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O SAGRADO E AS RELAÇÕES DE PODER

Pf. Eduardo Sales

O Sagrado
Para entender o Sagrado e sua relação com as ideologias de dominação, iniciaremos da
reflexão de Bauman (1998, p.13), “A pureza é um ideal, uma visão da condição que ainda precisa ser
criada, ou que precisa ser diligentemente protegida contra as disparidades genuínas ou imaginadas.”.
Nesse conceito o mundo é uma condição neutra e a intrusão do ser humano propiciou o conceito de
puro e impuro, de limpo e sujo. Aplicando essa linha de reflexão como hermenêutica podemos
afirmar que o Sagrado pode ser entendido de duas perspectivas:
Primeiro, na pesquisa de Rudolf Otto, como algo pertencente à esfera humana, uma
impressão da realidade. Para Otto (2007), o Sagrado é -das ganz Andere, o "inteiramente outro",
totalmente diferente de tudo o mais, e que, não pode ser descrito em termos racionais. É uma força
que produz grande espanto, quase de temor, e por outro lado, tem um poder de atração ao qual é
difícil resistir. Essa relação do Sujeito com o Sagrado produz um sentimento de criatura, “Tomei a
liberdade de falar contigo, eu que sou poeira e cinza” (Gn 18:27), revela o aspecto Majestas,
avassalador, entendido a partir da nulidade própria. É o ato de tornar-se “pó e cinza”. Esse
sentimento de criatura, que anula o sujeito, permite a compreensão do Sagrado como Mysterium
Tremendum et Fascinosum, o espanto, o terror, assombro que ninguém pode resistir. Não é medo,
antes espanto Fascinosum, fascinante, que apavora e atrai” (OTTO, 2007, p.68).
O Sagrado possui dentro de si elementos morais e éticos, mas não pode ser reduzido a estes,
para Otto, o Sagrado está além da compreensão, sentido poderosa e intimamente.
A segunda perspectiva está configurada a partir da realidade social. Para Eliade (1992) o
Sagrado e o Profano constituem duas modalidades de ser no mundo. O Sagrado se configura no
espaço como “espaço Sagrado” e “espaço Profano”. Eliade acredita que nesse espaço o homem
obtém seu conhecimento do Sagrado porque este se manifesta como algo totalmente diferente do
Profano. Nessa perspectiva, o Sagrado é configurado a partir da realidade externa e social.
O entendimento do Sagrado em Otto coloca toda a força do Sagrado no elemento pessoal,
enquanto que Eliade coloca toda a força no elemento Social. Seguindo nossa hermenêutica, não são
elementos opostos, mas complementares. “Cada ordem tem a sua desordem; cada modelo de pureza
tem sua própria sujeira que precisa ser varrida” (BAUMAN 1998, p.20).
Esse duplo propósito do Sagrado é confirmado em Durkheim (1982, p. 22) que afirma a
“religião como construção racional sobre o incompreensível”, donde os rituais surgiram como
formas naturais de manipulação e controle do sobrenatural. Geertz (2003, p.66), também afirma a
dupla perspectiva Social-Pessoal e Pessoal-Social. “Os símbolos Sagrados sintetizam o Ethos de um
povo [...] a religião ajusta as ações humanas a uma ordem cósmica imaginada e projeta imagens da
ordem cósmica no plano da experiência humana”. Os símbolos tornam-se modelos da realidade, pois
são configurações extraídas da experiência, e modelos para a realidade, pois são configurações para
dirigir a experiência.
Concluí-se que o Sagrado possui forte papel nas estruturas de controle social. Exerce poder
de atração e sujeição; possui relação de significado com o espaço, definindo-o como Sagrado ou
Profano; entende-o como conjunto de representações sociais; e, numa interpretação dupla, torna-se
Modelo da realidade e Modelo para a realidade promovendo diversos ajustes sociais. Assim o
atrelamento do Sagrado a uma Ideologia política permite a dominação como forma de governo.

Qual a Relação do Sagrado com as Igreja Evangélicas da Atualidade?

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