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DIREITO EMPRESARIAL

PARTE GERAL
Texto I
(De autoria da Professora Wilges Ariana Bruscato
Revisto pelo Professor Giovani Magalhães)

Desde muito cedo, o comércio e, porque não dizer, os mercados


ocuparam lugar importante no desenvolvimento da humanidade. Hoje, o fascínio do
consumismo, torna possível adquirir, praticamente, qualquer coisa, seja bem ou serviço, sem,
ao menos, sair de casa.
Os grandes conglomerados econômicos se fortalecem cada vez
mais. A criatividade humana parece não ter limites. Assim, pessoas físicas ou jurídicas, vêem-
se envolvidas, diariamente, em transações mercantis, de modo direto ou indireto, que
desdobram-se em várias outras relações jurídicas, sucessivas e complementares.
Operações de crédito, defesa de direitos difusos e coletivos do consumidor,
quebra de empresas, celebração de contratos os mais diversos, protestos de títulos, reunião
de grandes empreendimentos, registro de novas tecnologias, controle de práticas econômicas
abusivas, shopping centers, conquista de sonhos pessoais com a facilitação para aquisição
de bens duráveis, consumo de produtos importados, cheques sem fundos, criação de novos
negócios, queda nas bolsas, MERCOSUL, circulação de bens e valores, exploração comercial
de recursos naturais... Familiar? Sim, os atos que envolvem operações mercantis e cambiais
atingem a quase totalidade dos habitantes do planeta.
E tudo avança em velocidade vertiginosa: quando ainda nem
compreendemos bem um fato ou instituto, outro já surge, exigindo nossa atenção!
As tendências mundiais de preservação da empresa se justificam
pelos valores a ela agregados: manutenção de postos de trabalho, recolhimento de tributos,
desenvolvimento de novas tecnologias, eliminação das dificuldades de acesso a bens e
serviços, o progresso que imprime ao lugar onde se instala. Isso tem feito com que a
sociedade avance na adoção de meios que viabilizem a sobrevivência das atividades
empresariais, como forma de evolução social, sem dispensar os cuidados ao meio ambiente.
Certamente, presenciaremos muita mudança.
Como nenhum de nós, no modelo social em que estamos
instalados, está imune ou desvinculado dos efeitos destas atividades, é inegável que o Direito
Comercial (atualmente denominado Direito Empresarial) está mais inserido na vida das
pessoas do que costumamos nos dar conta. Ele pode não ter a classe do Direito Civil, nem o
charme do Direito Penal, mas tem sido através de seus institutos que a humanidade tem
resistido, ao longo dos tempos.
O Direito Comercial passa por um delicado momento de mudanças a ponto de
se defender, inclusive, a alteração do nome da disciplina de Direito Comercial para Direito
Empresarial.
Até o advento do Código Civil de 2002, nossa legislação tratava do comerciante,
porque adotou a teoria francesa dos atos de comércio para caracterizar a atividade por ele
disciplinada. Nesta teoria são considerados os atos isolados do comerciante, definidos pelo
ordenamento legal (Regulamento 737, de 25/11/1850, em princípio).
Com o progresso da sociedade, e no Brasil não se deu de forma diferente, o
leque de atividades desenvolvidas pelo homem em busca de seu sustento, para atender aos
interesses do consumidor, abriu-se tremendamente, propiciando que a legislação fosse
alterada, para acompanhar o direito italiano, adotando-se a teoria da empresa, que desfoca
dos atos de comércio, para fixar-se na empresa, ou seja, no conjunto dos atos organizados e
encadeados, praticados pelo comerciante ou empresário.
A discussão não se limita a definir se o Direito Comercial, agora Direito
Empresarial, continua utilizando a expressão comerciante ou passa a considerar o termo
empresário, com todos os corolários que disso decorrem, mas cresce no debate acerca da
autonomia do Direito Comercial (ou Empresarial) em relação ao Direito Civil, discussão que
volta à baila com a publicação e entrada em vigor do Código Civil de 2002, que tenciona
encampar a matéria, extinguindo o Código Comercial.
O fato é que muitos institutos originários do Direito Comercial se disseminaram
entre os não-comerciantes, o que pode levar a crer que este seria, apenas, um apêndice do
Direito Civil.
Antes do Novo Código Civil, o Direito Comercial possuía autonomia legislativa.
Com a promulgação do novo Código Civil, nos moldes em que está redigido, esta autonomia
desaparece. Porém, a legislação independente é somente um dos critérios para se avaliar a
autonomia de um ramo do Direito. Temos, ainda, o critério didático, ou seja, se a disciplina é
lecionada de maneira autônoma nas faculdades de Direito. Neste quesito, o Direito Comercial
se vê plenamente emancipado.
Todavia, a nosso ver, o critério determinante da autonomia de uma
especialidade do saber, que enseja a autonomia didática, conforme exposta acima, é o fato
de se poder delimitar campo próprio, peculiar daquela área, isolando seu conteúdo de
maneira singular, mesmo que não possua uma legislação independente, uma sistematização
legal exclusiva.
É de se indagar qual é a extensão da matéria examinada pelo Direito Comercial
e se esta matéria possui institutos, princípios e métodos próprios. Este critério obedece ao
rigor científico da fixação de sua autonomia. A resposta é positiva: o Direito Empresarial
possui campo próprio e vasto de estudo, há princípios e institutos que lhe são característicos.
Indo além, é facilmente verificável o grande número de renomados estudiosos e
jurisconsultos que dedicam toda a sua obra especificamente aos temas de Direito
Empresarial, caracterizando sua autonomia doutrinária.
Chegamos, então, à conclusão de que o que há entre o Direito Civil e o
Empresarial é uma perfeita identidade no campo das obrigações. Há características bem
marcantes do Direito Empresarial que o diferenciam do Civil, pois aquele é mais dinâmico,
tem cunho instrumental e menos formal e, como persegue lucro, tem feição onerosa,
regulando atos que atingem a toda a coletividade.
O Direito Empresarial pode ser definido como o ramo do Direito privado que
regula as relações provenientes da atividade particular de produção e circulação de bens e
serviços, exercida com habitualidade e com intuito de lucro, bem como as relações que lhes
sejam conexas e derivadas. O seu âmbito é formado a partir do binômio: atividades
empresárias e mercados.
Este campo do Direito, como não pode deixar de ser, relaciona-se com vários
outros ramos.
Com o próprio Direito Civil, como já apontado, mantém íntimas relações no
campo obrigacional.
Relaciona-se com o Direito Tributário porque a atividade empresarial é a base da
incidência fiscal em nosso país.
O Direito do Trabalho volta-se para a relação de emprego, que ocorre, em larga
escala, na atividade empresarial.
O Direito Penal trata de diversas práticas que configuram crimes, como os da
concorrência desleal, contra as marcas e patentes, os contra a economia popular, sem falar
nos mais corriqueiros, perpetrados através de títulos de crédito, como a falsificação, a fraude
ou o estelionato e nos ilícitos penais falimentares. Necessária, também, a concorrência do
Direito Processual Penal, para a apuração e apenamento das condutas típicas.
O Direito Administrativo, por sua vez, regula a atuação do Estado no mercado,
muitas vezes competindo com a iniciativa privada, e, respaldado no interesse social, exerce a
fiscalização das atividades do particular, prescrevendo normas e órgãos próprios,
especialmente destacados para tal fim, como nos casos de intervenção e liquidação
extrajudicial de empresas.
O Direito Econômico regulando a política econômico-financeira, atinge a vida
empresarial, a exemplo da regulação do poder econômico, com se vê na Constituição
Federal.
Principalmente em nossos dias, nos quais a desconsideração das fronteiras
entre os países, devido à globalização (linguagem dos países de idioma inglês, que acabou
se consagrando por todo o mundo) ou mundialização (expressão utilizada, em especial, pelos
franceses), os princípios do Direito Internacional, quer público, quer privado, acabam tomando
relevância sem par. Historicamente, aliás, o comércio nunca conheceu fronteiras e várias
nações têm se unido para elaborar normas de interesse geral, como a Convenção de
Genebra, por exemplo (1930). A tendência é que as relações entre estes ramos do Direito se
estreitem cada vez mais, para viabilizar e aperfeiçoar os tratos transnacionais de mercados
comuns, como o nosso Mercosul ou o Nafta ou a Comunidade Econômica Européia, já mais
avançada que as demais.
A par de todas estas ligações, há assuntos dentro do próprio Direito Empresarial
que tomam corpo e espaço próprios no cenário jurídico mundial, exigindo uma especialização
cada vez maior. Exemplos disso são o direito societário, o direito consumerista, o direito
marcário, o direito falimentar ou concursal, o direito bancário, o direito concorrencial ou
antitruste, o direito securitário, o direito dos contratos empresariais, o direito marítimo, o direito
cartular ou cambiário, etc.
E, conforme já observado, a multiplicidade de ramificações é limitada
unicamente pela criatividade humana em produzir novos meios de ganhar a vida. Vê-se, por
exemplo, todas as questões empresariais e penais que o campo da informática (softwares) e
o comércio pela internet (e-commerce) fazem surgir.
Não se pode esquecer o importante vínculo com o Direito Processual Civil, que
dá vida judicial aos conflitos oriundos dos empreendimentos rentáveis.
E, como toda lei existe para servir ao homem, à vida em coletividade – mesmo
que este aspecto da normatização esteja um tanto desbotado – outros ramos do
conhecimento, como a sociologia, a história, a filosofia, as novas tecnologias científicas e, de
modo acentuado, a contabilidade e a economia lançam diretrizes ao Direito Empresarial, que
dá sua contribuição para resguardar o interesse coletivo e a paz social.
Dada a presente relação interdisciplinar, mormente pelo fato de que fatos que
ocorrem no seio da sociedade são pinçados pela ciência jurídica que lhes atribui efeitos
jurídicos, e pela ciência econômica, se lhes atribuindo efeitos econômicos, é que cresce, no
Brasil, um movimento de estudos e estudiosos denominado “Law and Economics”, ou “Direito
e Economia”. Este movimento surge na década de 30 e ganha força a partir de meados da
década de 60, tendo como embrião a Universidade de Chicago, daí se expandindo para todo
o mundo. Tal movimento prega, em síntese, uma aproximação entre ambas as mencionadas
ciências, na medida em que ambas buscam estudar comportamentos humanos, de tal sorte
que se faz necessária a busca dos efeitos econômicos das normas jurídicas.
Por tudo o que vimos até aqui é que nos esforçamos em demonstrar ao
acadêmico de Direito as inúmeras possibilidades que o Direito Empresarial pode oferecer aos
profissionais, essencialmente, aos advogados. Isso, sem se mencionar o futuro promissor da
arbitragem, ainda incipiente no país.
Constata-se que é impossível, pela amplitude de assuntos que a disciplina
abrange e por sua constante transformação e evolução, esgotar-se num curso de graduação,
toda a matéria.
Mas, é fundamental que o estudante tenha noções exatas do Direito
Empresarial, que lhe propiciarão um futuro aprofundamento na parte que mais lhe interesse
ou da que o mercado esteja mais carente.
Para tanto, é imperioso que se tenha, como de qualquer aspecto da vida em
sociedade, uma base de conhecimento histórico sobre a evolução da antiga atividade
mercantil para a atual atividade empresarial e sobre os diversos institutos regulados pelo
Direito Empresarial. É esta noção histórica que dará sentido ao que temos hoje.
Depois, é preciso saber o que é um empresário e o que esta figura tem de
especial em relação ao restante das profissões, quais os direitos e deveres que lhe são
peculiares, onde ele exerce sua atividade, qual é o conceito de empresa e de estabelecimento
comercial ou empresarial, os direitos sobre a propriedade industrial, sobre o nome e a marca,
quais os tipos de empresa que são reconhecidas em nossa legislação, o que acontece na
vida do comerciante que exerce o comércio de modo irregular ou de fato, como se dissolve
uma sociedade, quais as responsabilidades dos sócios e dirigentes do negócio, o que é uma
sociedade anônima e como é administrada, o que é um balanço, como se regula a locação
comercial, quais os princípios básicos do direito do consumidor, quais os principais contratos
mercantis, qual a função dos títulos de crédito e dos institutos a eles referentes, como o aval,
o endosso, o aceite, etc., como se operam os negócios em bolsas, o que é uma ação cambial,
o que é falência e como ela se processa, o que é recuperação judicial e qual sua finalidade.

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