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METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

VERIFICAÇÃO E CALIBRAÇÃO EM UNIDADES


ELETROCIRÚRGICAS NA PARAÍBA: UM ESTUDO DE CASO

Marcília Vieira da Nóbrega 1 , José Felício da Silva 1 ,


1
NETEB, UFPB, João Pessoa-PB, Brasil

Resumo: Com a disseminação dos conceitos envolvendo procedimentos cirúrgicos. Desde os primeiros modelos, com
Qualidade, os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde tecnologia a válvula, até a fase atual, em que a maioria dos
(EAS) em todo o mundo têm investido em ações que visam modelos fabricados é totalmente microprocessada, os
à melhoria dos serviços prestados por estas instituições. No fabricantes têm incorporado nas UEAF várias características
tocante à questão da segurança, estas ações devem ser que visam tornar os procedimentos eletrocirúrgicos cada vez
sistemáticas e urgentes, dados os inúmeros riscos a que mais rápidos e seguros. As implicações destas inovações no
podem estar sujeitos pacientes e profissionais de saúde no processo de gestão destes equipamentos, sobretudo na sua
ambiente hospitalar, especialmente no centro cirúrgico, uma rotina de manutenção, podem comprometer seriamente a
das áreas mais críticas no ambiente hospitalar e onde se operacionalização destes equipamentos quando se observam
inserem equipamentos da mais alta complexidade os aspectos de segurança aí envolvidos. Com efeito, não é
tecnológica, como ocorre nas Unidades Eletrocirúrgicas de difícil de se imaginar os danos a um paciente que se submete
Alta Freqüência (UEAF). Neste trabalho avaliam-se a um procedimento cirúrgico que utilize uma UEAF que,
qualitativamente as UEAF no estado da Paraíba, sob os por ventura, esteja descalibrada.
aspectos de segurança daqueles que, de alguma forma,
fazem uso destes equipamentos. Estudando-se inicialmente
os casos dos EAS nas cidades de Campina Grande e João 2. A TECNOLOGIA ELETROCIRÚRGICA
Pessoa, A metodologia analisa, além dos aspectos Uma UEAF provoca a passagem de correntes de alta
operacionais, determinantes para o uso satisfatório do freqüência por tecidos biológicos para obter efeitos
equipamento, também aspectos técnicos referentes à gestão específicos de corte e coagulação.
de manutenção destes, envolvendo especialmente as
atividades de verificação e calibração, ambas essências na A utilização de freqüências superiores a 0,3 MHz evita a
gestão da manutenção das UEAF. estimulação indesejável dos nervos e dos músculosque seria
provocada caso fossem utilizadas correntes de baixa
Palavras chave :Eletrocirurgia, Segurança, Calibração. freqüência. Normalmente não são utilizadas freqüências
superiores a 5 MHz, de modo a minimizar os problemas
associados às correntes de fuga de alta freqüência [2].
1. INTRODUÇÃO
O corte é realizado com a aplicação contínua de ondas
Alcançar a Qualidade: Este tem sido o grande objetivo dos
senoidais; já a coagulação é feita com uma série de
EAS em todo o mundo nas últimas décadas. Para isto, os
“pacotes” de ondas senoidais. Deste modo, o cirurgião pode
EAS têm investido na implantação de procedimentos que
selecionar uma destas formas de onda ou pode ainda fazer
visem à rastreabilidade das informações referentes aos
uma combinação delas para assim obter o efeito desejado
processos realizados e produtos associados à atividade
[3]. Uma UEAF, normalmente, possui comandos de ajuste
desenvolvida pela instituição [1]. No tocante ao Centro
de potência desejada, seleção do modo do tipo de saída
Cirúrgico, uma das áreas mais críticas no cotidiano
(monopolar ou bipolar) e ainda seleção do tipo de efeito
hospitalar, este rastreamento assume uma dimensão de
desejado (corte, coagulação ou ambos). Há ainda os
extrema relevância quando se sabe que neste ambiente se
circuitos de alarme e monitorização do eletrodo neutro, cuja
potencializam vários riscos para pacientes e pessoal médico.
caracterização é regulamentados por normas da
Muitos destes riscos são decorrentes de falhas nos
International Electrotechnical Comission (IEC). No entanto,
equipamentos eletromédicos e muitas destas falhas, por sua
sua caracterização varia entre os vários fabricantes de
vez, têm uma forte relação com equipamentos que não têm
UEAF.
um histórico de rotinas de manutenção preventiva, essencial
para o desempenho eficaz e seguro destes equipamentos. O modo monopolar é o mais utilizado em Eletrocirurgia.
Nesta técnica, a corrente elétrica flui através de um único
Um dos marcos no avanço das técnicas cirúrgicas na
eletrodo ativo na forma de ponta faca, agulha, alça ou bola,
medicina mundial foi o desenvolvimento das Unidades
fazendo contato direto com o tecido biológico a ser
UEAF, também denominadas Bisturis Elétricos. Uma UEAF
trabalhado. A corrente elétrica alternada de alta freqüência é
processa correntes de alta freqüência para produzir efeitos
introduzida no corpo através de dois eletrodos fundamentais;
de corte e coagulação nos tecidos biológicos durante os
um deles chamado de eletrodo ativo, é colocado em um
suporte e conectado à saída do gerador ou bisturi elétrico; o Com o fenômeno da divisão de corrente elétrica, a corrente
outro é um eletrodo com área grande, na forma de placa completa o circuito para o terra passando pelo eletrodo de
metálica, chamado de placa, eletrodo neutro ou placa retorno do paciente ou passando por qualquer caminho
dispersiva, que é conectado também ao gerador alternativo, expondo, desta forma, os pacientes ao risco de
eletrocirúrgico. A corrente elétrica de alta freqüência flui queimaduras pois neste caso qualquer objeto aterrado pode
entre um eletrodo e outro, e o seu valor é o mesmo, tanto no completar o circuito e neste caso o ambiente cirúrgico
eletrodo ativo quanto na placa, sendo apenas os efeitos possui muitas rotas alternativas para o terra. Isto é bastante
diferentes, já que as áreas de contato de cada eletrodo com o minimizado, com, a tecnologia do gerador isolado, no
tecido, por onde flui a corrente elétrica, são mercado desde 1968. Com esta tecnologia, o gerador isola a
propositadamente bem diferentes uma da outra. No eletrodo corrente terapêutica do terra, a partir de uma referência
ativo, na região de contato com o tecido, a área é muito dentro do próprio gerador. Assim, num sistema
pequena e por esta razão a densidade de corrente é bem eletrocirúrgico isolado, o circuito não se completa pelo terra,
elevada de modo que a corrente se concentra numa pequena mas pelo gerador. Desta forma, mesmo na presença de
região. Deste modo, o calor desenvolvido segundo o efeito outros equipamentos aterrados na sala de cirurgia, os
Joule se concentra numa pequena região, resultando pois na geradores não os utilizariam como caminho(s) alternativo(s)
elevação da temperatura, de acordo com a potência para completar o circuito.
fornecida pelo gerador da UEAF.
Na técnica bipolar, há dois eletrodos ativos para contato 3. ROTINAS DE MANUTENÇÃO E REDUÇÃO DOS
simultâneo com o tecido biológico, na forma de pontas de RISCOS ELETROCIRÚRGICOS
uma pinça, de modo que a energia fornecida pelo gerador é
aplicada no tecido colocado entre as duas pontas da pinça Equipamentos eletromédicos em condições inadequadas de
segurança elétrica e desempenho representam riscos tanto ao
(normalmente chamada pinça bipolar). Estas pontas são
paciente quanto ao usuário. Não é possível quantificar em
isoladas entre si e a corrente apenas flui entre um lado e
outro da pinça; isto exige um cabo especial, formado por um termos probabilísticos esta condição de riscos devido às
inúmeras variáveis relacionadas [4].
par de fios, que conecta a pinça ao gerador. Por ser pequena
a massa de tecido colocada entre as pontas da pinça, a Na maioria dos acidentes relatados com o uso de UEAF, são
potência elétrica utilizada neste procedimento é sempre citadas freqëntemente queimaduras em pacientes, devidas ao
menor que a utilizada nos procedimentos que envolvem a mal contato entre a placa do eletrodo de retorno e a pele do
técnica monopolar.Na técnica bipolar, a placa não é paciente. Investigam-se também os efeitos fisiológicos
utilizada, uma vez que a corrente circula apenas entre as causados pelas correntes de baixa freqüência, danosas para o
pontas da pinça bipolar; o tecido a ser trabalhado fica organismo humano (em determinada faixa) que alimentam o
posicionado entre as pontas isoladas da pinça de modo que a gerador eletrocirúrgico. Há também relatos de pequenos
corrente circula apenas entre estes dois pontos.Esta técnica choques nos usuários, devidos a falhas em conexões dos
tem conquistado bastante espaço no ramo cirúrgico, cabos além dos estudos que investigam os problemas
especialmente nas chamadas cirurgias minimamente causados pela interferência eletromagnética das UEAF no
invasivas, nas quais são desejados procedimentos mais funcionamento de outros equipamentos eletromédicos
precisos e bastante localizados, especialmente na presentes no próprio centro cirúrgico ou em áreas
neurocirurgia e cirurgias vasculares, em que se limita circunvizinhas, dentro e fora do EAS.
bastante a passagem de corrente elétrica pelos tecidos
circunvizinhos. Além disso, esta técnica é mais segura pois Falcão [5] estudou 4 equipamentos eletrocirúrgicos muito
trabalha em regiões bem delimitadas, com pequenas massas utilizados no Brasil e constatou que nenhum deles era
de tecidos, demandando pois valores baixos de potência, adequado às exigências das normas atualmente vigentes no
com valores máximos na ordem de 70W. Uma outra país. Ainda, 65% dos produtos médico-hospitalares
vantagem desta técnica é o fato desta não necessitar de placa apresentam médio ou alto risco à saúde de seus usuários [6].
dispersiva, não oferecendo assim os riscos de queimaduras É na redução destes riscos que deve se basear uma política
acidentais, o que tem propiciado a continuidade de pesquisas eficiente de gestão das UEAF em qualquer EAS que prime
na sua faixa de atuação. pelo mínimo de qualidade do serviço ali prestado. É
Geralmente a técnica bipolar é utilizada para a coagulação, importante também que se perceba que o uso seguro destes
embora já estejam em desenvolvimento alguns equipamentos é determinado, além dos aspectos técnicos,
procedimentos de corte, com eletrodos especiais. pelo conhecimento dos riscos potenciais pelos usuários que,
a partir deste conhecimento, tendem a fazer o uso do
Com relação ao sistema de isolação das UEAF, A tecnologia equipamento de forma correta, cautelosa e segura.
utilizada em Eletrocirurgia tem mudado significativamente
desde sua introdução. Originalmente, os geradores usavam o Ainda nesta discussão, cabe acrescentar que que a
eletrodo passivo ligado ao terra de proteção. Atualmente implantação bem sucedida de um programa de segurança
este sistema não é recomendado pela Associação Brasileira elétrica e avaliação de desempenho para equipamentos
de Normas Técnicas (ABNT) a partir da norma eletromédicos, em nível hospitalar, depende da coexistência
NBRIEC60601-2-2 (12/2001). dos seguintes elementos [7]:
• A normatização vigente;
• Os fabricantes e a conformidade com estas normas; equipamento observado bem como à gestão de manutenção
destes equipamentos nos EAS, envolvendo especialmente as
• Rotinas de teste de segurança elétrica e atividades de verificação e calibração, ambas essências na
desempenho; gestão da manutenção das UEAF. Neste caso, foram
• Instalações elétricas adequadas; realizados testes qualitativos, e quantitativos para
verificação destes equipamentos baseando-se em valores
• Educação do corpo assistencial. referenciados pelos dados dos fabricantes e normas
Nesta pesquisa, avaliam-se as UEAF sob aspectos de dois regulamentadoras das UEAF no Brasil: As normas NBR-
dos itens acima relacionados: a conformidade com a IEC 60601-1 e NBR-IEC 60601-2-2.
normatização vigente e a educação dos usuários destes Além dos testes para verificação, são propostas, para o caso
equipamentos. dos equipamentos descalibrados, atividades de calibração
No Brasil, as UEAF são regidas pelas normas da Associação nas UEAF. A partir deste levantamento de dados e
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). São elas a NBR realização de testes, elabora-se um relatório de
IEC 60601-1 (Equipamento eletromédico-Parte 1- conformidade para os equipamentos analisados.
Prescrições gerais para segurança) e NBR-IEC 60601-2-2 Verifica-se também a qualidade dos testes utilizados no
(Equipamento eletromédico-Parte 2-Prescrições particulares processo de aferição, questionando, nesta análise, se os
de segurança para equipamento cirúrgico de alta freqüência). testes realizados contemplam todos os parâmetros
Estas normas estabelecem os limitres aceitáveis dos valores considerados no aspecto de segurança das UEAF,
das grandezas e parâmetros envolvidos nos procedimentos principalmente quando se leva em conta as várias diferenças
eletrocirúrgicos. Além de estabelecerem estes valores, estas nos modos de operação de muitas UEAF diferenças estas
normas sugerem também as formas adequadas para o uso que, conforme a ECRI [9] seriam importantes sob a
correto e seguro das UEAF. perspectiva do gerenciamento de risco.
A gestão eficiente destes equipamentos pressupõe uma
freqüência relativa e planejada de manutenção preventiva, 5. RESULTADOS
constituída de inspeções visuais ou testes qualitativos (que
incluem inspeção em acessórios, cabos de alimentação, Foram pesquisados nas duas cidades citadas, dezoito EAS,
alarmes e outros sinais audíveis dentre outros), que podem sendo que nove em Campina Grande (perfazendo 75% dos
ser realizados pelos próprios usuários, bem como os testes EAS cadastrados para cirurgia nesta cidade) e nove em João
quantitativos (incluindo itens como resistência de Pessoa (perfazendo 40% do total de EAS desta cidade).
aterramento, potência e corrente de saída, continuidade dos Deste total, nenhum EAS possui um setor de Engenharia
cabos e eletrodos e análise das formas de onda), que devem Clínica, de extrema importância para um planejamento
ser realizados por pessoal qualificado, seguindo as adequado da gestão dos equipamentos eletromédicos.
orientações dos fabricantes e normas acima citadas. Com relação às atividades de manutenção, mesmo aqueles
Para a realização dos testes quantitativos, testes de aceitação que possuem oficialmente um setor de manutenção de
e auxílio da manutenção corretiva são necessários equipamentos, segundo as respostas obtidas nos
equipamentos específicos de testes, a exemplo dos questionários, o que se percebeu efetivamente é que estas
analisadores eletrocirúrgicos ou testadores de isolação atividades só funcionam de modo corretivo em todos os
elétrica. EAS observados. Assim, a gestão da manutenção, na
acepção da palavra, não se efetiva na medida em que
Os critérios para a aquisição destes equipamentos de teste inexis te a cultura do planejamento das atividades, das
devem considerar o número de UEAF no EAS, o tipo de rotinas (ainda que mais simples) de manutenção preventiva;
contrato de manutenção que a instituição tem com situação esta que tende a se agravar nos EAS do setor
fornecedores externos, a capacitação técnica de seus público analisados nas duas amostras.
empregados e a disponibilidade de recursos para tais
investimentos [8]. De todos os usuários entrevistados, 33 nas duas amostras ,
apenas dois receberam treinamento sobre UEAF, quando da
aquisição de equipamentos mais modernos. A grande
4. METODOLOGIA maioria dos usuários entrevistados reconhece os riscos
Avalia-se as condições em que se encontram as UEAF na provenientes do equipamento, muito mais pela vivência com
realidade do estado Paraíba, estudando-se inicialmente os este do que propriamente por um treinamento adequado,
casos dos EAS nas cidades de Campina Grande e João porém não há uma forma sistemática de prevenção contra
Pessoa. Para tal, analisam-se inicialmente os aspectos tais riscos. Uma pequena parte dos usuários entrevistados
operacionais, determinantes para o uso satisfatório do entende os “pequenos acidentes” como normais no uso das
equipamento. Para avaliar estes aspectos, foram aplicados UEAF e não se consideram co-responsáveis no
questionários junto aos usuários destes equipamentos, funcionamento seguro do equipamento.
avaliando itens como sua experiência com as UEAF, as Um outro aspecto importante observado, dentro do contexto
dificuldades no uso dos equipamentos mais novos ou a da inserção de novas tecnologias no EAS, e que é bastante
necessidade de treinamento destes usuários. Foram comum na maioria dos hospitais pesquisados, é a presença, e
coletados também dados técnicos referentes a cada uso corrente, de modelos antigos de UEAF; modelos estes
caracterizados pela tecnologia à válvula, sendo esta já identificação permanente de falhas em rotinas e
obsoleta na fabricação das UEAF. procedimentos, que precisa ser periodicamente
revisado,atualizado e difundido, com grande compromisso
Assim, o resultado aqui apresentado é relativo a um EAS
desde a mais alta direção do EAS até seus funcionários mais
onde existem 20 UEAF de diversos modelos e fabricantes.
fundamentais [11].
Para estes testes esta sendo utilizado um analisador
eletrocirúrgico, o RF303 Electrosurgical Analyzer de Na esfera governamental, avanços significativos vêm
fabricação da Bio-Tek Instruments. ocorrendo sob o aspecto de regulamentação da Qualidade
dos produtos médico-hospitalares, especialmente os
Com o RF303, é possível realizar medidas de valores de
equipamentos eletromédicos. Segundo Mühlen [12], a
potência e corrente na saída do gerador eletrocirúrgico além
regulamentação do processo de certificação de qualidade em
de correntes de fuga de alta freqüência. Este equipamento é
equipamentos médico-assistenciais no Brasil é hoje definida
comp atível tanto com modelos de UEAF de saída isolada
por dois documentos: a Regra Específica para a Certificação
quanto com os modelos referenciados ao terra, sejam de
de Equipamentos Eletromédicos NIE-DINQP 068,
nível monopolar ou nível bipolar [10].
publicada pelo Instituto Nacional de Metrologia
Os testes realizados mostram que há desconformidades nos (INMETRO) EM 1998 (em vias de substituição) e a
valores de alguns parâmetros com relação aos valores de Resolução 444 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
referência contidos nas normas, principalmente nas (ANVISA), publicada em setembro de 1999. O primeiro
correntes de fuga de alta freqüência (IFAF) e com menos documento descreve os detalhes técnicos que condicionam a
freqüência nos valores de potência e corrente na saída do certificação dos equipamentos médico-hospitalares e os
gerador. segundo define os contornos políticos daquela ação.
Tabela 1. Tamanhos (em pontos) e estilos de fonte No entanto, embora a discussão que norteia o processo de
certificação dos equipamentos eletromédicos só tenha sido
enriquecida, especialmente nesta última década, seja pelos
órgãos competentes, seja pelo meio científico, as políticas
práticas de fiscalização dos equipamentos eletromédicos
junto aos EAS não têm evoluído na mesma proporção,
especialmente nas regiões Norte-Nordeste, onde as
discussões envolvendo gestão de tecnologia hospitalar
apenas estão começando. De tal modo que os resultados de
práticas para certificação têm se restringido às regiões Sul e
Sudeste, onde são comuns os laboratórios de certificação
credenciados para tal, além do desenvolvimento dos setores
de Engenharia Clínica nos EAS, também propiciando a
Além disso, um outro problema observado é a falta de realização destas práticas.
informações técnicas consistentes nos manuais de alguns No tocante à pesquisa que se apresenta, embora os testes
fabricantes de UEAF. Alguns não fornecem, por exemplo, quantitativos estejam em fase inicial de realização já se pode
especificações como a faixa admissível de valores de verificar, conforme mencionado anteriormente, algumas
algumas grandezas, se restringindo apenas à informação de desconformidades nos valores encontrados, sobretudo nos
que o equipamento é fabricado dentro das normas testes de corrente de fuga de alta freqüência, caracterizando
reguladoras assim a necessidade se calibração do equipamento.
Salienta-se ainda que o equipamento de que se dispõe nesta
6. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES fase da pesquisa não possibilita a análise das correntes de
A correta operacionalização das UE depende, sobremaneira, fuga de baixa freqüência: permanentes do paciente e
de fatores que estão diretamente ligados aos seus usuários e auxiliares através do paciente, correntes estas mais danosas
sob o controle destes; razão pela qual são necessárias ao organismo humano quando comparadas às de alta
políticas eficientes de gestão destes equipamentos, freqüência. Esta limitação do equipamento impossibilita
incluindo, além dos aspectos operacionais, com uma análise mais detalhada de todos os aspectos de
treinamentos periódicos que abordem os riscos potenciais segurança relativos aos procedimentos eletrocirúrgicos.
provocados pelos equipamentos, também rotinas de testes Neste caso, haveria a necessidade de um segundo
periódicos qualitativos e quantitativos, realizados por equipamento, um analisador de segurança, por exemplo,
equipes também qualificadas para tal e que verifiquem o tornando este processo de testes e análise mais oneroso já
desempenho das UE. O uso correto e seguro destes que tais equipamentos são importados, além do fato de que
equipamentos é, dentre outros fatores, garantia da qualidade não se dispõe de um equipamento nacional, mais barateado,
e segurança no serviço prestado pelo EAS. a partir do qual se possa realizar estes testes.

Além disso, deve-se destacar que a qualidade não é um Com este artigo, pretende-se somar informações na área de
processo passiv o a ser desenvolvido de cima para baixo, gestão de tecnologia hospitalar, difundindo; difundindo,
mas sim um processo dinâmico, ininterrupto exaustivo, de para isso, os temas pertinentes à área de Engenharia Clínica
na Paraíba e na região Nordeste, sobretudo quando se
discute nesta pesquisa parâmetros de extrema valia no [10] BIO-TEK, “Introduction”, RF303 Electrosurgical Analyzer,
cotidiano de um centro cirúrgico e de um EAS, quais sejam, Operator’s Manual, p. 6, Vinooski, Vermont-USA, 1998.
os problemas e riscos decorrentes da inserção de uma nova [11] W.B. Bescow, R.G. Ojeda, Anais do XVII Congresso de
tecnologia no EAS, a segurança do paciente ao se submeter Engenharia Biomédica. pp. 431-436, Florianópolis, 2000.
a um processo cirúrgico e a segurança do próprio operador
da UE, sendo todos estes parâmetros determinantes para a [12] S.S. Mühlen, “Certificação de Qualidade em
qualidade do serviço oferecido pelo EAS. Equipamentos Médico-Hospitalares no Brasil”, Anais
do II Congresso Latinoamericano de Engenharia
Biomédica, pp. 1-6, Havana-Cuba, 2001.
Autores:
AGRADECIMENTOS
1:José Felício da Silva . Doutor, Universidade Federal da Paraíba-
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível UFPB (Grupo de Mecânica Pulmonar, Laboratório de Mecânica
Superior, CAPES; Computacional), Centro de Tecnologia, Cidade Universitária, João
Pessoa-PB, Brasil. Tel.: Oxx83-2167734, felício@funape.ufpb.br,
Ao Laboratório de Mecânica Computacional (LABMEC) da jfeliciodasilva@yahoo.com.br.
Universidade Federal da Paraíba, UFPB;
2: Marcília Vieira da Nóbrega. Mestranda, Universidade Federal
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba, da Paraíba-UFPB, (Núcleo de Tecnologia e Estudos em Engenharia
CEFET-PB; Biomédica-NETEB), Centro de Ciências da Saúde, Cidade
Universitária, João Pessoa-PB, Brasil. Tel.: 0xx83-2167734,
Ao Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto marcilianobrega@yahoo.com.br.
Lucena de João Pessoa, PB.

REFERÊNCIAS
[1] J.C.L. Pedroso, A.H Hermini, “Fundamentos de segurança
para unidades de saúde”, Equipamentos médico-hospitalares
e o gerenciamento da manutenção, pp. 183-208, Ministério
da Saúde, Brasília, 2002.
[2] NBR IEC 60601-2-2, “Equipamento eletromédico. Parte 2:
Prescrições particulares de segurança para equipamento
cirúrgico de alta freqüência”, Associação Brasileira de
Normas Técnicas, pp. 1-21, Rio de Janeiro, 1998.
[3] J.D. Bronzino, “Management of medical technology: a
primer for clinical Engineers”, PWS Publishers, vol. 22,
no.11, Boston, 1996.
[4] J.C.L. Pedroso, J.S. Calil, “Programa de segurança elétrica e
avaliação de desempenho de equipamentos eletromédicos,
baseado nas normas da família NBRIEC60601”, Anais do
XVIII Congresso de Engenharia Biomédica, pp. 83-86, São
Paulo, 2002.
[5] M.M. Falcão, apude S. J. Bertoldo, B. Sidarta, V.D.B. Luis,
J.A. Paulo, “Desenvolvimento de um bisturi eletrônico
conforme normas brasileiras”, Anais do XVII Congresso de
Engenharia Biomédica, pp. 606-612, Florianópolis, 2000.
[6] P.B. White, apude S. J. Bertoldo, B. Sidarta, V.D.B. Luis,
J.A. Paulo, “Desenvolvimento de um bisturi eletrônico
conforme normas brasile iras”, Anais do XVII Congresso de
Engenharia Biomédica, pp. 606-612, Florianópolis, 2000.
[7] J.C.L. Pedroso, J.A.F. Filho, “Desenvolvimento de um
programa de segurança elétrica e avaliação de desempenho
de equipamentos eletromédicos, baseado nas normas da
família NBRIEC60601”, Anais do XVII Congresso de
Engenharia Biomédica, pp. 449-454, Florianópolis, 2000.
[8] S.S. Mühlen, “Unidades eletrocirúrgicas”, Equipamentos
médico-hospitalares e o gerenciamento da manutenção, pp.
581-603, Ministério da Saúde, Bras ília, 2002.
[9] ECRI, “Electrosurgery”, Healthcare risk control system, vol.
4, no.1, pp. 1-15. 1999.

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