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A FÉ QUE SE MOVE: O AVANÇO PENTECOSTAL EM JUAZEIRODO NORTE

Priscila Ribeiro Jeronimo1; Renata Marinho Paz2. Departamento de Ciências Sociais/


URCA, pri_jeronimo@hotmail.com; rmarinhopaz@hotmail.com.

Introdução

A proposta do trabalho “A fé que se move: o avanço pentecostal em Juazeiro


do Norte” é fazer uma análise exploratória sobre o campo religioso na cidade, com
foco no fenômeno do pentecostalismo, a fim de subsidiar uma investigação mais
profunda futuramente.

Nos últimos trinta anos, o quadro das religiões do Brasil vem se


modificando, devido ao crescimento pentecostal, ao aumento expressivo dos que se
declaram sem religião, e do decréscimo do número de católicos.

Religiões no Brasil

ANO CATÓLICOS EVANGÉLICOS OUTRAS SEM


RELIGIÕES RELIGIÃO

1970 91,80% 5,20% 2,30% 0,70%


1980 89,00% 6,60% 2,50% 1,90%
1990 83,30% 9,00% 2,90% 4,80%
2000 73,90% 15,60% 3,50% 7,00%

1
Autora: Bolsista de Iniciação Científica (CNPq), da pesquisa “A fé que se move: o avanço pentecostal
em Juazeiro do Norte”. Aluna de Graduação do curso de Ciências Sociais, da Universidade Regional do
Cariri (URCA).
2
Co-autora: Orientadora da bolsa de Iniciação Científica (CNPq), da pesquisa “A fé que se move: o
avanço pentecostal em Juazeiro do Norte”. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará,
Professora Adjunto da Universidade Regional do Cariri (URCA).
A partir desse quadro, pode-se perceber que o número de evangélicos vem
crescendo aceleradamente, e o declínio da hegemonia Católica é visível; o que aponta
para uma desconstrução da “catolicidade” do Brasil.

De acordo com o Censo 2000, a porcentagem de evangélicos em Juazeiro do


Norte era de cerca de 4,48%; mas a partir de projeções realizadas no ano de 2007
esse número teria chegado a 10,4%, (dados apontados pelo MAI -Ministério de Apoio
com Informação), o que demonstra que, mesmo Juazeiro sendo fundamentalmente
católico, essa não é a sua forma exclusiva de religiosidade.

Na Região do Cariri, especialmente em Juazeiro do Norte, o catolicismo exerce


uma influência bastante significativa, norteando a vida da maioria dos juazeirenses,
considerando a centralidade da figura do Padre Cícero. Com a grande influência do
catolicismo na cidade, a visão da presença e expansão de outras religiões é ofuscada,
porém com o crescimento que os pentecostais vem adquirido, revela-se a necessidade
de se investigar de forma aprofundada o campo religioso na localidade, considerando-
se especificamente nesse projeto, essa expressão religiosa.

Na região, é notável a ausência de estudos sobre a temática, assim como


pode se destacar as estratégias de setores religiosos e políticos para evidenciar uma
memória religiosa calcada no catolicismo, baseada nas romarias e na figura central do
Padre Cícero, vistos como elementos do patrimônio cultural da cidade, e são sempre
lembrados, pois são reforços para a afirmação política e católica de Juazeiro.

Objetivos

O principal interesse da pesquisa é analisar a movimentação do campo


religioso em Juazeiro do Norte, com ênfase no avanço pentecostal. A par disso, far-se-
á um mapeamento da distribuição das Igrejas Pentecostais na cidade, observando
quais os segmentos que mais crescem, pois as Igrejas Pentecostais são divididas em
várias propostas, como as pentecostais clássicas: Assembléia de Deus, Congregação
Cristã, O Brasil para Cristo, Deus é amor; e as neopentecostais: Universal do Reino de
Deus, Internacional da Graça de Deus.
Outro objetivo da pesquisa é fazer um levantamento do perfil sócio-econômico
das vertentes que tem maior representatividade, como também analisar o jogo do
campo religioso entre a Igreja Católica e as Igrejas Pentecostais, bem como observar
as formas de proselitismo que os pentecostais utilizam.

Desenvolvimento

O projeto está em fase inicial e, neste momento, busca-se desconstruir o olhar


etnocêntrico face ao pentecostalismo, presente em muitas análises a respeito da
temática. Na primeira etapa da pesquisa, a análise bibliográfica visa dar suporte para a
construção do estudo. Para tanto, foram selecionados textos que ajudam em termos
teóricos e metodológicos nas reflexões acerca do tema, embasando e aprofundando a
análise do movimento no campo religioso de Juazeiro, em especial ao
pentecostalismo.

Em um segundo momento, que ora se inicia, será feito o mapeamento dos


templos pentecostais na cidade, através de informações e na coleta do material e da
caracterização física delas, que será fornecida pela prefeitura do município, e órgãos
que darão suporte como o IBGE, o MAI; também serão realizadas nesse momento
observações aos cultos, bem como entrevistas semi-estruturadas com lideranças
religiosas e fiéis. Ao final deste processo serão verificados esses dados sobre o
avanço pentecostal, não só apenas pela pesquisa quantitativa, mas também pela
qualitativa, que mostrará as formas com que os atores sociais se vêem frente a esse
avanço, como também como estão se inserindo nas Igrejas e aderindo o
pentecostalismo.

Resultados

Devido ao caráter inicial da pesquisa serão apresentadas, por hora, parte das
reflexões a partir das análises bibliográfica sobre o cenário do pentecostalismo no
Brasil e em Juazeiro do Norte.
O pentecostalismo brasileiro não é algo que surge no cenário religioso
brasileiro, ou um surto ocorrido no fim dos anos oitenta do século passado. Segundo
ANTONIAZZI, a presença de pentecostais no país remonta à implantação da Igreja
Congregação Cristã em 1910; logo depois, surgiu a Assembléia de Deus. Essas duas
igrejas formam a primeira onda pentecostal, e são classificadas como as pentecostais
clássicas. A segunda onde surgiu na década de cinqüenta, quando o pentecostalismo
cresce aceleradamente e se fragmenta, criando três novos segmentos: A Igreja do
Evangelho Quadrangular; O Brasil para Cristo; Deus é Amor. A terceira onda surge no
final dos anos setenta, e são os neopentecostais: Igreja Universal do Reino de Deus;
Igreja Internacional da Graça de Deus. Essa fase possui uma maior visibilidade frente
à mídia e também devido à sua ênfase na tríade cura-exorcismo-prosperidade. Com
isso, é perceptível que o avanço pentecostal não é um surto, mas adquiriu maiores
proporções na década de oitenta, devido ao crescimento acelerado de fiéis (1994,
p.67-158).

Esse crescimento provocou impactos nas autoridades eclesiásticas católicas,


assentadas até então em uma situação de tranqüilidade hegemônica. Diante desses
impactos, a intelectualidade católica (ou de alguma forma vinculada a ela) passa a
pesquisar sobre os fenômenos religiosos no Brasil, para saber por que está havendo
um deslocamento dos católicos, e para onde esses fiéis estão se deslocando; por isso
a igreja passou a adotar novas posturas. No texto “Sinais dos tempos” (LANDIM,
1989,p.11-40) as pesquisas que são desenvolvidas pela Igreja Católica no inicio da
década de noventa, taxam os movimentos que não são católicos ou protestantes
históricos de seitas, incluindo assim os pentecostais. É nesse sentido pejorativo de
classificação, que é perceptível o olhar etnocêntrico das igrejas e das produções
literárias a respeito dos fenômenos religiosos no país; onde muitas vezes classificam
as pessoas que se deslocam de suas igrejas para as igrejas pentecostais, como
vítimas, e também classificam as igrejas pentecostais como uma grande empresa.

De acordo com o cenário Latino-americano atual, não é mais possível tratar o


pentecostalismo como seita, mas sim, uma religião que reelabora a religiosidade para
estabelecer uma alternativa cultural e política; sintetizando elementos modernos e
populares. Com isso, ultrapassa a questão religiosa, pois agrega as vontades divinas
com a articulação política (SÉMÁN, 1997,p.130-145).

Partindo da perspectiva de Geertz, considera-se que a religião constrói uma


ética racional, e nesse sentido, a religião pode ser entendida como um sistema
cultural, pois, como afirma Geertz:
Uma religião é: (1) um sistema de símbolos que atua para (2)
estabelecer poderosas, penetrantes e duradoras disposições e
motivações nos homens através da (3) formulação de conceitos de
uma ordem de existência geral e (4) vestindo essas concepções com
tal aura de fatualidade que (5) as disposições e motivações parecem
singularmente realistas. (GEERTZ, 1978, p. 104)

Assim, a religião produz um ethos, uma ética racional, tornando-se um norte


para o fiel que toma a religião como verdade, em termos de direcionamento,
orientação; a religião possui um peso nas suas decisões, pois quando um fiel decide
participar de um ethos religioso, ele assume o estilo de vida que tal religião lhe orienta,
então ela é constituinte da conduta humana, pois modela segmentos da sociedade, tal
como, o poder político e o ambiente. Então a religião é sociologicamente importante,
pois agrega as pessoas, e causa um sentimento de pertença a um determinado grupo.

Nessa medida é importante considerar um aspecto interessante do


pentecostalismo, dado pelo processo de conversão, pois, como diz Hervieur-Léger, as
crises das religiões herdadas aumentam a circulação dos crentes em busca de uma
identificação religiosa a qual ele se adéqüe (2008, p.107). Por isso, mesmo sem
promover uma ruptura total com o passado religioso do fiel, a conversão produz um
novo ethos, traduzido pela vivência sob uma nova ética racional religiosa.

Portanto, são esses aspectos que passam, desde o que é religião, como
sistema cultural, e que atua no engendramento de um novo ethos, uma ética racional
que orienta o homem.

É nesse sentido, que as igrejas pentecostais, mesmo com o ofuscamento


provocado pelo catolicismo, produzem um avanço significativo; e é a partir disso, que
vamos investigar esse crescimento pentecostal em Juazeiro do Norte.
Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento de Científico e Tecnológico (CNPq)


pela oportunidade da pesquisa, assim como a Universidade Regional do Cariri (URCA)
que contribui para o desenvolvimento da pesquisa.

Referências

GEERTZ, Clifford. “A Religião como Sistema Cultural”. In A interpretação das


culturas. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1978.

ANTONIAZZI, Alberto;... I et al.I. Nem anjos, nem demônios: interpretações


sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

LANDIM, Leilah (org). Sinais dos tempos: Igrejas e seitas no Brasil. Instituto de
Estudos da Religião (ISER). RJ, 1989.

SEMÁN, Pablo. “Religión y cultura popular em la ambígua modernidade


Latinoamericana”. In Nueva Sociedade Nro. 149. Maio-Junho, 1997, p.130-145.

HERVIEU - LEGÉR, Danièle. O peregrino e o convertido: a religião em movimento.


Tradução de João Batista Kreuch. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

CAMPOS, Leonildo Silveira. “Os mapas, atores e números da diversidade religiosa


cristã brasileira católica e evangélica entre 1940 e 2007”. In Rever Revista de
Estudos da Religião, São Paulo, ano 8, p. 9-47, dez. 2008. Disponível em:
<http://www.pucsp.br/rever>. Acesso em: 10 jul. 2009.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. “Fronteira da fé- alguns sistemas de sentido, crenças e


religiões no Brasil de hoje”. Estudos avançados.vol.18, n°. 52, São Paulo, setembro a
dezembro de 2004.

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