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THIAGO PEREIRA PINTO

AVALIAÇÃO DO USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE NA REGIÃO


NORTE MATO-GROSSENSE

SINOP
2012
1

THIAGO PEREIRA PINTO

AVALIAÇÃO DO USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE NA REGIÃO


NORTE MATO-GROSSENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Banca Examinadora do Departamento de
Engenharia Civil da Universidade do Estado de
Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Flavio Alessandro


Crispim

SINOP
2012
2

THIAGO PEREIRA PINTO

AVALIAÇÃO DO USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE NA REGIÃO


NORTE MATO-GROSSENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


banca Examinadora do Departamento de
Engenharia Civil da Universidade do Estado de
Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado: 04 de Junho de 2012.


Banca Examinadora:

__________________________________________
Prof. Dr. Flavio Alessandro Crispim
Orientador
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop

_____________________________________________
Prof. Dr. Rogério Dias Dalla Riva
Avaliador
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop

_____________________________________________
Profª. Aline Cristina Souza dos Santos
Avaliador
UNEMAT – Campus Universitário de Sinop
3

THIAGO PEREIRA PINTO

Eu, Thiago Pereira Pinto, atesto para os devidos fins que os dados e informações
constantes neste trabalho, intitulado: AVALIAÇÃO DO USO DO PENETRÔMETRO
DINÂMICO LEVE NA REGIÃO NORTE MATO-GROSSENSE, são verídicos
segundo as fontes utilizadas e originais segundo a abordagem e tratamento dado
aos mesmos por mim, e que a obra em suas partes constituintes e no seu todo são
de minha autoria. Assim, eximo de qualquer responsabilidade o professor orientador
e os demais participantes da banca de defesa de autoria e da veracidade dos dados
e informações apresentadas que possam existir neste trabalho.

Sinop, 04 de Junho de 2012.


4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todas as graças alcançadas, e a família, base de todas


as realizações.
À minha mãe, Antonia Reinehr, pela grande dedicação, garra e carinho que a
mim dedica.
Ao meu pai, Claudio Aparecido Pereira Pinto, pelo grande carinho e amor, e
por ter me apresentado desafios constantemente, o que com certeza foi um fator
determinante para o meu crescimento pessoal e intelectual.
Ao meu avô, José de Arruda Pinto (in memorian), pelo exemplo de
inteligência e trabalho.
Ao meu padrinho, Olavio Reinehr, por todas as conversas e orientações
pessoais.
Ao Prof. Dr. Wilson Conciani, pelo importante auxílio na construção do
aparelho.
Aos professores do IFMT de Cuiabá, Prof. Me. Luiz Carlos de Figueiredo e
Prof. Ilço Ribeiro Junior pelas primeiras informações prestadas, que foram de grande
valia para a construção do presente trabalho.
Ao Prof. Me. Claudio Ernani Martins Oliveira pela grande e valiosa orientação
no inicio deste trabalho e todos os conhecimentos transmitidos durante a graduação.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Flavio Alessandro Crispim pela enorme paciência
na discussão da realização deste trabalho, conhecimentos transmitidos e ajuda.
Ao Prof. Dr. Rogério Dias Dalla Riva, pelos conhecimentos transmitidos e
indagações durante a realização das pesquisas.
Aos companheiros acadêmicos de Engenharia Civil que auxiliaram na
realização dos ensaios, em especial ao Jeferson Paraiba, e ao Roberto Aguiar dos
Santos.
Ao Engenheiro Civil Cleverson Pastore, do qual partiram as primeiras
indagações que culminaram neste trabalho, e também pelos enormes
conhecimentos transmitidos e discutidos sobre a boa pratica da Engenharia.
À Accion Construtora e Incorporadora, em especial na pessoa dos seus
representantes, Engenheiro Civil Alessandro Salles Silva e o Arquiteto Marcos
Eduardo Ravazzi, pelas oportunidades e conhecimentos transmitidos, e apoio na
realização do presente trabalho.
5

À Carcaça no Lugar Tornearia, na pessoa do Sr. Edmar, pela ajuda na


construção do aparelho utilizado nesta pesquisa.
Aos autores das referências utilizadas neste trabalho.
A todos os professores.
A todos os meus amigos, pela excelente convivência durante a graduação,
em especial aos companheiros Andréia de Medeiros, Lucas Mário, Gabriela di
Mateos, Gabriela Polachini, João Anderson Demski, João Victor Zanela, Kelvim
Antonio de Miranda e Ray Laurindo Sano.
Aos integrantes do “Grupo Só Moage”, pela diversão proporcionada, já que se
a Engenharia não der certo, não vai ser a música.

“Enivrez-vous.
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous”.
Baudelaire
6

RESUMO

PINTO, Thiago Pereira. Avaliação do uso do Penetrômetro Dinâmico Leve na


região norte mato-grossense. Sinop, 2012. 88 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Civil). Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus
Universitário de Sinop. Sinop, 2012.

A prospecção geotécnica fornece ao profissional responsável pelas fundações os


dados geotécnicos necessários ao projeto das mesmas. O ensaio tradicionalmente
utilizado é o Standard Penetration Test (SPT), porém sua utilização na região norte
do Mato Grosso muitas vezes é dificultada, devido às grandes distâncias de
deslocamento, gerando um custo de mobilização e operação relativamente alto. O
presente estudo visou analisar as possibilidades de uso do Penetrômetro Dinâmico
Leve (Dynamic Probing Light – DPL) na região. Para tanto construiu-se um aparelho
e com o mesmo foram realizados cinco campanhas de sondagens em Sinop-MT e
uma em Itaúba-MT. Com o estudo foi possível concluir que: (i) o DPL mostrou-se um
equipamento prático e ágil, de dimensões reduzidas e que exige baixos custos de
mobilização e operação; (ii) a sensibilidade do aparelho em solos moles da região
mostrou-se adequada; (iii) o ensaio demonstra boa aplicabilidade a projeto de
fundações superficiais e profundas corriqueiras em obras da região.

Palavras-chave: Fundações; Penetrômetros Dinâmicos; DPL; Solos Moles.


7

ABSTRACT

PINTO, Thiago Pereira. Evaluation of the Dynamic Probing Light in the northern
Mato Grosso. Sinop, 2012. 88 p. Course Conclusion Work (Civil Engineering
Graduation). Universidade do Estado de Mato Grosso, Sinop Campus. Sinop, 2012.

The geotechnical prospection supplies to the responsible professional for the


foundations the necessary geotechnical data to the project of the same ones. More
the traditionally used essay is Standard Penetration Test (SPT), however its use in
the region north of the Mato Grosso many times and has made it difficult, given to the
great distances of displacement, generating a cost of mobilization and relatively high
operation. The present study it has aimed at to analyze the possibilities of the use of
the Dynamic Probing Light ( DPL) in the region. For in such a way a device was
constructed and with five campaigns of soundings in Sinop-MT and one in Itaúba-MT
had been the same carried through. With this study it is possible to conclude that: (i)
the DPL revealed a practical and agile equipment, of reduced dimensions that it
demands basses costs of mobilization and operation; (II) the sensitivity of the device
in soft soils of the region revealed adequate; (III) the assay demonstrates to good
applicability the project of current superficial and deep foundations in workmanships
of the region.

Keywords: Foundations; Dynamic Probing; DPL; Soft Soils.


8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Perfil resultante da decomposição de rochas ........................................... 17


Figura 2 - Ensaio de carga de prova sobre placa ...................................................... 22
Figura 3 - Amostrador do SPT................................................................................... 23
Figura 4 - Esquema de ensaio SPT .......................................................................... 24
Figura 5 - Medição do torque para o SPT-T .............................................................. 25
Figura 6 - Esquema de ensaio CPT .......................................................................... 27
Figura 7 - Resultados típicos obtidos com um ensaio CPTU .................................... 28
Figura 8 - Cone ......................................................................................................... 29
Figura 9 - Ensaio de palheta ..................................................................................... 30
Figura 10 - Ensaio pressiométrico ............................................................................. 32
Figura 11 - Aparelhagem para o ensaio dilatométrico ............................................... 33
Figura 12 - Penetrômetro manual de Barentsen ....................................................... 36
Figura 13 - Esquema geral de um DP ....................................................................... 37
Quadro 1 - Características para aparelhos de penetração dinâmica ........................ 38
Figura 14 - Ponteira dos Penetrômetros. .................................................................. 39
Figura 15 - Aparelho DPL e acessórios ..................................................................... 46
Figura 16 - Detalhes das partes do equipamento...................................................... 47
Figura 17 - Detalhe da Ponteira do DPL ................................................................... 48
Figura 18 - Detalhe do guincho manual .................................................................... 49
Figura 19 - Perfil do solo de Sinop-MT ...................................................................... 50
Figura 20 - Pontos Selecionados em Sinop-MT ........................................................ 51
Figura 21 - Pontos Ensaiados em Itaúba-MT ............................................................ 52
Figura 22 - Execução do ensaio de DPL ................................................................... 53
Figura 23 - Ruptura da solda na interface ponteira-barra .......................................... 54
Figura 24 - Valores de N para o solo de Sinop-MT ................................................ 55
Figura 25 - Valores de N para o solo de Itaúba-MT................................................ 56
Figura 26 - Comparação entre os valores de N , Q e N , para os Locais 02 e 03.................. 58
Figura 27 - Comparação entre os valores de N , Q e N , para os Locais 04 e 05.................. 59
Figura 28 - Valores de N e Q para os Locais 01 e 06 ........................................... 60
Figura 29 - Valores de q  para os solos ensaiados ................................................. 62
Figura 30 - Valores de σ  para os solos ensaiados ............................................... 63
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fatores empíricos para o tipo de solo ......... Erro! Indicador não definido.
Tabela 2 - Fatores empíricos para o tipo de estaca ..... Erro! Indicador não definido.
Tabela 3 - Características do aparelho construído .................................................... 48
10

LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS

 Área de ponta da estaca (m²)


 Coeficiente de uniformidade
 Diâmetro do Martelo
 Valor medido de energia aplicada pelo martelo
 Módulo de elasticidade oedométrico do solo
 Módulo de elasticidade pressiométrico
 Energia teórica por golpe do martelo
 Módulo de cisalhamento do solo
 Índice de plasticidade
 Índice de plasticidade
 Coeficiente de empuxo no repouso
 Número de golpes para cada 100 mm de penetração para o DPL, DPM,
DPH, DPSH-A e DPSH-B
 Número de golpes para cada 100 mm de penetração para o DPH
! Número de golpes para cada 100 mm de penetração para o DPL
" Número de golpes para cada 200 mm de penetração para o DPSH-A e
DPSH-B
 Número de golpes necessários a cravação do amostrador SPT
#$ Número de golpes necessários a cravação do amostrador SPT
%& Razão de atrito
'( Resistência não drenada do solo
)* Resistência por atrito lateral em ensaios de cone
)* Resistência lateral do DPL via torque (kPa);
+, Número de barras extensoras conectadas ao DPL
- Pressão para a posição de deslocamento zero da membrana do dilatômetro
- Pressão para a posição de deslocamento de 1 mm da membrana do
dilatômetro
-. Pressão atmosférica
/0 Resistência de ponta do ensaio de cone
/ Resistência de ponta dos penetrômetros
/& Tensão admissível de ponta para a estaca (m²);
11

1 Valores de resistência de trabalho para penetração no terreno


2 Coeficiente de rigidez
2" Expoente de rigidez;
2! Limite de liquidez
3 e 4 Fatores empíricos
3" e 4" Fatores empíricos
5′7 Tensão vertical efetiva
5. Tensão admissível do solo;
∆5´7 Variação de tensão efetiva
A Área nominal da base do cone
ABGE Associação Brasileira De Geologia De Engenharia
ABNT Associação Brasileira De Normas Técnicas
AENOR Associación Española de Normalización y Certificación (Associação
Espanhola de Normatização e Certificação)
CPT Cone Penetration Test (Ensaio de penetração com cone)
CPTU Piezocone Penetration Test (Ensaio de penetração de piezocone)
D Diâmetro da base do cone
d Diâmetro externo máximo das barras de extensão para ensaios de DP
DER-MG Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
DP Dynamic Probing (Penetrômetro Dinâmico)
DPH Dynamic Probing Heavy (Penetrômetro Dinâmico Pesado)
DPL Dynamic Probing Light (Penetrômetro Dinâmico Leve)
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................... 14
1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 14
1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 14
1.2 ESCOPO .......................................................................................................... 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 17
2.1 SOLOS ............................................................................................................. 17
2.1.1 Formação .................................................................................................. 17
2.1.2 Solos Arenosos ........................................................................................ 18
2.1.3 Solos Finos (Argilas e Siltes) .................................................................. 19
2.2 FUNDAÇÕES ................................................................................................... 19
2.2.1 Fundações Superficiais ........................................................................... 20
2.2.2 Fundações Profundas .............................................................................. 20
2.3 ENSAIOS GEOTÉCNICOS DE CAMPO PARA PROJETO DE FUNDAÇÕES 21
2.3.1 Ensaio de Prova de Carga sobre placa .................................................. 22
2.3.2 Ensaio de Percussão Padrão (SPT) e ensaio de Percussão com
medida de Torque (SPT-T) ...................................................................................... 23
2.3.3 Ensaio de Cone (CPT) e de Piezocone (CPTU) ...................................... 26
2.3.4 Ensaio de Palheta in situ ......................................................................... 29
2.3.5 Ensaio Pressiométrico ............................................................................. 31
2.3.6 Ensaio Dilatométrico ................................................................................ 33
2.3.7 Ensaios de Penetrômetros Dinâmicos (DP´s) ........................................ 34
2.3.7.1 Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) .................................................. 42
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 46
3.1 MATERIAIS ...................................................................................................... 46
3.1.1 Construção do Aparelho .......................................................................... 46
3.1.2 Solo Norte Mato-grossense ..................................................................... 49
3.1.3 Critérios de Escolha dos Locais Analisados ......................................... 50
3.2 MÉTODOS ....................................................................................................... 52
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................... 54
4.1 DADOS DO APARELHO .................................................................................. 54
4.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS ....................................................................... 55
13

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 65
6 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ...................................................... 66
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67
APÊNDICE A – Resumo dos ensaios de DPL realizados ..................................... 72
ANEXO A – Relatório de campo para ensaio de DP ............................................. 73
ANEXO B – Relatórios de SPT do Local 02 ........................................................... 74
ANEXO C – Relatórios de SPT do Local 05.........................................................78
14

1 INTRODUÇÃO

O ensaio geotécnico tradicionalmente utilizado em sondagens é o Standard


Penetration Test (SPT), muito difundido no Brasil e praticamente o único ensaio de
prospecção empregado no Estado de Mato Grosso. Em grande parte do Estado
existem restrições à execução de sondagens, mesmo considerando o uso do SPT. A
maioria das obras é de pequeno ou médio porte, demandando ensaios de baixo
custo e isto, somado às grandes distâncias entre os centros urbanos e a
precariedade dos acessos, além da carência de mão-de-obra especializada,
aumenta os custos de mobilização e execução de sondagens em obras civis.
Este cenário, aliado ao fato de que, em algumas regiões - como é o caso do
município de Sinop-MT - há ocorrência de solos de baixa resistência onde o SPT
não apresenta bons resultados. Tal fato indica a necessidade de se pesquisar um
ensaio de sondagem alternativo, ou seja, um aparelho leve, de execução simples e
com baixo custo de mobilização, tal como o Penetrômetro Dinâmico Leve (Dynamic
Probing Light - DPL), embora não se possa descartar a larga experiência acumulada
com o ensaio SPT no país.
Dentro deste contexto o presente trabalho buscou verificar as possibilidades
de utilização e a resposta do uso à sondagem com Penetrômetro Dinâmico Leve, na
região norte de Mato Grosso.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar a utilização do ensaio de


campo tipo DPL no solo da região de Sinop-MT e Itaúba-MT e verificar sua
viabilidade técnica e econômica na obtenção de parâmetros geotécnicos para
projeto de fundações.

1.1.2 Objetivos Específicos

O presente trabalho apresenta os seguintes objetivos específicos:


• Construir um Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL);
15

• Executar o ensaio de penetração dinâmica no solo da região de Sinop-MT e


Itaúba-MT;
• Verificar a viabilidade técnica e econômica de realização do ensaio.

1.2 ESCOPO

Esta monografia foi estruturada em 6 capítulos, além de apêndices e anexos.


O Capítulo 1 apresenta a introdução da presente monografia, seus objetivos e o
escopo sob o qual está organizado o texto.
O Capítulo 2 fornece a fundamentação teórica do trabalho, versando sobre os
assuntos necessários ao perfeito entendimento do trabalho. É feita uma revisão
sobre o solo, sua formação e características que definem seu comportamento,
dando ênfase àqueles geralmente encontrados na região norte mato-grossense.
Após, são apresentadas as fundações, seus tipos, critérios de desempenho e
projeto, sendo então detalhados os principais ensaios geotécnicos utilizados para os
projetos de tais elementos, apontando suas características, procedimentos,
experiências anteriores no país, procedimentos para dimensionamento das
fundações, além das vantagens e desvantagens. Nesta última parte também é
apresentado o DPL, equipamento utilizado na presente pesquisa.
O Capítulo 3 descreve a metodologia de construção do aparelho. É feita a
descrição do solo sinopense, baseado nos ensaios já realizados, e então são
explicados os critérios utilizados para escolha dos locais de aplicação dos ensaios
de DPL.
O Capítulo 4 traz a apresentação e a análise dos resultados dos ensaios
realizados com o aparelho, apresentando os parâmetros obtidos a partir de tais
ensaios e comparando os perfis de solos entre os pontos ensaiados. Apresentam-se
também os problemas encontrados durante a execução e os procedimentos
efetuados para a resolução destes.
As conclusões sobre a utilização do aparelho de sondagens tipo DPL na
região norte do Mato Grosso são apresentadas no Capítulo 5.
Sugestões para futuras pesquisas podem ser encontradas no Capítulo 6.
No APÊNDICE A são apresentados de forma resumida os resultados dos
ensaios de DPL realizados.
16

No ANEXO A é apresentada a planilha de campo para a anotação dos dados


do ensaio de DPL.
No ANEXO B é apresentado um relatório de sondagem SPT realizado em
Sinop-MT.
17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SOLOS

Solo, palavra derivada do latim solum, é definido como um material não


consolidado na crosta terrestre, originado a partir da decomposição das rochas por
ação do intemperismo (HOLANDA, s.d. apud DNIT, 2006). Do ponto de vista da
engenharia civil considera-se solo todo e qualquer material que possa ser escavado
sem a necessidade de explosivos.
Basicamente solos são constituídos por um conjunto de partículas com água
ou algum outro líquido, e ar nos espaços vazios, estando seu comportamento ligado
à interação das partículas sólidas entre si (PINTO, 1998).

2.1.1 Formação

Os solos são originados da decomposição de rochas que inicialmente


compunham a crosta terrestre, formando um perfil próximo ao apresentado na
Figura 1.

Figura 1 - Perfil resultante da decomposição de rochas

Fonte: DNIT (2006).

Tal decomposição é fruto da ação de agentes físicos e químicos, que


provocam trincas, fissuras, variações de tensões, ataques químicos, oxidação,
carbonatação, etc (PINTO, 2006). Em locais de clima quente, como é o caso das
regiões tropicais, tais ações são intensificadas, e o solo resultante é, de maneira
18

geral, formado por pequenas partículas diferenciadas pelo tamanho e composição


química, esta dependendo da composição química da rocha que lhe deu origem.
A característica básica utilizada para diferenciar solos e rochas é o tamanho
dos grãos. Sendo assim, são classificados, de acordo com a ABNT (1995), como:

• Bloco de Rocha: fragmentos de rocha, com diâmetro maior que 1,0 m;


• Matacão: fragmentos de rocha, em geral arredondados por ação de
intemperismo ou abrasão, com dimensões entre 200,0 mm a 1,0 m;
• Pedra de mão: fragmento de rocha com diâmetro entre 60,0 a 200,0 mm;
• Pedregulho: solos constituídos por minerais ou partículas de rochas, com
diâmetros entre 2,0 a 60,0 mm;
• Areia: solos não coesivos e não plásticos, formados por grãos com dimensões
entre 0,06 e 2,0 mm;
• Silte: solo de pouca ou nenhuma plasticidade, constituído por partículas com
diâmetros entre 0,002 e 0,06 mm;
• Argila: solo de graduação fina, com dimensões menores que 0,002 mm. Tem
seu comportamento predominantemente plástico, moldando-se em diferentes
formas quando úmido e quando seco apresenta coesão suficiente para a
formação de torrões dificilmente desagregáveis.

Segundo França (2003), apesar do solo na natureza ser composto por


diversas frações, é usual dividir seu estudo em função da fração que mais influencia
no seu comportamento, podendo esta ser arenosa ou argilosa.

2.1.2 Solos Arenosos

De acordo com Pinto (2006), na Engenharia Geotécnica, em especial de


fundações, o termo areia designa solos em que a fração de areia é superior a 50%,
pois areias com teor de finos entre 20 a 40% tem seu comportamento influenciado
pela fração de argila. Portanto, na Mecânica dos Solos, areias são tidas como
matérias granulares com reduzida porcentagem de finos, os quais não interferem
significativamente no comportamento do conjunto.
19

Por serem granulares, as areias são bastante permeáveis, portanto, em


carregamentos a ela submetidos em obras de engenharia, a dissipação das poro-
pressões devido a tais tensões ocorre rapidamente. Então, a resistência das areias
pode ser definida em função das tensões efetivas (PINTO, 2006).

2.1.3 Solos Finos (Argilas e Siltes)

De acordo com Pinto (1998), quando a porcentagem de material passando na


peneira número 200 está compreendida acima de 50%, o solo é classificado como
fino. Em tal caso ele será considerado como argila ou silte.
Argilas e siltes, na prática brasileira da engenharia de fundações, têm sua
distinção dada basicamente pelo aspecto apresentado numa classificação táctil-
visual. Basicamente, o solo argiloso apresenta-se bastante plástico em contato com
a água, formando torrões duros ao secar. Já aqueles siltosos são mais suaves ao
manuseio na presença de água, e esfarelam-se com facilidade ao secar
(PINTO, 1998).
O comportamento de argilas em geral diferencia-se do comportamento de
areais em razão de sua baixa permeabilidade, razão pela qual se deve conhecer a
resistência do solo tanto em termos de carregamento drenado como de
carregamento não drenado (PINTO, 2006).
A resistência de uma argila é função do seu índice de vazios, e este é
dependente das tensões atuantes e que já atuaram sobre a mesma, além da própria
estrutura da argila (PINTO, 2006).

2.2 FUNDAÇÕES

Fundações são estruturas responsáveis por transmitir os esforços da


superestrutura ao solo, compatibilizando-os com as tensões e deslocamentos
admissíveis desta.
Classificam-se as fundações em dois grandes grupos:

• Fundações Superficiais;
• Fundações Profundas.
20

2.2.1 Fundações Superficiais

Fundações superficiais, segundo definição da ABNT (2010), são aquelas em


que a carga é transmitida ao terreno basicamente pelas tensões distribuídas pela
base do elemento, além da profundidade de assentamento ser inferior a duas vezes
a menor dimensão da fundação.
Entre os tipos de fundações superficiais, segundo Velloso e Lopes (1998),
podemos citar:

• Bloco;
• Sapata;
• Viga de fundação;
• Grelha;
• Sapata associada;
• Radier.

A previsão de carga em fundações superficiais pode ocorrer através de três


diferentes métodos (ABNT, 2010):
• Métodos teóricos: a tensão admissível é determinada a partir de
características de compressibilidade e resistência ao cisalhamento do solo,
através de teoria desenvolvida na Mecânica dos Solos;
• Métodos empíricos: aqueles em que as propriedades dos materiais são
obtidas a partir de correlações e então utilizadas em teorias desenvolvidas na
Mecânica dos Solos;
• Métodos semi-empíricos: são aqueles em que a pressão admissível do
solo é feita a partir da descrição do solo, consultando tabelas de pressões
admissíveis para cada tipo de solo.

2.2.2 Fundações Profundas

A ABNT (2010) define fundações profundas como elementos de fundação que


transmitem a carga ao terreno parte por sua ponta (resistência de ponta), parte por
sua superfície lateral (resistência do fuste) ou ainda pela soma de ambos os efeitos.
21

Além disso, tais elementos devem estar apoiados em uma cota de profundidade
superior ao dobro de sua menor dimensão em planta e mínima de 3 metros.
Velloso e Lopes (1998) organizam as fundações profundas de acordo com
três tipos:

• Estaca;
• Tubulão;
• Caixão.

Segundo Décourt (1998), no caso de estacas, parte das cargas serão


transmitidas pela resistência ao cisalhamento ao longo do fuste, e parte pelas
tensões normais atuantes na sua ponta. Assim, a capacidade de carga é definida
como a soma das capacidades de carga máxima das resistidas pela ponta e pelo
atrito lateral.
Deste modo, Décourt (1998) afirma que a capacidade de carga pode ser
avaliada através de processos diretos e indiretos. Nos procedimentos diretos os
valores de capacidade de carga são definidos a partir de correlações empíricas ou
semi-empíricas com ensaios in situ. Já os ditos indiretos referem-se àqueles
processos em que a capacidade de carga é obtida a partir de formulações teóricas
ou experimentais utilizando-se características de rigidez e cisalhamento dos solos,
obtidas a partir de ensaios in situ e/ou laboratoriais.

2.3 ENSAIOS GEOTÉCNICOS DE CAMPO PARA PROJETO DE FUNDAÇÕES

No projeto geotécnico e de fundações, é necessário um conhecimento


adequado do solo. Assim, é necessária a classificação e identificação das várias
camadas componentes do subsolo a ser analisado, avaliando em conjunto suas
propriedades de engenharia necessárias e adequadas ao projeto. Tal classificação
exige a execução de ensaios no solo que servirá de suporte a obra, podendo estes
ser em laboratório, ou in situ (ALMEIDA, 1998).
Nos itens a seguir são descritos alguns dos principais ensaios in situ.
22

2.3.1 Ensaio de Prova de Carga sobre Placa

O ensaio de Prova de Carga sobre placa, segundo Costa (1999) consiste em


um ensaio estático de campo que tem por finalidade obter o comportamento de um
elemento de fundação solicitado a esforços de compressão, além da obtenção de
parâmetros estimados de resistência e deformabilidade. Teixeira e Godoy (1998)
definem o ensaio como uma prova sobre um modelo reduzido de uma sapata, tendo
este nascido antes mesmo das conceituações da Mecânica dos Solos.
Segundo Costa (1999) a prova de carga sobre placa é tida como o mais
antigo ensaio in situ de compressão. No Brasil, a norma regulamentadora do ensaio
de carregamento sobre placa é a NBR 6489 - Prova de carga direta sobre terreno de
fundação (1984). Segundo Teixeira e Godoy (1998) o ensaio é realizado através da
aplicação de carregamentos sucessivos a uma placa de aço de 80 cm de diâmetro.
Com a leitura dos recalques ocorridos (conforme ilustrado na Figura 2a), tem-se
então o gráfico do comportamento Tensão x Recalque do solo ensaiado como o
apresentado na Figura 2b.

Figura 2 - Ensaio de carga de prova sobre placa

a) Esquema do ensaio b) Gráfico de Tensão x Recalque do solo


Fonte: Adaptado de Teixeira e Godoy (1998).

A interpretação do gráfico resultante, segundo Teixeira e Godoy (1998), pode


ser feita de acordo com os critérios de ruptura e recalques que norteiam qualquer
projeto de fundações, extrapolando-se o modelo de placa para estimar os recalques
de uma sapata de fundação.
Segundo Almeida (1998) a prova de carga em placa é uma das melhores
maneiras de determinação das características de deformação do solo (recalques
23

versus carregamento). Algumas das desvantagens do ensaio é a mobilização devido


à dimensão dos equipamentos envolvidos, além do tempo de execução necessário
por ponto ensaiado.

2.3.2 Ensaio de Percussão Padrão (SPT) e Ensaio de Percussão com Medida de


Torque (SPT-T)

O Standard Penetration Test (SPT), ensaio desenvolvido no final da década


de 1920, constitui certamente um dos mais utilizados, rotineiros e econômicos
métodos de ensaio utilizados no projeto de fundações no mundo.
Introduzido no Brasil em 1939 através do Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(IPT), é normatizado pela ABNT (2001). O ensaio consiste na medida de resistência
dinâmica atrelada a uma sondagem de simples reconhecimento. A perfuração é
realizada através da perfuração a trado e circulação de água através de um trépano
de lavagem. O solo é coletado a cada metro de profundidade por meio de
amostrador padrão representado na Figura 3, de diâmetro externo de 50 mm.

Figura 3 - Amostrador do SPT

Fonte: Pinto (2006).

O procedimento de ensaio, segundo a ABNT (2001), consiste na cravação do


amostrador 45,0 cm no fundo de uma escavação, através da queda de um martelo
de 65 kg a altura de 75,0 cm, conforme esquematizado na Figura 4, anotando-se o
número de golpes necessários para a cravação em três intervalos de 15,0 cm. O
valor  (ou #$ ) é então o número de golpes necessários para a penetração dos
últimos 30,0 cm do equipamento no solo. Ao retornar o amostrador à superfície, faz-
se a coleta das amostras do interior deste para a classificação do tipo de solo.
24

Figura 4 - Esquema de ensaio SPT

Fonte: Pinto (2006).

O ensaio de SPT-T consiste na medição do torque junto à realização do


ensaio de SPT.
Segundo Mota (2003), a introdução da medida de torque foi proposta em
1988 por Ranzini. A medição do torque proposta por Ranzini não altera em nada o
procedimento para obtenção do  , sendo apenas necessário, após a cravação do
equipamento, o acoplamento de um torquímetro à haste do SPT e a execução da
medida de torque existente entre o amostrador e o solo. O esquema de medição do
torque é mostrado na Figura 5.
25

Figura 5 - Medição do torque para o SPT-T

Fonte: Mota (2003).

Do ensaio de SPT resulta então um perfil estratigráfico do solo, com o  de


cada camada ensaiada e o nível do lençol freático. Segundo Braga (2011) a partir
destes dados pode-se fazer o dimensionamento de fundações profundas e
superficiais através de métodos empíricos e semi-empíricos. Segundo Décourt,
Albiero e Cintra (1998), no Brasil os métodos mais utilizados para dimensionamento
de estacas são os semi-empíricos de Aoki-Velloso e o de Décourt-Quaresma.
Uma das grandes vantagens de tal ensaio é o fato deste possuir um extenso
banco de dados, formado por solos de diferentes tipologias e de diversas regiões
brasileiras e mundiais, a partir das quais é possível obter-se as correlações
necessárias à obtenção de diversos parâmetros geotécnicos. Segundo Schnaid
(2000), em comparação aos outros ensaios, o SPT possui um custo relativamente
baixo, principalmente em relação à simplicidade do aparelho.
Apesar da ampla utilização e regulamentação do ensaio, Mota (2003)
observa que há uma diversidade nos procedimentos e falta de padronização nas
26

realizações dos ensaios, como a falta de quantificação e controle da energia


utilizada no ensaio. Outros autores, como Côrrea (s.d.), citam que, comumente,
encontram-se operadores despreparados, utilizando equipamentos deteriorados ou
fora da regulamentação, trazendo baixa qualidade aos resultados finais.
Nilsson (2004a) indica a utilização do SPT em solos com  > 20, em furos
profundos (com mais de 12 metros) ou ainda quando o solo é granular. Mello
(s.d. apud SCHNAID, 2000) explica que, de acordo com sua experiência, e como
recomendação geral de projeto, não devem ser utilizadas correlações entre a
resistência não drenada (': ) e o  para solos moles ( < 5), devido à falta de
representatividade do valor de  medido. Como pode ser visto nos ensaios
compilados por Braga (2011), os valores do parâmetro nas camadas superficiais do
solo de Sinop-MT raramente chega a tal valor, demonstrando uma falta de
representatividade do ensaio na região para fins de dimensionamento de fundações.

2.3.3 Ensaio de Cone (CPT) e de Piezocone (CPTU)

Segundo Almeida et al. (1998) o ensaio de cone foi criado na década de 30


no Laboratório de Mecânica dos Solos de Delf, na Holanda, com o objetivo de
auxiliar no projeto de estacas e na implantação de estradas. Consiste basicamente
em um cone com ângulo de vértice de 60º e 10 cm² de área de base, penetrando no
solo através de uma carga estática a velocidade constante, conforme
esquematizado na Figura 6. O ensaio de CPT segundo Côrrea (s.d.) é feito através
da cravação estática com velocidade controlada e constante de um cone mecânico
ou elétrico, que registra os dados em um computador, e o piezocone diferencia-se
pela leitura conjunta das poro-pressões do solo durante o ensaio.
27

Figura 6 - Esquema de ensaio CPT

Fonte: Velloso e Lopes, 2004.

O ensaio de penetração de cone in situ (CPT) é normatizado no Brasil pela


NBR 12069: Solo – Ensaio de penetração de cone in situ (CPT) – método de ensaio
(1991). Segundo a mesma, tal método fornece dados necessários à estimativa do
comportamento dos solos para projeto e execução de obras de terra e infraestrutura.
Das leituras do CPT resultam a resistência de ponta ou cone (/; ), a
resistência de atrito local ()< ), e a razão de atrito (% ) dada pela Equação 1.

100 @ )* (1)
%& =
/0

Sendo:
% = razão de atrito;
)< = Resistência de atrito local;
/; = resistência de ponta ou cone.

Para o CPTU tem-se, além dos dados citados, a medida de poro-


pressões (u).
Um resultado típico de um ensaio é mostrado na Figura 7. O primeiro gráfico
consiste em um perfil de resistência de ponta e atrito lateral. O segundo apresenta a
relação entre o atrito lateral e a resistência de ponta, dada pela Equação 1, que
28

indica a estratigrafia do solo atravessado. Por fim, o terceiro gráfico apresenta as


poro-pressões medidas no ensaio (u).

Figura 7 - Resultados típicos obtidos com um ensaio CPTU

Fonte: Velloso e Lopes (2004).

Visando o projeto de fundações profundas, podem ser utilizados diversos


métodos para dimensionamento a partir de dados do CPT ou CPTU, como os semi-
empíricos de Aoki e Velloso (1975), de Philipponnat, e o de Bustamante e
Gianeselly, apresentados nos trabalhos de Décourt, Albiero e Cintra (1998). A partir
da % e da /; pode-se classificar o solo a partir do ábaco de Robertson e Campanella
(s.d. apud SCHNAID, 2000).
O CPT é considerado no meio geotécnico como um ensaio confiável e que
apresenta excelente repetibilidade De acordo com Mota (2003), um dos grandes
motivos de tal confiabilidade está no desenvolvimento que ocorreu com sua ponteira,
que era inicialmente mecânica e fornecia apenas /0 . Atualmente conta com diversos
sensores incorporados, como pode ser observado na Figura 8.
Devido a tais sensores o ensaio fornece uma descrição do perfil estratigráfico
confiável e preciso, em especial em relação ao tipo de solo, formação da camada,
29

sua espessura, uniformidade, continuidade, cota do nível d´água e estimativa dos


parâmetros mecânicos do solo.

Figura 8 - Cone

(a) Lunee et al. (1997). (b) Ortigão (1995).


Fonte: Mota (2003).

Algumas desvantagens citadas por Corrêa (s.d.) são a necessidade de mão


de obra qualificada e as dificuldades de transporte do equipamento. Pode-se ainda
salientar o alto custo do aparelho devido à tecnologia empregada na ponteira.

2.3.4 Ensaio de Palheta in situ

O ensaio de palheta é um dos primeiros desenvolvidos para a determinação


da resistência não drenada do solo ('( ). O ensaio consiste na rotação a velocidade
padrão e constante, de uma palheta com formato de cruz, nas profundidades de
interesse e leitura do torque empregado para tal. Tal palheta e seu esquema de
ensaio são apresentados na Figura 9.
30

Figura 9 - Ensaio de palheta

Fonte: Velloso & Lopes (2004).

De acordo com Flodin e Broms (1981 apud SCHNAID, 2000), o ensaio de


palheta foi desenvolvido na Suécia em 1919, por John Oisson, e introduzido no
Brasil em 1949 pelo IPT e Geotécnica S.A. (RJ). Foi posteriormente regulamentado
pela ABNT (1989).
O ensaio é feito inserindo-se uma palheta de seção cruciforme em argilas de
consistência mole a rija, com a posterior aplicação de torque necessário para
cisalhar o solo por rotação em condições não drenadas, o que exige um
conhecimento prévio do solo para avaliar a aplicabilidade do ensaio e a avaliação
dos resultados. Após a leitura do torque pode-se calcular a resistência não drenada
através da Equação 2.

0,86. T (2)
'( =
F. ³

Sendo:
'( = resistência não drenada de argilas;
T = torque medido na rotação;
D = diâmetro da palheta.
31

Esta fórmula tem validade para condições usuais de não drenagem, solo
isotrópico, altura (H) da palheta sendo o dobro do diâmetro (D), e '( constante no
entorno da palheta.
Segundo Pinto (1992 apud SCHNAID, 2000), a resistência não drenada de
argilas é o único parâmetro necessário a projetos de aterros sobre argilas moles.
Ainda, de acordo com Collet (1976), a grande vantagem de utilização do ensaio na
análise de estabilidade de aterros sobre solos moles é seu aspecto econômico, pelo
menor custo em relação às outras opções para obtenção da ': , sua rapidez e a
redução da perturbação da amostra.

2.3.5 Ensaio Pressiométrico

O pressiômetro de Ménard, apresentado na Figura 10, foi idealizado pelo


engenheiro francês Louis Ménard, destinado à caracterização de rigidez de uma
ampla gama de solos e rochas. Seu resultado é altamente variado pela maneira de
instalação no solo, para que a variação seja a menor possível, o pressiômetro é
introduzido em um furo previamente aberto, com o mesmo diâmetro do aparelho.
32

Figura 10 - Ensaio pressiométrico

(a) Aparelhagem completa (b) Sonda autoperfurante tipo LCPC e (c) Sonda autoperfurante, tipo
Camkometer
Fonte: Velloso e Lopes (2004).

De acordo com Almeida et al. (1998) o pressiômetro é inicialmente introduzido


no terreno e, após isso, a pressão na célula é aumentada, provocando uma
expansão cilíndrica do solo ao redor da mesma. A deformação radial é obtida
diretamente pela quantidade de água introduzida na célula. A pressão na célula é
aumentada entre estágios, e mantida constante durante um tempo de 2 minutos
para cada, sendo feitas leituras em trinta, sessenta e cento e vinte segundos.
Os resultados são dispostos em um gráfico, apresentando-se as deformações
plásticas medidas durante os intervalos em função da pressão corrigida, além das
pressões totais, obtidas após cento e vinte segundos. A partir de tais parâmetros,
podem ser obtidos o módulo de cisalhamento do solo (H ), e o módulo de
elasticidade pressiométrico ( ).
33

Seu resultado é altamente variado pela maneira de instalação no solo, sendo


uma forma de diminuir tal variação a introdução do aparelho em um pré-furo com o
mesmo diâmetro do pressiômetro.
Um pressiômetro autoperfurante foi desenvolvido em conjunto pela França e
Inglaterra durante o início da década de 1970, porém sua utilização é restrita a
alguns tipos de solos. Almeida et al. (1998) indicam que, até a data de execução do
seu trabalho, no Brasil apenas a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
possui um aparelho desse tipo.

2.3.6 Ensaio Dilatométrico

Desenvolvido na Itália pelo Professor Silvano Marchetti, o dilatômetro é


formado por uma lâmina de aço inoxidável com uma membrana circular de aço muito
fina em uma das faces, de forma similar a um instrumento tipo célula de pressão
total. O aparelho de ensaio é esquematizado na Figura 11.

Figura 11 - Aparelhagem para o ensaio dilatométrico

Fonte: Damasco Penna (2012).


34

O ensaio dilatométrico dá-se através da cravação de uma lâmina dilatométrica


no terreno, medindo o esforço requerido para tal cravação e, em seguida, aplica-se
uma pressão de gás de forma a expandir a membrana de aço (SCHNAID, 2000). A
partir da leitura de pressão desse gás em dois momentos, inicialmente com a
posição de deslocamento zero da membrana (- ) e posteriormente com a posição
de deslocamento de 1 mm (-).
A partir da leitura de pressões e através de correlações semi-empíricas,
Schnaid traz correlações a partir das quais podem ser estimados os valores de
coeficiente de empuxo no repouso (I ), módulo de deformabilidade (J), razão de
sobre-adensamento (K%), resistência ao cisalhamento não drenada de argilas (': )
e ângulo de atrito interno de areias (L′ ).
Ainda segundo Schnaid (2000), a experiência brasileira é pouca, restringindo-
se a validação da experiência internacional sob condições locais, baseados na
comparação de outros ensaios de campo e laboratório.

2.3.7 Ensaios de Penetrômetros Dinâmicos (DP´s)

Os penetrômetros dinâmicos (DP’s), segundo a Associação Brasileira de


Geologia de Engenharia - ABGE (1980 apud TSUHA, 2003), são instrumentos que
fornecem índices sobre a resistência à penetração de um solo. São constituídos por
um tubo ou ponteira maciços ligados a hastes, e introduzidos no solo por pressão de
um macaco hidráulico (penetração estática) ou de sucessivos golpes de um peso de
cravação (penetração dinâmica).
De acordo com Röhm (s.d. apud TSUHA, 2003), a análise de resistência das
camadas de um terreno através da penetração de hastes no terreno é uma técnica
utilizada há muito tempo. A evolução de tal processo dá origem aos penetrômetros
utilizados atualmente na obtenção de características do solo em diversos locais, em
especial onde a amostragem se torna difícil.
O aparelho é definido por Tsuha (2003) basicamente como uma ponteira no
final de uma haste metálica, que é cravada no solo através de um processo
dinâmico ou estático. Nos equipamentos dinâmicos, a energia necessária à
cravação provém da queda livre de uma massa sobre um elemento solidário à haste.
Já no equipamento estático, a energia é obtida através de sistemas como coroa-
35

pinhão, correntes, macacos hidráulicos, tendo alguma massa como reação para o
ensaio.
Os primeiros relatos da utilização dos penetrômetros surgem na Holanda,
entre os anos de 1932 a 1937, quando Barentsen patenteia a invenção de um
sistema (apresentado na Figura 12) de revestimento – haste – cone com a
denominação de penetrômetro manual (AOKI, 1973 apud TSUHA, 2003).
Ainda segundo Aoki (1973 apud TSUHA 2003), o aparelho de Barentsen
consiste em um cone de aço, com área de base de 10 cm², com ângulo de vértice de
60º, fixado a uma haste de aço por meio do qual o cone é introduzido no solo, e um
tubo de revestimento que protege a haste de aço, evitando o contato direto com o
solo e eliminando o atrito entre os mesmos. O aparelho é posicionado no solo e o
cone é cravado a profundidade de ensaio, por um ou dois homens, através de um
dispositivo de prensagem de quatro braços fixado ao tubo de revestimento. Após a
cravação da ponteira e o conjunto haste-tubo de revestimento, este é prolongado
através do acoplamento de novas peças de 1,0 m. por meio de roscas e repete-se o
procedimento, até a cota desejada de ensaio.
36

Figura 12 - Penetrômetro manual de Barentsen

Fonte: Aoki (1973 apud TSUHA, 2003).

Nacionalmente a utilização de penetrômetros ainda não é normatizada, porém


o mesmo teve suas características de equipamento padronizadas pela primeira vez
pela International Society for Soil Mechanicas and Foundations Engeneering -
ISSMFE (1977) com posterior padronização do procedimento de ensaio pelo
ISSMFE (1989). Na Europa o aparelho e o método de ensaio são padronizados pelo
Comité Europeén de Normalization - CEN (2005) com a posterior regulamentação
também pelos países, como a Asociación Española de Normalización y Vertificación
- AENOR (2008) que padroniza os DP´s na Espanha. Nos Estados Unidos, a
padronização é feita pela American Society for Testing and Materials - ASTM (2009).
O esquema geral de um equipamento produzido de acordo com a AENOR (2008) é
mostrado na Figura 13.
37

Figura 13 - Esquema geral de um DP

Fonte: Ávila e Conciani (2006).

De acordo com a AENOR (2008), os diferentes ensaios de penetração


dinâmica diferem-se entre si pelas dimensões e massas dos equipamentos,
classificando-se em:

• Ensaio de Penetração Dinâmica Leve (DPL): está situado no extremo mais


baixo do intervalo de massa dos equipamentos dinâmicos;
• Ensaio de Penetração Dinâmica Média (DPM): está situado no intervalo de
massa médio dos equipamentos dinâmicos;
• Ensaio de Penetração Dinâmica Pesada (DPH): está situado no intervalo de
massa médio a muito pesado dos equipamentos dinâmicos;
• Ensaio de Penetração Dinâmica Super Pesada (DPSH): está situado no
intervalo de massa mais alto dos equipamentos dinâmicos, podendo ser
classificado ainda em DSPH-A ou DPSH-B, dependendo da altura de queda
do martelo.
As características normatizadas para os aparelhos DP´s pela AENOR (2008)
são apresentados no Quadro 1, e as ponteiras estão esquematizadas
detalhadamente na Figura 14.
38

Quadro 1 - Características para aparelhos de penetração dinâmica


Peça Símb. Unid. DPL DPM DPH DPSH
DPSH-A DPSH-B
Massa do
martelo, m Kg 10 ± 0,1 30 ± 0,3 50 ± 0,5 63,5 ± 0,5 63,5 ± 0,5
novo
Altura de
h mm 500 ± 10 500 ± 10 500 ± 10 500 ± 10 750 ± 20
queda
Cabeça de
impacto
50 <d <
Diâmetro d mm 50 < d < . 50 < d < 0,5. 50 <d < 0,5. 50<d< 0,5
0,5.
Massa
m Kg 6 18 18 18 30
(máxima)
Incluindo
barra guia
Cone de 90º
Área
nominal da A cm² 10 15 15 16 20
base
Diâmetro da
D mm 35,7 ± 0,3 43,7 ± 0,3 43,7 ± 0,3 45,0 ± 0,3 50,5 ± 0,5
base, novo
Diâmetro da
base, Mm 34 42 42 43 49
desgastada
(mínimo)
Tamanho da b
L mm 35,7 ± 1 43,7 ± 1 43,7 ± 1 90,0 ± 2 51 ± 2
camisa
cilíndrica
Tamanho da
mm 17,1 ± 0,1 21,9 ± 0,1 21,9 ± 0,1 22,5 ± 0,1 25,3 ± 0,4
ponta cônica
Desgaste
máx.
mm 3 4 4 5 5
permitido
para a ponta
Barras de
extensão
Massa
m kg/m 3 6 6 6 8
(máx.)
Diâmetro
externo dt mm 22 32 32 32 35
(máx.)
Desvio da
barra
Nos 5
metros % 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
inferiores
No restante % 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
Trabalho
mgh/
específico kJ/m² 50 100 167 194 238
A
por golpe
a
Dh: diâmetro do martelo
b
Somente ponta descartável
c
O tamanho máximo das barras não deve exceder 2 m
d
Desvio da barra em relação a vertical.
Observação: As tolerâncias indicadas são referentes a fabricação.
Fonte: Adaptado de AENOR (2008).
39

Figura 14 - Ponteira dos Penetrômetros

a) Ponta tipo 1 - (fixa) b) Ponta tipo 2 (Perdida)


Legenda:
1 Barra de extensão
2 Orifício de injeção (opcional)
3 Montagem por rosca
4 Ponta do cone
5 Cone
6 Camisa cilíndrica
7 Montagem por penetração
L Tamanho da camisa cilíndrica
D Diâmetro da base
dr Diâmetro da barra
Fonte: Adaptado de AENOR (2008).

O procedimento de ensaio padronizado pela AENOR (2008) consiste na


cravação do penetrômetro de forma contínua no terreno, em uma velocidade entre
15 e 30 golpes por minuto, fazendo-se o registro do número de golpes para cada
100 mm de penetração ( ) para o DPL, DPM e DPH, e a cada 100 mm ( ) ou
200 mm (" ) para o DPSH-A ou DPSH-B, além da medida do par de torsão, no
mínimo, a cada 1 metro de penetração. Obtém-se então o perfil de resistência do
solo entre as cotas ensaiadas, e é possível fazer a leitura do nível d´água através do
furo deixado pela cravação do equipamento.
40

Os resultados de tais ensaios adéquam-se à determinação qualitativa do perfil


de solo quando junto com investigações diretas, já que este não recolhe amostras
como o SPT, ou como uma comparação direta entre outros ensaios in situ. Também
podem ser utilizados para a determinação de parâmetros de resistência e
deformação de solos, profundidade de lentes de solos, dentre outros, como
exemplificado pela AENOR (2008).
A interpretação dos resultados é feita através das Equações 3.1 ou 3.2 que
remetem os valores de energia.

 = M @ N @ ℎ (3.1)

Sendo:
 = energia teoricamente transmitida ao cone;
M = massa do martelo, em kg;
M = aceleração da gravidade, em m/s²;
ℎ = altura de queda do martelo, em m.

Ou:

 = PQRS1 MTUVUS UT T+T1NVQ Q-RVWQUQ -TRS MQ1XTRS (3.2)

Também utilizam-se as Equações 4.1 ou 4.2, para determinar a resistência de


trabalho para penetrar no terreno .

 (4.1)
1 =
 @ T

Ou

 (4.2)
1 =
 @ T

Sendo:
1 = valores de resistência de trabalho para penetração no terreno;
41

 = área de base da ponta, em m²;


T = a penetração média, em m por golpe.

A resistência de Ponta é dada pela Equação 5:

M
/ = Y \1 (5)
M + M[ 

Sendo:
/ = valores de resistência de ponta para o penetrômetro, (0,10/ para o
DPL, DPM e DPH e 0,10/ ou 0,20/" para o DPSH);
 = número de golpes necessário para a penetração de 100 mm.;
" = número de golpes necessário para a penetração de 200 mm.;
M = massa do martelo, em kg;
M’ = massa total das hastes de prolongação, da cabeça de impacto e das
barras guias até a cota considerada, em kg.

Os resultados obtidos do ensaio podem então ser correlacionados ao módulo


de elasticidade oedométrico do solo ( ), com a Equação 6, apresentada pelo
CEN (2007).

5′7 + 0,5 ∆5′7 ` (6)


 = 2 -. ( ) a
-.

Sendo:
2 = coeficiente de rigidez;
2" = expoente de rigidez;
Para areias com coeficiente de uniformidade  <3, 2" =0,5;
Para argilas com baixa plasticidade ( <10, 2! ≤35), 2" =0,6;
5′7 = tensão vertical efetiva na base da fundação ou a uma profundidade
abaixo dela devido a sobrecarga do solo;
∆5′7 = tensão vertical efetiva causada pela estrutura na base da fundação ou
a uma profundidade abaixo dela devido a sobrecarga do solo;
-. = pressão atmosférica;
42

 = índice de plasticidade;
2! = limite de liquidez.
Os valores de 2 podem ser derivados do DP usando as equações 7, 8, 9 ou
10, a depender do tipo de solo.
A partir do DPL, para areias mal-graduadas acima do nível d’água, tem-se:

2 = 214 lg ! + 71 (DPL – Faixa de validade 4≤! ≤50) (7)

Para areias mal-graduadas acima do nível d’água e baseando-se no DPH,


utiliza-se:

2 = 249 lg  + 161 (DPH – Faixa de validade 3≤ ≤10) (8)

Com base no DPL, para argilas de baixa plasticidade com índice de


consistência rígida (0,75 ≤ 0 ≤ 1,30) e abaixo do nível d’água, aplica-se:

2 = 4! + 30 (DPL – Faixa de validade 6 ≤ ! ≤ 19) (9)

Para as argilas citadas anteriormente, baseando-se no DPH, deve-se


empregar a seguinte formulação:

2 = 6 + 50 (DPH – Faixa de validade 3 ≤  ≤ 13) (10)

2.3.7.1 Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL)

O penetrômetro dinâmico leve (Dynamic Probing Light - DPL) é um DP


manual de pequeno porte, projetado para sondagens em solos moles devido a sua
pequena energia por golpe. Segundo Pinto e Conciani (s.d.), nos últimos anos há
uma tendência à busca por simplificação nos métodos de ensaio de campo e uma
busca por melhor clareza e aplicabilidade dos resultados de tais ensaios como
parâmetros de projetos, e dentro de tal proposta surge o DPL.
Segundo Ávila e Conciani (2005) o ensaio é conhecido internacionalmente
desde os anos 50, porém pouco difundido no Brasil. Nilsson (2004b) relata as
características de um equipamento de DPL portátil utilizado na região sudeste do
43

Brasil. Ávila, Conciani e Cunha (2006) comparam dois equipamentos DPL utilizados
no país. Souza, Santos e Conciani (s. d.) comparam os resultados de aparelhos DPL
construídos com diferentes tubos ocos e Nilsson (2004a) faz comparações entre o
DPL e o SPT.
Já na análise de solos alguns trabalhos que podem ser citados são os de
Canto et al (2008a) e Canto et al (2008b) que avaliam resultados de DPL em solos
do Paraná, os de Ávila e Conciani (2005) que relatam o uso de cones no Mato
Grosso, o de Miguel et al (2005) que fazem a análise de solos de Londrina-PR com
a utilização do DPL com outros métodos de ensaio e os de Mota (2003) que estuda
argilas em Brasília-DF utilizando o DPL em conjunto com outros ensaios.
Para correlações e obtenções de parâmetros dos solos, podem ser vistos os
trabalhos de Nilson (2008) e Alves Filho (2010). Pinto e Conciani (s.d.) estudam o
melhoramento de um solo siltoso a partir de dados obtidos com o DPL.
Para projetos geotécnicos Ribeiro Junior, Sarto e Conciani (2007) e Sanchez
et al (2010) usam o DPL para o projeto de fundações. Nilson e Cunha (2004) trazem
métodos para projeto de estacas em solos brasileiros a partir do DPL. Nilsson (2011)
relata aplicações do DPL em projetos rodoviários. O Departamento de Estradas de
Rodagem de Minas Gerais - DER-MG (2011), inclui o DPL como possível aparelho a
ser utilizado no estudo de fundações de aterros.
O dimensionamento de fundações rasas através do DPL pode ser feito
utilizando o método apresentado por Huarte (s.d. apud Nilsson 2008), através da
Equação 11.

/
5. = (11)
20

Sendo:
5. = tensão admissível do solo;
/ = resistência de ponta do cone.

Nilsson e Cunha (2004) propõem um método para o dimensionamento de


fundações profundas a partir dos resultados de DPL para alguns solos do Brasil,
conforme é exposto nas fórmulas a seguir. A Equação 12 apresenta o cálculo da
carga admissível para esse tipo de fundação.
44

m
k/& @  + l ). U* n (12)
j =
o'

Sendo:
j = Capacidade de carga admissível para a estaca (kN);
/& = Tensão admissível de ponta para a estaca (m²);
) = Tensão admissível por atrito lateral para a estaca (m²);
o' = Fator de segurança, geralmente ≥ 2 no Brasil;
 = Área de ponta da estaca (m²);
U* = Área lateral de estaca, por segmento Up(m²)

O valor de /& utilizado na fórmula anterior é dado pela Equação 13:

/& = 3 @ 3" @ / (13)

Sendo:
/ = Resistência de ponta do DPL (kPa);
3 = Fator empírico dado pela Tabela 1;
3" = Fator empírico dado pela Tabela 2.

É necessário também determinar o valor de ), obtido pela Equação 14:

) = 4 @ 4" @ )* (14)

Sendo:
)* = Resistência lateral do DPL via torque (kPa);
4 = Fator empírico dado pela Tabela 1;
4" = Fator empírico dado pela Tabela 2.
45

Tabela 1 – Fatores empíricos para o tipo de solo


Solo 3 4
Curitiba (Geral) 0,2 0,6
Curitiba (Formação Guabirotuba) 1,8 1,3
Curitiba (Material de curso aluvionar) 1,5 1,8
Campinas (Argila porosa colapsível) 0,5 1,0
Brasília (Argila porosa colapsível) 0,5 1,1
Londrina (Argila porosa colapsível) 0,2 0,3

Tabela 2 – Fatores empíricos para o tipo de estaca


Tipo de estaca 3" 4"
Estaca escavada 0,2 1,2
Drilled caisson 0,4 0,1
Hélice continua monitorada 0,2 2,0
Estacas Ômega 0,6 2,8
Estaca pré-moldada cravada em argila 0,5 0,7
porosa

Uma vantagem do DPL apresentada por Alves Filho (2010) consiste na sua
praticidade, baixo custo operacional e de equipamento. Para a execução da
sondagem é necessário apenas um sondador auxiliado por um operário e, dada às
dimensões reduzidas, o equipamento pode ser facilmente transportável em um
porta-malas de um carro pequeno. Nilsson (2009) traz a utilização do aparelho DPL
em taludes inclinados, ressaltando sua portabilidade e facilidade de utilização
mesmo em regiões de difícil acesso.
Nilsson (2004a) recomenda a utilização do DPL em solos de baixa
resistência, com  < 4, ressaltando uma boa resolução e rápido avanço nestes
casos. A escolha entre o SPT e DPL depende das situações em que cada um é mais
efetivo, ou ainda um uso conjunto entre os dois. O autor recomenda, de modo geral,
que o DPL seja utilizado em solos com  < 4, argilas porosas e solos finos, quando
é necessária a medida do atrito lateral, quando há necessidade da realização de
grande quantidade de furos e ainda quando as condições de acesso ao local são
dificultadas.
Segundo Rodrigues e Albuquerque (2011) o DPL tem grande vantagem na
utilização para projeto de fundações em obras de menor porte, onde os valores de
investigação correspondem a um valor alto no orçamento, podendo inviabilizar a
execução do projeto. O equipamento tem baixo custo e dimensões reduzidas, utiliza
poucos operadores, apresentando boa produtividade e custos inferiores ao SPT.
Corrêa (s.d.) cita o baixo alcance (12 m) e a resistência do cone (10 MPa com o
cone de 10 cm²) como algumas limitações para sondagens com o DPL.
46

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

3.1.1 Construção do Aparelho

O aparelho utilizado nesta pesquisa (Figura 15) foi construído pelo autor em
conjunto com o Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Estado de
Mato Grosso - UNEMAT, utilizando barras maciças de aço redondo, trefilado,
designado pela ABNT (2000) como COPANT 1045, sendo este material
posteriormente usinado em torno mecânico para a obtenção do aparelho conforme
indicado pela AENOR (2008).

Figura 15 - Aparelho DPL e acessórios

As barras extensoras, apresentadas na Figura 16a, foram confeccionadas


com comprimento de 1 m, utilizando-se barra maciça com diâmetro de 22 mm e
roscas de 16 mm de diâmetro nas pontas, para a realização do acoplamento, sendo
estas pintadas a cada 10 cm para facilitar a tomada de dados em campo. Também
foi feita uma barra com o coxim metálico que recebe os golpes do martelo,
apresentada na Figura 16b.
47

Figura 16 - Detalhes das partes do equipamento

a) Detalhe da barra extensora b) Detalhe da barra com cabeça de bater e martelo

A ponteira do DPL (Figura 17a) foi construída a partir de um tubo do mesmo


material das barras, seguindo as dimensões apresentadas na Figura 17b, atendendo
às características normatizadas para a peça (AENOR, 2008). Posteriormente, a
mesma foi soldada a uma barra, de forma a diminuir o risco de perda da mesma
durante o ensaio.
48

Figura 17 - Detalhe da Ponteira do DPL

a) Detalhe da ponteira b) Dimensões da ponteira

As características do aparelho construído estão apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3 - Características do aparelho construído


Peça Comprimento (m) Massa (kg)
Barra 1 – Com ponteira 1,18 3,73
Barras de extensão – 2 a 7 1,00 2,95
Barra 8 – Com cabeça de bater 1,20 3,94
Martelo de Bater 0,10 10,00

Outros equipamentos e acessórios foram incorporados ao equipamento, de


forma a possibilitar e facilitar os trabalhos em campo, como mostrado na Figura 15.
Após os primeiros ensaios verificou-se a necessidade de construção de um extrator
para o equipamento, pois o confinamento das barras pelo solo dificultava a extração
manual. Tal extrator pode ser visto na Figura 18, e consiste em um guincho manual
sobre um suporte metálico.
49

Figura 18 - Detalhe do guincho manual

3.1.2 Solo Norte Mato-grossense

De acordo com os relatórios de sondagens de SPT compilados por Braga


(2011) o solo da região de Sinop tem o perfil apresentado na Figura 19. O mesmo é
formado por uma camada de argila siltosa mole ou silte argiloso até a profundidade
aproximada de 13 metros, em algumas regiões da cidade encontra-se uma camada
de cascalho com aproximadamente 1 metro, seguida de uma camada de silte
arenoso ou areia siltosa até o limite prospectado, em torno de 30 metros.
50

Figura 19 - Perfil do solo de Sinop-MT

3.1.3 Critérios de Escolha dos Locais Analisados

Os pontos para realização dos ensaios na cidade de Sinop-MT foram


escolhidos baseados nos ensaios de SPT compilados por Braga (2011), de forma a
compará-los com os resultados do DPL, e também visando obter uma
representatividade do solo da região. Os locais selecionados para a realização dos
ensaios foram os Locais 01, 02, 03, 04 e 05, apresentados na Figura 20.
51

Figura 20 - Pontos Selecionados em Sinop-MT

TM
Fonte: Google Earth, 2012.

O Local 01 está localizado ao lado do Laboratório de Engenharia Civil da


UNEMAT, nas coordenadas geográficas 11°51'9.12"S e 55°30'49.94"O. O Local 02
está localizado em um terreno ao lado do Residencial Green Ville, nas coordenadas
geográficas 11°50'52.48"S e 55°31'41.02"O. O Local 03 está localizado próximo a
construção do Residencial Itaverá, no Bairro Cidade Jardim, em Sinop-MT, nas
coordenadas geográficas 11°51'20.93"S e 55°28'52.64"O. O Local 04 está localizado
atrás do Centro de Eventos Dante de Oliveira, nas coordenadas geográficas
11°51'36.45"S e 55°28'46.42"O. O Local 05 está localizado em uma rua entre o
Supermercado Atacadão e o Kartódromo Oswaldo Sobrinho, nas coordenadas
geográficas 11°50'12.80"S e 55°29'8.08"O.
Além destes também foi selecionado um local na cidade de Itaúba-MT (Local
06, apresentado na Figura 21. O Local 06 está localizado em Itaúba-MT, nas
coordenadas 11° 0'35.16"S e 55°14'44.04"O.
As coordenadas geográficas apresentadas foram obtidas a partir do software
GoogleTM Earth (GOOGLE, 2012).
52

Figura 21 - Pontos Ensaiados em Itaúba-MT

TM
Fonte: Google Earth, 2012.

3.2 MÉTODOS

Os ensaios foram realizados em campo conforme preconiza a AENOR (2008).


Concentrou-se na medição do número de golpes e penetração da ponteira, não
sendo realizada a medição da energia transferida à ponta, que é recomendada pela
normativa a cada 6 meses. Também não foi realizada a medição do par de torsão,
por não haver disponibilidade de equipamento adequado.
O ensaio de DPL, ilustrado na Figura 22, é iniciado posicionando-se as barras
com a ponteira e o coxim verticalmente, iniciando o ensaio a partir da superfície,
com uma velocidade de 15 a 30 golpes por minuto. O aparelho deve ser cravado
continuamente no terreno, através de barras com comprimento de 1 metro que são
acopladas às demais, devendo-se registrar todas as interrupções superiores a
5 minutos. Faz-se então o registro do número de golpes necessários à penetração
de 10 cm ( ) em planilha específica (Modelo disponível no ANEXO A), e no caso
de penetrações superiores a 10 cm, deve ser anotado o desvio (AENOR, 2008).
53

Figura 22 - Execução do ensaio de DPL


b) Aquisição de dados

a)
Execução do ensaio

O intervalo normal de operação do DPL é dado por 3 ≤   ≤ 50, sendo o


critério de parada adotado quando o valor excede em 2 vezes o citado anteriormente
(100 golpes para a penetração de 10 cm) ou o valor máximo (50 golpes)
continuamente durante 1 metro de penetração (AENOR, 2008).
A norma europeia também propõe o uso de água ou lama bentonítica para
diminuir o efeito do atrito das barras com a lateral do furo, mas dada a proximidade
do lençol freático e a dificuldade de tal operação, julgou-se desnecessário seguir tal
procedimento.
A partir do número de golpes ( ) são calculados o 1 e posteriormente o /
de acordo com as Equações 5 e 6, respectivamente. Tem-se então o perfil de
resistência de ponta do solo versus profundidade a partir do qual, podem-se fazer
correlações com os parâmetros geotécnicos de interesse.
54

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 DADOS DO APARELHO

Aplicando às equações 4, 5 e 6 os valores apresentados na Tabela 3, obtém-


se a Equação 15 para o cálculo de / diretamente a partir de  ·

 (15)
/ =
0,602 @ +, + 3

Sendo:
/ = valores de resistência de ponta para o penetrômetro em MPa;
+, = número de barras extensoras conectadas ao DPL, incluindo a barra que
contém a ponteira e excluindo-se a barra que contém o coxim;
 = número de golpes necessário para a penetração de 10 cm.

Durante a realização dos ensaios, em especial os realizados nos Locais 5 e 6,


o aparelho começou a apresentar problemas em suas conexões e soldas, como a
ruptura do aço na interface macho-fêmea das roscas que as ligam, e a ruptura da
solda na interface ponteira-barra (Figura 23). Isto ocorreu provavelmente devido a
fadiga do material da rosca e a má qualidade da solda. Destaca-se que a solda em
uma das ponteiras utilizadas rompeu-se logo no primeiro ensaio.

Figura 23 - Ruptura da solda na interface ponteira-barra


55

4.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS

O resumo das planilhas de campo obtidas nos ensaios de campo está


mostrado no APÊNDICE A. Os resultados dos 4 ensaios realizados no solo de
Sinop-MT e do ensaio realizado em Itaúba-MT são apresentados nas Figuras 24 e
25.
Figura 24 - Valores de q para o solo de Sinop-MT
56

Figura 25 - Valores de q para o solo de Itaúba-MT

Pode notar-se que os valores de  para o solo de Sinop-MT e Itaúba-MT


estão situados predominantemente entre 4 a 6 golpes, observando que em Itaúba
alcançou-se o impenetrável, de acordo com o estabelecido pela AENOR (2008), na
profundidade de 4,0 metros. Também foram encontrados valores maiores nas
primeiras camadas (até aproximadamente 0,40 m), possivelmente devido a
compactação causada pelo tráfego de cargas na superfície do terreno.
Os resultados apresentados para  apresentam-se próximos ao limite
mínimo de operação do aparelho, de 3 golpes, de acordo com a AENOR (2008), o
57

que indica que o solo da região apresenta uma resistência baixa à penetração, em
especial dada às dimensões reduzidas do aparelho e seu uso direcionado a solos de
baixa resistência.
A partir dos valores de  podem ser calculados os valores de / a partir da
Equação 15. As Figuras 26 e 27 mostram os valores de  , / e  para os Locais
02, 03, 04 e 05. Os valores de  para os Locais 03 e 04 foram obtidos em Braga
(2011) e os valores para o Locais 02 e 05 foram retirados dos ANEXOS B e C
respectivamente.
Na Figura 28 apresentam-se os valores de  e / para os Locais 01 e 06.
Não são apresentados os valores de  para tais locais, pois não havia resultados
de ensaios de SPT disponíveis nestes.
58

Figura 26 - Comparação entre os valores de  , r e  , para os Locais 02 e 03

a) Valores de  , r e  para o Local 02 b) Valores de  , r e  para o Local 03
59

Figura 27 - Comparação entre os valores de  , r e  , para os Locais 04 e 05

a) Valores de  , r e  para o Local 04 b) Valores de  , r e  para o Local 05
60

Figura 28 - Valores de  e r para os Locais 01 e 06

a) Valores de  e r para o Local 01 b) Valores de  e r para o Local 06

Observa-se que o DPL apresenta uma resposta adequada ao solo,


demonstrando curvas de penetração com forma similar à do ensaio de SPT. Verifica-
se ainda que o DPL apresenta melhor resolução de variações e lentes de diferentes
resistências no solo, o que é de grande valia devido à baixa capacidade de carga
dos solos encontrados na região.
Quanto ao dimensionamento de fundações pode-se utilizar o método proposto
por Nilsson e Cunha (2004) para a obtenção do valor de tensão de ruptura de ponta
em estacas, não sendo possível calcular-se a parcela referente ao atrito lateral já
que não foi medido tal parâmetro. Para o dimensionamento de sapatas pode ser
utilizado o método proposto por Nilsson (2008) através da Equação 11. A partir das
61

Equações 13 e 15, obtém-se a Equação 16 para o cálculo da tensão de ruptura de


ponta em fundações profundas a partir do DPL construído.

 (16)
/& = s t . 3 . 3"
0,602 @ +, + 3

Sendo:
/& = valores da tensão de ruptura de ponta em fundações profundas;
+, = número de barras extensoras conectadas ao DPL, incluindo a barra que
contém a ponteira e excluindo-se a barra que contém o coxim;
 = é o número de golpes necessário para a penetração de 100 mm;
3 = fator empírico para correlação com o tipo de solo, obtido através da
Tabela 1;
3" = fator empírico para correlação com o tipo de estaca, obtido através da
Tabela 2.

Os valores /& para os locais ensaiados, calculados através da Equação 16,


Erro! Fonte de referência não encontrada.considerando estacas pré-moldadas
cravadas em solo argiloso poroso e a argila porosa colapsível de Brasília para a
obtenção dos parâmetros 3 e 3" e estão apresentados na Figura 29, os valores de
5. calculados a partir da Equação são apresentados na Figura 30. Pode ser
observado que os resultados até a profundidade ensaiada para /& estão na faixa de
220 kPa e de 50 kPa para 5. .
62

Figura 29 - Valores de /& para os solos ensaiados


63

Figura 30 - Valores de 5. para os solos ensaiados

De maneira geral o uso do DPL mostrou-se bastante prático, em especial


devido às dimensões reduzidas do equipamento, reduzindo significativamente os
custos de mobilização, e alcance suficiente para a prospecção visando o emprego
de fundações superficiais e profundas comuns em obras da região (sapatas e
estacas tipo broca manual). A operação do aparelho é bastante simples, podendo o
ensaio ser realizado com rapidez por um operário e um ajudante. Um ensaio típico,
com avanço até 7 metros foi realizado em média em 1 hora e 30 minutos, revelando
um potencial de cerca de 6 furos por dia.
64

A desvantagem do aparelho relativamente ao SPT está na classificação do


solo e na determinação do nível d’água. A observação do tipo de solo só é possível
através da análise do material que fica impregnado na barra quando o aparelho volta
à superfície, e a identificação do nível d´água observada a partir da presença de solo
saturado aderido as paredes das hastes.
O material e/ou método utilizado nos acoplamentos entre as barras
demonstrou fragilidade no decorrer da utilização, dificultando os trabalhos em
campo. Assim, durante a realização os ensaios foi necessária a utilização de barras
sobressalentes, fazendo a marcação dos 10 cm in loco. O efeito de fadiga entre as
conexões pode ter ocasionado danos às mesmas, pois a um dado momento a
utilização do aparelho tornou-se inviável sem o ajuste do motivo de tais rupturas.
Além disso, durante a realização da prospecção no Local 05, ocorreu o
desacoplamento entre a conexão, resultando na perda da primeira barra com a
ponteira e uma barra extensora. Em casos assim a recuperação das peças é
dificultada devido ao baixo diâmetro do furo e a grande profundidade.
Portanto, é necessário haver ponteiras e barras sobressalentes, evitando
interrupções no ensaio.
65

5 CONCLUSÕES

Com a realização deste trabalho pode-se concluir que:


• O uso do DPL mostrou-se bastante prático, em especial devido às dimensões
reduzidas do equipamento, reduzindo significativamente os custos de
mobilização, e alcance suficiente para a prospecção visando o emprego de
fundações superficiais e profundas corriqueiras em obras da região (sapatas
e estacas tipo broca manual);
• A operação do aparelho se mostrou bastante simples, podendo o ensaio ser
realizado com rapidez por um operário e um ajudante. Um ensaio típico, com
avanço até 7 metros foi realizado em média em 1 hora e 30 minutos,
revelando um potencial de cerca de 6 furos por dia.
• A resposta do aparelho mostrou-se adequada à do SPT, verificando-se
melhor resolução de variações e lentes de diferentes resistências, o que é um
fato de grande valia devido à baixa capacidade de carga dos solos
encontrados na região.
66

6 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Com base nos estudos desenvolvidos ao longo desta monografia, são


recomendados os seguintes tópicos para futuras pesquisas:
• A implementação da medição de torque em conjunto ao ensaio de DPL,
conforme proposto pela AENOR (2008).
• A realização de provas de carga para a correlação dos parâmetros de
resistência e deformabilidade com os resultados do DPL.
• Sugere-se estudar a variação sazonal da sucção e umidade do, de forma a
verificar possíveis interferências na resistência do mesmo.
• Sugere-se o estudo do ensaio Conde de Penetração Dinâmica (Dynamic
Cone Penetration - DCP) para a verificação do solo superficial em fundações
na região norte mato-grossense.
• Sugere-se o monitoramento do comportamento de fundações superficiais e
profundas na região mato-grossense, formando um banco de dados a ser
utilizado na previsão de recalques.
• Sugere-se o aprimoramento do aparelho aqui construído, com a utilização de
barras ocadas, que proporcionam maior eficácia ao mesmo, como foi
comprovado por Souza, Santos e Conciani (s. d.).
67

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72

APÊNDICE A – Resumo dos Ensaios de DPL Realizados


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ANEXO A – Relatório de Campo para Ensaio de DP

Fonte: AENOR (2008)


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ANEXO B – Relatórios de SPT do Local 02


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ANEXO C – Relatórios de SPT do Local 05


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