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O TEXTO DESCRITIVO

O que é um texto descritivo?

Descrição é a representação verbal de um objecto sensível (ser, coisa, paisagem), através


da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o
distinguem.

Notas:

1. Enquanto a definição generaliza, a descrição individualiza, isto porque, quando definimos,


estamos a tratar de classes, de espécies e, quando descrevemos, estamos a detalhar
indivíduos de uma espécie.

2. Descrever não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas assinalar os traços
mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do conjunto uma impressão dominante e
singular. Dependendo da intenção do autor, varia o grau de exactidão e minúcia na
descrição.

3. Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a descrição faz interrupções na
história, para apresentar melhor uma personagem, um lugar, um objecto, enfim, o que o
autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto. Pode também ter a finalidade
de ambientar a história, mostrando primeiro o cenário, como acontece no texto abaixo:

"Ao lado do meu prédio construíram um enorme edifício de apartamentos. Onde antes eram cinco
românticas casinhas geminadas, hoje instalaram-se mais de 20 andares. Da minha sala vejo as
varandas (estilo mediterrâneo) do novo monstro. Devem distar uns 30 metros, não mais.
E foi numa dessas varandas que o facto se deu."
(Mário Prata. 100 Crónicas. São Paulo,
Cartaz Editorial, 1997)

Os pontos de vista

Numa descrição, quer literária, quer técnica, o ponto de vista do autor interfere na
produção do texto. O ponto de vista consiste não apenas na posição física do observador, mas
também na sua atitude, na sua predisposição afectiva em face do objecto a ser descrito. Desta
forma, existem o ponto de vista físico e o ponto de vista mental.

a) Ponto de vista físico


É a perspectiva que o observador tem do objecto; pode determinar a ordem na enumeração dos
pormenores significativos. Enquanto uma fotografia ou uma tela apresentam o objecto de uma só
vez, a descrição apresenta-o progressivamente, detalhe por detalhe, levando o leitor a combinar
impressões isoladas para formar uma imagem unificada. Por esse motivo, os detalhes não são
todos apresentados num único período, mas pouco a pouco, para que o leitor, associando-os,
interligando-os, possa compor a imagem que faz do objecto da descrição.
Observamos e percebemos com todos os sentidos, não apenas com os olhos. Por isso,
informações a respeito de ruídos, cheiros, sensações tácteis são importantes num texto
descritivo, dependendo da intenção comunicativa. Como já referido, outro factor importante diz
respeito à ordem de apresentação dos detalhes.

b) Ponto de vista mental ou psicológico


A descrição pode ser apresentada de modo a manifestar uma impressão pessoal, uma
interpretação do objecto. A simpatia ou antipatia do observador pode resultar em imagens
bastante diferenciadas do mesmo objecto.

Descrição literária e não literária

Conforme o objectivo a alcançar, a descrição pode ser não-literária ou literária.

Textos descritivos não-literários


Na descrição não-literária, há maior preocupação com a exactidão dos detalhes e a precisão
vocabular. Por ser objectiva, há predominância da denotação.
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A descrição técnica é um tipo de descrição objectiva: ela recria o objecto usando uma linguagem
científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as
peças que os compõem, para descrever experiências, processos, etc.

Exemplo:
a) Folheto de propaganda de carro
Conforto interno – É impossível falar de conforto sem incluir o espaço interno. Os seus interiores
são amplos, acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant
possuem direcção hidráulica e ar condicionado de elevada capacidade, proporcionando a
climatização perfeita do ambiente.
Porta-malas – O compartimento de bagagens possui capacidade de 465 litros, que pode ser
ampliada para até 1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.
Tanque – O tanque de combustível é confeccionado em plástico reciclável e posicionado entre as
rodas traseiras, para evitar a deformação em caso de colisão.

Textos descritivos literários

Na descrição literária predomina o aspecto subjectivo, com ênfase no conjunto de


associações conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de pessoas; cenários,
paisagens, espaço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também
podem ocorrer tanto em prosa como em verso.

Características linguísticas

Existem características linguísticas próprias do texto de base descritiva, que o diferenciam de


outros tipos de textos;

 Os advérbios de lugar são elementos essenciais para a coesão e a coerência do texto de


base descritiva, permitindo a localização espacial dos cenários e personagens descritos;

 Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores de propriedades, atitudes,


qualidades, usados principalmente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar,
haver, situar-se, existir, ficar).

 Ênfase na adjectivação para melhor caracterizar o que é descrito;

Exemplo:
"Era alto , magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto
aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia
os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso
dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído
aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no
queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crânio. " (Eça de Queiroz, O Primo Basílio)

 Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, sinestesias).

Exemplo:

"Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um
vaso chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que
lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue." (José de
Alencar, Senhora)

 Uso de advérbios de localização espacial.

Exemplo:
"Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente, uma
grade de ferro; depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia
ter uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde
saíam três portas; no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no
quintal e atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça ..." (Entrevista gravada para o
Projecto NURC/RJ)

NOTA: A ordem dos detalhes é, pois, muito importante. Não se faz a descrição de uma casa de
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maneira desordenada; ponha-se o autor na posição de quem dela se aproxima pela primeira vez;
comece de fora para dentro à medida que vai caminhando na sua direcção e percebendo pouco a
pouco os seus traços mais característicos com um simples correr d' olhos: primeiro, a visão do
conjunto, depois a fachada, a cor das paredes, as janelas e portas, anotando alguma singularidade
expressiva, algo que dê ao leitor uma ideia do seu estilo, da época da construção.

Mas não se esqueça:

Percebemos ou observamos com todos os sentidos, e não apenas com os olhos. Haverá
sons, ruídos, cheiros, sensações de calor, vultos que passam, mil acidentes, enfim, que evitarão
que se torne a descrição uma fotografia pálida daquela riqueza de impressões que os sentidos
atentos podem colher.

Continue o observador: entre na casa, examine a primeira peça, a posição dos móveis, a
claridade ou obscuridade do ambiente, destaque o que lhe chame de pronto a atenção (um móvel
antigo, uma goteira, um vão de parede, uma massa no reboco, um cão sonolento...). Continue
assim gradativamente. Seria absurdo começar pela fachada, passar à cozinha, voltar à sala de
visitas, sair para o quintal, regressar a um dos quartos, olhar depois para o telhado, ou notar que
as paredes de fora estão descoloridas. Quase sempre a direcção em que se caminha, ou se
poderia normalmente caminhar rumo ao objecto serve de roteiro, impõe uma ordem natural para
a indicação dos seus pormenores."

É evidente que esse "passeio" pelo cenário, feito como se tivéssemos nas mãos uma
câmara cinematográfica, registando os detalhes e compondo com eles um todo, deve obedecer a
um roteiro coerente, evitando idas e vindas desconexas, que certamente perturbam a organização
espacial e prejudicam a coerência do texto descritivo.

Descrição de pessoas

A descrição de personagem pode ser feita na primeira ou terceira pessoa. No primeiro caso, fica
claro que o personagem faz parte da história; no segundo, a descrição é feita pelo narrador, que,
ele próprio, pode fazer ou não parte da história.

Texto - Retrato de Mónica


Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família,
ser chiquíssima, ser dirigente da "Liga Internacional das Mulheres Inúteis", ajudar o marido nos
negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares,
ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda gente, toda gente gostar dela,
coleccionar colheres do século XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte,
fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre
divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.
Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura.
Esquecem-se sempre do ioga ou da pintura abstracta.
Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e contente.
Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol.
De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve de
renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.

Texto - Calisto Elói


”Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua
pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica
saliência do abdómen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos
intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes.
Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão
vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de
repulsão.”
(Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo)

Comentário sobre a descrição de pessoas


A descrição de pessoas pode ser feita a partir das características físicas, com predomínio da
objectividade, ou das características psicológicas, com predomínio da subjectividade. Muitas
vezes, o narrador, propositadamente, faz uma caricatura do personagem, acentuando os seus
traços físicos ou comportamentais.
Os personagens podem ser apresentados directamente, isto é, num determinado momento da
história, e neste caso a narrativa é momentaneamente interrompida. Podem, por outro lado, ser
apresentados indirectamente, por meio de dados, como comportamentos, traços físicos, opiniões,
que vão sendo indicados passo a passo, ao longo da narrativa.
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Texto – Trecho de A Relíquia (Eça de Queirós)
"Estávamos sobre a pedra do Calvário.
Em torno, a capela que a abriga, resplandecia com um luxo sensual e pagão. No tecto azul-
ferrete brilhavam sóis de prata, signos do Zodíaco, estrelas, asas de anjos, flores de púrpura; e,
dentre este fausto sideral, pendiam de correntes de pérolas os velhos símbolos da fecundidade,
os ovos de avestruz, ovos sacros de Astarté e Baco de ouro. [...] Globos espelhados, pousando
sobre peanhas de ébano, reflectiam as jóias dos retábulos, a refulgência das paredes revestidas
de jaspe, de nácar e de ágata. E no chão, no meio deste clarão, precioso de pedraria e luz,
emergindo dentre as lajes de mármore branco, destacava um bocado de rocha bruta e brava, com
uma fenda alargada e polida por longos séculos de beijos e afagos beatos."

Informações gerais sobre este tipo de texto:

a) O texto de base descritiva tem como objectivo oferecer ao leitor /ouvinte a oportunidade de
visualizar o cenário onde uma acção se desenvolve e as personagens que dela participam;

b) A descrição está presente no nosso dia-a-dia, tanto na ficção (nos romances, nas novelas, nos
contos, nos poemas) como em outros tipos de textos (nas obras técnico-científicas, nas
enciclopédias, nas propagandas, nos textos de jornais e revistas);

c) O texto descritivo tem características próprias e não apenas a função de auxiliar a narrativa, os
teóricos chegam a apontar aspectos linguísticos da descrição: frequência de imagens, de
analogias, adjectivos, formas adjectivas do verbo, termos técnicos... Além disso, o autor ressalta a
função utilitária desempenhada pela descrição face a qualquer tipo de texto do qual faz parte:
"descrever para completar, descrever para ensinar, descrever para significar, descrever para
arquivar, descrever para classificar, descrever para prestar contas, descrever para explicar.

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