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Urbana
Júri:
Presidente: Fernando José Parracho Lau
Dezembro 2009
ii
Agradecimentos
iii
iv
Resumo / Abstract
v
vi
para as três localizações anteriores tendo-se obtido reduções no custo total de potência de até
−22%, isto apesar do projecto da turbina inicial ser bom.
The production of energy within urban areas by taking advantage of the wind energy
potential that would otherwise be wasted, is a clean and effective way to suppress the energy
needs of populations. But the wind in this areas have limited potential so it becomes even
more important to have an efficient wind turbine that can make the best performance of the
location where it is installed. This paper developed a multi disciplinary approach to optimize
an urban wind turbine. The aerodynamics where modelled with Blade Element Momentum
Theory and the Simplex optimizer was used for the optimization. The information flow as
well as the the input and output variables for the programs were implemented in MATLABr .
This project focus on the specific problems associate with a urban location, with special
vii
attention in the aerodynamic problems. The optimize solutions were not a rescaling of a
bigger wind turbine, but they captured the physic of this specific problem, an urban location,
so that solutions maximize the conditions present at their locations.
Resumo / Abstract v
Lista de Figuras xi
Lista Abreviaturas xv
1 Introdução 1
3 Fundamentos Teóricos 11
3.3 Optimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
ix
x CONTEÚDO
4 Implementação e Validação 23
4.1 Modelo Aerodinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.1 Integração numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2 Validação Modelo Aerodinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2.1 Integridade Programa FAST . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2.2 Convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2.3 Comparação com resultados apresentados em [1] . . . . . . . . . . . . . 32
4.3 Modelo Optimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.3.1 Função de custo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.4 Validação Modelo Optimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6 Problemas em Estudo 43
6.1 Problema 1 - Estudo Paramétrico de Sensibilidades . . . . . . . . . . . . . . . . 43
6.1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
6.1.2 Formulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
6.1.3 Resultados e Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
6.2 Problema 2 - Optimização de Turbina Eólica com Envergadura Fixa . . . . . . 48
6.2.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
6.2.2 Formulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.2.3 Resultados e Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6.3 Problema 3 - Optimização de Turbina Eólica com Constrangimento de Potência 55
6.3.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.3.2 Formulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.3.3 Resultados e Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
7 Conclusões 61
8 Trabalho Futuro 65
Lista de Figuras
xi
xii LISTA DE FIGURAS
xiii
xiv LISTA DE TABELAS
Lista Abreviaturas
Abreviatura Descrição
BEMT Blade Element Momentum Theory
COE Custo total de potência
UTIAS University of Toronto Institute for Aerospace Studies
RPM Rotações Por Minuto
xv
xvi LISTA DE TABELAS
Lista Sı́mbolos
Sı́mbolo Descrição
α Ângulo de ataque local
β Ângulo de picada local
φ Ângulo de escoamento não perturbado
Vn Velocidade aproximação escoamento
Vrel Velocidade relativa à pá
Ω Taxa rotação
ωΘ Velocidade tangencial induzida
U∞ Velocidade escoamento não perturbado
λr Razão velocidades ponta da pá
a Velocidade induzida axial
0
a Velocidade induzida tangencial
dR Unidade de envergadura
dT Distribuição da força de impulso
dQ Distribuição binário
ρ Densidade do ar
Cl Coeficiente sustentação 2D
Cd Coeficiente arrasto 2D
CL Coeficiente sustentação 3D
CD Coeficiente arrasto 3D
CT Impulso de um elemento de pá
Clα Coeficiente sustentação 2D em relação ao ângulo
de ataque
xvii
xviii LISTA DE TABELAS
Sı́mbolo Descrição
Fponta Correcção ponta pá de Prandtl
Fcentro Correcção centro pá de Prandtl
adj Coeficiente de correlação fixo
CLa dj Coeficiente de correlação fixo
αHi Ângulo de ataque mais elevado na tabela das propriedades
aerodinamicas do XFOIL
αLo Ângulo de ataque mais baixo na tabela das propriedades
aerodinamicas do XFOIL
CLHi Coeficiente sustentação 3D da posição mais elevada na tabela
das propriedades aerodinamicas do XFOIL
CLLo Coeficiente sustentação 3D da posição mais baixa na tabela
das propriedades aerodinamicas do XFOIL
CDmax Coeficiente arrasto 3D máximo na tabela das propriedades
aerodinamicas do XFOIL
A Matriz inegualidades
b Vector inegualidades
Aeq Matriz igualidades
beq Vector igualidades
lb Vector com valores limites inferiores
ub Vector com valores limites superiores
P(i) Potência para uma determinada velocidade i
FT Fracção tempo
Pj Função penalidade no processo optimização
FT Forção na direcção transversal ao plano rotação
FN Forção na direcção normal ao plano rotação
MP Momento na pá
h Passo interno programa aerodinâmico
F ef Função objectivo
hV Distância entre duas secções no cálculo de Volumes
Capı́tulo 1
Introdução
Os desafios à utilização eficiente de recursos que se impõe hoje não têm paralelo. Começa-se
a tomar consciência que o mundo necessita de um novo paradigma energético, uma vez que
as fontes de energias usadas no século XX, tais como o petróleo e o gás natural, não são
alternativas sustentáveis num futuro próximo [6]. Por outro lado, ainda não estamos dispos-
tos a abdicar do nosso modo de vida substancialmente dependente de energia abundante e
acessı́vel. Assim, a melhor maneira de assegurarmos um futuro sustentado é diversificando
as nossas formas de obter energia utilizando fontes de energia limpas e abundantes é o passo
lógico a seguir.
A energia eléctrica é uma forma de energia muito utilizada, porém o seu transporte por
cabos implica perdas não desprezáveis. A forma de minimizar estas perdas é localizando a
produção o mais perto possı́vel do consumo. No mundo actual os maiores consumidores de
electricidade são as cidades, pelo que para minimizar as perdas, a produção deveria estar
localizada o mais perto destas, senão mesmo dentro destas. O panorama óptimo seria que
cada unidade consumidora produzisse localmente a energia necessária ao seu funcionamento.
A questão que se coloca é que fontes não poluentes e abundantes existem dentro de uma
cidade que possam ser aproveitadas? As mais óbvias e evidentes são o sol e o vento.
1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
mizada para a localização pretendida. O que distingue uma localização relativamente a outra
é a sua distribuiçao por classes do vento.
O objectivo do trabalho é investigar como as pás e a velocidade de rotação das turbinas
eólicas podem ser optimizadas para uma localização urbana especı́fica de modo a minimizar
o custo total de potência. O modelo do custo total de potência utilizado é um modelo sim-
plificado baseado no volume da pá e na potência média. É utilizada a teoria Blade Element
Momentum Theory, presente no programa aeroelástico FAST, para os cálculos de potência da
turbina, o programa XFOIL para o cálculo das propriedades aerodinâmicas dos perfis e um
optimizador baseado no algoritmo Simplex implementado em MATLABr .
Este trabalho descreve a aerodinâmica e as ferramentas multi disciplinares utilizadas na
análise e optimização de uma turbina eólica urbana.
Capı́tulo 2
O vento foi amplamente utilizado ao longo dos séculos para produzir trabalho mecânico:
os navegadores descobriram o mundo em barcos à vela e os nossos moleiros utilizavam este
recurso para fazer girar as suas mós e desta forma produziam trabalho, moendo a farinha.
Juntando a capacidade de produzir trabalho com um gerador eléctrico consegue-se produzir
electricidade. A máquina com estas caracterı́sticas chama-se turbina eólica.
Dentro da tecnologia disponı́vel para aproveitar o potencial energético do vento existem
várias soluções, sendo as mais habituais as turbinas eólicas de eixo vertical e as turbinas
eólicas de eixo horizontal. Estas podem ter os mais variados tamanhos, desde as grandes
turbinas de eixo horizontal com mais de 120 metros de diâmetro até micro-turbinas com
poucos centı́metros.
Dentro destas categorias as turbinas eólicas podem ainda ser catalogadas consoante o
objectivo a que se propõem, ou produção de binário ou produção de electricidade, sendo as
suas caracterı́sticas geométricas muito diferentes ([44] pág. 101). As turbinas desenhadas para
produzir binário têm geralmente uma grande solidez (muitas pás e uma área varrida coberta
muito grande) e como exemplo tı́pico temos os moinhos de vento para moer cereal, enquanto
que as turbinas desenhadas para produzir energia apresentam tipicamente poucas pás, de três
a uma e são pouco carregadas aerodinamicamente.
As turbinas eólicas de eixo vertical são caracterizados pelo eixo de rotação se encontrar
disposto na vertical com as pás em torno desse eixo e o gerador por baixo de toda a estrutura.
3
4 CAPÍTULO 2. A TECNOLOGIA DAS TURBINAS EÓLICAS
Dentro deste grupo distinguem-se dois subgrupos: as turbinas que funcionam por efeito
de arrasto e as que funcionam por efeito de sustentação. Um exemplo de turbina que funciona
por arrasto são os anemómetros por copos (figura 2.1) que servem para medir a velocidade do
vento e como exemplo de turbinas que funcionam por sustentação as eólicas de 3 pás (figura
2.4).
Os vários tipos de turbinas eólicas de eixo vertical que funcionam por efeito de sustentação
são: Darrieus (figura 2.1a) e um subtipo desta com pás verticais as Giromill (figura 2.1b).
Uma das desvantagens das turbinas de eixo vertical resulta de que em cada rotação a pá
atravessa o escoamento na direcção contrária ao sentido do escoamento para que foi projectada,
2.2. TURBINA EÓLICA DE EIXO HORIZONTAL 5
diminuindo a eficiência. Outro problema que dimiui a eficiência é a utilização de cabos para
fixar toda a estrutura, sendo que ao necessitar desses cabos, torna-as de difı́cil instalação em
locais elevados, como no cimo de um poste, não aproveitando assim os ventos mais energéticos.
Estas desvantagens condicionam a eficiência destas turbinas tornando-as menos eficientes que
as turbinas de eixo horizontal.
A principal vantagens oferecida pelas turbinas de eixo vertical é que uma vez que a
direcção do vento é indiferente são mais adequadas a localizações onde este é mais turbu-
lento e inconstante.
As turbinas de eixo horizontal são as turbinas mais utilizadas nos dias de hoje. As es-
pecificações de desempenho destas máquinas vão de poucos Watts até máquinas com 7 × 106
Watts.
Das principais vantagens deste tipo de turbinas enumeramos três: (i) ao poderem ser
colocadas no cimo de postes a várias dezenas de metros acima da superfı́cie permite-lhes tirar
partido de velocidades de vento superiores; (ii) consegue-se fazer variar a incidência das pás
de modo a operarem o maior tempo possı́vel dentro dos valores aerodinâmicos óptimos; (iii)
conseguem orientar-se em relação ao vento, recebendo potência ao longo de todo o cı́rculo
de rotação. Estas três vantagens fazem aumentar a eficiência quando comparadas com as
turbinas de eixo vertical.
Do ponto de vista operacional podemos referir que há dificuldade em transportar e instalar
estas turbinas devido às suas grandes dimensões, sobretudo em áreas rurais de difı́cil acesso.
Em termos ambientais, a utilização de um poste robusto que suporte o peso de todo o sistema
diminui a visibilidade e perturba a paisagem natural.
São apresentados nas figuras 2.2, 2.3 e 2.4 alguns exemplos de micro turbinas de eixo
horizontal.
a variar entre os poucos centı́metros e os 7 metros. Já as potências médias que se conseguem
obter com estas turbinas variam entre os poucos watts e os 5KW.
Os resultados da pesquisa bibliográfica feita são apresentados na tabela 2.1. Estes da-
dos foram obtidos nos sites dos fabricantes, [7] a [26], e na referência bibliográfica [4]. Os
dados recolhidos abrangem todos os tipos de turbinas e de potências. Na tabela 2.2 estão
condensados os dados referentes às turbinas de mais baixa potência, aquelas que à partida
maior relevância terão para o estudo em questão uma vez que pretendemos optimizar micro
2.3. MICRO TURBINAS EÓLICAS 7
turbinas.
Os dados obtidos na tabela 2.2 são apresentados de seguida na forma de gráficos, com a
potência no eixo das abcissas.
Analisando as figuras 2.5, 2.6 e 2.7 conseguimos localizar aproximadamente onde vai estar
localizada a nossa região de trabalho, podendo-se obter desta forma as primeiras estimativas.
Podemos assim verificar que para uma potência média de 1KW o diâmetro do rotor anda
entre os 2 e os 3 metros, já quando se passa para os 3KW o diâmetro aumenta variando agora
entre os 4 e os 5 metros. A velocidade nominal de funcionamento situa-se entre os 10 e os 14
m/s, com grande predominância pelos 12m/s. A velocidade de arranque é um parâmetro que
8 CAPÍTULO 2. A TECNOLOGIA DAS TURBINAS EÓLICAS
varia muito de máquina para máquina, com as melhores a conseguirem arrancar com 1.5m/s
de vento e as piores a só arrancarem com 4.5m/s.
Assim, conclui-se que o nosso espaço de trabalho está incluso entre os 2 e os 5 metros e
que a potência média não deverá ultrapassar os 3KW. Conclui-se ainda que a velocidade de
arranque deverá estar situada algures entre os 2 e os 5 m/s.
2.3. MICRO TURBINAS EÓLICAS 9
Fundamentos Teóricos
O programa FAST está amplamente documentado, [29], e validado, [30][31], sendo certi-
ficado para a fase de projecto de uma turbina eólica pelo Germanischer Lloyd WindEnergie.
11
12 CAPÍTULO 3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
A teoria utilizada pelo programa AeroDyn é a conhecida Blade Element Momentum Theory
como descrita em [33] e [49], com a alteração de que as equações são explicitamente escritas
para uma área infinitesimal em vez de para toda a corda.
O pressuposto básico da teoria Blade Element Momentum Theory é que a força de um
elemento de pá é unicamente responsável pela alteração do momento do ar que atravessa o anel
varrido pelo elemento. Por conseguinte, assume-se que não há interacção radial entre os fluxos
através de anéis contı́guos pelo que estes podem ser tratados localmente como bi-dimensionais
[33].
A segunda limitação é que a teoria falha quando a pá apresenta grande torções geométricas.
A terceira limitação é que ao analisar cada segmentos isoladamente a teoria não tem em
consideração escoamento cruzado, o que pode levar a erros grandes quando se trata de pás
muito carregadas aerodinamicamente.
Na figura 3.2 o ângulo do escoamento não perturbado é obtido pela soma do ângulo de
picada local, β, e pelo ângulo de ataque, α. O ângulo de ataque é função do vector da
velocidade local, que é por sua vez constrangido pela velocidade de vento local, a velocidade
de rotação da turbina, as velocidades no elemento de pá e pelas velocidades induzidas. Os
elementos que advém da deflexão das pás podem também afectar o ângulo de ataque se a
velocidade das pás da turbina for significativa, νe−op e νe−ip . A relação entre a velocidade
relativa à pá, a velocidade de aproximação do escoamento, Vn , e a velocidade de rotação da
turbina é dado pela equação (3.1).
p
Vrel = Vn2 + (Ωrcosβ + ωθ )2 (3.1)
0
O ângulo do escoamento não perturbado é dependente das velocidades induzidas (a e a )
e da razão velocidades da ponta da pá (λr ) (equação (3.2)).
U∞ (1 − a) 1−a
tanφ = 0 = . (3.2)
Ωr(1 + a ) (1 + a0 )λ
As velocidades induzidas presentes na equação (3.2) são função das forças nas pás e a
teoria Blade Element Momentum Theory é utilizada para as calcular. Pela Blade Element
14 CAPÍTULO 3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
1 2
dT = B ρVtotal (Cl cosφ + Cd sinφ)cdr (3.3)
2
1 2
dQ = B ρVtotal (Cl sinφ − Cd cosφ)crdr (3.4)
2
Com um balanço de momentos obtemos as equações (3.5) e (3.6).
2
dT = 4ΠrρU∞ (1 − a)adr, (3.5)
0
dQ = 4Πr3 ρU∞
2
Ω(1 − a)a dr, (3.6)
1
q
0
a= 2 + 4Πλr σ − 4 − 4Πλr σ 0 + Πλ2r σ 0 (8β + Πσ 0 ) (3.7)
4
A partir da equação (3.7) consegue estimar o ângulo do escoamento não perturbado,
equação (3.2). Em seguida é calculado a força de impulso de um elemento da pá através da
equação (3.8).
" 0
#
σ (1 − a)2 (Cl cosφ + Cd sinφ)
CT = 1 + (3.8)
sin2 φ
São aplicadas as correcções de ponta e de raiz da pá de Prandtl (Fponta e Fcentro ) que são
definidas pelas equações (3.9) e (3.10).
R
2 −π dW − ar
Fponta = cos−1 e (3.9)
π
3.1. ANÁLISE AERODINÂMICA 15
2 √ 2 2
Fcentro = cos e(−(N/2)(1−µ)/µ) 1+(λµ) /(1−a) (3.10)
π
Agora, se CT > 0.96F o elemento da pá está muito carregado aerodinamicamente, pelo
que se utiliza a correcção de Glaubert para determinar o novo factor axial de indução, equação
(3.12).
p
18F − 20 − 3 CT (50 − 36F ) + 12F (3F − 4)
a= (3.12)
36F − 50
Se CT < 0.96F aplica-se a teoria normal e o factor de indução axial é calculado, equação
(3.13), assim como o factor de indução tangencial, equação (3.14).
−1
4F sin2 φ
a= 1+ (3.13)
σ 0 (Cl sinσ + Cd cosσ)
−1
0 4F sinφcosφ
a = −1 + (3.14)
σ 0 (Cl sinσ − Cd cosσ)
Este processo é repetido para cada elemento da pá, começando na equação (3.2) e itera-
tivamente até que os valores para os factores de indução e o ângulo do escoamento tenham
convergido.
Para se obter as Polares 2D dos diferentes perfis em estudo foi utilizado um programa
de painéis 2D com uma formulação viscosa. O programa utilizado foi o conhecido e bem
documentado XFOIL. A versão utilizada é a 6.94 para Win32 optimizada para processadores
Pentium4.
O XFOIL é utilizado para calcular as propriedades aerodinâmicas dos diferentes perfis em
estudo na secção 5.
O XFOIL é também utilizado para mapear as propriedades aerodinâmicas da famı́lia de
perfis NACA 44XX utilizada nos problemas em estudo em função do número de Reynolds.
16 CAPÍTULO 3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Os perfis de uma turbina eólica operam muitas vezes a ângulos de ataque superiores ao da
perda, quer por uma questão de controlo (turbinas reguladas pela entrada das pás da turbina
em perda), quer pelas condições de vento. Assim é importante ter dados aerodinâmicos a
ângulos de ataque superiores aos da perda.
Para se obterem estes dados aerodinâmicos pode-se recorrer a um túnel de vento, opção que
não está disponı́vel facilmente, recorrer a software existente, ou ainda a dados aerodinâmicos
pré-existentes. Com excepção da primeira opção, túnel de vento, nenhuma das outras opções
disponibiliza dados aerodinâmicos na região após perda, quer por limitação do software, quer
porque a maioria dos dados de perfis já existentes não foram obtidos tendo em vista uma
turbina mas sim um avião ou uma turbo-máquina, pelo que não se têm dados disponı́veis na
região -180 ◦ a 180 ◦ .
As turbinas eólicas são corpos finitos, pelo que é necessário incorporar os efeitos 3D iner-
entes a um escoamento em torno das suas pás. Assim, recorreu-se ao método de Selig & Du
[34], para a correcção do coeficiente de sustentação, e ao método de Eggar’s, para o arrasto
[34]. As equações de (3.15) a (3.18) descrevem este passo. Nas seguintes equações as letras
a, b e d são constantes do método, sendo os seus valores no presente trabalho iguais a 1. A
envergadura é representada pela letra R, a velocidade média do vento pela letra V, adj é um
factor de escalamento para ângulos superiores a 90◦ e o n é definido como n = d/λaux / Rr e a
r r
relação R é constante e igual a R = 0.250.
Selig & Du:
c n
" #
π
180 1.6 c a − r
CL3D = Cl2D + adj c n
− 1 [Clα (α − α0 ) − Cl2D ] (3.15)
Clα 0.1267 r b + r
d
n= (3.16)
λaux Rr
R
λaux = RP M p (3.17)
V 2 + (RP M.R)2
Eggar’s:
Para a extrapolação dos dados aerodinâmicos para ângulos de ataque até ±180◦ utilizou-se
o método de Viterna alterado. O método de Viterna [35] permite extrapolação até ±90◦ . De
±90◦ até ±180◦ utiliza-se uma variação deste método onde os dados existentes são reflectidos
mas afectados por um coeficiente de correlação fixo, CLAdj = 0.7. O intervalo de ângulos
de ataque foi dividido em vários segmentos (figura 3.3) sendo aplicada a cada um desses
segmentos as expressões de (3.19) a (3.32).
Figura 3.3: Divisão por blocos de ângulos de ataque para aplicação do método de Viterna
CDmax cos2 α
CL = sin(2α) + A2 (3.19)
2 sin α
2
CD = CDmax sin α + B2 cos α (3.20)
Segmento 1
cos2 (180 − α)
CDmax
CL = CLAdj − sin(2(180 − α)) − A2 (3.21)
2 sin(180 − α)
2
CD = CDmax sin (180 − α) + B2 cos(180 − α) (3.22)
Segmento 2
(α − 180)
CL = CLAdj CLHi (3.23)
αHi
2
CD = CDmax sin (α − 180) + B2 cos(α − 180) (3.24)
Segmento 3
α + αHi
CL = CLAdj −CLHi + (CLHi + CLLo ) (3.25)
αHi + αLo
CD − CDLo
CD = CDLo + (−α + αLo ) Hi (3.26)
αHi + αLo
18 CAPÍTULO 3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Segmento 4
cos2 (−α)
CDmax
CL = CLAdj − sin(2(−α)) − A2 (3.27)
2 sin(−α)
2
CD = CDmax sin (−α) + B2 cos(−α) (3.28)
Segmento 5
cos2 (180 − α)
CDmax
CL = CLAdj sin(2(180 + α)) + A2 (3.29)
2 sin(180 − α)
2
CD = CDmax sin (180 − α) + B2 cos(180 − α) (3.30)
Segmento 6
(180 + α)
CL = CLAdj CLHi (3.31)
αHi
2
CD = CDmax sin (180 + α) + B2 cos(180 + α) (3.32)
Segmento 7
Da análise aerodinâmica da pá obtem-se a sustentação e arrasto para a pá, CL3D e CD3D .
estrutural. A curvatura é calculada para as componentes no plano da pá (vide figura 3.2) e
fora do plano, sendo depois integrada 2 vezes de modo a se obter a deflexão final.
No processo de se encontrar as propriedades aerodinâmicas de uma pá, são inicialmente cal-
culadas as deformadas possı́veis de uma pá, baseando-se na geometria e propriedades fı́sicas da
mesma, e os cálculos aerodinâmicos subsequentes são efectuados baseados nessas deformadas.
3.3 Optimização
Existem vários algoritmos de optimização disponı́veis que podem ser utilizados para re-
solver problemas de engenharia. Tipicamente os algoritmos encaixam-se em duas grandes
categorias: métodos baseados em gradientes e métodos não gradientes. Dentro da primeira
incluem-se os métodos de gradientes conjugados, da descida progressiva e o método de pro-
gramação quadrática sequencial [39]. Nos segundos, incluem-se os algoritmos genéticos, o
método Simplex (referências de [39] a [42]) e a optimização do enxame de partı́culas [50] .
Para proceder à optimização da turbina, utiliza-se o Método Simplex para encontrar a
solução óptima num vértice. À partida pode parecer estranho utilizar um método linear
para resolver este problema de optimização, uma vez que em praticamente toda a bibliografia
disponı́vel são utilizados métodos de programação quadrática. No entanto, prova-se mais à
frente, através de um estudo paramétrico, que o comportamento das variáveis de projecto den-
tro do intervalo de estudo apresenta um comportamento aproximadamente linear, validando
assim a utilização do método (secção 4.4).
O algoritmo Simplex resolve o problema linear descrito na equação (3.33), ao percorrer os
vértices de um poliedro definido pelos constrangimentos à medida que vai decrementando o
valor da função objectivo em cada iteração. Na equação (3.33) a matriz A e o vector b definem
um sistema de desigualdades lineares, Aeq e beq definem um sistema de igualdades lineares, lb
é um vector com os limites inferiores para as variáveis de projecto e ub é um vector com os
limites superiores para as variáveis de projecto.
(3.33)
dentro da região de possı́veis soluções do problema i.e. na região admissı́vel e na segunda parte
é aplicado o algoritmo Simplex, iniciando-se no ponto definido na primeira parte, para resolver
o problema.
O algoritmo Simplex não inclui na sua formulação a capacidade de lidar com soluções
constrangidas e limitadas. No entanto, tais caracterı́sticas podem ser incorporadas utilizado
funções penalidade. A noção básica por detrás destas é que caso o algoritmo tente uma solução
que se encontra fora do envelope definido o resultado da função objectivo nesse passo será
um valor muito grande a tender para infinito, criando-se assim a noção de poço em torno do
domı́nio pretendido.
Para saber se uma determinada solução está dentro do domı́nio é resolvido um problema
auxiliar, um problema de optimização dentro do problema de optimização em estudo, cuja
função objectivo é uma função de penalidade linear, equação (3.34), definida pela equação
(3.35). Para que o ponto se encontre dentro do domı́nio pretendido a função objectivo, no
final do processo de iteração, tem de ser exactamente zero, caso contrário é-lhe atribuı́do o
valor de infinito e o ponto descartado.
X
P = Pj (xj ) (3.34)
j
(3.35)
existente. Se este novo ponto for melhor do que o pior ponto anterior, este é aceite, ou
seja, existe contracção. Se não for melhor todos os pontos perto dos melhores sofrem uma
contracção dando origem a uma contracção múltipla;
4. caso contrário, o ponto de teste é pelo menos melhor do que o pior existente e um novo
simplex é construı́do com base neste ponto. Além disso é ainda feita uma contracção;
O processo termina quando o simplex é reduzido a um tamanho inferior ao definido pelo
utilizador ou a diferença média entre os vértices da função objectivo é inferior a uma tolerância
fornecida pelo utilizador.
Algo comum a este tipo de métodos é a sua impossibilidade de encontrar mı́nimos globais,
ficando-se pelo mı́nimo mais próximo do ponto inicial.
Capı́tulo 4
Implementação e Validação
Um dos objectivos deste trabalho é desenvolver um programa que consiga, de modo au-
tomatizado e sem intervenção directa do utilizador durante o processo, optimizar uma turbina
eólica interligando todos os módulos interdisciplinares necessários ao cálculo, análise e tomada
de decisão.
O programa desenvolvido utiliza dois módulos. Um onde são realizados os cálculos de
desempenho da turbina e outro de optimização, onde são analisados os resultados e tomada a
decisão para a próxima iteração de modo a minimizar a função objectivo. A geometria definida
em cada iteração é analisada pelo programa de cálculo, sendo que do lado do optimizador o
programa de cálculo funciona como uma caixa negra, onde entram variáveis e saem resultados.
A passagem dos resultados de um módulo para o outro é assim directa e transparente.
Ao longo deste trabalho foram utilizados 3 distribuições por classes do vento reais de
23
24 CAPÍTULO 4. IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO
Como estamos a lidar com distribuições por classes do vento reais discretizadas em inter-
valos de 1m/s, temos de calcular, para cada geometria em estudo, a potência que se obteria
em cada velocidade, 1 m/s, 2 m/s..., até 20 m/s, velocidade a que consideramos que a nossa
turbina se desliga, para depois fazer o somatório de cada potência multiplicada pela sua
fracção de tempo e desta forma obtemos a potência média de uma determinada localização
para uma determinada configuração (equação (4.1)). Esta potência é mais tarde utilizada na
função de custo.
n
X
P otenciaM edia = P otencia(j) ∗ F raccaoT empo(j) (4.1)
j=1
25
O programa de cálculo utiliza o programa FAST [29] para o cálculo de potência de uma
turbina com determinadas caracterı́sticas geométricas, de materiais e dado uma distribuiçao
por classes do vento e algumas variáveis atmosféricas. O optimizador utilizado é o disponibi-
lizado pelo MATLABr versão 7.4.0.
O programa FAST foi originalmente desenhado para analisar em detalhe todos os compo-
nentes de uma turbina eólica que tenham influência no desempenho geral da mesma. Para
o presente trabalho este foi modificado de modo a que só as variáveis relacionadas com a pá
tenham influência na performance geral. Assim, efeitos como a rajada, guinada, sistemas de
arranque e de paragem, entre outros não foram considerados.
O programa FAST é utilizado numa formulação com sete graus de liberdade, correspon-
dendo seis à flexibilidade das pás e 1 referente à velocidade de rotação da turbina. A repre-
sentação das coordenadas locais para a descrição das pás pelo FAST é aprestado na figura
4.3.
Figura 4.3: Sistema de coordenadas utilizadas internamente pelo programa FAST para descr-
ever as pás de um rotor.
Uma pá é discretizada em secções identificadas pela sua extensão e localização do centro
aerodinâmico (figura 4.5), sendo uma pá completa obtida pela integração de todas as secções.
Uma secção é totalmente definida pela corda, torção geométrica e o perfil a ser utilizado.
A decomposição do vento e das forças aplicadas nas coordenadas locais da pá é apresentado
na figura 4.7.
4.1. MODELO AERODINÂMICO 27
Figura 4.7: Decomposição do vento e das forças aplicadas nas coordenadas locais da pá ([49]).
Xm
ui+1 = ui + h γi fi−j (4.2)
j=0
28 CAPÍTULO 4. IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO
m+1
X
ui+1 = ui + h γi fi−j+1 (4.3)
j=0
O programa FAST é constituı́do por um ficheiro executável, onde estão presentes as rotinas
de cálculo, e por diversos ficheiros de entrada e saı́da. O ficheiro principal tem a extensão
.fst e nele são indicados os nomes e localizações de todos os ficheiros necessários (cálculo
aerodinâmico, vento, propriedades da pá e da torre, entre outros).
O programa FAST foi inicialmente concebido como um programa de análise de turbinas
eólicas. Para uma integração com o programa de optimização, o programa FAST teria de
se comportar como uma caixa negra a que seriam fornecidas um conjunto de variáveis de
entrada, obtendo-se depois uma série de resultados que seriam posteriormente analisados pelo
programa de optimização como esquematizado na figura 4.1. A estratégia escolhida foi a de
a cada nova chamada do programa de cálculo todos os ficheiros de entrada necessários seriam
apagados e reescritos com os novos valores, sendo depois corrido o programa FAST, e os
novos resultados lidos dos ficheiros de saı́da e disponibilizados como variáveis de saı́da. Todo
o código foi implementado em MATLABr .
4.2.2 Convergência
distintos: o tempo de CPU, é o tempo computacional utilizado pelo computador para resolver
o problema, e o tempo fictı́cio. O programa FAST permite simular condições de vento não
constantes, tanto no valor como no tempo, permitindo fazer uma análise temporal de uma
turbina, geralmente utilizada para simular situações transitórios de arranque ou de paragem,
pelo que temos de definir um parâmetro, o tempo fictı́cio. Mesmo utilizando como variável
de entrada uma velocidade constante, devido à resolução do sistema de equações ser de forma
iterativa, a solução só irá convergir passado algum tempo fictı́cio. Como nota final dividindo
o tempo fictı́cio pelo passo h obtemos o número de iterações que o computador vai efectuar
para essa iteração. O estudo para determinar qual o passo h e o tempo fictı́cio que garantam a
fiabilidade dos resultados e ainda assim um tempo de CPU aceitável é apresentado de seguida.
O estudo foi dividido em três partes. A primeira consiste em verificar a dependência da
convergência com o tempo fictı́cio por oposição ao número de iterações. A segunda consiste em
verificar se o programa FAST converge para todas as velocidades possı́veis dentro do intervalo
em estudo (de 4 m/s até 20 m/s em intervalos de 1 m/s). A terceira consiste em definir
os valores do passo, constante, e do tempo fictı́cio, também constante, de modo a assegurar
sempre a convergência para o problema em estudo.
Para o estudo da convergência é utilizada a geometria descrita na figura 4.8 (geometria
indicativa, não real) e na Tabela 4.1.
Verifica-se na figura 4.9b que para diferentes valores de passo a convergência da solução é
dependente do tempo fictı́cio simulado e independente do número de iterações. Considera-se
que a solução convergiu quando o último valor da série de dados, porque a cada iteração é
escrito num ficheiro os diferentes parâmetros em estudo, é inferior a 2% relativamente a um
30 CAPÍTULO 4. IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO
valor ocorrido 10 iterações antes. Como consequência, um passo muito fino vai necessitar de
mais iterações para convergir, o que implica uma maior carga computacional sem o conse-
quente ganho na precisão, assumindo que o passo não é tão grande que a solução não consiga
convergir.
(a)
(b)
Ao investigar a convergência para cada velocidade (figuras 4.10 e 4.11) verificou-se que
o programa FAST não converge quando a velocidade normal à pá atinge um valor entre os
11 m/s e os 13 m/s. No exemplo em estudo tal anomalia verificou-se na velocidade 12 m/s,
figura 4.10(i), onde a potência nunca converge. Esta anomalia acontece devido a instabilidades
4.2. VALIDAÇÃO MODELO AERODINÂMICO 31
numéricas do programa e não devido a algum fenómeno fı́sico. Para resolver esta anomalia e
de modo a tentar manter algum significado fı́sico, em cada iteração e para cada velocidade, é
avaliado se o programa convergiu e, caso não tenha convergido, faz-se uma interpolação linear
com os resultados da próxima velocidade que tenha convergido.
Figura 4.10: Estudo convergência para as velocidades em estudo possı́veis de 4m/s a 12m/s
Para a maioria das velocidades estudadas a convergência da solução foi rápida demorando
menos de 5 segundos, tempo fictı́cio. As excepções foram as velocidades perto do ponto de
instabilidade do programa (12 m/s) sendo que para 11 m/s e 13 m/s a convergência ocorreu
perto dos 5 e 10 segundos respectivamente.
Para velocidades até aos 15m/s a solução converge para passos até 0.02s. Já nas ve-
locidades superiores o passo necessário que garante a convergência da solução reduz-se para
0.008s.
Como pretendemos utilizar um passo constante e um tempo ficticio constante, de modo
a simplificar a formulação do problema, optou-se por uma estratégia conservadora face aos
32 CAPÍTULO 4. IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO
Figura 4.11: Estudo convergência para as velocidades em estudo possı́veis de 13m/s a 20m/s
De modo a validar o programa FAST no cálculo da potência de uma micro turbina eólica de
eixo horizontal recorreu-se aos resultados apresentados em [1] como base de comparação. Neste
artigo procedeu-se à análise e optimização de uma turbina eólica com 2.5m de envergadura
estando disponı́veis os resultados da potência média para duas localizações, UTIAS e St.
Lawrence, para a geometria inicial e para as geometrias depois de optimizadas. As geometrias
iniciais e finais em cada localização são apresentadas nas tabelas 4.1 e 4.2.
As diferenças verificadas entre os resultados em [1] e os obtidos pelo programa FAST
são inferiores a 10% sendo as maiores verificadas para a distribuiçao por classes do vento na
localização UTIAS com erros na ordem dos 9%, valor ligeiramente superior aos verificados
4.3. MODELO OPTIMIZAÇÃO 33
O principal objectivo no projecto de uma turbina é reduzir o custo total da energia de uma
turbina (COE), equação (4.4) (unidades ¿/KWh). Este custo representa o custo global asso-
ciado a todos os componentes da turbina em euros, desde as pás ao gerador, torre, fundações
e sistemas electrónicos. A Potência Anual Média é a potência média que se obteria numa de-
terminada localização e é função da distribuiçao por classes do vento dessa mesma localização.
A análise do custo total da energia (COE) é acima de tudo económico com um menor
4.3. MODELO OPTIMIZAÇÃO 35
COE a representar um melhor investimento por permitir prazos mais curtos de retorno do
capital.
Custo
CustoT otalP otência(COE) = (4.4)
P otenciaAnualM edia
V olumeP a
Custo = (1.00 − 0.30) + 0.30 .CustoT otalBase (4.5)
V olumeP aBase
O cálculo dos volumes da pá é feito por troços e em cada troço o volume é calculado
como se de uma pirâmide truncada se tratasse [46], figura 4.12. Entre cada secção da pá é
calculada a área do perfil em função da corda e o volume numa secção é encontrado aplicando
a equação (4.6). Vai existir sempre um erro associado uma vez que se está a aproximar
superfı́cies inerentemente curvas por rectas, no entanto o erro cometido será tanto menor
quanto maior o número de troços.
1 p
V olume = hV Ab + At + Ab At (4.6)
3
36 CAPÍTULO 4. IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO
A potência anual média é substituı́da neste trabalho pela potência média de uma
localização especı́fica. Uma determinada localização tem uma distribuiçao por classes do
vento como na figura 4.13, caracterizado pela fracção de tempo que o vento sopra a uma
determinada velocidade. Para cada velocidade é obtido um valor de potência e para se saber
a potência média é multiplicar a potência para uma determinada velocidade pela fracção de
tempo a essa mesma velocidade ao longo de todas as velocidades presentes na distribuição
por classes do vento (equação (4.1)).
20
X
P otenciaM edia = P (i).F T (4.7)
i=1
V olumeP a
(1.00 − 0.30) + 0.30 V olumeP aBase
CustoT otalP otência = P20 (4.8)
i=1 P (i).F T
4.4. VALIDAÇÃO MODELO OPTIMIZAÇÃO 37
Os princı́pios básicos que fazem um avião voar são os mesmos que fazem funcionar uma
turbina eólica. Se num avião a sustentação produzida nas asas é orientada verticalmente de
modo a equilibrar o peso do avião, numa turbina eólica pretende-se que essas mesmas forças
produzam rotação em torno de um eixo.
Assim e à primeira vista, os melhores candidatos a perfis para uma turbina eólica serão
os já utilizados e amplamente estudados perfis convencionais de aviões. Se por um lado isto
é verdade para turbinas grandes (de muitos metros de envergadura e vários megawatts de
potência), para as quais os números de Reynolds são semelhantes, para as turbinas mais
pequenas coloca-se o problema dos números de Reynolds baixos, o que faz com que os perfis
anteriormente identificados não sejam eficientes.
Com números de Reynolds inferiores a 106 o fluı́do em estudo, neste caso o ar, pode
não se comportar da maneira que o engenheiro aeronáutico está habituado, com os grandes
turbilhões a dominarem o escoamento aumentando o arrasto e diminuindo a sustentação.
Um outro problema associado aos números de Reynolds baixos é que a partir de 7 × 104 ,
limite identificado por Leitone na sua pesquisa [47] as teorias lineares utilizadas deixam de ser
válidas, começando a apresentar grandes desvios relativamente aos resultados experimentais.
Um outro aspecto muito importante na escolha dos perfis para uma turbina eólica é a sua
sensibilidade à rugosidade. Por diversos motivos, acumulação de pó, desgaste, gelos, pequenos
defeitos no fabrico, é importante que as propriedades aerodinâmicas de um determinado perfil
não sejam muito sensı́veis a pequenas alterações na geometria do mesmo.
A solução encontrada pelos projectistas para minimizar estes efeitos foi criar perfis com
uma espessura relativa elevada, de modo a atrasarem o mais possı́vel a separação do escoa-
39
40 CAPÍTULO 5. PERFIS PARA TURBINAS EÓLICAS
(a) Cl Vs α (b) Cl Vs Cd
O perfil NACA 65(3)-218, perfil para asas de aviões convencionais, foi o que apresentou o
coeficiente de sustentação mais baixo e muito irregular, uma vez que o número de Re utilizado
é muito inferior ao número de Re de projecto do perfil.
Os perfis com espessura relativas mais finas, FX 63-137 com 13% e Selig/Giguere SG6042
com 10% são os que apresentam os maiores valores de coeficiente de sustentação. Estes
resultados são consistentes com os encontrados na bibliografia [48] que identificam que perfis de
espessura relativa pequena produzirão mais sustentação. No entanto, os perfis com espessuras
relativas entre os 9% e os 12% apresentam perda abrupta. O mecanismo da perda desenrola-
se da seguinte maneira: existe um grande pico de sucção junto ao bordo de ataque que vai
provocar a separação do escoamento, seguidamente e devido ao efeito de Coanda, o escoamento
vai recolar mais a jusante formando uma bolha de recirculação. À medida que o ângulo de
ataque aumenta esta bolha vai ocupando todo o extradorso até que se separa sem possibilidade
de voltar a recolar, originando perda abrupta [52]. Este mecanismo tem como consequência
o aumento do arrasto e uma diminuição da eficiência.
Os perfis com espessuras relativas mais elevadas, Althaus 93-W-300 com 30%, o NACA
4418 com 18% e o S823 com 21%, apresentam valores de coeficiente de sustentação um pouco
5.2. ESCOLHA DO PERFIL 41
inferiores aos anteriores, no entanto ao terem uma maior espessura relativa fazem com que a
perda seja suave pela progressão da separação turbulenta a partir do bordo de fuga em direcção
ao bordo de ataque, o que permite manter o coeficiente de sustentação elevado durante mais
alguns ângulos de ataque.
Re − Reseguinte
Cl = Clseguinte + (Clanterior − Clseguinte ) (5.1)
Reanterior − Reseguinte
Resumindo, em cada iteração, para cada velocidade e em cada secção é obtido o número
de Reynolds local. Em seguida, os novos valores das polares aerodinâmicas são calculados,
sendo depois extrapoladas essas mesmas polares para valores de ângulo de ataque entre os
-180º e os 180º e reescritos os ficheiros aerodinâmicos para o programa Aerodyn.
42 CAPÍTULO 5. PERFIS PARA TURBINAS EÓLICAS
Como exemplo, é apresentada uma visualização do mapeamento feito para o perfil NACA
4416 na figura 5.2 para os coeficientes de sustentação (figura 5.2(a)) e de arrasto (figura
5.2(b)).
(a) Mapa Re para Coef. Sustentação (b) Mapa Re para Coef. Arrasto
Problemas em Estudo
6.1.1 Motivação
Uma empresa que constrói turbinas eólicas tem a possibilidade de adquirir uma nova
máquina para iniciar um novo ramo de negócio. Esse negócio consiste em fornecer turbinas
personalizadas aos clientes, sendo que a máquina a adquirir poderá alterar, ligeiramente e em
relação a uma geometria inicial, uma das variáveis de projecto: corda, envergadura, torção
ou velocidade de rotação.
Qual a variável com maior influência no custo total de potência de modo a que a máquina
a adquirir permita alterar essa variável?
6.1.2 Formulação
A pergunta que tem de ser respondida é: qual a variável de projecto que sofrendo pequenas
alterações, partindo de um projecto inicial, mais vai influenciar a performance geral da
43
44 CAPÍTULO 6. PROBLEMAS EM ESTUDO
turbina?
Para resolver este problema é realizado um estudo paramétrico, em que se faz variar
cada variável de projecto num intervalo entre −20% e +20% relativamente ao valor inicial,
sendo que a função que se procurou minimizar é o COE. Foi utilizado como projecto inicial
a geometria da Tabela 4.1 e foram efectuados testes nas localizações Alcochete, UTIAS e St.
Lawrence.
Pela definição do COE (equação (4.8)) a relação entre o COE e a potência não é totalmente
inversa, no entanto é-o aproximadamente. Analisando os resultados das figuras 6.1 e 6.2
verifica-se que o comportamento das variáveis é praticamente inversamente proporcional entre
ambos.
Adicionalmente, verifica-se que, com excepção da torção, cuja variação não provoca grandes
variações no COE e potência, a variação de todas as outras variáveis, relativamente à geome-
tria base, provoca grandes variações no COE e potência. Verifica-se ainda que a relação com
a potência é directamente proporcional, em que uma diminuição do valor das variáveis, relati-
vamente à geometria inicial, vai provocar uma diminuição na potência, e um aumento no valor
das variáveis um aumento na potência. E se a variação no valor das variáveis é aproximada-
mente directamente proporcional à potência, essas mesmas variações são aproximadamente
inversamente proporcionais ao COE.
Fisicamente este era o resultado expectável uma vez que aumentando a corda e a enver-
46 CAPÍTULO 6. PROBLEMAS EM ESTUDO
Se a análise efectuada à pá fosse similar à utilizada para uma asa de um avião convencional,
o comportamento observado para a torção não seria expectável, uma vez que se esperaria um
aumento da potência com o aumento da torção, porque estariamos a tornar os gradientes de
pressão mais intensos. No entanto, num avião convencional não existe o fenómeno da rotação
constante do sistema e que neste caso vai ter grande influência no desempenho geral. Em todas
as localizações estudadas, com excepção da localização Alcochete para valores negativos de
variação (figura 6.2(a)), variar positiva ou negativamente a torção vai resultar numa menor
potência e num maior COE. Isto significa que o projecto inicial se encontra num máximo local
da torção pelo que diminuindo a torção, vamos diminuir os gradientes de pressão e como tal
diminuir a potência e se aumentarmos a torção vai existir um pico de sucção muito intenso,
que vai provocar separação do escoamento e como tal uma diminuição da potência.
Já quando incrementamos o valor das variáveis (corda, envergadura e velocidade rotação) o
comportamento inverso observa-se, aumentando a potência e diminuindo o COE.
No entanto, as diferenças entre as variáveis observadas em cima não são tão acentuadas como
para a situação de valores inferiores ao projecto inicial. Este comportamento é explicado pela
dominância do denominador em relação ao numerador, sendo que ao se ter uma maior variação
na potência (denominador), qualquer variação no volume (numerador) é muito menos notada.
A variável velocidade de rotação, mesmo não sendo uma variável geométrica e como tal
não tendo influência directa na resposta ao problema de qual máquina escolher, é incluı́da
neste estudo porque é uma variável com grande impacto no desempenho geral. A velocidade
6.1. PROBLEMA 1 - ESTUDO PARAMÉTRICO DE SENSIBILIDADES 47
Da análise dos perfis médios (figura 6.3) conclui-se que a variável com maior impacto no
desempenho é a envergadura, conseguindo-se diminuições do COE de −30% e aumento da
potência de 40% com o aumento de 20% da envergadura. Não sendo possı́vel aumentar mais
a envergadura relativamente à geometria inicial, a segunda variável com maior impacto no
desempenho é a corda, conseguindo-se diminuir o COE em −16% e aumentar a potência em
48 CAPÍTULO 6. PROBLEMAS EM ESTUDO
As medidas num qualquer processo de fabrico são sempre definidas relativamente a uma
tolerância. O valor da tolerância vai depender do sistema em si e do processo de fabrico.
Assim, é importante compreender como varia o desempenho do sistema face a pequenas
variações relativamente à geometria definida. A figura 6.3 permite que se retirem algumas
conclusões básicas sobre este tema.
Relativamente à tolerância verifica-se que junto à geometria inicial uma variação de ±5%
vai ter um impacto no COE que pode chegar até ±10% no caso da envergadura e ±4% no
caso da corda. Assim, conclui-se que qualquer sistema construı́do com valores inferiores aos
da tolerância vai apresentar um desempenho inferior, pelo que deveria ser assegurado no
processo de fabrico que o limite inferior do intervalo de valores com que as pás saem da linha
de produção é superior ou igual ao especificado pela geometria teórica.
Respondendo à questão inicial conclui-se que as variáveis com maior influência no valor
do COE são, respectivamente, a envergadura e a corda, conseguindo-se diminuições no COE
de até −30%. Assim, a empresa deveria encomendar uma máquina que lhe permiti-se alterar,
relativamente a uma geometria inicial estabelecida, a envergadura de modo a conseguir maiores
diminuições no COE.
6.2.1 Motivação
Um cliente particular pretende colocar uma turbina eólica no telhado da sua casa de modo
a complementar o sistema eléctrico da sua casa. No entanto, a altura combinada da casa e
da turbina não podem exceder um determinado valor devido a constrangimentos impostos
pelo PDM ou à presença de linhas de média tensão. Esta limitação vai definir a envergadura
máxima da turbina eólica. Qual o melhor projecto para aquela localização especı́fica?
6.2. PROBLEMA 2 - OPTIMIZAÇÃO DE TURBINA EÓLICA COM ENVERGADURA FIXA49
6.2.2 Formulação
Como temos de escolher valores concretos para podermos fazer uma simulação vamos
imaginar a situação descrita na figura 6.4 em que o valor de Y é definido pelo PDM local
limitando a turbina a um diâmetro total de 5 metros, ou seja, a uma envergadura de 2,5
metros.
A questão a ser respondida é então, qual o melhor projecto que minimiza o COE para
uma envergadura máxima fixa de 2.5m?
Para determinar qual o projecto que minimiza o COE foi feita uma optimização para cada
localização partindo sempre do desenho inicial especificado na Tabela 4.1.
A figura 6.5 demonstra claramente o efeito que uma optimização especifica para uma
turbina em ambiente urbano, caracterizado por baixas velocidades de vento, tem no projecto
geral, sendo que todas as soluções finais são significativamente diferentes da inicial.
A distribuição da corda no projecto inicial é muito semelhante às turbinas de maiores
6.2. PROBLEMA 2 - OPTIMIZAÇÃO DE TURBINA EÓLICA COM ENVERGADURA FIXA51
dimensões, em que a menor velocidade nas secções mais interiores é compensada com o
aumento da corda e da torção. Já nas soluções optimizadas a distribuição da corda é diminuı́da
nas secções interiores e aumentada nas exteriores. Estas soluções não são independentes das
condições particulares em que estas turbinas operam. Ao serem pequenas e operarem a veloci-
dades baixas, os números de Reynolds locais vão também eles ser baixos, comparativamente
às turbinas maiores, podendo variar entre 4 × 104 e os 9 × 105 o que faz com o problema seja
formulado como um de baixo número de Reynolds (porque é inferior a 106 ). Nestes números
de Reynolds, os efeitos dos grandes turbilhões dominam o escoamento aumentando o arrasto,
pelo que para se obterem os mesmo gradientes de pressão é necessário aumentar a área e como
a envergadura está limitada a 2,5 metros a única maneira de o fazer é aumentando a corda.
A distribuição da corda é influenciada pela maneira como a função de custo está definida
(equação (4.8)), em que é privilegiada a potência em detrimento do volume, como explicitado
na análise de resultados do Problema 1. Assim, a solução final privilegiou o aumento da
potência e a forma de a obter foi aumentando a corda nas secções centrais e exteriores de modo
a obter maior sustentação, logo maior binário ao veio e consequentemente maior potência.
A distribuição da espessura para as três localizações foi igual e somente diferente da inicial
no ponto localizado a 60% da envergadura, em que o valor da espessura relativamente à corda
obtido foi de 14% face aos 13% da solução inicial.
A velocidade de rotação das três localizações optimizadas é muito semelhante, com valores
perto das 170 RPM, um valor que é 21% superior à inicial. Novamente, o optimizador procurou
52 CAPÍTULO 6. PROBLEMAS EM ESTUDO
maximizar a potência média e como visto no Problema 1 uma das formas de o fazer é aumen-
tando a velocidade de rotação.
(c) UTIAS
Figura 6.6: Geometria das pás depois de optimizadas, para as diferentes localizações, por
comparação com geometria inicial (vermelho)
Tabela 6.4: Volumes finais da pá nas diferentes localizações para o problem 2.
Figura 6.7: Curva de potência com a velocidade do vento para a solução optimizada.
localização Alcochete são praticamente desprezáveis pelo que o optimizador procurou maxi-
mizar a potência para as velocidades mais baixas e com tal as velocidades 4m/s, 5m/s e 6m/s
apresentam valores de potência superiores às outras localizações. O preço a pagar por este
comportamento nas velocidades mais baixas é visı́vel na região imediatamente a seguir aos
12m/s em que a potência decresce voltando a aumentar nas velocidades superiores.
O mesmo principio aplica-se nas outras localizações com especial evidência para a
localização St. Lawrence que ao ter uma distribuiçao por classes do vento com fracções
de tempo significativas acima dos 12m/s, apresenta na curva de potência valores superiores
às outras localizações acima dos 12m/s. A localização St. Lawrence apresenta ainda o valor
mais baixo do volume da pá.
O custo total de potência nas soluções optimizadas é inferior ao inicial em valores nunca
inferiores a −40% pelo que o objectivo primário de melhorar o projecto existente foi alcançado.
54 CAPÍTULO 6. PROBLEMAS EM ESTUDO
Ao optimizarmos uma turbina inicial para três localizações distintas, poderiamos estar na
realidade a simular um problema em que só disporı́amos de capital para implementar uma
turbina eólica, havendo três localizações alternativas. Qual dessas três localizações deveriamos
escolher para implementar a nossa turbina? A resposta a esta pergunta é dada analisando o
COE (figura 6.8), onde a localização que apresente o menor COE possı́vel é a melhor do ponto
de vista económico (secção 4.3.1). Verifica-se que a localização que apresenta o menor valor
do COE em termos absolutos é a localização com o maior potencial de vento, St. Lawrence.
Em segundo lugar é Alcochete e por último UTIAS. De um ponto de vista económico isto
significa que a localização mais atractiva é St. Lawrence.
6.3.1 Motivação
Uma determinada instalação isolada pretende suprir todas as suas necessidades energéticas
através da instalação de uma turbina eólica e de um sistema auxiliar de baterias. A dis-
tribuiçao por classes do vento local é conhecido e a potência anual média mı́nima exigida é
de 1.5KW.
6.3.2 Formulação
A questão a responder é: qual o projecto que permite minimizar o COE ao mesmo tempo
que garante uma potência média mı́nima de 1.5KW?
Os constrangimentos são a potência máxima do gerador, que é aqui definida como 25KW
e a imposição de termos uma potência média mı́nima de 1.5KW.
Para determinar qual o projecto que minimiza o COE ao mesmo tempo que garante
uma potência média mı́nima de 1.5KW foi feita uma optimização para cada uma das três
localizações. Aqui a estimativa inicial já não foi a turbina utilizada no problema 2 mas
antes a encontrada, pelo projectista, de modo a conseguir cumprir com os constrangimentos
em todas as localizações. A geometria utilizada para iniciar o processo de optimização é
apresentada na tabela 6.8.
A figura 6.9 apresenta os resultados obtidos. Apesar das diferentes distribuições por classes
do vento utilizadas, as soluções finais encontradas são todas muito semelhantes à inicial e entre
si.
Figura 6.10: Curva de potência com a velocidade do vento para a solução optimizada
A curva de potência para as diferentes localizações, figura 6.10, é muito semelhante para
as três localizações. Para as localizações com menor potencial de vento, as potências nas
velocidades intermédias, de 6m/s até 11m/s, foram privilegiadas, apresentando sempre valores
superiores, ainda que marginalmente, à localização St. Lawrence. Um comportamento curioso
é o facto de para as velocidades de 4m/s e 5m/s a potência para St. Lawrence ser superior às
das localizações de potencial inferior. Este facto é explicado pelas condições particulares da
solução encontrada, em que a solução mais optimizada é aquela em que se perde um pouco nas
velocidades baixas, para ganhar de forma consistente nas velocidades intermédias. A solução
para todas as localizações atinge ainda o valor máximo permitido pelo gerador de 25KW para
a velocidade de 20m/s.
Os valores de potência média obtidos para a localização St. Lawrence excedem o requi-
sito de 1.5KW em mais de 200%, pelo que se poderia esperar um projecto final muito mais
compacto. No entanto, a função que se está a minimizar é o COE, pelo que um projecto mais
compacto resultaria num volume menor e numa potência também menor, em que a redução
no volume não compensaria a diminuição na potência, obtendo-se um COE final superior ao
inicial.
Analisando a figura 6.12 e a tabela 6.11 verifica-se que, apesar de um projecto inicial bom,
conseguiu-se diminuir o COE em todas as localizações. As maiores reduções ocorreram para a
6.3. PROBLEMA 3 - OPTIMIZAÇÃO DE TURBINA EÓLICA COM CONSTRANGIMENTO DE POTÊN
Tabela 6.11: Diferenças entre o COE inicial e final para as diferentes localizações.
localização Alcochete com um COE inferior em −22%, seguidas de St. Lawrence com −9.97%
e finalmente UTIAS com −3.98%.
Com este problema demonstrou-se a capacidade de melhorar o COE ao mesmo tempo que
se obtém uma potência média mı́nima de 1.5KW. Foi possı́vel melhorar o COE, relativamente
ao projecto inicial, para todas as localizações com valores que variaram entre os 4% e os 22%,
ficando demonstrado o potêncial de se melhorar significativamente a solução inicial, e em
função de uma localização especı́fica, mesmo quando o projecto inicial é bastante bom.
60 CAPÍTULO 6. PROBLEMAS EM ESTUDO
Capı́tulo 7
Conclusões
Neste trabalho é apresentada uma abordagem multi disciplinar para optimizar uma turbina
eólica urbana para uma localização especı́fica. A modelação aerodinâmica foi implementada
com a teoria Blade Element Momentum Theory à qual foi acoplado o Método da Soma dos
Modos Normais para se obterem soluções aeroelásticas. O algoritmo de optimização utilizado
foi o Simplex, mas numa formulação expandida de modo a permitir problemas com con-
strangimentos. O código desenvolvido utiliza o núcleo do programa FAST, com a interface
das variáveis de entrada e saı́da desenvolvido em MATLAB, para as análises aerodinâmicas
e de desempenho da turbina. O programa FAST é um código muito completo que permite
simular uma turbina eólica com grande complexidade, tanto ao nı́vel da análise aerodinâmica
da turbina completa como ao nı́vel da interligação dos sistemas, sendo que no trabalho desen-
volvido apenas foram utilizados uma pequena parte das suas potencialidades. O algoritmo de
optimização utilizado é o Simplex, expandido para permitir problemas com constrangimentos,
e foi também ele implementado em MATLAB. A ligação e controlo dos fluxos de informação
entre o programa de cálculo e o optimizador foi implementado em MATLAB com as rotinas
desenvolvidas especificamente para esta aplicação. Os programas e metodologias desenvolvi-
das neste trabalho permitem que a adição de novos módulos e funcionalidades seja feita de
forma simples e transparente.
Nos problemas para testar o código implementado, o objectivo é minimizar o custo total
de potência (COE) da turbina, alterando a geometria da pá e a velocidade de rotação da
turbina. Neste trabalho, o COE foi definido relativamente ao volume da pá e à potência
média. Os custos directos de produção de uma pá foram adimensionalizados e a nova turbina
é relacionada com a inicial através do volume da pá.
61
62 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES
Os desafios no projecto de uma turbina eólica urbana optimizada para uma determinada
localização são muitos tendo apenas sido feita uma pequena abordagem neste trabalho. Como
forma de demonstrar as funcionalidades e potencialidades dos códigos desenvolvidos são apre-
sentados três problemas de aplicação. Uma turbina com 10KW foi utilizada como estimativa
inicial para os problemas um e dois.
velocidades intermédias em detrimento das velocidades mais altas. Mesmo com um projecto
inicial bom foi possı́vel melhorar o COE final em −22%, −9.97% e −3.98% para Alcochete,
St. Lawrence e UTIAS respectivamente.
O principal objectivo do trabalho foi desenvolver uma ferramenta que permitisse
calcular/optimizar uma turbina eólica urbana para uma qualquer localização especı́fica, não
através de um escalamento de uma turbina maior, mas antes efectuando uma análise própria
vocacionada para os aspectos únicos de uma localização urbana, com especial incidência na
parte aerodinâmica. As vantagens que daı́ advém são um menor custo total da energia (COE)
melhorando o retorno económico da implementação de uma turbina eólica. Considera-se que
o objectivo foi plenamente alcançado.
64 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES
Capı́tulo 8
Trabalho Futuro
65
66 CAPÍTULO 8. TRABALHO FUTURO
caso de uma turbina eólica. O programa FAST tem um módulo que permite retirar dados de
fadiga pelo que poderia ser utilizado para expandir as potencialidades do programa.
A modelação do escoamento do ar em meio urbano é uma assunto muito complexo e
que merece mais atenção. O escoamento foi considerado neste trabalho como perfeitamente
alinhado, não tendo sido considerados fenómenos de turbulência. Um possı́vel melhoramento
prende-se com a inclusão destes fenómenos na formulação do problema. O programa FAST
faz uso de um programa denominado IECwind que permite a simulação de condições de vento
mais realistas.
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