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Conceitos Básicos de Mecânica dos Solos

1. Conceito de solo na engenharia civil

Conceituação geral: Misturas naturais de um ou diversos minerais (às vezes


matéria orgânica) que podem ser separados por processos mecânicos simples, tais como
agitação em água ou manuseio. Sistema de partículas.
Conceituação simplista: Todo material da crosta terrestre que pudesse ser

APOSTILA escavado, sem o emprego de técnicas especiais, como, por exemplo, explosivos. Meio
contínuo.

MECANICA DOS 2. Origem e formação dos solos

SOLOS Os solos têm sua origem na ação do intemperismo físico e/ou químico das rochas.
Intemperismo físico: provoca a desintegração das rochas dando origem a solos cor
partículas grossas (pedregulhos e areias) e intermediárias (siltes) por meio de agentes
como variação de temperatura, congelamento e degelo, penetração de raízes de planta, e
movimentos abrasivos (do vento, água, ou gelo). Frequentemente antecede o intemperismo
químico (aumento na área específica para ataque químico). Predominante em climas frios e
temperados.
Intemperismo químico: está relacionado com os vários processos químicos que
alteram, solubizam e depositam os minerais de rocha, transformando-a em solo
(principalmente argiloso). Este é o tipo mais freqüente nos climas quentes e úmidos e,
portanto, muito comum no Brasil. Dentre os processos químicos se destacariam: oxidação
(causa "ferrugem" da rocha), carbonatação, hidratação, e decaimento vegetal.
Ex. carbonatação (dióxido de carbono + água formando ácido carbônico) e
hidratação do mineral feldspato presente em granitos podem produzir um mineral argílico
como a caolinita.

3. Solos residuais e transportados

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Os solos que permanecem próximos à rocha que lhes deu origem são Solos eólicos transportados e depositados pela ação do vento. Ocorrem junto à
denominados residuais; os demais são sedimentares ou transportados. costa. Sào constituídos por areia fina quartzosa, bem arredondada, ocorrendo na forma de
franja de dunas ou campos de dunas.
Os solos residuais têm um grau de alteração bastante variável em sua espessura.
O perfil típico mostra uma transição gradual de solo para rocha, estando está última em
IG/UNICAMP
profundidade. Quanto mais próximo da superfície do terreno, maior o efeito do 2003
intemperismo. Sobre a rocha sã encontra-se a rocha alterada, em geral muito fraturada e
permitindo grande fluxo de água através de descontinuidades. A rocha alterada é
ORIGEM E TIPOS DE SOLOS
sobreposta pelo solo residual jovem (ou saprolito) que é um material arenoso (e guarda L. F. Vaz
certas feições da rocha mãe embora não seja mais rocha, xistosidade, bandeamento, etc.).
O material mais intemperizado ocorre acima do saprolito e é denominado solo residual
maduro, o qual contém maior porcentagem de argila. Os mantos de solos residuais podem 1. INTEMPERISMO E GRAU DE ALTERAÇÃO DAS ROCHAS

chegar a dezenas de metros em regiões de clima tropical e são fruto principalmente do


intemperismo químico. As rochas e outros materiais expostos na superfície da Terra ficam sujeitos à ação

Se o produto de alteração das rochas é removido de sobre uma rocha matriz por de processos naturais de aquecimento e resfriamento, decorrentes da alternância de dias e

um agente qualquer, teremos os chamados solos transportados. Segundo os agentes de noites e da ação das águas, que se infiltram a partir das chuvas e percolam através dos

transporte, os solos podem ser aluviais (água), eólicos (vento), coluviais (gravidade) e materiais existentes. Esses processos naturais atuam no sentido de desagregar e

glaciais (geleiras). decompor os materiais expostos na superfície.

Os aluviões são constituídos por materiais erodidos, retrabalhados e transportados Quando atuam sobre as rochas esses processos são chamados de processos de

pelos cursos d’água e depositados nos seus leitos e margens. São também depositados intemperismo. Assim, intemperismo é o conjunto de processos que desintegram e/ou

nas margens e no fundo de lagoas e lagos, sempre associados a ambientes fluviais. decompõem a rocha. Como o intemperismo acarreta a modificação das características

Variações na natureza e capacidade de transporte dos cursos d’água refletem-se na originais da rocha, é também chamado de alteração intempérica. Assim, a alteração

formação de camadas com características distintas. Consequentemente, o pacote aluvionar intempérica das rochas ou simplesmente, a alteração das rochas, significa a desintegração

é altamente heterogêneo. Entretanto, as camadas isoladas podem apresentar-se muito e a decomposição das rochas promovida pelo intemperismo.

homogêneas. A ação do intemperismo sobre as rochas é gradual. Assim, as rochas não se

Sedimentos marinhos produzidos em ambientes de praia (areias finas e médias decompõem ou se desintegram instantaneamente, em geral requerendo um período de

quartzosas) e manguezal (sedimentos finos e argilosos, que se depositam freqüentemente tempo relativamente longo para sofrerem alteração, variável em função do tipo de rocha e

incorporando matéria orgânica) podem também ser incluídos nesta categoria. das condições climáticas locais. Dessa forma, as rochas podem se apresentar em

Coluviões são depósitos de materiais inconsolidados, normalmente encontrados diferentes estágios de alteração, também chamados de graus ou classes de alteração.

recobrindo encostas íngremes, formados pela ação da água, e principalmente da


gravidade. Talus são um tipo de coluvião compostos principalmente por blocos de rocha de 1.3 Influência do clima

variados tamanhos, em geral, arredondados, envolvidos por uma matriz areno-silto-


argilosa. Ocorrem de forma localizada, ocupando os sopés das encostas de relevos Climas quentes e úmidos favorecem as reações químicas e, conseqüentemente, os

acidentados como serras, escarpas, etc. processos de intemperismo químico, dando origem a solos residuais espessos como ocorre
na maior parte do Estado de São Paulo e em muitas outras regiões do Brasil.

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Os climas secos e frios, por outro lado, inibem as reações químicas, resultando em Os processos de intemperismo que levam à formação dos solos depende, do clima
solos pouco espessos. Condições desse tipo ocorrem nas partes altas dos Estados do Rio (temperatura, chuva, umidade do ar, evaporação e regime de ventos), dos agentes
Grande do Sul e Santa Catarina, onde as temperaturas são baixas e no sertão do Nordeste, biológicos (vegetais e animais), da rocha matriz, do relevo e do tempo decorrido. Como os
onde a precipitação pluviométrica é extremamente reduzida. agentes biológicos são associados ao clima e o relevo e o tempo, à rocha matriz, são esses
os dois fatores principais que determinam a formação desses solos.
A redução da espessura dos solos, além de comprometer o desenvolvimento O clima define, principalmente, a espessura e o número de horizontes do solo
econômico devido à baixa qualidade dos solos para fins agrícolas, pode condicionar os residual, enquanto a principal contribuição da rocha matriz é a definição da composição
processos construtivos de obras de Engenharia. Por exemplo, uma barragem situada em mineralógica do solo resultante. Como essa composição é determinante para a
região de solo pouco espesso deverá ser construída em enrocamento ou concreto. granulometria, para a plasticidade e para o tipo de argilo mineral presente no solo, a rocha
de origem define grande parte do comportamento geomecânico dos solos residuais.
3. TIPOS DE SOLOS A porção superficial dos solos formados pelo intemperismo fica sujeita aos
chamados processos pedogenéticos que promovem a adição, perda, transformação e
Os solos são classificados diferentemente conforme a finalidade de seu uso. Assim, transporte do material do solo. Os principais processos são o de eluviação e iluviação,
para uso em Agricultura, utiliza-se a classificação pedológica. Em Mecânica dos Solos, respectivamente processos de perda e adição de material; a lixiviação, que remove os sais
existem várias classificações, sendo mais comumente utilizada a classificação solúveis e a podzolização e a laterização, respectivamente, processos que levam à
granulométrica. Em Geologia de Engenharia, a classificação dos solos é feita a partir da concentração de sílica e ferro. O agente principal dos processos pedogenéticos é a
rocha de origem e do processo de formação do solo, sendo por isso também denominada movimentação da água no solo, através de infiltração no período de chuvas e evaporação
de classificação genética. nas secas, razão pela qual esses processos são particularmente ativos nas regiões
Os solos são produzidos através do processo geológico de intemperismo, pela tropicais. A laterização promove a concentração de óxidos de ferro na parte superior dos
desagregação e decomposição da rocha subjacente. O solo produzido pelo intemperismo perfis de solos, que adquirem a cor avermelhada típica dessas regiões.
pode sofrer a ação de processos pedológicos e de processos de erosão e transporte dando Durante a evolução pedogênica os grãos minerais são fragmentados, decompostos
origem a novos tipos de solo. Os solos produzidos pelos intemperismo e pela diferenciação e mobilizados, destruindo completamente seu imbricamento original, acelerando a
pedológica são chamados de residuais ou “in situ”, por ocorrerem no mesmo local onde formação de novos minerais, iniciada na fase de alteração intempérica e acarretando a
foram formados. Os solos decorrentes da ação da erosão e transporte são chamados de homogeneização do solo, para o que contribui a ampla fauna de insetos e de
solos transportados. microorganismos das regiões tropicais. No caso dos solos residuais, a homogeinização
Os processos que produzem os solos são universais, diferenciando-se, nos climas pedogênica é muito notável, separando esses solos em dois horizontes, um superior,
tropicais, pela ação mais pronunciada do intemperismo químico que se expressa pela homogêneo e isotrópico, sede dos processos pedogênicos e outro inferior, heterogêneo e
grande espessura de solos residuais, em contraste com as regiões de climas temperados, anisotrópico, onde tais processos são limitados, predominando os processos de alteração
onde esses solos são pouco espessos. A maior espessura de solo residual e a maior intempérica.
disponibilidade de água dos climas tropicais favorecem o transporte e a deposição dos
3.2 Solos transportados
solos transportados, mais freqüentes e também, mais espessos, do que nos climas
temperados ou secos.
Os grãos minerais que constituem os solos residuais são o principal material que dá
origem aos solos transportados, incluindo blocos de rocha ou fragmentos de minerais mais
3.1 Solos "in situ" ou residuais
resistentes. Durante o transporte, esses materiais ficam sujeitos à abrasão e desagregação,
sendo que, no caso das argilas, a desagregação geralmente atinge a fase de suspensão
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coloidal. As transformações mineralógicas não são comuns durante o transporte, porém, material escavável por lâmina de aço, ou seja, escavável pela lâmina do trator ou do
novos minerais podem ser formados na fase de deposição. Como os processos são "scraper" ou por enxadão, faca e canivete.
superficiais, os solos transportados podem englobar materiais e restos orgânicos. A base do solo residual corresponde ao limite da perfuração à trado manual ou ao
Assim, os solos transportados variam em conformidade com o material de origem e limite para execução dos ensaios de penetração (SPT) nas sondagens à percussão (menos
as condições de acumulação, porém, o meio de transporte é o principal fator de de 5 cm de cravação do barrilete com 10 golpes consecutivos ou 50 golpes num mesmo
diferenciação. Nas regiões tropicais, os meios de transporte mais eficazes são o fluvial, ensaio). Quando a perfuração à trado for suspensa devido a outros fatores, por exemplo,
pelos rios e o gravitacional, através dos escorregamentos. pela presença de água subterrânea, o limite será fixado apenas pelo impenetrável ao SPT.
O transporte marinho e o eólico, apesar de presentes, são pouco expressivos no Entretanto, o limite para execução do ensaio de penetração pode não corresponder à base
Brasil, exceto ao longo da costa. Nas regiões tropicais não ocorrem solos produzidos por do solo residual, uma vez que veios de quartzo e crostas limoníticas, entre outras feições
processos glaciais, transportados e depositados por geleiras e avalanches. Também não resistentes que ocorrem nos solos, podem ser suficientes para interromper o ensaio SPT. O
ocorrem, no Brasil, solos constituídos por cinzas e fragmentos de rochas vulcânicas, solo residual corresponde ao material de 1a. categoria dos contratos de escavação.
produzidos por processos explosivos dos vulcões. A passagem entre os dois horizontes de solo e destes para rocha, geralmente é
Ao contrário dos solos residuais, nos solos transportados a evolução pedogênica é gradual, sendo que matacões e fragmentos de minerais e rocha podem ocorrer dentro do
pouco importante, em parte porque esses solos são modernos, sendo o tempo decorrido solo residual.
insuficiente para uma diferenciação pedogênica notável. Nos aluviões, que são os solos
transportados mais freqüentes em regiões tropicais, o nível elevado do lençol freático 4.1.1 Classe S1 - Solo eluvial (SE)
restringe a ação dos processos pedogênicos.
O horizonte S1 foi chamado de solo eluvial ou eluvionar (SE) para caracterizar a
4. PERFIL DE INTEMPERISMO DE REGIÕES TROPICAIS camada superior do solo residual cuja diferenciação foi feita através dos processos
pedogenéticos. O solo eluvial é também chamado de solo residual maduro e de solo
A decomposição da rocha se faz com intensidade decrescente com a profundidade laterítico.
definindo, para cada conjunto de clima e rocha, um perfil de intemperismo, ou seja, uma O solo eluvial é sempre homogêneo em relação à cor, granulometria e composição
seqüência de sucessivos horizontes de maior alteração da rocha que, a partir da rocha mineralógica. Pode apresentar alguma heterogeneidade, em função da evolução
inalterada subjacente, se completam com a rocha totalmente alterada e transformada em pedogênica, porém, para as obras civis, seu comportamento será o de um material
solo, que ocorre na superfície do terreno. homogêneo.
Um perfil de intemperismo padrão, cujos horizontes principais são definidos em Contribui para esse comportamento a ausência total da textura e das estruturas da
função dos processos de escavação e perfuração está apresentado na Figura 1. A rocha matriz, em geral conhecidas pelo termo genérico de estruturas requiliares. Essa
subdivisão dos horizontes foi feita associando-se critérios baseados na evolução ausência e, a homogeneidade, fazem com que as propriedades físicas do solo exibam um
pedogênica, para os solos e no grau de alteração mineralógica para a rocha. Os horizontes comportamento isotrópico, ou seja, apresentem o mesmo valor independentemente da
estão identificados por siglas e por classes para facilitar o emprego em perfis de sondagem. direção em que são obtidas.
A mineralogia dos solos superficiais é constituída, essencialmente, pelo grupo dos
argilo-minerais e por minerais de rocha quimicamente inertes, dos quais o mais comum é o
4.1 Horizontes de solo residual
quartzo.

Os dois horizontes de solo foram englobados pela denominação de solo residual


separando-se da rocha pelo tradicional critério do processo de escavação, sendo o solo o

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4.1.2 Classe S2 - Solo de alteração (SA) Três horizontes de rocha são identificáveis a partir dos respectivos processos de
escavação e perfuração. As zonas de transição entre esses horizontes estão discutidas no
O horizonte S2 foi denominado solo de alteração para caracterizar a camada que item 4.2.4. A Figura 2 mostra as faixas de variação da resistência à compressão uniaxial
se encontra ainda em processo de alteração intempérica, onde os processos pedogênicos (RCU) e as classes de alteração de diversas rochas brasileiras. A utilização da Figura 2
são incipientes ou muito limitados. Esse horizonte é também chamado de saprolito e de está discutida no item 7.
solo residual jovem.
O solo de alteração é sempre heterogêneo em relação à cor, textura e composição 4.2.1 Classe R3 - Rocha alterada mole (RAM)
mineralógica. Esta heterogeneidade é decorrente da manutenção do arranjo dos minerais
segundo a disposição original da rocha matriz, fazendo com que os minerais do solo O horizonte R3 é denominado de rocha alterada mole uma vez que somente pode
ocupem os mesmos lugares e posições exibidos na rocha original. Além disso, as eventuais ser escavado, manualmente, com picareta e com o bico do martelo de geólogo, ou então,
estruturas presentes na rocha encontram-se preservadas no solo de alteração, significando mecanicamente, com escarificador. Nas sondagens à percussão é o material perfurado
que os planos constituídos por tais estruturas permanecem e são reconhecíveis no solo. As pelo processo de lavagem, correspondendo ao material de 2a. categoria nos contratos de
estruturas das rochas usualmente preservadas no solo de alteração são a xistosidade, escavação. O horizonte de RAM pode estar ausente nos perfis de intemperismo, conforme
estratificação, fraturas, falhas, dobras e contatos. discutido no item 4.2.4, porém, quando o perfil de intemperismo é muito evoluído, a
A heterogeneidade e a anisotropia dos solos de alteração é facilmente constatada espessura de RAM pode ser superior a 10 m.
pela típica coloração variegada desses solos. A cor pode apresentar-se aparentemente Na RAM os minerais da rocha encontram-se fortemente alterados e descoloridos,
homogênea, quando se tratar de solos derivados de rochas de granulação fina, desprovidas sendo incipiente a transformação para minerais de solo.
de estruturas. Nesses casos, entretanto, o exame com lupa revelará a preservação da
textura original da rocha.
A mineralogia dos solos de alteração é constituída por argilo-minerais neo-formados
e minerais de rocha em processo de alteração química para argilo-minerais. Os minerais de
rocha quimicamente inertes, como o quartzo, encontram-se apenas mais fragmentados do
que na rocha.

4.2 Horizontes de rocha

A susceptibilidade das rochas à alteração depende das condições ambientais, das


características do maciço rochoso e das propriedades da rocha. A temperatura ambiente e
o regime hidrológico são os principais fatores que determinam o efeito das condições
ambientais, seguindo-se o relevo e os agentes biológicos. A presença de estruturas
externas (fraturas, falhas, contatos, etc) e as condições hidrogeológicas são os fatores que
governam as características dos maciços rochosos, enquanto a composição mineralógica,
a textura (tamanho dos graõs), as estruturas internas (estratificação e xistosidade), a
porosidade, a expansividade e as microestruturas dos minerais determinam o
comportamento da rocha frente à alteração.

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4.2.2 Classe R2 - Rocha alterada dura (RAD) Essas zonas ocorrem em perfis de intemperismo pouco evoluídos, seja devido à
rápida denudação em terrenos sujeitos à erosão acentuada, seja devido à redução do efeito
O limite de escavação com picareta ou escarificador, exigindo a utilização de
do intemperismo químico, em climas secos ou frios. Nesses casos, o horizonte de RAM
explosivo para o desmonte, marca a separação entre RAM e RAD. Nas rochas duras, o
pode estar ausente ou ser inexpressivo, sendo substituído por uma zona de contatos muito
impenetrável à lavagem por tempo das sondagens à percussão (três ciclos consecutivos de
irregulares, constituída por matacões e blocos de rocha "in situ", imersos em solo (SA) ou
10 minutos com penetração inferior a 5 cm em cada um) identifica, com segurança, o topo
por zonas de solo entremeadas na rocha, que pode apresentar-se como RAM, RAD ou RS.
de RAD.
Essas zonas de transição também ocorrem em rochas duras, com fraturamento ou
Este último critério não pode ser aplicado, isoladamente, para definir o topo de
xistosidade sub-verticais, quando a alteração fica condicionada por essas estruturas e o
rocha que, usualmente, corresponde ao topo de RAD, ou seja ao material que somente
topo rochoso torna-se muito irregular, com aspecto serrilhado pela alternância de zonas
pode ser escavado com explosivo. O impenetrável à ferramenta de lavagem das sondagens
verticais de solo de alteração e rocha em diferentes estágios de alteração.
à percussão pode ser representado, por exemplo, por um matacão de rocha sã que pode
As zonas de transição entre RAM e RAD, quando forem espessas ou apresentarem
ocorrer, até mesmo, no horizonte de solo eluvial. Dessa forma, para a determinação do
interesse específico, devem ser tratadas com feições discretas, cuja sistemática de
topo de rocha podem ser necessários outros métodos de investigação, tais como
caracterização dependerá, em parte, da finalidade dos estudos. Em geral, o procedimento
sondagens rotativas e sísmicas.
utilizado baseia-se na identificação da porcentagem relativa de solo e rocha e no tamanho
Na RAD os minerais apresentam-se levemente descoloridos, mais notavelmente ao
dos matacões ou blocos de rocha.
longo de fraturas com passagem de água.

5. SOLOS TRANSPORTADOS
4.2.3 Classe R1 - Rocha sã (RS)

Os solos transportados são identificados pelo processo de formação, possuindo,


A distinção entre RAD e RS é feita através da alteração mineralógica já que os
como característica comum, sua idade recente. Algumas formas de ocorrência dos
processos de escavação, com explosivo e de perfuração, com rotativa, são os mesmos
principais tipos de solos transportados e sua interrelação com os solos residuais estão
para ambos os tipos. Em contratos de escavação, a RAD e a RS constituem o material de
apresentadas na Figura 3.
3a. categoria.
O horizonte de RS apresenta os minerais sãos ou praticamente sãos, com suas 5.1 Aluviões (AL)
cores e resistência originais ou pouco afetadas.

Os aluviões são constituídos por materiais erodidos, retrabalhados e transportados


4.2.4 Zonas de transição pelos cursos d’ água e depositados nos seus leitos e margens. São também depositados
nos fundos e nas margens de lagoas e lagos, sempre associados à ambientes fluviais. Os
As zonas de transição estão presentes em todas as interfaces dos horizontes do aluviões das regiões tropicais diferenciam-se daqueles de climas temperados pela maior
perfil de intemperismo. Porém, na maioria das vezes, essas zonas de transição são pouco extensão e espessura e pela incorporação de apreciáveis quantidades de matéria orgânica
espessas e, para efeitos práticos, não necessitam ser individualizadas. Em outros casos, vegetal.
menos usuais, o contato entre os horizontes é brusco. A exceção ocorre na interface entre Os principais fatores que afetam a produção dos aluviões são o material da fonte, a
RAM e RAD onde são freqüentes zonas de transição mais espessas, muitas vezes ser erodido e transportado e a energia ou capacidade de transporte do curso d’ água. As
contendo matacões e intercalações de materiais em diferentes estágios de alteração, variações da fonte são mais apreciáveis nos rios de maior declividade, quando a maior
principalmente quando se tratam de rochas duras. energia permite que diferentes materiais sejam arrastados e nos rios de grande porte, onde
o retrabalhamento de diferentes aluviões, anteriormente depositados, é comum.
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A capacidade de transporte é afetada não só pela declividade, vale dizer pelo Na presente classificação, o termo colúvio aplica-se a depósitos constituídos
relevo da região onde o rio está inserido, mas, também, pela sazonalidade pluviométrica. exclusivamente por solo, ficando o termo tálus restrito aos depósitos constituídos por solo e
Assim, os rios podem transportar uma ampla gama granulométrica durante o período de blocos ou apenas por blocos de rocha.
chuvas e uma estreita faixa de tamanho de partículas, na época das secas. As variações da Os coluviões são relativamente freqüentes em regiões tropicais, onde podem
fonte e da capacidade de transporte refletem-se na deposição de camadas com ocupar grandes extensões. São produzidos por movimentos de massa lentos, do tipo
características distintas. Cada camada representa uma fase de deposição e, rastejo, ou rápidos, como os escorregamentos, processos que restringem a ocorrência de
consequentemente, apresenta espessura, continuidade lateral, mineralogia e granulometria colúvios à regiões de topografia acidentada ou, ao menos, colinosa. O processo de
particulares. Em decorrência, o pacote aluvionar é altamente heterogêneo, entretanto, as deposição pode provocar o aparecimento de quebras de relevo, com patamares sub-
camadas isoladas podem apresentar-se muito homogêneas. horizontais, quando a espessura depositada for razoável.
As margens de rios e lagos são propícias ao desenvolvimento de vegetação, de Entretanto, no Brasil, existem vários exemplos de coluviões produzidos pelo recúo
sorte que os restos vegetais produzidos podem ser rapidamente soterrados pela de encostas ou "cuestas", dando origem a corpos coluvionares de grande espessura e
sedimentação, preservando-se parte da matéria orgânica pela decomposição anaeróbica. extensão. Este processo ocorre quando uma encosta íngreme, como, por exemplo, a
Nos sedimentos arenosos, a matéria orgânica é removida pela percolação de água, mas, "cuesta" basáltica da Bacia do Paraná, recua pela ação da erosão, deixando o solo
quando o material depositado tem baixa permeabilidade, como os siltes e argilas, a matéria existente nas partes superiores depositado na parte inferior, atrás da frente de recúo,
orgânica permanece incorporada, dando origem às argilas e siltes orgânicas. conforme indicado na Figura 4. Coluviões desse tipo ocorrem ao longo de toda a "cuesta"
basáltica da Bacia do Paraná e em vários outros locais com "cuestas" semelhantes, como
5.2 Terraços fluviais (TR) na margem esquerda do Reservatório de Itaparica, em Pernambuco e na área do Plano
Piloto, em Brasília.
Os terraços fluviais são aluviões antigos, depositados quando o nível de base do Os coluviões apresentam características singulares, derivadas da sua isotropia e da
curso d’água encontrava-se numa posição superior à atual. Em conseqüência, os terraços homogeneidade mineralógica e granulométrica, notavelmente persistentes, tanto na vertical
são sempre encontrados em cotas mais altas do que os aluviões. como na horizontal. Mais do que isso, os coluviões apresentam propriedades similares,
Essa condição topográfica introduz uma importante diferença entre os aluviões e mesmo quando comparados coluviões formados em ambientes completamente distintos,
terraços já que, estes últimos, em geral, não são saturados, ao contrário dos aluviões. Os como o semi-árido do Nordeste e o trópico super-úmido da Amazônia. Da mesma forma
terraços se distinguem, ainda, por se apresentarem, quase sempre, constituídos por areia que para o solo eluvial, a presença de feições superimpostas ou a diferenciação pedológica
grossa ou cascalho. podem afetar a isotropia dos coluviões.
Além de serem homogêneos, os coluviões são sempre muito porosos, dando
5.3 Coluviões (CO) origem a solos bem drenados, facilmente colapsíveis com a saturação e o carregamento.
Na região Sul, mais úmida, o colapso ocorre com o carregamento e, no Nordeste, com
Colúvio ou coluvião é o termo reservado, nos dicionários geológicos, aos depósitos clima seco, somente a saturação é suficiente para provocar o colapso. É, ainda,
de materiais soltos, usualmente encontrados no sopé de encostas e que foram característico dos coluviões, a baixa resistência nos ensaios SPT, em geral inferior a seis
transportados, principalmente, pela ação da gravidade (AGI, 1976) ou, simplesmente, golpes e que se mantém ao longo de todo o perfil, mesmo para espessuras da ordem de 20
material decomposto, transportado por gravidade (Whitten e Brooks, 1976). Esses mesmos metros. Dados sobre a colapsividade dos coluviões e outras propriedades geomecânicas
dicionários distinguem colúvio de tálus, este também transportado pela ação da gravidade, desses materiais podem ser encontrados em Cruz et al. (1994).
porém, encontrado no sopé de encostas íngremes e constituídos por material mais
grosseiro, blocos e fragmentos de rocha.

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5.4 Tálus (TT) 5.6 Solos eólicos (SO)

Os tálus são formados pelo mesmo processo de transporte por gravidade, em Os solos de origem eólica transportados e depositados pela ação do vento,
encostas, que produz os coluviões, diferenciando-se pela presença ou predominância de ocorrem, no Brasil, apenas junto à costa, principalmente no Nordeste. São constituídos por
blocos de rocha. A presença desses blocos de rocha exige solos pouco espessos na fonte, areia fina, quartzoza, bem arredondada, ocorrendo na forma de franjas de dunas,
o que restringe a ocorrência de tálus ao sopé de encostas de forte declividade ou, então, ao margeando a costa ou, quando os ventos são mais intensos, como na costa do Maranhão,
pé de escarpas rochosas. na forma de campos de dunas. As dunas apresentam a típica estratificação cruzada dos
Os corpos de tálus, em muitos casos, apresentam-se saturados e submetidos a solos eólicos.
lentos deslocamentos. Esses deslocamentos podem ser acelerados, tornando muito difícil a No Sul do Brasil, em regiões ambientalmente degradadas da Formação Botucatu,
contenção do movimento, quando se procede a uma intervenção, um corte, por exemplo, seus solos residuais ficam sujeitos ao retrabalhamento eólico, dando origem a campos de
na parte inferior ou pé do corpo de tálus. Um tipo particular de tálus, que ocorre em regiões dunas pouco espessos, recriando ambientes desérticos.
de topografia muito acidentada, é o tálus de recobrimento, constituído por blocos de rocha
soltos que capeiam a superfície do terreno. 6. CRITÉRIOS DE CAMPO PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS E HORIZONTES DE
SOLOS
5.5 Sedimentos marinhos (SM)
6.1 Tipologia
Os sedimentos marinhos são produzidos em ambientes de praia e de manguezais.
Ao longo das praias a deposição é, essencialmente, de areias limpas, finas a médias, A determinação do tipo de solo deve ser feita conforme indicado no fluxograma da
quartzozas. Nos manguezais, as marés transportam apenas sedimentos muito finos, Figura 4. Inicialmente deve ser feita a distinção entre solo residual e transportado, a partir
argilosos, que se depositam incorporando matéria orgânica, dando origem às argilas das condições geomorfológicas. Assim, aluviões ocupam as áreas planas das margens dos
orgânicas marinhas. rios onde se instalam as várzeas ou zonas alagadiças. Coluviões e tálus ocorrem em áreas
A linha de praia sofre deslocamentos horizontais, devido aos processos de erosão e acidentadas, ocupando patamares sub-horizontais, ligeiramente convexos e os solos
deposição a que está submetida, bem como variações verticais pronunciadas, decorrentes residuais ocupam o topo e as encostas das elevações, conforme ilustrado na Figura 3. Nas
de oscilações do nível do mar. Nas regressões marinhas, os sedimentos previamente regiões tropicais é comum a presença de uma camada subsuperficial, rica em restos
depositados são esculpidos pela erosão e novos sedimentos são depositados ao lado dos vegetais e matéria orgânica, de cor escura, conhecida pelo nome de solo vegetal, não
antigos quando o mar volta a invadir a planície costeira. Em conseqüência, camadas indicada no fluxograma uma vez que pode ocorrer em qualquer tipo de solo.
arenosas interdigitam-se com camadas de argila orgânica, resultando num pacote com Para a identificação de coluviões de recúo de encostas é necessária uma avaliação
camadas diferentemente adensadas devido à origem e idade distinta. regional, verificando-se a presença de "cuestas", mesmo afastadas do local de ocorrência
Quando a costa é bordejada por elevações de porte expressivo, como ocorre na do solo e de morros testemunho, estes últimos, quase sempre, associados a colúvios de
região da Serra do Mar, parte apreciável da planície costeira fica constituída por aluviões, recúo, conforme indicado na Figura 4.
depositados pelos rios que provém da serra, sendo freqüentes ambientes mistos, fluviais e Em geral, as condições geomorfológicas são suficientes para a distinção entre
marinhos. solos residuais e transportados, porém, mesmo nos casos mais evidentes será necessária
A conjugação desses processos torna muito complexa a estratigrafia dos a utilização de outros critérios de interpretação geológica, através de aproximações
sedimentos marinhos. A origem e as características deposicionais dos sedimentos sucessivas.
marinhos do litoral paulista tem sido exaustivamente estudadas por Suguio e Martin (1994)
e, suas propriedades geomecânicas, por Massad (1994).
15 16
Os solos de alteração são facilmente identificáveis pela heterogeneidade e Quando os coluviões capeiam solos superficiais, com pequena espessura, situação
anisotropia impostas pelas estruturas reliquiares da rocha de origem. No caso de rochas de frequente em encostas de média declividade, a diferenciação entre os dois tipos de solo
textura uniforme, como, por exemplo, os diabásios e alguns arenitos, a identificação do SA pode tornar-se muito difícil, uma vez que, tanto o solo eluvial como o colúvio, são
pode tornar-se mais dificil, especialmente em amostras amolgadas, porém, mesmo nesses homogêneos e isotrópicos. Como elemento auxiliar a cor mais clara dos coluviões e suas
casos, o SA apresentará cores variegadas, o que é um bom indicador. propriedades geotécnicas podem ser utilizadas.
Os solos superficiais são caracterizados pela sua cor homogênea e pela sua Quando a separação é impossível, usa-se a expressão solo resíduo-coluvial para
isotropia, consequência da ausência total das estruturas da rocha mãe. Além disso, indicar a possibilidade de existência de colúvio ou a presença de solos com características
somente podem ocorrer acima do SA, para os quais passam gradualmente. coluvionares, mas que não puderam ser separados do solo superficial (SS) subjacente.
Os aluviões e terraços apresentam-se, em geral, como camadas intercaladas de
4.2 Terminologia
granulometria diferente, com estratos e acamamentos típicos do processo de sedimentação
a que foram submetidos. A presença de argila orgânica é determinante da ocorrência de
Para fins de obras rodoviárias, os solos devem ser identificados pela sua origem
aluviões, da mesma forma que sedimentos aluvionares, em cotas mais altas do que os
geológica e por um sistema de classificação geotécnica, apropriado ao tipo da obra.
aluviões atuais, caracterizam a ocorrência de terraços fluviais.
A classificação tátil-visual é o sistema de classificação geotécnica mais empregado,
Os corpos de tálus podem ser confundidos com solo residual com blocos de rocha.
principalmente pela facilidade com que pode ser aplicado no campo ou em amostras de
Quando constituídos por blocos de rocha xistosa ou estratificada, sua identificação é
sondagem. Quando disponíveis, podem ser utilizados os sistemas de classificação de
facilitada pelas diferentes atitudes dessas estruturas em cada bloco. Nos tálus constituídos
laboratório, dos quais o mais conhecido é a Classificação Unificada dos Solos.
por solos e blocos, que são a grande maioria, o solo intersticial, em geral, apresenta cor
Admitindo-se que se disponha apenas da classificação tátil-visual, os exemplos
escura, servindo, ainda, como indicador, a ausência de SA, o que elimina a possibilidade de
abaixo indicam a classificação de alguns solos, considerando-se sua origem geológica:
blocos de rocha "in situ".
• SOLO SUPERFICIAL (SS), de basalto, argila pouco arenosa fina, vermelho
A identificação de coluviões, sem restrições, é obtida quando solos com
escuro.
características coluvionares ocorrem depositados sobre aluviões. Quando são depositados
sobre solos superficiais, o que ocorre na maioria das vezes, a identificação dos coluviões • SOLO DE ALTERAÇÃO (SA), de arenito (Fm. Marília), areia fina, siltosa, pouco

pode ser feita pela presença de linhas de seixo ("stone lines"). argilosa, com fragmentos de mica, cores variegadas cinza e amarelo.

A presença de coluvião pode ser ainda detectada pela elevada porosidade e pela • COLÚVIO (CO), argila arenosa fina, muito porosa, vermelho claro.

uniformidade de suas propriedades físicas, em particular a granulometria, que se refletem • ALUVIÃO (AL), areia fina, pouco siltosa, com nódulos argilosos e seixos até 1

em índices de resistência à penetração uniformes ao longo do perfil. As feições cm, cinza amarelada.

geomorfológicas típicas dos coluviões também são utilizáveis, entretanto, essas feições • TÁLUS (TT), blocos de basalto (RAD/RS) com diâmetro entre 0,2 e 0,7 m em
não são notáveis quando os corpos coluvionares são pouco espessos. matriz de solo areno argiloso, cinza escuro.
Os coluviões de recuo de encostas, por apresentarem grande extensão e Os exemplos acima são simplificados, servindo apenas como orientação. Devem
espessura, são frequentemente confundidos com solos superficiais, principalmente porque ser adicionados parâmetros de consistência e compacidade e, no caso de solo de
são igualmente homogêneos e isotrópicos e podem ficar sujeitos à retrabalhamento por alteração, a atitude das estruturas como abaixo:
erosão, apresentando uma superfície topográfica com colinas e vales suaves, típica de • Estratificação nítida a N30o - 45o NW, com fraturas preservadas a N310o,
solos superficiais derivados de rochas brandas. Entretanto, em geral, os coluviões de recuo verticais, espaçadas de 1,5m, com filmes argilosos submilimétricos.
estão associados a extensas superfícies aplainadas, com inclinação muito suave e vales
esparsos, encaixados. Além disso, a presença de "cuestas" e morros testemunhos está
sempre associada a esse tipo de coluvião.
17 18
7. CRITÉRIOS DE CAMPO PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS HORIZONTES DE ROCHA outras, menos resistentes, como um arenito mal cimentado, poderá apresentar apenas a
classe R3 (RAM). Certas rochas sedimentares muito brandas, como os evaporitos e boa
7.1 Terminologia parte dos sedimentos da Bacia de São Paulo, sequer apresentam a classe R3, por serem
escaváveis com lâmina de aço, o que as coloca na classe S2, solo de alteração.
A separação entre os horizontes de rocha deve ser feita segundo os métodos de Para orientar a aplicação das classes de alteração aos vários tipos de rocha foram
escavação e perfuração apresentados na Figura 1, sendo o método de escavação o critério definidos grupos de rocha e limites entre as classes através da resistência à compressão
mandatório. Deve ser observado que, em determinadas situações, são necessários uniaxial (RCU). Este parâmetro foi escolhido uma vez que, as propriedades da rocha que
cuidados especiais para a identificação dos horizontes de rocha a partir dos métodos de determinam sua resistência à alteração estão intimamente ligadas àquelas que definem sua
perfuração, conforme discutido no item 4.2.4. resistência mecânica, de tal sorte que, em geral, quanto maior for a resistência mecânica
A presença de matacões imersos no solo ou de blocos de rocha nos contatos da rocha, maior será sua resistência à alteração. Além disso, a resistência à compressão
SA/RAM e as zonas de transição que podem ocorrem no contato RAM/RAD deverão ser uniaxial (RCU) pode ser obtida no campo através de medidas de resistência a compressão
identificadas pelo material predominante, acrescentando-se a presença de blocos ou solo e puntiforme com esclerômetros ou pode ser estimada através da reação ao martelo de
a porcentagem relativa desses materiais, conforme os exemplos abaixo: geólogo.
• SA de basalto, com 30 % de blocos de RAD (basalto), de até 20 cm de diâmetro
e até 1 m acima do topo de RAM; TABELA 1
• RAD (basalto), com zonas de RAM e faixas sub horizontais de até 10 cm de GRUPOS DE ROCHA PARA APLICAÇÃO DO PERFIL DE INTEMPERISMO
espessura de SA e GRUPO RCU (MPa) CLASSES DE ALTERAÇÃO PRESENTES (*)
• SS de arenito, com matacões dispersos de RAD/RS de até 1,5 m de diâmetro.
DURAS >100 todas, R1, R2, R3 e S2
Em rochas expansivas, como no caso de folhelhos e argilitos, a identificação dos
horizontes também poderá apresentar alguma dificuldade devido ao empastilhamento MÉDIAS 30 a 100 R2, R3 e S2; R1 presente nas rochas
com RCU mais alto
resultante da expansão, que pode afetar desde o solo de alteração até a rocha sã,
modificando suas características de resistência. BRANDAS 10 a 30 R2, R3 e S2; R2 ausente nas rochas com
RCU mais baixo

7.2 Classes de alteração de rocha MUITO R3 e S2; nas rochas abaixo de 2 MPa
BRANDAS <10 somente S2
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
As apreciáveis variações da resistência à alteração, oferecidas pelas rochas, (*) Classes: R1, rocha sã (RS); R2, rocha alterada dura (RAD); R3, rocha alterada mole
(RAM); S2, solo de alteração (SA)
dificultam a atribuição de classes ou graus de alteração baseados na alteração
mineralógica. Essa dificuldade é maior nas rochas metamórficas de baixo grau e nas As propriedades da rocha que determinam sua resistência à alteração estão
rochas sedimentares brandas, uma vez que, certas rochas, como as sedimentares com intimamente ligadas àquelas que definem sua resistência mecânica, de tal sorte que, em
cimento argiloso, sequer apresentam minerais sãos. geral, quanto maior for a resistência mecânica da rocha, maior será sua resistência à
Entretanto, a utilização de classes de alteração associadas aos processos de alteração. Um dos parâmetros que mede a resistência das rochas é a chamada resistência
escavação e perfuração, permite universalizar sua aplicação, uma vez que, qualquer rocha à compressão uniaxial (RCU), obtida através de ensaios de laboratório e ensaios e
em qualquer estágio de alteração, sempre será enquadrada em determinado processo de estimativas feitas no campo.
escavação e perfuração. Assim, rochas resistentes, como os granitos e gnaisses,
apresentarão as três classes de alteração (RS ou R1, RAD ou R2 e RAM ou R3), enquanto

19 20
EXERCÍCIOS 13) O que você sabe sobre os seguintes termos?
a) Superfície específica
1) Como os solos são formados?
b) Estrutura indeformada e amolgada
c) Tixotropia
2) Faça um perfil esquemático mostrando os horizontes do solo (idealizado).
d) Sensibilidade
e) Atividade
3) Classifique os solos baseado em critérios granulométricos.

14) O que você entende por laterização?


4) Explique como o horizonte O pode ocorrer abaixo de outros horizontes.

15) O que é alteração de rocha?


5) O que são solos Residuais?

16) Como se dá o fenômeno de alteração?


6) O que são Solos Aluviais?

17) Descreva o processo de alteração do granito?


7) Quais são os constituintes dos Solos?

18) Porque se utiliza a denominação de solo residual?


8) Descreva, de maneira sucinta, os processos de formação rocha−solo. Comente a
possibilidade de em um perfil qualquer de solo encontrarmos uma camada de solo residual
19) Porque o intemperismo nos trópicos foi mais acentuado?
sobrejacente a uma camada de solo sedimentar.

20) O que caracteriza um solo transportado?


9) Distinga intemperismo físico de intemperismo químico citando as principais
características dos solos formados pela predominância de um ou outro tipo de
21) O que são solos sedimentares?
intemperismo.

22) Quais as principais diferenças entre solos orgânicos e a


10) Fale sobre a influência do agente de transporte na formação de solos sedimentares (se
linhito?
possível desenhar curvas granulométricas típicas para diferentes agentes de transporte).
Descreva um perfil de solo residual, citando as características predominantes de cada
23) O que são rochas ígneas ou magmáticas?
horizonte de intemperismo.

24) O que são rochas sedimentares?


11) Fale sobre as principais diferenças entre as partículas de textura grossa e fina e como
cada um destes grupos influi nas características dos solos (estrutura, sensibilidade,
25) O que são rochas metamórficas?
atividade, etc).

26) Explique detalhadamente o ciclo das rochas.


12) Descreva, de maneira sucinta, os arranjos estruturais típicos de solos grossos e
finos, enfatizando o porquê da complexidade e variação estrutural dos solos finos.

21 22
INDICES FISÍCOS ÍNDICES FÍSICOS
Constituem as relações entre pesos e volumes do solo.
– Teor de umidade (w)
Relação percentual entre o peso de água e o peso de sólidos:
AS TRÊS FASES DOS SOLOS
FASE SÓLIDA esqueleto mineral
• partículas minerais e orgânicas w Ww 100%
Ws
FASE LÍQUIDA poros Determinação: método da estufa (anexo NBR 6458/84), método da frigideira (medido
• água molecular expedito para campo), speed moisture test (medida da pressão do gás acetileno
• água adsorvida gerado pela reação da água do solo com
• água capilar carbureto de cálcio)
• água livre Valores comuns: 10 a 40%, solos argilosos moles: até w > 100%
• água higroscópica
FASE GASOSA poros – Índice de vazios (e)
• ar Relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos: v
V
e Vvs

Valores comuns: 0,4 a 1 (areias), 0,3 a 1,5 (argilas) e para argilas moles e/ou orgânicas:
até e > 3

– Porosidade (n)
Relação percentual entre o volume de vazios e o volume total :

n Vv 100%
V
– Grau de saturação (S)
Relação percentual entre o volume d’água e o volume de vazios:

S
Vw 100
Vv
S = 100% solo saturado S < 100% solo não saturado

23 24
A umidade do solo ou teor em água é definida como a massa da água
– Peso específico real dos grãos ( s)
Relação entre o peso e o volume dos sólido contida em uma amostra de solo dividido pela massa de solo seco , sendo expressa em
quilogramas de água por quilogramas de solo, ou, multiplicando-se por 100, tem-se em
3
Ws em kN/m
percentagem.
s Vs
Para determinação do peso seco e da massa de água, o método tradicional é a secagem

Determinação: ensaio de picnômetro (NBR 6508/84) em estufa, na qual a amostra é mantida com temperatura entre 105 °C e 110 °C, até que
apresente peso constante, o que significa que ela perdeu a sua água por evaporação.

O peso da água é determinado pela diferença entre o peso da amostra e o peso

seco .

Desta forma temos:


No Brasil a determinação da umidade do solo é padronizada pela NBR 06457.

Índice de vazios (e) é expresso como um número, ou seja é uma grandeza


adimensional e portanto não possui unidade, e é definido como o volume dos poros (V v) dividido
pelo volume ocupado pelas partículas sólidas (V s) de uma amostra de solo, ou seja:

É função da composição mineralógica do solo: decresce com MO e aumenta na presença O volume dos sólidos (Vs) é obtido através do ensaio de Massa Específica Real dos
de minerais pesados (óxidos de ferro). Grãos, o volume total da amostra (V) é calculado, por exemplo, pelo Método da Balança
3
Valores de 25 a 28 kN/m . Hidrostática e por consequência, o volume de vazio (Vv) é a diferença entre os dois.
Valor de referência: 26,5 kN/m3 (quartzo) Alguns solos Os poros dos solos, que apesar de também serem chamados de volume de vazios,

lateríticos: até mesmo > 28 kN/m3 podem estar preenchidos com água (quando solo está saturado), com ar (quando o solo está
Densidade dos grãos (G): s totalmente seco) ou com ambos, que é a forma mais comum encontrada na natureza.
G
w
porosidade do solo (n) é expressa em percentagem, e é definida como o volume dos
– Peso específico aparente natural ( ou nat) Relação entre o poros (Vv) dividido pelo volume total (V) de uma amostra de solo, ou seja:
peso e volume totais:
W
V em kN/m 3 O volume total (V) é composto pelo volume dos poros V v e pelo volume dos sólidos Vs.

Determinação em campo: método do cilindro cortante (NBR 9813/87) e método do frasco


de areia (NBR 7185/86)
O volume dos sólidos (Vs) é obtido através do ensaio de Massa Específica Real dos
Valores comuns: 16 a 21 kN/m3, solos orgânicos moles: < 15 kN/m
Grãos, o volume total da amostra (V) é calculado, por exemplo, pelo Método da Balança
Hidrostática e por consequência, o volume de vazio (Vv) é a diferença entre os dois.
25 26
Os poros dos solos, que apesar de também serem chamados de volume de vazios, O método consiste basicamente na cravação no solo de um molde cilindrico de dimensões e
podem estar preenchidos com água (quando solo está saturado), com ar (quando o solo está peso conhecidos. O volume do solo será igual ao volume interno do cilindro e seu peso igual ao
totalmente seco) ou com ambos, que é a forma mais comum encontrada na natureza. peso total subtraído do peso do cilindro.
A porosidade tem influência no arrasto e na permeabilidade de solos. Outro ensaio muito utilizado, principalmente quando os corpos de prova possuem
volumes irregulares, é o método da balança hidrostática que utiliza o Princípio de Arquimedes e
Grau de saturação (S) é expresso em percentagem, e é definido como a "relação entre no Brasil é realizado com base na NBR 6508/84
o volume de água (Va) e o volume de vazios (Vv)" (PINTO, 2000) presente em uma amostra de
solo, ou seja: peso específico aparente seco é definido numericamente como o peso dos sólidos
(Ps) dividido pelo volume total (V), ou seja:

O volume de vazio (Vv) é obtido pela diferença entre o volume dos sólidos (Vs), que é
calculado através do ensaio de Massa Específica Real dos Grãos, e o volume total da amostra O valor obtido corresponde ao peso específico que o solo teria se ele perdesse toda a
(V) que pode ser calculado, por exemplo, pelo Método da Balança Hidrostática. O volume da sua água sem entretanto variar seu volume.
água (Va) é obtido na determinação da Umidade do solo.
Quando S=100% dizemos que o solo está saturado porque todos os seu poros estão
preenchidos com água. Se S=0% significa que o solo está totalmente seco.
EXERCICIOS

peso específico real dos grãos é definido numericamente como o peso dos
1)Tem se 1400g de solo úmido, o qual será compactado num molde, cujo volume é de
sólidos (Ps) dividido pelo seu volume (Vs), ou seja: 1000 cm3. O solo seco em estufa apresentou um peso de 1600g. Sabendo-se que o peso
específico dos grãos (partículas) é de 2,65g/cm3 determine:

a- o teor de umidade
De um modo geral este valor não varia muito de solo para solo. Não importa se é argila, b- a porosidade
c- o grau de saturação
areia ou pedregulho pois o fator preponderante é a sua mineralogia, ou seja, depende
principalmente da rocha matriz que deu origem ao solo.
O ensaio para determinação do Peso Específico Real dos Grãos é padronizado no Brasil 2) Uma amostra de areia saturada tem volume de 18 cm³ e massa de 30 g. Após a
pela norma ABNT NBR 6508/84. O método consiste basicamente em determinar o peso seco de secagem total em estufa seu volume e massa passaram a ser de 11 cm³ e 20 g
respectivamente.
uma amostra por simples pesagem e em seguida determinar seu volume baseando-se no
princípio de Arquimedes. a) Determinar o teor de umidade.

3) Uma amostra de solo úmido acondicionado em uma cápsula de alumínio tem uma
peso específico natural do solo é definido numericamente como o peso total do
massa de 500 g. Esta amostra juntamente com a cápsula foi levada a estufa e após
solo (P) dividido pelo seu volume total (V), ou seja: secagem se obteve a massa igual a 465 g. Determinar o teor de umidade do solo
considerando a massa da cápsula se 50 g.

4) Uma amostra argilo-siltosa, colhida em um frasco com capacidade volumétrica de 600


O ensaio mais comum para determinação do peso específico natural do solo in situ é o cm3,pesou 1300g. O peso deste frasco coletor é de 400g. Após a secagem em estufa à
105oC, a amostra passou a pesar 900g. Sabendo-se que o peso específico dos grãos é de
método do cilindro de cravação, que é padronizado no Brasil pela norma ABNT NBR 09813/87.
2,66g/cm3 determine:
27 28
14) Qual a diferença entre o peso especifico natural do solo para o peso especifico
a) O índice de vazios; aparente seco?
b) A porosidade;
1)Tem se 1900g de solo úmido, o qual será compactado num molde, cujo volume é de 1000 cm 3. O
c) O teor de umidade;
solo seco em estufa apresentou um peso de 1705g. Sabendo-se que o peso específico dos grãos
d) O grau de saturação (partículas) é de 2,66g/cm3 determine:

5) Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso tem uma altura de 13 cm e diâmetro d- o teor de umidade
de 6 cm. A massa úmida do corpo de prova é 500 g e após sua secagem passou para 420 e- a porosidade
g. Sabendo-se que a massa específica do sólidos é de 2,60 g/cm³, determinar os índices f- o grau de saturação
físicos do solo no seu estado natural, indicados no item abaixo:
15) Uma amostra de solo úmido em cápsula de alumínio tem uma massa de 462 g. Após a
a) Teor de umidade, o índice de vazios, a porosidade e o grau de saturação: secagem em estufa se obteve a massa seca da amostra igual a 364 g. Determinar o teor de
umidade do solo considerando a massa da cápsula se 39 g.

6) Tem-se 1800 g de solo úmido, este solo está acondicionado em um cilindro de 900 cm³. 16) Qual a quantidade de água a ser acrescentada a uma amostra de 1500 g com teor de
Após seco em estufa, este solo apresentou peso de 1000 g. O peso especifico dos grãos é umidade 17%, para que essa amostra passe a ter 30% de umidade.
de 2, 64g/cm³. Determine:
a) O teor de umidade 17) Uma amostra de argila saturada tem volume de 17,4 cm³ e massa de 29,8 g. Após a
secagem total em estufa seu volume e massa passaram a ser de 10,5 cm³ e 19,6 g
b) A porosidade
respectivamente.
c) O grau de saturação a) Determinar o teor de umidade

18) Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso tem uma altura de 12,5 cm e
1) Tem-se 1500 g de solo úmido, este solo está acondicionado em um cilindro de 1000 cm³. diâmetro de 5 cm. A massa úmida do corpo de prova é 478,25 g e após sua secagem
Após seco em estufa, este solo apresentou peso de 1100 g. O peso especifico dos grãos é de 2, passou para 418,32 g. Sabendo-se que a massa específica do sólidos é de 2,70 g/cm³,
66 g/cm³. Determine: determinar os índices físicos do solo no seu estado natural, indicados no item abaixo:
d) O teor de umidade a) Teor de umidade, o índice de vazios, a porosidade e o grau de saturação:
e) A porosidade
f) O grau de saturação
19) Tem-se 1500 g de solo úmido, este solo está acondicionado em um cilindro de 1000
cm³. Após seco em estufa, este solo apresentou peso de 1100 g. O peso especifico dos
2) Uma amostra de solo úmido em cápsula de alumínio tem uma massa de 462 g. Após a grãos é de 2, 66 g/cm³. Determine:
secagem em estufa se obteve a massa seca da amostra igual a 364 g. Determinar o teor de g) O teor de umidade
umidade do solo considerando a massa da cápsula se 39 g. h) A porosidade
i) O grau de saturação
3) Qual a quantidade de água a ser acrescentada a uma amostra de 1500 g com teor de
umidade 17%, para que essa amostra passe a ter 30% de umidade.
  Uma amostra arenosa, colhida em um frasco com capacidade volumétrica de
4) Uma amostra de argila saturada tem volume de 17,4 cm³ e massa de 29,8 g. Após a 594cm3,pesou 1280g. O peso deste frasco coletor é de 350g. Feita a secagem em estufa à
secagem total em estufa seu volume e massa passaram a ser de 10,5 cm³ e 19,6 g 105oC, a amostra passou a pesar 870g. Sabendo-se que o peso específico dos grãos é de
respectivamente. 2,67g/cm3 determine:
a) Determinar o teor de umidade.
a) O índice de vazios;
5) Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso tem uma altura de 12,5 cm e diâmetro de 5 b) A porosidade;
cm. A massa úmida do corpo de prova é 478,25 g e após sua secagem passou para 418,32 g. c) O teor de umidade;
Sabendo-se que a massa específica do sólidos é de 2,70 g/cm³, determinar os índices físicos do d) O grau de saturação;
solo no seu estado natural, indicados no item abaixo:
a) Teor de umidade, o índice de vazios, a porosidade e o grau de saturação:

6) O que significam os índices físicos dos solos?


a)Teor de umidade, índice de vazios, porosidade, grau de saturação.

29 30
aumento no volume que deverá ser computado em valores gastos com transporte. Às
21) Uma amostra de areia úmida tem um volume de 450 cm 3 em seu estado natural e um
vezes, parte deste material fica no local para nivelar áreas com depressões. Como parâmetro
peso de 700 g. O seu peso seco é de 635 g e a densidade dos grãos é 2,55 g/cm 3.
Determinar o índice de vazios, a porosidade, o teor de umidade e o grau de saturação. Os de medição do aumento de volume, quando não houver um ensaio em laboratório, adota-se
resultados são respectivamente:
40 %.
a) 0,81, 44,66%, 10,24%, 32,34%. ATERRO - se o perfil do terreno declina tornando o fundo mais baixo que a rua
b) 0,30, 53,55%, 7,12%, 23,15%.
nomeamos declive e assim temos que adicionar material até obtermos um platô
c) 0,90, 66,20%, 16,78%, 40,20%.
d) 0,42, 22,62%, 5,12%, 20,10%. nivelado. Esta operação demanda uma compactação para melhor acomodação. Alguns itens
devem ser observados:
- As camadas devem ter no máximo 30 cm;
- A compactação pode ser manual através de peso ou mecânica com equipamento
22) Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso tem uma altura de 12,5 cm e
diâmetro de 5 cm. A massa úmida do corpo de prova é 478,25 g e após sua secagem próprio;
passou para 418,32 g. Sabendo-se que a massa específica do sólidos é de 2,70 g/cm³,
- Adicionamos água para melhor acomodação;
determinar os índices físicos do solo no seu estado natural, indicados no item abaixo:Teor
de umidade, o índice de vazios, a porosidade e o grau de saturação. Os resultados são - Deve-se evitar mistura com entulho para não gerar espaços ocos; - Para material
respectivamente:
arenoso adicionamos até 15 % de água em volume; - A proporção de água para material
a) 19,10%, 0,39, 40,60%, 70,30%. argiloso deve ser até 24 %;
b) 20,10%, 0,90, 100%, 80, 20%.
- Para cálculo estimativo também consideramos 40 % no aumento de volume
c) 14,33%, 0,58, 36,87%, 66,27%.
d) 8,40%, 0,60, 39,90%, 61,10%. necessário.
As diferenças obtidas no volume de material escavado ou compactado é
conseqüência de um fenômeno conhecido como empolamento. O solo, sendo uma alteração
de rochas que ainda se mantém sob forças coesivas naturais geram um aumento no seu
volume quando da sua desagregação.
Após a execução das operações de terra, criando-se então, as condições
necessárias para dar inicio a obra, passamos a fase seguinte, ou seja, iremos locar as futuras
MOVIMENTO DE TERRA
paredes da edificação.
SITUAÇÕES:
Vamos considerar como exemplo, lotes urbanos normalmente encontrados em
loteamentos.
Prof. Marco Pádua Relembrando - Quanto ao perfil encontrado temos: Aclive, se o fundo do terreno estiver
O conjunto de operações manuais, mecânicas ou hidráulicas, realizadas no terreno mais alto que a rua.
com o objetivo de melhorar sua conformação topográfica, caracteriza as Movimentações de Declive, se o fundo de terreno estiver mais baixo que a rua.
Terra. Irregular, se o perfil do terreno intercepta a linha referente ao nível da calçada pelo
Dividem-se em: menos uma vez.
CORTE - é característico de áreas onde encontramos um aclive, ou seja, o perfil do
terreno se eleva culminando num ponto mais elevado no fundo. Devemos cortar o excesso de
material, remanejando-o. Esta operação gera uma desagregação, ocasionando um

31 32
23) Se O volume da caçamba do caminhão de transporte é de 5 m3, o volume calculado
no corte (escavação) é de 40 m3 e o empolamento do tipo de solo é de 25% (terra seca).
Qual será o volume transportado para o bota fora, e quantos caminhões/viagens serão
necessários? 3. Sistema Unificado de Classificação de Solos - foi criado pelo engenheiro Arthur Casagrande para
aplicação em obras de aeroportos, contudo seu emprego foi generalizado sendo muito utilizado atualmente
pelos engenheiros geotécnicos, principalmente em barragens de terra;
24) O que é empolamento de solo?
No sistema unificado os tipos de solos são representados pelo conjunto de duas letras conforme tabela ao
lado. A primeira letra indica o tipo principal e a segunda a descrição complementar. Por exemplo, CL
corresponde a uma argila de baixa compressibilidade.
CLASSIFICACAO DOS SOLOS Em linhas gerais, os solos são classificados, neste sistema, em três grandes grupos:
Não existe consenso sobre um sistema definitivo de classificação de solos, sendo que os mais utilizados no a) Solos grossos : aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é maior que 0,074mm (mais que
Brasil são: 50% em peso, dos seus grãos, são retidos na peneira n. 200); Pedregulhos – areias – solos pedregulhosos ou
1. Classificação Granulométrica - técnica pela qual os diversos tipos de solos são agrupados e arenosos com pouca quantidade de finos (silte e argila).
designados em função das frações preponderantes dos diversos diâmetros de partículas que os compõem; b) Solos finos : aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é menor que 0,074mm; Siltes - argilas
2. Sistema Rodoviário de Classificação - sistema de classificação de solos, baseado na granulometria c) Turfas : solos altamente orgânicos, geralmente fibrilares e extremamente compressíveis.
e nos limites de consistência do material;
Os limites de Atterberg ou limites de consistência são um método de avaliação da natureza de solos
criado por Albert Atterberg. Através duma série de testes e ensaios é possível definir o Limite de liquidez, o Código Cascalho ou Seixo
Limite de plasticidade e o Limite de contração de um solo. Apesar da sua natureza fundamentalmente G Areia
S Silte
empírica, estes valores são de grande importância em aplicações de Mecânica dos solos, tais como a
PE M Argila
determinação do Índice de plasticidade e a actividade ou Atividade dos solo
C Solo Orgânico
O Bem Graduado
W Mal Graduado
P Alta Compressibilidade
H Baixa Compressibilidade
L Turfas
Pt
Turfas

4. Classificação tátil-visual - sistema baseado no tato e na visão.

O limite de liquidez (LL) é o teor em água acima do qual o solo adquire o comportamento de um líquido. A Classificação Granulométrica é base para as demais, agrupando os solos segundo os tamanhos
A passagem do estado sólido para o estado líquido é gradual, por consequência, qualquer definição de um predominantes de seus grãos. O Sistema Rodoviário é mais utilizado na construção de rodovias enquanto
limite de fronteira terá de ser arbitrário. que o Sistema Unificado tem a sua maior utilização nas obras de barragens. A Classificação Tátil-visual é
O Limite de plasticidade (LP) é o teor de umidade abaixo do qual o solo passa do estado plástico para o bastante empregada pelos engenheiros de fundações que se baseiam nos modelos clássicos mas também
estado semi-sólido, ou seja ele perde a capacidade de ser moldado e passa a ficar quebradiço. utilizam do conhecimento prático do comportamento do solo de sua região. De um modo geral, para as
Na Mecância dos solos, o Índice de Plasticidade (IP) é obtido através da diferença numérica entre o Limite obras de engenharia, os aspectos que abordam o comportamento do solo têm mais relevância sobre aqueles
de liquidez (LL) e o Limite de plasticidade (LP), ou seja: que denotam sua constituição, por isso deverão ser priorizados em qualquer sistema de classificação.

33 34
propriedades índices granulometria e plasticidade

CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA DOS SOLOS


INTRODUÇÃO
A diversidade e a enorme diferença de comportamento apresentada
pelos diferentes solos natural agrupamento em conjuntos distintos
aos quais são atribuídos algumas propriedades classificação dos
solos.
Classificar um solo incluí-lo em um determinado grupo composto
por solos de características e propriedades geotécnicas similares.
Objetivo principal de se classificar um solo sob o ponto de vista de
engenharia estimar seu provável comportamento ou ao menos
orientar o programa de investigação necessário.
Tendência racional de organização + experiência acumulada
sistemas de classificação dos solos
Validade dos sistemas de classificação ?!
• A necessidade de se utilizar limites numéricos descontínuos para
representar características progressivamente variáveis;
• A classificação baseada em parâmetros físico jamais traz uma
informação mais completa que os próprios parâmetros obtidos;
• Representam a realidade dos solos onde foram desenvolvidos;
• Corre-se o risco da supervalorização da informação associada;
São necessários pois possibilitam a transmissão do conhecimento.
São fundamentais índices numéricos que universalizem os critérios
adotados: areia, argila, mole, compacta, bem graduada, entre muitos outros.

FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


– pela origem solos residuais e solos transportados (aluviais, coluviais...)
– pela sua evolução pedogenética classificação pedológica dos solos
– por características peculiares: presença de MO, estrutura, ...
– pelo tipo e comportamento das partículas constituintes sistemas
de classificação dos solos baseados em propriedades-índices mais
empregados em engenharia
35 36
CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA DOS SOLOS
CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA DOS SOLOS
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO BASEADOS – Sistema trilinear de classificação textural
Um diagrama trilinear (ou triangular) permite a classificação
NAS PROPRIEDADES ÍNDICES textural dos solos considerando as porcentagens das frações
Classificação granulométrica dos solos areia, silte e argila obtidos dos ensaios granulométricos.
Baseada tão somente na distribuição granulométrica dos solos. Empregado na classificação de solos em engenharia rodoviária e em
Os solos são classificados pela fração granulométrica dominante Pedologia.
e subdominante: argila arenosa, areia siltosa, silte argiloso, .... Exs: Diagrama trilinear textural do Bureau of Public Roads - EUA
Diagrama textural empregado em levantamentos de solos no Brasil
(Lemos e Santos, 1982)
– Escalas granulométricas mais usadas

37 38
CLASSIFICAÇÃO MCT DE SOLOS TROPICAIS CLASSIFICAÇÃO MCT DE SOLOS TROPICAIS
INTRODUÇÃO
Ensaio de compactação Mini-MCV
Classificação MCT M - miniatura; C - compactação; T - tropical
baseada em propriedades mecânicas e hidráulicas de solos Desenvolvido com base no ensaio Moisture Condition Value
compactados. (Parsons, 1976).
A classificação MCT é parte integrante da Metodologia MCT que Normatização norma DNER-ME 258/94 - Solos compactados por
equipamento miniatura - Mini-MCV)
compreende a determinação de propriedades mecânicas e hidráulicas
a partir de corpos de prova de 50 mm de diâmetro compactados. – Método de ensaio
Origem Nogami e Villibor (1981) a partir das limitações das Ensaio de compactação com energia variável amostras de solo
classificações tradicionais (HRB, SUCS) para solos tropicais. previamente secas ao ar e passantes na peneira #10 são compactadas
com umidades de compactação diferentes em moldes cilíndricos ( = 50mm
Uso obras viárias (principal), obras de terra em geral e e h= 50mm) por um número de golpes crescente até atingida a massa
mapeamento geotécnico envolvendo solos tropicais. específica aparente máxima.
Em intervalos crescentes (em escala geométrica) do número de golpes (2,
A classificação divide os solos em duas grandes classes de 4, 8,16, 32, 64, ...) é avaliada a variação na altura do CP. A altura está
comportamento: relacionada com a densidade seca do CP.
– solos de comportamento laterítico (L) São compactados 5 a 6 CPs com diferentes teores de umidade de
compactação (abrangendo o ramo seco, o ramo úmido e o entorno da wót.).
– solos de comportamento não-laterítico (N)
As quais se subdividem em 7 grupos:
• LG’: argilas lateríticas e argilas lateríticas arenosas;
• LA’: areias argilosas lateríticas;
• LA: areias com pouca argila laterítica;
• NG’: argilas, argilas siltosas e argilas arenosas não-lateríticas;
• NS’: siltes cauliníticos e micáceos, siltes arenosos e siltes argilosos
não-lateríticos;
• NA’: areias siltosas e areias argilosas não-lateríticas;
• NA: areias siltosas com siltes quartzosos e siltes argilosos não-
lateríticos.
De acordo com ensaios padronizados é possivel classificar os solos
em um dos sete grupos e prever suas propriedades mecânicas e
hidráulicas quando compactados.

ENSAIOS DA CLASSIFICAÇÃO MCT


– Ensaio de compactação Mini-MCV
– Ensaio de perda por imersão

39 40
TEXTURA E GRANULOMETRIA DOS
CLASSIFICAÇÃO MCT DE SOLOS TROPICAIS SOLOS
– Resultados
• Gráfico variação da altura do CP (An - 4An) x log n o • TEXTURA forma e tamanho das partículas
de golpes (para cada umidade de compactação)
Permite a obtenção do coeficiente c’ - inclinação da curva de
• GRANULOMETRIA medida dos tamanhos das partículas
deformabilidade para Mini-MCV = 10
COMPORTAMENTO MECÂNICO
Mini-MCV= 10 (log Bi) TEXTURA
Bi = no de golpes correspondente a variação de altura (An- A4n) = 2 mm PROPRIEDADES HIDRÁULICAS
• CLASSIFICAÇÃO TEXTURAL
– Quanto ao tamanho dos grãos
• solos granulares predominam partículas visíveis a olho nu
• solos finos predominam partículas não visíveis a olho nu
– Quanto a forma dos grãos
• grãos angulares a subangulares
• grãos arredondados a subarredondados
• grãos lamelares
• grãos fibrilares
• CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA
• Gráfico da família de curvas de compactação construídas Classificação das partículas segundo seus diâmetros equivalentes
com pontos de variável umidade e cte energia de compactação. segundo limites convencionais frações granulométricas
Permite obter o coeficiente d’ - coeficiente angular do ramo seco da Escala granulométrica (ABNT - NBR 6502/95)
curva de compactação correspondente a 12 golpes (correlacionável Fração granulométrica Diâmetro equivalente
com a energia do Proctor Normal) matacão 200 < < 1000 mm
pedra de mão 60 < < 200 mm
pedregulho 2,0 < < 60 mm
pedregulho grosso 20 < < 60 mm
pedregulho médio 6,0 < < 20 mm
pedregulho fino 20 < < 2,0 mm
areia 0,06 < < 2,0 mm
areia grossa 0,6 < < 2,0 mm
areia média 0,2 < < 0,6 mm
areia fina 0,06 < < 0,2 mm
silte 0,002 < < 0,06 mm
argila < 0,002 mm
41 42
TEXTURA E GRANULOMETRIA DOS
TEXTURA E GRANULOMETRIA DOS SOLOS
SOLOS
ENSAIO DE SEDIMENTAÇÃO
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA Lei de Stokes: “Supondo uma esfera caindo através de uma massa líquida
Seqüência de procedimentos de ensaios normatizados que de extensão infinita, após os primeiros instantes da queda, a esfera atinge
uma velocidade constante, que é função do quadrado do diâmetro da
visam determinar a distribuição granulométrica dos solos. esfera” relaciona o diâmetro equivalente das partículas (D) com a
Ensaios (NBR 7181/84) velocidade de sedimentação (v) em meio líquido de viscosidade (κ) e peso
específico ( ) conhecidos.
• peneiramento
• sedimentação
ENSAIO DE PENEIRAMENTO ( s w )
Porção de solo seco ao ar é peneirado em uma série padrão de
v D2
peneiras.
18
ASTM - série padrão abertura (mm)
3” 76,2
2” 50,8
1½” 38,1
1” 25,4
3/4” 19,1
3/8” 9,5
1/4” 6,4
#4 4,8 • Preparada solução homogênea de solo (de 50 a 120g) passante na
#8 2,4 peneira #10 + água destilada + solução defloculante (hexametafosfato
#10 2,0 de sódio);
#16 1,2 • Leituras de densidade e temperatura da solução em intervalos de
#20 0,84 tempo pré-estabelecidos;
#30 0,60 • Admitindo-se forma esférica das partículas e expressando a
#40 0,42 velocidade de queda como uma distância z i num tempo t i, o diâmetro
#50 0,30 da esfera cuja massa é equivalente a da partícula em queda é dado
#60 0,25 por:
18 zi
#80 0,18 D
#100 0,15 ( s w ) ti
#200 0,074 • A porcentagem de partículas de diâmetro efetivo menor que D
(% < D) em suspensão acima da profundidade z, com relação ao
Porções retidas em cada peneira: Pi material passante na peneira #10 ( %), é determinada pela
densidade da suspensão ( i) obtida por um densímetro calibrado
Porcentagem do peso total: Pi/P.100%
Porcentagem acumulada retida: Pi/P
Porcentagem acumulada passante: 100% - Pi/P % D
s
V ( i w ) %
( s w ) Ws

43 44
GRANULOMETRIA DOS SOLOS
3.2 Classificação dos solos baseados em critérios granulométricos
3.1 Introdução
Os solos recebem designações segundo as dimensões das partículas compreendidas entre
determinados limites convencionais, conforme Tabela 3.1. Nesta tabela estão representadas as
Todos os solos, em sua fase sólida, contêm partículas de diferentes tamanhos em proporções
classificações adotadas pela A.S.T.M (American Society for Testing Materials), A.A.S.H.T.O.
as mais variadas. A determinação do tamanho das partículas e suas respectivas porcentagens de
(American Association for State Highway and Transportation Officials), ABNT (Associação
ocorrência permitem obter a função distribuição de partículas do solo e que é denominada
Brasileira de Normas Técnicas) e M.I.T (Massachusetts Institute of Technology).
distribuição granulométrica.
No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/NBR 6502/95) –
A distribuição granulométrica dos materiais granulares, areias e pedregulhos, será obtida
Terminologia - Rochas e Solos define como:
através do processo de peneiramento de uma amostra seca em estufa, enquanto que, para siltes e
Bloco de rocha – Fragmentos de rocha transportados ou não, com diâmetro superior a 1,0 m.
argilas se utiliza à sedimentação dos sólidos no meio líquido. Para solos, que tem partículas tanto
Matacão – fragmento de rocha transportado ou não, comumente arredondado por intemperismo ou
na fração grossa (areia e pedregulho) quanto na fração fina (silte e argila) se torna necessária a
abrasão, com uma dimensão compreendida entre 200 mm e 1,0 m.
análise granulométrica conjunta.
Pedregulho – solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro compreendido
As partículas de um solo, grosso ou fino, não são esféricas, mas se usará sempre a expressão
entre 2,0 e 60,0 mm. Quando arredondados ou semi-arredondados, são denominados cascalhos ou
diâmetro equivalente da partícula ou apenas diâmetro equivalente, quando se faz referência ao seu
seixos. Divide-se quanto ao diâmetro em: pedregulho fino – (2 a 6 mm), pedregulho médio (6 a 20
tamanho. Para os materiais granulares ou fração grossa do solo, o diâmetro equivalente será igual ao
mm) e pedregulho grosso (20 a 60 mm).
diâmetro da menor esfera que circunscreve a partícula, enquanto que para a fração fina este
Areia – solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com
diâmetro é o calculado através da lei de Stokes.
diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm. As areias de acordo com o diâmetro
A colocação de pontos, representativos dos pares de valores diâmetro equivalente -
classificam-se em: areia fina (0,06 mm a 0,2 mm), areia média (0,2 mm a 0,6 mm) e areia grossa
porcentagem de ocorrência, em papel semilogaritmo permite traçar a curva de distribuição
(0,6 mm a 2,0 mm).
granulométrica, conforme mostrada na Figura 3.1, onde em abscissas estão representados os
Silte – solo que apresenta baixo ou nenhuma plasticidade, baixa resistência quando seco ao ar. Suas
diâmetros equivalentes e em ordenadas as porcentagens acumuladas retidas, à esquerda e as
propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela fração silte. É formado por partículas
porcentagens que passam, à direita.
com diâmetros compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm.
Argila – solo de graduação fina constituída por partículas com dimensões menores que 0,002 mm.
Apresentam características marcantes de plasticidade; quando suficientemente úmido, molda-se
Curva Granulométrica - ABNT - NBR NM248
facilmente em diferentes formas, quando seco, apresenta coesão suficiente para construir torrões
Argila Silte Areia Fina Areia Média Areia Grossa Pedregulho dificilmente desagregáveis por pressão dos dedos. Caracteriza-se pela sua plasticidade, textura e
0 100 consistência em seu estado e umidade naturais. Estas características serão vistas na Unidade 4
(plasticidade e consistência dos solos).
10 90

20 80

30 70

Porcentagem Passante
Porcentagem Retida

40 60

50 50

60 40

70 30

80 20

90 10

100 0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)

Figura 3.1 - Curva granulométrica por peneiramento e sedimentação de uma amostra de solo
residual (Minas de calcáreo – Caçapava do Sul) Tabela 3.1 - Escalas granulométricas adotadas pela A.S.T.M., A.A.S.H.T.O, M.I.T. e ABNT.

45 46
3.3 Determinação granulométrica do solo
PLASTICIDADE DOS SOLOS
O ensaio de análise granulométrica do solo está normalizado pela ABNT/NBR 7181/82. A
distribuição granulométrica dos materiais granulares, areias e pedregulhos, será obtida pelo
processo de peneiramento de uma amostra de solo, enquanto que, para siltes e argilas se utiliza o
processo de sedimentação. Para solos, que tem partículas tanto na fração grossa quanto na fração fina se INTRODUÇÃO
torna necessário à análise granulométrica conjunta.
Solos finos
3.3.1 Processo de peneiramento
• granulometria não é suficiente para caracterização;
A separação dos sólidos, de um solo, em diversas frações é o objetivo do peneiramento. Este • formados por partículas de grande área superficial
processo é adotado para partículas (sólidos) com diâmetros maiores que 0,075mm (#200). Para tal, utiliza-
se uma série de peneiras de abertura de malhas conhecidas (Figura 3.2), determinando-se a percentagem (argilominerais) interação com a água propriedades
em peso retida ou passante em cada peneira. Este processo divide-se em peneiramento grosso, partículas plásticas f(tipo de argilomineral);
maiores que 2 mm (#10) e peneiramento fino, partículas menores que 2mm.
Para o peneiramento de um material granular, a amostra é, inicialmente, secada em estufa e seu • propriedades plásticas estão relacionadas ao
peso determinado. Esta amostra será colocada na peneira de maior abertura da série comportamento geotécnico dos solos finos quanto à
previamente escolhida e levada a um vibrador de peneiras onde permanecerá pelo tempo necessário à
separação das frações. expansão e contração e à compressibilidade.
Quanto o solo possui uma porcentagem grande de finos, porém não interessa a sua
distribuição granulométrica, faz-se, primeiramente, uma lavagem do solo na peneira nº 200, seguido da
Plasticidade:
secagem em estufa do material retido e posterior peneiramento. Este procedimento leva a resultados Propriedade apresentada por alguns materiais sólidos de
mais corretos do que fazer o peneiramento direto, da amostra seca.
serem moldados sem rupturas e sem variação de volume.
Fundamental na caracterização de solos finos f(teor de
argila, teor de umidade e mineralogia dos argilominerais
presentes).
Teor de argila plasticidade
Intervalo de umidade específico (estado plástico) plasticidade
Argilominerais 1:1 < argilominerais 2:1

ESTADOS DE CONSISTÊNCIA
Comportamentos diferenciados de um solo argiloso frente a
variação no teor de umidade
– Estado sólido: não há variação de volume do solo com a secagem
– Estado semi-sólido: verifica-se variação de volume com a secagem
– Estado plástico: facilmente moldável
– Estado líquido: comportamento de um fluído denso

Variação de volume

Figura 3.2 - Série de peneiras de abertura de malhas conhecidas (ABNT/NBR 5734/80). plástico
sólido semi-sólido líquido
teor de umidade
47 48
PLASTICIDADE DOS SOLOS PLASTICIDADE DOS SOLOS
LIMITES DE CONSISTÊNCIA – Método do cone de laboratório
Teores de umidade limites entre os estados de consistência Baseado na definição de wl. Busca-se o teor de umidade no qual o solo
argiloso apresenta Su= 25kPa, medida pela penetração de um pequeno
Estudos do eng. químico Albert Atterberg adaptados e obtidos por ensaios cone metálico padronizado sobre uma amostra de solo moldada (norma
padronizados por Arthur Casagrande britânica BS 1377:1975)
Limite de Liquidez - LL ou wl
Teor de umidade limite entre o estado líquido e o estado plástico,
correspondente a uma resistência não drenada de 2,5 kPa.
Determinação:
• Aparelho de Casagrande - NBR 6459/84
• Ensaio de cone de laboratório
– Método do aparelho de Casagrande
Teor de umidade no qual se fecha uma
ranhura feita no solo disposto em uma
concha metálica, por meio de 25 golpes a
velocidade constante, desta concha contra
uma base fixa

Limite de Plasticidade - LP ou wp
Teor de umidade limite entre o estado plástico e estado semi-sólido.
Mínimo teor de umidade no qual é possível moldar um cilindro de
solo com 3mm de diâmetro e 10cm de comprimento sem fissurar.
Determinação: ensaio de limite de plasticidade (NBR 7180/84).
Determina-se o teor de umidade no qual um cilindro de solo executado
com a palma da mão, por meio de movimentos regulares de vaivém, sobre
uma placa de vidro fosco, começa a fissurar ao atingir dimensões padrões
( = 3mm e l= 10cm)

49 50
INVESTIGACOES GEOTECNICAS
1) Classifique os solos baseado em critérios granulométricos.
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA DO SUBSOLO
2) Fale sobre os processos de identificação tátil − visual e como estes podem ser úteis para a
engenharia geotécnica.
INTRODUÇÃO
3) Ilustre e mostre os estados de consistência (limites de Atterberg ou limites de consistência) que o Embasamento teórico
solo pode apresentar, indicando os limites de consistência que os separam. PROBLEMA CONHECIMENTO
GEOTÉCNICO DO SUBSOLO SOLUÇÃO
4) Descreva, de maneira resumida, o que siginificam os limites de plasticidade e liquidez.

Experiência acumulada
5) Descreva três procedimentos de identificação tátil visual e como estes são utilizados na classificação
dos solos. Prospecção Geotécnica

Objetivos do programa de investigação


geotécnica
a) Determinação da extensão, profundidade e espessura das
camadas do subsolo até uma determinada profundidade.
Descrição do solo de cada camada, compacidade ou
consistência, cor e outras características perceptíveis;
b) Determinação da profundidade do nível do lençol freático, lençóis
artesianos ou suspensos;
c) Informações sobre a profundidade da superfície rochosa e sua
classificação, estado de alteração e variações;
d) Dados sobre propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos ou
rochas compressibilidade, resistência ao cisalhamento e
permeabilidade.
Na maioria dos casos os problemas de engenharia são resolvidos com
base nas informações a) e b) SONDAGENS DE SIMPLES
RECONHECIMENTO (NBR 6484/80)
Escolha do método e amplitude da prospecção
• Finalidade e proporções da obra;
• Características do terreno;
• Experiências e práticas locais;
• Custo compatível com o valor da informação obtida
51 52
Empiricamente 0,5 a 1% do custo da obra
Informações insuficientes ou inadequadas superdimensionamento
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA DO SUBSOLO
no projeto e orçamentos majorados
Etapas na investigação geotécnica
a) Investigações de reconhecimento natureza das formações
geológicas ( e pedológicas) locais e principais características do
subsolo - Definição de áreas mais próprias para as obras;
b) Explorações para anteprojetos e projeto básico escolha de
soluções e dimensionamento;
c) Explorações para projeto executivo informações
complementares sobre o comportamento geotécnico dos
materiais - Resolução de problemas específicos do projeto;
d) Explorações durante a construção necessárias no caso de
imprevistos na fase de construção.

CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE


INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

MÉTODOS DIRETOS permitem a observação direta do


subsolo ou através de amostras coletadas ao longo de uma
perfuração ou a medição direta de propriedades in situ
escavações, sondagens e ensaios de campo;

MÉTODOS INDIRETOS as propriedades geotécnicas dos


solos são estimadas indiretamente pela observação a distância
ou pela medida de outras grandezas do solo sensoriamento
remoto e ensaios geofísicos.

53 54
CAPÍTULO 2 - INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS E DE CAMPO
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA DO SUBSOLO
2.1. INTRODUÇÃO
O conhecimento das condições de subsolo em um determinado local é uma condição
Métodos indiretos fundamental para a elaboração de projetos de fundações e de obras de contenção seguros e
econômicos. No Brasil, estima-se que o custo envolvido na realização das sondagens de
– Sensoriamento Remoto - Fotos aéreas e imagens reconhecimento varie normalmente de 0,2% a 0,5% do custo total da obra (Schaid, 2000).
Nesta apostila serão descritos apenas alguns dos métodos para investigação geotécnica
orbitais Técnicas de fotointerpretação: mais empregados, destacando-se os métodos de sondagem de simples reconhecimento (poços,
• tonalidade e textura das imagens - tipos litológicos e solos; escavações a trado ou por circulação d’água e as sondagens rotativas), e os ensaios de campo
(SPT, Cone e o ensaio de Palheta) necessários para a previsão das propriedades geotécnicas
• formas de relevo - tipos litológicos, características estruturais, dos maciços de solo. As informações obtidas por meio dos métodos de investigação
susceptibilidade a erosão e escorregamentos, etc...; geotécnica são fundamentais para a elaboração de projetos geotécnicos seguros e econômicos,
• rede de drenagem - condicionantes estruturais e propriedades das sendo a escolha do tipo de investigação função de vários fatores, como por exemplo, a
natureza dos carregamentos atuantes, as características do subsolo e as propriedades a serem
formações geológicas; medidas.
• tipo de vegetação - unidades de solos e estruturas geológicas. A importância das investigações geotécnicas pode-se refletir nos fatores de segurança
intrínsecos das obras de engenharia. A adoção de fatores de segurança é uma prática corrente,
– Métodos geofísicos objetivando compatibilizar os métodos de dimensionamento com as incertezas decorrentes
das hipóteses simplificadoras adotadas nos cálculos, estimativas das cargas de projeto e
Permitem determinar a distribuição em profundidade de previsões a respeito das propriedades geomecânicas dos solos. Os resultados apresentados na
parâmetros físicos dos terrenos: velocidade de propagação de Tabela 2.1 mostram os efeitos econômicos em obras em função dos níveis de investigação
ondas acústicas, resistividade elétrica, contrastes de densidade e adotados.

campo magnético da Terra guardam estreitas relações com Tabela 2.1 – Influência da qualidade da investigação nos fatores de segurança (Wright, 1977
algumas características geológico-geotécnicas do subsolo. apud Schaid, 2000)
Tipo de estrutura Investigação precária Investigação normal Investigação precisa
Principais métodos geofísicos: Monumental 3,5 2,3 1,7
Permanente 2,8 1,9 1,5
• Métodos geoelétricos Temporária 2,3 1,7 1,4
– eletrorresistividade (sondagem elétrica vertical e caminhamento
elétrico); Esta filosofia da diminuição dos fatores de segurança com o aumento das
investigações geotécnicas está também prevista na norma brasileira de fundações, a NBR
– polarização induzida; 6122/96, que recomenda que os fatores de segurança a serem aplicados nos parâmetros
– potencial espontâneo; geotécnicos empregados no dimensionamento de fundações e obras de contenção, devem ser
função do nível de investigação adotado, conforme apresentado na Tabela 2.2
– eletromagnéticos (EM - domínio do tempo, VLF - very low
frequency, GPR - Ground Penetration Radar ou georadar) Tabela 2.2 – Fatores de segurança propostos pela NBR 6122.
1 2
• Métodos sísmicos Parâmetro In situ Laboratório Correlação
Tangente do ângulo de atrito 1,2 1,3 1,4
– refração; Coesão (estabilidade e empuxo de terra) 1,3 1,4 1,5
Coesão (capacidade de carga de fundações) 1,4 1,5 1,6
– reflexão;
– crosshole e tomografia; 2.2. PROGRAMAÇÃO DAS SONDAGENS
– perfilagem sísmica contínua, sonografia e ecobatimetria para A programação de sondagens deve satisfazer às exigências mínimas que garantam o
conhecimento das condições do subsolo. O número de sondagens e sua localização em planta
áreas submersas. dependem do tipo da estrutura e das características específicas do subsolo, sendo
• Métodos potenciais normalizadas pela NBR 8036.
– magnetometria; 1
CPT, Palheta e Pressiômetro
2
– gravimetria SPT e Dilatômetro

Mais detalhes: ABGE (1998) - cáp. 11 e Maciel Filho (1994) - cáp. 6


13
55 56
Segundo a NBR 8036, deve ser realizada, no mínimo, uma sondagem para cada 200 2.4. SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO – ESCAVAÇÕES A TRADO
m² de área da projeção do edifício em planta, até 1200 m². Para áreas entre 1200 m² e 2400 m² Estes tipos de escavações são efetuadas com trados tipo cavadeira ou helicoidal
deve ser feita uma sondagem para cada 400 m² que excederem 1200 m². Acima de 2400 m², (Figura 2.2), ou com equipamentos mecânicos, em solos coesivos acima do nível d’água, para
deve ser estabelecido um critério para o estabelecimento do número de sondagens em funções reconhecimento rápido e econômico das condições geológicas superficiais. O método é
das características próprias da obra. Além disto, a norma recomenda que sob quaisquer empregado principalmente no levantamento de jazidas, com obtenção de amostras
circunstâncias devam ser realizadas no mínimo duas sondagens para área inferior a 200 m², e indeformadas para ensaios geotécnicos.
três, para área entre 200 m² e 400 m². À exceção das areias limpas, quando secas, a maior parte dos solos acima do lençol
Os furos devem ser realizados de forma a cobrir toda a área da construção que esteja freático permite aprofundar os furos de sondagem até 4,0 ou 6,0 metros, sem a necessidade de
sob carregamento, devendo ser conduzidos, de acordo com as condições geológicas locais, até qualquer revestimento para sustentar as paredes do furo e evitar o seu desmoronamento. Para
as profundidades de assentamento das fundações ou de influência dos bulbos de tensões maiores profundidades ou para perfurações abaixo do lençol freático torna-se necessário a
produzidos pelas mesmas. utilização de técnicas mais eficientes para evitar o desmoronamento do furo. Isto pode ser
feito por técnicas de perfuração com circulação d’água.
2.3. POÇOS OU TRINCHEIRAS PARA RETIRADA DE AMOSTRAS
Os poços são perfurações feitas com pás e picaretas, em solos coesivos, acima do nível
d’água, permitindo o exame visual das paredes da escavação, com obtenção de amostras
deformadas e indeformadas. A NBR 9604/86 especifica os procedimentos para a execução de
poços e trincheiras de inspeção em solos para a retirada das amostras, deformadas e
indeformadas.
A Figura 2.1 mostra esquematicamente a escavação de um poço para a retirada de uma
amostra indeformada. O procedimento consiste em realizar a escavação com seção transversal
de, no mínimo, 1,0 m de lado (seção quadrada) ou 1,2 m (seção circular), até a profundidade
que se deseja obter a amostra, evitando-se o pisoteamento do solo quando se estiver a 0,1 m
da profundidade desejada. A partir desta profundidade deve ser realizada a talhagem lateral
do bloco na dimensão prevista (em geral um cubo de 20 a 30 cm de lado). Depois de obtido o
bloco, aplica-se no mesmo uma camada de parafina, para evitar a perda de umidade por
evaporação, caso a amostra deva ser ensaiada em laboratório. Em seguida procede-se o
condicionamento da amostra parafinada dentro de uma caixa de madeira, cujas dimensões
devem ser maiores que a dimensão do bloco, sendo este espaço preenchido geralmente com
serragem de madeira.
A principal limitação deste método de reconhecimento é a limitação da profundidade
escavada, em função das características dos materiais e da posição do lençol freático.
Figura 2.2 – Tipos de trado
1,0 - 1,2 m

2.5. SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO – ESCAVAÇÃO POR


CIRCULAÇÃO D’ÁGUA
As sondagens de simples reconhecimento por meio de escavações por circulação
d’água são empregadas normalmente em situações onde as escavações por trado manual não
são possíveis, como por exemplo, solos arenosos, perfurações a elevadas profundidades,
presença do lençol d’água, etc. Geralmente são associadas ao ensaio de penetração padrão,
SPT, descrito adiante.

2.5.1. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO


O equipamento utilizado nas sondagens de simples reconhecimento por meio de
BLOCO RETIRADO escavações por circulação d’água é constituído basicamente por:
(INDEF ORMADO) ÿ Tripé com sarrilho, roldana e cabo (Figura 2.3);
ÿ Tubos de revestimento com diâmetro interno de 2 ½”, 3”, 4” ou 6”;
ÿ Hastes de aço roscável, com diâmetros interno e externo de 25 mm e 33,7 mm,
Figura 2.1 – Poço ou trincheira para retirada de amostras de solo respectivamente, apresentado 3,23 kg/m;
ÿ Conjunto motor-bomba para circulação de água na perfuração;

57 58
FEV 2001 NBR 6484 c) os índices de resistência à penetração (N) a cada metro.

Solo - Sondagens de simples


reconhecimento com SPT - Método de
ABNT – Associação ensaio
Brasileira de Normas
Técnicas

Sede:
Rio de Janeiro
Av. Treze de Maio, 13 / 28º andar
CEP 20003-900 – Caixa Postal 1680
Rio de Janeiro – RJ Origem: Projeto NBR 6484:1997
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Fax: (21) 220-1762/220-6436
ABNT/CB-02 - Comitê Brasileiro de Construção Civil
Endereço eletrônico: CE-02:152.04 - Comissão de Estudo de Execução de Sondagem de Simples
www.abnt.org.br
Reconhecimento de Solos
NBR 6484 - Soil - Standard penetration test - SPT - Soil sampling and
classification - Test method
Descriptors: Soil. Penetration test
Esta Norma substitui a NBR 6484:1980
Copyright © 2001, ABNT– Esta Norma cancela e substitui a NBR 7250:1982
Associação Brasileira de
Normas Técnicas
Válida a partir de 30.03.2001
Printed in Brazil/
Impresso no Brasil Palavras-chave: Solo. Sondagem 17 páginas
Todos os direitos reservados

Sumário
Prefácio
1 Objetivo
2 Referências normativas
3 Definições
4 Princípio
5 Aparelhagem
6 Procedimento
7 Expressão dos resultados
ANEXO
A Tabela dos estados de compacidade e de consistência

Prefácio

A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é o Fórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo
conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e dos Organismos de Normalização Setorial
(ABNT/ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas
fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).

Os Projetos de Norma Brasileira, elaborados no âmbito dos ABNT/CB e ABNT/ONS, circulam para Consulta Pública entre
os associados da ABNT e demais interessados.

Esta Norma incorpora os conceitos revisados da extinta NBR 7250, bem como faculta ao executor a introdução de proce-
dimentos diferentes dos contidos nesta Norma, desde que baseados em estudos de correlações elaborados através de
medidas de energia conforme descrito em 6.3.11.

Esta Norma contém o anexo A, de caráter informativo.

1 Objetivo

Esta Norma prescreve o método de execução de sondagens de simples reconhecimento de solos, com SPT, cujas fina-
lidades, para aplicações em Engenharia Civil, são:

a) a determinação dos tipos de solo em suas respectivas profundidades de ocorrência;

b) a posição do nível-d’água; e
59 60
2 NBR 6484:2001 p) ferramentas gerais necessárias à operação da aparelhagem.

2 Referências normativas

As normas relacionadas a seguir contêm disposições que, ao serem citadas neste texto, constituem prescrições para esta
Norma. As edições indicadas estavam em vigor no momento desta publicação. Como toda norma está sujeita a revisão,
recomenda-se àqueles que realizam acordos com base nesta que verifiquem a conveniência de se usarem as edições
mais recentes das normas citadas a seguir. A ABNT possui a informação das normas em vigor em um dado momento.

NBR 6502:1995 - Rochas e solos - Terminologia

NBR 7181:1984 - Solo - Análise granulométrica - Método de ensaio


NBR 8036:1983 - Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios - Pro-
cedimento

NBR 13441:1995 - Rochas e solos - Simbologia


3 Definições

Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as definições da NBR 6502 e as seguintes:


3.1 SPT (standard penetration test): Abreviatura do nome do ensaio pelo qual se determina o índice de resistência à pe-
netração (N).
3.2 N: Abreviatura do índice de resistência à penetração do SPT, cuja determinação se dá pelo número de golpes corres-
pondente à cravação de 30 cm do amostrador-padrão, após a cravação inicial de 15 cm, utilizando-se corda de sisal para
levantamento do martelo padronizado.
3.3 solos grossos: Aqueles nos quais a fração predominante dos grãos é visível a olho nu, compreendendo as areias e os
pedregulhos.

3.4 solos finos: Aqueles nos quais a fração predominante dos grãos não é visível a olho nu; compreendendo as argilas e
os siltes.
3.5 solos orgânicos: Aqueles que contêm uma quantidade significativa de matéria orgânica, apresentando geralmente co-
res escuras (por exemplo, preto e cinza escuro).
3.6 plasticidade: Propriedade dos solos finos argilosos de sofrerem grandes deformações permanentes, sem ruptura,
fissuramento ou variação de volume apreciável.

4 Princípio
Perfuração e cravação dinâmica de amostrador-padrão, a cada metro, resultando na determinação do tipo de solo e de um
índice de resistência, bem como da observação do nível do lençól freático.

5 Aparelhagem
5.1 Lista de componentes da aparelhagem-padrão

Compõe-se dos seguintes:


a) torre com roldana;

b) tubos de revestimento;

c) composição de perfuração ou cravação;

d) trado-concha ou cavadeira;

e) trado helicoidal;

f) trépano de lavagem;

g) amostrador-padrão;

h) cabeças de bateria;

i) martelo padronizado para a cravação do amostrador;

j) baldinho para esgotar o furo;

k) medidor de nível-d’água;

l) metro de balcão;

m) recipientes para amostras;

n) bomba d’água centrífuga motorizada;

o) caixa d’água ou tambor com divisória interna para decantação; e

61 62
NBR 6484:2001 3 c) a haste-guia do martelo deve ser sempre retilínea e perpendicular à superfície que vai receber o impacto do mar-
telo.

5.2 Descrição sumária dos elementos


5.2.1 Torre
A torre pode ter, opcionalmente, guincho motorizado ou sarilho, para auxílio nas manobras com hastes ou tubos de reves-
timento.
A roldana da torre deve estar sempre suficientemente lubrificada para reduzir ao máximo o atrito no seu eixo.
5.2.2 Tubos de revestimento
Os tubos de revestimento devem ser de aço, com diâmetro nominal interno 63,5 (Dext = 76,1 mm ± 5 mm e
Dint = 68,8 mm ± 5 mm), podendo ser emendados por luvas, com comprimentos de 1,00 m e/ou 2,00 m.
5.2.3 Composição de perfuração
A composição de perfuração e de cravação do amostrador-padrão deve ser constituída de hastes de aço com diâmetro no-
minal interno 25 (Dext = 33,4 mm ± 2,5 mm e Di nt = 24,3 mm ± 5 mm) e peso teórico de 32 N/m, acopladas por roscas e
luvas em bom estado, devidamente atarraxadas, formando um conjunto retilíneo, em segmentos de 1,00 m e/ou 2,00 m.
5.2.4 Trado-concha
O trado-concha deve ter diâmetro de (100 ± 10) mm.
5.2.5 Trado helicoidal
A diferença entre o diâmetro do trado helicoidal (diâmetro mínimo de 56 mm) e o diâmetro interno do tubo de revestimento
deve estar compreendida entre 5 mm e 7 mm, a fim de permitir sua operação por dentro do tubo de revestimento e, mesmo
com algum desgaste, ainda permitir abertura de furo com diâmetro mínimo de 56 mm, para que o amostrador-padrão
desça livre dentro da perfuração.
5.2.6 Trépano ou peça de lavagem
O trépano ou peça de lavagem deve ser constituído por peça de aço, com diâmetro nominal 25, terminada em bisel e do-
tada de duas saídas laterais para água, conforme mostrado na figura 1.
A largura da lâmina do trépano deve apresentar uma folga de 3 mm a 5 mm em relação ao diâmetro interno do tubo de re-
vestimento utilizado.
A distância entre os orifícios de saída da água e a extremidade em forma de bisel deve ser no mínimo de 200 mm e no
máximo de 300 mm.
5.2.7 Amostrador-padrão
O amostrador-padrão, de diâmetro externo de 50,8 mm ± 2 mm e diâmetro interno de 34,9 mm ± 2 mm, deve ter a forma e
dimensões indicadas nas figuras 2a) e 3a) (para fabricação) e 2b) e 3b) (para verificações expedidas em obras), estando
descritas a seguir as partes que o compõem:
a) cabeça, devendo ter dois orifícios laterais para saída da água e do ar, bem como devendo conter interiormente uma
válvula constituída por esfera de aço recoberta de material inoxidável (ver figura 2);
b) corpo, devendo ser perfeitamente retilíneo, isento de amassamentos, ondulações, denteamentos, estriamentos, re-
bordos ou qualquer deformação que altere a seção e rugosidade superficial, podendo ou não ser bipartido longitudinal-
mente (ver figura 3); e
c) sapata ou bico, devendo ser de aço temperado e estar isenta de trincas, amassamentos, ondulações, denteações,
rebordos ou qualquer tipo de deformação que altere a seção (ver figura 2).
5.2.8 Cabeça de bater
A cabeça de bater da composição de cravação, que vai receber o impacto direto do martelo, deve ser constituída por ta-
rugo de aço de (83 ± 5) mm de diâmetro, (90 ± 5) mm de altura e massa nominal entre 3,5 kg e 4,5 kg.

5.2.9 Martelo padronizado


O martelo padronizado, para cravação dos tubos de revestimento e da composição de hastes com amostrador, deve con-
sistir em uma massa de ferro de forma prismática ou cilíndrica, tendo encaixado, na parte inferior, um coxim de madeira
dura (peroba rosa ou equivalente), conforme indicado na figura 4 (figura 4a para fabricação e figura 4b para verificações
expedidas em obras), perfazendo um total de 65 kg.
NOTA - Dispensam-se as medições no campo, desde que o peso seja comprovado.

O martelo pode ser maciço ou vazado, conforme descrito a seguir:


a) o martelo maciço deve ter uma haste-guia de 1,20 m de comprimento fixada à sua face inferior, no mesmo eixo de
simetria longitudinal, a fim de assegurar a centralização do impacto na queda; esta haste-guia deve ter uma marca
visível distando de 0,75 m da base do coxim de madeira;
b) o martelo vazado deve ter um furo central de 44 mm de diâmetro, sendo que, neste caso, a cabeça de bater deve
ser dotada, na sua parte superior, de uma haste-guia de 33,4 mm de diâmetro e 1,20 m de comprimento, na qual deve
haver uma marca distando 0,75 m do topo da cabeça de bater; e

63 64
c) Sonda Rotativa;
d) Trado;
1) Simule a seu critério uma planilha de resultados de um furo SPT. Aborde todos os itens básicos da
planilha. e) NDA.

2) Em aspectos gerais podemos dizer que há 2 Métodos de investigações geológicas. a) Métodos diretos, b) 7) Em quais casos se deve encerrar a sondagem SPT?
Métodos indiretos. Diferencie-os.
8) Qual a importância da investigação geotécnica na elaboração de projetos para a construção civil?

&."(5.*!*-&)!&,".*-*/$"*#9-& *-!"&)0"-.&$42*+,," *)%" &(").*$"*';$& *$"*.5 )& *


9) O ensaio SPT, é reconhecidamente a mais popular, rotineira e econômica ferramenta de investigação
geotécnica. Sobre o SPT, marque a alternativa incorreta.

a) O SPT é empregado tanto para a definição de estratigrafia, como em métodos rotineiros de


   *," *- 5.*!*- !" )0"-.&$42* "*';$&  , 5.*!* &,".* --&)'"  , 5.*!* )!&,".* projetos de fundações.

--&)'" b) O SPT é de alto custo, e seu equipamento de realização do ensaio é muito complexo.

( ) Poços, Trincheiras, Galerias.


c) A norma que regulamenta é a NBR6484/1980.
( ) eletrorresistividade (sondagem elétrica vertical e caminhamento elétrico); polarização induzida; potencial
espontâneo.
10) Qual a técnica de sondagem podemos utilizar quando se alcança profundidades abaixo do lençol
( ) sondagem a varejão, sondagem a trado. freático?
( ) Sensoriamento remoto, aerofotogrametria.
11) Relacione a coluna 1 com a coluna 2:
( ) magnetometria; gravimetria.
( ) Métodos sísmicos; refração; reflexão. Coluna 1

(1) Sondagem rotativa

  *," *- 5.*!*- !" )0"-.&$42* "*';$&  , 5.*!* &,".* --&)'"  , 5.*!* )!&,".* (2) Ensaio de palheta-vane test
(3) Ensaio de cone (cpt) e piezocone (cpt-u)
--&)'" (4) Ensaio de penetração padrão – SPT

( ) Sensoriamento remoto, aerofotogrametria. Coluna 2


( ) é reconhecidamente a mais popular, rotineira e econômica ferramenta de investigação geotécnica em
( ) sondagem a varejão, sondagem a trado. praticamente todo o mundo, sendo empregado tanto para a definição de estratigrafia, como em métodos rotineiros
( ) eletrorresistividade (sondagem elétrica vertical e caminhamento elétrico); polarização induzida; potencial de projetos de fundações.

espontâneo. ( ) consiste no uso de um conjunto moto-mecanizado projetado para a obtenção de amostras continuas de
( ) Métodos sísmicos; refração; reflexão materiais rochosos através de ação perfurante dada por forças de penetração e rotação.

( ) magnetometria; gravimetria ( ) são ensaios com medição de poro pressões, reconhecida como uma das mais poderosas ferramentas de
( ) Poços, Trincheiras, Galerias prospecção geotécnica.

( ) é empregado na determinação da resistência ao cisalhamento não drenada de depósitos de argilas moles,


6) “Executadas através de equipamentos próprios (tripé, perfuratriz, bombas, hastes, revestimentos, brocas, assumindo a hipótese de ruptura do solo durante a realização do ensaio.

ferramentas, etc). Tem capacidade para atravessar qualquer tipo de material e atingir profundidades de
4 *,,"-+*)!7) &").,"--*)!$")-&1*
centenas de metros.” Essa frase define:
 !+)    %     "   + %     #

a) Sonda percursiva; "!"+) +) 

b) Sonda roto-percursiva;

65 66
     "+. )  !    " !  ! ! 
'"+%  %-
  
      "+)  !+)  %! )    
 !+."+) ! 1.Introdução
Recalque, na área da Engenharia Civil, significa um fato que ocorre quando uma edificação sofre um
 "+)!+)%! rebaixamento devido ao adensamento do solo(diminuição dos seus vazios) sob sua fundação. É um
    desnivelamento de uma estrutura, piso ou terrapleno, devido à deformação do solo.
 "+.  Todos os tipos de solos, quando submetido a uma carga, sofrem recalques, inevitavelmente, em maior oumenor
grau, dependendo das propriedades de cada solo e da intensidade do carregamento. Os recalques
geralmente tendem a cessar ou estabilizar após um certo período de tempo, mais ou menos prolongado, e que
/&--2**-(5.*!*-!"&)0"-.&$42*$"*.5 )& (&-"(+,"$!*-
depende das peculiaridades geotécnicas dos solos. Por exemplo, recalques em solos arenosos, podem se
estabilizar em poucas horas ou dias, já o recalque em solos argilosos moles tendem a cessar ou estabilizar

4) Escreva uma breve nota sobre o ensaio de paleta (vane teste) e em tipo de solo somente após algumas décadas.
deve ser utilizado. Os recalques podem ocorrer tanto em solos que suportam edificações com fundações rasas(sapata, radiers, etc)
5) Descreva como podem ser obtidas amostras indeformadas de solo. b) O que é
valor N, obtido do ensaio de penetração SPT, e para que serve na engenharia. c) Discuta os quanto com fundações profundas(estaca, broca, tubulões, etc), a depender das condições geotécnicas do terreno
 !!!    onde as fundações serão implantadas.
No Estado de São Paulo, há certos tipos de solos com característicasgeotécnicaspeculiares que merecem atenção
6) Escreva uma breve nota sobre o ensaio de penetração do cone (CPT) e em tipo
"! $ especial em relação a ocorrência de recalques diferenciais das fundações, podendo se tornar um grave problema
para o sistema estrutural das edificações(pilares, vigas, lajes e alvenaria), principalmente para as moradias
construídas com fundações rasas.
A ocorrência de recalques em solos colapsíveis e argilosos moles e seus consequentes danos causados aos mais
diversos tipos de edificações é de relativa notoriedade para a comunidade em geral, talvez em razãodestes tipos de
fenômeno ocasionarem apenas perdas materiais e transtorno social, exemplo do que ocorreu em 31/01/1995 no
interior do Estado de São Paulo, na cidade de Araraquara, quando a Defesa Civil catalogou danos estruturais
provocados por recalques em solos colapsíveis em cerca de 4 mil edificações.
O aparecimento de trincas e fissuras generalizadas nas alvenarias das construções, decorrentes de recalques
diferenciais em solos colapsíveis, exige reparações muitas vezes incompatíveis com o baixo custo dessas

!, +) moradias, inviabilizando economicamente sua recuperação estrutural. Em solos argilosos moles, em virtude da

!, #!   " !"!+." "  elevada magnitude dos recalques diferenciais, a exemplo dos edifícios de Santos-SP, o fator econômico também
pode se tornar um obstáculo para a recuperação total ou parcial dos edifício de modo a garantir as mesmas
condições de funcionalidade e desempenho estrutural antes da ocorrência dos recalques.

2. Recalques repentinos e de grandes proporções em solos colapsíveis


São chamados colapsíveis os solos que, quando submetidos a um determinado tipo de carregamento(por
exemplo, peso de uma construção) e umedecidos por infiltração de água de chuva, vazamentos em rede de água e
de esgoto ou ascensão do lençol freático sofrem uma espécie de colapso da sua estrutura. Este tipo de recalque é

67 68
chamado de “colapso“ e o solo é classificado como “colapsível“. Os colapsos de solo podem ocasionar notáveis
trincas e fissuras nas alvenarias das construções, podendo causar inclusive sérios danos e comprometimento
estrutural nas edificações e sua posterior interdição.
As regiões tropicais apresentam condições ideais para o desenvolvimento de solos colapsíveis, principalmente
em locais onde se alternam estações de relativa seca e de precipitações intensas ou em regiões áridas e semi-
áridas. Os solos colapsíveis ocorrem em algumas regiões do território brasileiro(particularmente na região centro-
sul do país) e em grande parte do Estado de São Paulo.

Cidades do interior paulista com ocorrência de solos colapsíveis(pontos vermelhos)e distribuição da formação
geológica do grupo Bauru (Fonte: Modificado de Paula e Silva,et al.,2003)

2.1.Alguns Indicativos da presença de solos colapsíveis


- baixos valores do índice de resistência a penetração1( geralmente NSPT menor 4 golpes)
- granulometria aberta (ausência da fração de silte)
Os solos certificadamente colapsíveis, a argila porosa vermelha da cidade de São Pauloe os sedimentos - baixo grau de saturação( menor 60%)
cenozoicos distribuídos em vasta área do interior paulista. Em algumas cidades importantes do interior paulista já - grande porosidade, geralmente maior que 40%
foram comprovadas cientificamente as ocorrências de solos colapsíveis, que estão associadas com as No caso particular dos solos do interior paulista originários das formações geológicas do Grupo Bauru, observa-
características geotécnicas peculiares dos solos arenosos das formações geológicas de superfície do Grupo Bauru. se que tais solos são predominantemente constituídos por areia fina argilosa, vermelha ou marrom escura, com
uma estrutura bastante porosa nos horizontes superficiais. Alguns resultados de ensaios de sondagens de simples
reconhecimento(SPT) indicam que nos primeiros metros(menor que 6 metros) o índice de resistência à penetração
é muito baixo,(geralmente NSPT menor que 4 golpes) ocorrendo um ligeiro crescimento com o aumento da
profundidade. Além disso, o nível da água é normalmente profundo, sendo raramente encontrado nos furos de
sondagem, resultando em um solo não saturado.

1
O NsPT ou índice de resistência à penetração é obtido a partir da cravação de um amostrador de padronização
internacional, onde, a cada metro, o mesmo é cravado no terreno através do impacto de uma massa metálica de 65
kg caindo em queda livre de 75 cm de altura. Desta forma, o valor do NSPT será a quantidade de golpes
necessários para fazer penetrar os últimos 30 cm do amostrador padrão no fundo do furo. Despreze-se, no entanto,
o número de golpes correspondentes a cravação dos 15 cm iniciais do amostrador. As diretrizes para a execução
de sondagens SPT são regidas pela NBR 6484, q qual recomenda que em cada metro do ensaio SPT, deve ser

69 70
feita a penetração total dos 45 cm do amostrador ou até que a penetração seja inferior a 5 cm de cada 10 golpes
sucessivos. A cada ensaio SPT prossegue-se a perfuração até a profundidade do novo ensaio.

2.2 Principais características geotécnicas de solos colapsíveis


Resultados típicos de sondagem SPT de algumas regiões do interior de São

Se, entretanto, não houver aplicação externa de carga(construção, compactação, etc) sobre o terreno não haverá
quebra das ligações cimentantes mesmo que o seu teor de umidade tenha aumentado, pois apenas o peso próprio
Paulo
do terreno não é suficiente para promover o colapso. Isso ocorre porque a permeabilidade do solo é
suficientemente alta para que a água infiltre e promova o aumento do teor de umidade, mas sem dissolver ou
destruir a cimentação de seus contatos. Essa é a explicação porque esses solos não sofrem colapso nas condições
2.3. Fenômeno do colapso.
naturais, apesar de receberem chuvas desde sua formação.
Como ocorre o fenômeno do colapso?
3. Solos argilosos moles ou solos compressíveis
Segundo Cintra(1998), são dois os requisitos básicos para o desenvolvimento do colapso(recalque) em solos
Solos argilosos moles ou simplesmente denominados de ‘solos compressíveis‘ são solos que não apresentam
naturais: uma estrutura porosa(alto índice de vazios “e“) e a condição não saturada(baixo teor de umidade ou grau
resistência satisfatória ou suficiente para suportar as cargas ou solicitações provenientes do sistema estrutural das
de saturação ‘S‘). Mas para um solo entrar efetivamente em colapso, duas condições básicas devem ser atendidas:
edificações(lajes, vigas e pilares) e que são transmitidas ao terreno por meio dos elementos estruturais de
a elevação do teor de umidade( que ocorre a partir de chuva, tubulação rompida, etc) e a atuação de um estado de
fundação (sapatas, radiers, brocas, estacas, tubulões, etc).
solicitações externas( uma construção residencial, por exemplo), representada pela carga ou carregamento de
As fundações diretas ou rasas( sapatas e radiers) são elementos que não apresentam comportamento satisfatório,
colapso. Portanto, os solos suscetíveis ao fenômeno do colapso apresentam uma grande sensibilidade à ação da
em termos de segurança principalmente, quando construídos sobre solos argilosos moles devido å possibilidade
água, ou seja, o aumento do teor de umidade ou grau de saturação do solo é omecanismo deflagrador do colapso.
de ocorrência de recalques diferenciais excessivos e, consequentemente, o comprometimento estrutural da
Nesses solos os grãos são ligados pelos contatos de suas pontas, as quais se mantêm precariamente unidas por
edificação. Alem disso, ressalta-se que também não é recomendável construir fundações rasas em terrenos mais
uma fraca cimentação. Quando sobre tais solos atua uma carga superior ao seu peso de terra, concomitantemente
resistentes que se encontram, porém, apoiados em camadas subjacentes de solos argilosos moles. Nestes casos,
com o aumento do teor de umidade do mesmo, ocorre a quebra estrutural das ligações de cimentação que
recomenda-se adotar fundações profundas que atravessem a camada de solos argiloso mole e fiquem ‘cravadas‘
mantinham os grãos unidos.
em solos mais resistentes.
Alguns casos típicos de fundações rasas construídas em terrenos constituídos por solos argilosos moles são as
edificações situadas ao longo da orla de Santos-SP, construídas na década de 70, quando ainda não havia a prática
das fundações profundas. As fundações rasas foram construídas sobre uma camada de areia compacta com
profundidade de aproximadamente 10 metros, mas que estava apoiada sobre uma camada espesa de argila mole
altamente compressível.
71 72
Deste modo, na presença de terrenos formados por solos argilosos moles não é prudente a adoção de fundações
rasas ou diretas para a construção de edificações, principalmente quando existirem cargas elevadas como as de
grandes edifícios, por exemplo. Nesses casos recomenda-se a utilização de fundações profundas, visando
atingir profundidades adequadas com as solicitações, onde camadas de solos suficientemente resistentes permitam
garantir um bom desempenho dos elementos de fundações.

4. CAUSAS DE RECALQUES

•Rebaixamento do Lençol Freáticocaso haja presença de solo compressível nosubsolo, ocorre aumento das A Torre de Pisa, é um exemplo clássico de obra que promoveu um grande adensamento do solo sob suas
pressões geostáticas nessa camada, independente da aplicaçãode carregamentos externos. fundações gerando um elevado nível de recalque diferencial. Outro exemplo bastante citado no Brasil são os
prédios na orla da cidade de Santos.
•Solos Colapsíveis
Solos de elevadas porosidades, quando entram em contato com aágua, ocorre a destruição da cimentação
intergranular, resultando um colapso súbito destesolo.

•Escavações em áreas adjacentes à fundaçãomesmo com paredes ancoradas,podem ocorrer movimentos,


ocasionando recalques nas edificações vizinhas.

•Vibrações
Oriundas da operação de equipamentos como: bate-estacas, rolos-compactadores vibratórios, tráfego viário etc.

•Escavação de Túneis –qualquer que seja o método de execução, ocorrerãorecalques da superfície do terreno.

Recalques diferenciais na Torre de Pisa, e em edificações construídas sobre sedimentos de argilas moles

5. Recalque diferencial na orla de Santos (Fonte: Hachich, 1997).

A diferença entre os recalques de dois elementos de uma fundação denomina-serecalque diferencial. O recalque
diferencial impõe distorções aos elementos estruturais das edificações de tal forma que, dependendo de sua
magnitude, poderão gerar fissuras ou trincas na mesma.

73 74
Recalque diferencial específico/  é a relação entre o recalque diferenciale adistância horizontal, não são propriamente ditos as tensões no solo – evitando que se atinjam tensões de ruptura -, mas as

entre dois pontos quaisquer da fundação. deformações da basesou recalques (deslocamentos verticais das fundações).

Recalque totalH - corresponde ao recalque final a que estará sujeito umdeterminado ponto ou elemento No quadro abaixo são apresentados os principais tipos de deformações que ocorrem nos solos e suas
causas mais Prováveis
da fundação (S1 + Sa).
Recalque admissível de uma edificaçãoé o recalque limite que uma edificação pode
Tipos de Deformações e Causas
tolerar, sem que haja prejuízo a sua utilização.3.2.
Tipo de deformação Causa
5.1. Prevenção de recalques diferenciais
ELÁSTICA
Pode ser realizada a partir da compactação prévia da compactação da camada do solo colapsível,
- Com variação de volume - forças elásticas moleculares das
ou no caso de camada de solo compressível(solo argiloso mole), a partir do adensamento prévio das partículas sólidas e das finas camadas de
camadas de baixa resistência. Além disso pode adotar fundações profundas em ambos os casos. Os água e bolsões de ar encerradas.
- Com distorções de forma - Forças elásticas moleculares, distorções
objetivos principais dos métodospreventivos de compactação e adensamento prévio das camadas de solos estruturais.
menos resistentes são: diminuir a porosidade, elevar a resistência, e no caso de solos colapsíveis, NÃO- ELÁSTICA

minimizar os recalques primários abruptos e, no caso de solos argilosos moles, diminuir os efeitos - Com deformação residual
nocivos de recalques secundários( de estabilização mais prolongada) aos sistemas da estruturais das * compactação - Redução de porosidade
* expansão - Ação de forças eletromoleculares
edificações. * creep - Cisalhamento das partículas
* puramente residual - Destruição da estrutura, quebra das
partículas.

EFEITO DE RECALQUES EM ESTRUTURAS Recalques Imediatos


Os efeitos dos recalques nas estruturas podem ser classificados em 3 grupos. O cálculo de recalque para solos não coesivos (solos granulares), solos para os quais a teoria do
a )Danos estruturais - são os danos causados à estrutura propriamente dita (pilares,vigas e lajes). adensamento não é aplicada (argilas e siltes não saturados), e o recalque por distorção de solos argilosos
b )Danos arquitetônicos - são os danos causados à estética da construção, tais como saturados pode-se calcular através da seguinte equação, baseada na teoria da elasticidade.
trincas em paredes e acabamentos, rupturas de painéis de vidro ou mármore, etc. CALCULO

= ∫ε
c )Danos funcionais - são os causados à utilização da estrutura com refluxo ou rupturade esgotos e
galerias, emperramento das portas e janelas, desgaste excessivo de elevadores(desaprumo da estrutura),
W Z
dz
etc.
1
Segundo extensa pesquisa levada a efeito por Skempton e MacDonald (1956), na qual foramestudados ε z = .[ ∆ σ Z − ν . (σ x + ∆σy )]
E
cerca de 100 edifícios, danificados ou não, os danos funcionais dependemprincipalmente da grandeza dos
recalques totais; já os danos estruturais e arquitetônicosdependem essencialmente dos recalques M 1 −ν 2
1 −ν 2

diferenciais específicos.Ainda segundo os mesmos autores, no caso de estruturas normais (concreto ou


tan θ = 2
. .I m W I = q .B . .I W
B .L Es Es
aço), compainéis de alvenaria, o recalque diferencial específico não deve ser maior que:
1:300 – para evitar danos arquitetônicos Onde:
1:150 – para evitar danos estruturais q = tensão média aplicada
B = menor dimensão da sapata
6.Recalques de fundações superficiais: Es = módulo de elasticidade do solo
A ação da deformação do solo sob a ação de forças externas é um problema da maior importância para M = momento aplicado
projetos de fundações de estruturas. Os fatores que determinam a durabilidade e bom serviço da estrutura L = maior dimensão da sapata

75 76
Iw e Im = fatores de influência Cd = fator de correção devido à [Profundidade (embutimento)
= ângulo de rotação da sapata com a horizontal * Cd = 1,0 para D/B=0
Valores de Influência para cálculo de RecalquesImediatos * Cd = 0,74 para D/B= 1,0
Sapata flexível - Iw Sapata rígida Metodologia de cálculo:
Form a
C entro B orda M édia Iw Im
1- usar o gráfico da Figura 1 para obter qa correspondente a um recalque de 1” (25,4mm).
C ircular 1,00 0,64 0,85 0,79 6,0
Q uadrada 1,12 0,56 0,95 0,82 3,7 2 – aplicar correções de qa.
R etangular: 1,36 0,68 1,15 1,06 4,12 3 – aplicar a fórmula de Terzaghi e Peck.
L /B = 1,5
L /B = 2 1,53 0,77 1,30 1,20 4,38
L /B = 5 2,10 1,05 1,83 1,70 4,82 OBSERVAÇÃO
L /B = 10 2,54 1,27 2,25 2,10 4,93
L /B = 100 4,01 2,00 3,69 3,40 5,06 1 - recalque máximo 1”.
2 – não se faz a correção devido a presença de água para profundidadeDw entre 0 e 2,0.
Métodos para cálculo de recalques de sapatas em Areias. 3 – não se considera efeitos de carregamentos anteriores ou pré- consolidação.
Jorden em (1977) apresentou diversos métodos para cálculo de recalques de fundaçõessuperficiais em 4 – alguns autores recomendam usar 2 em lugar de 3 na fórmula, pois a fórmula é conservativa.
areia, considerando os fatores que afetam esse cálculo. Apresenta-se a seguir alguns Métodos: Terzaghi e
Peck (1948), foi o primeiro método desenvolvido; considerado por diversos autores como muito MÉTODO DE D’APPOLONIA
conservativo, o processo baseia-se em determinar a pressão admissível na sapata para a qual ocorra um FÓRMULA
recalque máximo de uma polegada (25,4 mm). Um outro método que tem sido muito utilizado é o de q .B .µ .µ E
S = 0 1 M =
Schmertann (1970) M (1 − µ ) 2

Metodologia de cálculo
1 – tomar N médio na profundidade de
2 – obter 0 da Figura 2.
3 – obter M
MÉTODO DE TERZAHI E PECK (1948). 4 – Calcular S para a pressão q.
FÓRMULA MÉTODO DE SCHMERTMANN (1970).
O método foi proposto para o caso de sapata rígida de dimensões módicas apoiada em areia e baseia-se
2
3 .C W . C d . qa  2 B  nos resultados de ensaios de penetração contínua (CPT).
S = . 
N  B +1 I Z
2 B
S = C 1 C 2 ∆ P ∫ dh
0 E
Onde:  p '0   t 
C = 1 − 0 ,5   C = 1 + 0 , 2 . log  
 ∆P 
1 2
S = recalque de 1”  0 ,1 
B = largura da fundação (menor dimensão em planta) – ft Onde:
qa = pressão admissível (tsf= kg/cm2) p’o= pressão efetiva do peso de terra;
N = número de golpes do SPT ( para areias finas submersas P = acréscimo de pressão;
deve-se usar N corrigido, ou seja : Nc= 15+[(1/2).(N-15)] ). E = 2.qc
Cw= fator de correção devido à presença de água: Metodologia de cálculo:
* Cw = 1,0 para profundidade (Dw) do nível d’água abaixo da fundação maior que 2B. 1- dividir o solo em camadas de espessura dh;
* Cw = 2,0 para Dw igual a zero. 2- obter E para cada camada;
77 78
3- obter Iz do gráfico da Figura 3; O processo de consolidação é explicado, freqüentemente, com um sistema idealizado por
Terzaghi, onde o solo é representado por uma mola cuja deformação é proporcional à carga sobre ela
4 – Calcular C1 e C2 (t: anos);
aplicada. O solo saturado pode então ser imaginado como uma mola dentro de um cilindro cheio de água.
5 – Calcular o recalque para cada camada e somar. O cilindro tem um pequeno furo no seu êmbolo, por onde a água pode sair lentamente representando
assim a sua baixa permeabilidade.
Quando não se dispõe de resultados de ensaios de cone e apenas de resultados de ensaios de
penetração SPT, pode-se utilizar a correlação empírica entre qc e SPT=N e o valores de K constante no
quadro 4 (Teixeira, 1993).
qc = K.N
Valores do coeficiente de correlação K.

SOLO K (MPa)
Silte arenoso 0,45
Areia argilosa 0,55
Areia siltosa 0,7 Teoria do adensamento de solos de Terzaghi em analogia com um sistema mecânico.

Areia 0,9 O modelo mecânico de Terzaghi, representado na figura acima, tem seu funcionamento conforme
Areia com pedregulho 1,1 descrito a seguir.

1. O cilindro cheio d'água, e com a mola dentro, estão em equilíbrio e representam o solo saturado;
2. É aplicado um carregamento sobre o pistão. Nesse momento a água é que sustenta toda a carga,
pois ela pode ser considerada incompressível;
7. Estimativas dos recalques
3. À medida que a água é drenada pelo orifício, parte do carregamento passa a ser suportado pela
• Cálculo do recalque por adensamento: mola que vai encolhendo e aumentando sua resistência. O solo está adensando;
4. O sistema volta ao equilíbrio pois a pressão da água foi toda dissipada e a mola, que representa a
estrutura sólida do solo, suporta a carga sozinha. É o fim do adensamento.

Onde:
Cr= índice de recompressão, Cc = índice de compressão primário, = índice de compressão 9. Conclusão
secundário Concluímos que a realização prévia de uma investigação geotécnica( tema este abordado
enfaticamente na aula de geologia) para conhecer as características do solo que as fundações

7.1. Estimativa da velocidade de desenvolvimento dos recalques atravessarão é imprescindível, não somente para poder estar visando evitar as ocorrências de recalques

• Teoria do Adensamento de Terzaghi indesejáveis e garantir um bom desempenho dos sistemas de fundações, mas sim evitar danos

• Fator tempo (T) relacionado com a taxa de adensamento (U) imensurável ao meio ambiente(a construção civil é o ramo que mais agride a natureza) e também

• T= Cv. t/Hd2 econômico, pois algumas edificações possuem trincas e fissuras muito grandes sendo a sua reparação
incompatível com o custo destas construções.
• Forma aproximada:
E uma investigação detalhada do solo, realizando a sondagem de simples reconhecimento
SPT(StandartPenetration Test) para o dimensionamento adequado dos elementos de fundação irá
T=(/4).U para U 60%
garantir um desempenho satisfatórios e é um dos método de prevenção. E a adoção de fundação profunda
T=-0,933.log(1-U) – 0,085 para U 60% irá prevenir a ocorrência de recalques diferenciais em solos compressível ou colapsível.

COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO DE SOLOS


8. Modelo mecânico de Terzaghi

1.1 CONCEITOS DE COMPRESSIBILIDADE E EXPANSIBILIDADE DOS SOLOS

79 80
2

Todos os materiais existentes na natureza se deformam, quando submetidos a esforços. A es-trutura multifásica
característica dos solos confere-lhe um comportamento próprio, tensão-deformação, o qual normalmente
depende do tempo.
Um esforço de compressão aplicado a um solo fará com que ele varie seu volume, o qual pode-rá ser devido a
uma compressão da fase sólida, a uma compressão da fase fluída ou a uma drenagem da fase fluida dos vazios.
Ante a grandeza dos esforços aplicados na prática, e admitindo-se o solo saturado tem-se que, tanto a
compressibilidade da fase sólida como a da fase fluida serão quase desprezíveis. A única razão, para que A Torre de
ocorra uma variação de volume, será uma redução dos vazios do solo com a con-sequente expulsão da Pisa é um exemplo
água intersticial. típico de recalque
diferencial, a qual
A saída dessa água dependerá da permeabilidade do solo: permanece de pé
• Para as areias, em que a permeabilidade é alta, a água poderá drenar com bastante faci-lidade e devido às constan-
rapidamente; tes intervenções de
• Para as argilas, a expulsão de água dos vazios necessitará de muito mais tempo, até que o solo especialistas em
Geotecnia, visando o
atinja um novo estado de equilíbrio, sob as tensões aplicadas. Essas varia-ções volumétricas que se
reforço do solo em sua
processam nos solos finos, ao longo do tempo, constituem o fe-nômeno de adensamento, e são as
base.
responsáveis pelos recalques a que estão sujeitas estruturas apoiadas sobre esses solos.

Definição: ADENSAMENTO é o processo lento e gradual de redução do índice de vazios de um solo por
expulsão do fluido intersticial e transferência da pressão do fluído para a estrutura sólida, devido a cargas
aplicadas ou ao peso próprio das camadas sobrejacentes.

Definição: COMPRESSIBILIDADE DOS SOLOS é a diminuição do volume sob a ação de cargas apli-cadas. Outro exemplo bastante citado no Brasil são os prédios na orla da cidade de Santos.

Definição: COMPACTAÇÃO é o processo manual ou mecânico de redução do índice de vazios, por expulsão
do ar.

Definição: RECALQUE ou ASSENTAMENTO é o termo utilizado em Engenharia Civil para designar o fenômeno
que ocorre quando uma obra sofre um rebaixamento devido ao adensamento do solo sob sua fundação.
O recalque é a principal causa de trincas e rachaduras em edificações, principalmente quando ocorre o
recalque diferencial, ou seja, uma parte da obra rebaixa mais que outra gerando esforços es-truturais não
previstos e podendo até levar a obra à ruína.
Causas de recalques de uma estrutura (Simons e Menzies, 1977).
1. Aplicação de cargas estruturais; 2.
Rebaixamento do nível d’água;
3. Colapso da estrutura do solo devido ao encharcamento; 4. Inchamento
1. ª etapa: execução de oito estacas de cada lado do edifício, com diâmetro 3.ª etapa: 14 macacos hidráulicos acionados por seis bombas, instalados
de solos expansivos; variando de 1,0 a 1,4 m, e profundidade média de 57 m, atingindo um solo entre as vigas de transição e os novos blocos de fundação, foram utilizados
5. Árvores de crescimento rápido em solos argilosos; residual resistente e seguro situado abaixo da camada de argila mole. para reaprumar o edifício.Os vãos em que estavam os macacos foram
6. Deterioração da fundação (desagregação do concreto por ataque de sulfatos, corrosão de estacas metálicas, 2.ª etapa: foram executadas 8 vigas de transição com cerca de 4,5 m de preenchidos com calços metálicos e, após, concretados
envelhecimento de estacas de madeira); altura para receber os esforços dos pilares e transmiti-los às novas
7. Subsidência devido à exploração de minas; 8. Buracos fundações.
de escoamento;
9. Vibrações em solos arenosos;
10. Inchamento de solos argilosos apos desmatamento; 11. Variações
sazonais de umidade;
12. Efeitos de congelamento. O Palácio de Belas Artes, na Cidade do
México (foto ao lado), também, é um caso
clássico de recalque de fundação. Após sua
construção, ocorreu um recalque diferencial de 2 m,
entre a rua e a área construída; o recalque geral
desta região da cidade foi de 7 m. Um visitante,
ao invés de subir alguns degraus para entrar no
prédio, como estabelecido no projeto original, hoje
tem de descer.

81 82
3 Texto 1: Afundamento do solo provocou acidente na Arena Corinthians, diz laudo do Instituto
Grande parte das obras de engenharia civil (prédio, pontes, viadutos, barragens, estradas, etc.) é de Criminalística
assentada diretamente sobre o solo. A transferência dos esforços da estrutura para o solo é feita
através de fundações rasas (sapatas, radiers) ou profundas (estacas, tubulões). Documento que será utilizado pela investigação do acidente descarta problemas
No projeto geotécnico de fundações faz-se necessário avaliar se a resistência do solo é sufici-ente mecânicos no guindaste e falha humana. Kelly Amorim, do Portal PINIweb
para suportar os esforços induzidos pela estrutura e, principalmente, se as deformações (recal-ques)
estarão dentro dos limites admissíveis. Recalques diferenciais ou de magnitude elevada podem causar 4/Junho/2014.
trincas na estrutura ou inviabilizar sua utilização.
Após quase seis meses de investigação, o laudo do Instituto de Criminalística (IC), da
Daí a necessidade do engenheiro conhecer os temas COMPRESSIBILIDADE e ADENSAMEN-TO Polícia Científica de São Paulo, aponta o afundamento do solo como causa do acidente nas obras de
DE SOLOS. construção da Arena Corinthians, em Itaquera, que matou dois operários em novembro do ano
O solo natural constitui simultaneamente um material complexo e variável de acordo com a sua passado. De acordo com os peritos, o guindaste que caiu e atingiu os trabalhadores não tinha
localização. Contudo, devido à sua universalidade e baixo custo, apresenta normalmente uma grande problemas mecânicos e não houve falha humana.
utilidade enquanto material de construção para Engenharia Civil.
Por vezes, é normal que o solo de um determinado local não cumpra, total ou parcialmente, os
requisitos necessários. Terá então de ser tomada uma decisão relativa à solução mais indicada para Por ser de extrema precisão, segundo a Liebherr, fabricante do guindaste, o veículo com
cada caso, e que irá geralmente contemplar uma das seguintes hipóteses: torre de 114 metros de altura e capaz de suportar cargas de até 1.500 toneladas precisa operar em
terrenos com inclinação máxima de 0,3 grau. Para o IC, a base de pedras e chapas de aço colocada
1. Aceitar o material original e ajustar o projeto às restrições por ele impostas;
acima do solo para que este suportasse o peso do guindaste cedeu em alguns pontos, provocando a
2. Remover o material do seu local original e substituí-lo por material de qualidade superior; inclinação e o tombamento da torre.
Vale lembrar que o acidente ocorreu na 38ª vez em que um módulo da estrutura da cobertura
3. Alterar as propriedades do solo existente de forma a criar um material capaz de responder às era içado pela cobertura. A peça tinha cerca de 420 toneladas.
necessidades da tarefa prevista, normalmente designada por ESTABILIZAÇÃO DE SO-LOS. O laudo será usado para que o delegado responsável pela investigação do acidente, Luiz
As alterações às propriedades de um solo podem ser de ordem química, física e bio-lógica.
Antônio da Cruz, do 65º DP, de Arthur Alvim, decida se houve ou não responsáveis pelo acidente
Contudo, devido à grande variabilidade dos solos nenhum método será bem sucedi-do em
mais do que alguns tipos de solos. no estádio. A Odebretch, construtora responsável pelas obras, ainda não se pronunciou sobre o
laudo.
Fundações superficiais de pequenas estruturas também podem ser afetadas por estas varia-
ções de umidade no solo, mas é em pavimentos rodoviários que a estabilização dos solos requer maio-res
Laudo da construtora
cuidados. Para o projetista de vias de comunicação rodoviárias a resistência do solo não é condi-ção Em abril, a Odebrecht Infraestrutura, por sua vez, divulgou um estudo da consultoria
suficiente para garantir uma boa estabilização, visto que, por exemplo, ao compactar um solo ex-pansivo GeoCompany que concluiu que o solo não contribuiu para a queda do guindaste sobre o prédio
aumenta-se a sua resistência, mas em contato com a água este poderá absorvê-la e expandir, diminuindo Leste do estádio, em novembro do ano passado. De acordo com o relatório, o solo estava estável e
novamente a resistência. corretamente dimensionado no momento em que era realizada a operação.
Muitos solos argilosos aumentam e diminuem de volume com as variações sazonais do seu teor de Outras conclusões do relatório foram: a superfície do terreno estava em acordo com as
umidade. Estas variações de volume podem não coincidir com as alturas de máxima precipitação ou definições do fabricante do equipamento; o aterro é homogêneo, rígido, estável, resistente e de
insolação, uma vez que em solos de baixa permeabilidade a velocidade de percolação da água pode ser baixa permeabilidade; a compactação do terreno tem grau sempre superior a 95%, medida
substancialmente reduzida. Notar que as variações de volume referidas devem-se apenas à altera-ção do
teor de umidade, e só mantendo constante a quantidade de água presente no solo é que é pos-sível evitar adequada; a tensão de ruptura do solo é pelo menos 130% maior que a tensão máxima devido à
alterações ao seu volume inicial. carga do guindaste; e a pista é estável e estava corretamente dimensionada para a operação de
1 transporte da peça.
O ensaio edométrico demostra bem a correlação entre resistência e índice de vazios, e uma vez
que este índice depende da tensão de consolidação, este ensaio demonstra também a correlação A GeoCompany ainda simulou o comportamento do solo tanto na condição seca quanto
existente entre esta tensão e a resistência. Para tensões superiores à tensão de pré-consolidação o úmida e os resultados indicaram grande impermeabilidade do solo. "Assim, a água das chuvas que
índice de vazios decresce linearmente com o logaritmo da tensão de consolidação. Esse decréscimo é ocorreram na semana anterior ao acidente não penetrou no terreno - foi drenada pelas laterais da
indicado pelo índice de compressibilidade (Cc), área, não tendo afetado a estabilidade do solo", disse o comunicado da Odebrecht.
Nas areias este índice é muito baixo, o que significa que é reduzido o efeito de diminuição da Laudo da fabricante do guindaste
compressibilidade com o aumento da tensão de consolidação. Já nas argilas tende a assumir um valor Anteriormente, o jornal Folha de S. Paulo teve acesso a um estudo da Universidade Federal
elevado, traduzindo assim uma maior influencia na redução da compressibilidade deste tipo de solo. O do Rio de Janeiro (UFRJ), que concluiu que o acidente foi causado pelo afundamento do solo do
efeito contrário ao da diminuição da compressibilidade com o aumento da carga é definido no ramo de
descarga do ensaio edométrico e designa-se por índice de expansibilidade (Ce). Quanto maior for este local. O levantamento foi encomendado pela Liebherr, fabricante do guindaste que desabou.
índice, maior será a expansão do solo devido à descompressão. Mais uma vez se verifica que enquan-to Segundo informações da Folha de S. Paulo, as análises, feitas em seis pontos onde as
nas areias o efeito da expansibilidade é normalmente desprezável, nas argilas obriga muitas vezes a esteiras do guindaste estavam apoiadas, mostram que o solo era muito mais mole do que deveria ser
cuidados especiais. para aguentar tamanho peso. Pelo estudo, enquanto a medida ideal de firmeza do terreno é de pelo
menos 80%, as análises detectaram um índice "muito baixo", de apenas 13%. Quanto à
compactação do terreno, as medições deram um número médio de 6,3, enquanto o ideal seria um
Definição: Expansibilidade é a propriedade que certos solos apresentam de aumentarem de volume,
quando em contato com a água (NBR 6502/1995).
valor igual a 10.Ainda de acordo com o laudo que o jornal teve acesso, tudo indica que a parte de
trás do guindaste afundou primeiro. Só então, o equipamento "empinou" e, as hastes metálicas se
1 quebraram depois, na base. O estudo também mostra que a proteção do solo, feita como brita, não
Edometria é a técnica empregada no estudo da consolidação e compactação de solos sobre a ação de cargas externas. Ensaio edométrico
resposta do solo a uma dada solicitação no que diz respeito a deformações verticais, por ele se obtém o coeficiente de adensamento,
era adequada para a máquina.
coeficiente de consolidação entre outras características do solo estudado.

83 84
que envolve o túnel. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estipula índices de 1,5 a
3 para fundações.
Somado ao solo pouco conhecido, a chuva teria funcionado como um catalisador do desabamento.
Engenheiros do Via Amarela reclamaram da interpretação dada à nota divulgada pelo consórcio
horas depois do desastre, de que as empreiteiras culparam a chuva pela tragédia. Mas o texto
menciona “indícios” de que as chuvas “teriam causado uma reação anômala e inesperada no maciço
Texto 2: Solo da Linha 4 do Metrô é frágil, dizem especialistas de terra”. Assessores contratados pelo Via Amarela depois do acidente admitiram que o corte de
Os estudos feitos pelo consórcio podem não ter sido suficientes. termos técnicos da nota deu margem a equívocos. “A chuva pode ter sido o fator detonador, não a
Nunca uma obra do porte foi feita no trajeto da Vila Sonia ao centro. causa”, explica um engenheiro.
Dez dias depois da tragédia da Linha 4 do Metrô de São Paulo, as primeiras avaliações nos túneis e
na cratera da Rua Capri, em Pinheiros, na zona oeste da Capital, levam a um consenso nos debates
Quais as hipóteses levantadas sobre as causas do acidente do texto 1?
entre engenheiros, geólogos e especialistas em mecânica do solo ouvidos pela reportagem: os
estudos e sondagens de terra da região feitos pelo consórcio de empreiteiras Via Amarela podem Quais as hipóteses levantadas sobre as causas do acidente do texto 2?
não ter sido suficientes para evitar o acidente. O solo ali é apontado como o mais vulnerável já
Você como engenheiro da obra, quais medidas lançaria para evitar estes acidentes?
encontrado em obras do Metrô.
A rapidez com que tudo ruiu no dia 12, abrindo uma cratera de 80 metros de diâmetro que causou a Qual a importância dos conhecimentos geotécnicos para que se evite situações como
morte de pelo menos seis pessoas, mostra que as 16 sondagens de solo feitas pelo consórcio - além
estas?
das 10 realizadas pelo Metrô na fase do projeto básico - não recolheram todas as informações
necessárias sobre o comportamento da rocha escavada para as obras da estação. “Ela teve um O que você entende por recalque de solos? Responda com suas palavras, em seguida faça
comportamento anômalo e se desmanchou feito vidro. Não teve o comportamento de uma rocha”,
uma pesquisa sobre o tema.
diz o engenheiro Tarcísio Celestino, da Themag, uma das empresas que projetaram a Linha 4.
As novas informações que vieram à tona ao longo da semana indicam que a grande novidade desse
acidente foi justamente a rapidez com que a construção desabou. Na quarta-feira (17) à noite, foi
detectada uma deformação (recalque) de 2,5 milímetros na estrutura, que avançou vagarosamente EXERCICIOS
para a casa dos dois dígitos na sexta-feira (19). “Os recalques em túneis são como as turbulências
enfrentadas pelo aviões. São um problema capaz de ser contornado”, diz José Roberto Bernasconi, 1) Quais São as principais causas de recalques de uma estrutura?
presidente do Sindicato das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco).
Essa confiança de que a situação estava sob controle levou engenheiros e projetistas do consórcio a
trabalharem normalmente pela manhã e até realizarem uma explosão, horas antes do colapso do 2) Quais São as principais CAUSAS DO PRÉ-ADENSAMENTO?
túnel. O grande estrondo aconteceu pouco depois das 15 horas. Dois minutos depois, tudo desabou.
“Esse movimento de solo costuma levar horas ou dias. Comparado a outros desastres em São Paulo
e no mundo, foi a ruptura mais veloz que já estudei”, afirma o engenheiro Roberto Kochen, 3) De exemplos de pré carregamento geológico e pré carregamento antrópico:
professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Kochen já analisou mais de 50
acidentes ocorridos em túneis em São Paulo e no mundo nos últimos 25 anos.
Parte da escavação em Pinheiros vinha sendo feita em rocha do tipo gnaisse granítico. Outra parte 4) Diferencie adensamento de compactação:
do terreno era formada por saprolito gnaisse. A resistência da primeira é muito maior que a da
segunda. Em um longo estudo feito em 2002 por engenheiros do Metrô sobre aspectos geológicos e
geotécnicos do solo da Linha 4, assinado pelos engenheiros Hugo Rocha, Ricardo Leite e Cybelle 5) A partir da interpretação do gráfico abaixo descreva-o resumidamente:
Vasconcellos, o terreno em torno da Estação Pinheiros foi apontado como o de pior qualidade de
todo o ramal.
Rocha podre
“O saprolito, também chamado de rocha podre, é típico dos trópicos”, afirma o engenheiro Flávio
Massayuki Kuwajima, professor de mecânica do solo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica
(ITA). “Como as melhores universidades que tradicionalmente estudam o solo estão em climas
temperados, ainda sobram lacunas sobre esse tipo de material.”
O desconhecimento geotécnico do terreno da região é agravado porque nunca uma obra do porte da
Linha 4 foi feita no trajeto da Vila Sonia, zona sul, à Luz, centro. É diferente da região da Avenida
Paulista, com diversos estudos e sondagens acumulados ao longo dos anos. Esse lapso no
conhecimento é agravado pela má qualidade do subsolo na área do acidente. Engenheiros do
consórcio admitiram à reportagem que não há registro de obra construída em condições geológicas
semelhantes no mundo.
Ao que tudo indica, engenheiros e projetistas seguiram os coeficientes de segurança recomendados.
Na escavação da Estação Pinheiros, segundo os próprios projetistas, ele foi de 2,5. Ou seja: a
estrutura havia sido dimensionada para suportar mais que o dobro da pressão exercida pela rocha

85 86
15) Cite 5 técnicas de estabilização de taludes:
6) O que é expansibilidade de solos?
7) O que são solos compressíveis?
8) O que são solos colapsíveis?

Formulas:

9) A figura abaixo ilustra a teoria de Terzaghi. Explique-a apresentando como os


conceitos de tensões efetivas e poro pressões se apresentam na figura.

1 minuto = 60 segundos
1 hora = 60 x 60 = 3600 segundos
10) A altura inicial de uma amostra é 4 cm e o seu índice de vazios ei = 1,20. Submetida a 1 dia = 24h x 3600 = 86.400 segundos
um ensaio de adensamento, a altura se reduz para 3,20 cm. Qual o índice de vazios 365 dias = 31.536.000 segundos
final? 366 dias = 31.622.400 segundos (ano bissexto)

11) O recalque total de um edifício construído sobre uma camada de argila rija, com 20 m
de espessura, foi de 6 cm. Sabendo-se que a pressão média, na camada de argila,
aumentou de 0,8 kgf/cm2. Determinar o coeficiente de decréscimo de volume mv.

12) Uma camada de solo compressível tem 8 m de altura e seu índice de vazios inicial é
de 1,039. Ensaios de laboratório indicam que o índice de vazios final, sob o peso de
um edifício projetado, será 0,891. Qual será o provável recalque total desse edifício em
centímetros?

13) Um laboratorista, em um ensaio edométrico, determinou o coeficiente de


compressibilidade é 0,1172 cm2/ kgf, o coeficiente de consolidação 13,87 cm2/ano e o
índice de vazios médio 0,70, Como poderá obter o coeficiente de permeabilidade em
cm/s.

Dados: yágua= 10-³ kgf/cm3

14) Em um ensaio de adensamento, uma amostra de 6 cm de altura exigiu 24 h para


atingir um determinado grau de adensamento. Calcular o tempo em horas para que
uma camada de 10 m de altura do mesmo material atinja, sob as mesmas condições
de carregamento, o mesmo grau de adensamento.
87 88
compactação.

COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

10.1 Introdução

Os solos, para que possam ser utilizados nos aterros das obras de terraplenagem, devem
preencher certos requisitos, ou seja, certas propriedades que melhoram o seu comportamento, sob o
aspecto técnico, transformando-os em verdadeiro material de construção. Esse objetivo é atingido de
maneira rápida e econômica através das operações de compactação. Essas propriedades visam
principalmente:
Aumento da resistência da ruptura dos solos, sob ação de cargas externas;
Redução de possíveis variações volumétricas, quer pela ação de cargas, quer pela ação da água que,
eventualmente, percola pela sua massa;
Impermeabilização dos solos, pela redução do coeficiente de permeabilidade, resultante do menor
índice de vazios.
Pela equação S = c + ⌠ . tg , sabemos que a resistência à ruptura por cisalhamento de um
solo depende da coesão (c) e do ângulo de atrito interno (), sendo que estes, por sua vez, dependem do
teor de umidade e do índice de vazios. Em Mecânica dos Solos a parcela referente a coesão é
resultante, no caso das argilas, de forças internas de natureza elétrica, geradas entre as partículas, de
modo que a sua aproximação, resultante da compactação, ou seja, de um menor índice de vazios,
tende a aumentá-la. Por outro lado, diminui com o aumento do teor de umidade, que, por sua vez,
pela maior presença de água nos interstícios, tende a diminuir as forças de natureza elétrica.
Já o aumento do atrito interno dependerá do atrito gerado entre as partículas e do seu
entrosamento, de forma que é fácil entender que a aproximação dos grãos e o seu melhor arranjo
são resultantes de um baixo índice de vazios e de um teor de umidade adequado, que não cause o
distanciamento entre elas.
As variações de volume possíveis, isto é, expansões ou contrações, dependem diretamente do
teor de umidade inicial. Se executarmos o aterro com material úmido, haverá mais tarde a
possibilidade de grande perda de água por evaporação, favorecendo a contração que se manifesta
através de trincas, fissuras, etc. Ao contrário, se executamos com solo muito seco, haverá grande
probabilidade de absorção de água e consequentemente inchamento.
A impermeabilização do solo do aterro, dependendo do seu coeficiente de permeabilidade,
diminui indiretamente com o índice de vazios, isto é, quanto maior a redução deste, menor a
permeabilidade.
À vista do exposto, chama-se compactação de um solo aos processos manuais ou mecânicos
que visem principalmente à redução do índice de vazios. Resulta daí o aumento da resistência à
ruptura, pela elevação do atrito interno entre as partículas e a diminuição das variações de volume,
através do melhor entrosamento entre elas. Em resumo, através da compactação de um solo resulta:
maior aproximação e entrosamento das partículas, ocasionando um aumento da coesão e do atrito
interno e, consequentemente, da resistência ao cisalhamento;
através do aumento da resistência ao cisalhamento, obter-se-á maior capacidade de suporte;
com redução do índice de vazios, a capacidade de absorção de água e a possibilidade de haver
percolação diminuem substancialmente, tornando mais estável.
Com as considerações acima, fica claro que dois fatores são fundamentais na compactação: o
teor de umidade do solo;
a energia empregada na aproximação dos grãos e que se denomina energia de

89 90
Foi o engenheiro americano Ralph Proctor que, em 1933, pela primeira vez, estabeleceu a
Notas de Aula - Mecânica dos Solos 206
correlação entre os parâmetros que influem decisivamente na relação índice de vazios, ou seja, o
aumento do peso específico. Neste ano Proctor publicou uma série de artigos divulgando o seu
método de controle de compactação, baseado num novo método de projeto e construção de
barragens de terra compactada que estava sendo empregado na Califórnia. Nesses artigos é que pela Inicialmente, o peso específico aparente seco cresce com o aumento do teor de umidade até atingir
primeira vez, se enuncia um dos mais importantes princípios da Mecânica dos Solos. Isto é, de que a um máximo e depois começa a decrescer para valores, ainda, crescentes do teor de umidade. A ordenada
densidade com que um solo é compactado, sob uma determinada energia de compactação, do ponto correspondente ao pico da curva, é o máximo peso específico aparente seco que este solo
depende da umidade do solo no momento da compactação. poderá atingir, para a energia de compactação usada e precisando para isto de um teor de umidade igual
Proctor verificou que na mistura de solo com maiores quantidades de água, quando a abscissa deste ponto. Estes valores só poderão ser alterados, variando-se a energia aplicada. As
compactada, o peso específico aparente da mistura aumentava, porque a água de certa forma, coordenadas do ponto máximo receberam a denominação de teor de umidade ótima (wótima) e peso
funcionava como lubrificante, aproximando as partículas, permitindo melhor entrosamento e, por específico aparente seco máximo (dmáx).
fim, ocasionando a redução do volume de vazios. Num determinado ponto, atingia-se um peso
específico máximo, a partir do qual, ainda que se adicionasse mais água, o volume de vazios
passava a aumentar. A explicação desse fato reside em que quantidades adicionais de água, após o 10.3 Ensaio de compactação
ponto citado, ao invés de facilitarem a aproximação dos grãos, fazem com estes se afastem,
aumentando novamente o volume de vazios e causando o decréscimo dos pesos específicos O ensaio de compactação desenvolvido por Proctor foi normalizado, pela A.A.S.H.O.
correspondentes. (American Association of State Highway Officials) e é conhecido como ensaio de Proctor Normal ou
A técnica de compactação é relativamente recente e seu controle ainda mais recente. Antes como A.A.S.H.O Standard. No Brasil foi normalizado pela ABNT/NBR 7182/86.
dela os aterros eram feitos simplesmente lançando-se o material pela sua ponta. Resultava disso: O ensaio normal de compactação utiliza um cilindro metálico de volume igual a 1000 cm3, onde
uma compressibilidade exagerada do aterro devido aos grandes vazios que podiam formar-se entre as compacta-se uma amostra de solo em três camadas, cada uma delas por meio de 26 golpes de um soquete
camadas lançadas, a grande porosidade do próprio material que permanecia em estado fofo, e a com peso de 2,5 kg, caindo de uma altura de 30,5 cm. As espessuras finais das camadas compactadas
instabilidade do aterro, o qual poderia perder totalmente sua resistência se, porventura, sofresse devem ser aproximadamente iguais, e a energia de compactação deverá ser uniformemente
saturação por chuvas intensas. Tudo isso levava a que os aterros necessitassem de certo período de distribuídas, de tal forma, a resultar um plano superior quase horizontal. A Figura 10.2 mostra o
consolidação, para que pudessem ser utilizados com segurança. equipamento de compactação.
A técnica moderna, baseada no lançamento de aterros em camadas horizontais e passagem de
rolos compressores pesados, que evitam o solo fofo e a formação de vazios entre torrões, recebe a
denominação de compactação. Portanto, é um processo mecânico, pelo qual se procura, por
aplicação de peso ou apiloamento, aumentar a densidade aparente do solo lançado e, como
conseqüência, aumentar-lhe a resistência.

10.2 Curva de compactação

Ao realizar-se a compactação de um solo, sob diferentes condições de umidade e para uma


determinada energia de compactação, obtém-se uma curva de variação dos pesos específicos
aparentes secos (d) em função do teor de umidade (w). Esta curva é chamada de curva de
compactação (Figura 10.1).
Peso específico aparente seco ( d)

dMáx.
Ramo úmido

Ramo seco
Curva de saturação (S = 100%)
Var = 0

S = 90% S =
80%
(a) Soquete (b) Molde cilíndrico
Teor de umidade (w)
wótima Figura 10.2 - Equipamentos do ensaio de compactação
Figura 10.1 - Curva de compactação.
A curva de compactação será traçada a partir dos pares de valores, peso específico aparente seco -
teor de umidade, distribuídos de forma que, no mínimo dois pontos se encontrem à esquerda da umidade
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ótima e dois à direita.

ÁGUA NOS SOLOS


16)Diferencie adensamento de compactação:


!, +) Introdução
Água nos solos:
17)De forma genérica, A compactação de solos se divide em 3 categorias. Cite-as: água de constituição molecular
água adsorvida
NA
18)Cite pelo menos um equipamento de compactação para cada categoria:

19) O rolo pé de carneiro é indicado para qual tipo de solos? água capilar
água livre franja capilar
20) Qual o objetivo da compactação dos Solos?

Capilaridade
1) Fale o que você sabe sobre o ensaio de compactação: Suas finalidades,
procedimentos de execução em laboratório e em campo, energia de compactação, forma da – Tensão superficial da água
curva de compactação, controle de compactação em campo. Porque os ensaios de
Comportamento diferenciado da água na superfície em contato com o ar
compactação em laboratório devem ser realizados em uma energia próxima à utilizada em
campo? orientação das moléculas
Tensão superficial (T) - trabalho necessário
4) Falar dos principais equipamentos de compactação em campo, citando suas para aumentar a superfície do líquido de
principais características e para que solos são mais indicados.
uma unidade infinitesimal de área
8) Descreva os procedimentos adotados na realização de um ensaio de CBR. Fale
sobre suas finalidades básicas. Mostre como é obtido o ISC (Índice de Suporte Califórnia).
Tensão superficial da água a 20oC
0,073 Nm/m2

– A teoria do tubo capilar


No contato com outras superfícies (líquidas ou sólidas) as forças químicas de
adesão geram uma curvatura na superfície livre da água f(tipo de
material e grau de limpeza)

93 94
vidro limpo 0 vidro c/ impurezas < 40o mercúrio > 140o ÁGUA NOS SOLOS
Em função da superfície curva, ocorre uma diferença nas pressões externa e
interna da superfície ar-água.
A diferença de tensões é equilibrada pela resultante da tensão superficial. curvatura
diferença de pressões T para equilíbrio

• Comportamento da água em tubos capilares:


Quando um tubo capilar é colocado em contato com a superfície da água livre forma-
se uma superfície curva a partir do contato água-tubo. A curvatura é função das
propriedades do material do tubo. A água sobe pelo tubo capilar até que seja
estabelecido o equilíbrio das pressões interna e
externa à superfície fenômeno de ascensão capilar

uA= uD = uF = atmosférica
Fc
uB = uC = atmosférica + w z

W uE = atmosférica - w hc

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Ex: tubo de vidro com 1 mm de diâmetro hc = 3 cm
ÁGUA NOS SOLOS
A altura de ascensão capilar em um tubo de raio r pode ser calculada igualando o • O comportamento da água capilar nos solos
peso da água no tubo acima do NA com a resultante da tensão superficial Os vazios no solo são muito pequenos, comparáveis aos tubos capilares,
responsável pelo equilíbrio. embora muito irregulares e interconectados.
Peso de água: W r 2 hc w A situação da água capilar no solo depen
Resultante da tensão superficial ao longo do perímetro: Fc 2 r T
2T
Para o equilíbrio W = Fc cos : hc cos w
r
Quando é atingido o equilíbrio (máxima ascensão) 0. Logo:
2 T
hCmáx
r w

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TENSÕES NOS SOLOS
TENSÕES NOS SOLOS
CONCEITO DE TENSÕES NO SOLO TENSÕES NA MASSA DE SOLO
Aplicação da Mecânica dos Sólidos Deformáveis aos solos – Tensões devido ao peso próprio
conceito de tensões num meio particulado os solos são – Tensões devido a propagação de cargas externas aplicadas ao
constituídos por partículas e as forças são transmitidas de partícula a terreno.
partícula e suportadas pela água dos vazios. Tensões devido ao peso próprio do solo
Transmissão de esforços entre as partículas Caso geral - terreno inclinado
– Partículas granulares transmissão de forças através do Semi-espaço infinito, solo homogêneo
contato direto grão a grão;
acima do NA, elemento de solo de
– Partículas de argila pode ocorrer através da água adsorvida
espessura unitária.
A transmissão se dá por áreas muito reduzidas. Ao longo de um
Por equilíbrio:
plano horizontal no solo tem-se esforços decompostos em
componentes normais e tangenciais. FH= 0 Ee = Ed
FV= 0 W=R
Conceito de tensão total em um meio contínuo
W = peso do elemento unitário
– Conceito de tensão normal: N
de solo
área
W bo z 1 b cos i z
– Conceito de tensão tangencial: T
v= tensão atuante na base
área do elemento de solo
Tensões de contato (> 700MPa) >>>> tensões totais assim definidas (< 1 MPa) v
áreas de contato muito pequenas (< 1% da área total)
R
v z cos i
b

Caso particular - terreno horizontal e plano, com constância


horizontal nas camadas e ausência de cargas externas
-tensões geostáticas tensões cisalhantes nos planos horizontal
e vertical são nulas
v z
solo estratificado camadas uniformes de espessuras z 1, z2, ...,
com pesos específicos 1, 2, ...
v 1 z1 2 z 2 ... n zn
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TENSÕES NOS SOLOS
– Exemplo de cálculo

– Pressão neutra (ou poropressão) - u ou uw


Pressão na água dos vazios dos solos corresponde a
carga piezométrica da lei de Bernoulli.
u w zw Zw = altura da coluna d’água

– Tensões efetivas - ’
Terzaghi estabeleceu que abaixo do NA a tensão normal
total em um plano qualquersoma de duas parcelas:
• Tensão transmitida pelos contatos entre as partículas
tensão efetiva ( ’) - extremamente difícil mensuração !
• Pressão na água dos poros (u w)
Num caso mais genérico (solo não saturado):
• Pressão no ar dos poros (ua)

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