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Autores:
Sofia Fonseca
Daniela Nunes Pereira
Vítor Ribeiro
CONTACTOS GERAIS
AmbiFaro, E.M.
Largo Dr. Francisco Sá Carneiro
Mercado Municipal de Faro, Piso 2
8000-151 Faro
www.ambifaro.pt
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Nicolaus Pevsner assinala que foi, primeiramente, a sua capacidade resistente ao fogo que
conduziu ao uso do ferro como elemento estrutural, tendo as vantagens adicionais de permi-
tir uma mais fácil montagem, vencer maiores vãos sem suportes intermédios e, podendo ser os
seus elementos mais delgados que os de madeira ou alvenaria, possibilitar também maiores
superfícies de iluminação. Pevsner situa em 1809-1811 a construção da primeira cúpula de
ferro e vidro na cobertura de um mercado, o Halle aux Blés (Mercado dos Cereais) de Paris,
proposta por François-Joseph Bélanger (PEVSNER, Nicolaus, 1979, Historia de las tipolo-
gías arquitetónicas. Barcelona: Gustavo Gili, pp. 283 e 285).
85
PEVSNER, op. cit., p. 284.
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86
Por ex., os halles (mercados) de Dives-sur-Mer, Revel (com origem no século XIV), Crémieu
(séc. XV) ou Brienne-le-Château (séc. XVI) (cf. na base de dados documentais Mérimée de
arquitetura do Inventário Geral do Património Cultural francês, disponível em http://www.
inventaire.culture.gouv.fr/). Assinale-se, a esse respeito, que na segunda metade dos anos
1950, o Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa empreendido pelo então Sindicato
Nacional dos Arquitectos identifica algumas estruturas que se enquadravam também nessa
tipologia, como eram os casos dos mercados de Mexilhoeira Grande (Portimão), Moncarapa-
cho (Olhão) ou Ferreira do Zêzere (cf. no arquivo online da Ordem dos Arquitectos, disponível
em http://www.oapix.org.pt).
87
G. H. Gater e E. P.Wheeler, citando um documento legislativo inglês oitocentista, referem, a
respeito do Mercado de Hungerford (Charing Cross, Londres), que “No começo do século XIX,
o velho mercado e o seu espaço envolvente tornaram-se uma espelunca, ‘um pedaço de terra
deploravelmente sujo, flanqueado por casas miseráveis e pouco melhor do que um monte de
poeira monstruoso, e cemitério para os cães e gatos mortos da vizinhança’” (GATER, G. H.,
& WHEELER, E. P., ed.s, 1937. “Hungerford Market and the site of Charing Cross railway
station”, in Survey of London:Volume 18, St Martin-in-The-Fields II: the Strand, pp. 40-
50. British History Online. Tradução livre). Também em França, os mercados de Paris são
considerados, entre finais do séc. XVIII e inícios do séc.. XIX, “inadequados” e “mesquinhos”
(PEVSNER, op. cit., p. 288).
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MEAD, Christopher, [s. d.], “The Urban Practice of Architecture:Victor Baltard and the
Central Markets of Paris”, in Musée D’Orsay, online lectures.Tradução livre.
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T odavia, não será tão cedo que a capital algarvia irá beneficiar de um
mercado adequado às suas necessidades e dotado de condições idênti-
cas, ainda que a outra escala, às oferecidas pelos exemplos citados. De facto,
tanto aquele que se constituirá no primeiro mercado formal da cidade, o
Mercado das Hortaliças, como, poucos anos depois, o Mercado do Peixe,
nunca conseguirão ir além das meras soluções de recurso possíveis, mas
manifestamente insuficientes, permitidas pela situação financeira da autar-
quia farense.
Efetivamente, e conforme referido no anterior artigo, será apenas
no último quartel de Oitocentos que Faro conhecerá o seu primeiro mer-
cado formal, parcial ou totalmente coberto. E, como em muitas outras ci-
dades europeias, este instalar-se-á, primeiramente, no espaço que se vinha
constituindo, desde que a cidade extravasara as muralhas do que é hoje
designado como Vila-a-dentro, e em particular desde a Reconquista Cristã,
num dos mais importantes (e mais nobres) espaços urbanos da cidade e
seu principal espaço comercial – a “Boa e espaçosa” Praça da Rainha (atual
Jardim Manuel Bívar) onde, como faz questão de referir Silva Lopes na
primeira metade desse século, havia “todos os dias mercado bem provido
de caça, peixe, mariscos excelentes, fructas, hortaliças magnificas, e outros
géneros necessários” 89.
89
LOPES, João Baptista da Silva, 1988, Corografia ou memória económica, estatística e topo-
gráfica do reino do Algarve. Faro: Algarve em Foco, p. 327.
90
Luís Filipe Rosa Santos, sugere que “O Mercado da Hortaliça seria, acima de tudo, um ter-
reiro vedado com telheiros junto da cerca posterior e lateral”, descrevendo-o como tendo “40
metros de comprimento, 20 metros de largura e três arcadas com 6 metros de largura. Em
cada uma das arcadas luzia um arco. Ao fundo tinha oito casas. A cada casa correspondia
o espaço de um arco. Debaixo da arcada central havia vinte lugares para vendedores. Cada
lugar tinha dois metros quadrados. Na arcada central tinha três talhos ou açougues. Na ar-
cada fronteira tinha cinco lugares.” (SANTOS, Luís Filipe Rosa, 1997, Faro: um olhar sobre
o passado recente (segunda metade do século XIX). Faro: Câmara Municipal, p. 57. Importa
referir que este autor não identifica a fonte da informação, não nos tendo sido possível con-
firmar, nas atas das sessões da Câmara, a data referida).
49
Figura.1: O “passeio público” de Faro (Praça da Rainha), em 1915, com o antigo Merca-
do das Verduras (à esquerda) e o do peixe ao fundo à direita. Fotos de Faro Antigo.
https://www.facebook.com/Fotos-de-Faro-antigo-670829483068443/
Figura. 2: O antigo Mercado do Peixe localizado onde é hoje o Centro de Ciência Viva.
Fotos de Faro antigo
https://www.facebook.com/Fotos-de-Faro-antigo-670829483068443/
91
Citada por SANTOS, op. cit., p 60, sem identificar a fonte.
92
Note-se que os limites da cidade de Faro, nessa época, não iam ainda além do que são hoje a
Praça da Liberdade ou o Largo do Pé da Cruz, a nascente, e o Largo de São Sebastião, a norte,
pelo que a Praça da Rainha, para além da proximidade ao centro administrativo, também
não se distanciava particularmente do que seria o centro geométrico da cidade.
93
ADF, Atas das Sessões - 1900-1905, Sessão da Câmara de 13/05/1902, fl. 72.
94
ADF, Atas das Sessões - 1905-1910, Sessão da Câmara de 26/03/1909, fl. 146.
95
Na sessão extraordinária da Câmara de 10/11/1915, destinada à “apreciação de uma
proposta de venda do local do mercado de frutas e hortaliças, [e] construção do novo mercado
[…]”, o então Presidente da Comissão Executiva, dr. Bivar Weinholtz, afirma que a Caixa
Geral de Depósitos (CGD) oferecia 9.000$00 por aquele local, tendo a Comissão Executiva
aprovado a venda mas “fixando porém o preço mínimo por metro quadrado em 13$50/m2
o que daria o preço total de 13.500$, visto que área ocupada pelo mercado é de 1000 m2.”
Reza ainda a ata que, porém, CGD rejeitou a contraproposta camarária. (ADF, Atas das
Sessões - 1915-1918, Sessão extraordinária da Câmara de 10/11/1915, fl. 6)
96
[S.A.], 1951,“Os mercados”, Jornal O Algarve, n.º 402, Ano 8º, 05/12/1915, p. 1.
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97
Filipe Baião, presidente da Câmara, em entrevista ao jornal O Algarve. ([S.A.], 1916, “A
questão dos mercados”, Jornal O Algarve, n.º 409, Ano 8º, 23/01/1916, p. 2).
98
ADF, Atas das Sessões - 1915-1918, Sessão da Câmara de 29/04/1916, fl. 13.
99
ADF, Atas das Sessões - 1905-1910, Sessão da Câmara de 01/04/1909, fl. 147.
100
Idem, Ibidem.
101
Idem, Ibidem.
102
ADF, Atas das Sessões - 1905-1910, Sessão da Câmara de 06/05/1909, fl. 152.
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103
ADF, Atas das Sessões - 1900-1905, Sessão da Câmara de 29/10/1903, fl. 155.
104
Idem, Ibidem.
105
Mercado Municipal Engenheiro Silva.
106
ADF, Atas das Sessões - 1900-1905, Sessão da Câmara de 18/06/1903, fl. 123.
107
Em janeiro de 1910, segundo consta da ata da sessão da Câmara de 13/01, a Câmara terá
recebido um ofício da “Fabrica Promittende de fundição de Lisboa” com “desenhos de mercados
em ferro propondo-se contractar com a Câmara a respectiva construção”, tendo a Câmara
deliberado reservar a discussão do assunto para “occasião opportuna”. (ADF, Atas das Sessões
- 1905-1910, Sessão da Câmara de 13/01/1910, fl. 163).
108
ADF, Atas das Sessões- 1915-1918, Sessão extraordinária da Câmara 11/10/1915, fl. 7.
109
ADF, Atas das Sessões - 1905-1910, Sessões da Câmara de 22/07, 29/07 e 05/08 de
1909, fl.s 160-162.
110
Esta ideia de construir o mercado municipal num terreno roubado à doca, ainda assim, terá
sido muito discutida, tendo sido lançadas várias dúvidas sobre a sua execução. É pelo menos
o que se depreende duma entrevista que o então presidente da Câmara, José Mendes Silvestre,
concede ao jornal AVoz, em 11 de maio de 1935, em que anuncia a criação de uma comissão
para se pronunciar sobre a adequação da construção dos mercados naquele local (cit. por
CRUZ, Isabel, 2017. “Mercado Municipal”, artigo a publicar nos Anais do Município de
Faro).
111
Em entrevista ao jornal O Algarve. ([S.A.], 1916,“A questão dos mercados”, Jornal O Algar-
ve, n.º 409, Ano 8º, 23/01/1916, p. 2).
112
[S.A.], 1926, “Um grave perigo para a cidade”, Jornal O Algarve, n.º 944, 19º ano,
09/05/1926, p. 1.
113
[S.A.], 1926,“O ‘triste’ e a Shell”, Jornal O Algarve, n.º 946, 19º ano, 23/05/1926, p. 1.
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Então ainda um jovem arquiteto em início de carreira e recém chegado de Paris onde estu-
dara entre 1920 e 1925 depois de concluído, em 1919, o curso de Arquitectura da Escola
de Belas Artes de Lisboa e que não teria ainda iniciado o projeto do Cinema Capitólio, sua
primeira grande obra e que se tornaria uma das mais importantes referências arquitetónicas
do primeiro modernismo português.
115
Ofício da Câmara de Faro remetido ao Arqt.º Luís Cristino da Silva, com data de
20/07/1926 (ADF, Projecto de construção do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-
1942).
116
É pelo menos o que reza a ata da sessão da Câmara de 24 de janeiro de 1931 (ADF, Atas das
Sessões - 1930-1934, Sessão da Câmara de 24/01/1931, p. 87). Contudo, nem do fundo
documental da CMF disponível no Arquivo Distrital de Faro, consta esses desenhos, nem do
espólio de Cristino da Silva que se encontra depositado na Biblioteca de Arte da Fundação
Calouste Gulbenkian, consta qualquer entrada relativa a esse estudo.
117
[S.A.], 1926,“Uma atitude”, Jornal O Algarve, n.º 959, 19º ano, 22/08/1926, p. 1.
118
Segundo se queixava a Câmara ao Ministro do Interior, em ofício datado de 5 de fevereiro de
1931, insistindo uma vez mais na importância de dotar a cidade de um novo mercado, pois
sendo capital de distrito, “o que tem é vergonhoso e miserável.” (ADF, Projecto de construção
do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
57
do novo muro-cais para a retenção dos aterros feitos ao norte da doca de Faro
em local destinado à construção dos mercados camarários”, assinado pelo Eng.º
Bernardo Sá Nogueira119. Assumindo como objetivos fundamentais: “obter
os terrenos necessários para a conveniente instalação dos mercados da cidade”
e “desembaraçar a atual Avenida da República do serviço de cais da Alfândega,
o qual todo o ano a mantém pejada de mercadorias e dos carros que as trans-
portam”, o projeto contemplava, entre os trabalhos propostos a “remoção do
atual mercado de peixe e serviço de lota para o novo aterro, evitando-se assim
o péssimo serviço de desembarque de peixe na estacada da Porta Nova e o seu
transporte através da linha férrea, num ponto onde nem sequer há uma passa-
gem de nível”.
Mas ainda que o aterro tenha sido feito e os trabalhos de constru-
ção de um novo mercado naquela zona tenham efetivamente chegado a ser
iniciados, o seu destino acabaria mesmo por não ser esse. De facto, em me-
ados da década de 1930, pareciam estar finalmente reunidas as condições
para a construção do tão ansiado novo mercado. De visita a Faro, em março
de 1934, Duarte Pacheco, o então ministro das Obras Públicas, ter-se-á
manifestado favorável à pretensão da Câmara de se proceder “com toda a
urgência ao estudo das condições a que devem satisfazer os ante-projectos para
a construção dos novos mercados de Faro” e à imediata abertura de concur-
so para a apresentação dos mesmos120, tendo em consonância enviado o
correspondente programa de concurso121. Definitivamente posto de parte
ficava assim o estudo encomendado a Cristino da Silva.
O concurso, aberto a engenheiros civis, arquitetos, engenheiros au-
xiliares e agentes técnicos de engenharia, oferecia três prémios monetários
de 3.000, 2.000 e 1.000 escudos, oferecendo mais 3.000 escudos ao autor
do anteprojeto vencedor para a elaboração do projeto definitivo completo,
contemplando o respetivo “Plano de Obra” a construção de um mercado
119
ADF, Projecto do novo muro-cais para a retenção dos aterros feitos ao norte da doca de Faro em
local destinado à construção dos mercados camarários. Eng.º Bernardo Sá Nogueira, 1932.
120
FARO, Câmara Municipal, 1934,“Proposta” (ADF, Projecto de construção do Mercado Muni-
cipal, junto à Doca, 1928-1942). A referida proposta foi apresentada na sessão da Câmara
de 31/03/1934.
121
ADF, Atas das Sessões - 1930-1934, Sessão da Câmara de 19/05/1934, fl.s 440-442.
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Ministério das Obras Públicas (MOP),“Concurso para a apresentação de ante-projectos des-
tinados ao mercado desta cidade – Programa do Concurso”, 26/07/1934 (ADF, Projecto de
construção do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
123
“Acta de apreciação dos ante-projectos concorrentes”, 01/11/1934 (ADF, Projecto de cons-
trução do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
59
124
CSOP, 1ª Sub-Secção da 4ª Secção, Parecer n.º 436, 21/07/1935 (ADF, Projecto de cons-
trução do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
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125
Comissão da Elaboração dos Projectos dos Novos Mercados e Matadouros nas Capitais de
Distrito. No âmbito da mesma seriam criadas duas brigadas, encarregadas de elaborar os
projetos dos mercados, uma, e dos matadouros, a outra, sendo encabeçadas, respetivamente,
pelo Capitão de Engenharia Manuel Quirino Pacheco de Sousa, professor da Escola Militar,
e pelo Eng.º Octávio Filgueiras, da DGEMN-Norte.
126
MOPC, Gabinete do Ministro, ofício n.º 5010, 09/03/1935 (ADF, Projecto de construção
do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
127
Capitão de Engenharia Quirino Pacheco de Sousa, ofício manuscrito datado de 30/12/1935
(ADF, Projecto de construção do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
61
Sousa já quase nada resta por força das transformações a que o quarteirão
(como de resto a própria cidade) se viu sujeito ao longo da segunda metade
do século XX. Mas se a insensibilidade de Pacheco de Sousa face às arqui-
teturas não monumentais ou eruditas é bastante comum e generalizada na
época, inclusive entre arquitetos, – prevalecendo, aliás, até, pelo menos, os
anos 1960 – não se pode deixar notar como a eventual escolha desse local
rapidamente se revelaria desajustada por força do desenvolvimento urbano
que Faro conheceria nas décadas seguintes – a menos que os pressupostos
ampla e extensivamente renovadores da malha urbana da baixa da cidade,
“limitando-se a conservar os monumentos existentes” 128, associados ao Plano
de Urbanização de 1945 tivessem sido integralmente cumpridos e o conse-
quente alargamento das suas ruas viesse assim permitir o descongestiona-
mento do trânsito automóvel, “que se faz[ia então] confusamente através de
estreitos arruamentos” 129.
Concluindo, porém, que o custo das expropriações necessárias se-
ria superior ao custo acrescido das fundações nos terrenos lodosos da doca,
a Câmara rejeitaria uma vez mais tal solução, insistindo por isso na ideia de
que o terreno da doca era o mais indicado. O projeto viria a ser entregue
– depois de vários atrasos, que motivaram troca de ofícios entre a CMF,
aquela Comissão e DGEMN – no dia 30 de outubro de 1936 130, apre-
sentando uma planta triangular – em que o lado maior, correspondente à
fachada principal, se orienta à Av. da República e o vértice oposto constitui
a zona de cargas e descargas, armazéns frigoríficos e outras áreas de serviço
– cuja periferia é conformada por um conjunto de lojas, com montra para
o exterior e acesso também pelo interior, dotadas de um alpendre contínuo
na fachada exterior, e o interior, onde se instalam as bancas de venda, é
constituído por duas naves de duplo pé-direito, superando a altura das lojas
e áreas de serviço, suportadas por estrutura metálica (fig.s 3 e 4).
128
LOBO, Margarida Sousa, 1995. Planos de Urbanização: A época de Duarte Pacheco. Porto:
FAUP, p. 220.
129
ADF, Planos de Urbanização, 1944-1982, Ante-plano Geral de Urbanização de Faro,
Arquiteto João Aguiar, 1945, “Memória Descritiva e Justificativa”, p. 7
130
Capitão de Engenharia Quirino Pacheco de Sousa, ofício datado de 01/11/1936 (ADF,
Projecto de construção do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
62 MERCADO DE FARO | HERANÇA MEDITERRÂNEA
131 PORTAS, Nuno, 2008, Arquitectura para hoje, seguido de Evolução da Arquitectura Moder-
na em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, p. 171.
132 Idem, p. 186.
133 [S.A.], 1938.“Novos mercados”. In O Algarve, n.º 1.582, Ano 31, 24.7.1938, p.1
134 ADF, Atas das Sessões - 1943-1945, Sessão da Câmara de 31/05/1939, fl. 10.
135 ADF, Projecto de construção do Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942.
63
136 P Idem.
137 ADF, Atas das Sessões - 1939-1941, Sessão da Câmara de 27/02/1941, fl. 96.
138 António José Honrado, ofício datado de 12/05/1942 (ADF, Projecto de construção do
Mercado Municipal, junto à Doca, 1928-1942).
139 Na missiva atrás referida Honrado reconhece terem-lhe sido entretanto pago “os materiais, e
apenas o trabalho de medição”, o que considerava insuficiente.
64 MERCADO DE FARO | HERANÇA MEDITERRÂNEA
150 ADF, Atas das Sessões - 1942-1943, Sessão da Câmara de 17/04/1943, fl. 63.
151 FERNANDES, José Manuel, 2006, “De Jorge Oliveira a Gomes da Costa. Dois Autores e
Duas Concepções da Arquitectura no Século XX em Faro”. In Revista Monumentos. Lisboa:
DGEMN. N.º 24, março de 2006, p. 142.
152 Assinala-se ainda que, no quadro das funções públicas que virá a exercer no Algarve, Jorge de
Oliveira será incumbido também, segundo a “Relação dos urbanistas com indicação das loca-
lidades que tinham a seu cargo em 1948” compilada por Margarida Sousa Lobo (op. cit., pp.
260-270), de alguns planos de urbanização, nomeadamente os de Alcoutim, Aljezur, Castro
Marim, S. Brás do Alportel e Ria de Faro. Contudo, nenhum deles consta da “Relação dos planos
com aprovação ministerial” até 31/12/1960 compilada pela mesma autora (cf. LOBO, op. cit.,
pp. 272-278). Para além do Mercado de Faro, Jorge de Oliveira irá desenvolver ainda, no Al-
garve os projetos dos mercados de Silves e São Bartolomeu de Messines, bem como a remodelação
da fachada do edifício da Câmara Municipal de Faro e a sede da antiga Junta de Província do
Algarve, onde atualmente está instalada a CCDR, entre muitos outros projetos.
66 MERCADO DE FARO | HERANÇA MEDITERRÂNEA
153 ADF, Atas das Sessões - 1942-1943, Sessão da Câmara de 22/05/1943, fl. 69.
154 ADF, Projecto de alpendre provisório para a Lota de Peixe da Cidade de Faro, Arqº. Jorge de
Oliveira, 08/12/1943.
155 ADF, Atas das Sessões - 1943-1945, Sessão da Câmara de 11/12/1943, fl. 10.
156 ADF, Atas das Sessões - 1945-1946, Sessão da Câmara de 02/06/1945, fl. 13.
157 LOBO, op. cit., pp. 274 e 279.
158 ADF, Atas das Sessões - 1945-1946, Sessão da Câmara de 31/05/1946, fl. 84.
68 MERCADO DE FARO | HERANÇA MEDITERRÂNEA
159 ADF, Atas das Sessões, 1947-1948, Sessão da Câmara de 10/09/1947, fl. 89.
160 Boletim de Informações, nº 1.398, p. 2: anúncio da “Construção de um mercado”, indicando
o dia 5 de maio como data final para a arrematação da respetiva empreitada, a qual tinha
uma base de licitação de 2.905.600$00.
161 Acta da Comissão encarregada de analisar as propostas a concurso relativo ao projeto (em-
preitada) de Construção do Mercado Municipal de Faro. (ADF, Processo de construção e
adjudicação da empreitada para a construção do Mercado Municipal, 1947-1948).
162 ADF, Projecto de adjudicação da empreitada de demolição do antigo Mercado de Hortaliças
e Carne, 1953-1954.
163 Arqº. Jorge Oliveira, Projecto do Mercado Municipal de Faro, 01/07/1947, Memória Des-
critiva e Justificativa, p. 1. (ADF, Processo de construção e adjudicação da empreitada para a
construção do Mercado Municipal, 1947-1948).
164 Idem, p. 2.
70 MERCADO DE FARO | HERANÇA MEDITERRÂNEA
169 IGUÀRDIA BASSOLS, M., e OYÓN BAÑALES, J.L., 2007. “Los mercados públicos en la
ciudad contemporánea. El caso de Barcelona”. Biblio 3W, Revista Bibliográfica de Geografía
y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona,Vol. XII, nº 744, 25 de agosto de 2007, [s. p].
72 MERCADO DE FARO | HERANÇA MEDITERRÂNEA
concorrência mais equilibradas.” 181 Para tal, era proposto “transformar esta
unidade numa estrutura comercial retalhista moderna e inovadora”, capaz de
oferecer, entre outras condições, “uma maior diversidade de oferta de produ-
tos e de serviços de apoio, uma maior comodidade no ato das compras, propor-
cionando um espaço de comércio e de lazer com diversidade de opções.” 182
Para além de outras questões funcionais, a “conservação da traça arquitetó-
nica” do edifício e “a possibilidade de numa deslocação ter tudo à mão num
lugar com garantia do estacionamento automóvel” são duas das condicionan-
tes fundamentais que a proposta afirma ter em conta; proposta que passava
assim por “construir o edifício com base na tipologia em que assenta o edifício
existente do mercado, com o seu mirante e torre de relógio, numa interpretação
de arquitetura moderna e criando condições para que se possam implantar dois
níveis de cave sob o Mercado Tradicional e o Centro Comercial” 183, um dos
quais para estacionamento e o outro onde se viriam a instalar um conjunto
diversificado de lojas comerciais e uma unidade de uma grande cadeia de
supermercados.
Por fim, e contemplando a proposta, conforme referido, a demo-
lição integral do edifício preexistente, previa-se porém que do mesmo
fossem recuperadas e reutilizadas as “pedras de guarnecimento das portas
principais e ainda [das] gárgulas para sua aplicação no novo edificado assim
como o relógio da torre”, e a mantidos os princípios compositivos (métrica,
proporções, cércea) no edifício a construir, bem como “o lugar referenciável
à existência” daquele equipamento e a localização dos seus acessos principais
“marcando os eixos ortogonais da composição do edifício”, sendo o “partido
tomado”, quanto à opção arquitetónica, o “de continuidade na linguagem
180 Embora já fizesse parte do gabinete técnico da SIMAB, o Arqt.º Miguel Branco só virá a
assumir a condução do processo na sequência da saída do Arqt.º Rogério de Brito daquele
gabinete, vindo a ser também responsável, ainda na região algarvia, pelos projetos de re-
modelação dos mercados municipais de Loulé e Portimão e pelo projeto de novo Mercado
Abastecedor da Região de Faro.
181 CMF, Projecto do Mercado Municipal de Faro, Arqt.º Miguel Branco, SIMAB, 08/07/2002.
182 Idem.
183 Idem.
184 Idem.
185 [S.A.], 2007.“Mercado de Faro: «Está um luxo»!”. In Barlavento [online], 08-02-2007.
77
diferente do que foi outrora e certamente mais cómodo para quem nele
trabalha e frequenta e mais adaptado aos tempos que correm, por muito
que se lamente, do ponto de vista patrimonial, a perda do edifício prece-
dente.
Naturalmente, a demolição do velho edifício, cujas cinco décadas
de vida haviam tornado já emblemático da cidade e, porquanto testemunho
da arquitetura e da sociedade de uma época, dotado de um valor histórico-
-patrimonial inegável, não se faria sem polémica. Mas sendo questionáveis
os motivos dessa demolição – como o será sempre, há que reconhecê-lo, o
próprio valor patrimonial que se queira atribuir a qualquer imóvel –, essa
já não é uma questão que aqui caiba discutir.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
original de 1841)
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