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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE

CAMPUS ARACAJU
DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO DE ENSINO
COORDENADORIA DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

JOBSON DOS SANTOS MARINHEIRO GONÇALVES

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA SEMIRRÍGIDEZ DA LIGAÇÃO VIGA-PILAR NA


ESTABILIDADE GLOBAL DE ESTRUTURAS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO
DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS.

MONOGRAFIA

ARACAJU
2017
JOBSON DOS SANTOS MARINHEIRO GONÇALVES

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA SEMIRRÍGIDEZ DA LIGAÇÃO VIGA-PILAR NA


ESTABILIDADE GLOBAL DE ESTRUTURAS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO
DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS.

Monografia apresentada como requisito parcial à


obtenção do título de Bacharel, da Coordenação do
Curso de Engenharia Civil, do Instituto Federal de
Sergipe – Campus Aracaju.
Orientador: Prof. M.Sc. Marcílio Fabiano Goivinho da
Silva.

ARACAJU
2017
Dedico este trabalho a meus pais,
meus irmãos, e a minha noiva.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida.

Aos meus pais, por todo amor, compreensão, e incentivos que me deram
durante toda a minha vida.

A minha noiva Iara, pelo amor e companheirismo, pela compreensão e apoio a


mim dado.

Aos meus irmãos, pela força e confiança em mim depositado.

Ao professor Marcílio Fabiano Goivinho da Silva, pela sabedoria e


conhecimento transmitidos durante minha vida acadêmica, pela paciência e
amizade.

Ao professor José Resende Góes pelo conhecimento, sabedoria e experiência.

Aos professores Rodolfo Santos da Conceição e Euler Wagner Freitas Santos


pelos conhecimentos na área de estruturas.

Aos meus colegas Joaquim e Rodrigo pelo apoio dado na realização desse
trabalho.
Eu tenho saudade do que não vivi. Tenho saudade de lugares onde não fui e
de pessoas que não conheci. Tenho saudade de uma época que não vivenciei,
lembranças de um tempo que mesmo sem fazer parte do meu passado,
marcou presença e deixou legado. Esse tempo, onde a palavra valia mais do
que um contrato, onde a decência era reconhecida pelo olhar, onde as pessoas
não tinham vergonha da honestidade, onde a justiça cega não se vendia nem
esmolava, onde rir não era apenas um direito do rei...
RUY BARBOZA
RESUMO

GONÇALVES, JOBSON DOS SANTOS MARINHEIRO. Análise da influência


da semirrigidez da ligação viga-pilar na estabilidade global de estruturas
em concreto pré-moldado de múltiplos pavimentos. 91 páginas. Monografia
(Bacharelado em Engenharia Civil) – Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Sergipe – Campus Aracaju, 2017.

No presente trabalho são analisados alguns parâmetros de projeto utilizados na


análise da estabilidade global de edifícios em concreto pré-moldado de
múltiplos pavimentos com ligação viga-pilar semirrígido com pilares engastados
na fundação. Verificando-se a sensibilidade da estrutura quanto aos efeitos de
segunda ordem global, sendo esse efeito quantificado através do coeficiente de
majoração γz, contempla-se na pesquisa a não linearidade física do elemento
concreto armado através dos métodos aproximados prescritos na NBR
9062/2017. A tipologia de ligação estudada apresenta chumbador reto com
solidarização da armadura de ligação através da adição de concreto moldado
in loco. A rigidez da ligação é obtida por intermédio da formulação analítica
apresentada na NBR 9062/2017, sendo desprezada a contribuição do efeito de
pino do chumbador na rigidez da ligação. Os modelos estudados apresentam a
modulação padrão verificados em uma investigação do mercado local. As
análises numéricas são realizadas através da implementação da estrutura no
software SAP2000. De modo a verificar a influência da rigidez da ligação viga-
pilar na estabilidade global, variou-se o valor da rigidez da ligação, mensurado
através do fator de restrição à rotação (αr), de forma a observar a sensibilidade
da estrutura a essas variações. Constatando-se a importância da consideração
da rigidez da ligação viga-pilar, em projetos de concreto pré-moldado, mesmo
para pequenas rigidezes, no enrijecimento global. Observou-se que o arranjo
estudado apresenta uma boa resposta quanto à estabilidade global,
evidenciado por meio dos valores obtidos para o coeficiente γz e para o estado-
limite de deformação, sendo esses valores inferiores aos prescritos por norma,
entretanto a sua utilização fica limitada ao momento-limite de escoamento da
armadura de ligação

Palavras-chave: Pré-moldados de concreto, ligações semirrígidas,


estabilidade global, efeitos de segunda ordem.
ABSTRACT

GONÇALVES, JOBSON DOS SANTOS MARINHEIRO. Analysis of the


influence of beam-column semi-rigid on the overall stability of multi-story
precast concrete framed structures. 91 pages. Monograph (Bachelor) –
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – Campus
Aracaju, 2017.

In the present work, some design parameters used in the analysis of overall building
stability in precast reinforced concrete of multiple pavements with semi-rigid beam-
column connection and fixes columns in the foundation are analyzed. The structure
sensibility in relation to global second-order effects was verified, with this effect being
quantified through the safety coefficient γz, and the research covering the reinforced
concrete non-linearity through approximate methods prescribed at NBR 9062/2017. The
connection typology studied shows an anchorage with contributions from the steel bars
through a layer of in situ molded concrete. The connection stiffness is obtained from
the analytical formulation presented by NBR 9062/2017, with the pin effect
contribution from the anchor being neglected in the connection stiffness calculations.
The studied models studied presents the standard modulation verified in a local market
investigation. The numerical analysis are carried out through the structural
implementation at the software SAP2000. In order to verify the influence of the beam-
column connection stiffness on the overall stability, the rotation restriction factor was
varied pretending, in order to observe the sensitivity of the structure to these variations.
Note the importance of consideration of the rigidity of the beam-pillar connection in
precast concrete projects, even for small rigidities, in the global stiffening. Being
verified that the arrangement studied shows a good response regarding the overall
stability, evidenced by means of the values obtained for the safety coefficient γz and for
the limit state design, these values being lower than those prescribed by structural
codes, however, its use is limited to the steel bars moment yield.

Keywords: Precast, semi-rigid connections, overall stability, Second order effects.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ligação com almofada de elastômero e chumbador........................ 24


Figura 2 - Ligação com chapas soldadas ......................................................... 24
Figura 3 - Ligação viga-pilar em galpões pré-moldados................................... 25
Figura 4 - Ligação viga-pilar semirrígida com chumbador reto......................... 25
Figura 5 - Ligação viga-pilar semirrígida com chumbador inclinado................. 26
Figura 6 - Fator de restrição à rotação ............................................................. 27
Figura 7 - Comprimento efetivo da viga para cálculo para o fator de restrição 28
Figura 8 - Rigidez secante ligação viga-pilar .................................................... 29
Figura 9 – Zonas de classificação da ligação quanto à rigidez ........................ 30
Figura 10 - Limites quanto a Resistência total.................................................. 33
Figura 11 - Reta Beam-Line ............................................................................. 34
Figura 12 - Simplificação do modelo de molas ................................................. 37
Figura 13 - Discretização dos componentes de uma ligação viga-pilar em pré-
moldado: (a) momento negativo e (b) momento positivo ................................. 38
Figura 14 - Reações na barra vertical indeformada ......................................... 41
Figura 15 - Reações na barra vertical deformada........................................ 42
Figura 16 - Relação momento-curvatura .......................................................... 43
Figura 17 - Linha elástica de pilar com rigidez equivalente .............................. 45
Figura 18 - Arranjo estrutural padrão ............................................................... 47
Figura 19 - Arranjo estrutural com dois módulos padrões ................................ 48
Figura 20 - Corte na direção y .......................................................................... 49
Figura 21 - Corte na direção x .......................................................................... 49
Figura 22 - Ligação pilar-fundação rígida com colarinho sobre bloco .............. 50
Figura 23 - Modelagem da estrutura ................................................................ 50
Figura 24 - Caracterização da ligação viga-pilar .............................................. 51
Figura 25 - Caracterização do consolo............................................................. 52
Figura 26 - Limites para deslocamentos globais .............................................. 54
Figura 27 - Consideração da não linearidade no SAP2000 ............................. 55
Figura 28 - Associação de pórticos planos ....................................................... 56
Figura 29 - Esquema estático da estrutura ...................................................... 58
Figura 30 - Classificação dos Pórticos ............................................................. 59
Figura 31 - Áreas de Influência ........................................................................ 60
Figura 32 - Áreas Frontais Efetivas .................................................................. 64
Figura 33 - Simplificação da seção resistente da viga ..................................... 69
Figura 34 - Tipologia da ligação viga-pilar ........................................................ 69
Figura 35 - Localização dos pilares .................................................................. 70
Figura 36 - Idealização da ligação viga-consolo............................................... 70
Figura 37 - Consideração da rigidez da ligação no SAP2000 .......................... 71
Figura 38 - Momento de engastamento perfeito............................................... 72
Figura 39 - Aproximação em apoios extremos ................................................. 73
Figura 40 - Modelo 1 com 5 pavimentos .......................................................... 75
Figura 41 - Modelo 2 com 5 pavimentos .......................................................... 75
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 1 .................... 76


Gráfico 2 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 2 .................... 77
Gráfico 3 - Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo 1
......................................................................................................................... 79
Gráfico 4 - Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo 2
......................................................................................................................... 80
Gráfico 5 - Influência da quantidade de aço na estabilidade para o Modelo 1
com Pilar de Extremidade ................................................................................ 81
Gráfico 6 - Influência da quantidade de aço na estabilidade para o Modelo 2
com Pilar Extremidade ..................................................................................... 81
Gráfico 7 - Influência da quantidade de aço na estabilidade para o Modelo 2
com Pilar de Intermediário................................................................................ 82
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação da rigidez da ligação a partir do αr ............................ 28


Tabela 2 - Resumo dos limites de classificação à rigidez ................................ 31
Tabela 3 - Valores limites de classificação quanto à rigidez ............................ 32
Tabela 4 - Classificação das ligações Semirrígidas ......................................... 35
Tabela 5- Modelos estudados .......................................................................... 48
Tabela 6 - Limite de deslocamentos horizontais globais .................................. 54
Tabela 7 - Situações de cálculo de uma viga pré-moldada .............................. 58
Tabela 8 - Resumo dos carregamentos permanentes ..................................... 62
Tabela 9 - Ação do vento na estrutura com 5 pavimentos ............................... 64
Tabela 10 - Ação do vento na estrutura com 6 pavimentos ............................. 64
Tabela 11 - Coeficiente de ponderação das ações permanentes .................... 66
Tabela 12 -Fator de redução para as ações varáveis ...................................... 67
Tabela 13 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 1................... 76
Tabela 14 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 2................... 77
Tabela 15 – Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo
1 ....................................................................................................................... 78
Tabela 16 - Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo
2 ....................................................................................................................... 79
Tabela 17 - Coeficiente γz para o Modelo 1- 5 pavimentos ............................. 83
Tabela 18 - Coeficiente γz para o Modelo 1 - 6 pavimentos ............................ 83
Tabela 19 - Parâmetros críticos para o Modelo 1............................................. 84
Tabela 20 - Coeficiente γz para o Modelo 2 - 5 pavimentos ............................ 85
Tabela 21 - Coeficiente γz para o Modelo 2 - 6 pavimentos ............................ 86
Tabela 22 - Parâmetros críticos para o Modelo 2............................................. 86
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 19
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 19
1.3 METODOLOGIA ............................................................................................ 20
2 ELEMENTOS PRÉ-MOLDADOS....................................................................... 21
2.1 GENERALIDADES ....................................................................................... 21
2.2 HISTÓRICO ................................................................................................... 22
2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAÇÕES........................................................... 26
2.3.1 Classificação Quanto à Rigidez........................................................... 27
2.3.2 Classificação Quanto à Resistência .......................................................... 32
2.4 MÉTODOS PARA DETERMINAR O COMPORTAMENTO EFETIVO
DAS LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS ........................................................................ 35
2.4.1 Modelo Mecânico ................................................................................... 36
2.4.2 Método Analítico da NBR 9062/2017 ................................................. 38
3 ESTABILIDADE GLOBAL ................................................................................... 41
3.1 PARÂMETRO DE INSTABILIDADE α ....................................................... 43
3.2 COEFICIENTE 𝛾𝑧 ............................................................................................... 45
4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 47
4.1 GENERALIDADES ....................................................................................... 47
4.2 MODELO ESTRUTURAL ............................................................................ 56
4.3 AÇÕES ........................................................................................................... 59
4.3.1 Ações Permanentes .............................................................................. 60
3.2.2. Ações Variáveis ......................................................................................... 62
4.4 COMBINAÇÕES DE AÇÕES ...................................................................... 65
4.5 CARACTERIZAÇÃO DA LIGAÇÃO ........................................................... 68
4.5.1 Rigidez de Referência (𝛼𝑟, 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎) ............................................. 71
4.6 RESULTADOS .............................................................................................. 74
4.6.1 Influência da Rigidez da Ligação Viga-Pilar na Estabilidade .............. 75
4.6.2 Influência da Rigidez nos Deslocamentos Horizontais ........................ 78
4.6.3 Influência da Quantidade de Armadura de Ligação ............................. 80
4.6.4 Análise dos Modelos de Referência Estudados .................................... 82
5 CONCLUSÕES....................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 90
16

1 INTRODUÇÃO

A construção civil quando comparada com outros ramos industriais,


encontra-se atrasada, por apresentar baixos índices de produtividade e
qualidade, grande desperdício de matérias e a morosidade intrínseca aos
métodos construtivos tradicionais. Uma alternativa ao método construtivo
tradicional, que consiste em estruturas reticuladas em concreto armado
moldado in loco, é a utilização do concreto pré-moldado (EL DEBS, 2000).
A pré-moldagem é uma variante do concreto armado moldado in loco
onde os elementos são moldados fora do local de utilização definitivo na
estrutura. Segundo Vasconcelos (2002), não se pode datar o início da pré-
moldagem. O próprio nascimento do concreto armado veio acompanhado da
moldagem de elementos fora do seu local de utilização. Sendo que um dos
primeiros registros sobre a utilização de elementos pré-moldados data de 1891,
com a utilização de vigas de concreto pré-moldado no Cassino de Biarritiz, em
Paris.
Segundo Vasconcelos (2002), a primeira notícia que se tem de uma obra
de grande porte a utilizar elementos pré-moldados no Brasil, foi na execução
do hipódromo da Gávea, localizado no Rio de Janeiro. A empresa
dinamarquesa Christiani-Nielsen executou em 1926 a obra completa do
hipódromo da Gávea, com a aplicação de diversos elementos pré-moldados,
dos quais se destacam as estacas nas fundações e as cercas no perímetro da
área reservada ao hipódromo.
No entanto a utilização de elementos pré-moldados foi impulsionada
apenas no período pós Segunda Guerra Mundial, pois a Europa encontrava-se
destruída e com um grande déficit de habitações e infraestrutura, havendo
assim a necessidade do desenvolvimento de técnicas construtivas que
priorizassem a racionalização e a produtividade.
Entretanto, de acordo com Salas (1988), entre as décadas de 70 e 80
ocorreram acidentes com alguns edifícios construídos em grandes paineis pré-
moldados. Esses acidentes provocaram uma rejeição por parte da população a
esse tipo de método construtivo, além de uma profunda revisão nos conceitos
de utilização nos processos construtivos em pré-moldados.
17

A concepção de uma estrutura em pré-moldados aproxima-se muito da


de uma estrutura em concreto armado moldado in loco, inclusive no
dimensionamento dos elementos componentes. Entretanto, durante o processo
de elaboração do projeto em pré-moldados deverá ater-se a algumas
particularidades intrínsecas ao sistema construtivo, tais como:
 Considerar os elementos pré-moldados em situações transitórias, essas
situações correspondem às fases de desmoldagem, transporte,
armazenamento e montagem em que as solicitações podem divergir de
maneira desfavorável das solicitações dos elementos em sua posição
definitiva;
 A necessidade de realizarem-se ligações entre os elementos pré-
moldados.
Segundo Ferreira (1999), “Do ponto de vista do comportamento
estrutural, a presença de ligações é o que diferencia basicamente uma
estrutura de concreto pré-moldado de uma estrutura convencional.”
Segundo a NBR 9062/2017, as ligações são “Dispositivos utilizados para
compor um conjunto estrutural a partir de seus elementos, com a finalidade de
transmitir os esforços solicitantes, em todas as fases de utilização, dentro das
condições de projeto, mantendo a durabilidade durante a vida útil da estrutura.”
A resposta das ligações aos esforços atuantes que irá determinar o
modelo estrutural a ser adotado pelo projetista. Segundo Sawasaki (2010) as
ligações entre pré-moldados podem apresentar um comportamento que pode
variar entre o articulado e a perfeitamente rígida, sendo esse comportamento
intermediário o semirrígido.
Wilson e Moore (1917) são considerados os pioneiros no estudo das
ligações semirrígidas. Em 1917 eles realizaram estudos para verificar a rigidez
de ligações viga-pilar rebitadas em estruturas metálicas (SOARES, 1998).
Ainda segundo Soares (1998) no âmbito dos pré-moldados de concreto,
cita-se, como precursor do estudo da semirrigidez das ligações o programa de
pesquisa experimental em ligações de estruturas pré-moldadas de concreto
realizado em 1960 pela Portland Cement Association (PCA).
A influência das ligações na construção em pré-moldados é tão
preponderante que alguns especialistas afirmam que a dificuldade em seu
projeto e em sua execução é que tem impedido a superação dos métodos
18

construtivos tradicionais pelo pré-moldado (ORDONEZ1 et al., 1974 apud


MIOTTO, 2002).
As ligações articuladas são as mais difundidas no mercado de pré-
moldados, pois apresenta facilidade executiva e baixo custo quando se
comparado com as ligações rígidas. Entretanto essa tipologia de ligação é um
fator limitante ao amplo uso desse método construtivo, estando essa tipologia
associada a edifícios de pequenas alturas. Pois nas ligações articuladas não
existe o efeito de pórtico na estrutura, nesses casos a estabilidade global da
estrutura é garantida apenas pela rigidez dos pilares isolados, o que torna os
elementos componentes da estrutura mais robustos.
Enquanto as ligações rígidas apresentam um alto grau de dificuldade na
realização das ligações e um alto custo associado, concebendo-se assim um
modelo estrutural em pórticos, havendo uma melhor distribuição dos esforços,
tornando a estrutura mais estável a ação das cargas verticais e horizontais.
A utilização de modelos idealizados em estruturas de concreto pré-
moldado, desprezando-se o comportamento efetivo das ligações, pode ser
eficaz, embora não seja o mais econômico. Considerar o efeito da semirrígidez
das ligações leva a significativa economia relacionada à mão-de-obra
necessária para realizar as ligações rígidas ou à redução das dimensões dos
elementos quando utilizada as ligações articuladas (MIOTTO, 2002).
“A estabilidade global de estruturas em concreto pré-moldado sofre
grande influência de suas ligações, uma vez que a absorção dos esforços pela
ligação limita a deslocabilidade da estrutura” (MARIN, 2009).
Segundo Giongo (2007), nos edifícios em concreto armado as atuações
dos carregamentos horizontais e verticais provocam deslocamentos nos nós da
estrutura. A essa mudança na geometria da estrutura denomina-se não-
linearidade geométrica (NLG) e pressupõe, a princípio, um equilíbrio na
posição deformada, sendo as equações de equilíbrio formuladas com a
estrutura em sua posição deformada, havendo o incremento de esforços
solicitantes (Efeitos de 2ª Ordem) nos elementos estruturais.
Portanto o estudo do comportamento efetivo das ligações viga-pilar,
levando-se em consideração a semirrígidez das ligações, é de extrema

1
ORDÓNEZ, J A. F. (1974). Prefabricación: teoría y práctica. Barcelona, Editores Técnicos
Associados.
19

importância para determinar o grau de estabilidade das estruturas pré-


moldadas de concreto (SOARES, 1998).

1.1 JUSTIFICATIVA

A Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9062/2017: Projeto e


execução de estruturas em concreto pré-moldado, apresentou uma formulação
analítica para a determinação da rigidez secante para a relação momento-
curvatura da ligação viga-pilar, a fim de facilitar a utilização dessa tipologia de
ligação em projetos usuais em concreto pré-moldado.
O estudo do comportamento efetivo da ligação viga-pilar fornece aos
projetistas estruturais parâmetros capazes de induzir a uma modelagem
estrutural mais fidedigna ao seu comportamento real, contribuindo para a
difusão desse sistema construtivo.

1.2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a influência da


semirrigidez da ligação viga-pilar na estabilidade global em edificações usuais
em concreto pré-moldado de múltiplos pavimentos, verificando-se a
necessidade da consideração ou não dos efeitos de segunda ordem na
estrutura, medido através do coeficiente γ .
Os objetivos específicos são:
 Verificar a estrutura quanto ao estado-limite de deformação;
 Verificar os parâmetros críticos apresentados na estruturas
estudadas;
 Verificar a influência da quantidade de armadura de ligação no
enrijecimento da ligação;
 Verificar a importância da consideração da semirrigidez da
ligação viga-pilar para fatores de restrição a rotação menores que
0,15.
20

1.3 METODOLOGIA

Foram utilizados alguns procedimentos técnicos no desenvolvimento do


presente trabalho com o intuito de analisar a influência do comportamento
efetivo das ligações resistentes aos momentos fletores negativos na
estabilidade global de estruturas de múltiplos pavimentos.
Foi realizado uma revisão bibliográfica com o estudo da arte do concreto
pré-moldado com ênfase nas ligações viga-pilar semirrígidas.
Concomitantemente a revisão bibliográfica foi realizado um estudo do mercado
de pré-moldados no Estado de Sergipe, com o intuito de verificar as dimensões
padrão utilizadas nesse mercado e o seu desenvolvimento tecnológico. Sendo
definido posteriormente a essa análise a modulação padrão a ser utilizada no
presente trabalho e a quantidade de modelos estudados, sendo denominados
modelos de referência.
As rigidezes da ligação viga-pilar foram obtidas através da formulação
analítica apresentada na NBR 9062/2017.
As análises numéricas são realizadas com o auxílio do programa
SAP2000, sendo a estrutura modelada como uma associação em série de
pórticos planos, verificando-se a segurança da estrutura segundo os critérios
analisados.
Como forma de verificar a influência da rigidez da ligação viga-pilar na
estabilidade global foi variado nos modelos de referência o valor das rigidezes
da ligação, quantificado através do fator de restrição à rotação, de modo a
verificar a sensibilidade da estrutura a essa variação.
21

2 ELEMENTOS PRÉ-MOLDADOS

2.1 GENERALIDADES

Segundo Carvalho e Filho (2014), existem basicamente dois tipos de


estruturas em concreto armado, o moldado in loco e o pré-moldado, e a
utilização de um determinado método dependerá de diversos fatores, entre os
quais pode-se citar, o tempo de execução do projeto, a disponibilidade de
equipamentos, entre outros fatores.
Ainda segundo Carvalho e Filho (2014), apesar de ser possível
identificar os elementos componentes das estruturas em concreto armado
moldado in loco, não se pode fazer uma separação física entre os elementos.
Por essas estruturas se comportarem com sendo um elemento só (monolítico)
realizar uma análise do comportamento real da estrutura é algo trabalhoso e
nem sempre possível. Sendo necessário para realizar-se uma análise estrutural
com resultados satisfatórios, utiliza-se a discretização da estrutura monolítica
em elementos cujo comportamento é conhecido e de fácil estudo.
Já nas estruturas pré-moldadas por os elementos serem produzidos
isoladamente e fora do seu local definitivo de utilização, com a realização de
solidarização das peças nos seus locais definitivos, as ligações são regiões de
pouca continuidade, geralmente classificadas em flexíveis, o que torna os
modelos adotados na discretização dos elementos mais condizente com a
realidade (CARVALHO e FILHO, 2014).
Entretanto, as tipologias típicas de ligações utilizadas nas estruturas de
concreto pré-moldado apresentam comportamento semirrígido, conforme
demonstrados em vários estudos experimentais disponíveis na literatura
técnica (AGUIAR, 2010).
As ligações nas estruturas pré-moldadas não podem ser consideradas
como sendo apenas um ponto nodal da estrutura, mas como sendo uma região
de comportamento singular, com uma alta concentração de tensões, onde as
deformações e deslocamentos, mesmo sobre regime de cargas de serviço,
podem não ser desprezáveis (FERREIRA, 1999).
22

Segundo Marin (2009), a estabilidade das estruturas de concreto pré-


moldado de múltiplos pavimentos pode ser garantida de diversos modos,
segundo o modelo estrutural adotado. No sistema constituído por pórticos, a
estabilidade global é garantida pelo enrijecimento das ligações viga-pilar, com
os pilares engastados na fundação. O que evidência a importância do estudo e
determinação do grau de rigidez desse tipo de ligação na análise da
estabilidade global da estrutura.

2.2 HISTÓRICO

Segundo Baldissera (2006), o estudo do comportamento das ligações


entre elementos pré-moldados ganhou notabilidade na classe técnica no início
da década de 60, e tinha como objetivo aumentar o banco de dados,
compreender e sistematizar os projetos de estruturas em pré-moldados.
Destacando-se na época o programa de pesquisa desenvolvido pela Portalnd
Cement Association (PCA), com o estudo da continuidade de elementos pré-
moldados em duplo T para pisos em Rostasy (1962), o estudo da resistência
do apoio no topo de pilares para vigas pré-moldadas de Kris e Raths (1963),
entre outros estudos relevantes.
No ano de 1986 teve início o Precast Prestressed Concrete Institute -
Specially Funded Research and Development Program 1 and 4 (PCI-SFRAD),
com o objetivo de reunir um acervo sobre as ligações utilizadas nos Estados
Unidos, o resultado desse estudo foi publicado no PCI Journal com o título de
“Moment Resistant Connections and Simple Connections” (SAWASAKI, 2010).
Segundo Baldissera (2006) em 1990 o Centre d’Etudes et de
Recherches de l’industrie du Béton (CERIB) iniciou o programa de pesquisa
denominado de Investigation of Behavior of Semi-rigid Connections com a
intenção de estudar o comportamento efetivo de diversas tipologias de ligações
tais como: viga-pilar, viga-viga, entre outros tipos, com destaque para as
ligações entre elementos de estruturas em esqueleto.
No ano de 1991 surgiu o COST C1 “Control of the Semi-rigid Behavior
of Engineering Structural Connections”, com o apoio financeiro e de
23

colaboração técnica da comunidade Européia, com o objetivo de estudar o


comportamento das ligações semirrígidas, observando-se o comportamento
dessas ligações no desempenho global da estrutura. Participaram desse
estudo 23 países onde foram publicados 125 artigos sobre estruturas de aço,
concreto armado e protendido, estruturas mistas e compósitos poliméricos.
No Brasil, a Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São
Paulo (EESC-USP) tem dado grande contribuição ao meio técnico, sobre o
estudo do comportamento das ligações semirrígidas entre elementos
componentes das estruturas em esqueleto. Sendo criado em 2004, o Núcleo de
Estudos e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto (NETPre) com o intuito de
atuar no desenvolvimento de pesquisa científica e de tecnologia, na
transferência de tecnologia e disseminação de conhecimento técnico.
Ballarin (1993) iniciou a pesquisa sobre o comportamento estrutural das
ligações entre elementos pré-moldados de concreto, realizando uma profunda
revisão bibliográfica das principais tipologias de ligações utilizadas,
apresentando metodologias para classificação das tipologias das ligações.
Realizou-se também uma avaliação crítica do estado da arte, através da
revisão sistemática dos principais requisitos de desempenho das ligações.
Ferreira (1993) realizou um estudo sobre as deformabilidades em
ligações típicas de estruturas de concreto pré-moldado, através de métodos em
que se consideram os mecanismos básicos de deformação dos elementos que
compõem as ligações. Apresentando métodos analíticos para a determinação
da rigidez das ligações.
Prosseguindo o seu estudo, Ferreira (1999) ensaiou duas ligações
típicas viga-pilar de concreto pré-moldado. A primeira ligação é uma ligação de
almofada de elastômero e chumbador (Figura 1) submetidas à flexão,
cisalhamento e torção. A segunda ligação (Figura 2) é uma ligação resistente a
flexão com chapas soldadas. A partir dos resultados experimentais, observou-
se que os métodos analíticos estudados por Ferreira (1993) para a
determinação da deformabilidade das ligações obtiveram uma boa estimativa
para os valores experimentais.
24

Figura 1 - Ligação com almofada de elastômero e chumbador

FONTE: Ferreira (1999)

Figura 2 - Ligação com chapas soldadas

FONTE: Ferreira (1999)

Soares (1998) estudou a deformabilidade das ligações viga-pilar e a sua


influência na distribuição de tensões em galpões pré-moldados com telhados
em duas águas, executada através de consolo e chumbador (Figura 3) através
de simulações numéricas e ensaios físicos. A partir dos resultados de seu
estudo foram elaboradas recomendações de projeto para os galpões pré-
moldados.
25

Figura 3 - Ligação viga-pilar em galpões pré-moldados

FONTE: Soares (1998)


Miotto (2002) estudou duas ligações viga-pilar em concreto pré-moldado
com ênfase na deformabilidade da ligação ao momento fletor. A primeira
ligação, dando continuidade ao trabalho de Soares (1998), foi executada sobre
consolo com chumbador. A segunda ligação é utilizada em edifícios de
múltiplos pavimentos, conforme a Figura 4. Foi proposto a partir dos resultados
obtidos na pesquisa modelos analíticos para determinar a rigidez das ligações
estudadas.
Figura 4 - Ligação viga-pilar semirrígida com chumbador reto

FONTE: Miotto (2002)


Baldissera (2006) realizou um estudo experimental em uma ligação viga-
pilar de estrutura pré-moldada, conforme a Figura 5, com almofada e
chumbador inclinado, parcialmente resistente a momento fletor. Essa pesquisa
26

foi uma continuação do trabalho de Miotto (2002), diferindo dos estudos a


forma dos chumbadores.
Figura 5 - Ligação viga-pilar semirrígida com chumbador inclinado

FONTE: Baldissera (2006)

2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAÇÕES

Segundo Sawasaki (2010), as ligações podem ser classificadas quanto à


rigidez e sua resistência. Segundo o critério de rigidez podem ser classificadas
em: articuladas, semirrígidas e rígidas. Enquanto no de resistência em:
articuladas, de resistência parcial e de resistência total.
Nos itens sequentes serão discriminados as classificações das ligações
quanto aos critérios de rigidez e resistência, respectivamente.
O estudo do comportamento efetivo das ligações em estruturas
metálicas é bastante difundido no meio técnico, quando se comparado as
ligações efetuadas em estruturas de concreto pré-moldado, através de
publicações e normas técnicas, sendo valido utilizar os domínios apresentados
27

nas estruturas metálicas nas ligaçõe


ligaçõess entre elementos pré-moldados
pré
(BALDISSERA, 2006).
Ainda segundo Baldissera (2006)
(2006), a escolha da tipologia da ligação e a
classificação enquanto a rigidez e a resistência são fundamentais para o tipo
de análise estrutural requerida
requerida. Quando realizada análise elástica o fator
primordial
dial é a classificação da ligação enquanto sua rigidez, enquanto para
análises plásticas do comportamento da ligação o fator primordial é a
resistência e a capacidade rotacional da ligação.

2.3.1 Classificação Q
Quanto à Rigidez

Segundo Melo (2007)


(2007), um parâmetro bem intuitivo capaz de relacionar a
rigidez da ligação viga-pilar
pilar com a do elemento a ele conectado é o parâmetro
α introduzido pela NBR 9062 em sua segunda edição publicada em 2006.
Sendo o valor de α podendo variar de 0 a 1, sendo 0 a situação d
de articulação
perfeita e 1 o de engastamento perfeito.
“O fator de restrição a rotação pode ser definido pela razão da rotação
θ da extremidade do elemento em relação à rotação combinada θ do
elemento e da ligação, devido ao momento de extremidade
extremidade” (NBR 9062/2017).
Na figura 6 pode--se observar a rotação relativa entre os elementos, que
caracterizam o fator de restrição à rotação.
Figura 6 - Fator de restrição à rotação

FONTE: NBR 9062/2017


28

O fator de restrição à rotação (α ) representa de forma adimensional a


restrição à rotação da ligação podendo, segundo a NBR 9062/2017, ser
definido conforme a equação a seguir:
θ ( )
α =θ = 1+ (Eq. 1)

onde
(EI) : É a rigidez secante da viga considerada na análise;
R : É a rigidez secante ao momento fletor da ligação viga
viga-pilar;
L : É o vão efetivo entre os centros de giro nos apoio
apoioss da viga, definido
conforme a Figura 7.

A Tabela 1 mostra as faixa


faixass de rigidezes consideradas pela NBR 9062/2017.
Tabela 1 - Classificação da rigidez da ligação a partir do αr
Tipo de Ligação

Articulada Semirrígida Rígida

α < 0,15 0,15 ≤ αr < 0,85 α ≥ 0,85

FONTE: NBR 9062/2017

Figura 7 - Comprimento efetivo da viga para cálculo para o fator de restrição

FONTE: NBR 9062/2017


29

A NBR 9062/2017 define a rigidez ao momento fletor de uma ligação


viga-pilar
pilar pela sua relação momento
momento-curvatura, pode-se considerar a não-
linearidade dass ligações, utilizando uma análise linear aproximada de forma
simplificada através da rigidez secante da ligação (R ),, conforme a Figura 8-a.
A rotação localizada na região da ligação na extremidade da viga, associada à
rigidez secante, deve ser medi
medida no centro de giro do apoio,, Figura 8-b.
8
Figura 8 - Rigidez secante ligação viga-pilar

FONTE: NBR 9062/2017

Aguiar (2010) classifica a rigidez das ligações segundo duas normas


americanas de estruturas de aço, sendo a primeira norma a AISC/LFRD2
tipos.. E segunda norma a AISC/ASD3
(1986) que classifica as ligações em dois tipos
(1989) que classifica as ligações em três tipos.
Classificação da norma AISC/LFRD (1986):
i. Tipo FR (Fully Restrained) – Ligações completamente restringidas. Em
que é garantida a continuidade da estrutura e as rotações relativas dos
elementos são totalmente restringidas;
ii. Tipo PR (Partially Restrained) - Ligações parcialmente restringidas. Em
que a rigidez da ligação é insuficiente para manter o ângulo original
entre os elementos conectados inalterado.

Classificação da norma AISC/


AISC/ASD (1989):

2
AMERICAN INSTITUTE OF STEEL CONSTRUCTION (1986). Manual of steel construction:
st
load and resistance factor design. 1 ed., Chicago, USA.
3 st
AMERICAN INSTITUTE
STITUTE OF STEEL CONSTRUCTION (1989). Steel construction manual. 9
ed. Chicago, USA.
30

i. Tipo 1: Ligações rígidas – classe na qual a rotação relativa entre os


elementos conectados se mantém praticamente inalterado após a
solicitação, admitindo-se rotações inferiores a 10% da situação
correspondente a articulação perfeita;
ii. Tipo 2: Ligações articuladas – classe na qual a rotação relativa entre os
elementos conectados deve ser superior 80% da situação
correspondente a articulação perfeita;
iii. Tipo 3: Ligação semirrígida – classe na qual a rotação relativa entre os
elementos conectados deve estar situada na faixa entre 10% a 80% da
situação correspondente a articulação perfeita.

O Eurocode 3 (2010) apresenta três zonas de classificação para as


ligações, sendo a primeira zona, rígida, a segunda semirrígida e a terceira
articulada. Sendo os seus limites apresentados a seguir e conforme a Figura 9:
i. Zona 1 - 𝑆 𝐾 𝐸𝐼 /𝐿 , sendo 𝐾 = 8 para estruturas indeslocáveis e
𝐾 = 25 quando em todos os pisos a relação 𝐾 /𝐾 ≥ 0,1, caso essa
relação seja menor que 0,1 a ligação deve ser considerada semirrígida;
ii. Zona 2 – 0.5 𝐸𝐼 ⁄𝐿 < 𝑆 < 𝐾 𝐸𝐼 /𝐿 ;
iii. Zona 3 - 𝑆 0.5 𝐸𝐼 /𝐿 .

Onde:

𝐼 : momento de inércia da viga;

𝐼 : momento de inércia do pilar;

𝐿 : vão de uma viga (entre eixos do pilar);

𝐿 : altura de piso de um pilar;

𝐾 : valor médio de 𝐼 /𝐿 ;

𝐾 : valor médio de 𝐼 /𝐿 ;
Figura 9 – Zonas de classificação da ligação quanto à rigidez

FONTE: Eurocode 3 (2010)


31

A NBR 8800 apresenta em seu texto base os limites apresentados no


Eurocode 3 (2010), diferindo apenas o valor de K que será igual a 25 para
todos os casos analisados. Sendo definida a rigidez inicial da ligação (S ) como
a correspondente a 2⁄3 do momento resistente de cálculo da ligação.
A Tabela 2 resume os valores limites quanto a rigidez estabelecidos
pelas normas Eurocode 3 (2010), NBR 8800 (2008), AISC/ASD (1989) e NBR
9062 (2017).

Tabela 2 - Resumo dos limites de classificação à rigidez

Norma Articulada Semirrígida Rígida

Eurocode 3 𝑆 0.5 𝐸𝐼 /𝐿 0.5 𝐸𝐼 ⁄𝐿 < 𝑆 < 𝐾 ∗ 𝐸𝐼 /𝐿 𝑆 𝐾 ∗ 𝐸𝐼 /𝐿

NBR 8800 𝑆 0.5 𝐸𝐼 /𝐿 0.5 𝐸𝐼 ⁄𝐿 < 𝑆 < 25𝐾 𝐸𝐼 /𝐿 𝑆 25𝐾 𝐸𝐼 /𝐿

Φ > 80% da ligação φ< 10% da ligação


10% < Φ < 80%da ligação
AISC/ASD perfeitamente perfeitamente
perfeitamente articulada
articulada articulada

𝑅
0,53(EI) ⁄L ≤ 𝑅 𝑅 ≥ 17(EI) ⁄L
NBR 9062 < 0,53(EI) ⁄L
⁄L
< 17(EI)

*
𝐾 = 8 para pórticos indeslocáveis e 𝐾 = 25 para pórticos deslocáveis.
FONTE: Aguiar (2010) adaptado pelo Autor

Segundo Baldissera (2006), não há um consenso sobre os valores


limites para a classificação das ligações a partir do critério de rigidez. Os
trabalhos divulgados pelo COST C1 de 1998 apresentam valores distintos para
os limites entre as ligações semirrígidas e rígidas. A Tabela 3 apresenta em
nível de curiosidade alguns dos valores limites para classificação de ligações
rígidas e seus respectivos autores.
32

Tabela 3 - Valores limites de classificação quanto à rigidez

Autores Limites para a classificação rígida

𝐸𝐼 /2𝑑
Bjorhovde, Colson, Brozzetti

𝐸𝐼 /𝑑 (Pórticos deslocáveis)
Bijlaard, Steenhuis
𝐸𝐼 /2,5𝑑 (Pórticos indeslocáveis)

Tschemmernegg, Hunter 3𝐸𝐼 /4𝑑

Mazzolani, De Matteis, Mandara 𝐸𝐼 /𝑑

𝐸𝐼 /𝑏 (Pórticos deslocáveis)
Tschemmernegg, Huber
𝐸𝐼 /3𝑏 (Pórticos indeslocáveis)
4
FONTE: GOMES et al (1998) apud Baldissera (2006)

2.3.2 Classificação Quanto à Resistência

O Eurocode 3 (2010) classifica as ligações a partir do critério de


resistência como articuladas, de resistência parcial e de resistência total,
comparando o valor de cálculo do momento resistente da ligação com o valor
de cálculo do elementos ligados.
i. Ligação Articulada – Devem ser capazes de transmitir os esforços
solicitantes, sem a ocorrência de momento fletores significativos, sendo
o momento resistente da ligação, 𝑀 , , não superior a 25% do valor do
momento resistente de uma ligação de resistência total;
ii. Ligação de Resistência Total – O momento resistente da ligação, 𝑀 , ,
deve ser no mínimo igual ao momento resistente do elementos a ele
ligado, conforme Figura 10;
iii. Ligação de Resistência Parcial – Quando a ligação não puder ser
classificada em articulada ou de resistência total deverá ser classificada
em uma ligação de resistência parcial.

4
GOMES, F. C. T. et al. (1998). Recente developments on classification of joint. In: CONTROL
OF THE SEMI-RÍGID BEHAVIOUR OF CIVIL ENGINEERING STRUCTURAL CONNECTIONS,
COST C1 INTERNATIONAL CONFERENCE, 1998. Cost C1: Proceedings. Liege, Belgium. P.
187-198.
33

Figura 10 - Limites quanto a Resistência total

FONTE: Eurocode 3 (2010)

Sendo:

𝑀 , : Valor de cálculo do momento resistente da ligação;

𝑀 , , : Valor de cálculo do momento resistente da viga;

𝑀 , , : Valor de cálculo do momento resistente do pilar.

Na obtenção do gráfico momento


momento-rotação é possível observar
observ que a
ligação possuiu um limite de proporcionalidade das suas tensões-deformações,
tensões
sendo esse limite associado ao Momento elástico linear (Mi), sendo assim a
rigidez inicial da ligação (Kϕ), associado ao limite de proporcionalidade, é obtida
pelo gradiente
nte da curva momento
momento-rotação.
A rigidez secante (KE) da ligação é definida pela reta que intercepta a
origem do gráfico e o ponto E, caracterizando o início de plastificação da
ligação, sendo definida a sua resistência de projeto (Mlig). A resistência última
últi
da ligação é associada ao seu momento máximo resistido (Mu),
Ferreira (1999) “O método ‘Beam
‘Beam-Line’,
Line’, válido para pórticos
contraventados, foi desenvolvido inicialmente por Batho & Rowan em 1934
para a aplicação no estudo de ligações semirrígidas em estr
estruturas
uturas metálicas.”
Ainda segundo Ferreira (1999)
(1999), o método do Beam-Line
Line permite estimar
o valor da resistência da ligação a partir da sua rigidez. Sendo a reta Beam
Beam-
Line definida a partir da reta que intercepta os pontos de engastamento perfeito
34

(Mp) e de articulação perfeita (ϕrot) na extremidade da viga, conforme a Figura


11. O ponto de interseção da reta Beam-Line com a curva momento-rotação,
no ponto em que a reta da rigidez secante intercepta o gráfico, é definido como
o ponto limite de trabalho da ligação, ponto (E), sendo que se a ruptura ocorrer
abaixo desse ponto limite ocorrerá na ligação caso contrário ocorrerá na região
da viga.
Figura 11 - Reta Beam-Line

FONTE: Ferreira (1999)

Ferreira et al. (2002) apresentam uma proposta de classificação das


ligações semirrígidas, considerando-se os critérios de rigidez e resistência, em
cinco zonas distintas conforme a Tabela 4, a relação entre a rigidez e a
resistência pode ser obtida através do fator de restrição a rotação conforme a
equação a seguir.
α
= α
(Eq. 2)

Onde:
35

M : Momento modificado na extremidade da viga devido à ligação


semirrígida;
M : Momento de engastamento no apoio da viga biengastada.

Tabela 4 - Classificação das ligações Semirrígidas


Fator de restrição a Engastamento Parcial
Classificação
Zonas rotação 𝐌𝐄
das ligações
𝛂𝐫 𝐌𝐑

Zona I 0 ≤ 𝛼 <0,14 0 ≤ 𝑀 ⁄𝑀 < 0,2 Articuladas

Semirrígidas
Zona II 0,14 ≤ 𝛼 <0,4 0,2 ≤ 𝑀 ⁄𝑀 < 0,5 com Restrição
Baixa
Semirrígidas
Zona III 0,4 ≤ 𝛼 <0,67 0,5 ≤ 𝑀 ⁄𝑀 < 0,75 com Restrição
Média
Semirrígidas
Zona IV 0,67 ≤ 𝛼 <0,86 0,75 ≤ 𝑀 ⁄𝑀 < 0,9 com Restrição
Alta
Perfeitamente
Zona V 0,86 ≤ 𝛼 <1 0,9 ≤ 𝑀 ⁄𝑀 < 1
Rígidas
FONTE: Ferreira et al. (2002)

2.4 MÉTODOS PARA DETERMINAR O COMPORTAMENTO EFETIVO DAS


LIGAÇÕES SEMIRRÍGIDAS

Segundo Baldissera (2006), existem basicamente quatro métodos para


determinar o comportamento das ligações semirrígidas, através de ensaios
experimentais, simulações numéricas, modelos mecânicos e modelos
analíticos.
A maneira mais confiável de prever-se o comportamento das ligações
semirrígidas é através de análises experimentais, porém a realização de
ensaios em escala real ou reduzida é algo muito oneroso, inviabilizando a
36

aplicação do real comportamento das ligações nas análises de projetos em


estruturas de concreto pré-moldado. Segundo Baldissera (2006), devido às
problemáticas associadas a análises experimentais tais como, tempo e custo, a
utilização desse método está associado a atividades científicas, sendo
impraticáveis de maneira prática em escritórios de cálculo.
Outro método possível para verificar o comportamento das ligações é
através de simulações numéricas com base no Método dos Elementos Finitos
(MEF), a vantagem de utilizar-se esse método é poder observar o modelo nas
fases linear e não-linear, podendo o projetista fazer análises em 2D e 3D. A
grande dificuldade de obter-se resultados satisfatórios, próximos da realidade,
está na escolha dos elementos e critérios para realização das análises.
(AGUIAR, 2010).
Pode-se verificar também o comportamento das ligações através de
modelos mecânicos, esse método consiste associar os elementos
componentes da ligação, onde o comportamento global da ligação será
governado pela associação do comportamento dos elementos isolados
(AGUIAR, 2010).
Segundo Miotto (2002), o método analítico simplificado pode ser
considerado como uma simplificação do método mecânico em que a curva
momento-rotação é definida através de uma representação matemática
baseada nos principais valores característicos tais como: momento de
plastificação, momento resistente, entre outros. No entanto para obter-se uma
análise satisfatória a partir do comportamento da ligação é necessário o
conhecimento das propriedades mecânicas e geométricas da ligação.

2.4.1 Modelo Mecânico

Segundo Falcón e Montrull (2014) um dos métodos mecânicos mais


utilizados é o método dos componentes, que consiste em identificar na ligação
viga-pilar os diferentes elementos mecânicos que compõem a ligação,
verificando o comportamento de cada elemento isoladamente, e através da
associação desses elementos, definir a rigidez rotacional e a resistência dessa
ligação. Para a obtenção de resultados satisfatórios, próximos da realidade, é
37

necessária a calibração desse método com resultados obtidos através de


análises experimentais.
Segundo o COST C15 (1996) apud Miotto (2002) na utilização do
método dos componentes é necessária a realização de algumas análises
segundo as etapas descritas a seguir:
i. Listagem dos componentes ativos da ligação;
ii. Determinar as propriedades de cada componente da ligação;
iii. Associar os componentes para avaliar o comportamento efetivo -
da ligação.

Baldissera (2006) diz que depois de conhecido os componentes ativos


da ligação e suas respectivas características, podem ser adicionadas molas de
modo a representar o comportamento efetivo das ligações, conforme ilustrado
na Figura 13, onde uma ligação viga-pilar de uma estrutura metálica sujeito a
momento fletor é representada por molas através do método dos componentes.
Ainda segundo Baldissera, na Figura 12-a, a força de tração resistida
pelo momento fletor é resistido pela armadura negativa e por uma linha de
parafusos pertencentes à ligação metálica. Nas Figuras 12-b e c são feitas
simplificações do modelo inicial através da associação das molas, que podem
ser somadas em série ou em paralelo, obtendo-se rigidezes equivalentes.
Figura 12 - Simplificação do modelo de molas

FONTE: Baldissera (2006)

5
COST C1 (1996). Composite steel-concrete joints in braced frames for building. Brussels, Luxembourg.
38

Em El Debs e Marin (2016) é apresentada uma ligação viga-pilar com


solidarização da armadura negativa in loco, com grauteamento, executada
sobre almofada de apoio e chumbador, onde a rigidez e resistência da ligação
são obtidas pela discretização de seus componentes através do método dos
componentes. Na Figura 13 é possível observar os componentes deformáveis
da ligação submetidos ao momento fletor negativo e positivo respectivamente.
Figura 13 - Discretização dos componentes de uma ligação viga-pilar em pré-moldado:
(a) momento negativo e (b) momento positivo

6
FONTE: El Debs e Marin (2016) apud El Debs et al (2010)

2.4.2 Método Analítico da NBR 9062/2017

A NBR 9062/2017 apresenta uma formulação analítica para calcular a


rigidez de algumas ligações típicas entre viga-pilar quando submetidas a
momento fletor negativo.
As ligações típicas abordadas na NBR 9062/2017 são de seção
composta com solidarização in loco, com continuidade da armadura negativa,
através de bainhas corrugadas preenchidas com graute ou através de luvas
inseridas nos pilares. Considerando a tensão máxima admitida nas armaduras
de continuidade igual a 𝜎 ≤ 𝑓 .

6
EL DEBES, M. K.; MIOTTO, A. M.; EL DEBS, A. L. H. C.(2010). Analysis of a semi-rigid
Connection for precast concrete. Proceedings of the Institution of Civil Enfineers Structures and
Buildings.
39

A utilização de métodos analíticos simplificados para o cálculo da rigidez


rotacional da ligação, como o apresentado na NBR 9062/2017, é uma
ferramenta de enorme importância para a aplicação do comportamento efetivo
da ligação, por escritórios de projeto, na concepção de estruturas em concreto
pré-moldado. Visto que, segundo Ferreira (1999), realizar análises estruturais
considerando-se a não linearidade das ligações não seria muito apropriado
para as rotinas de cálculo dos escritórios de projeto.
A NBR 9062/2017 determina através de uma formulação analítica a
rigidez secante para a relação momento-curvatura para algumas seções típicas
de ligações viga-pilar em pré-moldados, sendo a rigidez ponderada por um
coeficiente de ajustamento (k), esse coeficiente é responsável por ajustar a
tipologia de ligação à equação, sendo a equação descrita a seguir:
²
R =k (Eq. 3)

Onde
k: coeficiente de ajustamento da rigidez;
L : comprimento efetivo de deformação por alongamento da armadura
de continuidade;
d: altura útil da seção resistente na ligação negativa;
E : módulo de elasticidade do aço;
A : armadura de continuidade negativa.

A NBR 9062 estabelece critérios a serem observados no projeto e


execução de estruturas pré-moldadas com ligações semirrígidas, devendo
atender ao seguinte:
i. O projeto da ligação deve levar em conta simultaneamente os
critérios de resistência e de rigidez, onde a resistência da ligação
deve ser compatível com os esforços mobilizados em função do
seu comportamento semirrígido efetivo na análise estrutural;
ii. O projeto da estrutura pré-moldada com ligações semirrígidas
pode ser baseado na análise linear aproximada, utilizando a
rigidez secante da ligação (R ). Este procedimento é válido
quando o momento solicitante elástico de projeto
𝑀 , (engastamento perfeito) não exceder o momento-limite de
escoamento 𝑀 , = 0,9A f d, para qualquer combinação de
ações no ELU;
iii. A rigidez secante para a relação momento-rotação da ligação
deve estar baseada em modelos analíticos de referências
técnicas ou na comprovação experimental;
40

iv. Quando houver inversão dos esforços solicitantes; com


superação dos momentos negativos pelos momentos positivos
em decorrência de combinações de ações, onde o vento é uma
ação variável principal, a rigidez da ligação positiva deve ser
levada em conta na análise estrutural;
v. Devem ser considerados os efeitos e carregamentos repetidos
verticais e horizontais e cargas reversíveis, com atenção
particular à deformação incremental nas ligações e fadiga de
baixos ciclos. Nesse caso, a rigidez secante deve ser
considerada pelo menor valor da rigidez obtida a partir da
envoltória de combinações das ações;
vi. No projeto e detalhamento das ligações com fator de restrição
inferior a 0,15, consideradas articuladas, deve-se verificar a
capacidade de acomodação das rotações da ligação para as
situações de estado-limite de serviço ELS e estado-limite último
ELU para evitar o surgimento de esforços não previstos na região
da ligação;
vii. No caso de ligações viga-pilar internas, com armaduras
longitudinais negativas complementares passando nas laterais
dos pilares, na capa estrutural moldada in loco, recomenda-se
garantir um percentual mínimo de 50% da armadura resistente
atravessando os pilares (por meio de bainha grauteada ou por
meio de luvas rosqueadas). A largura das faixas para colocação
da armadura complementar deve ser limitada a 1,5 vez a largura
do pilar. Deve-se dispor de armadura de costura transversal à
armadura complementar, para garantir o seu funcionamento.
41

3 ESTABILIDADE GLOBAL

Segundo Mocayo (2011) a análise de segunda ordem global de edifícios


é imprescindível nos dias atuais. Entre outros fatores, destaca-se, o avanço
tecnológico do concreto, produzindo-se atualmente concretos de elevadas
resistências que tornam os elementos estruturais, especialmente os pilares,
mais esbeltos.
Nos edifícios em concreto armado solicitados simultaneamente a
esforços verticais e horizontais, ocasionam o surgimento de deslocamentos
horizontais nos nós da estrutura, tendendo a estrutura ao equilíbrio na condição
deformada. A essas mudanças significativas em sua geometria, em que as
equações de equilíbrio da estrutura passam a ser formuladas em sua posição
deformada, denomina-se não-linearidade geométrica, esse efeito gera uma
excentricidade nos carregamentos verticais originando assim esforços
solicitantes adicionais, ou de 2ª ordem global (Giongo, 2007).
Na Figura 14 foi considerada uma barra rígida engastada na base e livre
no topo, solicitada concomitantemente a esforços horizontais e verticais
gerando inicialmente um efeito de primeira ordem, sendo valida a sobreposição
de efeitos, onde há compatibilidade entre deslocamentos e deformações.
Figura 14 - Reações na barra vertical indeformada

FONTE: Mocayo (2011)


42

Na Figura 15 é possível verificar a barra em equilíbrio na posição


deformada, gerando um incremento de momento na base da barra igual a
ΔM = F ∗ u, esse incremento de esforço é denominado de efeito de 2ª ordem,
não sendo valida a sobreposição de efeitos.
Figura 15 - Reações na barra vertical deformada

FONTE: Mocayo (2011)

Ainda segundo Giongo (2007) a consideração da não-linearidade física


do material concreto armado, se dá devido ao comportamento não linear do
concreto, caracterizado por sua curva tensão-deformação, sendo o módulo de
elasticidade (E ) do concreto não permanece constante, assim como os valores
dos momentos de inércia (I ) das seções transversais dos elementos variam
em virtude do aparecimento de fissuras nos elementos. Portanto a rigidez (E I )
dos elementos estruturais não permanece constante.
A NBR 6118/2014 permite determinar os efeitos da não-linearidade física
do concreto através da construção da relação momento-curvatura para cada
seção, a figura 16 demonstra essa relação. A norma também permite
considera-se a não-linearidade física de forma aproximada na análise dos
esforços globais de segunda ordem, tomando-se como rigidez dos elementos
estruturais os seguintes valores:
 Lajes: (EI) = 0,3𝐸 𝐼
 Vigas: (EI) = 0,4𝐸 𝐼 para 𝐴 ≠ 𝐴 e
43

(EI) = 0,5𝐸 𝐼 para 𝐴 = 𝐴

 Pilar
Pilares: (EI) = 0,8E I
Onde:
𝐼 : é o momento de inércia da seção bruta de concreto, iincluindo,
ncluindo, quando for o
caso, as mesas colaborantes;
𝐸 : é o módulo de deformação tangente inicial.

Figura 16 - Relação momento-curvatura

FONTE: NBR 6118/2014


A estabilidade global de uma edificação pode ser verificada a
através do
cálculo
lculo dos parâmetros de estabilidade, sendo que alguns desses parâmetros
capazes de estimar os efeitos de segunda ordem na estrutura.
A NBR 6118/2014 descreve dois processos utilizados na verificação da
consideração da dispensa dos esforços de segunda ordem, indicando se a
estrutura pode ser classificada em nós fixos ou móveis, sem a uti
utilização de um
cálculo rigoroso, sendo
endo o parâmetro de instabilidade α e coeficiente γ .

3.1 PARÂMETRO DE INSTABILIDADE α

Segundo Mocayo (2011), o parâmetro α foi deduzido por Beck e Köning


K
em 1967 baseado na Teoria de Euler, esse parâmetro avalia a sensibilidade da
44

estrutura aos efeitos de segunda ordem, entretanto não o quantifica. Em 1985


Franco definem o parâmetro α como sendo um parâmetro de instabilidade. O
parâmetro α somente é aplicável em estruturas reticuladas simétricas.
A NBR 6118/2014 define o parâmetro α conforme a seguinte expressão:
𝛼=𝐻 𝑁 ⁄(𝐸 𝐼 ) (Eq. 4)

com 𝛼 ≤ α1

onde

α = 0,2 + 0,1n se: n ≤ 3

α = 0,6 se: n ≥ 4

onde

n é o numero de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou


de um nível pouco deslocável do subsolo;

H é a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um


nível pouco deslocável;

N é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do


nível considerado para o cálculo de H ), com o seu valor característico;

E I representa o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na


direção considerada. No caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas,
ou com pilares de rigidez variável ao longo da altura, pode ser considerado o
valor da expressão E I de um pilar equivalente de seção constante.

Na determinação da rigidez equivalente deve-se levar em consideração


todos os elementos da estrutura responsáveis pelo seu contraventamento,
sendo o seu valor determinado verificando-se o deslocamento no topo da
estrutura quando submetida a um carregamento lateral uniforme, fazendo-se
com que uma barra de seção constante engastada na base e livre no topo e de
mesma altura da estrutura, conforme Figura 17, possuía um deslocamento no
topo idêntico ao da estrutura (GIONGO, 2007).
Assim a equação da linha elástica da barra (pilar equivalente) fornecerá
o valor da rigidez equivalente, conforme a expressão a seguir:

𝐸𝐼 = 𝑞𝐻 ⁄8𝑎 (Eq. 5)
sendo
45

q: ação lateral uniforme distribuída;


H: altura total da estrutura;
a: deslocamento do topo da estrutura quando submetido à ação lateral
de valor igual a q.
Figura 17 - Linha elástica de pilar com rigidez equivalente

FONTE: Giongo (2007)

A NBR 6118/2014 define valor-limite α = 0,6, para as estruturas usuais


de edifícios, sendo que para associação de pilares-parede e para pórticos
associados a pilares-parede utiliza-se α = 0,6, quando o contraventamento é
garantido apenas pela ação de pilares-parede utiliza-se α = 0,7, quando a
estrutura for constituída apenas por pórticos utiliza-se α = 0,5. Considerando-
se a estrutura de nós fixos se o se seu parâmetro de instabilidade α for menor
que o valor α .

3.2 COEFICIENTE 𝛾

Segundo Mocayo (2011), o coeficiente γz é um parâmetro utilizado para


verificar a estabilidade global de estruturas em concreto armado, mas
diferentemente do parâmetro α, é capaz de quantificar a instabilidade da
estrutura e estimar os esforços de segunda ordem pela simples majoração dos
46

esforços de primeira ordem, esse parâmetro foi desenvolvido por Franco e


Vasconcelos (1991).
Segundo a NBR 6118/2014 a utilização do coeficiente γz somente é
válido para estruturas reticuladas com no mínimo quatro andares, utilizando-se
a não linearidade física dos elementos estruturais através do método
aproximado apresentado nessa norma. Já a NBR 9062/2017 permite a
utilização do coeficiente γz para estruturas em concreto pré-moldado com
ligações semirrígidas com menos de quatro andares, desde que a estrutura
apresente regularidade geométrica.
O valor do coeficiente γz para cada combinação de carregamento é
descrito pela equação a seguir:
𝛾 = ,
(Eq. 6)
, ,

onde
M1,tot,d: é o momento de tombamento referente ao pilar equivalente da
estrutura analisada, ou seja, a soma dos momentos de todas as forças
horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em
relação à base da estrutura;
ΔMtot,d: é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na
estrutura, na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos na
análise de 1ª ordem.
Segundo a NBR 9062/2017 considera-se a estrutura com
deslocabilidade reduzida para a condição γz ≤ 1,10, para a qual
são desprezíveis os efeitos de 2ª ordem. As estruturas pré-
moldadas com ligações semirrígidas são consideradas com
deslocabilidade moderada para o intervalo de 1,10 ≤ γz < 1,30,
permitindo-se neste caso o procedimento aproximado para a
determinação dos esforços globais de 2ª ordem em estruturas
com nós moveis, o qual consiste na avaliação dos esforços finais
(1ª ordem + 2ª ordem) a partir da majoração adicional das ações
horizontais da combinação de ações considerada pelo coeficiente
γz. Para o intervalo 1,10 < γz < 1,20, emprega-se o fator de
majoração reduzido de 0,95 γz, enquanto para o intervalo 1,20 ≤
γz < 1,30, emprega-se o fator de majoração com o valor integral
de γz. Para valores γz ≥ 1,30, deve-se proceder a um cálculo
rigoroso, considerando a não linearidade geométrica e a não
linearidade física.
47

4 ESTUDO DE CASO

4.1 GENERALIDADES

No presente trabalho será analisada uma edificação de múltiplos


pavimentos em concreto pré-moldado com a modulação padrão utilizada pelos
principais fabricantes de pré-moldados do estado de Sergipe. Serão estudados
dois arranjos estruturais, ambos com cinco e seis pavimentos, diferindo os
arranjos apenas a quantidade de módulos padrões apresentados. A modulação
padrão utilizada apresenta 7,5 metros, entre eixos, na direção x e de 5 metros
na direção y.
A planta baixa do primeiro arranjo estrutural estudado é apresentado na
Figura 18, possuindo um módulo padrão, sendo os pórticos formados na
direção x com as ligações viga-pilar semirrígidas, na direção y não há a
constituição de pórticos sendo as vigas articuladas nos pilares.
Figura 18 - Arranjo estrutural padrão

FONTE: Autor (2017)


48

Já a planta baixa do segundo arranjo estrutural é apresentando na


Figura 19, possuindo dois módulos padrões, havendo a constituição de pórticos
apenas na direção x.
Figura 19 - Arranjo estrutural com dois módulos padrões

FONTE: Autor (2017)

A Tabela 5 apresenta os modelos estudados e suas variáveis.


Tabela 5- Modelos estudados

Modelos

Quantidade de Seção do Quantidade de Pavimentos

Módulo padrão Pilar (m) 5 Pavimentos 6 Pavimentos

1 0,3x0,6 Modelo 1A Modelo 1B

2 0,3x0,6 Modelo 2A Modelo 2B

FONTE: Autor (2017)


49

A Figura 20 mostra um corte da estrutura na direção y, sendo que a


estrutura possui pé-direito igual a 2,90 m e 3,75 m de pé-esquerdo, entre todos
os desníveis dos pavimentos.
Figura 20 - Corte na direção y

FONTE: Autor (2017)

Na modelagem da estrutura os nós da ligação viga-pilar, foram


considerados a meia altura da seção composta da viga, sendo que a altura do
nível do primeiro pavimento até o primeiro nó é igual a 3,33 m e o desnível
entre os demais nós igual a 3,75 m, conforme o corte na direção x da Figura
18, apresentado na Figura 21.
Figura 21 - Corte na direção x

FONTE: Autor (2017)


50

A ligação pilar-fundação considerada no arranjo estrutural estudado é


executada com colarinho sobre bloco, considerando-se a ligação rígida,
conforme a Figura 22.
Figura 22 - Ligação pilar-fundação rígida com colarinho sobre bloco

FONTE: Marin (2009)

Na Figura 23 pode-se observar a modelagem da estrutura reticulada para o


arranjo estrutural estudado com cinco pavimentos.
Figura 23 - Modelagem da estrutura

FONTE: Autor (2017)


51

Os pilares e as vigas pré-moldadas possuem dimensões de 0,3x0,6 m,


sendo a solidarização da ligação viga-pilar realizada com a adição de concreto
moldado in loco com continuidade da armadura negativa de ligação por meio
de bainhas corrugadas passantes no pilar ou através de luvas inseridas nos
pilares, esse concreto moldado in loco (Cml1) terá altura de 0,2 m e largura de
0,14m, com capeamento posterior da laje (Cml2), com espessura de 0,05 m,
conforme a Figura 24.
Figura 24 - Caracterização da ligação viga-pilar

FONTE: Autor (2017)

O concreto utilizado nos elementos estruturais assim como o utilizado


para solidarizar a armadura negativa possui uma resistência característica a
compressão (f ) de 40 MPa, já o concreto utilizado para o capeamento da laje
possui uma resistência característica a compressão (f ) de 20 MPa.
Os consolos são de formato trapezoidal com espessura de 0,3 m, sendo
as outras dimensões apresentadas na Figura 25.
52

Figura 25 - Caracterização do consolo

FONTE: Autor (2017)

A rigidez rotacional da ligação viga-pilar utilizada no presente trabalho é


obtida através da formulação analítica apresentada na NBR 9062/2017.
Foi realizada a análise da estabilidade global da estrutura apenas na
direção x, direção que há a constituição de pórticos. Apesar de ser de extrema
importância realizar a análise da estabilidade da estrutura na direção y, essa
análise não será realizada no presente trabalho, pois nessa direção não há a
constituição de pórticos.
A análise estrutural foi realizado com o auxilio do programa SAP2000
v15.0.0 ultimate. O SAP2000 é um programa que utiliza o método dos
elementos finitos, com interface gráfica em 3D, capaz de realizar a modelagem,
análise e dimensionamento de diversos problemas presentes na engenharia de
estruturas.
53

As análises estruturais realizadas no presente trabalho foram realizadas


nos modelos apresentados (Modelos: 1A, 1B, 2A e 2B), sendo que de modo a
verificar a influência da rigidez da ligação viga-pilar na estabilidade da
estrutura, medido através do coeficiente γ , variou-se o fator de restrição à
rotação para os seguintes valores: 0, 0,05, 0,15, 0,3, 0,45, 0,6, 0,75, 0,84 e 1,0.
Sendo 0 e 1 situação de articulação perfeita e engastamento perfeito
respectivamente, 0,15 e 0,84 compreende a faixa de semirrigidez estabelecido
pela NBR 9062/2017, variando-se nessa faixa valores de 0,15. Utilizou-se o
valor do fator de restrição à rotação igual a 0,05, valor no qual a NBR
9062/2017 considera como sendo articulada, de modo a verificar a influência
da consideração dessa rigidez na estabilidade da estrutura. Além desses
valores será utilizado o fator de restrição à rotação de referência (𝛼 , ê ),
que será descrito nos próximos parágrafos.
Verificou-se também os parâmetros críticos apresentados pelos
modelos estudados, sendo esses parâmetros críticos, o estado-limite de
deformação para estruturas pré-moldadas, o coeficiente γ ≥ 1,3 e o momento
de plastificação da armadura, de modo à observar os fatores limitantes a
utilização dessa tipologia construtiva. Nessa analise será utilizado apenas um
valor de rigidez para ligação viga-pilar, sendo essa rigidez obtida através do
modelo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares,
apresentado na NBR 6118/2014, sendo essa rigidez nomeada de rigidez de
referência, com fator de restrição à rotação igual a 𝛼 , ê .
Será contemplado em todas as análises realizadas a não linearidade
física dos elementos, através do método aproximado apresentado pela NBR
9062/2017.
Para o estado-limite de deformação será verificado os deslocamentos
horizontais globais máximos, a NBR 9062/2017 limita esses valores conforme a
Tabela 6, sendo os casos detalhados na Figura 26.
54

Tabela 6 - Limite de deslocamentos horizontais globais


Deslocamentos horizontais
ontais máximos
Caso Tipo de edificação
(Combinação frequente)
frequ
A Galpão 𝐻 ⁄400
B Edifício térreo com laje 𝐻 ⁄500
𝐻 ⁄500
C Edifício com um pavimento (mezanino)
ou 𝐻 ⁄500
𝐻 ⁄1200
D Edifício com múltiplos pavimentos ou 𝐻 ⁄750
ou 𝐻 ⁄500

Onde
a) 𝐻 corresponde à altura
ra da viga de rolamento da ponte rolante, caso exis
exista,
ta, ou altura total
do edifício;
b) 𝐻 corresponde
onde a altura total do edifício;
c) 𝐻 corresponde ao desnível entre dois pisos consecutivos
consecutivos;
d) 𝐻 corresponde ao desnível entre o último piso e face inferior da laje de cobertura.
cobertura

FONTE: NBR 9062/2017

Figura 26 - Limites para deslocamentos globais

FONTE: NBR 9062/2017


55

Para os modelos analisados utilizando ligação viga-pilar semirrígido, a


consideração da não linearidade física será realizada através do método
aproximado apresentado na NBR 9062/2017 em que considera a redução da
rigidez secante dos elementos estruturais, conforme exposto a seguir:
 Vigas
(EI) = 0,5𝐸 𝐼
 Pilares
(EI) = 0,7𝐸 𝐼
No programa SAP2000 a consideração da não linearidade física
aproximada dos elementos será feita através da modificação das propriedades
dos elementos, utilizando-se a ferramenta Property Modifiers, conforme a
Figura 27.

Figura 27 - Consideração da não linearidade no SAP2000

FONTE: Autor (2017)


56

4.2 MODELO ESTRUTURAL

Na análise da estabilidade global de uma edificação pode-se modelar a


estrutura basicamente de três formas, através de pórticos espaciais, pórticos
planos e pórticos planos associados.
O modelo mais fidedigno a realidade estrutural de uma edificação é o
modelo de pórticos espaciais, em que os elementos de barra componentes da
estrutura formam um pórtico tridimensional, sendo os esforços internos
analisados: momentos fletores, momentos torçores, esforços cortantes e
esforços normais (GIONGO, 2007).
Pórticos planos são constituídos por elementos de barra situados em um
plano, onde as interseções dessas barras (nós) podem apresentar ligações
rígidas, semirrígidas ou flexíveis. O modelo de pórticos planos associados
constitui na associação em série de pórticos planos de uma mesma direção,
conforme a Figura 28. Essa associação é feita através de barras articuladas em
suas extremidades, simulando o efeito de diafragma rígido das lajes, essas
barras devem possuir uma rigidez elevada, de modo a impedir deformações
axiais, fazendo com que os deslocamentos horizontais de todos os pontos de
um mesmo nível da estrutura sejam iguais.
Figura 28 - Associação de pórticos planos

FONTE: Fontes (2005)


57

Quando se utiliza o modelo estrutural em pórticos planos e pórticos


planos associados, os esforços internos analisados são os momentos fletores,
esforços cortantes e esforços normais.
Devido à incapacidade de analisar-se momentos torçores, os modelos
de pórticos planos e de pórticos planos associados ficam limitados a estruturas
simétricas enquanto a sua geometria e a ação dos carregamentos (FONTES,
2005).
Devido o arranjo estrutural estudado apresentar simetria quanto a
geometria e a ação dos carregamentos foi adotado a modelagem da estrutura
em pórticos planos associados.
Na figura 24 é possível observar uma seção transversal de uma viga
utilizada em estruturas com ligações viga-pilar semirrígidas, conforme ilustrado
a seção transversal da viga é composta por concreto pré-moldado e por
concreto moldado in loco, com concretagem em duas fases distintas. Existindo
assim, três situações de cálculo para a viga pré-moldada.
Na 1ª situação, a seção resistente da viga é composta apenas por o
concreto pré-moldado, e a única ação atuante na viga é o seu peso próprio,
essa situação é característica da fase de montagem dos pilares e vigas.
Na 2ª situação há a montagem dos painéis de laje sobre as vigas,
ocorrendo a concretagem da 1ª fase do concreto moldado in loco, concreto
responsável pela solidarização da armadura de ligação, sendo as ações
mobilizadas nessa situação o peso próprio da seção de viga em concreto pré-
moldado, o peso da laje pré-moldada e o peso próprio do concreto moldado in
loco, correspondente a primeira fase. Considera-se na segunda situação que o
concreto responsável pela solidarização da armadura não atingiu a sua
resistência de projeto, sendo o esquema estrutural isostático para efeitos de
cálculo da viga.
Após o concreto moldado in loco da primeira fase de concretagem atingir
a resistência de projeto, o esquema estrutural utilizado para o
dimensionamento das vigas passa de isostático para hiperestático, ocorrendo
assim a 3ª situação, estando à viga, com sua altura final, submetida à ação do
seu peso próprio, do peso próprio do concreto moldado in loco, do peso próprio
do revestimento, do peso próprio da alvenaria de vedação e da carga acidental
de ocupação. Na Tabela 7 são apresentadas as situações de cálculo da viga.
58

Tabela 7 - Situações de cálculo de uma viga pré-moldada


Altura da
Situação Carregamento Esquema
Viga

1ª Hv 𝐺 Isostático

2ª Hv 𝐺 + 𝐺 + 𝐺 Isostático

𝐺 + 𝐺 + 𝐺 + 𝐺 + 𝐺
3ª Hv + ΔHv Hiperestático
+ 𝐺 + 𝑄

FONTE: Autor (2017)

Na Figura 29 é possível observar o esquema do modelo estrutural


adotado de acordo com a fase construtiva. Na primeira fase há a modelagem
da estrutura com as vigas articuladas nos pilares, submetidas ao peso próprio
da viga pré-moldada, da laje e do concreto moldado in loco da primeira fase de
concretagem. Após o concreto moldado in loco atingir a resistência de projeto,
ocorrendo assim à efetivação da ligação semirrígida entre viga-pilar, nessa
segunda fase a estrutura é submetida aos carregamentos oriundos do peso
próprio, da viga pré-moldada, da laje, do concreto moldado in loco da primeira
fase de concretagem, do concreto moldado in loco da segunda fase de
concretagem, da alvenaria de vedação, do revestimento, da sobrecarga
acidental, além ação do vento.
Figura 29 - Esquema estático da estrutura

FONTE: Baldissera (2006) adaptada pelo Autor


59

4.3 AÇÕES

Os carregamentos em uma estrutura podem ser divididos basicamente


em duas categorias: ações permanentes e ações variáveis. Sendo as ações
permanentes procedentes dos pesos próprios dos elementos componentes da
estrutura (pilar, viga, laje, concreto moldado in loco), peso próprio da alvenaria
de vedação e peso próprio do revestimento. Já as ações variáveis são oriundas
basicamente da ação do vento e da carga acidental de ocupação.
Como visto anteriormente, para realizar as análises necessárias para
verificar a estabilidade global da estrutura necessita-se realizar a modelagem
da estrutura, que no presente estudo foi modelado em pórticos planos
associados. Sendo a distribuição do carregamento da estrutura em cada
pórtico plano, conforme a Figura 30. Foi discriminado o carregamento dos
pórticos de acordo com suas áreas de influência, podendo distingui-se em dois
tipos: Pórticos de extremidade e Pórticos intermediários
Figura 30 - Classificação dos Pórticos

FONTE: Autor (2017)

Na Figura 31 pode ser observada as áreas de influência do arranjo


estrutural estudado.
60

Figura 31 - Áreas de Influência

FONTE: Autor (2017)

Pode ser observado que a área de influencia dos pórticos de


extremidade é o AI2 e o dos pórticos intermediários o AI1, obtendo-se
carregamentos diferentes para os pórticos estudados. Com AI1 = 38,73 m² e
AI2 = 20,4 m².

4.3.1 Ações Permanentes

Nessa categoria de carregamento encontram-se os pesos próprios da


viga, pilar, laje, capa de concreto moldado in loco, alvenaria de vedação e
revestimento. A seguir serão discriminados as ações pertencentes a essa
categoria.

3.2.1.1 Peso próprio da viga

O carregamento das vigas será o mesmo para os pórticos intermediários


e de extremidade.
G = (0,6 ∗ 0,3) ∗ 25 = 4,5 kN/m

3.2.1.2 Peso próprio da capa de concreto moldado in loco


61

 Pórtico Intermediário
𝐺 =𝐺 +𝐺 ;
𝐺 = (0,14 ∗ 0,2) ∗ 25 = 0,7 kN/m;
𝐺 = (0,05 ∗ 38,73 ∗ 25)⁄6,85 = 7,07 kN/m;
𝐺 = 7,77 kN/m
 Pórtico de Extremidade
𝐺 =𝐺 +𝐺 ;
𝐺 = (0,14 ∗ 0,2) ∗ 25 = 0,7 kN/m;
𝐺 = (0,05 ∗ 20,4 ∗ 25)⁄6,85 = 3,72 kN/m;
𝐺 = 4,42 kN/m

3.2.1.3 Peso próprio da laje

O peso da laje alveolar adotada com espessura de 20 cm é de 2,8


kN/m².
 Pórtico Intermediário
𝐺 = (2,8 ∗ 38,73)⁄6,85 = 15,83 kN/m
 Pórtico de Extremidade
𝐺 = (2,8 ∗ 20,4)⁄6,85 = 8,34 kN/m

3.2.1.4 Peso Próprio do Revestimento

 Pórtico Intermediário
𝐺 = (0,85 ∗ 38,73)⁄6,85 = 4,81kN/m
 Pórtico de Extremidade
𝐺 = (0,85 ∗ 20,4)⁄6,85 = 2,53 kN/m

3.2.1.5 Peso Próprio da Alvenaria de Vedação

O carregamento das alvenarias de vedação será o mesmo para os


pórticos intermediários e de extremidade. Sendo o peso especifico da alvenaria
igual a 13 KN/m³ e o pé-direito igual a 2,9 metros.
𝐺 = (0,2 ∗ 2,9) ∗ 13 = 7,54 kN/m
62

3.2.1.6 Peso Próprio do Pilar

𝐺 = (3,75 ∗ 0,3 ∗ 0,6) ∗ 25 = 16,88 kN

A Tabela 8 resume as ações permanentes encontradas nos parágrafos


anteriores.
Tabela 8 - Resumo dos carregamentos permanentes
Pórticos
Ação (kN/m)
Pórtico Intermediário Pórtico de Extremidade
Gviga 4,5 4,5
Glaje 15,83 8,34
Gcapa 7,77 4,42
Grev 4,81 2,53

Galv 7,54 7,54

FONTE: Autor (2017)

3.2.2. Ações Variáveis

Nessa categoria de ações encontra-se a carga acidental de ocupação e


a carga de vento.
O arranjo estrutural estudado é concebido como uma edificação
comercial, entretanto não se especificou a atividade comercial empregada na
edificação, podendo ser escritórios de uso geral ou lojas comerciais.
Portanto, adotou-se, segundo a NBR 6120/1980 a situação mais
desfavorável, uma sobrecarga de utilização de 3 kN/m² para os pavimentos tipo
e uma sobrecarga de utilização de 2 kN/m² para a cobertura.

3.2.2.1 Carga acidental de Ocupação

 Pavimento Tipo
 Pórtico Intermediário
𝑄 = (3 ∗ 38,73)⁄6,85 = 16,96 kN/m
 Pórtico de Extremidade
𝑄 = (3 ∗ 20,40)⁄6,85 = 8,93 kN/m
 Cobertura
63

 Pórtico Intermediário
𝑄 = (2 ∗ 38,73)⁄6,85 = 11,31 kN/m
 Pórtico de Extremidade
𝑄 = (2 ∗ 20,40)⁄6,85 = 5,96 kN/m

3.2.2.2 Ação do Vento

A determinação da ação do vento foi realizada segundo as prescrições


da NBR 6123/1988. A edificação estudada encontra-se na cidade de Aracaju,
através da isopletas obteve-se uma velocidade básica de V = 30 m/s. Para a
determinação da velocidade característica (V ) é necessário conhecer três
fatores, sendo: Fator topográfico (S ), fator que considera o efeito
concomitantemente a rugosidade do terreno, a variação da velocidade do vento
em relação à altura da edificação acima do terreno e das dimensões da
edificação ou suas partes (S ) e fator estatístico (S ), obtendo-se:
V =V *S *S *S (Eq. 7)
Adotou-se o fator topográfico S = 1, estando a edificação em estudo
enquadrada no grupo 2 da Tabela 3 da NBR 6123/1988 considera-se assim o
fator estatístico S = 1.
Possuindo a edificação sua maior dimensão horizontal ou vertical
compreendido entre 20 m e 50 m, caracteriza-se esta como sendo da Classe B
e adotando-se a Categoria II, obtém-se o fator S em função da altura (z) acima
do terreno, através da Tabela I da NBR 6023/1988.
,
S = 1 ∗ 0,98 ∗ (z/10) (Eq. 8)
Uma vez obtida à velocidade característica, determina-se a pressão
dinâmica pela seguinte expressão:
q = 0,613 ∗ V (Eq. 9)
Determinada a pressão dinâmica a força de arrasto é obtida pela
seguinte expressão:
F =q∗C ∗A (Eq. 10)
Onde:
C = coeficiente de arrasto;
A = área frontal efetiva.
64

A ação do vento será calculada para o arranjo estrutural estudado,


tomando a estrutura com 6 e 5 pavimentos, as tabelas 9 e 10 apresentam,
respectivamente, os valores característicos da força de arrasto para a
quantidade de pavimentos analisada, com o coeficiente de arrasto C = 1,3
obtido através do ábaco presente na Figura 4 da NBR 6123/1988.
Tabela 9 - Ação do vento na estrutura com 5 pavimentos
Pavimento 𝑍(𝑚) 𝑉𝑘 (𝑚/𝑠) 𝑞 ( 𝑁/𝑚 ) 𝐹𝑎 (𝑘𝑁)
2º 3,33 26,63 434,71 53,62
3º 7,08 28,5 497,91 61,41
4º 10,83 29,61 537,45 66,29
5º 14,58 30,41 566,88 69,92
Cobertura 18,33 31,05 590,99 44,71
FONTE: Autor (2017)
Tabela 10 - Ação do vento na estrutura com 6 pavimentos
Pavimento 𝑍(𝑚) 𝑉𝑘 (𝑚/𝑠) 𝑞 ( 𝑁/𝑚 ) 𝐹𝑎 (𝑘𝑁)
2º 3,33 26,63 434,71 53,62
3º 7,08 28,5 497,91 61,41
4º 10,83 29,61 537,45 66,29
5º 14,58 30,41 566,88 69,92
6º 18,33 31,05 590,99 72,89
Cobertura 22,08 31,57 610,96 46,22
FONTE: Autor (2017)

As áreas frontais efetivas para o cálculo das forças de arrasto em cada


pavimento são apresentadas na Figura 32.
Figura 32 - Áreas Frontais Efetivas

FONTE: Autor (2017)


Sendo a área efetiva 1 A = 94,875 m² e a área efetiva 2 A = 58,19
m².
65

4.4 COMBINAÇÕES DE AÇÕES

No presente trabalho serão analisados os estados-limites últimos (ELU)


para verificar o momento de plastificação da armadura de ligação e a
instabilidade da estrutura através do γ e no estado-limite de serviço (ELS) será
verificado o estado-limite de deformação.
Segundo a NBR 6118/2014 a combinação ultima é definida pela
seguinte expressão:
𝐹 = γ 𝐹 + γ 𝐹 + γ 𝐹 + 𝛴𝛹 𝐹 + γ 𝛹 𝐹 (Eq. 11)

Onde:

F é o valor de cálculo das ações para combinação última;


F representa as ações permanentes diretas;
Fε representa as ações indiretas permanentes como a retração Fε e
variáveis como a temperatura Fε ;
γ representa o coeficiente de ponderação para as ações permanentes;

γ representa o coeficiente de ponderação para as ações variáveis

diretas;
γε representa o coeficiente de ponderação para as ações indiretas

permanentes;
γε representa o coeficiente de ponderação para as ações indiretas

variáveis;
Ψ representa o fator de redução de combinação para as ações
variáveis diretas;
Ψ ε representa o fator de redução de combinação para as ações
variáveis indiretas.

Para a realização das análises nos modelos estudados foram


considerados duas combinações de ações para o estado-limite último (ELU).
Na primeira combinação (COMB1) considera-se a ação do vento como carga
acidental principal e a carga acidental de ocupação como a carga acidental
secundária. A segunda combinação (COMB2) considera-se a ação da carga
66

acidental de ocupação como carga acidental principal e a ação do vento como


carga acidental secundária.
A NBR 8681/2003 discrimina o coeficiente de ponderação para as ações
permanentes γ em função do tipo de material, do processo construtivo
associado e do efeito da ação, podendo ser desfavorável e favorável, na
segurança da estrutura. A Tabela 11 apresenta os valores estabelecidos para o
coeficiente γ .
Tabela 11 - Coeficiente de ponderação das ações permanentes

Efeito
Combinação Tipo de ação
Desfavorável Favorável

Peso próprio de estruturas


1,25 1,0
metálicas

Peso próprio de estruturas pré-


1,30 1,0
moldadas
Peso próprio de estruturas
1,35 1,0
Normal moldadas no local
Elementos construtivos
1
1,35 1,0
industrializados
Elementos construtivos
industrializados com adições in 1,40 1,0
loco
Elementos construtivos em geral e
2
1,50 1,0
equipamentos

1
Por exemplo: paredes e fachadas pré-moldadas, gesso acartonado;
2
Por exemplo: paredes de alvenaria e seus revestimentos, contrapisos.

FONTE: NBR 8681/2003

Utiliza-se o coeficiente de ponderação para as ações variáveis diretas γ


= 1,4 e os fatores de redução de combinação para as ações variáveis diretas,
são obtidas na Tabela 12.
67

Tabela 12 -Fator de redução para as ações varáveis


𝛹 𝛹 𝛹
Ações

Cargas acidentais de edifícios

Locais em que não há predominância de pesos e


de equipamentos que permaneçam fixos por
0,5 0,4 0,3
longos períodos de tempo, nem de elevadas
1
concentrações de pessoas

Locais em que há predominância de pesos de


equipamentos que permaneçam fixos por longos
0,7 0,6 0,4
períodos de tempo, ou de elevadas concentrações
2
de pessoas

Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e 0,8 0,7 0,6


garagens

Vento
Pressão dinâmica do vento nas estruturas em
0,6 0,3 0
geral

1
Edificações residenciais, de acesso restrito;
2
Edificações comerciais, de escritórios e de acesso público.

FONTE: NBR 6118/2014

Consideraram-se os pesos próprios de elementos pré-moldados, pilar,


viga e laje alveolar, ponderados pelo coeficiente 1,3. O peso próprio da capa de
concreto moldada in loco, da alvenaria de vedação e do revestimento
ponderados pelo coeficiente 1,4.
Após todas as considerações feitas nos parágrafos anteriores para os
coeficientes de ponderação, utilizando-se a Equação 10, obtiveram-se as
seguintes expressões para as combinações de ações para o estado-limite
último:
 COMB1
𝐹 = 1,3 𝐺 + 𝐺 + 𝐺 + 1,4 𝐺 +𝐺 + 1,4(𝑉 + 0,7𝑄)
 COMB2
𝐹 = 1,3 𝐺 + 𝐺 + 𝐺 + 1,4 𝐺 +𝐺 + 1,4(0,6𝑉 + 𝑄)
68

Segundo a NBR 9062/2017 deve-se sempre realizar a verificação em


serviço do estado-limite de deformação excessiva da estrutura, essa
verificação deve ser feita para a combinação frequente. A NBR 6118/2014
descreve a combinação frequente de serviço pela seguinte expressão:
F , = ΣF +Ψ F ΣΨ F (Eq. 11)
Onde:

F , é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço;

𝐹 é o valor característico das ações variáveis principais diretas;

𝛹 é o fator de redução de combinação frequente para ELS;

𝛹 é o fator de redução de combinação quase permanente para ELS.

Para o estado-limite de serviço (ELS), foi considerada uma combinação


(COMB3) onde a ação do vento foi tomada como principal e a carga de
ocupação acidental como secundaria, utilizando-se as ponderações pertinentes
na Equação 11 obtém-se a seguinte expressão:
 COMB3
F , = G + G + G + G +G + 0,3V + 0,4Q

4.5 CARACTERIZAÇÃO DA LIGAÇÃO

As ligações viga-pilar estudadas no presente trabalho foram modeladas


segundo o comportamento linear, não sendo, portanto determinado o patamar
de plastificação da ligação.
Na caracterização dos elementos resistentes da ligação, o efeito de pino
do chumbador foi desprezado, ressaltando-se porém a sua influência na rigidez
da ligação viga-pilar.
A rigidez rotacional da ligação é obtida através do método analítico
apresentado na NBR 9062/2017.
Algumas simplificações foram realizadas na modelagem da estrutura, de
modo a simplificar as análises adequando-a as rotinas de cálculo de escritórios
de projeto.
69

A seção resistente da vi
viga
ga foi simplificada conforme a Figura 33.
3
Figura 33 - Simplificação da seção resistente da viga

FONTE: Autor (2017)

Para as ligações entre viga e pilares de extremidade fo


foram
ram utilizadas a
tipologia apresentada na Figura 3
34-a e para as ligações entre viga e pilar
intermediário,
mediário, conforme a Figura 34-b, sendo os pilares de
e extremidade e
intermediários discriminados na Figura 3
35.

Figura 34 - Tipologia da ligação viga-pilar

FONTE: NBR 9062/2017


70

Figura 35 - Localização dos pilares

FONTE: Autor (2017)

A região da ligação viga-consolo foi modelada conforme a Figura 36,


essa simplificação da ligação foi realizada com o intuito de facilitar a
implementação da estrutura no SAP2000, sendo a região do consolo
compreendida entre a face do pilar ao centro de giro no apoio, possuindo as
mesmas dimensões da viga adjacente. A liberação da rigidez da ligação viga-
pilar foi realizada na região de intersecção do consolo idealizado com a viga.
Figura 36 - Idealização da ligação viga-consolo

FONTE: Autor (2017)


71

A rigidez parcial da ligação viga-pilar foi considerada na implementação


da estrutura no SAP2000 através da ferramenta Releases/Partial Fixity,
conforme a Figura 37, considerando-se o comportamento linear da ligação.

Figura 37 - Consideração da rigidez da ligação no SAP2000

FONTE: Autor (2017)

4.5.1 Rigidez de Referência (𝛼 , ê )

Utilizou-se como critério para determinar a rigidez secante de referência


para as ligações estudadas, o modelo clássico de viga contínua, simplesmente
apoiada nos pilares, de forma a verificar a solidarização entre viga-pilar em
uma estrutura análoga a estudada, em concreto armado moldado in loco.
Verificando a área de aço negativa necessária para resistir os esforços
solicitantes mobilizados na estrutura análoga considera nesse parágrafo.
Para determinar a solidarização entre viga e pilar é necessário obter o
momento de engastamento perfeito e multiplicá-lo pelo coeficiente descrito na
NBR 6118/2014 que pondera essa solidarização. Sendo o momento de
engastamento perfeito para a viga estudada verificada na Figura 38, com o F
obtido através da segunda combinação de carregamentos para o estado-limite
último (COMB2).
72

Figura 38 - Momento de engastamento perfeito

FONTE: Autor (2017)

A expressão utilizada para calcular o momento de engastamento


perfeito é descrita a seguir:
𝑀 = 𝑝 ∗ 𝑙 ⁄12 (Eq. 12)

Sendo o momento do engastamento perfeito (M ) igual a 306,33 KNm.


O coeficiente de ponderação para a solidarização entre viga e pilar pode
ser definido pela seguinte expressão:
 Na viga:
(Eq. 13)

Sendo:

𝐼
𝑟 =
𝑙

Onde

𝑟 é a rigidez do elemento i no nó considerado, avaliado conforme indicado na


Figura 39;

𝐼 é o momento de inércia do elemento i no nó considerado;

𝑙 é o comprimento do elemento i no nó considerado.

Considerando-se as características dos elementos utilizados na


modelagem da estrutura apresentados nos parágrafos anteriores têm-se:
73

Figura 39 - Aproximação em apoios extremos

FONTE: NBR 6118/2014

Têm-se:

𝐼 = 1280000 𝑐𝑚

𝐼 = 540000 𝑐𝑚

𝑟 =𝑟 = 2880 𝑐𝑚

𝑟 = 1868,61 𝑐𝑚

O momento solicitante elástico de projeto é obtido multiplicando-se o


momento de engastamento perfeito pelo coeficiente de ponderação de
solidarização entre viga e pilar.
Obtém-se um momento solicitante elástico de projeto (M , ) igual a
231,28 KNm, com uma área de aço negativa calculada igual a A = 7,38 cm², e
área de aço utilizada igual a A , = 9,82 cm², o que representa duas barras de
aço CA-50 de 25 mm de diâmetro. O momento-limite de escoamento da
armadura de ligação 𝑀 , é determinado pela seguinte expressão:
M , = 0,9A f d (Eq. 14)

Sendo, portanto o momento-limite de escoamento da armadura de


ligação 𝑀 , igual a 328,11 kNm.
74

A rigidez secante para as ligações viga-pilar nas estruturas pré-


moldadas estudadas no presente trabalho serão obtidas considerando-se a
área de aço negativa utilizada para resistir às solicitações de projeto da
estrutura em concreto armado moldado in loco apresentada nos parágrafos
anteriores.
Para a ligação entre viga e pilares de extremidade, a rigidez secante é
obtida da Equação 3:
9,82 ∗ 20000 ∗ 74,25²
R = 0,75
90
R = 9023045,625 KNcm/rad
R = 90,23 MNm/rad

Através da Equação 1 obtém-se um fator de restrição a rotação


α , ê igual a 0,467.

Utilizando o mesmo fator de restrição a rotação encontrada para as


ligações de extremidade para a ligação entre viga e pilares internos, a área de
aço correspondente pode ser encontrada pela seguinte expressão:

A ∗ 20000 ∗ 74,25²
9023045,625 = 0,75
77,5
A = 8,46 cm²

4.6 RESULTADOS

As análises foram realizadas variando-se nos modelos estudados os


valores do fator de restrição à rotação αr para os seguintes valores: 0, 0,05,
0,15, 0,3, 0,45, 0,6, 0,75, 0,84, 1,0, além do fator de restrição à rotação de
referência (αr,referência), analisando, assim, a influência da rigidez rotacional da
ligação viga-pilar na estabilidade global de estruturas em concreto pré-
moldado. Verificando-se a influência da área de aço da armadura de ligação no
enrijecimento da ligação viga-pilar.
75

Utilizando-se as rigidezes de referência, encontradas nos parágrafos


anteriores, nos modelos analisados, buscou-se observar os parâmetros críticos
apresentados por esses, de modo a verificar os fatores limitantes dessa
tipologia construtiva. As figuras 40 e 41 mostram, respectivamente, os
modelos1 e 2 com cinco pavimentos.
Figura 40 - Modelo 1 com 5 pavimentos

FONTE: Autor (2017)

Figura 41 - Modelo 2 com 5 pavimentos

FONTE: Autor (2017)

4.6.1 Influência da Rigidez da Ligação Viga-Pilar na Estabilidade

A influência da rigidez da ligação viga-pilar na estabilidade global foi


medida através do coeficiente γ , sendo os valores obtidos para os modelos
analisados, discriminado nas Tabelas 13 e 14, respectivamente, para os
modelos 1 e 2.
76

Tabela 13 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 1

Coeficiente 𝛄𝐳
Fator de Restrição à Rotação Modelo 1A Modelo 1B
0 4,33 -3,12
0,05 1,2087 1,3241
0,15 1,10 1,1404
20,3 1,0601 1,0808
0,45 1,044 1,0578
0,467 1,0426 1,0562
0,6 1,035 1,0456
0,75 1,0294 1,0376
0,84 1,0267 1,0342
1,0 1,0242 1,0293
FONTE: Autor (2017)

Os valores do coeficiente γ para o fator de restrição à rotação igual a 0,


situação de articulação perfeita, apresentou valores incoerentes com a
realidade estrutural, como o valor de γ igual à -3,12, que significa que os
momentos de segunda ordem global superam os de primeira, o que caracteriza
uma estrutura muito instável.
Observa-se no Gráfico 1 a importância da rigidez ao momento fletor da
ligação viga-pilar na estabilidade global do modelo analisado.
Gráfico 1 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 1
1,35
Coeficiente γz

1,3

1,25
Modelo 1A
1,2
Modelo 1B
1,15
Limite para desconsiderar o
1,1 Coeficiente Gama z
Limite para considerar o
1,05
Coeficiente Gama z

1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Fator de restrição à rotação αr


FONTE: Autor (2017)
Como se pode observar na Tabela 20 o Modelo 2 também apresenta
valores incoerentes de γ para a situação de articulação perfeita.
77

Tabela 14 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 2


Coeficiente 𝛄𝐳
Fator de Restrição à Rotação Modelo 2A Modelo 2B
0 34,18 -1,51
0,05 1,2324 1,3552
0,15 1,1082 1,1487
0,3 1,0655 1,0854
0,45 1,0491 1,062
0,467 1,0475 1,0597
0,6 1,0395 1,0496
0,75 1,0341 1,042
0,84 1,0312 1,0386
1,0 1,0276 1,0338
FONTE: Autor (2017)
A utilização de rigidezes com fator de restrição à rotação menor que 0,15
é uma alternativa viável para os modelos estudados, pois para um fator de 0,05
a estrutura apresenta parâmetros de estabilidade global admissíveis,
deslocabilidade moderada, mediada através do γ , para até cinco pavimentos,
com o momento máximo mobilizado na região da ligação igual a -148,34 KNm
e com deslocamento horizontal máximo no topo da estrutura para o estado-
limite de deformação igual a 1,04 cm, valor inferior ao limite prescrito por
norma. Ressaltando-se que a consideração desse tipo de ligação ainda não é
normatizada.
No Gráfico 2 é possível observar que a consideração da rigidez da
ligação viga-pilar no Modelo 2A torna-o globalmente mais estável, até para
fatores com restrição baixíssima, como no caso 0,05.
Gráfico 2 - Influência da rigidez na estabilidade para o Modelo 2
1,4
Coeficiente γz

1,35

1,3 Modelo 2A

1,25
Modelo 2B
1,2

1,15
Limite para
1,1 desconsiderar o
Coeficiente Gama z
1,05

1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Fator de Restrição à Rotação αr

FONTE: Autor (2017)


78

Percebe-se que com o incremento 0,05 na rigidez da ligação viga-pilar,


medido através do fator de restrição à rotação, de 0, situação de ligação
perfeitamente articulada, para 0,05, houve um abrupto enrijecimento global da
estrutura, apesar do incremento de rigidez na ligação viga-pilar ser pequeno, a
partir da consideração desse há a constituição de pórticos na direção
analisada, fazendo com que os elementos componentes da estrutura
solidarizem-se no seu contraventamento, tornado a estrutura estável para a
menor consideração de rigidez.

4.6.2 Influência da Rigidez nos Deslocamentos Horizontais

Observa-se na Tabela 15 que com o aumento do fator de restrição a


rotação de 0 para 0,05 há uma redução de 79,93% no deslocamento
horizontal máximo obtido no topo, ao passo que quando aumenta-se de 0,84
para 1 a redução desse deslocamento é de apenas 8,7%, valores obtidos para
5 pavimentos. Sendo que para seis pavimentos o aumento da restrição à
rotação de 0 para 0,05 a redução do valor do deslocamento é igual a 83,94 % e
para o aumento de 0,84 para um com valor igual a 14,29%.
A partir desses valores é possível observar que o enrijecimento da
ligação viga-pilar é mais eficiente para estruturas mais instáveis.
Tabela 15 – Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo 1
Deslocamento Horizontal Máximo no Topo (cm)
Fator de Restrição à Rotação Modelo 1A Modelo 1B
0 9,12 19,55
0,05 1,83 3,14
0,15 0,88 1,43
0,3 0,52 0,82
0,45 0,38 0,59
0,467 0,37 0,57
0,6 0,3 0,46
0,75 0,25 0,38
0,84 0,23 0,35
1,0 0,21 0,3
FONTE: Autor (2017)

No Gráfico 3 é possível observar que para os modelos estudados nessa


análise os únicos fatores de restrição à rotação que possibilitou a estrutura
deslocamentos horizontais máximos no topo acima do prescrito em norma é o
fator 0 e 0,05.
79

Gráfico 3 - Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo 1


20

18

16
Deslocamento no topo (cm)

14

12
Modelo 1A
10
Modelo 1B
8
Limite para 5 Pavimentos
6 Limite para 6 Pavimentos

0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Fator de restrição à rotação αr

FONTE: Autor (2017)

Na Tabela 16 podemos observar que com o acréscimo de rigidez,


medido pelo fator de restrição à rotação, de 0 para 0,05, houve a redução do
deslocamento no topo da estrutura de 82,92% e que com o incremento de 0,16
passando de 0,84 para 1 houve a redução de 13,33%, valores obtidos para 5
pavimentos. Para 6 pavimentos a redução foi igual a respectivamente 86,66% e
13,64%.
Tabela 16 - Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo 2
Deslocamento Horizontal Máximo no Topo (cm)
Fator de Restrição à Rotação Modelo 2A Modelo 2B
0 6,09 13,04
0,05 1,04 1,74
0,15 0,49 0,78
0,3 0,3 0,46
0,45 0,22 0,34
0,467 0,22 0,33
0,6 0,18 0,27
0,75 0,16 0,23
0,84 0,15 0,22
1,0 0,13 0,19
FONTE: Autor (2017)
80

Para esse modelo os únicos valores de fator de restrição a rotação que


possibilitou a estrutura um deslocamento no topo maior que o máximo prescrito
por norma foi a situação de articulação perfeita.
Gráfico 4 - Influência da rigidez nos deslocamentos horizontais para o Modelo 2
14

12
Deslocamento no topo (cm)

10

8
Modelo 2A

6 Modelo 2B
Limite para 5 Pavimentos
4 Limite para 6 Pavimentos

0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Fator de restrição à rotação αr

FONTE: Autor (2017)

4.6.3 Influência da Quantidade de Armadura de Ligação

Os gráficos a seguir relacionam a quantidade de aço utilizado na ligação


viga-pilar, para cada fator de restrição estudado, com o enrijecimento global da
estrutura, medido através do coeficiente γ , ressaltando-se que a ligação com
fator de restrição a rotação igual a 0 e 0,05 não estão compreendidas nessa
análise, pois a formulação analítica apresentada na NBR 9062/2017
compreende apenas as ligações semirrígidas. A análise não compreende
também o fator de restrição à rotação igual a 1.

Percebe-se através do Gráfico 5 que para enrijecer a ligação de um fator


de 0,75 para 0,84 é necessário adicionar 25,23 cm² de aço na região da
ligação, o que torna a utilização de altos fatores de restrição a rotação algo
inviável.
81

Gráfico 5 - Influência da quantidade de aço na estabilidade para o Modelo 1 com Pilar de


Extremidade
60

50
Área de aço (cm²)

40

30
Modelo 1A

20 Modelo 1B

10

0
1 1,02 1,04 1,06 1,08 1,1 1,12 1,14

Coeficiente γz

FONTE: Autor (2017)

O Gráfico 6 relaciona o coeficiente γ para cada respectivo valor de área


de aço, para o modelo 2.
Gráfico 6 - Influência da quantidade de aço na estabilidade para o Modelo 2 com Pilar
Extremidade
60

50
Área de aço (cm²)

40

30
Modelo 2A
20 Modelo 2B

10

0
1 1,02 1,04 1,06 1,08 1,1 1,12 1,14

Coeficiente γz

FONTE: Autor (2017)


82

No Gráfico 7 pode-se observar a quantidade de aço utilizada para o


respectivo valor de γ , sendo que na ligação viga-pilar intermediário a NBR
9062/2017 permite utilizar armadura de ligação no capeamento da laje, desde
que a quantidade passante por essa região seja inferior a 50% da quantidade
utilizada.
Gráfico 7 - Influência da quantidade de aço na estabilidade para o Modelo 2 com Pilar de
Intermediário

50
Área de aço (cm²)

40

30

Modelo 2A
20
Modelo 2B

10

0
1 1,02 1,04 1,06 1,08 1,1 1,12 1,14

Coeficiente γz

FONTE: Autor (2017)

4.6.4 Análise dos Modelos de Referência Estudados

 Modelo 1

Modelo 1A:
Para esse Modelo o momento negativo máximo encontrado na região da
ligação é igual a 306,09 KNm, esse momento é obtido na primeira combinação
de ações (COMB1), com valor inferior ao momento-limite de escoamento da
armadura de ligação, portanto não ocorrerá a plastificação da ligação. O
deslocamento máximo encontrado no topo da estrutura, para o estado-limite de
deformação, apresentou valor igual a 0,37 cm, não excedendo o limite máximo
estabelecido na NBR 9062/2017 que para o presente caso é igual a 1,53 cm.
83

O valor máximo do γ é obtido para segunda combinação de ações


(COMB2), sendo o γ discriminado na Tabela 17.
Tabela 17 - Coeficiente γz para o Modelo 1- 5 pavimentos
Cota
Pavimento 𝑭𝒉 (𝑲𝑵) 𝑴𝟏, 𝒕𝒐𝒕, 𝒅(𝑲𝑵𝒎) 𝑭𝑽 (𝑲𝑵) 𝒂 (𝒎) 𝜟𝑴𝒕𝒐𝒕, 𝒅(𝑲𝑵𝒎)
(𝒎)
Cobertura 18,33 37,556 688,401 2388,894 0,0101 24,128
5 14,58 58,733 856,327 3850,626 0,0089 34,271
4 10,83 55,684 603,058 3850,626 0,0071 27,339
3 7,08 51,584 365,215 3850,626 0,0045 17,328
2 3,33 45,041 149,987 3850,626 0,0015 5,776
1 0 0 0 3850,626 0 0
∑ --- --- 2662,988 --- --- 108,842

𝛾 = , = 1,0426
,

FONTE: Autor (2017)

A análise do modelo 1A não apresentou nenhum parâmetro crítico,


realizando-se a análise com 6 pavimentos.

Modelo 1B:

A análise do Modelo 1B houve a superação do momento-limite de


escoamento M , pelo momento fletor negativo na região da ligação, que
obteve um valor máximo de 335,52 KNm, havendo assim a plastificação da
ligação. O deslocamento máximo encontrado no topo da estrutura, para o
estado-limite de deformação, apresentou valor igual a 0,57 cm sendo inferior ao
limite que é de 1,84 cm, e o valor máximo do γ sendo discriminado na Tabela
18.
Tabela 18 - Coeficiente γz para o Modelo 1 - 6 pavimentos
Cota
Pavimento 𝑭𝒉 (𝑲𝑵) 𝑴𝟏, 𝒕𝒐𝒕, 𝒅(𝑲𝑵𝒎) 𝑭𝑽 (𝑲𝑵) 𝒂 (𝒎) 𝜟𝑴𝒕𝒐𝒕, 𝒅(𝑲𝑵𝒎)
(𝒎)
Cobertura 22,08 38,825 857,256 2388,894 0,0158 37,745
6 18,33 61,228 1122,309 3850,626 0,0146 56,219
5 14,58 58,733 856,327 3850,626 0,0126 48,518
4 10,83 55,684 603,058 3850,626 0,0097 37,351
3 7,08 51,584 365,215 3850,626 0,0059 22,719
2 3,33 45,041 149,987 3850,626 0,002 7,701
1 0 0 0 3850,626 0 0
∑ --- --- 3954,152 --- --- 210,253

𝛾 = , = 1,0562
,

FONTE: Autor (2017)


84

Para o arranjo estrutural estudado nos Modelo 1, com o α de referência,


a quantidade máxima de pavimentos que a edificação pode possuir sem que
atinja algum parâmetro crítico é 5 pavimentos.
Na Tabela 19 é possível observar os parâmetros analisados para a
quantidade de pavimentos estudados, sendo destacado em vermelho os
parâmetros críticos apresentados.
Tabela 19 - Parâmetros críticos para o Modelo 1

Parâmetros

Momento Máximo
Deslocabilidade no topo da
na região da ligação
estrutura (cm)
Quantidade de (kNm)
𝛄𝐳
Pavimentos
Valor Valor Valor
Valor Limite
Calculado Calculado Limite

5 1,0426 0,37 1,53 -306,09 328,11

6 1,0562 0,57 1,84 -335,52 328,11

FONTE: Autor (2017)

 Modelo 2

Modelo 2A:

Na análise do modelo 2 com cinco pavimentos o momento negativo


máximo na região da ligação viga-pilar intermediário igual a 299,03 KNm,
superando o momento-limite de escoamento da armadura de ligação (𝑀 , )
que para essa ligação possui valor igual a 282,67 KNm, já a ligação viga-pilar
de extremidade possui momento negativo máximo igual 275,51 KNm não
superando o momento-limite para essa ligação que possui valor igual a 328,11.
Os valores dos momentos máximos foram obtidos para a segunda combinação
de carregamentos (COMB2). Nota-se que a combinação de carregamentos
utilizada para obter-se o momento negativo máximo na região da ligação é
diferente para os dois modelos estudados, justificando-se pelo fato da ação
variável preponderante no Modelo 1 ser a ação do vento e no Modelo 2 a carga
85

acidental de ocupação. O deslocamento máximo obtido no topo da estrutura


tem valor igual a 0,22 cm sendo, portanto inferior ao limite estabelecido na NBR
9062/2017 para o estado-limite de deformação que para o presente caso
possui valor igual a 1,53 cm.
O valor máximo do γ é obtido para segunda combinação de ações
(COMB2), sendo o γ discriminado na Tabela 20.
Tabela 20 - Coeficiente γz para o Modelo 2 - 5 pavimentos
Cota
Pavimento 𝑭𝒉 (𝑲𝑵) 𝑴𝟏, 𝒕𝒐𝒕, 𝒅(𝑲𝑵𝒎) 𝑭𝑽 (𝑲𝑵) 𝒂 (𝒎) 𝜟𝑴𝒕𝒐𝒕, 𝒅(𝑲𝑵𝒎)
(𝒎)
Cobertura 18,33 37,556 688,401 4641,776 0,0059 26,831
5 14,58 58,733 856,327 7188,149 0,0051 36,66
4 10,83 55,684 603,058 7188,149 0,0042 30,190
3 7,08 51,584 365,215 7188,149 0,0027 19,408
2 3,33 45,041 149,987 7188,149 0,001 7,188
1 0 0 0 7188,149 0 0
∑ --- --- 2662,988 --- --- 120,277
𝛾 = , = 1,0475
,

FONTE: Autor (2017)

Na análise do Modelo 2 ocorreu a plastificação da armadura da ligação


viga-pilar intermediário, possuindo então um critério crítico, mas para efeito de
estudo será realizado as análises do Modelo 2 com 6 pavimentos.

Modelo 2B:

Assim como no Modelo 1 houve a superação do momento-limite de


escoamento da armadura pelo momento negativo máximo na ligação viga-pilar
intermediário que apresentou valor igual a 304,55 KNm, valor obtido para
primeira combinação de ações (COMB1). Já a ligação viga-pilar de
extremidade o momento negativo máximo foi de 288,17 KNm, valor obtido para
a segunda combinação de ações (COMB2).
O deslocamento horizontal máximo obtido no topo da estrutura foi de
0,33 cm, sendo, portanto inferior ao máximo deslocamento para o estado-limite
de deformação que para o presente caso possui valor igual a 1,84 cm.
O valor máximo do γ é obtido para segunda combinação de ações
(COMB2), sendo o γ discriminado na Tabela 21.
86

Tabela 21 - Coeficiente γz para o Modelo 2 - 6 pavimentos


Cota
Pavimento 𝐅𝐡 (𝐊𝐍) 𝐌𝟏, 𝐭𝐨𝐭, 𝐝(𝐊𝐍𝐦) 𝐅𝐕 (𝐊𝐍) 𝐚 (𝐦) 𝚫𝐌𝐭𝐨𝐭, 𝐝(𝐊𝐍𝐦)
(𝐦)
Cobertura 22,08 38,825 857,256 4641,776 0,009 41,776
6 18,33 61,228 1122,309 7188,149 0,0082 58,943
5 14,58 58,733 856,327 7188,149 0,007 50,317
4 10,83 55,684 603,058 7188,149 0,0055 39,535
3 7,08 51,584 365,215 7188,149 0,0033 23,721
2 3,33 45,041 149,987 7188,149 0,0012 8,626
1 0 0 0 7188,149 0 0
∑ --- --- 3954,152 --- --- 222,918
𝛾 = , = 1,0597
,

FONTE: Autor (2017)

O Modelo 2 com o fator de restrição a rotação de referência atinge o


momento-limite de escoamento da armadura de ligação para as duas
quantidades de pavimentos estudada, sendo os critérios críticos discriminados
na Tabela 22.
Tabela 22 - Parâmetros críticos para o Modelo 2
Parâmetros

Deslocabilidade no
Momento Máximo na região da ligação
topo da estrutura
(KNm)
Quantidade (cm)
de 𝛄𝐳 Ligação viga-pilar Ligação viga-pilar
Pavimentos Valor Valor de Extremidade intermediário
Calculado Limite Valor Valor Valor Valor
Calculado Limite Calculado Limite

5 1,0426 0,37 1,53 -275,51 328,11 299,03 282,67

6 1,0562 0,57 1,84 -288,17 328,11 304,55 282,67

FONTE: Autor (2017)

A quantidade de pavimentos que os Modelos estudados podem atingir,


com o fator de restrição à rotação de referência, é limitado pelo momento-limite
de escoamento da armadura de ligação, apesar dos modelos analisados
apresentarem uma boa resposta enquanto a estabilidade global, e as
deslocabilidades horizontais no topo da estrutura serem inferiores ao máximo
87

deslocamento prescrito pela NBR 9062/2017, o arranjo estrutural estudado fica


limitado a um módulo padrão com cinco pavimentos (Modelo 1A).
É possível observar também que o escoamento da armadura de ligação,
para as ligações viga-pilar intermediário e de extremidade com o mesmo fator
de restrição à rotação, ocorrerá primeiro nas ligações intermediárias.
88

5 CONCLUSÕES

A partir das análises realizadas nos modelos estudados, pôde-se


observar que as estruturas em concreto pré-moldado com ligação viga-pilar
semirrígido utilizadas em edifícios de pequena altura, menores que seis
pavimentos, apresentaram um bom comportamento quanto à sensibilidade aos
efeitos de segunda ordem global, sendo o deslocamento horizontal máximo no
topo da estrutura, para todos os casos estudados, inferiores ao deslocamento
máximo prescrito pela NBR 9062/2017 para o estado-limite de deformação.
Variando-se os fatores de restrição à rotação, sobretudo para valores
inferiores a 0,15, observou-se a importância da consideração da rigidez da
ligação viga-pilar na estabilidade global de edifícios de pequena altura. No
entanto a NBR 9062/2017 de forma conservadora considera como sendo
articuladas as estruturas com ligações que apresentam fatores de restrição
inferiores a 0,15 subestimando assim o efeito de pórtico constituído por esses.
Entretanto essas ligações possuem mecanismos resistentes ao momento fletor
negativo na região da ligação. Constatando-se que ao considerar a rigidez da
ligação viga-pilar, menor que seja o valor, há um ganho substancial nos
parâmetros de estabilidade, podendo essa faixa de rigidez ser uma alternativa
ao modelo articulado.
Apesar dos modelos analisados apresentarem-se estáveis globalmente,
ficou a análise restrita ao momento-limite de escoamento da armadura de
ligação, sendo, portanto, o parâmetro crítico observado nas análises a
plastificação da região da ligação viga-pilar, podendo ocasionar a formação de
rótulas plásticas, causando assim na estrutura um equilíbrio instável.
Desse modo, a utilização de estruturas pré-moldadas com ligação viga-
pilar semirrígidas em edifícios de pequena altura torna-se uma alternativa
viável as estruturas convencionais de concreto armado moldado in loco, desde
que se atente aos critérios críticos, que para os modelos analisados foi o
momento de plastificação da armadura.
É importante ressaltar que o fator de restrição a rotação está limitado à
capacidade de alocar-se a armadura de ligação na região viga-pilar.
Para trabalhos futuros, sugere-se a utilização dos modelos de referência
com ligações viga-pilar executavas sobre almofada de elastômero com
89

chumbador, de forma a verificar o comportamento efetivo dessa ligação quanto


à estabilidade global e a sua plastificação.
90

REFERÊNCIAS

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