EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA
COMARCA DE FRANCA – ESTADO DE SÃO PAULO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO,
representado pelo Promotor de Justiça infra-assinado, no uso de suas atribuições legais, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro na Constituição Federal e na Lei nº 7.347/85, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face de JOÃO DE DEUS, RG nº 92.390.932-3-SSP/SP e CPF nº 023.302.039-49, residente e domiciliado à rua Pedro de Lima, nº 820, bairro Jardim Ângela Rosa, nesta cidade e comarca, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
Instaurou-se o inquérito civil nº 0001/17 com o fito de
apurar os motivos pelos quais o réu tem promovido eventos nesta urbe sem a correta observância das diretrizes da Resolução nº 122/85, expedida pela Secretaria de Segurança Pública, o que pode expor a risco a incolumidade física das pessoas que venham a frequentá-los.
A norma telada foi editada levando-se em consideração
que toda e qualquer competição esportiva ou apresentação artístico-cultural, realizada mediante ingresso pago, equipara-se a espetáculo público, no qual há probabilidade de ocorrer ofensas físicas, danos materiais, desordens e tumultos por falta de normas preventivas proibitivas.
A manutenção da ordem pública, da disciplina, do
respeito, da segurança física e patrimonial se insere na órbita do Poder de Polícia inerente ao Estado. Assim, as autoridades policiais, no exercício da atribuição de manutenção da ordem pública, somente podem fornecer policiamento ostensivo para espetáculos públicos mediante prévia vistoria das instalações dos estádios, ginásios, teatros ou recintos onde serão realizados, uma vez que, se não aprovadas as condições de segurança, serão apontadas as modificações necessárias à sua adequação, se possíveis, ou solicitada a indicação de outro local para a realização do evento. Ocorre que, por diversas vezes, tentou-se a composição amigável com o réu para a adequação, incorrendo na falta de êxito, eis que ele, de forma contínua, não atendeu à solicitação do Ministério Público para celebração de compromisso de ajustamento de conduta.
Assim, visando garantir a segurança das pessoas que
frequentam os eventos promovidos pelo réu, faz-se necessário que ele seja compelido a tomar todas as providências necessárias para a observância das diretrizes exigidas pela Resolução supramencionada.
Diante do exposto, requer a procedência integral dos
pedidos para condenar JOÃO DE DEUS nas obrigações de fazer consistentes em:
a) Proibir o uso de vasilhames, copos de vidro ou
qualquer outro tipo de embalagem que, direta ou indiretamente, possam provocar ferimentos em caso de esforço físico isolado ou generalizado;
b) Disponibilizar segurança devidamente credenciada,
nos termos da legislação pertinente, para o bar e seu respectivo caixa, portaria, mesa do DJ, caixa de força, bilheteria, hidrantes, local de dispensa das garrafas e congêneres, locais considerados sensíveis;
c) Realizar o comércio de cerveja, chope, refrigerantes,
sucos e águas apenas em copos de plástico, facultado o uso de vasilhames de lata, sob exclusiva responsabilidade do promotor do evento;
d) Solicitar o policialmente, em documento
circunstanciado, protocolizado com vinte dias, no mínimo, de antecedência na organização policial militar, conforme modelo disponibilizado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo; e) Obter as autorizações administrativas necessárias e alvarás do Corpo de Bombeiros e da Vara da Infância e Juventude;
f) Protocolizar junto à Prefeitura Municipal e à Vara da
Infância e Juventude, com vinte dias de antecedência, no mínimo, pedido de alvará para a realização de eventos;
g) Não fornecer bebidas alcoólicas a pessoas menores
de dezoito anos de idade.
Requer, ainda, que seja imposta a multa de R$ 10.000,00
(dez mil reais) por evento realizado, quando não forem observadas as sobreditas obrigações, cujo valor será revertido para o Fundo Estadual Especial de Defesa e Reparação dos Interesses Difusos Lesados.
Protesta por todos os meios de prova em Direito
admitidos, em especial juntada de novos documentos, inspeção judicial, perícia e oitiva de testemunhas.
Requer, por fim, a citação do réu JOÃO DE DEUS, RG nº
92.390.932-3-SSP/SP e CPF nº 023.302.039-49, residente e domiciliado à rua Pedro de Lima, nº 820, bairro Jardim Ângela Rosa, nesta cidade e comarca, para que responda aos termos da presente ação civil pública, sob pena de revelia e presunção de que aceita como verdadeiros os fatos ora articulados.
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).