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A RELEVÂNCIA DOS ADICIONAIS DE RISCO NA ADMINISTRAÇÃO

DOS PASSIVOS TRABALHISTAS DAS EMPRESAS

Antonio Carlos Vendrame


Ao analisarmos microscopicamente, comparando os adicionais de risco (insalubridade e periculosidade) com a
totalidade do passivo trabalhista de uma empresa, teremos a falsa impressão de que só porque constituem
diminuta parcela, os adicionais não representam qualquer intranqüilidade para o orçamento da empresa. Em
termos econômicos, não impactam nem de longe, as verbas das empresas, se comparados, por exemplo, com
as indenizações por acidente do trabalho e o novo imposto previdenciário.

Entretanto, uma inocente derrota na Justiça Trabalhista, ao condenar a empresa ao pagamento do adicional de
insalubridade ou periculosidade, desencadeia um processo, conhecido singularmente por “rádio peão”, onde o
empregado vitorioso noticia seu sucesso a todos seus colegas de trabalho, criando uma expectativa para todos
os demais. A condenação trabalhista abre um precedente aos outros trabalhadores, particularmente àqueles
com igual função do reclamante, para que num futuro próximo, sintam-se seguros em pleitear o mesmo
adicional.

Dessa forma, aquele inofensivo adicional pago por condenação, que se acreditava ser fosse caso único, e que
pela sua insignificante monta, não merecia maior atenção, transforma-se numa avalanche de processos,
inclusive utilizando-se daquele primeiro processo vitorioso com a prova emprestada. Numa situação limite, em
que o Juiz se sentir à vontade para julgar com base na prova emprestada, sequer haverá a obrigatoriedade de
perícia para a caracterização ou não da insalubridade e/ou periculosidade, como determina o art. 195 da CLT.

Por outro lado, a única possibilidade real de extinção do processo sem o julgamento do feito é por meio da
celebração de acordo entre as partes (estamos excluindo as possibilidades de arquivamento do processo por
ausência do reclamante ou por qualquer incorreção de seu patrono na condução do processo). No entanto, tais
acordos são mais danosos do que parecem. Ao contrário do que pensam as empresas, os acordos judiciais não
são “cala boca” para o reclamante; mas sim anúncio para outros empregados de que a empresa é “frouxa” e
faz acordo muito rápido. Os reflexos são piores, pois os candidatos a reclamantes movidos pela celeridade do
processo trabalhista sabem que receberão em breve, e não precisarão perseverar os longos anos que dura
uma demanda trabalhista.

Deixar o assunto ser resolvido pela via judicial não é prudente, pior ainda é resolvê-lo de forma caseira, por
meio de acordo. Inicialmente, porque os acordos não homologados pela justiça não possuem nenhum crédito
legal, inclusive sendo imprestáveis para abster um processo. Ao contrário, um acordo celebrado sob os
auspícios da justiça dá a garantia da extinção do litígio. O acordo entabulado na empresa, pela sua ligeireza e
pouco constrangimento que rende ao trabalhador, é o pior precedente que se pode abrir a outros empregados
oportunistas, que justificarão sua reivindicação com o exemplo da transação antecedente.

De todo o exposto anteriormente, fica bem claro que, ao sofrer um processo trabalhista - especialmente se este
for o primeiro - a empresa deve triunfar a qualquer custo; claro que estamos falando de formas legais, o que se
consegue com a contratação de um bom advogado e, para o caso dos adicionais de insalubridade e
periculosidade, a indicação de um assistente técnico, além de providências inerentes à própria administração
da empresa.

Um hábil advogado não deve ser ávido por acordos já em primeira audiência; ele saberá conduzir o processo
de forma a otimizar os resultados da procrastinação. Ponderar se é viável o recurso é uma decisão que, de
forma alguma, pode estar atrelada ao depósito recursal. A convicção deve ser um parâmetro que, numa
eventualidade, decretará a subida ao TRT.

O assistente técnico, como especialista no assunto insalubridade e periculosidade, deverá ser selecionado entre
profissionais de notável saber, que seja habilidoso com todos os peritos e, principalmente, seja respeitado entre
os profissionais de seu meio. Profissionais tecnicamente consagrados, sem o respaldo e apreciação dos
colegas de sua categoria, fatalmente esbarrarão em questões de relacionamento.
Outro detalhe importante é que o assistente técnico não é aquele profissional que somente acompanha a vistoria
do perito. Este profissional começa seu trabalho desde a inicial, quando subsidia o advogado na elaboração da
contestação. Posteriormente, quando da nomeação do perito, prepara os quesitos mais oportunos à situação,
bem como faz os contatos prévios para agendamento conjunto da vistoria.

Na data da vistoria, o assistente técnico se incumbe de selecionar as testemunhas que melhor lhe aprouverem,
sem, obviamente, distorcer a verdade dos fatos, nem mascarar o ambiente. Na verdade, o assistente faz a
ponte entre o representante da empresa e o perito, evitando-se situações embaraçosas e constrangedoras.

Finalmente, caso a conclusão pericial seja desfavorável, o assistente entrará novamente em ação, gerando
subsídios para o advogado elaborar a impugnação ao laudo, bem como quesitos suplementares. É óbvio que a
discussão deve restringir-se ao plano técnico. Advogados excessivamente combativos, que fazem ataques
pessoais ao perito, somente cultivam a indignação e antipatia.

A empresa, principal interessada, também tem seu papel no processo. É dela que virão as indispensáveis
informações para subvencionar as petições. O preposto da reclamada deve possuir um mínimo de
conhecimento, inclusive quanto às suas prerrogativas. Alguns peritos bradam mais prerrogativas do que
obrigações; dessa maneira a empresa deve estar atenta, falando exatamente o indispensável e ressaltando
somente o que lhe interessa, porque, afinal de contas, não é recomendável a ninguém produzir provas contra
si mesmo!

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