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CPAD

C ésar M oisés C arvalhd


I

M a r k e t in g
para a

Escola Dominical
Como atrair, conquistar e manter alunos na Escola Dominica
E sco la Dom inical
REIS BOOK’ S DIGITAL
CÉ5AR M □ i s É5 Carvalho

IV la rk e tin
E sco la Dom inical

Como atrair, conquistar e manter alunos na Escola Dominical

CPAD
Todos os direitos reservados. Copyright © 2005 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

Preparação dos originais: Luciana Alves


Revisão: Gleyce Duque
Projeto gráfico e capa: Eduardo Souza
Editoração: Marlon Soares

CDD: 179.7 - Ética e Respeito pela Vida Humana


ISBN: 85-263-0757-6

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de


1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.

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da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br

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Casa Publicadora das Assembléias de Deus


Caixa Postal 331
20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

31 edição: 2007
Dedicatória

Aos pioneiros da Assembléia de Deus em Goioerê,


cuja trajetória e vida serviram-me de inspiração
para o primeiro tratado escrito.
A minha tia-avó Alzira, "Tia Querida" (em memória),
aos meus pais e as preciosas jóias que Deus colocou
como bênçãos em minha vida — Regiane e Céfora,
minha esposa e minha filha.
Agradecimentos

A Deus, fonte de toda a sabedoria.


Ao Senhor Jesus Cristo, que me aceitou como seu servo.
Ao Espírito Santo de Deus, pela inspiração.
Ao pastor Antonio Gilberto, autor do clássico Manual da Es­
cola Dominical, pelas observações e incentivo.
Ao pastor Wagner Gaby, pelo auxílio e apresentação.
Ao líder da Assembléia de Deus em Goioerê, onde congrego,
pastor Pedro de Santana.
Ao irmão Manoel Ulbano e a toda sua família, pela ajuda e
carinho.
A jornalista Andréia Di Mare, ex-editora da revista Ensinador
Cristão, por ter sido usada por Deus ao dar-me a oportunidade
de publicar meu primeiro artigo na antiga revista Pentecostes, em
outubro de 1999.
As centenas de pastores, superintendentes, professores, se­
cretários e alunos da Escola Dominical, que nos tem confiado a
participação em diversos eventos de Educação Cristã, onde fui
ministrar através do projeto SEED (Seminário de Escola Domini­
cal) e implantar o método de crescimento usado na Escola Domi­
nical em Goioerê. Foram exatamente esses trabalhos em outras
M a rk e tin g p a ra a Escala D o m in ica l

localidades que ensejou a produção do livro Marketing para a Es­


cola Dominical.
A Escola Dominical da Assembléia de Deus em Goioerê têm
sido o "laboratório" das experiências que foi a causa embrioná­
ria de todo esse projeto e onde, até então, tenho trabalhado.
Enfim, a todos que de uma forma ou d e outra contribuíram
para que essa obra fosse realizada, os meus sinceros agradeci­
mentos e efusivo desejo de que as mais ricas bênçãos de Deus
estejam com todos e com suas famílias.

8
Apresentação

Ao ser distinguido pelo presbítero César Moisés Carvalho


para fazer sua apresentação em seu livro Marketing para a Escola
Dominical, senti-me deveras honrado, apesar de estar consciente
de que outra pessoa poderia fazê-la com mais propriedade.
Sua conversão ao evangelho ocorreu ainda em sua adoles­
cência, tendo experimentado o batismo com Espírito Santo, no
dia seguinte de seu encontro com Cristo! Foi batizado nas águas,
quatro meses após o seu "novo nascimento".
O autor, casado com Regiane Ulbano do Nascimento Carva­
lho, neta do cooperador Manoel Ulbano, um dos pioneiros da
Assembléia de Deus na cidade de Goioerê, Estado do Paraná, foi
despertado para o ministério da literatura, após ter ouvido por
diversas vezes a história acerca do pioneirismo missionário leva­
do a efeito na região noroeste do Paraná.
Profundo admirador do saudoso escritor Emílio Conde, da
Casa Publicadora das Assembléias de Deus, foi inspirado a es­
crever três livros históricos sobre igrejas, um de biografia, além
de diversos artigos para revistas e jornais evangélicos.
Sua aptidão de escritor é nata. E, sem dúvida, uma bênção de
Deus para todos nós.
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Durante sua permanência em Curitiba, prestou um excelen­


te trabalho à igreja, ocasião em que atuou como superintendente
da Escola Dominical, no Setor 16, bairro Santo Antônio. Sua pas­
sagem pela UMADC (União de Mocidade da Assembléia de Deus
em Curitiba) redundou na reformulação e modernização da pá­
gina da UMADC, no jornal Voz da Assembléia de Deus.
O autor é acadêmico de Pedagogia da Universidade Estadu­
al do Paraná, tendo iniciado seus estudos universitários na FACEL
(Faculdade de Administração, Ciências e Letras), da Convenção
das Igrejas Evangélicas Assembléia de Deus no Estado do Paraná.
Devido à sua larga experiência na Escola Dominical, o autor
está credenciado a abordar o assunto e, certamente, prestará uma
significativa contribuição ao acervo da educação cristã, enrique­
cendo mais ainda os educadores e estudantes cristãos.
Sinto-me deveras agradecido a Deus pela vida deste jovem e
promissor escritor, pois seu compromisso com a excelência e de­
dicação ao ensino da Palavra de Deus, consignados nesta obra,
constitui-se um oportuno instrumento de qualificação para aque­
les que labutam na messe do Senhor, no ministério de ensino.

Curitiba, PR, 26 de janeiro de 2002.

P asto r W agner Tadeu dos S an tos G aby


S u p erin ten d en te d e E n sin o B íb lico
A ssem b léia d e D eu s em C u ritib a

10
Prefácio

Pela grande fidalguia e consideração do autor desta obra, o


escritor César Moisés Carvalho, fui por ele convidado a prefaciar
o livro que o leitor tem em mão em muito boa hora.
Apesar do meu volumoso e diversificado labor na causa san­
ta do Senhor, com prazer aquiesci à solicitação desse denodado
obreiro e prolífico escritor, mas consciente estou de que outro
dentre os muitos novos valores na área da educação cristã que o
Senhor tem levantado em nosso meio nestes dias, e com desta­
que na Escola Dominical, poderia apresentar um outro prefácio
melhor elaborado; melhor entretecido.
Com detença e esmero examinei o original da obra. Ela tem
vulto, peso, preço e mérito. O assunto central que perpassa todo
o livro é a educação cristã do crente; o seu discipulado, no senti­
do deste mesmo crente aprender diuturnamente as coisas do Se­
nhor através da igreja local, sendo esta, por sua vez, abençoada
pelos frutos obtido desse seu trabalho, que é da sua responsabili­
dade, conforme o tão claro e urgente mandado do Senhor.
O autor deixa bem claro que não basta o obreiro da Escola
Dominical e sua igreja serem cheios do Espírito Santo, e também
preparados e experientes para ensinar a Palavra de Deus ao povo;
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

é preciso que saibam como atrair, convencer, cativar, conquistar


e manter na Escola Dominical cada aluno à medida que este muda
de faixa etária, mas também quando muda a sua condição como
indivíduo, como ser humano, seja qual for essa condição ou
situação.
Na sua prim eira parte, o livro traz à tona a realidade
inconteste das necessidades humanas do presente contexto soci­
al, espelhando-se o autor nos avanços em todos os campos dos
empreendimentos seculares e humanos, bem como as mutações
sociais disso decorrente, mas que em nada satisfaz realmente as
carências íntimas do ser humano como expõe tão claro o sábio de
Eclesiastes.
Na segunda parte do livro, o autor demonstra através de vári­
os recursos que qualquer mudança, por ser algo desafiante, só ocor­
rerá como tal na sociedade se for precedida e também permeada
de dinâmica. Esta deve ser adequada à mudança que se tem em
mira, do contrário o seu efeito será frustrante e mesmo nulo.
Pelo fato de o autor citar autores não-cristãos, não significa
que ele os está abonando em suas teorias, arrazoados e conceitos
contradizentes e chocantes em assuntos de religião, fé e da Igreja
como instituição. A Parte Três do livro deixa isso bem claro.
Por fim, o autor nesta última parte trata diretamente da Es­
cola Dominical, espelhando-se nas lições da vida diária como
exposta nas duas primeiras partes.
Certo estamos de que a longa vivência do autor, presbítero
César Moisés Carvalho, no campo da Escola Dominical, aliada à
sua lavra de artigos regularmente publicados nos periódicos da
CPAD asseguram a este livro um permanente interesse do públi­
co e de igual forma a sua procura por todos os que lidam com a
educação cristã, máxime a Escola Dominical.

P asto r A n ton io G ilb erto

12
BumáriG

D edicatória 5

Agradecim entos 7

Apresentação 9

Prefácio 11

Introdução 15

Parte Um: N ecessidades H um anas 23


1. A M ultiplicidade das Carências na Pós-m odernidade 25
2. A Evolução Científica (Tecnológica e Biológica) e as Necessidades 33

3. N ecessidades G lobais (Fisiológicas e Psicológicas) 39

4. Classificação (por Faixa Etária) das N ecessidades Adquiridas 53

5. O Processo Satisfacional 65
6. A Im portância da Educação C ristã no Processo Satisfacional 73

C onclusão 83

Parte Dois: A D inâm ica das M udanças 87


1. A "C riação " do Tempo 89
2. Evolução — Eixo C entral do Tempo e das M udanças 95

3. A N ecessidade das M udanças — um M al N ecessário 105


4. As M udanças D esafiam a Escola D om inical no Novo M ilênio 117

Conclusão 133
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

Parte Três: O M arketing com o Ferram enta de Ação


da Escola D ominical 1 3 5
1. U m a Introdução ao M arketing 1 3 7
2. A Filosofia do M arketing para a Escola D om inical 1 4 9
3. Estruturando a Equipe do M arketing para a Escola D om inical 1 8 3
4. Im plem entando o M arketing para a Escola D om inical 2 3 5
5. O Quarto " P " do M arketing para a Escola D om inical 2 5 5
6. Usando a N ecessidade e o Processo Satisfacional como Form as
de Atrair, Conquistar e M anter A lunos na Escola D om inical 2 7 7
C onclusão 2 9 9

Epílogo 3 0 3
A pêndice 3 0 5
Notas 3 0 9
Bibliografia 3 1 5

14
Introdução

Eu Estava na biblioteca da universidade folheando algumas


revistas, quando me deparei com o seguinte anúncio: "Novas Es­
tratégias para novos Desafios, Marketing Educacional", e na se­
qüência: "I Congresso Brasileiro de Marketing e Comunicação
para Instituições de Ensino, o maior Encontro de Profissionais de
Marketing para Instituições de Ensino da América Latina - 12 a
14 de junho de 2003, São Paulo, Brasil".5''
Tal foi a minha surpresa, ao ler ainda o seguinte: "Participa­
ção especial, Karen A. Fox (EUA), co-autora com Philip Kotier do
livro Marketing Estratégico para Instituições Educacionais", e ao lado
a silhueta do referido livro.
Philip Kotier é considerado uma das maiores autoridades do
mundo em marketing e foi um dos teóricos mais consultados em
minha pesquisa bibliográfica para escrever a terceira parte dessa
obra. Não obstante, não tinha conhecimento do referido livro de
Kotier dentro da área específica, que é o Marketing Educacional.
De pronto, solicitei à Editora Atlas um exemplar desta obra, e
pude comprovar que o livro que o leitor tem em mãos representa
a mesma linha de pensamento da teoria dos autores norte-ameri­
canos que escreveram sua obra em 1984 (entretanto, a edição bra­
sileira do livro só foi publicada em 1994).
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Apesar de já ter se passado quase uma década depois de o livro


Marketing Estratégico para Instituições Educacionais ser lançado no Bra­
sil, parece que o assunto está em voga bem no momento em que trago
uma proposta de utilização "consciente" das idéias do marketing para
ser utilizado como ferramenta de crescimento da Escola Dominical.'1'*
A matéria de capa da revista Ensino Superior, de onde extraí o
anúncio acima transcrito, traz o seguinte título: "A educação como
negócio; EUA querem incluir ensino nas leis de comércio da OMC",
(isso é um absurdo!!!)
Quando presenciei a discussão, não pude esconder que me
vi absorto imaginando o quanto o Senhor é bondoso para conosco,
pois não tinha nenhum conhecimento do assunto, mas senti o
desejo de contribuir com a maior força voluntária do mundo que
são os 4,1 milhões de professores de Escola Dominical.
Um outro fato que me surpreendeu foi encontrar em uma de
minhas pesquisas uma manchete do Mensageiro da Paz, ano de 1996,
que anunciava um evento ocorrido nos dias 5 a 7 de junho daquele
ano, quando a CPAD promoveu o I oEncontro Nacional de Superin­
tendentes de Escola Dominical, que foi realizado no Hotel Glória,
Rio de Janeiro. O evento quebrou paradigmas e discutiu caminhos
para tomar a Escola Dominical mais dinâmica e eficaz. Entre as pa­
lestras ministradas naquele conclave, uma delas chamou a atenção
dos participantes e foi ministrada pelo irmão José Domingues, en­
tão superintendente da Escola Dominical da AD em Curitiba, PR; o
tema abordado foi: O Marketing da Escola Dominical na Igreja. No
mesmo ano, um mês após o encontro, o Mensageiro da Paz publica
uma matéria intitulada: "CPAD: papel relevante na mobilização na­
cional"; relatava que o encontro foi decisivo para a Escola Dominical
brasileira, e como forma de conhecer as necessidades dos superin­
tendentes foi oportunizado aos participantes a apresentação de su­
gestões à Casa Publicadora para que ela viesse a atender a essas ne­
cessidades. Da referida matéria extraímos o seguinte comentário:
Os participantes não pouparam palavras de apoio ao grande inves­
tim ento que a CPAD está fazendo na Escola D om inical no período
do Biênio (Esse foi um grande divisor de águas). No entanto, apre­
sentaram outras sugestões à editora. A lista incluiu pedidos de p u ­

1B
In tro d u ç ã o

blicação de m aterial para a intensificação da propaganda sobre a


E sco la D om in ical, reativação do C EI (C urso de E v an gelização
Infanto-Juvenil) para atender aos professores dessas faixas etárias,
publicação de um m anual orientando os superintendentes sobre
com o fazer m arketing da EBD (...).***

Por isso, querido companheiro, amante da educação cristã,


aqui está o fruto de pesquisas de campo, algo comprovadamente
experimentado e que com certeza lhe dará uma nova visão acer­
ca da atração, conquista e manutenção de alunos potenciais, que a
sua igreja e cidade possuem.
O objetivo dessa obra não é encerrar o assunto, mas acender
a centelha de esperança dos amados companheiros da educação
cristã, auxiliá-los na crença de que o principal departamento da
igreja continua sendo a Escola Dominical.
No entanto, ainda desejo expor algumas especificidades à que
objetiva essa obra. Entre outras coisas é palavra de ordem do livro
equipar os superintendentes, secretários e professores da Escola
Dominical de um instrumento poderoso, que na atualidade não
podemos dele prescindir. Trata-se do marketing. Devido à vastidão
do território nacional, sua heterogeneidade étnica e disparidade na
escolarização dos amados que trabalham no maior educandário do
mundo, dado a dimensão do assunto, bem como sua complexida­
de, não escrevemos um tratado sobre marketing como outro qual­
quer que podemos encontrar na área de administração. Marketing
para a Escola Dominical é um sistema de trabalho que envolve toda a
equipe da Escola Dominical, tornando o trabalho dessa mais exce­
lente e mais dirigido à "clientela" discente. Visto que a maior defici­
ência da Escola Dominical é a falta dos alunos, a obra se reveste de
particular importância para os membros da diretoria de qualquer
Escola Dominical. A realidade de que 70% dos membros das igrejas
não freqüentam a ESCOLA DOMINICAL soa como um dado
preocupante para qualquer líder, pois o secularismo pós-moderno
que grassa os últimos dias tem abarcado muitos cristãos, que por
falta de conhecimento bíblico deixam suas igrejas e enveredam-se
pelo caminho das seitas. Por outro lado, como atrair os membros da
igreja para a Escola Dominical, já que o estresse do dia-a-dia, as pro-

17
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

gramações televisivas, a Internet e tantas outras coisas oferece aos


irmãos a "tentação" de ficar em casa nas manhãs de domingo? É
exatamente esse aparato que a obra traz; os meios db atração, con­
quista e manutenção dos alunos através dos recursos do marketing.
.✓* A abordagem do assunto foi feita de forma paulatina, e ape­
sar do querido pastor Antonio Gilberto ter dito algo sobre isso no
prefácio, penso ser interessante uma descrição mais minuciosa
da forma que foi organizada as idéias dessa obra, até mesmo para
facilitar o seu uso pelos obreiros da Escola Dominical:

Parte Um : N ecessidades H um anas

Esta primeira parte dota o estudioso da Escola Dominical do


conhecim ento n ecessário para form u lar um trabalho de
marketing, pois toda projeção do mesmo é formulada sobre uma
ou mais necessidades.
1. A multiplicidade das carências na pós-modernidade
Mostra a crescente onda de carência que cerca o homem do
século XXI.
2. A evolução científica (Tecnológica e Biológica) e as ne­
cessidades
Traz a realidade da evolução científica e sua repercussão no
campo social.
3. Necessidades globais (Fisiológicas e Psicológicas)
Analisa as necessidades do homem em sua totalidade, isto é,
nos aspectos fisiológico e psicológico.
4. Classificação (por faixa etária) das necessidades adquiridas
Demonstra de maneira extensa as principais necessidades psico­
lógicas do ser humano, partindo dos dois anos de idade em diante.
5. O processo satisfacional
Este capítulo descreve como ocorre a satisfação das necessi­
dades em suas variadas formas.
6. A importância da educação cristã no processo satisfacional
Depois de demonstrar o binômio necessidade/satisfação, esse
capítulo mostra a relevância da educação cristã dentro do
arrefecimento das principais carências do ser humano.

1B
In tro d u ç ã o

7. Conclusão
A conclusão é bem sucinta e prática para a utilização do obrei­
ro da Escola Dominical.

Parte Dois: A D inâm ica das M udanças

A parte dois da obra visa, entre outras coisas, conscientizar


os obreiros da Escola Dominical da im portância de usar o
marketing na Escola Dominical, trazendo o exemplo histórico
do uso do mesmo por Robert Raikes (fundador da Escola Do­
minical).
1. A "criação" do tempo
Demonstra a importância da utilização do tempo como re­
curso favorável ao marketing para a Escola Dominical.
2. Evolução. Eixo central do tempo e das mudanças
Auxilia o entendimento do obreiro da Escola Dominical, da
necessidade que tem a mesma de acompanhar as mudanças.—
3. A necessidade das mudanças, um mal necessário
Esclarece que as mudanças são inevitáveis, sendo, portanto,
melhor utilizá-las em favor da Escola Dominical.
4. As mudanças desafiam a Escola Dominical no novo milênio
Mostra mudanças na área educacional, o que conseqüentemen­
te afeta a Escola Dominical, pois os alunos são mais exigentes quanto
à qualidade não só da aula, mas também ao atendimento e demais
"serviços" prestados pelos obreiros da Escola Dominical.
5. Conclusão
Depois de ler as duas primeiras partes, o estudioso da Escola
Dominical está pronto a entender o método de trabalho do
Marketing para a Escola Dominical, e, mais importante, "aceitá-lo"
como algo imprescindível ao educandário.

Parte Três: O M arketing com o Ferram enta


de A ção da Escola D om inical

Trata especificamente do assunto e habilita a equipe da Esco­


la Dominical a utilizar todo o potencial que ela possui.

13
M a rk e tin g pa ra a Escola Dom inical

1. Uma introdução ao marketing


O primeiro capítulo dessa parte dá uma visão panorâmica
do marketing usado em sua essência, ou seja, sem a adaptação
do mesmo a Escola Dominical, mostra toda a sua complexidade
e aplicação normal.
2. A filosofia do marketing para a Escola Dominical
Este capítulo mostra claramente qu e Marketing para Escola Do­
minical não possui nenhuma correlação com mercantilismo e coi­
sas afins, mas demonstra que até mesmo os personagens da Bí­
blia usaram vários recursos na execução da missão que lhes foi
imposta.
3. Estruturando a equipe do marketing para a Escola Dominical
Auxilia na formação da equipe da Escola Dominical e na
reformulação da que já existe ao novo modelo, isto é, adequando
cada função ao respectivo cargo correspondente da equipe do
marketing empresarial.
4. Implementando o marketing para a Escola Dominical
Apresenta como planejar o marketing e posteriormente
implementá-lo na execução diária do trabalho da Grande Comis­
são na Escola Dominical.
5. O quarto P do marketing para a Escola Dominical
Mostra como utilizar os recursos propagandísticos, inclusi­
ve como fazer a divulgação da EBD com as formas modernas de
publicidade.
6. Usando a necessidade e o processo satisfacional como for­
mas de atrair, conquistar e manter alunos na Escola Dominical
Este último capítulo ensina como transformar os principais
elementos do marketing em oportunidades de atrair, conquistar
e manter alunos na Escola Dominical.
7. Conclusão
Reitera uma das questões principais do marketing, a qual é
exceder as expectativas do cliente; mostra inclusive um exemplo
bíblico para encerrar essa questão.
O livro possui tabelas e gráficos em praticamente todos os
capítulos — esse recurso enriquece ainda mais o entendimento
do sistema do Marketing para a Escola Dominical.

20
In tro d u ç ã o

Há no final um apêndice para que o leitor possa se aprofundar


acerca de um assunto que não poderíamos desenvolver no "cor­
po" do texto, entretanto, merece um tratamento especial para que
o mesmo não fique "mal-entendido"; trata-se da educação.

Em Cristo,

E van gelista C ésa r M o isés C arv alh o


In v ern o de 2003

* Revista Ensino Superior, Editora Segmento, março de 2003, ano 5, n° 54, p. 39.

** A notoriedade da EBD é claramente demonstrada, um claro exemplo disso é o fato de


que no próprio livro secular a que me refiro, os autores fazem menção da EBD em três
momentos, o leitor pode conferir nas páginas 73, 117 e 260, da referida obra.

***Mensageiro da Paz. CPAD, julho/1996. Ano LXVI, n° 1312, p. 6.

21
Parte Um

N ecessid a d es Hum anas

O inferno e a perdição nunca se fartam, e os olhos do


homem nunca se satisfazem.
Provérbios 27.20
O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem
ficará satisfeito, e não o visitará mal nenhum.
Provérbios 19.23
Salom ão
Capítulo 1

A Multiplicidade das Carências


na Pás-modernidade

A fusão dos períodos histórico moderno e con­


temporâneo deu origem ao mundo que os sociólo­
gos denominam pós-moderno, e as transformações e
mudanças desse mundo hodierno são as grandes
alavancas do desenvolvimento experimentado neste
terceiro milênio. Entretanto, a demanda de criação
de "instrumentos" para satisfazer as necessidades
geradas por este avanço que experimentamos é um
fator bem menos planejado, e que, sem dúvida, tem
trazido sérios prejuízos à humanidade.
As necessidades se multiplicam a cada instan­
te, e talvez, quando este livro chegar a suas mãos,
os conceitos aqui apresentados como "elementos
satisfatórios" (do ponto de vista humano!) estejam
defasados. No momento em que escrevo, por exem­
plo, o mundo está testemunhando o mais ousado
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

ataque terrorista da história, aquele que reduziu a pó as torres


gêmeas em Nova Iorque e acordou a humanidade para o período
sombrio em que estamos.
As problemáticas mundiais vieram à tona de um modo bas­
tante contundente, provando uma vez mais que a tecnologia pode
ter avançado, a ciência de forma geral também, mas o ser huma­
no continua o mesmo ser carente. Ou seja, a cada dia cresce no
mundo inteiro a miséria, os conflitos religiosos, a degradação do
meio ambiente, o totalitarismo político, a corrupção, o terroris­
mo (até biológico!) e as armas de destruição em massa.
Nesse caso, a idéia de otimização dos recursos humanos, do
trabalho em conjunto (equipe) e do aproveitamento intelectual,
conforme Colossenses 1.9,10, viabilizará a tão sonhada melhoria
na qualidade de vida.
Nós, cristãos, conhecemos a única opção para solucionar os
problemas da humanidade em suas esferas distintas (material e
espiritual). O que nos falta então?
Atualização e\ou contextualização dos nossos métodos de
disseminar a Palavra de Deus, unida a uma melhor e mais
abrangente divulgação dos nossos "serviços", que podem satis­
fatoriamente sanar as necessidades mais conflitantes do ser hu­
mano, a saber: carências espirituais.
Quando falamos em modernizar e rever nossa metodologia
de trabalho, não estamos sugerindo mundanização ou adequa­
ção ao status quo do sistema pecaminoso em vigência no mundo,
mas simplesmente a atualização dos nossos canais, sem alterar­
mos os fundamentos da inerrante Bíblia Sagrada e sua mensa­
gem de salvação.
Como membros da Grande Comissão constituída por Jesus Cris­
to em Mateus 28.19,20 e Marcos 16.15-18, temos a obrigação de ensi­
narmos. No sentido dos textos supracitados, todos os cristãos são
ensinadores ou professores. Contudo, atualmente uma das carênci­
as de nossas escolas dominicais são os alunos, ou seja, a falta deles.
Com muita propriedade escreveu o ilustre pastor Antonio
Gilberto, em seu Manual da Escola Dominical: "Podemos aprender
sem professor, mas não podemos ensinar sem aluno". Ou ainda

EG
A M ultiplicidade d a s C arências na P ó s -m o d e rn id ad e

como escreveu o educador Paulo Freire, em sua obra Pedagogia


da Autonomia: "Não há docência sem discência".
Se a ausência de nossos membros na Escola Dominical fosse
em virtude dos 70% (estimativa comprovada em pesquisas que
fazemos em ministrações de seminários para a Escola Domini­
cal) que não a freqüentam serem autodidatas, até que não estarí­
amos preocupados, porém, infelizmente essa não é a realidade.

"A vanços" tecnológicos

Os principais setores de atividade mundial mudaram da "noi­


te para o dia" e deram uma guinada de cento e noventa graus na
vida das pessoas. Os avanços foram progressivos para alguns,
mas extremamente regressivos para a maioria esmagadora. A re­
volução digital está lançando chips que tornarão possível a cons­
trução de casas inteligentes, a fabricação de carros inteligentes e
até a confecção de roupas inteligentes. Estamos no alvorecer de
um tempo em que robôs inteligentes farão parte de nosso traba­
lho. Alguns poderão até viajar em espaçonaves, ou morar nelas.
^ O minúsculo dispositivo denominado chip ou microship foi
proporcionado através da engenharia eletrônica e possui capaci­
dade de armazenar um banco de dados completo sobre nós:
Um histórico geral da nossa vida profissional, nosso boletim ju d ici­
al, problem as de saúde, todos os nossos dados. Ele em ite tam bém ,
em intervalos regulares, um sinal análogo criado em form a num éri­
ca. U tilizado como um refletor, este sinal envia inform ações essenci­
ais servindo, eventualm ente, para localizar o seu portador.
O m icroship fará tudo pelos hom ens. Para transferência autom ática
de dinheiro, será suficiente passar a mão sobre o scanner do super­
m ercado ou de uma loja, pois todo o com ércio, assim com o o usuá­
rio, estará ligado ao com putador central, e através da conta pessoal
será deduzida a quantia correspondente, autom aticam ente.
No futuro, a identificação do local onde uma pessoa está será sim ul­
tânea à necessidade das autoridades em encontrá-la. Será o fim dos
seqüestros e de outras crim inalidades.
Convém salientar que este organism o de controle opera com códi­
gos de barras, que de forma curiosa possuem com o senha de acesso
ao sistem a o núm ero 6 6 6 . Tal tecnologia já existia antes de 11 de

Z7
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

setem bro, porém a fabricação em escala industrial será ativada em


razão do aum ento de atentados pelo m undo .1

Essa é a visão moderna de um futuro não muito distante da


nossa realidade brasileira. A convergência das tecnologias da in­
formação e telecomunicações está mudando toda a produção, ou
melhor, o setor de produção da indústria. O avanço tecnológico
desse setor substituiu a mão-de-obra humana, provocando uma
"simples" causa (desemprego), que suscitou diversos efeitos (mi­
séria, fome, depressão, roubo, seqüestro, tráfico, etc), os quais
decisivamente têm prejudicado a humanidade em seus aspectos
psicológico, físico, social, moral e espiritual.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geogra­
fia e Estatística, IBGE, informou que no Japão os 20% mais ricos
têm renda 4,3 vezes maior que os 20% mais pobres. No Brasil, a
diferença é de 26,1 vezes. Esse é o tamanho da desigualdade soci­
al brasileira.
Ainda segundo o IBGE, conseguir viver com luz elétrica, água
encanada e escola para os filhos nas imediações de casa são ele­
mentos que traduzem ascensão social para milhões de brasilei­
ros. Imagine que essas necessidades, hoje em dia, são básicas ou
o mínimo para sobrevivermos.
O não suprimento das necessidades fisiológicas, provocado
pelo desemprego, é a causa embrionária da insatisfação de vári­
as outras necessidades psicológicas, culminando com os infortú­
nios sociais ocorridos na sociedade por pessoas sem Deus e sem
esperança de vida melhor.

Elem entos Satisfatórios

Diversas pesquisas apontam para o conhecimento, a infor­


mação e a cultura como sendo as únicas armas capazes de debe­
larem toda essa problemática. Aqui está a figura da escola como
promotora de educação, pois como se constata, a falta de educa­
ção é a principal causa do desemprego e conseqüentemente de
toda violência que grassa no país brasileiro. O único problema é
que a nossa educação, infelizmente, ainda é reprodução, repas-
A M ultiplicidade d a s C arências na P o s -m o d e rn id ad e

se e transferência de conhecimento, ou seja, está situada apenas


no campo cognitivo e se restringe ao caráter tecnicista do ser
humano.
Não pense o leito r que estou fazendo um d iscurso
antieducação, pelo contrário, penso que a educação contempla o
aspecto epistemológico do ser humano e isso é bastante necessá­
rio; porém, a sociedade pós-moderna necessita ainda mais de uma
educação que dê conta do seu aspecto axiológico, isto é, que a
transporte para o nível mínimo de eticidade requerida entre nós
seres pensantes.
Entre as pesquisas mencionadas, uma das grandes "frentes"
que podem equacionar as problemáticas pós-modernas (dentre
as quais uma das maiores é a imoralidade crônica) é a igreja, e
mais especificamente os princípios religiosos (as pesquisas apon­
tam coisas como não roubar, não mentir, etc), especialmente os
do cristianismo, que, diga-se de passagem, contêm valores éti­
cos universalmente aceitos, como por exemplo, o Decálogo (Ex
20.1-17).
Só para ilustrar o que digo, reproduzo o resultado do mais
amplo estudo já efetuado sobre assuntos relacionados à qualida­
de de vida, e que comprova os benefícios físicos que advêm da
prática religiosa:
Pesquisadores da U niversidade da Califórnia em Berkeley (EUA)
acom panharam 6.545 pessoas durante 31 anos. O resultado do le­
vantam ento indica que as pessoas que não freqüentam regularm en­
te igrejas apresentam maiores riscos de m orrer por problem as di­
gestivos (99%), respiratórios ( 6 6 %) e circulatórios (21 % ) . 2

É fato, que sabemos da grandeza e dos incontáveis benefíci­


os que se tem ao servir a Deus, e que, dificilmente encontraremos
nas penitenciárias desse Brasil cristãos evangélicos encarcerados
por cometerem delitos. No entanto, precisamos tornar mais pú­
blico esse fato (e é também a isso que se destina esse livro).
Ante esse contexto, afirmamos que somente a educação cris­
tã aglutinada à educação laica, isto é, a axiologia da primeira de
mãos dadas a epistemologia da segunda, podem erradicar a alie­

29
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

nação (principalmente espiritual) dos seres humanos e como re­


sultado tornar real a qualidade de vida.
O conhecimento científico do Ministério da Saúde repassado
através da televisão em propagandas de cigarros ("O Ministério
da Saúde adverte: Fumar causa câncer no pulmão") precisa dos
valores explicitados pela educação ética e universal cognominada
de educação cristã, mas esta, de modo diferente dos jingles do
Ministério da Saúde, encontra-se confinada unicamente em sua
principal agência, a Escola Dominical, e não saiu ainda das "qua­
tro paredes" dos nossos templos.
A verdade científica do Ministério da Saúde é a mais pura
que se possa imaginar. Entretanto, a cada ano mais e mais pes­
soas morrem vítimas dos malefícios causados pelo tabagismo.
Por isso, repito, a educação epistemológica sozinha nada pode
fazer para mudar esse triste quadro; ela precisa da força motriz
existente na educação axiológica, que estabelece lim ites
valorativos aos seres humanos e afirma que o homem não foi
criado para fumar e se autodestruir, mas para viver abundante­
mente (Jo 10.10) e servir da melhor maneira possível ao seu Cri­
ador. Esse é o dever de todo homem (Ec 12.13). Doutor Bruce
Wilkinson declara em seu clássico As 7 Leis do Aprendizado: "Exis­
te uma diferença quilométrica entre ensinar fatos e ensinar mu­
dança de vida com base em fatos. Conhecer as histórias não muda
a vida de ninguém. Basta ir a uma faculdade secular, assistir a
uma aula de 'Bíblia como Literatura', e ver com seus próprios
olhos".*
Verifique o discurso do apóstolo dos gentios no Areópago,
em Atenas, na Grécia:
Ele não é servido por mãos de hom ens, com o se necessitasse de algo,
porque ele m esm o dá a todos a vida, o fôlego e as dem ais coisas. De
um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, ten­
do determ inado os tem pos anteriorm ente estabelecidos e os lugares
exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os hom ens
o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, em bora não
esteja longe de cada um de nós. 'Pois nele vivem os, nos m ovem os e
existim os', com o disseram alguns dos poetas de vocês: T am bém
som os descendência dele' (At 17.25-28 - NVI).

30
A M ultiplicidade d a s C arências n a P o s rm a d e m id ad e

O propósito de Deus para a hum anidade é que conheçam os, ame­


mos e sirvam os a Ele. Deus nos criou "com a capacidade de conhecê-
lo. Essa é a característica distintiva fundam ental (...) que toda a hu­
m anidade tem em com um " . 3

* Extraído do clássico As 7 Leis do Aprendizado, de Dr. Bruce Wilkinson. Editora Betânia


(Cuja leitura recomendo).

31
Capítula 2

A Evolução Científica
[Tecnológica e Biológica]
e as Necessidades

O sécu lo passad o foi consid erad o o da


tecnologia; no seu período, foram inventados ou
aperfeiçoados diversos aparelhos e mecanismos que
facilitaram o dia-a-dia da humanidade. O século
XXI foi "consagrado" como o da Biologia, conquis­
tado pelo clone de animais, desenvolvimento do
Projeto Genoma e do chamado Ato de Clonagem
Humana Reprodutiva 2001, e de tantas outras fa­
çanhas que a Genética realizou já neste início do
terceiro milênio.
Inconscientemente, milhares e milhares de pes­
soas estão sofrendo os "efeitos colaterais" da evo­
lução científica, sem terem 0,01% de chance de so­
breviver, de modo satisfatório, nem ao menos com
o básico, neste mundo globalizado.
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

Tecnologia, "su b stitu ição" da raça pela m áquina

Que somos seres sociáveis não temos dúvida, mas o desejo


de socialização é um projeto de Deus que talvez não seja tão co­
nhecido. Essa premissa está inferida em Gênesis 1.27,28, quando
no relato da criação Deus disse ao casal progenitor que crescesse
e se multiplicasse.
A transparência da vontade soberana de Deus pode ser ain­
da melhor exemplificada se analisarmos Gênesis 2.18, quando o
Senhor disse: "Não é bom que o homem esteja só..." Todavia, a
Bíblia diz que Deus passeava pelo jardim na viração do dia (Gn
3.8), portanto, imaginamos que Adão o avistava. Como podemos
explicar o fato de o próprio Criador afirmar que Adão estava so­
zinho? Você quer companhia melhor que Deus?
O homem é um ser gregário, e é claro que evidentemente
precisa se comunicar, ou seja, é uma necessidade (ver Figura 1 -
O bserve ainda que os prazeres m ais elevados vêm do
compartilhamento, da comunicação). Não estamos falando da
comunicação no sentido estrito do ato, pois assim seria impossí­
vel vivermos. Mas falamos da comunicação afetiva que deve
transparecer no calor humano do relacionamento conjugal, dos
pais com os filhos, dos professores com os alunos, dos patrões
com os funcionários, dos líderes religiosos com seus membros,
etc. É preciso entender que grande parte das nossas necessidades
é satisfeita no contexto dessas interações sociais.
O rádio foi a primeira inovação que substituiu as reuniões
familiares por "reuniões" de audiência coletiva, onde as pessoas
se congregavam na residência de amigos ou vizinhos para ouvir
as programações.
Mais tarde surgiu o aparelho televisor, e de um modo muito
sutil tem roubado essa característica imprescindível do ser hu­
mano. Diversas pesquisas foram realizadas nos campos biológi­
co, sociológico, com portam ental, etc. Todas constataram
malefícios que vão, desde as radiações eletromagnéticas do apa­
relho, até a separação das pessoas de se relacionarem, e o que é
pior, a depressão que causa em muitos, pelo fato da veiculação

34
A E volução C ientífica [Tecnológica e Biológica] e a s N e c e s sid a d e s

de más notícias, o que contribui para proliferação do desespero e


da falta de diálogo entre as pessoas.
Tudo isso, sem falarmos nos filmes de violência e pornogra­
fia, nos programas sensacionalistas que exploram a desgraça
alheia, nas imoralidades dos Reality shows e em jogos de "entrete­
nimento" que excitam as crianças a praticarem crimes bárbaros
contra seus próprios familiares e colegas. Em seu livro Modernidade
— Mundo, Jean Chesneaux declara: "Os aparelhos de TV podem
captar até dez ou quinze canais, cada um esperando comunicar-
sõcom o mundo todo, mas acabam presos em si mesmos. As ruas
se esvaziam, as pessoas se ignoram ou se evitam, os lugares e os
momentos de encontros coletivos verdadeiros se tornam raros".4
Para completar o raciocínio basta vermos o que nos diz Terrence
R. Lindvall e J. Matthew Melton no undécimo capítulo do Pano­
rama do Pensamento Cristão: "O fato terrivelmente perturbador é
que a maioria dos espectadores conhece mais das celebridades
do que dos vizinhos da casa ao lado, ou possivelmente até da
própria família em que vive".5
Mas a última descoberta que vem arrebanhando milhares de
pessoas à solidão, é a www ponto com, a Internet através da rede
mundial dos computadores.
Horas e horas são gastas diante do aparelho, privando as
pessoas de se comunicar com seus familiares. O problema da
Internet é que ela oferece uma suposta comunicação — que nem
de perto substitui a versatilidade de uma conversa cara a cara —,
mas que tem gerado sérios transtornos com sites eróticos, salas
de bate-papo entre aventureiros sexuais (sexo virtual) e outras
tantas coisas nocivas à vida natural do ser humano. A Revista
Veja, de 29 de maio de 2002, noticiou uma matéria acerca de um
jovem brasileiro que assassinou nos Estados Unidos uma meni­
na de apenas 13 anos que conheceu num bate-papo virtual ("sala
de chat"), eis um trecho da notícia:
O assassinato da am ericana Christiana Long, de 13 anos, por um
hom em com o dobro de sua idade, com quem ela havia m arcado um
encontro pela internet, ganhou as m anchetes nos Estados Unidos
por dois m otivos:

35
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

O prim eiro é a pouca idade da vítima. O segundo é o uso da web


com o form a de aliciam ento sexual de menores. A transform ação da
rede de com putadores no refúgio natural de pornográficos e tara­
dos de toda espécie se tornou um pesadelo para qualquer pai. No
Brasil, a repercussão foi am pliada pela revelação de que o crim e foi
com etido por um im igrante brasileiro: Saul dos Reis Júnior, de 24
anos, há catorze vivendo nos Estados Unidos. A m orte ocorreu den­
tro do carro do brasileiro, no estacionam ento de um shopping center,
na sexta 17; Saul e Christina se conheceram num a sala de bate-papo
eletrônico e já tinham saído juntos outras vezes. Depois de m atar a
jovem , Saul jogou o corpo em um barranco perto de onde m ora, 50
quilôm etros de N ova Iorque.

O que é isso, senão alienação do moáus vivendi natural do ser


humano? O homem acaba sendo globalizado com o mundo e ali­
enado localmente de si mesmo e do convívio familiar. E a inver­
são de valores como disse o Senhor Jesus Cristo em Mateus 16.26:
"Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se per­
der a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua
alma?"
Portanto, a estratificação social não é a vontade de Deus para
a humanidade, pois inequivocamente as evidências bíblicas mos­
tram que Deus nos criou para adorá-lo, e não há possibilidade de
isso acontecer se não desfrutarmos de comunhão uns com os
outros (Mt 5.23,24); ou seja, é impossível ser cristão antes de ser­
mos completamente humanos, isto é, relacionais.

Biologia, a supervalorização do produto


em detrim ento da saúde hum ana

O ecossistema natural criado por Deus é de um funciona­


mento sem igual, imagine a mecânica do universo. O homem com
suas "criações" já conseguiu alterar o mar, os rios e o solo do
planeta.
Os insetos morrem pelos agrotóxicos, porém as chuvas que
regam as plantas levam venenos para os lençóis de água subterrâ­
neos danificando-os. A água que ingerimos é totalmente poluída
não pelos venenos, mas pela química existente na água tratada.

3E
A E volução C ientífica [Tecnológica e Biológica] e a s N ec e s sid a d e s

Os animais são "tratados" para crescerem e produzirem fora


do normal, pois o abate tem uma urgência prioritária, a ambição
humana.
Para os geneticistas estamos vivendo a "biorrevolução", pois a
mutação contida nessas três letras, OGM, é algo que talvez altere o
curso normal da vida humana. OGM quer dizer Organismo Gene­
ticamente Modificado. Ou, como é mais conhecido, transgênico.
O significado de tudo isso é esclarecido na revista Super Inte­
ressante, n° 14, página 49:
Trata-se de um ser vivo cuja estrutura genética — à parte da célula
onde está arm azenado o código da vida — foi alterada pela inserção
de genes de outro organism o, de modo a atribuir ao receptor carac­
terísticas não program adas pela natureza. Uma planta que produz
um a toxina antes só encontrada num a bactéria. U m m icroorganismo
capaz de processar insulina hum ana. Um grão acrescido de vitam i­
nas e sais m inerais que sua espécie não possuía. Tudo isso é OGM.

A grosso modo, é fundir um cereal com um legume ou uma


fruta. Milhões de dólares são investidos na produção tecnológica
desse tipo de alimento.
Agora você pode pensar: "Eu nunca me alimentarei com isso!"
Será? De acordo com a mesma revista, talvez de uma forma in­
consciente você já provou e pode ainda estar provando:
Lem bra aquela caixa de cereais Shake D iet que você comprou pen­
sando em perder alguns quilinhos? Pois é. Entre outros ingredien­
tes, havia lá dentro o farelo da Soja Round Ready, um cereal desen­
volvido pela m esma em presa M onsanto. E aquela lata de Nestogeno
com soja que você com prou para o seu filho? Segundo um exam e
realizado pelo laboratório suíço Interlabor Belp AG, ali tam bém h a­
via o grão m odificado pelos geneticistas.

Vantagem ou desvantagem? Ainda não sabemos, mas pode­


mos assegurar que para quem patenteou a idéia isso vai render
milhões.
Se faz mal à saúde? Os geneticistas dizem que os alimentos
transgênicos são a salvação, enquanto que para os ecologistas sig­
nificam perdição.
A fome é hoje a maior epidemia do planeta. Todos os dias

37
M a rk e tin g p a ra a E s œ la Dom inical

morrem de inanição vinte quatro mil seres humanos — uma víti­


ma a cada 3,6 segundos; vale ressaltar que desse número, 3/4 dos
famintos são crianças com menos de cinco anos. Enquanto isso,
toneladas de alimentos se emboloram e se deterioram nos celei­
ros de grandes empresas, simplesmente porque o exterior não
lhes paga as vultuosas somas que eles julgam ser o valor real.
O mais cômico é que os alimentos de melhor qualidade são
produzidos em nosso país, entretanto, "ninguém" os vêem.
Os transgênicos, digo os alimentos, podem ser fontes de pro­
teínas ou de doenças, o tempo dirá.
O preço desse tipo de comida é inacessível para a parte ma­
joritária, que é a classe baixa. O que acumulará mais problemas à
necessidade do consum o alim entício. Já que, segundo os
geneticistas, no futuro só existirá esse tipo de alimento.
Faltar-nos-ia espaço para falarmos de várias outras correntes
científicas que surgiram há pouco mais de um século, e que sem
dúvida têm contribuído para elucidação de verdadeiros enigmas
da humanidade. Para nós, cristãos, isso não é surpresa, pois a
Palavra de Deus, escrita há mais de 2.500 anos, já havia vaticina­
do: "... e a ciência se multiplicará" (Dn 12.4).
No próximo capítulo, serão analisados alguns objetos de es­
tudo da Psicologia Humanista, considerada a Terceira Força da
Psicologia Geral, que é uma das maiores especificidades das Ci­
ências Humanas.

38
Necessidades Elobais
[Fisiológicas e Psicológicas]

Se existe hierarquia de valores nas predisposi­


ções inatas do ser humano, asseguramos, então, que
na ordem crescente, a necessidade é a primeira.
Sem exagerar, pode-se dizer que ela está presen­
te em nossa vida desde o ato conceptivo, pois ali já
iniciamos a luta pela "necessidade de sobreviver".
Ordinariamente, os atos humanos visam à sa­
tisfação das necessidades, isso de forma consciente
ou inconsciente, quer dizer, com ou sem planeja­
mento. Para exemplificarmos essa verdade, obser­
ve a necessidade de se alimentar. Você sente fome e
planeja comer alguma coisa, claro que isso aconte­
ce em fração de segundos, mas é refletido, portan­
to, uma necessidade consciente.
Agora imagine a necessidade fundamental que
temos de respirar para sobrevivermos, é uma ne-
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

cessidade inconsciente que sentimos e satisfazemos a todo ins­


tante sem planejamento, faz parte da mecânica do funcionamen­
to físico-respiratório.
E desnecessário seria dizer que se faltar oxigênio em nosso
organismo por alguns poucos momentos é o suficiente para en­
trarmos em óbito; é uma necessidade que não percebemos, con­
tudo a sua insatisfação, ou seja, a falta de ar por alguns instantes,
é por demais agonizante, e sua ausência permanente significa
morrer.
Nos capítulos posteriores, o binômio, necessidade/satisfa­
ção estará sendo ventilado por diversas vezes, pois são assuntos
justapostos e inclusos no marketing. As questões motivacionais e
volitivas também serão, vez por outra, enfatizadas.

Identificando a necessidade

Alguém já disse que: "Se o interesse é o pai da ação, então a


necessidade é a mãe da invenção".
Ora, a necessidade não é um fim em si m esm a, mas
estimuladora de meios, os quais poderão proporcionar o alcance
do objetivo final.
Na realidade, a necessidade "cria", ou melhor, estimula ou­
tras disposições sinônimas, que serão os instrumentos impelidores
para a efetivação do intento.
Na teoria, as necessidades físicas e psíquicas se produzem
em etapas muitas vezes imperceptíveis, mas que funcionam si­
metricamente. Longe de explicarmos todo o assunto, pois isso
seria por demais exaustivo e o nosso livro não é sobre psicologia,
e sim sobre marketing, queremos expor algumas particularida­
des sobre o "desenvolvimento" de nossas carências.
O processo é complexo, todavia para simplificar usaremos
palavras ou nomes genéricos, o que facilitará à compreensão do
leitor.
Pensamento e Sentimento — São atributos atomizados e que
não podemos dissociá-los, o "pêndulo" das nossas necessidades
oscila entre a nossa mente e o nosso corpo, isso faz com que a

4D
N ec e s s id a d e s Elobais [Fisiológicas e Psicológicas]

satisfação de um, dependa do esforço da "dupla" e não somente


do lado necessitado.
Essa recíproca foi explicada pelo apóstolo Paulo em 1
Coríntios 12.12-27:
Porque, assim como o corpo é um e tem m uitos m em bros, e todos os
mem bros, sendo m uitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
Pois todos nós fom os batizados em um Espírito, form ando um cor­
po, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos
bebido de um Espírito. Porque tam bém o corpo não é um só m em ­
bro, mas m uitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do
corpo; não será por isso do corpo? E, se a orelha disser: Porque não
sou olho, não sou do corpo; não será por isso do corpo? Se todo
corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde
estaria o olfato? M as, agora, Deus colocou os mem bros no corpo,
cada um deles como quis. E, se todos fossem um só membro, onde
estaria o corpo? Agora, pois, há m uitos membros, m as um corpo. E
o olho não pode dizer à mão: N ão tenho necessidade de ti; nem ain­
da a cabeça, aos pés: N ão tenho necessidade de vós. Antes, os m em ­
bros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários. E os
que reputam os serem m enos honrosos no corpo, a esses honram os
m uito mais; e aos que em nós são m enos decorosos dam os m uito
m ais honra. Porque os que em nós são m ais honestos não têm neces­
sidade disso, mas Deus assim form ou o corpo, dando m uito m ais
honra ao que tinha falta dela, para que não haja divisão no corpo,
mas, antes, tenham os m em bros igual cuidado uns dos outros. De
m aneira que, se um membro padece, todos os m em bros padecem
com ele; e, se um membro é honrado, todos os m embros se regozi­
jam com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus m em bros em
particular.

Ao fazer a analogia da Igreja e do corpo, o apóstolo Paulo em


outras ocasiões cita Jesus como a cabeça da Igreja (Ef 1.22; 5.23;
Cl 1.18), mostrando a superioridade da mente no controle do cor­
po. Contudo, o nosso foco não está na sublimidade de um em
contraposição ao outro, mas no fator de inter-relação do aspecto
supridor entre ambos (ver Figura 1).
A variável entre pensamento-sentimento e sentimento-pen-
samento reside no fato de percebermos necessidades por meio
do pensamento e ativarmos nossos sentimentos para supri-las; o

41
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

contrário também é real, identificamos carências através do nos­


so sentimento e usamos o pensamento para satisfazê-las.
Lembre-se de que, quando falamos em pensamento e senti­
mento, estamos falando sobre intelecto e razão juntamente com
os cinco sentidos e a emoção. Falamos de reações reais e não so­
mente abstratas, sabendo que as palavras jamais conseguirão re­
produzir todos os graus de pensamentos e sentimentos que o ser
humano é capaz de experimentar.

Entendendo o processo unificador ocorrido


entre a convergência do pensam ento-sentim ento

Ao aludirmos sobre a afluência do pensamento-sentimento,


ou vice-versa, necessário se faz exemplificarmos e distinguirmos
a força motriz existente no campo da necessidade entre: desejo,
vontade, percepção, instinto, impulso, motivo, emoção, estímu­
lo, homeostase (mecanismo estabilizador das necessidades fisio­
lógicas), sensação, reação, tensão, etc. A essa lista ainda podería­
mos acrescentar várias outras, entretanto, vale dizer que todas
essas palavras são decorrentes uma das outras e a fusão de uma
delas com o todo (necessidade) visam à criação de um conceito,
que se manifestará em forma de ação, resultando em uma con­
duta, e por fim se transformando em um hábito.
P raticam en te a m aior parte do nosso proced im ento
comportamental é questão de hábito. Depois de aprendermos
determinada coisa, na maioria das vezes a repetimos pelo reflexo
da anterior, ativando nossa capacidade de pensar de modo cria­
tivo somente quando vivenciamos uma nova situação ou enfren­
tamos um novo obstáculo. O processo habitual é chamado pelo
psicólogo Abraham Maslow de "conhecimento inconsciente". O
que pode ser exem plificado com o que escreveu o célebre
ensinador Howard Hendricks, em seu clássico Ensinando para
Transformar Vidas: "O último nível é o do conhecimento inconscien­
te, no qual dominamos tão bem certo conhecimento que nem pen­
samos mais nele. Depois de algum tempo de volante, entramos
no carro, ligamos o motor, soltamos o freio, engrenamos as mar­

42
N ec e s sid a d e s Slobais [Fisiológicas e Psicológicas]

chas e praticamos todos os atos necessários para rodar com o


veículo sem pensar muito neles. Aliás, a maior parte do tempo
em que dirigimos, pensamos em outras coisas, e não na direção".6
Os instintos ou tendências naturais são atributos inatos do ser
humano que podem ser ativados por estímulos exteriores, capta­
dos por qualquer um dos nossos cinco sentidos (visão, tato, olfato,
audição e paladar), ou por todos de uma só vez (ver Figura 1).
Os estímulos sensoriais emitem "sinais" (impulsos), os quais
em forma de sensações e emoções são absorvidos pela nossa per­
cepção, que devolve a resposta decodificada do que precisamos
fazer para supri-los.
A intensidade dessa resposta recebida é que determinará a
duração e permanência dos impulsos que motivarão o organis­
mo a reagir de maneira que possa suprir a lacuna perceptada.
Acerca dessa questão sobre pensamento e sentimento trata­
remos detidamente na terceira parte do livro que trata especifi­
camente da aplicabilidade do Marketing para a Escola Dominical;
exemplificaremos em sua completude o processo que também é
denominado pelo Catedrático de Didática e Inovação Educativa
da Universidade de Barcelona, Saturnino de La Torre, de:
Sentipensar.

D esejo

Na muito complexa natureza humana, queremos frisar que


os impulsos não são simplesmente atiçados por forças extrínsecas,
mas também por forças intrínsecas e mentais.
Um impulso não satisfeito em tempo leva ao surgimento de
uma tensão — que caracteriza o desejo. Portanto, quando pensa­
mos na coisa desejada, estamos criando ou alimentando tensão
psíquica, que servirá de motivação e que nos levará a agirmos no
sentido de satisfazermos o desejo surgido.
Apesar de necessidade e desejo não ser a mesma coisa, estão
extremamente relacionados.
O desejo pode ser algo irrefletido, dominado apenas por um
impulso, não dependendo de uma necessidade para surgir. Contu­

43
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

do, a tensão incitando o desejo cria então a necessidade (não essen­


cial, mas como sensação de falta) de obtermos o que desejamos.
A coisa desejada satisfaz por si mesma, ou seja, ela propor­
ciona o prazer como meta final.
O sentimento de desejo pode vir à mente como algo inédito, para
proporcionar prazer pela primeira vez, e também pode ocorrer trazi­
do pela lembrança de um prazer já provado anteriormente. Exem­
plo: Você vai a um supermercado em busca de um alimento que já
conhece (prazer já provado), mesmo que ele não pertença ao grupo
ou gênero de primeira necessidade, em outras palavras, seja supér­
fluo (pois vivemos em uma sociedade marcada pelo consumismo). O
prazer proporcionado pelo seu sabor faz com que seja desejado, con­
tudo, no momento da compra, você se depara com outro alimento
que nunca provara antes; porém, o poder de atração existente na pro­
paganda daquele produto cria uma tensão e faz com que você deseje
provar o novo alimento (desejo inédito) para experimentá-lo, consti-
tuindo-se já um prazer o simples ato de comprá-lo.
Na realidade, o fato de você adquirir um novo produto lan­
çado no mercado é tido como prazeroso, pois lhe dá sensação de
posição social, ou como é chamado no jargão popular, status.
Observemos a classificação dos desejos, segundo o ponto de
vista de dois autores.
Thomas reduziu os motivos humanos a quatro desejos, ma­
nifestados através de impulsos, os quais são:
a) segurança;
b) reconhecimento;
c) correspondência;
d) novas experiências.7

Dunlap explana a motivação em termos de nove desejos:


a) de alimentação;
b) de excreção;
c) de proteção;
d) de atividade;
e) de descanso e relaxamento;
f) amoroso ou erótico;

44
N ec e s s id a d e s Elobais [Fisiológicas e Psicológicas]

g) de proeminência;
h) de conformidade;
i) parental.8

N ecessidade

Como estado psicológico, é a noção que temos sobre a exis­


tência de uma condição de perturbação, de deficiência, de mal-
estar (em nós mesmos, ou seja, no nosso eu, ou então no meio
ambiente), e que precisa ser eliminada ou corrigida, a fim de ser
restabelecido um normal equilíbrio, repouso ou suficiência.
Como já foi mencionado, é a predisposição áurea do ser hu­
mano em sua totalidade: intelecto, emoção e vontade; suas mani­
festações, como afirmam alguns psicólogos, é chamada de
noopsicossomática (relativo ao espírito, à mente e ao corpo huma­
no por inteiro).
A ressalva de toda a regra chama-se exceção, e logicamente
não vamos confundir necessidade (essencial) com desejo (supér­
fluo), pois não são a mesma coisa. Um desejo não é causado por
perturbação, deficiência ou mal-estar, ele não visa a obter de novo
o estado de equilíbrio, de suficiência ou de repouso, mas visa a
alcançar certo alvo que proporciona satisfação ou prazer. Toda­
via, a necessidade e o desejo são os extremos de uma linha enro­
lada no mesmo carretel.
O desejo como estado psíquico cria tensões, porém, usado como
um meio para obtermos a satisfação da necessidade é algo extrema­
mente arrefecedor de ansiedades. Exemplo: Desejamos algo, e a sen­
sação de falta do objeto, proporcionada pelo desejo, poderá tomar-
se por um momento uma necessidade. Em outra ocasião, sentimos
de fato uma necessidade, de maior ou menor grau, contudo, virá o
desejo como meio de satisfazê-la, ou como impulso para suprimi-la.
Este exemplo é para mostrar um simples trocadilho de no­
menclatura, mas que se não for observado poderá oferecer ambi­
güidades e dubiedades na continuidade da leitura.
Agora, demonstraremos em um mesmo exemplo o desejo e a
necessidade em seus estados originais, ou seja, distintos, mas atu-

45
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

ando juntos: temos diariamente a necessidade de nos alimentar, e


quando almoçamos ou jantamos estamos satisfazendo a necessi­
dade fome, mas às vezes resolvemos deixar de lado os pratos tri­
viais e experimentar, ou saborear, um prato (conhecido ou não)
que seja mais sofisticado. Estaremos satisfazendo o desejo de sentir
o prazer de saborear aquele alimento específico, ao mesmo tem­
po em que estamos satisfazendo também a necessidade fome.
Nesse caso, a satisfação da necessidade de ingerirmos alimen­
to (eliminar a fome), aliada à satisfação prazerosa de saborear­
mos determinado prato (satisfação de um desejo), mostra-nos a
compatibilidade existente entre ambos (necessidade/desejo).
O exemplo não está querendo insinuar que o desejo de co­
mer determinado prato ocorra somente quando estamos com
fome. Isso prova que o desejo independe da necessidade, porém,
a necessidade fome precisa ser satisfeita com pratos comuns ou
com a ingestão de pratos diferentes.
Na realidade, necessidade e desejo são o cerne motivacional
da nossa vida, unidos ou separados funcionam como geradores
(causa) das motivações, dos nossos atos para prover a satisfação
almejada pela necessidade ou desejo.
Uma das maiores características da necessidade é a voluvidade,
ou seja, constantemente estamos provando, sentindo e percebendo
perturbações, inquietações e deficiências que requerem nossa aten­
ção: cansaço, fome, sede, inferioridade social, etc.
Essas percepções correspondem a necessidades que precisam
ser satisfeitas. Não obstante, o seu pronto atendimento depende­
rá da sua importância em relação às outras (necessidades) e da
situação ambiental em que nos encontrarmos quando ela surgir.
Por exemplo, sentimos cansaço, porém sabemos que temos de
concluir determinado serviço, então adiamos a satisfação da ne­
cessidade de repouso, para continuar satisfazendo a necessidade
de terminar o trabalho. Vejamos ainda outra situação: Após um
dia de muito trabalho, sentimos cansaço e fome; ao chegarmos
em casa resolvemos ir descansar (satisfazendo a necessidade de
repouso) e deixamos de nos alimentar (deixando de satisfazer a
necessidade da fome).

45
N e c e s s id a d e s Globais [Fisiológicas e Psicológicas]

É assim a rotina do nosso dia-a-dia, sempre haverá mais de


uma necessidade concomitantemente, e a satisfação de uma ou de
algumas poderão automaticamente eclipsar as demais. Segundo o
psicólogo Abraham H. Maslow (1908-1970), as necessidades supe­
riores (secundárias) só poderão ser percebidas, ou melhor, atendi­
das, quando necessidades inferiores (primárias) estiverem satisfei­
tas. Entretanto, a esse respeito veremos melhor na parte três do
livro com a concepção de Naomi I. Brill, onde trabalharemos espe­
cificamente a aplicabilidade do Marketing para a Escola Dominical.
A necessidade se divide em duas partes principais, as quais
receberam diversos nomes diferentes: fisiológicas, biológicas,
orgânicas, primárias ou viscerogênicas9(que pertencem à própria
condição do organismo), e psicológicas, comportamentais, emo­
cionais, sentimentais, secundárias ou psicogênicas10(adquiridas,
como a de consideração, de posse, poder, etc).
A seguir daremos a classificação das necessidades originais,
impulsos e objetivos segundo Kimball Young:11
Base constitucional da necessidade
Oxigênio-dióxido de carbono (equilíbrio).
Desvio de Temperatura (orgânica).
Falta de água.
Falta de carboidratos, proteínas, gorduras minerais e vitaminas.
Acumulação de resíduos metabólicos nos intestinos e bexiga, pro­
duzindo tensão.
Gasto de energia, produzindo fadiga.
Tensões nos órgãos sexuais, de células e hormônios sexuais.
Afetação maléfica do tecido por condições internas e externas.
Estados orgânicos: acumulação de energia, incluindo estados
emocionais.

Impulso
Respiração.
Reação para a necessária temperatura.
Sede.
Fome.
Eliminação.

47
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Redução de atividades.
Sexual.
Evitar a dor.
Expressivo e emotivo.

Objetivo
Absorção de oxigênio e expulsão do dióxido.
Regulação da temperatura do corpo.
Absorção de água.
Ingestão de alimento.
Defecação e micção.
Descanso, sono.
Reação sexual.
Retração, atividades para substituição dos estímulos.
Atividades dos braços, pernas e corpo em geral.

Iniciamos a classificação da "lista" de necessidades adquiri­


das com o conceito segundo Maslow:
a) necessidades fisiológicas básicas;
b) segurança e proteção contra perigos do meio externo;
c) de amor e aceitação;
d) de auto-estima;
e) de auto-realização.

Diferentemente de Maslow, o modelo proposto por Naomi I.


Brill não classifica as necessidades hierarquicamente. Cada cate­
goria (necessidade de segurança e necessidade de oportunidade para
crescer) de necessidade mantém interação com aspectos distintos
da personalidade humana.
Agora passaremos a analisar a teoria da aquisição com a clas­
sificação de necessidades psicogênicas, segundo Murray, num
resumo de Hilgard:12
a) Necessidades associadas principalmente a objetos ina­
nimados:
Aquisição: a de adquirir posses e propriedades.
Conservação: a de colecionar, consertar, limpar e conservar coisas.

4B
N ec e s sid a d e s Globais [Fisiológicas e Psicológicas]

Ordem: a de arranjar, organizar, pôr objetos de lado, de ser


limpo, aslseado, de ser preciso.
Retenção: a de conservar a posse das coisas, de acumular, de
ser frugal econômico e avarento.
Construção: a de organizar e construir.
b) Necessidades que expressam ambição, força de vontade,
desejo de aperfeiçoamento e reconhecimento:
Superioridade: a de superar um composto de aperfeiçoamento
e reconhecimento.
Reconhecimento: a de provocar elogios e louvores, de merecer
respeito.
Exibição: \a de autodramatização, de estimular, divertir, cho­
car, emocionar os outros.
Aperfeiçoamento: a de superar obstáculos, de exercer po­
der, de lutar por algo difícil tão bem e rapidamente quanto
possível.
Inviolabilidade: a de permanecer intacto, de evitar uma depre­
ciação do auto-respeito, de preservar o seu nome.
Evitar a inferioridade: a de evitar o fracasso, a vergonha, a hu­
milhação, o ridículo.
Defesa: a de defender-se contra a culpa e o menosprezo, de
justificar as próprias ações.
Oposição: a de superar a derrota, pagando na mesma moeda.
c) Necessidades relacionadas com o poder humano exerci­
do, resistido ou produzido por:
Dominância: a de influenciar e controlar os outros.
Deferência: a de admirar, de seguir de boa vontade a um dire­
tor, de servir alegremente.
Semelhança: a de imitar os outros, ou emular, de concordar e
acreditar.
Autonomia: a de resistir à influência, de lutar pela independência.
Oposição: a de agir diferentemente dos outros, de ser único,
de tomar o partido oposto.
d) Necessidades relacionadas com a ofensa dirigida contra
si próprio ou outrem:

49
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Agressão: a necessidade de assaltar ou injuriar os oii trqs, de me­


nosprezar, ofender ou, maliciosamente, ridicularizar uma/pessoa.
H u m ilhação: a de concordar e aceitar punição, auto-
depreciação.
Evitar a culpa: a de evitar a culpa, o ostracismo ou a punição,
inibindo os impulsos não convencionais, ser bem comportado e
obedecer à lei.
e) Necessidades relacionadas com o afeto entre is pessoas:
Filiação: a de formar amizades e associações.
Rejeição: a de discriminar, de menosprezar, de ignorar ou ex­
cluir os outros.
Cuidado: a de nutrir ajuda ou proteger outrem.
Auxílio: a de procurar auxílio, proteção ou simpatia, de ser
independente.
f) Necessidades sociais adicionais relevantes:
Diversão: a de relaxar-se, divertir-se, procurar entretenimento.
Conhecimento: a de explorar, perguntar, satisfazer a curiosidade.
Exposição: a de apontar e demonstrar, de informar, explicar,
interpretar, fazer preleção.

Maslow enfatizou que os seres humanos devem ser estuda­


dos como organismos integrais, e que esse estudo deve se con­
centrar especificamente em indivíduos saudáveis e nos aspectos
positivos do comportamento humano: felicidade, satisfação, di­
vertimento, paz de espírito, júbilo, êxtase. Maslow estava pro­
fundamente interessado no crescimento pessoal e no que cha­
mou de auto-realização.13
O psicólogo Abraham H. Maslow liderava a Escola de Psicolo­
gia Humanista, e como demonstra em suas pesquisas Motivation and
Personalit (Motivação e Personalidade, 1970), acima das necessida­
des materiais (chamadas de fisiológicas ou higiênicas), estão as ne­
cessidades de auto-estima (afeição a si próprio, autoconfiança, cren­
ça e vontade) e de auto-realização (potencialização, identificação
institucional e aplicação das capacidades individuais). Segundo sua
teoria, esses valores são o substrato do elemento motivacional e ocu­
pam os lugares mais elevados na hierarquia das necessidades humanas.

5G
N ec e s sid a d e s Globais [Fisiológicas e Psicológicas]

Para um melhor entendimento desse complexo processo,


observe o diagrama e a "pirâmide" das necessidades, produzida
a partir dia teoria de Maslow:

Sentimento envia para o Pensamento


1 as necessidades captadas por estímulos ou impulsos
internos (psíquicos, emocionais e primários) e por externos (órgãos sensoriais)

Linha
recíproca

Pensamento - Sentimento
Sentimento - Pensamento

t Extrínseco

Pensamento devolve para o Sentimento a resposta decodificada do que fazer


para satisfazer a necessidade (ação ou atitude à ser tomada)

A tiv a a a ç ã o d o c o rp o
(P E N S A M E N T O )
-------- P s i c o l ó g i c a s
N ec es s id a d e s Globais
F is io ló g ic a s
(S e n tim e n to )
A tiv a a A ç ã o do
p e n s a m e n to

51
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

Os estímulos internos dependem do raciocínio (pensamen­


to) para decodificá-los ao sentimento (ação), que nos inpulsio-
nará a agirmos em procura do objetivo (por exemplo, teixos fome,
precisamos agir para nos alimentarmos, seja comprando, fazen­
do ou indo até a geladeira para apanharmos o alimen|o).
Na "pirâmide" das necessidades, usamos o nosso pensamento
unido ao sentimento em todas as necessidades (por exemplo, auto-
estima e auto-realização são necessidades psíquicas (pensapiento), mas
que visam transformações em nós e no espaço ambiental que ocupa­
mos, sendo portanto, satisfeita com as nossas ações (sentimento).

52
Classificação [por Faixa Etária]
das Necessidades Adquiridas

Cada um de nós crescemos com um número


específico de padrões de influência. Esses padrões
são ditados por vários fatores da sociedade, inclu­
indo as óbvias influências da família de origem, que
é a primeira experiência individual com um grupo.
Os traços familiares, tais como as características fí­
sicas, mentais e emocionais, são parte da herança
individual, é o que chamamos de hereditariedade.
Herdamos muitos outros padrões ancestrais;
por exemplo, nossa nacionalidade, classe econômi­
ca, raça ou sexo. Esses grupos e essas característi­
cas mantêm ligações profundas conosco, mesmo
conscientes ou inconscientes, elas automatizam as
nossas respostas para a vida.
Por essa razão é que se diz: "Todo ser humano
olha as coisas não como elas são, e sim como ele é".
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

A partir deste capítulo, faremos menção apenas dasnecessi-


dades adquiridas, e que segundo Maslow são as mais pertinen­
tes no comportamento humano para convivermos em conjunto.
As necessidades fisiológicas são a essência da nossa vida huma­
na, desde a nossa existência intra-uterina elas estão presentes,
sem a satisfação das mesmas seria impossivel viver! Já não ne­
cessitamos de falarmos sobre elas, pois o fato de estarmos vivos
significa que essas necessidades estão sendo supridas, abundan­
temente ou não.

D esenvolvim ento global do ser hum ano

A Psicologia Educacional estuda as leis que governam o cres­


cimento, desenvolvimento e comportamento do homem em qua­
tro aspectos: físico, mental, social e espiritual (não simplesmente
emocional). Por isso, mencionamos que as necessidades e as suas
manifestações são noopsicomáticas, ou seja, envolve o espírito, a
mente (que podemos chamar de alma) e o corpo integradamente.
A compreensão dessa Primeira Parte do livro (Necessidades
Humanas) é de suma importância, visto que toda estratégia do
marketing se baseia na máxima: "O cliente compra o nosso pro­
duto ou serviços pelas suas necessidades, não pelas nossas ra­
zões".
Cientes das divisões por faixa etária que temos em nossa Es­
cola Dominical, descreveremos as necessidades adquiridas e suas
diferentes manifestações em cada uma delas. Essas informações
servirão para toda a equipe que as utilizarão no momento em
que forem trabalhar especificamente com as propagandas e pro­
moções, mas também serão úteis ao superintendente e ao corpo
docente que trabalharão melhor a questão ensino-aprendizagem,
dando menos ênfase ao simples "depositar" do conhecimento,
isto é, só ao falar, e usará mais uma abordagem epistemológica
do conhecimento (para quê ele serve), e reforçará mais o conheci­
mento axiológico (valores) que é a prática do nosso dia-a-dia.
A Bíblia mostra em Lucas 2.52 que o crescimento de Jesus,
como um ser global, se deu nos quatro aspectos descritos pela

54
C lassificação [por Faixa E tá ria ] d a s N ec e s sid a d e s A dquiridas

Psicologia Educacional: Jesus crescia em sabedoria (mental ou


intelectualmente), em estatura (fisicamente), em graça para com
Deus (espiritualmente), e em graça para com os homens (social e
emocionalmente).
Pelo que entendemos, Maslow restringiu a atuação das ne­
cessidades adquiridas somente nos campos mental, social e emo­
cional. Sendo assim, falaremos das necessidades adquiridas (su­
cintamente) apenas nos aspectos teorizados por ele, deixando o
fator espiritual para o próximo capítulo.
Para uma melhor assimilação, vamos definir alguns aspectos
globais do desenvolvimento humano, lembrando que trataremos
somente dos que dizem respeito às necessidades adquiridas se­
gundo Maslow, já que, hierarquicamente, são as mais valorizadas:
D esenvolvim ento M ental ou Intelectual - Pode ser considerado como
um processo de form ação de padrões de conduta, que determ ina a
nossa organização m ental, elevando-a ao estado de m aturidade psi­
cológica.

D esenvolvim ento Social - Ou sociabilização, é o processo pelo qual


nos tom am os capazes de agirm os de m aneira civilizadam ente acei­
ta, de serm os elem entos integrados em nosso m eio, pela obediência
a determ inadas norm as de com portam ento social consagradas pelo
am biente em que vivem os. O processo dura toda nossa vida em vir­
tude das m udanças e das novas convivências, sendo, portanto,
adapta tivo.

Desenvolvimento Emocional - O s traum as, decepções, frustações ou


realizações, vividos durante a infância influem decisivam ente em
nossa emotividade, sendo assim, o desempenho sentim ental do adul­
to é determ inado pelo seu desenvolvim ento em ocional experim en­
tado nas diferentes faixas etárias da vida.

Q ualidades decisivas

Pelo que depreendemos essas disposições atributivas norteiam


a nossa vida fam iliar, conjugal, profissional, nas relações
interpessoais, enfim, em tudo que fizermos ou intentarmos fazer, o

55
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

nosso raciocínio, nossa facilidade em comunicar-se e nossa manei­


ra de lidarmos com os sentimentos contribuirá em grande escala
para o nosso sucesso ou insucesso. Uma corrente de pensamento
da Psicologia tem, a partir da obra Inteligência Emocional de Daniel
Goleman, denominado a facilidade de o ser humano em relacio­
nar-se como inteligência emocional. Assim, atualmente para ser bem-
sucedido e considerado "inteligente" não basta apenas possuir um
Q. I. (Quociente de Inteligência) avantajado, é necessário que a pes­
soa possua um bom Q. E., isto é, Quociente de Emoção, e saiba se
portar com tranqüilidade neste mundo caracterizado por tantas
enfermidades psicossomáticas (depressão, estresse, etc.).
Neste aspecto, a Igreja do Senhor está novamente um passo
adiante da psicologia, visto que a Palavra de Deus nos fala sobre
algo bem mais superior ao Q. E., estou me referindo ao fruto do
E sp írito : "M as o fruto do E sp írito é: am or, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio. Contra essa coisas não há lei" (G15.22,23; grifo
meu - Edição Contemporânea de Almeida).
A classificação que apresentamos possui apenas algumas das
caraterísticas que evidenciam as necessidades comuns, não obe­
decendo casos específicos de disparidade psíquica entre a
heterogeneidade humana.

Período da infância (0-11 anos)

Crianças de zero a três anos (área educacional formal 2-3 anos):


Mentais
Curiosidade - fazem inúmeras perguntas.
Experiência limitada - crédulas e de mente literal.
Conhecimento e vocabulário limitados - aprendem e esque­
cem facilmente; o período de atenção varia entre 3 e 6 minutos.
Precisam ser ensinadas a aprender.
Sociais
Dependência - exigem atenção, gostam de ser elogiadas pelo
grupo e pelos adultos.

55
C lassificação [por Faixà Etária] d a s N ec e s sid a d e s A dquiridas

Imitação - possuem a tendência de se parecerem com o cole­


ga, professor, artista, etc.
Individualismo - é chamado de comportamento narcisista. São
egocêntricas, querem ser os melhores em tudo, supervalorizam o
seu próprio "eu".
Emocionais
Insegurança - são m edrosas e tím idas, não possuem
autoconfiança natural.
Sentimentalismo - demonstra hipersensibilidade emocional.
Ansiedade - não conseguem esperar quando querem alguma coisa.

Crianças de quatro a cinco anos:


Mentais
Curiosidade - ainda crescente, sendo mais acentuada.
Imaginário - fazem imagens mentais das coisas, porém, quase
não distinguem o fato da fantasia.
Imaturidade mental - querem fazer mais do que são capa­
zes, presumem serem ilimitadas.
Sociais
Imitação - com mais frequência, inclusive linguajar, modos,
hábitos, etc.
Conversadoras - o vocabulário é pequeno e pode se perce­
ber direferença entre o nível social ou educacional.
Conform istas - o meio onde está crescendo tem poder
influenciador sobre sua vida adulta.
Emocionais
Maravilhamento - são cheias de admiração, maravilham-se
facilmente com pequenas coisas.
Intensidade - são excitáveis, mas com emoções passageiras.
Amabilidade - possuem facilidade em criar vínculo e amar
as pessoas, porém, querem retribuição amorosa.

Crianças de seis a oito anos:


Mentais
Avidez - mais empolgação do que sensatez; impaciência acen­
tuada.

57
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Observação - crescimento do interesse na realidade presente


e imediata para o interesse pelo passado.
Pensamento - concreto e literal. Distinção entre realidade e
fantasia, mas ainda não perceptivo a certos simbolismos.
Sociais
P recon ceito - entre classes e raças, em v irtu d e dos
ensinamentos familiares.
Inventividade - criam "coisas" que para elas são significati­
vas; desejo pelo status.
Cooperação - prevalecência ainda de atividades individu­
ais, mas também interesse pelas atividades grupais.
Emocionais
Imaturidade emocional - emoções facilmente despertadas e
usadas, sem muita noção do que é amar e odiar.
Preocupação - entre o certo e o errado, habilidade de
discernimento.
Apreciação - principalmente pelo sobrenatural e pelo fator
vida/morte.

Crianças de nove a onze anos:


Mentais
Inquirição - início das dúvidas; querem saber a razão das
coisas.
Argumentação - desenvolvendo a capacidade de argumen­
tar e discutir.
Estudo - gostam de ler, escrever e pesquisar.
Sociais
Patriotismo - formação de clubes, e forte interesse pela cole­
tividade.
Coleção - gostam de colecionar objetos que as indentifiquem
com o astro admirado.
Justiça - forte senso de justiça; exigem-na quando se sentem
lesadas.
Emocionais
Coragem - têm menos temores, mas em virtude disso adqui­
rem muitos problemas.

5B
C lassificação [por Faixa E tária] das N ec e s sid a d e s A dquiridas

Humor - muito barulhentas, altas gargalhadas.


Irascibilidade - é o outro extremo, se irritam facilmente.

Período da adolescência (12-17 anos)

Essa faixa divide-se em pré-adolescência (12-14 anos) e ado­


lescência propriamente dita (15-17 anos).
Adolescentes de doze a quatorze anos:
Mentais
Razão - desenvolvimento total da mais alta faculdade hu­
mana, nos processos mentais: a razão. De acorco com o pastor
Antonio Gilberto: "É ainda nessa idade que a mente atinge o mais
elevado período intelectual, na fronteira dos 15 anos".14
Insubmissão - questionam frequentemente a autoridade.
Inquirição - interessam-se por aventura e descoberta; fazem
julgamentos prematuros.
Sociais
Companheirismo - os "amigos" são mais valorizados que a
família.
Referencial - espelham-se em pessoas famosas.
Independência - querem "ser" adultos para serem indepen­
dentes dos adultos.
Emocionais
Emocionalismo - instabilidade emocional; as emoções osci­
lam da alegria extrema à tristeza.
Devaneio - faltam-lhe o domínio das emoções, sonham e fa­
zem tempestade em copo d'água.
Humor - sentem-se bem quando podem chacotear. Nas res­
ponsabilidades o mau humor impera.

Adolescentes de quinze a dezessete anos:


Mentais
Imaginação - habitualmente está sob o controle da razão e
julgamento.
Criatividade - por via de regra são inclinados a sugestões.
Idealismo - gostam de argumentar e debater.

59
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Sociais
Relações congeniais - com outros que possuem a mesma ide­
ologia, formando grupos e participando de associações, como por
exemplo, o Rotaract (Associação de Jovens do Rotary Clube).
Status - vivem em busca de aprovação social, procuram se
destacar na sociedade.
Altruísmo - em geral possuem crescente desejo em ajudar os
outros.
Emocionais
Romantismo - instabilidade no namoro.
Excitabilidade - bastante afoitos e impacientes.
Humor - ainda descontrolado, sendo mau na maioria das
vezes.

Período da juventude (18-24 anos)

Jovens de dezoito a vinte quatro anos:


Mentais
Imaginação construtiva - não se trata de meras invencionices,
são criações concretas.
Responsabilidade - eles já reúnem capacitações racionais para
liderar grupos, constituir família, etc.
Independência intelectual - capacidade de raciocínio e análise.
Sociais
Relações interpessoais - mais solidez e aprofundamento com
os que lhes agradam.
Compromisso - com o grupo de trabalho e colegas do colé­
gio ou faculdade.
Definição - filosofia de vida definida e independência.
Emocionais
Emotividade - sentimentos plenamente desenvolvidos; es­
tabilidade emocional.
Resolução - tem sua opnião formada sobre namoro, noiva­
do, casamento, amor e sexo.
Perspectiva - bastante "pé no chão", chega de absurdos.

50
C lassificação [por Faixa E tária] d a s N ec e s sid a d e s A dquiridas

Período adulto (25 anos em diante)

O início do período da vida adulta é aos vinte cinco anos,


perdurando por toda a nossa existência. Alguns psicólogos suge­
rem divisões até aos sessenta anos, entretanto não vamos detalhá-
los pela exigüidade de espaço.
O que podemos frisar dessa fase, é que ela é uma época de
estabilidade onde os objetivos estão todos definidos, e muitos já
alcançados.
A possibilidade de mudança ainda existe, dependendo da
flexibilidade do adulto em aceitar a "nova emolduração".
Quanto às desilusões, aos traumas e tantas outras frustações
vividas na infância, adolescência e juventude, só há uma solu­
ção, que trataremos no capítulo seis.

Educação

As caraterísticas descritas apontam para as necessidades que


precisam ser atendidas no processo formador do indivíduo em
cada faixa etária da sua vida.
É claro que pais e professores devem educar o infante, de
modo que ele saiba conviver com seus conflitos interiores, sem
perder a visão de si próprio em relação a auto-estima e auto-rea-
lização.
A educação como sugere Warren é o "desenvolvimento de
capacidades, atitudes e/ou formas de condutas e aquisição de
conhecimento, como resultado do treino ou do ensino".
Atualmente, não se fala mais em educação como algo sepa­
rado do universo do indivíduo, ou seja, do continuum de energia
em que se encontra inserido, e do processo biopsicossocial em
que se desenvolve.
Não se pode pensar em educação, tendo apenas o mobiliário
e a figura de um professor à frente expondo suas idéias segundo
este ou aquele autor; ou seja, a educação não está restrita às qua­
tro paredes de uma sala de aula. Muitos falam de educação, atri­
buindo-lhe sinônimo denotativo de escola.

51
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Há um ditado que diz: "A educação vem de casa". Podemos


seguramente contextualizar este provérbio: A boa educação vem
do nosso referencial de normas e condutas apreendidas, sem nos
descaracterizarmos ao convivermos em diversos ambientes.
Segundo o pastor Antonio Gilberto, "a escola instrui, mas
não educa".
O aspecto comportamental, muito tem a ver com a instrução
normativa do conteúdo programático do currículo escolar e com
o chamado "currículo oculto da escola".
Pesquisas indicam que o jovem do século XXI está preocupa­
do em sua realização pessoal, e por isso está valorizando a edu­
cação como agente principal dessa conquista. O termo educação
foi utilizado, referindo-se simplesmente ao ensino escolar e for­
mação superior. A pesquisa constatou que a maior fonte de felici­
dade para os jovens não é o dinheiro ou o amor, o sucesso profis­
sional é o que conta para 47% deles, ficando o supérfluo como
algo secundário. Os jovens entrevistados tinham entre 15 e 19
anos, e 38% acham que estudar é o melhor caminho para se auto-
relizar; 31%, trabalhar; 15%, economizar; 4%, pedir aos pais; 0,7%,
ganhar na loteria e apenas 0,3% acham que para se sentir realiza­
dos devem ter fé em Deus.
Outra pesquisa mostra que a educação (formação superior) é
o melhor remédio para a desigualdade e a pobreza.
Analisando, podemos constatar o baixo conceito atribuído a
palavra educação na diversidade de respostas acerca de auto-re-
alização.
A valorização de alguém, segundo a visão atual, consiste
naquilo que possui, seja dinheiro, status, conhecimento, etc., sem
levar em conta a forma como o indivíduo conseguiu se "auto-
realizar".

Correta conceituação

Educação é uma palavra que corresponde tanto ao processo


de educar quanto ao resultado. No Fórum de Educação, ocorrido
em Belo Horizonte, em sua Conferência Pedagogo: que profissional

52
C lassificação [por Faixa E tária] d a s N ec e s s id a d e s A dquiridas

é esse?, realizada no dia 27 de setembro de 2002, José Carlos


Libâneo, professor da Universidade Católica de Goiás, assim de­
finiu educação:
Educação com preende um conjunto dos processos, influências, es­
truturas, ações, que intervêm no desenvolvim ento hum ano de indi­
víduos e grupos na sua relação ativa com o m eio social e natural,
num determ inado contexto de relações entre grupos e classes soci­
ais, visando à form ação do ser hum ano. A educação é, assim, uma
prática hum ana, uma prática social, que m odifica os seres hum anos
nos seus estados físicos, m entais, espirituais, culturais, que dá uma
configuração à nossa existência hum ana individual e grupai.

O termo educar, educate em latim, significa criar, nutrir, adestrar,


cultivar e formar. Portanto, envolve toda a nossa vida, sendo mais
que simples aquisição de conhecimentos. A educação é um processo
de dois planos. No âmbito social, é um modo ininterrupto e univer­
sal por meio do qual as gerações adultas transmitem às novas gera­
ções o patrimônio cultural do grupo, visando à continuidade de sua
cultura peculiar. No plano individual, é um movimento contínuo,
um somatório de informações recebidas interagindo com meus pró­
prios recursos e favorecendo a atualização de minhas potencialidades.
Conforme sugere Rolf Gelewski, "educar é, etimologicamente, ex­
trair (educere), elevar (éléver). A raiz da palavra educere aponta, pois,
para a necessidade de trazer (arrancar), de dentro do ser humano,
ou seja, para fora dele, suas potencialidades interiores".15
Assim, a ação de educar deve procurar, antes de mais nada, a
exteriorização dessas latências, para então ensinar o indivíduo a
lidar com suas qualidades e defeitos.
É o que Sócrates falou: "Conhece-te a ti mesmo". E para nos
autoconhecermos, devemos conhecer quem nos criou e este co­
nhecimento encontra-se na educação cristã, em sua principal agên­
cia de ensino, a Escola Dominical, que tem como livro texto a
Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus.
Para um aprofundamento melhor do conceito de educação,
recomendamos a leitura do apêndice.

53
C a p í t u l a E5

□ Processa 5atisfacianal

O processo satisfacional, ou "satisfação da neces­


sidade", é constituído(a) pela tríade cronológica: mo­
tivação, vontade e objetivo (ver diagrama, Figura 3).
E fato que ninguém achará um mapa com as
"linhas pontilhadas" em direção ao tesouro, com
os nomes motivação, vontade e objetivo, mas de
forma geral, e em velocidade quase imperceptível,
podemos assegurar que a intrépida tentativa de nos
satisfazermos trilha pelas três fases citadas.
Vamos analisá-las separadamente:

M otivação

A força motriz da motivação está situada em


dois níveis: extrínseco (desejo) e intrínseco (neces­
sidade).
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

A atração extrínseca, indentificada por um desejo, é mais re­


conhecida como incentivação; os impulsos provocados pelo in­
centivo diferem dos estritamente motivacionais que são provo­
cados pela necessidade.
O incentivo é um estímulo externo que serve para manter a
conduta estável em relação a alguma coisa visada, buscada, pro­
curada. O estímulo, como energia ambiental que excita os recep­
tores, pode se manisfestar como um objeto, do fato ou da situa­
ção que atua sobre o organismo, alterando sua atividade. Os estí­
mulos podem ser físicos e sociais, internos e externos.
Os dois maiores incentivos ou estimulantes sociais do ho­
mem do século XXI é a auto-realização e o auto-reconhecimento.
Desde o momento em que entramos na escola, nossa vida
ptiblica é marcada pela contagem dos sucessos e dos fracassos. O
"termômetro" criado pela sociedade de massa para "medir" o
grau de sucesso de um indivíduo é a realização financeira, o que
o tornará "reconhecido" como alguém bem-sucedido.
Nos Estados Unidos existe o famoso sonho americano, que con­
siste em adquirir a importância de um milhão de dólares.
A obsessão pelo poder faz parte da aculturação contemporâ­
nea, é o que eles chamam de status, esse patamar nos distingue da
multidão. A luta pelo sucesso é uma busca pelo reconhecimento.
Nunca se viu tanta demanda por aquisição de conhecimento,
transliterada em forma de ascensão social. Evidentemente, o indi­
víduo com formação superior poderá obter sucesso (do modo como
a sociedade vê); entretanto, o que se reconhece não é a virtude pes­
soal do indivíduo, mas suas realizações. Em outras palavras, obter
sucesso significa ascender acima da multidão, sobressair à massa e
ser reconhecido como referencial familiar ou regional.
Na verdade, o materialismo dos tempos modernos está marca­
do por coisas que são o fim em si mesmas e não o benefício dessas.
Por exemplo, não se quer ter um carro pelo benefício em termos de
locomoção, antes é desejado pela sensação que se tem de ver as pes­
soas admirando o veículo, ou melhor, “é preciso entender que o
mundo é governado por idéias. Estas e os valores acabam tendo
muito mais peso que as coisas. Quando alguém compra um carro,

BB
□ P ro c e ss o 5 a tis fa c io n a l

por exemplo, não está comprando apenas um veículo, mas um sím­


bolo de status social, um referencial psicológico de auto-afirmação,
um elemento de maior aceitação dentro da sociedade, etc".16
A cultura ocidental criou um "modelo" estético de corpo para
as mulheres. As sexy simbols do país são vistas como referencial
pelas demais. Desse princípio surge então o desejo de se torna­
rem iguais a determinada atriz ou modelo, o que para as mulhe­
res significa serem reconhecidas e realizadas. Um estudo realiza­
do em novembro de 2001 pelo Hospital das Clínicas de São Pau­
lo procurou dimensionar pela primeira vez o grau de insatisfa­
ção dos brasileiros em relação a sua própria imagem. A conclu­
são a que chegou o estudo foi:

Oitenta por cento das mulheres entre 18 e 39 anos têm o costum e de


se com parar a m odelos e atrizes. A consequência disso é que, na
hora de cair na faca, se pede ao cirurgião "o nariz de Nicole Kidm an",
"o s seios de G isele B ü nd ch en", e por aí vai. O nariz de N icole
Kidm an, os seios de Gisele Bündchen ou a boca de Julia Roberts são
m esm o obras da genética. M as só o são porque fazem parte de um
conjunto harm onioso, que nenhum cirurgião plástico é capaz de re­
produzir. Diante de pedidos do tipo "quero o queixo de fulana" ou
"a barriga de sicrana", os profissionais sérios dizem a suas clientes
que a coisa não funciona assim , e se a insistência é grande, sim ples­
mente se recusam a fazer a operação. Já os m édicos m enos preocu­
pados com os aspectos éticos (e estéticos) fazem qualquer negócio
— é por isso que há tantos narizes plasticam ente arrebitados em
rostos que não com binariam com esse tipo de anatom ia.17

Na realidade isso demonstra que o desejo de auto-reconheci-


mento e auto-realização como é visto pela maioria nada mais é
que cobiça camuflada e insatisfação consigo mesmo.
A despeito de tudo isso, o mesmo estudo ouviu 350 homens e
mulheres da classe média paulista, e mostrou que de cada dez
entrevistados, seis revelaram insatisfação com o seu próprio cor­
po apesar de estarem visivelmente em forma. Uma das pergun­
tas da pesquisa era: "Você tenta convencer as pessoas de que não
está bem quando lhe dizem que você está ótimo?" Cerca de 60%
das pessoas disseram que sim. Ou seja, auto-estima zero"18 (grifo

67
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

meu). Daí, a motivação para "entrar na faca" e ser mais um nú­


mero da cifra dos insatisfeitos e depreciados.
O estado de carência que existe intrinsecamente em relação
às nossas perspectivas afetivas é identificado como necessidade
de auto-estima.
Motivo no conceito de Shaffer é "qualquer fator que desper­
ta, sustenta e/ou dirige o comportamento". Para Sanford, "é uma
inferida condição do organismo, que serve para dirigi-lo a um
objetivo". Hilgard afirma ser "uma condição do organismo que
afeta sua prontidão para principiar ou continuar uma sequência
de comportamento".19
Quando falamos em necessidade, automaticamente nos refe­
rimos ao ser humano e seus aspectos biológico (ou físicos), psico­
lógico (ou intelectuais), social, emocional e espiritual. E algo ine­
rente à vida humana. Necessidade é a maior motivação que pos­
sa existir, ela é a causa (aquilo que faz com que uma coisa exista),
enquanto que motivação é efeito (percepção consciente ou incons­
ciente da existência dessa coisa, e que pode fazer mover).
Motivação por conseguinte é um conjunto de fatores que con­
trolam e ativam o nosso comportamento, condicionando o orga­
nismo à alcançar um objetivo que pode ou não nos satisfazer.
A motivação que ocorre pelas necessidades de auto-estima
pode ser de intensidades diferentes, como por exemplo quando
alguém fere os nossos sentimentos e nós amamos essa pessoa
(isso acontece frequentemente no namoro), a motivação em ter­
mos de reconciliação ocorrerá em um nível. Contudo, se uma
outra pessoa que apenas conhecemos nos ferir, a reação será na
maioria das vezes de vingança, como "defesa" da nosssa digni­
dade.
O conceito de auto-estima do terceiro milênio é confundido
com deificação, onde, para se obtê-la, é necessário auto-reconhe-
cimento e auto-realização dentro dos padrões culturais da socie­
dade pós-moderna.
Como última-análise, dizemos que esses desejos e essas ne­
cessidades nos predispõem à atividade que se orientará na dire­
ção de conquistar o objetivo; ou seja, todo o processo motivador

BB
□ P ro c e s s a S a tis fa c io n a l

se reduz, portanto, na satisfação das necessidades e na redução


dos impulsos tensivos provocados pelo desejo.

Vontade

"Termo usado para designar o ato caracterizado pelo plane­


jamento, deliberação, decisão e execução."20
Esse grupo de funções constitui uma resposta consciente a
determinados estímulos. Quando temos ou recebemos uma mo­
tivação, somos levados a uma ação racional e emocional que nos
permite escolher, entre várias soluções, aquela que nos parece a
melhor e que poderá nos satisfazer. Por isso, a vontade é resul­
tante de uma decisão racional, inteligente, pensada e, portanto,
implicando responsabilidade.
E o self (eu) em ação, visto que os nossos atos efetuados, in­
cluindo a tomada de decisão, foram refletidos com anterior ela­
boração mental. Assim, por exemplo, quando sentimos desejo de
adquirirmos este ou aquele objeto que nos tornará "realizado",
mas antes-refletimos em nossas parcas condições financeiras,
estamos agindo de acordo com nossa vontade, muito-embora
contrariando um desejo nosso. Dessa forma, vê-se que a vontade
regula nossos atos, fazendo com que queiramos ou recusemos
alguma coisa, e tomemos a iniciativa-de suprimi-la ou adquiri-la
(preparação motora), ou seja, preparação para o início e a execu­
ção de uma determinada ação.
Por conseguinte, a vontade — que alguns autores preferem
denominar com o verbo querer — consiste em escolher certa al­
ternativa de comportamento em determinada situação, preven­
do o resultado dessa ação, e também esforçar-se para vencer os
obstáculos até chegar ao objetivo desejado. Esse objetivo pode
consistir em obter algo considerado desejável, útil, bom, mas tam­
bém pode consistir em evitar algo indesejável, prejudicial, nega­
tivo — em ambos os casos isso se verifica através-da vontade.
Pode se dizer que mesmo motivado o indivíduo só atingirá o
objetivo se tiver força de vontade, caso contrário a inércia perma­
nente pode trazer o estado psíquico chamado abulia (inabilidade

59
M a rk e tin g p a ra □ Escola Dom inical

para tomar decisões, para iniciar um comportamento voluntá­


rio), o que se persistir, causará uma enfermidade psíquica deno­
minada de abulomania, que é marcada pela ausência de vontade
na sua forma obsessiva.

O bjetivo

É sinômimo de meta; aquilo para qual se dirige um organis­


mo num ato intencional. Quando sentimos necessidade ou dese­
jo, percebemos também que há condições ou ações que podem
eliminar ou satisfazer essa necessidade ou esse desejo: são os
objetivos.
A experiência que possuímos pode influir bastante na deter­
minação de nossos objetivos, ou seja, o caminho a tomar e a esco­
lha a fazer. Note que a necessidade e o desejo que nos motiva
dependem da vontade que nos levará a tomarmos uma decisão
em alcançar ou não o objetivo. E que o simples fato de vislum­
brarmos algo que imaginamos ser o objetivo não garante que esse
seja realmente o caminho certo ou a escolha exata. Tudo pode
não passar de simples ilusão de ótica, o que na grande maioria
das vezes causa frustações e constrangimentos.
A humanidade atual é marcada por um acentuado estado de
insatisfação; o desnível social é o principal responsável por esse
flagelo. Pois, como já frisamos, o conceito que se tem sobre auto-
reconhecimento, auto-realização e auto-estima está de modo li­
geiro posterior ao status, à condição financeira e à aparência do
corpo. Por essa razão, preferimos a teoria de Naomi I. Brill a teo­
ria da hierarquia das necessidades de Maslow. A sociedade pós-
moáerna independentemente de ter ou não satisfeito as necessida­
des fisiológicas, procura com avidez suprir as necessidades se­
cundárias. O exemplo claro disso pode-se ver nas periferias e fa­
velas dos grandes centros, onde na maioria das vezes não se tem
alimento, mas os barracos ostentam uma antena de TV a cabo da
Directv, onde vêem as mesmas coisas que os ricos contemplam. A
partir desse ponto surge uma problemática: vendo o mesmo pa­
drão de vida que os mais abastados e estando separado por uma

70
0 P ro c e ss a S a tis fa c ia n a l

realidade totalmente distinta e antagônica, o miserável querendo


pelo menos trajar-se com as grifes da elite-apela então para a
criminalidade.
Dessa forma, quem não tem um bom emprego, um bom salá­
rio, uma boa casa, um bom carro, uma substancial influência na
sociedade, não é esbelto, não se veste bem, não frequenta os lu­
gares marcados por "tantas estrelas"; é uma pessoa discrimina­
da, infeliz e rejeitada pela sociedade.

NECESSIDADE DESEJO
CARÊNCIA ATRAÇÃO
INTRÍNSECA EXTRÍNSECA

SELF
(INTELECTO)

OBJETIVO CERTO? ERRADO?

OPÇÕES
Sim = Pode ou não, satisfazer
Não = Pode ou não, ser a atitude certa
Indecisão = Abulia, podendo causar Abulomania
Figura 3 — Diagrama ilustrativo do processo satisfacional

71
C a p ítu la 6

A Importância da Educação
Cristã no Processo
Batisfacional

A relevância da educação cristã no processo


satisfacional é um fator óbvio, entretanto, pouco per­
cebido, ou como alguém já disse: "O óbvio que nin­
guém vê". Billie Davis, professor emérito e ex-cáte­
dra do departamento de Ciências Behavioristas da
Evangel University, em Springfield, Missouri, decla­
ra (satirizando) que a maioria dos psicólogos afirmam
seus postulados dando leves "pancadinhas" nas cos­
tas da Bíblia. Ele afirma que em certo livro didático
de teorias de aconselhamento: "o autor diz que é "em­
polgante" sua descoberta de que pessoas respondem
melhor quando acreditam que a vida tem significa­
do — chegando a ponto de acreditar que o sofrimen­
to tem um propósito". Davis em tom sarcástico e em
demonstração de chacota pela extrema redundância
acerca do que lera, declara: "Não acho que tal idéia
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

seja nova. Ouvi-a pela primeira vez quando era criança na Escola
Dominical".21
De uma forma ou de outra, todos os seres humanos tentam
satisfazer suas necessidades. O maior problema, ou talvez o úni­
co, é que por não sabermos e querermos satisfazê-las de maneira
errada, mostramos um comportamento negativo e às vezes até
antibíblico (Tg 4.1-3).
Uma das principais facetas da importância da educação cris­
tã no processo é a questão de "como" satisfazer nossas necessi­
dades, pois de acordo com a maioria dos psicólogos, a maneira
como percebemos e satisfazemos as nossas necessidades é a cau­
sa principal do desenvolvimento do nosso caráter e personalida­
de, ou seja, o que nos faz ser o que somos.
Talvez o exemplo mais clássico do que estamos falando seja
o relato da queda de Adão e Eva ocorrida no Éden. O não enten­
dimento das reais necessidades humanas e a tentativa de satisfazê-
las de maneira errada foi à causa de todos os males e dificulda­
des que surgiram (Gn 3.16-19).
Estamos cônscios de que mesmo antes de caírem, os seres hu­
manos já possuíam necessidades intrínsecas à sua sobrevivência e
preservação; por exemplo, fome e sede (Gn 1.29,30), desejo sexual
(Gn 1.27,28). Mas é correto também imaginarmos que aquEle que
nos criou, insuflou-nos uma necessidade premente, um apetite es­
piritual de modo que pudéssemos sentir desejo em procurá-lo, essa
é pois a razão última pela qual existimos. E é uma necessidade real
que todo cristão deve conhecer, visto que fomos restabelecidos (es­
piritualmente) ao nosso estado original de adoradores (Jo 4.23,24);
e isso custou muito caro para quem nos criou: "Porque fostes com­
prados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no
vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Co 6.20).
Assim, necessidades adquiridas, conforme denominou
Maslow, antes de serem satisfeitas no campo psíquico-social, pre­
cisam ser satisfeitas, contidas ou dirigidas espiritualmente: "Por­
que, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito
mortificardes as obras do corpo, vivereis" (Rm 8.13). E aqui está a
causa primária da existência deste livro, e também o maior moti­

74
A Im p o rtâ n c ia d a Edu cação C ristã no P rocesso S a tis fa c io n a l

vo pelo qual se deve atrair, conquistar e manter alunos na Escola


Dominical, ou seja, fazer Marketing para a Escola Dominical.
Após esse entendimento, a pirâmide das necessidades deve
ser reapresentada da seguinte forma:

/AUTO-ESTIMÁN

'AFEIÇÃO / s o c ia l n
SEGURANÇA
ESPIRITUAIS
FISIOLÓGICAS Fig u ra 4

O símbolo significa a "partícula" da carência que temos em


querer Deus, ou seja, essa necessidade coexiste com todas as ou­
tras, inclusive e principalmente na esfera espiritual (observe o
acréscimo), pois faz parte do "código genético" do nosso homem
interior.
A primeira predisposição do nosso "homem interior" (espí­
rito, alma ou psique) é a necessidade de salvação. O homem de­
seja o transcendental, embora muitos o busque erroneamente em
falsos deuses. Outros pensam estar adorando a Deus, mas na
verdade não o conhece, e desse modo são frustrados, como a
mulher de Samaria ao ouvir de Jesus: "Vós adorais o que não
sabeis..." (Jo 4.22)
No entanto, o que nos interessa saber nesse momento é o que
escreveu o pastor Abraão de Almeida, em sua obra Teologia Con­
temporânea:

75
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

As Escrituras Sagradas afirm am que o hom em , possuidor de espíri­


to, alma, corpo, entendim ento, vontade, afeições, incom paravelm en­
te superior às outras criaturas terrenas, não pode viver pragm atica­
m ente e sem nenhum a m etafísica. O ser humano suspira por D eus,
e sua alm a é religiosa por natureza (grifo m eu).22

Todavia, partindo do pressuposto de que todos os cristãos são sal­


vos, vam os analisar o valor da educação cristã, em nossa cam inha­
da no "[prosseguim ento] em conhecer o Senhor" (Os 6.3).

Educação C ristã, o que É?

"Programa pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada,


visa ao aperfeiçoamento espiritual e moral dos que se declaram
cristãos e daqueles que venham a atender o chamado do evange­
lho de Cristo."23
É evidente que educação cristã é muito mais que isso, na
pedagogia divina ela é um processo contínuo que envolve o
ser humano integralmente (espírito, alma e corpo), levando-o
a desenvolver a mente, seu aspecto emocional para que enten­
da a si mesmo e recupere sua auto-imagem dentro do contexto
em que estamos inseridos. Ela ainda contempla o nosso ho­
mem interior, nosso lado espiritual que é o mais beneficiado
com esse processo.
Não menosprezando nossas faculdades, seminários e insti­
tutos bíblicos, que tanto tem contribuído para o aperfeiçoamento
dos santos, afirmamos ser a Escola Dominical a maior agência de
educação cristã que a Igreja possui.
Nela, os cristãos são preparados para interagir com o meio
onde vivem , com as situações do d ia-a-d ia, usando sua
criatividade, discernimento e compromisso com os princípios bí­
blicos, que são em sua totalidade o maior código de eticidade e
moralidade do ser humano. A ética cristã ensinada na Escola Do­
minical é um conjunto de princípios que formam e dão senti­
do ao viver cristão, ela fundamenta-se na ética bíblica que é
exarada das Escrituras Sagradas, que por sua vez é a ética absolu­

7E
A Im p o rtâ n c ia da E d u cação C ristã no P ro c e ss o S a tis fa cio n a l

ta, pois quem estabeleceu suas regras foi o próprio Deus, e nEle
"não há mudança, nem sombra de variação" (Tg 1.17).
Alguém já disse que "quem cria estabelece a norma". Aassertiva
serve também para o ser humano, pois quem nos criou foi Deus
(Gn 1.26-31; Tg 1.18). Aliás, criou todo o universo (Gn 1.1-31; 2.1-
25). Eminentemente, Deus estabeleceu as normas éticas e morais e
disponibilizou capacidade suficiente para a humanidade praticá-
las (Ef 2.10; Rm 2.14,15). "Deus não é homem, para que minta; nem
filho de homem, para que se arrependa" (Nm 23.19), portanto, o
que Ele instituiu como certo continua certo, e o que é errado conti­
nua errado. Deus é imutável e sua Palavra também, dessa forma, o
que os textos bíblicos definem como bom ou mal, como moral ou
imoral são para os educandos cristãos autênticos postulados de
suas vidas, e deve ser observado tanto no sentido vertical (com
Deus) quanto no horizontal (na sociedade).
A ética cristã tem a ver com a conduta pessoal do educando
cristão em relação a valores morais, físicos, sociais e espirituais.
Em outras palavras, sua maneira de agir deverá se pautar na con­
duta identificada com os ideais ensinados por Jesus Cristo no
Sermão da Montanha, registrado nos capítulos 5 a 7 do Evange­
lho segundo escreveu Mateus.
Vale acrescentar que a ética cristã não é opcional, porém ma­
nifestação extrínseca e visível da mudança de vida que caracteri­
za o verdadeiro cristão (Rm 6.4; 7.6). Aliás, toda boa educação e
ensino exigem mudança de comportamento:
Rogo-vos, pois, irmãos, pela com paixão de Deus, que apresenteis
vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a D eus, que é o
vosso culto racional. E não vos conform eis com este m undo, mas
transform ai-vos pela renovação do vosso entendim ento, para que
experim enteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus
(Rm 12.1,2).

C onflitos internos

A educação cristã não visa apenas a educar-nos para os rela­


cionamentos interpessoais, mas também para aprendermos a con­

77
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

viver intrapessoalmente, ou seja, com os nossos conflitos inter­


nos e nossas habilidades ou debilidades, e acima de tudo para a
cada dia mudar nossas vidas. Quando vistas e entendidas em
seu contexto, essas "batalhas" (Gn 5.17) revelam a possibilidade
de uma relação causa/efeito, que culminará em qualidade de vida.
A competitividade, a busca do poder e o desejo de se sobres­
sair são latências humanas que se originaram no Éden quando o
Diabo, através da serpente, disse a Eva: "... e sereis como Deus..."
(Gn 3.5) O que era uma mentira, visto que o fato de o homem ter
sido criado à "imagem e semelhança de Deus" (Gn 1.26) já era,
ou pelo menos deveria ser, o bastante para o homem. Bem, o pró­
prio ato em si mostrou que o homem não tinha competência para
o que estava querendo, e com certeza usaria o potencial de "ser
como Deus" de forma abusiva.
Desse episódio em diante, o qual conhecemos por "pecado
original", foi estabelecido uma barreira entre Deus e a humani­
dade (Rm 5.12). Visto o primeiro casal ter desobedecido ao Se­
nhor, pois quando Adão e Eva foram criados, o mal já existia no
universo (Ez 23.17; 14.12-20; Lc 10.18; Jo 8.44 e 1 Jo 3.8), entretan­
to, o livre-arbítrio lhes oferecia as opções sim/não.
Desse modo, a humanidade permanece com o instinto
dominativo, pois fomos criados para dominar (Gn 1.28), porém,
perdemos o direito de domínio (Gn 3.16-20; Rm 8.19-23), o que se
não for compreendido resulta em não poucas frustações.
O leitor a essa altura já consegue imaginar o quanto a educa­
ção cristã é necessária para nossas vidas. Ela deve acompanhar a
criança da mais tenra idade, para que essa se torne um cidadão
exemplar. Quando dirigida a adultos que não tiveram a oportu­
nidade de estudar as Sagradas Escrituras, a influência da educa­
ção cristã se toma decisiva e mesmo definitiva como reeducação,
nos aspectos físico, intelectual, emocional, social e em especial
no espiritual.
Os nossos conflitos internos podem ser controlados e/ou ar­
refecidos se levarmos em conta a reformulação da "Pirâmide das
necessidades" (Figura 4). Deixando, como já frisamos, as neces­
sidades fisiológicas e atentando estritamente às necessidades

7B
A Im p o rtâ n c ia da Edu cação Cristã no P rocesso 5 a tis fa c io n a l

adquiridas, vendo que, bem antes de atingir o nosso viver exteri­


or, elas devem ser compreendidas espiritualmente.

Reeducação

A edu cação deixou de ser apenas rep rod u tora ou


"repassadora" de informações e está mais interessada em treinar
as pessoas para uma vida de sucesso. Ela provou ser o melhor
caminho para desenvolvermos as nossas potencialidades e nos
promete uma vida melhor na "pós-formatura". E é exatamente
isso que as pessoas procuram, o suposto sucesso oferecido pelo
estudo e não o prazer de estudar.
Quando éramos crianças, sempre ouvíamos do pai e da mãe:
"Você tem que estudar para ser alguém na vida". E essa concep­
ção cultural proveniente da época do regime militarista brasilei­
ro se avolumou sendo a única motivação para estudarmos. Sem
dúvida alguma, acreditamos ser a educação um fator preponde­
rante e imprescíndivel para a nossa vida, porém, mesmo com tan­
tas mudanças sofridas, o sistema educacional contemporâneo não
vê auto-reconhecimento e auto-realização como resultado de auto-
estima, antes apregoa a soberania da formação superior como
sendo a causa desses efeitos.
Imagine por um instante, que a cada ano saem milhares de
profissionais das universidades e faculdades, e é evidente que
não há "campo ou mercado" de trabalho para todas essas pesso­
as. Dessa maneira, o sucesso prometido muitas vezes não acon­
tece, e a consequência disso são pessoas inteligentes, que por não
atingirem o alvo estabelecido pela sociedade, se autodestroem
no tabagismo, alcoolismo, nas drogas, nas jogatinas, etc. A de­
pressão e demais doenças psicossomáticas são resultado de
frustações e fazem parte da vida da maioria das pessoas do mun­
do hodierno. A causa?! Simples. Falta de equilíbrio emocional
por desconhecimento espiritual do Deus que nos criou.
O "eu" interior, para sentir-se auto-estimado, auto-reconheci-
do e auto-realizado, necessita de paz, harmonia e conhecimento de
si mesmo, de suas latências, possibilidades e incapacidades. Esse

79
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

perscrutamento exige reeducação psíquica, social e espiritual, ou seja,


é necessário uma "catarse", uma desaprendizagem de tudo que
conhecemos como auto-estima, auto-reconhecimento e auto-reali-
zação na visão distorcida de uma sociedade massificada e materia­
lista; trocar o errôneo e velho conceito pela nova (para o indivíduo)
e correta conceituação da nossa existência, que é vivermos para
adorar aquEle que nos criou. O Mestre de Nazaré tinha plena con­
vicção de ter cumprido a sua missão, por isso dizia: "Vós já estais
limpos pela palavra que vos tenho falado" (Jo 15.3). Leia ainda os
seguintes textos: Colossenses 1.16; Apocalipse 4.11; Salmos 150.6.
Muitas pessoas estabelecem alvos para suas vidas e após atin­
girem esses objetivos continuam insatisfeitas, irrealizadas,
irreconhecíveis, inseguras e indecisas. A explicação para isso é
que na maioria das vezes, esses desígnios são puramente aquisi­
ções materiais, que não trazem felicidade perfeita (Lc 18.18-30).
Outro grupo formata alvos segundo a realidade de outras
pessoas, o que resulta em impossibilidade de alcance e não pou­
cos problemas emocionais. Isso demostra despreparo, imaturi­
dade e inaptidão consigo mesmo, não reconhecimento de sua
individualidade, indiferença e o pior: "pobreza de espírito".
A reeducação do cristão acontence aos domingos na maior e
mais democrática escola do mundo: a Escola Dominical.
Nela, entre outras coisas, você aprenderá que para satisfazer
as necessidades adquiridas, ou seja, para se auto-estimar, auto-
reconhecer e se auto-realizar, devemos:
• Amar a Deus - "... Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento" (Mt
22.37). Concentrar todo nosso ser na Fonte da vida, e retribuir com
o máximo (pois ainda é o mínimo) que pudermos em amor é, pois,
a essência da auto-estima (1 Jo 4.19; Rm 5.6-8; Jo 14.23,24).
• Amar as pessoas - "... Amarás o teu próximo como a ti mes­
mo" (Mt 22.39). Leia também 1 João 4.21. Há dois principais fato­
res que nos impede de amar as pessoas, são eles: inveja e
egocentrismo. Para evitar esses descontentamentos, observe
Mateus 25.15 e Filipenses 2.3. Existem casos de pessoas com crise
existencial que não se amam e conseqüentemente não amam as

BD
A Im p o rtâ n c ia da E d u taç ã o C ristã no P ro c e ss o 5 a tis fa c io n a l

pessoas. Quando isso ocorre, é bom entender que o verdadeiro


cristão têm múltiplos motivos para se auto-estimar, e o principal
deles é a nossa filiação real (Jo 1.12). Acerca de Filipenses, note que
o apóstolo dos gentios não exige que ninguém se diminua, mas
reconheça o seu próximo superior a si mesmo, o que significa que
quando faço isso, milhares estarão fazendo o mesmo comigo.
• Estabelecer prioridades - "Porque onde estiver o vosso te­
souro, ali estará também o vosso coração" (Lc 12.34). O "coração" a
que Jesus se refere, são todos os nossos sentimentos, pensamentos,
desejos, valores, vontades, decisões e ações as quais são atraídos
pelas coisas que consideramos mais importantes e prioritárias em
nossa vida. A nossa prioridade está registrada em Mateus 6.33,34.
• Definir objetivos - "Prossigo para o alvo, pelo prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3.14). Os objeti­
vos subdividem-se em três categorias:
Essencial - Você tem necessidade de fazer (Jo 3.3-7; 1 Co 9.16)
Importante - Você faz por prazer (1 Co 9.17; G15.13; 2 Co 9.7).
Acidental-Você faz de modo aleatório (1 Rs 13.20,21; 1 Co 9.26).
Os objetivos essenciais são aqueles que quando deixamos de
fazer somos tremendamente prejudicados; os importantes, se não
forem atingidos, acabam nos deixando como máquinas; já os aci­
dentais ocorrem porque na verdade não temos objetivos defini­
dos (e o pior é que quase sempre vivemos acidentalmente!).
Logo, o cristão deve tornar a aprendizagem da Palavra de
Deus um objetivo essencial — importante como o salmista que
escreveu o Salmo 119. Muitas pessoas não valorizam a Escola
Dominical por desconhecerem a sua necessidade de aprender e o
objetivo proposital da sua existência. Nas palavras de Paulo a
Timóteo, vemos a importância da educação cristã:
Tu, porém , perm anece naquilo que aprendeste e de que foste intei­
rado, sabendo de quem o tens aprendido. E que, desde a tua m eni­
nice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a sal­
vação, pela fé que há em C risto Jesus. Toda escritura divinam ente
inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir,
para instruir em justiça, para que o hom em de Deus seja perfeito e
perfeitam ente instruído para toda boa obra (2 Tm 3.14-17).

BI
Conclusão

Não poucas pessoas sofrem por não ter conhe­


cimento do prazer que é servir a Deus. Outras pro­
curam satisfazer as necessidades adquiridas com
coisas estritamente materiais e aparentes, desconhe­
cendo que "essas coisas" (Mt 6.33) acontecerão
como efeito da causa aúrea, e segundo a vontade
de Deus. Não que os bens materiais e as atividades
laborais sejam desnecessárias, pelo contrário (2 Ts
3.10); contudo, a "boa parte", que é o aprendizado
da Palavra, jamais poderá ser tirada de nós por al­
guém (Lc 10.38-42).
As pessoas se desdobram em "m il" para tentar
antigir o nível de status proposto pelo modelo atu­
al, muitas provocam calamidades para manter uma
aparência exterior do que elas na verdade não são.
Por outro lado, quando essas pessoas descobrem o
M a rk e tin g p a ra a Escola ^o m in ical

real sentido da vida, e em que ela consiste (Ec 12.13), vê que todas
as demais coisas são vaidades (Ec 1.1-18; Lc 12.15-21; 2 Co 4.18).
O hom em m oderno é levado a trocar o seu tem po outrora gasto com
afazeres religiosos por uma nova dedicação: o tem po de lazer, a re­
ligião do prazer. As exigências de prazer são ordenadas pelas neces­
sidades consum istas estabelecidas pela máquina m ercadológica. Sem
tem po "liv re ", consom e-se menos. O hom em é reduzido a um mero
referencial econôm ico. E o único valor da sociedade. Para essa m en­
talidade, as virtudes com o lealdade, fidedignidade, honestidade,
honra, têm o seu preço. Basta pagar o preço correto para que qual­
quer pessoa aceite.24

Meus caros superintendentes, professores e demais pessoas


que trabalham na Escola Dominical, temos em mãos as respostas
às indagações mais inquietantes da humanidade: Quem sou? De
onde vim? Para onde vou?
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi, para a re­
vista Veja, revela que os evangélicos pentecostais é um dos ramos
que respondem com melhor propriedade à essas "indagações
transcedentais que atormentam a humanidade há milênios": "Não
há fenômeno que se compare à conversão nos últimos dez anos de
9 milhões de brasileiros às mais de 100 denominações pentecostais
que existem no país".25 A ilustração das páginas que trazem essa
notícia (págs. 128,129) reproduz a vista interna do templo central
da Assembléia de Deus no Belenzinho, em São Paulo.
Portanto, onde os nossos olhos carnais nada vêem, Deus vê e
realiza milagres, um grande exemplo disso foi Moisés. O servo
do Senhor achava que tinha em suas mãos um simples cajado,
mas o Senhor sabe usar e valorizar. Vamos valorizar o que temos
em nossas mãos, pois é a maior benção literária que Deus nos
legou. Ela é a bula composicional, a biografia antropológica e o
mapa que mostra as duas trilhas (vida/morte). Temos a receita
da tão sonhada qualidade de vida (Jo 10.10), o melhor "produto"
(Mc 4.3,14) e o melhor serviço (Is 52.7; SI 126.5,6; At 12.24,25).
E por fim, temos o conhecimento que precisamos: as pessoas
necessitam da Escola Dominical, portanto, vamos promovê-la,
divugá-la e principalmente viabilizá-la.

B4
C onclusão

Na parte três estaremos relacionando as necessidades espe­


cificamente com a Escola Dominical. Veremos ainda como criar,
despertar e suprir necessidades espirituais e sociais com o con­
teúdo ministrado na Escola Dominical.
P arte Dais

A Dinâmica das Mudanças

As mudanças são como o tempo; todos falam a respeito,


mas não há nada que se possa fazer. As mudanças, assim
como a passagem do tempo, são inevitáveis. Podemos agir
para aproveitá-las, para nos prevenir, podemos ficar
frustrados com elas, podemos aprender a extrair o máximo
delas, mas controlá-las...
Adaptado

Vede, isto tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto,


mas ele buscou muitas invenções.
Eclesiastes 7. 29
Salomão

Ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece


os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos entendidos.
Daniel 2.21
Daniel
Capítula 1

A “Criação” do Tempo

No princípio, criou Deus os céus e a terra. E a


terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a
face do abismo; e o Espírito de Deus se movia so­
bre a face das águas. E disse Deus: Haja Luz. E hou­
ve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus
separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à
luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a
manhã: o dia primeiro.
E disse Deus: Haja lum inares na expansão dos céus,
para haver separação entre o dia e a noite; e sejam
eles para sinais e para tem pos determ inados e para
dias e anos (Gn 1.1-5,14).

O relato bíblico nos informa que o "pêndulo"


do tempo (segundo contamos) foi acionado por
Deus "no princípio", ou seja, na criação do univer-
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

so cósmico e dos seres vivos (irracionais e racionais). A revista


Epoca cita algumas particularidades sobre o fator tempo, por
exemplo, comparando-o a um rio:
O tempo é um rio que corre. Ele é largo e profundo, e todos nós
existim os em seu curso. As pessoas não faziam a contagem dos sé­
culos até 1300. Som ente a partir de 1920 (isso mesm o, 1920) é que se
desenvolveu o conceito da década com o forma de caracterizar um
tempo de m udança. N o final do século XVI, com os dias dos anos
bissextos acum ulados, fazendo com que a data da Páscoa vagasse
confusam ente pelo velho calendário, o papa G regório XIII estabele­
ceu o sistema que utilizam os hoje em dia, o cham ado calendário
Gregoriano.
Em bora nem todos estejam contentes com uma folhinha que requer
um verso para lem brar qual mês tem quantos dias (trinta dias tem
setem bro, / abril, junho e novem bro / se for bissexto, m ais um lhe
dêem / E os demais, que sete são / trinta e um todos terão), o calen­
dário G regoriano é o padrão global. (...) o calendário Gregoriano é o
m odo como m edim os o fluxo do rio do tempo.

Da mesma revista temos uma ampla definição de tempo:


"U m a extensão finita de uma existência contínua (Oxford
English Dicionary)". E ainda uma importante afirmação do es­
critor David Ewing Duncan, autor de um livro sobre a evolu­
ção dos calendários: "uma das primeiras coisas que tomamos
consciência quando nos tornamos conscientes é a passagem
do tem po".26
A despeito de toda descoberta científica, o homem desde há
muito tempo soube de alguma forma "cronometrar seu período
existencial (Gn 5.1-32), e esse costume foi repassado entre as de­
mais gerações através da cultura. De modo que em vários textos
bíblicos podemos ver que nossos antepassados enumeravam cro­
nologicamente a sucessão de fatos históricos (1 Rs 6.1; At 13.20)".

Tempos e Tempo

Teologicamente há de se fazer distinção entre tempos e tem­


po. Ao ser interrogado pelos discípulos sobre a restauração da
nação israelita, Jesus faz alusão aos "tempos ou as estações"

90
A "Criação” do Tem po

(At 1.7), sendo esta mesma palavra repetida pelo apóstolo Paulo
em 1 Tessalonicenses 5.1. Em ambos os casos, as indagações
dirigidas ao Senhor Jesus Cristo e ao apóstolo Paulo pelos seus
interlocutores visavam a respostas precisas como ano, mês, dia e
hora em que ocorreriam determinados acontecimentos.
Na realidade o que eles queriam saber era quando Deus agiria,
ou seja, quando ocorreria a intervenção do tempo de Deus (kairós)
agindo em favor da humanidade no nosso tempo (chronos), o que
conhecemos com passagens de segundo, minutos, horas, dias e anos.
Em se tratando de tempo como o vácuo atemporal em que o
universo está inserido, este continuará existindo, mesmo na eter­
nidade, no entanto não terá a mesma relatividade. Pastor
Claudionor de Andrade chama-o de "um tempo sem tempo".27
Pastor Antônio Mesquita explica que quando "Jesus disse ao la­
drão pregado na cruz: 'Hoje estarás comigo no paraíso' (Lc 23.43),
o advérbio hoje, dito por Jesus, denota a descontinuidade do sis­
tema dia-noite — contagem do tempo — na eternidade. Ela figu­
ra como um dia contínuo que não se acaba. 'E as suas portas não
se fecharão de dia porque ali não haverá noite'" (Ap 21.25).28

A D inâm ica dos Tempos

O sentido mais simples e objetivo da palavra "dinâmica" se


traduz em duas simples palavras: movimento próprio.29
E é o passar desse "movimento" que o relógio de sol do rei
Acaz marcava no horário pelo movimento da sombra de um
obelisco, projetada sobre os degraus (2 Rs 20.9-11), que os egípci­
os igualmente acompanhavam no passar da areia de um recipi­
ente para outro, ou seja, movimentando-se num espaço determi­
nado, instrumento este chamado de ampulheta. Da mesma for­
ma, na antiga Grécia as clepsidras, ou "relógios de água", possu­
íam uma agulha a qual se movimentava giratoriamente com a
elevação da água, oferecendo aos gregos uma forma de horário.
A humanidade entendeu que independente de querermos ou
não, o tempo está passando, e que de uma forma ou de outra,
devemos nos organizar para nos relacionarmos bem com ele.

91
M a rk e tin g p a ra a Escala do m inical

No seu movimento próprio e independente, o novo fica ve­


lho, o atual se desatualiza, o moderno se ultrapassa, o hoje vira
ontem e o presente e o futuro transformam-se em passado.
Só existe algo que não fica defasado com o passar dos tem­
pos — a Bíblia. "Porque toda a carne é como erva, e toda a glória
do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor,
mas a palavra do senhor permanece para sempre. E esta é a pala­
vra que entre vós foi evangelizada" (1 Pe 1.24,25).
O Salmo 119, conhecido como o "Salmo da Bíblia" descreve
com singularidade o fator eternizante da Palavra: "Para sempre,
ó Senhor, a tua palavra permanece no céu" (SI 119.89).

O Valor do Tempo

Algumas pessoas confundem planejamento e organização


com presunção e ganância, e desnecessário seria dizer que uma
coisa não tem nada que ver com a outra.
Muitos cristãos interpretam o texto de Tiago 4.13-15 como
algo impedidor, quando na verdade o que a passagem quer dizer
é que devemos reconhecer que nossa vida está na dependência
do Senhor e que sem Ele nada podemos fazer (Jo 15.5). Uma lei­
tura cuidadosa do versículo 15 nos faz entender que devemos
lançar a nossas ansiedades sobre o Senhor (1 Pe 5.7), a fim de que
possamos alcançar nossos intentos.
Ao contrário do que muitos pensam, a Bíblia orienta à que
valorizemos o nosso tempo. De início vamos analisar um exem­
plo: "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, en­
quanto é dia; a noite vem, quando ninguém, pode trabalhar" (Jo
9.4). As palavras de Jesus neste texto não se referem ao dia com­
posto de sol e claridade, mas ao tempo disponível e favorável o
qual teve para executar seu ministério na terra.
O valor do tempo em relação à salvação é tão precioso que
Isaías disse: "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-
o enquanto está perto" (Is 55.6), e o escritor de Hebreus assevera:
"Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tem­
po que se chama Hoje..." (Hb 3.13)

92
A "Criação" do Tem po

No exercício do magistério cristão, o valor do tempo é incal­


culável, até porque estamos preparando (e preparando-nos a nós
mesmos, pois somos sujeitos do mesmo processo) pessoas para
viverem na eternidade.
Se alguém disser que cuida apenas das suas próprias coisas,
valorizando apenas o tempo do período trabalhista ou de lazer,
deve observar o que a Palavra diz em Filipenses 2.4. Como mem­
bros da Grande Comissão temos a obrigação de ensinar e isso
tem de estar acontecendo — agora. Jesus disse: "Portanto, ide,
ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Fi­
lho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os
dias, até à consumação dos séculos. Amém!" (Mt 28.19,20)
Será que podemos ficar inertes diante do nosso Senhor? Os
versículos citados são na tradução original descritos com conju­
gação de verbo no tempo passado, ou seja, como se já tivéssemos
ido e executado a missão que nos foi designada, sendo opcional
apenas a parte "batizando-as", pois essa depende da aceitação
da pessoa evangelizada.
Jesus nos deu o tempo para fazermos a sua obra, "até a consu­
mação dos séculos". Ele conta conosco, e acredita que somos seus
amigos: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a
sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o
que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não
sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, por­
que tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me
escolheste vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para
que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo
quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda" (Jo 15.13-16).
Se você encarava a Escola Dominical como uma opção, olhe
para ela a partir de agora como uma obrigação; se não sabe ensi­
nar leve as pessoas à Escola Dominical, pois é lá que se aprende a
guardar o que Jesus mandou; se quiser apreender as "coisas" para
ensinar, freqüente-a!
Sobre o valor do tempo, verifique o que Salomão escreveu
em Eclesiastes 12.1-7; o que Jesus disse a Pedro em João 21.18; o

93
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

que Paulo diz aos Gálatas 6.10; aos Efésios 5.15-17 (veja com Atos
12.1,2); e aos Colossenses 4.5,6.
Alguém já disse: "O tempo no mundo de hoje é também um
bem escasso".
Lembre-se: Seu tempo é sua vida (Rm 13.11-14), portanto
valorize-o!

□4
Evolução — Eixo Central
do Tempo e das Mudanças

Evolução é o desenvolvimento gradativo, pro­


gressivo e transformacional experimentado por
qualquer coisa que se possa mudar.
Conforme o tempo passa, as coisas evoluem e
conseqüentemente mudam. Isso é automático e sem
medo de exagerarmos; é orgânico. Contudo, devemos
deixar bem claro que nem tudo o que evolui e muda é
porque era ruim. Muitas evoluções causaram fragili-
dades em vez de fortalecimentos, o que não deixa de
ser um efeito colateral e extremamente regressivo.
A evolução científica, por exemplo, teve maior
repercussão atrelada ao advento do protestantismo;
é bem verdade que muitas invenções vieram preju­
dicar a humanidade, contudo, outras descobertas
inventivas, que hoje para nós são coisas prosaicas,
mudaram o rumo da humanidade alcançando des-
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

taque no nosso cotidiano, e mais, já não podemos viver sem elas.


Eis alguns exemplos: a lâmpada, os talheres, o vaso sanitário, o
parafuso, a escova de dente, o fósforo, o papel higiênico, etc. Res­
ponda-me, atualmente podemos viver sem essas coisas? E veja,
todas inventadas após 1517; leia-se, após a Reforma Protestante.
E claro que tudo isso que está ocorrendo no universo da ci­
ência já estava profetizado pela Palavra de Deus (Dn 12.4), inclu­
sive a instabilidade provocada no tempo e nas mudanças por
causa do eixo chamado evolução: "... muitos correrão de uma
parte para outra..."

A Evolução do D om ínio

Analisando o sistema governamental do mundo hodierno,


em particular o do Brasil, descobrimos algumas verdades, e po­
demos concluir que a classe dominante continua "esmagando" a
proletária que ainda é a maioria no percentual demográfico.
Vivemos na 3a via do sistema governamental, e essa evolu­
ção do povo em "ajudar" a liderar, chamada de democracia, é em
parte uma forma de autonomia e independência.
Na I a via temos o governo (Executivo e Legislativo), na 2a
encontram-se as empresas, dominando até mesmo o sistema edu­
cacional com os colégios particulares, e por fim, temos uma ino­
vação denominada de Ongs (Organizações não-governamentais),
onde o povo age com um "caneco" da solução, tentando esgotar
o "m ar" dos problemas.
A máxima desse sistema é mais ou menos assim: "Qual é a
sua contribuição para mudar o mundo?" Ou ainda a usada por
Wiston Churchil: "Cada pessoa tem apenas de cumprir o seu de­
ver para arruinar o mundo".
Alheio a esse domínio impositivo, há um outro, que atende­
mos aos seus caprichos voluntariamente; esse teve e têm uma
evolução astronômica, sua ação é sobre todos, seu maior aliado
somos nós mesmos. Esse domínio é denominado de consumismo
e tem uma hierarquia formada por três classes de pessoas: o povo,
os letrados e os intelectuais.

95
Evolução — Eixo C entral do Tem po e d a s M u d a n ç a s

O povo é a maioria, e só trabalha por dinheiro. Os letrados


trabalham para sobreviverem, e não somente por dinheiro. Os
intelectuais inventam, criam e aperfeiçoam as coisas (modismos),
e domina os outros dois grupos.

A "E vo lu ção" do M undo Evangélico

No sentido religioso e espiritual essa "evolução" é a que mais


nos diz respeito, pois somos uma grande parte da massa hetero­
gênea chamada de evangélicos (estimativas apontam 26 milhões
de evangélicos no Brasil).
A abordagem aqui não se dará no campo de usos e costu­
mes, o que para muitos é engessar a fé em regulamentos ultra­
passados.
Refiro-me a "evolução" onde já não se faz distinção entre o
religioso e o secular, entre o pentecostalism o genuíno e o
emocionalismo do neopentecostalismo, entre pastores e merce­
nários, entre doutrinadores ortodoxos e pregadores heréticos, onde
a Bíblia foi substituída por "caixinhas de prom essas" e o
aconselhamento cristão praticado pelo pastor trocado por "Disk-
Profecias" e consultas na internet aos gurus "evangélicos" da atu­
alidade.
Ser evangélico nos dias de hoje é sinônimo de status, e em
muitas ocasiões o processo de conversão é dispensado, a mensa­
gem é "venha como está, e fique como veio".
O mundo evangélico já começa a ser visto por alguns como
um mercado alternativo; essa descoberta favoreceu oportunistas
que dele tiram proveito e gera matérias para os que procuram
ocasião, com o intuito de nos difamar.
A evolução, ou seja, o crescente surgimento de denomina­
ções e mais denominações que a cada dia engrossam a "massa
evangélica" é antes de tudo um prejuízo ao crescimento do Rei­
no de Deus, haja vista que muitas não têm compromisso com a
Bíblia.
O povo que antes era visto como protestante é atualmente, por
causa dos descompromissados, visto como coadjuvante da secula-

97
M a rk e tin g p a ra a Escola □□ m inical

rização, isto é, proporcionou aos ouvintes terem "ouvidos de mer­


cador" para os ensinamentos das igrejas. As pessoas já ouviram
todas as mensagens possíveis e freqüentaram vários "tipos" de igre­
jas, viram a "guerra" mercadológica de muitas em se autopromover
para vender as suas "marcas", e isso propiciou aos olhos do povo a
banalização do conceito evangélico.
Há pouco tempo, li em uma revista "evangélica" uma entre­
vista de um líder neopentecostal. Ao ser interrogado sobre o fato
de sua igreja não possuir Escola Dominical, ele respondeu: "A Es­
cola Dominical foi inventada por alguém. Não está nem na Bíblia".
Haveria uma afirmação mais anticristã e desprovida de co­
nhecimento do que essa?
O protestantismo sempre se destacou pelo seu apoio à edu­
cação e ao conhecimento, ao contrário do catolicismo que sem­
pre quis obliterar o saber das pessoas. A causa que os levava a
fazer isso é óbvia. Sem conhecimento as pessoas se submetem
aos caprichos de seus tutores, mas uma igreja que se autoproclama
evangélica e cristã querer impedir o uso da razão através do es­
tudo da Palavra de Deus? E mesmo um contra-senso.
A evolução do mundo evangélico ocorreu até mesmo no cam­
po dos "gostos e aptidões" particulares das pessoas. Pastor An­
tônio Tadeu Avres, cita em seu livro Reflexos da Globalização sobre
a Igreja, que um dos distintivos da que ele chama "igreja oscilan­
te" é a pluralidade que tem como característica principal a opção
de escolha:

Veja o que acontece com a liturgia: uns só adm item cânticos, desde
que acom panhados pelo órgão ou piano; outros criticam essa "m o­
n o to n ia " e são p a rtid á rio s fe rv o ro so s da b a te ria , g u ita rra e
contrabaixo; alguns só adm item a banda; já outro grupo acha que o
m ais adequado é a orquestra, e a coisa vai por aí afora.
Hoje estão aqui, porque estará falando o pregador carism ático fula­
no de tal; am anhã estarão na igreja "X " , porque haverá "um a m a­
nhã de louvor incrível" e o cantor tal estará se apresentando; no
dom ingo seguinte estarão na com unidade " Y " , porque haverá a
"noite de revelações", e assim a lista de opções vai ficando infindável,
de acordo com os gostos e predisposições de cada um .30

38
Evolução — Eixo C en tral do Tem po e d a s M u d a n ç a s

Luiz Sayão comunga da mesma opinião e escreve:


O individualism o cria um a ilusão de independência, gerando ego­
ísm o e insensibilidade. A grande preocupação é que o individua­
lism o já chegou às igrejas. (...) A lém disso, em m uitos casos, os
próprios cristãos têm tratado a igreja com o um lugar de satisfação
individual; se não agrada, batem os na próxim a porta, onde a satis­
fação pessoal está garantida. A igreja oferece seus produtos: pre­
gação, visitação, coral, com unhão, etc. O indivíduo analisa, vê qual
oferece m ais "v an tag em " e escolhe. Em alguns casos tem os cris­
tãos que freqüentam duas ou m ais igrejas, pois gostam da m ensa­
gem e da Escola D om inical de um a, m as preferem o louvor e a
oração de outra. (...) A realidade, porém , é que a insatisfação é fi­
lha do individualism o egocêntrico. Por isso, m uitos são os cristãos
qu e "n ã o d ão c e r to " em lu g a r n e n h u m . S ã o in s u b m is s o s ,
utilitaristas, independentes, buscam seus interesses e não se im ­
portam com o grupo. A tristeza m aior vem do fato de que m uitas
"ig rejas" e "com u n id ad es" estão sendo form adas hoje para satis­
fazer esse "p ú b lico ". M uitos grupos religiosos d enom inados evan­
gélicos acabam investindo nesse "m ercad o " de alm as procurando
captação de recursos ou qualquer outra coisa, sem preocupar-se
com a d outrina eclesiológica do N ovo Testamento.

Infelizmente, o fator capitalista e mercantilista tomou conta


da sociedade de uma forma tal que o autor completa: "Até no
campo religioso isso já é realidade; o próprio evangelho já é uma
mercadoria vendida em '3 vezes sem juros'".31
Diante do exposto, indagamos: evoluímos ou regredimos?

A Evolução dos Tempos e das M udanças

Ao penultimizar o assunto evolução, distingo alguns ditos


populares que vez por outra estamos ouvindo e até mesmo fa­
lando: "O dia encolheu"; "Hoje em dia, o tempo passa mais rápi­
do"; "O mundo mudou", etc.
A análise fria de todas essas afirmações revela-nos que todas
são efeitos.
As coisas evoluíram, ou seja, a humanidade inventou muitas
coisas e por isso o dia tornou-se pequeno demais para tantas ati­
vidades.
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

O velho globo terrestre ainda é o mesmo "torrão" habitacional


a flutuar na imensidão do Cosmos criado por Deus. Na realida­
de, o que mudou foram as pessoas e isso "mudou" consideravel­
mente o desing paisagístico da natureza.
O nosso dia continua possuindo 24 horas, a Terra também é a
mesma; na verdade quem mudou foram as pessoas com seus
hábitos e procedimentos.
As mudanças e inovações sempre fizeram parte da vida hu­
mana, porém a forma de elas acontecerem e o intervalo que se
tem entre uma e outra, nos dias atuais, alcançaram proporções
gigantescas, de uma tal maneira que dormimos com uma novi­
dade e acordamos com ela inovada por outro grupo, e assim se
dá o processo contínuo da vida pós-moderna.

A Evolução da Escola D om inical

Pelo subtítulo desse capítulo final sobre evolução, queremos


dizer que nem de passagem nos veio à mente o pensamento de
contarmos a história da Escola Dominical. O que vamos fazer
será simplesmente sumariarmos e evocarmos algumas lições que
dois grandes mestres literatos nos legaram.
Toda e qualquer instituição se preocupa com a divulgação de
seus princípios, porque deles depende seu estabelecimento e sua
expansão, e por que não dizer que a sua própria subsistência está
alicerçada em seu método pedagógico, ou seja, o ensino pois ga­
rantirá a educação de seus adeptos? Esse recurso, além de mantê-
la fortalecida, torna-se multiplicador, pois incentiva os membros a
ensinar outras pessoas que posteriormente se tornarão afiliadas.
E claro que isso não é novidade para ninguém, porém, a
máxima do "nada se cria, tudo se copia" se traduz em verdade
quando se trata desse método. Ele é milenar e nasceu sob a égide
do nosso Deus, sendo utilizado por Moisés: "Vedes aqui vos te­
nho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu
Deus, para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar.
Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e
o vosso entendimento perante os olhos dos povos que ouvirão
Evolução — Eixo C en tral do Tem p o e d a s M u d a n ç a s

todos estes estatutos e dirão: Só este povo é gente sábia e inteli­


gente. Tão somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua
alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm
visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida,
e os farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos" (Dt 4.5,6,9).
Pastor Antônio Gilberto esclarece em seu livro, A Escola Do­
minical, que ela é uma instituição moderna da maneira que a co­
nhecemos, mas que o seu princípio fundamental, ou seja, o do
ensino bíblico determinado por Deus ao povo de Israel como tam­
bém aos gentios, remonta a alguns milênios.
A fase embrionária da Escola Dominical estendeu-se dos dias
de Moisés (Êx 12.26,27; Dt 6.7; 11.18,19; 31.12,13) à época dos sa­
cerdotes, reis e profetas de Israel (Dt 24.8; 1 Sm 12.23; 2 Cr 15.3;
17.7-9; Jr 18.18), durante o cativeiro babilónico e no pós-cativeiro
(Ne 8.1-18; 9.1-38; 12.43; Is 55.11), nos dias do ministério terreno
do Senhor Jesus (Mt 4.23; 9.35; 28.19,20; Mc 2.1; 6.2,6,30,34;
16.15,18; Lc 5.17; 20.1; 24.27; Jo 3.1-36; 4.1-54), nos dias da Igreja
Primitiva (At 5.41,42; 11.26; 18.11; 20.20,31; 28.31), até chegar a
fase atual que se iniciou em 1780, na cidade de Gloucester, no sul
da Inglaterra, sendo fundador desse movimento religioso em sua
fase "moderna" o jornalista evangélico (episcopal) Robert Raikes,
de 44 anos, redator do "Gloucester Jornal".
Pastor Antônio Gilberto afirma que: "A Escola Dominical é a
fase presente da instrução bíblica milenar que sempre caracteri­
zou o povo de Deus".
Em nota aplicativa de rodapé, sentencia: "É evidente que se
a igreja de hoje cuidasse devidamente do ensino bíblico junto às
crianças e aos novos convertidos, teríamos vima igreja muito
maior. Pecadores se convertem aos milhares, mas poucos perma­
necem porque lhes falta o apropriado ensino bíblico que lhes ci­
mente a fé. Falta-lhes a raiz ou base sólida e profunda. A planta
da parábola morreu, não porque o sol crestou-a, mas, principal­
mente, porque não tinha raiz" (Mt 13.6).32
Pastor Claudionor Corrêa de Andrade em seu livro, Manual
do Superintendente da Escola Dominical, descreve o processo
evolutivo da Escola Dominical falando sobre "três ondas" que

101
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

revolucionaram a história da educação cristã, tornando-a popu­


larizada e acessível a todos, até porque, é esse o grande projeto
divino, que nem "alguns se percam, senão que todos venham a
arrepender-se" (2 Pe 3.9).
O ilustre escritor explica o que é "onda": "No âmbito da His­
tória e da Sociologia, onda é uma combinação de fatores vários,
que impulsiona um povo, uma entidade, a alterar, de maneira
acelerada, a evolução normal de seu desenvolvimento".33
Vamos analisar sumariamente as "três ondas":

Prim eira O nda-R evolução Étnica

Vai da fundação da Igreja, no Pentecostes, até o estabeleci­


mento da Escola Dominical em 1783. A nação judaica pensava
ser detentora das Sagradas Escrituras; essa barreira etnocêntrica
foi derrubada com o advento de nosso Senhor Jesus Cristo e com
o início da efusão do Espírito, tornando a Palavra de Deus
globalizada (Mt 10.27; At 2.1-13).

Segunda O nda-Revolução M etodológica

Vai de 1783 aos nossos dias. "As primeiras comunidades cris­


tãs, imitando as sinagogas judaicas, expunham a Palavra de Deus
quase que assistematicamente."34
Com o passar do tempo, a educação cristã metodizou-se, tor­
nando-se mais pedagógica e didática através dos métodos utiliza­
dos pelos pais da igreja. Essa nova forma de ministrar acentuou-se
com a deflagração da Reforma Protestante, em 31 de outubro de
1517, e 266 anos depois se convencionou aos domingos, o que a
denominou de Escola Dominical, além de modificar de forma ra­
dical os métodos de ensino/aprendizagem da Palavra de Deus.

Terceira O nda-R evolução Tecnológica

É o movimento que atualmente está impelindo e transforman­


do seus métodos e perspectivas nesta etapa da história. "Ela ha­

1DE
Evolução — Eixo C en tral do Tem po e das M u d a n ç a s

verá de aproveitar-se ao máximo dos atuais recursos tecnológicos


e dos espantosos desempenhos da ciência."35Estamos sendo brin­
dados por termos o privilégio de assistir os fluxos e influxos da
Terceira Onda de Renovação da Escola Dominical.
No início do capítulo de seu livro, que trata da descrição das
"três ondas", o pastor Claudionor cita uma afirmação do diretor-
executivo da CPAD, Ronaldo Rodrigues de Souza, a qual foi pro­
ferida durante a Conferência Nacional de Escola Dominical rea­
lizada em Recife de 12 a 15 de novembro de 1999: "A Escola Do­
minical começa a viver, a partir de agora, sua terceira onda de
renovação. Aproveitemos este momento tão especial para
promovê-la e levar o ensino da Palavra de Deus aos mais distan­
tes lugares de nosso país e da América Latina. Nesta nova etapa
da Escola Dominical, estaremos, com a ajuda de Deus, na van­
guarda. Eis uma grande oportunidade para expandir o Reino de
Deus através do ensino relevante das Sagradas Escrituras".36

1D3
A Necessidade das Mudanças
— um Mal Necessário

Todos nós gostamos de mudanças, mas detes­


tamos mudar. Podemos constatar esta verdade em
coisas corriqueiras do nosso cotidiano, por exem­
plo, a reforma da casa que você planejou há mais
de dois anos não sai do belo projeto rabiscado. E
até mesmo cômico pensar no fato de que não quero
fazer algo que melhorará a minha qualidade de vida.
É bom imaginar a residência com um novo vi­
sual arquitetônico, com as cores da atualidade, po­
rém, quando pensamos na trabalheira que dará re­
mover e desmontar móveis... Dormir em cada noi­
te num cômodo diferente da casa, comer fora, po­
eira, mão-de-obra, barulho, etc. Ufa! É estressante
só o fato de pensarmos nisso. Entretanto, se quiser­
mos modernizar, embelezar e "ficar na moda", ine­
vitavelmente temos de mudar.
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

O adiamento das coisas é um recurso bastante desgastado


dos que se opõem às mudanças, todavia os fatores tempo e evo­
lução encarregam-se de obrigar-nos a mudar justamente no mo­
mento em que de fato não estamos preparados para fazê-lo.
Analisando por esse ângulo, e entendendo que é quase im­
possível não mudar, a melhor coisa que podemos fazer é nos pre­
venir e estarmos com a nossa capacidade de percepção aguçada
para os desafios das mudanças. Quer dizer, já que as mudanças
são uma constante, e estão ocorrendo em ritmo cada vez mais
intenso, devemos nos tornar dispostos a sermos flexíveis e pro­
pensos àquelas que nos trarão benefícios, sem perdermos de vis­
ta o nosso alvo da vida cristã que é a salvação.
Uma comparação entre o processo da vida e as mudanças
talvez nos ajudará a compreender que não temos outro caminho
senão mudarmos. A formação de uma família consiste no fato de
que ambas as partes que se unirão, deverão "deixar pai e mãe,
para se tornarem uma só carne" (Gn 2.24; Mc 10.7,8); eis a pri­
meira mudança.
Juntos, o casal terá de passar por um processo de adaptação
em que haverá mudanças de comportamento, hábitos alimenta­
res, enfim, uma infinidade de coisas. No planejamento familiar, a
esposa mudará radicalmente durante os meses de gestação, às
vezes, sofrerá dores que antes nunca havia sentido. Quando se
acostumar com aquele estado do corpo, terá de mudar mais uma
vez com o nascimento do bebê. A criança, por sua vez, chora e se
desespera por ter de "mudar" de sua "habitação" primária, onde
a temperatura era ambiente e a alimentação vinha em hora e
medida certas.
Concluímos que as pessoas aceitam as mudanças como uma
necessidade, ou seja, como um "mal necessário".

A D inâm ica das M udanças

Os dois principais fatores constitutivos das mudanças são,


como já dissemos anteriormente, o tempo, com seu movimento
próprio, e a evolução, com sua capacidade de transformação.

1GB
A N ec e s sid a d e d a s M u d a n ç a s — u m M a l N ec e s sá rio

Contudo, há um terceiro fator que predomina e orienta as mu­


danças, na verdade, existe um feedback entre os três fatores, con­
tribuindo um para o desempenho do outro.
O terceiro fator a que aludimos somos nós mesmos, pois nada,
absolutamente nada, muda, se eu não mudar, ou seja, as mudan­
ças "são resultantes das transformações que ocorrem na cabeça
das pessoas".37
Convém salientar que o aspecto mútuo que acontece entre os
três fatores reciclando-os é o fato de que o meio onde estamos
inseridos influencia o nosso caráter, que por sua vez reage com a
mudança e causa transformações que serão aperfeiçoadas e evo­
luídas conforme o tempo passar.
O processo é automático, sendo sua con tenção uma impossi­
bilidade para o ser humano; resta-nos então romper com os
paradigmas estagnários e nos reaparelharmos a fim de conviver­
mos de modo cristão a altura das exigências do novo milênio, em
que um dos maiores desafios é gerenciarmos o conhecimento e
os referenciais cristãos, onde somente o ensino metódico e siste­
matizado da Palavra de Deus pode fazer com que "vivamos nes­
te presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-
aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus
e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nós,
para nos remir de toda iniqüidade e purificar para si um povo
seu especial, zeloso de boas obras" (Tt 2.12-14).

É Possível M udarm os, sem nos Envolverm os?

Essa é uma pergunta que preocupa a ortodoxia, colocando-a


sob um im passe, pois na m aioria das vezes, confunde-se
co n tex tu alização , tran scu ltu ração e m u nd ialização com
mundanismo, secularismo e ceticismo.
Antes de tudo, devemos nos lembrar de que não existe qual­
quer apoio na Bíblia para quem acha que o cristianismo é uma
religião elitista, que deve ser trancafiada em quatro paredes e
relegada a um plano inferior diante do contexto mundial. Mesmo
porque, quando Jesus instituiu a Grande Comissão, deu-nos a

107
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

ordem de que pregássemos a todas as pessoas (Mt 28.19,20; Mc


16.15-20), sendo, portanto, altamente amparada à idéia de
globalizarmos o evangelho através dos diversos recursos de que
dispomos nessa era tecnologizada. Considerando que Deus é o
ser mais criativo do universo, os cristãos devem estar na diantei­
ra da criatividade e explorar as novas tecnologias de comunica­
ção no intuito de propagar idéias, elaborar mensagens e comuni­
car a verdade: "(...) As novas tecnologias da mídia devem ser vis­
tas como oportunidade para os cristãos usarem o poder do entre-
tenimento-educação, a fim de promover valores e crenças bíblicas
e abrir janelas eletrônicas em nossa cultura popular para que a
luz entre".38
Isso não significa que devemos nos valer de expressões sur­
radas e tidas indevidamente como escusas para nos tornarmos
semelhantes às pessoas que vamos evangelizar, inclusive pecan­
do para mostrarmos uma pseudo-empatia; ou seja, ninguém se tor­
nará soro positivo do vírus HIV com a desculpa de evangelizar
um aidético. Os que citam textos como o de 1 Coríntios 9.22 de­
vem se cuidar e lerem todo o capítulo, pois como diz o ilustre
pastor Antônio Gilberto: "Texto sem contexto é pretexto".
O que deve mudar na verdade é a nossa metodologia em
anunciarmos a Palavra, e não nossa forma de servirmos a Deus.
E falarmos às pessoas o que Jesus fez por elas, antes de exigirmos
delas alguma coisa.
Precisamos entender que Jesus não cobra de ninguém algo
que essa pessoa não saiba, quer dizer: "A Bíblia não exige que
sejamos perfeitos em nossa compreensão, somente fiéis ao que
compreendemos (Rm 14.4,5)".39 Nosso erro, é que por causa da
máxima maquiavélica: "o fim justifica os meios", queremos for­
çar as pessoas a aceitarem a Jesus, sendo que se lhes ensinásse­
mos o porque lhes será útil fazê-lo, é bem provável que pelo me­
nos, nos ouçam.
Esse ensino, visando a uma mudança de postura, deve ser
gradual; o próprio Senhor Jesus entendia isso, tanto que certa
vez afirmou: "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o
podeis suportar agora" (Jo 16.12). Cristo disse isso aos seus após-

1DB
A N e c e s s id a d e d a s M u d a n ç a s — u m M al N ecessário

tolos, e veja que eles estavam ouvindo do Mestre dos mestres, da


própria Fonte de Sabedoria. Quem somos nós para mudarmos
alguém?
Não podemos de forma alguma deturpar a mensagem da
Palavra de Deus, omitindo a verdade, mas também não pode­
mos sair por aí dizendo que todo mundo vai para o inferno. An­
tes, temos de oferecer sabor aos dissabores da vida e claridade na
escuridão dos problemas (Mt 5.13-16), precisamos influenciar,
porém se nos esconderm os, teremos condições de fazê-lo?
Idealmente, queremos fazer a vez do Espírito Santo, mas de uma
forma inversa. A Palavra de Deus diz que o Consolador "con­
vencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo" (Jo 16.8). No
entanto, na maior parte das vezes que falamos de Deus (isso quan­
do falamos) para as pessoas, iniciamos a conversa justamente pelo
juízo, dizendo que se elas não aceitarem a Jesus, de preferência
em nossa igreja, irão para o inferno, etc. Devemos ter muito cui­
dado com isso (Mt 7.1-50).
Igreja do Senhor, necessário é mudarmos de posição; saia­
mos da retaguarda e assumamos a vanguarda, para entrarmos
novamente em ação e transformar a nossa mente com o conteú­
do da sua Palavra. Só assim poderemos experimentar "qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.2) e influen­
ciaremos o mundo.

O Perigo Cham ado Paradigm a

Em tempos de globalização onde informação é o que não fal­


ta, urge que estejamos adequados à corrida da nova realidade
em acelerada mutação e enriquecida com novos conceitos. "Os
cristãos são chamados a aproveitar as oportunidades de traduzir
a fé no vernáculo do dia, para comunicar-se com a era secular
pela mídia visual e desafiá-la em seu próprio terreno."
Devemos substituir a visão de mundo legalista pela de Reino,
onde cada um deve granjear o(s) seu(s) talento(s) (Mt 25.14-30).
Quando olho para textos como o de Provérbios 22.28: "Não
removas os limites antigos que fizeram teus pais", os quais são

109
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

usados por pessoas que se opõem às mudanças, fico a pensar


como o uso intempestivo de versículos isolados pode mudar a
aplicação do mesmo, retirando sua mensagem original (o texto
supracitado pode ser interpretado melhor à luz de Deuteronômio
19.14; 27.17 e Provérbios 23.10).
Apenas para se ter uma noção de que até as coisas espirituais
mudam, observe o versículo 12 de Hebreus 7: "Porque, mudando-
se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei".
Por ser imperfeito e trabalhoso, o sacerdócio levítico foi subs­
tituído pelo sacerdócio eterno de Cristo, pois Ele é o sumo sacer­
dote, o altar e a oferta (Hb 4.14; 7.17; 13.10,12,15;7.27). Esse além
de perfeito é extremamente prático.
Mas por que razão então os hebreus rejeitaram a Cristo (Jo 1.11)?
Sem entrarmos no mérito da questão de que isso era necessá­
rio para que fôssemos salvos (Jo 1.12; Rm 11.11), e que eles serão
por serem o povo da promessa: "Porque os dons e a vocação de
Deus são sem arrependimento" (Rm 11.29), e que na realidade
tudo faz parte do plano de Deus (Rm 11.32), asseguro que o prin­
cipal fator que os fizeram rejeitar a Cristo foi o nome evangelho
(literalmente Boas Novas, ver Mateus 4.23).
O legalismo obstruiu-lhes o entendimento, sendo a graça ina­
ceitável (Rm 10.3,4; Ef 2.8,9); eram zelosos, mas sem entendimen­
to (Rm 10.2). Rejeitaram alguém que um dia terão como Rei (Rm
11.26-28; 14.11), e isso porque não aceitaram o momento de tran­
sição: "Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que
foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar" (Hb 8.13).
Os hebreus adotaram o paradigma de Deus, mas quando esse
precisou ser mudado pelo próprio Criador, foi por eles rejeitado.
Tudo por causa de não quererem mudar.

O que É, e o que Fazem os Paradigm as

"Paradigma" significa "padrão; modelo, conjunto de regras


e regulamentos".
A princípio fazem duas coisas: estabelecem limites e nos dá
êxito temporariamente.

11□
A N ec e s sid a d e d a s M u d a n ç a s — u m M al N ec e s sá ria

É óbvio que existem paradigmas absolutos, como o padrão


perpétuo de algo, por exemplo: a unidade 1000 milímetros para
a medida 1 metro, a unidade 1000 mililitros para a medida 1 litro,
a regeneração como condição salvífica, e assim por diante. Toda­
via, os paradigmas dos quais falamos são os métodos de divul­
gação e propagação da nossa Escola Dominical, que devem com
urgência mudar.

A bordagens Paradigm áticas

Antes de encerrarmos o assunto "paradigma", faremos algu­


mas abordagens sobre como se cria, utiliza e substitui um paradigma,
mas por hora vamos conferir alguns exemplos práticos.
A época em que vivemos é tipicamente uma "transição" de
paradigmas, na qual o dominante está em declínio e o novo em
franca ascensão.
Se não soubermos sintonizar as necessidades dos novos tem­
pos, os fatos nos surpreenderão. As escolas dominicais que iden­
tificarem os sinais dos novos paradigmas do marketing atual para
o seu crescimento têm muito mais chances de crescer. Insistir nos
velhos padrões de divulgação, mesmo que sejam os dominantes
e mais usuais, é o caminho certo para a estagnação e conseqüen­
temente o definhamento.
O ensino precisa assumir o topo e a primazia que lhe é tão
peculiar desde os primeiros passos da Igreja Primitiva: "E perse­
veravam na doutrina dos apóstolos..."; "E todos os dias, no tem­
plo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus
Cristo" (At 2.42; 5.42). Apesar de neste momento em que o
emocionalismo impera, e tantos outros modismos terem ocupa­
do o lugar da Palavra, creio que se cada um fizer a sua parte,
"começando por Jerusalém", isto é, cada um de nós agindo no
local em que estamos inseridos, podemos obter resultados glo­
bais com o despertar desse "gigante adormecido".
Vivemos uma "crise" no ensino, entretanto, toda crise é o re­
sultado da soma de duas situações: risco e oportunidade. Talvez
estejamos até agora com a opção "risco", pois em muitos lugares

111
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

a Palavra é substituída por "experiências" e "manifestações",


contudo, chegou a hora de aproveitarmos a segunda alternativa,
a oportunidade.
Só para exemplificar, descrevemos abaixo o paradigma ul­
trapassado, porém, em vigência na maioria das igrejas:

São 21h35m in; vários irm ãos encontram -se ainda diante do púlpito
após receberem fervorosa oração intercessória, dirigida a D eus pelo
pregador. As horas se avançam , não obstante, a m anifestação do
poder de Deus, uma grande parte dos presentes deixam o templo
antes m esm o de receberem a bênção apostólica, pois estão atrasa­
dos para o seu coletivo. Após algum tempo, a apoteose é arrefecida
pela voz entrecortada do dirigente que passa a dar avisos de form a
aleatória e desconcertante.
O pastor se aproxim a, a igreja encontra-se com as mãos abertas em
sinal receptivo, o obreiro levanta o seu braço, ensaia a prim eira pa­
lavra para im petrar a bênção, quando subitam ente é interrom pido
por alguém que lhe cochicha.
Os segundos empregados nesse ato são um verdadeiro martírio.
Logo após, o m inistro se refaz e dirigi-se ao auditório: "M u ito bem
irmãos, não esqueçam da Escola D om inical am anhã".
Que o grande am or de Deus...

A cena descrita não é uma exceção paradigmal, mas o retrato


fidedigno da principal "divulgação" realizada pelos departamen­
tos de escolas dominicais das nossas igrejas no Brasil. Isso é tão
comum que muitas vezes não se percebe o tamanho do prejuízo
que um aviso como este causa. Ora, se a Escola Dominical fosse tão
importante, não seria esquecida!, pensa um jovem, e assim sucessi­
vamente.
As mudanças rápidas têm impedido muitos de acompanhar
esse novo sistema mundial, desse modo, só conseguimos fazer
do jeito que sempre fizemos e vermos como sempre vimos. Toda
vez que vou a uma loja da cidade onde resido, cujos proprietários
são orientais, aprecio um quadro que fica exposto no caixa com a
seguinte frase: "Se você continuar fazendo o que sempre fez, vai
continuar obtendo o que sempre obteve". Talvez a máxima desse

112
A N ec e s s id a d e d a s M u d a n ç a s — u m M al N ec e s sá ria

quadro servisse como absoluta em todas as coisas até alguns anos


atrás, porém, na atual conjuntura, é quase impossível (pelo me­
nos em niatéria de marketing) fazer a mesma coisa por cinco anos
consecutivos e continuar obtendo o que sempre obteve.
Tenha sempre em mente que o que é impossível fazer com um
paradigma pode ser simples e fácil com outro. Basta apenas mu­
dar, ou no mínimo adequá-lo à realidade de sua Escola Dominical.
Os problemas maiores do estabelecimento de um paradigma
são os dados inesperados, ou seja, as exceções às regras. Quando
isso ocorre, somos surpreendidos e não poucas vezes frustrados
pelo fato de ficarmos tentando adequá-las aos nossos padrões
preestabelecidos, sem querer mudar o modo de fazer, o que seria
na maioria das vezes mais fácil, prático e compensador.
Recordo-me agora de uma palavra que meu pai dizia quan­
do da minha infância: "Fazer as coisas da maneira correta é bem
mais fácil que fazê-las da maneira errada". O exemplo do que
meu pai falava pode ser visto claramente no parafuso; sem esse
simples objeto a Revolução Industrial não teria ocorrido. Cria­
dos por um inglês anônimo, os primeiros parafusos não tinham
pontas (eram martelados) e só serviam para trabalhos em madei­
ra. Em 1840, ficaram afilados e com a forma que têm hoje.
Observe que na época em que criaram o parafuso, uma cha­
ve de "boca" ou de fenda era insignificante, hoje são elas que
auxiliam na manutenção dessa importante peça. Se quisermos
"pregar" um parafuso com o martelo, como era em 1760, pode­
mos até conseguir, mas sofreremos por não ser a maneira correta
de se utilizá-lo, ou seja, mudou a forma e mudou o paradigma.
Entenda, não sou contra os paradigmas, até porque essa prá­
tica de criá-los é uma característica do ser humano. A única coisa
que estou dizendo é que eles podem mudar.
Evidentemente, ninguém quer ver o seu paradigma mudado
porque isso causa mobilização, trabalho, e as pessoas não que­
rem isso, antes querem ficar acomodadas. Porém, lembre-se: o
seu passado não garante o êxito permanente no futuro (antes pode
atrapalhar), pois se você não mudar, outro mudará, e mudando
as regras de um paradigma, volta tudo à estaca zero.

113
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Isso quer dizer que se alguém criar um novo paradigma que


"cham e" mais a atenção, o seu antigo sistema paradigmático es­
tará arruinado, pois como diz um certo pastor: "Quem cria, esta­
belece a norma".

C onsiderações R elevantes acerca dos Paradigm as

Em linhas gerais, os adeptos de um sistema paradigmático


tendem a ficar com sua percepção insensível. Já o verdadeiro pi­
oneiro (criador) possui características plausíveis, sendo três de­
las: coragem, confiança e humildade em relação às suas idéias.
Considere cinco conceitos distintos sobre paradigmas, na vi­
são do consultor norte-americano Joel A. Barker:
Todo mundo possui paradigmas. Eles são comuns.
Paradigmas são úteis. Eles mostram o que é importante ou
não, nos dá as regras e concentram nossa atenção.
O seu paradigma não pode se tornar "o paradigma", ou seja,
o único modo de ver e fazer as coisas. Essa disfunção leva o nome
de "paralisia de paradigma". Muitas instituições que fizeram isso,
hoje não existem; aconteceu com a indústria relojoeira suíça e com
a indústria fotográfica alemã.
Aqueles que criam novos paradigmas são pessoas de fora,
que não fazem parte da equipe que está atuando.
Você pode decidir mudar suas regras e regulamentos. Você
pode ver o mundo diferente.
Em conclusão à sua palestra, ele acrescenta: "Aqueles que
dizem que não dá para fazer, devem sair do caminho daqueles
que estão fazendo".40
Antes de estabelecer um paradigma, atente para uma gran­
de verdade citada pelo pastor Wagner Tadeu dos Santos Gaby,
em um artigo na revista Obreiro:
Em meados do século passado, foi criada a “Prova Q uádrupla", para
ser aplicada nas relações das nossas vidas particular, com ercial, n a­
cional e internacional. Essa prova é constituída de quatro pergun-
tas-chave, as quais fornecem parâm etros de Ética para o que pensa­
m os, dizem os ou falamos:

114
A N ec e s sid a d e d a s M u d a n ç a s — u m M a l N ec e s sá rio

É a verdade?
É justo para todos os interessados?
Criará boa vontade e m elhores amizades?
Será benéfico para todos?41

Faça perguntas espontâneas a si mesmo, mais ou menos as­


sim: "O que é impossível realizar na minha Escola Dominical (a
qual administro) hoje, mas que se fosse realizado, a mudaria ra­
dicalmente?"
As respostas darão a visão dos limites dos novos paradigmas
que surgirão a partir de agora.
Ficar sempre fazendo a mesma coisa é cômodo e fácil, entre­
tanto bastante perigoso, pois nos remete a um estado denomina­
do por Barker de "efeito paradigma", que faz com que vejamos
as coisas de acordo com a nossa ótica e não como elas de fato são.
Isso aconteceu com os hebreus que viram a sombra; porém,
quando contemplaram a realidade, se fecharam, demonstrando
o quanto estavam sob o "efeito paradigma" (Hb 10.1).
No momento em que um velho paradigma precisa ser substi­
tuído por um novo, tanto os gigantes da indústria como os novos
empresários são levados ao mesmo ponto de partida. E nesta "vol­
ta à estaca zero", que muitos pensam ser uma irrecuperável derro­
ta, transforma-se mais tarde numa oportunidade inigualável, pois
você é desafiado a abrir uma nova porta ou permanecer na mesmice.
A sinopse dos paradigmas consiste em percebemos o quanto
eles nos auxiliam nas decisões do dia-a-dia, contextualizados e
adequados à realidade, e também o quanto são perigosos quan­
do se tornam anacronismos e verdades inquestionáveis, que nos
impedem de ver as coisas de modo claro.

115
ps
C a p í t u l o -4

As Mudanças Desafiam
a Escola Dominical
no Novo Milênio

Todos sabemos que quando nascem, as deno­


minações são tomadas pelo fervor religioso, pelo
encantamento das pessoas com a revelação divina,
a liturgia e a doutrina. Essa força espontânea tem
seus espasmos na História — ela vai e volta.
Ela brota da necessidade humana de desfrutar
a possibilidade do sobrenatural. Chega então ou­
tro momento pendular em que, além da esponta­
neidade e da fé, o movimento precisa criar ou fir­
mar estruturas e burocracias para sobreviver. E é aí
que uma igreja que possui uma Escola Dominical
forte se sobressai, visto que ela ensina a pessoa a
ter um compromisso com a Palavra e a denomina­
ção (Hb 10.24,25).
Igrejas que vivem promovendo festas, confra­
ternizações, sem se darem conta do valor do ensi-
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

no da Palavra através da Escola Dominical, freqüentemente se


deparam com evasões em massa da membresia, pois o que faz
uma pessoa ter fidelidade a qualquer entidade é o conhecimento
que se tem da mesma e não empolgação passageira.
Na época em que estamos vivendo, cada dia surge uma nova
denominação oferecendo uma alternativa às pessoas. Penso ser
um tanto perigoso e ameaçador o futuro de uma igreja sem es­
trutura educacional, base doutrinária e esclarecimento da razão
de sua fé (1 Pe 3.15).
Precisamos voltar às origen s, ou seja, voltarmos a priorizar o
ensino, que é uma das nossas principais características e distinti­
vo (Mt 28.19,20); porém, é necessário avançar no que diz respeito
ao atendimento recepcionai, à divulgação, promoção e sua ex­
pansão, pois a Escola Dominical foi criada por causa dos alunos.
Portanto, sem alunos não se tem Escola Dominical, sem Escola
Dominical logo não se terá igreja!
Quando falo sobre o assunto "mudanças, renovação", etc. Não
estou aqui desmerecendo o grande trabalho de divulgação que
até o momento os obreiros vêm fazendo no púlpito; quero desta­
car que esse deve continuar e que a esse deva se acrescentar os
que serão apresentados logo mais.
Em minhas lides como historiador e biógrafo, pude consta­
tar uma realidade que ocorre na maioria das igrejas de cidades
interioranas: os templos são pequenos e construídos às margens
do município, mostrando a discriminação a que eram submeti­
das há cerca de 50 anos.
Atualmente, as propriedades das igrejas são adquiridas no
centro da cidade ou em pontos estratégicos, para facilitar o aces­
so das pessoas.
Os cultos que antes ocorriam quatro vezes na semana, agora
acontecem todos os dias, e, em muitas delas, são realizados nos
dois períodos (diurno/noturno), para o alcance daquelas pesso­
as que não podem vir à noite, mas que aproveitam o momento
do almoço para ouvirem uma palavra de consolo.
Todas essas mudanças ocorreram pelo fato de as igrejas per­
ceberem que deveriam se adequar à realidade do dia-a-dia das

11B
A s M u d a n ç a s D e s a fia m a Escola Dom inical no N ovo Milênio

pessoas, pois de outro modo se tomariam apenas particularida­


des dos membros e congregados.

A N ova Escola D om inical

Nos últimos cursos de reciclagem que freqüentei, a Escola


Dominical foi chamada de Nova Escola Dominical, e foi dito por
mais de um professor que a mesma deve possuir um programa
de marketing, para a consecução de suas metas que são: ensinar e
evangelizar.
Em minhas palestras, a maior reclamação que ouço dos pas­
tores das igrejas e dos superintendentes de escolas dominicais é
a escassez de alunos.
Por esses, e por tantos outros motivos, concluímos que a Es­
cola Dominical precisa de um amplo trabalho de marketing, para
que possa cada dia mais sobrepujar e prevalecer. O pastor
Claudionor Corrêa de Andrade afirma:
Se a Escola D om inical não se renovar agora, poderá tornar-se obso­
leta em pouco tempo. Lem bre-se: se levarmos em conta o período
do Antigo Testamento, a com eçar por M oisés, constatarem os ser a
Escola D om inical um produto com mais de quatro mil anos. Por
isso, ela deve renovar-se periodicam ente; aproveitar todas as ondas
de renovação. D essa forma, poderá divulgar com m aior eficiência a
Palavra de Deus. Levemos em conta tam bém a gravidade do tempo.
Aproveitem os todas as ondas de renovação, para a divulgação uni­
versal das Sagradas Escrituras e a missão que nos confiou o Senhor.42

Há muito tempo a Escola Dominical precisa de um trabalho


de marketing exclusivamente a seu serviço, e para que ela não se
torne estacionária, devemos empreender todos os nossos esfor­
ços no sentido de consolidar esse projeto.
É evidente que haverá intransigência e críticas a seu respeito
quando começar o processo de modificação; isso é normal. E digo
mais, não serão seus "inimigos" os únicos a criticar, você se sur­
preenderá ao ver que haverá objeções de suas idéias por parte de
pessoas sensatas e crentes.

119
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

Como já dissemos, essa reação é normal. O leitor com certeza


conhece a história da Escola Dominical e recorda-se de que no
início da fase presente seu idealizador, Robert Raikes, sofreu se­
veras críticas, sendo considerado "herege" e "profanador do do­
mingo"; mas sua determinação e a certeza de que estava na von­
tade de Deus fizeram a diferença e mostraram ao mundo que ele
estava certo em mudar a antiga forma elitista para a nova manei­
ra popularizadora.
A Nova Escola Dominical exige uma mudança de visão acer­
ca de sua finalidade.
Todos sabemos que quando éramos crianças, a associação de
escola e castigo era para nós uma constante. Isso de certa forma
prejudicou até mesmo a educação cristã e sua principal agência,
a Escola Dominical.
Ir para a escola era sinônimo de castigo, algo que atualmente
mudou. Portanto, a Nova Escola Dominical, quer mais do que
nunca demonstrar que, além de imprescindível, o estudo da Pa­
lavra é uma atividade prazerosa e de vital importância para o
nosso relacionamento com Deus e na sociedade em que estamos
inseridos.
Agora, necessário se faz entender que as escolas mudaram
para depois mudar a visão da população, e para isso lançaram
mão dos meios de comunicação para se divulgarem, valorizaram
mais os alunos e melhoraram de modo considerável em todos os
aspectos, inclusive se preocupando com os alunos individualmen­
te e ampliando seu currículo, tanto que hoje já existe em escolas
particulares a disciplina "educação financeira", em que a criança
aprende a valorizar o capital (planejamento financeiro). Essas e
outras inovações mudaram o conceito de escola, tornando-a mais
valorizada e vista como uma necessidade.
Analise que essa importante organização se desdobrou e re­
novou-se para acompanhar a evolução.
Pode o mais importante departamento de ensino da igreja
prescindir de tão premente necessidade?
Poderá a Escola Dominical olvidar-se do marketing, no dealbar
de uma nova geração?

120
A s M u d a n ç a s D e s a fia m a Escala Dom inical n o N ovo Milênio

Persistindo no método anacrônico de divulgação haverá so­


lução para o êxodo de seu alunado?
Nesse mundo complexo que a tecnologia engendrou, a ca­
racterística essencial dessa geração é o conceito de mundo que
possui desapegado das fronteiras geográficas. Para os jovens do
mundo hodierno, leia-se até para os nossos jovens cristãos, a
globalização não foi um valor adquirido no meio da vida a um
custo elevado, mas aprenderam a conviver com ela já na infân­
cia. Em matéria de informação nada lhes falta, estão um passo à
frente dos mais idosos, concentrados em adaptar-se aos novos
tempos.
Enquanto as demais pessoas buscam adquirir informações, o
desafio que se apresenta a esta geração é de outra natureza. Ela
precisa aprender a selecionar e separar o joio do trigo, e fazer dis­
tinção entre o santo e o profano. E esse desafio não se resolve no
colégio ou na faculdade, nem tão pouco com um micro veloz e
com mais "memória". Essa capacidade de percepção adquire-se
com maturidade e principalmente com uma consciência cristã.
As pesquisas atestam que a atual geração é a mais bem infor­
mada de todos os tempos. E que seu grande desafio é utilizar, de
maneira produtiva, no próprio amadurecimento, o volume de
dados que recebe no meio onde interagem.
Por isso, as escolas dominicais do século passado, que se es­
tabeleceram por meio da divulgação conservadora e tradicional,
têm hoje de se integrar à cultura veloz da evolução tecnológica,
demonstrando sua importância indiscutível e exemplificando as
pessoas o quanto é necessário que elas freqüentem a "Nova Es­
cola Dominical", e essa por sua vez deve adaptar-se à corrida
evolutiva do marketing, sem perder a essência.

O rganização, Estrutura e A dm inistração


da N ova Escola D om inical

As grandes escolas dominicais não acontecem simplesmen­


te. Elas são construídas com visão, política de qualidade, deter­
minação, diligência, e isso pressupõe organização, estrutura e uma

121
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

boa administração. Indiscutivelmente que acima de tudo está a


benção de Deus (SI 127.1), pois o próprio Senhor Jesus disse: "Sem
mim nada podereis fazer" (Jo 15.5).
A organização e a administração visam à sustentação e ma­
nutenção de uma estrutura formada, ou seja, de algo "concreto"
que funcionará com um determinado grupo de pessoas, exercen­
do cada uma sua função, com vistas a alcançar uma meta única
através de objetivos específicos que devem ser propostos perio­
dicamente.
Assim, podemos de forma clara entender o porquê de haver
um "sistema político" que regia a conduta do cidadão do Éden.
Como qualquer outro, o sistema governamental do Éden era for­
mado pela seguinte constituição, contida em Gênesis 2.15-17:*
Deveres: "E tom ou o Senhor Deus o hom em e o pôs no jardim do
Éden para o lavrar e o guardar."
Direitos: "E ordenou o Senhor Deus ao hom em , dizendo: D e toda
árvore do jardim com erás livrem ente,"
Restrições/Proibições: "m as da árvore da ciência do bem e do mal,
dela não com erás;"
Punições: “porque, no dia em que dela com eres, certam ente m orre­
rás."

Os quatro enunciados acima é o que poderíamos denominar


de superestrutura. Pois toda e qualquer sociedade, agrupamento
de pessoas, instituição, empresa, denominação, necessita de um
complexo de ideologias religiosas, filosóficas, jurídicas e políti­
cas, para manter a ordem, visão e propósito das mesmas. A supe­
restrutura é como se fosse o espírito do ser humano, ou seja, sem
espírito não se tem vida, mas somente corpo. De maneira seme­
lhante ocorre com qualquer organização, não se tem estrutura
sem superestrutura. "De fato", diz Dennis, "uma das primeiras
atividades de uma nova organização é criar um código de com­
portamento para os seus membros." Partindo desse princípio,
vamos verificar os dois principais elementos aglutinadores dos
fatores superestruturais da Escola Dominical com o objetivo de
erigir e manter a estrutura desse importante educandário: orga­
nização e administração.

122
A s M u d a n ç a s D e s a fia m a Escala D om inical no N ovo M ilênio

Ciclo O rganizacional e Adm inistrativo


da N ova Escola D om inical

A organização é, entre outras coisas, uma "associação ou ins­


tituição com objetivos definidos; modo pelo qual um ser vivo é
organizado; estrutura; modo pelo qual se organiza um sistema".
E é exatamente nessas acepções que estamos falando sobre orga­
nização, pois estamos nos referindo tanto a instituição "Escola
Dominical" como a maneira que ela deve ser organizada. Vemos
nas páginas veterotestamentárias a ordenança divina de como
organizar e administrar uma estrutura onde seria o local de ado­
ração. Essa ordenança possuía as seguintes diretrizes: elementos
superestruturais e/ou constitucionais (Êx 24.12), elementos de
planejamento (Êx 25.1-7,9), elementos objetivais (Êx 25.8), elemen­
tos recrutacionais e administrativos (Êx 28.1-3), entre outros.
A abordagem a que intitulamos de Ciclo Organizacional e Ad­
ministrativo da Nova Escola Dominical é uma forma original de
estruturar a Escola Dominical que está adequada aos novos tem­
pos, e corresponde a nova roupagem e configuração dada ao mais
importante órgão da igreja, que inclusive vem sendo renomeada
pelos estudiosos contemporâneos da educação cristã de: Nova
Escola Dominical.
Os líderes e demais encarregados da educação cristã deve, na
atual conjuntura, adaptar a sua Escola Dominical ao sistema pro­
posto, pois não há como conceber a imagem desolada de uma es­
trutura anacrônica funcionando em um "cantinho" da igreja, en­
quanto vidas estão se perdendo e recursos humanos sendo desper­
diçados.
A "estrutura" da Nova Escola Dominical, segundo o nosso en­
tendimento e com base em estudos e pesquisas já realizados, deve
ser organizada de acordo com o organograma ilustrativo do
CICLO ESTRUTURAL DA NOVA ESCOLA DOMINICAL:**
O grande Ciclo Estrutural pode ser mais bem entendido com
a dissecação dos quatro ciclos organizacionais e administrativos
da Nova Escola Dominical. E bom lembrar que uma boa organi­
zação glorifica a Deus (1 Rs 10.5-9; 2 Cr 9.4-8).

123
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

1) Organização administrativa
De forma panorâmica e sem maiores implicações, adminis­
tração é o "Conjunto de princípios, normas e funções que têm
por fim ordenar a estrutura e funcionamento de uma organiza­
ção (empresa, órgão público, etc.)". Assim, não basta ter uma
Escola Dominical, é preciso saber como geri-la, administrá-la e
conseqüentemente mantê-la.
a) Planejamento: Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico, pla­
nejamento é o "Trabalho de preparação para qualquer empreendi­
mento, segundo roteiro e métodos determinados; planificação; pro­
cesso que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de
ações (pelo governo, pela direção de uma empresa, etc.), visando à
consecução de determinados objetivos". Alguém poderá indagar:
"Mas antes não devemos definir qual a missão e meta?"
Esse ponto de vista está correto e serviria para qualquer ou­
tro empreendimento, entretanto, a missão evangelizadora e edu­
cadora da Igreja, visando a uma meta, já está determinada a nada
menos que dois mil anos! O Senhor Jesus Cristo, ao instituir a
Grande Comissão em Mateus 28.19,20 e Marcos 16.15-20, dei­
xou subentendido a missão educadora da Igreja, objetivando
uma meta eterna: a salvação. O mesmo é feito por Paulo ao falar
acerca dos dons ministeriais em Efésios 4.11-16. Nesse texto é
enfatizada, mais uma vez, a missão e a meta dos portadores de
tais dons.
Assim, planejamento é algo que decorre da missão e meta
maior de uma organização. Ele é um roteiro de ações proposita­
das a serem executadas em curto, médio e longo prazo, definin­
do também a parte de cada um dentro dessas ações, ou seja, os
alvos. Estes são na verdade o caminho para se atingir a meta maior.
O planejamento deve também levar em conta a análise eco­
nômica para os empreendimentos da Escola Dominical. O pró­
prio Senhor Jesus abordou esse assunto em Lucas 14.28: "Se um
de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula quan­
to vai custar, para ver se o dinheiro dá".
b) Previsão: Pode parecer desnecessário falar em previsão logo
após termos falado sobre planejamento, no entanto, são coisas

124
A e M u d a n ç a s D e s a fia m a Escola Dom inical n o N ovo Milênio

distintas. Previsão é o "Estudo ou exame feito com antecedên­


cia", isto é, uma antevisão, é ver antes, ver com antecedência.
Isso significa que se planejarmos sem prevermos os imprevistos
e possíveis percalços que podem surgir no transcurso e consecu­
ção dos objetivos, nesse descuido, há uma grande probabilidade
de fracasso para o alcance dos mesmos.
c) Financeiro: O movimento financeiro de uma Escola Domi­
nical é algo de que não podemos nos descuidar pelo fato de que
não temos somente lições para comprar, mas também devemos
atentar para o uso de material didático pelos educadores, aquisi­
ção de cartões ou outras lembranças para aniversariantes, etc.
Não somente isto, a Escola Dominical deve estar organizando
eventos confraternizantes do corpo docente e discente, e tudo
isso demanda recursos financeiros.
d) Comando: Aqui podemos destacar o fato de que alguns supe­
rintendentes negligenciam sua posição de líder, se eximem e com
uma falsa humildade se escusam de suas obrigações. Comando
aqui tem o sentido de dirigir, governar, liderar, conduzir, preceitu­
ar e prescrever. Isso indica que o mesmo deva gozar de bom relaci­
onamento e confiança de seus companheiros de equipe.
e) Coordenação: A coordenação supõe maturidade e conheci­
mento do superintendente no sentido de que todos os departa­
mentos da Escola Dominical possuam uma relação holística, isto
é, que não sejam considerados separadamente. A coordenação
possui definição interessante: "Relação entre elementos que fun­
cionam de modo articulado dentro de uma totalidade ordena­
da". Essa relação não pode faltar na Escola Dominical, pois todos
trabalham com uma meta única, e cabe ao superintendente man­
ter essa harmonia no educandário.
f) Controle: Aqui se pretende averiguar como anda determi­
nado projeto, em que fase ele se estagnou, em que período
deslanchou, ou outras implicações. Por isso a importância dada
às fases acima expostas. Se planejarmos, prevenirmos, coman­
darmos e coordenarmos, haveremos de ter um controle cabal da
Escola Dominical e poderemos identificar nossos pontos fracos e
fortes, onde erramos, onde acertamos.

125
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

2) Organização física
Um dos "pecados capitais" de nossa igreja, em termos de edu­
cação cristã, é a falta de espaço físico para realização da Escola
Dominical e demais atividades educacionais. Invariavelmente,
quando se constrói, quase nunca se pensa em algo nesse sentido. E
como disse Rob Bukhat: "Dizer que uma igreja tem uma ED não é
o mesmo que estabelecer um departamento de ED verdadeiramente
eficaz". Muitas igrejas possuem apenas a Escola Dominical no nome,
mas não lhe dispensa a atenção mínima. A Nova Escola Dominical
exige uma mudança nesse aspecto. No mundo atual, todos os lu­
gares procuram agradar às pessoas para atraí-las e chamar a aten­
ção, e o espaço físico é uma dessas formas. Há também igrejas que
possuem um amplo espaço para a Escola Dominical, entretanto,
não sabem aproveitá-lo. É preciso conscientizarmo-nos de que "ser
grande não é o mesmo que ser forte".
a) Instalações: Pode parecer absurdo, mas apesar de a Escola
Dominical trabalhar com o melhor conteúdo que existe, ela pre­
cisa oferecer comodidade e segurança aos seus educandos. Por
exemplo, segundo especialistas, as classes para crianças devem
conter no máximo 20 pequeninos, tendo um espaço de no míni­
mo 2,5 metros quadrados para cada uma. Isso quer dizer que
uma classe para acomodar 20 crianças deve ter 50 metros qua­
drados! Se levarmos em conta o nosso sistema de instalação (quan­
do temos) ver-se-á, como disse o pastor Antonio Gilberto, que
estamos a cem anos da modernidade.
b) Mobiliário: Esse ponto é outro aspecto que parece estar sen­
do despertado nas igrejas. A revista Ensinador Cristão (CPAD) tem
trazido alguns artigos que versam sobre esse assunto no contex­
to da Escola Dominical. Nesse particular, tomamos uma vez mais
as crianças como exemplo. Carteiras e cadeiras para adultos são
inviáveis para crianças. Além do mais, a forma em que as mes­
mas são dispostas na classe, enfileiradas, é ainda um resquício
do militarismo no Brasil, e com certeza restringe a interação e a
multilateralidade comunicativa.
c) Recursos humanos e materiais: Os recursos humanos são o
"conjunto de pessoas que trabalham numa empresa ou entida­
A s M u d a n ç a s D e s a fia m a Escola Dom inical no N ovo Milênio

de". Logo, para que essas pessoas trabalhem na Escola Domini­


cal, é necessário que possuam, além de boa vontade, alguns re­
quisitos para o preenchimento ou ocupação de uma "vaga". Des­
sa forma, é imprescindível que haja critérios para a admissão de
alguém. Não pode existir aquela filosofia de que "qualquer coisa
é boa demais para o Senhor". Uma outra questão que deve mere­
cer atenção e cuidado diz respeito aos recursos materiais, que no
caso são os que vão desde o comestível e limpeza até materiais
para secretaria, biblioteca, etc.
d) Equipamentos: O aspecto pedagógico e educacional é o prin­
cipal digno de atenção nesse ponto. Para que um educador tenha
êxito no exercício do magistério cristão, é de suma importância
que ele tenha à sua disposição equipamentos para serem utiliza­
dos como recurso didático. O equipamento, por conseguinte, é
"o conjunto de tudo aquilo que serve para equipar, prover, abas­
tecer", isto é, que oferecerá suporte para o educador. Dentre os
mais comuns estão: quadros para escrever (negro ou branco),
retroprojetor, quadro de pregas, etc.
e) Transporte: Partindo do princípio que a missão educado­
ra da Escola Dominical é abrangente, devemos pensar nas pes­
soas que são deficientes físicos, e que, portanto, precisam ser
transportadas para o local de realização da aula dominical. A
Nova Escola Dominical preocupa-se com as pessoas idosas que
porventura residam longe e não tenham com que se locomover
para o estabelecimento onde são realizadas as aulas aos do­
mingos.
f) Filantropia: A Nova Escola Dominical possui uma visão filan­
trópica em relação aos necessitados. Não deve ser um mero
assistencialismo, mas como educandário principal, deve ensinar
as pessoas a valorizarem suas vidas, pois muitas vezes o proble­
ma não é econômico, porém espiritual. O material utilizado na
Escola Dominical é de qualidade, entretanto, para quem tem seis
membros da família matriculados (pai, mãe e quatro filhos), e
somente um trabalha ganhando salário mínimo e custeia todas
as lições, a despesa não é pequena. Por isso, deve-se pensar em
formas de contemplar essas pessoas.

127
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

3) Organização pedagógica
A Pedagogia como teoria e ciência da educação e do ensino é
uma das dimensões mais importantes da Nova Escola Dominical.
Ela envolve todo um conjunto de doutrinas, princípios e métodos
de educação e instrução que tendem a um objetivo prático. Por
isso, o que quase nunca era mencionado na concepção antiga de
Escola Dominical é agora diferentemente enfatizado de forma me­
ticulosa, visto que essa é a razão de ser da educação cristã. A Orga­
nização Pedagógica, no âmbito da Escola Dominical, é o estudo dos
ideais da educação cristã, segundo as concepções, e dos meios (pro­
cessos e técnicas) mais eficientes para efetivar os ideais. Estes são
na verdade a meta suprema instituída pelo próprio Senhor Jesus.
a) Currículos: Basicamente o currículo é a composição de
matérias constantes de um curso. As grades curriculares da Nova
Escola Dominical abrangem todas as faixas etárias, indo do mater­
nal até o adulto. Entender o objetivo do currículo de cada faixa
etária é imprescindível para assegurar um bom aprendizado da
Palavra de Deus e formação do caráter cristão.
b) Etariedade: A segmentação é uma tendência dos novos tem­
pos, e visa a tornar cada vez mais personalizado e identificável
um ambiente, serviço ou produto para o público que deseja atin­
gir. A Nova Escola Dominical, com sua nova forma de pensar a
educação cristã, tem como uma de suas tarefas trazer toda a igre­
ja para o seu interior. Para tanto, está se desdobrando no aspecto
etário para alcançar adultos na terceira idade, casais com até 10
anos de vida conjugal, etc., pois tais grupos possuem algumas
especificidades que são mais bem contempladas quando estes
estão sendo ensinados de forma adequada e/ou contextualizada.
c) Metodologia: Aqui está se falando de formas, processos ou
técnicas de ensino. A metodologia é diferenciada para cada faixa
etária, grupo de pessoas dentro de uma determinada faixa, etc.;
portanto, é indiscutível a sua importância em termos didáticos.
d) Orientação: A orientação ou reunião de orientação é um
cuidado que na Nova Escola Dominical não tem sido tratado com
transigência. E não é para menos, numa época em que a ortodo-

1EB
A s M u d a n ç a s D e s a fia m a Escola Dom inical no N ovo Milênio

xia doutrinária tem sido ameaçada e muitos querem interpretar


a Bíblia segundo sua própria pressuposição, é de fundamental
importância que haja reuniões para discussão das lições domini­
cais. A reunião deve ocorrer de forma simultânea em todos os
currículos, daí o porquê da necessidade de a Escola Dominical
possuir instalações adequadas e espaço suficiente.
e) Reciclagem: Quando se fala em reciclagem, alguém menos
avisado, pensa em "lixo". Mas é interessante saber que reciclagem
em linguagem técnica da Pedagogia significa "atualização peda­
gógica, cultural, profissional, etc." Não tendo nenhuma correla­
ção com algo pejorativo. Toda a equipe da Nova Escola Dominical
deve freqüentar cursos de atualização e aperfeiçoamento dentro
da área de trabalho de cada um.
f) Dedicação: Para quem trabalha na Nova Escola Dominical, a
dedicação não pode ser uma virtude, mas um pré-requisito de
quem optou pelo ensino. A ordem é clara: "Se é ensinar, haja de­
dicação ao ensino" (Rm 12.7b). Dedicação é a palavra de ordem
para todos os membros da equipe da Nova Escola Dominical.

4) Organização da equipe
A equipe incumbida de determinada missão pode ou não
levá-la a efeito. Tudo depende de sua organização, visão de tra­
balho, política de qualidade e acima de tudo coesão. Jesus Cristo
expressou essa grande verdade ao dizer que um "país que se di­
vide em grupos que lutam entre si certamente será destruído; a
família que se divide em grupos que lutam entre si também será
destruída" (Lc 11.17 - NTLH). Não é raro hoje muitas escolas
dominicais não progredirem pelo fato de não haver uma visão
essencialmente unitária em sua equipe de trabalho. E bem verda­
de que cada pessoa possui suas diferenças, mas o alvo de uma
equipe é o mesmo, logo não há motivo para os seus membros se
digladiarem.
a) Estabelecimento de objetivos: Antes de formar qualquer equi­
pe, devemos pensar em que cada pessoa se ocupará. Após esse
procedimento, devemos estabelecer alguns parâmetros para

129
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

recrutá-las e pedir a graça de Deus para a seleção dos membros.


Jesus Cristo bem sabia o porquê de ter formado ttma equipe (Jo
15.16). O próximo passo é reunir periodicamente a equipe para a
definição de objetivos mensuráveis para se alcançar, ou seja, de
acordo com a direção de Deus e da liderança da Nova Escola Do­
minical.
b) Reuniões periódicas: A equipe da Nova Escola Dominical deve se
reunir em todo final e início de novo trimestre, para fazer um balan­
ço de suas atividades e auto-avaliação de cada membro. As reuni­
ões devem servir como catalisação do trabalho e missão da equipe.
Nela, será visto os pontos fracos e fortes, onde a equipe acertou e
falhou, o que é preciso fazer para o próximo trimestre, etc.
c) Elaboração de projetos: A projeção é vital para a consecução
de grandes empreendimentos, por isso, a equipe precisa projetar
os seus planos para campanhas de incentivo à Escola Dominical,
para o exercício da filantropia, para a aquisição de algum bem
para o educandário, etc.
d) Quantidade de pessoas à altura da demanda na ED: O cresci­
mento do corpo discente determinará o crescimento do corpo
docente e da equipe da Nova Escola Dominical. É importante que
esse "detalhe" seja observado. Nada de sobrecarregar uma só
pessoa com a desculpa de que não existe outras pessoas de confi­
ança e competência. Lembremo-nos do conselho de Jetro (Ex 18.14-
24). É bom atentar para as qualidades que os escolhidos deveri­
am ter (Êx 18. 21).
e) Qualidade na prestação dos serviços: Até pouco tempo atrás
era comum ouvirmos pessoas dizerem ao serem convidadas para
cantar: "Olhem irmãos, eu não ensaiei, mas é para louvar a Jesus
mesmo, por isso, se houver alguma falha, peço perdão". Ora,
usava-se esse argumento como se isso fosse humildade. Para lou­
varmos a Deus, devemos estar o mais preparado possível. A Nova
Escola Dominical exige a certificação qualitativa de todos que nela
trabalham. Não há como prestar um bom serviço na obra de Deus
se não houver qualificação para tal. A obra de Deus pode ser
glorificada ou banalizada segundo o nosso desempenho.
A partir dessa nova visão acerca da organização e adminis­

\3Q
A s M u d a n ç a s D e s a fia m a Escala D om inical n o N ovo Milênio

tração da estrutura da Nova Escola Dominical você poderá


reestruturar a sua e iniciar o seu trabalho. Somos também a favor
da descentralização organizacional, ou seja, o superintendente
deve ser o diretor geral, mas nem sempre, dependendo do tama­
nho da Escola Dominical, ele terá condições de dar a importância
devida aos quatro ciclos organizacionais. A posição mais sensata
é aquela de Moisés perante o conselho de Jetro.

* Aliás, esse é na verdade o sistema primordial de onde todos os outros "beberam " para
constituírem os seus.

* * Esse organograma foi produzido a partir do nosso artigo Escola em Potencial, publica­
do na Revista Ensinador Cristão da CPAD.
Conclusão

Independentemente das mudanças que ocorrem,


temos de formar, de modo involuntário, uma consci­
ência cristã e sensível acerca do momento de substi­
tuição de um paradigma usual por outro noviço.
Precisamos aprender a mostrar as vantagens
oferecidas pelo nosso trabalho educacional, ensi­
nando às pessoas que quando elas recebem a infor­
mação "mastigada", torna-se um perigo, sendo a
via mais correta o estudo permanente, que nos dá
harmonia e intimidade com a Palavra, e nos ofere­
ce a oportunidade de interagir com outras pessoas.
Os canais de informação nos dias de hoje são
múltiplos. Diante desse quadro, concluímos que as
pessoas optarão pelo mais vantajoso, atrativo e que
possa lhe servir no dia-a-dia; e é exatamente isso que
nós temos: informação, capacitação e utilização.
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

O que é ministrado na Escola Dominical não está sujeito a


envelhecimento e muito menos a teoria, é 100% praticidade no
mundo contemporâneo.
O que precisa é simplesmente ser divulgado de maneira cri­
ativa.
Quanto às resistências, fique tranqüilo e ore a Deus, pois as
pessoas são mais propensas a mudarem uma atitude se forem
capazes de enxergar como a mudança as beneficiará; e isso só o
tempo lhes mostrará.
Até aqui analisamos o ambiente extemo e abordamos algumas
complexidades do universo humano, até porque nem todos que tra­
balham com a Escola Dominical tinham em teoria o que eles mes­
mos fazem na prática: vivem, interagem, vencem, fracassam, etc.
Não podíamos deixar o assunto marketing cair como um
"pára-quedas" dentro da mente do companheiro da Escola Do­
minical; por isso, achamos por bem mapearmos algumas órbitas
da sua esfera de ação, até chegarmos a uma definição clássica do
que é marketing. Isso só pode se desenvolver com a associação de
uma bagagem teórica nesta área, o que o fará entender a compa­
ração analógica que faremos daqui para frente entre a Escola
Dominical e uma empresa, tendo o marketing como condição fun­
damental para ambas atingirem o sucesso.
Uma das condições para que esse projeto se torne realidade
na Escola Dominical é a reconceituação pela qual a diretoria da
mesma deverá passar. Isso já demonstramos um pouco no último
capítulo; entretanto, para tornar-se uma equipe dotada de visão
abrangente, que olhe do centro para as bordas, estando uma par­
te envolvida integradamente e outra agindo externamente, conti­
nuaremos o assunto na próxima parte do livro. Disponibilizamos
também na parte seguinte um recurso que oferecerá a você a opor­
tunidade de fazer uma avaliação de sua Escola Dominical.
Prepare-se para ver a sua Escola Dominical crescer, pois é
isso e muito mais que passaremos em revista de agora em diante.

134
P a rte Três

□ Marketing cama Ferramenta


de Ação da Escala Dominical

E co m o v ó s q u e reis que o s h o m en s vos façam ,


d a m e sm a m a n e ira fazei-lh es v ós tam b ém .

Lucas 6.31
(...) N e g o cia i até q u e eu v enha.
Lucas 19.13
Q u e m v o s receb e a m im m e receb e;
e q u e m m e receb e a m im , re c e b e aq u ele q u e m e en v iou .
Mateus 10.40
E d isse o servo: Sen h o r, feito está co m o m a n d a ste ,
e aind a há lugar. E d isse o sen h o r ao servo: S ai p elos cam inhos
e atalhos e força-os a entrar, p ara que a m in h a casa se encha.
Lucas 14.22,23
Jesus Cristo

A sab ed o ria é a coisa p rin cip a l; ad q u ire, p o is, a sab ed o ria;


sim , co m tu d o o que p o ssu is, ad qu ire o con h e cim en to .
Provérbios 4.7
C o m p ra a v erd ad e e n ão a v e n d a s; sim , a sab ed o ria,
e a d iscip lin a , e a p ru d ê n cia.
Provérbios 23.23
Salomão

P o d e m o s ap re n d e r sem p ro fesso r,
m as n ão p o d e m o s e n sin a r sem alu n o .

Antonio Gilberto
C a p ítu lo 1

Uma Introdução ao Marketing

No primeiro instante, em que me ocorreu o


pensamento de escrever um livro sobre marketing
para a Escola Dominical, tratei logo de dispensá-
lo, e isso por diversos motivos.
Inicialmente imaginei a pouca experiência que
possuo com as letras, somando-se a isso, veio o
medo da crítica por estar inovando os métodos de
difusão da Escola Dominical, e em última instância
pensei em como escreveria sobre um assunto do
qual não sou especializado e que desconhecia os
seus mais símplices fundamentos.
Como os pensamentos de Deus não são os nos­
sos e tão pouco os seus caminhos (Is 55.8), aprouve
ao Senhor nos agraciar, capacitando-nos para a pro­
dução dessa modesta obra.
Ao assumir a superintendência geral da Escola
Dominical da Assembléia de Deus em Goioerê, no-
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

roeste do Estado do Paraná, confesso que me senti um tanto


frustrado com o inexpressivo número de alunos, mesmo sendo
esse fato uma peculiaridade da maioria das escolas dominicais
da atualidade.
Orando e buscando uma solução, tive o que é chamado na
Psicologia de insight, ou seja, a idéia mestra que me conduziria à
solução da falta de alunos. No decorrer das páginas, você terá
oportunidade de ler o plano, e poderá utilizá-lo, com as devidas
adequações, como modelo para sua Escola Dominical.
O resultado do insight foi um crescimento inaugural de 250%,
que com poucos dias quase dobrou. E claro que para que isso se
consolidasse, tivemos de contar com o auxílio da equipe da Esco­
la Dominical, pois ninguém faz nada sozinho.
E foi após esse acontecimento que refleti melhor: "Se funcio­
nou aqui, pode funcionar em outros lugares. Porque não oferecer
a minha pequena parcela de ajuda aos meus irmãos que dirigem
e trabalham com a Escola Dominical por esse Brasil afora?"
Hoje* faz exatamente cinco meses que assisti à primeira aula
de instr ução sobre marketing e que iniciei meus primeiros rabis­
cos nesse ensaio sobre esse importante instrumento de crescimen­
to. Posso lhes assegurar, mesmo inconsciente, que lançamos mão
dele todos os dias, e é aí que está o problema.
Se um animal bovino soubesse da sua força, jamais deixaria
que alguns poucos e finos fios de arame o segurasse limitadamente
onde não tem com o que se alimentar. Nenhum operário saberá
explorar toda a capacidade de uma máquina, se ele não tiver cons­
ciência do potencial do aparelho. Semelhantemente somos nós, se
não soubermos valorizar os recursos que temos em mãos.
Só para exemplificar, observe dois depoimentos colhidos pela
equipe de jornalismo da CPAD e publicados na revista Ensinador
Cristão, n° 9, do primeiro trimestre de 2002. O primeiro é da irmã
Noemi Paulo, membro da Assembléia de Deus no bairro de Ca­
valeiro, Jaboatão dos Guararapes (PE), formada em Contabilida­
de, leciona há 25 anos na Escola Dominical:
Ensinador Cristão: A senhora sugere alguma coisa para m elhorar o
andam ento da ED no Brasil?

130
U m a In tro d u ç ã o a o M a rk e tin g

Noemi Paulo: A Escola Dominical está muito bem em termos de con­


teúdo, mas é preciso despertar o interesse do povo. É preciso haver
um esforço conjunto tanto de pastores, superintendentes e professores
de Escola Dominical, como de outros obreiros para conscientizar nos­
sos membros da necessidade de participar da Escola Dominical.

Eis o que diz a outra matéria:


C onscientizar o povo da im portância do aprendizado da Palavra de
Deus, além de despertar o interesse dos que não possui o hábito de
com parecer à Escola D om inical, é dever da igreja, declara o pastor
Jessé Cruz Duarte, da Assem bléia de Deus em M ococa (SP ).'1’

No início da matéria sobre a Escola Dominical em Mococa


(SP), escreve a jornalista: "Um dos principais desafios dos líderes
e superintendentes de Escola Dominical é conscientizar os mem­
bros da igreja a serem assíduos participantes, não simplesmente
freqüentadores das classes bíblicas".
Poderia ficar inerte após tantas declarações? E o que mais nos
penaliza é que toda essa gente tem capacidade pedagógica, tem os
recursos humanos, tem a graça de Deus, ou seja, tem tudo, só falta
um insight, que canalize o marketing dos seus serviços e "produtos".
Depois da vontade soberana de Deus, foram essas declara­
ções que me impulsionaram a rabiscar o papel e dar-me uma
chance de ser útil.
Pela graça do Senhor, essa primeira barreira foi vencida, e a
segunda que era preconceitual.
Ao deparar-me com o terceiro obstáculo, pensei: Não sou fo r­
mado em marketing; espere, mas ]oe Girard, o maior vendedor do mun­
do (segundo o livro Guinness de Recordes Mundiais), também não é.
É claro que não estou querendo me comparar a essas duas per­
sonalidades, mas dentro de minhas limitações, pude com a graça
de Deus tomar o projeto em realidade. Se bem que, a característica
persistência sempre fez parte de minha vida. Jamais esquecerei de
um campeonato de judô que estava acontecendo no Ginásio de
Esportes aqui de minha cidade. Havia um fotógrafo contratado pela
equipe organizadora para cobrir exclusivamente o evento e foto­
grafar apenas as pessoas que estavam lutando. Nessa época estava

139
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

com cinco anos de idade, só recordo que minha insistência foi tan­
ta, que o homem resolveu "gastar" uma pose com a minha silhue­
ta. Por isso, sempre que estou desistindo de alguma coisa, olho no
verso daquela fotografia e leio as seguintes palavras:
A César
Votos de que continue com o m esm o esforço e persistência com que
obteve esta foto.
Abraço.
Irineu
29 de abril de 1982.

Após ler e revisar dúzias de livros sobre Psicologia, Marketing,


Recursos Humanos e Escola Dominical, além de inúmeras revis­
tas e jornais; pude entender que mesmo sem saber, o meu plano
estratégico não foi nada menos que o exercício concomitante de
Marketing Direto e Marketing Institucional, unido ao poder da
propaganda e promoção.
Entendi que aproveitei um pouco do Marketing, sem ter cons­
ciência disso, e concluí que, se sem ter conhecimento, ele já me
foi tão eficiente, imagine se tivesse um manual voltado exclusi­
vamente para o Marketing nessa área, o que não faria?
E aqui está caro companheiro da educação cristã, um livro que o
auxiliará no aproveitamento de seu insight, e dos recursos humanos
que temos em abundância à nossa disposição na casa do Senhor.
Antes de entrar no terreno do Marketing para a Escola Domini­
cal, vamos entendê-lo sucintamente em sua forma original, que é
na maioria das vezes voltada para atividades comerciais e/ou
mercadológicas.

D efinição de M arketing

Por ser uma palavra de origem inglesa, talvez a sua pronún­


cia cause alguns constrangimentos, mas não se preocupe, na de­
finição do Dicionário Aurélio, temos como cortesia a grafia da pa­
lavra "marketing" na forma aportuguesada que a pronunciamos:
"márquetin". E a definição: "Conjunto de medidas que provêem
estrategicamente o lançamento e a sustentação de um produto

14D
U m a In tro d u ç ã o ao M a rk e tin g

ou serviço no mercado consumidor, garantindo o bom êxito co­


mercial da iniciativa"; tendo como correspondente em portugu­
ês (pouco usado): "Mercadologia".44
Evidentemente que essa definição restringe o termo à sua le­
xicografia, e não visa sua significação como prática do dia-a-dia,
onde o Marketing é utilizado constantemente.
Por desconhecimento do assunto, as pessoas confundem
marketing com uma de suas principais ferramentas que é a pro­
paganda, e então ouvimos expressões como: "O marketing des­
sa empresa é muito bom, porém os seus serviços e produtos são
péssimos".
Essa eterna confusão atingiu as pessoas, porque bem antes
havia atingido os empresários e comerciantes que, segundo os
maiores teóricos do Marketing, mudaram o foco de atenção, con­
centrando-o de modo indisciplinado nos efeitos, deixando a cau­
sa em plano secundário.
Essa disfunção é tratada por Ted Levitt, como uma doença
que reproduz o título de seu clássico artigo Miopia de Marketing,
citado por Philip kotler em sua obra Marketing para o Século XXI.
Levitt também é citado na obra M arketing para Pequenas
Empresas Inovadoras, escrito por Armando Leite Ferreira. O
autor escreve a definição de M arketing, segundo Levitt:
"M arketing é a área da administração que objetiva atrair e
manter clientes".45 Segundo Levitt, "os clientes não compram
bens ou serviços, mas sim soluções para atender às suas ne­
cessidades específicas".46
Uma outra colocação que externaliza claramente o que é
Marketing, e qual a sua função, vem de Peter Drucker, menciona­
do por Philip Kotler em seu livro, e também por José Roberto
Whitaker Penteado Filho, colunista da revista Pequenas Empresas,
Grandes Negócios, e vice-presidente da Escola Superior de Propa­
ganda e Marketing (ESPM). Escreve o articulista:

O utra ciência que deverá evoluir cam inhando para trás, segundo
o astuto velhinho, é o M arketing. "E sse te rm o ", escreve [Peter
D rucker], "fo i cunhado há 50 anos para enfatizar que os objetivos
e os resultados de uma em presa estão inteiram ente fora d ela." O

141
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

q u e fo i, s e g u n d o D r u c k e r , u m a g r a n d e s a c a d a . M a s , a c u s a e le , o
m a r k e t in g r a r a m e n te d e s e m p e n h o u e s s a ta r e fa g r a n d io s a . E m lu ­
g a r d is s o , c o n tin u o u fu n c io n a n d o , e m q u a s e to d a s a s e m p r e s a s ,
c o m o u m in s tr u m e n to d e a p o io à s v e n d a s . A s p e s s o a s n ã o c o m e ­
ç a m p e r g u n ta n d o : " Q u e m é o c li e n t e ? " , m a s , s im : " O q u e q u e r e ­
m o s v e n d e r ? " 47

É de bom alvitre, ressaltar que o articulista obteve esses flashs


literários na obra do quase nonagenário (na época) Peter Drucker,
lançada em maio de 1999 nos Estados Unidos, e cujo título é De­
safios da Administração no 21° Século. Drucker, com seus artigos e
livros, revolucionou a ciência do management (gestão administra­
tiva), na segunda metade do século passado.
Uma coisa é certa, em termos de definição, todos os autores
são acordes em relação a mais clássica definição, a qual reza que
"marketing é atender às necessidades dos clientes".
Para melhor assimilação, vejamos o que diz o SEBRAE (Ser­
viço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), através
do seu Programa Brasil Empreendedor:

O que é M arketing?

E o estudo das atividades comerciais que, partindo do co­


nhecimento das necessidades e dos sentimentos do cliente, pro­
cura dirigir o seu produto e/ou serviço, adaptando-o melhor ao
mercado.

O que Faz o M arketing?

Parece redundância de assunto perguntar o que determina­


da coisa faz logo após tê-la definido.
Entretanto, essa regra não é válida para o amplo universo do
marketing, e acrescento, não sou eu que vou esgotar o assunto
sobre o que ele faz.
Philip Kotler, considerado um dos maiores pensadores em
marketing na atualidade, escreve no prefácio de seu clássico
Marketing para o Século XXI: "Meu romance com o marketing já

142
U m a In tro d u ç ã o a o M a rk e tin g

dura 38 anos, mas ele continua a me intrigar. Quando finalmente


pensamos que o compreendemos, ele começa a dançar uma nova
música e temos de acompanhá-lo o melhor que pudermos".48
Ficou subentendido pelas colocações de Peter Drucker que o
marketing não pode ser executado pelas empresas 'de dentro para
fora', mas 'de fora para dentro', ou seja, a idéia do marketing
"moderno" visa à adequação correta do foco executacional das
empresas de produto, para mercado e clientes.
O marketing não tem dado certo para a maioria das empre­
sas, simplesmente porque o seu foco operacional está direcionado
de forma errônea na venda dos produtos, quando deveria focalizar
o atendimento das necessidades.
Na década de 60, o conceito sobre as atividades do marketing
restringia-o apenas aos aspectos transacionais (compra e venda).
Segundo Kotler, havia três abordagens simultâneas:
A abordagem de commodity* descrevia as características de diferentes
produtos e o comportamento do comprador em relação a eles. A abor­
dagem institucional descrevia como funcionavam as várias organiza­
ções de marketing, tais como atacadistas e varejistas. A abordagem fun­
cional descrevia como as diversas atividades de marketing — propa­
ganda, força de vendas, definição de preços — atuavam no mercado .49

No entanto, se toda atividade do marketing, consiste em "sa­


tisfazer" os desejos e necessidades do cliente, logo, precisa-se co­
nhecer quais são suas carências para que se possa tentar supri-las.
E isso só se consegue com uma análise dos mercados e da concor­
rência em um contexto sistêmico, onde todos interagem em interde­
pendência, o que não é muito fácil e nem menos trabalhoso descobrir.
Após alguns anos de pesquisas, os especialistas em marketing
descobriram que produtos e serviços tangíveis não eram os únicos
objetos passíveis de serem colocados no mercado, mas que outros
intangíveis quanto o pensamento também são, e como exemplo
podemos citar: idéias, experiências, conhecimento, etc. Aqui entra
a relevância do conteúdo ministrado na Escola Dominical, pois ele
não é uma mera higienização mental paliativa, mas algo que supre
a necessidade humana de forma abundante (isso partindo do pres­
suposto que a sua ED possui qualidade).

143
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Outras descobertas revelaram as várias tarefas do marketing,


começando por uma denominada de unselling (desconstrução de
imagem), que procura extinguir do mercado produtos, serviços e
demais coisas intangíveis, se essas forem consideradas uma ame­
aça à saúde e/ou ao bem-estar da sociedade.
Poderíamos ainda citar outras tarefas do marketing, como
aumentar a demanda de um produto ou serviço; mudar a ima­
gem de um produto mal aceito; equilibrar uma demanda irregu­
lar e ainda diminuir a demanda de um produto por causa da sua
escassez (medida denominada de demarketing).
Todas essas atividades visam a uma reação ou ação de alguém:
atenção, interesse, desejo, compra, uma boa divulgação boca a boca,
etc. É claro que essas reações ou ações serão mais bem correspondidas
se as pessoas perceberem que através disso obterão vantagens.
Nesse caso, quanto maiores forem os benefícios agregados
nessas tarefas, mais rapidamente acontecerão as reações ou ações
das pessoas.
Queira ou não, o milenar sistema de troca emerge como con­
ceito central subjacente ao marketing.
"Todas essas observações (acima expostas) me levaram a re­
conhecer que o objetivo central do marketing é o gerenciamento da
demanda — as habilidades necessárias para controlar o nível, a
oportunidade e a composição da demanda."50
Em resumo, percebemos que a função básica do marketing é o
entendimento do mercado, para suprir as necessidades do cliente,
pois na satisfação do cliente está a garantia do sucesso da empresa.

Entendendo o M ix de M arketing

Muito embora o mix de marketing seja constituído por mui­


tas atividades, os estudiosos da área procuram uma classificação
que torne mais fácil distingui-las.
"O mix de marketing da empresa condiciona seu plano de
marketing geral. O termo mix é empregado, pois o plano de
marketing pode ser visto como uma mistura de ingredientes ou de­
cisões que se unem para formar o programa de marketing final."

144
U m a In tro d u ç ã o a o M a rk e tin g

Citado por Kotler, o professor Jerome Mc Carthy, formulou


no início da década de 60 um mix de marketing que consistia em
quatro Ps: produto, preço, praça e promoção.51
Esse tem sido o módelo utilizado no mercado ocidental, algo
que pude constatar nas várias obras que consultei.
Entretanto, a demanda atual exige a formatação de assuntos
específicos, ou seja, os quatros Ps são as artérias, mas não pode­
mos esquecer da "periferia" distribucional que interligam os
múltiplos fatores que são omitidos na visão da regra geral, situa­
da nas artérias dos quatro Ps. Esses fatores periféricos podem ser
conferidos na figura 5, reproduzida da obra de Kotler.
A perspectiva atual sobre os quatro Ps entende que a estrutu­
ra criada por Mc Carthy requer decisão por parte dos profissio­
nais de marketing sobre o produto e suas características; eles pre­
cisam definir o preço, e também decidir como distribuir os pro­
dutos, e ao mesmo tempo solucionar métodos para promovê-los.
Mesmo com todo esse trabalho, alguns críticos acham que essa
estrutura dos quatro Ps peca por omissão ou por deixar de atentar
para as atividades periféricas importantes. Como podemos ver em
três pequenos grupos de questões formuladas por Kotler:52
1- Onde ficam os serviços e os atendim entos? O fato de não com eça­
rem com P não justifica sua omissão.

2- O nde fica a em balagem ? Então, ela não é um dos principais ele­


m entos com petitivos no m arketing para consum idores?

3- O nde ficam as vendas pessoais? A força de vendas não é de im-


portância-chave no m arketing de negócios?

Kotler afirma que existem alguns serviços que também são


produtos e vice-versa, ele os chama de produtos/serviços. O au­
tor sugere inclusive em seu livro, Megamarketing, que a esses qua­
tro Ps deva se acrescentar outros dois Ps (Política e Público), e
que, segundo afirma, estão ganhando importância especialmen­
te no marketing global.
O problema dos quatro Ps reside no que já foi mencionado, é
o vício de ver o mercado do ponto de vista do vendedor, e não do

145
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

comprador. E essa transgressão tem sido mortal para a projeção


do marketing, pois um comprador, ao avaliar um produto ou ser­
viço, pode não vê-lo da mesma maneira que o vendedor. E isso é
algo que invariavelmente acontece; o cliente não partilha da mes­
ma opinião do vendedor.
Assim sendo, os quatros Ps podem ser mais bem descritos,
do ponto de vista do comprador, conforme os quatro Cs formu­
lados por Robert Lautenborn:53

Quatro Ps Quatro Cs

Produto Valor para o Cliente

Preço M enor Custo

Praça Conveniência

Prom oção Com unicação


Figura 5

O que podemos concluir é que antes de projetar os quatro Ps, os


profissionais de marketing devem pensar prioritariamente em aten­
der os quatro Cs do cliente e utilizá-los, em seguida, como uma pla­
taforma para o desenvolvimento dos quatro Ps. Os profissionais de
marketing não devem se descuidar dessa realidade, ou seja, enquanto
eles estão vendendo um produto, os clientes querem comprar valo­
res ou soluções de problemas. E essa demonstração tem de aconte­
cer de maneira espontânea e simples, a ponto de o cliente reagir de
maneira positiva ao convite para adquirir o produto.
Um exemplo para finalizar: Quando sua esposa se dirige a
uma loja de cosméticos, o que você acha que ela está indo com­
prar? Um monte de creme, shampoo, perfume? Errou! Ela está
indo comprar a beleza prometida pelo uso dos produtos, ou seja,
os produtos não são um fim em si mesmos, mas um meio para
que a pessoa seja mais bem aceita esteticamente e sinta-se bem.

14B
U m a In tro d u ç ã o a o M a rk e tin g

Em geral, esses produtos são mais buscados se um ícone


televisivo, isto é, se determinada atriz fizer propaganda do mes­
mo e dizer que ele de fato "faz milagres". Por que isso ocorre?
Simplesmente porque de modo automático e involuntário ocorre
uma associação da beleza da atriz com o uso do produto, conclu­
indo a pessoa que se ela fizer uso, também se tornará mais bela,
apresentável, assim como a atriz do comercial (aqui vemos a im­
portância da propaganda, e, por outro lado, a responsabilida­
de que pesa sobre o produto de ter a qualidade prometida na
propaganda).

Produto Preço Promoção Praça


Variedade de produtos Preço Promoção de vendas Canais

Qualidade Descontos Propaganda Cobertura

Desing Concessões Força de Vendas Variedade

Características Prazo p/ pagamento Relações Públicas Pontos de venda

Nome da marca Condições de crédito Marketing Direto Estoque

Embalagem Transporte

Tamanhos

Serviços

Garantia

Devoluções

* "H oje", refere-se a Janeiro de 2002.

147
C a p í t u l a ê?

A Filosofia da Marketing
para a Escala Dominical

Marketing para a Escola Dominical não é esse mé­


todo técnico — comercial que acabou de ser discor­
rido, mas uma adaptação desse, contextualizado à
realidade da Escola Dominical.
Em outras palavras, utiliza-se o marketing,
como uma ferramenta de ação da Escola Domini­
cal, pois não se usa tal ferramenta única e exclusi­
vamente para promover negócios (business), mas
também como um modo de tornar público algo que
é benéfico à população ouvinte ou leitora.
Em agosto de 2001, o pastor batista Rick
Warren concedeu uma entrevista à revista Vidamix
(Editora Vida). O assunto em pauta foi a sua
metodologia de trabalho, evidenciada em seu li­
vro Uma Igreja com Propósitos, obra esta considera­
da segundo muitos "o manual da igreja do século
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

XXI". Com a cifra significativa de um milhão de exemplares ven­


didos, a obra é um referencial para quem quer aprender formas
alternativas de fazer a obra de Deus. A matéria é iniciada com o
seguinte comentário:
Q uando uma igreja utiliza m étodos para im pulsionar o crescim en­
to, muita gente torce o nariz e diz que "isso não passa de m arketing".
O que dizer então, de uma igreja cujo líder recebeu de Peter Drucker
— o decantado guru da adm inistração — o epíteto de "th e inventor
of perpetuai revival" (o inventor do avivam ento perpétuo)?

Esse comentário acerca do líder da igreja proferido pela cele­


bridade citada tem alguma importância em termos de "marketing",
mas o método de Warren não poderia ser outro, como podemos
comprovar em outro trecho da matéria:
C onectado com firm eza à realid ad e do m om ento p resen te, ele
[Warren] usa e abusa de ferram entas e métodos que são alvo de
questionam entos tão perm anentes quanto m últiplos. Contudo, ne­
nhum deles pôde ser desconsiderado por seus questionadores, si­
nal de que sua visão larga já o fixou num lugar de destaque neste
período da história da igreja.

Sobre a contestação de práticas metodológicas, devemos ana­


lisar o que disse Jesus e está registrado em Lucas 16.9: "E eu vos
digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quan­
do estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos".
Para entender essa passagem acerca do mordomo, registra­
da no versículo supra, é preciso um olhar sobre o contexto do
verso oito. Em seguida, parafraseá-la com uma forma aproxima­
da do original: "Fazei para vós mesmos amigos pelo uso apro­
priado do dinheiro. Usai os valores terrenos (fruto de um siste­
ma injusto) para adquirir lucros duradouros no porvir".54E ain­
da conforme explica H. H. Halley: "Jesus elogia a previsão dele,
não a sua desonestidade; sua provisão para o futuro não o méto­
do tortuoso adotado para isso".55
A instrução dada por Jesus neste versículo, é que nós cris­
tãos, devemos preparar-nos para a vida eterna, de tal forma, que
possamos ser mais prevenidos do que o mordomo da parábola.

150
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Evidentemente que não com a mesma atitude, mesmo porque, só


entra no céu após tomar o "caminho" e passar pela "porta" (Jo
14.6; 10.9).
Jesus poderia ter usado outro tipo de exemplo, não o de um
infiel, no entanto, a mensagem aplicativa para o cristão está nas
entrelinhas, na demonstração da sutileza e eficácia com que agiu
o mordomo para obter benefícios futuros, leia Mateus 10.16. (Nes­
ta passagem, Jesus usa a prudência da serpente, que tipifica o Dia­
bo em muitas passagens bíblicas, e a simplicidade da pomba, que já
foi usada como símbolo do Espírito Santo.)
O marketing que passa a ser apresentado, não é como o
marketing mercantilista, onde o produto e o serviço satisfazem
as necessidades mundanas e os caprichos deturpados do cliente,
onde esse determina como o produto e o serviço devem ser. Não
é esse marketing hedonista (busca do prazer), e narcisista (amor
por si mesmo), que este trabalho está sugerindo, mas o marketing
aqui proposto, tem por objetivo trazer as pessoas para a fonte da
satisfação que é Deus. Se isso ocorrer, veremos pessoas felizes
mesmo sendo pobres materialmente, enquanto outras, tão ricas
quanto o príncipe religioso que entrevistou Jesus (Mt 19.16-30),
tristes e insatisfeitas.
Parafraseando o que foi dito por Peter Drucker, esse livro
representa uma "evolução" regressiva e reconquistadora, como
exemplo, observe esse trecho da obra A Escola Dominical, es­
crita por pastor Antonio Gilberto: "Antes de Raikes, é eviden­
te que já havia reuniões similares de instrução bíblica, mas ele
foi usado por Deus para popularizar e dinamizar o movimen­
to. Na linguagem dos comerciantes, fo i ele quem pôs a mercado­
ria na praça''.56
E sabe como? Usando o "Gloucester Jornal", um periódico
do qual era redator. Segundo pastor Antonio Gilberto, o Jornal
foi uma coluna forte na defesa e apoio da novel instituição, onde
foi publicada uma extensa série de artigos sob o título "A Escola
Dominical", reproduzidos nos jornais londrinos.
O leitor por certo sabe, que o que sensibilizou Robert Raikes,
foi seu trabalho em casas de detenção. Sua cosmovisão foi de lon-

151
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

go alcance, pois ao contemplar as crianças marginalizadas, ima­


ginou que na fase adulta seriam os futuros criminosos, e segun­
do conta a História, buscava as crianças nas ruas, e ensinava a
elas, além do ensino das Escrituras, "princípios de linguagem,
aritmética e instrução moral e cívica".57
Raikes não só teve compaixão, mas agiu, e essa atitude com
certeza impediu muitos crimes, os quais poderiam ter ocorrido com
aqueles mesmos "conservadores" que o acusara de "profanador
do domingo".
A metodologia usada por Raikes em 1782, é a mesma que o
Marketing para a Escola Dominical propõe, ou seja, "evoluir vol­
tando no tempo", e praticar o que nunca deveria ter deixado de
ser exercido.
Há 220 anos, Raikes praticou Marketing para a Escola Domi­
nical da maneira correta, tendo seu foco de atuação de 'fora
para dentro'. Supriu a necessidade de ocupação das crianças
ensinando-lhes algo proveitoso, ao invés de deixá-las ao léu,
onde suas pequeninas mentes serviriam de "oficinas para
satanás".
Chegou o momento de recolocarmos a mercadoria na praça,
ou então ela será promovida à peça de museu.
Não podemos nos conformar com a lembrança da Escola
Dominical como fóssil de um passado glorioso, os tempos mo­
dernos requererem esforço concentrado de todos em prol da "des­
pensa" de Deus na igreja.
Na cidade onde resido, no jornal Tribuna da Região, periódico
local de maior circulação, semanalmente mantenho uma coluna
intitulada Escola Dominical. Ali mensagens de conforto são trans­
mitidas, é divulgado o conteúdo do que está se estudando na­
quele trimestre e a população é convidada à Escola Dominical.
Pela graça de Deus temos visto alguns frutos desse trabalho. Além
do mais, essa é uma das melhores formas de se divulgar a Escola
Dominical.
Conscientes da maneira correta de utilizar o marketing, é
preciso entender a melhor forma de implementá-lo e para isso, é
necessário observar alguns pré-requisitos:

15Z
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

• Apoio da Liderança
Nenhuma atividade exercida na Casa de Deus, mesma que
seja correta, tem vida útil se não contar com a aprovação pasto­
ral. Aliás, se o pastor não aprovar a iniciativa, não podemos nem
iniciá-la.
É claro que se a liderança entender que através disso a igreja
pode ter um crescimento exponencial (quantitativa e qualitativa­
mente), tudo será mais fácil. Lembre-se, que as reações e/ou ações
ocorrem quando as pessoas percebem que obterão vantagens em
aceitar sua proposta.

• Ter visão de Reino


Nada de elitismo, o marketing para a Escola Dominical é
um sistem a para ser usado como uma rede de pescaria
(Mt 13.47); cabe a cada um o lançamento da rede e a semeadura
(Mt 13.1-23).
Não pense que a sugestão aqui é, "quantidade sem quali­
dade", pois não se deve confundir inchaço com crescimento!
Significa dizer que se a Escola Dominical quiser trazer para os
pés de Jesus somente os "perfeitos", estará cometendo um gran­
de erro.
Para uma ampla visão de Reino, leia os seguintes textos:
Mateus 9.9-13,35-38; 13.1-58; 20.1-16; 21.28-32,43; 22.1-14,34-40;
25.14-30; 28.19,20.
"Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em
virtude" (1 Co 4.20).
Uma das coisas que devemos procurar fazer é mudarmos a
nossa visão que temos acerca do Reino de Deus. Caso essa visão
seja elitizadora, partidária e reducionista.
Uma leitura atenta de Romanos 14.15-20 mostra um aspecto
preventivo do Reino de Deus.
Para uma melhor visão de Reino, pode-se olhar a mensagem
da Parábola da Grande Ceia, registrada no Evangelho de Jesus
Cristo, segundo escreveu o médico Lucas (14.15-24), excetuando
o fato de que a mensagem retrata o povo de Israel e os gentios,

153
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

devemos atentar para a grande verdade, de que Deus está


interessadíssimo com o fator quantitativo: "E disse o senhor ao
servo: Sai pelos caminhos e atalhos e força-os a entrar, para que a
minha casa se encha" (v. 23; grifo meu).
Outra passagem bastante expressiva acerca dessa questão está
em 1 Timóteo 2.3, que diz: "Porque isto é bom e agradável diante
de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se sal­
vem e venham ao conhecimento da verdade" (grifo meu).
Você pode ainda estar em dúvida e então me perguntar: "E o
aspecto qualitativo"?
Pois bem, essa parte é conosco, veja o que a Palavra diz: "E
ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e ou­
tros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, queren­
do o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do Corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unida­
de da Fé e ao conhecimento do Filho de Deus a varão perfeito, à
medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos
mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de
doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam
fraudulosamente" (Ef 4.11-14; grifo meu).
O que hoje se denomina caráter e maturidade, era a Varonili-
dade ou Firmeza para os povos dos tempos bíblicos. Levando
em conta o que Jesus disse em Lucas 6.40: "O discípulo não é
superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o
seu mestre"; conclui-se que os alunos serão a nossa "fotocópia"
fiel, ou seja, superintendentes fiéis, equipe da Escola Dominical
fiel, professores fiéis, alunos fiéis e assim por diante.

• Entusiasmo
Embora alguém pense que ser empolgado seja a mesma coi­
sa que entusiasmado, quero lhe informar que não é.
Empolgado é o tipo de pessoa "fogo de palha", que inicia
com bastante rapidez e beleza; mas acaba numa velocidade bem
superior ao início.
Já o entusiasmado, que pode ser traduzido na seguinte for­

154
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

ma: En, dentro; Theos, Deus; Asmo, respiração. Significa literal­


mente: cheio de Deus.
O entusiasmado tem a sua "fonte de água", jorrando diaria­
mente (Jo 4.14), o empolgado é o inverso, ou seja, "fonte sem água"
(2 Pe 2.17).
Quem quer trabalhar com Escola Dominical tem que ser en­
tusiasta.

• Previsibilidade
Essa verdade é tão freqüente que até mesmo Jesus a mencio­
nou na parábola acerca da providência (Lc 14.28-30). E o que já
falamos no último capítulo da parte dois quando comentamos
acerca da Organização da Nova Escola Dominical.
De nada adiantará ter uma Escola Dominical com mil alu­
nos, se a capacidade física do templo ou classes, comporta ape­
nas quinhentos.
Arrolar as distintas faixas etárias umas às outras, por falta de
espaço ou por escassez de professores, é algo totalmente depreci­
ativo e compromete a boa imagem formada anteriormente, além
do mais, isso é pedagogicamente incorreto.
Infelizmente as igrejas pecam muito nessa área. Quando o tem­
plo é construído, pensa-se em um bom estacionamento, um bonito
refeitório, um amplo alojamento, mas quase nunca se pensa em sa­
las para a Escola Dominical, que é exatamente onde o pastor garante
a fidelidade de suas ovelhas. Além do mais, essas salas poderiam,
durante a semana ser usadas para outras atividades da igreja.
Antes de pensar em números de alunos, examine suas possi­
bilidades quanto ao número de professores, espaço físico, mate­
rial didático etc.

• Qualidade no ensino
Nada é mais desgastante para a imagem de uma empresa, se
a qualidade ostentada pelo anúncio de um produto não for cons­
tatada pelo cliente, e esse ficar insatisfeito e com a sensação de
ter sido lesado.

155
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

A qualidade é uma das ferramentas do marketing, pois a bus­


ca incansável pela satisfação só é suprida quando o produto ou
serviço tem excelente qualidade e não apenas supre a necessida­
de, mas supera as expectativas do cliente.
Um dos sonhos das empresas nacionais é conquistar a
certificação da International Organization fo r Standardization (ISO)
— processo que, desde 1990, quando o Brasil conheceu as nor­
mas da série ISO 9000, vem obrigando as empresas a se adequa­
rem às normas para não serem exiladas, sendo esta uma tendên­
cia acentuada em tempos de economia globalizada.
"As normas servem para especificar os requisitos de um sis­
tema de gerenciamento capaz de garantir uniformidade das eta­
pas do desenvolvimento do produto, da elaboração à entrega e
também na pós-venda."58
A diferença está simplesmente no conceito que se tem de uma
empresa certificada, em outras palavras, se um cliente tiver que
optar por um produto vendido pelo mesmo preço por três em­
presas diferentes e entre elas uma é certificada, com certeza esta
vencerá a concorrência.
O nome da denominação a qual está vinculada a Escola Do­
minical já garante uma boa parte do êxito (em matéria de
alunado), porém, não é suficiente.
O Padrão de excelência para se ter uma escola com ensino de
qualidade, é a capacitação pedagógica e a reciclagem periódica.
Além, é claro, da benção de Deus.
O professor deve estar preparado para garantir uma boa aula,
de modo que os alunos supram as necessidades cognitivas, soci­
ais, espirituais, etc., caso contrário, o fracasso é certo.
Em se tratando de qualidade é bom pensar em tecnologia,
pois principalmente os alunos mais jovens, que estão acostuma­
dos nas escolas de ensino laico com todo tipo de equipamento,
recursos didáticos: microcomputador, softwares, retroprojetor, data
show etc, ficam desmotivados com o ambiente oferecido por mui­
tas escolas dominicais, onde sequer existe um quadro negro como
recurso.

15B
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Conhecendo a Realidade da m inha Escola D om inical

A elaboração de um projeto de marketing só é possível a par­


tir do conhecimento que você tem da estrutura de sua Escola
Dominical. Para tanto, marque o gráfico na "Roda do Progresso"
conforme a situação (use de sinceridade, pois essa avaliação é
para você mesmo!).
Trace uma linha contínua, ou seja, inicie por qualquer um
dos itens e ligue as porcentagens, não estranhe se a oscilação
for demasiada. O pequeno círculo no centro significa percentual
"zero", o número 1 significa dez por cento e assim sucessiva­
mente:

Auto-avaliação de Superintendentes
M aterial
didático
S u p e rv is ã o ,00% N úm ero d e
100% 100% a lu n o s

P d £ IÊ ? ? o o % 1 <»» L id e ran ça
* « 50*. 50% 50%
8 86 9

7 4 4 A 50% 7

Q u alid ad e 6 4 , * 6
n o s S e r v iç o s 100% so% 3 J 3 so% ,oo% R e c e p ç ã o

EpSjP g Ç ° 100% 9 8 7 6 50% 4 3 2 I O j 2 3 4 50% 6 7 8 9 100% F ila n tr o p ia


2 11 }1 2

50% 4 2 2 4 50%

8 7 6 3 2 2 2 ♦ 6 7 8
R e u n iõ e s 100% 9 so% 3 , 3 3 50% 9 ioo% C oesão
d e Diretoria 6 4 3 4 6 d a Equ ipe
7 50% 4 4 4 50% 7

9 6 50% m 50% 6 8 9

P ro je to s ,00% 7 6 6 7 100,lO b je tivaç ão

P ro v is ã o 100% s 100% D iv u lg aç ão
9 9
9
R e u n ião d o s 100% 100%
D o ce n te s 100<'0 E tarie d ad e
D ep artam en -
ta liz a ç ã o

Figura 6

157
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Auto-avaliação de Professores (as)


U so d e
R e cu rso s
É tic a 100% R ig o ro sid a d e
E d u c a c io n a l „

A v a lia ç ã o e
A u to -a v a lia ç ã o 100%

R etacio n alm en to
co m a d ireto ria 100%

100% O ração
p e lo s a lu n o s

R e la c io n a m e n to
co m o s p r o fe s s o r e s l0° " 2 3 - 1 sor. 6 7 8 9 100% C o n h ecim en to
2 p a n o râ m ico
2 3 4 d a B íb lia

I n fo rm aç ão d e 100% 9 50% 3 , ~ 3 E(r 9 ,«,.4 R e a liz a ç ã o


fa t o s m u n d iais 6 4 3 4 ' d e p e s q ii is a s
7 50% 4 4 4 50% 7

Preo cu p açã o c om 100%. 9 , B , 9 100% , .


a lu n o s fa lto so s '
8 7 7 B
9 7 9
6 8
F re q ü ê n c ia e m ,00% 8 »00% D ispo nib ilidade
c u r s o s d e re c ic la g e m 9 9 p a ra e n s in a r

. . . . . 100% too%
lm p a rc .a l.d a d e l 0o% A q u is iç ã o
F re q u e n c ta d e L iv ro s
d e L eitu ra

Figura 7

Progresso significa: "Movimento ou marcha para frente; de­


senvolvimento; aumento; evolução; adiantamento em sentido
favorável".
Como ficou a sua "Roda do Progresso"?
Você chegaria em algum lugar "rodando" com ela?
Após essa avaliação, "coloque-se" no lugar da Escola Domi­
nical e estabeleça um monólogo:
A Escola Dominical que sou:

A Escola Dominical que penso que sou:

A Escola Dominical que os alunos pensam que sou:

A Escola Dominical que eu quero que os alunos pensem que sou:

15B
A Filosofia d a M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Esse exercício pode ser chamado de auto-avaliação, pois en­


xerga do centro para as bordas e de fora para dentro.
É somente conhecendo que se pode saber a real situação em
que a Escola Dominical se encontra, bem como o que ela está
realizando.
A maioria das pessoas fala em desenvolvimento e progresso
sem ter idéia do que está evocando. Na realidade, as duas palavras
são sinônimas. Mas vejamos algumas acepções de desenvolvimen­
to: "(Des)envolvimento: em inglês, development; em francês,
dévélopement; em italiano, sviluppo; em espanhol, desarrollo. Todas
essas acepções sugerem a idéia de desenrolar, desarrolhar,
desenovelar, desenvelopar, enfim, sair do invólucro em que terá sido
preciso entrar (envolver-se) para, posteriormente, dele livrar-se".59
O que mais acontece, é as pessoas se envolver e se estagnar
e/ou acomodar-se. Dessa maneira é impossível progredir, visto
que todo progresso exige mudança, quebra de paradigmas, pla­
nejamento, visão crítica e inconformismo (no bom sentido). Por­
tanto é como uma criança e uma mãe: o espermatozóide do pai
foi envolvido no óvulo da mãe para depois se desenvolver du­
rante nove meses, e depois de nascido ainda continuará se de­
senvolvendo por toda sua vida.
Grande parte do desestímulo das pessoas pela Escola Domi­
nical reside no fato de que esta, em muitas igrejas, não possui
nenhuma qualificação, ou seja, Escola Dominical em muitos lu­
gares é sinal de martírio! Pensando nesse particular, para uma
melhor e mais abrangente avaliação de sua Escola Dominical, o
Manual da Escola Dominical, do conceituado e já, várias vezes,
mencionado Pastor Antonio Gilberto, traz alguns requisitos que
deve possuir uma Escola Dominical Padrão (Nota 10):

1. Dirigentes e Professores fix o s ........................................................ 20


2. Obreiros espirituais, preparados e assíduos.................................. 10
Há reuniões mensais para obreiros?
Há reuniões periódicas de negócios da escola?
Os obreiros fazem cursos específicos?

159
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

3. Classes e departamentos................................................................. 10
O primeiro departamento a ser organizado deve ser o infantil.

4. Literatura graduada e equipamento escolar................................. 10


Tem currículo?
Biblioteca?
Orientação pedagógica?

5. Secretaria organizada.........................................................................5
Sala apropriada
Pessoal
Material

6. Crescimento real da E scola.............................................................10


Confronto com o ano anterior
Novas matrículas
Novas escolas

7. Mordomia cristã................................................................................ 5
Do tempo, talentos, finanças
Manutenção da escola
Missões

8. Assistência aos cultos....................................................................... 5


O aluno que freqüenta a Escola Dominical deve freqüentar tam­
bém os outros cultos da igreja.
O culto enseja comunhão fraternal e serviço.
A porção da Palavra nos sermões e na música.

9. Programa ativo da escola, de expansão e extensão.......................15


Departamento do Berço
Departamento do Lar
Escolas Filiais
Escola Bíblica de Férias

15D
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

10. Evangelização.................................................................................. 10
Prática do apelo (preferira sempre a palavra "convite")
Campanhas evangelísticas (colaboração, promoção)
Visitação
Literatura
Evangelismo pessoal
Sua Escola Dominical está no enquadramento certo? (100 pontos)
Está subindo?
Está descendo?
Está parada?

Considerando os requisitos acima, como está a sua Escola Domi­


nical. Responda por favor:
( ) Péssima
( ) Ruim
( ) Regular
( ) Boa
( ) Ótima

Os quatro desafios afetos à Escola Dominical são:


Quanto ao lar: pais, crianças, jovens, adultos.
Quanto à igreja: o crescimento espiritual de todos — a Escola
Dominical precisa crescer. Para isso é preciso que haja visão espi­
ritual e condições em geral.
Quanto à nação: cidadãos salvos e de caráter moldado na Pa­
lavra de Deus.
Quanto ao mundo: os campos brancos das missões no momen­
to atual.

O Foco do M arketing para a Escola D om inical

É o mesmo do ensino neotestamentário, ou seja, cristocêntrico.


O apóstolo Paulo disse: "Porque não nos pregamos a nós mesmos,
mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos
[servos da Igreja], por amor de Jesus" (2 Co 4.5).
O Senhor Jesus é o centro e o sustentáculo de toda a ativida­

151
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

de do marketing para Escola Dominical; "Porque ninguém pode


pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo" (1 Co 3.11).
A viabilização desse trabalho só é possível com muito temor,
seriedade e reverência. Não tem nenhuma correlação com
mercantilização "evangélica" que é puramente humanista, que
enfatiza a vontade humana como absoluta e coloca o ser humano
dentro da visão protagórica de que "O homem é a medida de to­
das as coisas", quando a Bíblia diz o contrário (SI 14.1).
O marketing para a Escola Dominical insurge-se como um
"carrinho de mão" a ser utilizado pelos diversos construtores
mencionados por Paulo, em 1 Coríntios 3.10: "Segundo a graça
de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o funda­
mento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre
ele" (grifo do autor).
Respeitando o Fundamento que é o Senhor Jesus Cristo, o obrei­
ro da Escola Dominical pode utilizar o marketing para a Escola
Dominical como um meio, mas jamais como um fim, isto é, não
deve viver para o marketing, pois a Escola Dominical existe por
causa dos alunos não o contrário. Assim a equipe não existe para
fazer marketing, mas para atender as necessidades dos alunos usan­
do o marketing unido à Escola Dominical para atingir esse fim.
Assim como a ferramenta sem o material é inútil, o marketing
para a Escola Dominical sem a mensagem cristocêntrica é inócuo.
De maneira alguma se deve arranhar a ortodoxia imutável da
doutrina das Sagradas Escrituras, a fim de adequá-la a quaisquer
conceitos metodológicos, a máxima de Paulo a Timóteo está mais
atual do que nunca: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; per­
severa nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti
mesmo como aos que te ouvem" (1 Tm 4.16). E bom destacar essa
questão do "cuidado" com a doutrina (no original "ensino"). Essa
advertência não se refere unicamente ao aspecto da preocupação
de Paulo com a deturpação da doutrina pelo gnosticismo, mas tam­
bém significa que o jovem pastor Timóteo deveria atentar para o
aspecto de tomá-la conhecida e pública, pois agindo assim ele sal­
varia a sua vida e a das pessoas que o ouvia.

1E2
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escala □om inical

É segundo essa visão b íb lica que se desenvolverá a


metodologia apresentada em todo o método do Marketing para a
Escola Dominical.

O Alvo do M arketing para a Escola D om inical

Desde a queda do homem no Éden (Gn 3), quando o pecado


original foi inserido no seio da humanidade, a vontade soberana
do Senhor é satisfazer a necessidade de salvação (Mt 18.11-14).
Para isso o Senhor Deus preparou um plano o qual atingiu o
seu clímax com a morte de seu Filho Jesus no calvário (Jo 3.16).
A solução para o maior problema da humanidade está á dis­
posição, depende apenas de nós. De nós? Sim, de nós!
O Senhor incumbiu toda a Igreja em Mateus 28.19,20 e Mar­
cos 16.15,16, portanto somos responsáveis pela execução dessa
tarefa, ou seja, pela missão da Grande Comissão instituída por
Ele a qual é anunciar o evangelho (1 Pe 2.9,10), e fazer discípulos.
Observe que primeiramente é necessário que "façamos discípu­
los", ou seja, devemos atraí-los: "Portanto, vão e façam discípulos de
todas as nações" (Mt 28.19a). Na seqüência devemos conquistá-los:
" batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo", (Mt
28.19b). Por último, o processo mais complexo e longo que é mantê-
los: "ensinando-os a obedecer a tudo que eu lhes ordenei" (Mt 28.20a).
Discípulo no original significa; aluno ou seguidor; partidário de de­
terminado mestre ou escola de pensamento. O que é a Escola Dom i­
nical senão uma "escola de pensamento"? E o mais importante, uma
escola onde o aluno tem o seu pensamento renovado para saber a
vontade de Deus (Rm 12.2), e conseqüentemente receber d'Ele todas
as bênçãos que lhe pedirmos: "Esta é a confiança que temos ao nos
aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a
vontade de Deus, ele nos ouvirá" (1 Jo 5.14), leia ainda João 15.7.
Os clientes potenciais são aqueles que além de permanentes,
ainda conquistam outros através de seu comentário acerca do
produto, e isso podemos extrair até mesmo da Bíblia.
Para uma pequena demonstração, veja a analogia da Palavra
(Salvação), como um produto e nós, como clientes que avidamente

153
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

necessitamos dEle: "Ó vós todos os que tendes dinheiro, vinde,


comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço,
vinho e leite" (Is 55.1; grifos do autor).
Pelo texto verifica-se um clássico exemplo de propaganda
(vinde, comprai) onde é oferecido "promocionalmente" (sem dinhei­
ro, sem preço) três tipos de "produtos": água, leite e vinho; para sa­
tisfazer três necessidades primárias: sede, fome e felicidade.
Em outro texto o apóstolo Pedro desafia os "clientes" à que
continuem "comprando" o "produto", e faz um acréscimo que os
responsabilizam como clientes potenciais: "desejai afetuosamente,
como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado,
para que, por ele, vades crescendo, se é que já provaste que o Se­
nhor é benigno" (1 Pe 2.2,3; grifos meus).
Nessa passagem a fidelidade e o amor que o "cliente" deve
ter (desejai afetuosamente) são enfatizados, sendo até mesmo lem­
brado o seu tempo de infância espiritual (como meninos), quando
a sua necessidade pelo "produto" (leite racional) era maior, e seu
paladar tão refinado que não aceitava a imitação dos "concorren­
tes" (não falsificado). O apóstolo prossegue mostrando os benefí­
cios do produto, que vai além de "matar a fome" (vades crescen­
do), e ainda desafia a sensibilidade dos sentidos do cliente (se é
que já provastes) e os condiciona como "não clientes", se acaso não
conhecem a qualificação do "Produtor" (que o Senhor é benigno).
Ainda observemos a colocação do escritor aos Hebreus, acerca
dos que, pelo tempo, ainda são "compradores" descompromissados,
quando deveriam ser "clientes" em potencial:
"Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais
de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimen­
tos das Palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de
leite e não de sólido mantimento" (Hb 5.12; grifos meus).
Para ser um "cliente" potencial (mestres), é preciso ter afinidade
com a "empresa" e com o "produto", caso contrário jamais obterá as
regalias de um "cliente" potencial, mas será sempre visto como um
freguês infiel (tais), necessitado do "produto" em seu estágio inicial
(leite), quando na verdade poderia estar muito mais satisfeito des­
frutando do mesmo, com aproveitamento total (sólido mantimento).

154
A Filosofia do M a rk e tin g pa ra a Escola Dom inical

Poderia ainda citar vários outros exemplos, mas estes são


suficientes para lhe conscientizar de que você é um "vendedor"
e deve conquistar "clientes".
É aqui que entra a subdivisão do alvo do marketing para a
Escola Dominical, de geral para específico, a qual é:
• Atrair e conquistar alunos para a Escola Dominical;
• Mantê-los na instituição.
No alvo geral, que é atrair e conquistar alunos, encontra-se
os dois grupos: não-evangélicos e evangélicos. Dessa forma, a
Escola Dominical cumpre cabalmente as duas maiores deman­
das da Grande Comissão, as quais são, evangelizar e ensinar (Mt
28.19,20 e Mc 16.15,16).
No alvo específico, temos ainda os dois grupos, havendo,
porém, predominância do segundo. Essa dupla função do pri­
meiro alvo: "fazer" alunos (atraí-los), e "batizá-los" (conquistá-
los), será bem mais fácil do que a terceira e última função: "ensiná-
los" (mantê-los).

A "C oncorrência" e o M arketing para a Escola D om inical

Por vivermos em um país onde o misticismo e o esoterismo


são "mercadorias baratas", não poucas denominações exploram
pessoas supersticiosas, cobrando-lhes vultuosas somas pelos seus
"serviços e produtos".
Querendo ou não, havemos de concordar, que isso está acon­
tecendo à população por falta de opção e conhecimento.
Vemos atualmente denominações e mais denominações, que
descompromissadas com o Reino de Deus, vivem com seus
aleijões doutrinários a anunciar uma pseudoprosperidade, con­
fissão p ositiva, "nova u n çã o ", G12 etc. E pior, se dizem
pentecostais, quando na verdade são uma grande imitação que
confunde emocionalismo e barulho com avivamento e poder.
O movimento pentecostal no Brasil teve início em 1911 atra­
vés dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg (fun­
dadores das ADs), isso não quer dizer que determinada igreja
seja detentora do poder pentecostal.

155
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

A única coisa necessária de se entender, é que em uma época de


pluralismo religioso, como essa em que vivemos, oportunistas desco­
briram no meio evangélico um grande mercado alternativo, e sob o
manto de pentecostais, estão explorando a boa fé das pessoas com
seus ritos sensacionalistas, que nada tem que ver com o derramamen­
to do Espírito descrito em Atos 2.1-13.
Infelizmente, essas denominações possuem um "cristianis­
m o" esotérico e um "evangelho" sem sacrifício. Não estão preo­
cupadas com a salvação das pessoas, pois só querem o seu di­
nheiro, seus pastores foram anunciados pela Palavra (Jr 10.21;
22.22; 23.1-4; Ez 34.1-31). Das ovelhas, esses pastores só querem
"a gordura, a lã e a carne" (Ez 34.3), a principal preocupação são
seu próprio bem estar (Ez 34.2).
O apóstolo Pedro menciona-os em sua segunda epístola, no capí­
tulo 2.2,3: "E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será
blasfemado o caminho da verdade; e, por avareza, farão de vós negó­
cio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será
tardia a sentença, e sua perdição não dormita".
Na versão Almeida Revista e Atualizada, a palavra negócio nes­
se versículo, é traduzida por comércio. E não é isso que está acon­
tecendo? (Mq 3.11)
E preciso que a igreja urgentemente retome a vanguarda,
priorizando o ensino e mostrando seu poder conservador de sal
e a sua luz adquirido no Calvário e preservado nesses mais de
2000 anos de História (Mt 5.13-16).
E tempo de vigilância, o Mestre mesmo disse: "Quem não é
comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha"
(Mt 12.30), e o apóstolo João ratifica: "Saíram de nós, mas não eram
de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isso é para
que se manifestasse que não são todos de nós" (1 Jo 2.19).
A Palavra é clara em sua posição, esses são os concorrentes
do Reino de Deus, são os "inimigos que semeiam joio no meio do
trigo" (Mt 13.25).
Necessário se faz, que através do marketing para a Escola
Dominical seja identificado os concorrentes da obra do Senhor e
demonstrado ao mundo o contraste quanto à integridade, serie­

15E
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

dade e compromisso desse educandário com o bem estar espiri­


tual, moral e social da sociedade.
Isso fazia a igreja do primeiro século, e é isso que a igreja do
século XXI deve rapidamente voltar a fazer, ou seja, "anunciar e
ensinar publicamente, de cidade em cidade, sem visar lucro monetá­
rio" (At 20.20,23, 33; Mt 10.7,8).
Paulo já prevenia os efésios de que surgiriam os "concorren­
tes", denominado por ele de "lobos cruéis, que não perdoarão o
rebanho", mas que atrairiam a muitos para obterem lucro fácil
(At 20.29,30).
Se por um lado isso é ruim, por outro é necessário (Mt 18.7),
pois o concorrente oferece às pessoas a possibilidade de verem
(se nós anunciarmos), a verdadeira vantagem dos originais (1 Co
11.19; 2 Co 11.3,4; G11.6-9).
Ainda que um produto similar ou falsificado, queira, jamais
poderá superar a eficácia do original.
"Vendamos" pois o "leite racional" (sem emocionalismo), e
acabemos com as obras infrutuosas do falsificado (1 Pe 2.2,3).
Para se ter uma idéia de como somos diferentes, observe o
que disse Antonio Miguel Kater Filho, marketeiro de instituições
católicas em uma entrevista à revista Veja:
Há alguns anos passei por uma grave crise financeira. Fui à missa
da Santíssim a Trindade num domingo. O padre explicou o am or do
pai pelo filho, do filho pelo pai. Tudo de um a m aneira teológica per­
feita. Falou quinze m inutos. Entendi tudo. Mas não tocou m eu cora­
ção. Saí da celebração com os m esm os conflitos. Na volta para casa,
parei em um superm ercado vizinho a um a igreja evangélica. Um
pastor pregava lá dentro. D izia com toda força: "M eu filho, Deus
ama você. Se você soubesse como D eus te am a..." A quelas palavras,
ditas com tanta em oção, me com overam . M eu coração foi tocado
im ediatam ente. Tive vontade de correr para dentro daquela igreja
porque queria ouvir de alguém que Deus me amava porque eu não
estava me amando. O pastor evangélico tinha o remédio para o meu
mal. O padre tinha apenas palavras vazias. O curioso é que eu não
m e movi. Naquele m om ento poderia ter m e tornado um evangéli­
co. N ão abandonei o catolicism o, mas todos os dias m ilhares de pes­
soas em todo o inundo deixam a igreja católica com o quem troca de
sabão em p ó no superm ercado. U m a pesquisa realizada pela Confe-

157
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

rência N acional dos Bispos do Brasil, a CNBB, m ostrou que grande


parte dos evangélicos é de ex-católicos.60

Gostaram da novidade de que "grande parte dos evangéli­


cos é de ex-católicos"?
E exatamente essa conclusão que tem levado o catolicismo
romano a mudar os canais difusores da sua ideologia investindo
pesado na mídia. Conjetura-se nas pretensões do movimento uti­
lizar um de seus ícones no Brasil, Pe. Marcelo Rossi, em filmes
onde contracenará com artistas "globais" famosos afim de "con­
quistar novamente o público".
E nós, o que estamos fazendo?

A excelência e a suficiência do "p ro d u to" e do "serv iço "


representado através do m arketing
para a Escola D om inical

Vivemos na era da economia cerebral e da qualidade de vida,


as palavras de ordem, na dita Sociedade do Conhecimento são: co­
nhecimento e usufruto total.
E claro que esse prisma é visto pelo mundo somente com
base em coisas materiais, sendo o mercado saturado de instru­
mentos que visam suprir a essas necessidades tão gritantes no
presente século.
Mas como já vimos anteriormente (parte um), essas necessi­
dades são mais psicológicas, que materiais, ou seja, vão mais além
do que simples aquisições materiais. São estados de espírito.
Daí porque existe uma cachoeira de denominações, cada uma
com uma "oferta promissora" diferente.
Mas sempre acreditei, em novas perspectivas para o merca­
do de idéias e, como em qualquer outro mercado, sobrevivem
aquelas que possuem valor de utilização, como no caso do estudo
ministrado na Escola Dominical.
E aqui está a tênue e limítrofe linha, que diferencia os nos­
sos "serviços" prestados pela Escola Dominical, dos ofereci­
dos pelas ilusórias denominações exploradoras. O diferencial

15B
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

de expor a Palavra como ela é, da mensagem distorcida, parci­


al e tendenciosa apregoada pelos marketeiros sensacionalis­
tas, que oferecem um "evangelho" a moda Alice no país das
maravilhas, e que no final só serve para escandalizar os cris­
tãos, pois, quando surge algum escândalo propiciado por essa
gente, acabamos sofrendo desgaste de imagem, com manche­
tes do tipo: "Evangélicos exploram pessoas com promessas de
prosperidades".
A verdadeira qualidade de vida total só pode ser adquirida
com quem a tem para oferecer, e isso Salomão já sabia ao escrever
em Provérbios, 19.23: "O temor do Senhor encaminha para a vida;
aquele que o tem ficará satisfeito, e não o visitará mal nenhum".
Mais tarde Jesus diria: "Eu vim para que tenham vida e a
tenham com abundância" (Jo 10.10).
Alguém pode dizer: "Bobagem, o que vale nessa vida é o
dinheiro e a saúde". Não discordo, pois precisamos de dinheiro
para nos manter e saúde física para viver, mas se a felicidade se
resumisse apenas nisso, o jovem rico (Mt 19.22), não teria procu­
rado Jesus para saber sobre a vida eterna (Mt 19.16), numa clara
demonstração de insatisfação. E essa não é uma peculiaridade
dos tempos antigos, pelo contrário é um dos grandes males da
sociedade pós-moderna.
Uma estimativa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), mos­
tra um aumento de 700% na publicação de obras do gênero da
auto-ajuda, de 400 000 exemplares publicados em 1994, para 4,3
milhões em 2000. Uma outra sondagem feita em 2001 pelo Re­
trato da Leitura no Brasil, demonstra o perfil de quem são os
leitores de obras do gênero da auto-ajuda (os dados são de lei­
tores brasileiros): "As mulheres consome mais obras de auto-
ajuda (55% mulheres, 45% homens); Quanto mais velha a pes­
soa, maior a preferência (40% mais de 40 anos; 27% de 30 a 39
anos; 19% de 20 a 29 anos; 14% de 14 a 19 anos); A cada dez
leitores, sete têm no mínimo ensino médio... (39% ensino mé­
dio; 30% formação superior; 25% 5a a 8a séries; 6% I a a 4a);... e
mais da metade deles pertence às classes B e C: (34% C; 34% B;
16% A; 16% D/E)".61

IBS
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Ainda acerca do perfil de quem lê os livros de auto-ajuda, é


bom frisar que a matéria mostrava a opinião de nada menos que
seis celebridades que assumem ser leitores de obras do gênero:
"A mesma pesquisa revela que o típico leitor do gênero cursou o
ensino médio ou faculdade (muitas vezes incompleta) e é quase
sempre um assalariado pertencente às classes B e C, com rendi­
mento familiar na faixa dos 500 a 3 000 reais. Ou seja: são pessoas
em busca de ascensão social".62 A finalidade é como diz o título e
o subtítulo da matéria: "O alto-astral da auto-ajuda"; "Milhões
de brasileiros recorrem aos livros do gênero em busca de apoio
espiritual e sucesso na profissão" (grifo meu).63 Para ficar mais
claro retirei alguns trechos do texto que pode deixar você mesmo
tirar suas conclusões sobre o assunto: "Tradicionalmente, a auto-
ajuda cumpre duas funções. Uma delas é a de ser 'alimento para
alma'. A outra é de ordem prática. As pessoas consomem esses
manuais por encontrar neles uma forma de se reciclar profissio­
nalmente e até suprir lacunas de formação. (...) Uma das razões
de ser da auto-ajuda é levantar o astral nos momentos difíceis."64
Se livros de auto-ajuda servem pelo menos como paliativo
para suprir as necessidades espirituais das pessoas, o que não
dizer de um livro que é a própria Palavra de Deus. Como o Mes­
tre disse ao Diabo: "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4.4). Em outra ocasião, após
um "duro" discurso Jesus indagou se os apóstolos queriam acom­
panhar a multidão que havia ido embora, pelo que o apóstolo
Pedro respondeu: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as pala­
vras de vida eterna" (Jo 6.68 - NVI).
Jefferson Magno Costa, escrevendo sobre a dedicação e li­
vros que o saudoso escritor Emílio Conde lia, disse:
A prend eu o inglês e o fran cês, sen d o-lhe assim fácil o acesso à
literatu ra desses id iom as, tão rico s em livros de in sp iração evan ­
gélica. Leu boas obras ain d a não tradu zid as para o português.
F oi um perfeito au tod id ata. Sua cu riosid ad e abrangia vários ra­
m os da cu ltura hum ana. C abe porém salien tar daqui que estas
leitu ras n ão o d esviaram da B íblia, p o is era do seu conhecim ento
que "p o r abu ndantes qu e fossem os regatos, m ais agrad ável é
b eb er na f o n t e " .65

17D
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

As mensagens dos "pregadores" da prosperidade são de pro­


messas terrenas, mas a nossa mensagem deve ser bíblica, ou seja,
o "cliente" só obterá a salvação em Jesus Cristo como resultado
final de seu esforço em permanecer firme até o fim, isto é, se for
um cliente potencial permanente, sendo que o preço para obtê-la
é a renúncia do eu: "E Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós
tudo deixamos e te seguimos. E Jesus, respondendo disse: Em
verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou
irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou cam­
pos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes
tanto, já nesse tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos,
e campos com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna" (Mc
10.28-30; grifos do autor).
Esse texto é como bálsamo na vida de todos que se dedicam
a trabalhar na obra do Senhor, mas de modo algum promete vida
tranqüila (sem perseguições).
O oferecimento de uma vida sem problemas é propaganda
enganosa, pois o Senhor Jesus Cristo disse: "Tenho vos dito isso,
para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende
bom ânimo; eu venci o mundo" (Jo 16.33). Os que propagam men­
tiras em nome do Senhor terão a mesma sorte dos profetas de
Ezequiel 22.28.
Talvez agora você esteja querendo me perguntar: "Muito bem
César, depois de ler esses textos o que eu tenho para oferecer?
Como fazer marketing?"
Em primeiro lugar deve-se entender que independente de ser
ou não cristão, as pessoas têm problemas, e que, não é sendo ou
deixando de ser, que ficarão imune às intempéries da vida, contudo,
o versículo supracitado, esclarece que no mundo têm-se aflições, mas
quem serve a Cristo deve ter bom ânimo, porque o Salvador oferece
paz (2 Co 4.6-10), e além do mais a Palavra de Deus nos assegura que
devemos dar graças a Deus pois "nos dá a vitória por intermédio de
Cristo Jesus" (1 Co 15.57). Não somos deterministas nem pessimis­
tas, mas simplesmente realistas e crentes em Jesus.
A excelência do "produto" representado através do marketing
para a Escola Dominical é de autenticidade e valor inestimável, é

171
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

a Palavra de Deus, que sem concorrência alguma, triunfa através


dos séculos.
Existe no mercado produtos que não possibilitam muitas al­
ternativas de escolhas, ou seja, a pessoa é obrigada a possuí-los
se quiser viver melhor.
Esse princípio vale para a suficiência da Palavra de Deus, a
livre escolha do "cliente" (livre-arbítrio) continua, pois foi dada
por Deus, mas para salvar-se, o caminho e a porta ainda são os
mesmos (Mt 7.13,14; Jo 14.6).
Para ter conhecimento e vida abundante é preciso temer a Deus
(Pv 1.7), se quiser ser salvo, deve permanecer neste propósito.
O conhecimento da Bíblia é requisito indispensável para a
salvação. Observe as palavras do apóstolo Paulo dirigida a Ti­
móteo: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que fosse
inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. E que, desde a tua
meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer te sábio para a
salvação, pela f é que há em Cristo Jesus" (2 Tm 3.14,15; grifos do
autor).
Nesse texto vemos que Timóteo deveria ser um "cliente" fiel
(permanece) preservando o que ele conhecia desde muito tempo
(tua meninice). O apóstolo mostra a excelência do "produto" (as
"Sagradas" letras), ressalta a grande vantagem que nele há (fazer-
te sábio) e o eterno benefício em obtê-lo (salvação), tendo confian­
ça no "Produtor" (pela f é que há em Cristo fesus). Necessário se faz
ressaltar mais uma vez a questão da credibilidade da instituição
bem como de seus diretores e ensinadores, pois Paulo disse que
ele deveria saber de quem havia aprendido as Sagradas Letras.
Isto quer dizer que mesmo que as Letras sejam Sagradas (Bíblia),
devemos saber de quem estamos aprendendo.
A humanidade só encontrará plena satisfação servindo a
Deus, pois quando o Senhor nos criou foi para que glorificásse­
mos o seu Nome (1 Co 10.31; 11.7; Ef 3.20,21; Ap 4.11; 14.7; 19.7;
21.24).
A "glória" do mundo é efêmera e passageira (1 Pe 1.24), pes­
soas prepotentes que no passado não quiseram aceitar a sobera­
nia de Deus e a Ele não renderam glória, foram terrivelmente

172
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

dizimadas (At 12.21-23; Dn 5.1-31), mostrando uma vez mais que


a Palavra de Deus é que prevalece (leia At 12.24).
Se riqueza, fama e glória fossem elementos que possibilitas­
sem qualidade de vida, Salomão não teria escrito o capítulo pri­
meiro de Eclesiastes. E nem ainda concluído: "De tudo o que se
tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamen­
tos; porque este é o dever de todo homem" (Ec 12.13). Esses ele­
mentos são muito bons quando já se possui felicidade, pois ser­
vem como complemento, mas nunca como fonte.
A imutabilidade do "produto" oferecido pelo marketing para
a Escola Dominical é a prova da suficiência que podemos desfru­
tar se formos seus alunos ou "clientes", pois nela é ministrada a
Palavra da vida (Jo 1.1-14; 6.68; 1 Jo 1.1-3).
A excelência e a suficiência da Palavra de Deus como fontes
abundantes de vida e conhecimento é insubstituível. "A palavra
suficiente pode ser definida como capaz, apta, hábil, especial­
mente em quantidade ou número para responder à necessidade
bastante."66
E como compreensão de que o cliente deve submeter-se a
adquirir o "produto" da Escola Dominical, analise Gálatas 1.10-
12, à igreja da atualidade compete a obrigação de divulgá-lo.
E para prova última, de que, o "produto e o serviço", representa­
dos pelo marketing para a Escola Dominical, são excelentes e sufici­
entes, deixo as palavras do apóstolo Paulo aos colossenses: "por cau­
sa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já, antes,
ouvistes pela palavra da verdade do evangelho..." Por esta razão, nós tam­
bém, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e
de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e inteligência espiritual; para que possais andar dignamente dian­
te do Senhor, agradando-lhe em tudo, Frutificando em toda boa obra e
crescendo no conhecimento de Deus; corroborados em toda a fortaleza,
segundo a força de sua glória, em toda a paciência e longanimidade,
com gozo dando graças ao pai, que nos fez idôneos para participar da
herança dos santos na luz (Cl 1.5,9-12; grifos meus).
A esperança do cristão, que, por conseguinte é sua satisfa­
ção, está em obter fé na verdade existente na Palavra (Rm 10.17).

173
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

É em contato com Ela que podemos ser cheios do conhecimento


da vontade de Deus (2 Pe 3.18; Rm 12.2), de sabedoria e inteli­
gência espiritual que possibilita vivermos como dignos servos
do Senhor (Ef 4.12-16), só assim é que poderemos produzir
(Jo 15.1-8) e crescer no conhecimento do Senhor (Os 6.3) e sermos
idôneos, ou seja, convenientes, aptos, competentes e corretos, para
uma vida que durará toda a eternidade (2 Tm 3.15; Mt 19.21; Hb
11.24,25). Na luta cotidiana dos cidadãos do mundo atual, o que
nos diferencia é a serviciência a Deus, tendo o Senhor como nos­
so protetor e segurança (Mt 4.1-10).

Os Recursos H um anos
e o M arketing para a Escola D om inical

Talvez o melhor texto para embasar este último tópico, seja


IC oríntios 3.6: "Eu plantei, Apoio regou; mas Deus deu o
crescim ento".
Quando o apóstolo Paulo escreveu essa epístola, as dissen-
sões eram de tamanhos, graus e intensidades cada vez maiores
na Igreja em Corinto (1 Co 1.10).
Uma delas, era a respeito de facções grupais, onde cada clas­
se defendia o seu "ídolo" (1 Co 1.12).
Olhando para o versículo, vemos que existia quatro grupos:
o de Paulo, de Apoio, de Cefas e o de Cristo.
Mas espere, como assim quatro grupos? Este último, o de
Cristo, não está certo?
A resposta está no versículo subseqüente, quando Paulo es­
creve: "Está Cristo dividido?" (1 Co 1.13)
Obviamente que não. Pois na mesma epístola, o apóstolo
complementa: "Porque, assim como o corpo é um e tem muitos mem­
bros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é
Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, for­
mando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres,
e todos temos bebidos de um Espírito" (1 Co 12.12,13).
Se todos os líderes citados faziam parte do corpo de Cristo
(1 Co 3.5), evidentemente que não poderia existir um grupo ex­

174
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

clusivo do corpo dissociado deste (1 Co 12.27), mesmo porque a


postura assumida pelas classes foi antibíblica (1 Co 3.1-4).
Aqui está uma eterna confusão cometida por pregadores que
dizem: "Deus não precisa do homem". Será?!
Creio ser preciso reconceituar esse aspecto. Pois até onde se
pode ver, a Bíblia valoriza os recursos humanos (Gn 2.15; Êx 31.1-
11; 35.30-35; 36.1-5; 39.33,42,43; 2 Cr 2.7,13; 15.7; Ne 3.1-32; 13.11-
14,30,31; SI 126.5,6; Mt 9.37,38; Jo 4.35-38, etc).
Existem atualmente, muitas Escolas Dominicais com estru­
turas anacrônicas, improdutivas e parasitárias pelo fato de seus
líderes quererem fazer de Deus, Jesus e o Espírito Santo, seus
empregados. Querem que Deus faça aquilo que compete aos ho­
mens fazer, e é claro que Ele não irá fazer (Pv 21.31).
Quando me deparei com o problema da falta de espaço para
a Escola Dominical, solicitei ao Núcleo Regional de Educação em
minha cidade, que se possível, me fornecesse um colégio para
realizar as aulas em suas instalações.
Imagine que houve pessoas (cristãos) que diziam: "Se for de
Deus, vai prosperar".
Muitos dizem isso, tentando parafrasear Gamaliel (At 5.34-
39), mas se esquecem do conselho do fariseu que foi: "m as, se
é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça
serdes também achados combatendo contra D eus" (v.39), e
então começam a murmurar, perseguir e até "orar" para que
não dê certo e sua previsão anticrescimento do Reino de Deus
se cumpra.
Usando as palavras do pastor Antonio Gilberto, disse à equi­
pe da Escola Dominical: "Os alunos da Escola Dominical são o
povo do Senhor, aprendendo no domingo que é o dia do Senhor,
estudando a Bíblia que é a Palavra do Senhor, devidamente aco­
modados em um lugar que agora aos domingos está consagrado
ao Senhor, e porque não vai dar certo?"
Atualmente corremos um perigo muito grande de sofrermos
da Síndrome do Éden. Veja o que aconteceu aos nossos progenitores:
Um exem plo esclarecedor desta infração (não assum irm os as n o s­
sas culpas) à sensibilidade esp iritu al é o caso de Adão, que após

175
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

com er do fruto da árvore p roibid a, tentou rejeitar a correção do


Senhor. Q uando ele foi interrogad o p or D eus, tratou logo de trans­
ferir a culpa para a m ulher e aind a fez questão de enfatizar: "a
m ulher que m e deste por com p anheira, ela m e deu da árvore, e
co m i" (Gn 3.12). A dão só faltou d izer que a culpa era do próprio
D eus que havia criado a mulher. A m ulher, por sua vez, disse ao
Senhor que a serpente havia lhe enganado (Gn 3.13). Em síntese, a
criatura estava querendo redundar a sua culpa sobre o próprio C ri­
ador.67

Será convincente o velho consolo e milenar argumento: "É,


não deu certo porque não era da vontade de Deus". Ou será
que está havendo negligência da parte humana dentro dos pro­
pósitos de Deus, e pensando em se safar, valem-se de afirma­
ções lugares comuns, ou chavões autopiedosos para abrandar o
fracasso.
Não há como fugir, o versículo que abre o tópico presente
mostra início, progressividade e complementação da obra reali­
zada em parceria do humano com o divino.
A Bíblia diz que os anjos são seres superiores aos homens
(Hb 2.7), e que desejaram fazer a obra que o Senhor designou aos
homens (1 Pe 1.12) à qual é conquistar pessoas para o Reino de
Deus (Mt 28.19,20 e Mc 16.15,16).
Chega de adiamento, é hora de assumir o lugar no Reino de
Deus, reconhecendo as falibilidades inerentes ao ser humano, mas
avançando dia após dia na conquista que foi ordenada por Jesus
Cristo quando instituiu a Grande Comissão.
Para o entendimento claro do valor que tem os recursos hu­
manos, analise o episódio descrito pelo Senhor Jesus em Lucas
16.27-31:
E disse ele: R ogo-te, pois, ó p ai, que o m andes à casa de m eu pai,
p ois tenho cinco irm ãos, p ara que lhes dê testem unho, a fim de
que não venham tam bém para este lugar de torm ento. D isse-lhe
A braão: Eles têm M oisés e os Profetas; ouçam -nos. E disse ele: Não,
A braão, m eu pai; m as, se algum dos m ortos fosse ter com eles,
arrepender-se-iam . Porém A braão lhe disse: Se não ouvem a M oisés
e aos Profetas, tam pouco acreditarão, ainda que algum dos m ortos
ressuscite.

17B
A Filosofia d o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Se Deus não valorizasse o ser humano como muitos prega­


dores sensacionalistas gostam de afirmar, jamais teria delegado a
este a importante missão de fazer a sua obra. Por isso quando o
homem rico disse que tinha cinco irmãos e que queria testemu­
nhar a eles, foi incisivamente impedido com a resposta: "Eles tem
Moisés e os Profetas; ouçam-nos".
Ora se até Abraão, amigo de Deus, respeitou, qual é a impor­
tância especial que a geração atual possui para não respeitar e
valorizar a liderança da obra do Senhor na terra?
Por essas passagens pode-se ver que a Palavra do Senhor é
clara: "Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependi­
mento" (Rm 11.29). O esforço humano é acompanhado, não subs­
tituído, pela obra divina, é uma parceria do humano em adição
ao divino, conforme vemos categoricamente em Efésios 4.11-16.
E como evidência última, observe o versículo 20 de Marcos
16: "E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes cooperan­
do com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que
se seguiram. Amém!" (grifo meu)
O trabalho humano dentro da obra de Deus precede os si­
nais. O que aprendemos do versículo supra é que, quando a nos­
sa parte é feita Deus coopera conosco. Já imaginou isso? Deus é
nosso cooperador quando assumimos nosso lugar em sua obra!
Agora que já é reconhecível o valor que tem os recursos huma­
nos na obra do Senhor, é preciso fazer convergir, até o ponto de
congruência o trabalho em equipe com a ação divina.
E, diga-se de passagem, que o conceito que se tem de equipe
atualmente, está bem longe de ser o correto.
Geralmente "amontoam-se" pessoas, sem mostrá-las um pla­
no de ação, onde cada uma desempenha o seu papel, tendo, po­
rém, o princípio de que todas estão trabalhando por um bem co­
mum e objetivo único.
Não é raro, vermos fragmentações departamentais digladiando-
se dentro das igrejas. A impressão que se têm, é que cada um quer
puxar brasa para sua sardinha, como se fossem rivais ou concorrentes,
quando na verdade, as senhoras, os irmãos, a mocidade, as crian­
ças, os adolescentes, os músicos, os obreiros e todas as pessoas que

177
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

compõem uma comunidade evangélica trabalham, ou pelo menos


deveriam trabalhar, para o mesmo fim.
Claro que pode existir diversidade na unidade, mas tem que
ser semelhante ao corpo que mesmo tendo muitos membros, cada
um desempenha sua parte para o bom funcionamento de todo
este (Rm 12.4, 5; 1 Co 12.12-27), e se por acaso algum membro
padecer enfermo ou atrofiado, todo o corpo (em função da natu­
reza), padecerá junto, pois todos trabalham para um único obje­
tivo: a sua saúde (1 Co 12.26).
E não seria demais frisar, que uma célula danificada, pode
levar à morte todo o corpo, como por exemplo, o câncer.
Atualmente não poucas Escolas Dominicais definham. E isso
ocorre principalmente por causa da falta de cooperatividade entre
os seus vários departamentos, que desconhecem o princípio da
Palavra, também não estou dizendo que esse desconhecimento seja
novidade (Is 5.13; Os 4.6), mas uma das causas do não entendi­
mento da valorização do trabalho em equipe é a falta de conheci­
mento bíblico. Paulo só teve o que plantar, porque alguém lhe deu
a semente, Apoio só teve o que regar, porque Paulo plantou, e Deus
só deu crescimento porque os dois plantaram (1 Co 3.6).
A unidade entre Paulo e Apoio é tão grande, que no versículo
oito, o apóstolo dos gentios acrescenta: "Ora, o que planta e o
que rega são um".
Em sinais diagramáticos, esse processo pode ser mais bem
entendido da seguinte maneira:

17B
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

F g .8
VERTICAL
FEEDBACK

179
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

O benefício é geral quando o alvo é o crescimento, e a consolida­


ção da congruência multidepartamentária em busca do objetivo final.
Abordei esse conceito sobre equipe em um artigo para a re­
vista Ensinador Cristão, (CPAD), no primeiro trimestre de 2002.
Tomando como base o texto de 2 Crônicas 34.15, onde discorri
sobre o importante assunto Conhecimento precede avivamento, e
exemplifiquei que uma das condições que propiciou o avivamento
desfrutado no reinado de Josias, foi o indispensável apoio de uma
equipe devidamente aparelhada.
É claro que para essa equipe funcionar simetricamente, entre
seus membros havia um bom relacionamento interpessoal. É so­
mente não havendo: facções, ciúmes, invejas, nem busca de benefí­
cio próprio ou autopromoção, que se consegue fazer um bom tra­
balho de marketing para a Escola Dominical. Devido á importân­
cia que tem a equipe e a dependência que o sistema do Marketing
para a Escola Dominical têm dessa, destinei o próximo capítulo
para tratar exclusivamente de assuntos relacionados ao trabalho
grupai. Entretanto, recomendo a você, antes de qualquer coisa, o
procedimento abaixo afim de assim poder obter uma idéia da pre­
cisão de realizar um trabalho diferente com sua equipe:

1BD
A Filosofia do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

AVALIE SU A EQ UIPE
Você pode incluir nesta avaliação, o ministério da igreja local,
um departamento, uma comissão e outros setores da igreja

Os membros da nossa equipe SEMPRE ÀS VEZES RARAMENTE NUNCA

Trabalham em harmonia
Têm unidade de propósitos
Respeitam-se mutuamente
São capazes de trabalhar
juntos durante horas
Mostram amadurecimento contínuo
no relacionamento
Complementam-se uns aos outros
Valorizam e desejam a diversidade
Esforçam-se por harmonizar
os dons e capacidades
Têm um compromisso sério
com a Igreja de Cristo

181
C a p ítu la 3

Estruturando a Equipe
da Marketing para a
Escala Dominical

Antes de iniciar qualquer atividade do marketing


para a Escola Dominical, é preciso internalizar o con­
ceito de trabalho grupai que deve imperar no exercí­
cio de atração, conquista e manutenção do alunado
na Escola Dominical.
Para isso é necessária uma boa administração
com superintendência, isto é, que saiba trabalhar e
com a graça de Deus ampliar a maior agência de
educação cristã da igreja.
Pessoas que saibam executar o trabalho e que
tenham o coração disposto pelo Senhor a ensinar as
demais que compõem a equipe (Êx 35.34) e que se­
jam capacitadas para administrar o acúmulo de pro­
duto, matéria prima e recursos humanos de que dis­
põe a Escola Dominical (Êx 36.6,7; 2 Rs 22.7; 2 Cr
34.9-12), e que compreendam o que é delegar pode­
res (Êx 18.13-26).
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

U nidade É a Base da Equipe

Quando Jesus pediu em sua oração sacerdotal que os dis­


cípulos fossem um (Jo 17.11), quebrou um dos maiores dissi­
dente fomentador de disputa nas equipes, não fugindo a essa
regra os seus discípulos por quem Ele até orava nesse sentido
(Mt 20.24).
Não é de admirarmos que sua oração intercessória abran­
gesse todos os cristãos que surgissem dali para frente: "Eu não
rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua
palavra, hão de crer em mim; para que todos sejam um, como
tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um
em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-
lhes a glória que a mim me deste, para que seja um, como nós
somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos
em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a
mim e que tem amado a eles como me tens amado a mim"
(Jo 17.20-23).
Jesus que é presciente sabia da máxima que impera na socie­
dade atual: "Viver é fácil, difícil é conviver".
E agora pergunto: O corpo docente da sua Escola Dominical
é uma equipe?

Equipare as suas respostas com as definições abaixo:


Um grupo de funcionários que trabalha para atingir uma m eta es­
pecífica, interagindo para com partilhar inform ações sobre os m e­
lhores procedim entos ou práticas e tom ando decisões que estim u­
lem todos os seus m embros a utilizar plenam ente o seu potencial.68
Um a equipe é um grupo relativam ente pequeno de pessoas, form a­
do em torno de interesses, valores e história com uns, e reunido para
atingir um conjunto específico de m etas ou objetivos de prazo rela­
tivam ente curto.69

Agem os professores e os demais componentes, de acordo


com a vontade do Senhor explicitada em sua oração?
São abnegados trabalhadores, que ajudam um ao outro, fa­
zendo com que a Escola Dominical a cada dia cresça?

1B4
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Têm eles o mesmo dinamismo de uma equipe empresarial


que despende todo o seu trabalho em prol do sucesso da empre­
sa através da produção e vendas?
Se a sua resposta for sim, então está fácil, é só reunir os mem­
bros da equipe e começar o planejamento do marketing para a
Escola Dominical.
Agora se a sua resposta é não, fique tranqüilo, pois esse capí­
tulo foi preparado especialmente para você, e para aqueles que
ainda não contam com um grupo de pessoas, ou seja, para quem
ainda irá formar uma equipe.

Transforme sua "E q u ip e" em um a Equipe

O que mais impede uma equipe de funcionar eficazmente e


com eficiência é o individualismo e partidarismo.
Quando disse no início desse capítulo, que li e revisei deze­
nas de livros e periódicos sobre assuntos pertinentes à atuação
humana em organizações, esqueci de mencionar que ainda não
encontrei um que supere a Bíblia nessas questões.
O que os homens transmite com dificuldade e tendo que reali­
zar verdadeiros malabarismos, para incorporar a idéia na mentali­
dade dos outros, a Bíblia o faz com poucas e simples palavras (1
Sm 15.22; Ef 6.5-9).
Aqui está o primeiro requisito para a liderança da Escola
Dominical se tornar uma equipe, isto é, submissão e auto-reco-
nhecimento posicionai.
Esses dois elementos são indispensáveis ao seu progresso. E
para que eles se propaguem é necessário que sejamos humildes:
"Nada façais por contenda ou por vanglória, cada considere os
outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).
Mesmo o que recebeu cinco talentos deve se portar do modo
como o versículo preceitua, da mesma maneira o que recebeu um
talento, não deve invejar os outros nem se depreciar por ter recebi­
do menos, pois como disse o Senhor: "... a cada um segundo a sua
capacidade" (Mt 25.15; grifo meu).
Imagine, como poderá a Escola Dominical crescer se os mem­

1B5
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

bros da equipe responsável por isso, vivem se "mordendo e de­


vorando uns aos outros" (G15.15).
As tribos de Israel eram em número de doze (Ap 21.12), mas
quando o alvo a atingir era o mesmo, não havia distinção étnica,
todos agiam da melhor maneira possível para alcançá-lo (1 Rs 8.44).
Quando o individualismo e o partidarismo imperam torna-
se impossível á consecução do trabalho a ser desenvolvido. Sen­
do assim, a Palavra do Senhor nos recomenda: "Não atente cada
um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para
o que é dos outros" (Fp 2.4).
Se a sala de um professor está repleta, e a do companheiro
v azia, há m otivo para am bos p reocupareni-se. Pois um
complementa o serviço do outro, a Escola Dominical é uma roda
viva, seu ciclo inicia-se com os alunos de dois anos de idade e vai
até o adulto mais encanecido.
Isso quer dizer que as crianças crescerão e mudarão de clas­
se, os velhos (pela lei da natureza) sucumbirão, e assim sucessi­
vamente. Por isso cada um deve trabalhar de forma que, a Escola
Dominical de hoje cresça para garantir a de amanhã.
Salomão legou-nos alguns conselhos sobre o trabalho con­
junto, e mostrou os benefícios proporcionados pelas atividades
em equipe: "Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor
paga do seu trabalho. Porque, se um cair, o outro levanta o seu
companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá
outro que o levante. Também se dois dormirem juntos, eles se
aquentarão; mas um só como aquentará? E, se alguém quiser pre­
valecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três do­
bras não se quebra tão depressa" (Ec 4.9-12).
O professor dos jovens, não deve se aborrecer por um casal
de alunos que contraem núpcias e transfere-se da sala, pois esse
é o ciclo vital da Escola Dominical. Amanhã os filhos desse casal
estarão sendo alunos do berçário, do Jardim da Infância e assim
por diante.
Agora uma coisa é certa, se o ensino agradar os pais, a ten­
dência é eles trazer os filhos. Se as crianças se sentirem bem, difi­
cilmente desistirão de continuar estudando. E dessa maneira que

1BE
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

um professor contribui com o outro, e ambos, se enquadram no


exercício do aperfeiçoamento dos santos, mencionado em Efésios
4.11-16.
Algumas vezes já escutei e li A lição dos gansos. O leitor com
certeza já teve a chance de ver, que certas aves quando voam o
fazem em forma de "V ". Cientistas analisaram o porque desse
fenômeno, e chegaram a algumas conclusões que foram usadas
como lições para as equipes:
I o Fato - À medida que cada ave bate as asas, ela cria um vácuo de
sustentação para a ave seguinte. Voando em formação V, o grupo inteiro
consegue voar pelo menos 71% a mais, do que cada ave voando sozinha.
Lição - Pessoas que compartilham uma direção comum, com
senso de equipe, atingem seus objetivos mais rápido e facilmen­
te, porque elas se apóiam uma nas outras.
2o Fato - Sempre que um ganso sai da formação, sente subitamen­
te a resistência do ar e a dificuldade de tentar voar sozinho, assim ele
rapidamente retorna à formação, aproveitando a absorção provocada no
ar, pela ave imediatamente à sua frente.
Lição - Se tivermos fidelidade como um ganso, permanece­
remos com aqueles que se dirigem para o objetivo, e ainda ire­
mos nos dispor a aceitarmos sua ajuda, assim como estamos aju­
dando nossos amigos que "voam " atrás.
3 o Fato - Quando o ganso líder se cansa, desocupa a dianteira e vai
para o último lugar de uma das extremidades do V, e outro ganso assu­
me a liderança.
Lição - E preciso haver um rodízio das tarefas complicadas,
pois "ninguém é de ferro". Além, do líder "tomar fôlego", treina
outros que darão continuidade no trabalho caso ele precise se
ausentar.
4 o Fato - Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a
manterem o ritmo e a velocidade.
Lição - Precisamos incentivar uns aos outros para que o
feedback seja multilateral e a equipe aumente o desempenho.
5o Fato - Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois
gansos saem da formação e o seguem para auxiliá-lo e protegê-lo. Eles o
acompanham até a solução do problema e então reiniciam a jornada só

187
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

os três, ou juntam-se a outra formação, até encontrarem o seu grupo


original.
Lição - Precisamos ser solidários e compartilháveis nas difi­
culdades alheias, doutra forma, estaremos sozinhos quando ne­
cessitarmos.
Se cada membro da equipe que trabalha na Escola Domini­
cal, desempenhar com excelência a sua tarefa, o grupo deixará
de ser um amontoado de indivíduos, para tornar-se uma equipe
que fala a mesma língua e veste a mesma camisa.
Todo o processo de marketing é projetado (ou pelo menos
deveria ser) de "fora para dentro" da organização. E com o
marketing para a Escola Dominical não pode ser de outra forma,
o grupo que compõem a diretoria da Escola Dominical jamais se
transformará em uma equipe, se não souber para que fim foi cha­
mado. O porque de estarem juntos é o cerne de todo o sucesso da
equipe.
O apóstolo Paulo ao escrever acerca dos dons deixa claro a
função de cada um e a melhor maneira de ser utilizado (Rm 12.6-
8). Ora se Deus orienta os homens o modo correto com que cada
um deve lidar com o dom recebido; porque fazer "vista grossa",
e deixar a equipe da Escola Dominical por conta, pressupondo
que o grupo é uma equipe?
Urge que lhes seja esclarecido, os interesses da Escola Domi­
nical, e que eles abracem essa causa, pois não estão fazendo a
nós, mas ao Senhor.
Quando o rei Josias assumiu o reinado de Israel, tomou a
decisão de erradicar a idolatria e restaurar a Casa do Senhor, tan­
to no aspecto de benfeitorias no prédio como no restabelecimento
do culto religioso. A passagem encontra-se em 2 Reis 22—23.30 e
2 Crônicas 34—35.27.
Se lermos esses textos com cuidado, constataremos que o rei
Josias planejava e sua equipe fiel e eficiente executava.
Creio que não existia naquela época o cargo de quebrador de
ídolos, imagens ou ícones (chamado de iconoclasta), mas se o obje­
tivo era erradicar a idolatria, então alguém teria que fazê-lo
(2 Cr 34.4-7).

IBS
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Logo após, foi preciso cuidar da reforma predial que o tem­


plo necessitava. A Bíblia diz que nesse empreendimento foi utili­
zado: o escrivão Safã, o governador de Jerusalém Maaséias, o re­
gistrador Joá e o sumo sacerdote Hilquias (2 Cr 34.8,9).
Esses quatro homens de cargos distintos, não eram constru­
tores, mas trataram de providenciar uma equipe que executasse
o trabalho, e é importante ressaltar que não foram quaisquer pes­
soas os escolhidos, mas homens de confiança e que não desper­
diçariam o dinheiro (2 Rs 22.7; 2 Cr 34.10-14).
Outro fato que chama à atenção, é que, para "adiantarem a
obra", diversas pessoas de cargos diversos, tais como: Levitas
(homens peritos em música), escrivãos, oficiais e porteiros (2 Cr
34.12,13), trabalharam, o que em linguagem corrente, é caracteri­
zado pelo adágio: Colocaram a mão na massa.
Se a finalidade era restaurar o templo, então não havia o por­
que de questionarem o fato de não serem construtores, mas tra­
balhar para que a reforma fosse uma realidade, essa era a meta
geral.
Na inspeção do templo, Hilquias, sumo sacerdote, encontrou
o Livro da Lei e entregou a Safã (2 Cr 34.15). Se fosse hoje, talvez
alguém nessa situação tomaria a frente de Safã, e para fazer "m é­
dia", levaria o Livro ao rei Josias, na intenção de se autopromover.
Isso acontece aonde não se respeita hierarquia e não se possui
senso de pertencimento à equipe do qual é membro.
Após ouvir a leitura do Livro (2 Rs 22.10,11), o rei Josias or­
denou, não somente a Hilquias (que era o líder espiritual da na­
ção), mas á outros líderes, que fossem consultar a Deus, por ele e
pela nação (2 Rs 22.13,14; 2 Cr 34.20,21). Uma vez mais, a sua
equipe fiel e eficiente, mostrou-se unida e polivalente quanto ao
objetivo geral, que era restabelecer o culto religioso.
Finalmente depois de atingir o objetivo geral, o rei Josias como
bom administrador que era, tratou de restituir cada membro da
sua equipe em seus respectivos cargos, para que os objetivos es­
pecíficos não ficassem sem o devido cuidado (2 Cr 35.2,3).
Acredito que o superintendente que agora está lendo, passa­
rá a conscientizar a diretoria da Escola Dominical, de que esta é

1B9
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

uma equipe que deve trabalhar em conjunto, de modo que a Es­


cola Dominical atinja sua meta geral que é evangelizar (os não
convertidos), e ensinar (os novos e veteranos), à melhor servirem
o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
"Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-
te!" (Is 41.6)

Selecionando os M em bros da Equipe

Um dos pensamentos mais errôneos que passa pela mente


de um líder é quando ele resolve convidar pessoas para então
montar uma equipe, e escolhe justamente aquelas que nada es­
tão fazendo ou que nunca fizeram nada.
E aqui entre nós, vamos admitir, geralmente "sobra" para a
Escola Dominical. Muitos a tratam como uma reuniãozinha me­
díocre, onde aqueles que não gostam de Fórmula 1 ou Globo Rural
ocupam seu tempo nas manhãs de domingo.
A esse respeito gosto de me pautar na escolha de professores
de Escola Dominical, dentro da visão do já citado Howard
Hendricks, renomado educador que possui mais de três décadas
de atividade pedagógica, ele diz:
Ao fazer a seleção dos professores, sem pre procuro pessoas que se­
jam fiéis a seus com prom issos, tenham disponibilidade e hum ilda­
de para aprender.
N essa obra, o fator determ inante não é o conhecim ento intelectual
que possuem . A principal exigência é que sejam fiéis e constantes,
que tenham tempo disponível para ensinar sem que seja necessário
insistir demais para que aceitem o cargo, e que estejam predispostas
a aprender tam bém .70

Para completar o raciocínio, observe as palavras do ilustre


pastor Antonio Gilberto:
Antes de indicar um irm ão para a m atrícula no Corpo de Professo­
res, verificar prim eiro se o m esm o é m em bro da igreja, se é fiel,
dedicado, hum ilde, obediente, estudioso da Palavra, desejoso de
trabalhar para o Senhor, que goste de orar, seja despretensioso, dis­
ciplinado, ordeiro, capaz de trabalhar em grupo, e que se tiver que

19D
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

discordar saiba fazê-lo dentro da ética, sem ofender e indispor seus


pares.71

Kenneth J. Mussnug e Aaron W. Hughey escreveram em um


artigo intitulado A Verdade sobre as Equipes:
A gestão por equipe não é um conceito universal, aplicável a todas
as em presas. Os execu tivos devem analisar sua con ven iência e
com preendê-la antes de im plem entá-la (...) O antigo ditado popu­
lar: "Se você não sabe para onde está indo vai acabar chegando ao
lugar errado" certam ente se aplica à introdução do conceito de equi­
pe. M uitas em presas m ontaram suas equipes antes de ter entendido
claram ente com o elas poderiam beneficiar a organização.
Em outras palavras, equipes bem sucedidas são o resultado de um
planejam ento ponderado e sério. Deve se prestar m uita atenção aos
detalhes e aos resultados desejados. As dificuldades surgem na au­
sência de uma projeção coerente tanto em relação ao que se espera
que as equipes realizem, quanto à maneira pela qual essas realiza­
ções serão medidas e recom pensadas.
Se essas considerações prelim inares não receberem um a atenção
cuidadosa e o processo não for im plem entado de m aneira lógica,
sistem ática e sensível, será m uito difícil, se não im possível, ter e
m anter um program a de equipes bem -sucedido em sua em presa.72

A linha de raciocínio bíblico fornece uma ampla visão de como


formar uma equipe, sendo o primeiro passo, a oração (Lc 6.12,13).
Mostra também o porquê da decisão do Mestre em formar
uma equipe: "Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi
a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto
permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao
Pai ele vos conceda" (Jo 15.16).
Não foi isso que os articulistas disseram no trecho acima trans­
crito?
Por isso volto a reafirmar. O que os consultores pensam em
dizer para as organizações, usando termos técnicos, jargões co­
merciais e demais artifícios, a Bíblia já o disse há muito mais tem­
po, e de maneira bem mais clara e convincente.
Jesus já tinha planejado o porquê de ter escolhido os após­
tolos, e ainda mostra implícito o conceito de troca de benefício
subjacente no trabalho: Produção; "deis fruto"; pagamento; " a

131
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos
conceda".
Esse aspecto é universal para a formação de uma equipe,
pergunte-se a si mesmo: "Para que formar uma equipe?", "O que
essas pessoas farão?", "Qual o papel de cada uma?"
Contudo, na área do ensino não basta responder essas per­
guntas para formar uma equipe. E preciso saber se as pessoas
são vocacionadas e se estão dispostas a obedecer á ordem do Se­
nhor, transmitida através de Paulo: " se é ensinar, haja dedicação
ao ensino" (Rm 12.7b).
Na Bíblia, existem algumas exceções como, por exemplo, a
parábola dos trabalhadores na vinha (Mt 20.1-16). Onde ociosos
foram chamados. Muito embora esse caso é sobre salvação e não
sobre fazer a obra de Deus, porém, todos os demais que foram
chamados para a obra, eram pessoas ocupadas (Gn 6.13-22; 12.1;
37.13,14; Ex 3.1-22; Nm 13.1; Dt 31.23; Jz 6.11,12; 1 Sm 2.11; 3.1-14;
9.3,27; 10.1; 16.11-13; Mt 4.18-22; 9.9, etc).
Em Mateus, capítulo 10, encontramos as primeiras instruções
de Jesus ao doze apóstolos. Naqueles 42 versículos, está o con­
teúdo da primeira parte do trabalho que eles deveriam executar
como equipe. "Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo:
Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidades de
samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Isra­
el" (Mt 10.5,6).
Contextualizando, esse é o primeiro objetivo da equipe de
trabalho da Escola Dominical, atrair e conquistar os irmãos, para
que esses se tornem alunos (Mt 9.35-38; 11.1).
Após a assimilação desse primeiro objetivo por parte dos
apóstolos, Jesus revelaria a aproximadamente dois anos depois,
a abrangência total da missão dos discípulos: "Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria
e até aos confins da terra" (At 1.8; grifo meu).
Nesse texto, o Mestre reitera o objetivo primário da equipe, o
qual era ganhar Jerusalém, mas dá a amplitude total da missão
da equipe: "Judéia, Samaria e o mundo inteiro".

132
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Da mesma maneira deve agir a equipe da Escola Dominical.


Após executar a missão "interna", deve-se lançar com todo o
empenho em conquistar alunos não convertidos, que é a missão
"externa". Ambas então, formam a completude do que está or­
denado na Grande Comissão (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20). Uma sim­
ples olhadela na história da Escola Dominical, mostra-nos que,
desde seu nascedouro, ela sempre foi um grande instrumento de
evangelização. Infelizmente, de um tempo a esta parte ela tem se
convertido em particularidade de uma elite, mas esse não é o
propósito de Deus, e, não deve também ser o nosso.
A Bíblia nos dá parâmetros necessários para escolhermos as
pessoas que trabalharão como mentores do povo de Deus.
E não seria demais dizer que a equipe da Escola Dominical e,
em especial os professores, é responsável pela formação do cará­
ter da Igreja do Senhor, portanto, devem estes exercer com exce­
lência a sua missão. Para isto é imprescindível a observação de
alguns requisitos indispensáveis a qualquer educador:

Capacidade Sábio Imparcial Fiel Idoneidade

Temor a Deus Inteligente Insubornável Coração Inteiro Disposição

Ser verdadeiro Experiente (não dúbio) para ensinar

Não avarento

Êxodo 18.21 Deuteronôm io D euteronôm io 2 Crônicas 2 Tim óteo


1.13 16.19 19.9 2.2

Obedecendo a orientação do Manual da Escola Dominical, (cuja


leitura recomendo), encontramos na Unidade 3 (págs. 139 a 177)/
que é o capítulo destinado à Escola Dominical e a composição da
Diretoria que dirige esse órgão educacional. A mesma deverá ser
composta por: Superintendente, Vice-Superintendente (em esco­
las filiais eles são coordenador e vice-coordenador), I o e 2o Secre­
tários, Tesoureiro, Bibliotecário, Dirigente Musical, Porteiros e
Introdutores, além do Corpo Docente (A divisão dos vários pro­
fessores por faixa etária, se encontra no mesmo capítulo da obra
citada), os quais necessitam ter as características bíblicas que aca­
bei de enumerar.

133
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

A diretoria da Escola Dominical cuida da parte administrati­


va externa e interna. E isso é bíblico (At 6.2-4). Do texto sugerido,
é possível extrair pelo menos três características que deve pos­
suir os membros da diretoria da Escola Dominical:

1) Boa Reputação;
2) Cheio do Espírito Santo; e de
3) Sabedoria.
Atos 6.3

A complementação do versículo dá idéia do valor que tem a


parte administrativa: "... aos quais constituamos sobre este im­
portante negócio" (At 6.3, grifo meu).
Escolas Dominicais que não observam essa formação estão fa­
dadas ao fracasso. Até porque, como já foi mencionado, "ser grande
não é o mesmo que ser forte". De nada servirá ter muitas pessoas na
equipe se estas não preencherem os requisitos acima enumerados.
Essa questão de quantidade de membros na equipe é outro
fator importante a ser observado. Um dos critérios desse aspecto
é o número de alunos da Escola Dominical, podendo o leitor es­
clarecer maiores dúvidas sobre esse particular, lendo o Clássico
Manual da Escola Dominical (CPAD), um verdadeiro divisor de águas
na história da Escola Dominical brasileira, livro este que, desde
1974, é responsável pela formação, organização e estabelecimen­
to da Escola Dominical, da forma como a conhecemos com divi­
são de faixas etárias, etc. em terras brasileiras.

Internalizando o Conceito de Equipe do M arketing


para a Escola D om inical

Sou favorável à declaração do pastor Antônio Gilberto, acer­


ca da quantidade de pessoas no diretório da Escola Dominical:
"Numa escola pequena, um obreiro pode acumular funções. Or­
ganização excessiva numa escola pequena é contraproducente;
já passa a ser form alidade"73

194
E s tru tu ra n d o a Equipe da M a rk e tin g p a ra a Escola □□ m inical

Não acho que a Escola Dominical precise de mais 10 grupos


de pessoas, além dos que já possui, para implementar um plano
eficaz de marketing.
De acordo com Philip Kotler, uma empresa possui os seguin­
tes departamentos:74
P&D (Pesquisa e D esenvolvim ento)

Compras

Produção

M arketing

Vendas

Logística

Contabilidade

Financeiro

Relações Públicas

Outros Grupos de Contato com o cliente

Essa estrutura é totalmente cômoda à diretoria da Escola


Dominical, sendo aberta à oportunidade para aquelas que quei­
ram montar uma equipe exclusiva com essa formação; isso vai
depender, como já foi dito, da quantidade de alunos e da realida­
de local onde a Escola Dominical está instalada, por isso é impor­
tante fazer a avaliação da Escola Dominical que você lidera.
Quando os primeiros conceitos sobre marketing para a Esco­
la Dominical foram ventilados, lembro-me que alguém o resu­
miu em duas coisas: fazer propaganda e "vender". Conservo cla­
ramente em minha memória que todos os envolvidos com o tra­
balho da ED se mostraram interessados no assunto, entretanto,
queriam saber como realmente fazer marketing. Lógico que para
essa estrutura, de propaganda e venda, bastava imaginar o su­
perintendente como um gerente e os professores como os vende­
dores. Diferentemente do que alguém pode pensar, esse conceito,
da ED como uma empresa, já era há muito tempo discutido, como

195
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

podemos ver, nas Bem-aventuranças da Escola Dominical, escrita na


contracapa da antiga revista Seara (CPAD), número 61 do ano de
1967, de autoria de M. Lawrence, a "Bem-aventurança" número 4
dizia: "Bem-aventurada a Escola Dominical administrada como
um Banco, pois os seus negócios serão bem dirigidos e terão o
respeito de todos".
Por essa colocação é possível entender que, na verdade, o
entendimento primário, surgido em 1967, era muito mais pro­
fundo que o secundário, postulado em 1996, onde o professor
era tido como um vendedor e o superintendente como gerente.
Assim, marketing não deve ser confundido com propaganda e
venda, pois esses são apenas dois aspectos do mia de marketing.
Citado por Kotler. Peter Drucker observou que "o objetivo do
marketing é tornar supérfluo o esforço de vender".
Em continuidade, Kotler afirma:
É claro que vender faz parte do m arketing, mas o m arketing abran­
ge muito mais que vendas. O que D rucker quis dizer é que a tarefa
do m arketing é descobrir necessidades não atendidas e fornecer so­
luções satisfatórias. Q uando o m arketing é bem -sucedido, as pesso­
as gostam do novo produto, a novidade corre de boca em boca e
pouco esforço de venda se faz necessário.
M arketing não pode ser o m esm o que vender porque com eça muito
antes de a em presa ter o produto. M arketing é a tarefa, assum ida
pelos gerentes, de avaliar necessidades, m edir sua extensão e inten­
sidade e determ inar se existem oportunidades para lucros. A venda
ocorre som ente depois que o produto é fabricado. O m arketing con­
tinua por toda a vida do produto tentando encontrar novos clientes,
m elhorar o poder de atração e o desem penho do produto, tirar li­
ções dos resultados das vendas do produto e gerenciar as vendas
repetidas aos m esm os clientes .75

Dentro dessa perspectiva, podemos entender que fazer


marketing para a Escola Dominical, não é simplesmente propagan­
dear e "vender", é preciso haver concentração de esforços dirigidos,
boa vontade e interatividade entre todos os membros da equipe.
Abaixo relaciono um modelo para funcionamento da equipe
do marketing para a Escola Dominical, utilizando os membros
do diretório descritos no Manual da Escola Dominical, do pastor

195
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p ara a Escola Dom inical

Antonio Gilberto e os departamentos mostrados na obra de Philip


Kotler, podendo haver, é claro, adaptação à realidade da sua Es­
cola Dominical, pois dependendo do número de alunos talvez
haja necessidade de se ter algumas pessoas a mais em cada gru­
po. Entretanto, é importante que os titulares de cada um, sejam
os que aqui estão elencados:

Equipe do M arketing para a Escola D om inical

DEPARTAMENTOS: P&D
MEMBROS: SUPERINTENDENTES OU COORDENADORES
• Deve ter habilidade para envolver todos os departamentos
em cada novo projeto (gerenciar);
• Buscar sugestões dos alunos (de todas as faixas etárias),
para, a partir delas, desenvolverem novos projetos;
• Aperfeiçoar e redirecionar o foco do ensino com base no
feedback do corpo docente / discente;
• Administrar e organizar as três dimensões culturais (a re­
lação da equipe com o ambiente da Escola Dominical; a orienta­
ção do tempo e o foco de responsabilidade de cada um), onde
interagem os membros da diretoria;
• Notificar o líder da igreja e o todo o ministério, sobre o
andamento administrativo da Escola Dominical.

DEPARTAMENTOS: COMPRAS, FINANCEIRO E CONTABILIDADE


MEMBROS: TESOUREIROS
• Não abrir mão da qualidade em troca de preços baixos;
• Buscar sempre facilitar as condições, para que os alunos
adquiram o material didático;
• Apoiar os gastos de marketing (por exemplo, propaganda
para desenvolvimento de imagem), quando os mesmos se fize­
rem necessários para atrair, conquistar e manter a fidelidade dos
alunos à Escola Dominical;
• Fornecer aos alunos por meio coletivo (afixado em mural
ou por e-mail), os investimentos feitos com as ofertas coletadas
na Escola Dominical;

197
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

• Apresentar catálogos de livros aos alunos, e os incentivar a


adquirirem bons títulos, com o desconto especial dado às igrejas;
• Preparar relatórios da receita da Escola Dominical e entre­
gar no final do mês ao superintendente.

DEPARTAMENTOS: PRODUÇÃO MARKETING E VENDAS


MEMBROS: PROFESSORES DE TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS
• Produzir um ensino mais dirigido, com pouca ênfase em
teologia, com mais destaque na epistemologia e na axiologia bíblicas;
• Ensinar contextualizando a Palavra ortodoxamente, com
primazia na aplicabilidade do ensino, visando sempre sua práti­
ca para o dia-a-dia do aluno;
• Despender mais tempo em esclarecer aos alunos, que as per­
sonagens da Bíblia não eram mitos, mas pessoas que enfrentaram
as crises na época em que viveram, e que venceram porque confia­
ram no Senhor (Aplicação: os alunos também podem vencer!);
• Pesquisar através do diálogo (feedback), as necessidades e
desejos dos alunos, com uma vantagem, cada professor com o
seu próprio segmento. Podendo assim produzir um ensino mais
apropriado e personalizado para cada aluno;
• Avaliar continuamente a imagem que os alunos tem da
Escola Dominical, e também da própria denominação, seu nível
de satisfação / insatisfação;
• Aprender e avaliar novas formas de ensinar, e também de
divulgar a aula do próximo Domingo, ou seja, auxiliar no desen­
volvimento do tipo de propaganda apropriada para cada lição;
• Agregar benefícios às vantagens que se tem em ser um alu­
no assíduo;
• Influenciar toda a equipe da Escola Dominical, para que se
concentre no aluno, tanto no discurso como na ação;
• Esforçar para fornecer aos alunos um ensino de soluções e
não de complexidades;
• Ensinar somente o que vive (se não vive, viver para ensi­
nar!), demonstrar transformação em relação ao mundanismo;
• Procurar atrair e conquistar novos alunos, sem deixar de
valorizar os veteranos;

198
E s tru tu ra n d o a Equipe dD M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

• Informar aos responsáveis as reclamações sobre espaço fí­


sico, acomodação, iluminação, ventilação, estado de aparelhos
eletrônicos, etc.

DEPARTAMENTOS: RELAÇÕES PÚBLICAS


MEMBROS: PORTEIROS E INTRODUTORES
• Recepcionar e convidar os possíveis alunos (alunos em
potencial) a conhecerem as instalações da Escola;
• Observar o comportamento das crianças no pátio e refeitó­
rio, comprovando a eficácia da aplicabilidade do ensino na vida
comportamental;
• Fomentar boas notícias externas, colher reclamações, elimi­
nando as sem nexos, e trazer aos demais as críticas construtivas;
• Agir empaticamente com os alunos, para dessa forma con­
seguir ver, como os alunos querem ser atendidos e recepcionados;
• Incentivar toda a equipe para a prática filantrópica, no in­
tuito de promover a instituição junto à sociedade;
• Desenvolver projetos sociais e colocar-se a disposição das
lideranças governamentais, para mais tarde fazer parcerias (cui­
dado com ações eleitoreiras).

DEPARTAMENTOS: LOGÍSTICA
MEMBROS: SECRETÁRIOS
• Não descuidar do suprimento de material didático, tanto
para o corpo docente como para o discente;
• Manter o controle de todo o patrimônio da Escola Domini­
cal, desde o mobiliário até os recursos audiovisuais, usados pe­
los professores;
• Apresentar relatórios a cada fim de mês para todo o corpo
pedagógico, a fim de alertar a todos os docentes sobre alunos
faltosos;
• Notificar os tesoureiros o acréscimo ou decréscimo da cota
de material didático a comprar;
• Providenciar ficha cadastral aos novos alunos, com endere­
ço e demais dados pessoais, inclusive aptidões profissionais e ecle­
siásticas;

199
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

• Avisar os professores sobre os alunos aniversariantes da


semana e entregar-lhes cartões personalizados, que serão entre­
gues aos aniversariantes;
• Divulgar em edital o nome dos membros da diretoria que
faz aniversário naquele mês;
• Manter os professores informados, acerca dos alunos que
precisam se transferir de classe.

DEPARTAMENTOS: OUTROS GRUPOS DE CONTATO COM O


ALUNO
MEMBROS: BIBLIOTECÁRIO E DIRIGENTE MUSICAL
• Atender bem os alunos, ajudando-os, não só encontrarem
o livro que procuram, como também fornecer informações acer­
ca de outros congêneres;
• Manter a biblioteca organizada, proporcionando um ambi­
ente agradável e convidativo;
• Manter as carteirinhas e as fichas dos alunos sempre
atualizadas e em ordem, não esquecendo de informar aos profes­
sores os títulos que seus alunos mais lêem, pois isso servirá ao
educador e a toda a equipe, como uma forma de identificação de
necessidades;
• Promover campanhas de doação de livros;
• Cadastrar a biblioteca nas melhores editoras, para que pos­
sa receber catálogos sobre os últimos lançamentos;
• Procurar marcar presença em Feiras de Ciência, ocorridas
em colégios da cidade ou bairro, mostrando a cultura evangélica;
• Ser pontual no horário e estar pronto para iniciar a Escola
Dominical com o som suave dos inspirados hinos da Harpa Cris­
tã ou outros;
• Ser imprevisível quando se trata de atender o pedido de um
aluno para tocar um hino que não esteja no scripit daquela manhã;
• Ensaiar pelo menos uma vez na semana, e convidar um
cantor que possa acompanhar o ensaio para cantar no domingo
pela manhã, etc.
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

A tendim ento Personalizado

Em entrevista à revista Ensinador Cristão, n° 1, de janeiro/


março de 2000, pastor Antônio Gilberto fez algumas observações,
que julgo serem importantes:
Se a Escola D om inical fosse mais prom ovida, teríam os uma igreja
quatro vezes maior. (...) Grande parte da evasão tam bém é devido à
falta de recepção, à falta de sociabilidade, do fazer se sentirem à
vontade. Com o perm anecer onde ninguém nota sua presença ou
procura cativar sua atenção ?76

Aí está a opinião sentenciai de uma das maiores personali­


dades da literatura evangélica nacional que há mais de 50 anos
trabalha com a Escola Dominical e considerado seu maior expo­
ente no Brasil.
Esse atendimento personalizado que se requer atualmente
da diretoria da Escola Dominical é o que me levou a pensar, no
que disse David Packard: "O marketing é importante demais para
ficar por conta apenas do departamento de marketing''.77
Pastor Wagner Gaby menciona em seu livro Relações Públicas
para Líderes Cristãos (CPAD) um princípio de causa/efeito:
Gentileza gera gentileza. Você sempre gosta de ser bem recebido e
bem tratado; não se esqueça que os outros esperam receber o m es­
mo tratam ento de você! Você fica feliz quando seus fam iliares são
bem atendidos. A recíproca é verdadeira no caso dos outros!
O bom atendim ento educa o público. Entenda as pessoas. Elas fica­
rão suas amigas.
Não se esqueça: "O PÚBLICO SE CON Q UISTA ! " 78

Nos dias em que vivemos não há como conceber a imagem


desolada de uma estrutura organizacional para a Escola Domini­
cal, enquanto verdadeiros mestres entregam seus preciosos
ensinamentos a meia dúzia de pessoas. Não que essas não te­
nham valor, pelo contrário honram o nome do Senhor vindo a
Escola Dominical, mas não se pode esquecer que Deus é o pri­
meiro interessado no aspecto quantitativo, lembrando que os
apóstolos (a equipe de Jesus) eram doze, mas os discípulos eram
muitos.

201
M a rk e tin g p a ra a Esenia D om inical

Por isso, o marketing para a Escola Dominical, não pode ser


feito por uma parte, mas por toda a equipe que compõe a direto­
ria. E preciso entender que quando menciono equipe do marketing
para a Escola Dominical, estou aludindo a todos os membros da dire­
toria e a todos os professores também. É necessário que todos os
departamentos e seus respectivos membros sejam centrados no
aluno, e que envidem todos os seus préstimos na atração, con­
quista e manutenção do alunado.
Se a recepção for convidativa, e a aula monótona, está arrui­
nado. Se a propaganda é convincente e persuasiva, mas o atendi­
mento péssimo, nada feito.
Portanto, devemos entender que o sucesso ou insucesso do
meu companheiro que trabalha na Escola Dominical depende da
minha eficiência e bom desempenho funcional, sendo a recípro­
ca verdadeira.
Certa vez Jesus disse: "E como vós quereis que os homens
vós façam, da mesma maneira fazei-lhe vós também" (Lc 6.31).
Uma das primeiras coisas que devemos observar é o respeito
que devemos ter com aluno, que deixa o seu lar, dirige-se a Escola
Dominical e espera que vá retornar para sua casa satisfeito. Se você
estivesse no lugar dele, desejaria o mesmo, pois então, trabalhe de
modo a atingir, ou melhor, de superar as expectativas dele.
Na questão de "vender", não pense que é função apenas do
professor, pois você para ser "comprado", precisa também "ven­
der" a sua imagem e seu trabalho, e nesse particular, gosto muito
de uma máxima das vendas, de autoria desconhecida: "O departa­
mento de vendas não é a empresa inteira, mas seria bom que a
empresa inteira fosse o departamento de vendas". Isso não quer
dizer, absolutamente, que devamos utilizar métodos tortuosos para
levar a efeito tal empreendimento, mas, refere-se a atender bem.

G erenciando a Equipe do M arketing


para a Escola D om inical

O comodismo é uma das tendências mais crescente da hu­


manidade. Por isso há sempre uma preocupação que ocupa a
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g pa ra a Escola Dom inical

mente dos líderes: Por que invariavelmente as pessoas que parti­


cipam de seminários de reciclagem e capacitação, não conseguem
aplicar depois, no dia-a-dia, os conceitos e as técnicas que ampla­
mente foram discutidas no curso, mesmo cientes de que só con­
seguirão êxito se procederem da forma que foi apresentada?
Esse não é um problema das organizações empresariais,
educandárias, políticas, filantrópicas etc, mas de toda a raça hu­
mana, e até mesmo dos que se autoproclamam religiosos.
Exemplos clássicos disso podem ser conferidos em textos bí­
blicos, tais como: Lucas 6.46-49; Romanos 2.13; Tiago 1.22.
Um pouco dessas ocorrências, deve-se ao imediatismo que
toma conta das pessoas e equipes, pois geralmente se quer resul­
tados "fogo de palha", esquecendo que uma boa chama é aquela
que queima ininterruptamente.
A esse respeito podemos consultar a Palavra: "O fogo arderá
continuamente sobre o altar; não se apagará" (Lv 6.13), ou ainda o
versículo anterior que diz: "O fogo, pois, sobre o altar arderá nele,
não se apagará, mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã"
(Lv 6.12; grifo meu).
A tendência do fogo é propagar-se, enquanto houver algo
para ele queimar. Não tendo o que consumir, logicamente que
ele apagará, por isso a tarefa do sacerdote era "acender lenha"
nele a cada manhã para manter a combustão.
Se analisarmos a história dos apóstolos, constataremos que
os ímpios estavam mais crentes na promessa que Jesus ressusci­
taria do que os seus próprios representantes (Mt 27.63; 28.17; Lc
16.11-14; Jo 20.2).
O que os discípulos aprenderam em três anos, esqueceram
em poucas horas distribuídas no curto espaço de três dias in­
completos (Jesus foi sepultado na tarde da sexta-feira e ressus­
citou no domingo pela manhã), ou seja, esqueceram da missão
que lhes foi imputada, esqueceram o porquê da existência do
colégio apostólico. Em João 21.2,3, vemos que sete dos onze dis­
cípulos estavam pescando, isso quer dizer, esqueceram dos
ensinamentos do Mestre, acomodaram-se e voltaram a viver
como antes.

203
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Penso que se Jesus não permanecesse aquele espaço de 40


dias (At 1.2-5), após a ressurreição, instruindo os apóstolos e lhes
incentivando, talvez o leitor não estaria lendo esse livro e
tampouco eu o teria escrito.
Se a equipe descuidar de sua meta e de seus objetivos, bem
como de sua funcionalidade coletiva e individual, cairá na mesmice
e em pouco tempo se tornará obsoleta e perderá a razão de ser.
A excelência da Escola Dominical, só será uma realidade para
os alunos quando a equipe que a administra se importar com a
contínua melhoria da qualidade dos seus serviços, visando se
adequar à gestão da qualidade total (o TQM, na sigla em inglês),
dentro da realidade bíblica, ética e cultural.
Uma novidade bastante difundida no marketing atual é o
conceito chamado de "Escolarização da empresa". Esse sistema
visa ensinar o funcionário a interagir com cordialidade, tanto com
os amigos de trabalho, como também nas relações com o cliente.
Para o gerenciamento da demanda na Escola Dominical, ou
seja, obter excelência nas habilidades necessárias que ela requer,
nos dois lados (docência/discência) sabendo avaliá-la dentro
desses dois grupos em nível, oportunidade e composição, requer
o inverso do sistema utilizado pelas empresas.
Para ser mais específico, para um gerenciamento eficaz, é
necessário "Empresariação da Escola", definindo sua O&M (Or­
ganização e Métodos, sistema usado por empresas de consultoria,
para implantar em outras empresas, programas de gerenciamento
da qualidade total como ISO 9000, por exemplo).
Com a implantação dessa metodologia, a superintendência
da Escola Dominical poderá gerenciar o trabalho de toda a equi­
pe, e poderá assegurar que algumas condições básicas sejam aten­
didas, visando o bom desempenho como um todo:
• Membros individuais tenham as especializações necessári­
as relevantes à tarefa para executarem sua missão;
• O grupo seja grande (proporcional ao número de alunos),
o suficiente para executar a missão;
• Os membros possuam habilidades interpessoais e relacio­
nadas à tarefa;

2D4
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

• A maneira como a equipe da Escola Dominical se organiza


é, potencialmente, o diferencial que dará aos alunos à noção do
quanto, eles (que são a própria Escola Dominical), são importan­
tes para a equipe;
• A participação de toda a força grupai;
• A agregação de valores aos serviços prestados pela Escola
Dominical e sua equipe;
• Vislumbração de novos horizontes para a docência/discência;
• Adequação do ensino à altura da demanda do alunado;
• Liderança compartilhada, em todos os níveis da Escola
Dominical.

Planejam ento Estratégico


para a Equipe da Escola D om inical

O sistema O&M, compreende duas fases distintas as quais são;


organização da equipe e planejamento estratégico de suas atividades.
A abordagem aqui comporta algumas atividades como
"sinalizadoras" de horizontalização, não pensando em restringir a
planificação em apenas esses conceitos, mas devem servir de
instigadores para a visualização do trabalho. A estrutura organi­
zacional e operacional da equipe e também da Escola Dominical já
foi mencionada e está localizada em tópico antecedente, no qual fo­
ram agregadas às funções já exercidas pela diretoria e corpo docen­
te, outras de caráter "empresarial". Aqui, como já foi dito, relaciona­
mos apenas alguns indicadores:
• Conquistar as metas da Escola Dominical através do alcan­
ce dos objetivos (as metas são enunciados genéricos e definidos
pelo próprio Senhor Jesus Cristo; os objetivos são bem mais es­
pecíficos e de elaboração humana);
• Identificar os alunos de todas as faixas etárias e as necessi­
dades pertinentes a seu grupo etário (ver Parte Um, capítulo 4);
• Estabelecer a padronização que caracterizará o ensino e os
serviços de atendimento e recepção;
• Desenvolver métodos de ensino, maneira de utilizá-los e
controle de qualidade dos mesmos;

2D5
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

• Conhecimento de todos membros da equipe sobre o "pro­


duto" e os serviços prestados pela Escola Dominical, suas vanta­
gens e seus benefícios em relação à "concorrência";
• Definir os problemas que surgem e que possam surgir, e
estudar a melhor maneira de resolvê-los;
• Criar políticas de recursos humanos, que planeje o acom­
panhamento das mudanças que ocorrem na sociedade local, po­
dendo se possível, antecipar à equipe, acerca das mudanças dos
próximos meses;
• Pensar em como divulgar, promover e popularizar cada
vez mais a Escola Dominical;
• Criar slogan, propagandas, relacionamento público e de­
mais formas de comunicação e lançá-los na mídia;
• Criar "instrumentos" que avaliem o desempenho tanto da
equipe como de toda a estrutura.
A equipe do marketing para a Escola Dominical, não deve
"engessar" o desempenho da instituição no seu plano estratégi­
co. Sempre que se fizer necessário, por via das mudanças ou por
qualquer outro imprevisto, deve-se adequá-lo à nova forma em
curso.
O ritmo dessas mudanças varia até de um bairro para outro.
Daí o porque é importante a pesquisa de "mercado" e sondagem,
para um processo de segmentação setorial.
Esse processo de segmentação bairrista deve levar em conta
três fatores principais:
• Geográfico
Densidade;
Clima;
Região;
Tamanho da cidade.
• Demográfico
Idade;
Sexo;
Renda;
Profissão;
Tamanho da família;

2D6
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Instruçãò;
Classe social;
Religião.
• Psicográfieo
Estilo de vida;
Benefícios procurados;
Necessidades gerais e específicas;
Sensibilidade ao fator de marketing.

Parece um tanto complexa essa tarefa, mas não é, basta apenas


utilizar uma técnica que os norte-americanos chamam de mother-in-
law-survey, grosseiramente traduzida como "ouvir a sogra"; que con­
siste em entrevistar (informalmente), amigos e conhecidos que mo­
ram nas imediações. Essa atividade pode dar uma boa idéia das
necessidades e grau receptivo dos possíveis alunos que ali residem.
Uma vez que a aceitação de um produto, serviço ou idéia,
relaciona-se com os fatores citados, faço minha as palavras de Sir
Arthur Conan Doyle: "Um erro capital é desenvolver a teoria antes
de se ter os dados". Esse aspecto precisa ser tratado com muita
seriedade, pois, é nessa fase que se pode vislumbrar o planeja­
mento de todo o projeto de marketing ou campanha que se pre­
tende realizar. O sucesso de qualquer uma dessas ações depende
dessa antevisão. Na minha experiência inicial, tive alguns pro­
blemas por causa de não dar a devida valorização a esse aspecto.
Em qualquer trabalho de marketing isso deve ser observado.
Servir ou satisfazer os alunos é, obviamente a razão de ser
do planejamento estratégico do marketing para a Escola Domini­
cal, por essa razão deve-se usar as respostas das pesquisas como
uma plataforma para a construção dos melhores meios de persu­
adi-los, lembre-se dos dois grupos: quatro Ps e quatro Cs.
Deve-se levar em conta a anotação desses dados, pois se eles
não forem coletados tornam-se inócuos.
Pode parecer que não tem utilidade, mas na verdade tem, e
muita. Deixe-me exemplificar usando uma experiência ocorrida
há pouco tempo atrás, quando depois de residir por algum tem­
po em Curitiba retornei ao interior e precisei ir ao oftalmologista.

2 07
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

O homem, um senhor de estatura mediana, com sobrance­


lhas grossas e bigode branco, parece não ter mudado em nada. A
única coisa que estranhei, foi que ao me apresentar à sua secretá­
ria, ela perguntou-me se já havia consultado com o doutor algu­
ma vez. Respondi afirmativamente, mas acrescentei que deveria
fazer muitos anos.
Tal foi a minha surpresa, ao ver que em pleno século 21, a
moça abriu um grande arquivo, e de lá retirou uma ficha cor-de-
rosa, confirmou o meu nome e adentrou a sala do oftalmologista.
Cinco minutos depois, tive que interromper a leitura de uma
reportagem que estava lendo em uma revista (a reportagem era
sobre marketing, para variar), ao ouvir o meu nome: "Senhor
César Moisés, pode entrar".
O doutor me cumprimentou com um bom dia, olhando por
cima dos óculos, e logo após começou a descrever um pedaço de
minha vida infantil, quando com meus dez anos, fui ao seu con­
sultório extrair uma casca de alpiste do olho.
A sua sala bastante modesta ostentava um notebook em cima da
escrivaninha, e um outro micro no canto do cômodo. Mas alheio a
isso, aquele homem pôs-se a dizer, a circunstância que me levou em
seu consultório há 14 anos, relatando até mesmo minha apreensão, e
confesso, causou-me grande emoção ouvir aquela leitura, onde em
uma ficha antiga ficou registrado um fragmento da minha história.
Ele não se mostrou apressado, manteve uma conversa infor­
mal comigo de uns dez minutos, e a cada passo anotava na mesma
ficha de uma década e meia, um pouco mais da minha história.
Você pode estar se interrogando: "Sim César, e aí?"
Ele criou uma situação que conquista qualquer cliente, con­
seguiu me emocionar, mostrou que se preocupa com seus paci­
entes, e sem precisar muita coisa, apenas um pouco de cordiali­
dade, interesse e educação.
Ao superintendente que lê, fica esse conselho, crie um Banco
de dados,** eletrônico ou manual, sofisticado ou antigo, não im­
porta. O mais importante é que todos conheçam os alunos e ar­
mazenem dados que amanhã possam ser úteis, pois isso causa
afinidade dos mesmos com a Escola Dominical e sua equipe.

208
E s tru tu ran d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Conheço uma professora de Escola Dominical, que atualmen­


te reside em Çampinas (SP). Ela esteve ministrando em minha
cidade no anojpassado, numa confraternização de crianças.
Não foi sua "teologização" que nos cativou, mas um simples
ato de amor. Sabe o momento mais emocionante de sua última
palestra? Foi quando ela retirou de uma pasta, algumas cartas
que haviam sido escritas, há nada menos que dez anos, quando
lecionou às crianças na Escola Dominical em Goioerê, e começou
a ler algumas partes mais relevantes das cartinhas. Ela relatou
que em uma determinada aula que ministrou, propôs às crianças
que cada uma delas relatasse o que queriam ser na Casa de Deus
quando fossem adultas.
As declarações lidas eram de jovens que ali estavam naquela
noite, talvez titubeando entre continuar ou não sendo cristãos, e
que foram escritas quando ainda eram crianças. Aquela "simples"
leitura serviu-lhes como renovo e transformação. O poder de Deus
se manifestou de maneira intensa, e naquela noite, muitas lágri­
mas foram vistas nos olhos de pais e filhos que se abraçavam.
Tudo causado por um simples ato de lembrança do passado.
Lembro-me de um caso de uma jovem que se encontrava bas­
tante abatida, e no momento em que a professora leu entre as de­
clarações, havia uma em que aquela jovem havia escrito que iria
ser missionária quando se tornasse adulta. Para essa garota ouvir
isso foi como se estivesse experimentando um novo nascimento!
Veja, a professora não precisava mais daquelas informações,
há mais de dez anos reside em outra cidade, porém o seu amor
demonstrado aos alunos naquela última palestra, superaria a aula
de qualquer grande mestre.
É esse tipo de educador que a Escola Dominical precisa, pes­
soas desprovidas de orgulho, ou interesse próprio, pessoas que
se identifiquem com Romanos 12.7b.
Para um bom desempenho gerencial, além do conhecimento
dos alunos, é preciso administrar, e para isso o superintendente
precisa estar enquadrado dentro dos relevantes requisitos que
estão descritos abaixo. Esses lhes serão úteis para muitas coisas,
bem como na hora de selecionar pessoas e delegar tarefas a elas:

209
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

• Conhecer a real missão da Escola Dominical;


• Saber os valores e os princípios da instituição;
• Ter visão panorâmica de toda a estrutura da Escola Domi­
nical, desde o ensino ministrado até o mobiliário;
• Conhecer não só o plano estratégico coletivo, mas também
os planos individuais da equipe (metodologia de trabalho);
• Comparar os resultados globais com os objetivos pré-esta-
belecidos, isso em cada final e início de trimestre;
• Saber conviver e relacionar-se com toda a equipe;
• Compartilhar com a equipe o alcance dos objetivos, cuida­
do para não gerar comodismo, a sua informação deve ser apenas
um "grasno";
• Valorizar os membros que buscam constante aperfeiçoa­
mento;
•Identificar falhas ao desempenhar atividades e saber, com
amor, falar com os responsáveis por elas;
• Você deve saber as exigências básicas e os pré-requisitos
necessários para o membro atender às necessidades identificadas;
• Ter visão futurista, para não errar ao inserir um novo mem­
bro à equipe, o qual não corresponda à altura do cargo ou da
metodologia da instituição;
• Sempre que precisar de mais pessoas, orar e identificar aque­
las que querem e que gostem de trabalhar;
• Privilegie aquelas que tem uma bagagem experiencial em
sua trajetória como cristão;
• Em conversa com o candidato a determinado cargo, é bom
sempre ter um membro da equipe que seja experiente junto com
você, isso o ajudará a enxergar as coisas sob outro ponto de vista;
• E necessário estar informado acerca de membros que ve­
nham de outras localidades para residir em sua cidade, visitan­
do-o a fim de saber o que ele fazia onde morava;
• Ter sempre nos cultos, alguém da equipe, escalado para
fazer anotação de nome e endereço de pessoas que se entregarão
a Jesus;
• Favoritismo é algo que nunca deve subir ao coração, pois
se acontecer, a equipe se revoltará e você ficará sozinho;

E ID
!

[
E s tru tu r a n d o a E q u ip e d o M a r k e tin g p a ra a E sco la d o m in ic a l
\
\
• Ser imparcial, aberto a sugestões e extrovertido. Se acaso
estiver passando algum problema e queira compartilhar com a
equipe, faça-o, mas jamais fique de cara feia;
• Ser prevenido, só assim poderá ter habilidade para contro­
lar o nível, a oportunidade e a composição da demanda;
• Sempre que for preciso delegar responsabilidades;
• Não passar tarefas aos outros, simplesmente por não gos­
tar de executá-las;
• Ao transferir uma tarefa, deixar claro o que a pessoa deve­
rá fazer, para cumprir a missão e alcançar os objetivos;
• Saber distinguir entre tarefas e objetivos essenciais, impor­
tantes e acidentais;
• Considerar as opiniões dos membros da equipe, anotando-
as e utilizando-as conforme a necessidade demandada;
• No momento de atuar com Pesquisa e Desenvolvimento, reú-
na os líderes de todos os departamentos, assim haverá um apro­
veitamento melhor da lapidação de uma idéia;
• Enaltecer mais os acertos, e quando houver erros mostrar o
jeito correto de se fazer.

D inam izando a Equipe

Segundo pastor Elinaldo Renovato, "se olharmos o significa­


do da palavra dinamizar, verificamos que quer dizer tornar di­
nâmico, fazer com que algo tenha muita atividade e movimento,
enérgico ou diligente. A expressão deriva de dínamo, que
corresponde a uma máquina dinamoelétrica; gerador que trans­
forma a energia mecânica em elétrica".79
Momentos antes de ascender ao céu, ou seja, já nos últimos
instantes, Jesus Cristo falou sobre uma promessa de Deus aos
discípulos, que garantiria o bom desempenho do gigantesco tra­
balho a ser exercido pela equipe de mais de 500 discípulos (1 Co
15.6), que estavam no Monte das Oliveiras.
Existia uma condicional para que recebessem o que foi pro­
metido, e a condição era a obediência (At 1.4).
Já ouvi muitos pregadores dizendo que o Espírito Santo de-

211
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

morou os dez dias para se manifestar porque estava em festa no


céu e blá, blá, blá...
Porém, penso que o Senhor não era ingênuo á ponto de achar
que a multidão que ali estava, permaneceria os dez dias de ora­
ção no templo, sem que os imediatistas, tímidos e covardes vol­
tassem às suas atividades rotineiras. Se com três dias os próprios
líderes voltaram, o que não dizer dos demais, onde muitos o se­
guiam apenas para comer (Jo 6.26).
A virtude do Espírito Santo, que era a prom essa, foi
receptaculada somente pelos quase 120 discípulos (At 1.15), que
permaneceram em Jerusalém, sendo obedientes à ordem do seu
Líder, ou seja, cerca de 380 desapareceram. E aqui vai um alerta:
Quando iniciamos a campanha de incentivo da Escola Dominical
em minha cidade, a arrancada foi espetacular, não obstante, dias
depois muitas pessoas não vieram mais. Por isso não se preocu­
pe, isso é normal. Por outro lado não se conforme, procure atingir
o nível de excelência requerido pelo Nosso Divino Mestre. Procu­
re meios de manter os alunos na Escola Dominical, isso equivale
a dizer: Trabalhe, planeje, inove, trabalhe..., e assim segue o pro­
cesso dialético e cíclico do Marketing para a Escola Dominical.
Segundo nota explicativa da Bíblia de Estudo Pentecostal
(CPAD), "o termo original para Virtude' é dunamis, que significa
poder real; poder em ação". "Poder" (dunamis) significa mais do
que força ou capacidade; designa aqui, principalmente, o poder
divino em operação, em ação."80
E bom saber, que esse poder não ficou apenas como
beneficiário dos cristãos do primeiro século, mas estendeu-se até
nós: "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e
a todos os que estão de longe: a tantos quantos Deus, nosso Se­
nhor, chamar" (At 2.39).
Esse poder foi nos dado para que executássemos uma tarefa,
logo, se não a executarmos estamos sendo negligentes com o pro­
pósito do Senhor.
Considerando que devêssemos apenas contar com o poder
do Espírito Santo, o que dizermos dos conselhos paulinos: "Per­
siste em ler, exortar e ensinar até que eu vá". "Procura apresen-

212
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p ara a Escola D om inical

tar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se en­
vergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (1 Tm 4.13 ;
2 Tm 2.15).
Se você observar os versículos 14 e 15 da primeira epístola,
no capítulo 4, entenderá que Timóteo já tinha o dom, mas preci­
sava se dedicar (não despreze) ao charismata recebido, e se ocu­
par, para que a igreja visse a sua produção (aproveitamento).
Quando a igreja e a sociedade como um todo, percebe o nosso
esforço em ajudá-los, são sensibilizados em responder de forma
positiva, isto é, querem retribuir e corresponder com algo, aí en­
tão vêm as ações ou reações, já mencionadas anteriormente. Por­
tanto, seja cordial, hospitaleiro, ajudador, dinâmico e acima de
tudo ouvinte, pois o aluno quer sentir-se valorizado, e isso não é,
nada mais, que direito dele.
Em um mundo cada vez mais impessoal, se soubermos tra­
tar bem as pessoas, satisfazendo-as no sentido comunial da pala­
vra, sendo uma verdadeira comunidade e oferecendo a koinonia
cristã que é aquela peculiaridade básica de "compartilhar algo
com alguém", ou seja, o companheirismo dos crentes em Cristo,
que deve ser encontrado na Igreja, obteremos, assim, como os
apóstolos à aprovação e a simpatia das pessoas (At 2.47), e conse­
qüentemente o "Senhor acrescentará os alunos potenciais á nos­
sa Escola Dominical".
O dinamismo humano é necessário, não há como fugirmos
disso, e não sou eu que estou dizendo, além da Bíblia, vários mes­
tres na Palavra, reconhecem que se houvesse mais dinamismo no
trabalho executado pela equipe da Escola Dominical, com certe­
za o crescimento numérico qualitativamente e quantitativamente
falando, seria bem maior. Pastor Antônio Gilberto um dos maio­
res nomes da Escola Dominical do Brasil, disse em entrevista à
revista Ensinador Cristão: "Se a Escola Dominical, que cuida do
discipulado e do ensino, fosse mais dinamizada, teríamos uma igreja
maior em quantidade e qualidade" (grifo meu).81
Howard Hendricks escreveu em seu clássico Ensinando para
Transformar Vidas: "Os programas de educação cristã em nossas
igrejas é um insulto à inteligência dos alunos".82 E bem verdade

Z\3
M a rk e tin g pa ra a Escala Dom inical

que ao dizer isso, Hendricks estava referindo-se a questão da


qualidade do ensino, que é outra questão que deve ser cuidado­
samente observada antes de você iniciar o trabalho de Marketing
para a Escola Dominical, mas podemos seguramente afirmar que o
atendimento em muitas escolas dominicais realmente é um in­
sulto á presença e assiduidade dos alunos. Por isso, que questio­
no muitas vezes o uso intempestivo e indiscriminado do termo
"evasão". Na maioria das vezes, o aluno não se "evade", ele é
"expulso" com o mau atendimento e tratamento na Escola Do­
minical. E como um cliente que adentra em uma loja, ou qual­
quer outro estabelecimento comercial, faltando apenas dez mi­
nutos para o final do expediente, e nota, no tratam ento
deseducado do vendedor ou atendente, que a sua presença está
incomodando. Como ele se sente? Expulso, é claro. E exatamente
dessa forma que muitos EDs tratam os seus alunos. Por isso, cor­
rijamos a expressão, evadidos não, expulsos.
Mas como tornar a Escola Dominical mais dinamizada?
Basta que dinamizemos a estrutura (recursos humanos e os
serviços), pois a escola em si já é dinamizada: "porque, pela pala­
vra de Deus e pela oração, é santificada" (1 Tm 4.5). Ao dizer isso
o Apóstolo referia-se a questiúnculas de pessoas que restringem
a salvação a coisas que anulam a vicariedade do sacrifício de Je­
sus colocando as obras acima dele, no entanto, podemos aplicá-
lo a Escola Dominical pelo fato de que o texto diz que "tudo que
Deus criou é bom, e recebido com ações de graça, nada é recusá-
vel" (1 Tm 4.4). A Escola Dominical é um projeto de Deus, logo,
se não está dando certo, não é porque Ele tenha criado algo que
viesse a falir, mas porque a intervenção humana na sua execução
tem sido tratada com pouco caso. Se a Escola Dominical possui
um conteúdo tão sublime e tão dinâmico como vemos em 2 Ti­
móteo 3.16,17: "Toda Escritura divinamente inspirada é provei­
tosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em
justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
instruído para toda boa obra", entendemos que sendo o seu pro­
duto, resultado e processo algo dessa importância, é de se crer
que a Escola Dominical é dinamizada pela natureza de sua fun­

214
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

ção, o que precisa ser melhorado são os serviços, os recursos hu­


manos, o atendimento, a recepção e toda a estrutura para acomo­
dar o povo do Senhor.
Para que os nossos serviços sejam dinamizados, a equipe
precisa ser dinâmica. Passamos então a apresentar alguns passos
para que a equipe da Escola Dominical alcance o dinamismo, que
também é chamado de empowerment.
Relacionamento interpessoal — certa vez, após efetuar a liber­
tação de um endemoninhado, Jesus foi acusado pelos fariseus de
ter feito esse milagre por Belzebu, príncipe dos demônios. Na
ocasião, devido sua presciência, Jesus disse uma palavra que de­
veria ser lida em toda reunião de equipe: "Todo reino dividido
contra si mesmo é devastado, e toda a cidade ou casa dividida
contra si mesma não subsistirá" (Mt 12.22-25).
Ora, o que Jesus disse é claro, e ainda deixou subentendido
que no inferno existe "união": "E, se Satanás expulsa Satanás,
está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu rei­
no?" (Mt 12.26)
Agora, pensemos. Nós cristãos, o povo de Deus, perder para
o inferno? Sermos desunidos? Se isso persistir, acabaremos como
os midianitas, destruindo a nós mesmos (Jz 7.22).
Se não sabemos nos relacionar uns com os outros, como pois
saberemos, com mansidão, responder aos de fora a razão da nossa
fé? (1 Pe 3.15)
O dinamismo da eqtdpe perpassa, antes de qualquer coisa,
pela sociabilidade e relacionamento interpessoal, que são, obje­
tos da ciência comportamental, denominada de relações huma­
nas.
Para um bom relacionamento interpessoal, ou seja, horizon­
tal, é preciso que você esteja se relacionando bem verticalmente,
ou intrapessoalmente, isto é, esteja bem consigo mesmo.
Pastor Wagner Tadeu dos Santos Gaby, em sua obra Relações
Piíblicas, define que: "Melhor conhecimento de si próprio gera
melhor conhecimento dos outros!"83
Para um bom relacionamento interpessoal é necessário ser um
bom ouvinte, comunicar-se mais claramente e procurar ser um

215
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

participante eficaz na equipe, você precisa ser o melhor naquilo


que exerce. Essa colocação não é um estímulo a emulação, mas
traz a memória o fato de que cada um deve desempenhar com
excelência sua função na Escola Dominical. Quando Paulo disse
que cada um deve considerar o outro superior a si mesmo (Fp 2.3),
não está dizendo para você se rebaixar, ao contrário considerar o
outro mais excelente que você significa estimular o próximo a pros­
seguir para um desempenho ideal a serviço de Deus e vice-versa.
Procure cultivar autoconhecimento, isso o capacitará a reco­
nhecer e compreender seu estado de espírito, emoções, impul­
sos, bem como o efeito desses aspectos sobre outras pessoas.
Tenha autocontrole, dessa forma você não fará julgamento
prematuros e pensará antes de agir. Ele também lhe auxiliará no
domínio desses impulsos.
Aprenda a ser empático, aceite as pessoas incondicionalmen­
te, coloque-se, no lugar dos seus companheiros. Seja obediente à
Palavra de Deus (Lc 6.34).
Desenvolva automotivação, não dependa apenas de fato­
res extrínsecos (que são na verdade, estímulo e não motiva­
ção). Essa capacidade de ser motivado intrinsecamente pro­
porcionará a você, força e propensão para perseguir os objeti­
vos da equipe com ânimo e persistência. Motivação gera ou­
tras motivações.
Administração do tem p o- Apesar de já ter sido discutido deti­
damente esse aspecto (Parte Dois, capítulo um), achamos por bem,
retoma-lo nesta parte por crermos que é de fundamental impor­
tância.
Segundo escreveu, Fernando Henrique da Silveira Neto, em
seu livro Ganhe Tempo Planejando — seu Dia Pode Render mais:

O tem po se apresenta para nós sob três aspectos sim ultâneos, e


entend ê-lo é essencial para montar uma estratégia para seu uso.
Esses aspectos são:
• Tempo absoluto ou global
• Tempo relativo ou local
• Tempo de escolher e agir

215
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g pa ra a Escola Dom inical

O tempo absoluto ou global significa compreender a época e os acon­


tecim entos que estão influenciando ou m odificando o nosso tempo
e nossa vida.
O tempo relativo ou local significa com preender as atitudes e o com ­
portam ento das pessoas e da sociedade ao interpretarem e aplica­
rem para si próprias o que aprenderam com as m udanças geradas
pelo tempo global: um a postura m ais exigente do consum idor em
relação a produtos e serviços, seja em preço ou qualidade, a busca
de opções de trabalho ou de vida mais próxim as de seus valores, a
valorização do ser e não apenas do ter, um m elhor entendim ento de
seus objetivos.
O tempo de escolher e agir significa ter prioridades e critérios claros
para tom ar decisões corretas na hora adequada, entender o que está
a nosso alcance e custo de alçar vôos m aiores, ter planos que aju­
dem a agir no tempo exato .”4

Apercepção do tempo é bastante útil em relação ao planejamen­


to, pois o mesmo método usado para divulgar a Escola Dominical
no ano passado pode ser o atalho para o fracasso desse ano.
Uma boa administração do tempo requer planejamento de
metas e objetivos e, análise posterior de todos esses fatores no
final de cada trimestre. Essa análise lhe mostrará o ritmo das ati­
vidades da equipe, se retrógrado, mediano ou excelente, em rela­
ção á demanda do momento.
Um sonho - Alguém certa vez disse: "O dia que alguém dei­
xar de sonhar, também deixou de viver". E eu acredito, até por­
que, a única "matéria prima" das grandes corporações quando
iniciaram suas "atividades" era um sonho que se consolidou com
um projeto.
A imaginação é a parte mais importante da realidade, pelo
menos é o que a Bíblia diz: "Porque em esperança somos salvos.
Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém
vê, como o esperará?" (Rm 8.24); "Porque andamos por fé e não
por vista" (2 Co 5.7).
Existem equipes que são como uma determinada pessoa (essa
estória ouço desde que era adolescente), que ouviu o pregador di­
zendo, com base no texto bíblico de Mateus 21.21, que se alguém

217
M a rk e tin g p a ra a E senia Dom inical

tiver fé e não duvidar pode até ordenar a uma montanha que ela
se levite e se precipite no mar isso acontecerá.
Defronte da casa dessa pessoa havia um monte. Antes de se
deitar, na oração, ela pediu ao Senhor que aquele monte saísse de
lá e se precipitasse no mar.
No outro dia pela manhã, nem mesmo o cheiro agradável do
café lhe chamou atenção, foi logo correndo para a varanda, no
intuito de verificar o milagre.
Ao contemplar a sombra que se formava até a sua residência,
pois o astro rei ainda se encontrava por trás do monte, exclamou:
"Ah! Lá está a montanha, bem sabia que ela não sairia dali!"
Ora, se sabia que ela não iria sair, então porque orou? Além
de fazer um sacrifício de tolo (Ec 5.1) ainda pecou por ter coração
duvidoso (Hb 11.6; Tg 1.7,8). Alguém pode estar pensando (e eu
não quero deixá-lo com uma necessidade para não correr o risco
de você fechar o livro e abandonar a leitura): "Mas e se eu orar
com fé. Existe possibilidade da montanha sair?" Todas as coisas,
partindo do pressuposto que foram criadas para agradar a Deus,
só ocorrem no âmbito do sobrenatural, do milagre, se houver uma
razão para que ocorra, do contrário não acontecerá, pois Deus
não fará espetáculo nenhum para que alguém creia no seu poder.
Agora se houver necessidade da intervenção de Deus, pode ter
certeza de que Ele mudará a topografia e quaisquer outras coisas
que lhe convier.
Mas, voltando ao nosso assunto, eu estava dizendo que a
equipe precisa ter um sonho, somente assim terá visão do que
quer, estabelecerá os objetivos e saberá aonde quer chegar.
"Porque, como imaginou na sua alma, assim é" (Pv 23.7). A
Escola Dominical pode até ser pequena, ter poucos alunos, poucos
recursos, mas a equipe que a lidera, tem que ser grande, ou me­
lhor, pensar grande. Pensar grande não quer dizer que não deva­
mos ser sensatos. Querer algo na base do determinismo, na confis­
são positiva ou na "fé na fé" não é sinal de que deseja crescer. Pen­
sar grande significa que devemos crer no potencial da Escola Do­
minical, pois como diz Howard Hendricks: "Nenhum ser hu­
mano está completamente cônscio do poder que há no ensino".

21B
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

A equipe deve possuir uma paixão, e esta paixão é a valori­


zação comum que deve preponderar, o feedback interno que deve
haver, e o marketing de atitude (conforme a atitude da equipe,
uns para com os outros, é possível dobrar o número de alunos),
que deverá guia-la.
"Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se
não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não
vêem são eternas" (2 Co 4.18).
Estabelecimento dos objetivos - A existência de uma equipe con­
siste em seus objetivos.
A necessidade de realizar o sonho da equipe é a maior moti­
vação de seus membros. E como toda necessidade precisa ser
suprida, só haverá tranqüilidade no grupo quando o objetivo
definido for atingido.
Já ouviu falar que, "quem não sabe para onde ir não chega a
lugar nenhum". Pois então, se você e sua equipe trabalham sem
um objetivo é bem provável que já estejam neste lugar errado! O
próprio apóstolo Paulo falou sobre isso quando disse: "Sendo
assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como
quem esmurra o ar" (1 Co 9.26; NVI).
Agora me entenda, não estou me referindo aos objetivos pila­
res da Escola Dominical, que são na verdade a meta final de toda
atividade de mordomia cristã. A meta da Grande Comissão é úni­
ca para a Escola Dominical e para todos os outros departamentos
da igreja, e inclusive da própria igreja, sendo que essa missão será
executada até o último dia que a noiva de Cristo estiver na terra.
Quando falo de objetivos, estou falando sobre conquistas em
relação ao aumento do número de alunos, à aquisição de recur­
sos audiovisuais (tecnológicos ou manuais), a ampliação predial
e tantos outros que cada equipe definir.
Fica como dica algumas observações que devem ser analisa­
das antes do estabelecimento de objetivos.
Certifique-se de que seus objetivos sejam:
• Formulados com clareza e plausividade;
• Mensuráveis através de cronogramas;
• Desafiadores, mas realistas e atingíveis;

219
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

• Que sejam compensadores;


• Que possam ser compatíveis com o célebre versinho de
Rudyard Kipling (autor inglês nascido na índia em 1865):

I Kept six honest serving men;


The taughth me ali I Knew.
Their nam es were w hat, and why, and when, and how, and where,
and who.

Na forma aportuguesada e numa tradução livre, ele seria mais


bem entendido da seguinte maneira:
Tive seis homens honestos trabalhando para mim;
Eles me ensinaram tudo o que sei.

Seus nom es eram quê e porquê e quando,

E como e onde e quem.

Para utilizar esses "seis homens honestos", basta responder


as seis perguntas:
Quê objetivo?
O porquê desse objetivo?
Quando começar a luta pela conquista desse objetivo?
Como proceder para atingir esse objetivo?
Onde executar o plano estratégico para o alcance desse objetivo?
Quem executará o plano estratégico para o alcance desse objetivo?
Os objetivos também podem ser divididos em três grupos
ou níveis de atuação:
Gerais;
Específicos;
Comportamentais ou Operacionais.
Os gerais dizem respeito a toda equipe, os específicos a cada
departamento e os comportamentais ou operacionais aos dois gru­
pos da Escola Dominical (docência/discência). Os objetivos que
visam mudanças de atitude e postura têm os dois grupos como
sujeitos do processo.
Não esqueça uma coisa, se os objetivos forem irreais, isto é,
elevados demais, é provável que a equipe não os alcancem e sinta-

22D
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

se sempre como incapaz. Da mesma forma se eles forem muitos


simples e fáceis de alcançar, a equipe pode se desinteressar e tor­
nar-se uma daquelas que sempre realizam menos do que poderia
realmente realizar. Por isso, volto a insistir, é necessário pesquisar
para conhecer o contexto em a sua Escola Dominical está inserida.
Um outro pormenor que não se deve esquecer, é fazer uma
lista dos objetivos a ser alcançados e distribuir uma cópia a cada
membro da equipe, bem como deixar claro á parte prioritária que
cabe a cada um para que esses objetivos sejam alcançados:
P R IO R ID A D E O B JET IV O
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10

"Vença um obstáculo de cada vez", esse foi um conselho que


recebi do pastor Wagner Gaby, e que me sinto tocado a partilhar
com você nessa nova etapa e início de seus trabalhos. Uma última
coisa que é interessante acentuar. Não engesse o seu trabalho em
metodologias que você percebe que não estão funcionando, pois o
alcance dos objetivos não é um trabalho executado de forma line­
ar. Não importa o quanto seja difícil para nós ocidentais entender
isso (lembra-se da "linha do tempo" das aulas de História, aquela
que existe em todos os livros de História, mostrando que dormi­
mos em uma noite na Idade Antiga e acordamos na outra vivendo
na Idade Média), o alcance dos objetivos é algo dinâmico e que
não raramente possui muitos percalços, portando o processo é
cíclico. Para sair de onde você e sua equipe estão até chegar no
alvo proposto, com certeza o diagrama para representar isso seria
mais parecido com um raio daqueles em dia de tempestade.
Brainstorm - O clima está tenso, parece não haver solução
para o problema que obstaculiza o alcance do objetivo. De repen-

221
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

te, um grito! E pronto. É o que basta para o desenrolar de um


grande dilema, é o insight, o "heureca", a grande (ou pequena?)
idéia que poderá solucionar todo o problema da equipe.
Pode até parecer brincadeira, mas não é. Atualmente as gran­
des empresas instituíram cargos como vice-presidentes do conhe­
cimento, de aprendizagem ou de capital intelectual.
Esse tipo de atividade é considerado "uma mina de ouro",
pois não tem concorrência. E possível copiar, plagiar, piratear
qualquer coisa, mas não se pode imitar Q.I. (Quociente de Inteli­
gência), nem tão pouco criatividade.
Penso que talvez, Salomão ao escrever muitos textos de Pro­
vérbios, estava sendo usado por Deus para profetizar sobre o
mercado de inteligência e a Sociedade do Conhecimento, quan­
do disse: "Adquire a sabedoria, adquire a inteligência e não te
esqueças nem te apartes das palavras da minha boca". "A sabe­
doria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo
que possuis, adquire o conhecimento". "Compra a verdade e não
a vendas; sim; a sabedoria, a disciplina, e a prudência" (Pv 4.5,7;
23.23). Essas são coisas que atualmente fazem diferença no currí­
culo de qualquer pessoa, saber conviver, ser disciplinado, pru­
dente e ter domínio próprio são adjetivos que as empresas pro­
curam no perfil de seu candidato. E como eles denominam de
"Inteligência Emocional", e a Bíblia há séculos, chama de Fruto
do Espírito (G15.22,23).
Ocorre que muitas vezes, por não termos o hábito de escre­
ver, acabamos não anotando as idéias que surgem em conversas
informais, quando com apenas uma pequena lapidação, a idéia
se transformaria em um grande nicho,*** ou seja, uma atividade
que nos daria resultados exponenciais, sem muitos gastos com
recursos.
Permita-me utilizar um versículo como aplicativo do que
estamos analisando: "Então, o Senhor me respondeu e disse: Es­
creve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa
ler o que correndo passa. Porque a visão é ainda para o tempo de­
terminado, e até ao fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o,
porque certamente virá não tardará" (Hc 2.2,3).
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Essa "Tempestade de idéias" denominada de Brainstorm é de


valor inestimável e deve ser catalogada e armazenada.
A administração de um sonho requer uma idéia. Mas talvez
essa idéia não "nasça" já adulta, por isso gosto muito de um slogan
do Jornal Folha de São Paulo: "Nenhuma idéia nasce perfeita. Dê-
lhe uma chance para crescer". Podemos até citar um texto bíblico
para exemplificar melhor essa verdade: "Quem está entre os vi­
vos tem esperança, até um cachorro vivo é melhor do que um
leão morto!" (Ec 9.4 - NVI)
As grandes marcas existentes hoje no mercado nasceram de
uma idéia e transformaram-se em uma potência.
Os superintendentes criativos que possui membros criativos
em sua equipe de trabalho devem aproveitar essa "mina de ouro",
pois de uma idéia fortuita pode surgir uma pesquisa, um diag­
nóstico, um projeto e a resolução de uma grande campanha. Na
economia divina as coisas acontecem assim. Deus poderia ter feito
Jesus surgir na Terra já adulto, mas não, Ele permitiu que o seu
Filho nascesse pequeno e frágil como qualquer outra criança. Ele
tornou o Verbo em carne (Jo 1.1), isso é que é criatividade! Esse
tipo de coisa é tão estimulado e valorizado atualmente que até
mesmo nos cursos de Pedagogia a "arte em educação" é um cam­
po de atuação em franco crescimento, visando o quê? O interesse
e a satisfação dos alunos.
Em um folheto sem autor, coletado no ano de 1991, em
Curitiba (PR), foram expostas 99 maneiras de se "matar" e exter­
minar uma idéia. Anexo a esse texto existe quatro requisitos que
estimulam o desenvolvimento da criatividade; deixe-me parti­
lhar com você algumas partes que julgo ser as mais relevantes,
iniciando pelas maneiras:85
Isso não m e entusiasm a nem um pouco.
A gente já tentou isso antes e não funcionou.
Isso não se adapta ao nosso sistema.
E quem é que vai fazer?
Esse "n eg ó cio " vai custar uma grana!
N ão está de acordo com os nossos padrões.

223
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

Nós estam os preparados para fazer isso?


Não se m exe em tim e que está ganhando.
Ah, m as o com putador não vai conseguir processar!
Não é do nosso jeito!
E sim ples demais!
E com plicado demais!
M as até que ponto isso é válido?
N ão vai dar tem po de fazer.
Boa idéia, mas im plica em alguns custos...
O que é que isso tem de novo? E daí?
O que isso soluciona, cria de problemas.
Essa não é sua função.
Isso não é trabalho seu.
Por m im tudo bem ... M as...
Isso rião é do m eu departam ento.
Grande idéia - m as não para nós.
Não vai funcionar...
Vai pisar no calo de m uita gente.
Isso é muito tentador, mas...
Isso é muito interessante, mas...
Isso é realm ente fantástico, mas...

Vejamos parcialmente os quatro requisitos estimuladores da


criatividade:
1. Colecione idéias:
Colecione suas próprias idéias. Não confie na memória. Te­
nha sempre à mão papel e caneta para anotá-las. Você não pode
prever quando irá precisar delas. E, se não as anotar, poderá per­
der ótimas idéias. Além disso, o registro favorece o surgimento
de novas idéias.
2. Exercite a criatividade:
Todos os dias anote pelo menos uma idéia sobre como me­
lhorar seu desempenho nos estudos ou no trabalho de seu pai ou
de sua mãe, como ajudar a escola onde estuda ou firma em que
trabalha e como melhorar sua cidade ou seu país.

Z24
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

Escolha uma hora em um lugar para pensar alguns minutos,


todos os dias. Tente criar algo nesses momentos. Associe idéias.
Combine. Adapte. Modifique. Aumente. Diminua. Substitua. Re­
organize. Inverta.
As grandes e novas idéias nascem a partir de pequenas e ve­
lhas idéias. Ninguém é absolutamente original.
3. Mantenha-se saudável:
Evite coisas que enfraqueçam ou prejudiquem sua mente. Fuja
do barulho, da fadiga, do negativismo, do álcool, do fumo, dos
tóxicos (dessas coisas já estamos livres!), das dietas desequilibra­
das e dos excessos em geral.
4. Ponha suas idéias em prática:
Nenhuma idéia nasce perfeita, por isso é bom submete-la à
apreciação de outros. Talvez lhe dêem sugestões que poderão
ajudá-lo há entende-la. Mas se isso não acontecer e você não en­
contrar a apreciação ou o apoio que esperava receber, não desani­
me. Coragem. As idéias novas geralmente são recebidas com zom­
baria e desconfiança.
Quando Akio Morita, o presidente da Sony, bolou o walkman
ninguém se entusiasmou pela idéia. Mas ele fez valer sua intui­
ção e seu talento para o negócio e disse que desistiria da presi­
dência da empresa se não vendessem pelo menos cem mil da­
queles aparelhos até o fim do ano.
E você conhece o sucesso mundial que o walkman se tornou.
Além disso, uma idéia razoável colocada em prática tem
muito mais valor que uma grande idéia arquivada.
Sugiro também que os líderes de cada departamento se retinam
para a lapidação de suas idéias, e que cataloguem todos os pensa­
mentos que surgirem. Por mais absurdos que esses forem, podem
em um futuro, não muito distante, serem os paradigmas em vigor.
Feedback de 360 graus - Desde o final da década de 80, os es­
pecialistas em recursos humanos criaram um sistema de avalia­
ção de funcionários baseados em feedbacks confidenciais de seus
colegas de trabalho. A medida revolucionou os modelos conven­
cionais de avaliação de desempenho, mas precisa de algumas
revisões para não desviar o foco de atuação nos dias de hoje.

225
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Uma vez mais utilizamos a idéia, mas a tornamos adequada


à nossa realidade, tanto que se tratando de dinamismo inserimos
ela como tiltimo ponto.
Como a maioria dos educadores sabe, "feedback", quer di­
zer "realimentação" ou "retroalimentação", e consiste em verifi­
car o próprio desempenho.
A circunferência que o compasso faz é de 360 °, quando, ao ser
girado em torno do seu eixo central, formamos um círculo.
No modelo empresarial ele tem uso sigiloso e sem partici­
pação da diretoria, mas no nosso caso, ele será usado não só
como um instrumento de avaliação de desempenho, mas como
um dinamizador de reuniões, onde as adversidades e os suces­
sos do trabalho de cada um serão compartilhados, para que to­
dos pensem com ele, inclusive a superintendência da Escola
Dominical.
Por exemplo, quando os círculos de oração foram fundados,
receberam esse nome, devido às irmãs formarem um círculo no
final das reuniões. Não existe nada de posição física que possa
ser mais privilegiada para Deus abençoar, mas era uma forma de
cada irmã se sentir mais próxima da outra. A impressão que isso
causa as pessoas, é que a fé delas aumentam (Js 6.1-27).
Nas reuniões para feedback de 360°, assim como sugere o
nome, é recomendável aos participantes que serão os represen­
tantes de cada departamento, sentarem-se em forma de círculo,
de maneira que todos possam se entreolhar, evitando os transtor­
nos das reuniões tradicionais, onde quando um membro da equi­
pe que está na última fileira de bancos fala, vira-se todo o auditó­
rio para ver quem está falando.
A reunião girará em torno de dados concretos, visto que os
temas expostos são fatos que cada participante colheu em seu
campo de atuação, seja docente, recepcionista, bibliotecário, en­
fim todos.
E tornando realidade o ditado de que "duas cabeças pensam
melhor do que uma"; imagine várias cabeças!
A reunião deverá se dividir em 5 fases:
a) Analisar sintomas;
E stru turan cfa a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

b) Estabelecer causas;
c) Gerar soluções;
d) Testar a solução escolhida em condições operacionais;
e) Monitorar a solução escolhida.
Em um segundo momento, ou seja, em uma outra reunião, a
equipe deverá em uma análise pormenorizada, empreender ou­
tras 5 etapas finais, é a "peneiração":
f) Relatar;
g) Aconselhar;
h) Recomendar;
i) Decidir;
j) Implantar.
O modelo de atuação deve se levar em conta o não-funciona-
mento, daí o porquê de falarmos na primeira reunião em testar a
solução escolhida na prática e supervisionar a solução para veri­
ficar sua aprovação.
Somente na segunda reunião, após cada um ter posto em
prática a solução, é que será definitivamente decidido, "batendo
o martelo", como sinal de aprovação ou não, da implantação da
idéia.
Essa maneira de trabalhar, além de gerar soluções reais, ain­
da desenvolve interatividade entre todos, não se perde tempo,
"sonhos" são relatados, objetivos são estabelecidos e uma "tem­
pestade de idéias cai" sobre os membros da equipe.
O resultado final de tudo isso, é aquilo que relatamos no início
de nossa abordagem sobre dinamizar a equipe, o provocamento
de sinergia que é "a associação dos esforços de todos para atingir o
alvo determinado".86Somado ao empowerment que é a energização.
No nosso caso, temos um Dinamizador (At 4.31), que nos enche de
vigor e disposição para executarmos essa obra tão linda e tão subli­
me que é atrair, conquistar e manter alunos na Escola Dominical.

Serviço Personalizado

Quando disse que, ao falar da precisão, de versatilidade, agi­


lidade e dinamismo, referia-me exclusivamente a equipe, falei,

2Z7
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

levando em conta o perfil do material didático com que trabalho,


que pode não ser o mesmo que você utiliza. Após o entendimen­
to dessas características, sugiro que o leitor observe no momento
de adquirir o material didático para a Escola Dominical, se esse
possui os seguintes requisitos:
O material deve ter identidade adequada a todos os níveis
de ensino (berçário até a fase adulta), inclusive o de discipulado;
O projeto visual do material deve ser de alta qualidade, com
a diagramação adequada às faixas etárias;
Deve-se ter material diferenciado para os professores, visan­
do atendê-los pedagogicamente;
É preciso que os comentaristas do material tenham idonei­
dade reconhecida dentro do contexto evangélico;
É de capital importância saber a procedência do material, a
banca de avaliação pela qual ele passa (Conselho de Doutrina,
Consultoria Teológica e Doutrinária, Equipe Pedagógica, etc);
É necessário que o material obedeça a um planejamento curri­
cular, pois todo ensino tem uma política educacional que o norteia e
conseqüentemente o subsidia, por isso, é preciso saber, claramente,
quais os objetivos do círculo de estudo daquele currículo.
Essa pequena descrição servirá como instrumento de avalia­
ção do seu material didático. Pois, se o seu material não se ade­
quar a esses mínimos parâmetros, é bem provável que não adi­
antará você dinamizar a equipe, porque será como alguém que
tem cem reais no bolso, mas está morrendo de fome e sede, pois
de que lhe serve ter dinheiro e não ter onde comprar.
Mas pressupondo que o seu material seja de qualidade, e que sua
equipe seja dinâmica, pergunto: E os seus serviços, são qualificados?
Lembre-se: A equipe representa a Escola Dominical, valida
ou não a imagem que ela têm na igreja e na sociedade. Da dispo­
sição em atender os alunos dependerá a imagem que farão da
Escola Dominical.
Pesquisas demonstram atualmente que as pessoas estão mui­
to preocupadas com o fator escolar. Tanta preocupação justifica-
se com o fato de que a probabilidade de "ser alguém na vida"
está condicionada em 75% na Educação, em contradição a herança
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

paterna que conta com apenas 20% de expectativas. Algumas


observações são sugeridas pelos especialistas aos pais na hora de
matricularem seus filhos:87
Localização - Prefira colégios situados próxim o de residências ou lo­
cal de trabalho, evitando o estresse de grandes locomoções.

Projeto Pedagógico - Peça para conhecer o material didático, pergunte


como são feitos os trabalhos em sala, as avaliações e a recuperação.

Temas Polêmicos - Inform e-se de como são tratados assuntos delica­


dos com o sexualidade, agressividade, drogas, aborto etc.

Professores - O ideal é que eles tenham nível superior até a educação


infantil e alguma especialização a partir do ensino fundamental.

Relações interpessoais - O bserve com o são as relações entre alunos,


professores, e funcionários. D evem ser m arcadas por cordialidade e
respeito.

Referências - Visite a escola em diferentes horários e converse com os


pais de veteranos para ter uma visão real do estabelecimento.

Estrutura - N ote se a escola tem um espaço físico com patível com as


atividades oferecidas (não é necessário que seja grande).

Segurança e Limpeza - Fique atento se há profissionais na portaria para


orientar a entrada e saída dos alunos. Observe também a limpeza.

Segundo os especialistas, esses são requisitos mínimos que


uma escola deve preencher.
E então? Pode o maior educandário religioso do mundo, se
descuidar ante os desafios que se lhe estão expostos nesses no­
vos tempos?
Os paradigmas educacionais mudaram, e nós não acompa­
nhamos, esse é o problema!
Não temos como isolar a igreja desse contexto, pois os nos­
sos filhos, nossos jovens e adolescentes estão estudando nas es­
colas seculares.

223
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Sobre esse assunto, disse pastor Antônio Gilberto: "O Gover­


no não investe em cidadãos que terão uma vida tão curta? Será
que não vale à pena investir em vidas que durarão à eternidade?
E que atração exercerá a Escola Dominical para nossos jovens,
que na escola secular encontram tudo atualizado, enfeitado, ban­
cos apropriados, computadores, e, quando chegam na ED, pare­
cem que regrediram cem anos?"88
E você que achava que fazer marketing era só propaganda!
Se fizéssemos isso antes de nos adequarmos à nova realida­
de, seria um tremendo prejuízo para a Escola Dominical.
No mundo atual, qualidade de serviços faz a diferença, e é
fundamental.
O que descrevemos acima, lhe poupou algumas pesquisas de
atualização, os oito itens que compilamos é um bom referencial para
você se adequar aos novos tempos, e então começar a trabalhar.
Não se esqueça que imagem e atendimento recepcionai são
coisas sérias, e que definem o sucesso ou insucesso de qualquer
organização.
"Ah, César, o Espírito Santo garantirá a freqüência de alunos
em minha Escola Dominical!"
Como? Com os banheiros há mais de 15 dias sem serem limpos?
Com recepcionistas que mais parecem guarda-costas que
cristãos?
Com professores desatualizados, e cuja preocupação é "passar o
conteúdo", não se importando com as necessidades dos alunos?
Com as carteiras das classes todas quebradas, e com cadeiras
faltando pedaços e desfiando a roupa dos alunos?
Se essa parte estrutural não fosse necessária, Josias não pre­
cisaria ter restaurado o templo (2 Rs 22—23; 2 Cr 34— 35).
Portanto, cuide bem desse aspecto, e só depois pense em
anunciar sua Escola Dominical como a melhor escola do mundo.
Por hora, ficarão algumas dicas para um bom atendimento
(válidas para toda a equipe):

• Atenda prontamente o aluno. Se estiver com o outro recep­


cionista, interrompa, atenda o visitante e só depois volte a con­

Z3U
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

versar. O ideal é evitar conversas paralelas no momento em que


estiverem recepcionando. Esse mesmo princípio vale para o pro­
fessor. Se um aluno solicitar sua atenção, interrompa o que esti­
ver falando e o atenda;
• Fale com clareza e objetividade;
• Trate o aluno com cortesia;
• Identifique as necessidades do aluno (assim você o atende­
rá melhor no que ele precisar);
• Se o aluno ou visitante não souber se expressar, ajude-o,
mas nada de sarcasmo;
• Chame-o de senhor, senhora, ou você (segundo a predile­
ção do aluno/visitante);
• Agradeça, peça por favor ou licença;
• Muito mais que informação (com a qual muitas vezes ele
nem saiba lidar), o aluno está interessado em sanar suas dúvidas
e satisfazer suas necessidades;
• Adquira habilidade de expressão, tanto no falar, como no
olhar para o aluno, use empatia;
• Espontaneidade é vital. Se não a tivermos, e agirmos como
robôs, vamos colocar barreiras entre nós e os alunos;
• Mantenha a aparência bem cuidada, barba feita, e vestindo-
se de forma adequada e asseada, nada de extravagâncias de cores;
• Controle emocional é fundamental. Geralmente aparece um
"engraçadinho", e por causa dele, você pode perder o crédito com
toda sala, portanto, seja amoroso, educado e paciente;
• Nas relações com outros membros da equipe, seja educa­
do, trate-os de maneira agradável;
• Todos devem estar inteirados sobre a lição (principalmente
a dos adultos), que está sendo estudada naquele dia, bem como
outras informações (Ex: tema, comentarista, etc.).

Evite terminantemente:
• Falar com a boca cheia ou com caneta, palitinhos ou qual­
quer outro objeto na boca;
• Comentar problemas de outros alunos, mesmo que o nome
dele não seja citado;

231
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

• Reclamações, pois ninguém gosta de pessimismo, a não


ser que seja outro pessimista. Então, reclamar do insucesso, é
passar uma imagem negativa da Escola Dominical;
• Apoiar grupinhos ou "panelinhas", integre todos os alu­
nos, e dispense atenção incondicional a cada um deles;
• "Descontar" nas pessoas os seus problemas pessoais, dei­
xe-os com Jesus;
• Discutir com alguém da equipe diante dos alunos, pois é
bom lembrar que as reuniões são o lugar de debater e divergir
para acertar;
• Falar muito alto ou muito baixo, dar risadas em tom de
deboche.

E bom que se tenha em mente, que os enunciados acima,


são apenas dicas, mas você não deve se contentar apenas com
essas que foram mencionadas, antes procure melhorar cada vez
mais.
Uma das maiores deficiências de nossas Escolas Dominicais
atualmente são o seu SAA (Serviço de Atendimento ao Aluno). A
falta de calor humano, e da demonstração de que a equipe está
ali para servi-los, toma a Escola Dominical um lugar de martírio,
onde impessoalidade e frieza relacional são coisas corriqueiras.
Daí o porque de alguém achar que a Escola Dominical seja algo
dispensável.
Existem ainda, aqueles "santarrões" que dizem: "Se quise­
rem é assim, eles é que precisam de Deus". Para isso, citam
versículos isolados como João 6.66,67.
As pessoas que se posicionam dessa forma, esquecem de
observar outros textos bíblicos e não possuem nenhuma visão de
Reino.
Essas pessoas apresentam um texto bíblico esquecendo que
existem dezenas de outros, onde entendemos por inferência que
o Reino de Deus é composto de pessoas, e que sem elas não exis­
te razão de ser, por exemplo: "Mas se por causa da comida se
contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas
por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. Não

232
E s tru tu ra n d o a Equipe do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

seja, pois, blasfemado o vosso bem; porque o Reino de Deus não


é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito
Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e
aceito aos homens. Sigamos, pois, as coisas que servem para a
paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas
por causa da comida a obra de Deus" (Rm 14.15,20a, grifos meus).
Leia novamente o texto. Conseguiu entender o que é Reino
de Deus? Sim, justiça, paz e alegria no Espírito Santo, para ser
desfrutado por pessoas, e não por Deus, por Jesus, pelo Espírito
Santo e seres angelicais.
Eles não precisam desses "estados de espírito" ou sensações
de bem-estar, ou seja, Eles (Pai, Filho e Espírito Santo) são a pró­
pria Justiça, Paz e Alegria.
Na continuidade o apóstolo diz: "Porque quem nisto (justiça,
paz e alegria) serve a Cristo (recepciona as pessoas), agradável é a
Deus (adora) e aceito (conquista) aos homens".
Observe a parábola da grande ceia (Lc 14.15-24), o versículo
diz: "Bem aventurado o que comer pão no Reino de Deus!"
Logo após Jesus começa a descrever a parábola, e dizer que os
convidados (povo de Israel), não quiseram comparecer. Mas a or­
dem do dono da ceia aos seus servos foi: "Sai depressa pelas ruas e
bairros da cidade e traze aqui os pobres, e os aleijados, e os mancos,
e os cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ain­
da há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e atalhos
e força-os a entrar, para que a minha casa se encha" (Lc 14.21b-23).
Os pobres, aleijados, mancos e cegos representam os gentios
que necessitam de Salvação, ou seja, constituem a "clientela" atual
do Reino de Deus, os que estão a fim de comer o pão.
Portanto, o Reino de Deus é composto por pessoas para des­
frutar de ju stiça , paz e alegria no Esp írito Santo, eis as
supervantagens e os hiperbenefícios que se tem, quando estas
decidem "pagar" o preço de servirem a Deus.
Sobre atendimento é bom que a equipe atente mais uma vez
para a Palavra: "Porque o Filho do Homem também não veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de mui­
tos" (Mc 10.45, grifos meus).

233
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

"E subi por uma revelação e lhes expus o evangelho que pre­
go entre os gentios que particularmente aos que estavam em esti­
ma, para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse cor­
rido em vão" (G1 2.2).
No primeiro versículo, a afirmação é do próprio Senhor Jesus,
o maior líder da História, quando do pedido dos filhos de Zebedeu,
e nos ensina que devemos servir. A segunda é do apóstolo Paulo,
que dizia que se não fosse para anunciar o evangelho (o que pres­
supõe ganhar almas), as suas viagens missionárias teriam sido "cor­
ridas em vão" ou "turismo missionário", que, diga-se de passa­
gem, é o que atualmente muitos descompromissados que se di­
zem missionários estão fazendo.
Aos membros do grupo que nos acompanha, fica aqui o con­
selho de Jesus à sua equipe: "E qualquer que, dentre vós, quiser
ser o primeiro será servo de todos" (Mc 10.44).

* Exata conceituação, História, Organização e Administração, Promoção e Possibilidades da


Escola Dominical.

* * Coleção organizada e inter-relacionada de dados permanentes acerca de uma


pessoa.

**» pjg. Emprego rendoso e pouco trabalhoso.


C a p ítu lo 4

Implementando a Marketing
para a Escala Dominical

A primeira vez que estive em uma aula de Es­


cola Dominical estava com mais ou menos onze
anos, mas uma das lembranças vívidas que conser­
vo em minha memória, foi o modo carinhoso como
fui recepcionado e tratado.
Hoje, depois de quatorze anos, entendo que
sem o saber, aquela equipe de professores e recep­
cionistas usou marketing de relacionamento, e esse
era o diferencial que garantia àquela pequena igre­
ja à cifra de 100% de freqüência de sua membresia
na Escola Dominical. Com os visitantes, somava-se
ao todo cerca de 350 alunos, uma quantidade re­
corde em relação ao tamanho daquela igreja.
A diferença estava no fato de que, o lugar onde
assistia às aulas de catecismo não havia sequer as­
sento suficiente para todos os alunos. E era, portanto
M a rk e tin g p ara a Escola Dom inical

incômodo ficar uma hora e meia, equilibrando o caderno, o livreto


e uma Bíblia (por sinal, bem mais pesada que a nossa), nas mãos.
A idéia não soou muito bem aos ouvidos da cúpula católica
da cidade, pois, aquela Escola Dominical já havia conquistado o
meu pai, um de seus melhores ministros da eucaristia e sacerdote
leigo. Ele havia renunciado a batina e a posição de liderança que
exercia, para aprender a Palavra aos pés de um "protestante".
E como se não bastasse, lá estava agora um de seus acólitos mais
aplicado nos serviços da igreja, a freqüentar aquela escola. Não pense
que deixaria de ir à missa no domingo pela manhã ou que me resigna­
ria da posição de coroinha, por qualquer coisa. O que aconteceu foi
obra do Espírito Santo unida à disposição de uma equipe dinâmica e
eficiente que aquela igreja possuía, como não poderia deixar de ser, a
obra do divino em consonância com o trabalho humano.
Mal posso esquecer, do desejo que tinha de poder ler um
versículo, daria tudo por essa oportunidade. O professor era um
homem simples, mas sua sensibilidade empática era tamanha, e
quase não acreditei quando ele disse: "O jovem que está nos visi­
tando pode ler este texto, por favor?"
Quase tive um chilique por ter uma chance daquelas, aquele
simples ato ganhou um aluno para a Escola Dominical, e o me­
lhor não era um aluno comum, mas um "aluno em potencial",
um menino de posição influente que em pouco tempo trouxe mais
alguns amigos para também serem alunos daquela escola.
Nunca pertenci àquela denominação, porém jamais esquecerei
do amor daquela igreja despendido à Escola Dominical. Possuía salas
de aula, EBF (Escola Bíblica de Férias), e várias outras atividades que
atualmente faltam em muitas das Escolas Dominicais da modernidade.
Se naquela época o Marketing para a Escola Dominical já era
um fator determinante, imagine hoje!
O único problema de se fazer marketing inconscientemente é
não poder explorar totalmente sua capacidade e eficiência, não se
atualizar e persistir usando métodos ultrapassados e ineficientes.
Essa talvez seja a causa da evasão experimentada atualmen­
te pela Escola Dominical daquela igreja, e a mesma que quase
arruinou a que dirijo.

235
Im p le m e n ta n d o o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Para que isso não aconteça com a sua, observe alguns pontos
cruciais no momento de implementar o marketing para Escola
Dominical:
• Pesquisa de m ercado - Toda e qualquer atividade do
marketing depende do público. Quando mencionei que há 220
anos, Robert Raikes praticou marketing, não estava brincando.
Observe que ele fez uma análise do mercado antes de criar a
Escola Dominical. Raikes fez a si mesmo, a célebre pergunta cha­
ve do marketing: "Quem é o cliente?"
Depois de certificar-se que seu público era crianças margina­
lizadas, implementou um projeto que seria submetido a três anos
de experimento (Testou a solução em condições experimentais).
O resultado você já sabe. Um pequeno grão de mostarda que se
transformou em uma gigantesca árvore.
Pois bem, o mercado para se fazer marketing para Escola
Dominical abrange praticamente todas as pessoas. Porque "pra­
ticamente todas as pessoas"? Porque a exceção, é claro, refere-se
a irmãos de outras denominações evangélicas. Pois, não é nosso
intuito e nem precisamos fazer proselitismo.
O que é preciso descobrir, são as oportunidades que o merca­
do oferece, e para verificar esse aspecto, é preciso averiguar ou­
tras especificidades:

Mercado interno:
Quantos membros têm a igreja?
Quantos freqüentam a Escola Dominical?
Quais as culturas e\ou costumes da igreja?
Qual tipo de atividade trabalhista que prepondera entre os mem­
bros da igreja (trabalham aos domingos?)
Qual o número de faixas etárias que existe?

Mercado externo:
São evangélicos?
Não são evangélicos?
São evangélicos de outras denominações? Quais? (cuidado para
não pescar em aquário).

237
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Quais as religiões que predominam na área de atuação? (espíri­


tas, budistas, cultos afro-brasileiros etc)
Qual o nível social das pessoas?
Quais as atividades exercidas pelas pessoas aos domingos?

Essas, e outras perguntas oferecem condições para uma ava­


liação das perspectivas reais do mercado.
A oportunidade de marketing está situada em, pelo menos,
três degraus:89
a) Fornecer algo escasso.
b) Fornecer, de maneira nova ou, melhor, um produto ou ser­
viço existente.
c) Fornecer um novo produto ou serviço.
Já falei sobre esse assunto, mas não é demais avisar nova­
mente, que precisamos ter cuidado para não sermos confundidos
com m uitas denom inações "m a rk e te ira s", que descom -
promissadas com a Palavra de Deus, prometem "mundo e fun­
dos", sem poderem cumprir, até porque elas estão prometendo e
comercializando o que não lhes pertence.
Dessa forma, prometendo o que a Palavra de Deus nos dá
direito, penso que com a graça de Deus e um trabalho sério, é
possível termos as três oportunidades de marketing para os dois
mercados.
Agora, é bom que se diga, que uma coisa é identificar as opor­
tunidades, e outra bem diferente é transformar essas oportuni­
dades, em necessidades que precisam ser satisfeitas com os ser­
viços e o "produto" que a Escola Dominical oferece (acerca disso
trataremos no capítulo seis).
• Fragm entação de mercado - Também conhecida como
segmentação, definição de público — alvo e posicionamento.
No caso da Escola Dominical que dirijo temos nove segmen­
tos com material didático distinto para cada faixa etária.
Mas atualmente não é novidade encontrarmos escolas com
subdivisões dentro das faixas etárias, principalmente na dos adul­
tos, tais como: classe dos obreiros, classe para casais, classe para
pessoas de terceira idade, etc.

Z3B
Im p le m e n ta n d o □ M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

Evidentemente que essa fragmentação é necessária, pois cada


grupo possui necessidades específicas, dentro das gerais e co­
muns a todas as outras pessoas. Esse aspecto já foi mencionado
no último capítulo da Parte Dois.
Precisamos nos posicionar, quer dizer, cada professor que
leciona para qualquer grupo desses, precisa aprender como lidar
com ele, ou seja, com as suas peculiaridades, diferenças e
heterogeneidade, de modo a tornar evidente os benefícios — cha­
ves e a diferenciação que existe entre aqueles que freqüentam a
Escola Dominical em relação aos que não são alunos.
O marketing para a Escola Dominical deverá ser preparado
de modo diferenciado para cada um desses segmentos. Por esse
lado vemos que um aviso restrito do que vai ser estudado no
domingo, como por exemplo: "Irmãos, amanhã estaremos estu­
dando, a Lição n° 9 que trás o título: Aos obreiros do Senhor, é total­
mente vazio para os outros segmentos.
Perceberam? A forma de aviso toma-o totalmente impreciso para:
crianças, irmãs, adolescentes, jovens e irmãos que não sejam obreiros.
A melhor forma talvez seria: "Irmãos e amigos, amanhã nós
iremos aprender sobre o cuidado que os obreiros tem por cada
um de nós. Na oportunidade serão oferecidas aos ministros no­
vas formas de atenção para a igreja nos dias em que vivemos".
A abrangência deve ser a maior possível, sempre se desta­
cando os benefícios que se encontram agregados em o aluno fre­
qüentar a Escola Dominical.
Para as crianças deve se pensar em algo bem mais criativo e
atrativo, para os adolescentes o desafio em elucidar temas
conflitantes (puberdade, masturbação, homossexualidade, etc.)
e aos jovens a oportunidade de desenvolver dons e dirimir dúvi­
das sobre namoro, noivado e casamento, evidentemente que tudo
isso à luz da Bíblia que é a nossa bússola e regra de fé e prática.
Não temos como decidir alcançar apenas um público-alvo,
nosso trabalho deve levar em conta a heterogeneidade do Reino
de Deus (Mt 18.1-14; Mc 9.36,37; Lc 9.46-48).
Você deverá descobrir as necessidades específicas da sua
região (as gerais estão à disposição, na Parte um, capítulos três

239
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

e quatro), e apresentar as possíveis satisfações para esses alu­


nos, dentro de cada faixa etária com suas respectivas expecta­
tivas.
• Projetar o mix de marketing - esse composto é aplicável no
marketing para a Escola Dominical, e se não for devidamente
analisado pode levar todo o projeto à ruína.
E claro que ele deverá levar em conta toda a pesquisa efetua­
da anteriormente, pois somente assim, sua eficácia estará garan­
tida. Vejamos os quatro Ps, de forma contextualizada:
a) Produto: Como afirmou Kotler, que existem produtos - ser­
viços e serviços - produtos, assim é toda a atividade educativa
empreendida pela Escola Dominical.
Veja que o material didático adquirido pelo aluno é um pro­
duto, que agregado aos serviços prestados pela equipe da Escola
Dominical, possui um valor de utilização imensurável para o
educando.
Entretanto, a tônica do marketing, deve recair sobre os servi­
ços, pois só existirá Escola Dominical se existir alunos para que
possamos prestar nossos serviços á eles.
Se um produto já não é tão fácil de se vender, imagine servi­
ços que são, quase na sua totalidade, intangíveis. Para simplifi­
car são processos e modas.
Mas assim como uma academia que não vende nada tangí­
vel (há não ser anabolizantes), mas simplesmente estimula às
pessoas pelas necessidades (seja para emagrecer, engordar, cri­
ar músculos, ficar esbelta etc), e consegue ficar abarrotada de
gente. Não é possível que você e toda sua equipe com a
criatividade que possuem, não consigam oferecer valor de uti­
lização para a Escola Dominical, onde se adquire através do
ensino, qualidade de vida, social, moral e espiritual. Como con­
viver com os conflitos do dia-a-dia, como educar os filhos, como
superar crises no casamento, como receber a cura divina, como
ir para o céu, etc.
Na verdade a intangibilidade do que aprendemos na Escola
Dominical, torna-se, no cotidiano e na vida futura, muito mais
concreto e palpável do que qualquer outro bem ou produto.

24D
Im p le m e n ta n d o o M a rk e tin g pa ra a Escola Dom inical

b) Preço: Talvez você já tenha pensado sobre essa questão,


entretanto, tenha tratado pouco sobre o assunto, por isso, vamos
analisá-lo por um instante. Digamos que consiga trazer o povo
para a Escola Dominical; já pensou que muitos se chocariam por
ter que pagar o material didático, ou seja, as lições?*
Procure uma maneira de evitar esse constrangimento, do con­
trário as pessoas vão reforçar o mesmo pensamento de sempre:
"Ah, esses crentes, eu sabia que iriam cobrar alguma coisa. Quan­
do a esmola é demais o 'santo' desconfia".
Cuidado para não causar essa impressão, os resultados com
os alunos não devem ser imediatos, mas permanentes e dura­
douros.
Deixe que o preço seja simplesmente as necessidades das
pessoas em vir à Escola Dominical.
c) Praça: Também definida como distribuição ou ponto. Em
outras palavras, é a acessibilidade, ou seja, o modo de tornarmos
de fácil acesso os nossos serviços.
Faz pelo menos dezenove séculos que não mais precisa­
mos congregar dentro das catacumbas, por isso, quanto mais
visível e fácil de encontrar tornarmos o estabelecimento da
Escola Dominical, mais visitantes teremos, e as chances de
atrairmos, conquistarmos e mantermos esses alunos potenci­
ais serão bem maiores.
Depois de estar em um lugar onde o fluxo de pessoas é
grande, identifique o estabelecimento. Hoje em dia painéis lu­
minosos com dupla função são simples e barato de se adqui­
rir. Eles são coloridos, ou seja, dão visual ao letreiro durante o
dia, sendo extremamente discretos, e durante a noite ficam
acesos. Proporcionando em ambos períodos melhor visibili­
dade.
d) Promoção - São todas as atividades empreendidas pela equi­
pe para persuadir ou lembrar o público — alvo da disponibilida­
de e dos benefícios dos nossos serviços.
Entre as principais atividades de comunicação estão a pro­
paganda, promoção, mala direta e publicidade em geral. A esse
respeito trataremos no próximo capítulo.

241
ß
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Criando uma Marca para a Escola D om inical

A marca é a maior síntese que você possa pensar em termos


de fidelidade, afinidade e associação de valor a um determinado
produto \ serviços. Quer um exemplo?
Observe a figura abaixo:

O que representa esse ícone? Aposto que tenha acertado, pois


minha filha de apenas cinco anos, já utiliza alguns produtos des­
sa empresa. Quando perguntei a ela o que era essa marca, pron­
tamente me respondeu: "CPAD".
Agora observe a mesma empresa representada apenas pelo nome:

CPAD
Desta vez obstruí a logomarca e mostrei à minha filha so­
mente a palavra. Pedi a ela que identificasse, mas dessa vez ela
não soube me responder. E não é porque seja letra não. É porque,
sem o sinal gráfico, a palavra estava incompleta, tanto para ela
que não sabe ler, quanto para um adulto que observaria a falta.
Agora observe a "harm onia" que há, quando a logomarca está
completa:

CBO
242
Im p le m e n ta n d o o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

A que você associaria esse ícone? Livros, Bíblias, revistas? Ou


algo mais intangível como, qualidade, atendimento vip, satisfa­
ção etc? Guarde algo importante com você: vantagens e benefíci­
os vendem, características não.
Quando minha filha vê, por exemplo, o nome "Big", com
aquelas letras garrafais e vermelhas, sabe claramente que se trata
de um supermercado, e logo nos convida: "Vamos até lá?"
O resultado de atendermos seu pedido, o leitor já pode pre­
ver: lucro para o supermercado!
O valor da marca é tão importante, que as grandes marcas
que existem, vale até duas vezes mais do que as próprias empre­
sas. A Coca-Cola é um exemplo claro disso.
A importância da marca reside em criar uma identidade para
o serviço, permitindo que este seja reconhecido e identificado pelo
público-alvo.
Segundo Kotler, o desenvolvimento de uma marca forte en­
volve alguns passos. Esses passos são divididos em dois momen­
tos: desenvolvimento áa proposta de valor e construção de marca. Por
ser algo mais técnico, veremos detalhadamente a construção de
marca, e deixaremos mais exígua à parte do desenvolvimento da
proposta de valor, pois esta é adequada à nossa realidade cristã,
basta apenas abrir os olhos e ver o seu potencial.

Construção de Marca

O desenvolvimento da Proposta de Valor


O desenvolvimento da Proposta de Valor significa que os alu­
nos precisam entender que o que lhes foi ministrado no domingo
pela manhã, suprirá necessidades da segunda-feira e de toda a se­
mana. E para isso o professor deverá se desprover da vaidade cha­
mada Teologização, e simplificar mais as lições de cada aula, tornan­
do-a utilizável aos alunos no dia-a-dia.
Para exemplificar, tomo como base o texto de Atos 17.11, que
diz: "Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em
Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra examinan­
do cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim".

243
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

O professor que enfatiza muito o campo da teologia já envere­


daria pelo caminho da Geografia e da Historicidade, dizendo:
"Meus irmãos, essa foi a segunda viagem missionária de Paulo ...,
Beréia era uma cidade que distava uns oitenta quilômetros ao Oeste
de Tessalônica e blá, blá, blá..."
Na maioria das vezes o foco da atenção, que no caso é outro,
acaba sendo ofuscado pela sobrecarga de informações e o aluno
fica a pensar: "O que eu faço com isso?"90
Para o valor de utilização e para uma instituição de ensino
popular como a Escola Dominical, esse versículo deveria ser apli­
cado aos alunos da seguinte forma: "Nesse versículo, onde Lucas
elogia o ato de zelo dos irmãos bereanos, está o exemplo de que
devemos submeter toda a pregação e ensinamento ao crivo da
Bíblia".
Essa colocação é extremamente esclarecedora, fácil de assi­
milar e contém no mínimo dois benefícios imediatos para os alu­
nos e um para a instituição.
Em tempos de proliferação das seitas, esse ensino levará o
aluno a ser mais leitor da Bíblia, e mais criterioso quanto ao que
ouve. O seu benefício é ter um aluno cada vez mais assíduo e
motivado, o que conseqüentemente garantirá sua fidelidade à
instituição.
No marketing uma das coisas que precisamos saber é distin­
guir entre características, vantagens e benefícios. Sabe por quê?
Porque benefícios vendem, características não!
Vejamos então a diferença entre as três palavras no marketing:
Características: aspecto do produto\serviço.
Vantagens: está ligada diretamente à característica. É o ganho
que se obtêm em possuir aquela característica em comparação
em não a possuir.
Benefícios: Está ligado à vantagem. O que a vantagem vai fa­
zer pelo aluno. O que ele obterá com a permanente lembrança
em desfrutar daquele serviço.
Quando disse atrás que características não vendem, não quis
dizer que elas não devam existir, mas não adianta você convidar
as pessoas para a Escola Dominical, usando características que

244
Im p le m e n ta n d o o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

estão agregadas às vantagens e os benefícios que se tem em ser


aluno da instituição. Ex: Venham aprender sobre escatologia,
hermenêutica, homilética e exegese. Agora observe: Venham
aprender sobre a vinda de Cristo, regras de interpretação da Bí­
blia e maneiras de como falar melhor no momento de um teste­
munho, uma pregação etc.
Notaram, que mencionei as vantagens e os benefícios, muito
embora, as características estejam presentes. Entretanto, o convi­
te anterior, deixa muitos há pensar: "Isso é de comer?"
D. V. Hurst, em seu clássico E Ele Concedeu uns para Mestres, diz:
(...) a aprendizagem acom panhada pela satisfação é fortalecida, en­
quanto que a aprendizagem acom panhada por sentim entos desa­
gradáveis ou que não satisfazem é enfraquecida. Q uando o aluno
encontra respostas para as suas perguntas, e soluções para seus pro­
blem as, fica contente. Se o aluno extrai prazer da aprendizagem ,
deseja continuar a aprender.
Se o professor da Escola D om inical desconsiderar esse princípio,
sua atividade contribuirá à ausência dos alunos, ou a um a presença
m uito esporádica. Se o aluno gosta da Escola D om inical porque as
experiências que ele passa ali são satisfatórias, deseja freqüentar. Este
desejo de freqüentar é a alma do problem a das faltas da Escola D o­
m inical. O professor precisa garantir resultados satisfatórios na sala
de aula, a fim de estim ular esse desejo e para evitar uma alta por­
centagem de ausentes.91

Isso é fato elementar, mas nunca demais, reiterarmos, pela enésima


vez que toda atividade do marketing deve ser formulada a partir das
necessidades dos alunos. Assim, segundo as Leis da Motivação da Apren­
dizagem,** devemos saber que sem motivação não há aprendizagem;
que o êxito na aprendizagem reforça a motivação; que, na relação en­
tre motivação/aprendizagem o educador é o principal agente
articulador; que devemos ter conhecimento das características indivi­
duais dos nossos alunos; que precisamos conhecer a natureza huma­
na e os seus problemas, para depois, aplicar a intervenção necessária;
e que, a motivação, ocorre em, pelo menos, três dimensões do ser hu­
mano: física (fome, cansaço); psicológica (segurança, apoio, amizade),
e espiritual (desejo de preenchimento do vazio interior). Os alunos
não podem ver a Escola Dominical como algo facultativo, mas como

245
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

se fosse a própria espinha dorsal de suas vidas espirituais. Daí então a


importância de se criar uma proposta de valor e agregá-la a marca da
instituição. A fusão das duas deve ser de tal forma, que quando os
alunos olharem aquela marca em um boné, camiseta ou até mesmo no
adesivo de um pára-brisa, pensem: "Não vejo a hora de chegar o do­
mingo para eu ir à Escola Dominical".
O que estou falando não é utopia, faça um teste consigo mes­
mo. Quantas vezes você já assistiu uma aula e pensou: "Não vejo
a hora de ouvir novamente aquele(a) professor(a), parece que
ele(a) convive comigo, e sabe toda a minha vida". Melhor exem­
plo disso é o renomado Dr. Bruce Wilkinson em relação ao seu
mestre, o catedrático Howard Hendricks, eis o que o doutor re­
vela de seu ex-professor universitário:

Na primeira vez que assisti a uma aula daquele professor, falei co­
migo mesmo:
"Q u e ro m e a s s e n ta r a o s p é s d e s s e h o m e m !"
O nome dele era H ow ard G. H endricks, e eu havia entrado para o
seminário para sugar tudo que pudesse desse exím io mestre. Não
queria apenas aprender o que ele ensinava, mas tam bém com o ele
e n s in a v a .
Durante aqueles quatro anos de seminário, assisti a mais de 350 ho­
ras de aula, e sem pre saí instruído, desafiado, e um pouco mais pró­
ximo de Deus. No ano de minha formatura, com ecei a m e perguntar
se o "Prof" sequer entendia o sentimento da palavra tédio.92

Construção da marca

Muitos especialistas defendem que uma das tarefas do


marketing é sua arte de fabricar valores e construir marcas. Kotler
afirma: "A arte do marketing é, em grande parte, a arte de cons­
truir marcas".93
Al Ries faz uma definição: "Marketing, é basicamente criar
uma marca e fixá-la na mente dos possíveis clientes".
Depreendemos pelas afirmações, que marketing para a Es­
cola Dominical deve também "criar" uma marca que identifique
a escola. Para tanto, observe três coisas básicas no momento de
construir uma marca:

245
Im p le m e n ta n d o o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

1. Escolha um nome de marca.


2. Desenvolva associações e promessas para esse nome de
marca.
3. Administre todos os contatos dos alunos com a marca, de
modo que esses contatos atendam ou superem as expectativas
geradas em relação a ela.
No caso da Escola Dominical que não pode levar outro nome,
deve se considerar sua singularidade e incorporar ao nome, o
máximo de associações positivas que pudermos (ou melhor, que
soubermos).
O nome Escola Dominical deve conotar atributos positivos,
benefícios, valores, personalidades e os tipos de alunos.
Sobre a nomenclatura Escola Dominical, você deve ter em
mente um pouco do que esse título significa. Senhor em latim é
dominus. O étimo do adjetivo dominical vem do correspondente
substantivo senhor. O que significa que, Dominical quer dizer "que
diz respeito ao Senhor".
"Sim César, e aí?"
Aí que Escola Dominical não é uma "marquinha" medíocre
criada por qualquer um. Não é uma escolinha para meia dúzia, e
que pode facilmente e sem nenhum remorso, ser trocada pelo
Globo Rural ou pela Fórmula 1. Não!
Escola Dominical, quer dizer: Escola do Senhor! Portanto, se
você não desprezaria qualquer um dos pequeninos que repre­
senta o Senhor, imagine o Próprio Senhor (Mt 10.40,42; 18.6), que
é o dono e Supremo Diretor: "Há um juiz para quem me rejeita e
não aceita as minhas palavras; a própria palavra que proferi o
condenará no último dia" (Jo 12.48 - NVI).
Só para nortear melhor, o título Escola Dominical, deve con­
siderar dez dimensões que podem comunicar significado:
1) Atributos: Em se tratando do mercado interno, seu nome
deve lembrar a Palavra de Deus, o trabalho do jornalista episco­
pal Robert Raikes em 1780, os missionários escoceses Robert e
Sarah Poulton kalley que fundaram a Escola Dominical no Brasil
em 1855, e também o trabalho pioneiro dos fundadores da Escola
Dominical em sua igreja.

247
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

No mercado externo, ela deve ser apresentada como uma


instituição que possui a solidez de mais de dois séculos e que
prima pela qualidade educacional, formando milhares de pesso­
as para interagir com as adversidades da vida sem se corromper
sendo cidadãos exemplares, como disse alguém: "E difícil, um
jovem que freqüentou a Escola Dominical quando era criança ser
levado as barras do tribunal".
2) Benefícios: O nome de uma marca forte como o da Escola
Dominical deve sugerir benefícios, e não apenas características.
A idéia de que o aluno está recebendo treinamento prático para
suprir necessidades do cotidiano, é um desses benefícios e por­
que não dizer o maior.
3) Valores da Escola Dominical: A marca Escola Dominical deve
conotar valores que a mesma possui. Por isso, sua equipe deve
ser tal, que faça com que as pessoas sintam esses valores, os quais
a instituição possui desde seus primórdios.
4) Personalidade: A transparência da equipe é de fundamental im­
portância. De forma que, quando um aluno ou visitante avista o nome
da Escola Dominical, logo pense no carinho da mãe, na atenção do
pai e na educação que ambos lhe deram, pois o modo como é carinho­
samente tratado no estabelecimento evoca essas recordações.
5) Alunos: O nome da Escola Dominical sugere abrangência
social. O que Raikes fez, talvez escandalizou as pessoas distintas
e aristocráticas. Mas não demorou muito para que essas mesmas
pessoas se sensibilizassem e reconhecessem o trabalho do jorna­
lista. Portanto, não deve ser elitista, mas popular. Lembre-se de
Onésimo e Filemom (leia Fm 15,16).
6) Palavra ou idéia -principal: O nome ou marca geralmente está
associado à idéia ou palavra principal, de maneira que quando
vemos o brasão e o nome "Bombeiro", pensamos logo em seguran­
ça e salvamento.
Assim, a Escola Dominical dinâmica será associada há algum
adjetivo quando alguém contemplar o seu nome.
7) Slogan: É um fator um tanto relativo. A CPAD, por exem­
plo, utilizou esse método por muitos anos, o slogan era o seguin­
te: "Edições CPAD. Publicações que edificam".

24B
Im p le m e n ta n d o o M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

Atualmente a editora já não utiliza o mesmo método, mas


optou por outros: "CPAD. Tem sempre o melhor para você";
"CPAD. 60 anos"; "CPAD. Pode entrar a Casa é sua". Agora é
bom entender que para uma instituição o correto não seria slogan,
mas lema, o que sugeriria aos alunos um pouco mais de identifi­
cação com a Escola Dominical.
8) Cores: Segundo consta na Revista Super Mix, as cores podem
interferir no estado de espírito das pessoas. O que vem sendo lar­
gamente utilizado em lojas, supermercados, shoppings center e
demais pontos comerciais a fim de atrair os clientes. No momento
de estabelecer o slogan ou lema e também a logomarca, deve-se
levar em conta essa particularidade, pois ajuda no reconhecimen­
to da marca, e como atestam pesquisas, estimula os alunos. As co­
res do ambiente escolar são também de fundamental importância.
9) Símbolos e logomarcas: Esse desenvolvimento é a parte crucial
da marca, portanto deve-se cuidar para não criar algo abstrato
ou copiado, deve ser simples, porém singular e, sem semelhan­
ças com coisas negativas.
Precisamos ter em mente, que até a maneira como o nome da
marca, seu desenho, cor e demais representações gráficas são es­
critos, podem fazer a diferença em termos de reconhecimento e
capacidade de lembrança para os alunos.
10) Uma série de histórias: Sem dúvida a marca e o nome Escola
Dominical, possui histórias que são favoráveis e só vem contribuir
para o crescimento da instituição. Ninguém, absolutamente ninguém,
se interessaria pelo futuro daquelas crianças. Somente alguém cheio
de amor e com o coração benevolente faria aquilo que Raikes fez.
Assim nasceu o atual modo da Escola Dominical, uma histó­
ria de amor e solidariedade social, eis aí um grande álibi para
promovê-la entre os não-evangélicos.
Todas essas dimensões devem ser cuidadosamente analisadas
para que a logomarca e o lema (ou slogan), da sua Escola Domini­
cal emplaquem na mente e no coração dos alunos.
O sucesso dessa marca implica um relacionamento entre os
nossos serviços e os alunos. Ela deve subentender um conjunto
de qualidades e serviços que o aluno pode esperar.

249
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

Resumindo, a fidelidade à marca Escola Dominical se desen­


volve pelo atendimento às expectativas dos alunos ou, melhor
ainda, pela superação, ao deixar o aluno "em um estado de gra-
ça".
Como já foi dito e agora repetimos, não adianta projetar e
anunciar uma bela marca, formar uma bela imagem, quando a
realidade não corresponder ao ambiente propagado.
A marca deve ser a representação gráfica do que você pode
oferecer aos alunos, portanto, equipare sua Escola Dominical à
marca que você criou!
O estabelecimento, as pessoas, o mobiliário, o atendimento,
a receptividade, o ensino, enfim, tudo deve corresponder às ex­
pectativas insinuadas pela marca Escola Dominical.

Planificação e Implementação do M arketin g


para a Escola D om inical

Após ter sido projetado, o marketing para a Escola Domini­


cal deve ser implementado ou executado.
Se os departamentos já estavam trabalhando juntos, a união
deverá ser um tanto mais "estreitada", para que o trabalho vigore.
Você e sua equipe precisam decidir que tipo de marketing
utilizar, mas para isso é preciso analisar as diversas situações com
que possivelmente se defrontarão.
A mentalidade, que segundo Dr. Bruce Wilkinson, "é uma
postura ou opinião preponderante", deve ser única para cada
membro da equipe: Concentrar-se na atração, conquista e manu­
tenção do alunado.
Só dessa maneira, conseguiremos sincronizar os planos de
marketing, de cada segmento da Escola Dominical em um único
objetivo: o crescimento contínuo da instituição.
Vamos ver as três fontes mais simples e que podem nos indi­
car à melhor forma de planejar uma estratégia para atrair, con­
quistar e manter alunos na Escola Dominical:
M arketing de resposta - Quando se há uma necessidade
identificada pela equipe através do feedback dos alunos, é um bom

25D
Im p le m e n ta n d o □ M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

começo para se projetar uma estratégia com a finalidade de su­


prir a referida carência.
Para esse tipo de marketing, a equipe deve estar atenta as
"respostas" contidas no retorno (feedback) dos alunos (o que vere­
mos logo mais adiante no capítulo seis).
Marketing de previsão - Geralmente identificável em meio às
crises, portanto, se a equipe estiver informada e sensível ao to­
que do Espírito Santo, é possível que consiga se antepor às ansi­
edades dos alunos, mesmo antes delas existirem.
Por exemplo, estamos em ano eleitoral, onde será mudado
(ou renovado?) a liderança presidencial, governam ental e
legislativa do país e dos estados da federação. E claro que isso
causa, de uma forma ou de outra, instabilidade aos alunos, que
afinal de conta, fazem parte da sociedade. Nada melhor, do que a
equipe propor momentos de oração, conscientização de todos no
exercício de cidadania, e demais orientações bíblicas, tratando a
situação com naturalidade e satisfazendo a necessidade de infor­
mação bíblica a respeito de política.
M arketing de criação de necessidade - Você se lembra de que
citamos um pouco atrás Akio Morita, o inventor walkman e pre­
sidente da Sony. Segundo Kotler, ele resumia sua filosofia de
marketing nessas palavras: "Não atendo a mercados. Eu os
crio".
Essa é outra missão da equipe do marketing, fazer com que a
Escola Dominical se torne uma necessidade "orgânica", uma
homeostase do corpo espiritual do homem interior.
Na verdade ninguém vai criar a necessidade, pois não se cria
algo que já existe. O que a equipe simplesmente deve fazer é des­
pertar essa latência existente dentro do aluno.
O que você precisa fazer, é simplesmente "mexer" com ela
(logo mais no capítulo seis será tratado esse assunto mais detida­
mente).

Plano de marketing
Alguém pode pensar: "Para que eu vou fazer um plano de
marketing?"

251
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Responda essas perguntas com sinceridade: Quero aumen­


tar o numero de alunos? Divulgar um novo serviço ou "melho­
rar" a imagem da minha Escola Dominical?
Creio que as indagações respondem sua dúvida.
Os planos de marketing devem ser simples e diretos, conhe­
cidos por toda a equipe e de fácil assimilação.
Até mesmo o curriculum vitae que antigamente era uma ver­
dadeira "monografia autobiográfica", hoje não passa de uma fo­
lha A4.
Portanto, o plano de marketing para qualquer modalidade
deve conter:
a) Análise situacional - É a descrição da atual conjuntura em
que se encontra sua Escola Dominical. Como estão os serviços,
os recursos, está evoluindo, está regredindo.
Como está o mercado interno, o externo. Qual a maior defici­
ência na instituição: os recursos humanos, os recursos materiais
a falta de espaço físico? Quais as expectativas, tanto da equipe
quanto dos alunos, acerca do próximo trimestre, o que eles que­
rem que melhore.
b) Metas e objetivos - Esses só poderão ser realistas se houver
precisão na análise, caso contrário estaremos alcançando os nos­
sos objetivos e não o dos alunos, que são a razão de existir a Esco­
la Dominical.
Os objetivos podem ser no sentido de ampliar o campo de
atuação no mercado interno\ externo. Aumentar a satisfação dos
alunos. Ou ainda tornar mais conhecida a instituição.
As metas, segundo Kotler, encerram uma grandeza e uma
data-limite de realização. Sendo, portanto, o marco indicador e a
"linha de chegada" da equipe, portanto elas deverão dirigir e
motivar todos os objetivos à que se afunilem e atinjam o fim co­
mum. No nosso caso devemos atentar para a tríade: atrair, con­
quistar e manter alunos na Escola Dominical.
c) Estratégia - Um ditado oriental diz que "aquele que conhe­
ce a si mesmo pode vencer 50% das batalhas, o que conhece seus
opositores idem, o que conhece os dois não perderá nenhuma
batalha em que entrar".

252
Im p le m e n ta n d o o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

E como já foi dito, Parte um, tópico três, nós temos a única
solução para o problema espiritual da sociedade moderna, sabe­
mos que o único caminho é Jesus. Para o mercado interno, ou
seja, para os membros de nossa igreja o imperial propósito da
Escola Dominical, também é uma necessidade.
Por isso, devemos empreender e envidar esforços no senti­
do de tornar cada vez mais público os nossos serviços e respon­
dermos com precisão a pergunta do aluno em potencial: "Por­
que razão deveria eu estudar na Escola Dominical? Que vanta­
gem obterei?"
Você se conhece, conhece os mercados, sabe de suas necessi­
dades primárias, que são as chaves para atraí-los à Escola Domi­
nical. Portanto, mãos à obra. Falta criatividade? Leia Tiago 1.5.
d) Plano de ação - " ( ...) toda e qualquer organização exige um
plano de ação previamente elaborado para que se obtenha êxito
naquilo que se quer atingir ou alcançar", essa foi a minha descri­
ção à revista Ensinador Cristão, n° 9 (CPAD), do primeiro trimes­
tre de 2002, quando me perguntaram acerca do progresso des­
frutado pela Escola Dominical em Goioerê.
Não existe "fórmula mágica", para entender melhor, faço uso
das palavras de uma frase anônima: "Se não planejar, está plane­
jando fracassar".
Nessa fase você precisa definir as pessoas que realizarão de­
terminadas tarefas, estabelecer datas para início e encerramento
de campanhas, agendar visitas paras as relações públicas, etc.
e) Controle - Como os planos são (e devem ser), monitorados
e revistos a cada trimestre. É bom que se tenha controle palpável
sobre o desempenho de todo trabalho de marketing. Se esse par­
ticular não for observado, poderá ocorrer o desvio do alvo para
outras coisas paralelas, ou seja, a miopia de marketing.
É recomendável que essa parte fique com a superintendência,
para que possa orientar a todos, em tudo que se fizer necessário.
As principais áreas de ação do marketing em uma Escola
Dominical são:
Planos de marketing de marca - Como divulgá-la e torná-la co­
nhecida no mercado.

253
M a rk e tin g p a ra □ Escola Dom inical

Planos de marketing por categoria de serviço - Cada departamento


deve primar pela excelência dos serviços prestados por ele, para
que o aluno se satisfaça em cada área da Escola Dominical.
Planos para novos serviços - Como, por exemplo, um site ex­
clusivamente voltado à interatividade dos alunos, fugindo dos
modelos comuns onde a única coisa que se encontra é a informa­
ção. Pensar em um programa de perguntas e respostas bíblicas é
uma boa alternativa que distrai a atenção do internauta e foge do
lugar comum, pense também em uma sala de chat.
Criar uma classe para casais de até 10 anos de vida conjugal, etc.
Planos por segmento de mercado (cxterno\interno) - Já que a Es­
cola Dominical assiste às pessoas de todas as idades, deve-se pen­
sar então em personificar cada segmento desse, a melhor forma
de conhecê-las, atendê-las e ensiná-las.
Planos por mercado geográfico - Cada lugar tem suas peculiarida­
des podendo variar, como já foi dito, até de bairro para bairro, por­
tanto, procurar conhecer onde se está atuando e usar propaganda e
métodos de relacionamento contextualizados é uma boa sugestão.
Planos por alunos - Esse relacionamento é próprio para o alu­
no em potencial, aquele que só tem assiduidade não traduz sua
importância.
Na Escola Dominical que dirijo, existem alguns alunos que
todo domingo vem para a Escola Dominical com lotação máxima
em seus automóveis. Eles trazem visitantes que na maioria dos
casos se tornam alunos. Descubra esses alunos potenciais na sua
Escola Dominical!
Os benefícios de um planejamento meticuloso do marketing
para a Escola Dominical se constituem em uma forma de elevar de
maneira considerável o número de alunos, possibilita uma melhor
e mais abrangente atuação e propicia o uso racional do tempo.

* Em Goioerê criamos um sistema de patrocínio. As empresas custeiam nosso material,


que hoje gira em torno de R$ 1.500,00 (Mil e quinhentos reais). Elas se promovem, pois
colocamos adesivos nas revistas com o nome da empresa que as patrocinaram. Além
disso, esse dinheiro investido pelas empresas, é abatido no seu Imposto de Renda, ou
seja, a ela não está tendo nenhum prejuízo e ainda está fazendo um Marketing opcional.
** Anotações particulares do autor, de uma ministração do Pastor Elienai Cabral.

254
C a p ítu la 5

O Quarta “P ” dü Marketing
para a Escala dominical

A função do quarto P (Promoção) do marketing


para a Escola Dominical é divulgá-la de maneira
criativa e diferenciada, a fim de provocar o que os
profissionais de marketing chamam de push (em­
purrar) e pull (puxar), às pessoas da Escola Domi­
nical.
Você não encontrará aqui propagandas pré-
fabricadas, pois isso obstruiria a capacidade de cria­
ção da equipe, condicionando-a à simplesmente
fazer do jeito que o livro mostra, sem levar em con­
ta a variação de costumes e culturas, dentro de um
país continental como o Brasil.
Quando era menino, gostava muito de artes mar­
ciais. Certa feita, após lermos um livro de "como lu­
tar", saímos (eu e um primo) para nos aventurarmos
a uma briga, pois havíamos decorado alguns golpes,
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

e agora poderíamos "aplicá-los" na garotada, nossos "inimigos" da


rua de cima. Mas a decepção foi grande, pois não deu certo.
Sabe por quê? Porque o inimigo não nos atacou do modo
como poderíamos nos defender com os golpes que simplesmen­
te decoramos do livro.
Hoje, sei que se aquele livro nos ensinasse a lutar, ou no mí­
nimo nos conscientizasse a que freqüentássemos uma academia
e praticássemos realmente artes marciais, ele teria de fato nos
servido.
Não adianta eu lhe deixar "alguns golpes" propagandistas
para decorar, quando você terá que "lutar" 365 dias por ano, onde
muitos imprevistos surgirão. É melhor saber como lutar de vári­
as maneiras, tendo esse livro como referencial.
Já estava na terceira superintendência, quando assumi a Es­
cola Dominical em Goioerê, mas de uma coisa me inteirei, essa
história de dizer que Deus não se importa com quantidade, e sim
apenas com qualidade, é desculpa esfarrapada para massagear o
nosso ego e disfarçar nosso insucesso.
Se a Escola Dominical é a agência educandária do Senhor na
terra, então é necessário que haja alunos para serem educados e
instruídos nesse estabelecimento.
Após três domingos que ia à Escola Dominical, quando me
dirigia para o templo, em época de inverno, ao ver aquelas pou­
cas crianças no lado de fora, tendo que cantar e "bater o queixo"
ao mesmo tempo, fiquei penalizado e aborrecido comigo mes­
mo. Pois, afinal de contas, não sou o superintendente? Não dete­
nho esse grande título?
Então, por que não crio uma forma de aumentar o número de
alunos (que por sinal, não passava de 100, incluindo todo o campo)?
Ora, para que serve o superintendente? Não é para ficar de
enfeite, pois a aparência não ajuda.
E foi a partir dessa experiência que o Senhor começou a falar
comigo e fazer uma mudança radical em meu modo de pensar.
Tudo começou na reunião do ministério eclesiástico do cam­
po de Goioerê. Era a primeira que estava participando depois do
regresso à terra natal de minha esposa e de minha filha.

25E
□ Q u arto “P" do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

O pastor mencionou o meu nome para o cargo de superin­


tendente geral, e pela misericórdia de Deus teve aprovação unâ­
nime do presbitério.
Alguns dias depois, em uma outra reunião pedi a palavra, e
passei a relatar a situação da Escola Dominical aos companhei­
ros. Os olhares se cruzaram naquele espaço de minutos, e sem
titubear acrescentei que todo o campo deveria se mobilizar para
reverter o quadro.
Relatei o pensamento que tinha anotado em minha agenda:
"O que os obreiros acham de nós confeccionarmos 1.000 camise­
tas e oferecermos às pessoas que se matricularem? Poderíamos
também realizar a Escola Dominical em um colégio público e ofe­
recer lanche às crianças carentes".
Os irm ãos ap ro varam , m as a id éia fo i v ista como
"fantasiosa" demais para tornar-se realidade, pois, para início
de conversa, o campo todo só possui 600 membros, e a igreja
não dispõe de recursos suficientes. E para confeccionar 1.000
camisetas seriam necessários 200 quilos de malha, o equivalen­
te a R$ 2.500,00. Essa importância para muitos superintenden­
tes que agora lêem o texto pode soar até como brincadeira. Mas
acredite, em cidades pequenas os recursos são tão parcos que se
retirar uma quantia dessa da receita da igreja causa uma
desestruturação total no orçamento. Por isso é necessário usar
criatividade.
Mal sabia eu, que nesse simples pensamento estava sendo
usado por Deus para praticar Marketing para a Escola Dominical.
Era o dia 15 de agosto de 2001, e o lançamento da campanha
ocorreria no dia 16 (terceiro domingo de setembro, que é consi­
derado o Dia Nacional da Escola Dominical). O tempo disponí­
vel era bastante exíguo e somente Deus poderia abençoar para
que tudo desse certo.
O que nos surpreende é o fato de presenciarmos o quanto o
Senhor tem de capacidade e inteligência para nos oferecer, quan­
do nos colocamos à disposição da sua obra (Tg 1.5).
Pelas poucas condições financeiras da igreja, visto que ela
possui muitas outras obrigações a cumprir e não pode fugir do

257
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

seu orçamento normal, não tínhamos a mínima chance de adqui­


rir os 200 quilos de malha.
Foi então que me veio um pensamento de apresentarmos a
Escola Dominical como uma obra de cunho social (apesar de ela
também o ser), sem mencionarmos a pretensão do ensino religio­
so da denominação a que pertenço. De outra forma, seria perigo­
so, pois sendo uma cidade pequena, e cuja população é substan­
cialmente católica, deveríamos de alguma maneira "camuflarmos"
o nome da igreja, caso contrário, com certeza seríamos barrados.
A cúpula da igreja romana, com certeza não aceitaria ter o seu
catecismo substituído por essa "escola" de crentes.
Preparamos um requerimento e apresentamos ao Núcleo
Regional de Educação; falamos com seu chefe e, graças a Deus,
fomos atendidos na questão do colégio.
O que muitos (crentes) pensavam ser uma impossibilidade
foi simples, rápido e rendeu até mesmo um incentivo por parte
do diretor: "Tomara que esse trabalho de vocês amplie, e que seja
necessário usar outros colégios da cidade, teremos prazer em
colaborarmos".
As malhas foram adquiridas com os comerciantes da cidade.
Na frente da camiseta tinha a logomarca da campanha: "Todos
na Escola Dominical, cada crente um aluno", que a CPAD lançou
em janeiro de 2000, para a mobilização das igrejas a fim de que
todos sejam alunos da Escola Dominical; nas costas, o nome da
empresa que patrocinou determinado número de camisetas.
A confecção e estampa ficou por nossa conta, e assim, alguns
irmãos costuraram, outros estamparam, alguns dobraram e ou­
tros embalaram. Dessa maneira, a sinergia, foi possível, e Deus,
como sempre, abençoou o trabalho em equipe.
Mas uma das coisas que mais chamou a atenção foi o fato de
a mídia local dar importância ao projeto e nos convidar para uma
entrevista na emissora da região em seu horário nobre, momento
em que milhares de pessoas estavam sintonizados no programa.
O apresentador, entre tantas outras indagações, perguntou
sobre a formação pedagógica dos professores, questionou se tí­
nhamos condições de manter essa escola por quanto tempo, e se

E3B
O Q u a rta “P" d a M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

o título "crente" do slogan era uma restrição que limitava a Esco­


la Dominical somente aos evangélicos.
Se o Senhor não nos agraciasse e não tivéssemos planejado,
poderíamos ficar envergonhados diante dos microfones, mas, para
glória de Deus, o nosso projeto foi parabenizado pelo programa, e
o apresentador acrescentou "que se todos seguissem esse exem­
plo, o mundo seria melhor, teríam os menos delinqüência,
banditismo e tantos outros males nocivos à sociedade".
Sobre a nomenclatura "crente", disse que ela se refere ao fato
de credulidade geral, sendo, portanto, aberta a todos que cres­
sem em "alguma coisa" (o fato de a Escola Dominical funcionar
em um colégio contribuiu para que barreiras religiosas fossem
derrubadas, o que é mais difícil de se fazer com a Escola funcio­
nando no templo ou até mesmo anexo a ele).
O jornal da cidade também publicou matéria, inclusive com
a reprodução da logomarca utilizada na campanha.
No dia 16, havia ajudado a estampar as camisetas até as
19:00h, os irmãos começavam a chegar e o templo foi enchendo;
a emoção tomou conta de mim e quase perdi o horário, e pensei:
O plano funcionou!
Fui então à minha casa, pois tinha ainda que me aprontar;
só então me dei conta de que naquela semana de trabalho com
estamparia não havia feito a barba e isso causou um pouco
mais de atraso. Mas quando adentrei o templo, vi aquele lindo
banner, reproduzindo a logomarca da campanha acima do púl­
pito, e senti a atmosfera espiritual que inundava a igreja, fi­
quei feliz e só essa situação já me compensou todo o trabalho
empreendido.
No momento em que iria usar a palavra para o lançamento
oficial da campanha, recebi dos secretários o número de alunos
matriculados. Só com o anúncio da campanha, foram mais de
350 matrículas em todo o campo, ou seja, representando 55% de
toda a membresia.
Foi lindo contemplar pessoas adultas, velhinhos de cabelos
brancos, jovens, adolescentes e crianças, todos felizes e motiva­
dos apanhando suas camisetas.

E53
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

São coisas simples, mas motivam as pessoas a freqüentarem


a Escola Dominical.
Meu caro irmão se convença de uma coisa, sem alunos na
Escola Dominical o prejuízo reflete em toda a igreja. Portanto,
uma boa dose de marketing é o que precisa, para que os nossos
serviços sejam mais dirigidos e centrados nos alunos.
E esse simples ato, que, aliás, não passa da nossa obrigação,
demonstra às pessoas de que a presença delas é importante na
Escola Dominical.
Na apresentação do Escola Dominical, Álbum Histórico e Cro­
nológico, o diretor-executivo da CPAD, Ronaldo Rodrigues de
Souza cita uma verdade que faço questão de transcrever:
H enrietta C. M ears afirm ou, certa vez, que a Escola D om inical per­
petua-se por seus próprios produtos. Se não tiverm os um a visão
genuinam ente bíblica do Reino de Deus, serem os induzidos a pen­
sar que os produtos referidos pela adm irável escritora norte-am eri-
cana são as revistas e com pêndios utilizados pelos m ilhões de cris­
tãos que, todos os dom ingos, dirigem -se à sua igreja a fim de apren­
der as Sagradas Escrituras.
As revistas e livros são muito im portantes. M as a Sra M ears referia-
se aos hom ens, m ulheres e crianças cujo caráter vem sendo m olda­
do pelo principal departam ento da igreja.

Sim, você é o produto m ais im portante da Escola D om inical .94

Glória a Deus, você é o produto, é o resultado da multiplicação,


e precisa continuar se multiplicando e promovendo a expansão
do Reino de Deus. E com essa geração que o Senhor conta para
que a sua obra seja feita.
É claro que inerente ao crescimento quantitativo, precisamos do
qualitativo. Mas o que não podemos é querer crescimento quanti­
tativo no rol de membros e olharmos para a Escola Dominical, di­
zendo conformados que Deus só se importa com a qualidade (por
causa do pequeno número de alunos), e que os que estão ali, ainda
"mantendo" o departamento que há muito tempo não recebe de
você nenhuma atenção (que lhe é de direito), são suficientemente
importantes para Deus. Fico com o que disse o pastor Rick Warren,

25D
□ Q u arto “P ” do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

autor do livro Uma Vida com Propósitos, em uma entrevista à revista


Vidamix:
V idam ix - No Brasil, parte das igrejas diz estar preocupada com a
qualidade de m em bros e não com a quantidade deles. Q ual é a opi­
nião do senhor?

W arren - Existem duas histórias em meu livro [Igreja com Propósi­


tos] que ilustram bem esse caso. Jesus nos m andou ser "pescadores
de hom ens". Quando um pescador pesca, prefere qualidade ou quan­
tidade? Deseja as duas coisas. Q uer pegar o m aior núm ero de peixes
possíveis. N ão se deve preferir um a coisa em detrim ento da outra.
A gente deve querer as duas: qualidade e quantidade. Às vezes, a
quantidade produz qualidade. [...] Na verdade, a qualidade cham a
quantidade. Um pastor nunca diria: “temos uma igreja qualificada,
m as ninguém vem aos nossos cu lto s!" Qualidade atrai quantidade.
Se essa qualidade for real e duradoura, muitas pessoas vão querer
freqüentar uma igreja assim , em que vidas são transform adas. Em
todos os países o ser hum ano tem os m esm os anseios. E, se sua igre­
ja apresenta esse poder de m udança por m eio de Jesus Cristo, se
você lhes apresenta esperança, se lhes dá perdão em vez de culpa,
se substitui rancor por paz de espírito, se lhes dá propósito e dire­
ção, a vida delas é m udada. E elas encherão sua igreja. Você não
precisa ter um supertem plo para crescer, m as precisa m udar vidas.*

Um crescimento equilibrado do Reino de Deus é necessaria­


mente fundamentado na sua Palavra ministrada nas manhãs de
domingo na Escola Dominical.
Não pense que esse livro está sugerindo a você a mesma "se­
dução" que é aplicada no esquema comercial de muitas seitas,
onde os pregadores são mais marketeiros do que obreiros.
Se estamos tratando de "edificar" o nosso bolso, ou ainda nos
autopromover, trabalhamos em vão, porque tudo isso vai passar.
Porém, se estamos trabalhando para angariarmos vidas para o
Reino de Deus, não precisamos pensar duas vezes em relação ao uso
do método de marketing para Escola Dominical, mas antes dizer
como um grande palestrante falou em uma teleconferência: "Why
not?", ou seja, "Por que não?"
Vamos estar dando fruto permanente (SI 1.3; Jo 15.16). E ha­
veremos de receber a recompensa na eternidade.

261
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

Dois Mercados e Duas M odalidades

A equipe da Escola Dominical não deve se descuidar de seus


objetivos, daí o porquê de já existir maneiras de se avaliar o de­
sempenho coletivo e individual.
Uma das coisas que deve ficar bem clara entre todos os
participantes é o fato de que a missão da equipe é ampla, pois
sua área de atuação está situada em dois m ercados pros­
pectivos: o interno (a própria comunidade cristã) e o externo
(todas as demais pessoas), sendo, portanto, impossível não se
ter o que fazer (graças a Deus, pois isso espanta o comodismo).
O sucesso da Escola Dominical está no marketing de sua equi­
pe, e o êxito da equipe está em não se conformar, ou melhor, de­
pende do seu esforço e ritmo.
Nesses dois mercados de atuação, o esforço é imprescindí­
vel, pois nunca haverá falta daqueles que, em vez de trabalhar,
dão trabalho. Do mesmo modo o ritmo, porque a equipe alcança­
rá o maior número de alunos em bem pouco tempo se mantiver
um ritmo de trabalho com aumento gradual.
Visto serem dois o mercado de atuação do marketing para a
Escola Dominical, é necessário que a equipe trabalhe com duas
modalidades de divulgação, a fim de atingir todas as pessoas
(evangélicas e não-evangélicas).
O marketing para a Escola Dom inical é uma atividade
empírica, e que deve ser praticado na forma que mais lhe convi­
er, dependendo de seus costumes. Portanto, não existe fórmula
mágica, vocês deverão aplicá-lo da melhor forma possível, den­
tro da realidade do seu Estado, município, bairro, rua, etc.
Ninguém está brincando de comercializar, são vidas que es­
tão em jogo, e o "xeque-mate" delas está com vocês (1 Tm 4.16).
"Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim"
(Jo 12.32-N V I).
É claro que ao dizer essas palavras, o nosso Senhor Jesus Cris­
to não estava insinuando que quando Ele fosse crucificado, to­
das as pessoas se converteriam; não era isso. Mas que chamaria a
atenção, isso sim, Ele sabia claramente.

2E2
□ Q u a rto “P" do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Permita-me lhe dizer uma coisa: você por acaso já deu a


oportunidade a alguém de ver que existe em você algo diferente?
Ou simplesmente "fechou a guarda", e como st' fosse um ego­
ísta espiritual, escondeu o que você era. Ou pior ainda, deixou
o bom nome de cristão ser manchado pela sua má conduta.
"E sua fam a correu por toda a Síria; e traziam-lhe todos os
que padeciam acometidos de várias enfermidades e tormentos,
os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos, e ele os cura­
va" (Mt 4.24; grifo meu).
O Senhor Jesus não precisava de fama, mas em virtude do
cumprimento de sua missão (Lc 4.18,19), a fama lhe veio como
uma conseqüência do trabalho.
Será que a sua Escola Dominical está cumprindo a missão
que lhe compete? Não?
Então, está respondido. E por isso que ela não tem fama e
não consegue atrair ninguém para ser aluno.
Jesus sabia que nessa "atração", alguém veria aquela cena de
amor, se arrependeria e se entregaria, podendo obter salvação,
mas era necessário atraí-lo, para depois conquistá-lo, e então fi­
nalmente mantê-lo no caminho.
Agora veja bem, você não se preocupa em atrair alunos e
muito menos conquistá-los, por achar que esses devem ser im­
pulsionados somente pelo Espírito Santo. Também não duvido
de que talvez seja contra a persuasão (determinar a vontade da
pessoa; levá-la a crer, influenciá-la, induzi-la, convencê-la,
aconselhá-la). E como explicar as palavras de Paulo em Gálatas
1.10: "Porque persuado eu agora a homens ou a Deus?"
Trocando a miúdos, Paulo estava dizendo que agora teria que
deixar de persuadir homens para fazê-lo com Deus, pois pelo
jeito era isso que os homens queriam, que Paulo convencesse
Deus a mudar os seus propósitos. Mas pelo que depreendemos
do texto (vv. 11,12), Paulo continuaria sendo um pregador persu­
asivo, ou seja, procuraria mudar os homens.
Para que a Escola Dominical avance, precisamos atrair e con­
quistar (persuadir) as pessoas. E necessário fazer um abrangente
trabalho de "marketing", que no nosso caso aqui, é um nome

ZB3
M a rk e tin g p a ra a Escola □□ m inical

fantasia para o quarto P (Promoção), e que envolve, propaganda,


relações públicas, marketing direto e marketing institucional.
a) Promoção - A promoção (não como nome genérico) é uma
atividade que visa aumentar o número de alunos além do nor­
mal, usando atividades extras às comuns.
Você deverá idealizá-la com o planejamento de como mantê-
la e que alvo deseja atingir (por exemplo, em quantos novos alu­
nos você pensou), mas a propósito: Quanto tempo faz que você
não promove a escola dominical através de uma campanha?
O ambiente da promoção deve estar, no caso para atrair cri­
anças, decorado. As pessoas adultas, adolescentes e jovens po­
dem na ocasião receber caneta, chaveiro, boné, camiseta e demais
objetos promocionais personalizados. Todas essas coisas devem
ser seguidas de uma calorosa saudação de bem-vindo aos alunos
e futuros alunos.
O evento pi-omocional pode ser uma maratona bíblica, expo­
sição de livros, trabalhos artesanais ou sessões de palestras sobre
sexualidade, drogas, divórcio, vestibular, etc.
O importante é que ela seja divulgada, bem organizada e cau­
se boas impressões; geralmente as despesas não são muitas e a
margem de lucro, que no caso são os novos alunos, compensam
qualquer esforço.
O "ponto" onde se realizará (de preferência o estabelecimen­
to da Escola Dominical) a promoção deve explorar as mídias sen-
soriais (visuais, olfativas, auditivas, palatais e interativas), pois
quanto mais a pessoa se envolve emocionalmente, mais se iden­
tifica e se ambientaliza, o que resulta no prazer de estar no local,
e o que é melhor, de permanecer no local.
Os serviços da equipe da Escola Dominical devem estar
afinadíssimos para qualquer eventualidade, portanto, a hora de
causar boas impressões é agora.
Paralelo ao evento, deve-se ter uma sala com músicas evan­
gélicas voltadas para as crianças, assim elas se distraem, enquan­
to os pais apreciam as palestras ou exposições.
b) Propaganda - A propaganda é a ferramenta mais poderosa
para se promover a conscientização das pessoas em relação à

254
□ Q u arto “P" do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

necessidade de ser aluno da Escola Dominical. Ela é como se fos­


se o holofote que foca a necessidade, mas para isso precisa ser
usada com eficiência e objetividade.
Luiz Sayão diz que “a propaganda mais bem bolada conse­
gue às vezes vender mais do que a própria qualidade de um pro­
duto. Isso comprova que objetos não valem pelo que são física e
materialmente, mas sim pelo que significam dentro de uma soci­
edade; às vezes, tal significado é tremendamente artificial, como
no caso de um chapéu de um cantor famoso que é vendido por
mais de 10.000 dólares".95
Só a título de reflexão: Qual a forma utilizada por você para
divulgação da Escola Dominical? Em quantos dias da semana a
Escola Dominical é anunciada nos cultos? Onde ela tern sido anun­
ciada? No templo? Nas casas? Nas escolas seculares? No rádio?
Na televisão? Em periódicos? Através de folders? Internet?
A visão mais otimista dessas perguntas talvez esteja restringida
à divulgação da Escola Dominical no sábado à noite, e no maximo
nos cultos que acontece durante a semana. Seja sincero, voce con­
sidera isso como divulgação do aparelho ideológico da igreja? Você
acredita mesmo que esse ato transparece a todos o valor que a Es­
cola Dominical possui? Com toda a capacidade que o Senhor bon­
dosamente lhe deu, isso é o melhor que você pode fazer?
As atitudes dizem mais do que as palavras. Por isso, não re­
quer muito exercício mental da nossa parte para imaginarmos e
deduzirmos que se a Escola Dominical tivesse realmente impor­
tância seria então bem mais lembrada.
Segundo D. Krech e R. S. Crutchfield, "a eficiência da propa­
ganda está ligada à percepção, à motivação e à aprendizagem, o
mesmo, aliás, que qualquer forma de educação. Em outras pala­
vras, isso significa que as técnicas publicitárias visai11 'educar' o
indivíduo (ou público) a fazer determinadas ações, a ter determi­
nado comportamento, a ter certas expectativas, conforme o obje­
tivo que se pretende divulgar e levar a esse mesmo público".96
O s citados autores indicam no livro Theory and Problems o f
Social Psychology que a eficiência dessas atividades podem ser
alcançadas se forem satisfeitos os seis pontos s e g u in te s :

255
M a rk e tin g p a ra a tíscola Dom inical

(1) A sugestão deve parecer satisfazer uma necessid ad e existente


(se não houver necessid ad e adequada para a m ensagem que se
pretende divulgar, deve procurar criá-las); (2) A sugestão deve p a­
recer esclarecer um a situação am bígu a; (3) A su gestão deve pare­
cer integrar-se em atitud es já existen tes; (4) A su gestão deve acen­
tuar as características dos objetos m enos d iscutíveis (às vezes isso
é cham ado de propaganda ind ireta); (5) A sugestão deve satisfa­
zer às necessid ad es que as p essoas têm de viver em harm onia com
outras (pode ser o que se cham a de "relaçõ es p ú b lica s", ou tam ­
b ém pode referir-se a transm issão de prestígio de determ inada
pessoa para o produto ou assu nto que se procura v alorizar); (6 ) A
sugestão deve ser coerente com os p rin cípios da p ad ronização efi­
ciente do estím u lo .97

A propaganda envolve as atitudes psicológicas das pessoas,


tanto influindo com relações normais (propagandas explícitas)
como anormais (propagandas subliminares). Daí a importância
de sabermos o que queremos fazer através da propaganda: infor­
mar, persuadir, influenciar ou lembrar os alunos de algo.
A propaganda deve no bom sentido causar tensão e impulsos,
que façam com que o objetivo "Escola Dominical" seja o único
arrefecedor dessas inquietações. E bom lembrar que as necessi­
dades das pessoas fazem parte de suas complementações psico­
lógicas (ver Parte Um).
Os anúncios são criados para suscitar atenção (ou conscien­
tização), interesse, desejo e ação. Logo, subentende-se que se­
jam bem elaborados e criativos, o que infelizmente acontece
com raridade.
A propaganda como forma de atração, antes de ser informa­
tiva, deve ser comunicativa e emotiva, pois no mundo "frio" que
atravessamos atualmente, nada melhor do que a solidariedade e
a caridade existente no calor cristão.
Outro aspecto que deve ser muito bem observado é o cuida­
do que se deve ter com a propaganda enganosa é preciso que o
anúncio reflita a realidade do que está sendo divulgado.
Não estou dizendo que não se pode dar o caráter persuasivo
na mensagem, mas que a promessa de satisfação feita ao público
possa no momento da comprovação ser uma realidade.

2E5
□ Q u a r t a "P" da M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

Para uma boa estratégia de propaganda, você deve observar


algumas dicas:

• Defina o público alvo (Target) que deseja atingir, não es­


quecendo das diversidades entre as faixas etárias e a diferença
entre "mercados" interno (igreja) e externo (todas as pessoas).
São as diversidades entre os grupos que definem os tipos de pro­
pagandas que serão criadas e posteriormente veiculadas.
• Demarque a cobertura e o alcance (Reach), ou seja, o núme­
ro de pessoas que serão atingidas geograficamente pelo meio.
• Saiba exatamente o que você pretende atingir com a propa­
ganda: lançar novos serviços, tornar a "marca" Escola Dominical
conhecida, atrair mais pessoas, etc.
• Qual o veículo de comunicação que você utilizará (mídia, e
agora também multimídia)? Existem os massivos e dirigidos, im­
pressos, falados e eletrônicos (jornal, TV, revista, outdoor, rádio,
mala-direta, Internet, displays, móbiles, painéis, Premium, folhe­
tos, brindes, cartazes, faixas, demonstrações, poste de rua, etc.).
Agora também existe o bussdoor (que consiste em divulgar algu­
ma coisa escrita no pára-brisa traseiro do coletivo) e mais recen­
temente o motodoor (o piloto da moto leva um passageiro e este
passa a mostrar a propaganda para os coletivos e para quem está
na via).
• Lugar de atuação ou onde se concentra o fluxo maior de
pessoas. Realizar nesse local um Pedágio. (Essa atividade é feita
geralmente em locais onde existe uma grande afluência de veí­
culos automotores, nos cruzamentos e faróis, por exemplo. As­
sim, podem ser distribuídos adesivos, escrever no pára-brisa, etc.)
• No momento do anúncio (impresso ou falado), certifique-
se de que ele seja compreensível com um número pequeno de
argumentos, defina claramente as "recompensas" oferecidas, te­
nha indicação da fonte (no caso a escola) no começo e no fim, e
extrema clareza de apresentação.
Um bom conselho é que as escolas dominicais que possuem
computador desenvolva seus próprios anúncios para os merca­
dos interno e externo; dessa forma, ao entregar na gráfica ou pro­

26 7
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

dutora de comunicação audiovisual, o anúncio já está na forma


que você deseja (com ilustrações, tipos de letras, etc.). Cuidado
com o uso de muitas cores, figuras e outras características pejora­
tivas. No caso de não ter computador ou de tê-lo e não saber pro­
duzir, procure uma boa agência de publicidade e solicite a con­
fecção do material promocional.
Quando se for anunciar sobre a Escola Dominical na igreja,
não cometa a ingenuidade de ficar falando o título da lição, pois
isso os alunos já sabem, procure demonstrar o valor da aula e nada
mais. Também não exagere no anúncio usando jargões do tipo:
"Uma grande Escola Dominical", quando na realidade não é, pois
isso deixa seus anúncios desacreditados no momento em que real­
mente "a grande" for verdade.
Anúncios de Escola Dominical para crianças podem ser fei­
tos usando um fantoche, o que com certeza fará a diferença em
relação a um anúncio trivial. A equipe pode, por exemplo, criar
uma personagem e colocar um nome, e usá-la todas às vezes para
fazer o anúncio.
Ao contrário dos objetivos da propaganda subliminar**
televisiva, que são puramente mercantilistas e vantajosos somente
para quem os produz, a propaganda subliminar da Escola Domi­
nical pode despertar, desde que bem elaborada, a atenção, o inte­
resse que se caracterizará com o desejo resultando na ação do in­
gresso do aluno na Escola Dominical proporcionando vantagem e
benefício, tanto para a Escola Dominical quanto para o aluno. Esse
tipo de propaganda, por ser sutil, tem, geralmente, um efeito dura­
douro e seguro, porém, age de forma lenta na mente das pessoas.
A equipe deve trabalhar na intenção de fazer o povo sentir o
mesmo que Esdras fez ao povo de Israel (Ne 8.12). É preciso ain­
da despertar a atenção, com cartaz ou anúncio falado, de maneira
que, ao ler ou escutar, a pessoa se interesse pelo anunciado, o que
resultará em desejo e ação (Sentipensar, ver capítulo seguinte).
Uma coisa é certa, as necessidades espirituais existem no co­
ração da humanidade, e a Escola Dominical através do seu ensi­
no, que é a Palavra de Deus, pode satisfazê-las: "Porque satisfiz a
alma cansada, e toda alma entristecida saciei" (Jr 31.25; grifos

25B
□ Q u arto "P" do M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

meus). Nesse contexto a propaganda, elaborada pela equipe pode


ser a chave para uma grande demanda de procura pela Escola
Dominical em que vocês estão vinculados. A equipe deve, atra­
vés da propaganda, transformar as necessidades espirituais da
sociedade em oportunidades para que essas pessoas tornem-se
alunas e conseqüentemente salvas em Cristo Jesus.
Abaixo, relacionamos quatro itens indispensáveis para o su­
cesso de uma propaganda (escrita ou falada):
(1) O texto deve reconhecer um DESEJO ou uma NECESSI­
DADE do leitor/ouvinte.
(2) Deve conter a OFERTA da satisfação desse desejo ou ne­
cessidade.
(3) Deve oferecer COMPROVAÇÃO de que essa satisfação
será real.
(4) Deve JUSTIFICAR a ação que, segundo se espera, o lei­
tor/ ouvinte tomará.98
Essa é uma (não a única) das múltiplas formas de fazer com
que cresça o interesse das pessoas pela Escola Dominical.
A propaganda é tão importante como elemento de anúncio,
que até mesmo o nosso Mestre a utilizou (não posso dizer se com
ou sem intenção de "propagandear"): "No último e mais impor­
tante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: Se al­
guém tem sede, venha a mim e beba" (Jo 7.37 - NVI).
O evangelista e "apóstolo do amor", João, relata que havia
na festa uma grande multidão (Jo 7.12,20). Ora, por que será que
Jesus escolheu justamente a Festa dos Tabernáculos para se apre­
sentar? Simplesmente porque todos os varões israelitas eram obri­
gados a participar das "Três Festas dos Peregrinos" (Páscoa,
Pentecoste e dos Tabernáculos; Êx 23.14-19), e assim um número
maior de pessoas tomaria conhecimento de sua mensagem.
Com entando acerca da passagem de João 7.12, Russel
Norman Champlin diz: "(...) Havia grande número de visitantes,
vindos de todos os rincões de Israel, e é indubitável que muitos
prosélitos também costumavam freqüentar as festas religiosas".99
Imagine a cena, uma multidão que sequer podia transitar, de
repente, em meio à caloria do local, alguém pergunta se a multidão

259
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

está com sede e convida-a a beber. É óbvio que a reação foi de aten­
ção para quem disse isso, visto que da multidão que ali estava,
podemos inferir que uma grande parte estava com sede. Mas quan­
do alguém pensou em aproximar-se do Mestre para beber da água
oferecida por Ele, foi interceptado com a complementação da men­
sagem, que teve a finalidade de esclarecer o verdadeiro sentido
daquele anúncio propagandista (Jo 7.38,39).
O propósito inicial do anúncio foi chamar a atenção, visto
que o mesmo atrairia as pessoas por estar indo ao encontro de
uma necessidade (sede). Na seqüência, Ele conquistou pessoas
que estavam precisando de água (H2O), mas que ao ouvirem so­
bre a verdadeira Agua que Cristo anunciava concluíram que era
essa a sua verdadeira "sede" (vazio da alma). Por conseguinte,
esses que reconheceram que precisavam da Água oferecida por
Jesus, com certeza, iriam se manter no caminho da salvação, vis­
to que a promessa de satisfação era para quem nEle cresse: "Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de
água viva" (Jo 7.38).
Para exemplificar ainda mais que o aspecto propagandista
do Reino de Deus é uma ordem do Senhor Jesus, vejamos o que
nos diz Lucas: "O que vocês disseram nas trevas será ouvido à
luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de casa,
será proclamado dos telhados" (12.3 - NVI).
Champlin traz o seguinte comentário acerca desse texto:
No oriente, o pátio da cobertura de um a casa era lugar conveniente
para dali se fazer proclam ar uma m ensagem . Essa m etáfora alude à
larga distribuição, bem como a total publicidade (grifos do autor).101'

Se você passasse em frente a uma casa onde alguém esti­


vesse no telhado falando alguma coisa, por mais pressa que
tivesse, com toda certeza pararia para ouvi-lo. É bem assim
que o Senhor espera que façamos com a sua mensagem e com
a principal agência de ensino da igreja. Precisamos tornar a
Escola Dom inical mais anunciada, proclam ada, lem brada,
alardeada, mostrada, posicionada, afamada, notada, celebra­
da, apontada, etc.

27□
□ Q u arto "P " d o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

A propaganda sobre educação vem sendo largamente utili­


zada por um dos maiores ícones do marketing brasileiro, a Fun­
dação Roberto Marinho, como podemos comprovar em um anún­
cio da fundação global na revista Veja, escrito em letras "garrafais":
Q uando um hom em m orre é com o se um a biblioteca inteira se in ­
cendiasse (antigo provérbio africano).

Se você leu até aqui, continue. Por Educação. Porque Educação é a


única maneira de nós todos continuarmos. Educação é tudo na vida.
Quando você diz bom dia, é Educação. Quando você aprende a ler ou
voar, é Educação. Quando você planta uma árvore ou deixa de jogar
poluentes nos rios e mares, é Educação. Quando você passa por um
museu, um teatro, uma igreja ou um lugar histórico e entende o que
isto significa, é Educação. Educação é o maior patrimônio de um ser
humano. Porque Educação não é só aprender a ler e escrever. Educa­
ção é você aprendendo o seu próprio país e o mundo. E, neste proces­
so, aprendendo sobre você mesmo. Muito mais: Educação são todos
aprendendo sobre todos. Educação são 165 milhões perguntando quem
somos e para onde vamos. E descobrindo a magia e o poder das res­
postas. Quem tem Educação, tem muito mais do que um país. Tem
um a Nação. E quando cada ser humano nasce, é como se uma bibliote­
ca inteira começasse a ser construída. U m processo que não termina
nunca. E que se chama futuro. Educação é tudo (grifos meus).***

Para fechar essa questão da propaganda, deixo uma singela


reflexão: Imagine um camponês de l,80m de altura que sai à rua
com uma bacia sobre a cabeça cheia de lindas pencas de bananas
para vender, não obstante, ele não as oferece. Dificilmente esse
camponês encontrará alguém com 2,5m de altura que goste de
banana e curioso o bastante para perguntar: "O senhor está ven­
dendo bananas?!"
c) Relações Públicas - Segundo o pastor Wagner Tadeu dos
Santos Gaby, "as relações públicas destinam-se à operação do ex­
terior, isto é, o mundo que nos cerca, quer sejamos um indivíduo
quer uma instituição".101
Devem ser bem preparadas as pessoas que vão trabalhar com
relações públicas na Escola Dominical, pois a função das relações
públicas é ser uma ponte entre Escola Dominical e sociedade.

271
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Então, quando disse que deve ser pessoas preparadas as que


trabalham com as relações públicas, levei em conta o relato bíblico
sobre o trabalho dos 12 espias de Israel (Nm 13— 14); por causa de
dez deles, o povo peregrinou no deserto por quarenta anos.
São as pessoas que garantirão a boa imagem de nossa insti­
tuição, portanto exige-se deles que no mínimo sejam alunos da
Escola Dominical.
De nada adiantará a pessoa ter boa aparência e boa influência, e
não ser aluno. Pois seria a mesma coisa que você chegar no dentista,
e ele se apresentar "desdentado". Você trataria os dentes com ele?
O grupo que trabalha com relações públicas deve participar de
eventos sociais (como inaugurações de patrimônios públicos), cau­
sas comunitárias (não eleitoreiras) e demais acontecimentos em que
se fizer necessário a Escola Dominical estar sendo representada.
d) Marketing Direto - E um sistema interativo em que a comu­
nicação é largamente utilizada.
Esse sistema ou método seria basicamente iniciar uma ami­
zade com alunos potenciais não-crentes, e isso de várias formas,
para depois, e de maneira espontânea, trazê-los para o edu-
candário cristão.
A mala-direta, que é um instrumento dessa modalidade do
marketing, pode para nós ser uma eficiente ferramenta.
Como por exemplo, com o armazenamento de dados sobre
os nossos mercados, podemos enviar um número de correspon­
dências a essas pessoas, sem revelar quem está enviando, ou seja,
informalmente.
A mala-direta pode ser repleta de boas notícias, falando de
um lugar que nos espera no futuro, da qualidade de vida abun­
dante, etc. Geralmente envia-se três ou quatro correspondências.
Quando a equipe sentir que "o peixe está fisgado", é hora de
revelar-se à pessoa e convidá-la a desfrutar de toda a veracidade
das informações que foram trocadas entres vocês. Esse método é
prático, atrai e cativa ao mesmo tempo.
e) Marketing Institucional - As maiores organizações atualmen­
te estão investindo em projetos culturais e tantos outros que ve­
nham favorecê-las, ou seja, elas patrocinam esses projetos cultu-

272
O Q u a rto “P" d o M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

rais a fim de agradar o público simpatizante das mesmas. Em


troca, essas empresas estão recebendo o triplo do que investiram.
A Escola Dominical por ser uma instituição que já realiza um
grande trabalho de erradicação de marginalização, prostituição,
tráfico e tantos outros, deveria hoje estar sendo vista como uma
das maiores entidades sociais do mundo, ou Ong (Organização
não-governamental).
Agora é claro que o mundo em si não vai se interessar por
esse assunto, pois é nosso dever anunciarmos. E não devemos
encarar isso como uma obrigação, mas como um prazer.
Além do caráter espiritual da Escola Dominical, e que conse­
qüentemente influi no social. As Escolas Dominicais precisam se
promover, e, como se diz no Marketing, petrificar as pessoas. E
preciso desenvolver uma mentalidade social e começar a partici­
par de eventos educativos, promover atividades filantrópicas, pois
isso chama a atenção da população, mexe com os sentimentos das
pessoas. E o que é melhor, é capaz de atraí-las e conquistá-las.
Em minha cidade fizemos uma experiência de cunho social atra­
vés da Escola Dominical. O projeto foi denominado de "Operação
Arrastão". O trabalho consistiu em visitarmos a periferia da cidade
com o propósito de arrolarmos 100 novos alunos para a nossa Esco­
la Dominical. No domingo pela manhã, saímos com as professoras
do Departamento Infantil e com as crianças. O trabalho foi dividido
da seguinte forma: as professoras e eu anotávamos os nomes das
crianças e adultos que estavam se matriculando, enquanto nossas
crianças distribuíam pirulitos personalizados como lembrança da
Escola Dominical. Na parte da tarde as crianças ficaram e somente a
liderança da Escola Dominical participou.
O grande atrativo usado por nós para incentivar as pessoas a
serem alunas da Escola Dominical era a promessa de que ofere­
ceríamos lanche após a aula dominical, e que depois de freqüen­
tar três aulas consecutivas o aluno receberia gratuitamente (use
palavras-chaves no marketing) uma camiseta.
Sabe o resultado disso?
Um grande crescimento no rol de alunos da Escola Domini­
cal, e destaque na imprensa evangélica do Brasil e na secular

273
M a rk e tin g p a ra a Escola do m inical

local. Com isso tornamos a Escola Dominical mais conhecida e


necessária para a comunidade. Foi o que se verificou ao receber­
mos um convite do Fórum de Desenvolvimento do SEBRAE aqui
de nossa cidade para estarmos participando das reuniões que de­
cidem quais projetos são interessantes para desenvolver o nosso
município.
Você que talvez (assim como eu um dia pensava) vive achan­
do obstáculos para fazer a obra do Senhor, lamentando as parcas
condições de sua igreja e dizendo que não dá para fazer, fique
certo de uma coisa, os grandes homens de Deus só se tornaram o
que foram porque acreditaram no Deus que serviam, viram o in­
visível e acreditaram no impossível (Hb 11.1-3; 32-40).
Deixo uma breve história para sua reflexão:
Havia em uma cidade um velho sábio que constantem ente era pro­
curado para aconselhar as pessoas. Havia tam bém nessa cidade um
jovem que tinha o sonho de frustrar esse sábio em algum enigma.
Ele procurava de todas as form as alcançar o seu intento. Esse era o
seu grande objetivo. Existia tam bém nessa m esm a cidade um outro
rapaz que incentivava o seu am igo dizendo: "Você ainda vai conse­
guir enganá-lo, acredite".

U m dia, o rapaz teve um a idéia e disse ao seu amigo:

— Dessa ele não vai escapar.

O seu am igo sem pre incentivador, lhe perguntou:

— O que você fará?

— Levarei um pássaro em m inhas m ãos e lhe perguntarei: "M estre,


o pássaro que tenho em m inhas mãos está vivo ou m orto?" Se ele
disser que está vivo, apertarei as m inhas m ãos e soltarei o pássaro
m orto ao chão. Se disser que está m orto, abrirei as m ãos e soltarei o
pássaro livrem ente ao ar.

O outro m oço o aplaudiu e disse:

— Dessa vez ele não escapará.

O dia chegou e os dois m oços partiram para onde o mestre estava.


Então o jovem sonhador lhe propôs o enigma:

274
□ O u arto "P” do M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

— M estre, tenho um pássaro em m inhas mãos. Ele está vivo ou


m orto?

O m estre olhando calm am ente para o moço disse-lhe:

— M eu jovem , a resposta está exatam ente em suas mãos.

O mesmo digo a você: a resposta para o sucesso de sua Esco­


la Dominical está exatamente em suas mãos!

* WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. Revista Vidamix. São Paulo: Editora Vida,
a n o 3 ,n ° 5 , agosto/2001, p. 11.

** Subliminar: Psicologia; Diz-se de um estímulo que não é suficientemente intenso para


que o indivíduo tome consciência dele, mas que, repetido, atua no sentido de alcan­
çar um efeito desejado.

* ** Revista Veja. Editora Abril, ed. 1641, ano 33; n° 12,22 de março de 2000, pp. 146,147.

Z7S
C a p í t u l o E5

Usando a Necessidade
e o Processa 5atisfacianal
coma Farmas de Atrair,
Conquistar e Manter Alunas
na Escola Dominical

O mundo atual é marcado pelo pragmatismo


pós-moãerno, por isso, exige-se de qualquer coisa o
seu "valor de utilização". Não podemos prescindir
dessa verdade em nosso cotidiano ou mostramos o
quanto é importante para o dia-a-dia a Escola Do­
minical, ou ficaremos com meia dúzia de pessoas
em nossas classes. Doutor Bruce Wilkinson diz:
"Talvez o seu cliente goste do produto (aula) mas
não sabe se irá comprá-lo (freqüentar)".102
A questão principal é: Como motivar meu clien­
te (aluno) a comprar o meu produto (aula)? Esse ca­
pítulo visa a lhe auxiliar nessa tarefa fundamental.
Certa vez alguém me perguntou: "Por que na
Escola Dominical não há formatura e diploma?"
Sei que a pessoa que me indagou sobre isso
estava sob a influência da escola laica, mas se for-
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

mos ver ao pé da letra, será que existe conclusão do conhecimen­


to, do qual o diploma é um dos seus maiores referenciais?
Sendo a Escola Dominical uma instituição de ensino popu­
lar das Sagradas Escrituras, e que trata de temas tão corriquei­
ros das nossas vidas, será que haveria possibilidade de nos for­
marmos e dizermos: "Não preciso mais da Escola Dominical,
cheguei ao fim e sei tudo!" Haveria em nós capacidade para
esgotarmos todos os assuntos de que trata a Bíblia? Além disso,
é preciso fazer uma distinção entre o ensino formal (o ensino
sistematizado da escola laica), o ensino não-formal* (nesse caso
a Escola Dominical) e o ensino informal (aqui se encaixam as
propagandas, comerciais e demais coisas que acabam nos "edu­
cando" para fazermos aquilo que determinadas pessoas que­
rem que façamos. Entretanto, na maioria das vezes isso aconte­
ce sem percebermos).
Creio que hoje não está havendo um maior interesse pela Es­
cola Dominical, simplesmente porque não estamos levando em
conta os fatores pelos quais nossos alunos estão desmotivados,
ou seja, não estamos vendo suas necessidades. Esquecemos que
estamos ali para suprir as necessidades deles, e não a nossa.
Chega de dizer o que a Escola Dominical é, precisamos
enfatizar para que ela serve!
É necessário, como já foi dito, mostrar as pessoas que o ensi­
no ministrado no domingo é bastante suficiente para suprir as
necessidades da semana que se inicia. Muitos não têm desejo de
vir à aula porque nunca conseguiram entender o quanto a lição é
importante quando se põe em prática o conhecimento apreendi­
do através dela.
Nesse particular, grande parte dos educadores peca, pois não
se preocupam em conhecer os alunos e suas deficiências, mas
disparam a ler a lição como se isso fosse o suficiente para cum­
prirem sua missão. "Você perceberá muitas coisas acerca de Je­
sus como Mestre, mas não perca de vista o fato de que Ele, cons­
tantemente, apresentava motivos para persuadir os ouvintes,
contando histórias que exigiam uma ação por parte deles. Ele
ensinou com a finalidade de persuadir homens e mulheres a se-

E7B
U sa n d o a N ec e s s id a d e e □ P ro c e ss o 5 a tis fa c io n a l
c o m o Fo rm a s d e A trair. C on q u is ta r e M a n te r A lunos na Escala Dom inical

gui-lo, e ordenou que seguíssemos os seus passos. Constranja-os


a virem nessa direção."103
Observe como as coisas mudam, quando as pessoas enten­
dem que o ensino ministrado é para o bem delas, e que poderá
ser praticado:
E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido,
faziam que, lendo, se entendesse.

E N eem ias (que era o tirsata), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os


levitas que ensinavam ao povo disseram a todo o povo: Este dia é
consagrado ao Senhor, vosso D eus, pelo que não vos lam enteis, nem
choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.

Disse-lhes mais: Ide, e com ei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai


porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é
consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque
a alegria do Senhor é a vossa força.

E os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque


este dia é santo; por isso, não vos entristeçais.

Então, todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a


fazer grandes festas, porque entenderam as palavras que lhes fize­
ram saber (Ne 8.8-12; grifo meu).

No texto acima vemos claramente os requisitos que uma boa


Escola Dominical precisa preencher para que seu número de alu­
nos cresça e a cada dia ela se tome mais popularizada.
A equipe possuía...
• Apoio do líder majoritário (Neemias, representando o pastor);
• Orientação do líder departamental (Esdras, representando
o superintendente da ED);
• Auxiliares instruídos e capacitados (seis homens à direita
de Esdras e sete à sua esquerda, representando os porteiros e
introdutores da ED);
• Professores qualificados e entendidos (os levitas, represen­
tando os professores da ED).

279
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

... funcionava sincronicamente...


• O líder majoritário convocou o povo (Ne 8.1);
• O líder departamental "prendeu" a atenção de todos com a
leitura do Livro (Ne 8.3);
• Os auxiliares estavam "em pé", ou seja, prontos para ori­
entar o povo (Ne 8.4).
• Os professores (re)liam, explicavam e interpretavam** a
lição (Lei), para que os alunos (povo) entendessem (Ne 8.7).
... e unia-se no momento final para alcançar o objetivo geral:
E Neemias (pastor), o sacerdote Esdras (superintendente) e
os levitas (professores) disseram a todos:
Este dia é consagrado ao Senhor, o nosso Deus. N ada de tristeza e
de choro!" Então todo o povo saiu para comer, beber, repartir com
os que nada tinham preparado e para celebrar com grande alegria,
pois agora com preendiam as palavras que lhes foram explicadas
(Ne 8.11,12 - NVI; grifo meu).

É necessário saber que esse acontecimento tinha toda uma estru­


tura preparada anteriormente, pois os muros da cidade foram
reconstruídos em apenas 52 dias, equipes qualificadas foram
estabelecidas para atender o povo e o líder principal, Esdras, havia se
habilitado para tal mister (Ed 7.8-10). Assim, a necessidade precípua
da nação, que era a questão espiritual, foi suprida. Não só essa, mas
várias outras, como necessidade de auto-afirmação (Jerusalém era o
símbolo do poderio da nação), de segurança com a reconstrução da
"proteção" da cidade, de sociabilidade com a reabitação do povo, etc.
Tudo o que aconteceu aqui, na verdade, nada mais foi do que a
conscientização do povo acerca de sua real necessidade ("Buscai
primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas", ou
seja, as outras necessidades serão supridas, contidas ou dirigidas). Com
essa atitude eles conseguiram fazer uma convergência entre o sen­
timento e o pensamento do povo, o que conseqüentemente resul­
tou em uma ação. E essa ação era o objetivo que Neemias e toda a
sua equipe haviam vislumbrado previamente, por isso consegui­
ram atingi-lo.
Mas como conseguir isso em minha Escola Dominical?

2BD
U sand o a N ec e s s id a d e e □ P ro c e ss o S a tis fa cio n a l
c o m o F o rm a s d e A trair. C onq uistar e M a n te r A lunos na Escola Dom inical

Conhecendo a Verdadeira Função do M arketin g


para a Escola D om inical

Partindo da clássica definição que diz que o "Marketing é a


atividade humana dirigida para a satisfação das necessidades e
desejos através dos processos de troca", afirmamos que Marketing
para a Escola Dominical é uma tendência desses tempos pós-moder-
nos, ou seja, o mesmo que "não modificar a verdade, preferindo
antes vesti-la com a roupagem cultural contemporânea".104 Como
já disse, ele não se confunde com o marketing comercial — que
procura satisfazer as necessidades hedonistas e narcisistas das
pessoas, e obter com isso lucratividade.
O Marketing para a Escola Dominical visa a mostrar às pessoas
as suas verdadeiras e reais necessidades, bem como sinalizar o
canal que as levará a satisfazer, conter ou dirigir essas necessida­
des. Observe o que nos diz Howard Hendricks:
Como professores, com o m otivadores, precisam os levar os alunos a
se tornarem autom otivados, isto é, a fazerem o que têm de fazer não
porque recebem ordem para isso, ou porque alguém os obriga, m as
porque querem.
Um dos melhores m odos de despertar isso no aluno é torná-lo ci­
ente de suas dificuldades e lacunas.
Suponham os que eu me ofereça para dar aulas de como falar em
público para alguém, e ele responda:
— Bom , H endricks, acho que não preciso. É que não tenho m uita
dificuldade nessa questão.
— Ó tim o, replico. Então gostaria que você desse um testem unho
em nossa reunião de oração para executivos na quinta-feira. Vão
estar presentes uns trezentos ou quatrocentos hom ens, a m aioria
deles não é crente, e eu queria que você desse seu testem unho, que
falasse uns três minutos.
Agora não dá m ais para ele se esquivar.
— Ah, claro. Três m inutos?
— É. Isso significa três vezes sessenta segundos.
— E lógico, claro; eu dou.
Chega o dia. Aquele hom em se levanta para falar, vê aquela gente
toda e fica petrificado. Segura as suas anotações com tanta força que
até parece que elas vão voar. C om eça contando um a piada, e acaba
perdendo o fio da m eada. Passa a narrar o testem unho principiando

281
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

pelo fim. O resto é uma confusão só. Ele só olha para o auditório até
à terceira fileira; não faz contato visual com o fundo do salão. Sua
explanação é um fracasso. Por fim senta-se.
— Acho que passei um pouco do tempo, cochicha ele comigo.
— Só nove m inutos, respondo. E, a propósito, gostaria que eu lhe
desse um curso sobre com o falar em público?
— Podem os com eçar am anhã?

Agora ele está consciente de suas deficiências. É por isso


que uma das principais preocupações que devemos ter no ensi­
no é expor os alunos a situações práticas da vida (grifos meus).105

No entanto, para que possamos expor aos alunos as situa­


ções práticas da vida pós-moderna é necessário que as conheça­
mos. Um pouco disso foi o que procuramos demonstrar nas duas
partes anteriores da obra, mas é necessário que cada um esteja
ciente das peculiaridades de sua região. Neemias conhecia a si­
tuação do povo, por isso conseguiu, juntamente com sua equipe,
tornar o povo consciente de sua real necessidade, tendo como
resultado alguns benefícios que garantiriam o sucesso de toda a
nação bem como também do seu próprio governo.
Uma outra questão é "criar" necessidades e desejos nos alu­
nos. A esse respeito, vejamos novamente o que nos diz Howard
Hendricks:
Pouco tem po depois que m e m udei para o Texas, citei um conheci­
do ditado popular: "Podem os levar um cavalo a um bebedouro, mas
não podemos obrigá-lo a beber". E logo em seguida um vaqueiro
texano, sujeito alto e forte, replicou:
"R apaz você está enganado. Podem os dar sal para ele " . 106

Essas duas principais funções devem estar bem claras para


toda a equipe do marketing para a Escola Dominical, pois um dos
principais erros de quem trabalha com marketing é desconhecer o
real propósito dessa atividade. Não esquecendo, é claro, que tudo
isso deve acontecer de forma planejada e contando com uma es­
trutura à altura da demanda de sua Escola Dominical. E como sa­
bemos: "O comportamento humano é dirigido por uma sensação
de necessidade que deve ser satisfeita, contida ou dirigida".107
U sand o a N ec e s s id a d e e o P ro c e ss o 5 a tis fa c io n a l
c o m o F o rm a s d e A trair. C on q u is ta r e M a n te r A lunos na Escola Dom inical

É preciso que o marketing para a Escola Dominical cumpra


sua missão usando as necessidades e o processo de satisfação,
contenção ou direção das mesmas como forma de atrair, conquis­
tar e manter os alunos na Escola Dominical.

Conhecendo as Necessidades
e o Perfil dos Alunos Pós-modernos

O homem é um ser incrível e seu perfil é definido no contex­


to sócio-histórico-cultural em que ele está inserido no qual, por
conseguinte, interage. Pode não ser novidade essa declaração,
mas entendê-la é fundamental para podermos atrair, conquistar
e manter alunos na Escola Dominical.
Todos nós sabemos que a vida humana não se restringe única
e simplesmente ao seu aspecto biológico. Isso equivale a dizer que
o ser humano é composto de duas partes principais: a material e a
imaterial (1 Ts 5.23). Ambas são importantes, porém é preciso que
entendamos que a verdadeira felicidade está em fazermos e/ ou
realizarmos aquilo para o que fomos criados. Esse entendimento é
de suma importância para que saibamos quando e como devemos
agir segundo nosso "homem exterior", e quando e como agir se­
gundo nosso "homem interior". É bom que se tenha em mente que
as duas partes se opõem uma a outra (G1 5.16-25). Por isso que já
foi dito que sempre haverá uma ou mais necessidades coexistindo,
e a satisfação de uma pode eclipsar outras ou vice-versa.
Por exemplo, Deus nos deu alguns instintos que são necessá­
rios para sobrevivermos (desejo sexual, fome, sede, etc.), mas a
aplicação errônea desses instintos é o que os torna pecaminosos:
Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de m odo nenhum satisfarão
os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espíri­
to; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um
com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam . M as, se
vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da Lei.

Ora, as obras da carne são m anifestas: im oralidade sexual, im pure­


za e libertinagem ; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúm es, ira,
egoísm o, dissensões, facções e inveja; em briagez, orgias e coisas se­

ZB3
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

m elhantes. Eu vos advirto, com o antes já os adverti: Aqueles que


praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus.

M as o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, am abilidade,


bondade, fidelidade, m ansidão e dom ínio próprio. C ontra essas coi­
sas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a car­
ne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivem os pelo Espírito,
andem os tam bém pelo Espírito (G1 5.16-25 - NVI; grifos meus).

Aqui vemos necessidades espirituais que precisam ser dirigidas,


necessidades carnais que precisam ser contidas e a principal que
devemos perseguir a sua satisfação: Andar no Espírito!
Acerca de alguém que está necessitado, o Antigo Testamento
traz uma palavra hebraica 'ebyôn (substantivo) que encerra no
mínimo três conotações:

1) refere-se a alguém que é pobre em sentido material;


2) refere-se à falta de posição social;
3) descreve a condição espiritual do indivíduo perante Deus.108

Observe que as carências estão todas no campo das "necessi­


dades adquiridas" de Maslow, e melhor ainda como descreve
Naomi I. Brill, em suas duas categorias de necessidades:
A prim eira necessidade prim ária é de segurança. O aspecto físico
da personalidade expressa a necessidade de bens materiais. O as­
pecto em ocional, a necessidade de am or e aceitação. O aspecto inte­
lectual, a necessidade de saber, entender e dom inar o conhecim ento
e as habilidades. O aspecto social, a necessidade de relacionam en­
tos significativos. Finalm ente, o aspecto espiritual expressa a neces­
sidade de ter satisfações internas.

A segunda necessidade prim ária é de oportunidade para crescer. As


pessoas precisam de álgo mais que segurança. Precisam da oportu­
nidade de crescer/desenvolver a m aturidade e alcançar o potencial
em cada um dos cinco aspectos da personalidade (grifos m eus).10'

Os "cinco aspectos" da personalidade, segundo Naomi Brill,


são os seguintes: o aspecto físico, o aspecto emocional, o aspecto

2B4
U sand o a N ec e s s id a d e e □ P ro c e ss a E iatisfacianal
c o m o F o rm a s d e A trair, C on q u is ta r e M a n te r A lu n as na Escala D om inical

intelectual, o aspecto social e o aspecto espiritual. Ainda segun­


do sua teoria "cada categoria de necessidade interage com cada
aspecto da personalidade".110 Entretanto, a esse respeito, vamos
analisar de maneira mais abrangente no último tópico. Antes,
porém, vamos aprofundar um pouco mais a questão das necessi­
dades e do perfil dos alunos pós-modernos.
Em artigo esclarecedor sobre o mundo pós-moderno, intitulado
Como Fazer Discípulos no Mundo Pós-moderno, Earl Creps, diretor
do Programa de Doutorado em Ministério do Seminário das As­
sembléias de Deus em Springfield, Missouri (EUA), assim define
o pós-modernismo, e fala sobre características (necessidades) das
pessoas modernas (uma geração que está em declínio, em
contraposição às pós-modernas, que se encontram em franco cres­
cimento):***
O pós-m odernism o é uma reação contra os valores do m undo m o­
derno, segundo foi form ado pelo Renascim ento, Reform a e Século
das Luzes (Iluminismo). A m oderna visão de m undo é caracteriza­
da (no ocidente) por várias características fundam entais: a) a cen­
tralização no indivíduo; b) confiabilidade na percepção hum ana; c)
prim azia da razão; d) objetividade da verdade; e) inviabilidade do
progresso; f) certeza de absolutos; g) incerteza do sobrenatural; h)
uniform idade da visão de m undo (p. 37).

Paradoxalmente, as pessoas pós-modernas, apesar de serem


"biblicamente indoutas, ascéticas e não convencidas de que a
verdade existe em termos absolutos", são crédulas no que é mís­
tico, transcendental, ou seja, são espirituais, sem serem religio­
sas. Creps diz, sobre uma pesquisa realizada pelo iminente es­
critor e consultor de empresas e igrejas George Barna, que as
pessoas tendem a formar valores pragmaticamente inclinando
as suas escolhas a mais para alcançarem seus propósitos, antes
de aderirem a um "abstrato código religioso" (p. 38), ou seja,
isso reitera o que já dissemos na abertura desse último capítulo.
Traçando um perfil das pessoas pós-modernas, escreve o mesmo
articulista:
(...) a) a centralização da com unidade; b) prim azia da experiência;
c) subjetividade da verdade; d) a com plexidade da percepção hu­

2B5
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

m ana; e) fragilidade do progresso; f) irrealidade dos absolutos; g)


m ostruosidade do espiritual; h) a pluralidade das visões de mundo
(p. 38).

Com esse perfil, é inviável que nossos programas de educa­


ção cristã, existentes em muitas igrejas, continuem atuando da
mesma maneira que faziam há 20 anos. Mas você objetará: "Os
nossos programas são os melhores do país"! Então, a "sangria"
está em outra área. E preciso, urgentemente mudar o sistema de
ensino em classe, atendendo mais às necessidades dos alunos, e,
anunciando, recepcionando e dando mais atenção a esses aspec­
tos. Os alunos pós-modernos, leia-se, a geração atual, duvidam das
instituições, por acharem, e é isso que paira no "imaginário cole­
tivo", que elas lhes impõem regras. Sabemos que as regras mu­
dam, os princípios é que não podem mudar. Assim, o trabalho de
atendimento realizado pela equipe da ED deve ser único. A di­
vulgação, bem como o funcionamento, deve oferecer um sentido
para a vida à deriva dos pós-modernos. Eles, repito, são pragmáti­
cos e estão abertos a ouvir qualquer mensagem que esteja dando
resultados na vida de seus companheiros. Então é imprescindí­
vel que a equipe da Escola Dominical "baixe a guarda" e mostre
que os seus componentes são de "carne e ossos", e não seres
"superespirituais ".
O ponto de vista tribal que impera entre a sociedade pós-mo-
derna é a chave para entendermos que a melhor divulgação da
Escola Dominical, é aquela predileta do marketing, o "boca-a-
boca". Assim, se alguém acreditava que teria que gastar um ab­
surdo no desenvolvimento de propaganda, está enganado: a au­
tenticidade de um grupo fomentando boas notícias acerca da Es­
cola Dominical — como por exemplo, que esta é um lugar
interativo, onde as dúvidas são sanadas sem o perigo dos pós-
modernos serem estigmatizados — é bem provável que faltará es­
paço em sua Escola Dominical para acomodar tanta gente. A esse
respeito, Creps comenta:
Em um sentido estético, os ouvintes m odernos, com freqüência, en­
contram um satisfatório esboço didático — um a grande lição às ve­
zes quer dizer uma grande análise. A nova tribo que encontra em

2BE
U sand o a N e c e s s id a d e e o P ro c e ss a S a tis fa cio n a l
c o m o F o rm a s d e A trair. C onq uistar e M a n te r A lun os n a Escola Dom inical

nossas igrejas não se im pressiona com isso, uma vez que tem desejo
de algo m ais. Robert W ebber nota que essa m udança influenciará os
nossos esforços para educar: "N o mundo pós-m oderno, a educação
m udará de passar inform ação para passar sabedoria por meio da
experiência da verdade cristã, que se considerava preposicional, in­
telectual, racional. Ela será experim entada com o encarnada na rea­
lidade. A fé será com unicada através da im ersão na com unidade de
pessoas que praticam a fé cristã" (p. 39).

Com esse último flash do artigo de Earl Creps, pretendo ain­


da comentar sobre o artigo que se encontra imediatamente após
o seu, e que corrobora com o que já foi dito até aqui, tanto acerca
do pragmatismo pós-moderno, como acerca da visão de Reino, a qual
foi aludida “n" vezes em todo o livro. Respondendo à pergunta:
Pode a Escola Dominical Ensinar uma Cultura Pós-moderna?, título
de seu artigo, Sharon Ellard, coordenadora de Promoção da Es­
cola Dominical da Assembléia de Deus norte-americana em
Springfield, Missouri (EUA), assim se expressa em quatro tópi­
cos, dos quais apenas citaremos os seus enunciados, com alguns
comentários:
D epende de nossa disposição para ser autênticos: Os que seguem
o pós-m odernism o respeitam e buscam a autenticidade. Os partidá­
rios do pós-m odernism o prestam atenção se os pastores, líderes e
professores de ED estão dispostos a com partilhar a si m esm os e ao
seu andar com Deus.

Depende de nossa disposição para investir em relações: Eles bus­


cam relações genuínas, amorosas, sem condições. Os professores que
querem alcançar uma geração pós-m oderna devem estar dispostos
a reservar tem po para estabelecer relacionam entos. Invista tempo
para falar com os alunos pelo telefone, por e-m ail ou por m eio de
uma xícara de café. Separe tem po na classe para inteirar-se das no­
vas, regozijar-se com os que estão contentes, consolar os que estão
tristes. Jesus sem pre ensinava relacionalm ente.

Depende de nossa disposição para passar do conhecim ento à prá­


tica: Os da cultura pós-m oderna buscam a prova em nosso com por­
tam ento. Estam os dispostos a ir além do que prepararm os para a
"obra do serviço" (Ef 4.12) ao m inistrar com o grupo e com o indiví­

207
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

duos. Os que estão fora da igreja esperam ver se os que estam os


d en tro d e la , tem o s d isp o siç ã o a sa ir d e n o ssa s cla s s e s p ara
jubilosam ente investirm os em ajudar aos demais.

D epende de nossa disposição para orar e perseverar: A oração nos


alinha com os planos de Cristo e com o poder do Espírito Santo para
o m inistério (p. 42).

O que a autora colocou está em consonância com o que tam­


bém já foi falado acerca de teologizar menos e ter mais praticidade.
Em conclusão à célebre pergunta que dá título ao seu artigo, fina­
liza: "Depende dos pastores, dos líderes e dos professores.
Estamos dispostos a fazer o que for necessário para alcançá-los?
Estamos dispostos a elevar nossas expectativas do que acontece­
rá em nossa Escola Dominical? Se é assim, seguiremos segundo o
coração de Deus, e Ele nos dará o crescimento" (Ibid).

Conhecendo Formas de Transformar


as Necessidades em Oportunidades

Para esse penúltimo tópico, trouxe alguns sinalizadores de


como tornar possível a transformação das necessidades em opor­
tunidades para atrair, conquistar e manter alunos na Escola Do­
minical. São algumas sugestões, máximas e "maximizadores" (o
maior valor que uma grandeza possa assumir):
• A equipe existe para servir aos alunos, portanto, nada de
querer ser servida. No trabalho em que está engajada, os alunos
são o mais importante;
• Comunique o conteúdo, tendo em mente as necessidades e
o interesse dos alunos, pois, como já foi dito, de nada adianta
teologizar quando o aluno sequer sabe lidar com isso;
• Observe constantemente as atitudes, a atenção e as ações
de seus alunos, pois são esses sinalizadores que indicarão à equi­
pe a quantas anda a idéia de "A Escola Dominical que os alunos
pensam que sou";
• A aplicação dirige as Escrituras para as necessidades dos
alunos, por isso ela deve ser bem elaborada e com caráter de "ver­

EBB
U sand o a N ec e s sid a d e e o P ro c e ss o 5 a tis fa c io n a l
c o m o F o rm a s d e A trair, C o n q u is ta r e M a n te r A lun os n a Escola D om inical

dade prática", que é o supra-sumo de toda lição, podendo ser


colocada em prática sem muitas dificuldades, ou seja, sem preci­
sar ler o que o professor escreveu no quadro;
• Prenda a atenção dos alunos falando dos benefícios que
acompanham, ou seja, que estão agregados às características prá­
ticas da lição (Mt 7.24,25);
• "Assuste-os", apresentando as trágicas conseqüências que
sobrevêm aos que também não colocam em prática (Mt 7.26,27);
• Faça aplicações que tenham que ver com as necessidades
dos alunos, nada de ficar respondendo a questões ultrapassadas
ou, ainda pior, muitas que os alunos nem estão perguntando, pois
essa atitude é "chover no molhado";
• Você precisa saber que aspecto da vida dos alunos requer
mudanças e criar aplicações que atendam essas necessidades. Por
isso é importante a equipe fazer pesquisa, sondagem e utilizar o
Banco de Dados do corpo discente;
• Todos os membros da equipe devem estar incumbidos de
criar a necessidade, e isso só é possível se cada um souber a parte
que lhe pertence executar dentro da missão;
• Suprir as necessidades é o chamado básico da equipe, nun­
ca é demais reiterar essa verdade, pois é a razão de ser do
Marketing para a Escola Dominical;
• Construir a necessidade é a melhor maneira de a equipe
motivar os alunos; pois este, sentindo a necessidade, automatica­
mente buscará satisfação. Portanto saiba "dar sal para o aluno";
• Crie necessidades sempre visando a supri-las com o con­
teúdo das aulas. Se não "projetá-las" com esse cuidado, o aluno
criará aversão pela Escola Dominical e será como disse Jesus:
"Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o
remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo" e sendo assim
"o estado final [dessa Escola Dominical] torna-se pior do que o
primeiro" (Mt9.16; Lc 11.26).
• Não esqueça de criar as necessidades de acordo com as carac­
terísticas dos alunos, bem como das circunstâncias, para cada faixa
etária e para cada momento há tipos específicos de necessidades,
portanto, a equipe deve estar atenta às mudanças que acontecem;

2B9
M a rk e tin g p a ra a Escala Dom inical

• Procure identificar o que está desvirtuando a atenção do


aluno durante o processo de atração; dessa maneira, a equipe de­
monstrará, não somente a esse aluno, mas também a outros, o
quanto se preocupa com eles;
• Descubra as necessidades do aluno das seguintes maneiras:****
a) Métodos diretos (perguntas diretas; indagações genéricas;
questionário anônimo; interação com familiares dos alunos; visi­
tas pessoais ao trabalho ou lar do aluno e observações pessoais.)
b) Métodos indiretos ("recolha informações de duas fontes
básicas: (1) os assuntos que forem do interesse de sua classe; (2)
as características da faixa etária dos alunos, notadamente os pro­
blemas e tendências";***** livros; revistas e jornais; pesquisas e
apurações; indivíduos que interagem com os alunos.)
c) Desenvolva um inventário de necessidades da classe (por
área-chaves de necessidade; por referências de época; pelos pa­
péis que desempenhamos e pelas principais categorias da vida.)
• Concentre-se na necessidade;
• Preveja a necessidade;
• Sinta a necessidade;
• Supra a necessidade.
O propósito dos "Maximizadores da Necessidade" é ensinar
ao professor as sete maneiras de "criar a necessidade":
1) Descreva a necessidade através de uma apresentação concreta;

2) Expresse a necessidade contando histórias;

3) Sensibilize através da dramatização;

4) Aum ente a necessidade através de seu modo de falar;

5) Intensifique o senso de necessidade através da música;

6) M ostre a necessidade através de um diagram a;

7) Sim bolize a necessidade com um a figura.

230
U sa n d o a N e c e s s id a d e e o P ro c e ss o S a tis fa c io n a l
c o m o F o rm a s d e A trair, C o n q u is ta r e M a n te r A lunos n a Escola Dom inical

Já no momento de entregar esse manuscrito à CPAD (depois


de passar dezesseis meses "engavetado", para aquele período de
"incubação", onde, posteriormente, em uma leitura menos apaixo­
nada, é possível identificar equívocos), me chega às mãos a revista
Ensinador Cristão n° 15, em que está reproduzido um artigo, de mi­
nha autoria, intitulado Escola em Potencial, no qual trato a questão
da importância do marketing como ferramenta de ação da Escola
Dominical, e ao ler a revista me certifiquei de algo e por isso resolvi
fazer um acréscimo que julgo ser interessante ao meu trabalho. O
periódico parece ter sido preparado com uma temática única, pois
um outro artigo bastante interessante da revista, escrito por Michael
H. Clarensau, líder da Maranatha Worship Center (Assembléia de
Deus) em Wichita, Kansas (EUA), diz em um trecho:
As Eds que crescem estão suprindo as necessidades percebidas de seus
alunos. Levantamentos em diversas nacionalidades têm revelado que
essas necessidades são: amizade, propósito, diversão, compreensão,
respostas, melhor modo de vida, verdade e uma relação com Deus.
Faça um sincero inventário de seus próprios esforços para ver se está
acertando os alvos. Talvez veja que, apesar de o potencial sempre ter
estado aí, o enfoque talvez não. Uma vez que tenha descoberto quais
são as necessidades que vão ser supridas, ajude outros professores a
buscar maneiras para supri-las também. Adicione m ais tempo para o
grupo, para a interação ou planeje um passeio em grupo. Espere mais
importância de seu estudo, ou dê mais tempo para o que está surgindo.

Em resum o, dê-lhes o que querem. Sua ED, ou qualquer outro esfor­


ço para o discipular de um pequeno grupo, se alegrará com a parti­
cipação responsável quando oferecem os as coisas que a gente na
realidade quer. E adm irável que a m esm a natureza de nossos esfor­
ços já possuem o que os alunos buscam . Porém devem os ajudá-los a
encontrar. E quando nós o fazem os, eles estarão ali. Talvez não tre­
m am de frio com a água até os tornozelos, nem se contentem com
estar sentados conversando durante horas, mas agüentarão com
gosto a falta de um ar-condicionado ou umas quantas m anchas no
tapete, se isso quer dizer que encontraram o que bu scam .******

Com essas colocações, convenço-me cada vez mais de que


esse é o momento de o maior departamento de educação cristã
do mundo fazer um abrangente trabalho de marketing. Como já

291
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

foi dito, tanto por mim quanto pelos outros dois norte-america-
nos, a ED precisa ser um lugar agradável e suprir as necessida­
des dos alunos. Nós temos algo especial em nosso favor: Deus.
Gosto muito do que Rick Warren disse em dois trechos de seu
livro Uma Vida com Propósitos:
Ele [Deus] criou a igreja para satisfazer suas [do homem] cinco neces­
sidades mais cruciais: um propósito para o qual viver, pessoas com
quem viver, princípios pelos quais viver, uma profissão para se sus­
tentar e força para seguir vivendo. Não há nenhum outro lugar na
terra em que você possa achar esses cinco benefícios em um só lugar.

Os propósitos de Deus para a sua igreja são idênticos aos cinco pro­
pósitos que Ele tem para você. A adoração o ajuda a se concentrar
em D eus, a com unidade ajuda-o a enfrentar os problem as da vida, o
discipulado ajuda a fortificar a sua fé, o m inistério ajuda a descobrir
seus talentos e o evangelism o ajuda a cum prir sua missão. Nesta
terra, não há nada com o a igreja (p. 119).

A maioria dos conflitos tem suas razões em necessidades não satisfei­


tas. Algumas dessas necessidades só podem ser alcançadas por Deus.
quando você espera que uma pessoa — qualquer amigo, mulher, chefe
ou membro da família — satisfaça uma necessidade que somente Deus
pode atender, você está se candidatando à amargura e à decepção. N in­
guém pode suprir todas as suas necessidades, exceto Deus (p. 135).

Conhecendo o Sentido e a A m p litu d e


da Educação na Escola D om inical

Em cada período histórico, a educação tinha como função


principal formar as pessoas segundo um determinado modelo
de ser humano, e esse modelo de homem era substituído por
outro, dependendo das mudanças que ocorriam. Esse aspecto
educacional é visto claramente na Grécia e em todo o mundo oci­
dental. "Apropria palavra educar (latim, educare) é uma tradução
do grego paidagogia — pai (criança), ago (conduzo) — que no con­
ceito grego significa a educação integral da pessoa: física, estéti­
ca, moral, religiosa."111

292
U sa n d o a N ec e s sid a d e e o P ro c e ss o S a tis fa c io n a l
c o m o F o rm a s d e A trair. C on q u is ta r e M a n te r A lunos na Escola Dom inical

Mais do que nunca precisamos desse tipo de educação nes­


ses dias pós-modernos. Infelizmente, o conceito de educação que
temos no Brasil é um modelo que somente prepara os alunos no
sentido técnico, ou seja, só para trabalhar (alienado, e desconhe­
cendo o processo de produção), e nada mais. Alguns usam o nome
"mercado de trabalho", mas prefiro dizer que é somente para tra­
balhar, pois o "mundo de trabalho" (prefiro essa acepção) é todo
um contexto, e não simplesmente o momento de exercer a profis­
são ou trabalhar.
Na educação cristã temos um modelo de ser humano, porém
esse modelo nunca foi e nunca será substituído; ele é o mesmo. A
maior dificuldade que se nos apresenta nesses tempos pós-moder­
nos é de densidades bem maiores, ou seja, é "talhar" esse homem
e moldá-lo segundo o padrão que nos apresenta a Palavra de
Deus. Talvez a maior dificuldade seja atrair, conquistar e manter
esse homem no educandário sagrado onde a possibilidade de ele
se equiparar ao modelo proposto pela educação cristã poderá ser
realmente uma realidade.
Nesse sentido, o nosso modelo é sempre o nosso querido
Mestre. Isto é, "Cristo veio alcançar o homem como um todo —
não apenas a mente ou as emoções, nem unicamente a vontade
ou o espírito".112
Certa vez um homem letrado procurou o Senhor Jesus às es­
condidas, na calada da noite, para conversar. Esse homem se cha­
mava Nicodemos. Ele foi conscientizado de suas verdadeiras ne­
cessidades, e descobriu que entendia muito da Lei, mas nada da
salvação. E veja que Jesus falou de coisas terrenas com ele. Mas o
que importa é que pelas palavras de Jesus podemos perceber que
Ele quer nos atingir de uma maneira completa (Jo 3.1-21).
O propósito principal da educação cristã está explícito em
Efésios 4.11-16:

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros


para evangelistas, e outros para pastores e m estres, com o fim de
preparar os santos para a obra do m inistério, para que o corpo de
Cristo seja edificado, até que todos alcancem os a unidade da fé e do
conhecim ento do Filho de Deus, e cheguem os à m aturidade, atin­

293
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

gindo a m edida da plenitude de Cristo. O propósito é que não seja­


m os m ais com o crianças, levados de um lado para outro pelas on­
das, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela
astúcia e esperteza de hom ens que induzem ao erro. Antes, seguin­
do a verdade em amor, cresçam os em tudo naquela que é a cabeça,
Cristo. Dele todo corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as
juntas, cresce e edifica-se a si m esm o em amor, na m edida em que
cada parte realiza a sua função (NVI; grifos meus).

Aqui vemos o modelo de ser humano que deve ser o objetivo


principal de todos nós, pois ambos, equipe e alunado, são sujei­
tos desse processo, e precisam alcançar a perfeita varonilidade; e
isso, no sentido pleno da palavra, só será possível quando che­
garmos ao céu, porém precisamos continuar a aprender. Essa foi
a ordem de Paulo a Timóteo: "Toda a Escritura é inspirada por
Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e
para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto
e plenamente preparado para toda boa obra"(2 Tm 3.16,17; NVI).
A sabedoria popular diz que o que os olhos não vêem o cora­
ção não sente, e há um fundo de verdade nisso, pois entendemos
que a convergência entre sentimento (olhos) e pensamento (cora­
ção) é o "motor" que move o ser humano. O coração, no grego
kardia, representa nesse texto o aspecto intelectual: "Por transi­
ção fácil, a palavra "carne" representa toda atividade mental e
moral do homem, tanto os elementos racionais quanto emocio­
nais".113 Precisamos "mostrar", aos olhos espirituais e físicos dos
nossos alunos, o valor da Escola Dominical; só assim eles senti­
rão desejo e necessidade de vir ao educandário cristão.
Isso quer dizer que os pedagogos cristãos devem ensinar e exer­
cer outras funções que lhes são impostas. O Dicionário da Bíblia,
de John D. Davis, diz acerca do pedagogo: "o paidagogos ou
pedagogo entre os gregos era um escravo de confiança ao qual se
entregava a educação das crianças, e que as acompanhava fora
de casa. Era responsável pela sua segurança, guardava-as de más
companhias, conduzia-as à escola e de lá as trazia para casa".114
Um dos chamados "Pais da Igreja", Clemente de Alexandria, di­
zia que o mestre (professor) é o logos (palavra), e que quando

294
U sand o a N e c e s s id a d e e o P rocesso 5 a tis fa c io n a i
c o m o F o rm a s d e A trair. C onq uistar e M a n te r A lun os n a Escola Dom inical

encaminha os homens à verdade se chama logos pedagogo e quan­


do ensina a verdade chama-se logos didascalo.
O pedagogo teria que ter essa capacidade de conduzir, ensinar
e educar, na realidade ele era uma espécie de pai. Agora imagine o
amor do apóstolo Paulo pelos crentes coríntios: "Porque, ainda que
tivésseis dez mil aios [pedagogos] em Cristo, não teríeis, contudo,
muitos pais; porque eu, pelo evangelho, vos gerei em Jesus Cristo"
(1 Co 4.15). Dez mil pedagogos? Não seria hiperbólico esse texto
do apóstolo? Paulo estava dizendo que o fato de ele ministrar a
Palavra aos coríntios, e estes terem aceitado, era algo que valia muito
mais do que dez mil pedagogos. E sabe qual era a palavra que Pau­
lo ministrou a eles? A mesma que você ministra nas manhãs de
domingo aos alunos da Escola Dominical. Aleluia, essa Palavra tem
poder! É a Palavra que limpa o homem em todos os sentidos: "Vocês
já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado" (Jo 15.3).
Partindo do pressuposto de que a Escola Dominical propicia
uma educação integral e que os pedagogos cristãos são educadores
preparados para ministrar aulas que despertem, criem e supram
as duas principais necessidades, que se desdobram em vários
aspectos e que compreendem as cinco dimensões do ser huma­
no, finalizamos o nosso texto com a exemplificação gráfica do
processo de descoberta, criação, conscientização e satisfação dos
dois grupos principais de necessidades nas cinco dimensões do
ser humano. Assim, é possível entender como se descortinam
essas necessidades, e, como aglutinadas ao processo de satisfa­
ção, agem em nossas vidas:
O Ser Humano
Cognitiva Afetiva Efetiva Social Volitiva
Pensar Sentir Atuar Compartilhar Querer

SEN TI P E N S A R
P e n s a r e Sentir s ã o o s dois hem isférios q u e guiam a a ção .

295
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

"Sob estas cinco grandes categorias, aborda-se o ser humano


em sua totalidade. Porque a pessoa é um ser que não somente
pensa (como erroneamente o ensino tradicional insiste), mas que
sente, atua, participa e possui vontade para enfrentar dificulda­
des ou contratempos."115 Não esqueçamos que quando agimos o
fazemos como um todo, e não de forma fragmentada.
E são sobre essas cinco dimensões que o marketing para a
Escola Dominical deve agir, pois toda pessoa "normal" possui
necessidades que estão ligadas ao pensamento, sentimento, atu­
ação, compartilhamento e aquisições do ser humano. Ocorre, po­
rém, que essas necessidades às vezes não surgem de forma
compartimentada, mas concomitantemente; por isso a importân­
cia de dar aos alunos o que eles querem.
Depois de voar na Apollo 9 (a nave que testou o módulo lu­
nar em órbita terrestre em março de 1969), o astronauta Rusty
Schweikart foi convidado para fazer uma palestra sobre "cultura
planetária", no verão de 1974 em Lindisfarne (uma comunidade
espiritual em Long Island). Como conclusão da fala de Schweikart
acerca do planeta azul, Peter Senge disse em sua obra A Quinta
Inteligência:
A Terra é uma unidade indivisível, assim como cada um de nós é
um a unidade indivisível. A natureza (e isso inclui o ser hum ano)
não é com posta de partes dentro de unidades. Ela é com posta de
unidades dentro de unidades. Todas as fronteiras, inclusive as nacio­
nais, são fundam entalm ente arbitrárias. Nós as inventam os, e en ­
tão, ironicam ente, ficam os presos dentro d elas .116

A equipe de docentes da Escola Dominical, bem como o pró­


prio marketing para a Escola Dominical, deve conseguir fazer com
que os alunos saibam, sintam e façam exatamente aquilo que foi
planejado, ou seja, envolvendo o ser humano como um todo.
Exemplo:
Pense em um limão Taiti bem suculento.
O que você sentiu? Agua na boca?
Era exatamente isso que eu queria que você sentisse.
A propósito, vai um limãozinho aí?

29B
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c o m o F o rm a s de A trair. C o n q u is ta r e M a n te r A lunos n a Escola Dom inical

* "Ensino não-formal", aqui, refere-se ao caráter não- formativo no sentido de conclusão


e/o u diplomação, não querendo dizer que a Escola Dominical não possua currículo e
ensino sistematizado.

** É bom destacar que por causa do cativeiro o povo só sabia falar o aramaico, e a Lei
estava em Hebraico. Daí então a razão de os levitas explicarem.

*** Revista Obreiro; Encarte Especial. Ano 25 - n° 21 - Jan /F ev/M ar - 2003.

**** q restante desse tópico está baseado principalmente no clássico As 7 Leis do


A prendizado, de WILKINSON, Bruce H. Primeira edição, 1998. Editor Betânia.
Venda Nova. MG.

***** A esse respeito você deve consultar a Parte Um da obra, especificamente o capítulo
quatro.

****** CLARENSAU, Michael H. Onde querem estar? Revista Ensinador Cristão. Ano 4, n°
15. Rio de Janeiro: CPAD, julho/setembro de 2003.

297
Conclusão

No início de minha fé, quando era adolescente,


certa vez, em uma das reuniões matutinas de ora­
ção, o pastor contou a maneira criativa como um
missionário se estabeleceu em uma cidade hostil e
idólatra.
Sentindo a chamada de Deus, aquele homem
partiu para uma localidade onde missionário algum
se estabelecia.
Ao chegar, não agiu da maneira costumeira e
trivial de todos os seus antecessores, mas usou sua
criatividade e deixou a pequena igreja fechada por
um ano, e durante esse período, a única coisa que
fez, foi limpar terrenos, tapar buracos provocados
pela erosão e muitos outros serviços que beneficia­
vam a comunidade. Tudo isso fazia sem cobrar um
único centavo.
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

Muitos moradores o interrogava, dizendo:


— O senhor trabalha na prefeitura?
— Não! — dizia ele.
Após conquistar a simpatia da maioria das pessoas, o missi­
onário reabriu a igreja e iniciou suas atividades na obra do Se­
nhor.
Não demorou muito para aparecer os arruaceiros, querendo
promover desordens.
Mas quando o povo viu aquilo, lançou mão dos indivíduos e
impediu que fizessem mal ao missionário.
Para o superintendente que agora acompanha essa narrativa
fica uma pergunta: Sua equipe atrai, conquista e mantêm alu­
nos? Ou afasta e desestimula?
Como está o SRM de sua Escola Dominical?
Tem atraído, conquistado e mantido o padrão de excelência,
ou tem se limitado somente à atratividade?
A filosofia do stuãent relationship management (SRM), que sig­
nifica: gestão ou gerenciamento do relacionamento com o aluno, deve
estar em alta, pois de outra maneira é impossível conquistar seg­
mentos de ambos os mercados. O CRM (customer relationship
management) é um conjunto de soluções de softwares empresa­
riais que permite, a partir de um Banco de Dados, averiguar o
relacionamento da empresa com todos os seus clientes, visando a
detectar e gerenciar oportunidades de fidelização ou captação de
clientes. Em todos os setores da economia, a gestão ou gerenciamento
do relacionamento com o cliente tem ocupado o topo na agenda das
prioridades empresariais. Por quê? Porque o cliente é a garantia
da existência da empresa. O CRM não é um produto ou serviço.
É uma estratégia global que permite as empresas gerenciar com
eficiência o seu relacionamento com os clientes.
Qual é o beneficio de se ter essa visão no âmbito da ED, é criar
essa estratégia dentro da nossa realidade, chamando-a de SRM?
Primeiro, podemos definir o perfil de nosso aluno potencial.
Segundo, podemos localizá-lo. Terceiro, coletar informações so­
bre ele. Quarto, estabelecer um relacionamento com ele (atraí-lo).
Quinto, criar vínculos (conquistá-lo). Sexto, matriculá-lo. Sétimo,

3DD
C onclusão

fidelizá-lo (mantê-lo). E, em oitavo lugar, contarmos com ele para


a captação de novos alunos. Isso é o mínimo de benefício que essa
estratégia ou sistema pode nos oferecer.
Visto que, como já foi explicitamente discutido nos tópicos
antecedentes, as peculiaridades dos alunos pós-modernos diver­
gem de modo abissal de uma faixa etária para outra e acentuam-
se ainda mais, quando se trata de mercados distintos como o in­
terno e externo em que a Escola Dominical atua.
Assim, a equipe deve estar atenta, para não deixar de vender
aquilo que o aluno já "comprou", ou seja, a imagem da Escola
Dominical. O que você acha do tratamento de Jesus às pessoas?
Quando Ele multiplicou os pães duas vezes e alimentou grandes
multidões (Jo 6.26), qual era seu objetivo? Fazia isso para que as
pessoas não voltassem? Aprendamos com o Mestre.
Você só poderá conquistar um aluno e também mantê-lo se
adotar uma regra bíblica que Jesus deixou subentendida na des­
crição dos dois servos, e que é muito discutida no Marketing.
Vemos se pregar e falar muito sobre o servo inútil, mas nun­
ca se ouve fazer distinção entre eles, pois se trata de duas perso­
nagens distintas.
Precisamos entender a diferença entre o servo inútil (tam­
bém chamado de negligente) de Mateus 25.15-30 e o de Lucas
17.7-10.
O primeiro perdeu a salvação por não executar o serviço que
lhe foi designado. Já o segundo fez tudo religiosamente como seu
senhor mandou, não perdeu a salvação, mas foi considerado inú­
til por fazer somente aquilo que não passava de sua obrigação.
Portanto, é o que precisamos da equipe da Escola Dominical:
atrair, conquistar e manter alunos na instituição, essa é a obriga­
ção que nos foi imposta.
No entanto, se nos limitarmos a fazer somente isso, nada con­
seguiremos: "Assim também vós, quando fizerdes tudo o que
vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos
somente o que devíamos fazer" (Lc 17.10, grifo meu).
Suprir as necessidades dos alunos é nossa obrigação: "Por­
que a administração desse serviço não só supre a necessidade

3D1
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

dos santos, mas também abunda em muitas graças, que se dão a


Deus" (2 Co 9.12, ler também os versículos 13 a 15). Devemos
primar por excedê-las para podermos então "petrificá-los" e con­
seqüentemente cairmos na "graça de todo o povo". Não pode­
mos nos contentar em sermos servos inúteis, devemos ser o ser­
vo bom e fiel que o Senhor deseja achar quando voltar; esse é
também o segredo de atrair, conquistar e manter alunos na Esco­
la Dominical!

30E
Epílogo

“A lg u m a s p o u c a s p e s s o a s , em a lg u n s p o u c o s lu g
fazendo algum as poucas coisas, podem m udar o m undo."

Escrito no Muro de Berlim, por autor anônimo


Apêndice

Conceito de Educação
FULLAT, Octavi. Filosofias da Educação.
Petrópolis: Vozes, 1995, pp. 9-38.

Como o próprio autor descreveu na introdução e também no


capítulo primeiro da parte um da obra supra, a questão de
nomenclaturar determinada atividade como educação, é algo um
tanto difícil pelo fato da palavra ser polissêmica, tendo aplica­
ções em diversas áreas de nossa vida. Isto não significa que a
palavra educação esteja sendo usada corretamente nas aplicações
a qual tem sido submetida e/ou usada, mas no mínimo deve pre-
ocupar-nos, pois como pedagogos, precisamos, segundo o autor
da obra que estamos tratando, saber delimitar e diferenciar
pedagogo de educador. Conceituar educação, pelas poucas páginas
que lemos da obra, é missão complicada, visto que nas próprias
palavras do autor "o livro inteiro constitui uma definição do fato
educativo" (p. 24). Entretanto, essa ação de formular uma idéia
do que seja educação por meio de palavras, constitui-se impres­
cindível pelo fato de nos levar a pensar no processo educacional,
e em "co-entendimento" com o autor vê-lo como algo ambíguo,
ou seja, "ao mesmo tempo produto e produtor da sociedade na qual
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

é produzido" (p. 17 ). Dentro dessa visão, a educação é um con­


junto de partes inter-relacionadas integrante do sistema mais
amplo, ou seja, da sociedade, executando ao mesmo tempo uma
função crítica dessa sociedade, e nisso consiste sua constante
ambigüidade de produto e produtor. Uma outra questão impor­
tante é sabermos distinguir as dimensões dos conceitos educação
e pedagogia. A primeira segundo a visão do autor "é uma prática,
uma atividade social, uma ação" e " pedagogia é uma reflexão, uma
teorização, um conhecimento ou uma tomada de consciência"
(p. 19). Nesse caso, para o autor, quem " sabe muito sobre educa­
ção é um pedagogo; quem possui a arte de educar é um educa­
dor" (p. 29). Ele, porém, deixa evidente que não podemos desli­
gar a "arte de educar" do "saber pedagógico", pois ambos se
complementam. Mas qual seria então o conceito de educação se­
gundo o autor? Ele diz assumir a postura de Platão e entende
que "educar-se é fazer-se, e educar fazer, e que esta tarefa abran­
ge toda a existência do homem em todas as suas dimensões"
(p. 24); por conseguinte ele define educação "como a prática dos
meios aptos para o desenvolvimento das possibilidades humanas
do sujeito da educação" (p. 25); e demonstra em um diagrama
algumas outras signi fi cações: formação da personalidade; um saber e
um saber-agir sobre a criança; atividades escolares; instruir, informar
(incluídas as boas maneiras), mesmo fora da escola; socialização e li­
bertação (p. 21). É de bom alvitre acrescentar que os significados
acima mencionados "foram tirados quer de publicações várias
— certamente, não de manuais ou tratados — quer da lingua­
gem coloquial" (p. 21). Se educação é essa habilitação prática para
o viver, depreendemos que o processo educacional consista en­
tão na práxis, que nada mais é do que a teoria (Pedagogia) e a
prática (Educação). O nosso raciocínio se acentua ainda mais quan­
do encontramos uma afirmação bastante elucidativa do autor:
"A educação está na linha da existência; por sua vez, a pedagogia
situa-se na linha do sistema” (p. 20).
Escrevi esse texto no dia 18/03/2003, com o atividade da disci­
plina de Fundam entos Teórico-M etodológicos da Educação Especial, soli­
citado pela professora Evaldina R odrigues, do D epartam ento de

305
A pêndice

Pedagogia da UNESPAR (Universidade Estadual do Paraná), onde


estudo, com base no livro Filosofias da Educação de O ctavi Fullat
(Petrópolis: Vozes, 1995, pp. 9-38).

Posteriormente (20/08/2003), na disciplina de Filosofia da


Educação, a professora Dirce Borttoti Salvadorí, trabalhou o mes­
mo texto de Fullat, mais especificamente o diagrama citado ante­
riormente. Com sua permissão reproduzimos a síntese da referi­
da aula que teve como objetivo conceituar educação:
1) Enquanto fo rm ação da p erso n alid a d e: Phónesis de
Aristóteles: constitui um saber que se refere à totalidade da vida e do
bem do ser humano. Trata-se não de um saber "saber-fazer", mas de um
"saber-agir" na vida, distinguindo o bem e o mal. Encontramo-nos ago­
ra ante o significado que deveria ter todo ato educativo enquanto dirigi­
do ao mundo dos "valores". Aqui entra a questão do "currículo ocul­
to" da escola (Objeto da Pesquisa científica que estou fazendo
com a orientação da Profa Mestra Dirce Borttoti Salvadorí), onde
até mesmo o comportamento do professor "ensina e educa".
2) A educação como um "saber" e um "saber-agir" sobre a
criança: aqui a acepção da palavra pode ser entendida no sentido da
"Techne" de Aristóteles ("saber-agir"), distinta da "póiesis" (simples
fazer). É a educação como arte, destreza, habilidade: didática e de méto­
dos. O sentido do "saber sobre a criança" aponta em direção à palavra
"THEORIA ” — exame ou inspeção de algo, isto é, como pesquisa,
estudo. Concluí-se desse segundo conceito, que o "Processo
Educativo" contém uma dualidade:51' Como realidade: Sociolo­
gia, História, Psicologia, Economia, Neurologia, Física, Química,
e Tecnologia.* Como valor: filosofias, morais, políticas, estéticas
e direitos (Antropologias filosóficas).
3) Educação como "atividades escolares": neste contexto
"educação" significa educação escolar ou acadêmica.
4) A educação como "instrução, informação, boas maneiras":
este conceito está vinculado ao entendimento de que será ",educado"
alguém que assimilou um conjunto de conhecimentos e adquiriu as ha­
bilidades correspondentes. Neste caso, à educação seria sinônimo de
ensino eaprendizagem. Competências e habilidades (visão tecnicista
da educação). Devido à dualidade existente entre a questão teo­

3D7
M a rk e tin g p a ra a Escala D om inical

ria (cognição) e prática (empírica), a educação não pode preferir


uma em detrimento da outra, a discussão sobre as competências
e habilidades entre os cientistas da educação de um tempo a esta
parte começou a ser consensual nessa questão, visto que habili­
dade é saber-fazer, competência é o saber-agir-bem-feito, e isso
depende da teoria.
Normalmente estes dois últimos conceitos são os mais di­
fundidos, porém, a partir dessa reflexão, o educador cristão tem
possibilidade de se lançar mais profundamente na discussão e
entender o conceito de Educação na Palavra de Deus que é bem
dimensionado em textos como Esdras 7.10 e Mateus 5.19, por
exemplo, em que vemos nitidamente a práxis.

3DB
Notas

1 FRAN CO , Aias. M ensageiro da Paz; ano 72, edição 1.414, m arço de 2003;
p.15.
2 Revista Vidamix. Ano 4, n° 6 . Editora Vida.
3 Erickson, Christian Theology, 541 citado in Teologia Sistem ática, CPAD;
p. 259.

4 CH ESN EAU X, Jean. M odernidade — Mundo. Editora Vozes. Petrópolis.


RJ, 1996.

5 LINDVALL, Terrence R. e J. M atthew M elton. Panorama do Pensamento


Cristão. I a ed., 2001. CPAD. Rio de Janeiro, RJ.
6 H EN D R IC K S, How ard. E nsinando para Transformar Vidas. Editora
Betânia, I a ed., 1991. Venda Nova, MG.

7 C itado por Lannoy D orin em Enciclopédia de Psicologia Contemporânea,


V. 1.
8Ibid.

9 Murray. A. Henry, citado por Lannoy Dorin em Enciclopédia de Psicolo­


gia Contemporânea, V. 1.
10 Ibid.

11 Citado por Lannoy D orin em Enciclopédia de Psicologia Contemporânea,


V. 1.
M a rk e tin g p a ra a Escola D om inical

12Ibid
13 Ibid.

14 GILBERTO, Antonio. M anual da Escola Dominical. Edição Revisada e


Am pliada. CPAD, 1999.
15 Citado por Pedro G urjão in Banco de Potenciais Humanos. I a ed., São
Paulo, SP. Editora G ente, 1995.
16 SAYÃO, Luiz Alberto Teixeira. Filosofia Prática para Cristãos. 2a ed.
ampliada. Grupo Interdisciplinar Cristão. 1998; São Paulo, SP.
17Revista Veja. Edição 1.741, ano 35; n° 9 de março de 2002. Editora ABRIL.

18 Ibid.

19 D ORRIN , Lannoy. Enciclopédia de Psicologia Contemporânea.

20 Ibid.

21 Billies Davis in Panorama do Pensamento Cristão. CPAD.


22 ALM EIDA, A braão Pereira de. Teologia Contemporânea. N ova Edição
Ampliada. 2002. CPAD; Rio de Janeiro, RJ.
23 AN DRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
24 SAYÃO, Luiz A lberto Teixeira. Op. Cit.
25 Revista Veja. Ano 34, n° 5.
26 Parte integrante da revista Época. Ano 11, n° 83,20 de dezem bro de
1999, p p . 8,9,11.

27 A NDRADE, Claudionor Corrêa de. Op. Cit.


28 M ESQUITA, Antonio Pereira de. Revista Obreiro. A no 24; n° 16, no
curso de Teologia Sistem ática.
29 Bueno, Silveira, M ini Dicionário da Língua Portuguesa.
30 AYRES, Antônio Tadeu; Reflexos da Globalização sobre a Igreja, CPAD.
31 SAYÃO, Luiz Alberto Teixeira. Op. Cit.
32 GILBERTO, Antonio. A Escola D om inical.CPAD, 1999.
33 AN DRADE, Claudionor Corrêa de. M anual do Superintendente da Es­
cola Dominical. CPAD.
34 ANDRADE, C laudionor Corrêa de. Op. Cit.
35 Ibid.

36 Ibid.

3\D
N o ta s

37 AYRES, A ntonio Tadeu. Op. Cit.


38 Dr. W illian J. Brow n citado por Terrence R. Lindvall e J. M atthew
M elton in Panoram a do Pensamento Cristão, CPAD; (págs. 412,413).
39 D ennis M cnutt in Panoram a do Pensamento Cristão.
40 Barker, Joel A .; Fita de Vídeo, Produtora Charthouse.
41 GABY, W agner Tadeu dos Santos; Revista Obreiro, N° 16, CPAD.
42 AN DRADE, C laudionor Corrêa, Revista Ensinador Cristão, ano 1, n° 2,
CPAD.
43 Revista Ensinador C ristão, ano 3, n° 9, CPAD.
44 D icionário Aurélio Eletrônico.

45 FERREIRA, Arm ando Leite; M arketing para Pequenas Empresas Inova­


doras, Editora Expertbooks.

46 FERREIRA, Arm ando Leite; op.cit.

47 FILHO, José Roberto W hitaker Penteado; Revista Pequenas Empresas,


Grandes Negócios, Editora Globo.

48 KO TLER, Philip; M arketing para o Século XXI, Editora Futura.

49 KO TLER, Philip; op.cit.

50 Ibid.

51 Ibid.

52 Ibid.

53 Ibid.

54 SIQ U EIRA , A ntonio; Revista Pentecoste.

55 HALLEY, H. H .; M anual Bíblico, Edições Vida N ova, 4a ed.


56 GILBERTO , Antonio; op.cit.
57 Ibid.

58 Revista HigiPress; ano 4, Abralim p, SP.


59 G U RJÃ O , Pedro. Banco de Potenciais Humanos. I a ed., São Paulo. Edi­
tora G ente, 1995.

60 Revista Veja, edição 1601. Ano 32, n° 23 de 9 de junho de 1999. Editora


ABRIL (p. 12).

61 Revista Veja, edição 1777, ano 35; n° 45 de 13 de novem bro de 2002.

311
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

62 Ibid.

63 Ibid.
64 Ibid.

65 COSTA, Jefferson M agno. Revista Obreiro. Ano IX. Outubro a dezem ­


bro de 1985; n° 33; (p.28).
66 The Concise O xford D ictionary of C urrent English. 6 ed; (Oxford:
University Press, 1976); citado por Elyse Fitzpatrick in M ulheres ajudando
M ulheres, CPAD.
67 O autor in Revista P entecostes, ano 1; n° 10. CPAD.
68 Kenneth J. M ussnug e Aaron W. Hughey; Revista H SM M anagement.
69 Weiss, Donald H. Organizando uma Verdadeira Equipe.
70 HENDRICKS, Howard. Ensinando para Transformar Vidas. Editora Betânia.
71 GILBERTO, Antonio. M anual da Escola Dominical. Edição A tualizada e
A m pliada 1999. CPAD.
72 Kenneth J. M ussnug e Aaron W. Hughey; op.cit
73 GILBERTO, Antonio; op.cit.
74 KO TLER, Philip; op.cit.
75 Ibid.

76 GILBERTO, Antonio; op.cit.


77 Citado por KO TLER, Philip; op.cit.
78 GABY, W agner Tadeu dos Santos. Relações Públicas para Líderes Cris­
tãos. 6 a ed., 2000. CPAD.
79 LIM A, Elinaldo Renovato de; Revista Obreiro.
80 STAMPS, Donald; Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
81 GILBERTO, Antonio; op.cit.
82 H EN D RICK S, H ow ard. Ensinando para Transformar Vidas. Editora
Betânia.
83 GABY, Wagner Tadeu dos Santos. Relações Públicas para Líderes Cris­
tãos. 6 a ed., 2000. CPAD.
84 NETO, H enrique da Silveira; Ganhe Tempo Planejando, seu dia pode ren­
der mais-, Editora Gente.
85 Folheto sem autor, citado por Gustavo e M agdalena Boog, in Energise
sua Empresa; Editora Gente.

312
N o ta s

86W EISS, Donald I I; op.cit:


87 Revista Veja (Obs: sem m aiores informações).
88 GILBERTO , A ntonio; op.cit.
89 K O TLER, Philip; op.cit.
90 M arcos Tuler (Chefe do Setor de Educação C rista da CPAD) em entre­
vista com o autor em Curitiba.
91 HURST, D. V. E Ele concedeu uns para Mestres. Editora Vida. 1979; Miami,
Florida (USA), pp. 112,113.
92 W ILK IN SO N , Dr. Bruce. As 7 Leis do Aprendizado. Editora Betânia.
I a ed., 1998. Venda Nova, MG.
93 K O TLER, Philip; op.cit.
94 SO UZ A, Ronaldo Rodrigues de; Escola D om inical, Álbum H istórico
e Cronológico, CPAD.
95 SAYÃO, Luiz Alberto Teixeira. Cabeças Feitas. Filosofia Prática para Cris­
tãos. 2a ed. am pliada, 1998. Grupo Interdisciplinar Cristão. São Paulo, SP.
96 Prática de Psicologia M oderna, V. 2.
97 Prática de Psicologia M oderna, op.cit.
98 Técnica e Prática da Propaganda. M cCann Erickson Publicidade S. A.
Editora Fundo de Cultura.
99 CHAM PLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo
por versículo. V. 2 (Lucas e João), I a ed., 1980. M ILEN IU M Distribuidora
Cultural Ltda. São Paulo, SP.
100 Ibid.

101 GABY, Wagner Tadeu dos Santos. Op. Cit.


102 W ILK IN SO N , Bruce H. As 7 Leis do Aprendizado. I a ed., 1998. Editora
Betânia. Venda Nova. MG.
103 Ibid.

104 Ibid.

105 H EN D RICK S, H ow ard. Ensinando para Transformar Vidas. Editora


Betânia.
106 Ibid.

107 Howard Becker e Harry Eimer Barnes, Social Thought from Lore to
Science (Nova York: D over Publications, Incorporated, 1961), V .l, pp. 78,
79; citado por Billie Davis in Panorama do Pensam ento Cristão. CPAD.

313
M a rk e tin g p a ra a Escola Dom inical

108 W. E. Vine, M erril F. Unger e W illian W hite Jr. D icionário Vine. I a ed.
2002. CPAD.
109 N aom i I. Brill citado por Billie D avis in Panoram a do Pensamento Cris­
tão. CPAD.
110 Ibid.

mGILES, Thom as Ransom . Filosofia da Educação. I a reim pressão 1983.


São Paulo, SP.
112 W ILKIN SO N , Bruce H. A s 7 Leis do Aprendizado. I a ed., 1998. Editora
Betânia. Venda Nova. MG.

113 W. E. Vine, M erril F. Unger e W illian W hite Jr. Dicionário Vine. I a ed.
2002. CPAD.

114 DAVIS, John D. D icionário da Bíblia. 16a ed., JUERP. Rio de Janeiro, RJ.
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115 TORRE, Saturnino de La. Curso de Formação para Educadores. São Pau­
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tora Betânia, 1998.

313
C é s a r M o i s é s C a r v a l h o

Marketing
p ara a
E scola □ □ m in ic a l
Você está insatisfeito com o perfil da Escola
D om inical de sua igreja? N ão consegu e en ten d er por
que a freqü ência é tão baixa, por que os alunos não
se sentem m otivad os com esta atividade?
Você deseja experim en tar algo novo em sua Escola
D om inical? M arketing para a Escola D om inical é um
livro d irecionado a todos aqu eles que estão
incom od ad os com esses questionam entos.
O au tor aborda este assu nto e presta um a
sign ificativa contribu ição ao acervo da educação
cristã, enriqu ecend o m ais aind a os ed ucad ores
e estud antes cristãos.
N ão basta o obreiro da E scola D om in ical e sua igreja
serem cheios do Espírito Santo, e tam bém
preparad os e experientes para en sinar a Palavra
de D eu s ao povo. É preciso que saibam com o atrair,
convencer, cativar, conqu istar e m an ter na E scola
D om in ical cada aluno à m ed id a que este m uda
de faixa etária e de cond ição com o indivíduo.

□ A U TO R
C ésar M oisés C arvalho resid e com sua
esposa, R egiane, e sua filha C éfora no
R io de Janeiro. E pastor, p ed agogo, escritor,
articulista, conferencista e com en tarista de
Lições B íblicas para ad olescentes. A tualm ente,
integra o Setor de Livros da CPAD, leciona
P sicologia da R eligião na FAECA D .
É tam bém autor de O M undo de Rebeca.

ISBN 85-263-0757-6

9788526 307575

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