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MEUAVÔ

Todo acontecimento da cidade, da casa, da casa do vizinho, meu avô escrevia nas paredes. Quem
casou, morreu, fugiu, caiu, matou, traiu, comprou, juntou, chegou, partiu. Coisas simples como a agulha
perdida no buraco do assoalho, ele escrevia. A história do açúcar sumido durante a guerra estava anotada.
Eu não sabia por que os soldados tinham tanta coisa a adoçar. Também desenhava tesouras desaparecidas,
serrotes sem dentes, facas perdidas. E a casa, de corredor comprido, ia ficando bordada, estampada de
cima a baixo. As paredes eram o caderno do meu avô. Cada quarto, cada sala, cada cômodo, uma página.
Ele subia em cadeira, trepava em escada, ajoelhava na mesa. Para cada notícia escolhia um canto.
Conversa mais indecente, ele escrevia bem no alto. Era preciso ser grande para ler, ou aproveitar quando
não tinha ninguém em casa. Caso de visitas, ele anotava o dia, a hora, o assunto ou a falta de assunto.
Nada ficava no esquecimento, em vaga lembrança: “A Alice nos visitou às 14 horas do dia 3 de outubro
de 1949 e trouxe recomendações da irmã Júlia e do filho Zé Maria, lá de Brumado”. (...)
Enquanto ele escrevia, eu inventava histórias sobre cada pedaço da parede. A casa do meu avô foi
o meu primeiro livro. (...) Apreciava meu avô e sua maneira de não deixar as palavras se perderem. Sua
letra, no meio da noite, era a única presença viva, acordada comigo. Cada sílaba um carinho, um capricho
penetrando pelos olhos até o passado. Meu avô pregava todas
as palavras na parede, com lápis quadrado de carpinteiro, sem
separar as mentiras das verdades. Tudo era possível para ele e
suas letras. (...)
Usava todas as janelas da casa, apreciando os quatro
cantos do mundo, sempre surpreso, descobrindo uma nova cor,
um novo vento, uma nova lembrança. Havia tanto mundo para
ver, dava até preguiça, dizia ele. Uma coisa meu avô sabia
fazer: olhar. Passava horas reparando o mundo. Às vezes
encarava um ponto no vazio e só desgrudava quando
transformava tudo em palavras nas paredes. Ele não via só
com os olhos. Via com o silêncio.

Bartolomeu Campos
Queirós. Por parte de pai. Belo Horizonte: RHJ, 1995.
LEITURA DO TEXTO

1. Meu avô é um texto em prosa. A prosa é diferente da poesia.


Não tem versos nem estrofes. Na prosa, as idéias vão seguindo
pelas linhas da página. Uma forma importante de organizar um
texto em prosa é agrupar as idéias em parágrafos. Um parágrafo é uma parte do texto, tem uma unidade.
Quando o autor muda de assunto, ou quando quer mostrar um outro lado da idéia que desenvolve, ele
muda de parágrafo. O parágrafo se mostra no espaço em branco no início da linha. Quantos parágrafos
tem o texto Meu avô?
_________________________________________________________________________________(0,3)

2. Quem conta a história no texto é o narrador. No parágrafo 1, o narrador apresenta o assunto do qual vai
tratar.
a) Ele vai falar de uma pessoa. Quem era essa pessoa e o que fazia? ______________________________
_________________________________________________________________________________(0,2)
b) O que o avô escrevia nas paredes? ___________________________________________________(0,2)

3. “Meu avô escrevia nas paredes”.


a) Ao dizer meu avô, o texto deixa claro que tipo de narrador conta a história. Identifique-o: narrador-
observador, narrador-personagem. __________________________________________________(0,3)

4. Por que o avô escrevia as conversas indecentes bem no alto? __________________________________


_________________________________________________________________________________(0,2)

5. No segundo parágrafo, como o narrador fala da importância da casa do avô? Por que lá era importante
para ele? _________________________________________________________________________(0,3)

6. O narrador diz que apreciava o avô e sua maneira de não deixar as palavras se perderem.
a) Como o avô fazia para as palavras não se perderem? ____________________________________(0,3)

7. Esse texto mostra, portanto, a importância de que tipo de texto? ___________________________(0,2)

8. Para escrever um texto é preciso falar sempre de uma forma grandiosa, trabalhada e bela. Verifique se
essa afirmativa está de acordo com o texto. Justifique sua resposta._______________________________
_________________________________________________________________________________(0,5)

9. No terceiro parágrafo, o narrador mostra o que o avô fazia para ter tanto assunto para escrever. O que
ele fazia? _________________________________________________________________________(0,2)

10. O narrador diz que o avô não via só com os olhos, mas via também com o silêncio. Ver com o silêncio
é ver como? ______________________________________________________________________(0,3)

11. Dê um título a cada parágrafo. _________________________________________________________


_________________________________________________________________________________(0,5)

12. O avô passava horas reparando o mundo. Era uma pessoa observadora. Você é observador? O que
você mais gosta de observar no mundo? Qual a coisa mais bonita que você já viu no mundo? E a mais
engraçada? E a mais estranha? Por quê? ____________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________(1,0)

13. Muitas palavras da língua portuguesa vieram do latim. O latim era uma língua falada por um antigo
povo, que morava na região do Lácio, na Europa, e que espalhou a língua latina pelos povos que
conquistou. Muitas das palavras do latim, primeiro, existiram em grego, que é mais antigo ainda.
Ninguém mais fala latim, nem esse grego antigo. Por isso, são línguas mortas.
a) O português é uma língua morta? Por quê? _________________________(0,2)

b) A história da língua portuguesa vai sendo lembrada no significado das suas palavras.
O que significa a palavra ortografia? ________________________________(0,3)

14. Uma boa maneira de guardar a grafia, a escrita das palavras, é ler muito. Com a leitura, vamos
gravando a forma correta de escrever as palavras e vamos descobrindo que elas se juntam em grupos de
ortografia semelhante. Esses grupos demonstram as regras da ortografia das palavras. Exemplo: palavras
que terminam em OSO: gosto / gostoso; forma / formoso.
Continue: desgosto_______________ lodo______________ mentira _______________ (0,3)

15. Quando pronunciamos lentamente uma palavra, percebemos que não


separamos um som do outro, mas que dividimos a palavra em pequenos grupos de
sons. Experimente, pronunciando lentamente as seguintes palavras: casa; passo;
avô; lembranças; transformação. Esses grupos de sons são as sílabas das palavras. Escreva agora as
palavras que você pronunciou, dividindo-as em sílabas. (0,5) ___________
_____________________________________________________________________________________

16. Sílaba tônica é a mais forte da palavra. Sílabas átonas são mais fracas do que as tônicas.
a) Identifique, em cada uma das seguintes palavras abaixo, as sílabas tônicas e átonas: (0,5)
paredes ______________________________________________________________________________
ninguém _____________________________________________________________________________
cômoda ______________________________________________________________________________
esquecimento _________________________________________________________________________
Paraguai _____________________________________________________________________________

17. Como você observou, nem sempre a sílaba tônica é acentuada. Então, como saber onde colocar os
acentos gráficos? É preciso identificar qual sílaba? ________________________________________(0,2)

18. As palavras faladas têm sons. O modo como o ar passa na garganta, na boca, no nariz, entre a língua,
entre os dentes, é que vai produzir diferentes sons. Os sons das palavras chamam-se fonemas.
a) Ao escrever, como representamos os fonemas? _________________________________________(0,2)

19. As vogais são um tipo de fonema. Nas vogais, o ar passa livre desde os pulmões, até sair pela boca.
Quando o ar encontra um obstáculo na sua passagem, acontece um outro tipo de fonema. Esses fonemas
são exemplos de ___________________________________________________________________(0,2)

20. A letra H, sozinha, não pode ser falada como consoante nem como vogal. Por quê? _______________
_________________________________________________________________________________(0,3)

21. Observe: hoje, chapéu, olho.


a) O que ocorreu com a letra H em cada uma dessas palavras? ___________________________________
_________________________________________________________________________________(0,3)

BOA PROVA!!!

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