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APRESENTAÇÃO

No debate desenvolvimentista, sob o rótulo de Programa de Aceleração do


Crescimento PAC, os projetos de construção de obras de infra-estrutura se destacam como
“carro-chefe”. No entanto, os grandes impactos que tais obras anunciam para o meio ambiente
e populações tradicionais e quilombolas, com o prenúncio em forma de ameaça de
deslocamento forçado e limitações territoriais, indicam que tais projetos, se são solução,
também criam problemas de difícil resolução, o que imprime uma complexidade demandante
por interpretação do texto jurídico no âmbito de um ordenamento como unidade que se
plurifica nos contextos de aplicação sob o risco de violar direitos.
O Estado, ao contrário, trata a questão sob o argumento de que o interesse público tem
supremacia sobre o interesse privado. No Piauí, a construção de cinco Barragens ao longo Rio
Parnaíba atingirá dezenas de populações quilombolas.
O presente trabalho tem o objetivo analisar o cenário indicado e questionar a
interpretação dada ao texto constitucional que secciona os bens a serem protegidos como se a
realidade os apresentasse seccionados e com isso violando direitos humanos e inviabilizando
modos de vida de populações tradicionais e quilombolas.
Foram visitadas as comunidades atingidas direta ou indiretamente pela construção das
barragens. As comunidades são: A sede de Ribeiro Gonçalves; a sede em Uruçui; a comunidade
Arthur Passos, município de Jerumenha; Manga, em Floriano; Caldeirão e Mimbó em
Amarante; Pedra e Peri Peri, em Palmeirais.

METODOLOGIA

I - visitas-diagnóstico às comunidades diretamente atingidas

II - consulta aos orgãos e entidades públicas envolvidas

III - consulta a legislação internacional de proteção às comunidades tradicionais

IV - consulta a produção bibliográfica a cerca da teoria constitucional e dos direitos


fundamentais, com o enfoque na questão do direitos das minorias e populações autóctones.

DISCUSSÕES

I - A identidade dos atingidos e/ou ameaçados na camaleônica dinâmica de acionamento de


identidades como estratégia de defender direitos;

II - a diversidade do camponês piauiense, seja cultural ou de postura política frente a possível


desapropriação;

III - Conflito do “desenvolvimento” com os direitos das populações tradicionais;

IV - As várias acepções do que seja desenvolvimento;

V - O desafio da interpretação do texto jurídico como garantia de direitos autonomia pública e


autonomia privada

CONCLUSÕES
O relato da experiência de visita às populações ribeirinhas: quilombolas, tradicionais,
trabalhadores rurais, camponeses, lavradores, dentre outras identidades, a reflexão teórica a
que nos conduziu a viagem, nos levam a concluir que uma perspectiva socioambiental do
direito necessariamente exige uma cultura constitucional que trate a complexidade
constitucional como tal e que a simplificação exigida pela aplicação do direito não abra mão da
complexidade necessária para que o direito seja tratado como direito e não como abuso do
direito.
Para isso, autonomia pública e autonomia privada precisam reflexivamente se supor,
sujeito constitucional precisa ser uma categoria aberta o suficiente para abarcar a diversidade
da sociedade brasileira e fechada o necessário para não ser a cereja do bolo sem nenhuma
utilidade. E que os seus artigos não sejam tomados como “um saco de batatas” em que não há
urdidura entre as suas unidades, nem como “purê de batatas” em que suas unidades percam
totalmente seus contornos, mas que suas unidades continuem existindo como diversidade na
formação da unidade constitucional.

REFERÊNCIAS

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