Vous êtes sur la page 1sur 6

Medicina, Ribeirão Preto,

33: 170-175 abr./jun. 2000 PONTO DE VISTA

ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL AO PACIENTE


COM DIABETES MELLITUS NO AMBULATÓRIO
DE DIABETES DO HCFMRP-USP

MULTIPROFESSIONAL CARE OF PATIENTS WITH DIABETES MELLITUS AT THE


ENDOCRINOLOGY OUTPATIENT CLINIC OF THE UNIVERSITY HOSPITAL
OF THE RIBEIRÃO PRETO SCHOOL OF MEDICINE (HCFMRP-USP).

Ana Emilia P Ferraz1 ; Maria Lúcia Zanetti1; Edith CM Brandão2; Lídia C Romeu3; Milton Cesar Foss4 ;
'Glória Maria GF Paccola5;; Francisco José A de Paula5;; Leonor Maria FB Gouveia5 & Renan Montenegro Jr6

1
Docente do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto -USP; 2Nutricionista
Chefe da Clínica Médica;3Psicóloga Supervisora do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica. Hospital das Clinicas
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (HCFMRP-USP); 4Docente da Divisão de Endocrinologia e Metabologia do
Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP; 5Médico Assistente da Divisão de Endocrinologia e Metabologia do HCFMRP-USP;
6
Doutorando da Divisão de Endocrinologia e Metabologia do Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP.
Correspondência: Profª Drª Maria Lúcia Zanetti. Departamento de Enfermagem Geral e Especializa. Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto-USP. Av. Bandeirantes, 3900. CEP 14040-902 Ribeirão Preto, São Paulo. Fax (16) 633-3271/630-2561. E-mail:
zanetti@eerp.usp.br.

FERRAZ AEP; ZANETTI ML; BRANDÃO ECM; ROMEU LC; FOSS MC; PACCOLA GMGF; PAULA FJA;
GOUVEIA LMFB & MONTENEGRO Jr R. Atendimento multiprofissional ao paciente com diabetes mellitus
no Ambulatório de Diabetes do HCFMRP-USP. Medicina, Ribeirão Preto, 33: 170-171, abr./jun. 2000.

RESUMO: O presente estudo descreve o fluxo de atendimento e as atividades desenvolvidas


pela equipe multiprofissional de saúde do Ambulatório de Endocrinologia e Metabologia do HCFMRP-
USP, junto aos pacientes com diabetes mellitus. Este programa, em consonância aos propósi-
tos da Declaração das Américas sobre Diabetes, visa assegurar que os pacientes com diabetes
estejam em condições de adquirir conhecimentos e aptidões para o autocuidado.

UNITERMOS: Pacientes Ambulatoriais. Diabetes Mellitus. Equipe de Assistência ao Paciente.

1- INTRODUÇÃO muitas vezes, é visto como uma doença que impõe


limitações às atividades da vida diária, implicando em
O enfoque multiprofissional na assistência à saú- medo de viver com dieta restrita, susceptibilidade para
de tem sido objeto de estudo, na atualidade, particular- infecções, injeções, interferência no trabalho, depen-
mente para o paciente com diabetes. A integridade dência de outros; e os homens, particularmente, te-
biopsicossocial desse paciente é condição decisiva para mem a impotência(5,6).
favorecer os cuidados com a doença , resultando, as- Considerando-se a especificidade do diabetes
sim, em melhor qualidade de vida para ele(1,2,3). como doença crônica e o controle glicêmico como fun-
A doença crônica tem seu início geralmente in- damental na prevenção de complicações e seqüelas, o
sidioso, duração longa e indefinida, perdurando, mui- conhecimento da doença por meio de informações e
tas vezes, para o resto da vida, e apresenta algumas educação constitui aspecto relevante no tratamento(1,6).
características que impõem limitações às capacida- Acredita-se que, para o sucesso da educação
des funcionais do indivíduo(1,2,4). O diabetes mellitus, dos pacientes com diabetes, é imprescindível consi-

170
Atendimento ao paciente com diabetes mellitus

derar os aspectos motivacionais para o autocuidado, específicos, presta assistência aos pacientes diabéti-
a participação da família e o estabelecimento de vín- cos e desenvolve atividades educativas e orientação
culos efetivos com a equipe multiprofissional. geral para tais pacientes. A coordenação e orienta-
A abordagem educativa deverá acontecer de for- ção das atividades da equipe médica são de respon-
ma integrada entre os profissionais de saúde, pois o sabilidade do docente da FMRP-USP, auxiliado por
enfoque, nos processos cognitivos, não é suficiente para médicos-assistentes e pós-graduandos.
atingir a totalidade dos problemas vivenciados pelo Os pacientes com diabetes são atendidos e
paciente. É preciso abordar, também, os fatores emo- acompanhados de forma contínua, no ambulatório
cionais e sua influência na adesão ao tratamento(1,3,7). especializado de diabetes, às segundas-feiras. Apro-
A partir dessa perspectiva de assistência, o ximadamente, 700 pacientes com diabetes estão em
Ambulatório de Endocrinologia e Metabologia do seguimento regular nesse ambulatório, retornando,
HCFMRP-USP, estruturado com vários profissionais, durante o ano, de três a cinco vezes para consultas
médicos, enfermeiras, nutricionista, psicóloga, assis- médicas, de acordo com as necessidades de cada um.
tentes sociais, estudantes de graduação e pós-gradua-
ção das respectivas áreas, tem, como objetivo princi- 3.2 Enfermarias da Divisão de Endocrinologia
pal, desenvolver um programa de atendimento inte- e Metabologia do HCFMRP-USP
grado à saúde dos pacientes e familiares. As enfermarias totalizam 08 (oito) leitos, es-
O presente estudo tem por finalidade resgatar tando elas localizadas no sexto andar do Hospital das
pontos importantes no atendimento feito aos pacien- Clínicas da FMRP-USP e funcionando como princi-
tes com diabetes, no Ambulatório de Endocrinologia pal retaguarda hospitalar para a internação de pacien-
e Metabologia do HCFMRP-USP, e reforçar um dos tes diabéticos que necessitam do atendimento, seja
propósitos da Declaration of the Americas & por descompensação metabólica da doença, presença
International Diabetes Federations (1999)(8), que visa de complicações advindas do diabetes ou por proble-
assegurar que os indivíduos com diabetes tenham con- mas relacionados à educação. A coordenação e orien-
dições de adquirir conhecimentos e aptidões que lhes tação das enfermarias está a cargo do docente respon-
permitam e os habilitem a exercer o autocuidado com sável pela Divisão de Endocrinologia e Metabologia
sua doença crônica. Clínica Médica-FMRP-USP, juntamente com outros
docentes. Os pacientes internados são atendidos pela
2- OBJETIVO equipe que atua no ambulatório de diabetes, mesmo
estando em enfermarias de outras especialidades.
Descrever o fluxo de atendimento e as ativi- Também, aqui ressaltamos se a implementação
dades desenvolvidas junto aos pacientes com dia- de um programa de educação, integrando o atendi-
betes, pela equipe multiprofissional de saúde do mento ambulatorial com a unidade de internação.
Ambulatório de Endocrinologia e Metabologia do
HCFMRP-USP. 3.3 Enfermarias da Unidade de Emergência do
Hospital das Clínicas da FMRP-USP

3- DESCRIÇÃO DA UNIDADE Os pacientes diabéticos com descompensação


aguda, tais como cetoacidose, coma hiperosmolar,
O HCFMRP-USP é um hospital geral, de ní- infeccções e hipoglicemias graves são atendidos na
vel terciário, com tríplice finalidade: ensino, pesqui- Unidade de Emergência, com assessoria da equipe
sa e assistência, em diversas especialidades, de aten- médica da endocrinologia. Para internações nas situa-
dimento tanto ambulatorial quanto de internação hos- ções de urgências foram elaborados, pela Divisão de
pitalar. Endocrinologia e Metabologia, protocolos específicos
para atendimento e tratamento desses pacientes.
3.1 Ambulatório de Endocrinologia e Meta-
bologia do HCFMRP-USP 3.4 Laboratórios: Central, de Endocrinologia
No Ambulatório de Endocrinologia e Metabo- e Metabologia do HCFMRP-USP
logia do HCFMRP-USP, a equipe multiprofissional, Os laboratórios constituem a retaguarda para o
constituída por médicos, enfermeiras, nutricionista, diagnóstico e acompanhamento dos pacientes diabéti-
psicóloga e assistentes sociais, além de atendimentos cos atendidos pela Clínica Médica-HCFMRP-USP.

171
AEP Ferraz; ML Zanetti; ECM Brandão; LC Romeu; MC Foss; GMGF Paccola; FJA Paula; LMFB Gouveia & R Montenegro Jr.

No Laboratório Central, realizam-se as determina- Pediatria. A participação de alunos do 4°ano médico


ções rotineiras de glicose sérica venosa e glicosúria no atendimento a pacientes, é voluntária e esporádica.
fracionada, assim como os exames laboratoriais ne- Cada atendimento médico tem a duração de 30 a 40
cessários para investigação clínica dos pacientes. minutos
Em média, são atendidos, por semana, de 60 a
4- FLUXO DE ATENDIMENTO DOS PACI- 70 pacientes em consultas-retornos e de dois a três
ENTES COM DIABETES NO AMBULA- pacientes em consultas-casos novos.
TÓRIO O atendimento médico supervisionado por es-
pecialista visa, de um lado, à prevenção e detecção
Os pacientes com diabetes mellitus são aten- precoce das complicações imediatas e tardias do dia-
didos no ambulatório, às segundas-feiras, das sete às betes, por meio do estabelecimento de esquema
dezoito horas. Eles devem comparecer ao hospital às terapêutico, e, de outro, ao treinamento e formação
sete horas, em jejum, para coleta de sangue para gli- de alunos e de médicos residentes quanto à assistên-
cemia, e urina de 24 horas para a glicosúria fracionada. cia a pacientes diabéticos.
Após os exames laboratorias, os usuários de Além do atendimento de rotina, todos os paci-
insulina devem dirigir-se à sala de medicação para que entes recebem um atendimento especial, visando a
lhes seja administrada a dose prescrita. A seguir, são um programa de avaliação clínica continuada dos mes-
orientados a comparecer à sala onde serão desenvol- mos. Nesse tipo de atendimento, o paciente diabético
vidas atividades educativas em grupo, coordenadas é submetido a uma observação clínica mais rigorosa e
pela enfermeira. Os grupos de orientações são for- extensa, seguindo um protocolo sistematizado e pa-
mados de acordo com a faixa etária dos pacientes. dronizado, quando, além da caracterização clínica do
Antes do início das atividades é oferecido o desjejum paciente e de sua doença, analisam-se a terapêutica
aos pacientes. utilizada, o grau de controle metabólico alcançado e
Por volta das doze horas, há a pré-consulta pesquisam-se as possíveis complicações do diabetes.
de enfermagem, quando se verificam e anotam-se, Semanalmente, são selecionados de 10 a 15 pacien-
no prontuário do paciente, os parâmetros vitais e da- tes para garantir a todos um atendimento especial.
dos antropométricos. As consultas médicas inciam-
se às treze horas e trinta minutos. 5.2 Enfermeira
Após as consultas médicas, todos os pacientes O atendimento de enfermagem é realizado por
recebem orientações dos auxiliares de enfermagem, duas docentes da EERP-USP, alunos de pós-gradua-
as quais referem-se aos encaminhamentos dos exa- ção de enfermagem e, esporadicamente, por alunos
mes que deverão ser realizados por ocasião da próxi- de graduação em enfermagem. O objetivo principal é
ma consulta. proporcionar ao paciente o desenvolvimento de habi-
O atendimento pela equipe multiprofissional lidades e atitudes para o autocuidado. Em média, são
ocorre conforme os critérios descritos a seguir. atendidos seis pacientes por semana.
As consultas de enfermagem são realizadas
5- ATENDIMENTO REALIZADO PELA com aqueles pacientes que fazem sua primeira con-
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL sulta, que estão iniciando aplicação de insulina, in-
trodução da segunda dose ou que tenham necessi-
5.1 Médico dade de pré-mistura. Também realizam consulta de
O atendimento médico aos pacientes é feito por enfermagem os pacientes que pertencem ao proto-
médicos residentes de Clínica Médica (1°ano) nas colo de atendimento médico, e que apresentam di-
consultas-retornos e por alunos doutorandos (6°ano ficuldade de adesão ao tratamento, além de deman-
médico-internato em Clínica Médica) nas consultas- da espontânea.
casos novos. Procura-se, na medida do possível, man- No primeiro encontro, resgatam-se as expe-
ter o mesmo profissional no atendimento ao paciente, riências e conhecimentos que o paciente possui so-
a fim de fortalecer a relação médico-paciente. Os pa- bre o diabetes mellitus. De acordo com Silva et al.,
cientes diabéticos do tipo 1, em faixa etária jovem (cri- 1989(9), o processo de aprendizagem será significati-
anças e adolescentes), recebem atendimento especial vo, se o ponto de partida estabelecido for uma ponte
e em separado de médicos residentes de 2°ano de entre o que o indivíduo conhece e vivenciou e o que
Clínica Médica (Endocrinologia e Metabologia) e de ele precisa saber ou está motivado a aprender.

172
Atendimento ao paciente com diabetes mellitus

As orientações são dadas de acordo com a ne- controle domiciliar está sendo desenvolvido, nos gru-
cessidade expressa pelo paciente, porém, na medida pos de educação, com o objetivo de incentivar os pa-
do possível, segue-se o protocolo estabelecido para cientes para sua prática.
as orientações. A educação é essencial para o sucesso
do tratamento, mas deve-se identificar o momento 5.3 Nutricionista
mais adequado para sua iniciação, pois os pacientes A orientação dietética ao paciente diabético é
devem aceitá-la; só assim ela se tornará eficiente. feita pela nutricionista e aprimorandos de nutrição, às
Os familiares deverão estar envolvidos no pro- segundas-feiras, das treze às dezoito horas, com o obje-
cesso educativo, juntamente com o paciente diabéti- tivo de adequar a alimentação as suas necessidades
co, pois isso facilitará o seguimento do tratamento. O calóricas. O enfoque à educação alimentar é funda-
apoio emocional é essencial na fase em que o pacien- mental para o paciente, pois não se consegue um bom
te demostrar não estar se adaptando às alterações ine- controle metabólico sem uma alimentação adequada.
rentes à doença. Assim, esforços têm sido empreen- De acordo com American Diabetes Associati-
didos para efetivar a participação da família nos aten- on (ADA)(10), o objetivo geral da orientação dietética
dimentos e orientações ao paciente. é auxiliar a pessoa diabética na mudança dos seus
A seguir, encontram-se alguns tópicos funda- hábitos alimentares, para melhorar tanto o controle
mentais a serem abordados com o paciente: metabólico como os específicos, definidos por con-
• o que é diabetes; senso internacionais(10, 11) , procurando manter sua saú-
• tipos e objetivos do tratamento; de próxima do normal. Os cuidados observados são:
• tipos de insulinas: suas ações e indicações, técnicas • contribuir para a normalização da glicemia;
de administração, rodízio dos locais de aplicação e • diminuir os fatores de risco cardiovasculares;
utilização de seringas; • fornecer calorias suficientes para obtenção e/ou
• tipos de antidiabéticos orais, ações e indicações; manutenção do peso corporal desejável para sexo,
• efeitos da ingestão de alimentos, exercícios, estres- estatura, idade e atividade física;
se, drogas antidiabéticas orais e insulina sobre a • prevenir ou retardar as complicações crônicas e
glicemia; agudas;
• sinais, sintomas e principais problemas associadosao • promover crescimento e desenvolvimento adequa-
diabetes; dos em crianças.
• como proceder em emergências (hipoglicemia, Todos os pacientes recém-diagnosticados, com
hiperglicemia, doença intercorrente); diabetes mellitus, recebem acompanhamento trimes-
• auto-monitorização e controle domiciliar, significa- tral para avaliação das condutas dietoterápicas, po-
dos dos resultados e ações a serem executados; rém, se houver necessidade, agendam-se retornos
• cuidados com os pés, na prevenção de lesões; quinzenais ou mensais. Além deles, são atendidos,
• medidas preventivas de complicações crônicas; também, os pacientes que necessitam de acompanha-
• existência de associações de suporte ao diabetes na mento ou reorientação por não adesão ao tratamento
comunidade. dietético.
Durante o atendimento, observam-se inúmeras Semanalmente, são atendidos, em média, dez
dificuldades apresentadas pelos pacientes, tais como: pacientes adultos e pediátricos, com intolerância à
não-seguimento do tratamento medicamentoso dieté- glicose, diabetes tipo 1, tipo 2 e formas associadas.
tico ou mesmo relacionado ao estilo de vida. O plano alimentar, com base na avaliação nu-
Outros problemas identificados referem-se à tricional do indivíduo e no estabelecimento de objeti-
dosagem de insulina, horários de administração dos vos terapêuticos específicos, leva em consideração
antidiabéticos orais, restrições alimentares, rodízio nos aspectos nutricionais, clínicos e psicossociais(11) e
locais de aplicação de insulina, coleta de urina para preconiza:
glicosúria fracionada, preparo para coleta de glice- • o controle metabólico e prevenção das complica-
mia em jejum, controle domiciliar dentre outros. ções agudas e crônicas;
Em relação ao controle domiciliar, em particu- • a individualização de acordo com a idade, sexo,
lar, verifica-se que esta prática ainda é pouco utiliza- estatura, estado fisiológico e metabólico; atividade
da pelos pacientes devido ao seu nível sócio-econô- física, doenças intercorrentes, hábitos sociocultu-
mico e à falta de informação acerca dos benefícios rais, situação econômica, disponibilidade de alimen-
dessa prática. Um programa de treinamento para o tos, dentre outros;

173
AEP Ferraz; ML Zanetti; ECM Brandão; LC Romeu; MC Foss; GMGF Paccola; FJA Paula; LMFB Gouveia & R Montenegro Jr.

• o fornecimento de valor calórico total (VCT) com- mellitus, a abordagem psicológica se faz necessária,
patível para obtenção ou manutenção do peso porque a integridade biopsicossocial do paciente é con-
corpóreo desejado. dição decisiva para favorecer os cuidados com a do-
ença, resultando em melhor qualidade de vida para
Composição do plano alimentar ele.
• Carboidratos devem corresponder de 50% a 60% Estupiñán et a1.,1994(12), apontam que é neces-
do VCT. Dar preferência aos ricos em fibras e sário considerar a influência dos fatores psicossociais
restringir os açúcares simples. na evolução do diabetes, tanto na abordagem indivi-
• Proteínas devem corresponder de 15% a 20% do dual como na grupal. Entretanto, a abordagem educa-
VCT. A recomendação é de 0,8 a 1,0 grama por tiva, com enfoque apenas nos processos cognitivos,
kilo de peso desejável/dia. Em caso de nefropatia, não é suficiente para atingir a totalidade dos proble-
a recomendação é de 0,6 a 0,8 grama por kilo de mas, pois é preciso abordar, também, os fatores emo-
peso/dia. cionais e sua influência na adesão ao tratamento do
• Lipídeos devem corresponder de 25% a 30% do diabético. Daí a necessidade da assistência psicológi-
VCT e recomenda-se que menos de 10% do VCT ca a esse paciente(7).
seja de gordura saturada e o restante completa-se A intervenção psicológica constitui-se, num pri-
com gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas. meiro momento, em entrevistas individuais para triagem
O colesterol deve ser inferior a 300 mg/dia. psicológica junto a pacientes internados para compensa-
ção do diabetes ou por complicações crônicas e àque-
Recomendações complementares les que ingressam no Ambulatório (casos novos).
• Fracionamento: a alimentação deve ser fracionada Posteriormente, faz-se o encaminhamento do
em cinco a seis refeições ao dia (três refeições paciente de acordo com sua necessidade psicológica,
básicas e duas a três refeições complementares). participando do Grupo de Pacientes Diabéticos, ou
Manter intervalos regulares de duas horas e trinta sendo encaminhado para outros serviços (Unidade
minutos a três horas entre cada refeição. Básica de Saúde, Psiquiatria).
• Quantidade: manter constantemente os carboidra- O atendimento em grupo a pacientes diabéticos
tos, assim como a sua distribuição nas diferentes ocorre quinzenalmente, com um total de dez sessões de
refeições. uma hora e meia cada, sendo dividido em duas fases:
• Lista de substituição: tem a finalidade de facilitar a 1-Fase Educativa: enfoca o conhecimento e
escolha dos alimentos e evitar a monotonia dos os cuidados com a doença, visando à reestruturação
cardápios. A lista deve conter alimentos do mes- cognitiva; essa fase soma quatro sessões e conta com
mo grupo com equivalência calórica. apoio multiprofissional (enfermeiros, médicos e
• Alimentos dietéticos: podem ser utilizados desde nutricionista);
que se observem o conteúdo calórico e a substitui- 2-Fase de Apoio Psicológico: visa trabalhar
ção adequada. as dificuldades emocionais do paciente, relacionadas
• Adoçantes: podem ser usados com a finalidade de ao diabetes mellitus e sua adesão ao tratamento, atra-
melhorar o sabor dos alimentos. A Organização vés de um enfoque Psicoterápico Breve Focal; são,
Mundial da Saúde recomenda o seu uso dentro dos no total, seis sessões.
limites seguros. Quanto à quantidade e do ponto de
vista qualitativo, recomenda-se alternar os diferen- 5.5 Assistente Social
tes tipos de edulcorantes. Os pacientes com diabetes mellitus têm en-
contrado várias dificuldades para adesão ao tratamento.
5.4 Psicóloga Essas dificuldades são de ordem econômica e social
Com relação aos aspectos emocionais, a orien- e referem-se à aquisição de medicamentos e instru-
tação às pessoas com diabetes mellitus é realizada mentais para o controle do diabetes, transporte, ali-
pela psicóloga e aprimorandas de psicologia, com o mentação, entre outros. Assim, contamos com os en-
objetivo de assistir o paciente, de modo a lhe oferecer caminhamentos realizados pela assistente social do
um espaço para lidar com as dificuldades emocionais, hospital para dar suporte a esses pacientes.
frente ao diabetes. No entanto, considera-se que, face ao custo ele-
A assistência à saúde tem sido enfocada, cada vado do tratamento e ao fato de a maioria dos pacien-
vez mais, como multiprofissional, porém Scarinci et al., tes atendidos no ambulatório ser de classe econômica
1988(3), destacam que, no caso específico do diabetes baixa, a participação da assistente social junto à equi-

174
Atendimento ao paciente com diabetes mellitus

pe de atendimento à pessoa portadora de diabetes é psicológico, dietético e de enfermagem e a integra-


essencial, pois poderá constituir-se em um agente ção da equipe, apontam progressos na adesão do pa-
facilitador para minimizar os problemas, com conse- ciente ao programa educativo, embora estudos este-
qüente adesão do paciente ao tratamento. jam sendo desenvolvidos para verficar os resultados
efetivos do programa.
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS Esforços têm sido direcionados para que haja
maior integração da equipe multiprofissional, em benefí-
O atendimento multiprofissional à pessoa com cio do paciente portador de diabetes, com o fim de iden-
diabetes mellitus do Ambulatório do HCFMRP-USP tificar estratégias que o motivem para o autocuidado.
encontra-se em fase de consolidação. Alguns indica- Um bom controle metabólico diminuirá a incidência de
dores tais como: número de pacientes que participam complicações agudas e crônicas, reduzindo também a
do grupo de educação, interesse pelos atendimentos velocidade da progressão das já existentes(13, 14, 15).

FERRAZ AEP; ZANETTI ML; BRANDÃO ECM; ROMEU LC; FOSS MC; PACCOLA GMGF; PAULA FJA; GOUVEIA
LMFB & MONTENEGRO Jr R. Multiprofessional care of patients with diabetes mellitus at the Endocrinology
Outpatient Clinic of the University Hospital of the Ribeirão Preto School of Medicine. (HCFMRP-USP).
Medicina, Ribeirão Preto, 33: 170-175, apr./june 2000.

ABSTRACT: The present study describes the flow of care delivery and activities with patients
carriers of diabetes mellitus by a health multiprofessional team from the Endocrinology Outpatient
Clinic of the University Hospital of the Ribeirão Preto School of Medicine. This program, according
to the proposal of the America’s Declaration about Diabetes, aims at assuring to diabetes carriers
conditions to acquire knowledge and skills regarding self-care.

UNITERMS: Outpatients. Diabetes Mellitus. Patient Care Team.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10 - AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Nutrition recommen-


dations and principles for people with diabetes mellitus.
1 - BURISCH TG & BRADLEY LDA. Coping with chronic Diabetes Care 22: S42-S45, 1999. Suppl 1
disease: research and aplications, Academic Press, New 11 - MULS E. Nutrition recommendations for the person with dia-
York, 1983. betes. Clin Nutr 17: 18-25, 1998. Suppl 2.
2 - FERRAZ AEP. Modos de enfrentar problemas e sua relação 12 - ESTUPIÑÁN FV; ARREOLA F; MARTÍNEZ CG; PEÑA JE;
com o componente emocional e controle metábolico das pes- FIORELLI S; GUTIÉRREZ C; LORENZANA EJ; ISLAS S;
soas portadoras de diabetes mellitus. Tese de Doutorado, Es- LIFSHITZ A; MÉNDES JD; HERNÁNDEZ GP; REVILLA C &
cola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, Ribeirão SCHETTINO BG. Aspectos psicosociales de la diabetes
Preto, p.1-217, 1995. mellitus. Rev Med IMSS 32: 267-270, 1994.
3 - SCARINCI IC; ALMEIDA HGG; HADDAD MCL; TOKUSHIMA 13 - THE DIABETES CONTROL AND COMPLICATION TRIAL
EH & FERREIRA CMA. Atuação da psicologia no atendimen- RESEARCH GROUP. The effect of intensive treatment os
to interdisciplinar ao diabético. Semina 9: 151-156, 1988. diabetes on the development and progression of longterm
4 - NEWBERN VB & COLLIER JAH. Foreword. Holist Nurs Pract complications in insulin-dependet diabetes mellitus. N Engl J
5: 7-8, 1990. Med 329: 977-986, 1993.

5 - HOLMES DM. The person and diabetes in psychosocial 14 - UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP (UKPDS)
context. Diabetes Care 9: 194-296, 1986. Intensive blood-glucose control with sulphonylureas or
insulin compared with conventional treatmente and risk of
6 - ROCHA DM. Problemas do paciente diabético. Rev Bras Med complications in patients with type 2 diabetes (UKPDS33).
45: 205-207, 1988. Lancet 352: 837-853, 1998.
7 - MELLO FILHO J. Curso sobre diabetes mellitus. Aula 6 II- 15 - UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP (UKPDS). Effect
Aspectos psicológicos do diabetes mellitus. Med HUPE-UERJ of intensive blood-glucose control with metformin on
2: 257-622, 1983. complications in overweight patientes with type 2 diabetes
8 - DECLARATION OF THE AMERICAS; INTERNATIONAL DIA- (UKPDS34). Lancet 352: 854-865, 1998.
BETES FEDERATION. Qué es la diabetes? Rev Asoc
Latinoam Diabetes 2:122-124, 1999. Recebido para publicação em 15/01/2000
9 - SILVA MJP; PEREIRA LL & BENKO MA. Educação continua-
da: estratégia para o desenvolvimento do pessoal da enfer- Aprovado para publicação em 03/05/2000
magem, EDUSP, São Paulo, 1989.

175

Vous aimerez peut-être aussi