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Taxa Selic deve fechar o ano em 9%, para grupo que mais acerta
previsões 06/03/2017 8:35
RIO — A conversa é assim: numa mesa de bar, numa prosa descontraída entre um
petisco e outro. Abilio Fernandes se considera o precursor dos bares cults (isto é,
moderninhos e temáticos) do Rio de Janeiro. Aos 71 anos, 44 destes dedicados ao ramo,
ele fundou os bares Só Kana, Catavento e o tradicionalíssimo Manoel & Juaquim, que
este ano completa duas décadas. A conversa foi no primeiro da rede, no Engenho de
Dentro, mas hoje são nove bares, sendo sete franquias e dois de Fernandes e seu sócio
Alex Salles — o Juaquim.
A receita? Segundo ele, é: uma dose de ousadia, duas de criatividade, duas de inovação
e um punhado de surpresa. Misture bem e sirva como se fosse para os seus amigos em
uma festa na sua casa.
— Você precisa surpreender o seu cliente e a sua concorrência. Se não fosse isso, eu
não estaria há 20 anos no mercado. A concorrência tem que ficar preocupada — afirma
o empresário, que compartilha ainda onde encontrar a azeitona desta empada: — Você
deve abrir um bar como se fosse dar uma festa na sua casa. O segredo de um bar é a arte
de receber bem, é preciso trabalhar para agradar os seus amigos.
Na mesa de bar. Para Abilio Fernandes, dono da rede de bares Manoel e Juaquim,
criatividade, humor e a arte de receber bem são as chaves para se reinventar ao longo de
quatro décadas no ramo - Leo Martins / Agência O Globo
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Ao lado de sua mulher, Marlene, ele segue um ritmo juvenil: não dorme antes das 2h e
acorda às 7h durante a semana. A pausa acontece só aos domingos, quando se permite
acordar mais tarde, passear pela cidade e, claro, dar uma checada na concorrência.
Você poderia nos contar como foi sua trajetória na gestão de bares?
O bar hoje é uma rede. Como foi esta ampliação e também a redução do número
de bares que vocês tinham?
FERNANDES: Em abrir o bar só depois das 18 horas, o fato de criar uma marca e
ambientar com uma proposta, de usar o humor como instrumento. Por exemplo, nós
temos o “passaralho”, que é frango a passarinho com muito alho. Podia servir em uma
cumbuca qualquer, mas criamos um suporte especial que imita um galo. Isso faz
diferença. Também colocamos frases divertidas pelo bar.
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FERNANDES: Errar faz parte. Quem não tem coragem, não vai errar. O bom é não
cometer o mesmo erro. Cada erro é uma lição e a cada tropeço eu fiz uma bandeira.
Tem que superar a dificuldade. Escolher bem o sócio. Não é só porque o cara é bacana,
tem que avaliar bem. Eu gosto de todos até que se prove o contrário. Mas nos negócios,
sou o oposto. Você tem que estar atento à quem está se atrelando. Senão, é só dor de
cabeça depois.
O que você diria para quem tem o sonho de abrir um bar ou já tenha um e quer
ampliar?
FERNANDES: Você deve abrir um bar como se fosse dar uma festa na sua casa. As
mesas estão bem dispostas? A equipe está preparada? Você viu se a cozinha está em
ordem e a comida é suficiente? Provou a comida e ela está boa, o tempero gostoso?
Outra coisa, é o mesmo cardápio do ano passado? Porque não pode, tem que mudar.
Qual será o grande momento da festa? E as bebidas, estão geladas? Já viu onde seus
convidados vão estacionar seus carros? Como está a limpeza dos banheiros? Está pronto
para uma possível reclamação? A equipe, orientou para as recepcionistas estarem
sorrindo? E o seu humor... como está hoje? Sim, porque sem isso não dá para dar uma
festa. Ter um bar é a arte de receber bem, você tem que agradar os seus amigos.