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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.811 - RJ (2016/0300799-5)

RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI


SUSCITANTE : OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL
SUSCITANTE : TELEMAR NORTE LESTE S/A. - EM RECUPERACAO
JUDICIAL
ADVOGADA : ANA TEREZA PALHARES BASÍLIO E OUTRO(S) - RJ074802
SUSCITADO : JUIZO DE DIREITO DA 7A VARA EMPRESARIAL DO RIO DE
JANEIRO - RJ
SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA 5A VARA DE EXECUÇÃO FISCAL DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SUSCITADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2A REGIÃO
INTERES. : AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES - ANATEL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL - PGF - PR000000F
INTERES. : BANCO DO NORDESTE DO BRASIL SA.
INTERES. : CHINA DEVELOPMENT BANK COORPORATION
EMENTA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO FISCAL DE


DÍVIDAS ATIVAS - RECUPERAÇÃO JUDICIAL -
PRELIMINAR AFASTADA - COMPETÊNCIA DO JUÍZO
UNIVERSAL PARA TODOS OS ATOS QUE IMPLIQUEM
RESTRIÇÃO PATRIMONIAL - PRECEDENTES DO STJ.
1. Nos termos do que restou decidido pela Corte Especial, a
Segunda Seção é competente para o julgamento do conflito
uma vez que não se discute nos autos a competência para
processar e julgar cobrança de crédito fiscal, mas sim para
decidir sobre o patrimônio de sociedade em recuperação
judicial. Precedentes.
2. O deferimento da recuperação judicial não suspende a
execução fiscal, mas os atos de constrição ou de alienação
devem ser submetidos ao juízo universal.
3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de
Direito da 7.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ, o qual
poderá, a seu prudente critério, manter ou cancelar a penhora
promovida pelo juízo fiscal sobre bens das empresas
suscitantes.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça,
após o voto-vista antecipado da Sra. Ministra Nancy Andrighi acompanhando o Sr.
Ministro Relator, por unanimidade, conhecer do conflito de competência para
declarar competente o Juízo de Direito da 7ª Vara Empresarial do Rio de
Janeiro/RJ, o qual poderá, a seu prudente critério, manter ou cancelar a penhora
promovida pelo juízo fiscal sobre bens das empresas suscitantes.
Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Nancy Andrighi (voto-vista), Luis Felipe
Salomão, Paulo de Tarso Sanseverino, Maria Isabel Gallotti e Antonio Carlos
Documento: 72398943 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 16/05/2017 Página 1 de 2
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Ferreira votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Marco Aurélio Bellizze.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.
Brasília (DF), 10 de maio de 2017 (Data do Julgamento)

MINISTRO RAUL ARAÚJO


Presidente

MINISTRO MARCO BUZZI


Relator

Documento: 72398943 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 16/05/2017 Página 2 de 2


Superior Tribunal de Justiça
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.811 - RJ (2016/0300799-5)
SUSCITANTE : OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL
SUSCITANTE : TELEMAR NORTE LESTE S/A. - EM RECUPERACAO
JUDICIAL
ADVOGADA : ANA TEREZA PALHARES BASÍLIO E OUTRO(S) - RJ074802
SUSCITADO : JUIZO DE DIREITO DA 7A VARA EMPRESARIAL DO RIO DE
JANEIRO - RJ
SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA 5A VARA DE EXECUÇÃO FISCAL DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SUSCITADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2A REGIÃO
INTERES. : AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES - ANATEL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL - PGF - PR000000F
INTERES. : BANCO DO NORDESTE DO BRASIL SA.
INTERES. : CHINA DEVELOPMENT BANK COORPORATION

RELATÓRIO

EXMO. SR. MINISTRO MARCO BUZZI:


Trata-se de conflito positivo de competência, com pedido liminar,
instaurado por O.I. S/A - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL e OUTRA, apontando
como suscitados o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região e o Juízo de Direito da
7.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ.
As suscitantes aduzem que o juízo universal deferiu, em 29 de junho de
2016, com fundamento no art. 52 da Lei n.º 11.101/2005, o pedido de recuperação
judicial do grupo empresarial, tendo, ainda, determinado a suspensão das ações e
execuções movidas em face das recuperandas.
As autoras alegam que, inobstante a ordem de sobrestamento das
execuções movidas contra elas, o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, nos
autos do Agravo de Instrumento n.º 0009385-12.2016.4.02.0000, em sede de
antecipação de tutela, determinou em 03 de novembro de 2016 o bloqueio e a
posterior penhora de ativos financeiros das requerentes, em dinheiro, via
Bacen-Jud , no valor de R$ 4.684.386,96 (quatro milhões, seiscentos e oitenta e
quatro mil, trezentos e oitenta e seis reais e noventa e seis centavos), para garantia
do crédito objeto da execução fiscal n.º 0156556-70.2014.4.02.5101, em trâmite no
Juízo da 5.ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro/RJ.
Requereram, assim, liminarmente, a suspensão da execução fiscal n.º
0156556-70.2014.4.02.5101 e a consequente liberação dos valores penhorados. No
mérito, postulam a declaração da competência do juízo recuperacional.
O pedido liminar foi parcialmente deferido para determinar o

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sobrestamento de eventuais atos expropriatórios e a inviabilidade do cometimento
de outros mais atos constritivos decorrentes da execução fiscal (processo n.º
0156556-70.2014.4.02.5101), em trâmite no Juízo da 5.ª Vara Federal de Execução
Fiscal do Rio de Janeiro/RJ, designando, ainda, o Juízo de Direito da 7.ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro/RJ para resolver, em caráter provisório, as medidas
urgentes, até ulterior deliberação do relator, inclusive, no tocante à eventual
liberação de valores bloqueados pertencentes às recuperandas, nos autos da
mencionada execução fiscal (fls. 805/808, e-STJ).
As informações foram prestadas pelos juízos envolvidos às fls. 830/836 e
848/854 (e-STJ).
Instado a se manifestar, o Ministério Público Federal opinou pelo
conhecimento do conflito e, no mérito, pela competência do juízo recuperacional
(fls. 856/864, e-STJ).
A Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, na petição de fls.
866/873 (e-STJ), arguiu preliminarmente a incompetência da Segunda Seção do
STJ (QO no CC n.º 133.864/SP) e, no mérito, a fixação da competência da justiça
federal para o prosseguimento e julgamento das execuções fiscais, com todos os
atos executórios decorrentes, sobretudo a ordem de penhora de bens.
É o relatório.

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.811 - RJ (2016/0300799-5)

EMENTA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA - EXECUÇÃO FISCAL DE


DÍVIDAS ATIVAS - RECUPERAÇÃO JUDICIAL -
PRELIMINAR AFASTADA - COMPETÊNCIA DO JUÍZO
UNIVERSAL PARA TODOS OS ATOS QUE IMPLIQUEM
RESTRIÇÃO PATRIMONIAL - PRECEDENTES DO STJ.
1. Nos termos do que restou decidido pela Corte Especial, a
Segunda Seção é competente para o julgamento do conflito
uma vez que não se discute nos autos a competência para
processar e julgar cobrança de crédito fiscal, mas sim para
decidir sobre o patrimônio de sociedade em recuperação
judicial. Precedentes.
2. O deferimento da recuperação judicial não suspende a
execução fiscal, mas os atos de constrição ou de alienação
devem ser submetidos ao juízo universal.
3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de
Direito da 7.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ, o qual
poderá, a seu prudente critério, manter ou cancelar a penhora
promovida pelo juízo fiscal sobre bens das empresas
suscitantes.

VOTO

EXMO. SR. MINISTRO MARCO BUZZI (Relator):


Eminentes pares, como expressamente assevera a parte interessada às
fls. 867 (e-STJ), discute-se, na hipótese, a competência para decidir sobre a
submissão da satisfação dos créditos da ANATEL, objeto de execuções fiscais em
curso perante Varas Federais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, ao processo
de recuperação judicial das empresas O.I. S/A e TELEMAR NORTE LESTE S/A,
que tramita na 7.ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro/RJ.
Delineadas as questões fáticas, passo ao exame detalhado do caso.

I. DA COMPETÊNCIA DA SEGUNDA SEÇÃO DO STJ.


1. O incidente processual versa sobre o sobrestamento, em razão da
superveniência de recuperação judicial, de atos de bloqueio e penhora
determinados pelo juízo federal no bojo de execuções fiscais de dívidas ativas
promovidas pela agência reguladora ANATEL.
Como é sabido, na assentada do dia 29 de fevereiro de 2012, a
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Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do CC n.º
120.432/SP, após questão de ordem suscitada pelo ilustre relator, o Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, por unanimidade, determinou a remessa dos autos
à Colenda Corte Especial para que definisse o órgão interno competente para dirimir
sobre conflitos que envolvessem o binômio recuperação judicial e execução fiscal.
Restou naquele feito decidido, por unanimidade, na sessão de
julgamento do dia 19 de setembro de 2012, pela Corte Especial, que a Segunda
Seção do STJ é competente para julgar conflitos de competência entre juízos da
recuperação judicial e da execução fiscal, originados em recuperação judicial,
envolvendo expropriações do fisco movidas contra empresários e sociedades
empresárias em recuperação judicial, nos termos do art. 9º, § 2º, IX, do RISTJ,
conforme entendimento desta Corte Superior.
Isso porque, no processo de recuperação judicial, é formado um juízo
universal que busca viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, dos empregos dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica, nos termos do art. 47 da Lei n.º 11.101/2005.
Assim, o fato de a empresa estar em recuperação judicial, segundo a QO
no CC n.º 120.432/SP, atrai a competência da Segunda Seção do Superior Tribunal
de Justiça.
Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE


COMPETÊNCIA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
PROCESSOS DE EXECUÇÃO FISCAL E DE RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. QUESTÃO DE ORDEM. COMPETÊNCIA DA SEGUNDA
SEÇÃO. EDIÇÃO DA LEI N. 13.043, DE 13.11.2014.
PARCELAMENTO DE CRÉDITOS DE EMPRESA EM RECUPERAÇÃO.
JURISPRUDÊNCIA MANTIDA.
1. Compete à SEGUNDA SEÇÃO processar e julgar conflito de
competência entre o juízo da recuperação judicial e o da execução
fiscal, seja pelo critério da especialidade, seja pela necessidade de
evitar julgamentos díspares e a consequente insegurança jurídica
(Questão de Ordem apreciada nestes autos pela CORTE ESPECIAL
em 19.9.2012).
2. O deferimento da recuperação judicial não suspende a execução
fiscal, mas os atos de constrição e de alienação de bens sujeitos à
recuperação submetem-se ao juízo universal.
3. A edição da Lei n. 13.043, de 13.11.2014, por si, não implica
modificação da jurisprudência desta Segunda Seção a respeito da
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Superior Tribunal de Justiça
competência do juízo da recuperação para apreciar atos executórios
contra o patrimônio da empresa.
4. No caso concreto, destaca-se ademais que o deferimento da
recuperação judicial e a aprovação do correspondente plano são
anteriores à vigência da Lei n. 13.043/2014.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no CC 120.432/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/12/2016, DJe 19/12/2016)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE


COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. EDIÇÃO DA LEI N. 13.043,
DE 13.11.2014. PARCELAMENTO DE CRÉDITOS DE EMPRESA EM
RECUPERAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA MANTIDA.
1. Compete à SEGUNDA SEÇÃO processar e julgar conflito de
competência entre o juízo da recuperação judicial e o da execução
fiscal, seja pelo critério da especialidade, seja pela necessidade de
evitar julgamentos díspares e a consequente insegurança jurídica
(Questão de Ordem no CC n. 120.432/SP, da minha relatoria,
CORTE ESPECIAL, julgada em 19.9.2012).
2. O deferimento da recuperação judicial não suspende a execução
fiscal, mas os atos de constrição e de alienação de bens sujeitos à
recuperação submetem-se ao juízo universal.
3. A edição da Lei n. 13.043, de 13.11.2014, por si, não implica
modificação da jurisprudência desta Segunda Seção respeito da
competência do juízo da recuperação para apreciar atos executórios
contra o patrimônio da empresa.
4. No caso concreto, destaca-se ademais que o deferimento da
recuperação judicial e a aprovação do correspondente plano são
anteriores à vigência da Lei n. 13.043/2014.
5. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no CC 145.503/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/12/2016, DJe 19/12/2016)

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL.
PRECEDENTES.
- A 2ª Seção é competente para o julgamento do conflito uma vez que
não se discute nos autos a competência para processar e julgar
cobrança de crédito fiscal, mas sim para decidir sobre o patrimônio
de sociedade em recuperação judicial.
- Não há que se falar em ofensa à cláusula de reserva de plenário (art. 97
da Constituição Federal) ou em desacatamento à Súmula Vinculante n. 10
do Supremo Tribunal Federal, porquanto não houve, na decisão agravada,
declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos legais suscitados.
- As ações de natureza fiscal não se suspendem ante o deferimento de
recuperação judicial, conforme o art. 6º, § 7º, da Lei 11.101/2005, mas
cabe ao Juízo Universal o prosseguimento dos atos de alienação dos bens
da empresa recuperanda. Precedentes.
- O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a
conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos.
- Agravo no conflito de competência não provido.
(AgRg no CC 123.474/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA
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SEÇÃO, julgado em 24/10/2012, DJe 26/10/2012)

Outrossim, quanto à alegada Questão de Ordem no CC n.º 133.864/SP,


suscitada pela ora interessada, em julgamento no âmbito da Corte Especial,
verifica-se da leitura das notas taquigráficas disponíveis que o objeto delimitado
naquele feito diz respeito à ilegitimidade da União Federal para interpor agravo
regimental, uma vez que não era parte, tendo inclusive, posteriormente, desistido do
recurso. Observa-se, ainda, que já se formou, até a presente data, uma maioria
significativa de cinco votos pelo seu não conhecimento (Ministros JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, NANCY ANDRIGHI, LUIS FELIPE SALOMÃO, JORGE MUSSI e
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA), de modo que, além de ser inaplicável neste
caso, não tem sequer o condão de sobrestar o andamento de incidentes similares
que abordem idêntica questão.
Consigne-se, ademais, que o próprio relator do aludido conflito de
competência, o Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, expressamente
asseverou em sua decisão monocrática que a "Corte Especial, ao analisar Questão
de Ordem (CC 120.432/SP, Rel. Min. ANTONIO CARLOS FERREIRA, julgado em
19.09.2012), definiu ser competente a Segunda Seção do STJ para julgar CC's que
envolvam recuperação judicial ".
Nesse viés, como bem asseverou o eminente Ministro LUÍS FELIPE
SALOMÃO, na sessão de julgamento da Corte Especial do dia 05 de abril de 2017,
não se pode renovar reiteradamente a mesma discussão, sobre o pretexto de mero
inconformismo, por desrespeitar com isso os princípios da estabilização das
decisões judiciais e da segurança jurídica, pilares de sustentação do nosso
ordenamento legal.
Em resumo: a) a matéria já foi decidida pela Corte Especial, tendo sido
afirmada a competência da Segunda Seção (QO no CC n.º 120.432/SP); e, b) a QO
no CC n.º 133.864/SP não está discutindo novamente a questão relativa à
competência interna para julgar conflitos que envolvam recuperação judicial e
execução fiscal.
Rejeita-se, portanto, a preliminar de incompetência desta Seção
Especializada para o julgamento do presente conflito.

II. DA JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STJ.


2. No mérito, cumpre dizer que o Superior Tribunal de Justiça firmou o
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entendimento de que não cabe ao juiz da ação executiva ordenar medidas
constritivas do patrimônio de empresa sujeita à recuperação judicial, a
despeito da literalidade da regra do art. 6º, § 7º, da Lei 11.101/05, segundo a qual a
tramitação da execução fiscal não é suspensa durante o procedimento de
recuperação.
Nesse sentido:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. FALÊNCIA.
ATOS DE CONSTRIÇÃO E EXECUÇÃO.
1. A Segunda Seção desta Corte definiu que a execução fiscal não é
suspensa com o deferimento da recuperação judicial, sendo do Juízo
universal a competência para dar seguimento aos atos constritivos ou de
alienação.
2. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 732.140/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/12/2016, DJe 15/12/2016)

AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


EXECUÇÃO FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CONFLITO DE
COMPETÊNCIA CARACTERIZADO. ATOS DE CONSTRIÇÃO DO
PATRIMÔNIO AFETADO AO PLANO DE SOERGUIMENTO. LIMINAR
DEFERIDA. VIOLAÇÃO À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF,
ART. 97). INEXISTÊNCIA. LIMINAR CONFIRMADA. AGRAVO
DESPROVIDO.
1. Na hipótese, está caracterizado o conflito de competência, pois dois
juízos se apresentam como competentes para determinar o destino de um
mesmo patrimônio: o juízo da execução fiscal, excutindo bens da
suscitante no interesse da Fazenda exequente; e o juízo da recuperação,
processando a recuperação judicial, com a preservação dos bens afetados
ao plano de recuperação.
2. Até que seja editada a Lei prevista no § 3º do art. 155-A do CTN,
embora as execuções fiscais não sejam suspensas com o deferimento da
recuperação judicial, os atos de alienação ou de constrição que
comprometam o cumprimento do plano de reorganização da empresa,
somente serão efetivados após a anuência do Juízo da recuperação
judicial.
3. A interpretação sistemática de normas infraconstitucionais não importa
ofensa à cláusula de reserva de plenário, prevista no art. 97 da Carta da
República (RE 704.676, AgR, Relatora Ministra CARMEN LÚCIA, Segunda
Turma, julgado em 16/10/2012).
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no CC 129.622/ES, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 24/09/2014, DJe 29/09/2014)

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


EXECUÇÃO FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO
JUÍZO UNIVERSAL.
1. O juízo onde se processa a recuperação judicial é o competente para
Documento: 71405422 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 7 de 10
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julgar as causas em que estejam envolvidos interesses e bens de
empresas recuperandas.
2. O deferimento da recuperação judicial não suspende a execução
fiscal, mas os atos de execução devem-se submeter ao juízo
universal.
3. A Lei n. 11.101/2005 visa a preservação da empresa, sua função social
e o estímulo à atividade econômica, a teor de seu art. 47.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no CC 119.203/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/03/2014, DJe 03/04/2014 - grifo nosso)

AGRAVO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DA EXECUÇÃO


FISCAL E JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO
JUÍZO FALIMENTAR PARA TODOS OS ATOS QUE IMPLIQUEM
RESTRIÇÃO PATRIMONIAL.
1. As execuções fiscais ajuizadas em face da empresa em recuperação
judicial não se suspenderão em virtude do deferimento do processamento
da recuperação judicial, ou seja, a concessão da recuperação judicial para
a empresa em crise econômico-financeira não tem qualquer influência na
cobrança judicial dos tributos por ela devidos.
2. Embora a execução fiscal, em si, não se suspenda, são vedados
atos judiciais que reduzam o patrimônio da empresa em recuperação
judicial, enquanto for mantida essa condição. Isso porque a
interpretação literal do art. 6º, § 7º, da Lei 11.101/05 inibiria o
cumprimento do plano de recuperação judicial previamente aprovado
e homologado, tendo em vista o prosseguimento dos atos de
constrição do patrimônio da empresa em dificuldades financeiras.
3. Agravo não provido.
(AgRg no AgRg no CC 119.970/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe 17/09/2013 - grifo nosso)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE


COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
COMPATIBILIZAÇÃO DAS REGRAS E PRINCÍPIOS. CONTINUIDADE
DA EXECUÇÃO FISCAL. ATOS DE CONSTRIÇÃO JUDICIAL.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EDIÇÃO DA
LEI N. 13.043, DE 13.11.2014. PARCELAMENTO DE CRÉDITOS DE
EMPRESA EM RECUPERAÇÃO.
1. A execução fiscal não se suspende com o deferimento da
recuperação judicial; todavia, fica definida a competência do Juízo
universal para dar seguimento aos atos constritivos ou de alienação.
2. "No que diz respeito à Lei n.º 13.043/2014, que acrescentou o art.
10-A à Lei n.º 10.522/2002, possibilitando o parcelamento de crédito de
empresas em recuperação, a Segunda Seção decidiu que a edição da
referida legislação não repercute na jurisprudência desta Corte Superior a
respeito da competência do juízo da recuperação, sob pena de afrontar o
princípio da preservação da empresa. Precedentes da Segunda Seção "
(EDcl no AgRg no CC n. 137.520/SP, relator Ministro Marco Buzzi,
Segunda Seção, DJe de 1º/3/2016).
3. Agravo interno desprovido.
(AgInt no CC 140.021/MT, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 22/08/2016)

Documento: 71405422 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 8 de 10


Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO
FISCAL. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA
DO JUÍZO UNIVERSAL. EDIÇÃO DA LEI N. 13.043, DE 13.11.2014.
PARCELAMENTO DE CRÉDITOS DE EMPRESA EM RECUPERAÇÃO.
JURISPRUDÊNCIA MANTIDA.
1. O prosseguimento da execução fiscal e eventuais embargos, na forma
do art. 6º, § 7º, da Lei 11.101/05, deverá se dar perante o juízo
competente, ao qual caberão todos os atos processuais, inclusive a
ordem de citação e penhora, exceto a apreensão e alienação de bens.
2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AgRg no CC 81.922/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 25/02/2016, DJe 04/03/2016)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE


COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. EDIÇÃO DA LEI N. 13.043, DE
13.11.2014. PARCELAMENTO DE CRÉDITOS DE EMPRESA EM
RECUPERAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA MANTIDA.
1. O juízo onde se processa a recuperação judicial é o competente para
julgar as causas em que estejam envolvidos interesses e bens da empresa
recuperanda.
2. O deferimento da recuperação judicial não suspende a execução fiscal,
mas os atos de constrição ou de alienação devem-se submeter ao juízo
universal.
3. A edição da Lei n. 13.043, de 13.11.2014, por si, não implica
modificação da jurisprudência desta Segunda Seção acerca da
competência do juízo da recuperação para apreciar atos executórios
contra o patrimônio da empresa.
4. No caso concreto, o deferimento do processamento da recuperação e a
aprovação do correspondente plano são anteriores à vigência da Lei n.
13.043/2014.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no CC 129.290/PE, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 15/12/2015)

AGRAVO REGIMENTAL EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


EXECUÇÃO FISCAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ATOS DE
CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO AFETADO AO PLANO DE
SOERGUIMENTO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA CARACTERIZADO.
PRECEDENTE (AGRG NO CC 136.130/SP). AGRAVO DESPROVIDO.
1. Na hipótese, está caracterizado o conflito de competência, pois dois
juízos se apresentam como competentes para determinar o destino de um
mesmo patrimônio: o juízo da execução fiscal, excutindo bens da
suscitante no interesse da Fazenda exequente; e o juízo da recuperação,
processando a recuperação judicial, com a preservação dos bens afetados
ao plano de recuperação.
2. A jurisprudência da eg. Segunda Seção firmou-se no sentido de que as
execuções fiscais não se suspendem com o deferimento da recuperação
judicial, sendo obstados, porém, os atos de alienação, cuja competência é
privativa do Juízo universal, de modo a não prejudicar o cumprimento do
plano de reorganização da empresa.
3. O entendimento acima exposto foi reafirmado, mesmo após o advento
da Lei 13.043/2014, que instituiu modalidade especial de parcelamento

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dos créditos tributários devidos por sociedades empresárias em
recuperação judicial. No julgamento do Agravo Regimental no Conflito de
Competência n. 136.130/SP (AgRg no CC 136.130/SP, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, Rel. p/ acórdão Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/5/2015, DJe de 22/6/2015),
expressamente, por maioria, entendeu-se que "a edição e a publicação da
Lei n. 13.043/2014 não repercute na jurisprudência desta Corte a respeito
da competência do Juízo da recuperação, sob pena de afrontar o princípio
da preservação da empresa". E, ainda, que "cuidando-se de simples
interpretação sistemática das normas legais aplicáveis ao presente caso,
não há falar em violação do art.
97 da CF".
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no CC 138.942/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 24/06/2015, DJe 03/08/2015)

Tem-se, portanto, no caso em tela, que todos os atos de alienação e


constrição devem ser submetidos ao juízo da recuperação judicial, em
homenagem ao princípio da preservação da empresa.
3. Ante o exposto, conheço do conflito para declarar competente o Juízo
de Direito da 7.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro/RJ, o qual poderá, a seu
prudente critério, manter ou cancelar a penhora promovida pelo juízo fiscal sobre
bens das empresas suscitantes.
É como voto.

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.811 - RJ (2016/0300799-5)
RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI
SUSCITANTE : OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL
SUSCITANTE : TELEMAR NORTE LESTE S/A. - EM RECUPERACAO
JUDICIAL
ADVOGADA : ANA TEREZA PALHARES BASÍLIO E OUTRO(S) - RJ074802
SUSCITADO : JUIZO DE DIREITO DA 7A VARA EMPRESARIAL DO RIO
DE JANEIRO - RJ
SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA 5A VARA DE EXECUÇÃO FISCAL DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SUSCITADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2A REGIÃO
INTERES. : AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES -
ANATEL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL - PGF - PR000000F
INTERES. : BANCO DO NORDESTE DO BRASIL SA.
INTERES. : CHINA DEVELOPMENT BANK COORPORATION

VOTO-VISTA

A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI:

Cuida-se de conflito positivo de competência suscitado por OI S.A. -


EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL E OUTRA em face do JUÍZO DE DIREITO DA 7ª
VARA EMPRESARIAL DO RIO DE JANEIRO – RJ, o JUÍZO FEDERAL DA 5ª
VARA DE EXECUÇÃO FISCAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO e o TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO.
O propósito do incidente é definir a competência interna para
apreciação do presente conflito e o juízo competente para decidir acerca do
destino do patrimônio das suscitantes.
O Exmo. Min. Relator, Marco Buzzi, em seu voto, reconhece,
preliminarmente, a competência da 2ª Seção e, quanto ao mérito, declara
competente o juízo onde tramita a recuperação judicial da empresa suscitante.
É O BREVE RELATÓRIO.

1. Da competência interna para julgamento do presente conflito


Documento: 72335186 - VOTO VISTA - Site certificado Página 1 de 2
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A Corte Especial deste Tribunal definiu, por ocasião da apreciação da
questão de ordem no CC 120.432/SP, em 19/9/2012, que “compete à SEGUNDA
SEÇÃO processar e julgar conflito de competência entre o juízo da recuperação
judicial e o da execução fiscal, seja pelo critério da especialidade, seja pela
necessidade de evitar julgamentos díspares e a consequente insegurança jurídica”.
Ademais, conforme salientado pelo Eminente Relator, ao contrário do
que defende a interessada, a questão de ordem suscitada no CC 133.864/SP não
tratou de renovar a discussão concernente à competência interna para julgar
conflitos que envolvam recuperação judicial e execução fiscal.

2- Da competência para a prática de atos que impliquem


restrição ao patrimônio de empresa em recuperação judicial
A Segunda Seção do STJ assentou o entendimento de que, muito
embora a Lei 11.101/2005 determine que as execuções fiscais não se suspendam a
partir do deferimento do pedido de recuperação judicial, é salutar que seja obstada
a prática de atos que impliquem restrição ao patrimônio da devedora, a fim de
evitar que as medidas constritivas contribuam para inviabilizar o cumprimento do
plano de soerguimento. Nesse sentido: AgInt no CC 140.021/MT, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, DJe 22/08/2016 e EDcl no AgRg no CC 137.520/SP, Rel.
Min. Marco Buzzi, DJe 01/03/2016.

Forte nessas razões, acompanho o voto do Exmo. Min. Relator, a fim


de CONHECER do conflito e DECLARAR a competência do juízo da
recuperação judicial para decidir acerca do destino do patrimônio das
suscitantes.

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