Padrão de respostas

Prova IPB

1) Passagem de Descartes.
a. Objetivo de Descartes: fundamentação da possibilidade do conhecimento,
através da refutação do cético. (0,5)
b. Passos: (1,5)
i. Dúvida metódica: argumento do erro, do sonho e do Deus Enganador.
ii. Primeira certeza: Penso, logo existo – estrutura argumentativa não
tem a forma de um silogismo.
iii. Prova da existência de Deus e do mundo externo para validar o
conhecimento da realidade externa.
c. Pontos extras: Teoria do conhecimento; visão mecanicista VS. Visão
teleológica da natureza. (0,25)
2) Helmholtz e Hume.
a. Hume: empirismo como aposta de que a totalidade conhecimento humano se
deixa reduzir às impressões e às leis de associação. (1,0)
i. Percepção se divide em impressões e idéias.
ii. Conceito de associação: vinculação suave, que se torna mais forte pela
freqüência. Papel do hábito.
b. Projeto epistêmico de Helmholtz: (1,0)
i. Introspecção experimental: experimentos em que se busca alcançar a
matéria bruta das sensações, alijando dados da memória e da
significação.
ii. Percepção envolve inferências inconscientes, a partir de regras retidas
na memória que permitem interpretar os dados sensoriais atuais.
c. Caráter tributário de Hume – qualquer dois dos quatro: (1,0)
i. a distinção tripla remonta à distinção entre percepções em Hume;
ii. a organização da percepção é pensada em termos de vínculos
associativos;
iii. os vínculos associativos se fazem presentes através da memória e da
significação adquirida;
iv. o objeto é pensado como a mera soma, um mero mosaico de
sensações.
3) Críticas do Gestaltismo à psicologia analítica.
a. Críticas aos aspectos elementarista e ao associacionista da psicologia analítica
(0,25)
b. Hipótese da constância e teoria da significação adquirida, respectivamente,
são as bases de tais posições da psicologia analítica. (0,25)
c. Hipótese da constância: relação um a um entre estímulo físico e sensação.
Crítica – postulado arbitrário que serve para determinar que certas
configurações perceptivas seriam simples: estímulos, na verdade, nos chegam
globalmente.(0,5)
d. Experimento com aves mostra que a organização perceptual já se dá em nível
animal e que, portanto, não pode ser devida à significação/educação. (0,5)
 e. Embora Husserl faça uma fenomenologia – isto é, uma descrição da
experiência – e não uma psicologia genética, sua descrição ainda se
compromete com conceitos de sensação e de sentido. (0,5)
4) Projeto epistêmico do Gestaltismo, Isomorfismo e Leis da Percepção.
a. Projeto epistêmico: a partir do controle de condições objetivas, verificar quais
formas emergem, estabelecendo assim leis de transformação das formas. (0,5)
b. Isomorfismo: (1,0)
i. Filosofia da natureza: monismo emergentista. Monismo,
diferentemente do dualismo cartesiano, implica que a dimensão
psicológica é parte da fisiológica e esta, parte da física; emergentismo
implica que todos que dependem de partes, mas não se reduzem a
elas, surgem na natureza (teleologia no âmbito da física moderna).
ii. Teor positivo: a organização da experiência perceptiva é tributária de
processos neurofisiológicos e as formas que aparecem na organização
perceptiva são as mesmas que organizam os processos subjacentes.
Em outros termos: a mesma forma organiza a percepção e seus
processos fisiológicos subjacentes. Ainda: a forma que aparece na
percepção é o resultado de um processo de autoorganização de
ordem neurofisiológica.
iii. Função epistêmica: explicar por que a percepção se dá de modo
organizado, sem lançar mão dos conceitos de associação ou de
síntese.
iv. Pontos extras: considerar a lei da boa forma no âmbito natural.
Caracterizar a teleologia em termos de tendências a estados de
equilíbrio.
c. Duas leis do Gestaltismo:
i. Lei da Boa-forma: “dadas certas condições objetivas, a forma que
surge é a melhor possível”. (1,0)
1. Esclarecimento de “condições objetivas” da percepção:
estímulos.
2. Fatores (e não leis) da boa-forma: proximidade, semelhança,
simetria, destino comum, closura, etc.
3. Esclarecimento de “melhor”: a mais simples, isto é, a com
menos dispêndio de energia.
4. Esclarecimento da ideia de que o todo diferente da soma das
partes: noção de emergência.
ii. Princípio de figura e fundo: (0,5)
1. Caracterização de figura e fundo.
2. A necessidade de contraste para percepção, isto é, fundo é
condição de possibilidade da figura.
3. Nada pode ocorrer como figura e fundo simultaneamente.