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MADEIRAS DE CONSTRUÇÃO
Ao projetar uma estrutura de madeira deve-se ter em mente a viabilidade de sua execução, assim
é imprescindível conhecer os tipos de madeiras que podem ser encontrados no comércio bem
como as dimensões oferecidas.
As madeiras utilizadas nas construções, segundo PFEIL (1978), podem ser classificadas em:
colada
Madeira laminada pregada
Madeiras industrializadas colada e pregada
Madeira compensada
Madeira aglomerada
1
FIG. 02 – Outros exemplos de aplicações de madeira bruta ou roliça.
Segundo a ABNT (1997), as peças de seção circular podem ser calculadas como de seção
quadrada de área equivalente. As peças roliças de diâmetro variável (em forma de tronco de
cone) são comparadas, para efeito de cálculo, a uma peça cilíndrica de diâmetro igual ao
diâmetro situado a um terço do comprimento a partir da seção mais delgada, desde que não
ultrapasse a uma vez e meia o diâmetro nessa extremidade (NBR-7190/97 - item 7.2.8).
Assim, uma peça na forma de tronco de cone, deve ser calculada como cilíndrica com o seguinte
diâmetro:
d máx − d min
d d = d min + , desde que, d d ≤ 1,5.d min
3
Onde:
2
HELLMEISTER (1978) estudou a composição de postes de Eucalipto Citriodora, com
compensação dos diâmetros, para formar vigas de grande resistência à flexão, com o objetivo de
aplicar na construção de pontes de madeira. Os estudos de HELLMEISTER (1978) levaram-no a
concluir sobre a possibilidade de utilização de vigas compostas por 2, 3, 4, 6 ou 8 postes,
solidarizados por conectores metálicos, conhecidos por anéis metálicos, desde que se reduzisse o
momento de inércia da seção composta resultante, por um fator de redução, conforme indica a
tabela 01. O momento de inércia de cálculo deve ser obtido como segue:
I ef = α r .I th
Onde:
0,80
0,60
0,40
3
FIG. 04 – Solidarização dos postes por conectores (anéis) metálicos.
A madeira falquejada tem as faces laterais aparadas a machado ou enxó, podendo formar seções
maciças, quadradas ou retangulares, de grandes dimensões. A madeira falquejada é muito
utilizada em escoramentos, estaqueamentos, construções rústicas e pontes de madeira.
A seção de uma peça de madeira falquejada depende do menor diâmetro da tora de origem. Duas
seções são importantes: a seção que produz menor perda, e em conseqüência maior área da seção
transversal, e a seção que produz máximo momento de inércia. A primeira é de interesse nos
problemas de tração e compressão e a segunda nos problemas de flexão.
A = b.h
d 2 = b2 + h2
h2 = d 2 − b2
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Se A = b.h é máxima, então A 2 = b 2 .h 2 também é máxima. Substituindo-se h 2 na expressão de
A 2 , obtém-se:
( )
A 2 = b 2 . d 2 − b 2 = b 2 .d 2 − b 4
dA 2 d2 d. 2
= 2.b.d 2 − 4.b 3 = 0 ⇒ b 2 = ⇒b=
db 2 2
d2 d. 2
h =d −b ⇒h =d −
2 2 2
⇒h= 2 2
2 2
Portanto a seção que produz menor perda, e em conseqüência maior área da seção transversal, é
o quadrado de lados:
d. 2
b=h=
2
Onde:
b.h 3
I=
12
d 2 = b2 + h2
b2 = d 2 − h2
5
b.h 3 b 2 .h 6
Se I = é máximo, então I 2 = também é máximo. Substituindo-se b 2 na expressão de
12 144
I 2 , obtém-se:
I2 =
b 2 .h 6
=
( )
d 2 − h 2 .h 6 d 2 .h 6
= −
h8
144 144 144 144
3.d 2 d2 d
b2 = d 2 − h2 ⇒ b2 = d 2 − ⇒ b2 = ⇒b=
4 4 2
d. 3 d
h= e b=
2 2
Onde:
As peças de madeira falquejada, ou mesmo de madeira serrada, também podem ser solidarizadas
por conectores (anéis) metálicos formando vigas de grande resistência a flexão. Segundo a
ABNT (1997), o momento de inércia efetivo (de cálculo) deve ser obtido como segue
(NBR-7197 - item 7.7.5):
I ef = α r .I th
Onde:
6
TAB. 02 – FATOR DE REDUÇÃO DO MOMENTO DE INÉRCIA DE VIGAS COMPOSTAS
POR PEÇAS DE SEÇÃO RETANGULAR OU QUADRADA.
SEÇÃO UTILIZADA FATOR DE REDUÇÃO, αr
0,85
0,70
A madeira serrada é o produto estrutural de madeira mais comum entre nós. O tronco é cortado
nas serrarias, em dimensões padronizadas para o comércio, passando, em seguida, por um
período de secagem. O desdobramento do tronco, nas serrarias, seguem, em geral, um dos
esquemas apresentados nas figuras 07 e 08.
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εr,i Æ Deformação específica, na direção i, durante a retração.
Vantagens:
• Melhor a qualidade da madeira, quanto aos problemas de secagem;
• Praticamente não ocorrem empenamentos e é o único desdobramento aceito para uso
em aeronaves;
• Madeira consegue melhor preço no mercado.
Desvantagens:
• Desdobro lento e oneroso;
• Exige um número muito grande de manobras na serra de fita;
• Menor aproveitamento da madeira;
• Menor economia.
FIG. 08 – Desdobramento radial do tronco.
O comprimento das peças, de madeira serrada, depende do comprimento da tora de origem, que
é limitado por problemas de transporte e manejo, ficando, em geral, na faixa de 4,00 a 6,00 m.
As dimensões da seção transversal, por sua vez, são definidas pelas serrarias, com base na
tradição do mercado e no melhor aproveitamento dos toros, apesar de existir legislação a
respeito, a PB-5 (Madeira serrada e beneficiada - Padronização Brasileira). A tabela 03,
apresenta as dimensões das seções transversais, segundo a PB-5 e o comércio de Cuiabá e
Várzea Grande (levantamento de 1979) e a tabela 04 outras dimensões segundo a PB-5.
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TAB. 03 – MADEIRA SERRADA, DIMENSÕES COMERCIAIS.
DIMENSÕES DA SEÇÃO TRANSVERSAL EM cm x cm
NOMENCLATURA
UTILIZADA
Segundo a PB-5 Encontrada nas serrarias
9
TAB. 04 – OUTRAS DIMENSÕES, SEGUNDO A PB-5
NOMENCLATURA SEÇÃO TRANSVERSAL cm x cm
As peças de madeira serrada, segundo a ABNT (1997), podem compor peças de seção caixão, “I’
ou “T” (ver figura 09), solidarizadas por ligações rígidas pregadas. Nestes casos, segundo a
ABNT (1997), o dimensionamento deve ser feito como se a peça fosse maciça com (NBR-7197 -
item 7.7.2):
n
Aef = ∑ Ai e I ef = α r .I th
i =1
Onde:
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1.5. MADEIRA LAMINADA
A madeira laminada colada é o produto estrutural de madeira mais importante nos países
industrializados. A madeira é selecionada e cortada na forma de tábuas com espessura de 1,5 cm
ou mais, que são coladas sob pressão, formando grandes vigas de madeira, em geral de seção
retangular.
A madeira laminada colada e pregada é mais comum entre nós, por evitar a colagem sob pressão,
que só é viável em indústrias. Consta de montar a viga colando-se as tábuas entre si e pregando-
se em seguida. Os pregos têm a função de manter a geometria da peça enquanto ocorre a
secagem da cola. A madeira laminada colada e pregada tem a resistência muito próxima da
madeira laminada colada, e tem a vantagem de poder ser montada "in loco", o que a torna muito
utilizada na construção de arcos de madeira para cobertura.
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1.5.4. PRECAUÇÕES NECESSÁRIAS AO UTILIZAR MADEIRA LAMINADA
Segundo a ABNT (1997) as ligações coladas só devem ser empregadas em juntas longitudinais
de peças de madeira laminada colada. As peças devem ser previamente secas, ao ar ou em estufa,
e a resistência da ligação colada deve ser no mínimo igual a resistência ao cisalhamento da
madeira (NBR 7190/97 – item 8.1.3). Atendidas estas recomendações o cálculo de uma peça de
madeira laminada é igual a de uma peça de madeira maciça de mesmas dimensões.
Para vigas, de madeira laminada, cujo comprimento é superior ao das tábuas, isto é, maior do
que 6,00 m, existirão emendas longitudinais entre as tábuas, o que, evidentemente enfraquece a
seção. Para compensar este enfraquecimento são adotadas, construtivamente, duas ações:
• Utiliza-se uma tábua (ou linha de tábuas) a mais do que o recomendado pelo cálculo.
Esta ação complementa a anterior, que procura limitar a existência de emendas
longitudinais a apenas uma por seção, substituindo esta emenda com nova tábua (ou
linha de tábuas).
Ared = α r . Aef
Onde:
12
1.6. MADEIRA COMPENSADA
A madeira compensada é formada pela colagem sob pressão, em indústrias, de três ou mais
laminas de espessura entre 1 e 5 mm, alternando-se a direção das fibras em ângulo reto. Os
compensados, em geral, são utilizados como portas, armários, divisórias e etc., raramente em
estruturas de madeira. São comercializados com espessura variável de 3 mm a 30 mm, ou mais, e
em folhas de 1,10 m x 2,20 m; 1,60 m x 2,20 m; e outras.
A madeira aglomerada é formada pela colagem sob pressão, em indústrias, de pequenos pedaços
de madeira (cavacos). Os aglomerados têm sua utilização limitada às portas, aos armários e às
divisórias, nunca em estruturas de madeira. São comercializados com espessura variável e em
folhas de 1,25 m x 2,75 m; 2,00 m x 2,75 m; e outras.
1.8.1. Seja uma peça de madeira bruta com 4,00 m de comprimento, 30 cm de diâmetro na base e
25 cm de diâmetro no topo. Para o cálculo de uma viga fletida, a que peça se deve associar
a peça de madeira bruta descrita acima?
1.8.2. Qual o momento de inércia efetivo de uma viga composta por dois postes, com 25 cm de
diâmetro médio (central), solidarizados por anéis metálicos (figura 12)?
1.8.3. Qual a seção mais adequada de uma peça de madeira falquejada, extraída de um toro de
4,00 m de comprimento e 25 cm de diâmetro mínimo, para ser utilizada em um pilar
comprimida?
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1.8.4. Qual a seção mais adequada de uma peça de madeira falquejada, extraída de um toro de
4,00 m de comprimento e 30 cm de diâmetro mínimo, para ser utilizada em uma viga
fletida?
1.8.5. Qual o momento de inércia efetivo de uma viga composta por duas peças de madeira
serrada, de seção 20 cm x 20 cm, solidarizadas por anéis metálicos (figura 13)?
FIG. 13 – Viga composta por duas peças de madeira serrada (exercício 1.8.5)
1.8.6. Obtenha a área efetiva e o momento de inércia efetivo das seções esquematizadas na figura
14, de vigas compostas solidarizadas rigidamente por pregos.
1.8.7. Durante o cálculo de uma viga fletida de madeira laminada, com 7,00 m de comprimento e
composta por tábuas de seção 2,5 cm x 30 cm, se obteve uma altura necessária de 51 cm
(com 30 cm de largura). Com que altura mínima deve ser construída esta viga? Apresente
uma solução para a disposição das emendas longitudinais (se existirem).
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