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Alguns Poemas

de um Velho Pescador

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DE UM

Velho
Pescador
Elio Roldan Anderson
Alguns Poemas
de um Velho Pescador

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Alguns
Poemas

De um

Velho
pescador

Elio Roldan Anderson

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Apresentação

Este livro nasceu sem que eu esperasse. -3 -


Comecei a postar meus escritos no site http://www.lusopoemas.net
e descobri que ali havia um criador de PDF.

Aproveitando a aparência agradável daquele material, me atrevi a


apresentá-lo como um livro.

Espero que você goste.

Quase todos os escritos aqui apresentados, encontram-se também


no blog do Velho Pescador

Espero que você goste.

Grande abraço.

Elio

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Índice

Apresentação 03
Índice 04
-4 -
O Barulho dos Trovões ao Longe 06
O Barulho dos Trovões ao Longe – II 07
O Barulho dos Trovões ao Longe – III 09
Preito: Ao meu pai 11
Vida 13
Sublime amor 14
O caminhoneiro 15
O coração 16
A mente 17
O olhar 18
Pescaria inusitada – Sem mentira 20
A serenata 22
Minha frô 23
Giselda, a galinha que virou canja 24
Biliscão é um doce bão 26
Politicamente correto 28
Vendedor de mel 29
Um docinho 30
A roda da carroça caiu 31
Esperando o elevador 33
Armadura 34
Eu prometi 36
Poetando 37
Menina, eu te amo 38
Decisão 39
Amar uma mulher 40
Estou em greve 41
Hoje eu não quero escrever 42
O lugar onde vivo 43
O guaraná 44

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Portugal 45
O sertão chora 46
Um doce sonho 47
O idoso e seu jardim 49
Dedo inchado/Nariz quebrado 50
Pescar é bom demais 52 -5 -
Exta-feira 53
Cabral, em 1500 54
A pedra no caminho do poeta 56
Epitáfio 58
Viver de peixes? 59
Não havia lugar 60
Amar uma mulher 62
A felicidade 63
O herói 64
Por favor, doutor 66
Adamastor e Hermenegilda 69
A Lua não se quebrou 73

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O barulho dos trovões, ao longe

O barulho dos trovões, ao longe,


Despertou a minha amada, que dormia.
-6 -
E, dos doces sonhos que ela tinha,
Acordou para a vida, assustada.

O barulho dos trovões, ao longe,


Fez com que ela empalidecesse...
O medo ardendo em sua mente
E o barulho prosseguia, indiferente.

Em um momento, ei-la a gritar


Desesperada, grito de sofrimento
E eu corri, então, a abraçar
Pronto para ouvir o seu lamento

Ao barulho dos trovões, ao longe,


Trouxe-a para junto do coração.
E pude ver quão frágil ela estava.
Com o simples ribombo do trovão.

Abraçou-se a mim, trêmula, abalada.


Contou-me os sonhos que sonhara...
E, o pesadelo que lhe acometeu.

Beijou-me, então, a minha amada,


E, pelo barulho da chuva, embalada.
Acalmou-se, abraçou-me, adormeceu.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O barulho dos trovões, ao longe II

O barulho dos trovões, ao longe


Acordou aquela mãe, que assustada,
Dobrou os seus joelhos, junto ao leito
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E orou pelo filho amado: Onde estava?

Desde que se envolvera com o vício


Já não era meigo, amigo, orientado.
Aparecia, às vezes, lá no pátio,
Abatido, mentindo, esfomeado.

Ah, as amizades ajudaram


A levá-lo ao caminho quase sem volta...
Deixou de ser o homem de futuro
Tornou-se joão-ninguém, pedindo às portas.

Cracolândia! Será que lá estaria,


Em algum canto sujo, esparramado?
Estaria cometendo alguns crimes,
Para conseguir o dinheiro desejado?

E aqui, de joelhos, a mãe ora


Pedindo de Deus, pelo filho, “Misericórdia!
Não deixe que o pior lhe aconteça,
Não deixe que no vício ele pereça”.

Ele é tão bom, tão meigo e amado...


Está apenas perdido, dependente
De uma pedra pra fumar... Vive drogado.
Já nem sabe que ainda é jovem, que é gente.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Se tu podes... Me perdoe, eu sei que podes...


Tira-o agora, inda agora, neste instante,
Dos horrores do vício que o domina,
Livra-o das mãos dos traficantes.

Traze-o de volta à casa, ao meu seio, -8 -


Ao lar, que sem querer, abandonou.
E eu o receberei com meu carinho,
O ajudarei a vencer, com meu amor.

E quando, de novo, ouvir soar


Ao longe, o barulho do trovão.
Hinos de louvor irei cantar
Dar graças, pela tua salvação."

NOTA DO AUTOR

VOCÊ CONSEGUE CALCULAR O DESESPERO DE UMA MÃE, OU ESPOSA, QUE SABE QUE O SEU AMADO
ESTÁ JOGADO PELAS RUAS?

TENHO VISTO COM FREQUÊNCIA VICIADOS, INCLUSIVE DO CRAQUE, SE LIBERTAREM DA


DEPENDÊNCIA, VOLTAREM AO CONVÍVIO DAS FAMÍLIAS, AO TRABALHO, RETOMAREM O INTERESSE

PELA VIDA.

QUER SABER MAIS A RESPEITO?

VISITE: http://esquadraovida.com.br

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O barulho dos trovões ao longe III


INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

O barulho dos trovões, ao longe


E a chuva que caia lá fora,
-9 -
Trouxeram-me, novamente, à memória,
A vida que levava, e não me foge.

Lembrei-me do almoço aos domingos


Mamãe, papai, irmãos, todos à mesa
Várias visitas, todos eram bem-vindos.
Uma família, bem feliz, tenha a certeza

Mamãe, ao fogão, era uma artista


Criando formas, aromas e sabores,
Cozidos, assados, mil quitutes.
Deliciosos, que enchiam nossa vista

Após a refeição, inda à mesa,


Papai, ao bandolim, tocava hinos
Que juntos cantávamos, alegres...
Assim era o almoço, aos domingos.

Depois, nos levantávamos, devagar,


E para a sombra, papai nos convidava.
Idéias, opiniões, compartilhar...
Assim a nossa tarde se passava.

Irmãos maravilhosos, sempre juntos,


Tudo era motivo para brincar...
Um ao outro, chamando por apelidos
Que nos uniam, ao invés de afastar.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Momentos de ternura, inesquecíveis,


Eu não sabia, não podia imaginar
Que eu, por motivos tão incríveis
Um dia abandonaria aquele lar (*)

Andei fugindo, me afastei, na juventude; - 10 -


Perdido nos meandros do alcoolismo...
Magoei a todos que me amavam...
Eu hoje me arrependo... Como pude?

Andei tão longe, imerso em mim mesmo.


Sem ter ninguém me esperando, onde ir?
Pensei que a morte fosse a única saída,
E que fugir da vida fosse o termo.

Nesse tempo eu só pensava na morte,


A depressão calara muito fundo em mim.
Jesus mudou para melhor a minha sorte.
Fez um milagre! Recuperou-me, eis me aqui

NOTA DO AUTOR

A CONTINUAÇÃO DESTA HISTÓRIA VOCÊ PODE LER NA BIOGRAFIA EM

http://elio.anderson.pro.br/

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Preito: Ao meu pai

Pai
Obrigado por ter-me dado a vida,
- 11 -
Por ter trazido o sustento.
Mesmo com tantas dificuldades,
Nunca nos faltou o pão,

Obrigado por ter me dado um nome honrado.


Mesmo com tantas lutas,
você sempre nos ensinou não desistir,
para não desonrar esse nome.

Pai
Obrigado, porque quando eu comecei a crescer,
a me sentir grande, quero dizer,
E achava que você não sabia nada,
Você, homem sábio, continuou me amando,
Cuidando e orando por mim,
E me dando o exemplo de vida.

Pai!
Eu sei que você já errou
(pois você é homem, e, que homem não erra?).
e eu te perdoei os erros, porque te amo,
como você sempre me perdoou, porque me amava!

Pai!
Hoje você não está mais conosco, pois
a morte nos separou,
mas você continua existindo em mim,
Através das boas coisas que me ensinou,
Através da melhor herança que nos deixou:
- O amor uns pelos outros.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Pai!
Você é um sujeito muito importante, sabia?
Teus netos, que não chegaram a te ver,
sabem o herói que você foi,
e o teu nome continua sendo honrado,
em nós e através de nós, - 12 -
e vai seguir assim pelas gerações.

E assim,
Continuo te amando,
E sou grato por ser teu filho

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Vida

Derreado pelo tempo de labuta


Afadigo-me ainda, por um tempo.
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Não sei por que ainda me apoquento
se um dia, talvez breve, acaba a luta.

Se o Senhor me chama, eis-me, pronto


Mesmo com a tarefa incompleta.
Quanto tempo eu gastei, como um tonto
Ao invés de cumprir a minha meta.

Agora, ainda é dia, vou falar


Da salvação em Cristo, o meu Senhor
Hinos de louvor eu vou cantar
Contar do Evangelho de amor.

Falar de alguém que um dia, numa cruz


Mesmo sendo Deus, se entregou
E ali, no meu lugar, o bom Jesus
A sua grande obra completou.

Eu sei, sou salvo, com certeza.


Não vivo mais eu para o pecado.
Jesus Cristo mudou minha natureza
Pelo Espírito Santo fui selado

Agora, é viver em alegria,


Vivendo a cada dia, sem temor.
Pregar o Evangelho, enquanto é dia.
Ansiando pela volta do Senhor.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Sublime amor

Os meus olhos choram sem querer


Quando sentem tua presença maravilhosa
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E eu, mesmo morto, volto a viver
Através da tua palavra, poderosa.

Tanto tempo andei, na indiferença


Para o meu próprio futuro eu não ligava
E na bebida, diariamente, me afogava
E a cada dia mais perdia a consciência

Até que um dia, sem saída, me vi jogado


Desesperado, na rua da amargura
Aos meus próprios olhos, condenado

Meus dias eram como a noite escura


E, eu, que me sentia abandonado
Fui acolhido, recebi a minha cura

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O caminhoneiro

Nesta longa estrada da vida,


Com seu caminhão, com excesso de carga,
Detona o asfalto, foge de assaltos, - 15 -

E vai destruindo nossas estradas

Evitando pedágios, pagando os pecados.


Pagando impostos, o quê vai fazer?
O frete pequeno, tantas despesas
Cadê dinheiro para abastecer?

Se furar um pneu, adeus sustento...


Os pneus novos tem que financiar
E o caminhoneiro, tão destemido
Ainda insiste em trabalhar.

Chegando em casa, depois dessa lida


Viagem longa, que não rendeu nada.
Matar saudades de sua esposa querida
E sair à procura de uma nova carga

O filho cresceu, e ele nem viu


Quando é que foi que o filho cresceu?
Tão entretido com os fretes e a vida
Ele estava na estrada, não percebeu

O caminhão desgastado, ele envelhecido


O sonho que tinha já foi esquecido
Chegada a hora de se aposentar
E pra estrada querida nunca mais voltar

O coração está machucado


Agora não sabe mais o que fazer
O seu caminhão, sempre bem cuidado,
Ele, aposentado, teve que vender

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O coração

Como está o teu coração?


Cheio de paz ou sofrendo?
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O ódio nele está ardendo?
Cuida do teu coração!

Encha-o de boas coisas...


De esperança, de alegria,
De projetos para um dia
Fazer aquilo que é bom

Mantenha-o limpo, por que


É o que vai aparecer
Quando olharem para você

A depressão? Mande embora!


E também a infelicidade.
Não permita que a maldade
Venha morar em você

Se ele estiver cheinho de amor


Com um pouco de saudades
Sei que a felicidade
Fará morada em você

“SOBRE TUDO O QUE SE DEVE GUARDAR, GUARDA O TEU CORAÇÃO, PORQUE DELE PROCEDEM AS
FONTES DA VIDA.“ PROVÉRBIOS 4:23

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

A Mente

Como está a tua mente?


Está limpa, ou poluída?
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Com que você a ocupa?
Com coisas de morte ou de vida?

Depende do que você olha,


Depende do que você lê
E daquilo que você pensa,
Quem ganha, ou perde, é você

Pense somente o que é bom


Use melhor o teu tempo
Não jogue fora teus dons
Não jogue o que é bom ao vento

Honra tua mãe e teu pai,


Respeite a família, os amigos
Dedique-se ao teu trabalho
E tudo irá bem contigo

Ame a Deus sobre todas as coisas,


E ao próximo, como a ti mesmo.
Tenha um alvo para tua vida
Não fiques andando a esmo

E NÃO SEDE CONFORMADOS COM ESTE MUNDO, MAS SEDE TRANSFORMADOS PELA RENOVAÇÃO DO
VOSSO ENTENDIMENTO, PARA QUE EXPERIMENTEIS QUAL SEJA A BOA, AGRADÁVEL, E PERFEITA

VONTADE DE DEUS. ROMANOS 12:2

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O olhar

Com que olhos você me olha? Explica-me, quero saber,


Quero tentar aprender a reconhecer teu olhar
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Olhos de bem, ou de mal? De críticas, ou de apoio?


Só depende do teu olho, e de como prefere enxergar

Se me olhas com carinho, um olhar de amizade,


Da minha felicidade você vai compartilhar

Se o olhar é duro, porém, encontrarás mil defeitos


em mim, e esse meu jeito, você não vai me entender

Com que olhos você me olha? Como quer me enxergar?


Basta olhar, e já fui julgado, ou irei me defender?

E, que tal pesar as palavras versus minha atitude?


Qual delas fala mais alto? Qual delas você vai pesar?

Mas, convivendo comigo, você muda o julgamento,


Pois não é só no momento, que vamos nos conhecer

Você será meu amigo, depende do teu olhar.


Só um olhar sem maldade é que me julga direito

Há gente vivendo enganado, por ter os olhos malvados


E só olham para o outro buscando achar um defeito.

Quem julga assim é infeliz, não pode viver em paz


Pois a vitória do próximo consegue lhe machucar

Eu procuro olhar com amor, buscando as qualidades,


Para não julgar, na verdade, eu olho buscando amar

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Amar nem sempre é fácil, em se tratando de gente


Pois, mesmo sendo diferente, nós somos muito iguais

Todos temos qualidades, e também muitos defeitos,


Sem contar os preconceitos que nos levam a julgar
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Precisamos reaprender, vamos treinar nosso olhar,
Assim vamos exercer o amor que nos vai no peito

Não julgue ao próximo, ame-o, isso é parte da vida


Não pelo que ele merece, mas porque ele precisa.

A vida é como um espelho, reflete o que eu fizer


O bem ou o mal que eu faço, é o que eu vou receber

Olhe ao próximo com amor, como Jesus ensinou


pois ele também tem valor aos olhos do nosso Senhor.

“A CANDEIA DO CORPO É O OLHO. SENDO, POIS, O TEU OLHO SIMPLES, TAMBÉM TODO O TEU
CORPO SERÁ LUMINOSO; MAS, SE FOR MAU, TAMBÉM O TEU CORPO SERÁ TENEBROSO” LUCAS
11:34

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Pescaria inusitada - Sem mentira!

Logo de madrugada, com o dia ainda escuro


Comecei minha jornada rumo ao rio, para pescar
- 20 -
Tão logo peguei a estrada, com o equipamento todo
O céu, quase sem nuvens, começou a clarear

Raios de sol surgiam com uma beleza sem par


Uma ou outra nuvem brilhava, a manhã a anunciar
Logo, muitos passarinhos começavam a cantar
Outras aves iam surgindo no céu a esvoaçar

Nas baixadas, uma leve bruma, de longe eu percebia


Mas, ao chegar perto, interessante, a bruma desaparecia
O sol despontou no horizonte, vermelho ele se mostrava
Mas, à medida em que subia, a sua cor amarelava

Chegando à beira do rio, preparei o acampamento


Organizei minha tralha, tudo em um breve momento
Anzóis iscados na água, uma ceva generosa
Fiquei esperando os peixes, expectativa gostosa.

Logo, um curimbatá, de dois quilos, com certeza,


Foi fisgado, lutou bastante, aproveitando a correnteza
Mas eu venci aquela luta, e o peixe logo peguei
Tirei-o da água então, e no meu covo o coloquei

Depois, as piaparas, começaram a beliscar


Uma ou outra eu fisgava, alguma conseguiu escapar
Piaus, piauçus, piranhas, lambaris e sagüirus
Pintados, piraputangas, dourados, cacharas, pacus

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Tantos peixes diferentes, eu fisguei naquele dia


Peixes pequenos e grandes, fizeram a minha alegria
Porém, às sete horas, eu fiquei muito tristonho
Descobri que a pescaria não passara de um sonho.

Fiquei tão injuriado que briguei com minha filha - 21 -


Que pegara o despertador e lhe tirara as pilhas
Agora já era tarde para pensar em pescar
Então, deitei-me de novo, e continuei a sonhar

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

A serenata

A moça bonita escutava


Por detrás de sua janela
Uma linda serenata
- 22 -
Queria que fosse pra ela

Estava preocupada
(pois não se achava tão bela)
E a serenata seguia
Do outro lado da janela

A madrugada avançava
Seu coração disparava
E a bela moça sonhava
Por detrás de sua janela.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Minha frô

Faiz tempo qui eu quiria ti falá


Tantas coisa bunita qui ando pensano
Eu penso nocê, somente nocê
- 23 -
E assim o tempo vai passano,
E ele passa sem ocê se apercebê

O tempo passa, e o amor só cresce


Enquanto o meu coração só vai sofreno
Purque num tem a carma i a paz
Di tê o amor qui ele ta quereno
I dessi amor, só ocê qui é capaiz

Mais vai chega a hora qui eu vo te dizê tudo


Ocê pode assustá, pode assuntá
vô insisti inté ocê mi aceitá

Cê aceitano, sou capais di indoidá


Pulá de um lado, para outro, i di cantá
Purquê eu vô mi acha o home mais sortudo.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Giselda, a galinha que virou canja

Giselda, ainda era uma franga quando eu trouxe para cá


Com uma prima, e um galo, soltei-a no meu quintal
- 24 -
Lá ela comia as formigas e o matinho que brotava
Fora os grãos de milho seco que pra ela eu jogava

Meu filho pequenino a olhava encantado


E com seus passos pequenos a seguia para todo lado
E no quintal, a Giselda, andando devagarinho,
Ciscava pra lá e pra cá comendo muitos bichinhos

A Giselda punha ovos, mas não conseguia chocar


Só uma vez nasceram dois pintos que não conseguiram viver
Os demais ovos, confesso, resolvi aproveitar.
Foram usados na cozinha, os peguei para comer.

A Giselda engordou, eu me lembro, coitadinha...


Minha esposa a olhou e a quis lá na cozinha
Não teve negociação, outra saída não tinha
Com quanta pena eu fiquei daquela pobre galinha

Alí ficou decidido o destino da Giselda


Que provou ser boa galinha até mesmo na panela.
Foi assim que a Giselda desapareceu de cena
Daquela galinha simpática só sobrou um monte de penas.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

E o Samuel, já grandinho, que o desenlace não viu


Comeu um pouco da canja, e então é que descobriu
Que a galinha Giselda, aquela presença constante
Estava agora no prato, e ele gostava bastante.

Giselda, pobre galinha que andava sempre a ciscar - 25 -


Quem nunca teve galinha não consegue avaliar
Como é gostosa a canja, e o cozido de galinha.
(Eu ainda tenho penas da Giselda, coitadinha)

PS.: As penas que eu tenho são as que transformei em bóias, para


pesca de corimbas.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Biliscão é um doce bão

A Betinha é uma beleza, nunca vi muié iguá.


Ela trabaia cum presteza, sem nunca recramá.
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Se alevanta beeeem cedinho, se ajueia pra orá
Dispois toma o seu chazinho e já sai pra trabaiá

Trabaia cuidano dos véi, e dirigindo o pessoá,


Vê si ta tuuudo completo, si num farta materiá.
Quando dá o seu horário, seu fiinho vai buscá
Pruqui ele ta na iscola, onde foi pra istudá.

Chega em casa, faiz armoço, tem ropa pra lavá


Dá cumida pro Samuca, num tem tempo pra pará
Liga pra suas maninha, liga pro seu papai
Qui ta véio, o meu sogrinho, ela pricisa cuidá

Quando já ta tudo prontinho, ela começa a inventá


Põe treiz ovo na tigela, uma cuié pra misturá
Pega o sar, pega a farinha, o açúca prá porvilhá
Abre a massa beeem fininha, e já começa a cortá

Põe uma goiabadinha no meio, dobra pra segurá


Leva pruma forma graaande, e põe no forno prá assá.
Quando eu chego em casa, à tarde, eu me sento pra jantá
Dispois é que nóis cunversa, pra sabê cume qui tá

Tomo as matéria do filho, a cachorra vem cumprimentá


Mexo c´a calopsita, qui já começô subiá
Despois disso, abro o armário, só pra mó di ispiá
Lá eu vejo os biliscão, qui ela feiz pra mi agradá

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Dô um bejo nessa gata, i nóis cumeça a namorá


Eu falo qui ela é bunita, pregunto si qué casá...
Essas brincadera boba, faiz nóis ficá mais feliz
Olho bem nos zóio dela, e dô um bejo em seu nariz.

Eita vida boa, a nossa, tendo essa união - 27 -


A famía é um presente que alegra o coração
Como Deus gosta di nóis, eu falo com devoção.
Eu gosto taaaanto da Betinha, qui mi faiz us biliscão.

Como é bão!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Politicamente correto?

Atenção, atenção, poetas


Vamos mudar os poemas
Porque, nós iremos, apenas
- 28 -
Escrever o que querem de nós

Jamais derrubar as pétalas


Das flores, e o que é pior
Devemos frisar os espinhos
Como se fossem o melhor

Politicamente correto
É o que exigem de nós
Escrever só o que querem
Seremos poetas sem voz

A loucura dessa gente


Que inverte os valores
E cala o vate, indiferente
Proíbe de citar as dores

Não falem de casamento,


De romance ou namorados
O amor está proibido
Há quem se sinta ofendido

Serão só mal-educados?
Querem proibir o bem
Cercear a liberdade

Criticam o que eu escrevo


Me acusam de preconceito
Me querem amordaçado?

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Vendedor de mel

Você quer comprar mel meu senhor?


Mel é um ótimo remédio,
- 29 -
Que limpa os seus pulmões
Da fumaça do cigarro

Compre um pote de mel, professor


O mel é um ótimo remédio,
que livra tua garganta
dessa pigarra terrível

Compre mel, meu amiguinho


O mel é um ótimo alimento
Que completa a cota de alimentos
que o teu organismo precisa

Compre mel, minha amiguinha


O Mel é um alimento gostoso,
Bem melhor que um pirulito,
E serve para adoçar a vida

Compre um pote de mel, linda jovem


Ele é um alimento forte
Trazido pelas abelhas
Das flores do teu jardim

Tua pele vai ficar mais bonita


O teu hálito, perfumado
Os teus olhos, mais brilhantes...

... Hmmmm...

... Compre mel, e vem para mim!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Um docinho

Fiz um doce diferente, vou trazer procê provar


Ele mexe com as idéias da gente, isso não dá pra negar
Inventei ingredientes na hora de preparar
- 30 -
O resultado espantou quem dele experimentou
Mas ninguém quis reclamar.

Usei cebola, pepino, goiabas, maracujá...


Berinjela bem madura, moranga, e um cajá.
Melão caipira, duas mangas, melancia fatiada,
Casca de jabuticaba, e botei pra cozinhar
Deixei umas horas no fogo, aí é que fui me lembrar
Não tinha posto açúcar, e aquilo já ia queimar...
Joguei caldo de laranja, aí pude adoçar

Porém, não seja indiscreto.


Pus um ingrediente secreto, que eu não quero contar.
Fui mexendo, fui mexendo, até aquilo apurar

Na pedra eu derramei, então aquilo cortei


(Em pedacinho, é melhor!)
Passei no açúcar cristal e na canela em pó.

Guardei na tigela tampada, que é para bem conservar.


O gostinho do jiló e o cheiro do jatobá

Ah, A cor não ficou muito boa.


Nem a consistência, também.
O sabor? Ninguém aguenta!
Quer provar?

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

A roda da carroça
(HISTORINHA BOBA!)

A roda da carroça caiu!


- 31 -
A carroça quase tombou
O cavalo se assustou
O carroceiro xingou,
Quando a roda caiu.

Estava perto do rio


Quando a carroça travou.
O leite se estragou
E o carroceiro se irritou
Porque a roda caiu

Ele ia pelo relvado


A caminho do mercado
Distraído, despreocupado.
Não lubrificou o eixo
E agora se sente um coitado

Brigou com sua mulher,


E também com seu cãozinho,
Brigou até com o afilhado
Seu filho saiu de fininho
Com medo de ser apanhado

Porém, só ele não viu


Que, se aquela roda caiu,
Foi por falta de cuidado

Tudo isso ele aprontou


Tanta gente magoou,
O carroceiro estressado.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Ele não tinha razão,


Arrumou a confusão
Jogou toda a gente nisso

O problema era só seu - 32 -


Porque ele se esqueceu
De fazer, e bem, seu serviço.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Esperando o elevador
Poemas
Eu estava sentado num banco quadrado,
fixado ao lado do elevador
Chegou a menina de perna fininha, ainda criança,
- 33 -
e o botão apertou

Enquanto esperava,
com sua afinada voz infantil, a menina cantou
Um homem bem alto chegou por ali,
e se pôs a cantar com voz de tenor.

E o povo parava para ver e ouvir,


a música linda que se cantava ali
E logo outro mais, mais outro a cantar,
e mais povo chegava para participar

E, ora eu ouvia, ora eu cantava,


era um coro de anjos aquilo que vi
E sentado no banco, aplaudia aquilo,
e, muito feliz, ajudava a cantar.

O elevador chegou,
e a menina partiu,
porém quem a viu se emocionou

E o homem bem alto, com voz de tenor,


naquele momento se retirou
E o povo ficou por ali a sorrir,

todos felizes, cheios de emoção


Eu agradeci por aqueles momentos,
foi um refrigério pro meu coração.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Armadura

Eu vou usar uma armadura e jamais serei vencido


Pois sei onde buscar força, onde ser fortalecido
- 34 -
Sofrer à toa, para que? Estragar a minha vida?
Eu já sei o que passei quando passei da medida!

Vou usar o cinto da verdade, para a calça não cair


Eu escolhi nunca mentir, ter a minha identidade
Eu não passarei a vergonha de ver alguém rir de mim
A mentira tem pernas curtas, isso todo o mundo sabe

Vou buscar em todo o tempo, ser sábio, agir com justiça


Que, sempre, como couraça, me livrará da malícia
Os maldosos e faladores não poderão me acusar
Se eu for verdadeiro e justo, protegido vou estar

Vou andar firme e feliz, falando só o que é bom


Entre tantas notícias ruins espalhadas pelo vento
Há saída para todos, direi em alto e bom som
Só depende da escolha, mundo de paz ou turbulento?

Viverei tranquilamente, conhecendo a Verdade,


Sabendo que no final só terei felicidade
Mesmo que alguém me acuse, ou tente me derrotar
A certeza é um escudo, para que me preocupar?

A mentira cairá por terra, cadê meu acusador?


Se eu sei, e vivo, o bem, sempre serei vencedor
Minha mente estará em paz, na presença do meu Deus
Nenhum mal vai me afastar de todos os projetos seus

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Quando alguém me atacar, terei como me defender


Pois conheço bem a Lei, e não tenho o que temer
Vou levar a vida a sério, e farei o que é melhor
Orando em todo o tempo, e nunca temer o pior.

Inspirado na carta de Paulo aos Efésios 6.10-18 - 35 -

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Eu prometi?

Você diz que eu prometi voltar, mas...


voltar para quem?
- 36 -
voltar para onde?
voltar para quê?

Já não existe mais a menina,


de olhos brilhantes e lábios carnudos,
tão meiga,
sincera,
amável...

A casa também já não existe.


Ali, agora, passa uma avenida,
tão larga,
tão movimentada,
tão feia...

E o motivo acabou!
Hoje, você me olha tão fria...
talvez nem se lembre que um dia
me prometeu tanto amor.

Eu prometi, é verdade, mas


Voltar pra onde?
eu ainda existo,
mas onde está ela?

Como eu posso cumprir?

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Poetando

Um dia destes, menina, eu estava poetando,


poetei uns versos lindos, e então fiquei recitando.
- 37 -

Os versos falavam das flores, (aquelas que você tem)


e comparavam as flores, menina, você adivinha com quem?

Comparavam teus lábios à rosa, menina, e o teu rosto ao jasmim.


(Se você lesse estes versos você corria para mim)

Mesmo não sendo poeta, eu me pego a poetar,


pois todo homem poeta, menina, quando começa a amar.

Você também tem poetado, menina, poesias só para mim.


(Poemas são tuas palavras... teus beijos... você, enfim

Você me poeta e eu te poeto sobre todos os assuntos.


O amor e a poesia farão, menina, que estejamos sempre juntos.

E juntos poetaremos, menina, da noitinha ao amanhecer.


E ensinaremos poesias, para o filho que nos nascer.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Menina, eu te amo!

Falando, ou andando,
ou parado, ou calado,
- 38 -
estou sempre pensando,
estou sempre lembrando
que estás sempre ao meu lado.

E assim,
vou vivendo
a felicidade
de saber que te tenho!

Por saber que te tenho,


para sempre, ao meu lado
já não me preocupo,
já não me entristeço,
pois eu sei que te tenho!

Se estás sempre ao meu lado,


e eu, ao teu lado,
seremos felizes

E, andando,
ou falando,
ou parado,
(até mesmo calado !)
estou sempre dizendo:

Menina, eu te amo !

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Decisão

Ah, chega de ódio, pois a vida é muito curta,


E, chega de mentiras, que fazem tanto mal.
- 39 -
E, chega de farras, que destroem nossas idéias,
E destroem compromissos, e destroem a nossa paz.

Eu sei!
É melhor o amor, pois a vida é muito curta.
É melhor o amor, porque ele nos faz bem
O amor que me enche, e que me leva à luta
Para vencer a mim mesmo, para conquistar o bem.

Chega!
Ah, chega de traições, que ferem quem nos ama,
E, chega de malícia, que nos levam a trair
E, chega do pecado, e dos vícios, que nos matam,
E destroem nosso futuro, e destrói o nosso lar.

Decidi
Assumir um compromisso de mudança para minha vida
Vou cuidar do meu lar, enchê-lo ainda mais de amor
Vou levar a vida a sério, nisso estou comprometido
E procurar amar ao próximo, como Cristo ensinou

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Amar uma mulher

Amar uma mulher, uma só mulher,


Não é para um homem qualquer,
- 40 -
mas é para um homem de verdade.
Não é se apaixonar, é mais que isso,
É saber se dar, e recebê-la.
É compreender, mesmo não entendendo,
É apoiar, é ser cúmplice.
É locupletá-la e locupletar-se
É interagir, e se doar
É vê-la sofrer porque lhe falta um par de sapatos
que combine com aquela blusa, ou bolsa,
Com que nenhum dos quatrocentos outros pares combina...
É vê-la, ao vestir-se, trocar dezenove vezes a roupa para ver qual
cai melhor, e saber dizer-lhe, com carinho e seriedade, que aquela
última está perfeita,
É sorrir, satisfeito, mesmo insatisfeito, pelo enorme atraso.
É responder com outro assunto, diante da pergunta,
“Você acha que estou gorda?”, e reafirmar a sua beleza.
É ceder a prioridade no banho e banheiro,
É ceder a prioridade no carro,
É usar aquela roupa que você não gosta, mas ela sim.
É ficar alerta às suas idas ao cabeleireiro, e,
Mesmo que ela mantenha o corte e cor, dizer-lhe
Como ela está linda!
Elogiar o seu cabelo, o penteado
É levantar-se a cada manhã,
Decidido a ser feliz e fazê-la feliz naquele dia.
Amar uma mulher é, sobretudo, amar-se a si próprio,
Pois, infeliz é o homem que não sabe amar uma mulher!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Estou em Greve

Decidi entrar em greve, pois estou muito irritado


Mas eu seu que sou culpado por essa irritação
- 41 -

Quando acordei, estava alegre, e muito bem humorado


Mas fui ler o noticiário, e doeu o meu coração

Só más notícias eu li. Nenhuma notícia boa.


E coisa ruim me magoa, me faz perder a razão.

Corruptos roubando dinheiro, os governos, só mentindo


Os valores estão invertidos... Pobre população

A mídia só noticia o que interessa ao governo


E verbas, vão recebendo, para essa embromação

Decidi entrar em greve. Eu não vou mais ler jornal


Só livros bons, que me alegrem, e eduquem a nossa nação.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Hoje eu não quero escrever

Eu hoje não quero escrever


Talvez por estar irritado,
- 42 -
Talvez por estar cansado
Eu hoje, não quero escrever!

Hoje, já é sexta-feira,
Final de semana chegando
Muita gente viajando
E eu aqui, no trabalho

Mesmo cansado, confesso,


Não tenho por que reclamar!
Meu trabalho é o meu sucesso
Eu gosto de trabalhar

Se eu fosse, deveras, poeta,


Inspiração não faltava
Estaria aqui, bem disposto,
A rima fluiria com gosto

Mas, amanhã, já e sábado


E não vou poder pescar
Então fiquei irritado,
E decidi não rimar!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O lugar onde vivo

O lugar onde vivo é lugar muito bom,


Muitas pessoas com quem posso conversar.
- 43 -
Encontro gente nova todos os dias,
poucos deles eu torno a encontrar.

Eu vejo o mundo, viajo para todos os lados,


Vejo as montanhas, as cidades, os grandes lagos.
Vejo a praia, linda, com banhistas,
Vejo os navios, as gaivotas, os surfistas.

No lugar onde vivo, a segurança é relativa...


Estou guardado da chuva e do calor.
Na minha casa, esta cadeira é cativa.
Vivo sentado frente ao computador.

Um antivirus atualizado é importante


para garantir a segurança desejada.
Se entrar virus, derrepente, num instante
a minha máquina poderá ficar travada.

As horas passam, e eu permaneço aqui sentado


olhando a tela, usando o teclado,
A webcam ligada, mandando a minha imagem
para outros, que me vêem só de passagem.

Há um incômodo, quando chega a minha mãe


dando uma bronca, mandando-me estudar.
Então levanto-me, pego logo um ou dois pães,
um refrigerante, e torno a me sentar.

Resumo da vida de muitos adolescentes

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O Guaraná

O que será essa fruta


Que deixa o sujeito animado,
- 44 -
Que mesmo estando cansado,
O homem não quer dormir?

Chama a patroa para perto


Dá-lhe um abraço gostoso.
Pois ele ficou muito esperto
E se sente vigoroso

Inda agora estava cansado


Se sentia derreado
e nem conseguia andar
Quando apeou do barco,

voltando da pescaria,
Estava deveras cansado,
já nem conseguia remar
A patroa deu-lhe, num copo,
um pó preto bem ralado
com a água, misturado,
era o pó do guaraná.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Portugal

Ah, como é grande a vontade


De visitar Portugal,
- 45 -
Terra amada,
Encantada,
Ideal.

De lá nos vieram valores


De um povo tão gentil.
Impávido
Culto,
Varonil

Some-se a isso a história


Do seu passado de glória
Heroismo
Erudição
Vitória!

E ainda temos o que aprender


Com a personalidade e firmeza
Constância
Persistencia
Fortaleza!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O sertão chora

O sertão chora sem lágrimas, como já disse o poeta


E o povo, que tanto reza, ainda não recebeu chuva
- 46 -
O gado está morrendo, como a lavoura morreu
Seco, estorricado, tudo porque não choveu

O sol constante, inclemente,


Derrete a esperança da gente
Que vive no nosso sertão
A chuva, faz tanto tempo!
Ficou de vir, e não veio
Resolver a situação

Deus não ouviu? Eu duvido


Ele, sempre, ouve os seus
Porém, esse povo sofrido
Que anda muito iludido,
É que não quer ouvir Deus

Rezam para um e para outro


Lá, na caatinga, são tantos
Santos e santas de pau oco

E agora está um sufoco,


O sofrimento é muito
Mas a chuva, nem um pouco.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Um doce sonho

Eu estava pensando no sonho que tive


Um sonho bem doce, igual, nunca vi”
- 47 -
Há sonhos e sonhos, e muitos eu tive,
Porém, esse sonho, eu depressa comi

Quando vi esse sonho na confeitaria,


Recheado, fresquinho, o aroma eu sentia
E, muito guloso disse que o comeria

Eu logo, comprei, e em seguida, paguei


Tão depressa comi, quase me engasguei
A receita eu pedi, e postei-a aqui

Eis a receita do Sonho

Ingredientes:
700 gramas de farinha de trigo
4 colheres de (sopa) de açúcar
2 colheres de (sopa) de manteiga ou margarina
3 ovos
250 ml de leite
3 tabletes de fermento para pão
óleo para fritar, e açúcar para polvilhar.

Recheio
1/2 litro de leite
2 colheres de (sopa) de manteiga
4 gemas
150 gramas de açúcar
3 colheres (sopa) de farinha de trigo
essência de baunilha ou raspas de limão

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Modo de fazer:
Recheio: em uma panela coloque o leite (reserve um pouco), o
açúcar, a manteiga, a farinha dissolvida no leite reservado, as
gemas e as raspas de limão ou essência de baunilha.
Mexa até engrossar, reserve.
Massa: em um recipiente esfarele o fermento e adicione uma pitada - 48 -
de açúcar.
Mexa até obter um líquido.
Adicione o leite morno. Reserve.
Em um recipiente coloque a farinha (reserve um pouco), açúcar,
manteiga, ovos levemente batidos e o fermento reservado.
A seguir, sove sobre uma superfície enfarinhada e a deixe
descansar.
Após, abra porções com o rolo (deixe com uma espessura de mais
ou menos 1 dedo).
Modele.
Acomode em uma assadeira retangular polvilhada com farinha.
Deixe dobrar de volume. Frite em óleo quente. Deixe escorrer.
Abra com auxílio de uma tesoura, recheie e polvilhe com açúcar.
Convide um Velho Pescador para comer!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O idoso e seu jardim


Poemas
Naquela casa da esquina há um bem cuidado jardim
que está sempre florido, encanta o olhar de quem vê
Há flores bonitas, ali! Rosas, jacintos, jasmins
- 49 -
Com a beleza e o perfume que me fazem lembrar de você

Aquele é o meu caminho, sempre paro para olhar


O trabalho caprichoso daquele idoso educado
Que sempre vem para me cumprimentar
Porém, ele me parece triste, quase como abandonado...

Será que ninguém tem cuidado daquele senhor educado?


Eu sempre me pego a pensar.
São tantas famílias assim, que tem o idoso no lar

E os mantém solitário, por falta de conversar


Essas pessoas se esquecem, que um dia, mal ou bem,
Vão seguir o seu destino... Serão idosos também

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Dedo inchado/Nariz quebrado

Coitadinho do Augustinho, meu amigo lutador


Estava treinando boxe e machucou o indicador
- 50 -
O seu dedo ficou inchado, vermelho, arredondado...
Se ficar imobilizado, como fará pra lutar?

Se não parar de doer, se permanecer inchado,


Meu amigo arredondado tão logo não vai treinar
Se não treinar, o Augustinho vai ficar inda mais inchado
Dormindo, e comendo adoidado... Onde é que ele vai parar?

Além disso, tem aquilo que ele faz, lá no barzinho.


Pega um copo bem cheinho e entorna, sem piscar
Bate papo e toma outro, toma mais um, logo mais outro,
Enquanto conversa um pouco, e não vê a hora passar.

Chega em casa, come de novo, nem que seja só um ovo


Para não desacostumar.
Dorme um pouco, logo desperta, eis a geladeira aberta,
E ele a investigar.

Depois, de barriga cheia, ele liga a TV


Esparramado no sofá, roncando e babando bastante!
Com a mamadeira cheia, que ele mama num instante
Sonha de novo, o safado, e a programação não vê!

Agora estou de saída, tomando bastante cuidado


Pois o Augusto, zangado, eu não consigo segurar
Vou ficar com os olhos inchados, o nariz, talvez quebrado,
É capaz de sangrar um bocado até conseguir estancar.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Quem mandou mexer com ele, escrever estas besteiras?


Deixar meu amigo bravo, com isto que escrevi.
Eu vou embora mais cedo... Estou tremendo de medo!
Pois ele vai me moer inteiro se me pegar por aqui.

PS.: Quase consegui derrubar o Augusto, de tanto que ele riu! - 51 -

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Pescar é bom demais!

Quando me ponho a pensar,


logo penso em pescar.
- 52 -
Mas é bom ficar pescando
pois, enquanto pesco, dá para meditar.

Sentir o peixe pegando,


sentí-lo comendo a isca...
É um prazer maravilhoso,
Sei que não há quem resista.

No final do dia, cansado, com vários peixes no covo,


já estou desestressado, pronto pro trabalho, de novo.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Sexta-feira

No calendário, à minha frente,


quem olha nunca se engana...
- 53 -
Eu pintei a sexta-feira
como início do fim de semana.

Talvez pesca, talvez festa,


Só vai depender do clima.
Seja lá o que vier,
Segunda-feira, estou por cima.

Sábado e Domingo, descanso...


Passeio com a família,
Igreja, eu sirvo ao Senhor,
E depois, volto à lida.

Semana que vem, começa


com trabalho bom e feliz,
Logo, outra sexta-feira
para compensar o que fiz.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Cabral, em 1500

Pedro Álvares Cabral estava um tempo folgado


1500, a começar, encontrou-se com seu cunhado
- 54 -
Estavam andando na praia, sem ter o que decidir
Que tal velejar, ó Pedroca? Vamos nos divertir?
Como ele andava livre, e não tinha o que fazer

Respondeu depressa: Vamos! Velejar é um prazer!


Convidemos os amigos que estejam entediados
E vamos aproveitar esses dias de feriados
Pegaram logo treze naus, só os homens, nenhuma menina

Mas o mar estava sem ondas, parecia uma piscina...


Ele ficou preocupado com aquela calmaria,
Acessou a internet para ver como ia o clima

Sua esposa perguntou-lhe para onde ele iria,


E ele respondeu sério, que a vontade do rei, faria.
Vou buscar especiarias, na Índia, e algum figo
Fico fora um mês ou dois, qualquer coisa eu te ligo

Feliz, carregaram as naus com muito rum e bom vinho


Recolheram logo as âncoras colocando-se a caminho
Cada um deles levava facão, carabina e fuzil
Com bijuterias e espelhos, rumaram ao Brasil

Chegaram lá pela tarde, todos ébrios e alegres


Viram algumas capivaras e as confundiram com lebres
Falaram com um cacique, que era um dos homens mais velhos
Arruma-nos algum ouro em troca de nossos espelhos

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Negociaram, nadaram, pescaram no rio


Havia muita coisa boa lá na terra do Brasil
Voltaram a Portugal, depois de toda a farra
Passaram pelas Índias, antes, com medo de chegar em casa.

Ficaram alguns meses fora, e voltaram preocupados - 55 -


Eles já não se agüentavam de tanta saudade dos fados.
Trouxeram ervas, riquezas, histórias de bom final
Que impressionaram a todos do querido Portugal

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

A pedra no caminho do poeta

Um famoso poeta, andando por uma estrada


Viu uma pedra no caminho, e olhou-a até cansar.
- 56 -

Não se interessava, já, por mais nada


O importante, agora, era explicar

Que no meio do caminho tinha uma pedra,


Uma pedra no meio do caminho...

Ele nunca se esqueceu, que no caminho havia a pedra


E eu aprendi que havia uma pedra no meio do caminho.

Porque essa pedra neste caminho?


Porque é que ele foi passar por ali?

O outro caminho,talvez, não tivesse a pedra...


E..., porque ele foi passar por ali?

Só ficou pensando na pedra, o poeta,


E escrevendo, não saia do lugar.

E a frase escrita pelo poeta


Foi repetida, mil vezes, sem cansar.

Havia uma pedra no meio do caminho...

Mais à frente, no caminho do poeta,


havia uma flor, a desabrochar

Se ele seguisse em frente, e prestasse atenção


A poesia era diferente, não seria de pedra, não.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Mas o Carlos Drummond de Andrade


Me ensinou uma lição:

O poeta tem liberdade,


E precisa ter ambição
Fazer versos à vontade - 57 -
Escrever com a opção
De enxergar o que agrade
Ou que lhe vai no coração.

Velho Pescador

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho


tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Epitáfio

Escrevi este Epitáfio quando da morte do cãozinho de meu amigo,


há alguns anos, e reencontrei-o agora.
- 58 -

Nasci
Mamei
Comi

Cresci
Brinquei
Lati

Vivi!
Amei!
Morri!
Junior “Au-Au” Sabbag

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Viver de peixes?

Se fosse viver de peixes, eu seria um bom pescador


Mas peixe é só diversão, pois eu sou um amador.
- 59 -
Trabalho para ganhar a vida,
Nem sempre é fácil a lida, mas do meu trabalho dou conta.

Há gente que, talvez, pense que eu tenho obrigação


De voltar da pescaria, sempre lhes trazendo um peixão
E mais peixes, para lhes dar, após cada pescaria.
Querem peixes, de montão. Vejam que idéia tonta!

Escolho os melhores peixes, os pequenos eu solto na hora


Separo dois dos maiores, e com estes eu venho embora.
Peixarias? Há diversas... Eles que comprem os peixes
Se querem a comida pronta.

Eu protejo a natureza, pescando dessa maneira.


Pescando assim me divirto, é a melhor brincadeira.
Me disponho a ajudar, até ensino a pescar
Não receba como afronta

Dar aulas de pescaria? Quem sou eu dona Maria?


Quando quero comer peixes, os compro na peixaria!
Para pescar, compre um caniço, com linha, anzol e bóia,
Tenha sempre a tralha pronta!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Não havia lugar!

Não havia lugar para ele naquela noite, em Belém


E não há lugar inda hoje em muitas vidas, também
- 60 -
Alguma vaga em pousada, ou alguma hospedaria?
Em Belém José procurava um bom lugar para Maria

“Estamos lotados, sentimos! Procure em outro lugar,


há, talvez, alguma família que os possa alojar”
José, penalizado, olhava a sua bela Maria
O único lugar que encontrara era uma estrebaria...

Recolheu-a ali, com amor pois ele mesmo sabia


Que nasceria o filho ainda naquele dia
O lugar ele arrumou, limpou o melhor que podia!
Um leito de palha formou para sua amada Maria

Logo o bebê nasceu... E era um lindo menino,


Que logo adormeceu embalado por um hino
Que os anjos cantavam, nos céus, e na terra, com muita euforia
“Hoje nasceu o Salvador que consta das profecias”

Era o Senhor de tudo, mas luxo nenhum queria


E nasceu de uma virgem em uma mera estrebaria
Cresceu, e em todo o tempo om ótimo filho seria
Aprendeu a profissão em uma carpintaria

Um dia, aos doze anos estando em Jerusalém


Conversava com os doutores, pois era um Doutor, também
Todos ali estranhavam a sua sabedoria
Quem era aquele menino? De onde será que viria?

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Onde aprendera as leis e aquela aplicação?


(Ele era Mestre nas leis e o autor da Salvação!)
Adulto, um homem sábio! Aos trinta anos, no Jordão
O Mestre foi batizado, Recebendo a confirmação

João Batista, o profeta, batizava no Jordão - 61 -


E, ao ver Jesus chegar inclinou-se até o chão
“Tu és maior do que eu, ou que qualquer predicado.
Tu és o Cordeiro de Deus que nos livra dos pecados!”

“Tu vens a mim... Quem sou eu para tirar os teus sapatos?


Tu és o Cordeiro de Deus Que nos livra dos pecados!”
Obedecendo, batizou-, então ouvi-se Deus a dizer
Este é o Meu Filho amado E nele eu tenho prazer!

Ao deserto ele foi levado, em jejum, por quarenta dias


O diabo veio tentá-lo pensando que o venceria.
Jesus logo o derrotou, fê-lo sair envergonhado
Pois o prometido Messias estava bem preparado

Começou a fazer milagres, a curar, a ressuscitar


Multiplicar pães e peixes, e muita gente salvar
Durante três anos e meio entre nós ele viveu
E ao final de tudo isso, sua vida ele deu

Morreu numa cruz infame para trazer-nos perdão


E com o seu próprio sangue proporcionou salvação
Ele era a luz do mundo, que veio para salvar
Porém será como Juiz que um dia irá voltar

O Natal foi só um dia, dentro da eternidade


Porém foi a morte na cruz que nos trouxe a liberdade.
Hoje, não resista, não! quando à porta ele bater
Para te dar salvação e muito feliz te fazer.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Amar uma mulher

Amar uma mulher, uma só mulher,


Não é para um homem qualquer,
- 62 -
mas é para um homem de verdade.
Não é se apaixonar, é mais que isso,
É saber se dar, e recebê-la.
É compreender, mesmo não entendendo,
É apoiar, é ser cúmplice.
É locupletá-la e locupletar-se
É interagir, e se doar
É vê-la sofrer porque lhe falta um par de sapatos
que combine com aquela blusa, ou bolsa,
Com que nenhum dos quatrocentos outros pares combina...
É vê-la, ao vestir-se, trocar dezenove vezes a roupa para ver qual
cai melhor,
E saber dizer-lhe, com carinho e seriedade, que aquela última está
perfeita,
E sorrir, satisfeito, mesmo insatisfeito, pelo enorme atraso.
É responder com outro assunto, diante da pergunta,
“Você acha que estou gorda?”, e reafirmar a sua beleza.
É ceder a prioridade no banho e banheiro,
É ceder a prioridade no carro,
É usar aquela roupa que você não gosta, mas ela sim.
É ficar alerta às suas idas ao cabeleireiro, e,
Mesmo que ela mantenha o corte e cor, dizer-lhe
Como ela está linda!
Elogiar o seu cabelo, o penteado
É levantar-se a cada manhã,
Decidido a ser feliz e fazê-la feliz naquele dia.
Amar uma mulher é, sobretudo, amar-se a si próprio,
Pois, infeliz é o homem que não sabe amar uma mulher

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

A felicidade

Me perguntaram: Onde está a felicidade?


E eu respondi:
- 63 -

A felicidade está aqui,


E no meu local de trabalho.
Está onde eu vou passear,
E está no lugar onde eu oro.

Está naquilo que olho,


e está naquilo que penso
Ela está em minha mente,
e em minha mão, que ajuda ao próximo
E ela está no meu peito, batendo forte,
E alegrando o meu coração.

Ela está nos detalhes pequenos


Como no papel em que escrevo,
Na mesa em que me alimento
Até nas ruas por onde passo
No sorriso de minha amada,
E no rosto do meu filho,
E na vida do meu irmão

Felicidade é uma escolha,


uma opção!
Mas ela também está
Na cura do meu inimigo
Que vai se tornar meu amigo,
E que vai se tornar meu irmão,

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

O Herói

Me perguntaram: Qual o maior herói de todos os tempos?


Pensei um pouco, e respondi assim:
- 64 -

Durante um tempo, eu achava que o meu pai era um super-heroi.


Grandão, fortão, sabidão...

Mas, eu fui crescendo, e descobrindo outros heróis,


pois o meu pai já não era tão grandão ou fortão.
Ele ainda era o sabidão, mas só isso.

Depois eu fui ficando malandro,


e comecei a achar que meu pai era um babaca.
Achava que o sabido era eu.
Super-herói fortão mesmo, era o Superman.

Passei um montão de problemas, me perdi pela vida,


Esqueci esse negócio de herói, mas,
quando meu pai estava velhinho,
eu comecei a ver que ele era grandão,
pois conseguiu passar por cima das montanhas de problemas.

E ele era fortão, também,


pois havia encarado inimigos ferozes,
como um mau-patrão, as dificuldades financeiras,
e sempre trouxe as sacolas cheias de comida boa para casa.

E o meu pai era o maior sabidão.


Sabia de tudo, tinha muita sabedoria.

Quando eu chegava para conversar com ele,


ele estava calmo, tranquilo, e dava cada conselho jóia,
que só os pais idosos conseguem dar.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Taí.
Ele acabou vencendo o Superman.
Ganhou em tudo.
Nem kriptonita acabava com o "meu velho".
- 65 -
Só a morte o venceu!
Ela conseguiu tirar ele de perto de nós,
mas, na lembrança ele ainda permanece!

Depois eu descobri um herói,


muito mais poderoso, em todos os sentidos.
Um que sabe todas as coisas,

Um que é grandão, fortão...


E ninguém pode com ele
Nem a morte!

E ele não é metido, mas humilde.


O nome dele?
Jesus Cristo.

Imagine você que um dia o mataram, mas, antes, ele tinha dito:
"Ninguém tira a minha vida.
Eu a dou para tornar a tomá-la",
e não deu outra.

Ressuscitou!

Sabe? Um dia eu vou viver lá com ele,


numa casa jóia que ele está fazendo para mim.
Ele prometeu, e sei que vai cumprir!.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Por favor, doutor...

Pois é, seu doutor. Nós era da roça, não aprendeu falá bonito. Nós
até atropela as concordância...
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Nós pode não ter muito estudo, mas sempre fizemos o bem.
Uns de nós morava nos sítio, outros nas fazenda. Nós era colono,
roceiro, campeador, derriçava café... Isso antes da implantação das
usina de álcool, que fez o nosso interior virar um canavial sem fim, e
também antes das leis que obrigava os fazendeiro a registrar os
colono.
Naquele tempo não tinha esse mundaréu de terra parada, que não
produz nada, que tem uns boizinho pra dizer que é produtiva, para
não ter o perigo de invasão.
Também não tinha esses movimento de sem terra. Eu fui convidado
para participar disso, mas tinha que ficar morando na barraca de
lona preta, fazer movimento, viver de esmola, e depois dividir o que
ganhasse com aquele povo safado. Não é isso que nós quer, doutor.
É só política, e nós quer é trabalhar.
Naquela época, não se falava da tal globalização, do tal MERCOSUL
Televisão, só com bateria, uma poucas horas que tinha, só nas
fazenda. Nem antena parabólica existia.
Nós sempre agiu direito.
Nós respeitava até algumas leis que não estavam escrita, como a
da-oferta-e-da-procura, que a gente descobriu, era para acertar os
preço. Mas essa lei estava nas mão dos atravessador. Quando nós
produzia bastante, os preços baixava. Quando a produção era
pequena, o atravessador pagava pouco também.
Naquele tempo a vida não era fácil, e nunca foi, né, seu doutor?
Nós levantava cedo, trabalhava até o sol se por, inclusive de
sábado, e, nos domingo também, quando era época de colheita.
Uns de nós trabalhava de-a-meia, outros era empregado do sítio,
outros pegava o serviço de empreita. Mas todos trabalhava. Nós
vivia bem!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

As criança ia para as escola, escola da fazenda mesmo. Passava de


ano até tirar diploma de 4ª série. Depois tinha que ir para a cidade
fazer o ginásio, o colégio, até faculdade. Alguns até formou seus
filho nas faculdade, sim senhor. Tudo às custas do trabalho, que
naquele tempo não faltava não, doutor!
Vieram essas medidas econômica, essas coisa que vocês fazem em - 67 -
Brasília (ou será que é porque não fazem?), e a vida ficou
complicada.
O sitiante parou de produzir, foi à falência, o coitado, que não
conseguiu pagar os financiamento, os empregado. Os fazendeiro
grande não tem mais empregado nenhum. As pessoas que produz
não tem mais empregado. Só contrata bóia-fria, assim nós foi tudo
pras cidade, pois nem lugar para morar nós tem mais, lá na roça.
Naqueles tempo, nós tinha lugar para morar, criar umas criação
caseira, fazer uma hortinha, ter uns pezinho de fruta...
Agora, morar só se for na cidade, na favela, e se alguém quer
trabalhar, só acha de bóia-fria.
Trabalhar de bóia-fria não seria tão ruim se tivesse serviço sempre.
Na cidade nós tem que pagar aluguel, contas de luz e água,
imposto, passagem nos ônibus, etc., e, quando está fora de época
de colher ou plantar, nós não ganha nada. Aí não dá mesmo para
pagar isso tudo.
Logo, mesmo na safra de cana não vai ter mais contratação, pois as
usina já estão colocando colheitadeira, que tira o serviço de um
montão de gente. Igual aos produtor de café, de soja...
Não tem mais trabalho, doutor.
Explico tudo isso para o senhor saber que nós é pobre mas nunca foi
bandido. Faz um tempo, criaram um tal de Estatuto das criança e
adolescente, que proíbe as criança de trabalhar. Só pode trabalhar
quando tem dezesseis ano, se conseguir, e quase nunca consegue.
Aí, acabou a escola, e eles fica na rua, pensando bobage.
Meu filho, o Nirto, ta com quinze anos agora, mas sumiu de casa,
depois de pegar e vender as roupa que ele tinha, pra comprar um
tal de crack.
Não sei onde ele anda, doutor, mas sei que ele precisa de ajuda.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Ele sempre foi um menino bom, sempre foi obediente.


Acho que é com essas companhia, que ele aprendeu a usar isso e a
roubar.
Só ele, porque os outros irmão não usam, não.
Ele já foi preso, ficou uns tempo, e nós achava que ele não ia usar
mais, mas ele não conseguiu. A gente conversava com ele, e ele até - 68 -
chorava, mas não consegue se livrar desse vício, e nós não tem
como pagar um lugar para ele se tratar.
Estou contando isso para pedir pro senhor, doutor.
Se vocês descobrir onde ele está, traz ele de volta.
Não deixe os traficante matar ele não, doutor, porque ele é nosso
filho e nós ama ele.
Nós vai fazer o possível para ele se recuperar, e vamos correr o
mundo para conseguir internar ele para ele se livrar disso.
Viu, doutor. Ele é um bom menino! Não deixa matarem ele, não.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Adamastor e Hermenegilda

Pois é! Quem diria?


Adamastor, conhecido por sua vontade de arrumar uma namorada
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bonita, rica, elegante, simpática e discreta, já andava meio
desanimado por tanto tempo passado sem conseguir seu intento. A
esta altura, ele já estava achando que a namorada não precisava
mais ser tããããão bonita, ou rica, ou elegante, ou simpática, muito
menos tããããão discreta. Sendo uma moça, mesmo que não tãããão
moça, já serve, pois a idade vem, os cabelos se vão...
Pobre Adamastor.
Acontece que, dia destes, chamado a participar de um simpósio
sobre o sistema pelo qual ele responde em seu município, que se
daria em cidade próxima, acordou atrasado, mas bem disposto,
como sempre. Tomou um banho rápido, passou o desodorante, a
colônia, vestiu-se primorosamente, como é o seu jeito,
apressadamente, mas não tããããão apressadamente.
Pegou o seu carro e dirigiu até à o trabalho, donde seguiu viagem,
em companhia de algumas jovens senhoras, ou quiçá, senhoritas.
Todas mostraram-se encantadas com a gentileza, o sorriso cativante
e o perfume inebriante do nosso querido amigo.
Chegados ao destino, mal tem início o simpósio, Adamastor
percebeu que a prócer daquela área estava mancomunada com um
esbirro, preparando armadilhas a fim de diminuí-lo aos olhos dos
demais, desgostosa que estava de sabê-lo ali, já que o mesmo era
quem mais profundamente conhecia aquele trabalho, talvez quem
deveria dirigir os trabalhos.
Consternado, tentando manter-se calmo, aplicava-se a cada
momento em se livrar dos laços armados, pois, instintivamente,
sentia que o queriam derrubar.
Em dado momento, ao virar-se para a direita, viu o olhar de
Hermenegilda.
Viu muito mais que isso.
Ah, Hermenegilda...

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Como não a percebera antes? Ela que, em todas as oportunidades,


mostrava-se solícita, figura benfazeja... Ruborizou-se ao perceber a
simpatia e carinho explicitados naquele olhar.
Sorriu.
Viu-a como nunca havia visto alguém...
Tentou voltar ao tema em discussão, mas quê? Como ouvir outra - 70 -
coisa senão seu coração, que, agora estava aos pulos, fazendo-o
olhar mais uma vez, mais outra, para aquela que o despertara para
o amor?
Pela primeira vez percebera o brilho dos olhos, o frescor dos lábios,
o olhar carinhoso...
Hermenegilda...
HER... ME... NE... GIL... DAAAAA... (É assim que ele fala!)
Ela estava linda...
ooooo

HERMENEGILDA E ADAMASTOR

Hermenegilda era uma mulher simples e bonita, inteligente, bem


formada, mas praticamente deixara de viver, desde que seu noivo a
abandonara no altar.
Jurara a si mesma nunca mais confiar, nunca mais se entregar a
alguém. Seu coração se fechara, e ela deixara de considerar a
hipótese de ter um namorado, de se casar, ter filhos...
Os anos foram se passando e ela ia se dedicando mais e mais ao
trabalho, tentando afogar aquela frustração.
A vaidade se fora. Deixara de se cuidar. Os cabelos, loiros e lisos,
outrora tão lindos, eram agora amarrados de um modo simples,
formando um pequeno rabo, quando não os cortava bem curtos.
Suas roupas não deixavam ver a harmonia de suas linhas. Parecia-
se mais com uma austera professora, do que com a jovenzinha
gentil e sonhadora de anos atrás.
Curiosamente, com tudo isso, não se tornara amarga, mas
indiferente.
A vida passava e ela não percebia, imersa em seu trabalho.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Acordou, naquela manhã, muito cedo, como era seu costume. Neste
dia participaria de mais um seminário sobre o sistema de que era
responsável em seu município, e que ocorreria em uma cidade
próxima. Ela gostava daqueles momentos, pois a tiravam da
mesmice de sua repartição, e ela podia discutir os assuntos que
tanto gostava, com pessoas que faziam parte daquele mundo à - 71 -
parte.
Tomou um rápido banho, maquiou-se levemente, vestiu-se.
Há tempos não usava um perfume. Perfumar-se lhe parecia algo
despropositado, pois, inconscientemente, temia que algum homem
pudesse reparar nela, e era isso que ela evitava, mas, não sabia por
que, pegou de uma colônia que ganhara de uma colega, e ousou
sonhar, ao sentir aquela inebriante fragrância.
Na condução que viera buscá-la, passou a olhar a paisagem,
vislumbrando aqui e ali uma árvore que se destacava, ou uma
pessoa que trabalhava.
Viu crianças brincando em uma pequena praça e permitiu-se sorrir.
Ah, há quanto tempo não sorria? Como era bom aquilo.
Viu o balanço indo-e-vindo, meninos correndo, uma bola parada...
Passou a recordar os momentos felizes de sua infância, e, imersa
em si mesma, chegou ao local do seminário, com pequeno atraso.
Desceu tranquila, leve, sorrindo para todos, sem mesmo perceber,
feliz que estava, e entrou para o simpósio, percebendo que o
assunto discorrido era já conhecido, simplesmente uma atualização
das normas.
Sem querer, sorrindo ainda, seus olhos encontraram-se com os
dele...

ADAMASTOR!

Ele sempre lhe parecera muito esquisito, cheio de manias, metódico


ao extremo, mas alguém que realmente entendia aquele trabalho, e
com quem, algumas ocasiões, discutira detalhes importantes.

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

Naquele momento, percebeu no olhar do Adamastor a solidão que


existia em si própria, e conscientizou-se de estar tão sozinha há
tanto tempo.
Ruborizou levemente, o que a deixou ainda mais bonita, e então,
virou-se para ele, e ...
... sem querer, pela primeira vez em suas vidas, Hermenegilda e - 72 -
Adamastor deixaram de participar do seminário, mesmo
continuando presentes naquela sala.
Ela só pensava nele, e ele só pensava nela.
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Explicações do Velho Pescador.
Os personagens acima não são apenas ficção, mas retratam pessoas
conhecidas.
Vamos aguardar o desenrolar para dar prosseguimento a este
romance.
Ou não!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

A Lua não se quebrou

Estávamos em Julho de 1969, e, no dia 19, meu aniversário, a


atenção de todo o povo se concentrava na viagem à Lua, pois a
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missão Apollo se propunha a pousar, permitindo que o homem
passeasse no solo lunar.
O pouso estava marcado para o dia seguinte, 20 de Julho.
Eu estava encantado com a idéia, nos meus dezenove anos de
idade, maravilhado com o desenvolvimento científico-tecnológico
que possibilitava essa viagem.
Noticiários de rádio, TV, revistas e jornais, não paravam de falar do
assunto, mostrando, em preto e branco, as imagens do nosso
satélite, as fotos dos astronautas e do foguete que os levaria até lá.
Ocorre que um vizinho nosso, o Sr. José, com seus 65 anos,
aproximadamente, estava por demais preocupado.
Ele, mineiro de Itajubá, humilde ascensorista, não aceitava a idéia
da viagem, e ficava esbravejando “com esse povo que pensa poder
ir à Lua. Os homens não podem ir à lua”, ele dizia.
Eu, já acostumado a conversar com ele, fui explicando em uma
linguagem mais simples para que ele entendesse, mas estava difícil.
Em determinado momento, ele foi peremptório:
- “O homem não conseguirá entrar na Lua! Por onde ele vai entrar”?
Eu pensei um pouco, e, mostrando em uma revista a foto da Lua, e,
pensando ter encerrado o assunto, mostrei-lhe as várias crateras e
disse:
- “Eles vão entrar por um desses buracos...”
Ao que ele respondeu:
- “Se eles entrarem, a Lua vai se quebrar e cair na Terra!”
Apavorado, foi rezar mais um pouco e eu, desistindo de explicar
qualquer outra coisa, fui curtir o meu aniversário, esperando que a
missão Apollo 11 tivesse êxito e os astronautas voltassem em
segurança à sua base.
No dia 20 foi a maior festa! Afinal, a Lua não se quebrou, e a missão
foi um sucesso!

Elio Roldan Anderson


Alguns Poemas
de um Velho Pescador

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Fim

Elio Roldan Anderson

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