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Trabalho Final

A Entrada de Portugal na CEE


Análise às capas dos jornais Diário de Notícias e Expresso no momento da Assinatura
do Tratado de Adesão e na entrada efetiva na CEE

(Mário Soares fala após a assinatura do Tratado de Adesão de Portugal e Espanha, à CEE. A cerimónia
decorreu no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa a 12 de junho de 1985 – fonte:
http://150anos.dn.pt/2014/07/31/1986-adesao-a-cee/ )

Mestrado em Comunicação e Jornalismo – Ano letivo 2014/2015

Seminário: Temas de História no Século XX

Docente responsável: Dra. Maria Isabel Nobre Vargues

Discentes: André Martinho Moura Pereira aluno nº2007003711

Emanuel Jorge Sebastião Pereira aluno nº2011157749


FLUC
26/06/15
A ENTRADA DE PORTUGAL NA CEE

André Martinho Moura Pereira


Emanuel Jorge Sebastião Pereira

A Entrada de Portugal na CEE


Análise às capas dos jornais Diário de Notícias e Expresso no momento da Assinatura do
Tratado de Adesão e na entrada efetiva na CEE

Resumo
Portugal seria, na atualidade, um país diferente sem a entrada nas Instituições Europeias.
O momento da integração efetiva só aconteceu a 1 de janeiro de 1986, mas a assinatura
do Tratado de Adesão, a 12 de junho de 1985, foi o penúltimo passo para Portugal e
Espanha conseguirem pertencer à Comunidade Económica Europeia. As duas datas estão
cunhadas no passado recente das duas nações e marcam um alargamento europeu à
Europa do Sul. Perceber que importância e que consequências tiveram os dois
acontecimentos, ao mesmo tempo que analisamos a cobertura mediática dada por dois
jornais portugueses, são as premissas da investigação que aqui se apresenta.

Palavras – Chave: Portugal - CEE - media – integração

Abstract

Portugal would be, nowadays, a different country without joining the European
Institutions. The moment of effective integration just happened at January 1, 1986, but
the signature of the Accession Treaty on 12 June 1985 was the penultimate step to
Portugal and Spain get belong to the European Economic Community. The two dates are
minted in the recent past of both nations and mark a European enlargement to southern
European. Realize the importance and the consequences that had the two events, while
we analyze the media coverage given by two Portuguese newspapers, are the premises of
the research presented here.

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Índice

1.Introdução 4

2.Desenvolvimento 6

2.1. Antecedentes 6

2.2. Momentos: Tratado de Adesão e Entrada Efetiva 8

2.3. Consequências Imediatas 9

3. Entrevistas 10

3.1.Entrevista com a professora Maria Manuela Tavares Ribeiro 10

3.2. Entrevista com o professor António Martins da Silva 13

4.Tratamento dado pelo jornal Diário de Notícias e pelo semanário Expresso 16


4.1. Capas do Diário de Notícias 16
4.2. Capas do semanário Expresso 17
5. Conclusão 18
6. Referências Bibliográficas 21
Anexos

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1.Introdução

A entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) foi um dos


acontecimentos de maior significado histórico para o país mais ocidental do continente
europeu. A assinatura do Tratado de Adesão teve lugar a 12 de junho de 1985, no
Mosteiro dos Jerónimos – monumento “interiorizado como um dos símbolos da nação1”,
no entanto, a integração na família europeia só foi formalmente concretizada no primeiro
dia de 1986.

Este tema despertou o nosso interesse. Primeiro porque se trata de um assunto


recente, foram dois acontecimentos marcantes na história contemporânea do povo
lusitano. O segundo motivo da escolha está relacionado com o facto de se terem
comemorado, no passado dia 12 de junho de 2015, 30 anos da assinatura do Tratado de
Adesão, momento que foi o culminar de um longo processo de negociações e que permitiu
a integração de Portugal na CEE. Um terceiro fundamento da escolha foi a curiosidade
em perceber qual foi a cobertura mediática, que tiveram os dois acontecimentos na
imprensa portuguesa, o momento do Tratado de Adesão, em 1985, e a entrada efetiva, em
1986. Estas três motivações e o facto de considerarmos que o assunto se enquadra no
terceiro ponto do programa de estudos do seminário de História e Jornalismo: Temas do
Século XX – “os principais acontecimentos políticos, económicos, sociais, culturais e
científicos no século XX e os meios de comunicação”, acabam por fundamentar a
elaboração do presente trabalho académico.

Na produção que apresentamos procurámos aliar a vertente teórica, com uma mais
prática, mais “jornalística”. Assim, para além de revisitarmos os acontecimentos,
anteriormente referidos, através de pesquisa online, bibliográfica e das capas dos jornais
(o Diário de Notícias (DN) e o semanário, Expresso) da altura – no momento da
assinatura do Tratado de Adesão (8,11, 12, 13 e 15 de junho de 1985) e da integração
efetiva na CEE (28 e 31 de dezembro de 1985, 1, 2 e 4 de janeiro de 1986) –,
entrevistámos dois professores de renome nacional, em matérias relacionadas com a
história contemporânea da Europa, e que lecionam na Universidade de Coimbra (UC), o
Professor Doutor, António Martins da Silva, e a Professora Catedrática da UC, Maria
Manuela Tavares Ribeiro.

1http://www.mosteirojeronimos.pt/pt/index.php?s=white&pid=219&identificador. [Visitado em 22-06-2015]

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A nossa pergunta de partida para esta análise foi: “Que impacto tiveram nas capas
dos jornais da altura, estes dois acontecimentos com implicações, não só na narrativa
histórica de Portugal, como da própria CEE?”.

Através do arquivo da Hemeroteca Municipal de Coimbra, decidimos centrar a


investigação nas capas de um jornal diário e de um semanário, publicados na altura. A
escolha recaiu sobre o jornal Diário de Notícias e o jornal semanário Expresso.

Neste estudo começámos por fazer uma breve contextualização do ambiente


vivido na altura, em Portugal e um pouco por toda a Europa, através da transmissão de
alguns acontecimentos que foram acontecendo entre 1974, após a Revolução do dia 25
de Abril, e o dia 1 de janeiro de 1986. Através das leituras e pesquisas efetuadas
procurámos antecedentes à assinatura do Tratado de Adesão (1985) e à entrada do nosso
país na CEE (1986). Discorremos também sobre a importância dos dois acontecimentos,
bem como as consequências que deles advieram. Toda a pesquisa acaba por estar mais
centrada no ponto de vista de Portugal. Na segunda parte, mais prática, incluímos as duas
entrevistas realizadas, por serem dois testemunhos importantes e cientificamente mais
esclarecedores sobre os dois episódios, que marcam a história moderna da “ocidental
praia lusitana2” e do “velho continente”.

Terminamos com a aplicação da metodologia de observação do corpus,


constituído pelas capas dos jornais supracitados, seguida de uma análise de conteúdo.
Fizemos uma pesquisa mista (quantitativa e qualitativa)3, interpretando as chamadas de
capa, os títulos usados, as fotografias e outros efeitos de design. Tivemos especial atenção
com o espaço da capa que é dedicado ao caso, bem como a linguagem envolvida e os
elementos gráficos presentes. Não descurámos, todavia, uma análise do discurso para
identificar e classificar o tratamento dado pelos dois órgãos de imprensa analisados,
através da linguagem utilizada, “esta é uma metodologia complicada que tem uma
abordagem muito específica dos dados4” (Silverman.2009:20).

No final do trabalho esperamos ter uma noção mais real da importância dos dois
momentos, bem como uma perceção da cobertura jornalística que foi feita.

2 Camões, Luís Vaz de. “Os Lusíadas”. (texto original 1572) versão utilizada da Porto Editora (2014). Coleção:
Clássicos Porto Editora. 288pp. Canto I – estrofe 1 verso 2.
3 Silverman, David. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise de entrevistas, textos e interações.

Artmed editora S.A. São Paulo 2009.


4idem

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2. Desenvolvimento
2.1. Antecedentes
Depois do fim da Segunda Grande Guerra Mundial (1945), Portugal foi membro
cofundador da NATO (1949), EFTA (1960) e da OCDE (1961), saindo da EFTA em
1986. Tudo isto demonstra que, mesmo estando o país a viver num regime ditatorial, não
abdicava de manter uma ligação com organismos internacionais. O Governo português,
já com Marcelo Caetano na liderança, tentou, inclusive, negociar “um acordo comercial,
aprovado em 22 de julho de 1972, para entrar em vigor no início do ano seguinte5”,
contudo, “mais não seria possível, em virtude da natureza não democrática do regime
vigente em Portugal6”.

No dia 25 de abril de 1974, com os jovens oficiais do exército a viverem um


crescente mal-estar, desencadeou-se um golpe de estado, conhecido como a Revolução
dos Cravos. Essa revolução, relativamente pacífica, pôs fim a uma ditadura que durou 58
anos e acabou por ser um grande ponto de viragem da sociedade portuguesa, no século
XX. A democracia era abraçada e terminava o período do Estado Novo, uma ditadura
iniciada em 1926, com António de Oliveira Salazar. Após esta mudança decorreu um
período de aceso debate político, de disputa pelo poder político-militar, designado
como Processo Revolucionário em Curso (PREC), com especial ênfase durante o Verão
de 1975, conhecido como o “Verão Quente”. Meses em que se chegou a temer que o país
entrasse numa guerra civil. Neste período, Portugal concede ainda independência a todas
as suas antigas colónias em África.

Desde 25 de novembro de 1975, data em que diversos setores da esquerda radical,


tentam levar a cabo um golpe de estado7, fracassado, a 12 de junho de 1985, dia em que
se consumou a assinatura do Tratado de Adesão, após um grande período de negociações,
entre a CEE e o IV Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, a democracia foi

5 Martins da Silva, António «História da Unificação Europeia: A Integração Comunitária (1945-2010)», Imprensa da
Universidade de Coimbra (pag.167)
6
idem
7 A 11 de março de 1975 existiu também uma tentativa de um golpe militar, que acabou por fracassar. Sob o comando
do general António de Spínola, “dois aviões T6 e quatro helicópteros oriundos da BA 3, sediada em Tancos,
sobrevoaram e atacaram com rajadas de metralhadora o quartel do RAL1, perto do aeroporto de Lisboa”. O resultado
foi a derrota de António Spínola e a afirmação do processo revolucionário, “Às 17h, Spínola, escapava-se de helicóptero
para Talavera de La Reina, em Espanha, e dali, mais tarde, para um longo exílio no Brasil.” Análise de Rui Ochôa no
jornal Expresso, dia 8 de março de 2009, intitulada: “11 de Março de 1975 - O golpe do general”. Disponível através
do link: http://expresso.sapo.pt/blogues/blogue_um_olhar/11-de-marco-de-1975-o-golpe-do-general=f500702
[consultado a 20 de junho de 2015]

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crescendo em solo nacional. Há durante este período, que demorou mais de 8 anos,
diversas fações que assumiram um papel preponderante para ajudar a consolidar o ideal
democrático, não só nas instituições governamentais portuguesas, como na própria
sociedade. As eleições presidenciais de 27 de junho de 1976, que elegeram António
Ramalho Eanes8, como o primeiro Presidente da República democraticamente eleito após
o 25 de Abril de 1974, por sufrágio universal, são um exemplo do caminho que começava
a ser trilhado.

No mesmo ano, já havia sido aprovada a nova Constituição da República


Portuguesa, documento que estabeleceu, por exemplo, os poderes políticos locais
(autarquias) e os governos autónomos regionais dos Açores e da Madeira. Viviam-se,
nestes anos, tempos de grande indefinição política e de instabilidade governativa, num
processo de reconstrução interna.9 Para ilustrar a desordem a que nos referimos e que
marcou esta altura de reorganização do Estado português, entre 1977 e 1985 conheceram-
se nove governos constitucionais.

O Primeiro-Ministro em 1977, Mário Soares, fez uma viagem às capitais da CEE


de forma a garantir o apoio destes Estados-membro à candidatura portuguesa.
Curiosamente, aquando da assinatura do Tratado de Adesão, já em 1985, Mário Soares
era, outra vez, um dos principais representantes do Estado português.

“Até à assinatura do tratado em 1985, decorreram cerca de oito anos de negociações que exigiram
grandes adaptações internas10”. (Ferreira Pinto, F.M.R.F. 2011)

A maioria dos países da Comunidade, apesar de algumas objeções, olhava para a


candidatura de forma favorável. “Como novo país democrático, a Europa considerava que
Portugal era um elemento vital para a unidade de coesão europeia11”, e, como tal, os
restantes dez elementos da Comunidade Económica Europeia, após diversos diálogos,
foram acabando por aceitar a integração dos países da Península Ibérica.

8 António Ramalho Eanes fizera parte da tentativa de golpe militar, aconteceu em Portugal, no 25 de novembro de
1985.
9 Ideia retirada de Ferreira Pinto, F.M.R.F. 2011 Dissertação de Mestrado “A Integração de Portugal nas
Comunidades Europeias” FLUC sob a orientação do Professor Doutor António Martins da Silva, visionada
em:https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/19158/1/A%20Integra%C3%A7%C3%A3o%20de%20Portugal%20
nas%20Comunidades%20Europeias%20-%20Fernanda%20Pinto.pdf , no dia 20/6/2015.
10 Ferreira Pinto, F.M.R.F. 2011 Dissertação de Mestrado “A Integração de Portugal nas Comunidades Europeias”.

P.FLUC sob a orientação do Professor Doutor António Martins da Silva, visionada em:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/19158/1/A%20Integra%C3%A7%C3%A3o%20de%20Portugal%20nas
%20Comunidades%20Europeias%20-%20Fernanda%20Pinto.pdf , no dia 20/6/2015.
11 Dias, Sara. FLUC. 2002/2003. Mestrado em História Económica e Social Contemporânea. “Portugal e a Europa: o
Parlamento Português e a adesão à CEE”, professor responsável: Silva, António Martins da

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28 de Março de 1977 - Mário Soares faz o pedido de adesão à CEE. Seguem-se as


reuniões preparatórias da adesão.

19 de Maio de 1978 - A comissão dá parecer favorável ao pedido de adesão de


Portugal e, a 6 de Junho, o Conselho também dá luz verde.

17 de Outubro de 1978 - Início de negociações de adesão de Portugal à CEE.

12 Junho de 1985 - É assinado, em Lisboa, o Tratado de Adesão de Portugal à CEE.


Espanha assina o Tratado de Adesão, em Madrid, no mesmo dia.
Quadro 1: Cronologia desde a entrega da candidatura até à assinatura do Tratado de Adesão.12

Criada em 1957, por um dos Tratados de Roma, com a finalidade de estabelecer


um mercado comum europeu, a Comunidade Económica Europeia foi uma organização
nascida de uma vontade análoga da França, da Itália, da República Federal Alemã e dos
três países do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), mas que sofreu três
alargamentos posteriores. Primeiro aderiram o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca
(1973), seguidos da Grécia (1981), passando a ser a “Comunidade dos 10”. O último
alargamento (1986) correspondeu à entrada dos países ibéricos, Portugal e Espanha. Em
1992, no Tratado de Maastricht, ficou definido que a Comunidade Económica Europeia,
se passaria a chamar: União Europeia.

“Era razoável e consensual não desamparar politicamente estes candidatos [Portugal e


Espanha], agora que se tinham libertado de ditaduras longas (…); era, também, vantajoso para alguns (…)
porque, com este acrescento territorial, se equilibrava geograficamente o centro da gravidade da
Comunidade, que com o primeiro alargamento, pendera excessivamente para Norte.” (Martins da Silva,
2010:162)

2.2. Momentos: a assinatura do Tratado de Adesão e a entrada efetiva

Este foi um acontecimento “revolucionário” para o Estado português, que se


subdividiu em dois momentos intervalados por quase um semestre. Apesar do Tratado de
Adesão ter sido rubricado a 12 de junho de 1985, só “a 1 de janeiro de 1986, os dois países
ibéricos se tornaram [sic] membros de pleno direito da CEE13”.

Depois da entrega formal da candidatura para integrar a Comunidade Económica


Europeia e do longo período (8 anos) de espera, “para concluir as longas e árduas
negociações14”, Portugal constatou que a sua inclusão não seria feita a solo, tornando-se

12 Cronologia retirada do Diário de Notícias, dia 1 de julho de 2007, disponível online através de:
http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=992164&especial=Presid%EAncia%20da%20UE&seccao=MU
NDO. Consultada em 20/6/2015.
13 Ibidem
14 Machado, G. 2005 «O primeiro dia europeu de Portugal: Cenas da união selada pela televisão», Campo das Letras

– Editores, S.A., (pag.76)

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“claro que a entrada do país só terá lugar concomitantemente com Espanha15”. Este hiato
temporal serviu para a Comunidade observar como se consolidava a democracia em solo
nacional, sendo a principal mudança, o agravamento da situação económica. O nosso país
só conseguiu equilibrar “as contas externas ao fim de dois acordos com o FMI [Fundo
Monetário Internacional] ”16. Mário Soares, logo em 1977, antevia os grandes obstáculos
que a candidatura iria despontar em todos os envolvidos.

“ «Em primeiro lugar desafio para Portugal, pois não ignoramos de modo algum as nossas
fraquezas nem as nossas actuais dificuldades. Desafio também para a Europa, pois, ao bater-lhe à porta,
sentimos que exprimimos a dimensão europeia das mudanças políticas e sociais ocorridas ou em curso no
Sul da Europa. Ignorar esta realidade nova só iria aumentar as diferenças que separam ainda, em termos
económicos, esta Europa do sul da Europa do norte, com todos os perigos de desintegração e de ruptura
para a Europa, a longo prazo.»” (Soares, M., excerto de alocução, 11 de março de 1977)17

A perda do mercado colonial, após o 25 de Abril de 1974, fez com que as receitas
financeiras do nosso país diminuíssem, algo que veio acentuar a contínua dependência
dos mercados externos. É neste contexto que se explica a aproximação ao mercado
europeu, que tem como resultado o pedido de adesão formal, logo em 1977. Só na década
seguinte é que se viria a consumar a plena integração (1986), em simultâneo com a
Espanha.

Contudo, foi no ano antes, a 12 de junho, que se procedeu à assinatura do Tratado


de Adesão, no Mosteiro dos Jerónimos. Mário Soares (Primeiro-ministro), Rui Machete
(Vice-Primeiro-ministro), Jaime Gama (Ministro dos Negócios Estrangeiros) e Ernâni
Lopes (responsável pelas negociações de adesão de Portugal à CEE) foram os
representantes nacionais, que assinaram o tratado em Lisboa.

2.3. Consequências imediatas

A assinatura do Tratado de Adesão foi de facto um momento importante e de


viragem. O salto aconteceu, sobretudo, nos primeiros seis anos da adesão, espaço de
tempo em que Portugal apresentou “um aumento bastante significativo no PIB [Produto
Interno Bruto] ”18.

15 Idem
16 Idem ibidem
17 Declaração retirada da página online do Centro de Informação Europeia Jacques Delors, disponível em:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=339. Visitada em 21/6/2015.
18 Dado recolhido através da notícia de Vasco Gandra, no dia 12 de junho de 2015. Disponível em:

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=190373. [Visitado em 21/6/2015].

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Com este terceiro alargamento, agora para Sul, a Europa comunitária ficou mais
heterogénea, na medida em que “a estrutura das receitas e das despesas do orçamento
comunitário criava desigualdades acentuadas de benefícios entre os montantes entregues
e os valores recebidos”19, facto que agradava aos membros mais recentes da Comunidade:
Grécia, Portugal e Espanha. Estes eram três países necessitados, com largas regiões
empobrecidas. Esta realidade da maior presença de periferias desajudadas e paralisadas,
a sul, contrastava com as sociedades mais ricas e dinâmicas, caraterísticas do norte, que
se expunham quase como credores dos países do sul. Na situação, os Estados do norte
“estimularam e pressionaram a necessidade de reforço substancial de recursos” 20, de
maneira a que os novos integrantes da CEE se modernizassem e se adaptassem às suas
condições económicas e sociais.

Concluído o processo de adesão e gozando dos mesmos direitos e deveres dos


outros elementos, os países ibéricos ganharam um papel importante junto das instâncias
de tomada de decisões da CEE, com um poder de voto em todas as matérias, podendo
“vetar políticas que não sejam do seu interesse ou tentar reforçar os seus próprios
interesses com um voto favorável”21. O pensamento de unidade europeia começava a
ganhar um novo impulso, com contornos geograficamente mais alargados. Já com Aníbal
Cavaco Silva como Primeiro-ministro, foi eleito a 5 de Outubro de 1985, Portugal
começava o ano de 1986 com uma “nova realidade” à porta.

3. Entrevistas

3.1. Maria Manuela Tavares Ribeiro - Professora Catedrática de História da Faculdade


de Letras da Universidade de Coimbra e Coordenadora Científica do Centro de Estudos
Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra - CEIS20.

Qual era a realidade de Portugal nos anos que antecederam a sua inclusão na
Comunidade Económica Europeia (CEE)?

MMTR- Analisando a conjuntura portuguesa antes da assinatura do Tratado de


Adesão, podemos dizer que, em termos económicos, havia uma sociedade que vivia numa
crise financeira. Há uma vaga imensa de emigração que, sobretudo a partir dos anos 60,

19 Martins da Silva, António (2010) «História da Unificação Europeia: A Integração Comunitária (1945-2010)»,
Imprensa da Universidade de Coimbra (pag.172)
20 Idem (pág.175)
21Donges, Juergen B. (1983) «A Comunidade Europeia na encruzilhada», in Integração Económica, Eduardo Sousa

Ferreira Edições 70 (pag.299/300)

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viu muitos portugueses emigrarem para vários países da Europa, à procura de melhores
condições de vida. No ponto de vista social, foi um período conturbado, porque mesmo
após a revolução de Abril de 1974, o nosso país passou por uma fase complexa. A verdade
é que essa crise foi sendo vencida, paulatinamente, graças, também, à chegada dos fundos
europeus. Ainda nos anos 70 e depois, sobretudo, do Verão quente de 1975, há todo um
contexto que vai ajudar a vencer todo esse período de crise, especialmente, a partir de
1976, quando temos o primeiro governo constitucional, já depois da Constituição desse
mesmo ano. A política de Mário Soares, primeiro-ministro de Portugal, na altura,
contribuiu para uma aproximação.

De facto nunca estivemos de costas voltadas para CEE. As políticas do Estado


Novo, tanto de Salazar, como de Marcelo Caetano, foram mantendo negociações, sempre
num acesso às instituições de caráter económico. Saliento também a ação diplomática de
Ruy Teixeira Guerra ou de José Calvet Magalhães, que tiveram uma atividade
importantíssima na ligação de Portugal à CEE. Efetivamente, depois da Revolução de
Abril, instaurada e consolidada a democracia, Portugal reunia as condições para ser
candidato.

O Tratado de Adesão, assinado a 12 de junho de 1985, por Portugal e


Espanha, é mais um momento de mudanças dentro da CEE. Quais eram os
principais objetivos da Comunidade com a entrada dos países da Península Ibérica?

MMTR - Foi um momento histórico, ou seja, quando chegamos a 1985, à data da


assinatura do Tratado, temos que pensar que era algo inevitável para ambos os países. A
Comunidade tinha como objetivos proceder a um alargamento para Ocidente e consumar
uma aproximação ao Atlântico. O posicionamento do nosso país é estratégico, e isso em
termos de defesa e segurança era importante para a CEE. Não nos podemos esquecer que
Portugal já era membro da NATO, desde 1949, e isso também foi tido em conta. Para a
Comunidade a integração dos dois países era uma questão estratégica.

Que reações despontou a candidatura portuguesa a nível interno?

MMTR - Foram feitos inquéritos em 1985 e em 1989, eu própria verifiquei esses


dados, e é muito curioso, porque através das respostas há algumas ideias que sobressaem.
Ao nível das camadas sociais de média/alta burguesia, houve uma melhor aceitação, algo
que também pode ser observável nas populações mais jovens, mas estamos a falar de

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classes sociais que eram mais cultas e alfabetizadas. Se esses inquéritos fossem feitos a
camadas sociais mais baixas da nossa sociedade, localizadas sobretudo no interior, com
menor instrução, a reação seria diferente, provavelmente essas pessoas até estariam quase
alheadas sobre o que se estava a passar. Quero salientar que isto tem de ter uma análise
muito mais aprofundada em termos sociológicos, sobretudo pela própria constituição das
camadas sociais.

No caso dos emigrantes portugueses houve uma boa recetividade, porque agora já
podiam enviar os seus capitais para Portugal. Outra curiosidade foi o facto de, por
exemplo os agricultores, que em 1985 estavam mais distantes do assunto, acabaram, já
em 1989, por mudar a sua posição. Começaram a perceber que, de facto, podiam
beneficiar de fundos europeus. Depois de 1989 o país começou a sofrer uma série de
transformações, nomeadamente ao nível da implementação de novas infraestruturas,
muitas delas proporcionadas com este capital proveniente da CEE.

E como foi a recetividade dos países que já eram membros da CEE?

MMTR - Houve alguma reação, nomeadamente da França. À França não lhe


interessava, sobretudo por causa da competitividade ao nível agrícola e aí levantava-se o
problema da Política Agrícola Comum. Portugal e Espanha eram vistos como países que
vinham competir com a França. Era quase “uma competição”. Há também algum
ceticismo dos países do norte e também da Itália, mas na minha opinião a reação menos
positiva foi a França.

Após o alargamento efetivo, paulatinamente, foi havendo uma aceitação por parte
dos países membros, um pouco à semelhança do que aconteceu em 1981, aquando da
entrada da Grécia. Existiu uma mais-valia, na minha opinião, na integração de Portugal.
Isso foi salientado nos diversos discursos públicos proferidos logo após o momento de
entrada. Depois, também na imprensa periódica, dos países membros foi destacada a
importância da integração. Sob o ponto de vista político e estratégico foi, de facto,
relevante e julgo que isso foi reconhecido pelas entidades e personalidades que lideravam,
na altura, a Comunidade Económica Europeia.

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Passaram 30 anos da assinatura do Tratado de Adesão e em janeiro de 2016


é assinalado o 30º aniversário da entrada dos dois países na “família europeia”. Que
balanço faz, enquanto historiadora, deste período?

MMTR - Embora hoje tenha um sentimento mais cético em relação a toda a


política da União Europeia, eu penso que o saldo, no caso português, é positivo.
Evidentemente que hoje sentimos e vivemos uma crise, que é mais que um problema
nacional. É conjetural, europeia, global, mas a verdade é que Portugal usufruiu de diversas
vantagens que a integração europeia lhe trouxe. O nosso país não podia ter realizado todas
as obras de infraestruturas que fez, não teríamos tantos melhoramentos ao nível da
educação e da saúde, sem essas benesses, digamos, oriundas da CEE.

Hoje, por vezes, esse sentimento europeísta poderá ser um pouco afetado.
Considero que muitos portugueses, eu própria incluída, possuem um sentimento de
ceticismo, de um certo pessimismo até, que advém das atuais políticas nacionais e
europeias. Estas políticas não estão a realizar “o velho sonho” dos chamados pais da
União Europeia, pessoas que tinham como principal objetivo a promoção da solidariedade
entre os países, que pretendiam uma Europa capaz de ajudar a resolver os problemas
internos de cada nação. Atualmente, cada vez mais, é cavado um abismo entre uma
Europa do Norte e uma Europa do Sul, entre os mais poderosos economicamente e os que
têm menos riqueza. Apesar desta realidade, tenho de frisar que Portugal conseguiu muitos
melhoramentos nestes 30 anos, muitos só foram possíveis graças à integração europeia.

3.2. António Martins da Silva - Professor Associado da Faculdade de Letras da


Universidade de Coimbra, com especialização em História Contemporânea.
Qual era a realidade de Portugal nos anos que antecederam a entrada na CEE?

AMS - A questão da adesão de Portugal à Comunidade foi, quase, uma estratégia


pessoal de Mário Soares. Eu analisei diversos documentos relativos ao período que
decorre entre o 25 de Abril de 1974 e a Adesão de Portugal em 1986. Através desse estudo
posso dizer que, até 1984, o tema da integração europeia era relativamente desconhecido
da população em geral e até dos próprios meios de comunicação social, havia uma posição
de indiferença, quase até de um certo ceticismo relativamente à integração. Mário Soares
tem uma estratégia, que é integrar Portugal na Europa, na democracia e no modo de
civilização europeu. O primeiro passo que ele deu, enquanto primeiro-ministro do

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primeiro Governo Constitucional, foi conseguir a adesão de Portugal ao Conselho da


Europa, que aconteceu logo em 1977. Esta condição era indispensável para a etapa
seguinte, a integração de Portugal nas Comunidades Europeias.

Em 1984, de acordo com a sondagem do Eurobarómetro, a esmagadora maioria


dos portugueses, estava completamente alheada do processo. Havia um número muito
restrito de apoiantes à integração, estamos a falar já de reta final das negociações. Este
sentimento permaneceu, praticamente, até aos primeiros meses de 1986. Só quando
começou a entrar capital, proveniente dos fundos europeus, e que os números a favor da
adesão sobem. Esta indiferença era partilhada por diversas camadas da sociedade, desde
os mais intelectuais aos menos eruditos.

Qual era a conjuntura europeia no início do processo de adesão?

AMS - Inicialmente existia um contexto muito favorável. Havia uma grande


recetividade por parte das instituições europeias, aliás chegou a vir a Portugal uma
delegação da Comissão Europeia para nos aconselhar a fazer o pedido de adesão, isto
entre 1975 e 1977. Na altura a situação política no nosso país ainda era muito instável e
as instituições europeias entendiam que a integração de Portugal era o meio mais sólido,
mais seguro, para estabilizar politicamente o nosso país. A nível económico o nosso país
não colocava grandes problemas, isso depois alterou-se.

Que entraves externos foram colocados à entrada de Portugal na Comunidade dos


10?

Em relação a Portugal as maiores objeções surgiram em alguns domínios


fundamentais. Um deles, que também era comum à Espanha, estava relacionado com a
concorrência ao nível dos produtos agrícolas, produtos mediterrânicos. Os preços que nós
praticávamos colocavam sérias dificuldades, pelo menos assim era entendido, a outros
países que também produziam mercadorias do mesmo tipo, estamos a falar de frutas,
legumes, entre outros. A Grécia, a Itália e em parte a França eram os maiores opositores
à entrada de Portugal, sobretudo a Grécia e a Itália, e destaco o modo particular da
oposição grega, porque era com a Grécia que nós competíamos mais diretamente.

Outra área que criou muitas oposições, por parte dos parceiros comunitários,
estava relacionada com a mão-de-obra, ou seja, a possibilidade de haver uma grande
deslocação de pessoas portuguesas para outros países da Comunidade Económica

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Europeia. Isto suscitava medos, como o excesso de mão-de-obra migrante ou a


competição com os trabalhadores locais, por exemplo na França ou na Alemanha.

Tudo isto depois foi sendo ultrapassado com a criação dos chamados Programas
Integrados Mediterrânicos (PIM), que protegiam de alguma forma as produções de cada
país. No caso da Grécia existiram algumas contrapartidas financeiras para flexibilizar a
sua posição relativamente à integração portuguesa.

Qual era o interesse europeu na entrada de Portugal?

Houve um interesse fundamental por parte da França. Na altura estava no governo


o socialista François Miterrand, que tinha uma excelente relação com Mário Soares,
também ele com a mesma orientação ideológica, ou seja havia aqui uma amizade, mas
para França havia uma questão estratégica muito importante na entrada dos países
ibéricos. Com a adesão do Reino Unido, da Irlanda e da Dinamarca, entradas consumadas
em 1973, houve uma deslocação do centro de gravidade das Comunidades para norte, de
alguma forma a Europa nórdica ficou em termos político - geográficos numa posição
relativamente “dominante”. A França sentia necessidade de voltar a recolocar-se como
centro das Comunidades Europeias. Um alargamento a Sul ia novamente recentrar a
posição dos franceses. Este apoio da França foi vital para a conclusão das negociações de
entrada dos dois países da Península Ibérica.

Que opinião tem sobre o tratamento dado pelos media aos dois
acontecimentos: a assinatura do Tratado de Adesão e a entrada em definitivo?

A cerimónia da adesão no Mosteiro dos Jerónimos foi muito bem conseguida, teve
um grande efeito mediático. Recordo-me, na altura, de acompanhar as emissões e as
notícias quase “devotamente”. Foi, sem dúvida, um fenómeno mediático de extrema
importância. Considero que isso contribuiu para que a imprensa escrita e os outros meios
de comunicação, que existiam, se dedicassem mais ao assunto. Essa dedicação teve
efeitos na população, pois também ela começou a dar mais atenção aos temas europeus.
Na altura da entrada efetiva, a ideia que eu tenho é que, de facto, os meios de comunicação
social não fizeram “grande” notícia do momento, porque já era algo que estava
consumado desde 1985. Através da minha constatação empírica, e como leitor assíduo
dos jornais na altura, posso dizer que os jornais de referência passam, após estas duas
datas, a encarar os temas europeus com mais seriedade e com mais frequência.

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4. Análise do Tratamento dado pelo jornal Diário de Notícias e pelo


semanário Expresso
4.1. Análise das Capas22 - Diário de Notícias

Data da Capa Títulos Fotografia Descrição da Outros


publicação Fotografia
(dia/mês/ano)
11/6/1985 Não há Alguns temas da
referência na 1ª página:
capa sobre a 1- Discurso do
assinatura do presidente da
Tratado de República,
Adesão. Ramalho Eanes,
nas comemorações
do dia 10 de junho.

2 – Vitória do
SLBenfica na final
da Taça de
Portugal frente ao
FCPorto (3-1)

12/6/1985 A capa é Principal: “ Entrada de Uma fotografia A imagem mostra o Na capa está
exclusivamente Portugal na Europa passa central que jantar entre o presente o
dedicada ao hoje pelos Jerónimos”. retrata um jantar primeiro-ministro editorial, assinado
tema. ocorrido na noite português, Mário pelo diretor do DN
Subtítulo: “ Inquérito de 11 de junho Soares, e o presidente da altura, o
promovido pelo «Diário de de 1985. do Conselho jornalista, Mário
Notícias» regista opiniões Europeu, Bettino Mesquita. O título
de um amplo conjunto de Craxi. Na foto estão é: “Por cima dos
personalidades da vida também as esposas Pirenéus” e aborda
nacional” dos dois líderes. A a entrada de
refeição é Portugal na
considerada pelo DN Comunidade.
como “informal”.
13/6/1985 Toda a capa é Principal: “Oito anos de Uma fotografia Na imagem podemos Destaque para as
dedicada à negociações concluídos em que ocupa ver a presença do declarações do
assinatura do Belém”. grande parte da primeiro – ministro, presidente da
Tratado. Secundário: “A Adesão da página. Foto Mário Soares, República,
Espanha” – Crónica de J. tirada em frente juntamente com os Ramalho Eanes, e
Fragoso Mendes. à Torre de chefes de Governo e do primeiro-
Belém em os ministros dos ministro, Mário
Lisboa. O negócios estrangeiros Soares.
momento marca dos países que já
a receção aos eram membros da
convidados para CEE.
a cerimónia de
assinatura do
Tratado.
31/12/1985 Não há Alguns Temas da
referência à Capa
entrada oficial

22
Todas as capas foram consultadas através da hemeroteca da Biblioteca Municipal de Coimbra.

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de Portugal na 1- Festa de
CEE, que Aniversário do DN
aconteceu no na Sala das Portas
dia seguinte. de Santo Antão
(com fotografia).

2- Corridas de São
Silvestre.
1/1/1986 Destaque Principal: “Ano zero do Uma fotografia, A montagem tem o Destaque para
principal da futuro europeu”. que acaba por momento da um suplemento
capa é sobre a Subtítulo: “Hoje os ser uma assinatura do Tratado que o DN
entrada de Pirenéus deixam de ser montagem. de Adesão, em 1985, publicou,
Portugal na fronteira” com a frase por cima: dedicado à
CEE. “Portugal país entrada de
membro da CEE”, Portugal na CEE,
juntamente com um com entrevistas a
mapa a representar diversas
todos os países personalidades
membros. Na imagem políticas. O mesmo
está também suplemento tem
representado o edifico um artigo do
sede da Comissão jornalista, Mário
Europeia em Resendes, sobre o
Bruxelas, Bélgica tema.
2/1/1986 Chamada de Título da fotografia: Fotografia que A imagem faz alusão Outras notícias
1ª página “Portugal entre os Doze” está no centro ao momento na 1ª página:
através de uma da capa e que simbólico do hastear
fotografia ocupa cerca de da bandeira 1- Mensagem de
alusiva à 1/3 da página. portuguesa na sede da Ano Novo do
adesão. CEE em Bruxelas, Presidente da
Bélgica República,
Ramalho Eanes.

2 - Sinistralidade
rodoviária durante
a passagem de ano.

4.2. Análise das Capas - Semanário Expresso

Data da publicação Capa Títulos Fotografia Descrição da Outros


(dia/mês/ano) Fotografia

8/6/1985 1 - Duas Antetítulo: “Assinatura Uma fotografia. A imagem mostra O suplemento do


notícias no do Tratado com a os Claustros do jornal, denominado:
centro da CEE”. Mosteiro dos “ a revista”, tem um
página. Jerónimos a trabalho extenso
Título: “Exigência de sofrerem sobre a entrada de
2- Uma Cavaco Silva pode alterações para Portugal na CEE. O
breve no afastar Ernâni Lopes”. receber a título é: “ Como
lado cerimónia de chegámos à CEE”.
esquerdo da 2ª Notícia: assinatura do
capa. “Sombras em Madrid”. Tratado de
Breve: “ Banco de Adesão.
Portugal preparado para
adesão à CEE”.

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15/6/1985 Uma Título: Uma fotografia Imagem da Alguns temas da 1ª


chamada de “A CEE em Portugal” de dimensões cerimónia do página:
1ª página, reduzidas. Tratado de - Recusa de Adelino
situada no Adesão, tirada Palma Carlos em
lado com o público e os presidir o PRD.
esquerdo da ministros já nos
capa. O tema Claustros do - Entrevistas a José
é Mosteiro dos Afonso e Joe Cocker.
desenvolvido Jerónimos.
nas páginas
4 e 5 do
semanário.
28/12/1985 Uma Título: Sem fotografia Alguns temas da 1ª
chamada de “CEE: o ano zero”. página:
1ª página -Eleições
para um Subtítulo: Presidenciais de1986.
trabalho do “O novo preço do
jornalista, dinheiro”. - Preparativos para a
Jorge primeira emissão
Wemans, experimental da TVI.
disponível
na página
15.
4/1/1986 Não há Alguns temas da 1ª
referência à página:
entrada - Sondagens para as
efetiva de presidenciais de
Portugal na 1986.
CEE na capa -Candidatura da
do jornal empresa
SOJORNAL a ter um
canal de televisão
privado.

5.Conclusão
Após toda a investigação há algumas ilações que se podem retirar. As duas datas,
12 de junho de 1985 e 1 de janeiro de 1986, registam dois marcos que permitiram a
construção de Portugal, como país democrático, e o desenvolvimento de múltiplas áreas,
desde a agricultura, ao ensino passando pela saúde, entre outras. A entrada do nosso país,
em nosso entender, foi também benéfica para a edificação da estrutura e estabilização,
enquanto organismo, da Comunidade Económica Europeia, denominada, a partir da
entrada em vigor do Tratado de Maastricht23, União Europeia.

23O Tratado de Maastricht foi assinado a 7 de fevereiro de 1992, na cidade de Maastricht, Holanda, na altura, Portugal
presidia o Conselho Europeu da CEE. A entrada em vigor aconteceu no ano seguinte, a 1 de novembro de 1993. O
documento, entre muitos aspetos relevantes da política europeia, em diversas áreas, consagrou a mudança da
denominação, a Comunidade Económica Europeia passou a ser a União Europeia (UE). Ficou conhecido na história
como o “Tratado da União Europeia”. Informações recolhidas através do site oficial da UE: http://europa.eu/about-
eu/eu-history/1990-1999/index_pt.htm [Consultado a 22 de junho de 2015].

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As entrevistas deram-nos diversas perspetivas sobre o que aconteceu. Revelaram-


nos a realidade do nosso país e da Comunidade Económica Europeia, no período
analisado, sendo igualmente profícuas na transmissão das diferentes opiniões, tanto
internas como externas, sobre a entrada dos países da Península Ibérica na Comunidade.

No que à análise das capas diz respeito, saltam “à vista” alguns aspetos que temos
destacar. No caso do Diário de Notícias, nos dias analisados, apenas a 11 de junho de
1985 e a 31 de dezembro do mesmo ano, não houve referência a nenhum dos
acontecimentos. Consideramos que o DN deu uma boa cobertura aos eventos, fazendo
duas capas, por inteiro, com o tema (dias 12 de junho e 13 de junho de 2015). Nas edições,
após a entrada efetiva, nos dias 1 e 2 de janeiro de 1986, há referências ao momento na
capa.

Relativamente ao jornal Expresso, observamos que a assinatura do Tratado de


Adesão (1985) foi acompanhada com bastante atenção. Por exemplo, na edição de 8 de
junho de 1985, não só na 1ª página, mas, inclusive no seu suplemento, “a revista”, onde
constava um trabalho sobre a entrada na CEE, com cronologias, infografias e gráficos
estatísticos. No dia 15 de junho de 1985, publicação que sai após estar confirmada a
assinatura do Tratado, há também uma chamada de 1ª página que remete para o assunto.
No que diz respeito às publicações próximas de 1 de janeiro de 1986, no dia 28 de
dezembro de 1985, há uma referência ao tema da entrada efetiva na Comunidade, mas
isso é algo que não conseguimos observar na capa de 4 de janeiro de 1986 (a primeira
após a integração), facto que nos despertou alguma curiosidade e até um certa estranheza.
Procurámos algumas explicações para essa opção editorial. A primeira está relacionada
com a aproximação das eleições presidenciais em Portugal, marcadas para o dia 26 de
janeiro de 198624. A segunda razão, que pode fundamentar o sucedido, está relacionada
com o facto de, o acontecimento em si, não ser “algo de novo”, tratava-se de uma

24 As eleições presidenciais de 1986 tiveram duas voltas. Na altura um Presidente da República, em Portugal, tinha de
ter mais de 50% nas votações para ser eleito. Na primeira volta o vencedor foi Diogo Freitas do Amaral, candidato
apoiado pelo PSD e pelo CDS, com 46,3% dos votos. O segundo candidato mais votado foi Mário Soares, apoiado pelo
PS, com 25,43% dos votos, os dois disputaram uma segunda eleição. A 2ª volta decorreu a 16 de Fevereiro de 1986 e
aí foi Mário Soares o vencedor com 51,18% dos votos, Diogo Freitas do Amaral obteve 48,82%. Começava assim o
primeiro mandato de Mário Soares como Presidente da República Portuguesa. Informação obtida através da infografia
da notícia de Nuno Teixeira, publicada no Jornal de Negócios, a 24 de janeiro de 2011. Disponível online através do
endereço:http://www.jornaldenegocios.pt/arquivo/infografia/detalhe/infografia_os_resultados_de_todas_as_eleiccedil
otildees_presidenciais.html [ consultado a 23 de junho de 2015]

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mudança que já estava prevista desde 12 de junho de 1985, e que já tinha sido divulgada
e dissecada.

Podemos afirmar que a entrada de Portugal, e também da Espanha, vieram


sedimentar as estruturas da União Europeia. Num “mundo” diferente do atual, as duas
adesões permitiram a maior presença da zona sul do continente europeu na “família
europeia”. No caso português, a integração permitiu a chegada de novos fundos
monetários, de conhecimentos, de novas possibilidades de circulação de pessoas, bens e
mercadorias, entre outras novidades que passaram a estar possíveis. Acima de tudo
possibilitou a afirmação do país, enquanto Estado democrático.

Vamos ver o que o futuro reserva à União Europeia. Sacrifícios terão de ser feitos
para dar, à população agora mais nova e às seguintes, uma melhor UE do que aquela em
que vivemos, por isso cabe-nos a nós fazer esse esforço. Recuperamos as palavras do
primeiro – ministro, Mário Soares, figura incontornável dos dois acontecimentos
estudados, que a 12 de junho de 1985, na cerimónia de Assinatura do Tratado de Adesão,
assegurava que: “a palavra será agora conferida às gerações mais jovens25”, este poderia
ser um mote aplicável à realidade de 2015.

No final consideramos que os objetivos ambicionados inicialmente foram


atingidos. Conseguimos contactar com as realidades de Portugal e dos países que já
integravam a CEE, ao mesmo tempo que analisámos a cobertura jornalística feita aos dois
acontecimentos, por parte de dois jornais portugueses. As entrevistas foram muito úteis,
porque nos elucidaram sobre alguns aspetos específicos que envolveram a integração
europeia do nosso país. Tentámos aliar a vertente teórica com a prática, num
procedimento que nos permitiu aplicar alguns conhecimentos apreendidos durante o
Mestrado em Comunicação e Jornalismo, não só no seminário para o qual a produção se
destina, mas como noutros que tivemos ao longo de dois semestres.

A produção final dá-nos bastante satisfação pessoal e mais importante que isso,
trouxe-nos novos conhecimentos sobre as duas datas e sobre as realidades que as
circunscreveram.

25Declarações que fizeram manchete no DN, na edição do dia 13 de junho de 1985. Disponível para consulta na página
número3 dos anexos deste trabalho.

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Referências Bibliográficas

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http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=339. [consultado a 21 de
junho de 2015]
Camões, Luís Vaz de. Os Lusíadas. (texto original 1572) versão utilizada da Porto
Editora (2014). Coleção: Clássicos Porto Editora.

Diário de Notícias. Capa da edição de 13 de junho de 1985.


Diário de Notícias. 1 de julho de 2007. disponível online através de:
http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=992164&especial=Presid%EAncia
%20da%20UE&seccao=MUNDO. [consultado a 20 de junho de 2015]]
Dias, Sara. FLUC. 2002/2003. Mestrado em História Económica e Social
Contemporânea. “Portugal e a Europa: o Parlamento Português e a adesão à CEE”,
professor responsável: Silva, António Martins da.

Donges, Juergen (1983). A Comunidade Europeia na encruzilhada in Integração


Económica org. Eduardo Sousa Ferreira. Edições 70
Ferreira Pinto, Fernanda Maria (2011). Dissertação de Mestrado. A Integração de
Portugal nas Comunidades Europeias. FLUC sob a orientação do Professor Doutor
António Martins da Silva, disponível em:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/19158/1/A%20Integra%C3%A7%C3%A3
o%20de%20Portugal%20nas%20Comunidades%20Europeias%20-
%20Fernanda%20Pinto.pdf [ consultado a 20 de junho de 2015]

Figueira, João. O essencial sobre a Imprensa Portuguesa (1974-2010). (2012). Angelus


Novus Editora. Coleção: Biblioteca Mínima.

Jornal de Negócios. Notícia do jornalista Nuno Teixeira. 24/01/2011. Disponível no


endereço:http://www.jornaldenegocios.pt/arquivo/infografia/detalhe/infografia_os_resul
tados_de_todas_as_eleiccedilotildees_presidenciais.html [consultado a 23 de junho de
2015]
Jornal Expresso. 8 de março de 2009 Análise de Rui Ochôa. 11 de Março de 1975 - O
golpe do general. Disponível através do link:
http://expresso.sapo.pt/blogues/blogue_um_olhar/11-de-marco-de-1975-o-golpe-do-
general=f500702 [consultado a 20 de junho de 2015].
Página oficial do Mosteiro dos Jerónimos. Disponível através do endereço:
http://www.mosteirojeronimos.pt/pt/index.php?s=white&pid=219&identificador.
[Visitado em 22-06-2015].

Machado, Gisela. (2005). O primeiro dia europeu de Portugal: Cenas da união selada
pela televisão. Campo das Letras – Editores, S.A.

Martins da Silva, António. (2010) «História da Unificação Europeia: A Integração


Comunitária (1945-2010)», Imprensa da Universidade de Coimbra

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Rádio Renascença. Notícia de Vasco Gandra. Dia 12 de junho de 2015. Disponível em:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=190373. [Visitado em
21/6/2015].
Silverman, David. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise de
entrevistas, textos e interações. (2009). Artmed editora S.A. São Paulo

Website oficial da UE: http://europa.eu/about-eu/eu-history/1990-1999/index_pt.htm


[Consultado a 22 de junho de 2015].

Outras fontes
Jornal Diário de Notícias – dias 11,12 e 13 de junho de 1985. 31 de dezembro de
1985, 1 e 2 de janeiro de 1986.
Jornal semanário Expresso - dias 8 e 15 de junho de 1985. 28 de dezembro de
1985 e 4 de janeiro de 1986.
Ribeiro, Maria Manuela Tavares. A Ideia de Europa. Uma Perspectiva Histórica.
(2003). Colecção: Estudos sobre a Europa, n.º 3. Coimbra. Quarteto Editora.

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Anexos

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Índice de Anexos
Corpus de Análise

Capas – Jornal Diário de Notícias

11 de junho de 1985 1

12 de junho de 1985 2

13 de junho de 1985 3

31 de dezembro de 1985 4

1 de janeiro de 1986 5

2 de janeiro de 1986 6

Capas – Jornal semanário Expresso

8 de junho de 1985 7

Suplemento do jornal Expresso: “a revista” 8

Infografia do suplemento sobre “Os passos de aproximação à Europa de 1977 a 1985 ….9

15 de junho de 1985 10

28 de dezembro de 1985 11

4 de janeiro de 1986 12

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