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Conceito
O termo joint venture pode ser usado para descrever muitos fenômenos jurídicos,
englobando todas as iniciativas colaborativas realizadas por empresas não importando se
estruturada ou não.
Devido a difícil conceituação, existem inúmeras tentativas de definição mas utilizaremos a
de Luiz Olavo Baptista:
“ A Joint venture é uma associação de duas ou mais pessoas naturais ou morais que se
vinculam com o objetivo de realizar uma atividade econômica específica, podendo aportar a tais
propósitos ativos tangíveis ou intangíveis que deverão ser explorados unicamente visando o
objetivo específico do contrato ou em um lapso de tempo determinado. A essência desse contrato é
o objetivo comum das partes que limita sua ação, motivo pelo qual a gestão do negócio involucrará
uma ação solidária sem que aquilo que for decidido por um deles possa ser contradito pelo outro, se
foi realizado em cumprimento claro aos objetivos do contrato. É portanto, um negócio onde a ação é
determinado por dois ou mais empreendedores, sem ânimo de formar uma sociedade.”
A expressão em si não possui tradução para o português, o instituto nacional que mais se
assemelha a ela seria o consórcio, que em perspectiva internacional estaria mais próximo da
partnership, que deixou de ser sinônimo de joint venture, de maneira que a conceituação no Brasil
torna-se ainda mais complicada do que em outros países, uma vez que distancia-se das formas de
associação e regulação tipificadas em nosso ordenamento jurídico.
Apesar da falta de consenso a cerca da definição de Joint venture, podemos dividi-las nos
seguintes tipos:
- equity ou non equity → na equity joint venture, a empresa é formada com participação financeira
de todas as partes, já na non equity alguma das partes não contribui com capital para a empresa.
- corporate ou non corporate → nas corporate joint venture o contrato prevê a criação de uma
terceira pessoa jurídica diferente das contratantes, diferente do outro tipo que não gera o
nascimento de uma terceira empresa.
As Corporate Joint Ventures são realizadas quando o empreendimento requer grande volume de
capital, se o período de associação e muito longo, ou se o produto ou serviço a ser explorado
demanda equipamentos ou locais específicos, não facilmente encontrados. Essa terceira empresa
criada é autônoma, possuindo todos os requisitos legais exigidos para seu funcionamento segundo o
modelo escolhido pelos co-venturers, mas subordina-se ao contrato assinado pelos co-venturers para
sua formação onde escolheram o modelo jurídico a ser adotado, os direitos de participação de cada
um e etc. Não se trata portanto de mera filial, pois incialmente é formada por uma associação de
empresas distintas e seu único objetivo é garantir a operacionalidade do empreendimento.
As empresas que buscam esse tipo de associação devem antes fazer um meticuloso estudo de quais
suas reais condições dentro do mercado e ater-se a todas as variáveis do empreendimento. No
âmbito das joint ventures este dever de agir com boa fé informando a risca os objetivos perseguidos
pelas partes deve ser seguido a risca, pois poderá não haver suficiente coalisão de interesses para a
formação de uma associação.
Didaticamente, divide-se assim o estudo do contrato de joint venture em três fases: MOTIVAÇÃO,
CONTRATAÇÃO E GESTÃO E CONTROLE.
Fase de motivação
Muitas são as razões que levam as empresas a associar-se, em razão dos objetivos a serem
atingidos é que deve-se escolher uma forma de associação a outra, de modo geral as joint ventures
(JV) são escolhidas quando o negócio envolve troca de tecnologia.
Schulze ponta duas grandes razões para o crescimento das JV, a inflação, onde grandes
empreendimentos são realizavéis apenas por associações de duas ou mais empresas e, o que vem se
tornando bastante comum, é que investimentos em um Estado estrangeiros só sejam possíveis
através da participação de um grupo local, privado ou público. Sob outro prisma Rasmussen afirma
que 80% deos casos de formação de JV, de fato, os ativos intangíveis ou quaisquer tipo de know-
how inovativo ou dominante são os estímulos principais para a associação.
c) conquista de novos mercados → muitas são as maneiras de adentra um novo mercado, mas o
mais vantajoso mostra-se pela associação de uma empresa, nacional ou não, que conheça, já atue e
seja conhecida no mercado em vista.
d) pressões do país anfitrião → muitas países apresentam como requisitos à entrada de empresa no
mercado nacional a associação de empresa do país receptor para investimento, conscientes dessa
realidade, muitas empresas estrangeiras buscam cooperação das nacionais na esperança de obter um
tratamento favorável dos governos. Essa linha de ação estatal pode por outro lado desestimular os
investimentos externos principalmente quando a interferência estatal se dá sob a forma de
obrigações aos atores estrangeiros exigindo que modifiquem substancialmente seus planos de ação.
No Brasil por exemplo está proibida a participação acima de 30% de capital estrangeiro em redes de
rádio e TV e mídia impressa, sendo totalmente proibidas em atividades relacionadas a energia
nuclear, serviços de saúde, indústria pesqueira e outros.
Fase de Contratação
Nessa fase devera-se escrever o contrato e pactuar seus termos e cláusulas. Geralmente as
JV exigem a redação de três tipos de acordos: contratos de JV propriamente ditos, contratos
autônomos de cooperação entres as empresas mães e a nova empresa e os estatutos e demais
exigências legais para a criação dessa nova unidade. Vale citar ainda os contratos satélites, a partir
dos quais defluiriam toda a rede contratual de cada partners para o novo empreendimento.
As partes primeiro contratam e depois determinam qual o ordenamento jurídico que
proporcionará melhor forma de concretizar o estipulado, escolhendo assim as regras aplicáveis ao
contrato, por isso nos contratos de JV usualmente há lex voluntatis, onde as partes podem definir a
lei aplicável a aquele contrato.
Há ainda a questão da definição do idioma oficial do contrato, que mesmo que esse seja
traduzido em diversas línguas, é aquele redigindo no idioma oficial que será uado para dirimirem
quais dúvidas e problemas que venham a surgir durante a execução do contrato.
Antes de redigirem o contrato em si, as partes podem formular o preâmbulo que constituir-
se-á em uma forma de interpretação das intenções, projeções e motivações dos contratantes,
podendo ainda conter uma mensagem dirigida a terceiros, notadamente autoridades de fiscalização.
Assim o preâmbulo serviria como elemento de apreciação em caso de dúvidas ou erro quanto as
qualidades afirmadas por cada parte no momento de suas apresentações.
Em tratando-se de documento privado, ele obriga apenas seus signatários, de forma que não
pode ser oposto à nova corporação ou a terceiros. Isto significa que as açoes realizadas pela
empresa criada não podem ser contestadas pelos partners alegando que ferem o contrato base, desde
que estejam de acordo com a legislação local.
O acordo deverá constar das cláusulas usuais de contratos internacionais como identificação
das partes, seus direitos e deveres, língua oficial do contrato, sistema de solução de controvérsias,
data de entrada em vigor, possibilidades e procedimentos para alteração dos contratos , tanto o
contrato base quanto os satélites e outros.
São as mais significativas as cláusulas de:
- cláusula de lei aplicável → as partes deverão estabelecer uma lei para reger seu contrato, em
virtude da potencial utilização de mais de uma norma. Na ausência de manifestação, das partes o
juiz ou o arbitro deverá estabelecê-la.
- cláusula de estabilização (não está no livro mas falou repetidamente na aula ) → protege o
contrato de mudanças na legislação escolhida ao longo do tempo, assim podem as partes decidir que
seguiram um tal código ou legislação vigente no momento da assinatura do contrato, protegendo-se
e mudanças posteriores na legislação.
- cláusula de solução de conflito → aqui deve ser estabelecido um foro de solução de conflito ou
optar pela arbitragem. A escolha de foro é pouco usual em contratos internacionais, sendo mais
comum a arbitragem uma vez que a última conta com as seguintes vantagens sobre a primeira : é
sigilosa, informal; ela é especializada, rápida e neutra, não retirando totalmente da mão das partes
ps elementos que interferirão na decisão final, uma vez que coube a elas a escolha do árbitro e a
delimitação da atuação do mesmo. Principalmente a questão do sigilo é bastante preponderante,
pois como já foi dito os contratos de JV tratam em grande parte de transferência de tecnologia.
- cláusula de Hardship → aquele projeto cuja execução demanda tempo considerável de execução,
acaba exposto a adversidades. Assim nesse tipo de empreendimento não devem ter validade nome
do pacta sund servanda se, a conjuntura na qual eles foram celebrados sofreu grandes modificações
traduzindo-se em grandes perdas para as partes. Surgem assim as cláusulas de força maior ou
Hardship, que a grosso modo, possibilitam a suspensão ou, em casos extremos, a resolução do
contrato, com exoneração da responsabilidade do devedor pela mora e inadimplemento, frente a
impossibilidade temporária ou definitiva do cumprimento de suas obrigações.
- cláusula de resilição e escape → tanto nas corporate como nas non corporate JV podem ser
inclusas cláusulas relativas ao término do contrato e a saída de uma das partes, ou de alguns dos
signatários sem implicar, nesse segundo caso, no fim do contrato em questão, mas apenas uma
rescisão parcial do mesmo em relação ao membro que sai.
Para finalizar, vale ressaltar os seguintes pontos sobre o investimento estrangeiro no Brasil,
que valem também para os outros contratos internacionais. O investimento estrangeiro deve ser
registrado no prazo de 30 dias junto ao Banco Central para que haja direito ao repatriamento na
moeda local uma vez esse realizado, a remessa de lucros, dividendos ao exterior, bem como a
repatriação de capital não sofrem a rigor, nenhum tipo de restrição. No caso de repatriamento, se os
valores excederem o de registro serão considerados ganhos de capital e sujeitos a imposto de renda.
Sempre que a média das distribuições de um triênio exceder 12% do capital de reinvestimentos
registrado, o montante de lucros e dividendos líquidos relativos a investimento em moedas
estrangeiras, distribuídos a pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou com sede no exterior, ficará
sujeito a um imposto suplementar de renda.
Quanto aos royalties, que designam os valores devidor pelo uso de tecnologia adquirida, trata-se de
uma espécie de “aluguel”, pois o tomador não adquire nada mais do que o direito de explorar a
tecnologia em questão, não passando a ser proprietário da mesma, contudo há a possibilidade de se
transmitir o objeto royalty a terceiros. As despesas devidas a título de royalties, podem ser
deduzidas nas declarações de imposto de renda até o limite máx de 5%
A grande questão dos royalties acaba girando em torno da quantificação desse valor, uma vez que só
quem criou pode ao certo determinar o valor, o que acaba permitindo que os lucros sejam embutidos
nos valores percebidos a título de royalties, furtando-se o beneficiário do pagamento devido de
imposto de renda. Neste cenário, pactuar-se-ia uma margem pequena de lucro porém grandes
dividas em royalties.