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Nº 19.833/CS
MPF/PGR Nº 19.833/CS 2
MPF/PGR Nº 19.833/CS 3
3. A Defesa alega que não obstante o Juízo Federal de primeiro grau ter
afastado a hipótese de transnacionalidade do delito, prosseguiu no
julgamento da causa ao abrigo da perpetuatio jurisdictionis, incabível na
espécie, condenando o paciente pela prática do crime de tráfico interno de
entorpecentes; aduz a ilegalidade do aresto Regional ao manter a
condenação e reconhecer, de ofício, a transnacionalidade do crime e
assentar a competência da Justiça Federal no caso, incorrendo em
reformatio in pejus, já que a internacionalização do ilícito não foi reconhecida
em primeiro grau e tampouco foi objeto de recurso do Parquet Federal.
Pugna pela nulidade da condenação mantida no REsp nº 1.084.256/SC,
ante a presença do vício insuperável da incompetência absoluta da Justiça
Federal para processar e julgar o feito.
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2.1. A competência para o processamento da ação penal:
A existência de indícios de transnacionalidade quando do
oferecimento da denúncia já justifica o processamento da ação perante
a Justiça Federal, prorrogando-se a competência desta ainda que
eventualmente se venha a depois constatar que dita transnacionalidade
inexistia.
Com efeito, se assim não fosse, criar-se-ia campo de manobra para
protelação e fabricação de nulidades por réus portadores de culpa, que,
num primeiro momento, declarariam comercialização interna, e, depois,
afirmariam comercialização externa dos entorpecentes, provocando
deliberadamente remessas sucessivas do processo da Justiça Federal
para a Estadual, ou vice-versa, ao sabor de seus interesses.
Em síntese, a interpretação mais adequada do art. 70 da Lei n°
11.343/2006 parece ser aquela que intui, objetivamente, que a
averiguação quanto à existência de ilícito transnacional que é realizada
quando da primeira análise dos fatos delituosos, para fins de definição
sobre se há competência da Justiça Federal ou da Justiça Estadual,
deve ter seus efeitos perenizados até o final do processo, não para
reconhecimento de qualificadoras ou causas de aumento de pena, mas
especificamente para a definição da competência, de modo a que seja
perpetuada (nesse sentido, veja-se precedente do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região nos Autos 200271000094342/RS, relatados pelo
Des. Fed. Élcio Pinheiro de Castro, e julgados em 18.06.2003).
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33. Dispõe o art. 81 do CPP:
'Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência,
ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou
3. Art. 109 (CPP). Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne
incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do
artigo anterior.
4. Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da
sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique
a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos
demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o
juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua
a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
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13. Ao que tem dos autos o tema da competência foi reagitado no voto
do em. Relator da apelação, portanto não constituindo matéria impugnada
pelas partes, o mesmo ocorrendo quanto ao reconhecimento da
transnacionalidade do ilícito, ponto afastado em primeiro grau e estranho à
insurgência da Acusação; disto resultou novas conclusões adotadas pela
Corte Regional que extrapolaram os lindes dos pedidos deduzidos nos
recursos, emitindo-se juízo sobre questões não provocadas (ne procedat
judex ex officio), passíveis de implicar em indevida reformatio in pejus.
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