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GÜNTER WEiMER

--wr~~~-ERSPAH N
A R QUI T E T O
<> EDIPUCRS, 2009

CAPA Vinicius Xavier


ILUSTRAÇÕES

PREPARAÇÃO
Günter VI/eimer
DE OIUGINAIS Patrícia Aragão
Reconhecimentc
REVISÃO do Autor
PROIETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Vinícius Xavier
descendentes dE
FOTOGRAFIAS Gilson Jose de Oliveira - páginas 51, 52, 53, 55, 57, 5R, 59, 60, 62, 66,
69,71. 76. 79, 91,100,101,102
Rafael Bavaresco - págilld 106.
e 119. e Maria Wieder~
IMPRESSÃO E ACABAMEN10
..-dl-~ii'
1K:1I""~1£
em homenagerr
~ediPUCRS
'NW w. pucr s. br/ll d i puer 5

EDIPUCRS - Editora Universitãria da PUCRS


Av. Ipiranga. 6681 - Prédio 33
Caixa Postal 1429 - CEP 90619-900 Com surpresa comprovamos que aqui não
Porto Alegre - RS • Brasil
Fone/fax: (51) 3320 3711 análise da numerosa obra do incansável1heo \Y/
e-mail;edipucrs@pucrs.br
te da história em si: o relato humano de uma s.
acompanhada pela interpretação do contexto po
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
primeiro de sua Alemanha natal, depois do Br:.

\V644W Weimer, Günter. ahrangente c interessante que supera as cxpecta ••


Theo Wiederspahn : arquiteto I Günter VVeimer. - vida e a obra desse arquitem imigrante, resgatan
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.
Alegre e do Rio Grande do Sul.
140p.
Somente o conhecimento permite discern'
ISBN 978-85-7430-860-9
resultado dos estudos e investigações realizadas.
1. Arquitetura - Rio Grande rio Sul. 2. Arquitetos mos ampliada a nos..~aconsciência sohre o valor <-
Alemães - Biografias. 3. \Viederspahn, Theodor
evidente a importância que adquire, para o parei
Alexander Josef - Biografia. 1.Titulo.
CDD 242.74 preservar. não só suas edificações ainda exisrcnr
que abarca registros. foros e plantas de projcros.
tos nunca construídos.
fid ••• Calollogr,iliu •.•••
d.or.uia pl'lo Sfolor dE' lr ••lollTWnlo doi lnfom\d{.\o doi BC-PUCRS-

Por transcender o âmbito afctivo e familiar.


quado para abrigar esse precioso material seja ur
Proibida a rt"ptoduç.lo tofal ou p.m:ial desta (~ra 5em autorização I'xpre5!Nl.da Edilora.
lheodor Alexander JosefWiederspahn (lheo)
• Wiesbaden, Alemanha, 19 de fevereiro de 1878

+ Porto Alegre, 12 de novembro de 1952


Surr
~---- -- -- -- ------ -----

GÜNHR WEIMER HISTÓRIA DE UMA fAMíLIA

o domínio regional, chegado ao fim. Mas o que sucedeu foi exaramente o contrário: as cabeças coroadas 1,xias essas rransformações, no entalHO, pouco melhoraram a vida no campo. do sal, mas o local passou;] ser conhecido como es(açáo de banhos. Em razão disso,
mais adiante. A par da Europa que haviam sido destiruíoas por Napoleão voltaram ao poder c trataram, A progressiva indusrriali7.ação f:lYoreccu as cidades atraindo os elemcnros mais rro~ Soden anexou a seu n0111(:o qllJlihcativo de "Bad"' (banhos).
feudais cujos resul- imediatamente, de destituir o Imperador dos franceses. E as populaçües depaupe- grcssistas do imcrior. Aqueles que n:1O tiveram a sone de encontrar emprego nas
Os novos vemos tra;dtios pela opçáü
l com que, precocc~ radas pelo recrutamento forçado para as Guerras Napoleônicas foram obrigadas a cidades foram instados a cmigrar da mesma forma como muiLOs dos campolH.:Sl'S.
de arividades econômicas ligados :\ tera-
meiros movimentos fazer novos esforços e sacrifícios, dessa vez, para combater Napoleão. l-=of<1messes que constituíram a maioria de um conringenre de aproximadamente
pia tfOm.:eram um novo alemo à rcgiáo
n. dez por eemo da populaçüo alenü l)UC deixou o país no século XIX. Esse. no cn-
Mesmo que. ao cabo, as transformações sociais geradas pela Revoluçáo France. que, desde elllão, pas..\ou a contar com
ramo, não foi ainda o destino dos \V'iederspahn. A emigração cra o destino dos "" .•.••••...••.•.
lCeitou o convire da sa acabassem reprimidas pelas forças conservadoras de uma nobreza tão decadentc lima crescente populaçáo Ilutu.Ulte. Isso
mais pobres, quase sempre cndivi,Ltdos. Aquelcs quc de uma forma ou olltrJ con-
ande" devido ao seu como havia sido a francesa, os efeitos deixados não foram de pequena monta. A deve rer favorecido indiretamente <1f..-uní-
seguiam se malller em uma preGÍria estahilidade econômica preferiam ficar em Sl'U
. linhagem de teuto- conquisra de direitos civis, uma laicização geral da sociedade, a profunda transfor- lia \Xliederspahn, pois se assim náo rosse
local de origem. Isso fica muito bem demonstrado nas esratísticas.
'giões do Dom. Em mação dos meios produtivos agrários a favor de uma industrialização crescente fo- dificilmente teria sido pos.sível nundar
::as que assolariam a ram alguns dos efeitos mais imediatos, mas a reorganização adminisrrativa foi talvez Apesar da reduzida eficiência do controle da natalidade, a população do de~ um dos filhos. Heinrich josefWic-ders- o

lrte emigrou para os a que tocou mais de perto a população do vale do Kinzig. Em 1815, o principado partamclHO de Schlüchrcrn (ao qual pertencia Salmünster e Soden) tinha 31.762 paho, para a capital provincial de l\'lainz
1 para a Rússia eram de Hessen-Kassel incorporou os antigos territórios da abadia de Fulda e, com eles, habitanres em 1837 e. um século mais tarde, especificamenrc, em 1939, era de em 1855 para se dedicou'ao aprendizado
tismo. o vale do Kinzig. Transiroriamenre, Salmünsrer se constituiu num distrito adminis- 31.338 moradores. O mesmo pod~ ser verificado em relação às aldeias referidas. As do oficio de carpinteiro. Isso é curioso
trativo da Província de Han3u, mas quinze anos mais tarde a Prússia anexou o prin- csrarísticas disponíveis demonstram que, em 1837, SalmünstCl" dispunha de 1.621 porque a tradição que: provinha da Idade
ara a Europa central.
cipado de Hessen-Kassel e, com isso, roda a região do Meno passou aos domínios habitantes e de 1.970. em 1939, enquanto Soden tinha 1.067 habitantes em IR37 Média irnpunha que os juvens, quando Mapa da região do Baixo-Meno com localizaçâo de Malnz e Wlesbaden.
la da Bastilha havia (Desenho de G. Weimerl
de Berlim, até 1866, quando foi criada a Província de Hessen-Nassau 7
que existiu e 1.426, em 1939". As melhores pcrfoflnances dessas duas aldeias ocorreram devido chegavam ao fim da puberdade. emIas-
a sociedade mais jus-
atê o fim da Segunda Guerra Mundial, quando foi criado o atual estado de Hessen à procura de seus hanhos, mas nem por isso deixou de sofrer uma massiva cmigra- sem em serviço em uma marcenaria local na qualtr.lbalhavam até completar o aprendi7 ..a-
ia pela Alemanha.
com a capital administrativa em Wiesbaden 8
. ç.io para as cidades e, principalmclllc, para o exterior. do d.e acordo com o jUí7_0do mestre, o dono da oficina. Entáo er.un declarados "oficiais"
a Ftança por Napo- e liberados para uma viagem de csUldos pelas mais diversas oficinas das circunvizinhanças
As salinas que haviam dado f.1ma {:II1tOa SaimUns(er como a Sooen na Ida-
i dessa nação através - próximas ou a£lsradas - onde er.un rccebioos pelos novos mestrc" que lhes ensinav'.ull o
de Jvlédia foram ab;lIldonadas el11 fins do século XVI, em pane, pelo fato de os
foram as primeiras que julgavam qllC lhes fultava em conhecimento.
príncipcs-abades de Mainz terem decidido centrar a exploração do produto na vila
1 e coroou seu irmão
de: 01'1.> que: se localizava nas proximidades, por serem mais rendáveis. E assim pcr- Depois de dois ou três anos de viagem, voltavam a sua aldeia de origem onde
:as e necessárias não
~lanecer.lfn :ué:l metade do século XIX. Em 1837, por razões fortuitas, as mesmas cOlHinu<1vama exercer o ofício com seu antigo me..';;trearé serem admitidos no círculo
Se, de início, a inrc-
toram redcscohenas e escavadas as antigas instalações. Dois anos mais tarde Roheft dos mestres locais, ellláo podl'riam instalar sua pnlpria ondna. Quando se tratava de
cs do governo napo-
:'Xrilhdm Runsen - o descobridor do bico de Bunsen - examinou as qualidades das aldeias, em geral, as opções eram bem menores: o manceho começava a trabalhar com
no se fez coroar im-
3gua.s. Segundo seu laudo, elas tcriam aIras qualidades terapêuticas para as doenças seu pai e, depois de rcceher sua licença paterna, filZia a sua viagem que, em geral, re-
, à Alemanha por ele I .. Isso nao
do coração c do .si.Stema ClrCl1aWno.
. - (Ia produção
"'fi slgm cou a reatlvaçao
.
presentava um período de desprendimento, antes de voltar a se submeter à tirania pa-
população se voltou
terna até a morre deste quando se tornavam mestres e recomeçavam o mesmo ciclo.
no pelo recrutamen-
tS$a esta de so to dida .
m apena."i as prclimi- Casa dos Wíederspahn em Bad.Soden. IDe senha de G. Weimerl Casa dos Wiederspahn em Bad-Soden (centro da fotol. 1975 de I per I a paltu da Segunda Guerra Mundial. As estatísticas dlSponiveis dos anos de 1950 A história de Heinrich josef \Xliederspahn 10 fugiria (Otalmcnre a esse modelo.
na atualidade. Cartão-postal com fOlO de Henrique oscar monstlam Que Salmünster linha respectivamente 2.55a 2 66a e 5 254 habitantes enquanto Bad-Sod~
'as promovidas pelos 'Name<lle21682239 4374ha"'" - - Em primeiro lugar, era filho de um pemeeiro e, aos quarorle anos, foi mandado
o Oepa ,-- e. Ultantes Em 1975 a reglao passou por nova reforma administrativa quando
das e em dispêndios. 7 A cidade de Nassau selViu de berço para Moriu von Nassau que se tornou conhecido no Brasil como Maurício de ••••••_ firlamento do Meno.KÍI11ig lMam.Kinzig Kreisl, com sede na Cidade de Hanau e nessa ocasião as duas
• •••• tIITl Uni ICadas em uma . .
Nassau, o administrador de parte do nordeste brasileiro durante o domínio holandês. hrtbnantes resut...- unrca. com o nome de Bad Soden.Salmünster. com uma só prefeltura e contando com
.1e as agruras tinham a Embora seja uma cidade importante. não nos consta que a mesma tenha recebido um nome específico em português.
'''''--lIles em 3.379 moradIas
10 Nasceu em 19/03/1 a41. em Soden. e faleceu em t 2/0811 9 15. em Wiesbaden.

21
GÜNTER WEIMER
THEO WIEDERSPAHN "ARQUITETO

para O aprendizado do ofício dc carpimaria em ~lainz. a capital provincial, após Entremcntes, acolllectu outro [uo político t}ue haveria de marcar a vida 00 Com as roupas do corpo e a mulher gdvida de 'Iheo, a família voltou para

completar seus estudos prim~\rios. Cena mente isso foi devido não só ao fato de ser p~Hriarca daí por diante, Em 1R70/1. a Guerra Franco-l)russiana apresentou a ines- J\'lainz. e o pai recomeçou a traoalhar na firma Bcmbé. Todavia, a salvação eco-

o filho mais velho, mas rambém por ser () único filho homem da fàmíli:l de LuJ.wig perada vitória dos prussianos, aprovdtada pelo chanceler Ono von Bismarck para nômica da ['unilia veio 00 pagameIHo de indenizaçáo da parte do governo alemão

\XficJerspahn l: de sua primeira mulher, Rosalia. nasceu Adrian. Lá começou a rra- unificar toda a Alemanha, abolir as fronteiras inrernas e ancxar as províncias fran~ pelas perdas sofridas nas rerras conquisradas. Com essc dinheiro. Heinrich Joser

balhar como aprendiz na carpinraria c marcenaria Bcmbé. Pouco se sabe sobre seu cesas da Akícia e da l.orena ao território alcmáo. Para garantir a posse dessas terras, pôde se e~taocleccr definirivamentc, por COlHaprópria, em \\7iesnadcn, cidade flue

aprendizado e provavdmcme não chegou a realizar sua viagem de oncial, pois com houve uma conclamaçáo para que cidadáos alemães se mudassem para os territórios ficava defronte a !vfainz. no atual estado de Hcssen. No cenrro Ut' Wiesbaden (na

apenas 22 anos de idade casou com Christinc Luisc Koop, em 1863, c se estabele- conquisraoos. Heinrich josef\X/iedcrspahn aproveitou essa oportunidade para de- Adolf-Alle, entrc a Rheinslrassc e.1 Adelheidsrrasse) adquiriu um Terreno cujo par-

ceu em Mainz numa pequena residência em que aprovcitOli uma das dependências clarar Slla definiriva independência profissional e se mudou lura Saarehourg'1 (ou celamemo lhe permitiu consrruir um edifício de apartamentos de cinco andares

para oficinall ainda rrabalhando para Bembé. Isso indica que. nessa época. ainda Saarburg, para os alemães), onde permaneceria por quatro anos, tempo suhcicn(c no (lual residiria até o fim de sua vida (na Adolf.AlIe, no 6). Li também nasceriam

não havia recebido s(:u título de mestre. Devagar comcçou a receber encomendas para que nasccssem mais quatro filhos (Alfrc:d Emil j()sef, as gêmeas johanna c Ma- mais dois filhos (Helenc e Hdnrich Joscf. homônimo do pai, pois 'nlCodor Ale-
rie c um natimorto). Li construiu uma olaria c se dedicou à construção. sobrerudo. xand
. "J' laVla naSCllO
e'r J ose f Ja , I qllao d o se nHIlIaram para aqude apartamcnto). No
particulares, aparentemente, sem ter passado pelo ritual da liga dos rnCS{fCs. Isso
ralvez possa scr explicado pelo [uo de que o antigo sisrema das associaçües de ofício para a recuperação das perdas oe guerra. Por isso fez bons negócios, mas devagar foi tundo da propriedade ainda construiu Otlfro prédio de três pisos onde instalou

estava enrrando em decadência na I11t5111amedioa em que a incipicllle industria- se organizando a resistência francesa que visava à reintegração da regiáo ;\ França, uma carpintaria t' uma marcenaria, Com a vcnda dos demais apartamC:llfOs pôd(:

lização necessitava dc uma maior Aexibilidade na contrataçáo de sua máo de obra. Os guerrilheiros, inicialrnellle. incendiaram a olaria c depois o patriarca começou a comprar uma grande área na en[;lO periferia da cidade (clllre a rua Frankfurrer eo Mapa de Wiesbaden, ti

Foi nessa casa que nasceram os primciros seis filhos do casal (Emilie, AJexander, receher cartas ameaçadoras dizendo que sua casa tcria o mesmo fim se não voltasse \X!ilhelmring) que, em futuro próximo, lhe renderiam bons dividendos.
Essa fase da hi
Jakob, Johann, Karl e Margarethe), imediatamente para a Alemanha. Percebendo que o governo alemão não podia ga.
randr sua segurança e a de sua família, o p~1triarca resolveu voltar a Mainz, Segundo da li Reich ", do "
prosperidade c des,
os relatOs familiares. as carroças esravam prontas para partir quando as mesmas
lição oas fronteira~
e a casa em que se encontravam foram incendiadas, com peruas materiais rotais,
dos despojos de g'
No incidente pereceram cinco de seus filhos (Johann, Karl, Alfred Emil Josef e as
atraiu boa pane da
gêmeas Johanna e l'darie),
para as condiçúes
especulação imobi
com o parcelamcn
instalaçúes de sua I

o 11Reich Alemão e a Alemanha atual


(com destaque das regiões anexadas em 187Of1).
(Desenho de G. Weimer)
Heinrich Josel Wiederspahn. Christine luise Wiederspahn. Famlia Wiederspahn
T . .' em I BBB. N o pnmelro
. . plano. a partir da esquerda:
Foto do acervo da fam~ia Wiederspahn. Foto do acervo da fam~ia Wiedespahn. No segundo pia heo: Helnllch Josef J-. Christine luise (mãe) e Hetene Kai~
12 Aqui é necessário novamente p,estar alenção na nomenclatura. Esse burgo ficava às margens do ,io Saar, como indica o no e mesma ordem. Emilie, Heinrich Josef (pail. Jélkob e Margarethe (Gretel)
nome, mas não deve ser confundido com O Saarburg das proximidades de Trier, no Hunsrüd. saarebourg fica a meio caminho Foto do acervo da fam~ia Wiederspahn. .
11 Esse era um procedimento comum na épocn devido à precariedade das condições econômicas. entre Blamont e Phatbourg. na lerena, localizado entre o Pa'que Natural Regional da Lorena e os montes Vosges. 13 O I Aeich foi o do Sa,====

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GÜ TER WEIMfiR HISTÓRIA DE UMA FAMíLIA

) político que haveria de marcar a vida do


---
Com as roupas do corpo e a mulher gdvida de lheo, il família voltou para
Guerra Franco-Prussiana apresentou a ines- '. o pa', recomeçou a trabalhar na firma Bembé. Todavia, a salvação eco-
\ 1alnZ, c •
Ida pelo chanceler OllO von Bismarck para , .. da I; C:1míliaveio do I,agamenro de indenizaçno da pane do governo alemão
nomlc.l
1teiras internas e <lOexar as províncias fran-
I p er,las .sofridas
peas '
nas terras conquistadas. Com esse dinheiro, Heinrich joser
. . _ . .
) alemão. Para garantir a posse dcssas terras, pbJc se estabelecer definitivamente. por coma propna, em \'V'lesbadel~. cl(ladc que A - CENTRO HISTÓRICO
ãos alemães se mudassem para Os tcrritórios fi ava defrontc a Nbinz. no atual esrado de Hessen. No centro de Wlesbaoen (na B. MUSEU
ahn aproveitou essa oponunidade para de- C - ESTAÇÁO FERROVIÁRIA
Adolf~Alle, entre;I H..heinsrr;lsse e a Adelhciostrasse) adquiriu um terreno cujo par- D - CATEDRAL
lssional c se mudou para Saarcbourgl! (ou celamcnro lhe permitiu construir um edifício de apanarncmos de cinco andares E -IGREJA EVANGÉLICA
mcceria por quatro anos, tempo suficiente TERRAS DOS WlEDERSPAHN
no qual residiria até o fim de sua vida (na Adolf-AlIe. no 6). L.1também nasceriam 1 - ADOlFSAll[ 6
'\Jfred Emil josef, as gêmeas johanna e Ivla- mais dois filhos (Helene e Heinrich josef, homônimo do pai, pois 11,eodor AIc- 2 - ADOlFSAllE 20
daria e se dedicou à construção, sohrellldo, 3 - SCHIICHTERSTRASSE, 6
xander josef já havia nascido quando se mudaram para aquele aparramelllo). No 4 - SCHIICHTERSTRASSE, 16
Por isso fez bons negôcins, mas devagar foi fill1do da propriedade ainda construiu outro prédio de três pisos onde instalou 5. GDETHESTRASSE, 12
-: visava à rcintegraç~io da regiáo à França. 6 - AUGUSTA-. FRANKFURTER., E lESSINGSTRASSE
uma carpintaria e uma marcenaria. Com a venda dos demais apanamentos pôde
am a olaria e depois o patriarca começou a comprar uma grande área na cmão periferia oa cidade (elHft: a rua Frankfurter eo Mapa de Wiesbaden, com destaque do centro histórico e das tenas dos Wiederspahn. (Desenho de G. Weimer)
sua casa teria o mesmo fim se não voltasse \'V'i1hclmring) que. em fururo próximo, lhe renderiam hOlls dividendos.
~ndo que o governo alemão náo podia ga- Essa fase da história altmã é denominada de "~poca do? fun&Hiores" (óbvio,
Jatriarca resolveu voIrar a .\1ainz. Segundo da li Reich", do reinado dos reis Guilherme I e li, da I'rt'lssia) que foi de grande
1 pronras para partir quando as mesmas prosperidade e desenvolvimento econômico que, decorreu, dentre outros, da abo-
incendiadas, com perdas materiais totais. lição das fromeiras internas e do Jcsenvolvimento industrial consrruído em cima
hos (Johann, Karl, Altid Emil josef e as dos despojos de guerra c da conquista de mercaJos externos. A industrialização
atraiu boa pane da população para as cidades e o desmesurado crescimento urbano
para as condições cUl'Opeias fez com que suas ferras fossem muito valorizadas. A
cspeculação imobiliária se mostrou ser muilO rendvcI. Tuuo isso é verdaoe que
com o parcdamcnw de lima primeira ;Írea construiu um prédio de cinco pisos e as
instalações oe sua ohcina.

~I
I).
~r)

Família 'Niederspahn, em 1888. No primeiro plano, a partir da esquerda: Fachada do Palácio do


Kaiser Guilherme I. em Estrasburgo
-lura Esse burgo ficava as margens do lÍo Saa •• como indica o Theo. Heinrich Josef J". Christine luise {mãel e Helene.
(Cartão. postal)
No segundo plano e mesma ordem: Emilie. Heinrich Josef (pai). Jakob e Margarethe (Gretel).
dades de Toer. no Hunsrück. saarebourg fica a meio caminho
Foto do acervo da famma 'o\~edelspahn.
Natural Regional da lorena e os montes Vosges.
13 O I Rejch foi o do Sacro Impél ia Homano de Nação Germânica.

23
GÜNTER WEIMER
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO ----------- ----

Esrrashurgo, ondc funcionou, entre ourros, o seu curso de arquitemra. Porém, com
Um dos encargos profissionais mais importantes que recebeu pouco depois de
a criação do ?vIercado Comum Europeu e deixadas de lado as pcndengas naciona- Paralelam
instalado em suas novas oficinas foi () fornecimento - por via de concorrência pública
listas, essc prédio foi escolhido para sediar a Asscmbleia da rcferida união aduaneira sua proprieda
_ de rodas as esquadrias e vidrarias do novo palácio quc o Kaiser Guilherme I estava
que continua sendo sua finalidade atual.
I construindo em Estrasburgo, atual capital da Alsácia. Tratava~se de um magnífico venueu a Prol
palácio gm'ernamemal que o Kaiser mandara construir para cclebr~tr sua vitôria sobre da renda dos,
I
• os franceses em pleno território conquistado.
Hermann
A aura ria do projeto foi do arquitcro
Eggert que havia previsto um prédio de três pisos (além do poôo), es-
incômoda,
na.
res
COI1 tudo,

especulação in
pecialmente projctado para a residência rcal e para a promoção de grandes festas e
sócios, mas, p;
I recepções por meio das quais pretendia cooptar a socie~ade da terra conquistada.

Para conseguir esses objetivos, o governo alemão não poupou esforços, não só
mais velho, Ja
mais tarde, co

I na construção
da, principais
do prédio como em sua implantação
praças de cidade, hoje denominada
urbana. Seria situado
de Praça da República,
numa
que se
e construçáo I
Wilhelm RinÉ
encontraria no fim de uma avenida monumental quc conduziria diretamente a
viria de inspir;
Neusradr. As intenções simbólicas ainda seriam mais explícitas no prédio onde as
pilastras e o espaço entre as aberturas do último andar receberiam o ornato de um
escudo dos diversos estados alemães. Sua majestosa frontaria seria coroada por uma
grande cúpula romana ainda que sua ar4uiterura, no restante do prédio, se apro~ Novas "villas" surgem em Wiesdaden por volta de 1905. lCartão-postal)

ximasse mais da linguagem da renascença iraliana. Era um prédio de aproximada-


mcnte 70 por 41 m e quase 12.000 m1 de área construítla. Foi lima obra refcrencial
tia arquiretura do fim do século, tanro que serviu tle inspiração para outras obras Wilhelmslrasse de Wieshaden, em 1904.

realizadas, posteriormente. pelo mundo e entre as quais se inclui a Faculdade de


Direiro da UFRGS, em Porra Alegre. rambém projerada por um Hermann, mas, Essas anotações servem para demonstrar não apenas o tamanho da encomenda,

dessa vez. o Hermann Orro Menchen que "Iheo \'(riederspahn viria a subsrituir na mas principalmente a qualidade que foi exigida. E exigiu O m~himo da dedicação

firma construtora de Rudolf Ahrons. Além disso, Theo também viria a administrar do "velho senhor", como os filhos denominavam o pai Heinrich josef. Tanto isso é

a conclusão tia construção, ern Porto Alegre.


verdade que, quando "Iheo nasceu, ele se encontrava
risco de morre, foi registrado provisoriamcnte
em Estrasburgo e, como corria
como "sem nome", visto que era
1--------
Depois da Segunda Guerra, quando a França reconquistou Alsácia e Lorena, o , -
privilégio do pai escolher o nome dos filhos.
Palácio do Kaiser. como o denominavam os alemães, ou o Palais du Rhin'4, confor-
me os franceses passaram a chamá-lo, foi colocado à disposição da Universidade de Com os rendimentos desse emprcendilnenro o "velho senhor" pôde mecanizar
a sua oficina com a instalação de uma caldeira a vapor e transformá-Ia numa fábri-
[~:r~
L I?"'r:,o
14 Existem várias publicações sobre esse palácio e a mais antiga - ao que parece - é a de NOHLEN, Klaus, intitulada ca. Isso causou desavenças com a vizinhança, c ele (oi obrigauo a construir um alro
Baupolirk im Reichsfand f1sap-Lotf1ringen 187/- 1918. Berlim. Mano. s.d .. de publicação provável na década de 1920. Pelas muro em vol[a do terreno. Como as fundações eram muito frágeis, parte do muro
discussões se percebe que sua construção suscitou muitas controvérsias não s6 na Alemanha, mas t<lmbém no Brasil.
L
visto que houve um mal-estar entre os positivistas rio-grandenses quando descobriram que o prédio da Faculdade de desmoronou c caiu em cima da caldeira. causando grande Pl'CjUí7..0 e incômodos
Direito tora inspirado no palácio mandado construir em louvor à vitória contra os franceses dos quais eram admiradores. F9rrOViána de Wlesbade • d
Essa sitl.lação levou a que Ahrons tivesse de demitir Menchen de suas funções e substitui-lo por Theo. Mas o prédio não
que só puderam ser contornados COI11 intervenções da justiça. n. com estaque da torre. !Desenho de G. Weimer)
sofreu maiores consequências por já estar em adiantada construção.
GUNTER WEIMER HISTÓRIA DE UMA FAMíLIA
-- -- ------------------
'ceheu pouco depois de
---
Estrasburgo. onde funcionou. elHre Outros, o seu curso Je arquiterura. Porém. com
de concorrência pública
a criação do J\1ercado Comum Europeu c deixadas de lado as pendengas naciona_
l.iser Guilherme I estava Paralelamente ele se dedicava à construção de prédios - alguns dos quais de
listas. esse prédio fi}i escolhido para sediar a Asscmbleia da referida uniáo aduant'ira
va-se Je um magnífico 4ue continua scndo SUa finalidade atual.
sua propriedade que foram desrinados ao aluguel. Em inícios da década de 1890,
dchrar sua vitória sobre vendeu a propriedade de sua residência com a respectiva fábrica e passou a viver
lfojeto foi do arquilero da renda dos alugucis. Porém. como a inatividade de lima "aposcntadoria" lhe era
'5(além do porão), es- incômoda. resolveu se dcdicar ao comércio de vinhos para o que alugou uma canri-
ção de grandes fesras e na. Contudo, essa atividade não o satisfez e ele volmu a se dedicar à construção eà
a terra conquistada. especulação imohiliária. Esta o levou a investir em lima firma construtora, com três
sócios, mas, paralelamente. continuou construindo por conta própria com seu filho
HlPOU esforços. não só
mais velho, Jakob (Jockel, em família), que concluíra seus estudos de arquitetura e,
J. Seria situado numa
mais tarde. com seu filho Thco. Dessa vez adquiriu uma gleba para parcelamento
da República, que se
c construção próximo à anterior. junto à esquina da rua Frankfuner com o Kaiser
duziria diretamente a
\X'ilhclm Rjng, cerca de sete: t}uadras da Estação Ferrovi<Íria Central cuja torre ser-
las no prédio onde as
viria de inspiração para outras duas que 111eo viria a construir em POrtO Alegre.
~riam o ornato de um
seria coroada por uma
e do prédio, se apro-
rédio de aproximada- Novas-"villas. surgem em 'Niesdaden por volta de 1905.ICartão-postal}

-i uma obra rderencial


ção para outras obras
Wilhelmstrasse de Wiesbaden. em 1904.
ndui a faculdade de
. um Hermalln, mas.
Essas anotaçóes servem para demonstrar não apenas o tamanho da encomt"lllia.
1 viria a substituir na
mas principalmente a qualidade que foi cxigida. E exigiu o máximo &1 dedicação
m viria a administrar
do "velho senhor", corno os filhos denominavam o pai Heinrich josef. TalHO isso é
verdade que. quando lheo nasccu, de se encontrava em Estrasburgo e, como corria
li Akicia e Lorena, o risco de morte. foi registrado provisoriamente comu ".~em nome", visw que era
is dll Rhin 14, conforp privilégio do pai escolher o nome dos filhos.
) da Universidade de
Com os rendimentos desse empreendirnento o "velho senhor" pôde mecanizar
a sua oficina com a instalação clc lima caldeira a v~lpor e transformá-la numa fahri-
de NOHlfN. Klaus, intitulada
avel na dêcada de 1920. Pelas ca. Isso causou desavenças com a vizinhança. c ele foi obrigado a construir um alto
anha, mas também no Brasil.
muro em volta 00 terreno. Como as fundações eram muito frágeis, pane do muro
ue o prédio da Faculdade de
dos quaiS eram admiradores. desmoronou e caiu em cima da caldeira. causando grande prejuízo e incômodos
o POf Theo Mas o prédio não
quc só puderam ser cOllwrnados com intervenções da jllSriça,
Estação Ferroviária de Wiesbadên. com destaque da torre. (Desenho de G_Weim8l1

--,,- -- "= _. 25
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO GÜNTER WEIMER

Como se percebe. as três últimas décadas do século XIX foram muito importan- deserdada. As decisões paternas também definiram (ou quase) a vida dos filhos l'''pr:Li flcidadcs j

tes para a Alemanha, pois corrcspondcram à sua afirmação como nação, ao início mais moços: a Theodor Alexander )osef ('Iheo, para a família) estava destinada a construtor.j;.i F.I
de sua arrancada rumo a industrialização e a uma f.1se de grande descnvoivimclHo carreira de construtor e ao caçula, Heinrich josef (o Seppel), a de engenheiro de que IJmhcrn p<
urbano. Foram tempos muito difíceis devido à profunda reestruturação social e às máquinas. Por isso, depois de concluir seu curso dc formação superior, o último fez I '1:1", i~
••
o tinha f
mudanças do sistema de valores e de comportamento. A adaptação da vida rural a sua prática de conclusão de curso - adiante veremos o que isso veio a significar - [e. A Jura,"áo d~
em urhana acarretou lima [mal transformaçãu até mesmo da estrurtlra familiar. E nas instalações do trem de ferro, em KasteL sobre o Reno que hoje é um bairro ele du Je. pdo I11cr

isso pode ser muim bem percebido na família de Heinriçh JoscfWicderspahn. Nos Mainz. Os caminhos seguidos por 'lheo serão vistos no capítulo seguinte.
primeiros dezoiro anos de casamento nasceram [reze filhos dos quais apenas seis
***
sobreviveram. A rígida estrutura patriarcal sufocava a vida da mulher e dos filhos.
O pai decidia a vida dos filhos que a ele estava [Otalmelue submetida. Podcm scr Por firn, ainda uma anotação sobre a evolu).'ão do norne e de possível significado.
citados vários exemplos desse comporramento.
cia por uns filhos em detrimento de OLafOS.
O pai rinha e manifesrava preferên-
Isso motivava desarmonias que a mãe
Como foi visto, no séculoXVI, o nome era grafado como Widerspane; na
primeira metade do século XVIII cle aparece como Widerspan que, na scgunda
.....
tratava de contornar. metade, foi mudado para \Xlidersphan (deve ser lido como se tivesse dois "a": \X!i-
Por vontade paterna, os filhos teriam uma formação primária diferenciada, o derspaan) e, a partir do fim das Guerras Napoleônicas, o nome passou a ser grafltlO
que novamente causava tensóes. O patriarca decidiu que o filho mais velho, Jakob, em sua forma atual: \{'iederspahn (o que significa que ele passou a ser pronunciado
contra sua vontade, deveria estudar medicina em Estrasburgo. Após muitos atritos, como sc tivesse dois "i" e dois "a": Wiiderspaan, ou, mais pwvavelmelue, à ma-
conseguiu obter seu diploma, mas, para escapar da tirania paterna, foi para os Esta- neira do dialeto renano, em pronúncia do português: Wiiderchpaan, com os "a"
dos Unidos onde ficou em Balrimorc durante dois anos. Ao voltar se dedicou ao es- bem abertos). Os sobrenomes alemães provêm de duas origens: os nobres usavam
.A fill o mais velho, 0)0-
[lido da arquitetura na Universidade de Darmsracit, conforme seu desejo e a despei- designativos pátrios, o de seus feudos familiares que podem f:Kilmcnte ser identi-
s socialmente mais
to da oposição do pai. Para suas filhas mais velhas, decidiu que deveriam aprender a ficados pela preposição "von" (de), enquanto os dos vassalos eram quase sempre
o ginásio real (Kõ-
ser governantas e não poupou esforços para pagar-lhes um estudo conveniente em profissionais ou direramenrc a elas relacionados. Esse também parece ser o caso dos
e1, destinou uma
Dresden, ao fim do qual Emilie (Emmy) conseguiu um emprego em Paris e Elber- \X!iederspahn. Span quer dizer "apara" ou "lasca" (de madeira). Wieder qucr dizer
). escola feminina, i.I
feld e Margarerbe (Cretel), em Koblenz. Como haviam seguido suas ordens, foram "de novo" ou "em contrário". Por isso. o significado seria - salvc melhor juízo - de
havia decidido que
recompensadas com um bom dote para o casamento, que consistia na confecção de "conrrapino" ou de "baroque" que erarn os "pregos" de madcira usados na fixação
que a matrícula da
roda a mobília em estilo renascença em carvalho que era uma madeira muitO cara das construçõcs de enxaimel. Se essa interpretação estiver correta, ela remete dire-
s çáo, os filhos mais CAPíTU
devido a sua raridade. O patriarca conscguira adquiri-la ao arremarar a demolição ramenre ao exercício da carpintaria ou da marcenaria.
,Iica (Volksschule).
da anriga ponte sobre o Reno entre Mainz e Wiesbaden. que se tornara obsoleta e .r Cll e os filhos. mas. se- Ce ihcado : conclusà
Arte eCflcl c~
que, segundo a tradição, teria sido construída pelos romanos. ltes, 3va decidido estava
Entrementes, a mãe ficou gravemente doente a ponto de ser internada, em defi-
nitivo, numa clínica psiquiátric..1. em razão do que uma irmã sua e viúva a substimiu
J.I lIuc a (ar
água congela com
na administração do lar dos \X!iedcrspahn. Em razão disso, o pai resolveu que sua I'~i~,~
filha mais moça não deveria estudar, pois lhe competiria cuidar dele na velhice.
"isa ~p()ca é destinada às
e.sb~Jen
la de construtor. os
chule für Sau - ,
Como ela não se suhmeteu a essc desígnio e casou cotura a vomade paterna, foi
Iguma das diversas

26
cO TER W[(MER UM ARQUITETO A CAMINHO DO BRASIL
foram rnlliro Im In ln~
deserdada. As decisões parernas ramhém definiram (ou quase) a vid
) Como Il.le, (I 110
mars moços: a 11,eodor AJexander )osef Cl leo. para a família) esrava especificidades da construção. Por isso. normalmente, antes de fazer os esrudos dc
(rande- de.'lot11"01 co
carreira de consrrutor e ao c.1çula. f leinric )osef (o Seppel). a de en construtor. já f.1.ziamseu aprendiz.1do de iniciante, o que não era obrigatório, visto
eesrrurura"âo
m.íquin~s: Por isso, depois de concluir seu c lrso de formação superior, o que também podiam f.1zer esse aprcndi7.-<'ldodurantc o curso, nas férias de verão.
adaptação dJ I
a sua pranc:a de conclusão de curso - adian e veremos o l.jUC isc;o veio a Mas isso tinha por conscquência o fato de que não podiam gOl.i-Ias mais li\'fcmen-
da esrnHur.1 ~ nac; instalaçóe: ...•do trem de ferro em . () I' . I" te. A duração desse: aprendizado variou ao longo do tempo, mas deveria ler o perío-
oscf\X'ied r . .. ,cno que 10fe e um
Mainz. Os caminhos seguidos po heo serão vistos o capítulo seguinrc do de. pelo menos, U111 semestre (passível de ser cumprido em períodos de férias).
oS dm "I li 11
da mulh"
submerrd )
Por fim, ainda lima anor, "
~ m:1Jlik I
~e5.IrrnOn Como foi ViSLO, I

primeira merade do ) Wicic:'rsp<11


llh:r.1tlC, foi mud que. na St 11.7 """" • ...1 k. f-w-~ •.•.••••.
" ~;. ,(. .t'f .; .--: t: tr.«<i"41 ~
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imari. , o I? dois ";1
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d£:nopaan) c, a parti I-op .".,.1., I, '/' JI.o


d,.( I! f.o fJ~"i
lho III I ob ou a ser gr ,..... __ w....l.o .r...... ..-.""-J. ."'",- .•
em ~ll~lfOrl11;1 atual:
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<:rna hH I r: f [l-
ncir..l do Jiall:to ren .lve mente, <l n li S.
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• t:1I J(; t:jo t. de:: 1)(;I
.#i ~~ _ ,,
designal ivo!l párrio, ~~
.{. "7 •

Corno foi visto. o pai deeidia o desrino dos filhos. Ao filho mais velho. o Ju-
,'~'"..•...
-I;f J"
deVtTIJfll ,111ft nJn hl..l<ios pela prepos' I;~,,-

h.io lon\t:Ill<:EHe:: em

f!) In Part~ • , lha


prohssion<l is ou di
ckd, alfihuiu a carreira de médico que certamentc
valorizadas c, por isso, o matriculou
era uma das socialmente mais
na melhor escola da cidade. o gin;.ísio real (Kõ-
.
.!li ••••••

~
"".,...
, •••••• " • /-/
., ,

\X iede"l'ahn. Spiln ."'_oM~"


,li;
J orJ(:Il!o., furam niglichen Gymnasium). A suas filhas mais velhas, Emmy e Cretel, destinou uma ,fi
,-tiJ-.

••••,.{...I,."'-
d nuvo" ou "em C( .1{ •••• ...,...
fotmação de prcccpwras e, ponamo, as matriculou na melhor escola fcminina, a
I n lI. OU ft-lÇ.1O de.. "conrrapino" Ou de ,n

,)JUT,t9AO., dJ.1ilonslruções de
Escola Superior para Dunzdas (Hi;here Tõchlerschule). Corno havi" decidido que .JJ
,<Ii• ..Jo.J..,!,
"..Jfr~\,o,o

<l dt'rno!I'rJO
° filho do meio deveria seguir a carreira de construtor, julgou que a matrícula da 1/'••••

larUt'me ao excrcÍci(
(
(treJ
Escola Real (Oberrealschule) seria () suficiente. Em compensação. os filhos mais
e
moços, Lenc c Seppel. de\'criam se contentar com a escola pública (Volksschule).
l:-:ssa discriminação, obviamente. haveria de causar ciílfnes cnrrc os filhos, mas. se- Certificado de conclusão do terceifo ano da Escola de Diploma de oficial de pedreiro expedidO pela Associação
naJa. c:m J( fi Artes e Ofícios de Wiesbaden. IArquivo de Wiederspahnl Profissional de Wiesbaden. IArQuivo de Wiederspahn}
gundo as regras da eSUutura patriarcal então vigentes, o que estava decidido estava
rn'c'~U
t' 'I,ol6d.1
determinado e pomo final.
Já que a carreira de 'Iheo esrava traçada, seu pai o colocou como aprendiz de
ar dele 11.1 ve!hi(( Como na Europa Central os invernos são muito frios e a água congela com
pedreiro nas uhras de seu amigo Philil'P Mauhs nos verões de 1892 a 94 enquamo
n tade p,Herna. I<-li facilidade, não é possível construir nessas estações do ano. Essa época é destinada às
eswdava no ensino médio na Escola Profissional de Construção e Ofícios (Fachs-
atividades de planejamel1w c de projetos. Para receber o diploma de construtor. os
chule Rir Bau - und Kunsrgewerbeschule) de Wieshaden. Era uma escola profissio-
formandos precisavam ~presentar um diploma de aprendiz em alguma das diversas

29
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO GÜNTER WElMER

nalizante sern a qual a pessoa não podia trabalhar em obras c esse: era o pressuposto aos demais países ditos "desenvolvidos". As propostas de desenvolvimento indus- durar cinco anos, mas que, na prática, acabam
Voltando à for
de qualquer profissão: ninguém poderia se candidatar a qualquer emprego sem a trial esbarravam na deficiente formação do operariado. Por essa razão foi formado durando bem mais do que isso. Os currículos
Kõnigliche Baugewerkschule I médio, já tendo or
devida formação média. Em julho de 1894, 1heo terminou o curso profissionali- um movimento emergencial de preparação rápida de forças de trabalho sem as pe- mínimos para os cursos de arqlliretllra no Bra- matriculoll~se na E
zante com o conceiro "muito bom"15. culiaridades do ensino, tanto universirário como das universidades técnicas. Assim sil são de 3.600 horas de aula, o que faz com IDSTEIN.
Idsrein, no .Iàunus
surgiram as "Escolas Superiores" cuja finalidade era formar pessoas capacitadas no que os cursos regulares dificilmenre ministrem ZEUGNJS ."
A fim de cnrcnJer o que viria a acontecer mais tarde, no Brasil, é neccss.írio fazer rur d<'. :-;..bftt"r
,~'r JIII'~,,,. ilJ ~ •••• ,," ••••111.-.141" 1"11 cursos de primeiro!
menor tempo e com uma capacidade para resolver problemas práticos. m~lisde quatro mil horas de aula. t ..!. Iri, ':'''i ..,/,~ _
lima digressão para tratar da estrutura do ensino superior alemão. A origem da uni- il", 'h,_~,
mo era realizado aO
, •...••... ""'-~
'
versidade alenü está ancorada nos esruuos escolásticos da Idade Média e - a exemplo
da f<>rmaçáo teológica muçulmana cujas origens aovieram das contradições entre a
Com o autoritarismo que fez a farna da administração
tério da Educação da Prússia - então promovido
bismarquiana,
a Ministério de Educação da Ale-
() !v1inis- Cabe também uma explicitação
conreüdo desses cursos de "construção"
sobre o
t..' não
,..
'. -
_,_,.'7- ...•....••..
"'--'---.
/~Z ,__
.
..... *
a sua posterior
conhecido
rced
Pauline
pregação de ~1aomé e as obras dos filósofos gregos da antiguidade - dnham um (011- manha - estabeleceu um rígido programa de formação emergencial de capaciração de arquiretura aLI de engenharia civil, como são '_ ,""1<: --. Idstein. onde se loc
;:=- ...
:::.~.
relido emincmemenre
teologia foi substituída
religioso. Com a progressiva bici7.açáu dos conhecimc:ntos,
pela filosofia. Desta derivaram os demais cursos. que foram
a que virtualmente abolia quase [Oralmente as férias escolares e um programa de oito
horas aula diárias (quarro aos sábados) em que os diversos estados podiam inrerferir
conhecidos no Brasil. Eles rambém apresenta-
vam uma subdivisão em Hochhau (literalmen-
::::.-
- j:JY
-,
.J"" ••••.•••. h '1"'; .••
.Q<r l;trr/T:Iu'
surgindo ao longo do tempo em razão do que se passou a afirrnar que a filosofia seria de forma muito limirada na medida em que podiam estahelecer, por livre-arhítrio, te, construção em altura) e 'Iicfbau (consrruçáo <.... "'~"'y-;J
a mãe de rodos os conhecimentos. Por isso, até hoje, qualquer estudante que queira algumas aulas complementares (em geral, norurnas) de conteÍldo de seu interesse em profundidade). O primeiro contemplava o
concluir um curso universitário alemão é ohrigado a se submetc:r a um exame em fi- regional. A rigidez desses programas não só estabelecia o ~xato conteúdo que cada que chamaríamos no Brasil de consrruç~io civil
losofia. com a apre..<;enraçãode uma "tesc". Como se trata de urna ctapa intermediária disciplina deveria ministrar, com a publicação, oficial ou não, de Ih'ros didáticos e aflluirctura, enquanro o segundo, aquelas que
:I Certificado
deconclusão
daterceira
de sua formaçáo, essas "teses" não podem ser confundidas com os trabalhos de pós- que os conrcmpia\'am, como até mesmo estabeleciam a cxara hora e dia em que atenl iam a<;construções mais diretarnenre liga- classedaEscolaRealSupenordeConstrução
de
graduaçáo apresentados no Brasil, pois seu ohjetivo é examinar se o candidaro tem cada uma dessas disciplinas haveria de ser ministrada. Em outros rermos, em lima das à rerra e às vias hidráulicas, como a constru- ldsteln(ArqUIVO
deVifjederspahn)
efeliva capacidade de raciocínio lógico e competência para escrever um texto, o que mesma hora. rodas as escolas superiores da Alemanh'a de um dererminado curso ção de rodovias, hidrovias, canais, barragens, topografia e agrimensura e assemelhados.
seria muito bom se fosse introduzido no ensino universitário brasileiro. estavam ministrando exatamente o mesmo conteúdo previamente estabelecido. Para além da simples enunl eraçao - d as (j"lSClP I'mas mlll1stra
., d a.<;,convem
.. Clrar que se
tratav'l de cursos emrnentemente
. , .
praticas ,
e que visavam a atenuc:r a rodo o processo
A origem filos6fica das universidades tradicionais esbarrou nas necessidades advin- No caso específico dos cursos de consrrução, em que Theo se matriculou, tinham < -

da construcão . ,. desde o p . - I I
ro}eto, a sua aprovaçao ega, a sua execuçao - (e nao
. somente
das da evolução técnico-cientÍfica que exigia conhecimentos específicos que não tinham uma duraçúo de dois anos, ao fim dos quais os alunos haviam participado de 4,680
afiscalizacãodaob')
Y' ra ate- a sua co IOG.lçaono
.. - merca d o e comerClallzaçao.
", Desde logo,
por que exigir uma formação nesse tipo de conhecirnento. Para contornar a ortodoxia horas de aula,I(, não incluindo as aulas de primeiros socorros e prevenção contra in-
chama a atençúo o CUI'd a d o com que era rea I'(zad o o processo de consrrução por ser
da.; academias tradicionais, o problema foi solucionado com a criação das assim chama- cêndio, que deveriam ser realizadas fora do programa estabelecido (em geral. aos
acomp'mhado
" de um "d"lano ' "d e o b ras, no qual eram anotada.<;cuidadosamente todas
das "Unh'ersidadcslecnicas", nas quais os conhecimentos das ciências humanas foram domingos pela manhã), nem as disciplinas "opcionais" específicas de cada unidade da
as etapas da construç'-<10, as ar d ens d a d as e as razoes
- d e seu d escumpnmento,
' se fosse
substituídos pelos científicos c técnicos, mas trouxcr ..un, de suas predecessoras, o acura- federação e que tinham de ser ministr.ldos fora dos horários prescritos. Isso significa
o caso, e todos os ac'OmeCllTICntOSque cnvo I\'eram o processo. Isso exigia a constante
do acahamento artesanal da formaçáo que somente reformas mais recenrcs (em decor- que esses cursos eram ministrados em mais de 4.800 horas de aula. Para efeitos de
presença do const .
rência dos distúrbios de 1968) aboliram, a favor de uma maior massificação do ensino. comparaç..io, essa quantidade de horas de aula supera muito as qt1t: são minisrradas b flUa r no canteiro em razão do que havia a necessidade de se desoo-
rar em diversas ar'1\ 'dI a di'es se e e qUIsesse aten d er a mais de uma obra o que Theo
na maioria dos cursos de arquiterura no Brasil - que se situam entre os cursos uni- ~ "",iDIC
Essa não era a situação do ensino na época da formação da nação alemã, ou conS<guiu realizar d fc I .", •.
versitários de maior exigência de dedicação no país - e que nominalmente dcveriam e orma pena, como sera VIStomais adlanre. ~ 'P"R.ÉD"
seja, do II Rcich, o dos Kaiseres. Naquela época a Alemanha se debatia com um
Essas digressúes - fc fc . f',"".':"'.l "",-Ente
prohlema não menos sério: seu considerável atrasa técnico c recnológico em relação . .• . nao oram eltas apenas para mostrar o nível de exigência dos cur~
d Iras superiores" h ' I
16 Parase ter melhorcompleensão dessecurso.aglutinamos osdiversosconte6dose computamos suasrespectivas dar e que oJe pro\'ave menre seriam classificados de "tirânicos", mas
horasdeaula:geometria1240hl.
desenhotécnico!640hl.desenhoa mãolivre(280hl;topografia (40h.nãoconfundircom
outrocursodetopografia
feitonosfinsdesemanal.plástica(360h).modelagem 1280hl.teoriae história{240hl;
projeto .um panorama dos p ro bl emas que tenam. lj e ser en liremados por lheo e seus Trecho
de\o'Viesba
15 Paraseraprovado o alunopodiatiraro conceito"bom "muitobom e "ótimo",
n


n

masoúltimosóeraconcedidoem patrloras quando fo b' d


casosexcepcionais.
Paradarumexemploconcreto.emtodosos processosde arquitetos alemãesquetentaramseu (880h).matemática(240h),materiais
deconstrução IBOhl.estática1300hl.
técnicasdeconstrução (640hl.administraçãO ram o nga os a fàzer o seu registro profissional no Brasil.
registronoCREA-RS.
nãofoiencontrado umúnicoquepudesseapresentaressadistinção. docanteifOe olçamentos(120h).direito(120h)e língua(alemão. 60hl.

30
GU TER WEIMER UM ARQUITETO A CAMINHO DO BRASIL

c esse era o pressuposro


aos demais países ditos "desenvolvidos", As propostas de desenvolvimento indus_
ualquer emprego sem a '-
trial csharravam na deficiente formaçáo Jo operariado. Por essa razão foi formado du r (1111..0 an os-, mas que, n.l prática, acaham
. Voltando à formação de Theo, terminado seu curso profissionalizante de grau
lU o curso pro6ssionali- be is do que isso, Os curnculos KõniglichB BaugBw BrkschulB I médio, já rendo obtido seu certificado de conclusáo de aprendizado de pedreiro,
um l1lovimenro emergencial de preparação rápiJa de forças de trabalho scm as pe- durando m ma
, cursOS de arquitetura no Bra- matriculou-se na Escola Real da Construçáo (Kõnigliche Baugewerbeschule) em
culiaridades do ensino, tanro universitário como das unh'ersidades técnicas, Assim nllOlO105 para m
IDSTEIN.
. - d 3600 horas de aula. o que ,faz. com Idstein, no Taunus. Nessa escola, além das aulas prescritas pelo ministério, fez os
Brasil, é necessário fazer
~mão. A origem da uni-
surgiram as "Escolas Superiores" cuja finalidade era formar pessoas capacitadas no
menor tempo e com uma capacidade para resolver problemas práticos.
SJ) 5;.10 c.'

qu os cursos r<guiares.. dificilmente mll11strem ZEUGNIS


/tI \lo-li ~huk-I ,~-r 111 '.IN"
, .
111.:. •••• ,•• , ••••
-.loll~. cursos de primeiros socorros, de prevenção de incêndios e de topografia, Este últi-
. d e quatro mil hOr:ls de aula, "~"i"!!::-.
de Média e - a exemplo
ias comradiçõcs entre a
Com o aurorirarismo que fez a fama da administraçáo
téria da Educação da Prússia - enrão promovido
bismarquiana,
a l\1inisrério de Educação da AJc-
o ~finis-
I1lJ..l5

Clhe também uma explicitação sobre o


" li"

..
-
- .-- .....-
_. ~-:.-
mo era realizado aos domingos de manhã, e certamente
a sua posterior reedição no Brasil. Possivelmente,
essa experiência serviu para
tenha sido nessa época que tenha
dade - tinham um
) dos conhecimenros,
COIl-

a
manha - estabeleceu um rígido programa
que vinualmente abolia quase totalmente
de formação emergencial de capacitação
as férias escolares e um programa de oito
comeu'd o desses
- cursos de "construç..io" e não
de arquilerura ou de engenharia civil, como são
.-.-- -~.--..
-..-..
--- --'-
,~
conhecido Pauline Mankel com a qual se casou mais tarde por ela ser narur:ll de
Idstein, onde se localizava a escola na qual se forrnou.
mais cursos, que foram conhecidos no Brasil. Elcs também aprcsenra- ::-~.
horas aula diárias (quatro aos sábados) em que os diversos estados podiam interferir
.;".,••••...•.
/, "In"
mar que a filosofia seria vam Uma subdivisáo el11Hochbau (Iiteralmen-
de forma muito limitada na lTledida em que podiam estabelecer, por livre-arbítrio, D" /J".n.ll,..

~r estudame que queira te, construçáo em altura) e Tiefbau (construção l (."')..,...-


)
algumas aulas complcmenrares (el11 geral, noturnas) de conreúdo de seu interesse
cter a um exame em 6- em profundidade), O primeiro conremplava o
regional. A rigidez desses programas não só estabelecia o ~xato conteúdo que cada
ma erapa intermediária que chamaríamos no Brasil de construção civil
disciplina deveria ministrar, com a publicação, oficial ali nâo, de livros didáticos
m os rrab"lhos de pós- e ;lrquiterura, enquanro o segundo. aqudas que
que os contemplavam, C0l110 aré mesmo estabeleciam a exara hora e dia em que Certificado de conclusão da terceira
lar se u candidaro tem atendiam as construções mais direramente liga- classe da Escola Aeal Superior de Construção de
cada lima dessas disciplinas haveria de ser ministrada. Em outros termos, em uma Idstein. (Arquivo de WiederspahnJ
:rever um texto, o que das à terra e às vias hidr •.lulicas, como a constcu-
mesma hora, rodas as escolas superiores da Alemanh'a de um determinado curso
)rasilei m, çáo de rodovias, hidrovias, canais. barragens, topografia c agrimensura e assemelhados.
estavam ministrando exatamente o mesmo conreüdo previamentc estabelecido.
Para além da simples enumeraç.io das disciplinas ministradas, convém citar que se
nas necessidades advin-
No caso específico dos cursos de construç;lO, em que lheo se matriculou, tinham trarava de cursos eminenremente práticos e que visavam a atender a rodo o processo
~cíficosque não dnham
uma dura\~io de dois anos. ao fim dos quais os alunos haviam participado de 4.680 da construção, desde o projeto, a sua aprovação legal, a sua execução (c não somente
Contornar a orrodoxia
horas de aula, 1(, não incluindo as aulas de primeiros socorros e prcvenção contra in- a fiscalizaçáo da oora) até a sua colocação no mercado e comercialização. Desde logo,
iação das assim chama-
cêndio, que deveriam ser n:alizadas fora do programa estabelecido (em geral, aos chama a arenç<.loo cuidado com que era realizado o processo de construção por ser
ências humanas fiJrarn
domingos pela manhã.). nem as disciplinas "opcionais" específicas de cada unidade da acompanhado de um "Jiário" de obra"i, no qual eram anotadas cuidadosamente todas
predect'SSoras, o aCUfa-
federação e que tinham de ser minisrrados fora do!' hodrios prescritos. Isso significa as etapas da construç.ão, •.l"iordens dadas e as razões de seu descumprimenro, se fosse
tis recemes (em decor-
que ess(:.~cursos eram minisrrados em mais de 4.800 horas de aula. Para efeitos de o caso, e todos os aconrecimentos que envolveram o processo. Isso exigia a constanre
Ilassificação do ensino.
comparação, essa quantidade de horas de aula supera Illuiro as quc são ministradas presença do construtor no canreiro em razão do que havia a necessidade de se desdo-
) da nação alemã, ou na maioria dos cursos de arquitclUra no Brasil - que se situam entre os cursos uni- brar em diversas atividades se ele quisesse arender a mais de uma obra. o quc Theo ~ ""ÉDIO TOMl!>ADO
1 se debatia COIll um vcrsitários de maior cxigência de dedicaç.lo no país - e que nominalmente deveriam conseguiu reaIi7..ar de forma plena, como será visto mais aJiante.
~ ""iDIO :Dl: AU,O>lIA DE ""L=~"A\4N
cnológico em relação

16 Para se ter melhor compreensão nesse curso, aglutinamos os diversos conteúdos e computamos Suas respectIVas
Essas digressões não for.u11fc:irasapenas para mosrrar o nível de exigência dos cur- kY:,:,l ",rÊn,o ""'LSUMívu = WI=R~PA"N

horas de aula: geometria 1240hl. desenho técnico /640hl. desenho a mão livre 1280h); topografia 140h. não confundir Com
sos diros "superiores" e que hoje provavclmenre seriam classificados de "tirânicos". mas
o último só era concedido em
)S alemães Que lentaram seu outro curso de topografia feito nos finS de semanal. plâstica /360hl. modelagem 1280hl. teoria e história 1240h); projeto para dar um panorama dos problem •.l~ que reriam de ser enfremados por lhco e seus Trecho de lNiesbaden onde estava localizada a maioria dos palacetes projetados por Theo WiedeJspahn.
IB80hl. matemática 1240hl. materiais de construção /SOh), estâtica (300h), técnicas de construção (640h), administração
do cameiJo e orçamentos (l20hl. direito 1120h) e língua (alemão, 60hl compatriotas quando fi}ram obrigados a fazer o seu registro profissional no Brasil. !Desenho de G. Weimerl

31
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO GÜNTER WEIMER

Concluído seu curso profissional. lhco voltou a \X!iesbadcn para se dedicar à


construçáo de um palacete para seu pai. Segundo sua autohiograna. estaria IOGlliz.l.-
do na esquina da rua Lessing com Augusra (ver figura anterior). () que se constitui
em um engano de sua pane. pois a Rua Lessing é paralela à Augusta. No livro dos
bens tombados de Wiesbaden consta esse prédio como sendo de 1905, ao passo
que o prédio de 1896 é da rua Vitória, nU 18, esquina da rua l.cssing (vcr figura
anterior). Porranro, esse deve tef sido o primeiro prédio que cons[[uiu, hipótese
que é corroborada no c"mprcgo de uma linguagem bem mais conservadorJ. do que
as obras realizadas posteriormente.

Paralelamente, realizou cursos complementares de técnicas de revestimentos de


paredes. de serralheria c de cantaria. Pouco tempo depois (no início de fevereiro de
1897) assumiu a direção técnica da firma ]oscfStrccke & Filhos, em Bonn, a futura
capiral da Repl.blica Federal da Alemanha.

Quando havia chegado aos 18 anos deveria ter feito o serviço militar. Conse-
guiu o adiamento da incorporação por estar cursando lima Escola Superior. (2uan-
do já estava estabelecido em Bonn c sua convocação não tinha mais razóes para
l7
scradiada, foi "salvo" por urna queda de cerca de 12 mctros dc alrura, em 1897,
quando estava realizando a demolição do palácio do Príncipe Eleitor daquela cida-
de. na qual sofreu sérios ferimentos. O médico da família aproveirou o fato para
adiar por anos sucessivos a convocação para o serviço militar - o que não seria fácil
dentro da estrutura militarista do Estado Alemão - c tanto isso é verdade que ele só
conseguiu se liberrar em definitivo da convocação depois de alegar que iria emigrar
e de se submeter a um rigoroso exame médico quando foi declarado "permanente-
mente imprestável para a tropa c para a marinha". Certamente, a alternativa para
escapar das obrigações militares deve ter sido uma das razóes pelas quais haveria
de emigrar. Segundo a legislação alemã então em vigor, a emigração significava a
automática renúncia à cidadania alemãl8•

17 Até o fim de sua vida. Theo se queixava de sequelas daquela queda.


18 Esta legiSlação valeu até a Primeira Guerra Mundial e, muitas vezes. criava muitos problemas aos imigrantes. No país
Residência Heinrich Joseph Wiederspahn S'" (de 18961.
de destino só adquiririam a cidadania mediante naturalização. Enquanto não o fizessem. estavam relegados à condição Viktoriastra~e. 18 - Wiesbaden. Alemanha. R" . Edificio franz Nicolai 119001
de leyítimos apátridas. (Desenho de G. Weimer e fotografia do arquivo de Wiederspahn) ua Korner - Wlesbaden _ Alemanha. (Desenho de G. Weimerl

32
WEIMER UM ARQUITETO A CAMINHO DO BRASIL
CU"NTER

.. se h Wiederspahn s- (de
ha 18961,
Residência H"nn%h Jfa!
ViktonastrafJ8,
Wiesbaden, Ale~:nWI~derspahnl
afia do arquIVo I EdTcio Franz Nicolai 119001 ho de G. Weimerl ,
Resl'd"nclJ
e - Nauman
n (19011 , II
AIe manha. (Desen ho de G. Welme
(Desenho d e G. Weimer e fotogr Rua Karner - Wlesbad
. I I en _ Alemanha. (Desen , Rua Frankfurter- Wiesbaden

33
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO
GÜ TER WEIMER

Entretanto, a emigração somente aconteceu mais tarde. Depois de recuperado, Paralelamente a isso, ainda consuuiu em sociedade com seu pai, em empre_ Ssas inici'1rivas o incentivou a fazer a compra de um terreno com
.l~.O sucesso d e. < , • ." l
desenvolveu projetos de diversas residências e prédios comerciais nas mais diversas endimentos exclusivos da família. f'.Sses projetos desperraram a atenção de cons- , _ J k I e construir um preoto na rua Lesslllg. n :>.. No ato da venda do
LI Irmao De e . ,. . , Seu maio
linguagens formais, como era comum na época. Visto que a fi,m3 na qual traba- trutores da redondeza e passaram a lhe solicitar a elaboração de projews que não " 'd. c . encarregado f"lelonova propnetano de constrUIr UIll estabulo com
r("dlo alll .1 101 com Ferdinal
lhava foi incorporada a um conglomerado empresarial do qual panicipavam uma envolviam a administração de sua construção. A comratação exclusiva de serviços rre~pectl\as
'. co chdras e residência do cocheiro, pois o automóvel
. .
ainda não adquiri-
a qual consrr
tecelagem e as minas Friedrich \X1ilhelm, de Siegburg, deixou esse emprego quando de arquitetura - dentro do conceito brasileiro - como profissional especializado .' 'l",c"do que rena postenormente.
r.l (1~Igm < e 16, Rua L,
a mesma se transformou na "\X'esrcleutschc Baugescllschafr" (Empresa Construtora do projeto era muito rara na Alemanha de então. Os dados disponíveis sobre a
• projetou elo
• da Alemanha Ocidental). Emáo se transferiu para Darmstadt onde pretendia se atividade profissional
da VikroriasnaBe
de lheo são bastante
mostra que, ao terminar
sumários, mas a imagem do Palacete
seu curso de construtor, seus conceitos
famílias Wer
matricular na Universidade Técnica. Uma vez que náo estava na época da marrÍcu-
rer, dos irrnf
la. passou a frequentar o curso como aluno ouvinte. de arquitetura ainda estavam carregados dos princípios neoclássicos e que coadu-
ch, Devido,
navam muito beJu com os demais prédios que eram feitos nas vizinhanças. Seu
I Nessa época, seu pai constituiu lima firma construtora cuja razão social era
estágio en1 Bonn, no entanto, redirecionaria essas concepções. Isso pode ser muito
e para que n
Krahwinkel, Perri & Wiederspahn. Theo foi "convidado" para assumir a respon- obras conc1u
bem perccbido nas imagens dos quatro palacetes que construiu para a firma de
I sabilidade técnica da mesma e administrar seus canteiros de obras. E. desse modo,
seu pai e em administração direta: trata-se de prédios bem mais simplificados em
uma moradit

• passou a projetar e construir, para essa nova firma, diversas "vilas" (denominaçáo
sua forma e com um acabamento mais enxuto, o que - dentro da perspectiva da
quanto sua i

I utilizada para designar palacetes) de quauo e cinco pisos. Em compensação, preci-


história da arquitetura - abriria caminho para a linguagem da Sachlichkeit''J, que
dos imóveis.
sou abrir mão de seu curso na Universidade Técnica. Entrctan
• se configurou como uma tendência estilística depois da Primeira Guerra Mundial.

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A abdicação aos decorativismos
perante os demais construtores
então em moda certamente
locais. Essa evolução seria temporariamente
elevou seu conceito
freada
haveria de se
e Jockel reso
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em sua atuaçáo no Brasil, cnquanto era funcionário da firma Ahrons, mas seria e os atritos i

I
I, ,
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retomada - e de forma bastante radical- ao cabo da Primeira Guerra I\1undial, na
assim chamada "arquitetura utilit<.í.ria" que o consagraria como um precursor elo a trabalhar IH

Provavelmcn
modernismo brasileiro.
profundas q'
Eluretanto, essas seriam preocupações para mais tarde. Enquanto estava tra-
náo se refira
balhando corn seu pai, estava ocupado com a aquisição de uma gleba entre as ruas certamente, :
Augusta e frankfurtcr. não muito longe da estação ferroviária de \X!ieshaden. Em
o filto de que
suas memórias ele se refere diversas vezes a esse prédio que o deve ter marcado mui- acabou em s
to, pois, posteriormente. haveria de imitar a forma de sua torre em dois prédios de levando a <.:)l
Pono AJegre. Theo foi encarregado de fazer seu p,lrcelamemo e das vendas dos ter- era natura!, (
renos, enquanto se encarregava da abertura das ruas, de seu calçamento e das redes 1hea, Paul e
Palacete da firma KrawinkeL Wiederspahn (1905). de abastecimento. Desses COl1taWScomerciais, resulrou que diversos compradores de seus dias.
Lessingstra~e. 13 - Wlesbaden - Alemanha
(Desenho de G Weirner e fotografia do arquivo de Wiederspahnl
de lotes também o comratassem tal1[O para projetar como construir suas residên-

Palacete pa
19 Essa palavra é de difícil tradução. De modo geral ela tem sido traduzida como "objetividade", uma linguagem que faria Martinstra~e. 1
escola na Alemanha a partir do fim da década de 1920.
Palacete para a firma KrawinkeL lAliederspahn (19051. Lortzingstra~e. 7 - Wiesbaden - Alemanha.

34
-
- -- -- - - -

GÜNTER WEIMER UM ARQUITETO A CAMINHO DO BRASil

pois de recuperado. Paralelamente a isso, ainda construiu em sociedade com seu pai, em empre- cias. O sucesso dessas iniciativas o incentivou a ['lzer a compra de um (erreno com
.is nas mais diversas endimentos exclusivos da família. Esses projetos dcspenaram a atenção de cons- seu irmão Jockd e construir um prédio na rua Lessing, nO9. No ato da venda do
Seu maior empregador foi a firma de seu pai
Irma na qual traba- tfutores da redondeza e passaram a lhe solicitar a elaboração de projetos que não prédio ainda foi encarregado pelo novo propried,rio de constr~lir um estábulo com
com rerdinand Krahwinkcl e Inspetor Pelri para
I participavam uma envolviam a administraçáo de sua cons(fuçáo. A comraraçáo exclusiva de serviços respectivas cocheiras e residência do cocheiro, pois O automóvel ainda não adquiri-
a qual cons(ruiu as "vilas" da Rua I\1arrin 11') 12
se emprego quando de arquirerura - dentro do conceito brasileiro - C0l110 profissional espccializaclo ra o significado que reria posreriormente.
c 16, Rua Lorrzig, n" 7 e Lessing, n° 13. Ainda
nprcsa Construtora do projeto era muito rara na Alemanha de entáo. Os dados disponíveis sobre a
projetou c/ou construiu as residências para as
[ onde prcrendia se atividade profissional de Theo são bastante .sumários, mas a imagem tio Palacete
famílias \'Verner, Naul1lann, Nordmann, Wedc-
a época da matrícu- da Viktoriastra~e mostra que, ao terminar seu curso de construtor, seus conceiros
rer, dos irmãos Otto c August Stark e Hevdri-
de arquiterura ainda estavam carregados dos princípios neoclássicos e que coadu-
ch. Devido ao seu entusiasmo, pela construção
navam muiro bem com os demais prédios que eram fdtos nas vizinhanças. Seu
uja razão social era e para que não houvesse atrasos na entrega das
estágio em Bonn, no entanto, tedirecionaria essas concepções. Isso pode ser muito
a assumir a respon- obras concluídas, muitas vezes instalava-se em
bem percebido nas imagens dos quatro palacetes que construiu para a firma de
nas. E, desse modo, uma moradia provisória no próprio calltdro en-
seu pai e em administração direta: trara-se de prédios bem mais simplificados em
filas" (denominação quanto sua irmã Crercl .se encarregava da venda
sua forma e com um acabamento mais enxuto, o que - demro da perspectiva da
:ompensação. preci- dos imóveis.
história da arquitetura - abriria caminho para a linguagem da SachlichkeitJ~, que
se configurou como uma tendência estilística depois da Primeira Guerra Mundial. Entretanto, a difícil convivência com seu pai
A abdicação aos decorativisrnos então em moda cerramenre elevou seu conceito haveria de se agravar sobremaneira quando 'Iheo
Palacete dos irmâos Jacob e Tl1eo V\~ederspahn, de 190'
peranre os demais construtores locais. Essa evolução seria temporariamente freada e Jockel resolveram construir por conta própria
Rua lessing, 11 - VViesbaden - Alemanh.
em sua atuação no Brasil, enquanro era funcionário da firma Ahrons, mas seria e os atritos foram de forma que Theo resolveu
retomada - e de forma bastante radical- ao cabo da Primeira Guerra fv1unclial, na trocar \V'icsbaden por Saarbrückcn, onde passou
assim chamada "arquitetura utilitária" que o consagraria como um ptecursor do a trabalhar no escritório do arquiteto \X!eskalnihs.
modernismo brasileiro. Provavelmente, sua l11udança teve razões mais
profundas que os atritos com seu pai. Embora ele
Entretanto, essas seriam preocupações para mais tarde. Enquanto estava tra-
não se refira ao assunto em sua autobiografia -
balhando com seu pai, estava ocupado com a aquisição de uma gleha entre as ruas
ccrrarnente, por lhe ter sido muito doloroso - é
Augusta e Ftankfurter, não muito longe da estação ferroviária de Wiesbaden_ Em
o faro de que seu casamento com Paulinc Markel
suas memórias ele se refere diversas vezes a esse prédio que o deve ter marcado mui-
acabou em separação e redundou em divórcio,
to, pois, posteriormente, haveria de imitar a forma de sua torre em dois prédios de
levando a que ela voltasse para Idstein de onde
Pono Alegre. 1heo foi encarregado de fazer seu parcelamento e das vendas dos (er-
era natural, com os guatro filhos do casal (Alex,
renas, enquanto se encarregava da abertura das ruas, de seu calçamento e das redes
lhea, Paul e i\1arie Luise) c onde passaria o resto
de abastecimento. Desses contatos comerciais, resultou que diversos compradores
de seus dias.
de lotes (ambém o contratassem tanto para projetar como construir suas residên~

19 Essa palavra é de difícil traduçâo. De modo geral ela tem sido traduzida como "ObJetividade", uma linguagem que faria Palacete para a firma Krawinkel, desenho de Wiederspahn (1905).
Ft!h::ete Para a fIrma K ' Martinstra~e, 16 - VVíesbaden - Alemanha. IDesenho de G. Weimerl
escola na Alemanha a partir do fim da década de 1920.
raWlr1kel, Wiederspahn 11905).lortlingstla~e, 7 - Wiesbaden _ Alemanha

35
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO
GÜNHR WEIMER

Mais mrde. 1l1eo diria que lima das do que acorneceu com a família \X!iedcrspahn. ... II enhor" que até lhe deu uma ajuda para a sua viagem. e jumos
IC" com o \ t:' 10 S . . . .
razões que o levou a optar pela emigra- Naquela época. com certeza, ele ainda não P - ara a definiriva despedIda. Em sua responsabilidade de paI pre-
\'I!i.iwr~lmsua mae p . . , .
ção foi as relações f.1miliares sem, no podia avaliar as profundas consequências (lue # ';1 somente deixando em defil11t1vo sua terra como tambel11 abrtu
\"idel1IC'. nao esta\,
entamo, explicitar que questões (criam essa opção haveria de represenrar para a sua _ d d fortuna de sua herança - que não era pequena - a favor de seus filhos
mao coro aa
sido essas. Se, por um lado. suas rela- vida profissional no Brasil. '.. Alemanha. Depois de cumpridas as formalidades burocráticas para
'-lu d elXa\3 na ...
ções com o pai não eram as mais sua- . ,~"fheo c sua mulher tomaram o navIO que tinha o nada sugestivo nome
Na firma Weskalnihs projetou numerosas a cnllgrJçao,
ves, é bem provável que a separação de ' o"m Brcmen, que os rrouxe diretamente para Paranaguá depois de {C-
residências e - do que se orgulhava muito _ d C' D esterr. ~
sua mulher também tenha contribuído
o prédio da Escola Superior de L1pidaçáo de rem aUJ C.,do • em Lisboa e na Ilha da Madeira. Depois o navio parou em Irajaí onde
para ralHO: por sua família ser católica, ficaram por lima semana por razões de descarga e carga. Finalmente desembarca.
Idar-Ohersrein arra\"és da qual. possivelmenre.
religião em que o preceito da indissolu- ram em Rio Grande. Depois de dois dias tomaram um barco que os levou a POrto
tenha sido despertada sua atenção para () Rio
bilidade matrimonial era lei, devem tcr Alegre onde desembarcaram no dia 10 de maio de 1908. Aí encontrou o irmão
Grande do Sul, pois o comércio de pedras pre-
acarretado problemas não só com sua Henrique José (como passou a assinar 110Brasil). Dois dias mais rarde, seguiram até
ciosas rio-grandenses com os lapidadores locais
mulher como também com seus pais. O ~,1arad, local de residência do irmão. À chegada 11eo e Mina foram aprescntados à
era muiro intenso e remomava aos ten'lpos do
que hoje passaria por um (am corriquei- cunhada, Elisa Alice, nascida Di Primio, que atendia pelo apelido de l'icucha.
início da imigração!r.
ro, uma separação matrimonial naquela
Certamente a raz<l.Omais forte t}ue o le- Entrementes, surgiu um problema: como a vinda de Theo demorara mais
época era, antes de qualquer coisa, um
vou a optar pela emigração para o Brasil foi do que o esperado e como havia muita urgência na conclusão da obra, havia sido
alO de audácia devido aos preconceitos Heinz Willy e Hanna Gerda, em II
contratado oUlro profissional para o emprego prometido. A 'Theo foi assegurado (Foto do arquivo de Wiederspahn
sociais. E isso deve ter se tornado ain- propiciada pelas norícias que scu irmão mais
moço, o Heinrich Joscf (Júnior)!!, Seppcl, nas que ele também seria conrratado, mas a protelação sucessiva da assillamra do COH-
da mais grave quando, anos mais rarde,
intimidades, que fora contratado por uma {Tato fez com que ele procurasse ourras alternativas de trabalho.
resolveu se casar em segundas nüpcias,
com Maria Mina Haffnero, que era n3- companhia belga para construir o ramal fer- Em Porto Alegre, foi apresentado ao en-
rural de Goslar. no Hartz. uma cidadezi- roviário en tre Mon te negro e Caxias do Sul, genheiro Rudolf Ahrons que era dono da maior
nha a meio caminho entre Gorringen e no Rio Grande do Sul. Seppcl estava muito construtora imobiliária do esrado e que havia
Brauschweig. Um forre indício do quão satisfeito com seu emprego em 1904 e cons- pouco tempo rinha dernitido o responsável pelo
complexa era essa t}uestão: hasta cita: o tituiu família no novo país. Quando () irmão departamento de projcto de sua empresa, o ar-
f:Ho de que o casamento só foi legalizado lhe conseguira um emprego na mesma com- quiteto Hermalln Ono J\1enchen que se estabe-
depois que haviam chegado a Porto Ale- panhia, 111eo resolveu também emigrar. Em leceu por conta própria. Em inícios de s~tembro
gre, por falra de opçáo, na Igreja Evangé- inícios de março de 1908 pediu demissão de de 1908 assumiu essc encargo, aré que Ahrons
Residências AuguSI Theodor Simon (de 1905n)_ Kuhberg, em Kr8uznach - Alemanha. (Desenho de G. Weimer)
lica. Dificilmente poderiam ser encon- seu emprego, voltou a \'Viesbaden onde fez as resolveu fechar sua construtora em 31 de dezem-
tradas outras razões para "Iheo mudar de religião visto que era "narural" naquclcs bro de 1915, devido aos problemas decorrentes
tempos que a noiva se "convenesse" para a religião do marido, bem ao contrário 21 Ver a autobiografia de Johann Carl Dreher (Memórias de imigrantes. Parto Alegre. EST. 1988, 96p.1
da Primeira Guerra Mundial.
22 Heimich Josef Wiederspahn Junior nasceu a 30101/1882, em Wiesbaden. e faleceu em Porto Alegre, em 21/05/1948-
Emigrou para o Brasil em fins de 1904 e casou. em 06/10/1905. em Santa Maria com Elisa Alice Franco di Primio. nascida em
20 Mnria Mina Haffner nasceu a 511111876 nas proximidades de Goslar. como filha de August Hatfner e de Johanna Porto Alegre. em 01/03/1882. e ai falecida em 12/06/1 969; filha de Annibale di Primio, comerciante italiano e agente consular Gerda lfoIiederspah
Maria Mina VV'iedersp<lhn com filhos. em 1915.
nascida Scheftermann, ambos de Goslar. O casamento com Theo foi realizado em 1908. em Porto Alegre, onde ela faleceu (f 010 do arql
o Reina da Itálifl (nascido em 09/03/1843, em 8elmonte del Sannio, Campo Basso, Abruzzo, Itália e falecido a 17/05/1931, em (Foto do arquivo de Wiederspahn)
em 28/2/1953, três meses depois da morte do marido. Era de confissão luterana. Porto Alegre e de Elisa Benevenuta dos Reis Franco (nascida em 27106/1854 em Porto Alegre e aí falecida em 11/04/1934).

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GÜNTER WEIMER UM ARQUITETO A CAMINHO DO BRASIL

do que aconteceu com a família Wiedcrspahn. pazes com o "velho senhor" que até lhe deu uma ajuda para a sua viagem. e junros
Naquela época, com certeza, ele ainda nào visiraram sua máe para a definitiva despedida. Em sua responsabilidade de pai pre-
podia avaliar as profundas conscquências que vidente, náo estava somente deixando em definitivo sua terra como também abriu
essa opção haveria de reprcscn tar para a sua mão de toda <1 Forruna de sua herança - que náu era pequena - a favor de seus filhos
vida profissional no Brasil. que deixava na Alemanha. Depois de cumpridas as formalidades burocráticas para
a emigração, lheo e sua mulher tomaram o navio que tinha o nada sugestivo nome
Na firma Wcskalnihs projetou numerosas
de Desrerro, em Bremen, que os trouxe diretamente para Paranagu<.Í depois de te-
residências c - do que se orgulhava muito -
rem atracado em Lisboa e na Ilha da .Madeira. Depois o navio parou em Irajaí onde
o prédio da Escola Superior de L1pidaçáo de
ficaram por uma semana por razões de descarga e carga. Finalmente desembarca-
Idar-Obcrstein através da qual. possivelmente,
ram em Rio Grande. Depois de dois dias [Ornaram um barco que os levou a Porro
tenha sido despertada sua atençáo para o Rio
Alegre onde desembarcaram no dia 10 de maio de 1908. Aí encontrou o irmão
Grande do Sul. pois o comércio de pedras pre-
Henrique José (como passou a assinar no Brasil). Dois dias mais tarde, seguiram até
ciosas rio-grandcnses com os lapidadorcs locais
Marará, local de residência do irmão, À chegada 'lheo e l\.1ina foram apresenrados à
era muito intenso e remontava aos tempos do
cunhada, Elisa Alice, nascida Di Primio, que atendia pelo apdido de Picucha,
início da imigração21•

Cenamcnre a razão mais fone que o le- Entrementes, surgiu um problema: como a vinda de lheo demorara mais
do que o esperado e como havia muita urgência na conclusão da obra, havia sido
vou a optar pela emigração para o Brasil foi Heinz Willy e Hanna Gerda, em 1918.
conrratado outro profissional para o emprego prometiJo. A lbco foi assegurado IFoto do arquivo de V\~ederspahn)
propiciada pelas notícias que seu irmão mais
que de também seria contratado, mas a protelação sucessiva da assinatura do con-
IllOÇO,o Heinrich josefUúnior)21, Seppel, naS
trato fez com que elc procurasse outras altcrnativas de trabalho.
intimidades, que fora contratatlo por uma
companhia belga para construir o ramal fer- Em Porro Alegre, foi apresentado ao en-
roviário entre Montenegro e Caxias do Sul. genheiro Rudolf Ahrons que era dono da maior
no Rio Grande do Sul. Seppel estava Illuiro conStrUlora imobiliária do estado e que havia
satisfeito com seu emprego em 1904 e cons- pouca tempo tinha demitido o responsável pelo
tituiu f.1mília no novo país. Quando o irmão dt'~aftamen[Q de projeto de sua empresa, o ar-
lhe conseguira um emprego na mesma coIl1- qUiteto Hermann Otro l\.1enchen que se estabe-
panhia, Theo resolveu também emigrar. Em leceu flor con, a propna.
"E'" m II1ICIOS d c setembro
de f908 '
inícios de março de 1908 pediu demissão de assumIu esse encargo, até que Ahrons
leodor Simon (de 1906nJ. Kuhberg. em Kreuznach - Alemanha. (Oesenho de G. Weimer)
re~olvcu [; h
seu emprego, volrou a Wiesbaden onde fez as cc ar sua construtora em 31 de dezcm-
b ro de 1915 d 'd
da p. . ' CVI o aos problemas decorrentcs
era "natural" naqueles
fiml'lra Guerra l\.1undial.
ido, bem ao contrário 21 Ver a autobiografia de Johann Carl Dreher (Memórias de imigrantes, Porto Alegre, EST, 1988, 96p.)
22 Heinrich Josef Wiederspahn Junior nasceu a 30101/1882, em Wiesbaden. e faleceu em Porto Alegre, em 21/05(1948.
Emigrou para o 8rasil em fins de 1904 e casou, em 06/10/1905. em Santa Maria com Elisa Alice Franco di Primio, nascida em
je AuguSl Haffner e de Johanna Porto Alegre. em 0110311 882, e ai falecida em 1210611969; filha ~e Annibale di Primio, comer~i~nte Itali~no e agente C~~su~ Maria Mina Wiederspahn com filhos. em 1915. Gerda Wiederspahn, por volta de 1930.
~m Porto Alegre, onde ela faleceu o Reina da Itália Inascldo em 09103/1843, em Belmonte dei Sanmo. Campo Basso, AbruzlO,ltalia e faleCIdo a 17/05119 '~) (Foto do arquivo de Wiederspahnl (Foto do arquivo de Wiederspahnl
Porto Alegre e de Elisa Benevenuta dos Reis Franco Inascida em 27/06/1854 em Porto Alegre e aí falecida em 11/041193 .

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------ ---~- -- - ~--=-= ~ - - -- . ~

THEO WIEOERSrAHN - ARQUITETO


GÜNTER WEIMER

P3ra concluir a história da família, cumpre.: registrar que 1hco e .Maria Mina ti- que casou com Carlos Albeno Krocff. Do marrimônio de Vera À-'faria nasceram Do m;urimônio de l\.1ar
veram dois lilhos, Heitrl. Willy e Hanna Gerda. He;nz Willy nasceu em 31.03.1911, Lúcia Luet7. Uber, casada com o alemão Paul Retlcmann, C mãe de Anclisie Uhc:r liso Defendi, Laura Luelz K,
em Porto Alegre. onde viria a falecer em 4 de agosto de 1990. Esrudoll no "Hilf~- Rcinert, hoje residentes n3 Alemanha; 1vlarcos Luetz Uber, casado com lvlárcia
vcrein" (hoje, Colégio Farroupilha) e fez seu aprendizado de pedreiro nas obras do Lúcia Rie,h Uher e pais de Luísa Rio,h Uher c ,\lar;n" Rieth Uher, e Ulian Luerz
Horel lvlajestic sob a [meia de seu pai, conhecimento esse jl1dispcns~ível par3 poder Ubcr que seguiu a profissão de seu bisavô lheo, casada com o argentino Darío
se matricular na Escola de Arquitetura de Darrnsradt (AJem;wha) que frequentOu Fernandez, e mãe de Amparo Fcrnandez Uber e i\hlena Fernandez Uber, rcsident<:s
entre 1931 e 35. Em dezembro desse ano casou com a viliva Manha Riheiro Voe~ na Argcmina.
gcli com a qual leve lima filha, Susic Sueli \'(Iicderspahn, que casou com Ar)' Ilmar
rranke. Desse Ilurrimônio nasceram Sandra \X/iederspahn rrankc {lllC caSOl! com
Ricardo Amônio da Cruz; Denise Wiederspahn Franke, casada com ~1arcos Krzis-
ch, e Alexandre \'Viederspahn Franke, casado com Patrícia Vclloso. que tiveram o
filho 'lheo Felipe Velloso Franke.

A famnia de Theo por volta de 1950. (foto do arquivo de Wiederspahnl

. -', -
--- --,
I

Família de Susie Sue~ Wiederspahn Franke. lfoto da famnia)


Famlha de Vera Maria luetl Uber. (f010 da famnial

Hanna Cerda nasceu em Porro Alegre, a 31.12.1912, e f.,leceu em 15 de maio


Theo, a esposa e as netas. Ifoto do arquivo de Wiederspahn) de 199:3. Casou em 24.11.1937 com o alemáo Carlos Henrique Luecz. Desse ma.
trimônio nasccralll Vera J\1aria Lucrz que casou com Adriano Uber e i\1arion Lue(Z,

'38
UM ARQUITETO A CAMINHO DO BRASIL
GÜNTER WEIMER

Para concluir a história da família, cumpre registrar que 1heo e Maria l\.1ina ti- C rios Albeno KrocfE Do matrimônio de Vera i\.1aria nasceram Do nlatrirnônio de Marion Lütz nasceram Raul LllCt7.KroeR-: casado com lve-
veram dois filhos, Heinz \'V'illy e Hanna Gerda. Heinz Willy nasceu em 31.03.1911 UC casOU com a . .' .
, q
Lúci~l LUCIZ
Ub
cr,
GJSlda com o alemao
<
Paul Redemann. e mae de Anellslc Uber
, •
lise Defendi, Laura Lue,z KroefT e Lia Luetz KrocfT.
em Porra Alegre, onde viria a falecer em 4 de agoslO dF 1990. Estudou no "Hilf,- . I. esidelHcs na Alemanha; Marcos Lllcrz Ubcr, casado com MarCia
verein" (hoje, Colégio Farroupilha) e fez seu aprendizado de pedreiro nas obras do Iktnen, lOJC r .. '. ..
, . I" h Uber e pais de l.Ulsa Rleth Uber e Marllla R.eth Uber, e L,lian Lue,z
l.uCI;1 c:{
•••.• • A • ,

Hotel r,,1a;csric sob a tutela de seu pai, conhecimcllto esse indispensável para podcr
Ubcr quc scglll'u a profissáo de seu blsavo Theo, casada com o argentino Dano
se marricular na Escola de Arquirerura de Darmsradr (Alemanha) que frequenwu . d ez, c~"láe dc Amparo rernandcz Uber e Malena Fcrnande7. Uber, residentcs
h:rnan n
entre 1931 e 35. Em dezembro desse ano casou com a viúva JV1anha Ribciro Voe-
na Argemina.
gdi com a qual teve uma filha, Susie Sueli \X!iederspahn, que casou com Ary llmar
Franke. Desse rnatrimônio nasceram Sandra Wiederspahn Franke que casou com
Ricardo Anrônio da Cruz; Denise WieJerspahn Franke, casada com Marcos Krzis-
ch, e Alexandre Wiederspahn Franke, casado com Patrícia Vclloso, que tiveram o
filho 11,eo Felipe Velloso Franke.

ml

Faml1ia de Marion Lütz Kroeff. (foto da família).

Família de Susie Sueli VViederspahn Franke. (foto da família)


Família de Vera Maria Luetz Uber. (foto da família I

Hanna Gerda nasceu em Porto Alegre, a 31.12.] 912, e faleceu em 15 de maio


de 1993. Casou em 24.1 1.1937 com o alemão Carlos Henrique Luetz. Desse ma-
trimônio nasceram Vera Maria Lucrz que casou com Adriano Uhcr e Marion Luetz,

39

1
___ •••••--.IIiI •••• --------- •• ------------------. •

GUNTER WEIMER o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRONS (1908- 1915)

Esse Café tornOll~SC famoso porque era ali que se reunia a elite da cidade para (0- A constant~ presença desses aviadores teria feiw Otro Ernst !v1cyer. um ex-
er avaliado pelo f.1l0 de
aves construíram outro Illcnrar os últiJnos acontl'Cimenros. No fim da tarde se reunia a juventude para dançar piloto da Primeira Guerra ua Luft\vaffe alemã, telHar pela enésima vez fundar lima
sob a severa vigilância das mães da.1i moças e no começo da noite se reunia a imclccruali- companhia aérea. Ao cOlHrário ue sua'\ tentativas em Recife e no Rio de Janeiro,
mas que leria um piso
dade para passar em revista as últimas fofocas, à espera da ahertUra do C1uhe dos Caça- aqui conseguiu entusiasmar a elite local. entre os quais o fururo prefeito Albt'rto
rendimento de balcão,
dores que ficava no meio da quadra da nu Nova (atual Andrade Neves). o "cabaré" mais Bins e o engenht'iro Ruuolf Ahrons. para fundar a primeira companhia aérea do
, piso, um amplo saláo,
ehiquc da cidade e que, mais tarde, seria reformado e ampliado pelo próprio '111eo, Brasil. P~ra o voa inaugural da Varig sohre Pono Alegre foram convidadas as auto-
iro apartamento com o
ridades consriruídas, entre as quais o presidente Borges de l\1edeiros e seu secre[a-
ria aproximadamente a Eua pouco conhecido é que o Café era o ponto favorito de enconrro com os
1$ era (Otal: apenas lima
riado. Dizem que esse foi um dia histórico uo cstado porquc "o governo foi pelos
aviadores do Correio Sul. Depois da Primeira Guerra Mundial, o governo francês
ares ...".
~rosso dos JeslocJmcn- deu um destino pacífico a sua frota de aviôes e inventou o transporte aéreo postai.
razões náo esclarecidas, Para a rora da América do Sul via Dacar e Recife. até Buenos Aires c, depois. Sanria- OUtro projeto imponante que Theo começou a conceber em fins de 1909
32
:uais dentre os quatro go. foram escalados. elltre Qluros, Jean .Mcrmo1. e Amaine de Sainr-Exupcry. Para foi o dos Correios e Telégrafos. A Intendência pretendia fazer um grande aterro
o aerop0f[o de Porra Alegre foi improvisado um terreno da Brigad~~, na beira do pelo lado norte da pcnínsula sobre a qual se localizava a parte mais antiga da
Gr3vataÍ, jUlHo a uma granja de Albcno Bins. Segundo voz corrente, os aviadores cidade. até o mdo do rio, para aí construir o novo porto da cidade. Adiantan-
preferiam aproveitar seu descanso em Porto Alegre especialmente porque ~1ermoz do-se aos inícios dos aterros que Scl começariam em 191 1. 'Ihco projetou sobre
gostava de tomar banho nas águas límpidas do Gravaraí e por ter tido alguns casOS ele um dos prédios rnais valorizados da cidade, o qual inauguraria uma série
tanto amorosos C0l110 rumorosos. Depois de ter cansado da vida errantc, resolveu de obras ncoharrocas. sua marca registrada na primeira fase de suas atividades
se estabelecer em P:uis onde fundou a Air rrance. Já Saint-Exupery era mais inrro- no Brasil. No térreo ficariam as áreas de atendimento do pühlico; no peso su-
••.enido. Não gostava desse tipo de aventura e há quem jure que muitas das páginas perior, a pane administrativa e no porão, os, serviços de seleção e remessa da

do Pequeno Príncipe e do Correio Sul foram cseritas na galeria do Café, ~orrespondênci:l. Dcssa forma funcionou até fins da década de 1950 quando foi
m"ugurada
_ . "n' o\a agenCia.
.' S"Iquclra C ampos. C ontll d o, () pré d io antigo
na rua ~
..unJa comportava alguns serviços correlatos dos correios. Em inícios da década
de 1990 , qUlnd
• O "I
13 lavla ' SI'd () c'
reltO O seu tom b amcnto. roir transformado em
!.morial do R'10 G ran d e d ou,S I d epOls' de um grande investimento para sua
r operação
.
sohre o q 1I;1 I' palram suspeitas
.
'j c
(e supcflaturamenw. Se não tivesse
Ido um movimento popular de preservação. o prédio teria sido demolido
I'crnamCl1tt' F~I' .
_ . t Ill11enre. consegUIu-se demovcr os demolidores e. depois de
0.•.•Im.cstimcntos
I .1
ti t' gran
d
e monta
d' . . . .
cstlllados a Impermeabilização, nele foi
I Chaves Barcelos auu o Arqlliv I-I' ,- d -"
:lâcIO Chaves)
la J .. o IStoflCO o Es[ado no piSO supcnor enquanto as exposi-
li aton •• a person
ra IGen. Câmara) a I'd
I a d es e a' I'l1S[On3
" d o Estado ficavam resrritas ao piso
''lederspahn - 1911 e ao porão.
)li Ahrons
G. Weimerl

Perspectiva do escritório Ahrons do lançamento da pedra fundamental


leitO, o Banco Alemão e o Banw do
prédio dos Correios e Telégrafos. de 1909. do prédio dos Correios e Teléglafos.
riar de Fernando eOlona Os demais Correios e Telégrafos - Praça Barão do Rio Branco
(Desenho do escritório de Theo Wiederspahnl IFoto do arquivo de Wiederspahnl
Proj.: Theo Wiederspahn -1909 - Constr.: Audolf Ahrons

51
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO CÜNTER WEIMER

o prédio de surpreendente modernidade, náo pela linguagem que ainda COIl- uma obra muito engenhosa em seu planejamento funcional c de altas gualidades
rinuava atrelada às correntes historicistas, Inas devido à cohcrtura plana com lajes pUsricas que - Iamemavelmenre - foi demolida pouco depois do fim de Segunda
impermeabilizadas, se caracteriza por duas belas alegorias escuhóricas de <luroria Guerra para dar lugar a um edifício em altura de proporções monumentais, den-
de \'\feme! Folberger colocadas sobre a plaribanda da fachada principal e por um tro da comprometida linguagem da arquitetura dos países totalitários da década
torreáo colocado na altura da esquina da praça com a futura avenida Sepúlveda, de 1930. Portanto, numa linguagem completanleme defasada para {}seu ternpo,
que foi inspirado numa obra semelhante localizada na estaçáo ferroviária da cidade quando o lv10dernismo já era amplamente aceito em centros mais progressisras do
natal de Thco. em \X1iesbaden. Essa rorrc ClUSOU ramo sucesso que, mais tarde, país. Tratava-se de um dos bancos mais amigos do país, pois foi fundado au tempo
em plena guerra. Carlos Bopp, solicitou que uma réplica também fosse colocada do segunuo Banco do Brasil e foi vergonhosamente destroçado no auge da ditadura
sobre uma ampliação de sua cervejaria. Embora a linguagem estilística se filie ao militar da segunda metade do século sendo incorporado
l no Banco Meridional pe-
historicisl11o dominantc, não deixa de ser relevanre o faro de que a mesma tenha los militares de plantáo. Dessa forma, perdeu-se lima preciosa obra de arquitetura
enf.1tizado mais a tendência neobarroca que era pouco cmpregada no Brasil, mas à e um dos patrimônios banGÍrios do estado.
qual era dada muita ênfase na Alcmanha guilhermina c que os arquitetos alcmães
Banco da Provincia do Rio Grande da Sul
aqui atuantes reproduziram no Rio Grande do Sul, o que se viria a constituir uma Rua Uruguai e~quina rua Sete de Setembro
Proj.: Theo Wiederspahn -1910
peculiaridade da tcrra, já que no rc'sto do país essa linguagem era pouco considera-
Canst.: Rudolf Ahrons, Perspectiva do escritório de Theo Wiederspahn.
da e, por isso, raramente empregada.

No ano de 1910 as atividades da firma Ahrons furam ainda rnais intensas.


Dentre os doze prédios que documentalmente puderam ser comprovados como Previdência do ~
realiza,ções de l1lCo, destacam-se os do Banco da Província do Rio Grande do Sul
e o do segundo prédio (de três pisos construído no alinhamento da rua Cristóvão
Colombo) da Cervejaria Bopp. O primeiro ficava na esquina da rua Sere de Se-
tembro com a Uruguai, com estrada no ccntro da fachada dessa rua. Trarava~se
de um prédio com quatro pisos onde os dois inferiores (poráo com a caixa-torre
e o térreo) se destinavam às funções bancárias; o segundo piso se destinava, em
partc, para a área mais nobre do banco (um "foyer" contíguo à sala de reuniões)
c um grande apartamento. O piso superior se destinava a dois apartamentos, um
de dimensões pouco menores que o de baixo e outro significativamente menor.
Os apartamentOs eram ordenados em torno de um poço de luz que iluminava um
"in vernáculo" , na linguagem da época, o qual hoje denominaríamos de "jardim de
inverno", anexo à sala de reuniões no segundo piso e o "pátio par~ o públicO", a
área ccntral do piso térreo, através de um vitral horizontal, uma soluç.lo que \'ol~
taria mais tarde a empregar em Outros prédios congêneres. Uma rica rnodcnattlrJ
nas fachadas destacava as colunas de ordem jônica, e a platibanda ostentava cinCO
frontóes (três na rua Uruguai e dois, na Sete de Setembro) com uma cúpula de
Banco da Província do Rio Grande do Sul. de 1910.
'- (Ipopu armente ape ,.I(j a d a d c ..capacete d o K'alser ") na esqulIla.
coure . T ra "va-se de IDesenho G. Weimer)
Prédio da Receita Federal (MARGSl. dos Correios e Telégrafos e do Banco Nacional do Comércio (Santander Cultural).
Proj.: Theo Wiederspahn.

52
o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRON5 (1908-1915)
GLiNTER WEIMER

o prédio de surpreendenre modernidaue, não pela linguagem que ainda Con_ . h em seU planejamento funcional .e de altas qualidades
brt mUITO cngen asa
tinuava arrelada às correntes historicistas, mas devido à coherrura plana com lajes 01' o. I ' Imente _ foi demolida pouco depOIS do fim de Segunda
• '15 que - arnenra\e .
impermeabilizadas, se caracreriza por duas belas alegorias escultóricas de auroria "tlC. _ I m edifício em altura de proporções monumerlfalS, den-
lIerra p.tra dar ugar a u d ' I' ,. d d' d
ti compromen 'd a rmg uagcrn da arquiterura
de Weozel Folberger colocadas sobre a plaribaoda da [,chada principal c por Uo, 1 os palscs tora ItafloS a eca a
rorreáo colocado na altura da esquina da praça com J. fmura avenida Sepúlvcda, uu J lma linguagem completamenre defasada para o seu rempo,
J 1930. Ponamo, nl •. '..
que foi inspirado numa obra scmelhanrt' localizada na esração ferroviária da cidade ue do o 1v10 d'ernismo. I'á era 'lmphrnenre aceito em centros mais progressistas do
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natal de r]heo, em Wiesbaden. Essa (Qrre causou ranro sucesso que, mais rarde, qllan . ,d n dos bancos mais antigos do país, pois foi fundado ao tempo
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em plena guerra, Carlos Bopp, solicirou que uma réplica rambém fosse colocada I"us. "'B do Bnsil c foi vergonhosamenre destroçado no auge da ditadura
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sohre uma ampliação de sua cervejaria. Embora a linguagem esrilísrica se filie ao d meradc do século sendo Incorporado Baoco MendlOnal
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his(()ricismo dominanre, não deixa de ser relevante o faro de que a mesma renha . d e P Iai Hão
los milHares .. Dess'l. forma , perdeu-se uma preCiosa obra de arquITerura
enfiuizado mais a rendência neobarroca que era pouco empregada no Brasil, mas à
C' um dos patrimônios bancários do es(ado.
qual era dada muira ênf.1se na Alemanha guilhermina e que os arquireros alemães
Banco da Província do Rio Grande do Sul
aqui atuantes reproduziram no Rio Grande do Sul, o que se viria::l constintir uma Rua Uruguai esquina rua Sete de Setembro
peculiaridade da terra, já que no resro do país essa linguagem era pouco considera- froj.: Theo Wiederspahn - 1910 ...
Const,: Rudolf Ahrons, Perspectiva do escrltorlO de Theo Vi~ederspahn.
da e, por isso, raramenre empregaua.

No ano ue 19] O as atividades da firma Ahrons foram aind3 mais intensas.


Dentre os doze prédios que uocumelHalmenre puderam ser comprovados como Previdência do Sul. (Foto de Theo Wiederspahnl
realizações de Theo, desf3cam-se os do Banco da Província do Rio Grande do Sul
e o do segundo prédio (uc rrês pisos consrruído no alinhamenro da rua Crisróvão
Colombo) da Cen'cjaria Hopp. O primeiro ficava na esquina da rua Sete de Se-
tembro COI11a Uruguai, com estrada no cenrro da fachada dessa rua. Tratava-se
de unI prédio com quarro pisos onde os dois inferiores (poráo com a caixa-forre
e o térreo) se dcstinavam às [unçôes bandrias; o seguJluo piso se destinava, em
parte, para a área mais nohre do banco (urn "foyer" conríguo à sala ue reuniões)
e um grande aparramcll(O. O piso superior se destinava a dois aparramemos, um
de dimensóes pouco menores que o de baixo e outro signHicativamenre menor.
Os apartamemos eram ordenados em [Orno de um poço de luz que iluminav~l um
"invernáculo", na linguagem da época, o qual hojc denominaríalTlOs de "jardim de
inverno") anexo à sala de reunióes no segundo piso e o "pário para o público", a
área centrai do piso térreo, através de um virral horizonral, uma solução que vol-
taria 1l1ais tarde a empregar em ollfroS prédios congêneres. Uma rica modenatura
nas fachadas destacava as colunas de ordem jônica, e a platibanda osrenrava cinco Edifício Previdência do Sul (Cine Guaranil
frontões (rrês na rua Uruguai e dois. na Sere de Serembro) com uma cúpula ue Rua dos Andradas
8nnco da Provincia do Rio Grande do Sul. de 1910. Arq.: Theo Wiederspahn - 1910
,11. cobre (popularmenre apelidada de "capacere do Kaiser") na esquina. TratJva-se de Canst.: Rudolf Ahrons
IDesenho G, Weirner)

53

I
THEO WIEDERSrAHN - ARQUITETO GÜNTER WEIMER

Segundo os registros da Prefeitura Municipal, naquele ano lheo ainda realizou nistas do Pós-Guerra, mas que era comum na vertente barroca. Curioso é o faro de A filial do Banco Pelotense, localizada no mesmo quarreirão. porém, no meio da
cinco projeros de residência> e uma reforma de fachada do prédio da firma A. M. que, apesar do tratamento neobarroco, o prédio apresentava o emprego de colunas quadra na rua Sere de Setembro, era mais modesta em suas dimensões devido à menor
Araújo que escava estabelecida na rua Dr. Piores, onde ainda hoje pode ser encontra- dóricas ramo no térreo como no piso superior. O frontão também apresentava largura, mas igualmente rica no tratamento da Illodenalura e elementos esculturais. A
da. embora tenha sofrido algumas intervenções que a tornam quase irreconhccÍvel. linhas mais contidas, o que pode ser identificado com uma perseguição de uma filial propriarnente dita ocupava apenas o piso térreo onde também n.c.lVaa caixa-forre
linguagem arquitetônica mais sóbria que, segundo os preceiros da época, devia ser que, normalmente. era mais protegida. Nos dois pisos superiores se espremiam, entre
O ano de 1911 foi ainda mais produtivo. Nele realizou, além do anexo do
própria de instituições banC<Írias como denotava a escrira, soh o frontão, da inscri- os limites do terreno, dois longos aparramenros de cinco C)uartos. O tratamento da
Café Colombo, antes referido. o projero da Previdência do Sul que se tornaria mais
çáo "Brasilianische Bank fü •. Oeurschland" (Banco Brasileiro da Alemanha), um fachada se aproximava mais do barroco, se comparado ao do Banco Alemão de tendên-
conhecido como Cinema Guarani c qu.e, em tempos recentes, foi objeto de um
nome que viria a exasperar os ardores nacionalistas da cultura eIl\'olvente, durante a cia mais neodássica. Parece que foi do agrado dos proprietários, pois, posteriormente,
vandalismo que consistiu em demolir a pane posterior do prédio preservando a
Primeira Guerra. o banco foi ampliado com a anexação de cinco módulos verticais dos quais os três da
fachada (juntamente à do prédio ao lado, a Casa Pavão, também conheciuo como
extremidade repetiam ipsis litteris os três módulos da fachada original e entre os quais
Parmácia Carvalho, projero de Francisco Tomaris). O que resrou do prédio original
foram colocados dois módulos levemente recuados com idêntico tratamento, entretan-
foi integrando numa construção nova que abriga lima agência bancária. Era um
to em linguagem menos exuberante. Não se tem documentação de quem teria feiro
prédio de cinco pisos dos quais os dois primeiros eram destinados a UIll teatro (mais
essa ampliação, nem de quando foi feira, mas, a julgar pela excelência e adequação da
tarde adaptado para cinema), os dois seguinres, à administração da Companhia de
solução, admite-se que tenha sido feita pelo próprio neo.
Seguros Previdência do Sul e o úhimo, a dois apanamenros, o que parece denotar
uma persistência dos modos de vida tradicionais do país, onde era comulll que o
proprietário morasse na parte superior de seu "negócio".

o que impressiona ainda hoje no prédio, apesar de sua mutilação, é a riqueza


da fachada, seja pela modeuarura ou pela esraruária. Coroado por duas cúpulas
ornamentais de cobre el1ue as quais há um frontão decorado com quatro figuras
alegóricas nas quais Oobersrein (1992, p. 60) quer ver uma represenração simbólica
da previsão. o prédio ainda apresenta outras figuras decorativas como a cabeça de
um mercúrio, uma figura feminina segurando uma âncora e dois anjos (o mesmo
autor entende que se trata de alusões ao seguro do comércio e da navegação). Tudo
isso levou a uma ostentação de riqueza e luxo que eram novos na capital e se torna-
riam a marca dos novos tempos conhecidos como da "bela época" ou "BeBe Épo-
que" como querem os provincianos ciosos de ostentar o P~lICO de sua cultura. Essas
esculturas foram contratadas nas oficinas de João Vicente Frieclerichs e, segundo
Oobersrein, reriam sido execUl'adas por Wenzel Folberger.

Igualmente importantes foram os projetos das filiais dos bancos Alemão e Pe-
lorense. O primeiro foi consrruído ao lado do anexo do Edifício Chaves e com ele
perfeitamente integrado no aspecto plástico. Tinha dois pisos ainda que no frontão Filial de Porto Alegre do Banco Pelotense.
Rua Sete de Setembro. 1128.
alto apresentasse algumas janelas f.1lsas que poderiam dar a ilusão de um terceiro ArQ.: Theo Wiederspahn - Const.: Rudolf Ahrons
pavimento, lima solução que haveria de despertar as iras ou o desprezo dos m.oder- Brasilianische Bank für Deutschland. Rua da Ladeira (General Câmaral. (Foto de Theo Wlederspahn)
Arq.: Theo Wiederspahn -1910. Consl.: Rudolf Ahronr~
IDesenho de G. Welme
54
o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRONS (1908- 1915)
GÜ TER WEIMER
no lheo ainda realizou nisras do Pós-Guerra , mas. q uc era comum na venenre barroca . C'UrJoso e, o f:
prédio da firma A. M,
que, apesar d o tratamento neobarroco o p 'd' aro de ~ filial do Banco Pclorense, loca.lizada no mesmo quarteirão, porém, no meio da
, . ' cc 10 apresentava o emprego de
lOjc pode ser cnconrra- • a Sere de Setcmbro, era mais modesta em suas dirncnsócs devido à menor
dancas tanto no térreo como no piso su . O fi ~ , colunas u.1Jr;1 na ruo
quase irreconhecíveI. . .' . penar. ,COnta0 tambem a r .
lmhas maiS cOBtIdas, o que pode ser id "fi d P escorava as jgualmenre rica no rratamemo da modcnarura e elementos escultur.ais. A
. . enu ca o com lima persegui ão d 19.~rJ. In •..
lU, além do anexo do lInguagem arquitetônica mais sóbria que s d . ç e uma ••'~~I !'amente dita ocupava apenas o piso térreo onde também ficava a caixa-forre
,. . ' egun () os preceitos da época d . hh:u propr,
JI que se £ornaria mais propna de Ulstiruições bancírias como d . ' evla Ser .-I!nente era mais protegida. Nos dois pisos superiores se espremiam, entre
." '" <. enmava a eSCrIta, sob o frOIltão d' . que. nO'rnlU '
tes, foi objeto de um çao 8ras!ha11lsche Bank für Delltschla d" (B 8" ' a mSCtl_ ',_ do terrcno, dois longos aparramemos de cinco quartos, O tratamento da
. . .n anca rasllclfO da Alemanh ) os unl" J

prédio preservando a nome que VIna a exasperar os ardores nacional!'stas dI' j a , um fJch;lda
" se aproximava mais do barroco, se cOInparado ao do Banco Alemão de tendên~
. . . a ClI rura cova Vente d
bém conhecido como Prrmelra Guerra. • uraIlte a ÍJ. m.tis ncodássica. Parece quc foi do agrado dos proprietários, pois, posteriormente,

.ou do prédio original o banco foi ampliado COI11 a anexaç..-lode cinco módulos verticais dos quais os três da

da bancária. Era um extremidade reperiam ipsis /itteris os três módulos da fachada original e entre os quais

Jos a um tearro (mais foram coloC:'1dosdois módulos levemente recuados com idêntico tratamento, entretan-

:ão da Companhia de to em linguagem menos exuberante. Não se tem documentação de qucm tcria fciro

o que parecc denotar essa ampliação, nem de quando foi feita, mas, a julgar pela excelência e adequação da

de era comum que o solução, admite-se que renha sido feira pelo próprio lbeo.

lutilação, é a riqueza
io por duas cúpulas
I com quatro figuras
resentação simbólica
1S Como a cabeça de
tois anjos (o mesmo
ia navegação), 'IÍJdo
'la capital e Se torna-
xa " ou "8 c11e Epo-
'
:ie sua cultura. Essas
:derichs c, segundo

HlCOS Alcmão e Pe- Hoje a fachada ainda está mantida na forma original. mas a parte posterior foi
J Chaves c Com ele totalmente reformada para adaptá-la a diversas funções a que o prédio se desdnou
lJa quc no frontão após o fechamento do banco, Hoje, a f.1Chada está bastante prejudicada por não se
são de um terceiro Filial de Porto Alegre do Banco Pelotens€, rer mais uma visão de conjunto, pois, diante dela foi colocado um abrigo de ônibus
:sprezo dos moder- Rua Sete de Setembro. 1128. em total desatmonia com a qualidade plástica daquele prédio, A temoção dessa
Arq.: Theo lNiederspahn • Canst.: Rudolf Ahrons
Brasilianische Bank für Deutschland, Rua da Ladeira (General Câmara) (Foto de Theo Wiederspahn] cobertura é mais do que urgente.
Arq .. Thea Wlederspahn - 1910, Cans!.: Rudolf Ahron~
IDesenho de G, Weimerj
55
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO o ARQI
TER WEIMER

Em data não definida, mas provavelmente na mesma época, foi concebido mais ria aberta uma grande avenida uneira com o aterro que, em parte já havia sido realizado se sabe se já havia um
. qUJ Iquer n '
um banco para a cidade: a Caixa Econômica Federap3. Foi construído na esquina que começaria no centro des- t: _ de dois "braços" de terra que serviam de atracadouro, foram foram encomendados {
consrruçao
da rua Sete de Setembro com a Praça da Alfândega que os senhores eUis da cidade se paredão, cortaria o meio da uartciróes sobre os quais foram erguidos os prédios dos Correios Grande. Essas construç
dO' quatro q ~ . .. , .
insistem em denominar - contra a vontade popular - de Senador Florêncio. Tllvez praça da Alfândega e, com uma c da Delegacia da Receita Federal que substltlllna o outro predlO an- Rio Grande não cheg'
AI 'r.liOS e
por imposição da administração central da entidade, a linguagem empregada se pequena deAexão, seria prolon- " /'. do sobre um desses "braços". ambos de autoria do 111eo; nos outros era mais urgente no P'
uH oca 17.;)
aproximou mais da neoclássica uma vez que quatro janelas duplas com respectivos gada até as portas do palácio . _ . seriam construídos os prédios gêmeos da Secretaria da Fazenda e da remontados naquela ci,
u. rt Iroes .' . .
telhados de duas águas ao longo da rua Sete de Setembro e trés voltados para a pra- Piratini, passando en[re o teatro . d' Ohr'ls públicas de autoria de Alfonse OIl1IS Hebert, com posrcnores vez em nümero de seis
rt"lJ.fJa t: <

ça, dando a impressão de que o telhado fosse utilizado à maneira francesa. O piso São Pedro c o Arquivo Público. -es de lheóphilo Borges de Barros, e o novo prédio da Alfândega de feccionado nas oficina!
J {lCJnU Ia ço
térreo elevado indica que o porão provido de três janelas triplas em cada fachada No cruzamento dessa avenida, ., de Hermann Ono Mcnchen. dimento que passaria. I
:Jurorl ••
era utilizado. local onde certamente se encontrava a caixa-fone. T UtlO indica que que recebeu o nome Sepúlveda, projeto desse pórtico f
 falta dos desenhos originais do projeto, não se sabe qual o tratamento dado
o térreo se destinava ao atendimento ao público, sendo que o piso superior e o com a rua da Praia seria consrru~ que o pórtico tenha se
~ entrada da cidade a partir do porto. Cerro é que foram construídos quatro
espaço sob o telhado se destinavam à administração. ída uma rótula com uma estátua vistas mais adiante.
.,ze'ns de ferro, dois de cada lado e ao longo da avenida, junto ao cais. Não
equestre do Gen. Osório. Por ra- arln.
Como era corrente na época, o acesso do público era feito pela esquina. sobre
zóes diversas que podem ser re-
a qual havia um wrreão que. nesse caso, tinha a forma cônica e não tinha o acaba-
sumidas em escassez de recursos
mento empregado nos "capacetes du Kaiser", o que é mais um indicativo de uma
financeiros, essa avenida só foi

I
postura não barroca. O acesso dos funcionários era feiro por uma enrrada secllndá~
aberta até a rua Sere de Setembro
ria que dava para a praça.
e a esrárua foi deslocada para o Caixa Ecunomica Federal
Desde longa data, a prefeitura de Porto Alegre estava projetando fazer um centro da praça. Rua Sete de Setembro eSQ. Pça. da Alfandega. Proj
Constr.: Rudol! Ahrons. (Desenho de G. Weimer)
aterro pelo lado narre da península por dois morivos principais: um pelo alra va-
lor imobiliário da área e, principalmente, pelo tàro de que o comércio estava ten- ,
do um grande desenvolvitnenro e a cidade não dispunha de un1 porra adequado.
Por isso o arquiteto \X!i1helm Ahrons foi encarregado de realizar esse projeto nos
primeiros anos do novo século. Certamente por rnotivos do endividamento da
Prefeitura, esse projeto foi adiado até 1911 quando foi posto em concorrência um
pequeno trecho da obra que correspondia ao aterro de uma faixa correspondente
à largura da praça da Alfândega até um paredão de granitoj4 localizado no meio
do rio, que correspondia a sua maior profundidade. Essa concorrência foi vencida
pela firma de Rudolf Ahrons e 1heo foi encarregado do acabamento da proposta
genérica apresenta~a pela Prefei{llra. Por interferência do governo estadual, se-

33 Na década de 1940, esse prédio foi demolido para dar lugar a um prédio bem maior executado dentro da linguagem
rnonumentalista característico do período do Estado Novo, Que, por sua vez, foi demolido na década de 1970 para dllr lugar
a um prédio modernista de grande altura. ocupando todo o Quarteirão.
34 Esse paredão, com seus postenores prolongamentos, é uma obra exemplar em Qualidade de construção com pedra
aparelhada.
Praça da Alfândega com os prédios da Caixa Econômica à esquelda, O antigo prédio Avenida Sepúlveda na atualidade. Proj.: Wihelm Ahrons. Constr.: Rudotf Ahrons. Adminisu.: Th
da Receita Federal no centro e o novo prédio de mesma, à direita (Cartão-postal da época).

56
GÜNTER WEIMER o A RQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRONS (1908- 1915)

1, foi concehido mais ria abena lima grande avenida De qualquer maneira, com o aterro que, em parte já havia sido realizado se sabe se j;,i havia um arco que passava por cima da avenida. () problema é que
Hlsrfllído na esquina que começaria no centro des- com a construçáo de dois "braços" de terra que serviam de atracadouro, [oram foram encomendados outros quatro armazéns semelhantes para a cidade de Rio
,hores edis da cidade se paredão, cortaria o meio da criados quatro quarteirões sobre os quais foram erguidos os prédios dos Correios Grande. Essas construções viriam tia Alemanha c, com o início da guerra, os de
ior Florencio. Talvez praça da Alfándega e, com urna e Telégrafos e da Delegacia da Receita Federal que substituiria o outro prédio an- Rio Grande não chegaram a ser fornecidos. Como a necessidade dos mesmos
Jagen1 empregada se pequena deAexáo, seria prolon- terior localizado sobre um desses "braços", ambos de autoria do lheo; nos outros era mais urgente no porto marídmo, os de Porto Alegre foram desmomados e
pias com respectivos gada até as portas do palácio quarteirões seriam construídos os prédios gêmeos da Secretaria da Fazenda e da remontados naquela cidade. Visro que a Alemanha perdeu a guerra, novos, dessa
; voltados para a pea- Pirarini, passando entre o teatro Secretaria de Obras P(lblicas de autoria de Alfonse Dinis Hcberr, com posteriores vez em número de seis, foram importados da França e o grande pórtico foi con-
ei ra francesa. O piso São Pedro e o Arquivo Público. reformulações de 'Ihcóphilo Borges de Barros, e o novo prédin da Alffindega de feccionado nas oficinas de Emmerich Berta, na Voluntários da P,hria, empreen-
,Ias em cada fachada No cruzamento dessa avenida, autoria de Hermann Gtro Menchel1. dimento que passaria, mais tarde, à propriedatle de Alherto Rins. A não ser que u
rte. Tudo indica que que recebeu o nome Sepúlveda, projew desse pórtico fizesse parte dos planos iniciais de lheo, é pouco provável
À falta dos desenhos originais do projeto, nao se sabe qual o reatamento dado
O piso superior e o com a rua da Praia seria constru- que o pórtico tenha sofrido a interferência desse arquiteto por razúcs que serão
à entrada da cidade a partir do porra. Certo é que foram construídos quatro
ída uma rótula com lima estátua vistas mais adiante.
armazéns de ferro, dois de cada lado e ao longo da avenitla, junro ao cais. Não
cy,uesrre do Cen. Osório. Por ra-
:> pela esquina,
c não tinha o acaba-
m indicativo de lima
sohre
zões diversas que podem
sumidas em escassez de recursos
ser re-
-
financeiros, essa avenida só foi
ma entrada seclllldá-
aberta até a rua Sere de Setembro
e a estátua foi deslocada para o Caixa Economica Federal
HojerJndo fazer um centro da praça. Rua Sete de Setembro esq. Pça. da Alfandega. Proj.: Theo WlederspatIJ
Constr.: RudoH Ahrons. (Desenho de G. Weimer)
,ais: um pelo alto V;l-

comércio estava ten- ,


um pano adequado. ~
lizar esse projeto nos
o endividamento da
em concorrência um
faixa correspondente
q localizado no meio
corrência foi vencida
Jamenro da proPOSta
joverno estadual, se-

executado dentro da linguagem


] década de 1970 para dar lugar

'Idade de construção com pedra

Praça da Alfândega com os prédios da Caixa Econômica à esquerda, o antigo pré?io Avenida Sepúlveda na atualidade. Proj.: Wihelm Ahrons. Constr.: Rudolf Ahrons. Administr.: Theo Wiederspahn
da Receita Federal no centro e o novo prédio de mesma, à direita (Cartão-postal da epocal.

57
GÜNTER WEIMER OA
THEO WIEDERSrAHN - ARQUITETO

que se encarregou dos cálculos de COl1creroe dos projetos complementares de enge-


nharia. Foi com esses auxiliares que projerou a Delegacia fiscal da Receita fedcral
(hoje convertida em Museu de Artes do Rio Grande do Sul Ado Malagoli), um
dos projetos mais significativos da primeira fasc de sua vida no Brasil. No centro
do porão ficava a caixa-forte jUlHO à qual havia uma guarda policial permanente,
além de salas para serviços burocráticos. No piso seguinH~ que ele denominou de
"térrco", havia um amplo vestíbulo que dava acesso a um saguáo central que ele
chamou de "pátio do pllblico" com pé-direito duplo, que era iluminado através de
uma claraboia central provido de um grande vitral colorido (à semelhança do que
fizera no Banco da Província e volraria a f..1.zer,mais tarde, no Banco Nacional do
Comércio). De um lado ficava a recebedoria e, no oposto, a pagadoria. Na galeria
do piso superior ficavam os serviços burocráticos e as instalações da diretoria. A
cobertura era plana - da mesma forma como no prédio dos Correios e 'Ielégrafos
que ficava defrome - e nos quatro cantos havia torreóes iguais com exceção do que
ficava junto à avenida e a praça que era mais avantajado e se compunha com o dos
Correios formando um harmonioso conjunto à semelhança dos prédios gêmeos
que Phillip von Normann havia construido na praça da Matriz CIeatro São Pedro
c Câmara Municipal, esta criminosamente queimada ao fim da Segunda Guerra e
substituída por um prédio modernista em altura que nada tinha a ver com o prédio
Delegacia Fiscal da Receita Federal [hoje, Museu de Artes do Rio Grande do Sul Ad.o Malagoli)
Proj.: Theo Wiederspahn .1912 - Constr.: Rudolt Ahrons. (Desenho de G. Welmer)
que resmu). Esses prédios (Correios e Delegacia) eram tão avançados para o seu
tempo que o catedrático de História da Arquitetura da Universidade Técnica de
De qualquer maneira, realizado o aterro, o terreno foi liberado para dar lugar a Berlim só se convenceu de que esses projetos haviam sido realiZ<.ldosantes da Pri-
mais um prédio marcante de -Iheo. Como o antigo prédio da Delegacia da Receira meira Guerra depois de ver os originais devidamente datados e assinados.
Federal havia se tornado insuficiente para atender à crescente demanda, foi neces~
sária a construção de um novo. Para tanto o ministro Rivadávia Careca contratoU o
Escrirório Ahrons em 1912 que repassou o projero a Theo. Devido ao grande nú-
mero de encargos que Ahrons assumiu nesse tempo, foram contratados maiS. dois
récnicos de alta qualificação: o arquitero Alexander Gundlach" que passaria ,I se
encarregar do detalhamento dos projeros de Theo e o engenheiro Alfred Haessler'"

35 Pouco se sabe sobre a vida desse arquiteto. Certo é que foi cont~atado por ~hrons em 191.' e. depois da diS:O~~
da firma de Ahrons, continuou a trabalhar por conta própria. Nesse perlodo encaminhou nove projetos para a aprov ça
prefeitura e, a parlir de 1921, não há mais noticias sobre sua pessoa. de
36 Haessler também foi contratado por Ahrons em 1911 onde ficou atê a dissolução da firma em fins de dezemb~
Praça da Alfândega com os prédios
1915. Então passou a trabalhar por conta própria. Em 1924 abriu uma firma construtora que recebeu, em 1_930,c.O~~rnesIO
gêmeos da Receita Federal e dos Três prêdios de T
o sobrinho de Ahrons, Ernst Woebcke. Com sua morte em 1941, a firma passou a funcionar com a razao saCia
Correios e Telégrafos, fOIO de 1929 na praça Vi
Woebcke e Cia. que existe até hoje. (Foto do arquivo de Theo VlJiederspahn)
TER WEIMER
o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRONS (1908-1915)

ti dos cálculos de concreto c dos projetos complementares de enge-


li .•c encarrego ., . .
q . r,' m esses auxiliares que projetou a DelegaCia FIScalda ReceIta Federal
nharla. 1'01 co . .
'd" em Museu de Artes do RIO Grande do Sul Ado Malagolt), um

~~-
(hoje converti.. ... .. . . T
. mais slglllficatlvos da pnmelra f.."lsede sua Vida no BraSIl. No centro
dos proJc(Os ,. . .
. ficava a caixa-forte junto a qual haVia lima guarda pohclal permancnte,
31 m de salas para serviços burocrancos.
.... No piSO seguinte que ele denomll1ou
.
de
. .. 11J\'Ía um amplo vestíbulo que dava acesSo a um saguão central que ele
"[ rre<> ,
chamoU de "pátio do público" com pé-direito duplo, que era iluminado através de
uma daraboia ceorral provido de um grande vitral colorido (à semelhança do que
fizera no Banco da Província e voltaria a fazer, mais tardc, no Banco Nacional do
Comércio). De um lado ficava a recebedoria e, no oposto, a pagado ria. Na galeria
do piso superior ficavam os serviços burocráticos e as instalações da diretoria. A
cobenura era plana - da mesma forma como no prédio dos Correios e Telégrafos
que ficava defronte - e nos quatro cantos havia torreóes iguais com exceção do que
ficava junto à avenida e a praça que era mais avantajado e se compunha com o dos
Correios formando à semelhança dos prédios gêmeos
um harmonioso conjunto
que Phillip von Normann havia construído na praça da Matriz (Teatro São Pedro
e Câmara Municipal, esta criminosamente queimada ao fim da Segunda Guerra e
substituída por um prédio modernista em altura que nada tinha a ver com o prédio
Delegacia Fiscal da Receita Federal (hoje. Museu de Artes do Rio Grande do Sul Ado Malagolil
Proj.: Theo Wiederspahn - 1912 - Constr.: Rudolf Ahrons. (Desenho de G. Weimer) que restou). Esses prédios (Correios c Delegacia) eram rão avançados para o seu
tempo que o catedrático de História da Arquitctura da Universidade Técnica de Delegacia Nacional da Receita Federal
De qualquer maneira. realizado o ~Herro, o terreno foi liberado para dar lugar a (hoje. Museu de Artes do Rio Grande do Sul)
Berlim só se convenceu de que esses projetos haviam sido realizados antes da Pri-
mais um prédio marcante de 1heo. Como o antigo prédio da Delegacia da Receita
meira Guerra depois de ver os originais devidamente datados e assinados.
Federal havia se tornado insuficiente para arender à crescente demanda, foi neces-
s<.i.riaa construção de um novo. Para tanto o ministro Rivadávia Correa contratou o
Escritório Ahrons em 1912 que repassou o projero a neo. Devido ao grande nú~
mero de encargos que Ahrons assumiu nesse tempo, foram contratados mais dois
técnicos de alta qualificação: o arquitew Alexander Gundlach ') j
que passaria a se
encarregar do detalhamento dos projetos de Thco e o engenheiro Alfred Haessler"

35 Pouco se sabe sobre a vida desse arquiteto. Certo é que foi contratado por Ahrons em 1911 e. depois da dissolução
da firma de Ahrons. continuou a trabalhar por conta própria. Nesse pelÍodo encaminhou nove projetos para a aprovação na
prefe~ura e. a partir de 1921. não há mais notícias sobre sua pessoa.
36 Haessler também foi contralado por Ahrons em 1911 onde ficou até a dissolução da firma em fins de dezembro de
Praça da Alfândega com os prédios
1915. Então passou a trabalhar por conta própria. Em 1924 abriu uma firma construtora que recebeu. em 1930. como sócio
gêmeos da Receita Federal e dos Três prédios de Theo 'Niederspahn
o sobrinho de Ahrons. Ernst Woebcke. Com sua morte em 1941. a firma passou a funcionar com a razão social Ernesto
Correios e Telégrafos. foto de 1929. na praça Visco de Rio Branco.
Woebcke e Cia. que existe até hoje. (Foto do arquivo de Theo Wiedelspahnl

59
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO

"ero imf,orranre desenvolvido em 1912 foi o da Faculdade de Medi- redores au lon


OutfO pc oJ
. b ela tenha sido a prirneira a ser criada, talvez devido aos preconceitos serviços comp
In.. l:m ora . .
" foi a úlrima (não considerando o caso especial da Escola de Artes)
co01{1S010. • Ao que n
a sede própria. A história dos projetos que amecederam o definirivo
re(C b CC LIm introduzida LI
b:l~tJn(e complexa e cheia de meandros que ainda estão necessitando um estudo construçáo de
'. ecífico pois até mesmo propostas e1ahoradas no exterior foram rejeitadas. chegaram ao (
.,rn:US L-SP .
rm 1912 a congregação da Faculdade aprovou o projero apresenrado pela firma a consequentt
de Ahrons e de autoria de "Illeo. O prédio localiz.1.do na esquina das aruais rllas da laje ,uperi
" n entO Leite c Luiz Englen apresentava uma planta em V, com as duas "asas" às chuvas. As
Sar 1
Je igual tamanho. Tratava-se de um prédio de uma modena(llra muiro complexa fechado sua e
que. por isso mesmo, precisou de um detalhamento muito acurado. Além da com- cidade, cuja fi
plexidade formal das tàchadas, ainda apresentava uma cobertura muiw elaborada. Para concluir
com dois "capacetes do Kaiser" sobre cada uma das "asas" da constrllç.1.o. A enrrada uma formaçã
era feira pela esquina e dava para uma vesdblllo duplo de suntuoso acabamento. [e", "simplifi(
Através de lima escada mOIlUlnenral que se encontrava ao seu fundo, se tinha acesso substituiu toe
;lO piso superior onde ficava outro vestíbulo que dava acesso a um requintado audi- concier o gror
tório oval, um dos espaços mais solicitados para as grandes sulenidades da cidade. toSCOenfeite
Foram encontradas diversas referências de que a diplomação de Getúlio Vargas para comprometk
a governança do estado teria acomecido naquele local. Dos saguões saíam dois cor- teria sido o n

Vitreaux zenital interno do salão principal Ido público).

A musa da arquitetura com


o escudo profissional e a A entrada principal do prédio
maquele do próprio prédio. da Receita Federal.

60
GÜNTER WEIMER
o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRONS (1908-1915)

Outro projeto importanre desenvolvido em 1912 foi o da faculdade de Medi- redores ao longo dos quais eram distribuídas salas de aula e os laboratórios e demais
cina. Emhora ela tenha sido a primeira a ser criao':l, talvez devido aos prccollcciros serviços complementares. Essa distribuição se repetia nos três pisos.
do conuismo, foi a última (não considerando o caso especial da Escola de Artes)
Ao que tudo indica, a proposta original não foi seguida à risca por ter sido
a receber lima sede pr6pria. A história dos projetos que antecederam o definitivo
introduzida uma ligação entre os extremos das duas "asas". Mais do quc isso, a
é bastante complexa e cheia de rneandrus que ainda estão necessitando Ulll esmua
construção do prédio foi sensivelmente prejudicada pela Primeira Guerra. As obras
mais específico, pois até mesmo proPOStaS elaboradas no exterior foram rejeitadas.
chegaram ao cimo das paredes do segundo piso quando foi deflagrado o conflito e
Em 1912 a congregação da faculdade aprovou o projeto apresenrado pela firma
a consequente paralisação das ohras. 1\1esmo assim, Ahrons financiou a conclusáo
de Ahrons e de autoria de lheo. () prédio localizado na esquina das aLUais ruas
da laje superior para que a parte já concluída náo sofresse maiores danos devido
Sarmenro Leite e Luiz Englcrr apresentava uma planta em V. com as duas "asas"
às chuvas. As obras só foran) retomadas depois da Guerra quando Ahrons já tinha
de igual tamanho. Tratava-se de um prédio de uma l1lodenatura muito complexa
fechado sua empresa. Nessa época lheo integrava lima lista negra que circulava na
que, por isso mesmo, precisou de um deralhamento muiro acurado. Além da com-
cidade, cuja finalidade era excluir os alemães e os italianos do mercado de trabalho.
plexidade formal das fachadas, ainda apresentava lima cobertura muito elaborada.
Para concluir a obra foi nomeado o engenheiro João Baptista Pianca. que [Ínha
Com dois "capacetes do Kaiser" sobre cada uma das "asas" da construçáo. A ell trada
lima formação arquitetônica bastante precária e que resolveu, "engenheirescamcn-
era feita pela esquina e dava para uma vestíbulo duplo de suntuoso acabamento.
tc", "simplificar" a conHl"ução do telhado. Para ramo suprimiu rodas as cúpulas e
Através de urna escada monumental que se encontrava ao seu fundo, se tinha acesso
substituiu roda a cobertura POI' uma estrutura recortada, de duas águas. Para es-
ao piso superior onde ficava outro vestÍbulo que dava acesso a um requintado audi-
conder o grotesco da soluçáo, posicionou-a atr;is de uma platibanda provida de um
tório oval, um dos espaços mais solicitados para as grandes solenidades da cidade.
tosco enfeite abarrocado sobre a enrrada principal. Dessa forma ficou totalmente
Foram encontradas diversas referências de que a diplomaçáo de Getúlio Vargas para
comprometida a qualidade plástica do prédio que - não fm;se isso - certamente
a governança do estado teria acontecido naquele local. Dos saguões saíam dois cor-
[cria sido o melhor representante daquela tase arquitetônica na cidade.

Jsa da arquitetula com


faculdade de Biociências da UFRGS (antiga faculdade de Medicina).
:000 profissional e a A entrada principal do prédio
Proj,: Theo Wiederspahn - 1912 - Constr.: Rudolf Ahrons
uete do próprio prédio. da Receita Federal (Desenho de G. Weimerl

61
O ARe
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO TER WEIMER

. ortância dessas obras, corre-se o risco de admitir que foi só de lmporranrc ramblf
Enrretanto, outras deformações foram sendo introduzidas ao longo do tem- D,d.l' g"lOd e ,mp . ,
. .. 'eu a firma de Ahrons dos tempos de Theo. [ambem obras quina da rua Belo Hc
po. Por imposição legal vigente à época, os pés-direitos eram muito ai (os para .• or;lOJiosas que \ 1\ ~. .
. ". fi ,,,oI pane do dia a dia da firma. Em sua autobiografia nleO projetos de quinze resi
as concepções de hoje, o que permitiu que fossem introduzidos mezaninos nos os imponentes ze. .' . ~ _. .
1 n 'd' da Escola de Engenhana que ate hOJe nao fOI ,denuficado. cessário destacar os pa
diversos pisos que também acabaram por ocupar parte dos corredores. Pior que ~ re .1 um pre 10
rC e' . c merciais, como as de Eduardo Secco & Cia .. H. lheo Moellcr, na Avenida Independi
isso, a ala ao longo da rua Luiz Englcn foi consideravelmente prolongada com ~ 'elOS de casas o , .
CO) " h \' h SchwarL & Homrich, Hotel Schmidt, rodas na rua Voluntanos valho (hoje, André Pu
conceiws arquitetônicos totalmente equivocados. Na fachada que dava para a rmano \\a r IC ••.. .,'
Ramiro Barcelos c cSf
rua foi mantida a modenarura original, mas pelo lado oposto - () que dava para .' I '05 Weingacrmer. na rua Dr. Flores, )3 foram demolidas.
PJtna e rOla fronte de sua ccrvejari:
o interior do quarteirão - não {oram tomados os mínimos cuidados na ordena-
f..1.brica,com o "preeio
ção das aberturas que associa,do a um acabamento tosco rcsui(Qu numa solução
numerosas obras de n
caótica que compromete o restanre da construçáo. Para corrigir essa aberraçáo, a
que podem ser confer
solução radical seria a demolição desse acréscimo: uma forma mais atcnuada seria
sua complera reforma. Não se sabe qual
as tratativas com Ho
lho para a construçã(
jesric. Os primeiros (
a indecisão de COnS{l

parte alra da Rua da

A Faculdade de Medicina da UFRGS.


{lIdos foram ahand
IHoje Instituto de Biociências! foi adquirido o lerC(
rua Araújo Ribeiro (
"I:unpouco se sabe (
zado esse projeto. EI
Casa Comercial Schwarz. Homrich & Cia.,
Rua Dr. Flores. de 1913. conslruído em 1914
Perspectiva do Escritório Theo Wiederspahn. endentc pelo fato (
a Primeira Cuerra.
que ia da Rua da 1'1
Setembro. tinha ql
pequeno mrrt:=ão cn
um frontão elevado
Fotografias da Faculdade de Medicina (atuallnstitulO de Biociências) da UFRGS. (fotos de Leopoldo P1entz) cira. Posreriormenr
substanciais amplia

Casa Weingaertner, Rua Or. Flores. de 1912.


[Foto de Theo Wiederspahnl Proj.: Theo Wieders

62
GÜNTER WEIMER o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRON5 (1908-1915)

Dada a grande imporrância dessas obras, corre-se o risco de admitir que foi só de ImponJnrc também foi o projero do Colégio Cruzeiro do Sul localizado na es-
.5 ao longo do tem-
obras grandiosas que viveu a firma de Ahrons dos tempos de Thco. Tlmbém obras quina da rua Belo Horiwme com a avenida Teresópolis. Foi possível idcmificar os
11 muito aIros para
Inenos imponclHcs fizeram pane do dia a dia da firma. Em sua autobiografia Theo projems de quinze residências, lamentavelmentc, rodas demolidas, Dentre essas é ne-
dos mezaninos nos
se refere a um prédio da Escola de Engenharia que até hoje não foi identificado. cessário destacar os palacetes Waldemar Bromberg e Adolfina Wahrlich que ficavam
arredorcs. Pior que
Projetos de casas comerciais. como as de Eduardo Sccco & Cia., H. lheu J\1oelJer, na Avenida Independência, Max Rapp e Jorge 'Ihofern que ficavam na rua Ce!' Car-
ite prolongada com
Germano Wahrlich, Schwarz & Homrich, Hotel Sehmidt. rodas na rua Voluntários valho (hoje, André rueme), de Alfredo Nilles, na Rua Gonçalo de Carvalho esquina
:Ia 'Iue dava para a
da Pátria e Irrnãos Weingaertncr. na rua Dr. Flores, já foram demolidas. Ramiro Barcelos e especialmente o de Carlos Bopr, na rua Cristóvão Colombo, de-
) - o que dava para
uidados na ordena- fronte de sua cervejaria, que se tornou hunoso por ter sido abastecido, diretamente da

Jlrou numa solução fábrica, com o "precioso líquido" por ele produzido. Além disso ainda há referências a
numerosas obras de menor expressão
gir essa ahcrração, a
mais atenuada seria que podem ser conferidas no anexo.

Não se sahe quando começaram


as trarativas com Horácio de Carva-
lho para .1 construção do Hore1 Ma-
jestic. Os primeiros esboços indicam
a indecisão de construir o prédio na
paree alta da Rua da Praia. Esses es-
A Faculdade de Medicina da UFRGS
(Hoje Instituto de Biociências) rudos foram abandonados quando
foi adquirido o terreno ao longo da
rua Araújo Ribeiro (lado do poeme).

- "'.~~~
"'- -_-:0-";''''''' Tampouco se sabe quando foi reali-
Casa Comercial Schwarz, Homrich & Cia
~Or Flores.de 1913
zado esse projeto. Ele começou a ser
~iva do Escritório Theo Wiederspahn. construído em 1914. o que é surpre-
endente pelo fato de (er começado
a Primeira Guerra. Era um prédio
que ia da Rua da Praia aré a Se,e de
Setembro, tinha quatro pisos e Lun
pequeno torreáo em cada esquina e
UI11 frontão elevado no meio da qua-
.eopoldo Plena)
dra. PosreriormelHe receberia duas
substanciais ';1 !TI pl iações,

Casaw
elllgaertner. Rua Dr. Flores, de 1912.
(Foto de Theo Wiederspahn) Hotel Majestlc em 191B.
Proj : Theo Wiederspahn. Constr.: A. Ahrons.
IDesenho G. Weimer)

63
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO

É sabido que Ahrons mantinha pelo menos duas filiais no inrerior do estado, em cervejaria na qual detinha o monopólio das vendas em seu termo. Portamo, erarn ,[O do trabalho de lheo, interessam as fro
o conrex •
Santa Maria c Pelotas. Isso significa que deve ter tido um número significativo de obras pequenos estabelecimentos artesanais que produziam cervejas de acordo com cos~ .' d as erveJ' arias que Carlos Bopp (pai) legou tu I
. [Oflas l:
que justificassem a manlltcnção das mesmas. Isso confere fundamento a notÍcias de tumes locais.'? filh Cuias
I
Us os..... , Alberro e Arrbur e, secundaria- raf,
numerosas obras pelo interior do estado, mas como não tivemos acesso a docurncnros de Becker e de Rirrer. Segundo Blan- lh,
Não seria, pois, nenhuma surpresa que essa prática também fosse adotada no nte. d aS
que as cornprovem, ficarnos no aguardo da divulgaç.1.o de pesquisas confiáveis. " flfimeira foi fundada em 1881. com uma esr
Brasil. Na medida em que os excedentes permitissem esse tipo de consumo, seria tO a •

de esperar que surgissem cervejarias maiores. Dclhaes-Günther3~ arrola a existência co d uçao diária
. . • de 300 garrafas. Provavelmente. bri
de diversas cervejarias na década de 1850. Porém, o Brasil não era a Alemanha c o es d e o ',nl'cio , estava estabelecida na rua Cristó-
ão Colombo. próximo à rua Ramiro Barcelos.
monopólio aldeão foi rompido devido à fluidez do conceito de aldeia. dando lugar
40
a uma concorrência cada vez mais aberta. A precariedade das estradas, no entamo, Le\"~:mramentos disponíveis - mas não datados -

mostram a exisrência de alguns prédios estabelecidos


dificilmente permitia um comércio que ultrapassasse os limites de vilas próximas
desordenadamente e recuados do alinhamento que de-
devido ao fato de que essas cervejas eram de alta fermentação, o que aumentava a
vem rcr servido como as primeiras instalações da indús- Carl BoPP. pai.
pressão interna das garrafas, podendo levar ao derramamento devido à explosão das
reia. Documenros existentes no arquivo de 1heo demonstram que Bopp possuía
rolhas para o que corroborava a trepidação do transporte, em geral, feito em lombo
um amplo armazém na rua Voluntários da Pátria provido de um longo trapiche
de burro.
através do qual despachava seus produtos para o interior do estado. Em feverei-
Com a decadência da pecuária no Estado e o redirecionamemo da economia ro de 1908 - portanto aIHes da cbegada de lheo ao Brasil- Bopp encomendou
para o setor agrícola à época da proclamação de República, as colônias alemãs um projew industrial para a instalação de caldeiras para a firma Steinmliller
tiveram um considerável incremenw econômico fazendo com que houvesse uma (provave1menre de Hamburgo. Alemanha) com as caldeiras propriamente ditas
crescente urbanização de algumas vilas situadas em posições estratégicas. Isso se fornecidas pela firma J. Rech, daquela cidade. Como viria a se tornar norma,
refletiu nas cervejarias das cidades mais desenvolvidas que se fortaleceram e se esse projero foi reelaborado em agosto de 1908 pela firma Aluons e construído
expandiram à custa do progressivo fechamento das pequenas cervejarias interio- em lugar náo definido, mas certamente junto aos prédios já existentes. Estes
ranas. Nas cidades maiores, surgiu uma forte concorrência entre várias cervejarias seriam consuuídos antes de lheo ter assumido a direção do Depanamento de
locais como a Christofel, a Becker. a Kaufmann. a Volkmer e a Bopp em Porra Projetos do Escrirório Ahrons (em serembro de 1908) em razão de que esse
Alegre ou a Rirrer, a EifFel,a Scbreiber e a Hartel, em Peloras, para cirar as mais Ce~
projeto, provavelmente, fosse de autoria de Hermann Ono Menchen.
importantes. Em 1913, a Cervejaria Rirrer abriria uma filial em POrtO Alegre. na
Casa para aluguel de F.Warhlich. de 1912. (foto de Theo Wiederspllhn)
O grande desenvolvimento econômico que precedeu a Primeira Guerra
Rua Voiunt,irios da Pátria, para quem 'rheo faria o projeto. Para o azar da arquite-
Mundial fez aumenrar os negócios de Bopp que. em abril de 1910. resolveu
rura, essa obra seria seriamente transformada quando as cervejarias Bopp, Sassen
Devido à grande contribuição que Thco prestou ao desenvolvimento da arquitc- construir um prédio monumental e de requintado acahamento sobre o alinha-
e Ritter que. em 1924, formaram a Cervejaria Continental. foram encampadas
llIra industrial - dita utilitária - julgamos necessário fazer uma digressão a respeito mento da rua Cristóvão Colombo, com 27 metros de frenre por outros tantos
pela Cervejaria Rrahma. Então ela foi transformada eUl malraria. Com isso, o
do processo de induslrialização que estava começando a se afirmar à época em que de fundos e corn previsão de um aumento de mais 18 metros nos fundos. Um
projew original foi profundamente modificado através de adaptações e amplia-
ele estava ;uivo na firma da Ahrons. Sua grande contrihuição na primeira fase de suas piso superior conrínuo servia para armazenamento da matéria-prima. Na parte
ções sucessivas.
atividades em Porra Alegre foram os sucessivos projeros da cervejaria Bopp.
39 BLANCATO. Vicente S. As forças econômicas do Rio Grande do Sul no 1° Centenario da Independência do Brasil. Porto
A produção e u consumo de cerveja fizeram parre dos hábiws germânicos des- 37 Mesmo antes do estabelecimel1lO dessas cervejarias coloniais. era COJnum a produçâo caseira da cerveja de gengi- Alegre: Globo. 1g21. p, 114,
de os tempos imemoriais. Por tradição igualmente antiga, cada aldeia tinha a sua bre (Sprillbierl para as festas familiares ou religiosas como o Kerb. 40 Trata-se de dezessete desenhos sem data, de levantamentos de terrenos da cervejaria e de propriedades na rua
38 DELHAES-GUENTHER, Dietrich. /ndustliafisierung in Brasilien. Colônia IAlemanhal. Bohlau. 1973. passim. Voluntários da Pátria. onde há um armazém com trapiche.

64
CÜNTER WEIMER o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRONS (1908-1915)

terior do estado, em cervejaria na qual detinha o monopólio das vendas em seu termo. Portamo, eram No contexto do trabalho de 1heo, interessam as frontal do piso térreo, havia um pé-direito duplo e servia de expedição enquan-
significativo de obras pequenos escabelecirnentos artesanais que produziam cervejas de acordo com cos- histórias das cervejarias que Cados Bopp (pai) legou to nos fundos, no térreo, estavam os tanques de cerveja pronta que seria engar.
.menta ;\ notícias de tumes locaisJ7 • a seus filhos Cados, Alherto e Arthur e, secundaria- rafada no piso interrnediário. Apesar das consideráveis dimensóes do prédio,
acesso a documentos mente, das de Becker e de Ritter. Segundo Blan- lheo decidiu não usar apoios intermediários e optou por uma cobertura com
Não seria, pois, nenhuma surpresa que essa prádca também fosse adorada no
1S conn;:íveis. caro59, a primeira foi fundada em 1881, com uma esrrutura de ferto que foi projetada e produzida pela firma Linde Maschinenfa-
Brasil. Na medida em que os excedentes permitissem esse tipo de consumo, seria
,. I" I ... produção diária de 300 garrafas. Provavelmente, hrik A. G., de Wiesbadcn, a cidade natal de 'Iheo.
de esperar que surgissem cervejarias maiores. De l1
ues-Gi.J.m ler arro a a eXlstenCla
desde o início, estava estabelecida na rua Cristó-
de diversas cervejarias na década de 1850. Porém, o Brasil não era a Alemanha e o
vão Colombo, próximo à rua Ramiro Barcelos.
monopólio aldeão foi rompido devido à fluidez do conceito de aldeia, dando lugar
a uma concorrência cada vez mais aberta. A precariedade das estradas, no entanto,
Levantamentos disponíveis - mas não datados4o - f{PmgCI!(z ~o/?'l !lf&tfiJ
dificilmente permitia um comércio que ultrapassasse os limites de vilas próximas
mostram a existência de alguns prédios estabelecidos
0JThgJ/fyre..--
desordenadamente c recuados do alinhamento que de-
devido ao (,1tOde que essas cervejas eram de alta fermentação, o que aumentava a
vem ter servido como as primeiras instalaçúes da illdús- Carl Bopp, pai.
pressão imerna das garraf.1.s, podendo levar ao derramamento devido à explosão das
tria. Documentos existentes no arquivo de 1heo demonstram que Bopp possuía
rolhas para o que corroborava a trepidação do transporte, em geral, feito em lombo
um amplo armazém na rua Voluntários da Pátria provido de um longo trapiche
de burro.
através do qual despachava seus produtos para o interior do estado. Em feverei-
Com a decadência da pecuária no Estado e o redirecionamento da economia ro de 1908 - portanto antes da chegada de lheo ao Brasil - Bopp encomendou
para o setor agrícola à época da proclamação de República, as colônias alemãs um projeto industrial para a instalaçáo de cáldeiras para a firma Steinmüller
tiveram um considerável incremento econumico fazendo com que houvesse uma (provavelmente de Hamburgo, Alemanha) com as caldeiras propriamente ditas
crescente urbanização
•de algumas vilas situadas em posições esuatégicas. Isso se fornecidas pela firma]. Rech, daquela cidade. Como viria a se rornar notma,
refletiu nas cervejarias das cidades mais desenvolvidas que se forraleceram e se eSSeprojeto foi reelaborado em agosto de 1908 pela firma Ahrons e consrruído
expandiram à custa do progressivo fechamento das pequenas cervejarias interio
p

em lugar não definido, mas certamente junto aos prédios já existentcs. Estes
ranas. Nas cidades maiores, surgiu uma fone concorrência entre v;:írias cervejarias seriam construídos antes de Theo tCf assumido a direção do Departamento de
locais como a Christofel, a Becker, a Kaufmann, a Volkmer e a Bopp em Porto Ptojetos do Eseritótio Aluoos (em serembro de 1908) em razão de que esse
Alegre ou a Ritrer. a Eiffel, a Schreiber e a Hartel, em Pelotas, para citar as mais projeto, provavelmente, fosse de autoria de Hermann Ono Menchen. Cervejaria Bopp (Desenho atribuído a Theo). Da esquerda para a direita, os prédios de 1908. 1910 e 1914.

importantes. Em 1913, a Cervejaria Ritter abriria uma filial em Porto Alegre,.na


",hni p O grande desenvolvimento econômico que precedeu a Primeira Guerra
Rua Voluntários da Pátria, para quelu Theo faria o projeto. Para o azar da arqUlre
.. senamente c d a quan d o as ccrvej3rI.lS
. '. B0Pr'"Sassen undial fez aumentar os negócios de Bopp que, em abril de 1910, resolveu
tura, essa obra serIa transrorma
o struir um pre'dOla monUl11enta I e d e requinta d (} aca b amento 50 b re o a Iin h a-
)Ivimemo da arquite- e Ritter que, em 1924, formaram a Cervejaria Continental, foram encampadas
ntodar lia C"-
nstovao CIo om b o, com 27 metros de frente por outros tantos
a digressão a respeito pela Cervejaria Brahma. Então ela foi transformada em malta ria. Com isso,. o fundos e c . - d . c
~mar à época em que 001 prevlsao e um aumento de mais 18 metros nos Itllldos. Um
projeto original foi profundamente modificado através de adaptações e ampiJa-
. primeira fase de suas 'SUperior contínuo servia para armazenamento da matéria-prima. Na parte
çócs sucessivas.
ejaria Bopp.
T?9i~ente
,
S.As forças econ6micas do Rio Grande do Sul no ,a Centenário da Independência do Brasil. Porto
. p. 114.
,itos germânicos des- . . . .
37 Mesmo antes do estabelecimento dessas cervejarias colomals. era comum a pro uçao casei
d - .ra da cerveja de gerq'
se de dezessete d h
da aldeia tinha a sua bre (Spritzbier) para as festas familiares ou religiosas como o Kerb. . da Pátria • esen os sem data. de levantamentos de terrenos da cervejaria e de propriedades na rua Cervejaria Bopp - prédio de 1910.
38 DElHAES.GUENTHER. Dietrich.lndusrrialisierung in Brasilien, Colônia (Alemanha), Bõhlau, 1973, passrm. , onde há um armazém com trapiche. (Desenho de G. Weimerj

65
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO (
GÜNTER WEIMER

Essa empresa também se encarregou do projeto de uma fábrica de gelo41• O au- alegorias formadas por barris de chope em torno das quais dançam crianças C0tn . ais discussões tem suscitado é do extremo-sul da cimalha, houve necessid •
O conJunto quc m .
mento das instalações com o consequente alimento da produção requereu a con5- isso seria uma alegoria à alegria obtida do consumo I d direita Uma deidade representada em conformidade com as 1913 foi inicia,
I' uução de um aumento da casa de máquinas, de um grande ranque.d' água c de uma
coroas de Rores. Certamente,
da cerveja. Pelo menos, é esse o nosso entendimento. nO
10flo do cun la aI ..
do Mcrcúrio romano, com seu caduceu, seu bornal, seu cha~ mento na firmo
d Hermes grego Oll .'_
nova chaminé de 35 fi de altura, que, para a época, deveria ser, se não a construção d . tem provocado dlvcrsas II1terpretaçocs. As formas e a postura sumário realiza
'u e sapatOS a Ia os, . , . .
mais alra. com ceneza, uma tias mais avantajadas da cidade'u. Esses projetos não de- .. d d us aparentemente, não deixam dUVida de que se tratarIa da esse projcto foi
1rJctenstlCOS o e , .' . _
pendiam da colaboração dos alemães, em razão do que foram iniciados em maio de . d - orrl"lna proterora dos comerCianteS, dos Viajantes c dos ladroes. de moagem de
divinda e greco r • . . ~ _ _ .
1912. A maquinaria chegou a Pano Alegre em meados de 1912 quando puderam , o entende Doberstelll44• Parece que as COisas nao sao (aO slm- Alemanha. Alé
relo menos e como _
ser concluídas as construções em andamento. . s lados estão um galo e um bode. E...o;;sas duas figuras sao estranhas Maschinenfabr
ks aSSim: em seu .'
o que. no entanto, ressalta no prédio é o requinte de sua modenarura c a
r . I '. 1:.'
3 nll(O ogla c ,1S5Ica.
No entantO na mitologia oermânic.."l o dcus do tempo, Danar,
, ;:I

riqueza de seus conjuntos e/ou unidades csculróricas. A porra de entrada - la- quan d o fi caV.lll
. Curioso saía em disparada, montado em seu carro puxado pelo bode,
• • .
rovóes c relâmpagos quando as rodas batiam nas pedras, e em seu om-
mentavelmente, há muito desaparecida - trazia como marca o fundo de um barril GlUsan d o t . . . ~
."1um galo seu fiel companheiro que era encarregado da denlllçao dos
de chope. As colunas laterais, em lugar das canduras verticais das ordens clássicas, bro con d uz. , . ,
'"as (em razão do que ele constantemente, ainda em nossos dias, e
eram constituídas por filas de camadas superpostas de garrafas, que terminavam por ventoS e d as c.h,, .
colocado na ponta das (Orres.j'j das igrejas para indicar de onde vem o vento).
um capiteI formado por ramos de malte e lúpulo. Pouco acima havia dois "bustos"
segurando um jarro de chope. Acima de cada cabeça, havia um barril alado, trans- Devido a essas caraCleríscicas, Oonar também era o deus da agricultura e o
bordando espuma. protetor dos colonos. Dentro da mitologia greco-romanil não h.Í no~í~ias sobre

Durante a execuçáo, essas asas foram consideravelmente podadas. Mais acima, a representação de Hermes/Mercúrio com o bode e o gal~, ao contrar~o. do qu~
ocorre com Danar que, aos tempos da romanização dos harbaros germalllcos, fOI
duas pilastras eram sustentadas, cada qual por um anão43 à maneira de Atlantes e
rravcstido em Mercúrio numa precoce manifestação do sincrerismo religioso, tão
, sobre cada pilastra havia um globo terrestre encimado por uma garrafil de cerveja. o "frontão" do prédio de 1910.
conhecida pelos brasileiros, existindo várias versões na Alemanha. Wenzel Folber-
I Em torno da esfcra dançavam quatro crianças, o símbolo, na rradição germânica,
I. da primavera. No meio de cada pilastra, h.1UIll gato que, quando prc(Q, na mitolo-
ger produziu uma específica para o Brasil que Doberstdn julga (injusrif1caliarnenre.
em nosso entender) vulgarizada. Parece que se trata apenas de mais uma de tantas
, , gia germânica, espantava os maus agouros. Na parte mais alta da cimalha, entre as
duas alegorias à primavera, havia um elcfante que. na ponta de sua trompa, deveria representações do deus, dessa vez, em posição de descanso.

sustentar um lampião. Na execução o mesmo foi aholido. Ê claro que esse animal Bem mais difícil é a interpretação do significado da coruja de asas abertas que
não filzia parte da mirologia germânica e lá estava por simbolizar a marca de uma se encontra pouco abaixo dos pés da deidade, sentada sobrc um escudo ladeado por
das cervejas produzidas por Borp. Sob a cimalha e entre cada janela se repctem duas máscaras. Nas diversas mitologias, a ave aparece como o símbolo do saber,
visto que enxerga à noite A relação desse conjunto com a cerveja é um mistério que

41 Projeto de junho de 1912. 1heo deve ter levado ao túmulo.


Persp(
42 Só na segunda metade da década seguinte, o arquiteto Anton Floderer, do Rio de Janeiro, haveria de projetar a
Tudo leva a crer quc a essa época os negócios de Bopp iam muito bem. como
chaminé da Usina do Gasômetro que lhe faria concorrência.
43 Os anãos, na mitologia germânica, eram os primeiros seres "humanos" que os "ases" (deuses) tentaram criar. Apesar de resto acontccia com toda a sociedade. Para dar vazão a uma crescente demanda
de serem muito inteligentes e trabalhadores. eram fracos e feios. em razão do Que passaram a vrver sob a terra. Depois os
"ases" fizeram uma nova tentativa e criaram os "gigantes" que eram muito fortes. mas pouco inteligentes e desajeitados. Por
isso. se retiraram e foram viver no alto das montanhas. S6 na terceira tentatIVa os "ases" conseguiram criar homens perleitos 44 Oobersteín. Amoldo Walter. Estatuária e ideologia. Porto Alegre. PTefeitura Municipal. 1992. p. 62.
que passaram a habitar a terra. Os anões se tornaram o símbolo do trabalho. pois o faziam incansavelmente durante o dia. 45 Até mesmo no cimo das torres das igrejas cristãs. uma vez que a origem pagã do símbolo foi esquecida ou passou
Danar, o deus germânico do tempo, no cimo da platimbanda
explorando as minas subterrâneas e à norte saíam para realizar as tarefas impossfveis ou demasiado drfíceis aos homens. a ser tolerada.
do prédio de 1910.

66 Fachada principal do prédio de 1910.


GÜNTER WEIMER o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRON5 (1908-1915)

a de gelo". O au- alegorias formadas por barris de chope em (Orno das quais dançam crianças com o conjunto que mais Jiscussôes rem suscitado é do extremo-sul da cimalha, houve necessidade de urna completa reformulação de roda a fábrica. Em maio de
requereu a cons- coroas de flores. Certamente, isso seria lima alegoria à alegria obtida do consumo no topo do cunh~1 da direira. Uma deidade representada em conformidade com as 1913 foÍ iniciado o projeto indústrial de um novo prédio para caldeirões de cozi-
,d'água e de uma da cerveja. Pelo menos, é esse {}nossO entendimento. de Hermes grego ou do MerCl'lrio romano. com seu caduceu, seu bornal, seu cha- menw na firma A. Ziemann, de Stuttgart, Alemanha, com projeto arquitetônico
não a construçáo péu e sapatos alados, tem provocado diversas interpretações. As formas e a postura sumário realizado na firma Bihl & Wol,z, da mesma cidade. Em julho de 1913,
s projetos não de- característicos do deus, aparentemenre, não deixam dúvida de que se trataria da esse projcro foi complementado pela firma A. Zienlann, com adição de uma central
iados em maio de divindade greco.romana protetora dos comerciantes, dos viajantes c dos ladrões. de moagem de cercais realizada pela firma Schindler & S,ein A. C., de Dresden,
quando puderam Pelo menos é como o emende Doberstein41. Parece que as coisas não são tão sim- Alemanha. Além disso, uma nova fábrica de gelo foi desenvolvida pela firma Linde
ples assim: em seus lados estão um galo e um bode. Essas duas figuras são estranhas Maschinenfabrik A. C., de Wiesbaden.
à mitologia clássica. No entanto, na mitologia germânica o deus do tempo. Donar,
. modenatllra e a
quando ficava furioso. saía em disparada, montado em seu carro puxado pelo bode,
de entrada - la-
causando trovóes e relâmpagos quando as rodas batiam nas pedras, e em seu 0111-
mdo de um barril
bro conduzia um galo, seu fiel companheiro que era encarregado da definição dos
s ordens clássicas,
velHOS e das chuvas (em razão do que ele constantemente, ainda em nossos dias, é
e terminavam por l
colocado na ponra das (Orres' ; das igrejas para indicar de onde vem o vento).
avia dois «bustos"
Jarrii alado. rrans- Devido a essas caranerísricas, Donar também era o deus da agricultura e o
protetor dos colonos. Denrro da mitologia greco-romana não 11<1 1l00ícias sobre
a represcmação de Hermes/MerclÍrio com o bode e o galo, ao comrário do que
ladas. Mais acima,
ocorre Com Donar que, aos tempos da fOmanização dos bárbaros germânicos. foi
lelra de Atlantes e
travesrido em Mercúrio numa precoce manifestação do sincrerismo religioso, tão
garrafa de cerveja. o Nfrontão" do prédio de 1910,
conhecida pelos brasileiros, existindo várias versóes na Alemanha. \X'enzel Folber-
adição germânica,
ger produziu uma específica para o Brasil que Doberstein julga (injustificadamente,
) preto, na mirolo-
r:m nosso emender) vulgarizada. Parece que se trara apenas de mais urna de tantas
1 cimalha, entre as
rcprescnrações do deus, dessa vez, em posição de descanso.
la trompa, deveria
ro que esse animal Bem mais difícil é a interpretaçáo do significado da coruja de asas abertas que
lf a marca de lima ~ enCOntra pouco abaixo dos pés da deidade, sentada sobre um escudo ladeado por
janela se repetem d.uas máscaras. Nas diversas mitologias, a ave aparece como o símbolo do saber,
Ito que enxerga à noite A relação desse conjullto com a cerveja é um mistério que
Ihco deve ter levado ao túmulo.

neira. haveria de projetar a Tudo leva a crer que a essa cpoca


. .'
os negocias d e B'0PP Iam mUito
. b em, como Perspectiva de uma das variantes do prédio de 1914. com proposta de adequação volumétrica do prédio de 1908.
(: re~toaco' d (Perspectiva do Escritório de Theo lNiederspahnl
nrCCl3 com to a a sociedade. Para dar va7.ão a uma crescente demanda
usesl tenlaram criar. Apesar
viver sob a terra. Depois os
eligentes e desaieitados. Por OooerStein Arnaldo W I '.
uiram criar homens perfeitos Alé mes • a ter. Estaruáfla e Ideologia. Porto Alegre. Prefeitura Municipal. 1992. p. 62.
, da piai £DIeraaamo no emo das torres das igrejas cristãs. uma vez que a origem pagã do símbolo foi esquecida ou passou
ansavelmente durante o dia. Danar. o deus germânico do tempo. no Cimo
.iado difíceis aos homens. do prédio de 1910 .

Fachada principal do prédio de 1910.


67
GÜNTER WEIMER
THEO WIEDERSrAHN - ARQUITETO

Originalmenrc, os projetos do "pavilhão sul" não apresentavam torreão. Por alegóricas, cada qual erguendo uma jarra
Esses projetos industriais serviram de base para a elaboração dos diversos estu-
essa época, lheo estava construindo os prédios gêJueos da Delegacia Fiscal e dos de chopc que Doberstein não pretcnde
dos arquitetônicos. O projeto definitivo que neo denominaria de "pavilhão sul"
Correios e Telégrafos. Os Bopp se encantaram com os rorreóes que os mcsmos interpretar por julgar que os escultores ti-
(de planta quadrada de 14 merros de lado e de três pisos, além do porão) seria recu-
apresentaram e exigiram que o novo prédio de sua cervejaria também apresentasse nham "um grau de relativa autonomia",
ado em relação à rua Cristóváo Colombo. É importante sublinhar que esse prédio
algum. 'lheo desenhou algumas variantes, mas nenhuma delas conseguiu evitar no caso específico, de Emst Schobb, que
originalmente tinha apenas três módulos em cada uma de suas f..1chadas. Um pas-
algumas complicações para o telhado, visto que sua estrutura já estava sendo con- tcria se arvorado de algumas liherdades
sadiço ligaria o "pavilhão sul" ao prédio já concluído, projeto que foi assinado em
cluída na Alcmanha. Em função disso, houve necessidade de algum malabarismo criativas difíceis de ser identificadas. Em
outubro de 1913. Segundo o projeto original, esse passadiço teria apenas um piso,
estrutural da parte de ll1eo para poder conseguir agregar o torreão sem comprome- nosso entender, cssa autonomia não exis-
mas, na construção definitiva, acabou tendo dois. Em seu centro havia um escudo
ter as tesouras do telhado. Devido a essas circunstâncias, esse rorreão não poueria tia, salvo detalhes quasc irrelevantes, como
com os dizeres "Guten Durst" (boa sede) que depois desapareceu, possivelmente
apresentar a exubcrância uos prédios da praça ua Alfândega, o que, no entanto, demonstram os desenhos de ll1co. Como
em decorrência dos excessos nacionalistas da Primeira Grande Guerra. Como o
estava longe de comprometer o resultado final da obra. se percebe que as marcas da mitologia ger-
último piso do prédio não teria apoios intermediários, a estrutura de metal do te~
.. - ~9 .
maJ1lca estao qUJse que oJllpresenrc (a
lhado teve de ser realizada na Alemanna, dessa vez em Jvlülheim enquanto as calnas Os panelões de cocção necessitavam de fornalhas alimentadas desde o porão.
exceçáo é o elefante), entende-se que essas
vieram de Wiesbaden46• Tanto a estrutura da cobertura do "pavilhão sul" como o Por isso, houve a necessidade de levantar o piso térreo, que foi aproveitado para
figuras laterais aos escudos sejam repre-
material da cobertura propriamente dito só chegaram em dezembro de 1913. a construção de uma escada monumental que levava a um portão ricamente tra-
sentações de ninf..1s, figuras bcnevolentes
balhado e valorizado, em seu contorno, por elementos cscultóricos. No mais, o
e faceiras que eram as guardiás dm rios c
reatamcnto formal do prédio scguiu muito de perto ao que tinha sido utilizado
regatos. Será que na concepção de vida de
no prédio ao lado, recém-concluído. No engastc do passadiço no prédio nova toi
um alemão poderá haver água mais ahen-
prevista a colocação de uma estê:ítlla de Gamhrinus47, o mitológico rei ao qual é
çoada uo que a da cerveja?
atribuída a descoberta da cerveja4H
• •

O roereão apresenta em sua base porras que dão para urna sacada e, sobre aque-
ii
!. la que dava para a rua, foi prevista a colocação de um relógio (como no prédio

; , dos Correios e Telégrafos), mas, ao que parece, nunca foi instalado. Na base da
cúpula de cohrc, sobre seus canros, foram colocados quatro brasócs com as marcas

I das cervcjas produzidas pela fábrica. Os mesmos aprescntam em seus lados figurJs

I 47 Sua grafia mais antiga conhecida era Gamprivius Que, com O tempo. recebeu a forma de Jamprinius. Alguns autores julgam
tratar.se de uma corruptela de Jan Primus ou seja. o duque Jan I [João I), de Brabante. uma província medieval belga hoje absor-
vida pela circunscrição de Flandres. Suas representaçôes têm variado muito ao longo do tempo. mas todas elas têm em comum Gambrinus. na fachada do prédio de 1914
o fato de segurar numa mão erguida uma jarra de cerâmica transbordardo de espuma de ce:veja. Foi nesta forma que TheO o _9 Há fou>g. afias
representou no desenho de seu projeto, mas Alfred Adoa, o responsável pela realização uidimensional da escultura, acresceotOU de 5aJ esaitóno que mostram QUeTheo estendia papéis em rolo, na época chamados de usem fim", sobre uma das paredes
um barril possivelmente para conseguir melhores condiçôes estâticas e maior dinâmica plástica no conjunto. te deskxava sus::' conforme costume da época, consid~~vel altura. diante do qual corrio uma escada de marinheiro que
48 É muito dificil a tentativa de estabelecer até mesmo uma época aproximada do surgimento da cerveja. É sabido que as r,..,... ~ encaIXes de rolamentos. Isso perml!la que Theo pudesse se deslocar na vertical e na horizontal para
' •. '-'-'_.
'''d'''i1Sa ndC3rvao' em ta man h o natural. DepOIS.
de aprovados. os desenhos eram mandados para as ofICinas de João
já entre os gregos clássicos e, principalmente, entre os romanos havia bebidas fermentadas de cereais que faziam C()flcor'
• '''''Ut;:IIU1S. o e eram moldadas em ba b
rência ao vinho. Há mesmo quem atribua a origem de seu nome aos cultos orgiásticos em homenagem à deusa Cere~, do t::'<Q:aem sua volta QUeera . rro. so re uma mesa de tmbalho.Depols que o molde ficava pronto, cOllstruÍ3-se
PrédIO de 1914: a entrada. lo
Qual teria derivado o nome latino cervísia que seria uma corruptela de cerevisia. a bebida da deusa Ceres. Plínio. no secu bcsra. r~ a figur Pfe~nchida com argamassa. Quando essa terminava sua cura, virava-se o conjunto e tirava-se
!foto de Leopoldo Plentz) I a.C., atribui sua origem aos gauleses enquanto os historiadores centro-europeus atribuem sua origem aos germanos, d~S da réplica ~ em negatIVo. Depois de u~tar o interior do molde com alguma substância gordurosa para garantir a
quais teria recebido grafIas como Bier. beer. bierre. birra e outras \'ariantes nas diversas línguas dessa origem. ao ponto e O'Q-se trna tela de I escuftura em barro. os valIOS eram preenchidos com argamassa. Para garantir a solidez da escultura
erro moldada man I .. - •
ser adotildo até pelo italiano. os herdeiros diretos da cultura romana clássica ua mente no rntenor do molde. Essa técnica era chamada de "argoffiílssa armada".
46 Os desenhos, com certeza. foram realizados em Wiesbaden. mas não trazem informações sobre os autores do projeto.

68
GÜNTER WEIMER o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRON5 (1908-1915)

rsos es[U- Originalmente, os projeros do "pavilhão sul" não apresentavam rorreão. Por .' ',s cada qual erguendo uma jarra
.1IcgOflC~ ,
Ihão sul" essa época, 1heo estava construindo os prédios gêmeos da Delegacia riscai e dos de chope que Dobersrein não pretende
~ria recu- Correios e Telégrafos. Os Bopp se encanraram com os torreóes que os mesmos , re[ar por J"ulgar que oS escultores ti-
II1terp
se prédio apresentaram e exigiram que o novo prédio de SU~l cervejaria rambém apresenrasse nham "um grau de relativa autonomia",
Um pas- algum. Theo desenhou algumas varianres, mas nenhuma delas conseguiu evitar nO caso específico, de Ernst Schobb, que
nado em algumas complicações para o telhado, visto que sua estrU(ura já estava sendo con- [cr. a se arvorado de algumas liberdades
um pISO, cluída na Alemanha. Em função disso, houve necessidade de algum malabarismo "
criarivas difíceis de ser identificadas. Em
n escudo esrrurural da parre de Theo para poder conseguir agregar o rorreão sem comprome- noSSO enrendcr, essa autonomia não exis-
vdmente ter as tesouras do telhado. Devido a essas circunstâncias, esse torreão não poderia ria. salvo detalhes quase irrelcvantcs, como
Como o apresentar a exuberância dos prédios da praça da Alfândega, o que, no entanto, demonsrrarn os desenhos de 111eo. Como
ral do re- estava longe de comprometer o resultado final da obra. se percebe que as marcas da mitologia ger-
as calhas mânica estã04'J quase que onipresenre (a
Os panelões de cocção necessitavam de fornalhas alimentadas desde o porão.
como o cxceção é o elefante), enrende-sc quc essas
Por isso, houve a necessidade de levantar o piso rérreo, que foi aproveitado para
/13, figuras Lucrais aos cscudos sejam repre-
a construção de uma escada monumental que levava a um porrão ricamente tra-
sentações de ninfas, figuras benevolentes
balhado e valorizado, em seu contorno, por elementos escultóricos. No mais, o
c fi\Cciras que eram as guardiãs dos rios e
tratamenro formal do prédio seguiu muito de peno ao que tinha sido utilizado
regatos. Scrá que na concepção de vida de
no prédio ao lado, recém-concluído. No engaste do passadiço no préJio novo foi
um alemão podcrá havcr água mais aben-
prevista a colocação de uma esd.tua de Gambrinus.i7, o mitológico rei ao qual é
çoada do que a da cerveja?
atribuída a descoberta da ccrvcja411•

O torreão apresenta em sua base porras que dão para uma sacada e, sohre aque-
la que dava para a rua, foi prevista a colocação de um relógio (como no prédio
dos Correios e Telégrafos), mas, ao que parece, nunca foi instalado. Na base da
cúpula de cobre, sobre seus cantos, foram colocados quatro brasóes com as marcas
das ccrvejas produzidas pela Hbrica. Os mesrnos apresentam em seus lados figuras

47 Sua grafia mais antiga conhecida era Gamprivius que, com o tempo, recebeu a forma de Jamprinius. Alguns autores julgam
tratar-se de uma corruptela de Jan Primus ou seja, o duque Jan IIJoão I), de Brabante. uma pl'ovíncia medieval belga hoje absor-
vida pela circunscrição de Flandres. Suas representações têm variado muito élO longo do tempo, mas todas elas têm em comum Gambrinus. na fachada do prédio de 1914
o fato de segurar numa mão erguida uma jarra de cerâmica transbordando de espuma de cerveja. Foí nesta forma que Theo o
representou no desenho de seu projeto. mas Alfred Adolf. O responsável pela realização tridimensional da escultura, acrescentou 49 Há fotografias Que mostram que Theo estendia papéis em rolo, na época chamados de "sem fim". sobre uma das paredes
um barril possivelmente para conseguir melhores condições estáticas e maior dinâmica pli-istica no conjunto. de seu escritório que tinha, conforme costume da época, considerável altura, diante da qual corria uma escada de marinheiro que
48 É muito difícil a tentativa de estabelecer até mesmo uma época aproximada do surgimento da cerveja, É sabido que se deslocava sustentada por encaixes de rolamentos. Isso permitia que Theo pudesse se deslocar na vertical e na horizontal para
já entre os gregos clássicos e, principalmente, entre os romanos havia bebidas fermentadas de cereais que faziam concor- desenhar as figuras a carvão. em lamanlm natum!, Depois de Llprovados. os desenhos eram mandados pam as oficinas de João
rência ao vinho. Há mesmo quem atribua a origem de seu nome aos cultos orgiásticos em homenagem a deusü Ceres, do VICente Friederichs. onde eram moldildas em bailO. sobre uma mesa de trabalho. Depois que o molde ficava pronto, construía-se
qual teria derivado o nome latino cervisia que seria uma corruptela de cerevisia, a bebida da deusa Ceres. Plínio, no século uma caixa em sua volta que era preenchida com argamassa. Ouando essa terminava sua cura, virava-se o conjunto e tirava-se
I a.C .• atribui sua origem aos gauleses enquanto os historiadores centro-europeus atribuem sua origem aos germanos, dos o barro. restando a figura em negativo. Depois de untar o interior do molde com alguma substância gordurosa para garantir a
quais teria recebido grafias como Bier. beer. bifme, birra e outras variantes nas diversas línguas dessa origem, ao ponto de descolJgem da fép!ica da escultura em bano. os vazios eram preenchidos com argamassa. Para garantir a solidez da esçultura, Alegoria à cerveja Negrita na torre do prédio de 1914.
lS do projeto. ser adotado até pelo italiano. os herdeiros diretos da cultura romana clássica. colocava-se uma tela de ferro moldada manualmente no Interior do molde. Essa técnica era chamada de "argamassa armada".

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I T
THEO WIEDERSPAHN - ARQUITETO
GÜNTER WEIMER

Após esses investimentos, a cervejaria prescindiu de novas construções por al- concluída na forma de seu projero inicial: sob alegações absolutamellle injustifi_ ,_ A falta de dados exatos sobre sua obra na Europa não nos
demohçoes, . ' _
gum tempo. Uma das razões foi a Primeira Grande Guerra que paralisou amplos cáveis - como a de que as cúpulas de cobre que, vulgarmente. eram denominadas . {' afirmações categoflcas, mas. dentre as consrruçoes suas
ernllte fazer
setores da economia. de "capacetes do Kaiser Guilherme 11". uma comparação infeliz visto que as duas p ~ conhecidas, todas estão ou sob proteção estatal - o que
ul:' nOS sao
formas diferiam em escala, forma e finalidade - a obra foi agredida de diversos q d ao que entre nós é denominado de "tombamento" - ou
Essa foi a fase mais produtiva de Theo e a que mais marcou a arquitelllra correspon e
modos, em que a mais facilmente identificável foi a substituiçáo da dinâmica . ladas como prédios de significado histórico - o que corres-
sul-rio-grandense.Para que ela pudesse ser produzida, certamente, a figuta de es[JO arro .
formal da cobertura por um telhado simplório que foi escondido atrás de uma lm "tombamento" atenuado.
Rudolf Ahrons foi da maior importância. Sem seu aval, lheo não (cria conse- pon d e a l
platibanda abarrocada incompatível com a linguagem formal do prédio, além
guido realizar obras tão significativas. Aheons era muito bem relacionado na alta Essa questão ainda é mais grave se levarmos em conta que as obras
de acréscimos não condizentes com a concepção original do projeto. O Hotel
sociedade porro-alegrense. dentro do governo - tanto estadual como federal -. , de rIheo são bem menos significativas no plano social que as
Majestic, felizmente, foi adquirido pela administração pública que teve a louvá- europelas
na maçonaria, na Universidade e na vida social da cidade. Sendo um empresário da ui. Com certeza, como realização profissional, a vinda de Theo para
vel iniciativa de transformá-lo em uma Casa de Cultura ainda que a reciclagem q r • ,. 'I I'
de sucesso, soube se cercar de pessoas qualificadas que garantissem a qualidade O Brasil foi sumamente proveitosa em rererenCla aqUi o que rea lzara na
necessária não tenha correspondido aos requisitos técnicos internacionalmente
de suas obras. Disso lheo se beneficiou em muitos aspectos, como será visto nos Alemanha. Lamentavelmenre, nós não remos conseguido fazer jus à rele-
estabelecidos. O prédio da Prefeirura de Cruz Alra encontra-se em razoável es-
próximos capítulos. vância de suas realizações.
tado de conservação, Finalmenre, a residéncia de Felicíssimo de Azevedo foi ad-
Quando Ahrons foi forçado a encerrar suas atividades de construror em de- quirida pela Universidade Federal de Sanra Maria e foi adaprada para finalidades
corrência da Primeira Guerra Mundial, Theo perdeu esse apoio e teve de con- culturais daquela instituição, em razão do que se espera que ela saiha conservá-la
correr em igualdade de condições com muitos outros arquitetos que estavam dentro dos padrões de excelência exigidos.
chegando a Porro Alegre, especialmente jovens alemães que haviam passado por
Dentre os prédios ainda existentes e que não foram incluídos entre os anterio-
maus momen{Qs nas frentes de batalha. As extravagâncias da Bel/e Époque acaba-
res, três já foram quase totalmente demolidos, restando na atualidade apenas sua
ram com o desencadeamento do conflito mundial. Os novos tempos ainda seriam
fachada ou um pouco mais (Previdéncia do Sul [arual Banco Safra]' a filial de POtlO
muito favoráveis a Theo no entre-guerras. mas a disposição de recursos deixou de
Alegre do Banco l'e1otense e a casa comercial A.M. Araújo). A Cervejaria Rirrer
ser tão magnânima.
(depois malraria da Cervejaria Brahma), na rua Voluntários da P,írria, foi de ral
Quando o "terremoto" chamado de "movimento modernista" se abateu sobre modo delàrmada através de acréscimos e adaprações que é difícil identificar o que
a cidade e o Estado, a partir dos fins da década de 1940, sua obra passou a ser sobrou do projeto original. O anexo do edifício Chaves Barcelos (Café Colombo)
contcstada ou, no mínimo. menosprezada. E com isso ela acabou por lhe impin- e o Hotel do Comércio de Bagé foram reciclados e parece que não correm perigo
gir sérios revezes. Dentre as 28 obras de sua autoria citadas nestc capítulo. que de desaparecer nos próximos tempos. De qualquer maneira, seria mais do que reco-
foram selecionadas entre as mais expressivas do período. 14. ou seja, exatamente, mendável que esses prédios fossem colocados sob proreção esraral antes que sejam
a metade, já foram demolidas. Da outra metade que ainda se encontra em pé, sete demolidos. Com a reciclagem do hotel de Bagé em centro comercial, já houve
estão ou tombadas ou se encolluam sob guarda, que se iIuagina segura quanto a algumas intervenções comprometedoras.
sua preservação. Dessas, apenas a Cervejaria Bopp se encontra em mãos particu-
Tudo isso mostra o colossal atraso em que 110Sencontramos no que COI1-
lares e seu tombamento não conseguiu evitar que pelo menos a metade da mas.
cerne à preservaçáo de nosso patrimônio material. Para efeitos de comparação,
sa construída fosse destruída. O prédio dos Correios e Telégrafos e a Delegacia
apesar de a Alemanha ter passado por duas Guerras !vlundiais com terríveis
Fiscal (atual MARGS) só conseguiram sobreviver devido a duros confrontos em
bombardeios de suas cidades. essas não foram tão deva~tadoras para com as
prol de sua conservação que envolveram até pessoas muÍro ilustres que estavam
obras de 111eo como a pacífica tolerância brasileira concernente à liberação para Torre do prédio de 1914, uma de várias torres concebidas por Theo e
empenhadas em suas "reformas". A Faculdade de Medicina nem chegou a ser inspiradas na estação ferroviária de Wiederspahn.

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GÜNHR WElMER
o ARQUITETO DA FIRMA RUDOLF AHRON5 (1908-1915)

concluída na forma de seu projeto inicial: sob alegações absolutamente injustifi- demolições. A falta de dados exatos sobre sua obra na Europa não nos
:rruções por al-
cáveis - como a de que as cüpulas de cobre que, vulgarmente. eram denominadas permite f~zer afirmações categóricas, mas, dentre as construções suas
lcalisou amplos
de "capacetes do Kaiser Guilherme Ir', uma comparação infeliz visto que as duas que nos sao conhecidas, todas estão ou sob proteção estatal - o que
fotlnas diferiam em escala, forma e finalidade - a obra foi agredida de diversos corresponde ao que entre nós é denominado de "tombamento" - ou
1 a arquitetura
modos, em que a mais facilmente identificável foi a substituição da dinâmica esrão arroladas como prédios de significld< o h.Istonco
.. - o que corres-
Ite, a figuta de
formal da cobertura por um telhado simplório que foi escondido atrás de uma ponde a um "tombamento" atenuado.
áa teria conse-
platibanda abarracada incompatÍvel com a linguagem formal do prédio, além
:ionado na alta Ess.a questão ainda é mais grave se levarmos em conta que as obras
de acréscimos não condizentes com a concepção original do projeto. O Hotel
.omo fede tal -, euro~elas de lheo são bem menos significativas no plano social que as
MajeSlic, felizmelHe, foi adquirido pela administração pública que teve a louvá-
um empresário daquI. Com ceneza. como realização profissional a vind-l de ~Ih
vel iniciativa de transformá-lo em uma Casa de Cultura ainda que a reciclagem B 'I f; . ' , co para
,m a qualidade o rasl OI sumamente proveitosa e'm referência àquilo que realizara na
necessária não tenha correspondido aos requisitos técnicos internacionalmente
o será visto nos ~e~anha, Lamentavelmente. nós não temos conseguido fazer jus à rele-
estabelecidos. O prédio da Prefeirura de Cruz Alta encontra-se em razoável es-
vanCla de suas realizaçóes.
tado de conservação. Finalmente, a residência de Felicíssimo de Al.evedo foi ad-
15rfutor em cie- quirida pela Universidade Federal de Santa Maria e foi adaptada para finalidades
e teve de (011- culturais daquela instituição, em razão do que se espera que ela saiba conservá-la
os q uc estavam dentro dos padrões de exceléncia exigidos.
am passado por
Dentre os prédios ainda existentes e que não foram incluídos entre os anterio-
'e Époqlle acaba-
res, trê;já foram quase totalmente demolidos, restando na amalidade apenas sua
105 ainda seriam
fachada ou um pouco mais (Previdéncia do Sul [alUal Banco Safra]' a filial de Porra
:ursos deixou de
Alegre do Banco Pelotense e a casa comercial A.M. Araújo). A Cervejaria Ri"er
(depois malraria da Cervejaria Brahma), na rua VolulHários da Pátria, foi de tal
, se abateu sobre modo deformada através de acréscimos e adaptaçôes que é difícil identificar o que
bra passou a ser sobrou do projero original. O anexo do edifício Chaves Barcelos (Café Colombo)
1 POt lhe impin- e o Hotel do Comércio de Bagé foram reciclados e parece que não correm perigo
te capírulo, que de desaparecer nos próximos tempos. De qualquer maneira, seria mais do que recO-
ela, exatamente. mendável que esses prédios fossem colocados sob proteção estatal antes que sejam
)lHra em pé. sete demolidos. Com a teciclagem do hotel de Bagé em centro comercial, já houve
segura quanto a algumas intervenções comprometedoras,
fi mãos particu-
Tudo isso mostra o colossal atraso em que nos encontramos no que cOO'
metade da mas-
cerne à preservação de nosso patrimônio material. Para efeitos de comparação,
os e a Delegacia
apesar de a Alemanha ter passado por duas Guerras Mundiais com terrÍ\'eis
)5 confrontos em
bombardeios de suas cidades, essas não foram tão devastadoras para co111as
rres que estavam Torre do pre'd"d10 e ~9 1~, uma de varias
..
obras de lheo como a pacífica tolerância brasileira concernente à liberação par~l torres concebidas por Theo e
em chegou a ser Inspiradas na estação ferroviária de VViederspahn.

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