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HISTÓRICOS
E TEÓRICO-
METODOLÓGICOS
DO SERVIÇO
SOCIAL
Graduação
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
Seja bem-vindo(A)!
Seja bem-vindo(a)!
Caro(a) aluno(a), é um grande prazer e satisfação podermos trabalhar com você esta
disciplina tão importante para sua formação profissional. O material elaborado o(a) au-
xiliará no estudo da disciplina de Fundamentos Históricos Teórico Metodológicos do
Serviço Social.
Faremos, no decorrer de nossos estudos, uma análise da fundamentação teórica do sur-
gimento do Serviço Social.
Posto isso, no decorrer das cinco unidades deste material, você analisará questões em
que propomos reflexão e, com isso, uma ampliação de seu conhecimento, formando,
assim, um profissional capacitado para a compreensão do início de nossa profissão.
Durante a elaboração deste livro, propusemos criar um material que abordasse a funda-
mentação sócio-histórica da profissão de um modo claro e de fácil compreensão.
Agora, farei um breve relato do conteúdo que iremos abordar no decorrer de nosso
estudo.
Na Unidade I, veremos os elementos para entendermos o capitalismo, a relação entre
proletariado e burguesia e o surgimento do Serviço Social na Europa.
Na Unidade II, abordaremos sobre as protoformas do Serviço Social, o surgimento das
primeiras escolas de Serviço Social no Brasil e o conservadorismo religioso e as bases
teórico-metodológicas.
Na Unidade III, veremos a influência do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade e a
relação entre positivismo e funcionalismo na profissão.
Já na Unidade IV, abordaremos a defesa da qualificação profissional e a mobilização da
categoria.
Finalizando nosso livro, na Unidade V, o assunto será o Serviço Social e a Ditadura, a
incorporação da profissão na esfera da burocracia e tecnocracia. E, encerrando, aborda-
remos o Serviço Social e o processo de questionamento da prática profissional.
Prezado(a) aluno(a), é de extrema importância que você faça a leitura do material pre-
viamente e resolva todas as questões propostas no final de cada Unidade, pois isso con-
tribuirá amplamente para seu processo de aprendizagem, no qual estaremos pronta-
mente disponíveis em atendê-lo(a).
Deixamos aqui nossos sinceros agradecimentos em poder compartilhar nosso conheci-
mento e contribuir para o processo de sua formação profissional.
Desejamos um ótimo estudo e sucesso a você!
09
sumário
UNIDADE I
13 Introdução
14 Capitalismo
16 Capitalismo Monopolista
19 Proletariado X Burguesia
27 Considerações Finais
UNIDADE II
35 Introdução
56 Considerações Finais
UNIDADE III
63 Introdução
69 Positivismo na Profissão
73 Considerações Finais
UNIDADE IV
A CATEGORIA PROFISSIONAL
79 Introdução
89 A Mobilização Da Categoria
93 Considerações Finais
UNIDADE V
99 Introdução
117 Conclusão
119 Referências
Professora Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti
CAPITALISMO E SERVIÇO
I
UNIDADE
SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar o surgimento do capitalismo e o capitalismo monopolista.
■■ Analisar a relação entre proletariado e burguesia.
■■ Refazer a trajetória do Serviço Social, estudando sobre o surgimento
na Europa.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Capitalismo
■■ Capitalismo Monopolista
■■ Proletariado X Burguesia
■■ O surgimento do Serviço Social na Europa
13
Introdução
sendo que nesta reside o elemento essencial para fins de compreensão do capi-
talismo, tanto quanto para a consideração da marcha histórica da humanidade,
relevantemente relacionada com conflitos, antagonismos e lutas, estas últimas,
em particular, consideradas verdadeiras forças motrizes da referida marcha. O
destaque desta luta, sistematizada por Marx, e suprema para Engels, reputou
que ela tem para a história a mesma consideração que a lei da transformação de
energia tem para a ciência natural.
A Unidade I focará no desenvolvimento do capitalismo e seus desdobramen-
tos nas relações entre o capital, o trabalho e o Serviço Social. Portanto, caro(a)
aluno(a), convidamos você a fazer uma busca na trajetória histórica do Serviço
Social, pois temos como propósito buscar a compreensão do capitalismo enquanto
classe histórica e sua correlação com a produção e reprodução das relações sociais.
Para esse debate, vamos nos apoiar nos autores renomados do Serviço Social:
Marilda Iamamoto, Raul de Carvalho, Maria Lucia Martinelli, Maria Lucia
Barroco, entre outros.
Nesse sentido, se faz necessário um regresso no tempo, a fim de investigar
a história e com ela discutir. Assim, apresentamos nossa abordagem nesta pri-
meira unidade.
Vamos lá?
Introdução
I
Capitalismo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
entre meios de produção e produtor é resultado da subordinação direta deste ao
dono do capital, onde se permite a instauração do ciclo de vida do capitalismo
e o seu processo de acúmulo primitivo.
Na produção e reprodução dos meios de vida, os homens organizam deter-
minados vínculos de interações recíprocas e, por intermédio dos quais, realizam
uma ação transformadora da natureza realizando a produção.
Dessa maneira, a produção social não trata apenas de produção objetiva de
matérias, mas também de relações sociais entre as pessoas, entre classes sociais
que personificam certa categoria econômica.
O capital social, enquanto relação social, supõe o outro termo da relação, o
trabalho assalariado, da mesma forma que supõe o capital. A transformação do
dinheiro em capital requer, portanto, que os possuidores do dinheiro enxerguem
no mercado não apenas os meios objetivos de produção como mercadoria, mas
também uma mercadoria especial, a qual faz referência à força de trabalho, cujo
valor de utilização tem a qualidade de ser fonte de valor, ou seja, onde há o con-
sumo e, concomitantemente, a materialização de trabalho e, por isso, a criação
de valor que se realiza na dinâmica do processo produtivo e na relação de com-
pra e venda da força de trabalho.
É por meio dessa relação que o capitalismo é impulsionado a encontrar no
mercado o trabalhador livre, ou seja, livre de qualquer outra relação de domina-
ção econômica, sendo proprietário de suas pessoas, com a finalidade de que possa
enfrentar-se no mercado com seus possuidores do dinheiro, em uma interação
entre possuidores juridicamente iguais de mercadorias, por meio da qual entre
em relação o proprietário da força de trabalho e ceda-a ao comprador para a sua
Capitalismo
I
Capitalismo Monopolista
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As análises do Capitalismo Monopolista nas interações sociais são pífias,
remetendo a sociedade e o mundo à barbárie, por exemplo, na 1ª e 2ª guerra
mundial, holocausto, nazismo, fascismo etc. A finalidade do Estado, na era
Imperialista, era ser apenas um “comitê executivo” da burguesia, sempre atenden-
do-a e favorecendo-a. Em suas contrariedades e dinâmicas, a classe dominante
captura o Estado, passando a ser seu, buscando por meio do jogo democrático a
falsa democracia, a fim de se legitimar (o Estado) tanto politicamente quanto ide-
ologicamente. Em síntese, pode-se dizer que, nesta sociedade, o Estado trabalha
com o propósito de ofertar condições necessárias à acumulação e à valoriza-
ção do capital monopolista. De acordo com a ordem monopólica, ele invade o
espaço dos indivíduos e da sociedade de forma integral, originando propostas
para redefinir características pessoais com estratégias e terapias de ajustamento.
Partindo desse processo, o Serviço Social vai surgindo, e para atender às procu-
ras daquela conjuntura, possuía uma atividade bastante funcionalista de “acertar”
o indivíduo ao meio.
Podemos perceber que o Serviço Social, enquanto profissão, está relacio-
nado ao surgimento da “questão social”, dirigido por condutas assistencialistas
e filantrópicas, com uma base da doutrina social da Igreja Católica, isto é, ori-
ginado como resposta ao agravamento das contrariedades capitalistas em sua
fase monopolista, para o “controle” da classe trabalhadora e para legitimação
dos setores dominantes e do Estado. O serviço social se origina e se efetiva por
meio da ordem monopólica, relacionando-se ainda com as mazelas próprias à
ordem burguesa, à altura do capitalismo monopolista.
A política social é um dos principais mecanismos de intervenção nas
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Para Iamamoto (2004), o serviço social não deve ser interpretado apenas como
uma nova maneira de realizar a caridade, mas sim, como uma forma de inter-
venção ideológica na vida dos trabalhadores, ainda que seu fundamento seja
a atividade assistencial; no entanto, os efeitos produzidos são essencialmente
políticos, por meio do “enquadramento” dos trabalhadores nas relações sociais
vigentes, reforçando a recíproca colaboração entre capital e trabalho.
Capitalismo Monopolista
I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de que as colônias só estabelecessem relações mercantilistas com suas respecti-
vas metrópoles, esse era o pacto colonial.
Isso ocorreu em grande parte da América do sul, mas nas terras que hoje
correspondem aos Estados Unidos e ao Canadá se deu outro tipo de coloniza-
ção, eram as chamadas colônias de povoamento. Neste modelo adotado, eram
pequenas propriedades de policultura, ou seja, vários produtos agrícolas, a mão
de obra era assalariada e os produtos eram para enriquecer o comércio interno.
Porém, não foi assim em todo o território, ao sul dos Estados Unidos, as colônias
eram de exploração, isso devido ao clima semelhante ao tropical que favorecia
a aplicação das Plantations.
Eram sistemas muito diferentes coexistindo, mas isso trouxe consequências,
afinal, após a primeira metade do século XVIII, ocorreu a Primeira Revolução
Industrial e a Inglaterra começou a necessitar de muitos produtos têxteis para
abastecer suas indústrias. Uma série de eventos e abusos acabou levando à
independência dos Estados Unidos, em 1776, conduzindo ao próximo modelo
capitalista que vamos conhecer.
O Capitalismo Industrial: ocorreu com a chegada da Revolução Industrial e
as suas fábricas, que inovaram e intensificaram as relações comercias e as produ-
ções. Era um mundo de produção onde a coisa mais notável era a exploração do
homem pelo próprio homem, aqui o trabalhador não tem consciência de como
as coisas que são feitas industrialmente ocorrem como um todo, ele apenas sabe
uma pequena parte da linha de montagem, e apenas a figura do burguês, dono
das fábricas, sabe o processo completo.
Os trabalhadores se sujeitavam a uma carga de trabalho muito grande para
títulos, como as ações de uma empresa, afinal, abrir uma empresa gera gastos e
nem sempre traz os lucros esperados.
Lembre-se que foi a diferença entre os modelos capitalistas nos Estados Uni-
dos, entre o norte e o sul, que com o passar do tempo gerou as tensões que
levaram à guerra civil americana!
Proletariado X Burguesia
Caro(a) aluno(a), está claro que de fato residimos em um meio social capitalista.
Nossa sociedade apresenta divisão de classes e desigualdades sem igual. Na socie-
dade capitalista, existem inúmeras desigualdades, basta ter olhos para enxergar.
Uma pequena quantidade de pessoas concentra considerável número de
bens em seu poder, quais sejam: dinheiro, propriedades, mansões e carros. De
maneira oposta, grande parte das pessoas possui apenas o mínimo e, às vezes,
menos que isso para sobreviver. Vivemos apertados em questões pertinentes à
alimentação, casa, roupas, escola, transportes, saúde, lazer etc. Vemos, ainda,
tantos efeitos trágicos desse meio social, como a subnutrição, doenças endêmi-
cas, mortalidade infantil, desemprego, prostituição etc.
É fato que entre os dois grupos existem camadas médias, as quais são
Proletariado X Burguesia
I
denominadas “classe média”. Mas não é esta classe que determina a natureza da
sociedade capitalista, pois na referida sociedade, as classes sociais elementares
são a burguesia e o proletariado.
A burguesia é a classe dos proprietários das fábricas, das fazendas, das minas,
dos bancos etc. Resumindo, são os donos particulares dos meios de produção,
ou seja, os possuidores do capital, dessa forma, são chamados de capitalistas.
Esses mecanismos de produção constituem um capital, pois são usados dentro
de uma relação de exploração.
Diante desse panorama, a classe proletária aos poucos vai se rebelando,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dadas as condições de exploração a que estava submetida, ao elevado aumento
da jornada de trabalho, associado à queda do padrão de vida dos assalariados.
E considerando os altos custos sociais provocados pela prática do cresci-
mento econômico, era necessário criar mecanismos, por parte do Estado, de
contenção da classe operária, que vem requerer seus direitos sociais. É nesse
cenário econômico e político que o assistente social é requisitado para intervir
na realidade social, por meio das políticas sociais, em resposta às reivindicações
da classe trabalhadora.
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que saiam dos feudos e iam para os burgos, sem qualquer bem em sua posse; e,
ainda, artesãos que não estavam munidos de condições para competir com as
máquinas da classe dominante. Dessa maneira, os proletários são homens livres
sob duas vertentes: não estão mais presos aos feudos e também não possuem
nada a não ser a sua própria força de trabalho.
Assim, na sociedade capitalista, existe uma fragmentação entre o capital e o
trabalho. Aquele que trabalha diretamente não possui os meios de produção, e
aquele que possui os meios de produção não trabalha diretamente. A classe domi-
nante usa a força de trabalho dos proletários para fazer funcionar seus meios de
produção e, dessa forma, produzir mercadorias com a finalidade de obter lucros.
Com esse lucro, além de viver com qualidade, os burgueses melhoram em quan-
tidade e qualidade os seus mecanismos produtivos, com o propósito de produzir
mais mercadorias e obter, com isso, maiores lucros.
Proletariado X Burguesia
I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
alguma obrigação a nenhum senhor e/ou terra, sendo formalmente livres. Livres
para alienar sua força de trabalho no mercado, ou então, se não quiserem fazer
isso, livres para viverem em condições miseráveis.
Esse “livre” contrato de trabalho feito individualmente reside em um contrato
realizado entre duas partes que ocupam posições distintas dentro da sociedade.
O burguês, dono dos mecanismos produtivos, encontra-se em uma situação de
destaque para procurar a mercadoria força de trabalho, e encontra uma abun-
dância na oferta. Se um trabalhador não aceita suas condições, existem inúmeros
outros concorrendo entre si que certamente as aceitarão. O êxodo rural que, por
inúmeros fatores, sempre acompanha a origem da produção capitalista, encar-
rega-se de formar um excedente de oferta de força de trabalho. O proletário, dono
apenas da sua força de trabalho, encontra-se em uma posição bastante negativa
e fica entre a cruz e a espada, ou seja, entre a exploração do patrão e a miséria
acarretada pelo desemprego. Essa é a “liberdade” do trabalhador na sociedade
capitalista. Mas, para o burguês, o livre contrato de trabalho reside na liberdade
sagrada dentro de sua economia de livre empresa.
As duas classes, quais sejam, a dos burgueses e a dos proletários, possuem
interesses que são objetivamente antagônicos, em palavras mais simples, inte-
resses inconciliáveis.
“Objetivamente” significa que isto não depende da boa ou má intenção dos
indivíduos. Os interesses das referidas classes são inconciliáveis porque se uma
ganha, a outra, obrigatoriamente, perde. O que é bom para uma classe é malé-
fico para a outra.
A burguesia, que tem propósitos em conservar sua situação de destaque,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
caracterizando um novo modelo de produção, que eram as fábricas e as indús-
trias, acarretando um capitalismo industrial.
Entretanto, tanto as indústrias quanto as fábricas necessitam de pessoas para
dar continuidade ao processo de produção. Dessa forma, uma grande quanti-
dade de trabalhadores passa a viver em volta da indústria, sendo designados
enquanto proletariados à classe social que aliena sua força de trabalho ao empre-
sário capitalista. A população operária era explorada pela classe dominante, e
o Estado era subordinado a ela, pois tinha como propósito proteger o capital e
seus possuidores.
Nos primórdios, as fábricas não eram munidas dos melhores ambientes de
trabalho. As condições eram extremamente precárias, a remuneração era baixa
e o trabalho feminino e infantil se fazia constantemente presente. Os emprega-
dos trabalhavam por longas jornadas de trabalho, sujeitando-se a castigos físicos
por parte de seus patrões. Inexistiam quaisquer direitos trabalhistas, como férias,
décimo terceiro salário, auxílio doença etc.
A exploração vivenciada pela população fabril foi tão relevante que a levou
a conflitar com a finalidade de melhorar suas condições de trabalho, por meio
de inúmeras manifestações. Assim, restou à burguesia a busca por novas táticas,
uma vez que seu objetivo residia na expansão de seu modo de produção, domi-
nando a exploração e a opressão para com os seus subordinados. Porém, isso só
gerou mais miséria por parte da classe trabalhadora, a qual continuou se colo-
cando contra a classe dominante.
Mediante essa situação, a classe dominante tomou consciência de que era
preciso fazer algo para controlar o teor das manifestações e conter a propagação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
social. No ano de 1897, precisamente na Conferência Nacional de Caridade e
Correção, Mary Richmond apresentou sua ideia de Assistência Social, propondo,
com isso, a elaboração e/ou criação de uma escola voltada à aprendizagem de
Filantropia Aplicada. Enfatizou a relação existente entre as pessoas e o mundo,
considerando o sujeito enquanto pessoa no momento em que interage com o
meio social do qual faz parte. Foi com a escola de Filantropia Aplicada que tive-
ram início a institucionalização e profissionalização do Serviço Social, onde o
interessado trabalhava como agente reintegrador e transformador de caráter.
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Considerações Finais
Considerações Finais
I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do sistema capitalista. Portanto, segundo Yasbek (2009), trata-se de um enfo-
que individualista, psicologizante e moralizador da questão, que necessita, para
seu enfrentamento, de uma pedagogia psicossocial, que encontrará no Serviço
Social efetivas possibilidades de desenvolvimento.
Conforme afirma Yazbek (2000b, p. 92)
(...) terá particular destaque na estruturação do perfi l da emergente
profissão no país a Igreja Católica, responsável pelo ideário, pelos con-
teúdos e pelo processo de formação dos primeiros assistentes sociais
brasileiros. Cabe ainda assinalar, que nesse momento, a questão social
é vista a partir de forte influência do pensamento social da Igreja, que
a trata como questão moral, como um conjunto de problemas sob a
responsabilidade individual dos sujeitos que os vivenciam, embora si-
tuados dentro de relações capitalistas. Trata- se de um enfoque indivi-
dualista, psicologizante e moralizador da questão, que necessita para
seu enfrentamento de uma pedagogia psicossocial, que encontrará no
Serviço Social efetivas possibilidades de desenvolvimento.”
Com isso,
o pensamento conservador e a influência da doutrina católica traça-
ram um perfil de ação para os profissionais de Serviço Social atrelados
ao pensamento burguês, atribuindo-lhes tarefas de amenizar conflitos,
recuperar o equilíbrio e preservar a ordem vigente, com frágil consci-
ência política, pois envolvida pelo “fetiche” da ajuda não conseguia ter
claras as contradições do exercício profissional (MARTINELLI, 2000,
p.127).
A profissão de Serviço Social nasce, nesse contexto, para atender aos interesses
da burguesia em uma perspectiva assistencialista, sem reflexão crítica distinta-
mente da contemporaneidade, onde o assistente social realiza sua função por
Considerações Finais
1. Conceitue capitalismo e o explique em sua fase monopolista.
2. Explique sobre o fator principal da dominação da burguesia na classe proleta-
riada.
3. Explique em que contexto se deu o surgimento do Serviço Social na Europa.
4. A “pobreza” é a expressão direta das relações vigentes na sociedade, localizan-
do a questão no âmbito de relações constitutivas de um padrão de desenvol-
vimento extremamente desigual, em que convivem acumulação e miséria. A
nossa sociedade a produz e reproduz. A pobreza, nesse caso, significa uma de-
manda de intervenção para o Serviço Social? Justifique.
Material Complementar
Tempos Modernos
Um operário de uma linha de montagem, que testou uma
“máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, é
levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho.
Após um longo período em um sanatório ele fica curado
de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas
encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que
liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida
para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não têm mãe e o pai delas está
desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das
órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar.
Comentário: É um filme onde o personagem vagabundo de Chaplin tem que se adaptar ao
mundo que está se industrializando de uma forma muito bem humorada e desastrada. Uma forte
critica ao sistema capitalista da época e as condições sub-humanas de trabalho que os homens
recebiam nas fábricas pós-revolução industrial.
E como curiosidade, você sabia que Chaplin uma vez entrou em um concurso de sósias de Charles
Chaplin e os jurados acharam que ele merecia apenas o Terceiro lugar?
Material Complementar
Professora Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti
Professora Me. Maria Cristina Araujo de Brito Cunha
II
AS PROTOFORMAS E O
UNIDADE
SURGIMENTO DO SERVIÇO
SOCIAL NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar a estrutura conceitual das protoformas do Serviço Social.
■■ Identificar o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social no
Brasil.
■■ Conceituar o conservadorismo religioso como base teórico-
metodológica da profissão.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ As Protoformas do Serviço Social
■■ As Primeiras escolas de Serviço Social no Brasil
■■ Conservadorismo religioso e bases teórico-metodológicas
35
Introdução
nal e, com ele, a primeira escola de Serviço Social, fundada em 1898, na cidade
de New York, denominada New York School of Philanthropy, sob a influência de
Mary Richmond.
Diante dos crescentes problemas sociais, surgem leis protetoras das classes
menos favorecidas e a necessidade de uma profissão que respondesse a essas,
exigências. O Assistente Social surge com a proposta de amenizar as condições
que favorecem a desigualdade humana.
Em 1925, surge o Serviço Social latino-americano, com influência europeia
e depois americana.
O surgimento da profissão data, no Brasil, da década de 1940, época do Estado
Novo de Getúlio Vargas e da implementação das leis trabalhistas.
Foi também um período em que o país começou a estabelecer a sua indús-
tria de base e a constituir-se capitalista. A sociedade de então passou a sentir
falta de um profissional capacitado para ajudar a promover o bem-estar social,
uma vez que se tornaram visíveis as desigualdades surgidas da relação entre
capital e trabalho.
A profissão de serviço social também se iniciou a partir do desenvolvimento
do capitalismo, no período da Revolução Industrial, para suprir a necessidade
de um trabalho voltado para a classe trabalhadora, como já foi citado acima. As
diferenças impostas pelo capital dividiam a sociedade entre oprimida e opres-
sora, ficando a primeira com os proletariados e a outra com os donos do poder.
No Brasil, a profissão surgiu em 1936, com a inauguração da primeira escola
em São Paulo, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), for-
temente atrelada aos princípios do catolicismo. As primeiras entidades sociais
Introdução
II
foram organizadas pela Igreja Católica para atuar com a classe trabalhadora.
No Brasil, a “semente” do Serviço Social foi plantada junto ao nascimento do
projeto político da Igreja Católica. Eram os anos 30, em cujo momento histórico
houve a passagem do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista,
e o Estado utilizava mecanismos à efetivação de sua interferência nos diferentes
setores da vida social. Desse modo, o primeiro projeto do Serviço Social unia-se
a uma ala do clero que insistia na reorganização da classe trabalhadora. Foram
criados os Círculos Operários, substituídos, no final do Estado Novo, pela JOC
– Juventude Operária Católica. Houve uma influência recíproca das transfor-
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mações histórico-político-econômico-sociais e da atividade do Serviço Social
desde seu começo até nossos dias.
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assim seja possível a obtenção de um padrão de vida que lhes ofereça o mínimo
de qualidade. Para isso, faz-se necessário realizar um ajuste familiar por meio de
uma ação educativa de longo prazo, para que tenha início a sua reeducação moral.
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As obras de caridade realizadas pela Igreja e por pessoas leigas possuem uma
vasta tradição, remetendo aos primórdios do período colonial. A parca e a pés-
sima infraestrutura hospitalar e assistencial existentes até o período pós Império
se justificam quase que unicamente à ação das ordens religiosas europeias que
implementam e se disseminam pelo país.
A tentativa de intervenção na organização e controle da classe proletária
também não é atual. Os Carlistas, ou Scalabrianos, se efetivam no Brasil logo
depois das amplas ondas migratórias quem surgem na Itália, para atuar conjun-
tamente com seus patriotas. Estes se constituíram no principal contingente da
Força de Trabalho que veio substituir o escravo nas vastas plantações e, conse-
quentemente, integrar o mercado de trabalho urbano.
A interação do clero no controle direto do operariado industrial remete à
origem das primeiras grandes unidades industriais, nos fins do século passado.
É viva a presença de religiosos no interior das referidas unidades, que na maio-
ria das vezes possuíam capelas próprias, onde cotidianamente os trabalhadores
eram submetidos a participarem das missas e outras liturgias. Nas vilas operá-
rias, sua presença é constante. No âmbito sindical, com o apoio patronal, realizam
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
designada como a grande pioneira do Serviço Social no Rio de Janeiro e figura
preeminente da Ação Social na década de 1930, é, em 1922 – na qualidade de
componente de confiança de dom Sebastião Leme –, a primeira coordenadora
do ramo Feminino da Confederação Católica.
Será, entretanto, a partir do desenvolvimento do Movimento Laico que
essas iniciativas embrionárias se propagara no compreendidas no interior da
Ação Social Católica; tomarão aí sua marca característica de apostolado social.
Dentre elas, se destacarão as instituições voltadas à organização da juventude
católica para a ação social junto à classe operária e sua extensão a outros setores,
por meio da Juventude Estudantil Católica, Juventude Independente Católica,
Juventude Universitária Católica e Juventude Feminina Católica.
O componente humano e o fundamento organizacional que viabilizarão a
origem do Serviço Social se constituirão diante da mescla entre as antigas Obras
Sociais, as quais se diferenciavam criticamente da caridade tradicional, e os novos
movimentos de apostolado social, principalmente aqueles voltados à intervenção
junto ao proletariado, ambos envolvidos no interior da estrutura do Movimento
Laico, impulsionado e controlado pela hierarquia.
O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS), visto como manifesta-
ção original do Serviço Social em nosso país, aparece, em 1932, com o incentivo
e sob o controle da hierarquia. Surge como condensação da necessidade sentida
por setores da Ação Social e Ação Católica – principalmente da primeira – de
tornarem-se cada vez mais concretas e acarretarem maior rendimento às ini-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ciativas e obras realizadas pela filantropia das classes dominantes paulistas sob
patrocínio da Igreja e de dinamizar a mobilização do laicado.
Seu começo oficial será a partir do “Curso Intensivo de Formação Social
para Moças”, realizado pelas Cônegas de Santo Agostinho, para o qual fora con-
vidada Mlle. Adèle Loneaux, pertencente à Escola Católica de Serviço Social
de Bruxelas. Com o final do curso, será realizado um apelo para
a organização de uma ação social objetivando o bem-estar da
sociedade. As integrantes do curso, na demons-
tração do 1° relatório do CEAS,
haviam participado no intuito
de se orientar, esclarecer ideias,
formar um julgamento acertado
acerca dos problemas sociais da atu-
alidade. O grupo constituiu-se por
jovens formadas em estabelecimentos
religiosos de ensino, uma represen-
tativa demonstração feminina
das famílias que compõem as
diferentes frações das clas-
ses dominantes e setores
abastados aliados.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ças políticas e sociais e da necessidade de interferir nesse processo a partir de
uma perspectiva ideológica e de uma prática homogênea:
As reuniões dessa comissão – de moças católicas que frequentaram o
curso ministrado por Mlle. de Loneaux – foram o início das atividades
do CEAS. Tinham se realizado as primeiras durante os meses de maio
a junho quando a 9 de julho rebentou em São Paulo o movimento pela
reconstitucionalização do país, que absorveu todas as energias e inicia-
tivas, dirigindo-se para o único fim da vitória de nossa causa (IAMA-
MOTO, 2007, p. 164).
Até dezembro de 1932, o CEAS fundou quatro centros operários onde suas propa-
gandistas, por meio de aulas de tricô e trabalhos manuais, conferências, conselhos
sobre higiene etc., procuraram interessar e atrair as operárias, e entrar, assim, em
contato com as classes trabalhadoras, analisando os ambientes e necessidades.
Os referidos Centros ofertavam uma tríplice vantagem e seriam o ponto de
partida para um desenvolvimento maior (IAMAMOTO; CARVALHO, 2007,
p. 171):
1° - São campos de observação e de prática para a trabalhadora social,
que aí completa e aplica os seus estudos teóricos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aceitando a idealização de sua classe sobre a vocação natural da mulher para
as tarefas educativas e caridosas, essa interferência assumia, na opinião desses
ativistas, a consciência do posto que cabe à mulher na preservação da ordem
moral e social e o dever de tornarem-se aptas para agir de acordo com as suas
convicções e suas responsabilidades. Incapazes de promover a ruptura com essas
representações, o apostolado social possibilita àquelas mulheres, a partir da reti-
ficação daquelas qualidades, uma interação ativa no empreendimento político
e ideológico de sua classe, e da defesa de seus interesses. De forma paralela, sua
posição de classe lhes faculta um sentimento de superioridade e proteção em
relação ao proletariado.
Não somente é justificável a ação feminina social como ainda é indis-
pensável (...). Não tem a mulher, na sociedade a missão de educar? Ima-
ginem a restauração da família sem a cooperação da mulher: a remode-
lação da mentalidade, de hábitos e de costumes que irão depois influir
na economia e nas leis do país, tem de ser, toda ela, trabalho da mulher,
em qualquer classe da sociedade (IAMAMOTO; RAUL, 2009, p. 172).
Mas por qual motivo uma associação que importa moças da sociedade se ocu-
paria com questões da classe operária?
Essa iniciativa é também legítima e é explicável: ela se baseia num sen-
timento profundo de justiça social e de caridade cristão, que leva aque-
las que dispõem de facilidade de tempo e de meios a auxiliar as clas-
ses sociais mais fracas a formar as suas elites, para que estas também
possam cumprir eficientemente seu dever. Elas mostram a essas elites
como deverão se organizar para defender a Família e a Classe Operária
contra os ambiciosos e os agitadores que exploram seu trabalho ou a
sua ignorância (IAMAMOTO; CARVALHO, 1982, 177).
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Partindo desse momento, é possível notar que paralelamente à busca inicial por
quadros habilitados por essa formação técnica especializada, criada da própria
ação social católica, começa a surgir outro tipo de procura, partindo de certas
instituições do Estado. Elas serão enxergadas pelos integrantes desse movimento
enquanto conquistas significativas. Com a demonstração de um memorial ao
Governo do Estado, obteve (o CEAS) a criação de cargos de fiscais femininos
para o trabalho de mulheres e menores, no Departamento Estadual do Trabalho.
No ano de 1937, o CEAS trabalha no Serviço de Proteção aos Imigrantes,
funcionando dois anos juntamente com a Diretoria de Terras, Colonização e
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Imigração; no ano de 1939, assina o contrato com o Departamento de Serviço
Social de Estado (SP) para a organização de três Centros Familiares em bair-
ros populares.
No ano de 1935, fora criada a Lei n° 2.497, de 24.12.1935. À referida lei
competiria:
a. superintender todo o serviço de assistência e proteção social;
b. celebrar, para realizar seu programa, acordos com instituições particula-
res de caridade, assistência e ensino profissional;
c. harmonizar a ação social do Estado, articulando-a com a dos particulares;
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Nessa vertente, quando em 1936 é criada pelo CEAS a primeira Escola de
Serviço Social, esta não pode ser considerada como resultado de uma iniciativa
exclusiva do Movimento Católico Laico, uma vez que já se faz presente uma
procura – real ou potencial – a partir do Estado, que assimilará a formação dou-
trinária própria do apostolado social.
A profunda relação entre essa Escola e a do CEAS com o movimento católico
laico, como demonstra vastamente Arlette Alves de Lima, não deve obscure-
cer o fato de que desde aquele momento existe uma busca a partir do Estado, o
que inclusive é explicitado de forma precisa pelos Assistentes Sociais. Podemos
observar abaixo:
Apesar das representações que muitas vezes fazem desse fato, sem que
tivéssemos feito propaganda, pois receávamos que a publicidade trou-
xesse prejuízos à seriedade do nosso trabalho, as alunas que compu-
nham a primeira turma foram convidadas a trabalhar no Departamen-
to de Serviço Social como pesquisadoras sociais ou como comissárias
de menores a partir do segundo ano de funcionamento da Escola. A
eficiência do trabalho por elas realizado fez com que se estabelecesse
a praxe de se pedir à Escola de Serviço Social a indicação de nomes
para o preenchimento de determinados cargos, e hoje já temos alguns
dispositivos legais que dão preferência às pessoas que tiverem curso
completo em escola de serviço social para o desempenho de funções
nos serviços sociais públicos (IAMAMOTO; CARVALHO, 1996, p.
180-181).
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prefeituras de origem. Renunciando a intenção de encarecer o trabalho, nada
fez o Instituto a não ser procurar amoldar-se aos imperativos do meio, pois
uma escola de serviço social, mais do que qualquer outra agência social, deve
esforçar-se para atender ao que é mais urgente, a fim de proporcionar ao meio
ambiente os recursos técnicos indispensáveis aos empreendimentos mais insis-
tentemente reclamados.
Ainda no tocante à questão da busca, caberia notar dois aspectos: a consi-
deração quantitativa de alunos bolsistas e dos cursos intensivos de formação de
auxiliares sociais. Quanto ao primeiro, os Relatórios anuais da Escola de Serviço
Social (SP) apresentam que, a partir de 1941 e durante longo período de tempo,
o percentual de bolsistas raramente é inferior a 30%, chegando a concomitante-
mente se constituir em maioria. Os principais patrocinadores dessas bolsas serão
o Estado e as grandes instituições estatais ou paraestatais, como as prefeituras.
No âmbito particular, sobressaem as Escolas de Serviço Social, que começam a
aparecer nos outros Estados, e diminuem o número de obras particulares e esta-
belecimentos comerciais e industriais.
Quanto à formação de auxiliares sociais, esta reside em notável atividade das
escolas desde a origem das grandes instituições, efetivando-se seja na sede das
mesmas, seja nos Estados, onde inexistem escolas especializadas.
Ao assinalar a questão da busca, não se objetiva subestimar, por exemplo,
o destaque do trabalho que desenvolvem as pioneiras do Serviço Social na pro-
pagação e institucionalização da profissão, atuando no sentido de incentivar
e concretizar a procura por seus serviços. Cabe situar, entretanto, que acon-
tece um processo de mercantilização dos portadores daquela formação técnica
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Rerum Novarum é uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII em 15 de Maio
de 1891. Era uma carta aberta a todos os bispos, na qual se debatia as con-
dições das classes trabalhadoras. Leão XIII apoiava o direito dos trabalhado-
res formarem sindicatos, mas rejeitava o socialismo e defendia os direitos à
propriedade privada. Discutia as relações entre o governo, os negócios, o
trabalho e a Igreja, propondo uma estrutura social e econômica que mais
tarde se chamaria corporativismo.
Entre no link abaixo e leia a carta na íntegra:
<http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-
-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html>.
A intervenção estatal na “questão social” é verdadeira, uma vez que o Estado deve
provir o bem de todos. Entretanto, o Estado não pode negar a independência da
sociedade civil. Existem grupos sociais “naturais”, ou seja, organismos autôno-
mos que restringem a ação dominadora do Estado. Cabe à Igreja partilhar com
este a atuação frente à “questão social” por meio de grupos sociais básicos, par-
ticularmente a família.
Corporificando esses princípios, o Serviço Social emerge da iniciativa de
grupos e frações de classes dominantes que se mostram por meio da Igreja. A
profissão não se caracteriza somente como uma forma inédita de realizar a cari-
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mento dedutivo: seu pensamento tende à adesão aos contornos imediatos da
situação com que se afronta, considerando os detalhes, as informações qualita-
tivas, os casos específicos, em face do apoderamento da estrutura social.
Considerações Finais
Com o fim de nossa unidade, caro(a) aluno(a), podemos observar que o Serviço
Social origina-se e desenvolve-se na órbita de um universo teórico. Perpassa da
influência do pensamento conservador europeu para a sociologia conservadora
norte-americana, a partir da década de 40.
A compreensão do percurso histórico do Serviço Social em nosso país remete
à predominância de um comportamento basicamente conservador. Percebe-se
que ao final da década de 50 e começo da década seguinte é que se fazem pre-
sentes as primeiras manifestações, no meio profissional, de posicionamentos
questionadores a respeito do status quo e contestações a respeito das práticas
institucionais em vigência. Essas indagações originam uma conjuntura marcada
por uma situação de crise e de profunda efervescência, no quadro do colapso
dos populismos e de uma reorientação estratégica do imperialismo em relação
às sociedades autônomas.
No âmbito político interno, essas manifestações coincidem com a constante
radicalização política que marca a fase final do pacto populista e que apresenta
como desfecho uma expressiva transformação desse pacto, ou seja, uma modi-
ficação na correlação existente entre as forças com o golpe de 1964.
O rompimento com a herança conservadora se apresenta como uma busca,
uma luta para alcançar novos fundamentos de legitimidade da ação profissio-
nal do assistente social que, enxergando as contrariedades sociais existentes nas
condições do exercício da profissão, procura colocar-se, efetivamente, à dispo-
sição das necessidades dos usuários, ou seja, setores dominados da sociedade.
Compreendido em uma dimensão processual, esse rompimento tem como
pré- condição que o assistente social aprofunde o entendimento das implica-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
1. Explique em qual contexto histórico se deu o surgimento do Serviço Social.
2. Relacione as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil.
3. Qual é relação da gênese do Serviço Social com a Igreja católica?
4. Qual é o fundamento para implantação do Serviço Social no Brasil nas décadas
de 1920 e 1930?
Material Complementar
Material Complementar
Professora Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti
Professora Me. Maria Cristina Araujo de Brito Cunha
A INSTITUCIONALIZAÇÃO
III
UNIDADE
DO SERVIÇO SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a influência do Serviço Social de Caso Grupo e
Comunidade.
■■ Conceituar positivismo.
■■ Refletir sobre a influência do funcionalismo na profissão.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A influência do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade
■■ Positivismo e funcionalismo na profissão
■■ Introdução do Funcionalismo no Serviço Social
63
Introdução
Caro(a) aluno(a), em seu processo histórico, o Serviço Social não pode ser visto
separadamente do contexto socioeconômico em que se insere. Desta maneira,
para o conteúdo desta nossa unidade, analisaremos algumas características essen-
ciais para nosso processo de formação profissional, que é o Serviço Social de caso,
grupo e comunidade e as influências positivistas e funcionalistas na profissão.
A proposta desta Unidade de estudo é identificar de que forma o Serviço
Social se insere no modo de produção e reprodução das relações sociais no sis-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Essa teoria visava à personalidade do indivíduo, buscando mudá-lo, com
adequações nas atividades e comportamento, ou seja, por meio de ajuda psicos-
social, e, assim, adaptá-lo ao meio social.
Já o Serviço Social de Grupo era definido como um método que ajuda os
indivíduos a aumentarem o seu funcionamento social, através de objetivas expe-
riências de grupo, e a enfrentarem, de modo mais eficaz, os seus problemas
pessoais, de grupo ou de comunidade.
[...] uma prática que visa minorar o sofrimento e melhorar o funcio-
namento pessoal e social de seus membros, através de específica e con-
trolada intervenção de grupo, com a ajuda de um profissional (KO-
NOPKA, 1979, p. 33).
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de Comunidade, além do desenvolvimento das peculiares abordagens indivi-
duais e grupais.
Com supervalorização da técnica, considerada autônoma, como um fim em
si mesmo, e com base na defesa da neutralidade científica, a profissão se desen-
volve por meio do “Serviço Social de Caso”, “Serviço Social de Grupo” e “Serviço
Social de Comunidade”.
Pode ser definido como a arte de ajudar as pessoas a ajudarem-se a si mes-
mas, cooperando com elas, a fim de beneficiá-las e, ao mesmo tempo, à sociedade
em geral.
Outra definição ressalta que o problema é essencialmente do cliente e que,
portanto, ele está envolvido ativa e responsavelmente na sua solução.
Serviço Social de Grupo:
É um método do Serviço Social que auxilia os indivíduos a melhorar-se
no seu funcionamento social através de específicas experiências de gru-
pos e a se defrontar mais eficientemente com seus problemas pessoais,
do seu grupo e da sua comunidade (KONOPKA, 1979, 45).
“Devemos educar os adultos para que o país possa ser mais coeso e mais
solidário” (Lourenço Filho, Ministro da Educação).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Veja na íntegra, em: <http://periodicos.franca.unesp.br/index.php/SSR/arti-
cle/viewFile/13/78>.
Positivismo na Profissão
Positivismo na Profissão
III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a manter coesa a sociedade, substituindo o papel que a religião e os cientistas
desempenhariam.
A função que o clero exercia anteriormente, ao defender verdades aceitas
por todos, foi aceita como as primeiras orientações que conduziram o serviço
social para sua elaboração de uma visão de mundo.
Positivismo na Profissão
III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dência os sistemas, cuja existência e operação no Serviço Social são mais bem
compreendidas se observadas as partes que os compõem e a função que cada
parte cumpre na realização do todo.
De acordo com Yasbeck (1984, p. 71), essa orientação funcionalista foi absor-
vida pelo Serviço Social, configurando para a profissão uma proposta de trabalho
ajustadora e um perfil manipulatório, voltado para o aperfeiçoamento dos ins-
trumentos e técnicas para a intervenção, com a busca de padrões de eficiência,
sofisticação de modelos de análise, diagnóstico e planejamento. Enfim, uma tec-
nificação da ação profissional acompanhada de uma crescente burocratização
das atividades institucionais.
Talcott Parson, de 1949 a 1960, estrutura teoricamente o funcionalismo como
um modelo que explicasse o funcionamento da sociedade.
Nessa vertente, a analogia do funcionalismo visava os estudos da Física e
da Química, abordando o macro e o microssocial, como níveis de intervenção
do Serviço Social.
No nível macrossocial, o aspecto profissional do assistente social volta-se
para a formulação de políticas sociais atrelada ao contexto histórico do moderno.
Já no nível microssocial, a atuação do profissional é exclusivamente pautada na
execução terminal das políticas, mantendo uma relação direta com os usuários
dos serviços, segundo Hamilton (1958, p. 38), “[...] esse controle social exercido
pressupunha a integração do indivíduo ao bom funcionamento de uma socie-
dade proposta pela classe dominante.” Era enfatizado o trabalho com grupos,
quer para interação, quer para fins terapêuticos, de forma a conseguir a melhor
adaptação do indivíduo ao seu meio. O modo funcionalista de pensar, investigar
Considerações Finais
Considerações Finais
III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
está, é necessário que esteja em pleno funcionando.
Esse Estado, que atende aos interesses da classe dominante, cria mecanismos
controladores pelos quais se faz uma justaposição dos indivíduos à sociedade
como meio de conter a insatisfação da classe trabalhadora. São estratégias cria-
das como uma forma cruel de mascarar os problemas sociais causadores da
pobreza e da vida miserável em que a classe proletária vivia, sob o domínio da
classe dominante, detentora dos meios de produção.
No plano teórico, a fundamentação funcionalista e a positivista, vistas em
Comte e em Durkheim, servem de fonte para referenciar a metodologia empregada
na ação investigativa do Serviço Social, que justificava o contexto sócio-histó-
rico da profissão na qual foi inserida, na divisão sócio-técnia que tinha como
empregador o Estado.
A análise crítica a esse modelo recai sobre a metodologia que era empregada
sob o ponto de vista político que vende a história como uma realidade dialética,
e a partir dessa perspectiva, o estruturalismo parece útil ao estudo da realidade
histórica e humana.
O que é Positivismo?
João Ribeiro Jr.
Editora: Brasiliense
Sinopse: O século 19 e a França são os dois marcos do positivismo,
nome com que foi batizado o pensamento filosófico de Augusto
Comte, e que pregava a implantação de um Estado autoritário como a
única via para o desenvolvimento da sociedade e para a construção de
uma ordem social harmônica.
Esse pensamento polêmico difundiu-se rapidamente na Europa e
logo alcançou o Brasil, onde influenciou decisivamente os pensadores
republicanos.
A CATEGORIA
IV
UNIDADE
PROFISSIONAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a defesa da qualificação profissional.
■■ Entender a mobilização da categoria.
■■ Analisar como essas mobilizações influenciaram a profissão.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A defesa da qualificação profissional
■■ A mobilização da categoria
79
Introdução
Caro(a) aluno(a), vimos, até este ponto, que o Serviço Social é uma profissão espe-
cializada, atuante no enfrentamento das expressões da questão social, advinda da
relação conflituosa entre o capital e o trabalho, trazendo como resultado o conjunto
das desigualdades geradas pelos processos de produção e exploração do capitalismo.
Nesta Unidade de estudo, você vai compreender o que significou para o
Serviço Social o período de renovação e o quanto a categoria profissional pre-
cisou se mobilizar para refletir e rever sua base teórica e metodológica. É um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É no cerne da prestação desses serviços sociais que o Serviço Social tem seu
surgimento, tendo, desde o período ditatorial, o Estado como o seu principal
empregador.
A profissão teve sua primeira regulamentação por meio da Lei n. 3.252, em 27
de agosto de 1957, sendo juridicamente caracterizada como uma profissão liberal.
Introdução
IV
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esse processo de regulamentação conduziu-se à criação dos conselhos regionais
e Federal profissionais, tornando-os representantes legais e legítimos perante o
Estado, normatizando e fiscalizando o exercício profissional.
Netto (2007) diz que, no período da década de 1960, o mercado se amplia e
consolida-se para o profissional assistente social em virtude das novas apresen-
tações da questão social no governo de JK e na ditadura militar (veremos isso
em nossa próxima Unidade). Na ditadura militar, ocorre o processo de renova-
ção da profissão no Brasil. Netto (2007, p. 115) corrobora dizendo:
no âmbito das suas natureza e funcionalidade constitutivas, alteram-se
muitas demandas práticas a ele colocadas e a sua inserção nas estrutu-
ras organizacional-institucionais (donde, pois, a alteração das condi-
ções do seu exercício profissional); a reprodução da categoria profis-
sional - a formação dos seus quadros técnicos - viu-se profundamente
redimensionada (bem como os padrões da sua organização como cate-
goria); e seus referenciais teórico-culturais e ideológicos sofreram giros
sensíveis (assim como as suas autorrepresentações).
A CATEGORIA PROFISSIONAL
81
espaço de trabalho e com os próprios usuários dos serviços. Essas novas deman-
das profissionais passaram a exigir do assistente social novas competências e
capacitações, tanto no exercício quanto na sua formação profissional. Conforme
afirma Netto (2007, p. 123):
A racionalidade burocrático-administrativa com que a “modernização
conservadora” rebateu nos espaços institucionais do exercício profis-
sional passou a requisitar do assistente social uma postura “moderna”,
no sentido da compatibilização no seu desempenho com as normas,
fluxos, rotinas e finalidades dimanantes daquela racionalidade.
Desta forma, caro(a) aluno(a), houve uma grande mudança no campo do traba-
lho, formado até então por uma base humanista do Serviço Social tradicional,
provocando uma mudança em seu perfil, passando a ser necessária uma nova
atuação pelos profissionais nos procedimentos utilizados.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
- A instauração do pluralismo teórico, ideológico e político no marco
profissional;
A CATEGORIA PROFISSIONAL
83
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A lei de regulamentação da profissão (Lei n. 8.662/93) também é considerada
um grande avanço para o Serviço Social. Ela regulamenta o exercício profissio-
nal do assistente social e estabelece as competências e as atribuições privativas
do mesmo, previstas, respectivamente, nos seus artigos 4º e 5º. De acordo com
Terra (2007), as competências dizem respeito às atividades que podem ser exerci-
das tanto pelo assistente social, quanto por outros profissionais; já as atribuições
privativas são as atividades profissionais exclusivas dos assistentes sociais.
O processo de afirmação dessa profissão com uma formação crítica e com-
prometida com os valores democráticos e universais de justiça e equidade social
foi potencializado pela criação e aprovação das Diretrizes Curriculares para o
curso de Serviço Social em 1996.
As diretrizes e os pressupostos norteadores da concepção de formação profis-
sional, que formam a estrutura curricular do Curso, foram estabelecidos a partir
de duas dimensões básicas – a da ação interventiva da profissão, nas suas inter
-relações e suas interfaces com os processos de exclusão cultural, social, política
e econômica, e o papel profissional do assistente social diante das novas manifes-
tações da “questão social” que agudizam a realidade de precariedade de diversos
segmentos sociais no mundo e no Brasil; e em particular, na medida em que a
remodelação da dinâmica social, por conta do reordenamento do capital e do
mundo do trabalho, coloca a assistência cada vez mais como uma proposta ilusó-
ria de tempos passados no âmbito da questão social, remodelada pela dinâmica
da sociedade a partir do reordenamento do capital e do trabalho, consequência
do processo de reestruturação produtiva no país.
Vale ressaltar que no caso desta última, o processo foi impulsionado pela
A CATEGORIA PROFISSIONAL
87
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em seu caráter contraditório, no bojo das relações entre as classes e destas com
o Estado, abrangendo as dinâmicas institucionais nas esferas estatal e privada;
Núcleo de fundamentos do trabalho profissional, que compreende todos os ele-
mentos constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho:
sua trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos
que envolvem o exercício profissional, a pesquisa, o planejamento e a administra-
ção em Serviço Social e o estágio supervisionado. Tais elementos encontram-se
articulados por meio da análise dos fundamentos do Serviço Social e dos pro-
cessos de trabalho em que se insere, desdobrando-se em conteúdos necessários
para capacitar os profissionais ao exercício de suas funções, resguardando as suas
competências específicas normatizadas por lei. (BRASIL, 1999).
No processo de construção do projeto ético-político do Serviço Social, ganham
relevância as entidades representativas dos assistentes sociais, especialmente o
conjunto CFESS/CRESS, o qual, em sintonia com o avanço teórico-político viven-
ciado pelo Serviço Social, também passou por um processo de renovação, por
meio da superação de suas características iniciais pautadas no corporativismo e
no burocratismo. Assim, houve uma ampliação das atribuições assumidas pelo
conjunto CFESS/CRESS, pois a partir da fiscalização do exercício profissional,
constituída como sua função precípua, passou a investir na qualificação teórico
-política dos profissionais, na defesa das políticas públicas e na preocupação com
a qualidade dos serviços prestados aos usuários. As propostas e ações das refe-
ridas entidades passaram a ser pautadas pelo aprimoramento dos instrumentos
normativos necessários à regulamentação e à fiscalização do exercício profis-
sional; pelo investimento na participação nos fóruns de discussão, formulação
A CATEGORIA PROFISSIONAL
89
A Mobilização Da Categoria
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Mobilização Da Categoria
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
direitos, no horizonte do Estado de bem-estar, e outra comprometida com essas
lutas no sentido da superação da ordem burguesa e construção do socialismo. O
horizonte encerrado nos direitos é atualmente predominante entre as próprias
organizações das classes subalternas, que perderam o caráter revolucionário
(ABREU, 2002, p. 206).
Nesse sentido, os assistentes sociais possuem o desafio de identificar as
possibilidades de progressão emancipatória, na construção de uma nova socia-
bilidade, uma vez que são sujeitos e alvos das tendências aceitas por essas classes
subalternas.
De acordo com Abreu (2002, p. 220), a pedagogia emancipatória se dá
mediante experiências como: ouvidoria, orçamento participativo, renda mínima
articulada à educação, balanços sociais, programas de qualidade de vida e de
trabalho, fortalecimentos dos grupos subalternos direcionados à ampliação de
direitos, denúncias da precariedade das condições de vida, e formas alternati-
vas de produção e gestão das relações sociais.
No interior do Movimento dos Sem-Terra (MST) existem espaços em abun-
dância, e podem ser usados pelos assistentes sociais inseridos neste movimento
social como um espaço reprodutivo da pedagogia emancipatória na prática pro-
fissional. Assim, o assistente social, em sua prática, pode promover mecanismos
de ação que levam à educação social dos grupos atendidos, pois de acordo com
contribuições de Abreu e Cardoso (2009, p. 594-595), as práticas de mobiliza-
ção social e de organização são expressões das práticas educativas desenvolvidas
pelas classes sociais na busca da ampliação de consensos em torno de seus pro-
jetos societários, na disputa pela hegemonia.
A CATEGORIA PROFISSIONAL
91
Essas práticas servem como bases da profissão, mas não são exclusivamente do
assistente social. Nesse sentido, os conceitos dessas práticas sofrem tensões pelos
diferentes projetos das classes e, segundo Abreu e Cardoso (2009, p. 594), visam
“desenvolver uma reflexão sobre os fundamentos das práticas educativas, particu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Mobilização Da Categoria
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SERVIÇO SOCIAL, MOBILIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO POPULAR: UMA SIS-
TEMATIZAÇÃO DO DEBATE CONTEMPORÂNEO
Maria Lúcia DuriguettoI; Luiz Agostinho de Paula BaldiII
RESUMO
O presente artigo versa sobre a intervenção do Serviço Social nos processos
de mobilização e organização popular e, particularmente, sobre o debate
contemporâneo que vem sendo realizado sobre o tema. Este debate é apre-
sentado nas elaborações acadêmicas de autoras que tratam especialmente
das funções pedagógica e educativa do assistente social e de sua inserção
nas organizações da classe trabalhadora. Nesta sistematização, priorizam-se
as formulações que vêm adquirindo relevância no debate profissional e que
tecem algumas considerações necessárias para a análise e as prospectivas
da relação da profissão com os processos de mobilização e organização po-
pular.
Palavras-chave: Serviço Social. Debate profissional. Mobilização. Organiza-
ção popular.
Para ter acesso ao artigo na íntegra, acesse:
< h t t p : / / w w w. s c i e l o. b r / s c i e l o. p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t te x t & p i -
d=S1414-49802012000200005>.
A CATEGORIA PROFISSIONAL
93
Considerações Finais
Considerações Finais
IV
necessário romper com uma visão endógena, focalista, uma visão “de dentro” do
Serviço Social, prisioneira em seus muros internos, alargar os horizontes, olhar
para mais longe, para o movimento das classes sociais e do Estado em suas rela-
ções com a sociedade. É, portanto, inquestionável a importância do novo currículo
para a revisão teórica do Serviço Social, para a ação profissional, e que está asso-
ciada a esse processo a necessidade de aprimoramento profissional constante.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A CATEGORIA PROFISSIONAL
95
Estado de sítio
O corpo de Philip Michael Santore (Yves Montand), um
colaborador dos regimes militares na América do Sul, é
encontrado em um carro. Deste momento em diante o filme
é narrado em flashback, mostrando os Tupamaros decididos a
capturar Santore, que se dedicou a ensinar e difundir a tortura
nos órgãos militares.
O SERVIÇO SOCIAL E A
V
UNIDADE
PRÁTICA PROFISSIONAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Relatar a influência do Serviço Social na Ditadura.
■■ Identificar a profissão na esfera da burocracia e tecnocracia.
■■ Entender o processo de questionamento da prática profissional.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O Serviço Social e a Ditadura
■■ A incorporação da profissão na esfera da burocracia e tecnocracia
■■ O Serviço Social e o processo de questionamento da prática
profissional
99
Introdução
Nesta unidade, caro(a) aluno(a), temos o objetivo de analisar alguns pontos das
singularidades em relação ao processo de Ditadura militar no Brasil e sua impor-
tância para o Serviço Social. Apresentaremos como ocorreu esse processo, a fim
de elucidar a ruptura que tal período ocasionou naquilo que os autores chamam
de Serviço Social Tradicional. Tal ruptura somente foi possível graças ao pro-
cesso de discussões ocorridas nos Congressos e Seminários profissionais, como
os de Teresópolis e Araxá, resultando no Movimento de Reconceituação e no
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
V
©shutterstock
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sileira em que os militares governaram o Brasil. Essa época vai de 1964 a 1985.
Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais,
censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.
Abaixo, veremos quais foram os principais acontecimentos desse importante
período histórico para o Brasil e para a profissão.
Tudo começou com o golpe militar de 1964. A crise política se arrastava
desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que
assumiu a presidência em um clima político adverso. O governo de João Goulart
(1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, orga-
nizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das
classes conservadoras, como os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares
e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale
lembrar que neste período o mundo vivia o auge da Guerra. Esse estilo populista
e de esquerda chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as
classes conservadoras brasileiras temiam um golpe comunista. Os partidos de opo-
sição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático
(PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o res-
ponsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava. No dia 13
de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil
(Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Nesse plano, Jango prometia
mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país. Seis dias
depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as
intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que
reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo. O clima
Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da
República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender
a democracia, porém, ao começar seu governo, assumiu uma posição autoritá-
ria. Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos
políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cas-
sados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os
sindicatos receberam intervenção do governo militar. Em seu governo, foi institu-
ído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos:
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional
(ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o
segundo representava os militares. O governo militar impõe, em janeiro de 1967,
uma nova Constituição para o país. Aprovada nesse mesmo ano, a Constituição
de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.
Todos falam sobre a visão dos oprimidos culturalmente pela ditadura de 64,
mas o site www.uol.com.br fez algo inusitado, entrevistou um militar e quis
saber como foi a ditadura para ele.
Para ler os “Pensamentos do Coronel”, acesse o link abaixo:
<http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/03/26/seis-fra-
ses-revelam-a-visao-de-um-militar-que-viveu-o-golpe-de-1964.htm>.
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito
indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos
e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE
(União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem
Mil. Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábri-
cas em protesto ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se organizar.
Essa guerrilha é formada por jovens idealistas de esquerda, que assaltam bancos
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e sequestram embaixadores para obter fundos para o movimento de oposição
armada. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional
Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juí-
zes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas corpus e aumentou a
repressão militar e policial.
Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar for-
mada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto
Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).
Dois grupos de esquerda, o MR-8 e a ALN sequestraram o embaixador dos EUA,
Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigiram a libertação de 15 presos políticos,
exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decre-
tou a Lei de Segurança Nacional. Essa lei decretava o exílio e a pena de morte em
casos de guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva. No final
de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repres-
são em São Paulo.
O Milagre Econômico
Na área econômica, o país crescia rapidamente. Esse período, que vai de 1969
a 1973, ficou conhecido como a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro
crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%.
Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estru-
turou uma base de infraestrutura. Todos esses investimentos geraram milhões
de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram execu-
tadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói. Porém, todo esse
crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os
empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões
econômicos do Brasil.
política lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas
eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara
dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades. Os militares de
linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promo-
ver ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir
Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo. Em janeiro
de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante.
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas corpus e abre caminho para
a volta da democracia no Brasil.
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Governo Figueiredo (1979-1985)
O ponto chave desse processo para a profissão está no fato de que embora o regime
militar priorizasse a ação profissional do Serviço Social, ocorre nesse período
uma desmobilização nos movimentos políticos que se fortaleceram no período
populista, tais como o MEB (Movimento de Educação de Base), sindicalismo
rural e movimentos de alguns segmentos da categoria dos assistentes sociais,
o que limitou as ações profissionais do Serviço Social apenas na eliminação da
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resistência cultural que representasse obstáculos ao crescimento econômico e
na integração aos programas de desenvolvimento do estado. Nesse contexto, a
política social torna-se uma estratégia para minimizar as consequências do capi-
talismo monopolista marcado pela superexploração da força do trabalho e pela
grande concentração de renda.
Nesse sentido, no interior das práticas profissionais, surgem questionamentos
em relação ao fazer profissional, na perpetuação do modelo excludente por meio
de medidas paliativas de ação social, que acaba por exibir fundamentalmente a
longa insatisfação dos profissionais que se conscientizavam de suas limitações
teóricas, desencadeando um processo de ruptura com a visão política até então
assumida pelo Serviço Social.
Antes de entendermos como aconteceu esse processo de rompimento com
aquilo que os autores chamam de Serviço Social Tradicional, devemos entender
como ocorre esse processo de incorporação profissional na esfera burocrática
e tecnicista.
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brasileiro, para manter o ordenamento da sociedade e permanecer com o domí-
nio do campo assistencial (MATOS, 2009, p.118-119).
Dessa forma, com a institucionalização, a partir de 1960, o Serviço Social
teve a possibilidade de se expandir, ainda que em um período adverso caracteri-
zado pela ditadura militar, sendo aproveitado em uma perspectiva disciplinadora
e organizadora da sociedade, posto que as características da política assisten-
cial desenhassem um Serviço Social tecnicista, preocupado com métodos e
intervenção.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
samento de Marx, por autores como Althusser, por exemplo.
Dessa forma, pode-se concluir que o período militar foi responsável pelo rom-
pimento com do pensamento tradicional do Serviço Social, pautado na teoria
positivista em sua vertente funcionalista e na formação do seu comprometimento
ético-político com as minorias sociais.
Seminário de Araxá
O Seminário de Teresópolis
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fissional do Assistente Social, reconhecendo suas dimensões, com o objetivo
de situar a instrumentalidade do Serviço Social bem como seu arsenal técni-
co-operativo. Em seguida, serão apresentados, de forma sucinta, alguns dos
principais instrumentos de trabalho utilizados pelos Assistentes Sociais no
exercício da prática profissional, bem como algumas considerações finais.
Para ter acesso ao artigo na íntegra, acesse:
<http://pt.scribd.com/doc/25131167/A-pratica-do-Assistente-Social-co-
nhecimento-instrumentalidade-e-intervencao-profissional-Charles-SOU-
SA>.
Considerações Finais
Dessa forma, caro(a) aluno(a), podemos concluir que o período militar foi res-
ponsável pelo rompimento com o pensamento tradicional do Serviço Social,
pautado na teoria positivista, em sua vertente funcionalista e na formação do
seu comprometimento ético-político com as minorias sociais.
Dentre os conteúdos estudados, destaca-se a Reconceituação do Serviço
Social Brasileiro, que se torna um marco histórico a partir da mobilização dos
assistentes sociais em prol do rompimento com o conservadorismo. Para refle-
tir sobre a prática profissional e repensar nova metodologia, realiza-se o 1˚
Seminário de Teorização do Serviço Social, em Araxá (MG), evento histórico
no processo de “teorização” e “reconceituação” do Serviço Social brasileiro, que
propôs ações profissionais mais vinculadas à realidade social e política do país.
Organizado pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços
Considerações Finais
1. Faça uma análise crítica, em até 15 linhas, de como o período da Ditadura Mili-
tar influenciou o Serviço Social.
2. Explique de que maneira a profissão foi incorporada à esfera da burocracia e
tecnocracia.
3. Faça uma análise crítica do Serviço Social e processo de questionamento da
prática profissional, em até 10 linhas.
Material Complementar
Material Complementar
117
Conclusão
Olá, chegamos ao final de nosso conteúdo! Após termos estudado sobre o surgi-
mento de nossa profissão, podemos compreender qual é o propósito do Serviço
Social e seu processo de institucionalização no Brasil.
A institucionalização deu-se a partir da década de 1930, inicialmente, com a inicia-
tiva de grupos privados, com a ação efetiva da Igreja católica, marcada à visão da
caridade estabelecida por esta.
Vimos também que a institucionalização do serviço social se deu em um momento
peculiar, quando se exigem respostas a demandas colocadas pela classe trabalha-
dora emergente. Primeiramente, por meio dos serviços sociais, das ações desses
grupos específicos. Depois, como resposta profissional qualificada, respaldada te-
órico e metodologicamente.
Também estudamos o contexto sócio-histórico do cenário econômico e político em
que se situava a profissão de assistente social e como esses fatores influenciavam a
prática profissional.
A profissão surge com o processo de industrialização e culmina com a ascensão da
classe burguesa nas primeiras décadas do século XIX. Dessa forma, surge a necessi-
dade de um profissional que se ocupasse da área social para assistir a classe prole-
tária. Essa era uma das formas da classe dominante exercer certo “controle” sobre a
classe proletária.
O Serviço Social surgiu no Brasil, quando o país se encontrava rumo ao processo de
industrialização, marcado por um intenso avanço significativo de desenvolvimento
econômico, social, cultural e político, e, ao mesmo tempo, as relações sociais se tor-
nam mais intensas pela própria dinâmica do sistema capitalista.
É nesse contexto que o Estado toma uma série de medidas políticas sociais, como
uma forma de enfrentamento das múltiplas questões sociais.
A prática profissional era configurada para atender aos interesses da burguesia, que
detinha o capital. E o Estado, tido como governo populista, conseguiu a adesão da
classe trabalhadora, da classe média e da burguesia.
Naquele momento, a profissão não tinha uma linha metodológica enquanto projeto
profissional acerca da sua ação.
Com o passar dos anos, a profissão foi se estruturando, com o processo de mobili-
zação de representações de classe, em busca de uma qualificação profissional mais
profícua da fundamentação teórica e metodológica do Serviço Social.
E, assim, ao finalizar nossas Unidades, esperamos que você tenha conseguido apro-
fundar o conteúdo da disciplina tão marcante na história da nossa profissão. Forte
abraço e muito sucesso em sua carreira profissional!
Prof.ª Me. Aline Cristtine Marroco França Bertti