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Histórias de Sucesso
EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS
ORGANIZADO POR MARA REGINA VEIT

Histórias
de Sucesso
EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS

BELO HORIZONTE - 2003


Copyright © 2003, SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por
qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.

Este trabalho é resultado de uma parceria entre o SEBRAE/NA, SEBRAE/MG, SEBRAE/RJ, PUC-Rio, IBMEC-RJ

Coordenação Geral
Mara Regina Veit
Coordenação e Concepção do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso

Supervisão
Cezar Kirszenblatt
Daniela Almeida Teixeira
Renata Barbosa de Araújo

Apoio
Carlos Magno Almeida Santos
Dennis de Castro Barros
Izabela Andrade Lima
Ludmila Pereira de Araújo
Murilo de Aquino Terra
Rosana Carla de Figueiredo
Sandro Servino
Sílvia Penna Chaves Lobato
Túlio César Cruz Portugal

Produção Editorial do Livro


Núcleo de Comunicação do Sebrae/MG

Produção Gráfica do Livro


Perfil Publicidade

Desenvolvimento do Site
Daniela Almeida Teixeira
bhs.com.br

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


SEBRAE
Armando Monteiro Neto, Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Silvano Gianni, Diretor-Presidente
Paulo Tarciso Okamotto, Diretor Administrativo-Financeiro
Luiz Carlos Barboza, Diretor Técnico

SEBRAE-MG
Luiz Carlos Dias Oliveira, Presidente do Conselho Deliberativo
Stalin Amorim Duarte, Diretor Superintendente
Luiz Márcio Haddad Pereira Santos, Diretor de Desenvolvimento e Administração
Sebastião Costa da Silva, Diretor de Comercialização e Articulação Regional

SEBRAE-RJ
Paulo Alcântara Gomes, Presidente do Conselho Deliberativo
Paulo Maurício Castelo Branco, Diretor Superintendente
Evandro Peçanha Alves, Diretor Técnico
Celina Vargas do Amaral Peixoto, Diretora Técnica
O projeto
O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso foi criado para que histórias emocionantes de
empreendedores, que fizeram a diferença em sua comunidade, em suas empresas, em suas
instituições, possam ser conhecidas, disseminadas e potencializadas na construção de novos
horizontes empresariais.

O método
O livro Histórias de Sucesso foi concebido com o intuito de utilizar o método de estudo de
caso para estruturar as experiências do Sebrae, e também contribuir para a gestão do
conhecimento nas organizações, estimulando a produtividade e capacidade de inovação, de
modo a gerar empresas mais inteligentes e competitivas.

A Internet
A concepção do Projeto Estudo de Casos para o Portal Sebrae www.sebrae.com.br pretende
divulgar e ampliar o conhecimento das ações do Sebrae e facilitar para as instituições e
profissionais que atuam na rede de ensino, bem como instrutores, consultores e instituições
parceiras que integram a Rede Sebrae, um conteúdo didaticamente estruturado sobre
pequenas empresas, para ser utilizado nos cursos de graduação, pós-graduação, programas de
treinamento e consultoria realizado com alunos, empreendedores e empresários em todo o
País.

O Site dos Casos de Sucesso do Sebrae, foi concebido tendo como referência os modelos
utilizados por Babson College e Harvard Business School , com o diferencial de apresentar
vídeos, fotografias, artigos de jornal e fórum de discussão aos clientes cadastrados no site,
complementando o conteúdo didático de cada estudo de caso. O site também contempla um
manual de orientação para professores e alunos que indica como utilizar e aplicar um estudo
de caso em sala de aula para fins didáticos, além de possuir o espaço favoritos pessoais onde
os clientes poderão salvar, dentro do site do Sebrae, os casos de sucesso de seu maior
interesse

A Gestão do Conhecimento
A partir das 80 experiências empreendedoras de todo o país, contempladas na primeira etapa
do projeto – 2002/2003, serão inseridos em 2004 outros casos de estudo, estruturados na
mesma metodologia, compondo um significativo banco de dados sobre pequenas empresas.

Esta obra tem sido construída com participação e dedicação de vários profissionais, técnicos
do Sebrae, consultores e professores da academia de diversas instituições, com o objetivo de
oportunizar aos leitores estudar histórias reais e transferir este conteúdo para a gestão do
conhecimento de seus atuais e futuros empreendimentos.

Mara Regina Veit


Gerente de Atendimento e Tecnologia do Sebrae/MG, Coordenadora do Sebrae da Prioridade
Potencializar e Difundir as Experiências de Sucesso 2002/2003, Concepção do Projeto Desenvolvendo
Estudo de Casos e Organizadora do Livro Histórias de Sucesso – Experiências Empreendedoras.
Pedagoga, Pós-graduada:Treinamento Empresarial/PUCRS, Administração/ UFRGS, MBA/ Marketing-
FGV/Ohio, Mestranda Administração/FUMEC-MG, autora do livro Consultoria Interna - Use a rede de
inteligência que existe em sua empresa. Ed. Casa Qualidade - 1998.
BURITI: A JÓIA DOS
LENÇÓIS MARANHENSES
MARANHÃO

INTRODUÇÃO

D estino turístico dos mais atraentes no estado do Maranhão, os


Lençóis Maranhenses abrigavam segredos, magia, mãos e mentes
criativas. Suas impressionantes dunas, pontilhadas por lagoas de águas
cristalinas, eram um convite para o turismo ecológico. Mas nem só do
turismo vivia aquela região. Das mãos e da criatividade de seus
artesãos surgiu uma arte diferenciada, da mais rara delicadeza, também
fonte de riqueza e tradição, que precisava ser valorizada.
Inserida no Plano Maior de Turismo do Estado, a região do Parque
Nacional dos Lençóis Maranhenses1 foi beneficiada com um projeto de
turismo, focado na sustentabilidade, que contava com o Sebrae entre
seus parceiros.
Como conseqüência do maior fluxo de visitantes, atraídos pelas
belezas naturais da região, outras atividades econômicas, como o
artesanato, demonstravam possuir amplo potencial de crescimento, desde
que estimuladas e organizadas.
No município de Barreirinhas (porta de entrada do Parque Nacional
dos Lençóis) e Tutóia, localizados respectivamente a 345 km e 456 km da
capital maranhense, o artesanato era um atrativo a mais para os turistas.
Nesses locais, famílias inteiras haviam herdado dos antepassados a
tradição de uso da fibra do buriti (palmeira frutífera abundante em
algumas regiões do Maranhão) como matéria-prima para a confecção
de produtos artesanais de inspiração indígena.
Com a expansão do turismo, existia demanda crescente, mas a
necessidade de melhorias era um imperativo. Apesar da tradição e da

Paula Waldira Bastos Ferreira e Maria do P. Socorro D. C. Serra, Consultoras do Sebrae


Maranhão, elaboraram o estudo de caso sob a orientação de Sandra Regina Holanda
Mariano, baseado no curso Desenvolvendo Casos de Sucesso, realizado pelo Sebrae, Ibmec-RJ
e PUC-RJ.
1
Barreirinhas, Humberto de Campos, Paulino Neves, Primeira Cruz e Santo Amaro.

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003


A FLOR DO BRASIL - DF 2

PEÇA DE RENDA CRIADA PELAS MÃOS DE UMA ARTESÃ

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003

O TALENTO DAS ARTESÃS


BURITI: A JÓIA DOS LENÇÓIS MARANHENSES - MA 3

procura, a produção enfrentava problemas: o acabamento não era o


desejado pelos compradores; a quantidade era insuficiente para atender
à demanda e era limitada a variedade de peças.
Para completar esse quadro, os artesãos trabalhavam de forma isolada,
dificultando a produção e comercialização em escala e, até então, não
tinham vislumbrado no artesanato uma oportunidade econômica
atraente.
Como fazer para que os artesãos ampliassem a pro d u ç ã o ,
desenvolvessem espírito cooperativo, produzissem com qualidade e
criassem novos produtos e, com isso, gerassem ocupação e renda? Eis
o grande desafio.

TECENDO NOVOS CAMINHOS PARA O ARTESANATO


EM FIBRA DE BURITI

A s mãos dos artesãos de Barreirinhas e Tutóia teciam ricas tramas


em palha de buriti, numa tradição reveladora de toda a riqueza cultural
do Maranhão.
Em 2000, após a identificação da oportunidade que o artesanato
poderia representar para a região, uma equipe do Sebrae, formada por
técnicos especializados em artesanato, realizou a primeira visita ao
local, e o que lá encontraram foi a desunião e isolamento dos artesãos
como marca da realidade das duas localidades.
Distribuídos em diversas comunidades dentro dos dois municípios,
os artesãos comercializavam produtos informalmente e de modo isolado.
Com isso, facilitavam a atuação de terceiros que intermediavam as
vendas e se aproveitavam dessa desarticulação para alimentar um
esquema de total exploração. As peças eram adquiridas em regime de
escambo ou comercializadas a preços insignificantes.
Não havia como aferir se essa produção atendia ao merc a d o ,
calcular o volume exato de peças comercializadas nos municípios
naquela época nem a receita gerada a partir dessas vendas.

Coordenação Técnica do Projeto: Flor de Maria Silva e Graça Maria Baldez da Cunha.

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003


BURITI: A JÓIA DOS LENÇÓIS MARANHENSES - MA 4

Estimava-se que eram produzidas cerca de dez peças de bolsas,


sacolas e redes, vendidas na porta das casas. A freqüência dessa
produção oscilava de acordo com as necessidades básicas do artesão, sendo
assim produzidas semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente.
A preocupação dos pro d u t o res era apenas obter recursos de
subsistência.
Na maioria das vezes as mãos que viviam de fazer arte ficavam
quase sempre vazias. Faltava aos artesãos uma estrutura para organizarem
a produção, divulgarem o produto, venderem e obterem uma remuneração
justa. Além disso, o uso de técnicas de tingimento e acabamento,
incompatíveis com os padrões de qualidade exigidos pelo m e rc a d o ,
frustravam qualquer tentativa de ampliação do mercado consumidor.
Em conjunto com o Sebrae/NA e a APEX - Agência de Promoção
de Exportações2, o Sebrae/MA partiu para desenvolver um Projeto
Setorial Integrado (PSI), que além de estruturar o artesanato como
atividade econômica, aportaria recursos para fomentar a exportação
dos produtos artesanais maranhenses, inseridos num contexto de
valorização do próprio artesanato brasileiro que vinha sendo estimulado
pela APEX e seus parceiros.
O sucesso dos produtos de fibra de buriti junto aos estrangeiros
que visitavam o Parque Nacional dos Lençóis e a procura, em todo o
mundo, por produtos diferenciados, possuidores de singularidades
regionais, eram indicativos das grandes chances de sucesso da
empreitada.
As ações foram desenvolvidas em sintonia com as diretrizes do
Programa Sebrae de Artesanato, que tinha a capacitação do artesão como
uma de suas principais estratégias para garantia de sustentabilidade.
Capacitados para gerenciar negócios e melhorar produtos, os
artesãos tiveram condições de responder com uma produção cada vez
melhor, capaz de conquistar espaço no Brasil e mundo afora.
O projeto também investiu em melhorias no acabamento e no
design das peças, estudando novos canais de comercialização com
especial atenção para o mercado externo, estimulou o espírito
cooperativo e a preservação ambiental, porque o buriti era um recurso
2
É um órgão do governo federal, e no estado do Maranhão focaliza a sua atuação nos
pontos críticos na organização, desenvolvimento e consolidação dos núcleos produtores de
artesanato existentes em São Luís e em Região de Barreirinhas e Tutóia (Lençóis
Maranhenses).

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003


BURITI: A JÓIA DOS LENÇÓIS MARANHENSES - MA 5

naturalmente escasso e que precisava ser preservado.


A expectativa era de que aos poucos o artesanato conquistaria seu
espaço, participaria da economia formal, transformar-se-ia numa
atividade valorizada, fonte de produtos identificados com o jeito de ser
do maranhense.
O projeto era também uma estratégia de melhoria socioeconômica
de populações menos favorecidas por meio da valorização de suas
atividades típicas e tradicionais, contribuindo para resgatar a auto-estima
dos grupos envolvidos. Era também uma estratégia de valorização d a
arte maranhense, que passou a ser mais conhecida e divulgada, inclusive
para os próprios maranhenses.
Dessa forma, o projeto colocou nas mãos do artesão tudo o que
ele precisava para transformar talento em renda, ou seja, uma perspectiva
concreta de futuro.
Mas o mais importante investimento seria quase imperceptível.
Com a fibra do buriti, aquelas pessoas criativas poderiam tecer também
novas e mais ricas tramas, novos destinos e sonhos.

PONTO POR PONTO, SURGIRIAM AS TRAMAS DE UM NOVO TEMPO

O Sebrae iniciou sua atuação em Barreirinhas e Tutóia, adotando


uma metodologia de trabalho sustentada em três pilares.
O primeiro ponto seria a preparação do indivíduo para atuar
como empresário/empreendedor em sua atividade ou arte. Nessa fase o
Sebrae sensibilizaria as comunidades através de oficinas de conscientização,
focadas no empreendedorismo, onde seriam evidenciadas ainda noções
básicas de como gerenciar um pequeno negócio, formar pre ç o s , calcular
margens de lucro e planejar o crescimento, entre outros. Isso tudo sem
deixar de lado as peculiaridades da arte maranhense.
No total foram abrangidas 21 comunidades de artesãos, sendo 14

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em Barreirinhas e 7 em Tutóia, o que beneficiou quase 750 pessoas na


região, segundo dados do Projeto de Artesanato do Sebrae/MA.
O segundo pilar foi centrado na organização de grupos para
solucionar necessidades em comum e estimular a atuação em conjunto,
através da formação de associações de artesãos.
Nessa etapa, três pontos caracterizaram as ações: a elaboração do
cadastro de artesãos das duas localidades, que somaram 750 pessoas;
o mapeamento de lideranças e parceiros locais, como, por exemplo,
D. Iranilde, do povoado de Tapuio (em Barreirinha), e Dona Maria dos
Prazeres, de Seriema (em Tutóia) e as prefeituras dos dois municípios
que ajudaram oferecendo apoio logístico para o desenvolvimento das
ações; além da capacitação dos grupos com noções de associativismo
e relações interpessoais, o que facilitou o desenvolvimento do espírito
cooperativo.
O terceiro pilar seria o desenvolvimento dos pro d u t o s , os quais
passaram por um longo processo de revitalização que atendeu também
à necessidade de diversificação, aprimoramento técnico, acabamento,
tingimento, dentre outros.
Para isso, foram programadas oficinas de criatividade, ministradas
por especialistas, tendo como preocupações básicas o respeito às
tradições e o efeito multiplicador para outros artesãos e comunidades.
Outra preocupação marcante foi a preservação dos recursos ambientais,
para que a exploração econômica da atividade não comprometesse a
sobrevivência dos nossos buritizais. Nesse sentido, os artesãos e suas
famílias foram orientados, durante a capacitação, sobre conservação
ambiental.
Em todo esse processo, o envolvimento dos artesãos e a
colaboração das prefeituras locais seriam fundamentais para o sucesso
das ações. E, mais importante, seria necessário o entendimento de que
as mudanças não viriam em curto prazo e dependeria da maior ou
menor articulação entre parceiros institucionais e grupos de artesãos.
Com esse espírito, o projeto também estimularia a criação de pólos de
p rodução, segmentados por linha de produtos e técnicas de
manipulação da fibra de buriti, o que permitiria aos artesãos
compartilhar recursos e possibilitaria a especialização produtiva.
Foram criados os pólos de macramé (para confecção de chapéus e bolsas),
malha de côfo, malha de cascudo, crochê, tela, cestaria (para confecção de
sacolas, caminhos de mesa, descansos de pratos, toalhas etc.), dentre outros.
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As oficinas técnicas, num total de 15, beneficiaram 600 artesãos e


repercutiram na padronização da confecção de peças de um mesmo
modelo; e na melhoria da tecnologia empregada no processo de
tingimento, priorizando pigmentos naturais extraídos da flora regional,
de onde vieram cerca de 40 tonalidades, entre básicas e intermediárias.
Esse aspecto conferiu aos produtos maranhenses um difere n c i a l
importante para o mercado internacional, que desejava "pro d u t o s
ecologicamente corretos", confeccionados sem agressão ao meio ambiente
e identificados com a história local.
Outro aspecto relevante foi o intercâmbio de informações sobre
novas técnicas de tecelagem, produtos e variedades de cores entre as
21 comunidades envolvidas no projeto.
O elemento que alicerçou todas as iniciativas e sustentou as ações
foi a consciência do trabalho cooperativo, que facilitou o alcance dos
objetivos estabelecidos pelo próprio grupo.
O projeto também teve forte influência na divulgação dos
produtos fora do Estado, tendo viabilizado, com o apoio do Sebrae, a
participação em sete feiras e exposições. Dentre estas, nacionalmente,
ressaltamos a 25ª G r i fft Fair, em São Paulo e a 13ª Feira Nacional do
Artesanato, que ocorreu em Belo Horizonte (MG), e internacionalmente
as feiras Tendence e L’Artigiano in Feira que ocorreram, respectivamente,
em Frankfurt (Alemanha) e Milão (Itália).
Devido à excelente aceitação dos produtos, além das vendas diretas
ao consumidor no valor de R$ 53.000,00, foram gerados contatos comerciais
e encomendas em fibra de buriti para uma feira de verão que acontece
em Milão. Os eventos serviram, também, para testar a aceitabilidade
dos 40 produtos artesanais desenvolvidos durante o projeto, além
de conhecer as exigências do mercado consumidor.
Depois das melhorias e já testada a aceitação nos merc a d o s
interno e externo, chegou o momento de apostar mais fortemente nos
canais de comercialização.
Um dos instrumentos que contribuiu para facilitar as operações de
c o m e rcialização foi o Instituto de Desenvolvimento do Artesanato
Maranhense (IDAM), organização sem fins lucrativos. Essa instituição
foi formada por associações de artesãos de todo o Maranhão, entre as
quais associações vindas de Barreirinhas e Tutóia.
O IDAM havia surgido dentro do Projeto "Arte nas Mãos",
desenvolvido pelo Sebrae em conjunto com o Governo do Maranhão,
HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003
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que tinha por objetivo maior, através da organização do segmento,


levar os artesãos a conquistarem melhores condições de vida. O
projeto trabalhava toda a cadeia, que se iniciava com a capacitação do
artesão até a comercialização dos produtos dentro do país e estruturando-
se para a exportação para outros países.
O IDAM também oferecia apoio financeiro, por intermédio do
Banco do Empreendedor3, uma OSCIP que adotava a política de microcrédito
para estimular o desenvolvimento de pequenos empreendimentos,
inclusive artesanais.
Vinculados ao IDAM, associações de artesãos de Barreirinhas e
Tutóia passaram a contar com apoio na divulgação e comercialização,
através da cessão de instalações e infra-estrutura no "Mercado das
Artes", ponto de venda localizado no Centro Histórico de São Luís, área
de grande fluxo turístico e tombada como Patrimônio Histórico da
Humanidade.
Muito mais do que simples s o u v e n i r s , os produtos artesanais
maranhenses conquistaram espaços em novos segmentos de mercado,
como, por exemplo, moda e acessórios, utensílios domésticos, decoração
e ambientação.
Nessa etapa, um longo processo de melhorias e adequações foi
necessário. Para tanto, os artesãos contaram com a orientação de
c o n s u l t o res do Instituto Centro Cape - Capacitação de Pequenos
Empreendedores, de Minas Gerais (MG), cujos pontos principais foi o
reforço no aprimoramento técnico, design e melhoria dos produtos,
visando à exportação, ao atendimento do padrão do consumidor
externo.
Na atuação externa, os artesãos também contaram com o apoio de
consultores e especialistas em negócios internacionais, que auxiliaram
nas estratégias de promoção, na participação em rodadas de negócios
e mostras internacionais de artesanato, além da comerc i a l i z a ç ã o
propriamente dita fora do Brasil, formação de redes de contato e na
própria divulgação dos produtos.
Outras importantes estratégias foram a elaboração de catálogos e
a criação da home page do artesanato maranhense, que auxiliou na
divulgação e nas operações de comercialização.
3
Criado em 29 de setembro de 1999, tendo entre seus parceiros a GEPLAN – Gerência de
Planejamento do Estado, Fundação Banco do Brasil, Instituto do Homem, Instituto Centro
Cape e Centro de Diretores Logistas do Maranhão.

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003


BURITI: A JÓIA DOS LENÇÓIS MARANHENSES - MA 9

CONCLUSÃO

A experiência em Barreirinhas e Tutóia encontrava-se em fase de


expansão com a incorporação de 100 novos artesãos no IDAM e
também com as primeiras encomendas vindas do exterior, a exemplo
de bolsas encomendadas por clientes de Berlim, na Alemanha,
resultado da participação na Feira Tendence, em Frankfurt.
A inserção no mercado internacional foi sendo planejada passo a
passo, partindo de uma intervenção organizada, levando em conta que
as possibilidades de sucesso, embora fartas, exigiam uma postura
estratégica para que esse mercado se ampliasse cada vez mais,
trazendo oportunidades e ganhos para os empreendedores.
Nesse sentido, os maiores desafios foram assegurar a sustentabilidade
da atividade, partindo da ampliação do volume de produção existente,
da adoção de estrutura gerencial e da verificação do que poderia ser
melhorado para que os artesãos pudessem, então, se comprometer
com vendas maiores.
Além disso, prosseguiram as ações de prospecção de mercados,
estudos de tendências e produtos de maior aceitação, compradores, o
levantamento das dificuldades de divulgação e a seleção dos meios de
promoção comercial mais adequados, direcionados para ampliar as
vendas, que nos primeiros meses somaram R$ 5.000,00. Contribuindo
para aumentar a renda dos artesãos, o atendimento da demanda
oriunda do IDAM representou também um indicativo da crescente
procura pelo artesanato produzido, especialmente bolsas e chapéus do
tipo exportação.
A experiência também repercutiu positivamente em municípios
vizinhos, onde o artesanato era vocação natural.
Entretanto, ao replicar a experiência para novas comunidades,
dever-se-ia ter em mente a manutenção da qualidade dos produtos, do
padrão produtivo e da capacidade de inovação, sem sacrificar as
peculiaridades da arte local, mas de modo a assegurar aos artesãos, no
futuro, a desejada autonomia para seguirem em frente, a despeito da
participação de parceiros, como o Sebrae e prefeituras.

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003


BURITI: A JÓIA DOS LENÇÓIS MARANHENSES - MA 10

A experiência dos artesãos de Barreirinhas e Tutóia nos permitiu


imaginar que, se há um instrumento que reinava soberano sob todos
os outros, este era a mão. Mãos que garantiam sobrevivência. Mãos
criativas, construtoras. Mãos que eram olhos para identificar oportunidades
e enxergar o futuro. Mãos que produziram beleza e fizeram surgir o
sublime. Mãos que empreenderam.
Mãos que fizeram história e descobriram, a cada dia, em cada
gesto, a grandeza do universo humano. Mãos feitas para seguir adiante,
para sonhar um futuro melhor. Mãos dos nossos artesãos!

PONTOS PARA DISCUSSÃO

• Seria possível manter a qualidade dos produtos havendo um aumento


e x p ressivo da demanda, mantendo a criatividade e beleza,
características principais dessas peças?

• Sendo a matéria-prima de uma palmeira frutífera e ocorrendo um


consumo em escala, poderiam ocorrer problemas no ecossistema?

• Quais seriam os principais desafios que os artesãos enfrentariam


com a consolidação da atividade artesanal na região?

Diretoria Executiva do Sebrae Maranhão (2002): Afonso Celso Pantoja, João Vicente de
Abreu Neto e Maria do Socorro Haickel.

Agradecimentos:
Flor de Maria Silva - Coordenadora do Projeto e Márcia Roberta dos Santos - Técnica do
Sebrae/MA.

HISTÓRIAS DE SUCESSO - EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2003

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