanduiche, formados por chapas de aço
galvanizado e material termo isolante, e revestidos internamente por placas Drywall. As paredes internas
com painéis estruturados em aço revestidos com placas de gesso acartonado e forro com placas Drywall.
TÍTULO EM INGLÊS
This paper presents the results of a project that aims to provide subsidies to the knowledge of the behavior
of a mixed structural system of steel and concrete for social housing multiple floors. A prototype was
developed and is composed of structure-USI CIVIL-300 in cold-formed steel in the form of square tubing
and profiles for the columns I formed by two U beams for hardened profiles beyond the form of composite
slabs with steel deck; external walls with sandwich panels, consisting of galvanized steel and thermal
insulation materials, and lined by Drywall boards. The internal walls with structured steel coated with
drywall and ceiling with drywall boards.
¹ Engenheiro Civil graduado pela Fundação Oswaldo Aranha, Volta Redonda-RJ /Mestre em ciências pelo
Instituto Tecnológico da Aeronáutica, São José dos Campos-SP /Especialista na USIMINAS, São Paulo,
Brasil
² Arquiteto graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, São Paulo/ MBA em Gestão
Competitiva pela Faculdade de Economia e Administração da USP, São Paulo/Especialista na USIMINAS,
São Paulo, Brasil
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
Tendo em vista as peculiaridades do projeto desenvolvido pela Usiminas com a proposição de novos
materiais e novo sistema construtivo, sentimos a necessidade da realização de ensaio de incêndio em um
protótipo em escala real.
A estrutura foi verificada apenas à temperatura ambiente conforme as normas ABNT NBR 8800:2008 e
ABNT NBR 14762:2010.
Para situação de incêndio, decidiu-se pela construção de um protótipo em escala real contemplando
metade da planta do andar (2 apartamentos e hall da escada) e 2 pavimentos conforme figura1.
Os elementos estruturais foram mantidos sem proteção e apenas a laje mista recebeu uma armadura
adicional com o objetivo de resistir às solicitações em situação de incêndio. As verificações foram
realizadas conforme a ABNT NBR 14323:1999 e o seu projeto de revisão de 2012 (ABNT NBR
14323:2012). Salienta-se que as vigas de aço foram mantidas sem proteção.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para calcular a carga de incêndio presente no apartamento, foi feita a pesagem de todos os móveis. Com
a utilização de fórmulas e tabelas de poder calorífico especifico de cada material segundo a norma ABNT
NBR: 14432: 2001 ou pelas IT 09 CBMG/IT 14 CBSP, transformou-se o peso dos materiais em carga de
incêndio de cada cômodo.
Para medir a deformação das estruturas do protótipo durante a simulação de incêndio, foram utilizados
seis extensômetros elétricos, unidirecionais. Extensômetros são medidores de deformação amplamente
utilizados no ensaio de estruturas.
2
Foram realizadas imagens termográficas da parede lateral e frontal do protótipo, através de duas câmeras
de medição de temperatura por infravermelho modelos A315 e A325 do fabricante FLIR.
As câmeras e o sistema de aquisição também foram posicionados em duas cabines protegidas com
isolação térmica. As câmeras foram programadas para gravar as imagens a cada 15 segundos.
Para simular um edifício em condições reais de uso, foi necessário carregar a estrutura de forma a atingir
o máximo esforço atuante nos pilares do pavimento térreo em situação de incêndio ( conforme NBR
14323).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve colapso total ou parcial do edifício, que permaneceu estável e íntegro, sem quaisquer danos
localizados por fissuras ou deformações mesmo após 75 minutos de incêndio. Os deslocamentos da
estrutura foram insignificantes, tendo sido registrado um deslocamento horizontal de 2,5mm no topo do
edifício.
Não houve a propagação do incêndio para o apartamento contíguo. Isso demonstrou o bom desempenho
da parede Drywall entre os apartamentos do mesmo pavimento e do septo externo colocado entre os
apartamentos (compartimentação horizontal) .
Não houve a propagação do incêndio para o apartamento do andar de cima. Isso demonstrou o bom
desempenho dos painéis de fachada e do conjunto laje mista steel deck+forro Drywall (compartimentação
vertical). Os chumaços de algodão colocados sobre a laje do pavimento incendiado não entraram em
ignição.
As deformações medidas nas vigas e pilares não foram significativas a ponto de comprometer a
estabilidade da edificação. Observou-se uma fecha de 16 mm na viga B. Nas demais vigas e pilares não
houve deformações.
A temperatura máxima registrada no interior do apartamento foi de 1030ºC, e aconteceu aos 57 minutos
(figura 4).
A temperatura máxima registrada na superfície externa do painel de aço foi 30ºC enquanto a placa
Drywall se manteve íntegra e 90ºC após a queda do Drywall.
As propriedades mecânicas do aço não foram afetadas após o incêndio conforme a análise metalográfica
realizada.
3
Figura 2: Fotografias do incêndio.
4
4 CONCLUSÃO
A partir da observação do ensaio, pode-se concluir que a estrutura, apresenta uma capacidade resistente
em situação de incêndio adequada.
Agradecimentos
Agradecemos aos colegas da Usiminas pela valiosa cooperação, em especial aos funcionários
do Centro de Pesquisa.
Agradecemos as empresas que de alguma forma contribuíram para a realização desse
trabalho: Dânica, Flasan, Lafarge Gypsum, Metform, Pórtico, Soluções Usiminas, Tecsteel e
UFMG.
Agradecemos de forma especial o Corpo de Bombeiros do Estado de MG pela inestimável
contribuição ao êxito dessa empreitada.
Agradecemos ao FINEP por ter acreditado nesse projeto e sem o qual não teria sido possível a
realização desse trabalho.
REFERÊNCIAS
[2] ABNT NBR 14323:2012. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Texto-Base de Revisão de
Norma - Dimensionamento de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de
Edifícios em Situação de Incêndio.
[3] ABNT NBR 8800:2008. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Projeto de Estruturas de Aço e
Mistas de Aço e Concreto de Edifícios.
5
Tema: Proteção das Estruturas – Corrosão e Incêndio
Resumo
É corrente empregar-se em projetos de estruturas em situação de incêndio, a curva
padronizada temperatura-tempo definida na ABNT NBR 5628:2001 que é igual à da ISO 834
(1999). No entanto, essa curva não representa o incêndio real.
As curvas paramétricas contidas no Eurocode 1 (2002) apresentam resultados mais realísticos
que a de incêndio-padrão, já que levam em conta o grau de ventilação, carga de incêndio e
características dos materiais das vedações do compartimento e diferenciam incêndio
controlado pela ventilação e controlado pelo combustível.
Para este trabalho, elaborou-se uma ferramenta computacional que permite construir a curva
temperatura-tempo parametrizada para os cenários de incêndio conforme os parâmetros
mencionados. O programa permite também determinar a temperatura de elementos
estruturais de aço sujeitos a incêndios modelados por ambas as curvas, empregando-se a
formulação recomendada pela ABNT NBR 14323:2013.
O objetivo deste trabalho é procurar encontrar uma equivalência entre ambas as curvas por
meio da comparação da temperatura do aço.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
EQUIVALENCE BETWEEN ISO-FIRE AND PARAMETRIC FIRE BASED ON THE TEMPERATURE OF
STEEL STRUCTURES *
Abstract
The adoption of the standard curve is common in structural design . This curve is defined in
ABNT NBR 5628:2001 and is equal to ISO 834 (1999). However this curve does not represent
the real fire.
Parametric curves of Eurocode 1 (2002) present more realistic results than Iso-fire, since it
takes into account the opening factor, fire load density and characteristics of the materials of
seals the compartment, in addition to differentiate fuel controlled fire from ventilation
controlled fire.
For this work was elaborated a computational tool that allows to build parametric
temperature-time curve for fire scenarios as the aforementioned parameters. The software
also allows to determine the temperature of structural steel members in fire modeled by both
curves, using the formulation recommended by the ABNT NBR 14323:2013.
The objective of this work is try to find an equivalence between both curves by comparing the
temperature steel.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
2
1 INTRODUÇÃO
Apesar de a probabilidade de ocorrência ser pequena, as consequências de um incêndio
podem ser desastrosas. Há exigências legais e normativas de que as estruturas tenham
determinada resistência ao fogo. No caso, as estruturas de aço devem ser dimensionadas de
forma a respeitar essa exigência com base na recém-publicada ABNT NBR 14323:2013.
Para efeito de projeto, a ação térmica é geralmente representada por uma curva temperatura-
tempo padronizada pela ISO 834 (1999). Além da curva padronizada, o Eurocode 1 (2002)
apresenta um procedimento para a determinação de curvas paramétricas que se assemelham
aos incêndios reais.
As curvas paramétricas apresentam resultados mais realistas que a do incêndio-padrão, já que
levam em conta o grau de ventilação, carga de incêndio específica e características dos
materiais componentes nas vedações do compartimento, além de considerar a transição entre
incêndio controlado pela ventilação e pelo combustível.
2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é realizar estudos sobre equivalências entre curvas paramétricas e
curva-padrão e comparar os valores de tempos. Neste trabalho será considerado tempo
equivalente, o tempo que eleva a temperatura do aço obtido por meio da curva padronizada
até a temperatura obtida pela curva paramétrica do incêndio.
3 CURVAS PARAMÉTRICAS
As curvas paramétricas apresentadas pela Eurocode 1 (2002) têm por base um modelo de
incêndio natural e são válidas para compartimentos até 500 m² de área de piso e 4 metros de
altura, sem aberturas horizontais (no teto). Nesse modelo, é considerado que todo material
inflamável participa do processo de combustão.
⁄ (1)
3
Na Equação 1:
qt,d é o valor de cálculo da carga de incêndio específica relacionada à área total do
compartimento (At), conforme ⁄ [MJ/m2], respeitando os limites de
[MJ/m2]
qf,d é o valor de cálculo da carga de incêndio específica relacionada à área de piso do
compartimento (Af), conforme especificado no anexo E da parte 2 do Eurocode 1 (2002), na
NBR 14432:2001 ou na Instrução Técnica 14 (2011).
Quando tmáx = tlim significa que o incêndio é controlado pelo combustível e quando tmáx > tlim, ou
seja quando tmáx é determinado por ⁄ , o incêndio é controlado pela
ventilação.
A temperatura máxima dos gases é obtida adotando o tempo tmáx para a Equação 2.
( ) (2)
Na Equação 2:
4
t* é o tempo fictício em horas, calculado por meio da Equação (3 para incêndio
controlado pela ventilação (tmáx > tlim) e calculado por intermédio da Equação 5 para incêndio
controlado pelo combustível (tmáx = tlim).
(3)
⁄
(4)
⁄
Na Equação 4:
O é o grau de ventilação
b é a propriedade térmica das vedações do compartimento em J/m2s1/2 °C.
(5)
⁄
(6)
⁄
Na Equação 6:
Olim é o grau de ventilação-limite determinado por ⁄
( )( )( ) (7)
√ (8)
5
Na Equação 8:
( ) (9)
Na Equação 9:
b1 e b2 são as propriedades térmicas das camadas 1 e 2, respectivamente;
slim é a espessura-limite em metros dada pela Equação 10
√ (10)
(11)
Na Equação 11:
Θmáx é a temperatura máxima dos gases calculado com a Equação 2 com o tempo .
6
é o tempo fictício relativo ao tempo da temperatura máxima dos gases respeitando a
condição de ser maior que tlim.
ktemp é dado pela Equação 12, respeitado a condição 1 ≤ ktemp ≤ 2,5
(12)
Na Equação 12:
é o tempo fictício relativo ao tempo da temperatura máxima dos gases NÃO
respeitando a condição de ser maior que tlim, ou seja calculada pela Equação 3 com
⁄ .
7
Figura 1 -Tempo Equivalente pelo Conceito de Igualdade de Áreas sob as Curvas – Thomas, et. al. (1997)
Figura 2 - Tempo Equivalente pelo Conceito Temperatura Máxima do Aço – Silva (1997)
8
4.3 Conceito de esforço resistente mínimo do aço
Outra alternativa é se determinar a equivalência do incêndio por meio do conceito de esforço
resistente mínimo do elemento de aço. Esse conceito define que a equivalência do incêndio é
o tempo de exposição necessário para que o esforço resistente de um elemento de aço
determinado por meio da curva de incêndio-padrão atinja o mesmo valor mínimo do aço
submetido ao incêndio natural. Esse conceito é ilustrado no gráfico da Figura 3.
Figura 3 - Tempo Equivalente pelo Conceito de esforço resistente mínimo do aço – Thomas, et. al. (1997)
9
quer pela dispensa dele. Ressalte-se que o método apresentado na norma brasileira, não é um
método de equivalência entre as duas curvas.
5 PLANILHA ELETRÔNICA
Para este estudo foi desenvolvida uma planilha Excel capaz de calcular e traçar as curvas
temperatura-tempo dos gases, segundo as curvas paramétricas do Eurocode 1 (2002) e a
curva-padrão ISO 834 (1999). A planilha foi aferida pelo software Elefire-EN (Franssen e Vila
Real, 2010).
10
Figura 4 – Entrada de dados – dimensões do compartimento.
Para este trabalho foi feito um estudo do tempo equivalente com o conceito da temperatura
do aço. Esse método sofre grande influência do revestimento do perfil, que no caso foi
primeiramente avaliado perfis sem revestimento corta-fogo.
Outro parâmetro que tem grande influência na temperatura do aço em situação de incêndio é
o fator de massividade (u/Ag) que é a relação da área exposta do perfil e seu volume ou, por
medida de comprimento, a relação entre o perímetro exposto do perfil e sua área da seção.
Portanto o fator de massividade varia muito com o tipo de exposição, por exemplo, se é um
11
pilar exposto pelos quatro lados ou uma viga com laje em que o perfil está exposto por três
lados.
Ainda, no caso de seções I ou H sem revestimento contra fogo expostas ao incêndio, há
necessidade de se considerar um fator de correção (ksh) para o efeito de sombreamento que é
dado pela Equação 13.
(13)
Na Equação 13, (u/Ag)b é valor do fator de massividade, definido como a relação entre o
perímetro exposto ao incêndio de uma caixa hipotética que envolve o perfil e a área da seção
transversal do perfil.
Como pode ser visto nas equações 4 e 5, o coeficiente compara o valor da propriedade
térmica b das vedações do compartimento com o valor base de 1160. Para compartimentos
comuns com vedações de concreto no piso e no teto e de acabamento de gesso nas paredes e
considerando a relações Af/At = 33,3% e Av/Af = 12%, chega-se ao valor da propriedade térmica
12
b igual a 1561 J/m2s1/2 °C, que é aproximadamente 35% maior que o valor base. Portanto para
a parametrização será adotado b = 1566 J/m2s1/2 °C.
Para o tempo-limite (tlim) foi adotado 20 min, que é para desenvolvimento do incêndio médio,
o que corresponde a residências, hospitais, hotéis, escritórios etc.
Avaliando 110 perfis encontrados no mercado brasileiro com seção I ou H, constata-se que, se
expostos por quatro lados são encontrados valores de fator de massividade entre 110 e 430 e,
considerando efeito de sombreamento, valores entre 70 e 300. A distribuição entre faixas
encontradas é apresentada na tabela 1.
Tabela 1 - Fatores de massividade de perfis brasileiros
4 LADOS EXPOSTOS
(u/Ag) ksh . (u/Ag)
Faixas Frequência Porcentagem Frequência Porcentagem
50 - 100 0 0,0% 14 12,7%
100 - 150 15 13,6% 40 36,4%
150 - 200 26 23,6% 37 33,6%
200 - 250 23 20,9% 10 9,1%
250 - 300 25 22,7% 9 8,2%
300 - 350 10 9,1% 0 0,0%
350 - 400 4 3,6% 0 0,0%
400 - 450 7 6,4% 0 0,0%
Totais 110 110
13
Tabela 2 – Tempo equivalente em função do fator de massividade igual a 100 m-1 e demais parâmetros
14
Tabela 3 – Tempo equivalente em função do fator de massividade igual a 300 m-1 e demais parâmetros.
15
Para melhor visualização construíram-se alguns gráficos às Figuras 6 a 9.
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Grau de Ventilação (m1/2)
Figura 6 – Variação do tempo equivalente com o grau de ventilação e fator de massividade para carga de
incêndio igual a 100 MJ/m2 de área total.
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Grau de Ventilação (m1/2)
Figura 7 – Variação do tempo equivalente com o grau de ventilação e fator de massividade para carga de
incêndio igual a 200 MJ/m2 de área total
16
.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Grau de Ventilação (m1/2)
Figura 8 – Variação do tempo equivalente com o grau de ventilação e carga de incêndio específica em
relação à área total para fator de massividade igual a 100 m-1.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Grau de Ventilação (m1/2)
Figura 9 – Variação do tempo equivalente com o grau de ventilação e carga de incêndio específica em
relação à área total para fator de massividade igual a 300 m-1.
17
Observando-se as Figuras de 6 a 9, pode-se encontrar algumas conclusões preliminares, tais
como:
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
18
Apesar de terem sido encontradas algumas relações interessantes, não foi possível determinar
uma equação única que relacione as várias variáveis empregadas neste trabalho e o valor
tempo equivalente. Em trabalhos futuros pretende-se estudar mais profundamente esse tema.
Outros estudos devem ser feitos para se incluir as variações do valor da propriedade térmica b
das vedações do compartimento e dos tempos-limites.
AGRADECIMENTOS
19
REFERÊNCIAS
6. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Polícia
Militar. Corpo de Bombeiros (2011). Instrução técnica n.14: Carga de incêndio nas
edificações e áreas de risco. São Paulo,
7. FRANSSEN, J.M.; VILA REAL, P. Fire Design of Steel Structures. Berlin, ECCS – European
Convention for Construction Steelwork, Ernst & Sohn. 2010
10. THOMAS, G.C., BUCHANAN, A.N., FLEISCHMANN, C.M. Structural Fire Design: The Role of
Time Equivalence, University of Canterbury, Christchurch, New Zealand - Paper of Fire
Safety Science-Proceedings of The Fifth International Symposium, Pp 607-618. 1997
20
Tema: Proteção das Estruturas – Corrosão e Fogo
Resumo
Este trabalho apresenta um estudo sobre a flambagem distorcional de perfis formados a frio,
com seção transversal do tipo U enrijecido, em temperatura elevada. A pesquisa tem por base
as prescrições relativas ao método simplificado de dimensionamento para estruturas de aço
em temperatura elevada da norma europeia EN 1993-1-2:2005 e da norma brasileira ABNT
NBR 14323:2013, além das formulações constantes da ABNT NBR 14762:2010 para o
dimensionamento de perfis formados a frio em temperatura ambiente. Foi implementado um
modelo numérico com base no método dos elementos finitos e no método das faixas finitas.
Esse modelo numérico foi calibrado com resultados experimentais disponíveis na literatura.
Com esse modelo calibrado, será analisada analítica e numericamente a variação do fator de
redução da resistência ao escoamento do aço de seções sujeitas à flambagem local em
temperatura elevada relativo à temperatura ambiente, kσ,θ, em função da temperatura para os
casos de flambagem distorcional.
Palavras-chave:
Flambagem Distoriconal; Temperatura Elevada; Flambagem Local; Método dos
Elementos Finitos.
Abstract
This paper presents a study on distortional buckling of cold-formed profiles, on C lipped
channel cross section in high temperature. The research is based on the simplified design
method for steel structures at elevated temperature of european standard EN 1993-1-2:2005
and Brazilian standard ABNT NBR 14323:2013, besides the formulations proposed by ABNT
NBR 14762:2010 for the design of cold-formed profiles at room temperature. A numerical
model has been implemented based on the finite element method and the finite strip method.
This numerical model has been calibrated with experimental results available in the literature.
With this calibrated model, will be analyzed analytically and numerically the variation of the
reduction factor for the yield strength of class 4 sections, k σ,θ, as a temperature function for
cases of distortional buckling.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
Keywords: Distortional Buckling; Elevated Temperature; Local Buckling; Finite Element
Method.
2
1 INTRODUÇÃO
Uma característica importante dos perfis formados a frio é a grande variabilidade de seções
transversais que podem ser fabricadas, possibilitando sua aplicação em diferentes áreas,
atendendo aos mais diversos sistemas estruturais e construtivos. Além disso, a fabricação dos
perfis formados a frio requer equipamentos mais simples, quando comparados com os de
perfis laminados e soldados, podendo ser feita em pequenos galpões, facilitando assim sua
disponibilidade no mercado.
Os perfis formados a frio, quando constituídos por chapas muito finas de aço, podem estar
sujeitos a fenômenos de instabilidades locais, além das instabilidades globais. Esses
fenômenos são os responsáveis pela falha do perfil antes de alcançar o escoamento da seção.
Em temperatura elevada, o aço dos perfis formados a frio sofre degenerescência de suas
propriedades. Neste caso, para calcular a degenerescência do aço, são utilizados fatores de
redução que nada mais são do que a razão entre o valor da propriedade à temperatura
elevada pela propriedade à temperatura ambiente.
1.00
Fator de Redução
0.80
ky,θ
0.60
kE,θ
kσ,θ
0.40
0.20
0.00
20 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)
Figura 1: Variação dos fatores ky,θ, kσ,θ ekE,θ em função da temperatura do aço (EN 1993-1-
2:2005)
3
Dessa forma, para seções sujeitas à flambagem local, utiliza-se o fator de redução kσ,θ para o
cálculo da força resistente do perfil sob compressão centrada tanto para flambagem local
quanto para flambagem distorcional; caso contrário, utiliza-se ky,θ. A relação entre os valores
de kσ,θ e ky,θ pode chegar a 0,65 e, conforme a EN 1993-1-2:2005 e a ABNT NBR 14323:2013, o
fator de redução kσ,θ deve ser utilizado mesmo quando o perfil está no limiar da ocorrência de
flambagem local. Observa-se que, segundo essa abordagem, ocorre uma descontinuidade no
cálculo dos perfis formados a frio em altas temperaturas, uma vez que se utiliza o fator de
redução ky,θ em perfis onde não ocorre a flambagem local e o fator kσ,θ em caso contrário.
1.2 Objetivos
Os resultados do modelo poderão ser utilizados para sugestões de futuras revisões da norma
brasileira ABNT NBR 14323:2013.
2 Revisão Bibliográfica
4
deformação do aço em temperatura ambiente e em temperatura elevada), ambos de
comportamento não-linear (Schafer, 2010). E para se obter um modelo que se aproxime de
forma representativa da realidade, é preciso não apenas calcular de forma satisfatória as não
linearidades, mas entender como as imperfeições geométricas afetam o modelo e utiliza-las da
melhor forma.
A análise de flambagem elástica é utilizada para obter os valores das cargas críticas de
flambagem local, distorcional e global, assim como as formas dos modos de flambagem. Esses
resultados são importantes indicadores do comportamento do perfil (Schafer, 2010). É pelo
valor da análise de flambagem elástica que o método da resistência direta calcula a força
resistente do perfil, tanto para a flambagem local quanto para a flambagem distorcional. E
utilizando a forma do modo de flambagem é possível inserir imperfeições geométricas iniciais
no modelo numérico.
São disponibilizadas várias ferramentas para o cálculo da análise de flambagem, tais como os
softwares: CUTWP, CUFSM e o Abaqus (Schafer, 2010). Os dois primeiros são programas livres
disponibilizados na internet e o terceiro é um conhecido programa comercial. O CUTWP é um
programa que resolve problemas de estabilidade global da barra baseadas na teoria clássica de
viga e na teoria de torsão e empenamento de Vlasov. O CUFSM é baseado no método das
Faixas Finitas (MFF) e muito utilizado para perfis formados a frio. Este método possibilita uma
primeira análise do comportamento do perfil, ao obter as cargas de flambagem local, global e
distorcional para vários comprimentos de meia-ondas. O Abaqus é um programa comercial de
uso geral baseado no método dos elementos finitos (MEF).
As imperfeições iniciais possuem grande importância para os perfis formados a frio, pois as
forças resistentes e os mecanismos de pós-flambagem são muito sensíveis à forma e ao valor
da imperfeição escolhida (Schafer, 2010).
As imperfeições inicias podem ser pensadas como um desvio de uma geometria “perfeita”
(Schafer, 1998). Para os perfis formados a frio, as imperfeições locais têm grande influência na
força resistente do perfil e podem ser separadas em dois tipos: referente às imperfeições de
flambagem local (tipo d1) e referente às imperfeições de flambagem distorcional (tipo d2),
ambas mostradas na figura 2. Em seu estudo, Schafer (1998) considera as imperfeições como
5
variáveis aleatórias, utilizando uma abordagem probabilística. Ele também sugere a utilização
de um modelo simplificado, considerando as maiores imperfeições encontradas, sendo este o
método mais utilizado por vários autores (Heva, 2009; Ranawaka, 2010; Schafer, 2010).
Para imperfeições do tipo d1, as magnitudes podem ser postas pelas seguintes fórmulas:
ou , o que for maior; sendo o comprimento nominal da alma e a
espessura nominal da chapa do perfil. Para imperfeições do tipo d2, as imperfeições são iguais
à própria espessura, limitadas a um valor máximo de 3 mm. Além das imperfeições locais, a
literatura indica a utilização de imperfeições globais, mas estas somente são significativas em
barras de esbeltez reduzida muito elevada. Heva (2009) sugere a utilização de L/1000 como
um valor padrão utilizado por muitos autores, sendo L o comprimento total da barra. Em suas
medições das imperfeições globais, todas as barras apresentaram valores menores do que
L/1000, de forma que sua utilização fornece resultados mais conservadores.
Além do valor das imperfeições, a análise numérica necessita do formato dessas imperfeições,
que é normalmente obtida pela análise de flambagem elástica. O Abaqus permite que sejam
utilizados quantos modos de flambagem elástica forem necessários. Schafer (2010) comenta
que a utilização do modo correto é essencial para encontrar um resultado semelhante ao real.
A maneira mais comum de se conseguir isto é utilizando apenas o primeiro modo de
flambagem. No entanto, nem sempre os resultados do primeiro modo condizem com a
realidade.
6
Nos perfis formados a frio, as tensões residuais não são muito significativas para o valor da
força resistente quando não é considerado o efeito de encruamento do processo de fabricação
(Schafer, 2010). Assim, o efeito negativo da tensão residual pode ser considerado como
aproximadamente nulo devido ao efeito positivo do trabalho a frio. Em temperaturas
elevadas, as tensões residuais e o efeito do trabalho a frio são ainda menos significativos, pois
esses efeitos diminuem ou até mesmo somem devido ao alívio de tensões residuais e à perda
do encruamento com o aumento da temperatura.
A condição de contorno global refere-se à barra como um todo, e diz respeito às condições
tradicionais de rotação dos eixos principais. Essa condição está associada ao coeficiente de
flambagem de barras isoladas. Ensaios experimentais utilizam tanto condições de engaste
quanto de apoio simples para as condições globais.
A condição local diz respeito à condição de fixação das placas, i.e., das condições de rotação
das bordas dos elementos do perfil, e possui relação com o coeficiente de flambagem local do
elemento. Em ensaios experimentais, o perfil é normalmente apoiado sobre uma placa rígida
(placa de base), permitindo a rotação da borda, o que não aconteceria se o perfil fosse soldado
na placa de base.
O modelo é normalmente simulado através do método dos elementos finitos. Este método
divide o modelo a ser simulado em vários elementos. Os elementos possuem funções de forma
que aproximam as deformações e tensões internas do modelo. Os elementos mais simples
possuem funções de forma de aproximação linear, mas podem ter aproximações de ordem
superior. Os nós do elemento, pela teoria do elemento finito, terão valores iguais aos valores
obtidos analiticamente, desde que alguns pré-requisitos teóricos sejam atendidos.
7
Alguns elementos podem ter um número menor de pontos de Gauss (os pontos de Gauss são
utilizados para realizar a integração numérica das equações do elemento), sendo denominados
de integração reduzida. A integração reduzida diminui o tempo de processamento mas
ocasiona pequenos erros nos resultados, onde em certos momentos isso é desejável. Quanto
menor o tamanho do elemento, mais próximo será do resultado “real”, pois menores serão os
erros. Porém, malhas de tamanho muito pequeno podem, ao contrário, introduzir outros erros
indesejáveis no resultado.
Uma vez modelado o problema e definido a malha, pode-se usar o método de Riks para uma
análise não linear geométrica e física. No entanto, para obter resultados mais realistas nesse
método, é necessário utilizar as formas dos modos de flambagem elástico como imperfeições
inicias.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
8
de elasticidade. Serão utilizados aços com resistência ao escoamento de 250MPa e
350MPa, com módulo de elasticidade de 200 GPa;
Não serão consideradas as tensões residuais ou o efeito do trabalho a frio no aço;
Será utilizado o elemento de 4 nós com função de forma linear do Abaqus (S4).
Schafer(2010) demonstrou que sua utilização, desde que com uma malha de tamanho
adequado, apresenta bons resultados se comparado a outros elementos.
Para o tamanho da malha, além da precisão do resultado, deve-se considerar o tempo
necessário de processamento do modelo. Após alguns testes de convergência e
baseado no trabalho de Ranawaka (2010), foi escolhido uma malha com elementos de
dimensão máxima de 5 mm;
Serão utilizadas as fórmulas para as imperfeições locais dadas por Schafer (1998). Para
a imperfeição global, caso seja necessário, será utilizado L/1000, de acordo com Heva
(2009);
Os modos de flambagem utilizados como imperfeição inicial são muito importantes
para o resultado final. Portanto, na análise em temperatura ambiente, serão testadas
as seguintes combinações: Modo Distorcional; Modo Local + Modo Distorcional; Modo
Local + Modo Global. O Modo Global só será utilizado se ele aparecer em algum dos
100 primeiros modos da análise de flambagem elástica. É importante notar que muitas
vezes o primeiro modo é o de flambagem local. Em barras de elevada esbeltez
reduzida o primeiro modo é o de flambagem global. Quando o perfil possui uma
relação Nl/Nd muito alta, o primeiro modo é normalmente o de flambagem
distorcional. Será testado o sentido da imperfeição acompanhante (positiva ou
negativa) como especificado na EN 1993-1-5:2004. O modo de flambagem local nunca
será considerado como modo acompanhante, e não será testado o sentido da sua
imperfeição, pois como citado por Heva (2009), o sentido positivo da flambagem local
apresenta resultados mais condizentes;
Essas combinações serão feitas utilizando as seguintes temperaturas: 20ºC, 400ºC,
550ºC e 700ºC. Será considerada apenas a combinação que apresentar o menor valor
de força resistente. Como este estudo é focado na flambagem distorcional, a
combinação deve apresentar pelo menos o modo distorcional como um dos modos de
flambagem;
9
3.2.1 Chen(2007a)
Serão utilizados todos os perfis de Chen (2007a) para a calibração do modelo numérico. Foi
dado preferência para a utilização de dois modos de flambagem, sendo o segundo modo
utilizado a 70% do valor da imperfeição, mantendo as demais condições iguais ao do autor.
Heva (2009) realizou ensaios experimentais com perfis U enrijecidos sujeitos à flambagem
distorcional ou flambagem global e perfis U simples sujeitos à flambagem local ou flambagem
global, ambos sob temperatura ambiente e temperatura elevada. Foram utilizados perfis com
aço tanto de alta como de baixa resistência. Para os modos de imperfeição inicial, utilizou-se
apenas a flambagem local, com valores disponibilizados por Schafer (1998). O material
utilizado na análise numérica foi baseado no modelo de Ramberg-Osgood. Os perfis foram
10
soldados à placa de base, e esta estava engastada no equipamento (não permitia rotação).
Heva(2009) concluiu que os resultados analíticos das normas previram razoavelmente bem os
resultados experimentais, citando apenas alguns pontos onde os resultados saíram do
esperado.
Na calibração foram utilizados apenas os perfis U enrijecidos, utilizando até dois modos de
flambagem como imperfeição inicial. Como o autor não utiliza imperfeições do tipo d2 (Figura
10), foi utilizado o valor da espessura.
Silvestre (2007) simulou vários pilares e vigas na tentativa de verificar a interação local-
distorcional desses perfis em temperatura ambiente. Os perfis foram escolhidos por tentativa
e erro, e cada perfil foi testado para três valores de resistância ao escoamento. Os valores de
imperfeição de 10% da espessura e um modelo bi-linear da curva tensão-deformação do aço
foram utilizados. Não ficou claro quando Silvestre (2007) utilizou os modos de flambagem local
ou de flambagem distorcional para a imperfeição inicial durante sua análise numérica. Silvestre
(2007) concluiu em seu trabalho que a interação local-distorcional ocorre para índices de
esbeltez reduzido para flambagem distorcional maiores do que 1,2.
Para a calibração deste trabalho, serão utilizados apenas os perfis com resistência ao
escomento de 250MPa e adotadas os valores e os modos das imperfeições iniciais citadas no
item 3.1.
Serão testados pelo menos 100 perfis, e eles devem apresentar como modo de falha
predominante a flambagem distorcional. Estes perfis devem estar pré-qualificados de acordo
com o apendix 1 da norma americana AISI S100-2007 para a utilização do Método da
Resistência Direta e da norma ABNT NBR 14762:2010. Caso o perfil apresente interação entre
os modos local e distorcional e possua grande discrepância em relação aos valores utilizando
apenas imperfeições locais e/ou distorcionais, estes serão descartados. Adicionalmente, a
carga crítica de flambagem local do perfil deve ser maior ou próximo da carga crítica de
flambagem distorcional (Nl/Nd >= 0.9).
Com os resultados numéricos das forças resistentes, serão calculados segundo a equação 1 os
valores do fator de redução para flambagem distorcional de perfis submetidos à flambagem
local, e montados gráficos semelhantes às das figuras 2,3 e 4. (onde estão as figuras 3 e 4?)
(1)
11
onde: é o fator de redução do esforço resistente, associado à flambagem distorcional;
é a força resistente do perfil na temperatura θ; Ag é a área bruta do perfil e fy é a
resistência ao escoamento do aço.
Com esses resultados, será possível comparar com o fator de resistência fornecido pela norma.
Caso apresente diferença, será possível realizar uma proposta de revisão da norma brasileira
para incluir esse ajuste para a flambagem distorcional, e também o ajuste realizado por
Costa(2012) para a flambagem local.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A etapa da calibração já foi realizada da maneira como descrita no item de metodologia. Como
este estudo está em andamento, não há resultados a serem demonstrados, excetos os
realizados para a calibração do modelo. As tabelas com os resultados da calibração foram
omitidas, apenas apresentando os valores médios e o desvio padrão, assim como a discussão
desses resultados.
4.1 Calibração
A comparação com os resultados numéricos obtidos por Chen(2007a) para o perfil do tipo L36
mostram uma boa aproximação do modelo, com valor médio de 0,95 e desvio padrão de 0,11.
No trabalho ralizado por Heva(2009), a média dos valores obtidos foi de 86% dos resultados
experimentais, com desvio padrão de 13%. No entanto, ao compararmos com os resultados
numéricos obtidos por Heva (2009), estes ficam com média de 0,93 e 0,045 de desvio padrão.
Isso demonstra que, apesar de uma maior dispersão e erros sistemáticos nos valores
experimentais, o modelo numérico se aproxima muito bem do modelo numérico de Heva
(2009).
Os resultados comparativos com Silvestre (2007) foram agrupados na tabela 1. As três colunas
indicam os modos que foram utilizados para as imperfeições iniciais. Os perfis podem ser
12
agrupados em dois grupos importantes, os que possuem indice de esbeltez reduzido para
flambagem distorcional menores do que 1 e os que possuem índice de esbeltez reduzido
maiores do que 1,4.
Modo D L+D L
λd < 1 0,90 ± 0,03 0,89 ± 0,04 0,91 ± 0,05
λd > 1,4 1,09 ± 0,04 1,21 ± 0,09 1,33 ± 0,09
Total 1,00 ± 0,10 1,06 ± 0,17 1,13 ± 0,22
λd – Indice de esbeltez reduzido associado a flambagem distorcional; D – Distorcional; L –
Local.
Como observado, os resultados utilizando as três configurações de imperfeição inicial para λd <
1 foram muito semelhantes, sem diferenças significativas. Já para λd > 1,4, apenas os
resultados utiizando a imperfeição distorcional pura foram melhores. A relação entre a carga
crítica de flambagem local pela carga crítica de flambagem distorcional (N l/Nd) dos perfis
variou entre 0,9 e 1,24, independente do índice de esbeltez reduzida para flambagem
distorcional. Como os resultados de Silvestre (2007) são apenas numéricos, i.e., não há dado
experimental comprobatório, fica difícil retirar alguma conclusão definitiva. Para isso era
importante a realização de testes experimentais em alguns dos perfis com indice de esbeltez
reduzido maior do que 1.4.
5 Considerações Finais
É possível observar uma boa aproximação dos resultados numéricos com os resultados
experimentais e/ou resultados numéricos obtidos na literatura, como mostram os resultados
apresentados na calibração. No entanto, ainda não está muito claro como a utilização de
modos diferentes de flambagem pode afetar a flambagem distorcional, principalmente se
houver interação local-distorcional. Portanto, o estudo a ser desenvolvido evitará ao máximo o
aparecimento da interação local-distorcional, principalmente em perfis como os apresentados
em Ranawaka (2010).
Agradecimentos
13
REFERÊNCIAS
CHEN, J.; D. YOUNG, B. (2007a) Cold-formed steel liped channel columns at elevated
temperatures. Engineering Structures, v. 29, p. 2445–2456, 2007.
EN 1993-1-2:2005. Eurocode 3: Design of Steel Structures, Parte 1.2: General Rules, Structural
Fire Design. European Committee for Standardization.
FENG, M.; WANG, Y.C.; DAVIES, J.M. (2003); Structural behaviour of cold-formedthin-walled
short steel channel columns at elevated temperatures. Part 1:Experiments. Thin-Walled
Structures 2003;41(6):543–70.
OUTINEN, J.; KAITILA, O.; MÄKELÄINEN, P. (2001); High-Temperature Testing of Structural Steel
and Modelling of Structures at Fire Temperatures: Research Report. Helsinki University of
Technology, 2001.
14
RANAWAKA, T.; MEHENDRAN, M. (2010) Numerical modeling of light gauge cold-formed steel
compression members subjected to distortional buckling at elevated temperatures. Thin-
Walled Structures, v. 48, p. 334–344, 2010.
SCHAFER, B.W.; LI, Z.; MOEN, C.D. (2010)Computational modeling of cold-formed steel. Thin-
Walled Strucutures, v. 48, p. 752–762, 2010.
SILVESTRE, N.; CAMOTIM, D.; DINIS, P. B. (2007) Aplicação do método da resistência direta a
colunas e vigas de aço enformadas a frio com seção em C afetadas por interação entre
instabilidade local-de-placa e distorcional. REM: R. Esc. Minas, v. 60, p. 341-354, 2007.
SIMULIA CORP. (2013). Software ABAQUS/CAE, versão 6.13. Dessault Systemes Simulia Corp.,
USA.
15
Tema: Estruturas em Situação de Incêndio
Thiago Silva¹
Paulo Vila Real²
Nuno Lopes³
Carlos Couto4
Luciano Mendes Bezerra5
Resumo
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
BUCKLING ANALYSIS OF UNBRACED STEEL FRAMES EXPOSED TO FIRE
Abstract
Structural requirements concerning the safety of structures in case of fire built within Europe
and Brazil are defined, respectively, by EN1993 -1-2 and the NBR 14323:2013. Both establish
that the buckling length is determined at normal temperature when checking the fire
resistance of a column belonging to a unbraced frame. The present study aimed to evaluate
the phenomenon of instability of steel frames subjected to the action of fire in order to
analyze the most appropriate buckling lengths and propose values for these lengths when
calculating the fire resistance of structures. Two unbraced frames have been studied
considering eight different fire scenarios. It is shown that for the fire scenarios where the
columns are not heated by the fire its buckling lengths increase during the fire.
2
1 INTRODUÇÃO
A análise das estruturas metálicas deve envolver um estudo detalhado dos carregamentos
externos verticais e horizontais, bem como os efeitos que os mesmos provocam quando a
estrutura se deforma, uma vez que o aumento nos deslocamentos de uma edificação provoca
modificações nos esforços atuantes nos elementos estruturais influenciando de forma direta a
estabilidade da estrutura.
3
barras em 80% (oitenta por cento) dos valores originais e amplificando-se as ações utilizando o
método B1/B2; já a análise para o caso de grande deslocabilidade, deve-se usar métodos
exatos. Assim, em qualquer das análises consideram-se as imperfeições geométricas, e
somente nos dois últimos casos consideram-se os efeitos de segunda ordem, com coeficiente
flambagem das barras igual a 1,0 (um).
A temperatura normal os efeitos geometricamente não lineares globais (P−Δ) podem ser
determinados através de uma análise que tenha em consideração os efeitos da configuração
deformada (efeitos de segunda ordem) para a obtenção dos esforços. Em situação de incêndio,
devido ao efeito da temperatura, este processo é demasiado complexo e impraticável, pelo
que se torna necessário considerar, de forma aproximada, os efeitos da configuração
deformada através do conceito de comprimento de flambagem, considerando o modo de
instabilidade global do pórtico.
Dessa forma, o estudo aqui relatado teve como objetivo avaliar o fenómeno de instabilidade
de pórticos metálicos sujeitos à ação do fogo, a fim de analisar os comprimentos de
flambagem mais apropriados e propor valores para esse parâmetro na verificação de
estruturas em situação de incêndio.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O dimensionamento dos pórticos foi realizado a partir do programa SAP 2000 [7]. A análise
estrutural considerou os efeitos de 2º ordem (P-∆), ou seja, a não linearidade geométrica
global e as imperfeições globais, com coeficiente de flambagem igual a um (k=1.0) em todas as
barras. Além disso, o dimensionamento foi feito em regime elástico.
O dimensionamento das vigas e colunas dos pórticos foi realizado de acordo com o ponto 6.3
da EN1993-1-1, sendo que as secções das colunas são do tipo HEB e as secções das vigas são
do tipo IPE, utilizando a classe de aço S235. Ressalta-se que os valores das ações consideradas
estão de acordo com o Regulamento de Segurança e Ações para Estruturas de Edifícios e
Pontes de Portugal [8]. A Tabela 1 apresenta as ações consideradas.
4
Tabela 1 - Ações consideradas nos pórticos.
Cargas Permanentes
Elemento Espessura (cm) Peso Próprio (KN/M2)
Laje 15,0 3,75
Argamassa de regularização 4,0 0,84
Argamassa de assentamento 2,0 0,42
Revestimento Cerâmico 2,0 0,4
Forro de gesso 1,5 0,18
Paredes divisórias internas 10,0 1,26
Cargas Variáveis
Sobrecarga de utilização para
3,0
escritório
Rugosidade tipo II; pressão do vento
Vento
varia conforme a altura do pórtico.
Tabela 2 - Combinações no Estado Limite Último, no Estado Limite de Serviço e Estado Limite
de Acidente.
Estado Limite Último (ELU):
Peso
Sobrecarga Vento◦0 Vento◦90
Combinações Próprio
ɣg ɣq Ψ0q ɣq Ψ0w ɣq Ψ0w
1 1,5 1,5 - - - - -
2 1,5 1,5 - 1,5 0.6 - -
3 1,5 1,5 - - - 1,5 0.6
4 1,5 1,5 0.7 1,5 - - -
5 1,5 1,5 0.7 - - 1,5 -
Estado Limite de Serviço (ELS):
ɣg Ψ2q Ψ2w Ψ2w
1 1,0 0,7 - -
2 1,0 0,7 0,6 -
3 1,0 0,7 - 0,6
Estado Limite de Acidente
ɣg Ψ1,1 / Ψ2,i Ψ1,1 / Ψ2,i Ψ1,1 / Ψ2,i
1 1,0 0,5 - -
2 1,0 0,3 0,2 -
3 1,0 0,3 - 0,2
5
Em todas as combinações do estado limite último foram incluídas as forças horizontais
equivalentes devido às imperfeições globais do pórtico, conforme sugerido no Eurocódigo 3. A
Figura 1 apresenta os perfis obtidos no dimensionamento.
Figura 1 - Estrutura dos pórticos analisados, secções transversais adotadas e dimensões (em
cm).
Com o programa Elefir-EN [9], criaram-se os ficheiros com as temperaturas dos perfis
aquecidos nos 4 (quatro) e 3 (três) lados pela curva ISO 834 ao longo de 120 minutos, através
do programa FEST-2D [10], criou-se o ficheiro de elementos finitos de cada pórtico estudado
considerando 8 (oito) cenários de incêndio conforme descrito na secção 2.3 deste trabalho.
Com o programa de elementos finitos CAST3M [11] determinou-se o valor crítico do
6
parâmetro de carga em situação de incêndio (αcr,fi) do pórtico metálico, tendo a temperatura
variado nos elementos aquecidos de 20 C a 1100 C , como descrito na secção 2.3 deste
trabalho. Com o valor do (αcr,fi) determinou-se, em situação de incêndio, a carga crítica de
Euler (Equação 1), o comprimento de flambagem (Equação 2) e o correspondente
coeficiente de flambagem (Equação 3), todo o cálculo foi realizado para a primeira
combinação de incêndio (ver tabela 2), pois esta é a mais gravosa.
N cr , fi cr , fi N Ed (1)
k E , EI
l fi (2)
N cr , fi
l fi
k fi (3)
l real
Sendo:
- Carga crítica de flambagem da barra em situação de incêndio;
- Força normal de compressão de dimensionamento;
- Comprimento crítico de flabagem;
l real - Comprimento real do elemento;
k fi Coeficiente de flambagem.
O 1º, 4º e 7º cenário simulam situações em que a estrutura metálica da edificação está interna
e o fechamento externo (Figura 2(a), 2(d) e 2(g)). O 2º, 5º e 8º cenários referem-se a situações
em que a estrutura está parcialmente interna e o fechamento é embutido nela (Figura 2(b),
2(e) e 2(h)). Já o 3º e 6º cenários simulam situações em que a estrutura metálica da edificação
está externa ao fechamento, sendo que este serve de proteção para estes pilares (Figura 2(c) e
2(f)). Porém, os cenários 1, 2 e 3 possuem vigas expostas ao fogo nos 4 (quatro) lados,
simulando uma situação onde o pavimento não protege o banzo superior da viga metálica, os
cenários 4, 5 e 6 possuem vigas expostas ao fogo nos 3 (três) lados, simulando uma situação
onde o pavimento protege o banzo superior da viga metálica, por fim nos cenários 07 e 08 as
vigas estão protegidas pelo pavimento e pelo forro, ou seja, a temperatura normal.
7
(a) Cenário 1
(b) Cenário 2
(c) Cenário 3
8
(d) Cenário 4
(e) Cenário 5
(f) Cenário 6
9
(g) Cenário 7
(h) Cenário 8
Figura 2 - Desenhos esquemáticos dos Cenários 1 a 8.
10
Ressalta-se que para cada cenário foram feitos dois estudos, sendo o primeiro considerando o
incêndio em um piso por vez e o segundo considerando o incêndio nos dois pisos de uma vez,
para pórticos apoiados e engastados.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se na Figura 3 que houve uma variação do coeficiente de flambagem do cenário mais
gravoso para o cenário menos gravoso de 3,9% nos pórticos engastados e 2,9% nos pórticos
rotulados. O cenário mais gravoso foi o Cenário 2, em que o coeficiente de flambagem (Lfi/L)
no pórtico engastado é 1,05 e no rotulado é 2,07, já os cenários menos gravosos foram os
Cenários 7 e 8, em que o coeficiente de flambagem (Lfi/L) no pórtico engastado é 1,01 para os
dois cenários, enquanto no pórtico rotulado é igual a 2,01 e 2,02, respetivamente.
11
Para o cenário 3 o coeficiente de flambagem variou de 1.04 a 1.13 para o pórtico engastado e
2.07 a 2.22 para o pórtico rotulado, já para o cenário 6 o coeficiente de flambagem variou de
1.04 a 1.11 para o pórtico engastado e 2.07 a 2.20 para o pórtico rotulado.
Verifica-se na Figura 4 a variação de 17,9% nos pórticos engastados e 15,78% nos pórticos
rotulados entre o coeficiente de flambagem do cenário mais gravoso para o Cenário menos
gravoso. Assim como no caso anterior, o cenário mais gravoso foi o Cenário 2, em que o
coeficiente de flambagem (Lfi/L) para o pórtico engastado é 1,25 e para o rotulado é 2,42. Os
Cenários menos gravosos foram 7 e 8, em que o coeficiente de flambagem (Lfi/L) no pórtico
engastado é 1,06 nos dois Cenários, enquanto no pórtico rotulado é 2,09 e 2,10,
respectivamente aos Cenários 7 e 8.
Para o cenário 3 o coeficiente de flambagem variou de 1,19 a 1,48 para o pórtico engastado e
2,25 a 2,83 para o pórtico rotulado, já para no cenário 6 o coeficiente de flambagem variou de
1,19 a 1,45 para o pórtico engastado e 2,25 a 2,75 para o pórtico rotulado.
12
apoios engastados e rotulados. Já para os cenários 3 e 6, seriam valores aproximadamente
iguais a Lfi=1.48L e Lfi=2.83L, respectivamente para apoios engastados e rotulados, pois estes
foram os valores mais críticos.
Para o cenário 3 o coeficiente de flambagem variou de 1,27 a 1,38 para o pórtico engastado e
2,40 a 2,41 para o pórtico rotulado, já para o cenário 6 o coeficiente de flambagem variou de
1,27 a 1,36 para o pórtico engastado e 2,40 a 2,41 para o pórtico rotulado.
13
Figura 6 – Evolução dos Comprimentos de Flambagem com a temperatura do Pórtico-2, com
incêndio no piso-0 e 1.
Para o cenário 3 (três) o coeficiente de flambagem variou de 1,27 a 1,46 para o pórtico
engastado e 2,40 a 2,69 para o pórtico rotulado, já no cenário 6 (seis) o coeficiente de
flambagem variou de 1,27 a 1,40 para o pórtico engastado e 2,40 a 2,58 para o pórtico
rotulado.
14
Lfi=1,46L e Lfi=2,69L, respetivamente para apoios engastados e rotulados, pois estes foram os
valores mais críticos.
A análise dos gráficos anteriores permite afirmar como regra geral para os cenários 1, 2, 4, 5, 7
e 8 que o valor do comprimento de flambagem em situação de incêndio diminui com o efeito
da temperatura, pois com o aumento da temperatura o aço diminui o valor do módulo de
elasticidade, o que reduz a rigidez da estrutura e aumenta os deslocamentos laterais do
pórtico. Por conseguinte, o αcr,fi diminui, assim como o comprimento critico (Lfi) resultando na
diminuição do coeficiente de flambagem (Lfi/L). O mesmo não pode ser dito para os cenários 3
e 6, onde os pilares se encontram com temperatura constante igual a 20°C e as vigas estão
aquecidas, pois nestes cenários o coeficiente de flambagem aumentou com a duração do
incêndio.
4 CONCLUSÃO
Para pórticos não contraventados, o Eurocódigo 3 e NBR 14323:2013 não sugerem quaisquer
valores para os comprimentos de flambagem a utilizar em situação de incêndio. Contudo, este
estudo mostrou que uma boa aproximação para os cenários em que as colunas estão
aquecidas, poderá ser a utilização de comprimentos de flambagem Lfi = 1,33L para todas as
colunas excepto as pertencentes ao piso 0, no caso do pórtico possuir apoios rotulados, nesta
situação deverá usar-se Lfi = 2,48L. Já para os cenários 3 e 6, em que as colunas não estão
aquecidas, poderá utilizar-se os comprimentos de flambagem Lfi = 1,48L para todas as colunas
excepto as do piso 0, no caso de o pórtico possuir apoios rotulados, situação em que se deverá
usar Lfi = 2,83L.
15
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
[1] Couto, C.; Vila Real, P.; Lopes, N.; Rodrigues, J. P. (2013). "Buckling analysis of braced and
unbraced steel frames exposed to fire", Engineering Structures - Elsevier. Vol. 49, n.º 0, p. 541-
559.
[3] EN 1993–1–1, Eurocode 3, Design of Steel Structures – Part 1–1: General rules and
rules for buildings, 2005a.
[5] EN 1993–1–2, Eurocode 3, Design of Steel Structures – Part 1–2: General rules -
Structural fire design, 2005b.
[7] Computers and Structures, Inc;SAP2000 Advanced 14.0.0, California, USA, 1995.
[9] Vila Real, P., Franssen, J.-M. (2011). "Elefir-EN V1.4.3 (2011), Software for fire design of
steel structural members according the Eurocode 3". http://elefiren.web.ua.pt".
[10] Couto, C., Vila Real, P., Lopes, N. (2011). "FEST2D-versão 1.1”, Universidade de Aveiro,
Portugal, 2014.
[11] CAST3M. CAST 3M is a research FEM environment; its development is sponsored by the
French Atomic Energy Commission; 2012. http://www-cast3m.cea.fr/.
16
Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
CONSTRUMETAL 2014
Contribuições Tecnocientíficas
Parte 5
– Ligações –
Concepção, Projeto e Elementos de Fixação
Comparação da taxa de deposição e eficiência de deposição entre os consumíveis
E71T-1C e ER70S-6
Resumo
Entre os diversos consumíveis encontrados para as mesmas aplicações como a soldagem
de aço baixo carbono, com o propósito de se obter altas velocidades de soldagem e boa
qualidade, é grande a competitividade entre dois tipos, o arame tubular e o arame sólido.
Este trabalho compara a taxa de deposição e à eficiência de deposição entre o arame
sólido ER70S-6 e o arame tubular E71T-1C com diferentes parâmetros para conhecer
qual são as melhores condições para o melhor consumível. As taxas de deposição foram
medidas usando-se uma sequência de cordões de solda realizados em simples deposição
sobre chapa de aço ASTM A36. As variáveis utilizadas foram o gás de proteção, a
Distância do Bico de Contato à Peça (DBCP) e a corrente de soldagem. Os resultados
obtidos na soldagem mostraram que para a corrente de 200 A o arame sólido apresenta
maior taxa de deposição e para 250 A o arame tubular tem a taxa de deposição mais
elevada que a do arame sólido. A eficiência de deposição medida nestes mesmos valores
de corrente, com CO2 e com mistura (Ar+25%CO2), foi maior no arame sólido. As
principais variáveis para se obter os melhores resultados foram a corrente de soldagem e
o DBCP para os dois arames.
Abstract
There are any kinds of welding consumables for the same applications to welding low
carbon steel, with purpose to obtain high welding speed and good quality there is great
competition between two types, flux cored wire and solid wire. This paper compares the
deposition rate and deposition efficiency between ER70S-6 solid wire and E71T-1C
flux cored wire with different parameters for to know which the best conditional for the
best consumable are. Deposition rates were measured using a series of weld beads made
in simple deposition on ASTM A36 steel plate. The variables used were the shielding
gas, the distance from the contact nozzle to the sample (DBCP) and welding current.
The results obtained showed that the welding current of 200 A for the solid wire has a
higher deposition rate and for 250 A the flux cored wire has the deposition rate higher
than the solid wire. The deposition efficiency measured in these same values of current,
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
with CO2 and with mixture (Ar +25% CO2) was higher in the solid wire. The main
variables to obtain the best results were welding current and DBCP for the two wires.
Keywords: Flux Cored, Solid Wire; Deposition Rates; Deposition Efficiency; GMAW;
FCAW.
2
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a soldagem com os processos MIG/MAG e arame tubular, foram as que mais
cresceram mundialmente, devido à necessidade de aumento da produtividade das indústrias e às
facilidades em suas automatizações.
Os processos de soldagem arame tubular e MIG/MAG são muito semelhantes em seus
princípios de funcionamento e nos tipos de equipamentos utilizados. Ambos são processos de
soldagem por fusão, com arame alimentado de forma contínua e o arco elétrico ocorrendo entre
o eletrodo e a peça, protegido por gás de proteção. Para ambos os processos os equipamentos
são os mesmos, exceto a roldana recartilhada recomendada para o tubular e a roldana lisa para o
sólido [1-3].
Quanto ao modo de transferência, no processo arame tubular o fluxo de gotas metálicas não
ocorre de forma centralizada em relação ao eixo do arame, como no processo MIG/MAG.
Devido ao arame tubular possuir a massa metálica externamente no arame, as gotas são
formadas lateralmente [4]. O tipo de transferência metálica para o arame tubular é guiada por
escória enquanto que no arame sólido pode variar de curto-circuito até spray, dependendo do
tipo de gás de proteção, da tensão do arco e da corrente de soldagem [5].
Quanto às variáveis de soldagem ambos os processos são semelhantes, pois as faixas de corrente
utilizadas para cada diâmetro do arame tubular são as mesmas usadas nos arames sólidos.
Uma característica diferente nos arames tubulares é o uso de maior extensão do eletrodo,
principalmente quando se deseja otimizar o processo para altas taxas de deposição [6]. Nos
arames com proteção gasosa limita-se o uso de grandes extensões de eletrodo devido à proteção
do gás que pode ficar prejudicada. Recomenda-se de 19 a 38 mm [7]. Para o arame tubular a
taxa de deposição é obtida através da maior densidade de corrente e ainda uma maior tolerância
aos contaminantes presentes no metal de base [8].
Estas são as características que distinguem os dois tipos de arames e justificam as maiores taxas
de deposição do arame tubular. Entretanto, quando comparado ao arame sólido podemos dizer
que o arame tubular tem um custo mais elevado na relação custo/peso do metal depositado [9].
Uma experiência feita por WIDGERY [10], em 1994 na Inglaterra, demonstrou as altas taxas de
deposição alcançadas pelo arame tubular rutílico E71T-1C, pelo arame tubular com núcleo
metálico (MIG/MAG) e pelo arame sólido (MIG/MAG), todos com diâmetro de 1,2 mm. Na
proporção que se aumenta a corrente, em fontes de energia convencional, as taxas de deposição
aumentam, incluindo o arame com núcleo metálico. As menores taxas de deposição foram
obtidas, por este autor, com o arame sólido.
No trabalho de LEITE [11], o arame tubular E70C-6M foi o mais eficiente quando comparado
com o arame sólido E 70S-6 e o arame tubular E71T-1C. O E70C-6M apresentou a maior taxa
de deposição entre os três arames (5,56 kg/h) e o menor tempo de soldagem (3,64 minutos na
peça soldada).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
3
2.1 Metal de Base
A Chapa de aço utilizada como metal de base foi ASTM A36 com 8,0 mm de espessura. Cada
experimento utilizou um chapa com 100,0 mm de largura e 300,0 mm de comprimento. A tabela
1 apresenta a composição química deste aço.
4
2.4 Medições com o Sistema de Aquisição de Dados de Soldagem
Foram coletados os gráficos de cada cordão de solda com um sistema de aquisição dos
parâmetros de soldagem para análise da taxa de deposição e da eficiência de cada processo.
Foram gravados períodos com o mínimo de 200 milisegundos, com oscilogramas de corrente,
tensão e velocidades de alimentação de arame.
Figura 1. Representação da localização dos cordões de solda em cada chapa e sua sequência de
execução.
Os cordões feitos com o arame tubular tiveram a remoção da escória feita cuidadosamente para
posterior pesagem e a superfície do cordão foi escovada com escova de aço. A soldagem foi
feita na sequência mostrada na figura 1. Após cada cordão e passado de um a dois minutos,
5
tempo suficiente para a limpeza da escória (caso do arame tubular) e destravamento das fixações
da chapa na bancada, todos os corpos de prova foram submetidos ao resfriamento com água
com o objetivo de prepará-lo para receber o próximo cordão de solda. Este procedimento
garantiu que a chapa estivesse sempre na mesma temperatura (25oC) antes do início do segundo
cordão e antes do terceiro. Após o terceiro cordão a chapa soldada foi resfriada ao ar.
Cada chapa de aço foi secada (após resfriamento com água), pesada e identificada antes da
soldagem do 2º e 3º cordões. Também foram pesados os carretéis de arame antes e depois da
soldagem de cada cordão. As pontas de arame e a escória removida foram pesadas numa
balança digital com capacidade máxima de 2 kg e precisão de 0,01 g. O tempo de arco aberto foi
cronometrado, bem como os comprimentos dos cordões medidos com escala em milímetros.
Onde:
Td = Taxa de deposição (Kg/h).
Pf = Peso da chapa final (Kg).
Pi = Peso da chapa inicial (Kg).
Ta = Tempo de arco aberto (h).
Para determinação da taxa de deposição foram utilizados os dados coletados durante o
experimento.
Onde:
Va = Volume do arame (mm³)
Da = Diâmetro do arame (mm).
Valim = Velocidade de alimentação do arame (m/min).
Para o volume do arame foi utilizado a equação 3.
Onde:
V1gota = Volume de uma gota (mm³).
Fdest = Frequência de destacamento da gota.
Supondo que a gota seja esférica será utilizada a equação 3.
6
Onde:
Rgota = Raio da gota (mm).
Onde:
Mgota = Massa da gota (g).
ρgota = Densidade do aço da gota (g/cm³).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
7
3.2 Frequência de Destacamento da Gota:
Analisando a figura 3a, nota-se que a mistura rica em argônio, o arame sólido, o valor de
corrente de 250 A e o DBCP de 20,0 mm aumentam a frequência de destacamento de gotas de
metal líquido. As misturas ricas em argônio tendem podem apresentar a transferência metálica
por spray que aumenta a frequência de destacamento de gotas. O arame sólido possui frequência
de destacamento maior que o arame tubular por possuir transferência metálica por spray. Este
comportamento do arame sólido é influenciado pelo valores maiores de corrente e DBCP.
Analisando as interações entre gás de proteção e corrente, tipo de consumível e DBCP, figura
2b, a mistura rica em argônio não apresenta interações com as outras variáveis estudadas. Sendo
assim, a configuração das variáveis que aumenta a frequência de destacamento de gotas
continua sendo: misturas ricas em argônio; 250 A de corrente; arame sólido; 20,0 mm de DBCP.
A interação entre corrente, tipo de arame e DBCP não apresentam interações divergentes
quando analisados separadamente.
A maior frequência de destacamento de gota para o arame sólido demostra uma possível
transferência metálica por spray para as correntes de 250 A e quando utilizado o valor de
corrente de 200 A a transferência metálica apresenta uma tendência de ser globular ou por curto
circuito. O arame tubular possui menor frequência de destacamento de gota por apresentar uma
transferência metálica guiada por escória, esta reduz consideravelmente a sua frequência de
destacamento quando comparado com o arame sólido.
O tipo de consumível apresenta a interação com o DBCP. Adotando o valor de 20,0 mm de
DBCP para ambos os consumíveis a frequência de destacamento é a mesma e o valor de 12,0
mm para o DBCP apresentou uma maior de frequência de destacamento para o arame sólido
quando comparado com o arame tubular. Este padrão identificado para o arame sólido mostra a
influência do DBCP no tipo de transferência metálica. Ao aumentar o valor do DBCP o arame
tubular apresenta um aumento na frequência de destacamento, porém ainda continua inferior ao
do arame sólido.
8
3.3 Taxa de Deposição:
Na figura 4a nota-se que as variáveis que provocaram os maiores efeitos sobre a taxa de
deposição, individualmente, são a corrente e a DBCP. A taxa de deposição foi diretamente
proporcional ao aumento da DBCP e da corrente. Estas variáveis também aumentam a
frequência de destacamento da gota de metal líquido e reduzem o diâmetro das gotas.
Na figura 4b a interação entre gás de proteção e corrente demonstra que independente do tipo de
gás a corrente aumenta a taxa de deposição, sendo o gás com 100% de CO2 o que apresentou a
maior taxa de deposição. A interação entre gás de proteção e tipo de consumível mostra que o
arame sólido apresenta uma maior taxa de deposição que o arame tubular quando o gás de
utilizado for 100%CO2 e os valores de metal depositado são similares quando utilizamos
misturas ricas em argônio. Ao analisar a interação do gás de proteção com os valores de DBCP,
observa-se que o valor de 20,0 mm de DBCP é o que gera maior taxa de deposição
independente do gás de proteção, porém o gás com 100%CO2 apresenta a tendência de gerar a
maior taxa de deposição, para valores 12,0 mm da DBCP a diferença entre o tipo de gás é bem
menor do que a DBCP com 20,0 mm.
Quando se analisa a interação da corrente com o tipo de consumível nota-se que o arame tubular
apresenta a maior taxa de deposição para o valor de corrente de 250 A e quando analisamos a
corrente de 200 A o arame sólido passa a ter maior taxa de deposição. Esse comportamento
pode ser explicado pela possível transferência por spray, corrente de 250 A, que aumenta a
frequência de destacamento de gota, mas reduz seu diâmetro e consequentemente a taxa de
deposição do arame sólido. Quando o valor de corrente é de 200 A a possível transferência
passa a ser globular, com maior frequência de destacamento de gota, diâmetro igual ao arame
tubular e o arame sólido passa a ter maior taxa de deposição.
A interação entre corrente e DBCP mostra a proporcionalidade entre essas variáveis, em ambos
os valores de DBCP a corrente de 250 A gera uma maior taxa de deposição, assim como em
ambos os valores de corrente a maior DBCP gera maior taxa de deposição. A interação entre
consumível e DBCP também demonstra que o arame sólido tem a maior taxa de deposição para
o valor de 20,0 mm DBCP. A influência do DBCP sobre a taxa de deposição está relacionada à
sua influência por efeito Joule.
9
3.4 Eficiência de Deposição:
Ao analisar a figura 5a observa-se que apenas o tipo de consumível apresenta grande influência
na eficiência de deposição. Neste, o arame sólido apresenta maior eficiência de deposição que o
arame tubular.
Na figura 5b nota-se a interação entre as variáveis adotadas e não é possível observar grandes
mudanças entre as variáveis adotadas. A interação do gás de proteção com o valor de corrente, o
tipo de consumível e a DBCP não apresentam grandes diferenças.
A interação entre corrente, tipo de consumível e DBCP também não apresentam grandes
diferenças. O arame sólido, independente do valor de corrente, apresenta maior eficiência que o
arame tubular e a eficiência de deposição para 12,0 DBCP apresenta resultados ligeiramente
superiores a 20,0 DBCP.
Ao analisar a interação entre consumível e DBCP o arame sólido se mostra superior ao arame
tubular. O arame sólido não sofre influência na sua eficiência de deposição com a alteração de
12,0 para 20,0 de DBCP. O arame tubular tende apresentar uma redução na sua eficiência
quando se utiliza a DBCP em 20,0 mm.
Em geral, a eficiência de deposição do arame sólido foi maior do que a do tubular. Essas
diferenças permaneceram praticamente inalteradas ou com alterações pouco significativas na
presença de CO2, mistura de 75%Ar +25%CO2 e também nos dois níveis de corrente (200 e
250 A).
10
4 CONCLUSÕES:
Com base nos materiais e métodos utilizados foi possível concluir que:
• A corrente elétrica é a principal variável para o aumento da taxa de deposição e é diretamente
proporcional ao aumento da mesma. Com a mudança de 200 para 250 A, o arame sólido
aumenta a sua taxa de deposição em 15% e o arame tubular aumenta em 44 %.
• A DBCP é outra variável que influencia na taxa de deposição e é diretamente proporcional ao
seu aumento.
• Em média o arame sólido ER70S-6 apresenta uma eficiência de deposição de 93% e o arame
tubular E71T-1C uma eficiência de deposição de 81%.
• Tanto no arame sólido ER70S-6 como no arame tubular E71T-1C, as variáveis como gás,
DBCP e corrente, não interferem na eficiência de deposição.
5. Agradecimentos
Os autores agradecem ao Professor Dr. Freddy Poetscher pela ajuda na análise dos resultados, à
Metalúrgica Atlas pela execução do experimento, à empresa Belgo Bekaert Arames pela ajuda
na execução nas macrografias e também pelo fornecimento dos consumíveis (arame sólido –
fabricação própria e arame tubular – importado da Hyundai – made in Korea). O autor J.C.S.J.
agradece ao programa PRH-19 pelo apoio financeiro na forma de bolsa de doutorado.
6. Referencias bibliograficas:
[1] WAINER, E.; BRANDI, S. D.; MELO, F. D. H. Soldagem: Processos e Metalurgia. São Paulo:Edgar
Blucher, 1995. 494p.
[2] O’BRIEN, R. L. (Editor). AWS Welding Handbook, volume 2 – Welding Process, 8º Edição.
American Welding Society. EUA, 955 p. 1991.
[3] MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem: Fundamentos e Tecnologia
– 3ª edição atualizada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. 363 P.
[4] SOUZA, P. C. R. D. Análise da transferência metálica na soldagem com arame tubular, 1998, 129 p.
Tese (Doutorado) – Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo: 1998.
[5] BRANDI, S. D. ; TANIGUCHI, C. Análise da transferencia metalica do eletrodo revestido AWS
E6013. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 2, n.3, p. 33-37, 1990.
[6] MARQUES, Paulo Villani. “Tecnologia da Soldagem”. Ed. O Lutador, 1991. PP 213 – 236.
[7] BRACARENSE, A.Q., Processo de Soldagem por Arame Tubular, Apostila UFMG, Maio, Belo
Horizonte, pp.88-104. 2000.
[8] WANG, W.; LIU, S.; JONES, J.E. Flux Arc Welding: Arc Signals, Processing and Metal Transfer
Characterization, Welding Journal, v82, n°3, pp.369s-377s. 1995.
[9] ARAÚJO, W.R. Comparação entre Soldagem Robotizada com Arame Sólido e Metal Cores – A
Ocorrência do Finger, Dissertação de Mestrado, UFMG, 79p. 2004.
[10] WIDGERY, D. Tubular Wire Welding. First published, England, Woodhead Publishing Limited, pp.
1-25. 1994.
[11] LEITE, F. J. L. Comparativo de utilização do arame sólido e do arame tubular em junta de topo para
chapas ASTM A36 de 6,3 mm de espessura. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – PECE-
tre arames maciços (MIG-MAG) e tubulares (Eletrodo Tubular). Encontro Nacional da Tecnologia da
SoldagemUniversidade de São Paulo. São Paulo: 139 p. 2012.
[12] GARCIA, R. P.; SCOTTI, A. Uma metodologia para análises comparativas da capacidade produtiva
en, Associação Brasileira de Soldagem, Recife. 2010.
11
Tema: Estruturas Metálicas e Mistas
Resumo
O estudo sobre a utilização de diafragma externo na ligação entre viga de seção I e pilar
tubular de seção circular em aço teve início na década de 1970, no Japão, onde foram feitas
análises teóricas e experimentais da sua aplicação. No Brasil, as pesquisas são recentes e
iniciaram em 2005 com Carvalho [3], que realizou as primeiras análises numéricas com e sem o
uso de diafragma externo na ligação. A recém lançada norma brasileira ABNT NBR 16239:2013
[2] de perfis tubulares não trata especificamente deste assunto, sendo necessário pesquisas
para embasamento teórico. O objetivo deste artigo é verificar as equações existentes para
aplicação do diafragma externo de diferentes dimensões na ligação entre viga de seção I e
pilar tubular de seção circular, comparando com pesquisa numérica realizada por Rink et al.
[11].
Abstract
The researches about the use of external diaphragm connection between I bean and circular
hollow section column have began in the 1970s in Japan, where theoretical and experimental
analysis of its application were made. In Brazil, the researchers are recent and started in 2005
with Carvalho [3], who performed the first numerical analyzes with and without the use of
external diaphragm on the connection. The recently launched Brazilian standard hollow
sections, ABNT NBR 16239:2013 [2], does not address of this subject specifically, being
necessary the use of researches to theoretical basis. The purpose of this article is to verify the
existing equations regarding the application of the external diaphragm connection between
the different dimensions of the tubular section I beam and column of circular cross section,
comparing numerical study by Rink et al. [11].
1
Engenheiro Civil, Aluno de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil - UFES - ES, Universidade
Federal do Espírito Santo - Centro Tecnológico - Campus de Goiabeiras, Vitória , ES, Brasil.
2
Engenheiro Civil, Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil - UFES - ES, Universidade
Federal do Espírito Santo - Centro Tecnológico - Campus de Goiabeiras, Vitória , ES, Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1. INTRODUÇÃO
A associação entre viga de seção I e pilar tubular de seção circular fornece uma boa solução
estrutural para as edificações. Com respeito a tal concepção, quando os seus elementos são
analisados separadamente, é de certo modo simples calcular as suas resistências. No entanto,
para a ligação, é necessário um estudo especifico do seu correto dimensionamento, tendo em
vista as diferentes configurações possíveis.
Neste aspecto, diversas pesquisas têm sido desenvolvidas com o propósito de compreender o
comportamento real destas ligações. Em especial neste artigo, falaremos das que utilizam
diafragma externo, segundo Kurobane et al. [8], melhor forma para o enrijecimento e combate
às falhas locais nas ligações entre viga de seção I e pilar tubular de seção circular.
Estudos com diafragmas externos foram feitos no Japão nas décadas de 1970 e 1980, sendo
posteriormente absorvidos pela norma japonesa “Recomendações para Projeto e Fabricação
de Estrutura Tubular em Aço” (1990) do Instituto de Arquitetura do Japão (AIJ) e pelo CIDECT
(Comité International Pour Le Développement Et L'étude De La Construction Tubulaire) em seu
manual Design Guide 9: Design guide for structural hollow section column connections, escrito
por Kurobane et al. [8]. A Figura 1 mostra exemplo de diafragma externo e suas principais
características geométricas.
Figura 1 - Exemplo de ligação viga-pilar com o uso do diafragma externo (Sabbagh et al. [12]).
Nota: Figura adaptada pelo autor.
1.1. Objetivo
O objetivo deste artigo é o estudo analítico das equações existentes na ligação entre viga de
seção I e pilar tubular de seção circular utilizando diafragma externo. A pesquisa é viabilizada
através de modelagem numérica via método de elementos finitos realizada por Rink et al. [11].
Esta análise tem como base as equações do AIJ, conforme Kamba e Kanatani [7] e Rink et al.
[11], e do CIDECT, segundo Kurobane et al. [8], uma vez que as normas brasileira, europeia e
americana não contemplam o uso dos diafragmas externos nas ligações entre viga de seção I e
pilar tubular de seção circular.
2
1.2. Revisão bibliográfica
Atualmente, apenas a norma do AIJ contempla o uso de diafragmas externos na ligação entre
viga de seção I e pilar tubular de seção circular. As demais normas, em especial a americana
AISC 360-10(2010) [1], a europeia EN 1993-1-8 [5] e a brasileira NBR 16239:2013 [2] não fazem
referência a sua utilização e dimensionamento. O manual do CIDECT para ligações tubulares,
escrito por Kurobane et al. [8], Design Guide 9 - For Stuctural Hollow Section Column
Connections, apresenta equações para este tipo de ligação em versões aprimoradas daquelas
utilizadas pela norma japonesa, segundo relato dos próprios autores. A seguir serão
apresentados alguns estudos importantes sobre a aplicação de diafragma externo nas ligações
para estruturas em aço.
Wakabayashi et al. [14] realizaram ensaios experimentais para ligações entre viga de seção I e
pilar tubular de seção circular submetidos aos esforços verticais e horizontais. Diversos
parâmetros foram investigados, como a espessura da parede do pilar, o tamanho do diafragma
externo e a espessura da mesa da viga que foi a mesma do diafragma externo. Os
experimentos revelaram que as ligações com diafragmas externos tiveram um comportamento
mais resistente em relação àquelas em que eles não foram adotados.
Rink et al. [11] analisaram numericamente e compararam com a norma japonesa a aplicação
de diafragmas externos nas estruturas de plataforma offshore. O modelo numérico foi
validado de acordo com o experimento de Wakabayashi et al. [14] e os resultados foram
analisados para 19 configurações de diferentes propriedades geométricas e carregamentos. O
principal mecanismo de falha foi a flambagem local do diafragma, sendo que os resultados
obtidos foram próximos aos considerados pela norma japonesa. Além disso, verificou-se que a
resistência da ligação decresce consideravelmente com a aplicação de carregamento axial ao
tubo ou quando há esforços oriundos de momentos assimétricos, cujas situações não são
contempladas pela norma japonesa ou pelo CIDECT.
Kurobane et al. [8], que elaboraram o manual do CIDECT para ligações em estruturas tubulares
- Design Guide 9 - For Stuctural Hollow Section Column Connections, propuseram equações
para o cálculo da força resistente diferentes das apresentadas pela norma japonesa. Segundo
os próprios autores, estas equações são melhores do que aquelas adotadas pelo AIJ, pois
apresentaram uma melhor validação e confiabilidade com base numa série de resultados
numéricos.
Carvalho [3] foi um dos pioneiros nas pesquisas com diafragmas externos no Brasil. Por meio
de análise numérica da ligação viga-pilar com chapa simples, e sua validação experimental,
avaliou a resistência de pilar de seção tubular circular e viga de seção I com e sem diafragma
3
externo. Os resultados encontrados demonstraram a importância da adoção do diafragma nas
ligações.
Sui e Yamanari [13] deduziram equações de força e rigidez utilizando regressão linear dos
resultados obtidos por meio de modelos numéricos com diferentes geometrias para ligação
entre viga de seção I e pilar tubular de seção circular com diafragma externo. Trinta e dois
modelos foram utilizados na pesquisa, na qual também foram analisadas forças de compressão
axial e lateral no pilar.
Freitas [6], com base nos estudos realizados por Carvalho [3], também analisou
numericamente ligações entre vigas de seção I e pilar tubular de seção circular. Foram
analisados diversos modelos geométricos para diferentes aplicações de força. Através de trinta
diferentes configurações, classificou as ligações conforme a rigidez e a resistência, de acordo
com a norma Europeia EN 1993-1-8 [5]. Concluiu que a presença de diafragmas externos foi
positiva na absorção das forças provenientes do binário oriundo da mesa da viga, reduzindo as
forças de plastificação na face do pilar. A utilização de enrijecedores na placa inferior do
diafragma também foi estudada. No entanto, este elemento provocou concentração de forças
na face do pilar e na mesa da viga, diminuindo a resistência da ligação.
Masioli [9] continuou as pesquisas realizadas por Carvalho [3] e Freitas [6], onde também
foram feitas análises numéricas e experimentais de ligações entre viga de seção I e pilar
tubular de seção circular. No programa experimental foi avaliada a presença ou não do
diafragma externo. Quatro modelos foram utilizados na análise experimental a fim de calibrar
os dados numéricos. Os modelos de ligações foram compostos por chapa simples; viga soldada
diretamente no pilar; com diafragma externo; com diafragma externo e enrijecedor. Como
resultado da pesquisa, concluiu-se que a utilização do diafragma externo aumentou
consideravelmente a resistência das ligações. O uso do enrijecedor, seguindo os resultados
encontrados por Freitas [6], contribuiu de forma negativa na resistência da ligação.
Pereira [10], com base nos estudos realizados por Masioli [9], analisou numericamente o
comportamento estrutural de ligações entre viga de seção I e pilar tubular de seção circular
para situações de canto e quando solicitado por quatro vigas simultaneamente. Ele verificou a
utilização ou não de diafragmas externos, com e sem enrijecedores verticais e analisou a
influência das diferentes geometrias do diafragma externo bem como a sua influência na
resistência da ligação. Concluiu-se que, mesmo com a presença do diafragma externo na
ligação, não foi possível classificá-la como rígida.
4
Dessouki et al. [4] analisaram numericamente a ligação com diafragma externo entre viga de
seção I e pilar tubular, de seção circular e quadrada, preenchidos ou não com concreto. Quatro
formatos de geometria para o diafragma foram adotados. Concluiu-se que houve acréscimo de
resistência na ligação com a utilização do diafragma sendo diretamente proporcional à sua
largura. Além disso, relatou-se a vantagem deste tipo de ligação quando a seção do pilar é
circular em relação à quadrada, já que não há aresta viva para concentração de tensões e
consequentemente surgimento de flambagem local do diafragma no pilar.
2. ESTUDO ANALITICO
O estudo analítico é baseado no AIJ, conforme artigos de Rink et al. [11] e Kamba e Kanatani
[7], e nas recomendações do manual do CIDECT para ligações, por Kurobane et al. [8].
Uma recomendação inicial geométrica em ambos os institutos de pesquisas é a prevenção de
cantos reentrantes na região da ligação, a fim de evitar a ocorrência de fissuras a partir de
pontos de concentração de tensões do diafragma ou de juntas soldadas entre o diafragma e a
mesa da viga, considerando um raio mínimo de aresta de 10 mm. A Figura 2 mostra alguns
exemplos de diafragmas externos.
5
2.1. Norma japonesa de acordo com Kamba e Kanatani [7]
A Equação (1) estabelece a resistência local da ligação ao nível da mesa da viga, de acordo com
as dimensões mostradas na Figura 3.
(1)
( ) √
Onde:
PAIJ - Resistência axial da ligação na altura da mesa da viga, segundo o AIJ;
Bf - Largura da mesa da viga;
B’f - Largura cônica do encontro da mesa da viga com o diafragma externo;
D - Diâmetro externo do pilar;
T - Espessura da parede do pilar;
ts - Espessura do diafragma;
hs - Largura mínima do diafragma externo;
fy,2 - Tensão de escoamento do aço do pilar.
6
Os intervalos de validade para a Equação (1) estão descritos nas Equações (4) a (6).
(4)
(5)
√
(6)
Onde:
fy,1 - Tensão de escoamento do aço do diafragma externo;
(7)
Onde:
H - Altura da viga
tf - Espessura da mesa da viga;
A Equação (8) determina a resistência local da ligação ao nível da mesa da viga, conforme as
dimensões apresentadas na Figura 4.
(8)
( ) ( ) ( )
Onde:
PCID - Resistência axial da ligação na altura da mesa da viga, segundo o CIDECT;
7
Os intervalos de validade para a Equação (8) estão descritos nas Equações (9) a (12).
(9)
( 10 )
( 11 )
( 12 )
(13)
3. EXEMPLO DE CÁLCULO
O modelo adotado será o mesmo utilizado por Rink et al. [11], conforme Figura 5, e
corresponde a uma ligação viga-pilar de estrutura offshore com a utilização de diafragma
externo. Serão analisados apenas os nove primeiros modelos da sua pesquisa, denominados
HB1 à HB9, devido à investigação direta da relação entre a largura do diafragma pela largura
da mesa da viga, um dos objetivos deste artigo. Os valores adotados para B’f serão os
corrigidos por Kamba e Kanatani [7], obtidos por meio da geometria do modelo. Serão
utilizados os mesmos valores de Rink et al. [11] para o momento de plastificação da viga (Mpv),
obtido de forma analítica, e o momento último resistente (Mu) da ligação, obtido por método
numérico.
Figura 5 – Modelo de ligação viga-pilar com diafragma externo utilizado por Rink et al. [11]
A Tabela 1 mostra uma planilha de cálculo que utilizou diafragma externo com espessura de
30mm, pilar com 1000mm de diâmetro e 30mm de espessura de parede. Para as vigas foram
adotadas altura, espessura da alma e da mesa da viga respectivamente 1000mm, 12mm e
30mm.
8
Propriedades geométricas Cálculo do momento resistente e comparativos entre os resultados
Viga Diaf. AIJ CIDECT Valores Obtidos Relações Adotadas
Nº Modelo Bf hs hs/ VA1 B'f Geom B'f VA2 VA3 PAIJ VC1 VC2 VC3 PCID MAIJ MCID Mu Mpv
mm mm (Bf/2) mm kNm kN kNm kNm kNm kNm Mu/Mpv Mu/MAIJ Mu/MCID
1 HB1 300 70 0,47 806,10 NOK 639,00 639,00 10,65 OK 33,33 OK 3.823,83 33,33 OK 0,07 OK 1,00 OK 5.032,58 3.709,11 4.881,60 4.589,00 4.040,00 1,14 1,24 0,94
2 HB2 300 120 0,80 876,81 NOK 764,00 764,00 12,73 NOK 33,33 OK 5.227,78 33,33 OK 0,12 OK 1,00 OK 5.427,03 5.070,95 5.264,22 5.348,00 4.040,00 1,32 1,05 1,02
3 HB3 300 200 1,33 989,95 NOK 980,00 980,00 16,33 NOK 33,33 OK 7.638,70 33,33 OK 0,20 NOK 1,00 OK 5.829,36 7.409,54 5.654,48 6.363,00 4.040,00 1,58 0,86 1,13
4 HB4 400 70 0,35 806,10 NOK 645,00 645,00 10,75 OK 33,33 OK 3.845,17 33,33 OK 0,07 OK 1,00 OK 5.032,58 3.729,81 4.881,60 4.741,00 5.073,00 0,93 1,27 0,97
5 HB5 400 120 0,60 876,81 NOK 766,00 766,00 12,77 NOK 33,33 OK 5.236,50 33,33 OK 0,12 OK 1,00 OK 5.427,03 5.079,40 5.264,22 5.504,00 5.073,00 1,08 1,08 1,05
6 HB6 400 200 1,00 989,95 NOK 980,00 980,00 16,33 NOK 33,33 OK 7.638,70 33,33 OK 0,20 NOK 1,00 OK 5.829,36 7.409,54 5.654,48 6.466,00 5.073,00 1,27 0,87 1,14
7 HB7 500 70 0,28 806,10 NOK 653,00 653,00 10,88 OK 33,33 OK 3.873,63 33,33 OK 0,07 OK 1,00 OK 5.032,58 3.757,42 4.881,60 4.940,00 6.106,00 0,81 1,31 1,01
8 HB8 500 120 0,48 876,81 NOK 768,00 768,00 12,80 NOK 33,33 OK 5.245,21 33,33 OK 0,12 OK 1,00 OK 5.427,03 5.087,85 5.264,22 5.668,00 6.106,00 0,93 1,11 1,08
9 HB9 500 200 0,80 989,95 NOK 980,00 980,00 16,33 NOK 33,33 OK 7.638,70 33,33 OK 0,20 NOK 1,00 OK 5.829,36 7.409,54 5.654,48 6.697,00 6.106,00 1,10 0,90 1,18
Propriedades dos materiais VA1: Verificação 1 da norma japonesa VC1: Verificação 1 do CIDECT
fy,1 = 385 Se raiz(2)*((D/2)+hs)) >= D, OK; temos que B'f = D Se 14 <= D/t <= 36 OK, senão NOK
fy,2 = 330 Se raiz(2)*((D/2)+hs)) < D, NOK: então B'f deverá ser
Serão denominados OK e NOK para calculado geometricamente; B'f
situações respectivamente de VA2: Verificação 2 da norma japonesa = B'f Geom VC2: Verificação 2 do CIDECT
conformidade ou não para auxilio nos Se B'f/2ts <= 237/raiz(σy1) OK, senão NOK Se 0,05 <= hs/D <= 0,14 OK, senão NOK
cálculos e melhor visualização dos Sendo 237/(raiz(σy1)) = 12,079
critérios adotados . VA3: Verificação 3 da norma japonesa VC3: Verificação 3 de CIDECT
Se 15 <= D/t <= 55 OK, senão NOK Se 0,75 <= ts/t <= 2,0 OK, senão NOK
Tabela 1: Cálculo comparativo de resistência da ligação com diafragma externo
9
Figura 6 – Relação entre o momento resistente numérico e o momento de plastificação
analítico da viga
10
Figura 8 – Relação entre o momento resistente numérico e o momento resistente calculado
segundo o CIDECT
A Tabela 1 mostra que algumas propriedades geométricas da viga ou do pilar utilizadas nas
ligações estão fora dos limites estabelecidos pelos métodos de cálculo do AIJ e do CIDECT.
Provavelmente devido à utilização de elementos estruturais offshore, não comum a
construção civil e não contemplados na elaboração destas equações. No entanto, para Kamba
e Kanatani [7], os intervalos de validade apresentados pelo AIJ não são de restrição, mas seu
desvio deverá ser analisado. A mesma consideração será aplicada aos limites estabelecidos
pelo CIDECT. Sendo assim, pode-se perceber na Tabela 1 que, para a norma japonesa, alguns
valores em VA2 ficaram próximos ao limite estabelecido, podendo dar continuidade à análise
conforme Kamba e Kanatani [7]. Quanto ao CIDECT, na mesma tabela, pôde-se verificar que
apenas alguns valores de VC2 ficaram fora dos limites.
A Figura 6 mostra o ganho de resistência da ligação conforme aumento da relação entre a
largura do diafragma e a largura da mesa da viga. Quanto maior for a relação entre hs e a
metade da mesa da viga, maior será a resistência ao momento fletor. Quando analisado
percentualmente, é possível verificar um ganho de resistência próximo a 35%. Isso
considerando apenas o ganho percentual da situação com diafragma externo, variando apenas
a sua largura.
Para aplicação das equações de resistência na parede do pilar utilizando diafragma externo,
primeiramente é necessário verificar a consistência das equações existentes. Para isso, as
Figuras 7 e 8 apresentam a relação entre os resultados obtidos de forma numérica e analítica.
A primeira análise será feita segundo o AIJ. No gráfico da Figura 7, para valores da relação
entre hs e Bf/2 pequenos, há uma distância considerável da resistência para os resultados
numéricos, aceitáveis por serem a favor da segurança. Já o contrário ocorre para essa relação
próxima a 1,0, em que os resultados, apesar de serem convergentes, são maiores que os
11
numéricos, sendo contrários à segurança. Desfavorecendo o seu uso, pois ao aumentar a
largura do diafragma com o objetivo de aumentar a resistência, os valores encontrados
superestimam a resistência real da ligação.
Na Figura 8, que utiliza a equação fornecida pelo CIDECT, é possível notar que acontece o
oposto aos resultados da norma japonesa, pois a resistência ao momento é maior conforme a
largura do diafragma externo e consequentemente terá um maior coeficiente de segurança no
cálculo da resistência da ligação, favorecendo o seu uso.
5. CONCLUSÃO
É possível concluir que ao utilizar o diafragma externo na ligação entre viga de seção I e pilar
tubular de seção circular ocorre um aumento considerável da resistência ao momento. Além
disso, os valores apresentados pelas equações existentes são próximos aos obtidos do modelo
numérico, validando assim a sua aplicação. Sendo recomendada a adoção das equações
apresentadas pelo CIDECT, que demonstraram maior confiabilidade em seus resultados.
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
4 Dessouki A. K.; Yousef A. H.; Fawzy M. M.. Stiffener Configurations in Moment Connections
Between Steel I-Beams and Concrete-Filled Steel Tube Columns. World Applied Sciences
Journal 30 (2),p. 120-132. (2014).
5 European Committee For Standardization. Design of steel structures: Part 1-8 - Design of
Joints. Eurocode 3 Part 1-8, EN 1993-1-8:2005, Brussels.(2005)
6 Freitas, P. C. B.. Análise numérica de ligações metálicas viga-coluna com coluna tubular
circular. 188 p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de
São Paulo, São Carlos.(2009).
12
7 Kamba, T.; Kanatani, H.. Design formulae for CHS column-to-beam connections with exterior
diaphragms. Proceedings of the V International Symposium on Tubular Structures,
Nottingham, p. 249-256.(1993).
8 Kurobane, Y. et al.. CIDECT design guide 9: Design guide for structural hollow section column
connections. Köln: CIDECT and Verlag TÜV Rheinland. 213 p. (2004)
9 Masioli, C. Z.. Análise teórica e experimental de ligações em aço entre pilar tubular de seção
circular e viga de seção I. 137 p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos (2011).
11 Rink H.D., Winkel G.D., Wardenier J., Puthli R.S, Tubular Structures, 4º International
Symposium, p. 461-470, Delft (1991).
12 Sabbagh, A.B., CHAN, T.M., MOTTRAM J.T.. Detailing of I-beam-to-CHS column joints with
external diaphragm plates for seismic actions, Journal of Constructional Steel Research, p. 31-
33(2013).
13 Sui W., Yamanari M., Evaluation of the characteristics of external diaphragm connections
with steel CHS columns and wide-flange steel beams, Pacific Structural Stell Conference,
Wairakei (2007).
14 Wakabayashi M., Sasaki R., Kishima Y.. An Experimental Study on Centrifugally-Cast Steel
Pipe to H-Beam Connections Annuals(Abstract), Disaster Prevention Research Institute. Kyoto
University, No. 14, April, 1971, pp. 343-369 (in Japanese ).
13
Tema: Ligações – Projeto e Elementos de fixação
Resumo
As ligações são imprescindíveis para o bom funcionamento da estrutura, pois transmitem os
esforços entre elementos estruturais. Com isso, geralmente seu estudo é mais complexo e
demorado, sendo útil o uso de ferramentas computacionais para propiciar celeridade no
dimensionamento de seus componentes. Desta forma, caso a ligação não seja executada ou
projetada de forma adequada, os esforços transmitidos não serão compatíveis com o modelo
estrutural, causando problemas estruturais. Propõem-se, neste trabalho, a elaboração de
roteiros de cálculo, a partir de critérios adotados pela norma NBR 8800:2008 – Projeto de
Estruturas de Aço e Estruturas Mistas Aço-Concreto e equações estudadas pela Mecânica dos
Sólidos - para alguns tipos de ligações bastante utilizadas em projetos estruturais de aço.
Dentre elas, existem as ligações viga-pilar flexíveis e rígidas. Por fim, serão criados roteiros e
planilhas de cálculo, contendo o memorial de cálculo e verificações necessárias para o
dimensionamento adequado das ligações. O trabalho utilizará o Método dos Estados Limites, o
qual agrega a filosofia vigente em dimensionamento de estruturas.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção 1
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
AUTOMATED DESIGN OF BEAM-COLUMN CONNECTIONS
Abstract
The connections are essential for the proper functioning of the structure, as they convey
efforts between structural elements. So, their study is usually more complex and time
consuming it is useful to use computational tools to facilitate the rapid design of its
components. Thus, if the connection is not implemented or designed properly, the efforts
transmitted will not be compatible with the structural model, causing structural problems. It is
proposed in this paper, the roadmapping calculation, based on criteria adopted by NBR
8800:2008 standard - Design of Steel Structures and Steel - Concrete Composite Structures and
equations studied by Solid Mechanics - for some types of connections widely used in structural
steel projects. Among them, there are links flexible and rigid beam-column. Finally, scripts and
spreadsheets will be created, containing the memorial of calculation and verification required
for proper sizing of links. The work uses the method of Limit State, which adds the current
philosophy in design of structures.
2
1 INTRODUÇÃO
O termo ligação é aplicado a todos os detalhes construtivos que promovam a união de partes
da estrutura entre si ou a sua união com elementos externos a ela, como, por exemplo, as
fundações (CBCA, 2003). As transmissões dos esforços entre peças estruturais devem-se às
ligações entre elas, desta forma, elas têm fundamental importância no comportamento global
da estrutura. Devido à variedade de elementos de aço existem diversos tipos de ligações que
podem ser adotadas pelo calculista.
Essa variedade faz com que a NBR 8800:2008 não apresente fórmulas diretas para o
dimensionamento de ligações viga-pilar, sendo necessário o estudo individualizado para cada
tipo de ligação a partir de diversos conceitos da mecânica dos sólidos e dos conhecimentos
específicos das estruturas de aço.
Desse modo, o uso de programas computacionais de dimensionamento, verificação e
otimização de sistemas estruturais é uma alternativa utilizada por engenheiros projetistas para
calcular suas estruturas em tempo hábil, deixando-os com a função de gerenciar e interpretar
os dados gerados.
Os softwares podem gerar erros que estão condicionados ao conhecimento técnico,
experiência e atenção dos projetistas. Em alguns casos, a falta de revisão dos conceitos, teorias
e considerações impostas pelo programa dão origem a falhas na elaboração do projeto.
Dentro de tal contexto, a criação de roteiros e planilhas de cálculo referentes às ligações mais
usuais seguindo as orientações da NBR 8800:2008 proporciona celeridade aos
dimensionamentos de estruturas metálicas e entendimento dos fenômenos utilizados.
1.1 Objetivos
3
De acordo com Souza (2013), as ligações são identificadas como:
Elementos de ligação;
Dispositivos de ligação.
Os elementos de ligação são constituídos por chapas de ligação, placas de base,
enrijecedores e cantoneiras de apoio. São responsáveis pela transmissão dos esforços entre os
conectores.
Os dispositivos de ligação são constituídos por parafusos e soldas. São responsáveis pela
união entre os elementos de ligação.
Para Queiroz (1993), as ligações podem ser flexíveis (quando uma rotação relativa entre as
partes ligadas não provoca momento na ligação), rígidas (quando, para qualquer momento na
ligação, não há rotação relativa entre as partes ligadas) e semirrígidas (quando há uma
correspondência entre as partes ligadas).
Os critérios de análise e dimensionamento das ligações supracitadas são detalhados nas
literaturas clássicas, como, por exemplo, a Mecânica dos Sólidos e Estruturas de aço. Algumas
referências são: Hibbeler (2000), Gere (2003), Pfeil e Pfeil (2000), Queiroz (1993), Souza (2010),
Souza (2013) e Andrade (1994).
O projeto de estruturas deve considerar as condições de segurança (estado limite último) e
condições de desempenho e uso (estado limite de serviço) para o dimensionamento e
execução da estrutura. A NBR 8800:2008 fornece estas informações, mas em casos de ligações
específicas que não sejam abrangidas por ela, a EUROCODE 3 pode ser consultada.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
As ligações entre vigas e pilares têm grande influência no comportamento global de estruturas
de edifícios, seja com relação à rigidez ou à resistência. De modo geral, o comportamento
destas ligações é idealizado para facilitar a análise e o dimensionamento estrutural (Souza
2013).
Define-se o ponto de ligação como nó e este pode ser rígido, onde não há rotações relativas
significativas entre os elementos e há transferência total de momentos fletores das vigas para
os pilares, flexível, onde as rotações relativas são livres entre os elementos e não ocorre
transferência de momentos fletores, por último, semirrígido, onde as rotações relativas entre
os elementos e a transferência de momentos fletores são parciais.
4
Figura 1 – Classificação das ligações quanto à rigidez
Considera-se que uma ligação é tratada como semi-rígida quando a rotação entre os membros
é restringida entre 20% e 80%, quando comparada à rotação que ocorreria no caso de uma
ligação perfeitamente rígida (Trindade 2011).
Para Queiroz (1993), as respostas de uma estrutura são muito afetadas pela rigidez das
ligações, por esta razão, no modelo para análise estrutural deve-se indicar corretamente o
grau de rigidez de cada ligação.
As constantes atualizações na engenharia já possibilitam a execução de ligações cujo
comportamento se aproxime suficientemente das situações idealizadas, mas caso não sejam
bem analisadas ou executadas conforme os projetos podem induzir ao comportamento
semirrígido.
5
Figura 2 – Ligações flexíveis com cantoneiras de extremidade
6
Os cálculos das propriedades geométricas serão divididos em:
a) Propriedades geométricas da solda da ligação entre as cantoneiras e a alma da
viga;
b) Propriedades geométricas dos parafusos da ligação entre as cantoneiras e a
mesa do pilar.
(3)
(5)
{ [ ( ( ) )]}
(6)
( ) ( ) (7)
7
2.1.1.2 Propriedades geométricas dos parafusos
(9)
8
Figura 7 – Esforços na solda
(12)
Decompõe-se a tensão :
(13)
( )
(14)
(15)
(17)
√( )
9
2.1.2.2 Análise das tensões nos parafusos
Sendo,
(18)
(20)
(21)
(22)
(24)
10
(25)
√
Para o estudo da força de tração no parafuso mais solicitado ( ), adotamos posições iniciais
para a linha neutra conforme está descrito na figura 9.
Onde:
- são as distâncias dos centros dos parafusos à base da cantoneira, sendo utilizados
apenas os que estiverem dentro da zona de compressão adotado no início do cálculo.
O momento de inércia dos parafusos ( ) e a forção de tração ( ) são encontrados em
seguida.
(27)
[ ( ) ]
( ) (28)
As verificações de solicitação e resistência de cálculo devem ser feitas para os esforços nas
soldas, nos parafusos e nas cantoneiras.
As verificações serão feitas a partir das tensões resistentes nos cordões de solda descritas nas
equações abaixo.
(29)
11
(30)
(32)
Onde:
- é a resistência do metal da solda;
– é a resistência ao escoamento do metal base;
– é a área efetiva do metal base dado pelo produto entre o comprimento do
cordão de solda e a menor espessura das chapas de ligação;
– a área efetiva do filete dado pelo produto entre o comprimento e a garganta
efetiva do cordão de solda;
– é um coeficiente que varia entre 1,35 para combinações normais e 1,55 para
combinações excepcionais;
Caso a solda não resista aos esforços solicitantes, deve-se aumentar a espessura da solda,
utilizar materiais mais resistentes ou utilizar cantoneiras com comprimentos maiores,
aumentando o tamanho do cordão de solda.
(34)
12
2.1.3.3 Verificações das chapas de ligação
A verificação de pressão de contato em furos é realizada com as expressões definidas pela NBR
8800:2008 (6.3.3.3), comparando a força de cisalhamento aplicada aos parafusos, de acordo
com a equação 36.
(36)
Para esta ligação, temos os valores necessários para a definição da força resistente de cálculo
ao colapso por rasgamento expressa na NBR 8800:2008 (6.5.6).
(37)
( ) (38)
( ) (39)
( ) (40)
Caso as verificações não sejam atendidas, deve-se aumentar as dimensões das cantoneiras.
13
Figura 11 – Ligação rígida entre viga e pilar com chapa de topo
Figura 12 – Ligação rígida entre viga e pilar com chapa de topo, enrijecedores e
chapas de reforço (a) e com chapa de topo e enrijecedores de cisalhamento (b)
As figuras 11 e 12 indicam ligações rígidas usuais entre vigas e pilares metálicos. Logo, será
estudada a ligação com chapa de topo e enrijecedores, sem chapas de reforço.
A ligação estudada tem a geometria definida na figura 13, considerando o momento fletor
gerado pela viga.
14
Figura 13 – Ligação rígida estudada
Os parâmetros geométricos dos cordões de solda seguem as dimensões indicadas na figura 15.
15
Figura 15 – Geometria dos cordões de solda
( ) (42)
(43)
(44)
A área total da junta soldada ( ) e a área total da junta soldada na alma da viga ( ) serão
aproveitados no cálculo do momento de inércia da junta soldada ( ).
( ) (45)
(46)
(47)
{( ) [ ( ) ] ( )
( )
}
As tensões serão divididas da mesma forma que nas ligações viga-pilar flexível, sendo
acrescentado o efeito alavanca nos parafusos, caso ocorra.
O estudo dos esforços nos parafusos será feito a partir da figura 16.
16
Figura 16 – Indicação da linha neutra
( ) (49)
Alguns parâmetros são definidos a partir dos citados pela NBR 8800:2008 (6.3.5) e enfatizados
em seguida.
(52)
17
(53)
Então, verifica-se a espessura mínima da chapa de topo ( ) para que não ocorra esse
efeito. Caso a espessura adotada seja menor, determina-se o acréscimo de tração devido
ao efeito alavanca ( ).
(54)
√
(55)
( )
18
(58)
( ) (59)
(60)
(62)
( )
(62)
(63)
As verificações são feitas de acordo com as descritas nas equações 33 à 35, considerando a
solicitação de tração acrescida do efeito alavanca, caso ocorra.
19
Figura 19 – Rasgamento em bloco de ligações rígidas entre vigas e pilares
( ) (65)
( ) (66)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a aplicação foi adotado um exemplo didático de ligação viga-pilar flexível contido no
Manual de Construção em Aço, Ligações em Estruturas Metálicas – Volume 2 (CBCA 2011),
página 58.
O exemplo em questão é representado na figura 21.
Figura 1 – Aplicação de ligações viga-pilar flexíveis
O número total de parafusos adotados é de 6 (seis) e não foram definidos os perfis metálicos
da ligação. Como a planilha necessita de todos os dados para fazer uma verificação completa,
foram adicionados perfis que estejam de acordo com as dimensões das cantoneiras. A fim de
que não ocorram problemas com disposições construtivas ou rupturas na viga e no pilar.
Vale ressaltar que o esforço cortante admitido na questão é o esforço em cada cantoneira, ou
seja, o esforço cortante total é o dobro do submetido na questão. Os resultados são
apresentados na figura 22.
20
Figura 22 – Resultados da aplicação em questão
As diferenças nos resultados são maiores nas tensões na solda devido à falta do detalhamento
da ligação no enunciado do exemplo, além de aproximações ao longo da resolução da questão.
Os dados de entrada foram adicionados à planilha e as verificações foram satisfeitas como
mostra a figura 23.
Figura 2 - Dados de entrada e resultados da planilha de ligação flexível
4 CONCLUSÃO
Foi abordado o estudo e o dimensionamento de ligações mais comuns entre vigas e pilares.
Por serem elementos essenciais em projetos estruturais, o seu dimensionamento é
fundamental. Assim sendo, o estudo das tensões e das resistências dos elementos que
constituem a ligação como um todo deve estar bem fixado para a execução de um projeto
seguro e econômico.
Ressalte-se que com as atualizações de programas computacionais voltados ao cálculo e
dimensionamento de estruturas metálicas, o grau de incerteza dos projetistas quanto às
ligações tende a ser ampliado com as novas considerações impostas. Aumentando, dessa
maneira, o número de esforços que antes eram ignorados pelas simplificações normativas.
21
O desenvolvimento de um estudo mais completo sobre ligações metálicas em diversas
situações de solicitação fará referência ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal
de Alagoas, destacando sua capacidade de desenvolver projetos voltados ao
ensino/aprendizagem e ao exercício profissional.
REFERÊNCIAS
4 ANDRADE, P. B. Curso básico de estruturas de aço. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Engenharia aplicada editora; 1994.
6 GERE, J. M. Mecânica dos materiais. São Paulo, Brasil. Thomson editora; 2003.
7 HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 3ed. Rio de Janeiro. Brasil. Livros técnicos e
científicos editora; 2000.
8 QUEIROZ, G. Elementos das estruturas de aço. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Imprensa universitária editora; 1993.
9 SANTOS, L. B. Contribuições ao estudo das cúpulas metálicas. Tese (Doutorado). São Carlos,
São Paulo, Brasil. Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo –
EESC/USP; 2005.
11 SOUZA, A. S. C. Ligações em estruturas de aço. São Carlos, São Paulo, Brasil. EDUFSCAR
editora; 2013.
22
Dimensionamento ótimo de ligações semirrígidas de pórticos de aço – modelo
“Pórtico Auxiliar”
Gines Arturo Santos Falcón ¹
Pascual Martí Montrull ²
Resumo
¹ Prof. Gines Arturo Santos Falcón,, Laboratório de Engenharia Civil, Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, RJ, Brasil
² Prof. Pascual Martí Montrull, Grupo de Optimización Estructural (GOE/UPCT), Universidad Politécnica
de Cartagena, Cartagena, España.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
A análise convencional de pórticos de aço considera duas situações ideais opostas para
modelagem das ligações viga-coluna de acordo com a capacidade de transferir momento e de
rigidez rotacional ou giro relativo entre as barras. O modelo com ligações rígidas tem
continuidade rotacional perfeita, ou seja, o ângulo relativo entre os elementos estruturais
permanece o mesmo após o carregamento da estrutura, havendo transferência total de
momento entre as barras. No modelo com ligações rotuladas não há continuidade rotacional,
consequentemente não há transferência de momentos. No entanto, as ligações reais sempre
tem certo grau de rigidez rotacional e de resistência à flexão que geram um comportamento
intermédio entre os dois extremos teóricos citados.
O Método dos Componentes publicado pelo Eurocode 3 – EN-1993 parte 1-8: Projeto de
Estruturas de Aço - Projeto de Ligações (EN 1993-1-8:2005) [1] é fruto de diversos trabalhos
pioneiros tais como: Yee e Melchers [3], Jaspart [4], Faella et al. [5], Goverdhan [6], entre
outros. O método consiste em identificar na ligação viga-coluna os diferentes elementos
mecânicos que o compõem e calcular a rigidez rotacional e o momento resistente de cada um
desses componentes e, por fim, calcular a rigidez rotacional (kj,ini) e o momento resistente da
ligação (Mj,Rd).
2
este estudo não considera o efeito da rotação dos pilares de apoio, ou seja, considera ligações
com apoios infinitamente rígidos.
No presente estudo, a partir do Capítulo 8 do livro de Faella et al. [5] e do modelo clássico da
“Linha de Viga” se propõe o modelo que chamamos de “Pórtico Auxiliar” (PA) que calcula a
Faixa de Rigidezes Viável (FRV) considerando a rotação dos pilares no cálculo do estado limite
último (ELU) e do estado limite de serviço (ELS). Neste artigo, mostra-se a viabilidade prática
deste modelo, inicialmente para o caso das vigas biapoiadas, em seguida para pórticos de um
vão e um pavimento e, finalmente, para o caso de pórticos planos de um vão e de vários
pavimentos.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo iniciou-se com uma ampla revisão bibliográfica relativa ao dimensionamento ótimo
de ligações semirrígidas. Dado o grande número de publicações encontradas, com particular
ênfase foram revisados a norma Eurocode [1] e as publicações de Guardiola [7], Díaz [8], Faella
et al. [5] e [9] e Díaz et al. [10].
Foi definido um esquema computacional para acesso automático ao banco de dados de perfis
estruturais da ARCELOR MITTAL. Para sua validação os programas foram extensivamente
testados utilizando-se diferentes combinações de perfis estruturais e os resultados foram
comparados com resultados obtidos em softwares comercias como ROBOT, CoP e Power
Connect - programas comerciais que seguem o Método dos Componentes do Eurocode 3 -.
3
A ligação viga-pilar parafusada com chapa de topo estendida sem enrijecedores foi adotada
para implementação das aplicações dos programas aqui desenvolvidos. Este tipo de ligação é
muito utilizado principalmente nas pesquisas teóricas e experimentais disponíveis na literatura
- apresenta diversos comportamentos rotacionais em função dos perfis viga-coluna, espessura
da chapa de topo e diâmetro e posicionamento dos parafusos -.
4
e projeto, respectivamente. Os resultados obtidos para o caso de ligações parafusadas com
chapa de topo mostram o grande potencial desta metodologia.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura (2) tem-se uma viga bi apoiada de um vão, com carga vertical uniformemente
distribuída e ligações semirrígidas. Um modelo frequentemente utilizado para análise deste
problema baseia-se no conceito de “Linha da Viga”, Faella et al. [5].
A “Linha da Viga” representa a relação entre giro da seção e momento fletor atuante em
função da rigidez rotacional da ligação. Na Figura (3) mostra-se a “Linha da Viga” com os
momentos na seção de apoio e na seção no meio do vão em função da rotação da ligação.
, (1)
Por outro lado, o momento no meio do vão da viga, , para o caso do apoio engastado é
. A partir desse valor aumenta de acordo com a relaxação da rigidez da
ligação até atingir seu valor máximo que ocorre para o caso de ligação articulada, .
A Equação (2) expressa a variação do momento fletor em função da rigidez rotacional da
ligação.
(2)
Na Figura (1) mostra-se a curva não linear Momento–Rotação de uma ligação semirrígida e a
“Linha da Viga” que indica os momentos que atuam no apoio da viga. Observa-se que M* é o
5
momento que equilibra os esforços internos no apoio da viga e na ligação, portanto, M* é o
momento com que a ligação trabalha.
O momento máximo no meio do vão da viga é a diferencia entre o momento máximo para o
caso de viga articulada, , menos o momento que atua no apoio ou ligação, M*:
(3)
Na Figura (3) a reta descendente representa o momento que atua no apoio ou ligação;
enquanto que, a reta ascendente é o momento no meio do vão da viga. As linhas horizontais
representam valores constantes da relação , sendo (relação entre momento
resistente da viga candidato perfil candidato a solução e o momento solicitante máximo para o
caso de ligação rotulada).
Observa-se que ligações de vigas com não tem resistência suficiente no apoio e não
servem para o projeto. Viga com é a menor viga que pode ser utilizada no projeto com
ligação semirrígida; neste caso o momento fletor no apoio e no meio do vão são iguais e a
distribuição de momentos entre a viga e os apoios é ótima, porem a FRV é nula. Perfis com
6
podem ser utilizados levando em conta os limites de rigidez rotacional mínimo
e máximo (FRV). E, perfis com apenas precisam do limite inferior, o limite superior
corresponde ao caso de engaste perfeito, que é o caso em que a ligação trabalha com sua
rigidez máxima.
̅ (6)
De acordo com Faella et al. [5], a Faixa de Rigidezes Viável de uma Ligação Semirrígida pode
ser definida em função de quatro condições mecânicas que a ligação e a viga devem respeitar:
̅
̅
(7)
( )
Em função de : ̅ (8)
Em função de : ̅ (10)
7
3) Condição de serviço para cargas vivas - ELS: ( )
̅
(̅ )
(10)
Fazendo: (12)
̅ (12)
Fazendo:
̅ (14)
é a flecha devido as cargas vivas para ELS; é a flecha devido a carga total de serviço para
ELS; é a flecha admissível obtida na norma.
Observa-se que nas condições (3) e (4) sendo condições de ELS corresponderia utilizar ̅ (a
rigidez inicial), no entanto foi utilizada ̅ (a rigidez secante) apenas com o intuito de
uniformizar as magnitudes numéricas nas quatro condições acima.
Observa-se que todas as equações apresentadas anteriormente não consideram a rotação dos
pilares.
Foi implementado em MATLAB [13] o programa “Rango_Kini” para cálculo das Equações (7) a
(14) e obtenção da FRV da ligação. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela (2).
Em seguida, os resultados obtidos foram verificados com o Software comercial Autodesk Robot
Structural Analysis Professional (em adiante ROBOT) [14].
Na Tabela (2) apresentam-se as FRV obtidas para o problema da Tabela (1) para o catalogo de
perfis IPE da ARCELOR MITTAL.
Perfil FRV
̅ ̅
IPE 360 0,58 3,32 14,08
8
IPE 400 0,75 1,21 ∞
IPE 450 0,98 0,08 ∞
IPE 500 1,26 0,0 ∞
Os perfis inferiores ao perfil IPE 360 não foram considerados devido a que esses perfis tem
e não satisfazem as condições de ELU ou ELS do EUROCODE 3. Os perfis IPE 400 e
IPE450 tem resistência suficiente para trabalharem ate com rigidez máxima correspondente a
apoios engastados ou com rigidez rotacional mínima de 1,21 ou 0,08, respectivamente;
enquanto que o perfil IPE 500 com pode funcionar tanto com apoio engastado quanto
com apoio rotulado.
ELU
ELS
(carga
de
serviço
total)
ELS
(cargas
vivas)
Na Figura (7) observa-se que a FRV satisfaz as condições de ELU e ELS. Observa-se também que
o momento Mb,Rd =237,5 kNm é atingido no apoio com rigidez secante mínima, ̅
9
; e, no meio do vão com rigidez máxima, ̅ . Portanto, a rigidez secante
mínima e a rigidez secante máxima satisfazem as condições do ELU. Em relação ao ELS,
observa-se que as flechas máximas tanto para o caso de cargas vivas quanto para carga de
serviço total se encontram abaixo dos valores limites especificados pelo Eurocode 3,
satisfazendo estas condições.
Desta forma, conclui-se que a FRV calculada pelo modelo de Faella et al. [5] satisfaz as
condições de resistência e rigidez para os estados limites de utilização e de serviço. No
entanto, se observa que, para obter soluções satisfatórias foi necessário considerar apoios
com rigidez infinita.
Para aplicação do modelo “Linha da Viga” num pórtico real foi implementado o pórtico plano
1V4P em ROBOT. Este pórtico tem um vão e quatro pavimentos; com perfis IPE 360 para as
vigas e perfil HEB 180 para as colunas, todos em aço S235.
10
Para verificação dos momentos máximos no apoio as ligações viga-coluna foram relaxadas com
valores de rigidez secante máxima de 68.721 kNm/rad, Figura (9).
Novamente, observa-se que todos os momentos no vão central superam o valor de resistência
máxima da viga (MRd= 239,5 kNm para perfil IPE 360). Também, a flecha máxima para ELS para
carga total também supera o valor limite admissível (fadm= 28 mm).
Os resultados obtidos confirmam que o modelo “Linha da Viga” apresentado em Faella et al.
[5] é válido apenas para o caso de apoios com rigidez infinita. Devido à significativa rotação
dos pilares pode-se concluir que os resultados do Capítulo 8 de Faella et al. [5] não estão
corretos.
Na Figura (10) representa-se o modelo PA que se propõe neste estudo. Inicialmente o modelo
considera ligação semirrígida, cargas verticais uniformemente distribuídas e simetria
geométrica da estrutura.
11
Para o cálculo da rotação dos pilares são considerados os momentos atuantes em duas seções
representativas da ligação: na seção i localizada na interface coluna-ligação e na seção i’
localizada na interface ligação-viga. Desta forma, é a rotação da coluna; é a rotação da
ligação; e, o momento deve-se à carga vertical suportada pela viga.
, ou ̅ , (15)
é a rigidez das colunas que concorrem à ligação; é a rigidez inicial ou a rigidez secante
da ligação (de acordo com o nível de solicitação atuante).
12
̅
(18)
( )
A seguir são apresentadas as condições da “Linha da Viga” propostas em Faella et al. [5], de
esta vez incluindo a rotação da coluna:
(̅ )( ) (19)
(̅ )
̅̅̅ (20)
(̅ )
(̅ )
̅ (21)
(̅ ) ̅
Da Equação (18), considerando o ELU o momento máximo no apoio da viga deve satisfazer a
condição com obtém-se:
(23)
̅ ( )
Normalizando em relação a
̅ (24)
̅ ( )
No ELS, para cálculo das flechas considerando a rotação dos pilares e utilizando a técnica de
superposição de efeitos. Considera-se que a flecha total da viga é resultado de dois efeitos:
uma parcela devido à carga vertical distribuída com apoios articulados, Figura (11a), e uma
13
outra parcela de flecha devido aos momentos externos MA e MB aplicado nos apoios da viga,
Figura (11b).
Figura 11a. Viga articulada com carga Figura 11b. Viga articulada com momentos
distribuída concentrados nos apoios
(25)
A equação geral para cálculo da flecha da viga articulada com momentos concentrados
aplicados nas extremidades é:
( )[ ( )] (26)
Para: e , tem-se:
̅
( ) ( ) (27)
( ) ( )
̅̅̅
(30)
( )
14
No ELS ̅ é o momento de engaste para cargas vivas e ̅ é o momento de engaste para
carga total.
Para o pórtico auxiliar de um pavimento intermédio se considera: hcs = hci = Hc/2 = 3.500 mm.
De forma análoga para representação do Pavimento Superior as alturas contribuintes das
colunas são: hci = Hc/2, enquanto que no caso do Pavimento Inferior são: hcs = Hc/2 e hci = 2/3
Hc.
No caso do pórtico auxiliar, a rigidez total das colunas se calcula considerando a contribuição
de todas as barras da ligação, Equação (32).
∑ (32)
Para validação dos resultados da Tabela (3) foi realizado análise estrutural com relaxamento
das ligações semirrígidas no ROBOT. Os resultados obtidos estão mostrados na Figura (14).
15
Figura 14. Pórtico para Planta Intermedia: viga IPE 360 e coluna HE 180 B
Na Figura (14) se observa que os resultados da análise estrutural coincidem com os resultados
da Tabela (3) obtidos pelo programa Rango_Kini_RC. Para a rigidez mínima da ligação,
K,sec,min= 9.762,00 kNm/rad, como esperado foi obtido o momento resistente da viga,
Mb,Rd = 239,46 kNm.
Na Tabela (4b) confirma-se através da análise em ROBOT o resultado obtido em MATLAB para
a rotação da coluna igual a rads.
16
Tabela 5. Verificação da rotação da coluna
Figura 15. Verificação da rigidez mínima da Figura 16. Verificação da rigidez mínima da
ligação semirrígida, Ksec,min - ELU ligação semirrígida, Ksec,min - ELS
Nas Figuras (15) e (16) são mostrados os resultados obtidos para avaliação da rigidez mínima,
Ksec,min = 39.415 kNm/rad da ligação semirrígida. Observa-se que no ELU a viga atinge o valor
do momento máximo resistente no centro do vão, MEd= 239,37 kNm, e que o valor da flecha
máxima de 21,9 se encontra abaixo do valor admissível, fadm = 28 mm.
17
Figura 17. Verificação da rigidez máxima da Figura 18. Verificação da rigidez máxima da
ligação semirrígida, Ksec,max - ELU ligação semirrígida, Ksec,max - ELS
Nas Figuras (17) e (18) mostram-se os resultados para avaliação da rigidez máxima da ligação
se observa que no ELU a viga não consegue atingir o valor do momento máximo resistente no
apoio, MEd= -182,9 kNm. No entanto, no ELS a flecha máxima de 20,3 no vão central esta
abaixo dos limites admissíveis.
Os resultados obtidos para o Pórtico 1V4P, considerando a FRV com rotação da coluna,
confirmam que a melhor solução possível é utilizando Colunas HE 400 B e Vigas IPE 360. A
seguir são mostrados os resultados do PA para os três níveis do pórtico: Pavimento superior,
intermédio e inferior.
Coluna: HE 400 B
Viga: IPE 360
FRV da ligação:
Sj,sec,min = 18.114,7 [kNm/rad]
Sj,sec,max = 122.996,6 [kNm/rad]
18
b) Verificação função Rango_Kini_RC_Plantas – Planta Inferior
Coluna: HE 400 B
Viga: IPE 360
FRV da ligação:
Sj,sec,min = 16.985,7 [kNm/rad]
Sj,sec,max = 84.749,2 [kNm/rad]
Coluna: HE 400 B
Viga: IPE 360
FRV da ligação:
Sj,sec,min = 16.887,0 [kNm/rad]
Sj,sec,max = 82.348,5 [kNm/rad]
Nas Figuras (19), (20) e (21) observa-se que para a rigidez mínima se obteve a máxima
solicitação no vão central. Para a viga IPE 360 este valor é de 239,5 kNm. Os resultados são
coerentes com os resultados obtidos em MATLAB; desta forma, validando o modelo de cálculo
da Faixa de Rigidezes Viável considerando a rotação das colunas.
Na Figura (22) são apresentados os resultados obtidos para configuração ótima da ligação
semirrígida para o pórtico 1V4P com colunas HE 200 B e vigas IPE 400 para um momento
externo de 151 kNm. São mostrados os valores ótimos das principais dimensiones da ligação, o
momento fletor resistente e a rigidez inicial da ligação.
19
Figura 22. Resultado obtido com os Programas DO_ENR e CalcUS_MC
Viga IPE400 e Coluna HEB200
4 CONCLUSÕES
Verifica-se que o modelo clássico de “Linha da Viga” não considera a rotação dos pilares e
propõe-se o modelo “Pórtico Auxiliar” que considera a rotação dos pilares e permite a
definição da Faixa de Rigidezes Viável de ligações. O modelo proposto relaciona propriedades
importantes como resistência à flexão e rigidez inicial da ligação. São calculados valores
mínimos e máximos para rigidez inicial da ligação em função das propriedades mecânicas dos
perfis de viga e coluna utilizados. São definidas quatro condições mecânicas que a ligação deve
obedecer considerando o ELU e ELS.
São definidos três tipos de pórticos auxiliares de acordo com a sua localização e as condições
de contorno: Pavimento Superior, Pavimento intermédia e Pavimento Inferior.
A partir de um análise cuidadosa dos resultados obtidos conclui-se que a inclusão da rotação
da coluna é fundamental para o dimensionamento da ligação semirrígida. Claramente se
percebe que os resultados obtidos tem maior precisão que os que não consideram a rotação
dos pilares.
Os resultados obtidos mostram que o modelo proposto é válido para pórticos de vários vãos e
vários pavimentos. Observa-se que este é um modelo que atualmente considera apenas cargas
verticais e simetria da estrutura.
20
Apresenta-se uma aplicação para dimensionamento ótimo de pórticos de aço com ligações
semirrígidas.
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
[1] EN-1993-1-8: Eurocode 3: Design of steel structures- Part 1-8: Design of joints. CEN, 2005.
EN 1993-1-8:2005.
[2] ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (2008). Projeto de estrutura de aço e de
estrutura mista de aço e concreto de edifícios: NBR 8800. Rio de Janeiro.
[3] Yee, K. L., Melchers, R.E. Moment-rotation curves for bolted connections, Journal of
Structural Engineering, 112, 615-635, 1986.
[4] Jaspart J.P., Integration of the joint actual behavior into the frame analysis and design
process. In: Iványi M, Baniotopoulos CC, editors. Semi-rigid connections in structural steelwork.
Udine: SpringerWien NewYork; 2000. p. 103–66.
[5] Faella, C; Piluso, V e Rizzano, G., Structural Steel Semi-Rigid Connections: Theory, Design
and Software. CRC Publishers, 2000. Boca Raton, Florida (EEUU).
[8] Díaz C, Martí P., Victoria M., Querin M., Review on the modeling of joint behavior in steel
frames. J Constructional Steel Research, 67:741–58, 2011.
[9] Faella, E., Piluso, V. y Rizzano, G. Proposals to Improve Eurocode 3 Approach for Predicting
the Rotational Stiffness of Extended End Plate Connections, Report no. 70, Department of Civil
Engineering, University of Salerno, 1995
21
[10] Concepción Díaz, Mariano Victoria, Osvaldo M. Querin, Pascual Martí. Optimum design of
semi-rigid connections using metamodels. Journal of Constructional Steel Research, Volume
78, November 2012, Pages 97–106. http://dx.doi.org/10.1016/j.jcsr.2012.06.013.
[12] DO_ENR, Programa em MATLAB para otimização de ligações semirrígidas, GOE/ UPCT,
2010.
22
Tema: Ligações – Concepção, Projeto e Elementos de fixação
Abstract
This paper presents the evaluation of the stiffness provided by the flexible double angle
connection with simple bending. Through numerical analysis to compare two kinds of flexible
connection: pinned totally free (with pin connection) and pinned with double angles. It has
been found the behavior of double angle connection and influences of stiffness connection in
the design of structures. Usually by simplifying or due the difficulty of determining the real
stiffness in structural models are considered links with rigid or flexible behavior. However,
experimental studies conducted suggest that any idealized links exhibits completely rigid or
lfexible behavior. The numerical studies carried out by the finite element method (FEM) have
aimed to verify the behavior of the connection (moment-rotation) and compare the results
obtained numerically with equations and experimental studies, thus validating the finite
element model for characterization of the stiffness of connections.
¹ Acadêmico, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.
² Professor M. Sc. Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.
³ Professor D.Sc., Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil e Meio Ambiente,
Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para estudar a rigidez de uma ligação com dupla cantoneira e uma ligação com pino,
foi utilizada a análise numérica pelo método de elementos finitos, sendo que as etapas a
seguir descrevem os procedimentos utilizados para a modelagem numérica do problema.
2
(a)
(b)
O elemento finito utilizado para a geração da malha foi elemento sólido chamado de
hexaédrico de 20 nós, o qual apresenta o comportamento quadrático nos deslocamento. Cada
nó possui 3 graus de liberdade translacionais nas direções x, y e z, como mostra a Figura 2.
3
seguindo-se algumas premissas, as quais estão descritas a seguir, conforme o trabalho de
Green:
4
- As peças 1, 2, 3 e 4 da Figura 6, foram discretizadas com tamanho de elemento de
30mm, lembrando que para o outro lado da viga foi utilizado o mesmo critério. Nestas peças
utilizou-se uma malha mais grosseira para diminuir o número de elemento resultantes na
estrutura, a fim de reduzir o tempo de processamento da análise, pois se verificou que este
procedimento não influenciou nos resultados.
2.1.2 Contatos
Os contatos utilizados para a ligação com dupla cantoneira foram do tipo frictional
com um coeficiente de atrito de 0,20, como mostra a Figura 7, sendo representados da
seguinte forma:
1 - Contato com atrito em a face da cantoneira e a face da alma da viga;
2 - Contato com atrito entre o fuste do parafuso e a parede do furo da cantoneira;
3 - Contato com atrito entre o fuste do parafuso e a parede do furo da viga;
4 - Contato com atrito entre a porca do parafuso e a face da cantoneira lado viga;
5- Contato com atrito entre a cabeça do parafuso e face da cantoneira lado viga;
6 - Contato com atrito entre o fuste do parafuso e a parede do furo da coluna;
7 - Contato com atrito entre o fuste do parafuso e a parede do furo da cantoneira lado
coluna;
8 - Contato com atrito entre a cabeça do parafuso e face da cantoneira lado coluna;
9 - Contato sem atrito entre a porca do parafuso e a face interna da mesa da coluna;
5
10 - Contato sem atrito entre a cantoneira e a face externa da mesa da coluna.
VIGA
CANTONEIRA
COLUNA
Figura 7. Contatos na ligação com cantoneira.
Os contatos utilizados para a ligação com pino foram do tipo atrito com um coeficiente
de 0,20, como mostra a Figura 8, e estão representados da seguinte forma:
6
Para simular a rotação em torno do pino em relação a chapa, foi utilizado um contato
de rotação livre em Z, restringindo-se os movimentos de translação em x, y e z, como mostra a
Figura 9. Esse contato é chamado no Ansys de General Joint, através do qual pode-se descrever
a relação existente entre duas peças, colocando-se restrições entre as faces selecionadas.
2.1.3 Cargas
A Carga aplicada no modelo foi de 41.12 kN, distribuída no centro da viga em uma área
com comprimento 200mm pela largura da mesa da viga, como mostra a Figura 10.
Além da carga no centro da viga, foram aplicadas as cargas de protensão nos parafusos
conforme a norma ABNT NBR8800:2008, a qual prevê uma protensão de 85 kN. Neste modelo
7
foi utilizada 100% de protensão definida pela norma. Também foi levado em conta o peso
próprio do conjunto.
2.1.4 Materiais
Neste trabalho para simular o comportamento não linear dos aços acima descritos,
utilizou-se uma relação constitutiva elasto-plástica bi-linear, conforme se pode observar na
Figura 11.
8
Figura 11. Diagrama tensão deformação bi-linear.
2.1.5 Restrições
9
Figura 12. Faces restringidas no modelo.
2.2 Ensaio
No ensaio realizado foi medida a carga aplicada no centro da viga com o auxílio de uma
célula de carga, a rotação da ligação, tensões na mesa inferior da viga utilizando extensômetro
elétricos (strain gages) e o deslocamento no centro da viga. O objetivo deste ensaio é validar o
modelo numérico e possibilitar comparações entre os resultados obtidos.
2.2.1 Equipamentos
Os equipamentos utilizados para o ensaio estão descritos abaixo bem como na Figura 13
mostra-se a disposição dos mesmos.
• Célula de carga
• Macaco hidráulico
10
Macaco hidráulico
Célula de carga
Os extensômetros elétricos (strain Gages) foram colados no centro das vigas ensaiadas
como mostra a Figura 14.
Strain Gages
11
• Torquímetro
Torquímetro
12
Na figura 17 mostra-se a disposição dos relógios comparadores com a ligação rotulada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dupla
8.52
Cantoneira 6,7
Rotulada 9.13
13
(a)
8.52 mm
(b)
188 MPa
(a) 9.13 mm
14
(b)
220 MPa
Figura 19. Resultados para o modelo rotulado sendo (a) os deslocamentos e (b) as
tensões atuantes na estrutura.
(1)
onde M é o momento fletor máximo no centro da viga, σ é a tensão máxima na mesa da viga
calculada pelo método dos elementos finitos (220 MPa), A é a área da mesa do perfil (724.2
mm²) e d é a distância entre as mesas do perfil I (153 mm). O momento máximo obtido foi de
24,4 kNm.
15
utilizou-se um modelo de viga para determinação da rigidez, porém em trabalhos futuros será
desenvolvido um equacionamento para determinar esta rigidez analiticamente.
Na Figura 21 (b) e (c) verifica-se que o momento fletor para a viga rotula por MEF é de
24.5 kNm, e para a viga com dupla cantoneira é de 20.7 kNm, o que representa uma diferença
percentual de aproximadamente 15%. Comparando o modelo de dupla cantoneira (c) com o
rotulado perfeito (a), o qual normalmente é utilizado nos modelos estruturais, verifica-se uma
diferença percentual de 23%.
Na Tabela 5, comparam-se os resultados numéricos com os experimentais, a diferença
de tensões na dupla cantoneira é de 9%, e na rotulada em 3.2%, e comparam-se os
deslocamentos máximos na dupla cantoneira é de 10.6%, e na rotulada em 9.2%.
Desta maneira numericamente com validação experimental comprova-se de maneira
quantitativa que existe uma rigidez na ligação de dupla cantoneira, a qual poderá ser utilizada
no modelo estrutural no dimensionamento de estruturas, tornando o modelo de cálculo mais
representativo e consequentemente, podendo resultar em uma estrutura mais econômica.
16
4 CONCLUSÃO
Portanto, a partir destas análises aqui expostas é possível concluir, de maneira parcial,
que nos resultados obtidos deve-se enfatizar que a metodologia de cálculo de ligações flexível
normalmente utilizada para cálculo de ligações com dupla cantoneira não representa o
modelo real de maneia adequada. Este trabalho continuará com mais ensaios experimentais
para validar totalmente os resultados numéricos e ajustar modelos simples para modelar a
rigidez rotacional desse tipo de ligação, que pode vir a ser importante na economia de projetos
em estrutura de aço de prédios industriais ou habitacionais.
Agradecimentos
A Empresa Metasa S.A. , pelo apoio financeiro na realização dos ensaios, material e fabricação.
REFERÊNCIAS
Alves, A. F. Elementos finitos: a base da tecnologia CAE, (2000) São Paulo: Érica.
17
Green, P., Sputo, T., Higgins A. Design of all-bolted extended double angle, single angle, and
tee shear connections. (2005), Gainesville, Florida: Departament of civil e coastal engineering
University of Florida.
Maggi, Y. I., Análise teórica via M.E.F. do comportamento de ligações parafusadas viga-coluna
com chapa de topo. (2000) São Paulo: 195p.Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de
São Carlos – Universidade de São Paulo.
18
Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
CONSTRUMETAL 2014
Contribuições Tecnocientíficas
Parte 6
– Projeto –
Arquitetura e Engenharia
Tema: oficial de submissão
Resumo
O presente estudo propõe parâmetros para a adoção de sistema estrutural construtivo
modular em aço, permitindo a elaboração de soluções técnicas de modo flexível e adaptável à
concepção do edifício, compreendendo também o atendimento ao respectivo programa de
necessidades do espaço didático. Valendo-se de uma abordagem teórica, o trabalho apresenta
uma revisão bibliográfica sobre conceitos de industrialização e construção industrializada,
abordando a situação atual no Brasil, além de confrontar as principais tecnologias
industrializadas presentes hoje no segmento da construção civil, permitindo-se com isso, optar
pela utilização do sistema modular em aço como opção para o processo de produção de
edificações para fins didáticos aqui estudado, com base na fundamentação teórico-
metodológico desenvolvida. Na sequencia, são caracterizadas duas tipologias de edificações
didáticas, em relação ao espaço físico para atender as demandas arquitetônica, porém
considerando também aspectos logísticos. Adicionalmente, a pesquisa apresenta caráter
aplicativo, pois é motivada pela necessidade de se resolver problemas reais, portanto, com
finalidade prática.
Abstract
This study proposes a set of parameters for the adoption of constructive steel modular
structural system which allows the development of technical solutions in a flexible and
adaptable way according to the design of the building. It also meets need of the respective
1
Arquiteta e Urbanista (2006). Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção
Civil (PPGECiv), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), bolsista CNPq. Mestrado em
andamento com ênfase em industrialização da construção, racionalização do processo construtivo, e
sistema estrutural modular em aço. E-mail: mepenazzi@yahoo.com.br
2
Professor Associado do Departamento de Engenharia Civil da UFSCar São Carlos – SP. Graduado em
Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (1994), mestrado em Engenharia Civil (Engenharia
de Estruturas) pela Universidade de São Paulo (1998) e doutorado em Engenharia Civil (Engenharia de
Estruturas) pela Universidade de São Paulo (2003). E-mail: alex@ufscar.br
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* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
teaching space program. Based on a theoretical approach, this paper presents a literature
review about concepts of industrialization and industrialized construction by addressing the
major industrialized technologies present in the construction industry nowadays. Hence it
allows the choice to use the modular system of steel as an option for the production of the
buildings for teaching purposes, based on the developed theoretical-methodology foundation.
Following, two types of educational buildings are characterized, connected to the physical
space in order to meet architectural demands, however it also considers the logistic aspects.
Furthermore, this research presents feasibility since it is motivated by the need to solve real
problems, thus with practical purpose.
1 INTRODUÇÃO
O atual cenário da construção civil no país pode ser considerado favorável à adoção de novas
tecnologias. Fatores como o aumento de custo de mão de obra, o aquecimento da economia, a
crescente demanda por obras novas, a normatização de critérios e requisitos de desempenho,
a abertura do mercado da construção civil com a importação de novos produtos e tecnologias,
entre outros, formam um terreno propício para que empresas construtoras busquem na
industrialização da construção alternativas viáveis de serem implantadas, tecnicamente e
financeiramente. Neste contexto, o conceito de modulação é parte intrínseca aos principais
processos industrializados atualmente disponíveis no ramo da construção civil.
Segundo Glass [1], a ideia de se conceber módulos de espaços completos unidos na fábrica que
configurem cômodos é denominada construção volumétrica. Algumas tipologias têm adotado
de forma crescente este tipo de sistema, como edifícios comerciais, públicos e privados de
diversas funcionalidades.
Os sistemas estruturais e construtivos, podem se apresentar sob diferentes formas. Tudo vai
depender das variáveis envolvidas no desenvolvimento do projeto, onde uma determinada
solução, ou conjunto delas, contribui para a adoção de uma composição específica de
elementos que vão formar um sistema. A forma de estabelecimento do desempenho
arquitetônico e construtivo, como exposto na NBR 15575-1 [2], é comum e pensada por meio
da definição de requisitos qualitativos, critérios quantitativos ou premissas, e métodos de
avaliação.
Falhas na escolha do sistema estrutural e construtivo, para NBR 15575-1 [2], podem surgir por
falta diretrizes no desenvolvimento de projeto, emprego de materiais, na elaboração de
especificações, e detalhamentos no desenvolvimento do projeto, que acabam por levar a
improvisações no momento da execução, abrindo margem para o surgimento de futuros
problemas, dificultando a eficiência da edificação, e consequentemente, diminuindo a
qualidade para o usuário, assim como a vida útil do mesmo e da edificação como um todo.
A atividade da construção de edifícios tem grande importância para a movimentação da
economia do país. De acordo com Melhado [3], a temática da qualidade no setor da
construção civil vem ganhando importância tanto no meio acadêmico como empresarial, com
forte crítica ao desempenho, sobretudo quanto ao desperdício de material e mão de obra.
2
Dentro destas colocações, o intuito deste trabalho é agregar conhecimento relativo à melhoria
da qualidade de projetos para ocupações com fins didáticos, propondo parâmetros para a
adoção de sistema estrutural construtivo modular em aço, de modo a permitir a elaboração de
soluções técnicas de modo flexível e adaptável à concepção do edifício, compreendendo
também o atendimento ao respectivo programa de necessidades do espaço didático. Nesta
lacuna esta pesquisa irá contribuir para atenuar a escassez de informações idôneas sobre o
assunto.
3
características de sua utilização, que por sua vez determinarão o grau de satisfação dos
usuários final, docentes e discentes.
De forma análoga, para os autores Medeiros e Melhado [6], grande parte das decisões
tomadas na fase de concepção do projeto podem afetar o ciclo de vida do empreendimento
até a fase de operação e manutenção, de forma que o projeto tem um papel importante como
síntese do conhecimento gerado pela equipe projetista.
Neste contexto, devido à importância da etapa projeto, é necessário considerar os
instrumentos utilizados como recursos de projetos. Assim, as Normas Técnicas Brasileiras em
vigência, possuem grande importância para a concepção do edifício em estudo, agrupando-se
em quatro categorias: Conforto Térmico, Conforto Acústico, Conforto Luminoso e
Desempenho (Quadro 1). Elas servem de referência para os procedimentos a serem adotados
para organização, dimensionamento e verificação dos espaços e sistemas projetados, além de
apresentarem critérios para as avaliações a serem realizadas na execução de projetos.
Quadro 1 – Importância e descrição das normas técnicas
Importância Descrição
Alguns dos principais problemas de implantação das salas de aula se relacionam
Conforto Térmico
às questões de conforto ambiental, entre eles pode-se citar, o desconforto
térmico.
Conforto Acústico É recomendável proporcionar conforto sonoro em ambientes destinados ao
ensino, com baixos níveis de ruído de fundo, pois favorecem a concentração no
trabalho intelectual, e a boa condição sonora também beneficia a comunicação
verbal.
É compreendido como a existência de um conjunto de condições em
Conforto
determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas
Luminoso
visuais com o máximo de perspicácia, e precisão visual.
Esta Norma busca contemplar o conforto, estabilidade, e vida útil adequada
Desempenho
para edificação e usuário final.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.
4
Para tanto, no Quadro 2, são expostos alguns métodos construtivos industrializados,
abordando suas vantagens e desvantagens.
Quadro 2 – Alguns métodos construtivos industrializados
Sistema Vantagens Desvantagens
Possui comportamento estrutural No Brasil, esse sistema ainda é muito
superior ao da alvenaria estrutural em pouco conhecido e utilizado, por falta de
Wood Frame resistência; conforto térmico; conforto conhecimento técnico, por preconceito
acústico. associado a má utilização da madeira como
material de construção e por falta de
normalização.
Baixos preços; qualidade homogênea; Pode considerar que é um produto
Steel Frame alto desempenho estrutural; baixo tecnológico novo no país; foge ao
peso; produção em massa; facilidade tradicional ou convencional e desperta
de pré-fabricação. sentimentos de suspeita e insegurança.
Econômicos e flexíveis; Possuem baixo Exige acabamentos e revestimentos para
custo de construção; Estruturalmente garantir o conforto do usuário; Necessita
Containers
sólidas; fácil transporte; flexibilidade de equipamento especializado, como
construtiva; reutilização de containers empilhadeiras e guindastes, para
em desuso; curto prazo de construção. transportar e auxiliar na montagem.
Módulos flexíveis a vários espaços; Necessita de equipamento especializado,
adequado e adaptável a uma como empilhadeiras e guindastes, para
variedade de necessidades; baixo transportar, movimentar e auxiliar na
custo de construção; estruturalmente montagem.
Modular em
sólidas; fácil transporte; flexibilidade
aço
construtiva; menos desperdícios com
erros de execução; rapidez na
montagem; maior nível
industrialização.
Rapidez; limpeza da obra; garantia da O preço relativamente alto; necessidade do
Pré-
construção; possibilidade de projeto ser modular; possibilidade de
fabricados de
combinação de materiais diferentes. fissuras na junção entre placas e a
concreto
dificuldade de reformar a edificação.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.
5
modulares para este edifício de uso misto. Em ambos os projetos, o cliente foi The Peaboby
Trust, que teve um forte interesse em realizar o valor benefícios destas tecnologias
relativamente novas. Esses projetos são ilustrados na Figura 1.
Figura 1- Royal Northern College of Music, em Manchester, composto por 900 módulos de aço
empilhados, e instalação de unidades modulares em Murray Grove, Hackney, Londres
Nas duas situações, conforme Figura 2, Lawson e Ogden [7], destaca os sistemas construtivos
volumétricos fabricados a partir de painéis em estrutura de aço leve, cujos módulos são
montados fora do empreendimento, e transportados para o canteiro de obras, apenas para
montagem.
Figura 1 – Construção mista (comercial e residencial) em Wilmslow Road, Manchester, com
1.400 módulos em estrutura de aço, e o projeto modular em Lillie Road, Fulham, em Londres
Exemplo atual, localizado em Nova Iorque, temos o edifício conhecido como A Pilha, na língua
inglesa, “The Stack”. Localizado na parte superior de Manhattan, o projeto foi realizado por
associados Jeffrey M. Brown, mais associados e arquitetos Gluck. Trata-se de um edifício
residencial (Figura 2), sendo que seu projeto possui 28 unidades de ocupação, em sete pisos,
composto de 56 módulos pré-fabricados, empilhados em 19 dias, com um grupo de oito
trabalhadores experientes em construção com aço, operador de guindaste, e seis assistentes.
Demorou alguns meses para preparar o local e construir a fundação, base do edifício,
enquanto uma equipe acompanhava a construção dos módulos em uma fábrica localizada na
Pensilvânia.
6
Figura 2 - Montagem dos módulos e edifício pronto
2 MATERIAIS E MÉTODOS
7
o AT7 é adotado como modelo padrão dentro da UFSCar para edifícios de salas de aula. Nesta
etapa, são apresentadas diretrizes que embasaram as escolhas relativas à concepção e
detalhamento do sistema estrutural adotado.
Para o desenvolvimento da pesquisa, será utilizado algumas ferramentas de trabalho, tais
como, para realizar análise tridimensional das estruturas será aplicado softwareSAP2000®, para
executar os projetos e detalhes construtivos será utilizado programa AutoCAD®, para elaborar
as maquetes e renderizar as imagens o softwareSketchUp®, e para tabular as informações
necessárias será aplicado o software Excel®
A necessidade do desenvolvimento de uma pesquisa exploratória se dá devido ao tema
proposto: “Desenvolvimento de diretrizes para projeto de edificações para fins didáticos com
sistema estrutural construtivo modular em aço”. Este, devido a sua complexidade e amplitude,
exige uma observação multidisciplinar dos acontecimentos, que envolve conhecimentos de
engenharia, arquitetura e gestão, por exemplo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a adoção dos parâmetros do sistema construtivo adotado nesta pesquisa, iniciou-se pela
concepção arquitetônica, avaliando as características das estruturas em aço ao iniciar as
diretrizes de projeto, procurando a modulação adequada, para que os custos finais fossem
menores. Desse modo, as premissas para o desenvolvimento do projeto central do presente
trabalho estão sintetizadas no Quadro 3.
Quadro 3 – Resumo da escolha dos sistemas construtivos
Sistema Descrição
Fundação Convencional tipo radier
Estrutura Perfis comerciais de chapa de aço formados a frio
Vedação horizontal laje / piso Painel OBS
Vedação vertical externa Painel pré-fabricado de concreto
Vedação vertical interna Sistema Dry-Wall e painel removível
Cobertura Telhas metálicas
No sistema estrutural modular em aço, serão utilizados perfis comerciais de chapa de aço
formados a frio, e suas ligações serão preferencialmente parafusadas para facilitar a
montagem, por tanto, no projeto serão utilizados produtos disponíveis na indústria nacional,
que atendem às Normas Técnicas em vigência.
Após a definição do sistema construtivo modular, será apresentado na sequência o
desenvolvimento de duas propostas de projetos para a tipologia dos módulos, no caso,
tipologia 01 e tipologia 02. Tais propostas diferenciar-se-ão no que se refere às dimensões do
módulo. Provando desse modo, que o projeto modular em aço pode se adaptar a vários
programas de necessidades, e com diversas formas geométricas arquitetônicas.
8
Pensando na interface do processo global de fabricação, deve-se considerar que o módulo virá
pronto de fábrica para instalação na obra, acarretando transporte especial na zona urbana.
Foram consideradas as dimensões máximas de transporte através de caminhões sem
restrições de tráfego segundo o ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), que são:
18,15 m (comprimento); 2,60 m (largura); 4,40 m (altura).
Estudou-se uma relação métrica na qual fosse possível tirar o máximo do aproveitamento em
relação a flexibilidade construtiva e estética voltado para o espaço didático. Com isso definiu-
se o módulo parcialmente montado (tipologia 01) com: 10,00m (comprimento); 5,00m
(largura); 3,55m (altura).
Com essas dimensões seu transporte não ficaria viável sobre caminhões de médio porte, com
capacidade de locomoção no perímetro urbano, portanto, para a tipologia 01, o módulo
chegaria a obra parcialmente montado, devendo ser finalizado no local.
Desse modo, estudou-se outra relação métrica, onde favorecesse o transporte do módulo
pronto, aproveitando a flexibilidade construtiva sem interferir no espaço didático. Com isso
definiu-se o módulo pronto (tipologia 02) com: 8,00m (comprimento); 2,40m (largura); 3,55m
(altura).
Estas medidas favorecem o transporte horizontal, sobre caminhões de médio porte, com 2 ou
3 eixos, não acarretando grandes dificuldades relacionadas à logística dentro da malha urbana
das cidades.
Essas análises realizadas no Quadro 4, fortificam que a relação métrica de ambas modulações,
tipologia 01 e 02, favorecem a disposição dos módulos, podendo assim desenvolver um jogo
de formas, além de auxiliar o sistema estrutural.
Quadro 4 – Projeto modular em aço para edifícios didáticos: estudo e concepção
Tipologia Projeto
01
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Quadro 4 – Projeto modular em aço para edifícios didáticos: estudo e concepção (Cont.)
Tipologia Projeto
01
01
01
01
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Quadro 4 – Projeto modular em aço para edifícios didáticos: estudo e concepção (Cont.)
Tipologia Projeto
02
02
02
02
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Quadro 4 – Projeto modular em aço para edifícios didáticos: estudo e concepção (Cont.)
Tipologia Projeto
02
Seguindo a linha de pesquisa deste trabalho, temos como referência o estudo de Caiado [9],
que apresenta solução modular em aço para edifícios de escritórios (Figura 3). Este trabalho
segue as premissas da industrialização onde deverá ser confeccionado dentro da planta física
fabril, para maior controle de qualidade com relação às dimensões e materiais do módulo
modelo.
Figura 3– Planta baixa do edifício modelo e esquema isométrico da sobreposição dos módulos
Com relação ao projeto arquitetônico, analisando o edifício modelo de Caiado [9], é possível
observar que o mesmo foi desenvolvido dentro dos preceitos explanados neste trabalho,
adotando-se o projeto de produto, a coordenação modular, a construtibilidade e a
racionalização dos elementos construtivos. Constatou-se que na confecção desse edifício
modelo, foram apresentadas inúmeras vantagens produtivas em comparação ao sistema
tradicional de construção. Resumidamente o citado trabalho apresentou algumas vantagens
em comparação ao sistema tradicional de construção, tais como:
• utilização de um número mínimo de componentes;
• utilização de materiais disponíveis no mercado, com tamanhos e
configurações
padronizados;
• utilização materiais e componentes fáceis de serem conectados;
12
• padroniza os meios de ação;
• utilização de uma sequência rítmica executiva;
• segmentação os projetos em pacotes construtivos;
• uniformidade modular; e
• redução de precedências.
Entretanto, este trabalho de Caiado [9] não esgota todos os aspectos relevantes sobre a
tecnologia de sistema modular para a construção de civil, dada a complexidade do assunto.
Por isso, foi sugerido por aquele autor alguns outros temas para a continuidade da pesquisa,
como análise do sistema quanto ao desempenho e conforto, desenvolvimento do mesmo
conceito para edificações de residências, avaliação de um modelo real quanto a sua utilização,
desenvolvimento e avaliação da questão de ampliações e versatilidade no processo de
montagem e desmontagem do sistema, logística no processo de construção de edifícios em
módulo pré-fabricados estruturados em aço, análise de custos econômicos da construção de
edifícios em módulo pré-fabricados estruturados em aço.
Portanto, são várias as tipologias de projetos industrializados disponíveis para estudo, e que
poderiam ser aqui citadas. Todavia, cabe salientar as mais relacionadas com o tema central do
presente trabalho.
Este artigo retrata uma parte da pesquisa de mestrado em andamento, dentro do
Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos, SP. Quanto às
próximas etapas da pesquisa, terão como delineamento as seguintes fases: definir a tipologia
do edifício modelo entre as tipologias pesquisadas; realizar pré-dimensionamento dos
elementos e a estabilidade da estrutura quando os módulos forem empilhados; elaborar
diretrizes de projeto para edifícios com finalidade didática, e sua concepção estrutural
modular em aço; executar projeto e detalhes, incluindo maquetes eletrônicas; elaborar
resultados e considerações finais.
4 CONCLUSÃO
13
solucionar, o quanto antes, todas as interfaces com as demais disciplinas de projeto, com a
fábrica e com as tarefas de logística e montagem, que serão realizadas no canteiro de obra.
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
1 GLASS, J. The future for precast concrete in low-rise housing. Leicester, UK: British Precast
Concrete Federation, 2000. Disponível em:
https://web41.securesecure.co.uk/britishprecast.org/publications/bpcfbrochure.pdf. Acesso
em 22/09/2013.
7 LAWSON, R. M.; OGDEN, R. G. ‘Hybrid’ light steel panel and modular systems. Article info:
Light steel modular demonstration building testing, 18 April 2008.
14
9 CAIADO, K. F. Estudo e Concepção de Edifícios em Módulos Pré-Fabricados Estruturados
em Aço. Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ouro Preto - Escola de Minas
Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação para obtenção de título de
Mestre em Engenharia. Ouro Preto - MG, 2005.
11 VAN DER LAAN, B.; GONÇALVES, M.; POLIDORI, M. C. Obtenção e aplicação de uma célula
arquitetônica modular a partir de sistemas construtivos modulares. Artigo: XIX - ENPOS
Congresso de Iniciação Científica, Pelotas - RS, 2010.
15
IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS DE ENGENHARIA SIMULTÂNEA EM EDIFÍCIOS
ESTRUTURADOS EM AÇO *
Resumo
Mudanças vêm ocorrendo no setor da construção civil brasileira com o aumento da
competitividade entre as empresas e a busca por sistemas industrializados. A pesquisa
procurou identificar práticas de Engenharia Simultânea relacionadas ao projeto do produto e à
produção do edifício em empreendimentos com estruturas metálicas e mistas. Buscou-se
compreender como a entrada do fabricante da estrutura metálica, interage com os outros
agentes do processo e ao mesmo tempo, entender como o processo de projeto do produto
interage com o processo de produção. A pesquisa procura verificar como essas práticas de
produto e de processo podem melhorar a construtibilidade do edifício, tirar partido das novas
tecnologias e dos novos processos de produção. A pesquisa consistiu de revisão bibliográfica e
de quatro estudos de caso descritivos que incluíram pesquisas de campo, como entrevistas a
coordenadores de projeto e visitas a canteiros de obras. Como contribuição, a pesquisa
identificou que houve desenvolvimento integrado e práticas de engenharia simultânea como
integração entre equipes, utilização de novas tecnologias de gestão e de produção e
valorização das parcerias entre agentes. Essas práticas resultaram em redução dos prazos de
obras, introdução de inovações e alta qualidade dos produtos.
Abstract
Changes have been occurring in the Brazilian construction sector with the crescent
competition among companies and the industrialized system needs. The study tried to identify
concurrent engineering practices related to product design and building production where
1
Arquiteta graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,
mestranda no ConstruINOVA – Mestrado Profissional em Inovação na Construção Civil do Departamento
de Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP. Atua profissionalmente em empresa siderúrgica no
desenvolvimento de mercado de aços planos na construção.
2
Arquiteta graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,
mestranda no ConstruINOVA – Mestrado Profissional em Inovação na Construção Civil do Departamento
de Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
composite and steel framed structures was employed. The study analyzed how steel
fabricators have interacted with the other players and how product design processes and
production processes have been modifying constructability . The study made a bibliographical
review and analyzed four case studies, interviews with the players and job site visits. As a
contribution, the study has identified that has occurred integrated development and
concurrent engineering practices as more team integration, new management technologies
and production and importance of partnerships among players. Those practices achieved
reduction in construction delays, innovations and higher product quality.
Keywords: steel structures; composite structures; concurrent engineering; new products and
processes practices.
O crescimento da concorrência entre as empresas faz com que estas se confrontem com as
necessidades de ampliação da produtividade, redução de custos e, sobretudo, melhorias na
qualidade dos produtos, ao mesmo tempo em que devem reduzir os impactos ambientais dos
seus produtos e processos [1].
O mercado imobiliário das empresas de construção civil é um mercado altamente competitivo
fazendo com que as construtoras busquem redução de custos de modo a atender às
necessidades de retorno dos investidores e manter a atratividade do setor. Para se alcançar
menores custos aumentando a eficiência e obtendo eficácia é necessária a utilização de
processos industrializados [2].
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Em resposta aos fatores acima, a busca por processos e sistemas industrializados, foi o que
definiu a se eleger para objeto da pesquisa, a análise de edifícios multiandares estruturados
em pilar e viga em perfil de aço ou em estrutura mista aço-concreto.
A pesquisa consistiu de estudos de casos descritivos. Foram analisados quatro edifícios: três
pertencentes ao setor do mercado imobiliário de edifícios corporativos da categoria “Triple A”
e um pertencente ao setor hospitalar.
A pesquisa busca identificar as práticas de Projeto Simultâneo nos empreendimentos
estudados. No Projeto Simultâneo é dada ênfase às questões de gestão do processo de projeto
e a busca pela colaboração e paralelismo na atuação dos agentes, bem como na concepção
integrada das diferentes dimensões do empreendimento [3].
A pesquisa pretende aprofundar as questões do planejamento do empreendimento, que vão
da concepção do produto à execução.
2
Foi verificado os papéis dos vários agentes do empreendimento e em especial dos agentes da
cadeia produtiva da estrutura metálica. Pelas características de processo altamente
industrializado da estrutura metálica, o fabricante da estrutura vai atuar com maior impacto
no projeto do produto, além evidentemente da atuação no canteiro de obras.
O trabalho incluiu pesquisas de campo, como visitas aos canteiros e entrevistas com
representantes de três empreendimentos estudados. Dos entrevistados, dois tiveram a função
de coordenadores de projeto do escritório de arquitetura, outro tinha a função de gerente da
obra e outro representava o fabricante da estrutura metálica. Foi realizada análise de vários
documentos dos empreendimentos como apresentações de projeto ou documentos de
referência da obra.
As informações de um dos empreendimentos foram obtidas em participação em evento
privado na cidade do Rio de Janeiro que contou com longa apresentação sobre o
empreendimento realizada pelo diretor de obras da empresa incorporadora /construtora do
edifício que foi fonte na obtenção de dados como produtividade da obra, planejamento,
gestão da produção, entre outros.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3
3.2 Sistema Construtivo em Estrutura Mista
O sistema construtivo, utilizado em três dos edifícios estudados, é o sistema misto aço
concreto. Cabe destacar que sistema misto é aquele no qual um perfil de aço (laminado,
soldado ou formado a frio) trabalha em conjunto com o concreto formando um pilar misto,
uma viga mista, uma laje mista ou uma ligação mista. A definição de sistemas mistos ressalta a
diferença entre eles e sistemas de concreto armado que, apesar de essencialmente mistos,
não incluem perfis de aço. Nos sistemas mistos, em geral, a viga trabalha em conjunto com a
laje, chamada de viga mista. Em relação à construção em concreto, a viga metálica é muito
mais leve do que uma viga pré-moldada de concreto e de montagem muito mais simples do
que a execução de uma viga de concreto moldada in loco [4].
A estrutura mista é competitiva para estruturas de vãos médios a elevados, caracterizando-se
pela rapidez de execução e pela significativa redução do peso total da estrutura. A proteção
ao fogo é um fator que influi no custo da obra e afeta a decisão por estruturas de concreto,
mista ou aço. Em relação a proteção ao fogo e a corrosão, o preenchimento ou o
revestimento em concreto do pilar são soluções que reduzem o custo da proteção da
estrutura, tornado ainda mais competitiva a estrutura mista. As estruturas mistas foram
normatizadas em 1986 pela NBR 8.800: “Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios”,
que aborda o dimensionamento e a execução somente dos elementos mistos submetidos à
flexão (vigas mistas). A NBR 14.323 “Dimensionamento de estruturas de aço em situação de
incêndio” trata do dimensionamento dos pilares mistos tanto em temperatura ambiente como
em situação de incêndio [5].
4
Fig. 1 – Estágios da gestão do empreendimento em estrutura metálica. Adaptado de “Stages of steel
project management” [6]
O Fabricante da Estrutura Metálica nos casos estudados foi contratado pelo empreendedor
para executar e fornecer os elementos estruturais em aço. Em alguns dos projetos estudados o
fornecedor de estrutura metálica ficou responsável integralmente pelo desenvolvimento da
estrutura, que incluía aço e concreto. Nos casos de estrutura mista, pode haver um segundo
Engenheiro de Estrutura contratado para dimensionar a estrutura de concreto e deverá
trabalhar em conjunto com as definições do engenheiro de estrutura metálica.
Equipes de montadores e fabricantes de outros itens em aço serão contratados pela empresa
fabricante de estrutura metálica para montar a estrutura e produzir elementos como
conectores, lajes steel deck, entre outros elementos complementares à estrutura principal.
5
Fig. 2 – Linhas de responsabilidade num empreendimento em aço. Adaptado de “Lines of responsability
on a steel project” [6].
Detalhando o papel dos agentes e o encontrado nos estudos de caso, verifica-se em relação ao
empreendimento 1 que a incorporadora/construtora contratou um consultor, profissional do
mercado com grande experiência profissional e notória distinção acadêmica para estudar
alternativas dos sistemas construtivos a serem empregados. O consultor a partir do estudo
preliminar do arquiteto avaliou os processos e sistemas construtivos em concreto e aço até a
definição do sistema em estrutura mista.
Depois da decisão tomada pela incorporadora do edifício para que ele fosse construído em
estrutura metálica é que houve a contratação do fabricante de estrutura e foi dada
continuidade ao projeto de arquitetura a partir do Estudo Preliminar (EP), sendo
contemporaneamente iniciado o projeto estrutural. Ressalta-se que o projeto foi desenvolvido
até a fase de EP com a concepção estrutural em concreto.
Nota-se que nesse empreendimento não houve a contratação de um projetista estrutural por
parte do incorporador e o fabricante ficou responsável integralmente pelo desenvolvimento
do projeto estrutural, uma vez que o desenvolvimento desse projeto seria feito em função do
seu processo de fabricação. O fabricante de estrutura também ficou responsável pelo
desenvolvimento do projeto da parte estrutural em concreto, uma vez que o projeto estrutural
é em estrutura mista. O fabricante subcontratou escritórios de projeto estrutural em concreto
6
para a estrutura mista e houve a contratação de um terceiro escritório de projeto estrutural
para o desenvolvimento da estrutura de concreto dos subsolos. A execução da estrutura em
concreto também ficou no escopo do fabricante de estrutura.
Dada a complexidade do projeto, foi realizado testes do edifício em túnel de vento e houve a
contratação de um escritório de projeto com experiência internacional para colaboração no
projeto de estrutura.
7
No empreendimento 4, a construção do edifício de 19 andares foi realizada sobre edifício de 8
andares existente e em utilização. O prédio existente é usado para laboratórios e
estacionamento de veículos dos usuários do hospital. Já era prevista a expansão do hospital
sobre esse prédio de 8 andares e, foi escolhida a estrutura metálica para que a expansão
pudesse contar com um maior número de andares. Mesmo assim, ocorreram reforços nas
fundações do prédio existente para receber a nova edificação - tubulões e pilares foram
reforçados. A localização do empreendimento era em zona de máxima restrição para a
circulação de caminhões. A situação era agravada pelo fato de estar ao lado de alas do hospital
em uso e as condições para descarga dos materiais era bastante complexa, uma vez que os
caminhões carregados com as estruturas metálicas deveriam ser descarregados em laje do
edifício existente. Foram verificadas as cargas de dimensionamento da laje para analisar se ela
poderia receber essas cargas altas.
8
Essa mudança foi realizada para que o paralelismo da parede do núcleo e da parede do limite
do andar tornassem do mesmo comprimento as vigas que ligariam o núcleo às vigas de borda.
Essa mudança simplificou a fabricação de um grande número de vigas, uma vez que o prédio
se constitui de 2 alas de mais de 30 andares. O novo núcleo proposto funciona para o edifício
como um tubo rígido sendo que suas paredes de concreto têm mais de 30 cm de espessura
para responder as exigências de rigidez da estrutura. A arquitetura havia definido desde o
estudo preliminar que as passarelas seriam em estrutura metálica visando à facilidade de
execução. No entanto era necessário definir com o projetista estrutural qual seria a solução
adotada, vigas contraventadas em cada um dos dois andares da passarela ou um
contraventamento que vencesse a altura dos dois pisos. Por razões arquitetônicas foi decidido
se contraventar os dois pisos. As passarelas são o único ponto que a estrutura metálica do
edifício fica aparente e por isso a razão da escolha de um contraventamento único para os dois
andares.
Outro detalhe que exigiu um detalhamento acurado foi o apoio das passarelas na estrutura do
edifício. As passarelas sofrem muitas vibrações no plano horizontal em função de cargas de
vento. Não há possibilidades de deslocamento das passarelas na vertical, no entanto é
necessário receber os reforços horizontais. Para isso foram previstos aparelhos de apoio
similares aos utilizados em estruturas de pontes. Os aparelhos de apoio não estarão expostos
no interior do prédio, mas foi previsto um sistema de revestimento tanto em fachada como
internamente que torne possível a movimentação no aparelho.
4.4 Construtibilidade de elementos e planos de ataque
Um dos empreendimentos prevê detalhes de fachada bastante complexos, mas que geram
apelo estético de resultado positivo e impactante no edifício. Há vários terraços que avançam
em relação à prumada do edifício. Para a execução das lajes desses terraços foi previsto uma
bandeja que se apoia na viga de borda do edifício e a borda em balanço da laje é suportada
por tirantes que serão utilizados até que a bandeja seja concretada e o concreto apresente
rigidez estrutural para então ser possível retirar a bandeja e o tirante que será deslocado para
o pavimento superior. Essa solução é bastante simples do ponto de vista da construtibilidade e
evitou maiores impactos econômicos.
Outro aspecto ressaltado em relação à construtibilidade é o projeto de produção da alvenaria
e sua interface com a estrutura metálica, bastante detalhado no empreendimento 2. Foram
desenvolvidos detalhes de encontro da parede de alvenaria faceando os pilares, bem como a
interface da alvenaria com a viga superior. Foram também desenvolvidos detalhes da alvenaria
quando executada sobre viga metálica e o tratamento a essa interface.
Ainda no mesmo empreendimento é interessante notar o projeto do revestimento de fachada
em pré-moldados de concreto e o plano de ataque para a execução das fachadas, que
9
pretendia realizar a fachada por andar, exigindo do fornecedor a entrega dos pré-moldados
também por fechamento do andar e não por prumada da fachada.
4.5 Ciclo de montagem e construção da estrutura
No empreendimento 3, a cada 4 dias foi montada a estrutura de um andar, cuja área era de
aproximadamente 1.500 m². O núcleo de concreto estava a frente da estrutura, mas em
algumas situações e semanas, a estrutura metálica ficou parada para esperar o núcleo de
concreto avançar.
4.6 Gestão da informação
10
objeto de forte controle como ficou demonstrada na documentação encontrada tanto em
visita a obra como em relação aos relatos dos agentes. Em um dos empreendimentos havia
planilha com controle de parafusos.
4.8 Retroalimentação
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
11
REFERÊNCIAS
[4] QUEIROZ, G e PIMENTA, R. J. - Estruturas Mistas ABECE Informa Julho / Agosto 2009.
[5] ALVA, G.M.S. Sobre o projeto de edifícios em estrutura mista aço-concreto. Dissertação de
Mestrado. Escola Engenharia de São Carlos. São Carlos, 2000.
12
ANEXO A
Empreendimento 1
Características do Empreendimento
Edifício corporativo - categoria Triple A - classificação LEED
2 alas de 33 andares + heliporto
área construída: 173 mil m²
Características da Estrutura Metálica
Estrutura mista
volume de aço utilizado: 6.000t
previsão para montagem da estrutura: 9 meses
100% ligações aparafusadas
proteção passiva de incêndio: argamassa projetada
escadas em estrutura metálica
lajes em steel deck
core em concreto
Empreendimento 2
Características do Empreendimento
Edifício corporativo - categoria Triple A - classificação LEED Silver
15 andares (5 pavimentos de garagem em sobressolo + 10 pavimentos de escritórios)
área construída: 23 mil m²
Características da Estrutura Metálica
Estrutura mista
volume de aço utilizado: sem informação
previsão para montagem da estrutura: 21 meses
100% ligações aparafusadas
proteção passiva de incêndio: argamassa projetada
escadas em estrutura metálica
lajes em steel deck
core em concreto
13
Empreendimento 3
Características do Empreendimento
Edificio Corporativo – Classificação Triple A Certificação LEED Silver
Duas alas com 20 e 17 pavimentos (4 subsolos)
área construída: 61.790 m²
Área de laje tipo: 1.500 m2 – área de laje Sub-solo : 6.000 m2
Características da Estrutura Metálica
Estrutura pilar misto
volume de aço utilizado: 2.000 t
100% ligações aparafusadas
proteção passiva de incêndio: argamassa projetada
escadas em estrutura metálica
lajes em steel deck
core em concreto (escadas não estão embutidas no core)
Empreendimento 4
Características do Empreendimento
Uso hospitalar – Certificação LEED Gold
19 andares (construído sobre edifício de 8 andares em utilização) + heliponto
área construída: 75 mil m² (um dos edifícios)
Características da Estrutura Metálica
Estrutura pilar e viga em aço
(único dos empreendimentos estudados que não é estrutura mista)
volume de aço utilizado: 3.600 t
previsão para realização da obra: 40 meses
100% ligações aparafusadas
proteção passiva de incêndio: argamassa projetada
escadas em estrutura metálica
lajes em steel deck – 47 mil m²
core em concreto
14
Tema: Estruturas de Aço e Mistas de Aço e Concreto
Resumo
Este trabalho teve como objetivo detectar visualmente as manifestações patológicas presentes
e as mais frequentes em duas edificações com as estruturas de aço, situadas no município de
Presidente Prudente. Os objetos do estudo se referem a uma edificação comercial de múltiplos
pavimentos, e uma edificação para fins religiosos de pavimento único. Como parte desta
proposta incluiu-se o levantamento de campo com registro fotográfico das manifestações
patológicas e apresentação dos aspectos gerais e as causas prováveis das anomalias
detectadas nas estruturas de aço. Em seguida, uma análise sobre os resultados obtidos. Nesta
análise observou-se a predominância da corrosão, apresentando-se em diferentes níveis de
gravidade. Logo, os problemas como um todo se incorporaram ao cenário patológico das
corrosões, ligações soldadas, ligações parafusadas, erro de projeto, assim como erro no
sistema de montagem. Além disso, são apresentadas ações para o aumento da qualidade nas
edificações com estruturas de aço. Desta forma, buscou-se contribuir para a melhoria da
qualidade das construções metálicas, através da exposição de anomalias encontradas no
ambiente construtivo, procurando respostas a partir dos aspectos gerais e causas dos
problemas identificados.
Abstract
This study aimed to visually detect the pathological manifestations and frequently present in
two buildings with steel structures, located in the municipality of Presidente Prudente. The
objects of the study refer to a commercial building with multiple floors, and a building for
religious purposes only pavement. As part of this proposal was included in the field survey
photographic record of the pathological manifestations and presentation of general aspects
and likely causes of the deficiencies in structural steel. Then an analysis of the results obtained.
In this analysis we observed the predominance of corrosion, performing at different levels of
severity. Therefore, the problems as a whole is incorporated with pathologic stage of
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
corrosion, welded connections, bolted connections, design error, and error in the mounting
system. Moreover, actions to increase the quality in buildings with steel structures are
presented. Thus, we sought to contribute to improving the quality of metal constructions, by
exposing the anomalies found in the constructive environment, seeking answers from the
general aspects and causes of the problems identified.
2
1 INTRODUÇÃO
Pode-se dizer que se torna interessante notar a reação das pessoas ao se depararem com uma
edificação estruturada em aço. As pessoas estão tão acostumadas a ver estruturas de concreto
que, quando se deparam com um edifício de aço, ou mesmo de qualquer outro sistema
estrutural, desviam sua atenção, muitas vezes, para observar a edificação. É da natureza do
homem observar fatos estranhos ao seu cotidiano e o contraste que um sistema construtivo
diferente, particularmente a estrutura metálica, causa em um ambiente urbano.
Deixando de lado questões estéticas e psicológicas, a causa das manifestações patológicas, de
acordo com Helene [1], está relacionada aos vários fenômenos que influenciam no surgimento
das anomalias nas estruturas, como agentes atmosféricos, variações térmicas, agentes
biológicos, incompatibilidade de materiais, variação de umidade, cargas excessivas, etc.
Segundo Souza e Ripper [2], a patologia pode ser vista como a deterioração dos materiais que
compõe o sistema estrutural e cada material reage, de forma particular, aos agentes externos
e internos, sendo a velocidade de deterioração diferente um do outro.
Cada edificação, em virtude de suas características, possui uma resistência “própria” frente aos
mais variados agentes agressivos. A predisposição da estrutura, ou de uma de suas partes,
para apresentar problemas patológicos pode ser originada durante a fase de projeto, de
construção ou ser adquirida na fase de uso. Em razão destas incertezas, não é possível prever
qual será a reação da edificação quando submetida ao agente agressivo, muito menos
estabelecer um controle sobre este (SALMON e JOHNSON [3]; SILVA [4]).
Por outro lado, ao determinar os diversos tipos de origens, pode-se realizar um trabalho de
prevenção através de um bom planejamento e manutenção da estrutura, salvaguardando sua
integridade e, concomitantemente, proporcionando seu uso (THOMAZ [5]; HELENE [1]).
Conforme Castro [6] e Panossian [7], no geral, as manifestações patológicas nas estruturas de
aço são resultantes da má concepção de projeto, erros de cálculo, escolha inadequada dos
perfilados ou definição equivocada das espessuras das chapas, ou ainda, do uso de tipos de
aço com resistências diferentes das consideradas no projeto. Muitas vezes, esses fatores
comprometem a segurança e funcionalidade da estrutura e estão relacionados com o
descuido, cobiça ou economia.
Diante disto, este trabalho teve como objetivo detectar, visualmente, as principais
manifestações patológicas presentes e as mais frequentes em duas edificações com as
estruturas de aço, situadas no município de Presidente Prudente, onde, através da inspeção
visual são apresentados os aspectos gerais e as causas prováveis das anomalias identificadas
nos sistemas estruturais dos edifícios objetos de estudo de caso. Tais objetos de estudo de
caso se referem a uma edificação comercial de múltiplos pavimentos, e uma edificação para
fins religiosos de pavimento único, ambas em fase de construção. Salienta-se, contudo, que
não fez parte do objetivo, entrar no mérito da qualificação e da atuação dos profissionais,
assim como das empresas que participaram dos projetos e execução destas obras, sendo o
único foco a identificação das manifestações patológicas vistas sob a ótica da sintomatologia.
2 METODOLOGIA
3
expositiva escolhida neste trabalho para apresentar o equacionamento das soluções dos
conflitos que o envolvem.
Serão relatados os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento do
trabalho de campo e seus desdobramentos. A metodologia foi constituída basicamente de 4
etapas, onde são apresentadas, esquematicamente, na Figura 1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O critério de escolha dos edifícios objetos de estudo partiu do quesito estrutural, ou seja, a
definição do aço como material constituinte do sistema estrutural e estar em fase de
construção. Pois nestas condições seria possível identificar e analisar, a partir das visitas a
4
campo e fotografias digitais, as eventuais manifestações patológicas, bem como evidenciar as
mais frequentes.
A primeira estrutura analisada, que doravante será denominada de Edificação A, trata-se da
ampliação de uma edificação já consolidada, de caráter religioso, cujo entorno há o
predomínio de construções residenciais unifamiliares.
A segunda edificação, denominada de Edificação B, esta inserida em uma área de intenso fluxo
de pedestres e automóveis em função de se consolidar em uma das principais vias do
município, predominando o caráter comercial e de serviço. Segundo informações obtidas in
loco, a mesma abrigará atividade comercial.
Conforme esperado, os dois edifícios objetos de estudo se encontram em fase de construção,
em um bairro cujo zoneamento da área, segundo a Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do
Solo de Presidente Prudente (PMPP, [8]), é o ZR2, ou seja, zona residencial de média
densidade populacional e ocupação horizontal e vertical de até dois pavimentos.
Apesar das edificações estudadas estarem na ZR2, a Edificação B se apresenta com quatro
pavimentos, não estando de acordo com a lei de zoneamento regida pelo município.
Possivelmente ao ser implantada a lei em 2008, os edifícios estudados, assim como tantos
outros adjacentes, já se consolidavam no cenário urbano antes mesmo desta classificação das
áreas em zonas, ou seja, aprovação anterior a lei. Outra hipótese seria a ilegalidade que se
encontra largamente pela cidade, isso, porém, demandaria análise dos processos.
Contudo, a predisposição da estrutura, ou de uma de suas partes, para apresentar problemas
patológicos pode ser originada durante a fase de projeto, de construção ou ser adquirida na
fase de uso.
3.2 Edificação A
Nesta edificação, segundo informações obtidas in loco, foi utilizado o aço ASTM A-36, onde as
peças estruturais mais deterioradas são as de perfis de seções “I”, “U”e cantoneiras. Mesmo
sendo uma edificação em fase de construção, toda a estrutura (composta por pilares e treliças)
se encontra exposta as intempéries.
A seguir, é apresentado o estudo de caso, elencando-se o registro das anomalias encontradas
– ver Tabela 1 que segue. Com base nos dados de campo, são identificadas as manifestações
patológicas mais evidentes, provenientes ora de corrosão, ora de falha de projeto, do processo
de execução e, até mesmo, da manutenção adotada.
5
Tabela 1: Manifestações patológicas identificadas na Edificação A.
Manifestações
Imagens obtidas in loco
patológicas
Corrosão
uniforme
Falha de
concordância em
emendas
Falha no
gabarito de
furação
Parafuso com
erro de
posicionamento
correto
Falha na
geometria dos
perfis
6
3.3 Edificação B
Segundo informações obtidas in loco, também esta sendo utilizado nessa edificação o aço
ASTM A-36, onde as peças estruturais mais deterioradas são as de perfis de seções “I” e
circulares. Trata-se de uma edificação dotada de pilares e vigas de aço, com lajes maciças de
concreto armado, e fechamento de alvenaria de blocos cerâmicos.
Tudo leva a crer que boa parte das anomalias, conforme se apurou in loco, foi proveniente do
reaproveitamento do material estrutural de outras edificações estruturadas em aço. Porém,
isto não significa que a reutilização do material não possa acontecer, mas cuidados com a
retirada, transporte e manutenção das estruturas de uma edificação para posterior aplicação
em outra devem ser feitos para que problemas futuros sejam evitados.
Assim, o registro das manifestações patológicas encontradas é apresentado na Tabela 2. Com
base nos dados de campo, assim como na Edificação A, as anomalias mais evidentes foram
provenientes de corrosão, falha de projeto, do processo de execução e da manutenção
adotada.
7
Tabela 2: Manifestações patológicas identificadas na Edificação B.
Manifestações
Imagens obtidas in loco
patológicas
Corrosão
uniforme
Corrosão por
pontos
Falha de
concordância em
emendas
Falha na
geometria dos
perfis
8
3.4 Aspectos gerais e causas prováveis das manifestações patológicas identificadas
9
3.5 Análise
10
longo do seu eixo longitudinal em razão do seu mau dimensionamento, ou ainda devido à
utilização incorreta de peças oriundas de reaproveitamento de outras obras.
A partir do levantamento de campo foi possível observar que os problemas patológicos se
manifestaram em menor quantidade na Edificação A, não prejudicando seu desempenho até o
momento. Porém, ao que tudo indica, caso não haja medida de prevenção aos problemas já
detectados, os mesmos irão se agravar com o passar do tempo. Além da possibilidade de
surgir novas manifestações, prejudicando o funcionamento estrutural e acarretando um custo
maior de manutenção posterior.
Entretanto, a Edificação B apresenta pontos críticos de ações patológicas por toda a estrutura,
comprometendo seu desempenho estrutural e funcional como um todo. Boa parte das
anomalias pode ter sido proveniente do reaproveitamento de material estrutural em aço de
outras edificações, o qual, provavelmente, já se encontrava em fase de degradação. Além
disso, a Edificação B não possui projeto estrutural (somente arquitetônico), ficando a critério
de o construtor posicionar e definir quais peças são necessárias na execução da estrutura da
obra. Tais considerações podem justificar o acúmulo de problemas patológicos em uma
mesma edificação, pois as peças que constituem uma obra são projetadas, dimensionadas e
detalhadas para um único fim (a utilização final da edificação), e não foi possível saber se a
hipotética obra que serviu de fornecimento para essa construção teria a mesma finalidade,
mesmas ações de utilização, e se a mesma foi totalmente construída.
3.6 Ações para o aumento de qualidade nas edificações com estruturas de aço
São apresentados alguns cuidados que visam evitar ou minimizar a ocorrência das anomalias
constatadas:
a).avaliar se a proposta do projeto contempla as normas vigentes, se o escritório tem
conhecimento técnico no porte da obra e se já executou projetos anteriores, se cumpre prazos
e se pode arcar com falhas e atrasos possíveis na entrega do projeto, e não se fixar somente no
preço;
b).analisar previamente a habilidade tecnológica do fornecedor, capacidade de equipamentos,
organização e adequação pessoal;
c).para escolha do fornecedor, não se fixar apenas no preço e sim na qualidade e importância
das obras anteriores realizadas (também é prudente inspecionar suas instalações industriais);
d).cuidar da orientação e eficiência da manutenção, verificando se contemplam garantias pós-
entrega dos serviços;
e).observar os testes de proteção superficial e das soldas;
f).certificar-se da existência e presença do engenheiro e acompanhamento da produção e
montagem.
Além das ações apresentadas, temos outros tipos de verificações de caráter geral. Aqui entra a
necessidade de se conhecer também as restrições impostas pela NBR 8800 [10], que
estabelece no anexo C valores máximos recomendados para deformações horizontais e
verticais das edificações. A necessidade de se fazer esta verificação se deve ao fato de evitar a
transmissão de esforços oriundos da estrutura para os demais componentes construtivos.
Esforços estes que quando absorvidos por tais elementos provocam a sua degradação por não
estarem preparados para tal condição de trabalho.
Também a NBR 6118 [11] estabelece limites para deformações de elementos submetidos à
flexão em edifícios. Este estudo é importante porque lajes, escadas e reservatórios são muitas
11
vezes executados em concreto armado, e assim como nos edifícios de aço, a ocorrência destas
deformações podem causar trincas prejudiciais ao desempenho do edifício.
Não há regras nem métodos sistemáticos que permitam determinar as causas das
manifestações patológicas. Cada caso é um problema particular e deve ser objeto de um
diagnóstico particular. A própria experiência e intuição do projetista servem como referência.
Problemas patológicos ocorridos em outras edificações podem ser facilmente evitados, mesmo
que não exista nenhuma referência sobre determinado assunto.
O sucesso de uma obra em estrutura de aço inicia-se na sua concepção e no desenvolver de
seu projeto. Em cada etapa de uma obra, pode-se verificar a existência de ocorrências de
falhas, porém a etapa de projeto ainda é a maior fonte delas. Em geral, as falhas no projeto
(cálculo, detalhamento, plantas executivas e construtivas, e as plantas de montagem) são as
principais responsáveis pelos danos localizados e pela degradação precoce de uma estrutura.
Assim, ações de gerenciamento das etapas de projeto são fundamentais para o aumento de
qualidade nas edificações com estruturas de aço.
4 CONCLUSÃO
A partir da análise de campo e das fotografias digitais, observa-se que as estruturas das
edificações objetos de estudo de caso se encontram bastante prejudicadas, apresentando
pontos críticos ao longo das mesmas que podem vir, com o passar dos anos, a comprometer
seu bom desempenho estrutural.
Nas análises dos casos, observou-se a predominância da corrosão, podendo vir a motivar os
mesmos problemas funcionais. Tal anomalia esta associada a causas, como o não cuidado das
peças diante das intempéries e concomitantemente, a ausência de manutenção e prevenção
das peças já em fase de corrosão.
Dos grupos patológicos identificados nas análises, quase todos estão presente nas edificações
estudadas, porém, cada um se manifesta de maneira diferente, atingindo diferentes peças,
consequentemente ocasionando problemas variáveis. Logo, os problemas como um todo se
incorporam ao cenário patológico das corrosões, ligações soldadas, ligações parafusadas, erro
de projeto, assim como erro no sistema de montagem.
Dessa forma, constatou-se que nem todas as anomalias se manifestam igualmente nas
edificações, por mais que elas sejam compostas pelo mesmo material estrutural, no caso o
aço. Sua ocorrência depende de fatores internos, como o de produção, fabricação e
montagem, aliados a fatores externos, chuva, sol e poeira. Consequentemente, as condições
em que a obra esta sendo executada e o tipo de material metálico que esta sendo utilizado,
contribui para a manifestação desses problemas patológicos.
O fator que mais contribuiu com os problemas na Edificação A foi a falta de prevenção,
manutenção e reparo das anomalias detectadas. A falta de cuidado com a estrutura de aço
pode vir a provocar outras tantas manifestações que associadas, causaram com o tempo
graves problemas. O mesmo ocorre na Edificação B, em função das várias manifestações
patológicas, associadas ao reaproveitamento de maneira inadequada de peças metálicas de
outras construções, que possivelmente já estavam em fase de degradação, levam ao
comprometimento das estruturas.
Também são apresentados alguns cuidados que visam evitar ou mesmo minimizar a ocorrência
das manifestações patológicas constatadas no trabalho. E diante disso, o estudo sobre as
edificações com estruturas de aço buscou contribuir para a melhoria da qualidade das
12
construções metálicas, através da exposição de anomalias encontradas no ambiente
construtivo, procurando respostas a partir da identificação dos aspectos gerais e das causas
dos problemas patológicos.
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
3…Salmon, C. G.; Johnson, J. E. Steel structures – design ande behaviour – enphasing load and
resistence factor design. 3. ed. Madison: Harpercollinspublisher inc, 1990.
4…Silva, P. F. da. Introdução à corrosão e proteção das superfícies metálicas. Belo Horizonte:
[s.n.], p. 293-326, 1981.
5...Thomaz, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Ed. Pini, 1992.
10..Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 8800: Projeto de estruturas de aço
e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
13
Tema: Projeto – Arquitetura e Engenharia
¹.Arquiteta, Universidade Estadual Paulista – FCT/UNESP, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil.
².Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Bolsista FAPESP de Iniciação Científica, Universidade Estadual
Paulista – FCT/UNESP, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil.
³.Engenheiro Civil, Professor Assistente Doutor, Departamento de Planejamento, Urbanismo e
Ambiente, Universidade Estadual Paulista – FCT/UNESP, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
2
De acordo com Bandeira [2], a estrutura de aço possui algumas características e
especificidades que devem ser conhecidas desde o início do processo de criação do arquiteto,
para que este tome decisões corretas e saiba explorar melhor o material. A alta resistência à
compressão e à tração do aço proporciona a utilização de peças estruturais esbeltas para a
absorção das cargas. Sendo assim, toda a estrutura é consideravelmente leve e deformável, se
comparada a uma estrutura convencional em concreto armado. Dessa maneira, a estabilização
do sistema estrutural que utiliza o aço deve prever algumas peças estruturais especiais.
Ao se ter conhecimento de um sistema construtivo com estruturas de aço que, quando
utilizado de maneira correta, oferece vantagens em relação ao sistema construtivo tradicional
com estruturas em concreto armado, tais como, rapidez e obras limpas, observa-se que os
projetos realizados com as estruturas em concreto armado são quase sempre simples, com as
fachadas sem rebuscamentos e plantas rígidas e simétricas.
No município de Presidente Prudente, onde os projetos possuem variedade formal, de cores e
elementos compositivos, é essencial que a concepção com as estruturas em aço consiga,
também, abranger essas características. Só assim ela conseguirá ganhar maior espaço no
mercado imobiliário, outro motivo considerado importante é o fato de que a utilização de
estruturas metálicas vem crescendo no Brasil, e conhecer a sua utilização adequada será de
grande utilidade profissional. Assim, neste trabalho serão apresentadas novas possibilidades
de layout com estruturas de aço em dois edifícios residenciais verticais de médio padrão de
Presidente Prudente (estudo de caso).
2 METODOLOGIA
O objetivo deste trabalho foi atingido por intermédio de uma abordagem qualitativa dos
edifícios residenciais estudados. Pode-se entender pesquisa qualitativa como aquela em que o
objeto de estudo é analisado observando suas características e relações com o entorno. Essa
abordagem foi realizada através de estudos de casos, observando o meio em que o objeto
estudado está inserido, suas particularidades de projetos e sua viabilidade construtiva com as
estruturas de aço.
Diante disso, a metodologia foi constituída basicamente de quatro etapas, apresentadas a
seguir:
1ª Etapa: Seleção de dois edifícios residenciais de médio padrão executados com as estruturas
em concreto armado. O requisito para a escolha dos edifícios, além de serem enquadrados
como de médio padrão, é que os mesmos estejam localizados no perímetro urbano do
município de Presidente Prudente.
2ª Etapa: Realização de visitas in loco para registrar, através de fotos, suas principais
características. Nesta etapa também foi observado o entorno em que esses edifícios
residenciais estão inseridos, além de suas edificações adjacentes.
3ª Etapa: Análise das plantas dos edifícios escolhidos, que foram reproduzidas ou obtidas por
meio digital. Nesta etapa foram verificadas as estruturas em concreto armado dos edifícios
residenciais selecionados, para que a partir daí, pudessem ser propostas as estruturas de aço.
4ª Etapa: Apresentação de novas possibilidades de layout com as estruturas de aço para os
dois edifícios selecionados em Presidente Prudente. Pois na sua concepção, o projeto deve
possuir algumas particularidades importantes para melhor aproveitamento estrutural e
comercial como, por exemplo, varandas, volumetria e estrutura de transição nos andares
inferiores.
3
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Residencial Navarro, localizado na Rua Siqueira Campos, nº 690, está inserido em uma área de
ZCS1 – Zona de Comércio e Serviço Central, de ocupação vertical segundo o Plano Diretor de
Presidente Prudente (PMPP [5]). Na ZCS1 a área mínima do lote deve ser de 500m², deve apresentar
uma frente mínima de 19m, onde o coeficiente de aproveitamento é 4, numa escala de 0 a 6, com
taxa de ocupação de 80%, e gabarito de altura máxima livre. O edifício objeto de estudo está em um
lote com aproximadamente 30m de fachada e 1500m² de área. Na ZCS1 são permitidos vários tipos
de uso, desde o uso residencial unifamiliar, multifamiliar, horizontal e vertical, além do uso
comercial.
O edifício em questão está localizado na área central de Presidente Prudente, região conhecida como
quadrilátero central, formado pelas quatro principais avenidas, Washington Luís, Manoel Goulart,
Avenida Brasil e Coronel Marcondes. Esse quadrilátero é uma das principais áreas do município, de
importância regional. Encontra-se próximo a Praça Nove de Julho e a Praça Monsenhor Sarrion, onde
se localiza a Catedral São Sebastião, ponto histórico da cidade. A principal característica é a presença
significativa de diversos comércios e serviços, como lojas, supermercados, bancos entre outros
serviços. Encontram-se nessa área condomínios residenciais verticais, com média de 15 a 20 andares,
4
de médio e alto padrão. O Residencial Navarro (Figura 2), com 20 andares e pavimentos-tipo com 4
apartamentos por andar, integra-se entre muitos outros prédios com gabaritos semelhantes (Figura
3).
5
0.53 3.00
N
SACADA SACADA
1.05
3.00
3.45
DORM. DORM. DORM.
2.35
DORM.
ESTAR ESTAR
6.13
0.80 0.80
1.80 1.00
1.00
1.15
0.80
1.25
JANTAR JANTAR
1.60
W.C.
1.45
1.45
DESP.
W.C.
DESP. 2.15
0.80 0.80
3.40
1.18
A.S. COZINHA COZINHA A.S.
2.05
0.80 0.80
0.53 3.00
0.80
N
0.80
0.80
SACADA SACADA
1.05
3.55
3.00
2.20
3.45
2.90 2.90
1.90
DORM. DORM. A.S. DORM.
2.35
DORM.
A.S. HALL SOCIAL ESTAR ESTAR
0.15
1.70
0.80
6.13
0.80 0.80
1.80 1.00
1.00
1.15
1.15 0.80
0.80 0.80 1.25
JANTAR JANTAR
1.00 1.00
1.60
DESP. W.C.
1.45
1.45
W.C.
2.80
DESP. 2.15
COZINHA COZINHA
2.00
1.18
2.15
1.70
0.80
0.80
0.80
1.33
2.45
3.55
1.90 2.20
0.70 1.90 2.90 0.80 2.90
A.S.
2.30 A.S. HALL SOCIAL
0.15
1.70
1.15
0.80
1.15
0.80 0.80
1.00 1.00
0.80 ESCADARIA
2.40
2.80
JANTAR 2.15
COZINHA
ELEV. ELEV.
JANTAR COZINHA
2.00
2.15
1.70
W.C. W.C.
0.80
1.33
2.45
1.90
0.70 0.80
2.30
4.76
1.15
4.65
0.80 ESCADARIA
2.40
JANTAR JANTAR
DORM.
3.50
DORM.
3.50
3.50 2.77
3.50 2.77
Foram apresentadas novas possibilidades de layout com a estrutura de aço para o edifício
Residencial Navarro, visando-se a variedade formal de cores e elementos compositivos (Figura 4).
6
2.55 2.55 3.00
SACADA SACADA
1.05
1.05
3.00 3.00
3.45
3.45
DORM.
2.35
2.35
DORM. DORM. DORM.
ESTAR ESTAR
0.70 1.65 1.65 2.10
0.80 0.80
6.13
0.80 0.80 0.80
1.00
1.00
1.00
1.15
W.C.
0.80 0.80
2.60
2.60
1.50 1.25
JANTAR JANTAR
1.60
1.60
W.C. W.C.
1.45
1.45
1.45
1.00 2.40 DESP. 2.15
0.80 0.80 0.80
1.25 1.45 3.40
1.18
1.18
1.20
1.30
A.S. COZINHA COZINHA A.S.
2.10
2.10
0.80 0.80
0.80
0.80
0.80
3.40 3.55
2.20
1.90 2.90 2.90 1.90
0.90
0.90
A.S. A.S.
HALL SOCIAL
1.70
0.80 0.80
1.00 1.00
1.15
0.80 0.80 0.80
1.90
1.90
1.00 1.00 1.08
2.80
2.80
2.15 ELEV. ELEV. 2.15
COZINHA COZINHA
2.00
2.15
2.15
1.70
1.30
1.30
W.C. W.C.
0.80
0.80
1.33 1.90
2.45
2.45
1.90
0.70 0.80 0.70
2.30 0.47 0.47
1.15
1.15
1.30
1.00
1.20 1.20
ESCADARIA JANTAR 0.80
2.40
1.95 2.10
4.76
4.65
4.65
MULTI-USO
3.65
3.50
OPÇÃO DE LAYOUT 1
LAYOUT ORIGINAL 1
OPÇÃO DE LAYOUT 2
LAYOUT ORIGINAL 2
7
janelas dos antigos cômodos deram lugar a uma grande janela panorâmica, de modo tal que a vista
foi valorizada e o conforto dos usuários não foi prejudicado; a nova janela está disposta de maneira
que quando o morador estiver pernoitando, o mesmo não sofrerá com o excesso de insolação e de
iluminação. O espaço multiuso é um espaço versátil com múltiplas funcionalidades, podendo ser
utilizado como sala íntima, de descanso, home theater, copa, escritório ou um ambiente agradável
para sentar e conversar, por exemplo. Sendo assim, cada morador pode adequar o espaço multiuso
conforme suas próprias necessidades. O novo layout apresentado conta, portanto, com um banheiro,
uma área de serviço, cozinha, e um espaço multiuso.
A planta de localização dos pilares e das vigas do edifício Residencial Navarro, em concreto armado,
foi elaborada mediante os dados obtidos por meio de visitas in loco (Figura 5).
O lançamento da estrutura de aço foi desenvolvido levando-se em consideração a nova disposição
dos cômodos dos apartamentos e visando a redução no número de pilares e de vigas, se comparados
com a estrutura original em concreto armado, e ainda, um melhor aproveitamento estrutural e
comercial dos apartamentos do edifício (Figura 6). Para a estrutura de aço, pilares e vigas, foi
proposta a utilização do perfil “I” soldado, facilitando as ligações entre os elementos bem como sua
manutenção, e a utilização de lajes alveolares pré-moldadas de concreto.
V1 V2
V3
V4 V35 V5
V6 V7
V33 V36
V8
V25 V45
V9 V10
V11
V12 V29 V41 V13
V31 V34 V37 V39
V47
V22 V14
V24 V46
V15 V16
V32 V38
V27 V17 V43 V49
V20
V18 V19
Figura 5: Localização dos pilares e das vigas em concreto armado – Residencial Navarro.
8
V1 V2
V3
V33
V4 V5
V6 V7
V8
V31 V34
V9 V10
V24 V42
V11
V27 V38
V12 V13
V15 V16
V30 V35
V18 V19
Figura 6: Localização dos pilares e das vigas em aço – Residencial Navarro.
Com o lançamento da estrutura de aço a partir das novas possibilidades de layouts 1 e 2, verificou-se
que no caso do layout 1 (hachura de cor verde) o número de pilares e de vigas foi mantido. Em se
tratando do layout 2 (hachura de cor rosa), o número de pilares foi mantido, mas foi reduzida uma
viga. Desse modo, a estrutura de aço apresenta no total 33 pilares e 46 vigas, ao passo que a
estrutura em concreto armado do edifício Navarro conta com 39 pilares e 50 vigas.
O edifício Residencial Bôscoli está localizado na Avenida Washington Luís, nº 2491, via arterial de
Presidente Prudente, conhecida por apresentar vários consultórios médicos e edificações de
arquitetura modernista. Inserido também em uma ZCS1 – Zona de Comércio e Serviço Central, de
acordo com o Plano Diretor de Presidente Prudente (PMPP [5]). O edifício em estudo está situado em
um lote com fachada de 40m, em uma área de aproximadamente 1600m². Possui 17 andares, com
pavimentos tipo dotados de 4 apartamentos por andar, cada um com uma área de 75m².
9
O Residencial Bôscoli (Figuras 7 e 8) está localizado próximo a pontos referenciais importantes do
município, como o Prudenshopping, um dos principais pontos de compra do oeste paulista, e da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, que conta com aproximadamente 3000 estudantes.
Diferentemente do Residencial Navarro, que se integra com os demais prédios de sua vizinhança, o
Residencial Bôscoli, se destaca na paisagem da cidade, já que é o único prédio de alto gabarito na
área. Há somente outro prédio nos arredores, o Centro Médico, porém com gabarito inferior. Há
algumas quadras de distância do edifício objeto de estudo localizam-se o Parque do Povo (parque de
importância regional) e o Tênis Clube (um dos clubes mais tradicionais do município).
10
2.60 2.60 2.60
0.75
SACADA SACADA
3.20
3.20
SALA SALA
1.75 1.75
0.77 0.80
0.95
0.70 0.80
1.00 3.20
COPA COPA
1.80
W.C. W.C. W.C. W.C.
DORM. 2.85
DORM.
0.70
2.70
0.85
1.10
1.10 0.65
1.60
COZINHA COZINHA
0.55
2.55
A.S.
1.40
A.S. 0.80
0.85
3.05 2.55
1.50 0.42
0.88
1.18
37
1.43
1.
ELEV.
1.10
3.45
0.53 3.00
N
SACADA SACADA
1.05
3.00
3.45
ELEV.
1.10
DORM.
ESTAR ESTAR
0.46
0.55
ESCADARIA
6.13
0.80 0.80
1.80 1.00
1.00
1.15
0.90
1.18
1.
0.80
30
1.25
JANTAR JANTAR
2.00 0.42
1.60
DESP. W.C.
1.45
1.45
W.C.
DESP. 2.15
2.55 3.05 0.80 0.80
0.85
3.40
0.80
1.18
1.40
0.80 0.80
0.55
0.80
2.55
0.80
0.80
3.55
1.60
2.20
2.90 2.90
1.90
0.65 A.S.
1.10
1.10
0.85
1.70
0.80
0.80
0.70
1.00 1.00
DORM.
2.75
2.85
2.80
W.C. W.C.
0.80
1.80
1.33
2.45
1.90
0.80
COPA
0.70
COPA
2.30
1.15
3.20 1.00
0.80 0.70 0.80 ESCADARIA
2.40
JANTAR JANTAR
0.95
4.76
4.65
0.80 DORM.
0.80
3.50
SALA
3.50 2.77 SALA
DORM. DORM. DORM. DORM.
3.20
3.20
2.50
SACADA SACADA
0.75
11
Foram apresentadas novas possibilidades de layout com a estrutura em aço para o edifício
Residencial Bôscoli visando-se a variedade formal, de cores e elementos compositivos (Figura 9).
2.95 1.10 3.75 2.60 2.60 2.60
0.75
1.25 SACADA
W.C.
2.25
GOURMET/HOME
DORM. DORM. DORM.
3.20
0.70
3.20
3.20
3.20
2.55
SALA
1.25
1.05
0.95
0.80 0.70
SALA 0.70 0.80
3.20 1.00 1.00 3.20
COPA
1.80
W.C. W.C. W.C. W.C.
2.75
2.85
DORM.
0.70
0.70
DORM.
3.30
3.30
2.70 2.70
0.85
1.10
1.10
0.85
0.65 1.10 1.10 0.65
1.60
1.60
COZINHA COZINHA
0.55
0.55
2.55 2.55
0.80
0.80
A.S. A.S.
1.40
1.40
0.80 0.80
0.85
0.85
1.50 0.42
0.88
1.18
37
1.43
1.
ELEV.
1.10
3.45
ELEV.
1.10
0.46
0.55
ESCADARIA
0.90
1.18
1.
0.88
30
2.00 0.42
0.80 0.80
A.S. A.S.
1.40
1.40
COZINHA COZINHA
0.80
0.80
2.55
0.55
2.50
2.55
0.55
1.60
1.10
0.85
2.70
W.C. W.C. W.C.
3.30
3.30
DORM. DORM.
0.70
2.75
2.75
2.75
2.85
COPA
1.80
1.80
0.95
W.C. SALA
2.55
2.55
DORM. DORM.
3.20
3.20
3.20
0.70
3.20
DORM.
1.25
SACADA SACADA
0.75
0.75
OPÇÃO DE LAYOUT 1
LAYOUT ORIGINAL OPÇÃO DE LAYOUT 1
OPÇÃO DE LAYOUT 2
OPÇÃO DE LAYOUT 3 LAYOUT ORIGINAL
Figura 9: Novas possibilidades de layout com a estrutura em aço – Residencial Bôscoli.
OPÇÃO DE LAYOUT 2
12
Com a opção de layout 1 (hachura de cor verde) os dois dormitórios do apartamento deram lugar a
uma suíte e a um espaço gourmet/home na sacada, a sala também aumentou de tamanho. Uma
abertura no final do corredor que dá para os quartos foi inserida com o intuito de melhorar a
iluminação do ambiente e também para dar uma maior amplitude ao apartamento. O conceito de
espaço gourmet em condomínios verticais tem dominado o mercado imobiliário, uma vez que esses
ambientes proporcionam aos moradores de apartamentos o mesmo conforto de quem mora em
casa, e pode usufruir de uma área de lazer ao ar livre com home theater, copa, e até mesmo uma
churrasqueira. O novo layout conta com duas suítes, um banheiro social, cozinha, área de serviço,
sala e um espaço gourmet/home na sacada.
A opção de layout 2 (hachura de cor rosa) – ao eliminar os dois dormitórios – possibilitou a obtenção
de duas suítes, bem como o aumento da área da sala de estar do apartamento e o aumento do
comprimento da sacada. Com isso foi obtida uma grande sala de estar e jantar, que permite maior
convivência entre os moradores e uma maior área para receber amigos e visitantes; além da
manutenção da privacidade, que foi obtida com a criação das duas suítes. A fim de se obter uma
melhor iluminação e uma maior amplitude no apartamento, foi obtida uma abertura no final do
corredor que dá acesso às suítes. O novo layout apresenta, portanto, duas suítes, um banheiro social,
cozinha, área de serviço e uma grande área com copa, sala e sacada integradas.
Na opção de layout 3 (hachura de cor azul) a suíte foi eliminada dando lugar a um dormitório maior e
a cozinha pôde ter seu “dente” eliminado e sua área aumentada. Foi feita uma abertura no final do
corredor de acesso aos dormitórios melhorando a iluminação dos ambientes e possibilitando uma
sensação de amplitude ao apartamento. Os dois dormitórios foram mantidos e a copa e a sala foram
substituídas por um espaço gourmet/home, separado da cozinha apenas por uma porta de correr de
vidro. Sendo assim, o novo layout possui três dormitórios, um banheiro social, cozinha, área de
serviço, um espaço gourmet/home e sacada. O espaço gourmet/home é a grande tendência nos
novos empreendimentos diante da possibilidade de proporcionar um espaço de lazer agradável e
aconchegante que permite reunir a família e os amigos em um único local. Espaços de convivência
são fundamentais diante da nova rotina que se cria na sociedade contemporânea, em que o tempo
acaba por ditar as relações sociais entre os indivíduos.
A planta de localização dos pilares e das vigas, em concreto armado, do edifício Residencial Bôscoli,
também foi elaborada mediante os dados obtidos nas visitas de campo (Figura 10).
No lançamento da estrutura de aço (Figura 11), também foi proposta a utilização do perfil “I”
soldado, assim como a utilização de lajes alveolares pré-moldadas de concreto.
13
V1
V2 V3
V42
V4 V37 V48 V5
V7 V8
V9 V35 V50 V10
V28 V56
V11
V12
V27 V55
V33 V49
V13 V15 V16 V14
V17
V23 V29 V53 V59
V36 V47
V18 V19
V41
V20 V21
V22
Figura 10: Localização dos pilares e das vigas em concreto armado – Residencial Bôscoli.
14
V1
V29 V35
V24 V42
V32 V2
V3 V4
V5 V38
V22 V44
V6 V7
V8 V9
V10 V40
V26
V11
V16
V21 V43
V37
V17 V18
V19
V31
V20
Figura 11: Localização dos pilares e das vigas em aço – Residencial Bôscoli.
Com o lançamento da estrutura de aço a partir das novas possibilidades de layout 1, 2 e 3; pode-se
verificar que com layout 1 (hachura de cor verde) houve uma redução de duas vigas e um pilar. No
15
caso do layout 2 (hachura de cor rosa) também houve a redução de duas vigas e um pilar. Em se
tratando do layout 3 (hachura de cor azul), o número de pilares e de vigas foi mantido. Desta
maneira, a estrutura de aço apresenta no total 44 pilares e 44 vigas, enquanto que a estrutura de
concreto armado do edifício Bôscoli apresenta 61 pilares e 60 vigas. Ressalta-se que, além de se
reduzir o número de pilares e de vigas foi obtido um melhor aproveitamento dos apartamentos do
edifício.
4 CONCLUSÃO
Um dos fatores com grande apelo comercial no mercado imobiliário é a alternativa de planta
oferecida nos projetos de obra de arquitetura. As diversas opções de layout de planta baixa
nos projetos permitem ao usuário escolher, de acordo com sua necessidade, a solução mais
adequada ao seu cotidiano e estilo de vida. Os edifícios residenciais Comendador Francisco
Navarro Dias e Casemiro Bôscoli se encontram inseridos na malha urbana, de modo que se
localizam próximos as vias estruturais do município de Presidente Prudente, portanto, estes
foram os edifícios selecionados para o trabalho em questão.
O novo layout do edifício Residencial Navarro permitiu a criação de um espaço multiuso, um
espaço versátil com múltiplas funcionalidades, permitindo que cada morador possa adequar o
espaço multiuso conforme suas próprias necessidades. O layout apresentado para o edifício
Residencial Bôscoli possibilitou a introdução de um espaço gourmet, onde a criação desse
novo espaço de convivência os moradores adquirem uma maior e agradável área para receber
amigos e visitantes.
No que diz respeito à estrutura de aço obtida em função da nova disposição dos cômodos dos
apartamentos e visando a redução no número de pilares e de vigas, de maneira geral, enfatiza-
se que o edifício Residencial Navarro apresenta 39 pilares e 50 vigas em concreto armado,
enquanto que o mesmo edifício com a estrutura de aço apresenta 33 pilares e 46 vigas. O
edifício Residencial Bôscoli também teria o número de vigas e de pilares reduzidos se estivesse
estruturado em aço, pois possui 61 pilares e 60 vigas em concreto armado, e apresentaria
somente 44 pilares e 44 vigas com as estruturas de aço.
Portanto, é essencial que a concepção com as estruturas de aço consiga, assim como os
projetos estruturados em concreto armado no município de Presidente Prudente, abranger
variedade formal, de cores e elementos compositivos. Para que, desse modo, a estrutura de
aço ganhe maior espaço no mercado imobiliário. Além disso, a utilização de estruturas
metálicas vem crescendo em todo o Brasil, e conhecer a sua utilização adequada será de
fundamental importância profissional.
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
16
pelo Núcleo de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura da
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, 2003.
3...Rebello, Y. C. P. Bases para projeto estrutural. São Paulo: Editora Zigurate, 286p., 2007.
4...Leal, U. Arquitetura de sistemas. Entrevista com o Arquiteto Roberto Candusso. São Paulo:
Revista Téchne, abril de 2003.
17
Tema: projeto - arquitetura e engenharia
Abstract
This article proposes to study the process of parametric design integrated analysis and
structural design. This application model is called Performative Model; the form is generated
based on performance criteria. In this methodology, the shape is the result of a collaborative
work between architects and engineers. The digital tools facilitate the information flow
between designers using parametric model and Finite Element Analysis. To research the
method of Performative Model is proposed the development of a conceptual framework of
Lattice Wind Tower with the aim of a quantitative and qualitative structure optimization.
Therefore, the parametric modeling will be done using Rhinoceros software, the plugin for
creating algorithms Grasshoper and structural analysis plugin Scan & Solve, choices made
under the criterion of interoperability.
Keywords: Performative Model; Parametric Model; Finite Element Analysis; Lattice Wind
Tower.
¹Arquiteta e Urbanista e Engenheira Civil, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
²Engenheiro Civil, Dr., Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
3
Engenheiro Civil, Gerente de Tubos Estruturais da Vallourec Tubos do Brasil S. A., Belo Horizonte, Minas
Gerais, Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
Para tanto, será investigada a metodologia abordada por Kolarevic [2] com Modelo
Performativo baseado na otimização da forma, onde serão aplicadas ferramentas de design
paramétrico ou generativo, cuja elaboração e manipulação têm como plataforma as
ferramentas digitais. O Modelo Performativo se caracteriza pela colaboração entre arquitetos
e engenheiros estruturais desde o princípio do processo. Para exploração e representação do
projeto é utilizada a modelagem paramétrica; e na transmissão do modelo para a análise, o
critério da interoperabilidade (capacidade de troca de dados entre aplicativos computacionais)
é fundamental para facilitar a iteratividade. O processo de análise estrutural é incorporado na
metodologia de concepção, onde a participação do engenheiro se inicia desde os primeiros
passos de geração da forma. Nesta abordagem, que tem como base de desenvolvimento o
desempenho, as estratégias qualitativas e quantitativas são racionalizadas, e a relação entre
material, estrutura e forma resulta em uma estética intrinsecamente relacionada com os
princípios éticos de economia e eficiência [3].
A cobertura de vidro do British Museum em Londres [4] foi concebida pelo escritório de
arquitetura Foster + Partners. Sua definição geométrica consistiu de duas partes: a primeira,
na definição da forma da superfície; e a segunda, no desenvolvimento do padrão da estrutura
metálica sobre a superfície. Para a concepção da forma, foi necessária a criação de uma
fórmula matemática que garantisse a singularidade da curvatura da superfície no contorno, já
que a cobertura seria executada em um edifício histórico existente.
A segunda parte foi a geração de um padrão da estrutura metálica sobre a superfície, que
produziu uma triangulação das faces. O grid triangular foi escolhido por causa da sua eficiência
2
estrutural, e porque evita a necessidade de produzir painéis de vidro curvos. O grid foi
“relaxado” na superfície para remover descontinuidades na curvatura geodésica, movendo
cada nó para um ponto na superfície igual à média ponderadados dos seus vizinhos.
Durante o processo de divisão de cada face da malha para um número de faces menores, foi se
ajustando as coordenadas dos vértices criados e uma representação de malha mais fina foi
produzida (Fig. 1). Uma vez encontrada a forma, foram aplicados algoritmos de otimização, o
que permitiu manipular a malha original de controle e testar geometricamente diferentes
opções do grid estrutural em termos de critérios de desempenho e eficiência estrutural,
conforto termo-acústico e economia.
3
Figura 2: variantes paramétricas na secção da cúpula e a curva sobre o qual se situam as cúpulas
A forma da cobertura tira partido das eficiências estruturais inerentes de uma cúpula para criar
um conjunto surpreendentemente leve de aço. O refinamento da proposta inicial foi
desenvolvido por arquitetos e engenheiros do escritório Arup, determinada por critérios
estéticos e econômicos. A forma ótima da estrutura encontrada deveria satisfazer a todos os
critérios, incluindo o estudo de iluminação e a facilidade de fabricação das peças.
4
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1.1 Geometria
Esta estrutura conceitual (Fig. 4) tem como parâmetros de altura a necessidade de variar entre
120 a 140 metros, de tal forma a aproveitar a capacidade máxima do vento incidente nas
turbinas. Como definição da base, tem se a princípio uma variação de diâmetro de 12 a 15
metros. A 80 metros de altura, o diâmetro deve estar fixado em torno de 4,5 metros e apartir
deste ponto, a estrutura deverá manter uma angulação de aproximadamente 90 graus em
função do funcionamento das pás.
Optou-se por adotar da estrutura treliçada de aço, principalmente por causa de sua facilidade
de transporte para locais de difícil acesso e montagem nesses locais, mas também devido à sua
capacidade de responder a momento fletor em vários eixos, necessária em formas verticais
onde forças laterais e cargas verticais excêntricas atuam simultaneamente (Fig. 5). A estrutura
treliçada pode distribuir as cargas nas direções vertical e lateral (horizontal). São transmitidos
5
às barras forças axiais de tração e compressão [5]. Sendo assim, a estrutura se torna capaz de
receber forças e transmiti-las aos apoios. Além disto, a treliça espacial permite a variação
geométrica ao longo de um eixo vertical possibilitando inúmeras variações com relação ao
design, aos perfis e consequentemente de resistência às solicitações. As variações podem ser
nas seções horizontais e no dimensionamento dos perfis ao longo da seção vertical, atendendo
à mudança de solicitação, no intuito de se otimizar a estrutura.
Para as barras da estrutura, foram escolhidos perfis laminados tubulares circulares fabricados
no Brasil pela Vallourec [6]. Isso se deve principalmente ao fato de a seção circular ter melhor
capacidade resistente à instabilidade quando submetida à compressão, comparada às outras
seções, tendo em vista ser axissimétrica e ter o centro geométrico (G) coincidindo com o
centro de cisalhamento (S) (Fig. 6).
Figura 6: Coincidência do centro geométrico (G) e do centro de cisalhamento (S) e simetria radial das
seções tubulares circulares
A forma da torre tem aspectos quantitativos e qualitativos que guiam sua geração. O aspecto
quantitativo são as forças atuantes, que, simplificadamente, se dividem em peso próprio da
estrutura, forças devido ao equipamento (aerogeradore), incluindo o efeito do vento nas pás,
e força de vento na estrutura. As forças devidas ao equipamento serão estimadas em função
de sua potência, da ordem de 3 MW, e as forças de vento na estrutura serão determinadas, de
modo simplificado, de acordo com a norma brasileira ABNT NBR 6123:1988 [7]. Serão
6
avaliados apenas as tensões atuantes, de modo que não ocorra colapso, e os estados
deslocamentos máximos. O efeito de fadiga, e exigências relacionadas à frequência natural
não será consideradas.
O aspecto qualitativo considerado é relativo à estética da torre. A princípio este não seria um
dado parametrizável através de dados numéricos, mas através de um pensamento racionalista,
pode-se recorrer à Geometria Descritiva utilizando medidas de proporção da Razão Aúrea [8] e
do estudo de superfícies regradas como o hiperboloide de uma folha.
O número áureo é aproximado pela divisão do enésimo termo da Série de Fibonacci (0,
1,1,2,3,5,8,13,21,34,55,89,..., na qual cada número é a soma dos dois números imediatamente
anteriores na própria série) pelo termo anterior. Isto resulta em um número constante de
aproximadamente 1,618.
Para disposição geométrica da forma da torre e distribuição de barras, foi adotada a geometria
do hiperboloide de uma folha (Fig. 8). Esta superfície apresenta vantagens estruturais e tem
sido utilizada em obras de engenharia e arquitetura desde o século XIX. Estas superfícies
possuem uma característica favorável à estabilidade: em cada um de seus pontos há duas
retas distintas que cruzam a superfície. Esta característica mantém a integridade estrutural
com a redução do uso de materiais.
7
Figura 8: Hiperboloide de uma folha
8
Quadro 1: Torres construídas com hiperboloide de uma folha
2.1.3 Técnicas
No estudo da torre de energia eólica, ter-se-ão duas etapas de geração e análise do modelo
paramétrico. Na 1ª etapa, a estrutura será modelada como casca (Fig. 9) com geometria
hiperboloide de espessura constante, onde serão testados diversos modelos, variando os
diâmetros de base e topo, a espessura da casca e sua geometria. Como método de avaliação,
estes modelos serão submetidos à análise pelo MEF. Após a avaliação de alguns modelos, será
selecionada a forma que melhor atenda aos critérios estáticos e estéticos.
9
Figura 9: Modelo paramétrico de geometria da casca
Na 2ª etapa, após a definição da melhor forma em casca da estrutura, será feito o teste com
barras (Fig. 10). Para isto, serão aplicadas as definições de barras, moduladas nos sentidos
vertical, horizontal e inclinadas. Na vertical, foram definidos que seriam distribuídas de 8 a 16
colunas no perímetro do círculo da base, e estas barras seriam continuas até o topo, com a
mesma quantidade de barras no sentido oposto (princípio do hiperboloide). Na horizontal, a
modulação das chapas de travamento da estrutura estaria a princípio com modulação
constante, mas esta condição é uma predefinição que pode será alterada em decorrência das
solicitações das cargas e forças atuantes. Barras inclinadas (diagonais) podem ser necessárias
para estabilizar adequadamente a estrutura.
10
2.1.3.2 Análise por Elementos Finitos
Para avaliação da forma, tanto na 1ª, quanto na 2ª etapa, os modelos serão analisados pelo
MEF sob o critério de Von Mises. Para tal, serão aplicadas as mesmas forças de equipamentos,
o peso próprio da estrutura e as forças de vento (figuras 11, 12 e 13). O aço estrutural de
referência para a análise será o VMB-350, que possui resistências ao escoamento e à ruptura
de 350 MPa e 485 MPa, respectivamente.
11
Figura 13: Análise dos deslocamentos
Para a geração da estrutura tridimensional, foi escolhido o software Rhinoceros, por este
possibilitar a modelagem tridimensional baseada na tecnologia Nurbs, que permite a
construção de geometrias curvas e superfícies. O programa foi desenvolvido para ser um
plugin do programa AutoCad, mas rapidamente tornou-se um aplicativo independente. Por
suas possibilidades de modelagem, é um programa amplamente utilizado em design e
engenharia mecânica.
Para a análise estrutural, será utilizado o plugin Scan&Solve para Rhinoceros (figuras 11, 12 e
13) que tem sua base de funcionamento nos sólidos tridimensionais gerados por este
programa. O Scan&Solve pode ser aplicado em todos os problemas de MEF, incluindo
transferência de calor, elasticidade, vibração natural, torção, etc. Para a análise, é necessário
que se tenha um sólido modelado, onde primeiramente se seleciona o material, seleciona as
restrições da estrutura, aplicam-se os carregamentos (ponto de aplicação no modelo e valores)
e adota-se o critério de dimensionamento, que no caso será ao limite de tensões ao valor de
Von Misses.
12
A vantagem de se utilizar os plug-ins Grasshoper e Scan&Solve é a interoperabilidade, tendo
sua base de funcionamento no programa Rhinoceros, evitando que o sólido seja exportado
para outro programa e haja a necessidade de readaptação da malha.
2.1.3.4 Interoperabilidade
2.1.3.5 Colaboração
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Resultados
Até o momento, está sendo desenvolvida a 1ª etapa do trabalho de geração e análise da casca.
Já foram detectadas algumas soluções com relação à geometria e a forma de análise. Após a
definição da casca, será testado um novo algoritmo para teste de barras similar ao mostrado
na figura 10. Espera-se encontrar uma forma ótima no final do processo, mas o principal
resultado esperado está em se avaliar a eficiência e a importância do desenvolvimento de um
Modelo Performativo na geração de estruturas complexas. A modelagem paramétrica permite
a geração de uma infinidade de modelos, ampliando a gama de soluções da forma
desenvolvida pelo projetista. Além disto, o processo de avaliação também é ampliado, visto
que se podem avaliar várias formas através de análise por Elementos Finitos. A
interoperabilidade entre os softwares utilizados tem sido fundamental no processo, devido à
facilidade de se gerar e avaliar em um curto período de tempo.
13
3.2 Discussões
A modelagem paramétrica muda a cultura de geração da forma, uma vez que o conceito
formulado pelo arquiteto é mais importante do que a tipologia. As ferramentas digitais exigem
dos projetistas cada vez mais conhecimento de softwares e programação. Ao mesmo tempo
em que se propõem a ser facilitadoras, também podem gerar entraves no projeto devido à
dificuldade de se manipular alguns softwares. Estas dificuldades podem levar ao abandono do
processo, mas uma vez superadas, levam a resultados mais eficientes.
Não se pode afirmar que os Modelos Performativos melhorem a solução arquitetônica, pois
em muitos casos vistos na literatura pode-se notar que a forma final é muito próxima da forma
desejada no início do processo.
Neste trabalho, foi feito um recorte para se estudar Modelos Performativos apenas com
relação ao projeto estrutural, mas este processo baseado em desempenho pode ser ampliado
para os mais diversos aspectos do projeto, podendo vislumbrar problemas de projeto e
antecipar conflitos, encaminhando para soluções mais eficientes e que melhor atendam às
questões de desempenho funcional [3].
4 CONCLUSÃO
Agradecimentos
14
REFERÊNCIAS
1 OXMAN, R.; OXMAN, R. (Editores Convidados). The New Structuralism: design, engineering
and Architectural Technologies. In: Architectural Design. Wiley, Londres, Jul./Aug. 2010.
4 BURRY, Jane; BURRY, Mark. The New Mathematics of Architecture. Nova Iorque: Tames&
Hudson, 2010.
5 MOUSSAVI, Farshid. The Function of Form. Nova Iorque: Universidade de Harvard, 2009.
8 LIVIO, Mario; Razão Áurea: A História de Fi, um Número Surpreendente. São Paulo: Ed.
Record, 2006.
15
Tema: Projeto de Estruturas de Aço
Abstract
The transmission towers develop a role of great importance in the transmission of energy,
once they give support to the transmission lines. Trusses are structures composed of angle
sections and other construction elements which, being a lightweight and slender structure,
have in the wind its greatest internal force effect. Procedure to ensure the correct design of
transmission towers is necessary in order to eliminate as many uncertainties involved in its
project, this is the main objective of the present work. Based on the ABNT NBR 5422 - 1985,
"Design of overhead transmission lines of electricity," and ABNT NBR 6123, "due to wind forces
on buildings", that provide curves of wind for each region of the country and other guidelines
for the project and the existing literature on the subject a project of the superstructure of a
transmission tower, taking into account the settings of existing models and the methodology
of structural analysis was developed. The modeling was done with the assistance of SAP2000
for stability analysis and MCalc4D for the design of elements and splices.
¹ Acadêmica de Engenharia Civil na Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande do
Sul, Brasil.
² Doutor Engenharia Civil, Professor na Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Rio Grande
do Sul, Brasil.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
O Brasil possui uma matriz energética diversificada, porém, por suas características geográficas
e seus abundantes recursos hídricos, tem-se como principal meio de geração de energia as
usinas hidrelétricas (68% da energia gerada no país), sendo, também, em menor escala, gerada
por meio de usinas termoelétricas (21%), usinas nucleares (1,74%) e eólicas (0,62%). O
restante é importado da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e da Venezuela.
Tendo em vista que, geralmente, essas usinas são construídas afastadas de centros
consumidores (cidades e indústrias), a energia elétrica tem de percorrer grandes distâncias e
esse trajeto se dá por um complexo sistema de transmissão, composto basicamente por
condutores de fase, cabos para-raios, sistema de aterramento e torres de transmissão.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizados, nesse trabalho, referencias e normas técnicas como fonte de pesquisa para
avaliar posteriormente os resultados do trabalho. Iniciou-se este trabalho pelo Estudo da
influência do vento no dimensionamento de torres de transmissão, que foi realizada por meio
de revisão bibliográfica e estudo da norma, onde se observou a influência exercida pelo vento
no dimensionamento e quais problemas podem ocorrer após a execução de um projeto
quando sua influência não é corretamente estimada.
Foi realizado também um estudo das configurações de modelos de torres onde foram
estudados os diversos modelos existentes de torres e suas configurações, assim como o
método de análise da estrutura que se deu por meio do método de elementos finitos.
Por fim dimensionou-se uma torre de transmissão de energia, levando em conta todos os
subsídios obtidos com o estudo da influência do vento e das configurações dos modelos
existentes, utilizando-se de softwares de elementos finitos para realizar a modelagem desta.
2
2.1 CÁLCULO DO VENTO
O cálculo dos esforços impostos pelo vento na estrutura de uma torre de transmissão requer
muita atenção, já que sua incidência causa grandes solicitações na estrutura, superiores ao
causado, por exemplo, pelo peso próprio.
Tendo em vista a importância da correta estima das forças do vento, fez-se uso das normas
ABNT NBR 6123 “Forças devidas ao vento em edificações” (2), e a ABNT NBR 5422 “Projetos de
linhas aéreas de transmissão de energia” (1). Em ambos os casos, calculou-se o vento a 0°, 45°
e 90°. Para tanto, é necessário compatibilizar os intervalos de integração para o mesmo tempo
de exposição.
3
2.1.1 Cálculo do Vento segundo a ABNT NBR 6123
A ABNT NBR 6123 estabelece as diretrizes para o cálculo de forças devidas à ação estática e
dinâmica do vento, para efeitos de cálculo de edificações.
4
1
𝐻 𝑛
𝑉𝑝 = 𝐾𝑟 𝐾𝑑 � � 𝑉𝑡 (𝑚/𝑠)(3)
10
Onde:
A velocidade básica é corrigida segundo as condições de projeto, a partir dos coeficientes Kr, Kd
e n.
5
b 1,00
p 0,15
Fr 0,69
Koeller (2012) utiliza a equação contrária para corrigir o tempo de integração para o vento da
ABNT NBR 5422.
Vb = 30 m/s, com tempo de integração de 10 minutos para 3 segundos, teremos:
𝑉0
𝑉𝑏 (10 𝑚𝑖𝑛) = 0,69 (𝑚/𝑠)(8)
𝑉𝑏 (10 𝑚𝑖𝑛) = 43,5 (𝑚/𝑠)(9)
A estimativa das ações dos ventos em torres de transmissão é feita utilizando o método da
camada limite (ABNT NBR 5422 e ABNT NBR 6123), onde se assume que a velocidade do vento
aumenta exponencialmente com a altura.
Porém, as ações impostas por ventos downburts podem superar e muito as consideradas pelo
método da camada limite, o que expõe as torres de transmissão a solicitações não
quantificadas, onde provavelmente será atingido o carregamento mais severo em sua vida útil.
Diferente do vento de camada limite, o vento downburt, geralmente, tem sua velocidade
máxima atingida em algum ponto entre 50 m a 100 m de altura. Além disso, a velocidade do
vento num downburst é uma função de localização no plano horizontal em relação à
tempestade e varia com o tempo, bem como sendo dependentes da altura. A distribuição
também é influenciada pela velocidade de translação da tempestade.
6
Figura 4: Diferença de comportamento entre ventos downburst e camada limite.
7
• Cabos Condutores: 5,86 kN.
• Isoladores:1,0 kN.
8
2.3.2 Cargas devidas ao vento
Tabela 1: Cargas devidas ao vento sem correção do tempo de integração
Tabela 2: Cargas devidas ao vento com correção do tempo de integração para 10 min
9
Figura 6: Carga devida à ação do vento a 0° (a), 45° (b) e 90° (c)
2.4 COMBINAÇÕES
A ABNT NBR 8800 (3) define as combinações que devem ser empregadas no dimensionamento
de estruturas de aço, levando em consideração a probabilidade que estas têm de atuarem
simultaneamente na estrutura.
As combinações devem ser feitas de forma a prever a pior situação para a estrutura, a
verificação dos estados-limites últimos e estados-limites de serviço e devem ser realizadas em
função das combinações últimas e das combinações de serviço respectivamente.
10
2.4.1 Combinação última
Uma combinação última de serviço pode ser classificada em normal, especial, de construção e
excepcional.
𝐹𝑑 = ∑𝑚 𝑛
𝑖=1( 𝛾𝐺𝑖 𝐹𝐺𝑖,𝑘 ) + �𝛾𝑄𝑖 𝐹𝑄𝑖𝑘 � + ∑𝑗=2( 𝛾𝑞𝑗 𝜓0𝑗,𝑒𝑓 𝐹𝑞𝑗,𝑘 )(10)
Onde: FGik representa os valores característicos das ações permanentes e FQi é o valor
característico da ação variável considerada principal para a combinação.
𝐹𝑠𝑒𝑟 = ∑𝑚 𝑛
𝑖=1 𝐹𝐺𝑖,𝑘 + ∑𝑗=1(𝜓2𝑗 𝐹𝑄𝑗,𝑘) (14)
𝐹𝑠𝑒𝑟 = ∑𝑚 𝑛
𝑖=1 𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝜓1 𝐹𝑄𝑙,𝑘 + ∑𝑗=2(𝜓2𝑗 𝐹𝑄𝑗,𝑘 )(16)
𝐹𝑠𝑒𝑟 = ∑𝑚 𝑛
𝑖=1 𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝐹𝑄𝑙,𝑘 + ∑𝑗=2(𝜓2𝑗 𝐹𝑄𝑗,𝑘 )(18)
11
2.5 CONCEPÇÃO GEOMÉTRICA E ESTABILIDADE DE TORRES DE TRANSMISSÃO
Certas magnitudes de carga Pcr (Pcr = λ.P carga crítica de flambagem) tornam a estrutura
instável, devido a relações não lineares entre tensão axial e deslocamento, levando a mesma a
sofrer deformações permanentes. Nestes casos, a análise linear elástica, que é normalmente
empregada, não representa o real comportamento da estrutura, já que nela considera-se um
estado de equilíbrio estático.
12
Figura 7: Elementos de uma torre treliçada
13
Figura 8: Estrutura sem contenções laterais bastantes
14
Figura 9: Estrutura com contenções laterais
15
2.6 DIMENSIONAMENTO
A estrutura de uma torre de transmissão pode ser dividida em duas partes: cabeça e tronco
inferior, sendo que essas ainda podem ser subdivididas em para-raios, mísula e tronco da
cabeça (cabeça) e em tronco básico inferior, as extensões do corpo básico e as pernas (tronco
inferior).
Figura 10: Torre tronco-cônica utilizada neste trabalho
Torres de transmissão são, em geral, modeladas como treliças espaciais, sendo que a
continuidade das pernas principais sugere uma análise como pórtico espacial com diagonais
rotuladas nas extremidades.
16
O dimensionamento de uma torre de transmissão procede da mesma forma como em
qualquer outra estrutura de aço, sendo esses dimensionados à tração, compressão e flexão.
A esbeltez de uma barra é a relação entre o seu comprimento e o raio de giração transversal.
Nas peças tracionadas, a esbeltez é limitada para que os efeitos de vibração sejam reduzidos,
pois a esbeltez não é um fator fundamental, já que a natureza da tração proporciona
retilineidade. Na prática, aconselha-se seguir os seguintes limites de esbeltez.
17
Figura 11: Colapso por cisalhamento de bloco
Onde:
Onde:
Nc,Sd é a força axial de compressão solicitante de cálculo;
18
Nc,Rd é a força axial de compressão resistente de cálculo.
Onde:
γ é o coeficiente de ponderação da resistência, igual a 1,10;
χ é o fator de resistência à compressão;
Q é o fator de redução total associado à flambagem local.
O fator de redução associado à resistência a compressão é determinado em função do valor do
índice de esbeltez reduzido λ0. O índice de esbeltez reduzido é definido pela equação:
𝑄 𝐴𝑔 𝑓𝑦
𝜆0 = �
𝑁𝑒
(25)
Onde:
Ne é a força axial de flambagem elástica.
Com o índice de esbeltez definido, pode-se definir o fator de redução associado à resistência a
compressão, que deve enquadrar-se em um dos casos abaixo:
• Para λ0 ≤ 1,5
2
𝜒 = 0,658𝜆0 (26)
0,877
𝜒= (27)
𝜆20
19
𝜋2 𝐸𝐼𝑦
𝑁𝑒𝑦 = (29)
�𝐾𝑦 𝐿𝑦 �²
1 𝜋2 𝐸𝐶𝑤
𝑁𝑒𝑧 = � + 𝐺𝐽�(30)
𝑟02 (𝐾𝑧 𝐿𝑧 )²
No dimensionamento das barras submetidas a momento fletor e à força cortante, devem ser
atendidas as seguintes condições:
Onde:
MSd é o momento fletor solicitante de cálculo;
MRd é o momento fletor resistente de cálculo;
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
20
Figura 12: Deslocamento máximo no topo da torre de transmissão em mm
21
Figura 13: Diagramas dos esforços normais causados pelo carregamento do vento a 0°(a), 45°(b) e 90° (c)
22
Figura 14: Grupos de elementos das torres de transmissão
23
Tabela 3: Perfis de aço utilizados para cada grupo de elementos
24
Figura 16: Interface do programa mCalcLIG
25
Figura 17: Ligações de perfis cantoneiras
26
4 CONCLUSÃO
Ao finalizar este trabalho, é importante destacar dois aspectos no dimensionamento de uma
torre de transmissão, sua concepção estrutural e a determinação da carga imposta pelo vento.
Garantir a estabilidade da estrutura é o primeiro e mais importante passo, uma vez que, se
ignorada essa etapa no projeto, a resistência da torre de transmissão pode sofrer grandes
reduções devido a relações não lineares entre tensão axial de deslocamento.
Quanto à obtenção dos carregamentos impostos pelo vento, foi possível observar que, mesmo
compatibilizando os períodos de integração das rajadas, as forças obtidas a partir do cálculo
proposto pela ABNT NBR 5422 (1) são muito inferiores às obtidas a partir da ABNT NBR 6123
(2). Logo, ao utilizar os esforços obtidos pelo cálculo de vento da ABNT NBR 6123, a estrutura
dimensionada apresenta maior segurança.
REFERÊNCIAS
8 Vélez, Marcelo L. S. Diseño de Una Torre de Transmisión Auto Soportada para Una Línea de
69kV. Quito, 2010.
27
11 Hatashita, Luiz Seiti. Análise de Confiabilidade de Torres de Transmissão de Energia
Elétrica Quando Sujeitas a Ventos Fortes via Método Analítico FORM. Curitiba, 2007.
12 Koeller, William M. Verificação Estrutural de Torre LTEE Sob Ação de Vento. Rio de Janeiro,
2012.
13 Damasceno Neto, Wilson Torres. Estruturas de Torres sob Ação de Ventos Originados de
Dowbursts. Rio de Janeiro, 2012.
16 Pfeil, Walter. Pfeil, Michèle. Estruturas de aço: dimensionamento prático. 8.ed, Rio de
Janeiro, 2009.
28
Tema: Projeto – Arquitetura e Engenharia
Resumo
O Brasil possui grande extensão territorial e necessita que suas linhas de transmissão de
energia cruzem diferentes partes do país. Embora essas linhas passem quase sempre por
regiões rurais, algumas vezes existe a necessidade de sua instalação em áreas urbanas. Neste
último caso, as torres de transmissão ainda seguem os projetos tradicionais, com estrutura
treliçada, poluindo visualmente a paisagem, conflitando com o entorno e, ainda, gerando
desvalorização dos locais onde estão instaladas. Uma alternativa algumas vezes empregada é a
utilização de linhas de transmissão subterrâneas, mas sua implantação é extremamente
dispendiosa. Com o intuito de apresentar uma nova solução para essa questão, que tende a
agravar-se com o desenvolvimento do país, este trabalho propõe a concepção de um projeto
diferenciado de torre, cuja estrutura, ao contrário das tradicionais, será constituída por perfis
tubulares circulares de aço, que permitirá maior flexibilidade na forma e possibilitará à torre
amenizar os impactos causados por ela.
TOWER TRANSMISSION: NEW DESIGN AND THE CHALLENGES OF THE INCLUSION IN THE
URBAN CONTEXT
Abstract
Brazil has a large territorial extension and requires that its power transmission lines cross
different parts of the country. Although these lines most times pass only through rural regions,
sometimes they need to cross in urban areas. In the latter case, the transmission towers still
follow traditional designs, with lattice structure, polluting visually the landscape, conflicting
with the surroundings and also generating devaluation of places where they are installed. An
alternative which is employed sometimes is the use of underground transmission lines, but
their deployment is much costlier. In order to present a new solution to this issue, which tends
to get worse with the development of the country, this paper proposes to create a distinctive
design of Tower, whose structure, unlikely the traditional, shall consist of circular tubular steel
profiles, which will allow greater flexibility to its shape, mitigating the impacts it causes to the
environment.
Keywords: Tower transmission; Project; Urban Space.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
¹ Arquiteta e Urbanista, Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
² Engenheiro Civil, Doutor, Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
³ Engenheiro Civil, Mestre, Professor Aposentado do Departamento de Engenharia de Estruturas da
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
4
Engenheiro Civil, Gerente de Tubos Estruturais da Vallourec Tubos do Brasil S.A., Belo Horizonte, Minas
Gerais, Brasil.
1 INTRODUÇÃO
A ideia de propor um projeto específico para as torres de transmissão urbana surgiu com o
intuito de amenizar o impacto visual nos locais por onde as linhas de transmissão precisam
passar, evitando uma série de inconvenientes, inclusive conflitos com residentes da vizinhança
e do entorno imediato. Deve-se destacar que muitos países desenvolvidos já investem nessa
ideia, tentando melhorar a relação dos equipamentos da Linha de Transmissão (LT) com o
meio ambiente urbano.
Essa nova proposta de modelo de torre para inserção no contexto urbano, visa a também
evitar, sempre que possível, o emprego da LT subterrânea, intervenção a qual é extremamente
dispendiosa, tornando-se assim viáveis novos projetos que visem diminuir os custos dessa
intervenção. Além de a torre atender sua função em uma linha de transmissão de energia,
tem-se como proposito também torna-la uma estrutura diferenciada, visualmente atraente
aos olhos da população e promover uma relação mais harmônica com o entorno imediato.
1.2 Objetivos
O estudo para a criação da torre tem como objetivo principal a transformação da imagem de
repulsão e de medo que as torres de transmissão de energia causam nas pessoas, por uma
sensação visualmente mais confortável, gerando inclusive uma maior contextualidade das
torres no meio ambiente urbano em especifico. Amenizar os impactos socioeconômicos
causados pela transmissão de energia no Brasil, propondo a utilização de perfis tubulares
circulares de aço e um design desenvolvido de forma estratégica para ocupar as áreas urbanas,
são pontos importantes do projeto.
1.3 Justificativa
2
fundações representa de 10 a 20% do custo total da linha. Com a média de 15%, obtém-se
R$37.500,00/km.
A linha de transmissão subterrânea tem um custo bastante superior, atingindo R$
5.000.000,00/km. O valor total desse tipo de intervenção chega a ser 20 vezes mais caro que a
implantação das linhas de transmissão aéreas, fazendo com que o projeto de uma nova torre
se justifique.
Outro informativo de custos comparativos entre LT aérea em relação a subterrânea, está
presente na Tabela 1, que mostra a variação dos valores de acordo com a tensão da linha,
demonstrando que a intervenção aérea é mais econômica.
Tabela 1: Custos LT aérea x LT subterrânea. (LOPES [1], 2013).
Faixa de Tensão:
• Custo de 5 a 10 vezes mais elevado
De 110 a 219 kV
Faixa de Tensão:
• Custo de 9 a 16 vezes mais elevado.
De 220 a 362 kV
Faixa de Tensão:
• Custo de 15 a 25 vezes mais elevado.
De 363 a 764 kV
É justamente através desse diferencial de custo que o projeto visa trabalhar, tendo em vista
que uma nova torre de forma não usual terá um custo mais elevado que os projetos
padronizados, mas que seu valor total seja viável financeiramente para que possa substituir
um método pelo outro nas áreas urbanas.
2 A TORRE DE TRANSMISSÃO
2.1 Generalidades
No geral as torres de transmissão de energia são estruturas cujas funções são fazer a
sustentação mecânica dos cabos condutores e para-raios e de transmitir todos os esforços
mecânicos à fundação, tornando assim possível a ligação aérea entre as centrais de
distribuição de energia.
O design das torres segue na maioria dos casos uma forma padronizada, composta por uma
estrutura treliçada de aço. Principalmente por questão de economia as estruturas são
padronizadas em Famílias de Torres, que são compostas por subestruturas iguais ou similares
como mostra a Figura 1.
3
Figura 1: Configurações de torres para 1 e 2 circuitos (GONTIJO [2], 1994).
A criação de novas linhas em áreas urbanas, principalmente as mais adensadas, é uma tarefa
difícil, uma vez que as áreas disponíveis, principalmente nos grandes centros, são escassas, e
as poucas disponíveis possuem preços elevados. Lembrando-se que, essas poucas áreas ainda
precisam atender aos requisitos mínimos para serem destinadas as instalações da linha de
transmissão e distribuição de energia.
Com a falta de espaço não somente para abrigar as linhas, mas também para acompanhar o
crescimento das cidades, muitas áreas restritas para a passagem das linhas acabam sendo
4
ocupadas de forma irregular. Essas situações ocorrem muitas vezes devido ao crescimento
acelerado das cidades, à falta de planejamento adequado e de uma estratégia mais eficaz para
coibir tais situações de risco. As concessionárias contam com o auxilio da Prefeitura e do
Ministério Público para fazer a desocupação da faixa, mas é um processo longo e demorado. A
faixa é inadequada para ocupação, porque nela há uma zona de influência eletromagnética da
linha, fazendo com que segundo ABNT-NBR 5422:1985 [3] não possa haver uma interação
permanente.
Em muitos casos, linhas que outrora se localizavam em áreas afastadas, hoje fazem parte do
cenário de muitos bairros e estão sujeitas a diversas situações do cotidiano, como mostra a
Figura 2. Trata-se de situações que envolvem até a própria prefeitura, que utiliza a base da
torre para promover obras públicas, e ambulantes, que usam a torre para expor suas
mercadorias.
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
5
Figura 3: Projeto Dancing with Nature. Fonte: http://www.dezeen.com
Esse projeto teve seu conceito baseado nos traços de uma árvore, que deram origem a uma
forma simples, flexível e leve, sem perder o caráter moderno e diferenciado.
Inúmeras competições como essa, para a criação de novos projetos de torres, foram e estão
sendo realizadas em diferentes países. Por exemplo, em 2011 o Reino Unido fez uma
competição nacional para eleger um novo projeto de torre, tendo como campeã a estrutura
proposta pela empresa dinamarquesa de engenharia Bystrup, que criou uma torre em formato
de “T”, de design simples, mas sofisticado, como mostra a Figura 4. Esse projeto foi criado para
substituir as antigas torres padronizadas que foram implantadas durante a década de 20 na
Europa. Na Figura 5, foram feitas duas maquetes, onde se evidencia a diferença da torre
convencional para a torre vencedora do concurso.
6
Figura 5: As antigas torres que foram implantadas durante os anos de 1920 e o Projeto T-Pylon. Fonte:
http://eandt.theiet.org.
Esses concursos e competições mostram que existe a necessidade de que haja modificações
graduais na paisagem e no ambiente em geral, à medida que evoluem as necessidades do
homem e da própria cidade. Servem também para acabar com o paradigma de que a criação
de um novo projeto não possa vir a servir para amenizar os impactos das LT’s de energia em
relação ao meio e à população, e ao mesmo tempo exercer as atividades às quais são
destinadas.
7
No desenvolvimento do projeto, tentou-se utilizar o mínimo possível de traços, o que
consequentemente na proposta final diminuirá o número de perfis utilizados, mas que seja em
quantidade suficiente para chegarmos a uma forma expressiva. Esse conceito, parte do
princípio de dar mais clareza ou ate mesmo legibilidade a estrutura final. Tentando amenizar
ao máximo os impactos que essas estruturas causam no ambiente.
Para a elaboração deste artigo uma proposta inicial foi concebida, fugindo da padronização das
formas treliçadas e de forma mais sutil tentando suavizar sua relação com as pessoas e com o
meio ambiente urbano, como se vê na Figura 7. Nessa proposta todos os perfis utilizados são
tubulares circulares de aço.
Para tanto a definição do modelo priorizou não somente a otimização da parte elétrica, o que
ocorre atualmente no Brasil, mas também pensou em formas e meios de amenizar as
limitações e restrições que são impostas aos espaços ocupados pelas LT’s aéreas. Focou-se na
transformação e ou adequação dessas áreas de tal maneira que se consiga criar uma função
social além da qual ela se destina, melhorando assim a conexão com o meio urbano e visando
a possibilidade da sua interação com a população dentro de limites aceitáveis.
Pensando não só nos custos, mas na parte estética da torre, que é o foco principal, a estrutura
de aço é ideal para atender todas as solicitações da proposta. Outro fator importante é a
redução dos impactos gerados por esse material no ambiente e o fato dele proporcionar
menor tempo de execução da obra. A durabilidade do aço, desempenho e maleabilidade
também o tornam apto para esse tipo de projeto.
Para a confecção da torre serão utilizados os perfis tubulares circulares laminados da Vallourec
Tubos do Brasil. Esses perfis, tendo em vista suas propriedades mecânicas, que conseguem
8
atender as necessidades do projeto, tornando a estrutura mais leve e acima de tudo consegue
gerar um visual mais agradável.
4 METODOLOGIA DE APLICAÇÃO
O conceito idealizado é o de propor uma mudança na visão de mercado, que gere uma
melhoria da qualidade dos espaços urbanos por onde passam as LT’s. Esse seria um grande
avanço na área de transmissão no Brasil, uma conquista para sociedade e um ganho para o
ambiente.
No caso em estudo, mostra-se que o objeto, ou seja, a torre de transmissão de energia, pode
abrigar mais do que simplesmente a função a qual se destina, trazendo o homem para
participar dela, de forma coerente com o programa principal e suas limitações.
O processo de dimensionamento da torre seguirá as normas especificas tanto para o cálculo de
estruturas metálicas (4) quanto para o da LT [(3) e (5)]. O projeto tentará mostrar que mesmo
com restrições a estrutura final pode ser elegante, bonita e integrar sem agressividade a
paisagem urbana, como mostra a Figura 8.
3 RESULTADOS E CONTINUIDADE
A união do crescimento das cidades e o aumento da demanda energética fazem com que,
muitas vezes, haja uma disputa entre a população e as linhas de transmissão de energia por
espaço nas áreas urbanas. Outra situação recorrente é a de que o projeto das torres instaladas
no ambiente urbano em muitos casos é o mesmo empregado em ambientes rurais, causando a
desvalorização dos locais por onde passam.
O Brasil enfrenta muitos problemas sociais, como, a questão habitacional, e também a falta de
espaço nas grandes cidades. Isso faz com que os parâmetros utilizados hoje em nosso país, que
possuem grandes restrições e limitações para as faixas de passagem da LT, possam ser
repensados levando em conta esses problemas e tentando prever melhorias não somente na
parte elétrica da LT, mas também para os espaços a elas destinados.
Por fim os empreendimentos não podem estar acima das questões sociais, mas sempre buscar
formas e meios de beneficiar todas as partes envolvidas. O desenvolvimento de estudos e de
novas soluções para as torres de transmissão de energia para áreas urbanas se enquadra nesse
contexto, tentando propor alternativas aos desafios urbanos e sociais que exigem soluções.
9
Agradecimentos
REFERÊNCIAS
[3] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR -5422: Projeto de Linhas Aéreas de
Transmissão de Energia. p.52, 1985.
[4] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR -8800: Projeto de Estruturas de Aço
e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edificios. p.237, 2008.
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Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
CONSTRUMETAL 2014
Contribuições Tecnocientíficas
Parte 7
– Proteção das Estruturas –
Tratamento de Superfície e Pintura
Tema: oficial de submissão
Luiza Abdala¹
Resumo
Estruturas metálicas expostas sofrem com a ação de agentes de corrosão que podem ameaçar
a integridade da estrutura. Os sistemas de proteção contra a corrosão mais utilizados são a
galvanização por imersão a quente e a pintura, e a especificação da proteção adequada é uma
parte importante de um projeto de construção metálica. A galvanização por imersão a quente
é o processo no qual a peça é imersa em um banho de zinco a 450°C, que garante ao aço
proteção contra a corrosão tanto por barreira, quanto catódica, com a formação de camadas
intermetálicas Ferro-Zinco, além de uma camada de Zinco puro. A pintura também é utilizada
como proteção, porém confere somente uma barreira contra a corrosão. Para ambientes de
exposição a ambientes menos severos de corrosão, a pintura é suficiente para garantir a boa
durabilidade da estrutura. Já a galvanização é indicada quando as estruturas são expostas a
ambientes mais agressivos, ou a estrutura tem difícil acesso para manutenções. Ainda, é
possível combinar as duas técnicas, o sistema duplex. Este sistema confere o aumento de vida
útil até 2,5 vezes maior que a simples soma das expectativas de durabilidade dos métodos de
proteção separadamente. Isso se dá através do efeito sinérgico entre os sistemas.
Abstract
Exposed metallic structures suffer with the action of corrosion agents that can threaten the
integrity of the structure. The most commonly used protection methods are hot dip
galvanizing and painting, and the specification of adequate corrosion protection is one of the
most important parts of a metallic structures construction project. Hot dip galvanizing is a
process in which the steel is immersed in molten zinc bath at 450°C, which ensures both
cathodic and barrier protection against corrosion, with the formation of intermetallic layers
Iron-Zinc plus a layer of pure zinc. Painting is also widely used as protection to steel, but its
protection is only a barrier. For exposure to less corrosive environments, paint is sufficient to
ensure good durability to the structure. Galvanizing is indicated when the structures are
exposed to harsh environments, or in cases where the access to perform maintenance is
difficult. It is also possible to combine the two techniques, which is called Duplex System. This
system provides an increase in the structure’s lifetime up to 2.5 times greater than the simple
sum of the expected durability of the protecting methods separately. This is due to the
synergistic effect, the interaction between the two protection methods.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUÇÃO
A corrosão é a tendência natural que os materiais têm de retornarem ao seu estado de maior
estabilidade, no caso do aço, o óxido de Ferro. Esta é uma patologia muito comumente
encontrada em estruturas de aço e é um processo de deterioração que produz alterações
prejudiciais e indesejáveis nos elementos estruturais, podendo ser uma ameaça silenciosa à
integridade da estrutura. De acordo com o estudo da norte-americana Nace International (The
National Association of Corrosion Engineers), maior entidade de estudos sobre corrosão do
mundo, desenvolvido pela CC Technologies (EUA), o custo total dos efeitos da corrosão
metálica nos Estados Unidos alcança o montante de cerca de 280 bilhões de dólares anuais,
correspondentes a 3,1% do seu PIB.
Existem diversas formas de se proteger o aço contra a corrosão, sendo a pintura a principal
opção escolhida atualmente, tanto por motivos estéticos, quanto por falta de conhecimento
acerca de diferentes métodos. Um sistema de pintura pode ser uma excelente forma de
proteção contra a corrosão, desde que bem especificado e bem aplicado. No entanto, sendo
uma proteção por barreira, a pintura exige manutenções constantes para evitar que possíveis
fissuras no revestimento se tornem pontos foco de corrosão. Já a galvanização por imersão a
quente é um sistema de proteção muito eficiente para estruturas e elementos metálicos, que
promove uma proteção ainda maior do aço. O zinco tem propriedades que fazem com que a
proteção ao aço se dê tanto por barreira quanto catódica, principal diferencial deste método.
Ainda, ambos os métodos podem ser combinados, com a pintura sobre o aço galvanizado, o
chamado Sistema Duplex que, além de trazer o acabamento estético ao aço já galvanizado,
ainda promove uma proteção ainda maior ao substrato, através do chamado efeito sinérgico
entre os revestimentos.
2 PINTURA
2
substrato começa imediatamente e os produtos de corrosão do aço (óxido de ferro) são mais
volumosos, fazendo com que a tinta solte do substrato. A pintura não é indicada em casos em
que se tenha muitos choques mecânicos à estrutura e é necessário tomar cuidado no
transporte, manuseio e montagem da estrutura, quando a pintura é anterior à estas etapas,
para se evitar ao máximo possíveis fissuras no revestimento e os problemas de corrosão
decorrentes.
O processo de galvanização por imersão a quente consiste na imersão de uma peça de aço em
diversos banhos de limpeza desse aço e, posteriormente, em um banho de Zinco fundido, a
450°C, o que garante ao aço a proteção contra a corrosão tanto por barreira, com a formação
de uma camada de zinco metálico puro na superfície da peça, quanto catódica, com a difusão
do Zinco na rede cristalina da peça, e consequente formação de camadas intermetálicas Ferro-
Zinco, além da camada de Zinco puro, conforme Figura 2.
3
O Zinco, por ser mais eletronegativo que o aço, sofre corrosão preferencial em relação ao aço
e sacrifica-se para protegê-lo, esta é a chamada proteção catódica. Os produtos de corrosão do
Zinco são aderentes e insolúveis e se depositam sobre a superfície do aço, isolando-o da
atmosfera, evitando assim a corrosão em um processo semelhante à cicatrização. A taxa de
corrosão do Zinco é linear em um ambiente específico, o que permite estimar a durabilidade
do revestimento com base na sua espessura e através das taxas de corrosão determinadas
para as categorias de corrosividade do ambiente, conforme a norma ABNT NBR 14643
Corrosão atmosférica – Classificação da corrosividade de atmosferas, indicada na Tabela 1 e
Figura 3.
Figura 3. Efeito das condições ambientais na vida útil das estruturas zincadas.
4
O processo de galvanização por imersão a quente como forma de proteção contra a corrosão é
indicado quando as estruturas estão expostas a ambientes agressivos e quando é esperada
uma grande durabilidade, no entanto, seu comportamento varia de acordo com o pH do
ambiente em que está inserido. A Figura 4 mostra a perda de massa do aço galvanizado
conforme o pH do ambiente.
Nota-se que o aço galvanizado tem bom comportamento, com baixas perdas de massa, em
ambientes com pH entre 5 e 12. Em ambientes em que o pH é inferior à 5 ou mais alcalino que
12, recomenda-se além da galvanização, a aplicação da pintura, o chamado Sistema Duplex.
4 SISTEMA DUPLEX
O sistema Duplex, ou a pintura sobre aço galvanizado é especificado por duas razões
principais: pela necessidade de cores por motivos estéticos, identificação ou sinalização ou
também pela necessidade de máxima durabilidade em meio ambiente agressivo, ou ambos.
Quando a estrutura metálica sofre ação de agentes corrosivos em meio fortemente ácido (pH
<5) ou fortemente alcalino (pH >12), a galvanização sofre uma perda de massa considerável ao
longo do tempo e, portanto, uma proteção adicional é necessária.
A durabilidade do sistema duplex não é simplesmente a soma das expectativas de vida útil dos
sistemas de pintura e de galvanização separadamente, o substrato de aço dura de 1,5 a 2,5
vezes mais do que essa simples soma. Isto se deve ao efeito de sinergia entre os dois métodos
de proteção. A tinta age como proteção por barreira e diminui a taxa com que o zinco é
consumido, estendendo significativamente a durabilidade do aço galvanizado. Por outro lado,
a camada de galvanização age como material de sacrifício, evitando os pontos foco de
corrosão e a descamação da tinta, muitas vezes observada no aço comum. Uma vez que a
camada de tinta for danificada, o zinco ainda estará disponível para fornecer tanto a proteção
por barreira quanto a catódica. A Figura 5 mostra os resultados de um estudo realizado pela
Australazian Zinc Development Association que buscava estimar a expectativa de durabilidade
de um aço galvanizado e pintado.
5
12 11
Tempo para a 1ª manutenção (anos)
10
0
Pintura Galvanização Sistema Duplex
Neste estudo, a estrutura pintada teve durabilidade de 3 anos, enquanto o aço galvanizado
durou 4 anos. Seria esperado que o sistema duplex tivesse durabilidade de 7 anos, no entanto,
foi observado que a estrutura teve vida útil de 11 anos, ou seja, 1,6 vezes maior que a simples
soma. Os produtos de corrosão do aço são mais volumosos, possuem maior solubilidade e em
3 anos a tinta já apresentou desplacamento. Já os produtos de corrosão do zinco são menos
volumosos e menos solúveis, preservando a integridade da camada de tinta por mais tempo. A
Figura 6 ilustra o exemplo.
Tanto o aço galvanizado novo, quanto peças já galvanizadas há mais tempo podem ser
pintadas, e cada um necessita de uma preparação diferente para receber a tinta na superfície.
No caso de aços galvanizados novos, o tratamento da superfície se da por 3 maneira possíveis:
6
tratamento químico de fosfatização (conforme NBR 9209), por jateamento abrasivo com areia
ou outro abrasivo que promova remoção de, no máximo, 10% da espessura da camada de
zinco ou então um tratamento mecânico e manual, preparando a superfície por meio de
escovamento ou lixamento mecânico ou manual, conforme NBR 7346 e NBR 7347. Já para o
galvanizado envelhecido, caso não haja corrosão no substrato ferroso, deve-se remover os
produtos de corrosão branca e impurezas, por meio de escovamento ou lixamento. No caso de
se utilizar tratamento mecânico, o polimento da superfície zincada deve ser evitado. Se houver
corrosão no substrato ferroso, as áreas com corrosão devem ser reparadas através de
jateamento abrasivo ao metal quase branco, grau Sa 2 ½ da norma NBR 7348.
Existem tipos de tintas específicos que podem ser usados para pintura sobre aço galvanizado.
Tintas alquídicas, por exemplo, não são indicadas, ocorre a perda de flexibilidade e da
aderência, conforme Figura 7. Por desconhecimento da maioria dos pintores que utilizam
tintas à óleo e alquídicas (primer e esmalte sintéticos), muitas vezes saõ utilizadas
erroneamente, por serem as tintas mais comuns e mais encontradas no mercado. Em seguida
da aplicação da tinta, o revestimento ainda permanece satisfatório, no entanto, tempos depois
começam se destacar.
Estas tintas falham quando aplicadas sobre o aço galvanizado pelas seguintes razões: As tintas
a óleo, os primers e os esmaltes sintéticos contém óleos vegetais que contém ácidos graxos
livres. Estes, reagem com os produtos de corrosão do zinco de caráter alcalino formando
sabões de zinco. Por causa da alta permeabilidade ao vapor de água e ao oxigênio destas
resinas, as películas de tintas não estarão mais aderidas diretamente sobre o zinco, mas sobre
seus produtos de corrosão, principalmente óxido, hidróxido e sabões de zinco. Compostos
solúveis sob a película de tinta provocam o surgimento de bolhas por causa do fenômeno de
osmose, que também contribuem para agravar o problema de destacamento. A presença de
óxido de zinco na superfície causa envelhecimento precoce da película de tinta alquídica com
perda de aderência e de flexibilidade. Com o fissuramento, a água penetra na interface
Metal/Tinta, onde existem os compostos solúveis e os sabões, causando o colapso total do
sistema de pintura. A solução é o emprego de tintas insaponíficáveis, de alta aderência e de
alta impermeabilidade.
A tinta epoxi-isocianato, é hoje a mais usada na indústria por oferecer uma série de vantagens.
Esta tinta é insaponificável, se liga quimicamente ao zinco e oferece uma excelente base de
aderência para diversos sistemas de pintura, como, por exemplo, alquídicos, acrílicos,
epoxídicos e poliuretanos. Atualmente existem também as tintas acrílicas à base de água que
7
proporcionam uma boa aderência sobre o aço zincado. Neste caso, devem ser usadas tintas de
acabamento também acrílicas.
5 CONCLUSÕES
Existem diversas formas de se proteger o aço contra a corrosão, sendo a pintura, proteção por
barreira, uma técnica muito utilizada. No entanto, a galvanização por imersão a quente, além
da proteção por barreira, ainda oferece a proteção catódica, o que torna essa opção mais
interessante quando se avaliar a durabilidade da estrutura. Principalmente nos casos em que
as estruturas de aço estão em ambientes corrosivos e que há dificuldade de acesso para
manutenção, a galvanização é a proteção mais adequada.
O aço galvanizado é muito interessante em termos de longa durabilidade, mas pode oferecer
uma vida útil maior ainda se pintado com tintas adequadas, selecionadas em função da
agressividade do meio ambiente, sobre uma superfície corretamente preparada, o sistema
duplex. Os produtos de corrosão do zinco são muito menos volumosos do que os do aço, e por
isso danificam menos a tinta, contribuindo para que a pintura proteja a superfície por mais
tempo. Se as tintas forem aplicadas enquanto o galvanizado está novo e ainda não sofreu
desgaste, a durabilidade da pintura será maior e o custo de manutenção será muito menor. A
tinta, neste caso, não compete com o aço galvanizado, o complementa, trazendo uma maior
durabilidade e maior segurança às estruturas de aço.
6 REFERÊNCIAS
2 Guia da Galvanização por Imersão a Quente. ICZ – Instituto de Metais Não Ferrosos. 2010.
Disponível em: http://www.icz.org.br/portaldagalvanizacao/biblioteca-publicacoes.php
8
Tema: Proteção das Estruturas – Corrosão e Incêndio (com Sustentabilidade)
Abstract
Steel fabrication has many types like prefabricated buildings, pre-engineered buildings, general
steel structures, offshore structures, vessels, tanks etc.
There are emerging demands for Environmentally-friendly coating systems which has less impact on
environment, more safer for users and meet green legislation or building rating systems like LEED.
For many years people believe that waterborne coatings are not as good as solvent born when
it comes to application property, corrosion protection and durability. The current waterborne
technology has reached high level of quality, ease of application and longer durability in
comparison with solvent borne protective coatings.
This paper will highlight the new generation of Green Coatings that meet steel fabricators
needs for speed, ease of application and meeting sustainability requirements.
Considering the different steel fabrication process, surface preparation, coating and quality
control are a cost driver and time consuming. We will propose few coating technologies which
can save time by reducing application time; minimize QC time and faster to dispatch coated
steel for erection. Those systems are either complete waterborne or hybrid systems for
corrosion protection, fire proofing and aesthetical needs. All proposed coating systems are
conforming to major regulation when it comes to Health, safety and Environment. In addition
they meet the needs of most commonly used building rating systems like LEED v3 and v4.
¹ Civil Engineer, Global Sales Director, Infrastructure Segment, Jotun UAE, Dubai, United Arab Emirates.
________________________________
* Contribuição técnica ao Construmetal 2014 – Congresso Latino-Americano da Construção
Metálica – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
1
1 INTRODUCTION
Jotun A/S – Performance Coatings Division decided to develop a new water born complete
system that meets Green Building Rating Standards; LEED was selected as the most widely
used in the countries where Jotun has factories and sales offices.
Three labs joint efforts to develop full solution to Steel structures Fabrication Industry;
Anticorrosive lab, Topcoat Lab and Intumescent Coating lab.
The project started approximately 3 years ago and new products were launched during
December 2013 to May 2014.
First product: 2 component waterborne epoxy primer (will name it in this paper 2CWB
primer)
Second Product: 2 component HAP’s Free epoxy primer (will name it in this paper 2CSB
primer)
Third Product: 1 component acrylic topcoat - LEED compliant (will name it in this paper 1CWB
topcoat)
Fourth Product: 1 component waterborne intumescent fire proofing coating - LEED compliant
(will name it in this paper 1 C WB INTU)
Different combinations of raw materials have been tested in more than 20 formulations.
The main focus of raw material screening was on anticorrosion performance of a primer
and optimal formulation cost. In the first screening the most expensive formulations
have been rejected.
The rest of formulations have been applied by airless spray on Sa2½ steel panels and
used for accelerated corrosion tests like: Salt Spray (ISO 7253 and ASTM B117-97),
Prohesion (ASTM G85-94), Humidity (BS 3900-part F2).
2
Anticorrosive Lab - Project No. 2: 2C SB primer
Develop a 2C SB primer, curing down to 0 C, quick drying/ dry to handle. Reduces the
emission of volatile organic compounds (VOC) to a minimum; reduces wastage and
volume of paint required; less environmental impact and safer to use High solids
primer/intermediate coat for protection of steel and other non-ferrous substrates in
urban and industrial atmospheres, coastal areas with low/moderate salinity and where
fast dry-to-recoat and/or dry-to-handle times are desired.
Product shall be VOC compliant, HAP’s Free and compatible with intumescent coatings.
Key features:
Easy application
Good flow and film formation combined with no sagging ensure wide flexibility for the
applicators
Fast drying
Speeds up the process and improves efficiency for applicators, contractors and steel
fabricators; reduces the need for space to dry painted steel structures; reduces the risk
of damage during transport/handling; High build; saves application time - saves money
Speeding up the production process - a coating system can be completed in a day
The target was to develop a new 1C WB topcoat for use in selected Protective markets.
The focus areas were to develop a glossy topcoat to be tinted on the MC Deco tinting
machines. The product had to be good regards to application properties and in
accordance to LEED requirements.
The topcoat was to be made on WB acrylic technology. The development was based on
knowledge and experience from our long existing WB topcoat on the market and from
our decorative division colleagues. A screening was done on a range of acrylic resin,
and they were tested for critical criteria`s as gloss level, hardness development, color
compatibility, appearance by airless spray e.g.
The most promising acrylic resin was then tested and optimized to match the criteria
of the product: Application properties, durability, flexibility, appearance, hardness,
drying times e.g. The selecting of raw materials was based on: Health profile of the
3
raw materials, preferably raw materials already registered in our systems and
worldwide accessibility and cost.
The WB topcoat is produced in both, Barcelona, Spain and in, Abu Dhabi, UAE. The
paint has been sent to several of our regional labs; Dubai, China, Malaysia e. g for
testing.
The WB topcoat has been tested by an external company and passed LEEDv4
requirement regards VOC content and VOC emission. It has passed the low flame
spread test, IMO 2010 FTPC and it is also approved to C3 according to ISO 12944.
Develop a new 120 minute water borne intumescent coating for the infrastructure
market which is both competitive and environment friendly. Conform to Green Seal
standard (Formaldehyde, APEO and Phthalate free) and LEED v3 & v4
Coating performance is a sum of formulation design and careful raw material choice.
This is truer for waterborne coatings than for any other coatings. Raw materials for
waterborne coatings are costly. Economical formulation design requires deep
understanding of paint chemistry and extensive knowledge of existing raw materials. It
took 4 years of development work and testing to make a final formulation of the 2C
WB primer waterborne epoxy primer with balanced properties and formulation cost.
Extensive accelerated corrosion testing according to ISO 12944 proved that this primer
combined in waterborne or hybrid systems can be used from C2 to C5 corrosion
environments. Salt Spray (ISO 7253 and ASTM B117-97), Prohesion (ASTM G85-94),
and Humidity (BS 3900-part F2) test results confirm that the 2C WB primer waterborne
epoxy can compete with solvent borne epoxy in anticorrosive performance.
Due to visible end of pot life applicator does not need stopwatch for each tin with
mixed paint. Convenient mixing ratio (2:1 by volume) and good workability make it
easy to work with.
Low VOC improves quality of the working area due to low solvent smell and less hazard
during the application.
4
countries with warm climates. However, carefully formulated WG version of this new
primer secures good drying speed down to 5ºC.
First trial application in Dubai (40%RH, air temperature 45ºC, steel temperature on sun
site 55ºC) confirmed good workability, excellent sag resistance (600 mic WFT) and
short drying time of the new 2K waterborne epoxy primer/ intermediate. Application
has been done by airless spray on Sa2½ steel sheets of size 2x6m and concrete samples
of size 50x50cm. Good adhesion between primer and substrate was measured both on
steel and concrete. The primer has excellent compatibility with different concrete
sealers (WB, SB, and SF).
Second trial application has been performed in China (55%RH, air temperature 18ºC,
steel temperature 17,5ºC). Application has been done on boiler steel pillars (difficult
geometry which is not easy to prepare for painting). The product showed excellent
robustness to the surface preparation, making smooth film with good adhesion to
substrate, excellent sag-resistance and no sign of flush-rust.
Achievement:
2C WB primer epoxy primer/intermediate paint which cures down to 5 °C
Contains active corrosion protective pigments and flash rusting inhibitors
Available in standard and WG(cold climate) versions
Standard for temperatures from 15 ºC to 40 ºC
WG for temperatures from 5 ºC to 23 ºC
For steel, aluminium, galvanized steel, stainless steel and concrete in
atmospheric conditions
For paint systems with zinc primers and water-borne acrylics, water-borne
epoxy and suitable solvent-borne coatings and topcoats
5
Adhesion comparison with older WB epoxy primer:
________________________________
* Contribuição tecnocientífica ao Construmetal 2014 – Congresso Sulamericano de Estruturas
Metálicas – 02 a 04 de setembro de 2014, São Paulo, SP, Brasil.
6
Trail production / application
China:
7
Qatar application:
Tests (lab and field): Low temp cure, application at low temp, recoating, VS% test,
corrosion tests, condensation tests, abrasion, flexibility, adhesion on various substrates
with various topcoats, adhesion of intumescent, fire tests etc.
The result is a versatile product meets all wanted features; easy to use providing
protection to steel and other substrates in urban and industrial atmospheres, coastal
areas with low/moderate salinity and where fast dry-to-recoat and/or dry-to-handle
times are desired
8
Dirt Pick up resistance: The panels are exposed to carbon black slurry for testing of dirt
pick up resistance of a paint film.
Colour compatibility: Selected MC tinters and critical colors are tested in all bases for
colour compatibility.
Base White
Base 3 (Neutral)
9
10
Global Intumescent Centre - Project No. 4: 1 C WB INTU
First part of the extensive testing was carried out internally with over 40 sections fire tested
when an acceptable formulation was established. This program was devised to give us the best
possible outlook on how to test externally, as testing can be the most difficult part of the
product development process. The second part of the test was conducted externally with over
80 sections including 3 loaded beams, 4 tall columns, 1 loaded column and 6 cell beams. Over
1500 liters of paint was sprayed to achieve the thicknesses required.
The results obtained on these tests were very good, reaching up to 30% better loadings than
the major global competitor at the 120 minutes target area. The product can also cover all
time periods with some protection for up to 180 minutes on certain section sizes.
The direction of the global market is towards the use of materials with minimal environmental
impact, this green product complying with LEED’s requirement for low VOC at only 24g/L.
Further testing in the future will be carried out on UL263 (USA and Canada), EN13381 (Europe)
and BS476 for a full 3 hour range. There will also be testing carried out on GB14907 (China)
and GOHST (Russia).
4 CONCLUSIONS
Jotun has completed a full New Generation of High Performance Green Coatings range for
Steel fabricators; the system is FAST, Safe and Saving costs. The system provides anticorrosion,
colourful topcoat and fire proofing for up to 3 hours if needed.
Thanks
11
REFERENCES (BIBLIOGRAPHY)
12
Congresso Latino-Americano da Construção Metálica
Construmetal 2014
www.construmetal.com.br
www.abcem.org.br