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Aprender a falar um idioma estrangeiro consiste não apenas em assimilar seus elementos,
mas também em evitar a interferência negativa da língua materna. Embora este tipo de
interferência seja mais evidente na pronúncia, também ocorre no plano gramatical, levando
o aluno a produzir frequentemente frases desestruturadas e incompreensíveis. O próprio
aluno normalmente sente que algo está errado, mas a ideia que ele está tentando colocar
está tão intimamente associada à estrutura usada no português, que parece não haver
outra maneira. O estudo comparativo de dois idiomas leva à clara identificação dessas
diferenças entre eles e permite prever os erros bem como procurar evitá-los antes de se
tornarem hábitos.
Este trabalho é resultado de uma minuciosa análise dos erros mais frequentemente
observados no ensino de EFL (English as a Foreign Language) a brasileiros. Muitos destes
erros podem ser observados mesmo em alunos que já alcançaram níveis avançados de
fluência, e resultam da falta de contato com a língua ou de um contato através de
instrutores que falam um inglês "aportuguesado".
A primeira grande dificuldade que o brasileiro, falante nativo de português, iniciando seu
aprendizado em inglês enfrenta, é normalmente a estruturação de frases interrogativas e
negativas. Frases interrogativas em português são diferenciadas apenas pela entonação,
não exigem alteração da estrutura da frase. No inglês, além da entonação, temos, no caso
dos Be Phrases (frases com o verbo to be ou com qualquer outro verbo auxiliar ou modal),
a inversão de posição entre sujeito e verbo:
I lost. Eu perdi.
I'm lost. Estou perdido.
Além da questão da presença obrigatória do sujeito, temos um problema com relação a seu
posicionamento. Em português muitas vezes o sujeito aparece no meio ou no fim da frase.
Em inglês ele deve estar de preferência no início da frase. Observe os seguintes exemplos:
Esses dias apareceu lá na companhia um A salesman came to the office the other
vendedor. day.
Ao formar uma frase, o aluno deve acostumar-se a pensar sempre em primeiro lugar no
sujeito, depois no verbo. O pensamento em inglês estrutura-se, por assim dizer, a partir do
sujeito.
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4. There TO BE = ter (existência) - erro comum até níveis intermediários
Tem (há) um livro sobre a mesa. Existe um livro sobre a mesa. There's a book on the table.
Sempre que o verbo TER significar existência (haver), a frase não terá sujeito; e isto ocorre
com muita frequência em português. Em inglês, esta estrutura corresponderá sempre
ao There TO BE. Observe os seguintes exemplos:
Não tem (há) ninguém que fala inglês aqui? Isn't there anybody that speaks English here?
Teve (houve) uma festa ontem de noite. There was a party last night.
Vai ter (haverá) outra festa semana que vem? - Is there going to be another party next week?
Os verbos modais (auxiliary modals) em inglês (can, may, might, should, shall, must),são
verbos que nunca ocorrem isoladamente; ocorrem apenas na presença de outro verbo. Ao
contrário dos demais verbos, entretanto, os modais ligam-se ao verbo principal
diretamente, isto é, sem a partícula TO. Observe os seguintes exemplos:
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6. A Combinação impossível de FOR com TO: - erro comum até níveis intermediários
O fato de ser o infinitivo em inglês formado pelo verbo precedido da preposição TO,aliado
ao fato de ser comum em português a colocação de ideias do tipo VERBO + PARA +
VERBO NO INFINITIVO, induz o aluno frequentemente a colocar a mesma ideia em inglês
usando a combinação das preposições FOR + TO. Esta entretanto é uma combinação
impossível, não ocorrendo jamais em inglês. Observe nos seguintes exemplos as
alternativas corretas:
Isto é um instrumento para medir velocidade. This is an instrument for measuring speed.
Como regra geral, sempre que houver tendência de colocar FOR + TO, o aluno deve
lembrar-se de simplesmente eliminar a primeira preposição.
Não tem nada que eu possa fazer. There's nothing I can do.
There isn't anything I can do.
Quem fala português como língua materna, facilmente se confunde com o numeral ONE e
com o artigo indefinido A, porque em português ambos são representados pela mesma
palavra: UM. Exemplos:
Um amigo é mais importante que dinheiro. A friend is more important than money.
9. No THE before names and other article problems - erros comuns até níveis
intermediários
O inglês do Peter é melhor que o do John. Peter's English is better than John's.
Observe, entretanto, que para todos países cujos nomes dão uma ideia de coletividade,
deve-se usar o artigo definido:
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b) Em inglês não se usa artigo definido antes de pronomes possessivos:
A minha casa ainda não está pronta. My house isn't finished yet.
He said that inflation will decrease. Ele disse que a inflação vai diminuir.
He told the reporters that inflation will Ele disse aos jornalistas que a inflação vai
decrease. diminuir.
What did he say when you told him this? O que é que ele disse quando tu disseste
isso para ele?
Entretanto, quando se reproduz textualmente as palavras do emissor da mensagem, o
verbo a ser usado deve ser sempre SAY, mesmo que o receptor da mensagem esteja
presente na frase. Exemplo:
He said "Good morning" to us. Ele disse "Bom dia" para nós.
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Tem uma pessoa aí que quer falar There is somebody (someone) here who wants to talk
contigo. to (with) you.
Uma pessoa me falou que ele vai se Somebody (Someone) told me he's going to retire.
aposentar.
Eu ouvi uma pessoa falando inglês. I heard someone (somebody) speaking English.
Tem cinco pessoas na sala. - There are five people in the room.
12. No TODAY and no IN before THIS ...(time)... - erro comum até níveis intermediários
13. YOUR não é o mesmo que SEU (DELE, DELA) - erro comum até níveis intermediários
Devido ao fato de que português tem na 2 a pessoa (você) o mesmo tratamento gramatical
dado à 3a pessoa (ele ou ela), o aluno frequentemente encontra dificuldade no uso correto
dos pronomes possessivos em inglês. Por exemplo:
14. I THINK SO não é o mesmo que I THINK (THAT) ... - erro comum até níveis
intermediários
Is it going to rain? I think so. Será que vai chover? Acho que sim.
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I think this is my book. Acho que este é o meu livro.
Many people think that inflation is worse than Muitos acham que inflação é pior que
unemployment. desemprego.
15. Countable & Uncountable nouns - uso correto de seus quantifiers - erro comum até
níveis avançados
O fato de alguns substantivos não serem normalmente usados no plural (ex: dinheiro), é
irrelevante em português. Em inglês, entretanto, este fato é de relevância gramatical. A
classificação dos substantivos em countable (contáveis, isto é, que podem ser contados)
e uncountable (incontáveis, isto é, que não podem ser contados ou pluralizados. Ex:
dinheiro, água) é de grande importância porque, dependendo da categoria,
diferentes quantifiers terão que ser usados. Quantifiers são uma categoria de determiners,
normalmente adjetivos, pronomes e artigos que quantificam substantivos.
several enough
a little (affirm. int.) a few (affirm. int.) some (of) (affirm. int.)
very little (affirm. int.) very few (affirm. int.) any (of) (neg. int.)
too little (affirm. int.) too few (affirm. int.) none (of) (affirm.)
each no
both (of)
a, an (singular) the
16. Countable & Uncountable contrasts with Portuguese: - erro comum até níveis
avançados
Na maioria dos casos existe correlação entre os substantivos de português e inglês. Isto é:
se o substantivo for uncountable em português, também o será em inglês. Em alguns
casos, entretanto, essa correlação é traída, induzindo o aluno a erro. Exemplos:
Eu vou pedir algumas informações sobre ... I'm going to ask for some information about ...
Agora ainda temos que comprar os móveis. Now we still have to buy the furniture.
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Inglês Português
information informações
knowledge conhecimentos
interest juros
advice conselhos
equipment equipamentos
furniture móveis
vacation férias
medicine remédios
fruit frutas
bread pães
music músicas
microwave microondas
slang gírias
O fato de estes substantivos do inglês estarem aqui relacionados como uncountable, não
significa que os mesmos não possam jamais ser usados no plural. Significa apenas que
normalmente, em linguagem comum, não são usados no plural.
Verbos podem ser transitivos diretos ou indiretos. Transitivo direto é o verbo que transita
diretamente ao seu complemento. Por exemplo: TOMAR CAFÉ.
Transitivo indireto é o verbo que transita ao seu complemento por intermédio de uma
preposição. Por exemplo: TELEFONAR PARA O PAULO.
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falar para, dizer para Já falei para o John. (I)
contribute Thank you for contributing your work to our project. (D)
contribuir com Obrigado por contribuir com seu trabalho para nosso projeto. (I)
Como pode se ver nos exemplos acima, na maioria dos casos em que há discordância, o
verbo em inglês é transitivo direto (D) enquanto que em português é transitivo indireto (I). A
única exceção parece ser a do verbo listen.
18. Verb + Infinitive & Verb + Gerund - dificuldade comum até níveis avançados
a) Principais verbos do primeiro grupo (verb + infinitive pattern) (subjectless infinitive clause
as direct object):
afford I can't afford to buy a new car. Não estou em condições de comprar
um carro novo.
fail The governments must not fail to Os governos não podem deixar de
recognize the need for reconhecer a necessidade de
environmental protection. proteção ao meio ambiente.
intend I intend to stay here for a while. Pretendo ficar aqui por algum
tempo.
long Peter longed to kiss his lover. Peter ansiava por beijar sua amante.
plan He's planning to study more from Ele está planejando estudar mais, a
now oen. partir de agora.
pretend He pretends to be what he has Ele finge ser o que nunca foi.
never been.
refuse She refused to sign the contract. Ela se recusou a assinar o contrato.
regret (anúncio de I regret to inform that your Lamento informar que seu pedido foi
más notícias) application has been turned recusado.
down.
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try (fazer uma I tried to finish the job last night. Tentei terminar o trabalho ontem à
tentativa) noite.
would like, would Would you like to go? Você gostaria de ir?
prefer, would love
b) Principais verbos do segundo grupo (verb + gerund pattern) (subjectless gerund clause
as direct object):
admit I admit having cheated Admito ter colado quando era
when I was a student. estudante.
adore I adore playing soccer with Adoro jogar futebol com meus
my friends on weekends. amigos nos fins de semana.
can't help I can't help making Não consigo evitar cometer erros.
mistakes.
deny He denied having stolen the Ele negou ter roubado o dinheiro.
money.
feel like I feel like watching a movie Estou com vontade de assistir a
tonight. um filme hoje à noite.
forget (esquecer do I'll never forget visiting my Nunca esquecerei de ter visitado
passado) grandfather. meu avô.
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keep You have to keep trying. Você deve continuar tentando. (**)
stop Why don't you stop Por que você não para de fumar?
smoking?
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love She loves to speak English. Ela adora falar inglês.
She loves speaking English.
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exceções do português, em que um verbo é seguido de outro no gerúndio em vez
do infinitivo.
Se a uma criança americana, que logicamente fala inglês fluentemente, lhe for perguntado
porque usa o verbo auxiliar da forma que o faz, provavelmente ela ficará perplexa, pois não
saberá nem sequer de que se trata a pergunta. É este domínio intuitivo, automático,
inconsciente da estruturação gramatical do idioma que nos permite não apenas falar
fluentemente e corretamente, mas também escrever. O aluno não precisa saber porque as
estruturas são como são, desde que as formas corretas lhe soem melhor, mais familiar aos
ouvidos. Controle sobre as estruturas gramaticais básicas da língua deve ser alcançado o
quanto antes. É o primeiro grande passo no processo de aprendizado. Por esta razão, é
fundamental que o aluno procure desde o início de seu aprendizado o contato com
estrangeiros, na qualidade de instrutores ou não, de forma a expor-se unicamente a uma
língua estrangeira autêntica, rica nos planos fonológico, idiomático e gramatical.
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