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RODADA 20.2014
É o relatório.
FUNDAMENO E DECIDO:
Preliminar
Nos termos expressos do art. 19 da Lei n.º 6.368/76 (atual art.45 da Lei n.º
11.343/2006), a inimputabilidade ou semi-imputabilidade decorrente do uso
de substância entorpecente ou que determine dependência física ou
psíquica, seria apta para excluir a culpabilidade não apenas dos delitos
tipificados no próprio diploma legal, mas de qualquer infração penal. 2. Para
que haja exclusão ou diminuição da culpabilidade, a perda ou redução da
capacidade de entendimento do caráter ilícito do fato, em razão do uso do
entorpecente, deve ser decorrente de caso fortuito ou força maior. Em outras
palavras, a dependência química, por si só, não afasta ou reduz a
responsabilização penal. 3. A tão-só alegação de ser o réu consumidor
reiterado de drogas não torna obrigatória a realização do exame de
dependência química, mas cabe ao Juiz, a partir da análise do acervo
probatório e das circunstâncias do crime, avaliar a conveniência e
necessidade do ato. 4. Ao afastar a referida nulidade, arguida na apelação
defensiva, o Tribunal a quo, soberano na análise da matéria fática, entendeu
que as provas colhidas na instrução não indicariam, sequer indiciariamente,
que os Pacientes estivessem com a intelecção e volição prejudicadas durante
a prática do crime, mas, ao contrário, as circunstâncias que envolveram o
delito demonstrariam o pleno exercício da capacidade de discernimento dos
agentes no momento da conduta delituosa. 5. Cerceamento de defesa ou
prejuízo para a defesa não caracterizados. 6. Ordem denegada.(HC
118.970/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 16/12/2010,
DJe 07/02/2011)
Mérito
No caso em tela, temos situação que fica exatamente nessa linha tênue que
divide o roubo e o furto, quando o cometimento ocorrer sem violência, mas
com ameaça. A chave para decidir a questão diz respeito justamente à
intensidade da grave ameaça. Firme nessas premissas, temos que somente
gritar, ainda que bem alto e próximo à vítima, sem anunciar qualquer outro
mal em caso de não entrega do bem, não pode ser tratado como grave
ameaça, elementar do art. 157 do CP.
Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame.
Obviamente o agente de polícia não pode ser equiparado a perito. Ocupa
cargo diverso com atribuições distintas daquelas próprias dos peritos. Assim, o
tratamento do trabalho feito pelo agente de polícia segue a sistemática dos
peritos não oficiais, em que se exige a nomeação de 2 (duas) pessoas e não
apenas 1 (uma). Observe, à luz do mencionado art. 159 do CPP, que apenas
o perito oficial, vale dizer, aquele que prestou concurso público para o cargo
de perito pode assinar um laudo isoladamente. Nos demais casos, em que há
nomeação de peritos ad hoc, exige-se a nomeação de 2 (duas) pessoas
portadoras de diploma em curso superior para a elaboração do laudo.
Esse o quadro, o trabalho feito pelo agente Pedrão deve ser equiparado à
diligência de campo feita por um agente de polícia, e não como laudo
pericial. Firme nessas premissas, deve ser respondido se esta diligência é
suficiente a comprovar a materialidade do rompimento de obstáculo. Apesar
de o Direito Brasileiro não admitir as provas tarifadas, nesse ponto específico
do furto qualificado, o Superior Tribunal de Justiça vem tratando a questão
com bastante rigor. Entende que se for possível a realização de prova pericial,
sua ausência não pode ser suprida por qualquer outra diligência, em
interpretação literal do art. 167 do CPP, conforme mostram acórdãos a seguir:
Ante o exposto, o réu deve ser condenado pela prática de crime de furto
simples consumado (art. 155, caput, do CP) pela subtração do aparelho de
MP3.
Provas
Tendo em vista que as provas para ambos os crimes são idênticas, como
estratégia para ganhar tempo e evitar repetições desnecessárias, deve o
candidato analisa-las uma vez só.
Concurso de crimes
Dispositivo
Dosimetria
Primeira fase
De início, uma das possibilidades que surge é o candidato afirmar que fará
apenas uma dosimetria, com objetivo de evitar repetições desnecessárias e
que os crimes de furto praticados possuem circunstâncias judiciais idênticas.
Outra possibilidade é fazer duas dosimetrias, e levar em consideração as
diferenças entre cada um dos crimes: houve gritos praticados contra a vítima
no primeiro fato (furto do relógio) e houve destruição da janela no segundo
fato (observe que apesar de a falta da perícia impedir o reconhecimento da
qualificadora de rompimento do obstáculo, tal fato pode ser levado em
conta pelo magistrado para considerar negativas as circunstâncias do crime).
Particularmente, preferimos a primeira opção, por ser mais prática e
tecnicamente ser igualmente adequada.
A culpabilidade do agente é grave em decorrência pelo fato de ingressar na
garagem da vítima, o que denota sua ousadia, além de trazer a vítima
sensação de pânico pelos atos que poderiam decorrer da abordagem
naquelas condições.
Se for adotada a tese do crime único, nas circunstâncias do crime deverá ser
explorado fato de terem sido subtraídos dois bens diferentes, havendo,
inclusive, destruição de obstáculo (janela do veículo) para consecução de
um deles.
Segunda fase
Terceira fase
Pena de multa
Providências finais
Não há necessidade de ser feita análise imediata de detração, visto que, não
obstante a ocorrência de prisão cautelar anterior (artigo 387, parágrafo 2, do
CPP), o réu responderá ao restante do processo em liberdade. Mas o
candidato deve deixar claro na sentença porque não é caso de analisar a
detração.
Melhores Respostas:
Local/data