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CARREIRAS JURÍDICAS 2017.

2 – DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo 1
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

1.1. Conceito
O Direito Administrativo está intimamente ligado ao surgimento do Estado
liberal. Com o crescimento do individualismo nas relações privadas, os próprios
cidadãos passaram a exigir uma maior participação do Estado nas relações regidas pelo
Direito Privado, fazendo com que o Estado passasse a limitar o exercício dos direitos
individuais em benefício do bem-estar da sociedade.
A partir daquele momento, o Direito Administrativo alcançou sua autonomia,
passando a integrar as matérias do ramo do Direito Público Interno, regulando as
relações que envolvem a administração pública e seus administrados.

O professor Rafael Oliveira conceitua Direito Administrativo como o ramo do Direito


Público que tem por objeto as regras e os princípios aplicáveis à atividade
administrativa preordenada à satisfação dos direitos fundamentais.

1.2. Objeto
Modernamente, o Direito Administrativo visa regular as atividades
administrativas de forma a satisfazer os direitos fundamentais. Isso quer dizer que o
objeto desse ramo do Direito não se restringe apenas a regular as relações jurídicas de
Direito Público, mas todas as relações entre a administração pública e administrados,
sejam elas de Direito Público ou de Direito Privado.
Importante destacar que o Direito Administrativo abrange também as
atividades inerentes à administração pública, mas que por algum motivo é exercida
por particular sob o regime do Direito Público, por exemplo, nas concessões de serviço
público.

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1.3. Natureza jurídica


O Direito Administrativo é ramo do Direito Público Interno, pois visa regular os
interesses da administração pública e seus administrados, com o fim de atingir a
finalidade do Estado.

1.4. Fontes
O Direito Administrativo brasileiro não encontra regulamentação em um corpo
de lei específico. Na verdade, as normas de cunho administrativo encontram previsão
no texto constitucional e em leis esparsas, além de outros diplomas normativos, como
atos, decretos, medidas provisórias e regulamentos.
Essas normas constituem a principal fonte do Direito Administrativo, mas não
podemos deixar de citar também como fonte a jurisprudência, a súmula vinculante, a
doutrina e os costumes.
Por último, e não menos importante, os princípios também são fontes do
Direito Administrativo, porém esse tema será tratado com mais profundidade no
capítulo 2.

1.5. Características
O Direito Administrativo, assim como os demais ramos do Direito, possui
características próprias; são elas:

 É ramo do Direito Público Interno;


 Garante que o Estado atinja sua finalidade;
 As partes envolvidas são juridicamente desiguais;
 Rege todas as atividades administrativas do Estado;
 Concentra o estudo da administração pública;

Resolução de questões

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1. (Ano: 2017 – Banca: IBADE – Órgão: PC/AC – Prova: Delegado de Polícia Civil)
Quanto aos temas órgão público, Estado, Governo e Administração Pública, assinale a
alternativa correta.
a) O denominado “Estado em Rede” tem como uma de suas características marcantes
a viabilização da participação do cidadão na atuação administrativa do Estado. Neste
contexto, as audiências públicas e as consultas públicas podem ser apontadas como
exemplos deste modelo.
b) A noção de órgão público é aplicada apenas ao Poder Executivo, inexistindo órgãos
públicos no Poder Judiciário e no Poder Legislativo.
c) Fala-se em Administração Pública Introversa para frisar a relação existente entre
Administração Pública e administrados.
d) Governo é pessoa jurídica de direito público que possui aptidão para titularizar
direitos e contrair obrigações.
e) A Administração Pública Gerencial, também denominada de racional, tem como
uma de suas características marcantes o acentuado controle sobre processos, tendo o
concurso público, a licitação, a desapropriação e o processo administrativo disciplinar
como alguns de seus institutos ícones.

Gabarito: A
Justificativas:
a) CORRETA – A ideia do “Estado em Rede” está relacionada a administração pública
gerencial. Neste modelo de administração, busca-se uma maior participação dos
cidadãos na administração pública, sendo exemplo dessa participação, as audiências
públicas e as consultas públicas.
b) ERRADA – Todos os Poderes possuem órgãos públicos, pois estes são resultantes do
fenômeno da desconcentração.
c) ERRADA – A questão diz respeito a Administração Extroversa. A administração
Introversa é aquela que se refere aos vínculos internos, ou seja, o vínculo entre os
órgãos, agentes públicos e entidades.
d) ERRADA – O Governo não possui personalidade jurídica.
e) ERRADA – A alternativa trata da Administração Pública Burocrática, também tida por
racional.

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2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Acerca do direito administrativo, julgue o item que se segue.
“A regulação das relações jurídicas entre agentes públicos, entidades e órgãos estatais
cabe ao direito administrativo, ao passo que a regulação das relações entre Estado e
sociedade compete aos ramos do direito privado, que regulam, por exemplo, as ações
judiciais de responsabilização civil do Estado.”
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Errado
Justificativa: O Direito Público incide nas relações entre o Estado e a Sociedade, em
que há a predominância da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado. No
tocante as ações de responsabilização civil do estado é imprescindível a leitura do art.
37, §6o da CRFB.

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Acerca do direito administrativo, julgue o item que se segue.
“Conforme a doutrina, diferentemente do que ocorre no âmbito do direito privado, os
costumes não constituem fonte do direito administrativo, visto que a administração
pública deve obediência estrita ao princípio da legalidade.”
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Errado
Justificativa: Os costumes constituem importante fonte do Direito Administrativo, ao
lado das leis, da jurisprudência, costumes e precedentes administrativos.

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Capítulo 2
PRINCÍPIOS

2.1. Conceito
Princípio é uma das fontes do Direito e se caracteriza por ser o conjunto dos
valores fundamentais de um ordenamento jurídico.
Na atual concepção, os princípios são considerados normas jurídicas, possuindo
forte atuação ao lado das regras jurídicas no controle da atuação estatal. Essa
normatividade dos princípios veio com o surgimento do neoconstitucionalismo,
momento em que a forte visão positivista do Direito foi superada. O reconhecimento
da normatividade dos princípios é o principal elemento que caracteriza o pós-
positivismo.

2.2. Noções gerais


Os princípios que regem o Direito Administrativo podem estar expressos no
texto constitucional ou implícitos/reconhecidos em legislação infraconstitucional.
Esses princípios estabelecem importantes diretrizes para o bom desenvolvimento da
atividade estatal.

2.3. Princípios aplicáveis ao Direito Administrativo

2.3.1. Princípio da legalidade


O princípio da legalidade está previsto no art. 37 da Constituição Federal de
1988 e possui duas vertentes: na primeira, a atuação do administrador público deve
ser conforme a lei, ou seja, a atuação da administração está limitada ao que estiver
disposto na lei.
Numa segunda vertente, o princípio da legalidade possui sentido de reserva de
lei; isso ocorre quando determinada matéria tiver que ser, obrigatoriamente, tratada
por lei, e não por outro ato administrativo.

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Para grande parte da doutrina, a atuação do administrador público deve


pautar-se não só na lei, mas em todo o ordenamento jurídico, incluindo aqui os
princípios. Logo, o princípio da legalidade estaria inserido no princípio da juridicidade.

2.3.2. Princípio da impessoalidade


Assim como o princípio da legalidade, o princípio da impessoalidade também
está previsto no art. 37 da Constituição Federal de 1988 e possui dois sentidos. No
primeiro, a atuação da administração pública deverá satisfazer o interesse público, ou
seja, a atuação administrava não pode visar atender os interesses dos seus agentes ou
de terceiros sob pena de nulidade do ato praticado por desvio de finalidade.
O segundo sentido desse princípio está ligado à proibição da promoção pessoal
do administrador pelas realizações da administração pública. De acordo com o texto
constitucional, a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos dever ter caráter meramente educativo, informativo e orientador.

2.3.3. Princípio da moralidade


O princípio da moralidade exige que a atuação dos administradores públicos
seja pautada na ética e está previsto no texto constitucional em seu art. 37.
A legislação infraconstitucional prevê diversos instrumentos de controle da
moralidade, entre eles, por exemplo, temos a ação de improbidade administrativa, as
sanções da lei anticorrupção e ação civil pública.

O princípio da moralidade é muito bem exemplificado através da Súmula Vinculante


nº 13 – A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

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2.3.4. Princípio da publicidade


A Constituição Federal de 1988 em seu art. 37 exige a publicação do ato
administrativo como requisito de eficácia deste. Somente a sua publicação torna o ato
apto para produzir efeitos no mundo externo, ressalvados os casos em que a
Constituição prevê o sigilo.
Esse princípio prevê, ainda, a transparência da atuação da administração
pública. Portanto, deve-se possibilitar o controle da administração pelos administrados
da forma mais ampla possível.

2.3.5. Princípio da eficiência


O princípio da eficiência foi incluso no art. 37 do texto constitucional com a EC
19/1998. Esse princípio marca a transição de uma administração pública burocrática
para uma administração pública gerencial.
A ideia central desse princípio é tornar a administração mais célere no que se
refere à concretização das finalidades públicas. A eficiência é verificada, por exemplo,
nas ações de planejamento, na redução do controle nas atividades-meio, na ampliação
da autonomia dos órgãos e entidades administrativas.

2.3.6. Princípio da supremacia do interesse público


Por esse princípio, toda vez que houver algum conflito entre o interesse público
e o interesse privado, deverá prevalecer o primeiro, respeitando sempre os direitos e
as garantias fundamentais previstos na Constituição. Na proteção desses direitos e
garantias deve ser feita uma ponderação entre os interesses conflitantes.

2.3.7. Princípio da indisponibilidade do interesse público


Os interesses públicos são indisponíveis. Esses interesses pertencem ao povo,
cabendo aos agentes públicos apenas a sua gestão. Esse princípio impõe restrições ao
exercício de toda a atividade administrativa.

2.3.8. Princípios da razoabilidade e proporcionalidade


O princípio da razoabilidade e o da proporcionalidade, embora não expressos
no texto constitucional, são princípios básicos aplicáveis a todo e qualquer ramo do

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Direito. No âmbito do Direito Administrativo, esses princípios encontram


aplicabilidade, especialmente no controle dos atos administrativos discricionários.
O princípio da razoabilidade, para a doutrina majoritária, visa estabelecer uma
ligação entre os meios empregados e os fins desejados pelo ato administrativo.
Por sua vez, o princípio da proporcionalidade é uma das vertentes da
razoabilidade. A proporcionalidade tem como finalidade impedir que a administração
restrinja os direitos do particular além do necessário, ou seja, veda o abuso de poder.
Esse princípio se subdivide em: adequação, necessidade e proporcionalidade em
sentido estrito.

 Adequação: o ato deve ser adequado para a realização do resultado


pretendido;
 Necessidade: caso haja mais de uma medida a ser adotada na concretização
de algum ato, o Estado deverá optar pela menos danosa aos direitos da
pessoa;
 Proporcionalidade em sentido estrito: trata-se da ponderação de interesses
quando houver dois em conflito.

2.3.9. Princípio da continuidade do serviço público


A prestação do serviço público deve ser eficaz e contínua. Para esse princípio a
expressão “serviço público” possui sentido amplo, abarcando todas as atividades
executadas sob o regime do Direito Público.
Em relação a esse princípio algumas considerações devem ser feitas:

 O serviço público poderá ser interrompido em decorrência do


inadimplemento do usuário; trata-se de uma exceção reconhecida pelo STJ
por conta do disposto no art. 6.º, § 3.º, II, da Lei 8.987/1995;
 Exceção ao contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus): o
particular concessionário de serviço público não poderá interromper a sua
prestação, ainda que o poder público não cumpra com o contrato;
 Direito de greve dos servidores públicos: diante da ausência de norma

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regulamentadora, o STF reconheceu o direito de greve dos servidores


públicos por analogia à Lei 7.783/1995.

2.3.10. Princípio da autotutela


Pelo princípio da autotutela, a administração pública tem o poder de rever os
seus atos. Esse controle dos atos administrativos pode ser realizado por duas vias:
legalidade e mérito.
No controle de legalidade, a administração tem a prerrogativa de anular os atos
ilegais por ela praticados e no controle de mérito a administração faz um juízo de
conveniência e oportunidade para verificar se o ato deve continuar surtindo efeitos ou
não. Neste último caso, há o que denominamos de revogação.
Vejamos o entendimento do STF em relação a este ponto:

Súmula 346 do STF: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.
Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Resolução de questões

1. (Ano: 2017 – Banca: VUNESP – Órgão: Câmara de Mogi das Cruzes/SP – Prova:
Procurador Jurídico). Com relação aos princípios da Administração Pública, é correto
afirmar que:
a) a ampla defesa e o contraditório são considerados direitos e garantias fundamentais
do acusado, mas o ordenamento jurídico brasileiro hodiernamente não os recepciona
como princípios da Administração Pública.
b) a Administração, orientada pelo princípio da eficiência, pode revogar seus próprios
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou anulá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade.

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c) a razoabilidade é princípio implícito na Constituição Federal, não contemplado no


ordenamento jurídico brasileiro, cuja violação se constitui em ato de improbidade
administrativa.
d) deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo constitui ato de
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública,
podendo ser aplicada ao responsável a perda da função pública.
e) a segurança jurídica e o interesse público são considerados garantias implícitas na
Constituição Federal, entretanto, o ordenamento jurídico brasileiro hodiernamente
não os recepciona como princípios da Administração Pública.

Gabarito: D
Justificativas:
a) ERRADA – O contraditório e a ampla defesa são princípios constitucionais aplicáveis
ao Direito Administrativo. Estão previstos no art. 5o, LV da CRFB.
b) ERRADA – Trata-se de questão tratada na Súmula 473 do STF, em que a
administração pode anular seus próprios atos (quando eivados de vícios) ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade.
c) ERRADA – A razoabilidade é princípio explícito previsto no art. 2o da Lei 9784/99.
d) CORRETA – Trata-se de norma prevista no art. 11, VI e 12 da Lei 8429/92.
e) ERRADA – A segurança jurídica e interesse público estão previstos no art. 2º da Lei
9.784/99.

2. (Ano: 2016 – Banca: UFMT – Órgão: DPE/MT – Prova: Defensor Público). Em relação
aos princípios constitucionais do direito administrativo brasileiro, numere a coluna da
direita de acordo com a da esquerda.
1 – Razoabilidade
2 – Segurança jurídica
3 – Impessoalidade
4 – Finalidade
( ) O princípio em causa é uma faceta da isonomia e sua aplicação concreta está
presente em situações diversas previstas no regime jurídico-administrativo, a exemplo
da exigência de concurso público para provimento de cargos públicos.

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( ) Segundo este princípio, a Administração, ao atuar no exercício de discrição, deve


adotar a medida que, em cada situação, seja mais prudente e sensata nos limites
admitidos pela lei.
( ) Por força deste princípio, as orientações firmadas pela Administração Pública não
podem, sem prévia publicidade, ser modificadas em casos concretos para agravar a
situação dos administrados ou negar-lhes direitos.
( ) A raiz constitucional deste princípio é encontrada no próprio princípio da legalidade,
pois corresponde à aplicação da lei sem desvirtuamentos.
Marque a sequência correta.
a) 2, 4, 1, 3
b) 4, 1, 2, 3
c) 3, 1, 2, 4
d) 3, 2, 1, 4
e) 1, 4, 3, 2

Gabarito: C

3. (Ano: 2016 – Banca: VUNESP – Órgão: TJ/RJ – Prova: Juiz Substituto). Assinale a
alternativa que corretamente discorre sobre os princípios do Direito Administrativo.
a) O princípio da publicidade possui repercussão infraconstitucional, com
regulamentação pela Lei de Acesso à Informação (Lei Federal n° 12.527/11) na qual
foram contempladas duas formas de publicidade – a transparência ativa e a
transparência passiva –, aplicáveis a toda a Administração Direta e Indireta, mas não
incidentes às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos do
orçamento, como ocorre por contrato de gestão.
b) Pelo princípio da continuidade do serviço público, não podem os serviços públicos
ser interrompidos, visto que atendem a necessidades prementes e inadiáveis da
coletividade, e, portanto, não é permitida paralisação temporária de atividades,
mesmo em se tratando de serviços prestados por concessionários e permissionários,
mediante pagamento de tarifa, como fornecimento de energia, ainda que o usuário
esteja inadimplente.

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c) As Súmulas n° 346 e n° 473 do Supremo Tribunal Federal, que tratam da declaração


de nulidade dos atos administrativos pela própria Administração e da revogação destes
por motivos de conveniência e oportunidade, demonstram que o Direito
Administrativo brasileiro não adotou a autotutela como princípio.
d) A fim de tutelar o princípio da moralidade administrativa, a Constituição Federal
prevê alguns instrumentos processuais, como a Ação Civil Pública, na defesa dos
direitos difusos e do patrimônio social, a Ação Popular, que permite anular atos do
Poder Público contaminados de imoralidade administrativa, desde que reconhecido o
pressuposto da lesividade, da mesma forma como acontece com a Ação de
Improbidade Administrativa, que tem como requisito o dano patrimonial ao erário.
e) O Supremo Tribunal Federal entende que, muito embora pela aplicação do princípio
da impessoalidade, a Administração não possa ter em mira este ou aquele indivíduo de
forma especial, o sistema de cotas, em que se prevê reserva de vagas pelo critério
étnico social para ingresso em instituições de nível superior, é constitucional e
compatível com o princípio da impessoalidade, já que ambos têm por matriz comum o
princípio constitucional da igualdade.

Gabarito: E
Justificativas:
a) ERRADA – A Lei nº. 12527/2011 incidirá, no que couber, às entidades privadas sem
fins lucrativos que recebam recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordos, ajustes
ou outros instrumentos congêneres.
b) ERRADA – A concessionária de acordo com entendimento do STJ poderá sim
interromper o fornecimento, desde que haja prévia notificação do usuário.
c) ERRADA – A autotutela é princípio administrativo, conforme súmulas 346 e 347 do
STF.
d) ERRADA – Nem todos os atos de improbidade administrativa têm como requisito o
dano patrimonial ao erário. O STJ entende que o ato previsto no art. 11 da Lei
8.429/92 dispensa a prova do dano (REsp 1214605/SP).

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e) CORRETA – O STF entende que é constitucional o sistema de cotas em que se prevê


reserva de vagas pelo critério étnico social para ingresso em instituições de nível
superior (RE 597285).

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Capítulo 3
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3.1. Introdução
Administração pública é o conjunto de órgãos, entidades e agentes que
integram a estrutura administrativa. O Estado brasileiro possui sua organização
administrativa estabelecida no texto da Constituição Federal de 1988.
Antes de adentrarmos no tema da organização da administração pública
brasileira, é de extrema importância a definição de alguns pontos para a compreensão
dessa matéria.

3.1.1. Forma de Estado


Primeiramente, conceitua-se Estado como pessoa jurídica dotada de soberania,
cuja existência depende de um povo, território e governo. A forma pela qual este
Estado se organizará é matéria a ser regulada na Constituição.
No Brasil, a forma adotada é a federativa, que se caracteriza pela existência de
diversos poderes políticos autônomos em um mesmo território, sendo sua principal
característica a descentralização política. Os entes estabelecidos pela Constituição
Federal de 1988 são: a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.

3.1.2. Sistema de governo


O Brasil adota o sistema presidencialista, marcado pela existência de uma
separação de poderes independentes e harmônicos entre si. A Constituição Federal de
1988 estabelece a existência dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

3.1.3. Forma de governo


A forma de governo adotada pelo Brasil é a republicana, cuja instituição se dá
por meio de eleições para a escolha de um governante que represente o povo por
período determinado, que terá o dever de prestar contas ao povo. A forma de governo
republicana é marcada por uma forma representatividade popular.

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3.2. Reforma da administração pública


As sociedades atuais têm se tornado cada vez mais complexas e para
acompanhar essa nova realidade é imprescindível a adequação do Estado a essas
transformações.
O novo modelo de organização administrativa deve estar cada vez mais
próximo da sociedade, e os órgãos e entes que compõem essa estrutura passam a ter
muito mais autonomia na busca da promoção do fim estatal. No tocante aos
particulares, a administração pública passa a ser mais consensual.
No Brasil, a Emenda Constitucional 19/1998 instituiu na administração pública
brasileira essas mudanças, passando de uma administração burocrática para uma
administração gerencial. Essa nova administração é caracterizada pela
descentralização política e pela eficiência.

3.3. Centralização, desconcentração e descentralização


Na repartição das suas funções, a administração pública pode ser exercida por
meio das seguintes técnicas: centralização, desconcentração e descentralização.

3.3.1. Centralização
A centralização é caracterizada pelo exercício das atividades pelo próprio
Estado por meio dos seus entes, órgãos e agentes. É a própria administração direta
que atua para atender ao fim estatal.

3.3.2. Desconcentração
A desconcentração diz respeito à organização interna dentro de uma mesma
estrutura, ou seja, a atividade administrativa também é exercida pelo próprio Estado,
mas por mais de um órgão público mediante repartição de competências.

3.3.3. Descentralização
Ocorre a descentralização quando o Estado transfere a função administrativa
para uma terceira pessoa, que integre a administração pública direta. Para que haja
descentralização é imprescindível a existência de duas pessoas: o Estado e a pessoa
que receberá a atribuição para executar o serviço.

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Não há no fenômeno da descentralização uma relação de hierarquia entre o


executor do serviço, mas sim uma vinculação.
A descentralização poderá ocorrer por outorga ou por delegação. Na outorga o
Estado cria uma entidade por meio de lei para a prestação de serviço específico, é o
que ocorre na administração indireta. Por sua vez, na descentralização por delegação,
o Estado transfere por contrato ou ato unilateral a execução de determinado serviço.

3.4. Organização em setores


Em razão da alta complexidade da organização da estrutura administrativa do
Estado, a doutrina majoritária estabelece uma divisão em setores.

1.o setor Diz respeito ao próprio Estado por meio da administração pública direta e
indireta.

2.o setor Fruto da descentralização, é o Estado atuando no mercado.

3.o setor São as sociedades civis sem fins lucrativos.

Resolução de questões

1. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Ao instituir programa para a reforma de presídios federais, o governo
federal determinou que fosse criada uma entidade para fiscalizar e controlar a
prestação dos serviços de reforma. Nessa situação, tal entidade, devido à sua
finalidade e desde que criada mediante lei específica, constituirá uma agência
executiva.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Errado

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Justificativa: A questão trata de uma agência reguladora e não executiva. As agências


reguladoras são criadas por lei específica para fiscalizar e regular a prestação de
serviços públicos por particulares.

2. (Ano: 2017 – Banca: FUNECE – Órgão: UECE – Prova: Advogado). Assinale a opção
que arrola somente exemplos de pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da
Administração Indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização legal, sob
a forma de sociedade anônima e com capitais públicos e privados, para a exploração
de atividades de natureza econômica ou execução de serviços públicos.
a) Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Banco do Brasil
b) Petróleo Brasileiro S/A e Eletrobrás.
c) Petróleo Brasileiro S/A e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
d) Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Gabarito: B
Justificativa: Para resolver esta questão é fundamental uma leitura atenta do
enunciado. É correta a alternativa “B”, pois é a única que menciona apenas Sociedades
de Economia Mista.

3. (Ano: 2016 – Banca: IBADE – Órgão: Câmara de Santa Maria Madalena/RJ – Prova:
Procurador Jurídico). A descentralização administrativa ocorre quando o Estado
desempenha algumas de suas atribuições por meio de outras pessoas, e não pela
administração direta. Sobre as autarquias, é correto afirmar que são:
a) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da administração indireta,
instituídas pelo Poder Público, mediante autorização específica, sob qualquer forma
jurídica e com capital exclusivamente público, para a exploração de atividades
econômicas ou para a prestação de serviço público.
b) a personificação de um patrimônio ao qual é atribuída uma finalidade específica não
lucrativa, de cunho social.
c) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da administração indireta,
instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica, sob a forma de
sociedade anônima, com participação obrigatória de capital privado e público, sendo

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da pessoa jurídica instituidora ou de entidade da respectiva administração indireta o


controle acionário, para a exploração de atividades econômicas ou para a prestação de
serviço público.
d) entidades administrativas autônomas, criadas por lei específica, com personalidade
jurídica de direito público, patrimônio próprio e atribuições estatais determinadas.
e) pessoas jurídicas formadas exclusivamente por entes da Federação, na forma da Lei
n° 11.107, de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a
realização de objetivos de interesse comum.

Gabarito: B
Justificativas:
a) ERRADA – Traz o conceito de empresa pública.
b) ERRADA – Traz o conceito de fundação.
c) ERRADA – Traz o conceito de sociedade de economia mista.
d) CORRETA – Traz o conceito de autarquia, cujo conceito legal está previsto no art. 5º,
I, do Decreto-Lei n.º 200/67.
e) ERRADA – Traz o conceito de consórcio público.

4. (Ano: 2016 – Banca: FCC – Órgão: DPE/ES – Prova: Defensor Público). O regime
jurídico constitucional e legal vigente aplicável às entidades da administração indireta
dispõe que:
a) os servidores das fundações criadas pelo Poder Público sempre se vinculam ao
regime geral de previdência social.
b) a remuneração dos empregados das empresas estatais que se dediquem à atividade
econômica em sentido estrito não está sujeita ao teto remuneratório constitucional.
c) as associações públicas não são consideradas entidades da administração indireta,
em razão de seu regime especial.
d) aos dirigentes das agências executivas é assegurado o desempenho de mandato
fixo, durante o qual não podem ser exonerados, senão por motivo justo, apurado
mediante processo administrativo em que estejam assegurados a ampla defesa e o
contraditório.

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e) estão sujeitos ao regime jurídico único os servidores da administração pública


direta, das autarquias e fundações públicas.

Gabarito: E
Justificativas:
a) ERRADA – Nas fundações públicas de direito público incidirá o regime estatutário, já
nas de direito privado, incidirá o regime celetista.
b) ERRADA – As estatais que receberem recursos para pagamento de pessoal e custeio
estarão sujeitas ao teto constitucional.
c) ERRADA – As associações públicas são produtos do consórcio público.
d) ERRADA – Essas prerrogativas são aplicáveis apenas às agências reguladoras.
e) CORRETA – Nos termos do art. 39. da CRFB, a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e
das fundações públicas (Vide ADIN nº 2.135-4).

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Capítulo 4
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA

4.1. Introdução
Entende-se por administração pública direta o conjunto entre os entes
federativos e seus respectivos órgãos. A atuação desses entes dá-se por meio dos seus
órgãos de forma centralizada.

4.2. Órgãos públicos

4.2.1. Conceito
Decorrentes do fenômeno da desconcentração, os órgãos públicos são
repartições internas dentro da estrutura de uma pessoa política ou jurídica, ausentes
de personalidade jurídica própria. Possuem como objetivo principal tornar a
administração pública mais eficiente e por isso são dotados de autonomia gerencial.
Esses órgãos estabelecem com o seu ente ou entidade criadora uma verdadeira
relação de subordinação.

4.2.2. Teoria do órgão


Ao longo da história, diversas teorias procuraram explicar a relação entre o
Estado e o órgão público. Entre as teorias mais citadas, a teoria do órgão é a adotada
pela doutrina majoritária. Para ela, os agentes que atuam nos órgãos públicos
manifestam a vontade do próprio Estado. A atuação do agente é imputada a pessoa
política ou jurídica a que pertence.

São três as teorias que visam estabelecer uma definição de órgão público, são elas:
 Teoria do mandato: o agente público é um verdadeiro mandatário do Estado;
 Teoria da representação: o agente público é um verdadeiro representante do
Estado;
 Teoria do órgão (criada por Otto Gierke): os agentes manifestam a vontade

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do Estado, sendo estes agentes partes integrantes da própria estrutura


estatal.

4.2.3. Criação e extinção


Os órgãos públicos são criados e extintos mediante lei, conforme determina o
texto constitucional nos arts. 48, XI e 84, VI, “a”. A iniciativa de lei é privativa do Chefe
do Poder Executivo.

4.2.4. Capacidade processual


Em regra, os órgãos públicos não possuem capacidade processual em
decorrência de serem entes despersonalizados. No entanto, é reconhecida a
capacidade processual aos denominados órgãos de cúpula na defesa das suas
prerrogativas institucionais, os quais são os mais elevados do Poder Público, de
natureza constitucional.
Recentemente, esta questão parou no STJ através da discussão da capacidade
da Câmara de Vereadores ir a juízo. Neste sentido:

“A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, mas apenas personalidade


judiciária, de modo que somente pode demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais, entendidos esses como sendo os relacionados ao funcionamento,
autonomia e independência do órgão”. (REsp 1.164.017/PI, Rel. Ministro Carlos Moreira,
DJe 06/04/2010)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SUPOSTA OFENSA AO ART. 535 DO CPC.


INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. MANDADO DE SEGURANÇA
IMPETRADO POR CÂMARA MUNICIPAL PARA DISCUTIR RETENÇÃO DE VALORES DO FPM.
ILEGITIMIDADE ATIVA. (...)
2.A Câmara Municipal não possui personalidade jurídica, mas apenas personalidade
judiciária, a qual lhe autoriza apenas atuar em juízo para defender os seus interesses
estritamente institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao funcionamento, autonomia
e independência do órgão, não se enquadrando, nesse rol, o interesse patrimonial do

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ente municipal.
Nesse sentido: REsp 1.164.017⁄PI, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 6.4.2010.
(REsp 1.429.322/AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 20/02/2014)

Este tema já foi sumulado pelo STJ:

Súmula 525 do STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica,


apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender
os seus direitos institucionais. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/04/2015.

4.2.5. Classificação

4.2.5.1. Quanto à posição administrativa

 Órgãos independentes: são os órgãos previstos no texto constitucional;


 Órgãos autônomos: ocupam posição inferior aos órgãos independentes. São os
denominados órgãos de cúpula, pois possuem autonomia administrativa;
 Órgãos superiores: são órgãos responsáveis pelas atribuições de direção e
controle, no entanto não possuem autonomia. São subordinados a uma chefia;
 Órgãos subalternos: são os órgãos de execução. Estão na base da pirâmide
hierárquica.

4.2.5.2. Quanto à estrutura

 Órgão simples: possuem apenas um centro de competência;


 Órgão composto: são resultantes da desconcentração, portanto reúnem em
sua estrutura diversos órgãos.

4.2.5.3. Quanto à composição

 Órgãos singulares: são compostos por apenas um agente. Também são


denominados unipessoais;

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 Órgãos colegiados: ou coletivos, ou ainda, pluripessoais, são órgãos que


possuem mais de um agente em sua estrutura.

Resolução de questões

1. (Ano: 2016 – Banca: BIO-RIO – Órgão: SAAE de Barra Mansa – Prova: Advogado). De
acordo com a legislação vigente, qual das situações descritas abaixo NÃO se enquadra
como sendo um benefício concedido às pessoas jurídicas de direito público?
a) Presença das cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos.
b) Prescrição quinquenal para todo e qualquer direito ou ação em face da Fazendo
Pública.
c) Prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.
d) Imunidade tributária no que diz respeito ao patrimônio, renda e serviços.

Gabarito: C
Justificativa: A alternativa incorreta é a “C”, pois de acordo com o art. 183, §1 o da Lei
nº 13.105/2015 (NCPC) a Fazenda Pública goza de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, tendo início a contagem dos prazos a partir da intimação
pessoal de seus representantes legais, sendo possível que esta intimação ocorra por
remessa dos autos, carga destes ou através de intimação por meio eletrônico.

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Capítulo 5
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

5.1. Conceito
A administração pública indireta resulta do fenômeno da descentralização,
sendo composta pelas pessoas jurídicas criadas para exercerem atividades
administrativas vinculadas ao ente federativo criador.
Integram a administração pública indireta: as autarquias, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e as fundações públicas (de Direito Privado e de
Direito Público). Cada uma dessas entidades possui características próprias que serão
apresentadas nos próximos tópicos.

5.2. Autarquias
Autarquia é pessoa jurídica de Direito Público criada por lei para exercer
atividade típica do Estado, integrando a estrutura da administração pública indireta.
De acordo com a legislação em vigor, autarquia é serviço autônomo, criado por
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios para desempenhar
atividades típicas da administração pública que requeiram uma gestão descentralizada.

5.2.1. Criação e extinção


Como mencionado no item anterior, as autarquias são criadas por meio de lei.
Conforme o texto constitucional, a criação se dá por meio da edição de lei específica
que é ser de iniciativa privativa do Chefe do Poder ao qual esta autarquia estiver
vinculada. A extinção da autarquia ocorrerá da mesma forma pela qual foi criada.

5.2.2. Natureza jurídica


A autarquia é pessoa jurídica de Direito Público, cuja personalidade jurídica tem
início a partir do momento em que esta lei criadora entrar em vigor.

5.2.3. Objeto

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A autarquia será criada pera desempenhar atividade típica do Estado, ou seja,


objetiva a prestação de serviços públicos em sentido amplo.

5.2.4. Regime de pessoal


O regime de pessoal será o regime jurídico único (estatutário).

5.2.5. Patrimônio
O patrimônio das autarquias é considerado bens públicos. Decorre da
transferência dos bens do ente criador, passando a pertencer à entidade criada. Tais
bens gozam dos mesmos privilégios dos bens públicos em geral.

5.2.6. Atos e contratos


Em regra, os atos praticados pelas autarquias possuem as mesmas
particularidades dos atos emitidos pela administração pública direta, ou seja, devem
ser observados os requisitos de validade do ato, bem como os atributos de presunção
de legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade.
Da mesma forma, na celebração de contratos devem ser observadas as
mesmas regras constantes na Lei 8.666/1993.

5.2.7. Responsabilidade civil


As autarquias estão sujeitas à aplicação da responsabilidade objetiva, conforme
disposição prevista no art. 37, § 6.º, da Constituição Federal de 1988.

5.2.8. Peculiaridades
 As autarquias gozam de imunidade tributária dos impostos referentes aos bens,
renda e serviços vinculados as finalidades essenciais das suas atividades;
 As autarquias gozam de certas prerrogativas processuais em razão de serem
enquadradas no conceito de Fazenda Pública.

5.3. Autarquias especiais

5.3.1. Agências executivas

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As agências executivas são autarquias de regime especial que celebram


contrato de gestão com o Ministério supervisor e que tenham um plano de
reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento.
Encontram previsão na Lei 9.649/1998 e no Decreto 2.487/1998, e seu principal
objetivo é exercer a atividade estatal com mais eficiência. Em regra, são criadas por
meio de decreto do Presidente da República.

5.3.2. Agências reguladoras


As agências reguladoras são autarquias de regime especial que regulam
determinadas atividades econômicas e serviços públicos transferidos para o setor
privado.

5.3.3. Associações públicas


As associações públicas ou autarquias plurifederativas são responsáveis por
gerir os consórcios públicos da administração pública indireta.

NOTA IMPORTANTE! AUTARQUIAS CORPORATIVAS – São os órgãos de fiscalização


profissional, cuja natureza foi firmada através da ADIn 1717. Estes conselhos possuem
natureza de autarquia e exercem poder de polícia. Na ocasião, o STF declarou
inconstitucional o art. 58 da Lei 9649/98.

5.4. Empresas Estatais


As empresas estatais são sociedades que estão sob o controle acionário do
Estado e integram a administração pública indireta. Podem apresentar-se sob a forma
de empresas públicas ou de sociedade de economia mista, previstas no Decreto-lei
200/1967.
Em regra, as empresas estatais são criadas para que o Estado atue na
exploração de atividade econômica (Estado-empresário). No entanto, admite-se a
criação de estatais para a prestação de serviço público.

5.4.1. Empresa pública

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As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado que integram a


administração pública indireta. São criadas por meio de autorização legal, podendo
assumir qualquer forma societária prevista em lei.

5.4.2. Sociedade de economia mista


Pessoas jurídicas de Direito Privado que integram a administração pública
indireta. São criadas por meio de autorização legal, devendo assumir a forma de
sociedade anônima.

5.4.3. Características semelhantes entre as empresas públicas e sociedades de


economia mista

Criação Autorização em lei específica.

Objeto Exploração de atividade econômica ou prestação de serviço


público.

Empresas exploradoras de atividade econômica: regras de


Regime jurídico Direito Privado;
Empresas que prestarem serviços públicos: regras de Direito
Público.

Controle Não há uma relação de hierarquia entre essas empresas e o


ente criador, mas sim mero controle finalístico.

Conforme entendimento da doutrina majoritária, somente as


Benefícios ficais e empresas públicas e sociedades de economia mista
Imunidade exploradoras de atividade econômica não gozam de benefícios
tributária fiscais. As prestadoras de serviço público podem receber
benefícios fiscais exclusivos.

Licitação Para a doutrina majoritária não se aplicam as regras de licitação


quando o objeto do contrato estiver ligado à atividade-fim da
entidade.

Empresas exploradoras de atividade econômica:

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Responsabilidade responsabilidade subjetiva;


civil Empresas que prestarem serviços públicos: responsabilidade
objetiva.

Regime de pessoal Emprego público.

Em regra, não são considerados bens públicos. No entanto, nas


Bens empresas prestadoras de serviço público, os bens empregados
diretamente na prestação do serviço sujeitar-se-ão às
particularidades próprias dos bens públicos.

ATENÇÃO! No tocante ao controle sugere-se a leitura da decisão do MS 25092/DF,


constante no informativo no 408 do STF.

5.4.4. Características distintas entre as empresas públicas e sociedades de economia


mista
Para facilitar a compreensão do tema, elaboramos um quadro comparativo
com as principais distinções entre empresas públicas e sociedades de economia mista.

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista

Forma jurídica Qualquer forma societária Sociedade anônima


admitida em lei

Capital Integralmente público Público e privado

Nas empresas públicas federais, Justiça estadual


o foro será o da justiça federal.
Foro processual
Nas empresas estaduais, será
competente o foro estadual

Súmula 556 do STF (regra) – É competente a Justiça Comum para julgar as causas em
que é parte sociedade de economia mista.
Súmula 517 do STF (exceção) – As sociedades de economia mista só têm foro na

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Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente.

5.5. Fundações estatais


As fundações estatais são entidades criadas para integrar a administração
pública indireta com o objetivo de satisfazer objetivos sociais, portanto não possuem
fins lucrativos. Quanto à natureza jurídica, a doutrina majoritária entende que podem
ser de Direito Público (autarquia fundacional) ou Privado.

Criação Fundação estatal de Direito Público – Lei específica de iniciativa


do chefe do Executivo

Fundação estatal de Direito Privado – depende de autorização


legal, mas só passam a ter personalidade jurídica com o registro
dos atos constitutivos

Objeto Atuação em atividades socialmente relevantes

Regime de pessoal Fundação estatal de Direito Público – regime jurídico único

Fundação estatal de Direito Privado – emprego público

Patrimônio Fundação estatal de Direito Público – bem público

Fundação estatal de Direito Privado – bem privado, no entanto


algumas prerrogativas dos bens públicos deverão ser observadas

Responsabilidade Fundação estatal de Direito Público – responsabilidade objetiva


civil
Fundação estatal de Direito Privado – responsabilidade objetiva
quando forem prestadoras de serviço público

Foro processual Fundação estatal de Direito Público – Justiça Federal

Fundação estatal de Direito Privado – Justiça Estadual

Controle Tribunal de Contas

5.6. Consórcio público


De acordo com a legislação em vigor, o consórcio público é a gestão associada
de serviços públicos, ou seja, a união de entes federativos para a criação de uma

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pessoa jurídica para a prestação de determinado serviço. Trata-se de uma verdadeira


cooperação entre os entes.
Com a edição da Lei 11.107/2005, os consórcios públicos passam a ser tratados
como contratos, cuja celebração fica condicionada a um protocolo de intenção. Esse
protocolo deverá ser aprovado pela casa legislativa de cada ente integrante do
consórcio, sendo aprovado e devidamente assinado, o consórcio torna de fato um
contrato. O consórcio público exterioriza-se por meio de uma pessoa jurídica que
poderá ser de Direito Público (são as denominadas associações públicas) ou de Direito
Privado.
Dois tipos de contrato são celebrados pelos consórcios públicos: o contrato de
rateio e o contrato de programa.

 O contrato de rateio viabiliza a transferência de recursos orçamentários dos


entes consorciados para o consórcio. Em regra, tem vigência máxima no prazo
de um ano.
 O contrato de programa possui como objeto a transferência de servidores,
bens ou serviços para o consórcio, ou seja, são obrigações diversas que não
envolvem recursos orçamentários. Continua vigente mesmo após a extinção do
consórcio.

Resolução de questões

1. (Ano: 2017 – Banca: IBADE – Órgão: PC/AC – Prova: Delegado de Polícia Civil).
Considerando os temas da centralização e descentralização administrativa, da
concentração e desconcentração administrativa, bem como dos entes da
administração indireta, assinale a alternativa correta.
a) A possibilidade de nomeação, pelo chefe do Poder Executivo, dos dirigentes das
autarquias públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações é
consequência da hierarquia existente entre a Administração direta e a Administração
indireta.
b) As agências reguladoras são espécies de empresas públicas. Têm por finalidade a
normatização técnica de serviços públicos e atividades econômicas.

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c) Caso o Estado do Acre edite uma lei criando uma autarquia pública, fala-se em
desconcentração administrativa, mantendo-se, assim, a hierarquia entre o novo ente
da Administração indireta e a Administração direta.
d) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar ou à lei ordinária, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
e) A agência executiva, autarquia de regime especial, tem por forte característica a
operacionalidade e a eficiência. Seu qualificativo como agência executiva é
temporário, pois, de ordinário, depende de instrumento firmado perante a
Administração direta.

Gabarito: E
Justificativas:
a) ERRADA – Não há hierarquia entre Administração Pública Direta e Administração
Pública Indireta.
b) ERRADA – As agências reguladoras são espécie de autarquia de regime especial.
c) ERRADA – A edição de lei para criação de autarquia diz respeito ao fenômeno da
descentralização e não da desconcentração.
d) ERRADA – Nos termos do art. 37, XIX da CRFB, somente por lei específica poderá ser
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir
as áreas de sua atuação.
e) CORRETA.

2. (Ano: 2016 – Banca: FUNDATEC – Órgão: Prefeitura de Porto Alegre/RS – Prova:


Procurador Municipal). Em relação à Administração Indireta, NÃO é apropriado afirmar
que:
a) É formada pelo conjunto de pessoas (ou entidades) administrativas que, vinculadas
à respectiva Administração Direta, tem como função desempenhar atividades
administrativas de maneira descentralizada.

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b) Diante do que é afirmado pela Constituição Brasileira, pode-se admitir a existência


de entidades da Administração Indireta vinculadas também às estruturas dos Poderes
Legislativo e Judiciário.
c) Existe autorização constitucional no Brasil para a criação de autarquias com o
objetivo de exercer atividade econômica em sentido estrito.
d) As autarquias, mesmo dotadas de personalidade jurídica de direito público, podem
produzir atos administrativos típicos e atos predominantemente de direito privado.
e) As empresas públicas e sociedades de economia mista podem ser criadas com o
objetivo de prestar serviço público e/ou exercer atividade econômica em sentido
estrito.

Gabarito: C
Justificativa: A alternativa “C” é a incorreta, pois autarquia é criada por lei para
executar atividades típicas da Administração Pública.

3. (Ano: 2016 – Banca: FAURGS – Órgão: TJ/RS – Prova: Juiz de Direito Substituto).
Sobre a Administração Pública indireta, assinale a alternativa correta.
a) As agências reguladoras têm a forma de autarquia especial, regem-se pelo direito
público, são dotadas de personalidade jurídica de direito público e integram a
administração pública indireta.
b) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, com personalidade jurídica,
patrimônio e receita próprios, criadas somente por lei federal para executar
exclusivamente quaisquer atividades de prestação de serviços públicos da
administração pública federal.
c) As empresas públicas, com a finalidade de explorar atividade econômica, são
instituídas exclusivamente pela União, dotadas de personalidade jurídica de direito
público e têm a forma de sociedades anônimas.
d) Os empregados das sociedades de economia mista e das empresas públicas, por
serem regidos exclusivamente pela Consolidação das Leis do Trabalho, são nomeados
independentemente de prévia aprovação em concurso público.
e) Todas as entidades que compõem a administração pública indireta possuem
personalidade jurídica de direito público.

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Gabarito: A
Justificativas:
a) CORRETA – As agências reguladoras são autarquias especiais, regidas por normas de
direito público e integram a administração pública indireta.
b) ERRADA – Nos termos do inciso XIX do art. 37 da CRFB, somente por lei específica
poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.
c) ERRADA – As empresas públicas, com a finalidade de explorar atividade econômica,
não são instituídas exclusivamente pela União, são regidas por normas de direito
privado, podendo, em regra, assumir qualquer forma societária.
d) ERRADA – O concurso público é obrigatório para todo e qualquer ente da
Administração Pública Indireta.
e) ERRADA – As autarquias e fundações possuem personalidade de Direito Público,
enquanto que as empresas públicas e as sociedades de economia mista, possuem
personalidade jurídica de Direito Privado.

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Capítulo 6
CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO

6.1. Concessão x permissão


Concessão e permissão são formas de delegação de serviço público e estão
previstas na Constituição Federal de 1988.
Antigamente, a concessão era concebida na forma de contrato e a permissão
como mero ato administrativo precário e discricionário. Logo, a concessão deveria ser
precedida de licitação, enquanto para a permissão não havia essa exigência. Com o
advento da Lei 8.987/1995, a permissão de serviço público passou a ser celebrada por
meio de contrato.

O STF trata a concessão e a permissão como sinônimos, haja vista que o art. 175, PÚ, I
da CRFB afastou qualquer distinção entres esses institutos. ADIMC 1491/DF
(Informativo 117)

Para a doutrina majoritária, a diferença entre a concessão e a permissão reside


hoje em relação ao delegatário do serviço e na modalidade de licitação. O quadro a
seguir destaca bem essa diferença.

Concessão Permissão

Delegatário Pessoa jurídica ou Pessoa física ou jurídica


consórcio público

Licitação Deve ser precedida de A lei não estabelece uma


licitação na modalidade modalidade em específico
concorrência

6.2. Modalidades de concessão


A concessão poderá ser: comum ou especial (parceria público-privada).

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6.3. Concessão comum


A concessão comum é a forma pela qual o Poder Público delega a execução do
serviço para um terceiro mediante contrato, e está prevista na Lei 8.987/1995.
Vejamos as principais características dessa modalidade de concessão:

Em regra, a remuneração do concessionário ocorre por meio da


cobrança de tarifa, que deve ser fixada na proposta de licitação,
Remuneração podendo ser atualizada durante a execução do contrato. Além
da tarifa, o concessionário poderá instituir “receitas
alternativas” referentes a serviços privados ligados ao serviço
público.

Licitação A concessão sempre será precedida de licitação na modalidade


concorrência.

Em razão de ser um contrato administrativo, a lei estabelece


algumas prerrogativas ao poder concedente. Essas
Cláusulas essenciais prerrogativas estão elencadas no art. 23 da Lei 8.987/1995, e
entre elas temos: o preço do serviço, estipulação de
cronogramas físico-financeiros de execução e os direitos e
deveres dos usuários para obtenção e utilização do serviço.

Os contratos de concessão devem possuir prazo determinado,


no entanto a lei que regula a concessão não estipula um prazo
Prazo máximo. Esse prazo deverá ser estabelecido pelo ente federado
ou pelo poder concedente. O prazo do contrato poderá ser
prorrogado de forma excepcional.

É admitida a contratação de terceiro quando se tratar de


Subcontratação atividade inerente ao serviço público concedido. A relação
entre o concessionário e esse terceiro será de Direito Privado.

Somente será possível se houver previsão expressa no contrato,


Subconcessão bem como autorização expressa do poder concedente do
serviço público. Sendo possível a sua realização, a

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subconcessão deverá ser precedida de licitação na modalidade


concorrência.

O poder concedente tem a obrigação de fiscalizar. Se se


Encargos verificar alguma irregularidade, deverá aplicar as respectivas
sanções, intervir ou extinguir o contrato de concessão.

Responsabilidade Submetem-se ao regime da responsabilidade civil objetiva.


civil

Ao término do contrato de concessão, o concessionário


Reversão dos bens transfere ao poder concedente os bens afetados ao serviço
público. O fundamento dessa transferência reside no princípio
da continuidade do serviço público.

6.4. Concessão especial


A concessão especial, ou parceria público privada (PPP), é todo contrato
firmado entre o Estado e o particular para a execução de algum interesse público nas
modalidades previstas na Lei 11.079/2004.
Essa modalidade de concessão se divide em: PPP patrocinada e PPP
administrativa.
Conforme estabelecido em lei, a PPP patrocinada será aquela em que houver
contraprestação pecuniária do parceiro público para o particular, além da tarifa
cobrada dos usuários (tarifa + contraprestação). Tem como objeto a execução de
serviço público.
Por sua vez, a PPP administrativa é o contrato de prestação de serviço em que
o próprio Estado é o usuário, devendo envolver a execução de obra ou fornecimento e
instalação de bens. Nessa modalidade de concessão, o concessionário é remunerado
integralmente pelo poder público.
Vejamos outras particularidades da concessão especial:

Risco do negócio Há na concessão especial uma repartição objetiva de riscos

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a ser definida no contrato, englobando os riscos ordinários e


extraordinários.

Valor mínimo e prazo Valor mínimo: R$20.000.000,00;


Prazo: mínimo de 5 anos e máximo de 35.

 A minuta do edital e a do contrato devem ser


precedidas de consulta pública;
 Para a realização da licitação é necessária autorização
legislativa;
 Na fase interna da licitação devem-se observar as
Licitação exigências do art. 10 da Lei 11.079/2004, por exemplo,
o procedimento de manifestação de interesses (PMI);
 Deve ser realizada na modalidade concorrência, no
entanto o poder concedente poderá inverter as fases
de habilitação e julgamento.

Responsabilidade civil Nas concessões que envolver a prestação de serviço, a


responsabilidade será objetiva; nas demais valerá a regra da
responsabilidade subjetiva.

6.5. Autorização
A doutrina majoritária reconhece a autorização como forma de delegação de
serviço público, sendo esta considerada mero ato administrativo precário e
discricionário.

Resolução de questões

1. (Ano: 2016 – Banca: VUNESP – Órgão: Prefeitura de Mogi das Cruzes/SP – Prova:
Procurador Jurídico). Assinale a alternativa que corretamente disserta sobre
características do instituto das concessões.

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a) O poder concedente só transfere ao concessionário a execução do serviço,


continuando titular do mesmo, o que lhe permite dele dispor de acordo com o
interesse público.
b) A concessão tem que ser feita sempre por meio de licitação, consoante o que exige
a Constituição Federal, sendo que a modalidade cabível é o pregão.
c) O concessionário executa o serviço em nome da Administração Pública e, por
consequência, não corre os riscos normais do empreendimento.
d) A tarifa cobrada pelo concessionário tem a natureza de taxa e é fixada no contrato,
não devendo refletir a remuneração do capital investido pelo concessionário ou o
equilíbrio econômico-financeiro da concessão.
e) A responsabilidade do concessionário por prejuízos causados a terceiros em
decorrência da execução de serviço público é subjetiva, ou seja, depende de
comprovação de dolo ou culpa.

Gabarito: A
Justificativas:
a) CORRETA – O Poder Público transfere a execução do serviço público através da
outorga ou delegação. Na outorga há transferência da titularidade e execução do
serviço para pessoa jurídica de direito público, enquanto que na delegação transfere-
se a execução para pessoa jurídica de direito privado.
b) ERRADA – A resposta correta está no inciso II do art. 2o da Lei 8987/95.
c) ERRADA – Nos termos do art. 25 da Lei 8.987/1995, incumbe à concessionária a
execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos
causados ao poder concedente. Portanto, a responsabilidade do concessionário será
objetiva.
d) ERRADA – A tarifa cobrada é, na verdade, preço público e não taxa.
e) ERRADA – A responsabilidade será objetiva.

2. (Ano: 2016 – Banca: IBADE – Órgão: Câmara de Santa Maria Madalena/RJ – Prova:
Procurador Jurídico). O acordo de concessão de serviço público é espécie de:
a) ato condição
b) ato de expediente

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c) ato de império
d) ato subjetivo
e) ato regra

Gabarito: A
Justificativa: Para responder a questão é importante conceituar os atos de cada
alternativa.
a) Ato condição é o ato pelo qual se insere pessoa física ou jurídica em regime jurídico
pré estabelecido, com normas já definidas.
b) Ato de expediente são atos internos da Administração Pública, referentes a sua
rotina.
c) Ato de império é o ato praticado de ofício pelo agente público, sendo aplicável aos
seus administrados.
d) Ato subjetivo, ou ato individual, é aquele praticado por indivíduo, nos limites da lei,
que configurem efeitos jurídicos nas relações em que estão inseridos.
e) Ato regra é o ato proferido por autoridade competente que contém comandos
gerais e abstratos.
Feita a distinção de cada ato, conclui-se que a concessão está inserida no contexto do
ato condição, sendo, portanto, a alternativa “A” a correta.

3. (Ano: 2016 – Banca: FCC – Órgão: DPE/ES – Prova: Defensor Público). A Lei Federal
nº 8.987/1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de
serviços públicos:
a) obriga as concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos
Estados e no Distrito Federal, a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de
vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimento
de seus débitos.
b) não se aplica no âmbito estadual, visto que se trata de lei destinada apenas a
regular a concessão e permissão de serviços públicos pela União.
c) veda a prestação delegada de serviços públicos por pessoas físicas, admitindo seja
feita somente por pessoas jurídicas e consórcios de empresas que demonstrem
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

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d) admite que seja utilizada a modalidade pregão para escolha do delegatário na


concessão de serviços públicos, bem como na concessão de serviços públicos
precedida da execução de obra pública.
e) estabelece como única fonte de receitas das concessões e permissões de serviços
públicos a tarifa fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada
pelas regras de revisão previstas nessa lei, no edital e no contrato.

Gabarito: A
Justificativa:
a) CORRETA – Trata-se da redação do art. 7o-A da Lei 8987/95.
b) ERRADA – Nos termos do art. 1o e 2o da Lei 8987/95, a concessão e permissão
incidem sobre os serviços públicos da União, estados, DF e Municípios.
c) ERRADA – O serviço poderá ser exercido por pessoa física quando se tratar de
permissão (art. 2o IV da Lei 8987/95).
d) ERRADA – A concessão será precedida de licitação na modalidade concorrência (art.
2o, II e III da Lei 8987/95).
e) ERRADA – Ao concessionário é possibilitada a utilização de outras fontes de receita
com o objetivo de favorecer a modicidade das tarifas (art. 9o e 11 da Lei 8987/95).

4. (Ano: 2016 – Banca: FCC – Órgão: SEGEP/MA – Prova: Procurador do Estado). O


regime jurídico da prestação de serviços públicos, estatuído pela Lei nº 8.987/95 e
legislação correlata, impõe a:
a) inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento, no procedimento da
concorrência para escolha da concessionária de serviço público.
b) reversão, em favor do poder concedente, de todos os bens utilizados pela
concessionária de serviço público para a prestação do serviço delegado.
c) instauração prévia de procedimento administrativo, assegurado o direito de ampla
defesa, para decretação de intervenção na concessionária de serviço público, por
conta de falhas na prestação contratual.
d) indenização da concessionária de serviço público, no advento do termo contratual,
caso haja bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido

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realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço


concedido.
e) adoção obrigatória de arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa,
para resolução de disputas decorrentes do contrato de concessão de serviço público.

Gabarito: D
Justificativa:
a) ERRADA – A inversão das fases da licitação é uma faculdade (art. 18-A da Lei
8987/95).
b) ERRADA – A reversão incidirá apenas sobre os bens reversíveis não amortizados ou
depreciados (art. 36 da Lei 8987/95).
c) ERRADA – Primeiro deve-se decretar a intervenção, para depois instaurar o processo
administrativo (art. 32 e 33 da Lei 8987/95).
d) CORRETA – Trata-se de disposição do art. 36 da Lei 8987/95.
e) ERRADA – A arbitragem poderá ser adotada no contrato de concessão (art. 23-A da
Lei 8987/95).

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Capítulo 7
TERCEIRO SETOR

7.1. Conceito
Terceiro Setor diz respeito às entidades da sociedade civil sem fins lucrativos,
que celebram parcerias com o Estado para desempenhar atividades socialmente
relevantes. Essas entidades devem ser sempre de Direito Privado (associações ou
fundações).

7.2. Características

 São pessoas jurídicas de Direito Privado criadas por particulares;


 Não integram a administração pública indireta;
 Só podem ser associação civil ou fundação privada, portanto, são entidades
sem fins lucrativos. O eventual lucro decorrente do serviço prestado deverá
ser reinvestido na finalidade social;
 Prestam atividade socialmente relevante;
 Formalizam vínculos formais com o Estado;
 Recebem benefícios públicos que se inserem na ideia fomento público.

7.3. Entidades integrantes do Terceiro Setor


Conforme doutrina majoritária, merecem destaque as organizações sociais
(OS), as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e os serviços
sociais autônomos (Sistema S).

7.3.1. Serviço Social Autônomo (Sistema S)


São entidades criadas por confederações privadas para exercerem atividades
de amparo relacionadas ao campo profissional. Dependem da edição de lei para serem
criadas e recebem contribuição social cobrada da iniciativa privada.

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São exemplos de serviço social autônomo: SESC, SESI, SENAI, SENAT, SEBRAE, e
SEST.

7.3.2. Organização Social (OS)


As organizações sociais estão regulamentadas na Lei 9.637/1998. Trata-se de
entidades privadas que celebram contrato de gestão com o Estado para a busca de
metas sociais e em contrapartida recebem uma contraprestação pública.
A qualificação de uma entidade privada como organização social é atividade
discricionária da administração pública.

7.3.3. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)


As organizações da sociedade civil de interesse público estão regulamentadas
na Lei 9.790/1999. Essas entidades celebram com o Estado termos de parceria para
atender os objetivos sociais estabelecidos em lei, entre eles: a assistência social,
defesa do patrimônio histórico e artístico, preservação e conservação do meio
ambiente, combate à pobreza e implementação de tecnologias voltadas à mobilidade
das pessoas.
A qualificação de uma entidade como OSCIP é atividade vinculada da
administração pública.

7.4. Aspectos relevantes

 Foro processual: Justiça Estadual;


 Controle: será exercido pelo ente parceiro, pelo Ministério Público e pelo
Tribunal de Contas;
 Regime de pessoal: emprego público, devendo o processo seletivo ser realizado
por meio de um processo seletivo objetivo, uma vez que essas entidades
recebem recursos públicos;

Em relação ao regime de pessoal é de extrema importância a leitura da ADI 2135/DF


que declarou a inconstitucionalidade da redação do caput do art. 39 da CRFB, dada

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pela EC 19/1998.

 Patrimônio: em regra são bens privados;


 Gozam de tratamento tributário privilegiado.

7.5. Licitação
É entendimento majoritário a desnecessidade de licitação para a formalização
de parcerias com o Terceiro Setor, uma vez que elas possuem natureza jurídica de
convênio. No entanto, o poder público deverá respeitar o princípio da impessoalidade
ao firmar parcerias com essas entidades.

Uma questão muito importante diz respeito as contratações com as verbas


repassadas pelo Poder Público. Nestes casos, é obrigatória a licitação? Na ADI 1923, o
STF decidiu que a Lei 9637/98 e o art. 24, XXIV da Lei 8666/93 não contrariam a
Constituição Federal. No entanto, a qualificação das entidades bem como a
operacionalização das suas atividades devem observar os princípios da Administração
Pública.

Resolução de questões

1. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: MPE/RR – Prova: Promotor de Justiça


Substituto). Determinado estado da Federação pretende propor a celebração de
parceria com uma organização da sociedade civil na área de preservação do meio
ambiente, visando à consecução de interesse público e recíproco. Tal parceria
envolverá o repasse de recursos financeiros do estado para a organização. Nessa
situação, deverá ser firmado o instrumento denominado
a) termo de parceria, realizado mediante prévio chamamento público.
b) termo de colaboração, realizado mediante prévio chamamento público.
c) convênio, que dependerá de prévia licitação.
d) acordo de cooperação, que prescinde de licitação.

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Gabarito: B
Justificativa:
a) ERRADA – O termo de parceria é o instrumento firmado entre o Poder Público e as
entidades qualificadas como OSCIP destinado à formação de vínculo de cooperação
entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público (art.
9o da Lei 9790/99).
b) CORRETA – O termo de colaboração é o instrumento pelo qual são formalizadas as
parcerias estabelecidas pela administração pública com OSC para a consecução de
finalidades de interesse público e recíproco propostas pela administração pública que
envolvam a transferência de recursos financeiros (art. 2o, VII da Lei 13019/14).
c) ERRADA – O convênio decorre de acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento que
discipline a transferência de recursos financeiros e que tenha como partícipe, de um
lado, órgão ou entidade da administração pública federal, e, de outro lado, órgão ou
entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, ou ainda, entidades
privadas sem fins lucrativos, que visem a execução de programa de governo (art. 1 o, I
do Dec 6170/07).
d) ERRADA – O acordo de cooperação é o instrumento pelo qual são formalizadas as
parcerias estabelecidas pela administração pública com OSC para a consecução de
finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam a transferência de
recursos financeiros (art. 2, VIII-A da Lei 13.019/14).

2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Acerca da intervenção do Estado na propriedade, das licitações e dos
contratos administrativos, julgue o seguinte item.
“No caso de parceria a ser firmada entre a administração pública e organização da
sociedade civil, se não houver transferências voluntárias de recursos, deverá ser
utilizado o instrumento jurídico estabelecido em lei denominado acordo de
cooperação.”
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo

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Justificativa: A afirmativa está correta, pois o acordo de cooperação é o instrumento


pelo qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com
OSC para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco que não
envolvam a transferência de recursos financeiros, nos termos do art. 2, VIII-A da Lei
13.019/14

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: TJ/PR – Prova: Juiz Substituto). Acerca das
entidades paraestatais e do terceiro setor, assinale a opção correta.
a) Segundo o STF, o procedimento de qualificação pelo poder público de entidades
privadas como OS prescinde de licitação.
b) Segundo o STF, as atividades de saúde, ensino e cultura devem ser viabilizadas por
intervenção direta do Estado, não podendo a execução desses serviços essenciais ser
realizada por meio de convênios com organizações sociais.
c) Cumpridos os requisitos legais, caso uma OS requeira a qualificação como OSCIP, o
poder público deverá outorgar-lhe o referido título, pois se trata de decisão vinculada
do ministro da Justiça.
d) Caso uma OSCIP ajuíze ação cível comum de rito ordinário, o foro competente para
o julgamento da causa será a vara da fazenda pública, se existente na respectiva
comarca, já que se trata de uma entidade que integra a administração pública.

Gabarito: A
Justificativa:
a) CORRETA – O STF julgou parcialmente procedente a ADI 1923/DF, interpretando
conforme a Constituição as normas que dispensam licitação em celebração de
contrato de gestão.
b) ERRADA – O STF na ADI 1923/DF manteve a redação o art. 1o da Lei 9637/98, que
dispõe que o Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao
ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.
c) ERRADA – Nos termos do art. 2º, IX, da Lei 9790/99, a OS não pode ser qualificadas
como OSCIP.

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d) ERRADA – A OSCIP, por ser pessoa jurídica de direito privado não integrante da
Administração Pública, deverá sujeitar-se às regras processuais aplicáveis às pessoas
jurídicas de direito privado.

4. (Ano: 2016 – Banca: VUNESP – Órgão: Prefeitura de Mogi das Cruzes/SP – Prova:
Procurador Jurídico). A Lei Federal nº 13.019/14 institui um instrumento por meio do
qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela Administração Pública com
organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e
recíproco, sendo que tais parcerias decorrem de planos de trabalho propostos pelas
organizações da sociedade civil e envolvem a transferência de recursos financeiros. A
referida lei define esse instrumento como termo de:
a) fomento.
b) colaboração.
c) parceria.
d) chamamento público.
e) gestão.

Gabarito: A
Justificativa: O termo de colaboração é o instrumento pelo qual são formalizadas as
parcerias estabelecidas pela administração pública com OSC para a consecução de
finalidades de interesse público e recíproco propostas pela administração pública que
envolvam a transferência de recursos financeiros (art. 2o, VII da Lei 13019/14).
O termo de parceria é o instrumento firmado entre o Poder Público e as entidades
qualificadas como OSCIP destinado à formação de vínculo de cooperação entre as
partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público (art. 9 o da Lei
9790/99).
O chamamento público é o procedimento destinado a selecionar OSC para firmar
parceria, no qual se garanta a observância dos princípios da isonomia, da legalidade,
da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
dos que lhes são correlatos.

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O Contrato de Gestão é o ajuste celebrado pelo Poder Público com órgãos e entidades
da Administração direta, indireta e entidades privadas ampliando-lhes a autonomia
gerencial, orçamentária e financeira ou para prestação de variados auxílios com
fixação de metas de desempenho na consecução de seus objetivos.

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Capítulo 8
SERVIÇO PÚBLICO

1. Conceito
Não há na doutrina um consenso a cerca do conceito de serviço público. A
doutrina majoritária brasileira adota o conceito amplo em que o serviço público é toda
atividade criada por lei, cujo o titular é o Estado ou particular delegatário, com o
objetivo de atender ao interesse público, sendo submetida ao regime do Direito
Público.

2. Criação
O serviço público é atividade criada pela lei ou pela Constituição.

3. Princípios
Ao longo da evolução histórica, diversos princípios foram absorvidos pelo
campo do serviço público. Abaixo, listaremos os principais princípios reconhecidos pela
doutrina majoritária:

3.1. Princípio da continuidade do serviço público


Para este princípio, o serviço público deve ser prestado de forma ininterrupta,
contínua. Importante destacar que essa continuidade se dará de acordo com as
necessidades da sociedade, podendo ser absoluta ou relativa.
Conforme já descrito no Capítulo 2 deste material, o princípio da continuidade
traz três grandes discussões, são elas:

 O serviço público poderá interrompido em decorrência do inadimplemento do


usuário, trata-se de uma exceção reconhecida pelo STJ por conta do disposto
no art. 6o, § 3o, II da Lei 8.987/95.

Esta questão chegou no STJ a partir do conflito entre duas normas: o art. 22 do CDC e

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o art. 6o, § 3o, II da Lei 8.987/95. Em razão do princípio da especialidade, foi


consolidado o entendimento pela aplicabilidade da Lei 8.987/95. Porém, o próprio STJ
traz uma exceção, que é quando o Estado é o usuário do serviço. Neste caso, a
concessionária não poderá efetuar o corte quando o Estado estiver prestando serviço
essencial para a coletividade, como por exemplo, em hospitais públicos e creches.

 Exceção ao contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus): o


particular concessionário de serviço público não poderá interromper a sua
prestação, ainda que o poder público não cumpra com o contrato.
 Direito de greve dos servidores públicos: diante da ausência de norma
regulamentadora, o STF reconheceu o direito de greve dos servidores públicos
por analogia a Lei 7.783/95. Respeitando sempre a prestação dos serviços
essenciais.

No ano de 2007, o STF no julgamento de três mandados de injunção impetrados – um


pelo Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Espírito Santo (SINDIPOL), outro pelo
Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de João Pessoa (SINTEM), e
pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado do Pará (SINJEP) –
concluiu por assegurar aos seus associados o direito de greve estabelecido no art. 37,
VII, da CRFB em face da omissão legislativa. Tais decisões estão inseridas nos
informativos 308, 430, 462, 468, 480 e 484 do referido Tribunal.

3.2. Princípio da igualdade


Pelo princípio da igualdade, tanto o Poder Público quanto o particular
delegatário de serviço público, deverá prestá-lo igualmente para todos os usuários do
serviço.

3.3. Princípio da mutabilidade


O serviço público deve acompanhar as transformações da sociedade com o
objetivo de evitar sua deterioração.

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3.4. Princípio da generalidade


A prestação do serviço público deverá atender ao maior número de pessoas.

3.5. Princípio da modicidade


O valor cobrado para o usuário pela prestação do serviço deverá ser
proporcional ao custo deste serviço, com o fim de viabilizar o acesso ao maior número
de pessoas.

4. Classificação
A doutrina estabelece diversos critérios para a classificação do serviço público.
Vejamos abaixo as mais importantes:

4.1. Em relação ao usuário o serviço poderá ser:


 Uti singuli (específicos ou individuais): é aquele serviço prestado diretamente a
um indivíduo, como por exemplo o fornecimento de água. O pagamento é
através de uma taxa ou tarifa.
 Uti universi (gerais): são os serviços prestados para a coletividade. Em regra,
são cobrados por meio de impostos.

4.2. Em relação ao objeto será:


 Administrativo: quando executado pela administração pública para atender as
suas próprias necessidades. São as atividades-meio.
 Social: quando for executado para atender interesses de caráter social,
podendo ser prestado tanto pelo Poder Público quanto pelo particular.
 Econômico: são os serviços enquadrados como atividade econômica auferindo
renda para quem prestar este serviço.

4.3. Em relação à titularidade estatal, o serviço público poderá ser:


 Próprio: quando for de titularidade exclusiva do Estado e a execução for feita
pelo próprio ou por particular delegatário.
 Impróprio (ou virtual): quando se tratar de serviço cuja titularidade não for
exclusiva do Estado, mas for de relevante interesse social.

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5. Modalidades
A prestação do serviço público poderá ser prestada de forma direta ou indireta.
Será direta quando a prestação for executada pela própria administração pública, e,
indireta, quando prestada por um particular por meio de um contrato de concessão ou
permissão de serviço público.

6. CDC
Conforme a legislação em vigor, os serviços públicos submetem-se às regras do
Código de Defesa do Consumidor (CDC).
A doutrina diverge bastante quanto a amplitude da aplicação do CDC aos
serviços públicos. Diversas teorias surgiram para debater o tema, sendo tese
majoritária atualmente a incidência do CDC apenas aos serviços individuais (uti singuli)
remunerados por meio de tarifa.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: IMA – Órgão: Prefeitura de Penalva/MA – Prova: Procurador


Municipal). No que tange aos serviços públicos, é CORRETO afirmar que:
a) A concessão de serviço público, em regra, terá caráter de exclusividade.
b) O contrato de concessão de serviço público é ajuste de Direito Administrativo,
unilateral, oneroso, comutativo e realizado intuitu personae.
c) A encampação do serviço público é a retomada coativa do serviço, pelo poder
concedente, durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público.
d) Concessão de serviço público é a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa física ou
jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
prazo determinado.

Gabarito: C
Justificativa:
a) ERRADA – Conforme art. 16 da Lei 8987/95, a outorga não terá caráter de
exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica justificada.

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b) ERRADA – O contrato de concessão é bilateral e não unilateral.


c) CERTA – Na forma do art. 37 da Lei 8987/95.
d) ERRADA – Conforme art. 2°, II da Lei 8987/95.

2. (Ano: 2017 – Banca: IBADE – Órgão: PC/AC – Prova: Delegado de Polícia Civil).
Quanto ao tema dos serviços públicos e sua disciplina constante da Lei n° 8.987/1995,
assinale a alternativa correta.
a) Nas condições estabelecidas no contrato de concessão, o poder concedente
autorizará a assunção do controle ou da administração temporária da concessionária
por seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário
direto, para promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da
prestação dos serviços. Esta administração temporária, uma vez autorizada, acarretará
responsabilidade aos financiadores e garantidores em relação à tributação, encargos,
ônus, sanções, obrigações ou compromissos com terceiros, inclusive com o poder
concedente ou empregados.
b) No exercício da fiscalização, o poder concedente terá acesso aos dados relativos à
administração, contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da
concessionária. Ademais, tal fiscalização será feita por intermédio de órgão técnico do
poder concedente ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme
previsto em norma regulamentar, por comissão composta de representantes do poder
concedente, da concessionária e dos usuários.
c) Entende-se por concessão serviço público a delegação de sua prestação, feita pelo
poder concedente, mediante licitação, nas modalidades de concorrência ou
contratação integrada, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
d) Como o contrato de concessão de serviço público não é considerado um contrato
administrativo e, portanto, não pode conter cláusulas exorbitantes, o poder
concedente não possui atribuição para aplicação de penalidades regulamentares e
contratuais. Por outro lado, a bem do interesse público, poderá a Administração
intervir na prestação do serviço sempre que este não estiver sendo prestado de modo
adequado.

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e) Considera-se caducidade a retomada do serviço pelo poder concedente durante o


prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento de indenização. Declarada a caducidade, não
resultará para o poder concedente qualquer espécie de responsabilidade em relação
aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com empregados
da concessionária.

Gabarito: B
Justificativa:
a) ERRADA – Na forma do art.27 § 5º da Lei 8987/95, a administração temporária
autorizada não acarretará responsabilidade aos financiadores e garantidores em
relação à tributação, encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos com
terceiros, inclusive com o poder concedente ou empregados.
b) CORRETA – Conforme art. 30, PÚ da Lei 8987/95, no exercício da fiscalização, o
poder concedente terá acesso aos dados relativos à administração, contabilidade,
recursos técnicos, econômicos e financeiros da concessionária. A fiscalização será feita
por intermédio de órgão técnico ou por entidade com ele conveniada, e,
periodicamente.
c) ERRADA – A resposta se encontra no art. 2o, II da Lei 8987/95, na concessão de
serviço público a delegação de sua prestação, será feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e
por prazo determinado.
d) ERRADA – Nos termos do art. 4o da Lei 8987/95, a concessão de serviço público,
precedida ou não da execução de obra pública, será formalizada mediante contrato.
e) ERRADA – Neste caso, ocorrerá encampação e não caducidade.

3. (Ano: 2016 – Banca: MPE/PR – Órgão: MPE/PR – Prova: Promotor Substituto).


Assinale a alternativa incorreta:
a) O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito
privado;

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b) Os atos praticados por sociedades empresárias e por sociedades simples,


personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo
societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou
pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no
território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente,
que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da
administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo
Brasil, constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para
os fins da Lei n. 12.846/2013;
c) Segundo a Lei n. 11.079/2004, que institui normas gerais para licitação e
contratação de parceria público privada, a concessão patrocinada é o contrato de
prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens;
d) A requisição administrativa, como forma de intervenção temporária na propriedade,
encontra previsão no capítulo referente aos direitos e deveres individuais e coletivos
da Constituição Federal de 1988, que estabelece que no caso de iminente perigo
público a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada
ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
e) Serviço público adequado ao pleno atendimento dos usuários é aquele que satisfaz
as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas, conforme preceitua
a Lei n. 8.987/1995.

Gabarito: C
Justificativa:
a) CORRETA – Conforme §1o do art. 1o da Lei 11107/05, o consórcio público constituirá
associação pública ou pessoa jurídica de direito privado.
b) CORRETA – Nos termos do art. 5o da Lei 12846/13.
c) ERRADA – De acordo com o art. 2o, § 1o da Lei 11.079/04.
d) CORRETA – Conforme Art. 5°, XXV da CRFB.
e) CORRETA – Conforme §1o, art. 6o da Lei 8789/95.

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Capítulo 9
PODERES ADMINISTRATIVOS

1. Conceito
Poderes administrativos são prerrogativas que a Administração Pública possui
para que, no exercício das suas atividades, concretize os interesses da coletividade.
Estes poderes podem ser utilizados de forma isolada ou conjunta.
No exercício desses poderes, a Administração Pública deverá atuar
estritamente conforme as hipóteses impostas da lei (poder vinculado) ou poderá atuar
fazendo um juízo de conveniência e oportunidade, tendo uma maior liberdade de
atuação, mas sempre dentro dos limites legais (poder discricionário).

2. Desvio e excesso de poder


Os poderes administrativos devem ser utilizados exclusivamente para alcançar
o interesse público. Quando o uso desses poderes for abusivo, violando o princípio da
supremacia do interesse público, haverá uma ilegalidade, ou seja, um verdadeiro
abuso de poder.
Este abuso de poder poderá ocorrer de duas formas:

 Excesso de poder: quando a atuação do agente público ultrapassa a esfera da


sua competência;
 Desvio de poder (ou desvio de finalidade): quando o agente público atua com
finalidade diversa ao interesse público.

3. Espécies de poder e suas características

3.1. Poder hierárquico:


O poder hierárquico pressupõe a existência de níveis de subordinação na
estrutura interna da Administração Pública. Importante lembrar que este poder
desenvolve-se sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, ou seja, não há
hierarquia entre pessoas jurídicas distintas. Sendo assim, a relação existente entre as

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pessoas da Administração Direta e a Administração Indireta é meramente de


vinculação e não de hierarquia.
O poder hierárquico garante a Administração as prerrogativas de fiscalizar, dar
ordens, aplicar sanções, rever atos, controlar, resolver conflitos, delegar e avocar
competências.

3.2. Poder disciplinar:


O poder disciplinar consiste na aplicação de sanções às pessoas que possuem
algum vínculo com a Administração Pública, podendo este vínculo ser funcional
(punição aos seus servidores) ou negocial (infração administrativa praticada por
particular ligado à administração por vínculo jurídico específico).

3.3. Poder regulamentar ou normativo:


O poder regulamentar confere à Administração Pública a prerrogativa de editar
atos normativos. Este poder se materializa através dos seguintes tipos de decretos:

 Decretos regulamentares (ou de execução): atos secundários que definem


procedimentos para a fiel aplicação da lei. Sua edição é de competência
exclusiva do Chefe do Poder Executivo, não podendo ser delegada.
 Decretos autônomos: são atos primários que encontram fundamento na
própria Constituição. Os decretos autônomos podem conter normas dirigidas
aos cidadãos ou à organização e funcionamento da própria administração. A
competência para sua edição é do Chefe do Poder Executivo, podendo ser
delegada para outra autoridade.
 Regulamentos autorizados: ocorre quando o Poder Legislativo autoriza, por
meio de lei, o Poder Executivo a complementar disposições constantes nesta
lei. Esse complemento deve ser apenas de natureza técnica, como por
exemplo as normas editadas pelas agências reguladoras.

3.4. Poder de polícia:

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O poder de polícia é prerrogativa conferida à Administração Pública para


restringir e condicionar o exercício de direitos e práticas de atividades privadas, com o
fim de proteger os interesses da sociedade.
O conceito legal deste poder pode ser encontrado no art. 78 do CTN, sendo
considerado atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

3.4.1. Polícia administrativa x polícia judiciária


Para a doutrina majoritária, o conceito de poder de polícia pode ser concebido
por dois sentidos: amplo e restritivo. O sentido amplo compreende toda e qualquer
atividade estatal que restrinja a liberdade individual. Por sua vez, o sentido restritivo
corresponde às restrições oriundas da atividade administrativa estatal, advindo daí a
ideia de polícia administrativa.
A polícia administrativa possui caráter meramente preventivo, incidindo sobre
bens, direitos e atividades. É exercida pelos diversos órgãos integrantes da
Administração Pública.
A ideia de polícia administrativa não se confunde com a polícia judiciária, pois
esta será exercida por corporações especializadas para a apuração e repressão a
crimes. Desta forma, concluímos que a polícia judiciária possui caráter repressivo,
incidindo apenas sobre pessoas.

3.4.2. Ciclos do poder de polícia


Para professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto, o poder de polícia de
desenvolve em ciclos, sendo eles: legislação, consentimento, fiscalização e sanção.

 Legislação (ou ordem de polícia): diz respeito a edição de normas que limitam e
condicionam o exercício de atividades privadas e uso de bens. Está atrelado ao
princípio da legalidade.

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 Consentimento: esta fase condiciona o exercício de alguma atividade ao


consentimento da Administração Pública. Esse consentimento ocorre por meio
da concessão de licenças ou autorizações.
 Fiscalização: a Administração Pública deve verificar se o particular está
cumprindo as exigências impostas pela legislação (ordem de polícia), bem como
se estão sendo observadas as condições impostas na licença ou autorização.
 Sanção: sendo verificada alguma infração a ordem de polícia ou ao
consentimento oriundo de licença/autorização, deverá ser aplicada sanção
correspondente.

Das fases apresentadas, as únicas que estão sempre presentes em qualquer poder de
polícia são: a legislação e a fiscalização. Isso ocorre, pois o consentimento existirá
quando for necessária a expedição de licença ou autorização; e, a sanção quando
houver alguma irregularidade.

3.4.3. Delegação do poder de polícia


A possibilidade de delegação do poder de polícia é tema amplamente debatido
pela doutrina. A tese majoritária e o próprio STF entendem que é possível a delegação
para as apenas para as pessoas jurídicas de Direito Público integrantes da
Administração Indireta.
O professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto sustenta a possibilidade de
delegação das fases de consentimento e fiscalização para as pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Pública Indireta, pois são atividades que
não implicam na imposição de sanções.

3.4.4. Atributos do poder de polícia


O poder de polícia possui alguns atributos específicos, são eles:

 Discricionariedade: a Administração possui liberdade de atuação, seguindo os


critérios de conveniência e oportunidade, respeitando sempre os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade.

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 Autoexecutoriedade: a Administração pode praticar os seus atos


independentemente de prévia autorização judicial.
 Coercibilidade: as medidas adotadas pela Administração podem ser aplicadas
de forma coercitiva, inclusive mediante o emprego de força.

3.4.5. Limitações ao poder de polícia


O exercício do poder de polícia deverá observar os limites impostos pelo
ordenamento jurídico, bem como as garantias constitucionais. Destaca-se o respeito
ao princípio da proporcionalidade, não podendo o ato de polícia ultrapassar os seus
limites, sob pena de indenização para o particular atingido.

Um exemplo importante a cerca do poder de polícia está na Lei 13.301/2016, que


dispõe sobre a adoção de medidas de vigilância em saúde quando verificada situação
de iminente perigo à saúde pública pela presença do mosquito transmissor do vírus
da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika. Esta lei prevê o ingresso forçado
em imóveis para a eliminação de criadouros do mosquito, não havendo que se falar
em violação ao direito de propriedade.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: FCC – Órgão: TJ/SC – Prova: Juiz Substituto). Sobre o exercício
do poder disciplinar da Administração Pública, é correto afirmar que tal poder:
a) é exercido somente em face de servidores regidos pelas normas estatutárias, não se
aplicando aos empregados públicos, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
b) admite a aplicação de sanções de maneira imediata, desde que tenha havido prova
inconteste da conduta ou que ela tenha sido presenciada pela autoridade superior do
servidor apenado.
c) é aplicável aos particulares, sempre que estes descumpram normas regulamentares
legalmente embasadas, tais como as normas ambientais, sanitárias ou de trânsito.
d) é extensível a sujeitos que tenham um vínculo de natureza especial com a
Administração, sejam ou não servidores públicos.

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e) não contempla, em seu exercício, a possibilidade de afastamentos cautelares de


servidores antes que haja o prévio exercício de ampla defesa e contraditório.

Gabarito: D
Justificativa:
a) ERRADA – O poder disciplinar aplica-se a todos os servidores, estatutários e
celetistas.
b) ERRADA – É vedada a aplicação de sanções de maneira imediata, por violação ao
contraditório e ampla defesa, bem como ao devido processo legal.
c) ERRADA – Diz respeito aos demais poderes administrativos.
d) CERTA – O poder disciplinar incide sobre todos aqueles que possuem vínculo
especial com a administração pública.
e) ERRADA – A Lei 8112/90 e Lei 8429/92 permitem o afastamento cautelar do
servidor.

2. (Ano: 2017 – Banca: IBADE – Órgão: PC/AC – Prova: Delegado de Polícia Civil). No
que tange aos Poderes e Deveres da Administração Pública e dos administradores
públicos, assinale a alternativa correta.
a) O dever-poder de polícia pode ser integralmente delegado a pessoas jurídicas de
direito privado.
b) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o exercício da competência
regulamentadora, no contexto do dever-poder normativo, não é exclusivo do Chefe do
Poder Executivo. Assim, atos normativos podem ser exarados por agências reguladoras
ou mesmo por órgãos colegiados da Administração direta ou indireta.
c) De ordinário, a noção de dever-poder hierárquico compreende a possibilidade do
chefe expedir ordens aos seus subordinados, contudo, este dever-poder não comporta
a possibilidade de controle ou mesmo a revisão de atos do subordinado pelo superior
hierárquico.
d) O dever-poder normativo é incompatível com a existência dos denominados
regulamentos autorizados, porque questões técnicas devem ser tratadas por leis e não
por regulamentos expedidos no contexto da função administrativa.

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e) A supremacia geral não fundamenta o dever-poder de polícia, mas sim o dever-


poder disciplinar.

Gabarito: B
Justificativa:
a) ERRADA – É possível a delegação das fases de consentimento e fiscalização do poder
de polícia.
b) CERTA – Trata-se da deslegalização (despolitização), pela qual as agências
reguladoras podem inovar no ordenamento em relação as normas técnicas.
c) ERRADA – No poder disciplinar é possível sim o controle ou revisão dos atos
administrativos.
d) ERRADA – O dever-poder normativo é compatível com a existência dos
denominados regulamentos autorizados.
e) ERRADA – No poder de polícia a administração pública atua numa posição de
supremacia, através da imposição de limites e obrigações aos particulares.

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Acerca do direito administrativo, julgue o item que se segue.
“O exercício do poder de polícia reflete o sentido objetivo da administração pública, o
qual se refere à própria atividade administrativa exercida pelo Estado”.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo
Justificativa: A noção de administração pública compreende-se a partir de dois
sentidos: objetivo e subjetivo. O sentido objetivo consiste na defesa do interesse
público, enquanto que o sentido subjetivo consiste no exercício da função
administrativa.

4. (Ano: 2017 – Banca: FGV – Órgão: ALERJ – Prova: Procurador). A Assembleia


Legislativa do Estado do RJ recebeu dezenas de reclamações de consumidores a
respeito da precariedade no serviço público de fornecimento de energia elétrica em

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determinado bairro da Zona Oeste, consistente em constantes interrupções e quedas


de energia. Tais denúncias foram encaminhadas ao PROCON Estadual que, após
processo administrativo, aplicou multa à concessionária do serviço público. Em tema
de poderes da Administração Pública, de acordo com a doutrina e a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, a providência adotada pelo PROCON está:
a) errada, eis que a sanção de multa decorre do poder normativo do órgão superior do
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e da ANEEL;
b) errada, eis que a sanção de multa decorre do poder regulamentar da ANEEL em
relação à transgressão dos preceitos do Código de Defesa do Consumidor;
c) correta, eis que a sanção de multa decorre do poder de polícia do órgão que integra
o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor;
d) correta, eis que a sanção de multa decorre do poder hierárquico do órgão que
integra o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor;
e) correta, eis que a sanção de multa decorre do poder disciplinar do PROCON em
relação à transgressão dos preceitos do Código de Defesa do Consumidor.

Gabarito: C
Justificativa: No AgRg no AREsp 476062 SP, o STJ reconheceu a possibilidade do
PROCON aplicar multas relacionadas às transgressões ao CDC.

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Capítulo 10
ATO ADMINISTRATIVO

1. Conceito
Ato administrativo é espécie do gênero ato jurídico, que se caracteriza por ser
ato unilateral da Administração Pública ou de particular delegatário, sujeitos ao regime
do Direito Público para a produção de efeitos jurídicos com a finalidade de atender o
interesse público.
Os atos administrativos são típicos do Poder Executivo, mas também poderão
editar esses atos o Poder Legislativo e Judiciário no exercício de gestão interna.
Por vezes a Administração atua no âmbito do Direito Privado, isso ocorre
através das entidades que atuam no domínio econômico, como por exemplo, as
empresas públicas e sociedades de economia mista. Nestes casos, os atos emitidos por
essas entidades também serão considerados administrativos, quando editados no
exercício de atividade administrativa por imposição constitucional, sendo impugnáveis
através de mandado de segurança.

2. Fato administrativo
Trata-se de eventos materiais que repercutem no mundo jurídico. Em regra, é
mera consequência dos atos administrativos.

3. Elementos do ato administrativo


Prevalece na doutrina o entendimento de que são cinco os elementos que
constituem o ato administrativo: competência, forma, finalidade, motivo e objeto.

 Competência: somente agente público competente pode editar ato


administrativo. Somente a lei pode estabelecer competências, sendo assim,
este é um elemento vinculado. A competência é fixada em razão da matéria, do
território, da hierarquia e em razão do tempo. É, portanto, elemento
irrenunciável, intransferível, imodificável, imprescritível, improrrogável e de
exercício obrigatório.

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ATENÇÃO!! Em certas ocasiões, a competência poderá ser modificada


por meio da delegação ou da avocação. Delegação é a transferência precária de
determinadas atribuições para outro agente público. Avocação é o ato pelo qual um
superior chama para si o exercício de atribuições outorgadas ao seu subordinado,
trata-se de medida excepcional e que deve ser justificadamente relevante.

 Finalidade: é o elemento do ato que atende ao interesse público, ou seja, é o


resultado pretendido pelo ato. Qualquer desacordo com a finalidade do ato,
ficará configurado o desvio de finalidade (ou desvio de poder), tornando o ato
nulo, uma vez que o vício de finalidade não pode ser convalidado.

 Forma: é o modo pelo qual o ato administrativo se exterioriza. Em regra, a


forma exigida é a escrita, mas em situações excepcionais os atos poderão
assumir a forma não escrita, como por exemplo, por meio de placas de trânsito
ou ordens verbais emitidas por superior hierárquico. Eventual vício de forma
será passível de convalidação, salvo quando a forma do ato for determinada
por lei.

 Motivo: é a situação de fato ou de direito que determina a prática do ato, ou


seja, é a causa do ato. O estudo do motivo do ato administrativo está
intimamente relacionado ao da motivação do ato. Entende-se por motivação a
exteriorização do motivo. É quando o agente público expõe os motivos da
edição de determinado ato.
ATENÇÃO!! Teoria dos motivos determinantes – por esta teoria a
motivação deve guardar relação com os fatos que ensejaram a edição do ato
administrativo, ainda que a lei não exija motivação.

 Objeto: é o conteúdo do ato.

4. Ato discricionário e ato vinculado


A liberdade de atuação do agente público será definida pela lei. Essa atuação
poderá ser discricionária ou vinculada.

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A atuação será discricionária quando o legislador autorizar a edição do ato por


meio de critérios de conveniência e oportunidade. Já, na atuação vinculada, o agente
não possui nenhuma margem de liberdade, devendo seguir todos os elementos
previstos na norma.

4.1. Mérito administrativo


O mérito administrativo está presente nos atos discricionários, pois há neles
uma liberdade de apreciação dos critérios de conveniência e oportunidade. O agente
jaz um verdadeiro juízo de ponderação sobre o ato.

4.2. Controle do ato


O controle do ato administrativo poderá ser de legalidade ou de mérito. O
controle de legalidade é exercido pelo Poder Judiciário que poderá invalidar os atos
ilegais da administração (controle jurisdicional).
Já, o controle de mérito é aquele exercido pela própria Administração Pública
através da análise dos critérios de conveniência e oportunidade. É exercido através do
“princípio da autotutela” e já foi sumulado pelo STF.

Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

5. Atributos do ato
São atributos do ato administrativo: a presunção de legitimidade,
imperatividade e autoexecutoriedade.

5.1. Presunção de legitimidade

Por este atributo presume-se que ato administrativo está conformidade com o
ordenamento. Este atributo é inerente a todo administrativo, independentemente de

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norma, estando presente desde a edição do mesmo. Verificada alguma ilegalidade,


caberá ao administrado o ônus da prova de existência de vício no ato.

5.2. Imperatividade

A administração Pública pode, unilateralmente, criar obrigações ou impôr


restrições aos administrados.

5.3. Autoexecutoriedade

A Administração Pública pode executar atos independentemente de prévia


autorização judicial, inclusive utilizando-se da força, desde que de forma moderada.

6. Classificação

6.1. Quanto a sua formação, os atos podem ser:

Simples: quando editados por um único órgão;

Compostos: quando editados por dois órgãos. Sendo que um define o conteúdo do
ato, enquanto que o outro verifica a legitimidade.

Complexo: quando um único ato for editado por mais de um órgão.

6.2. Quanto ao destinatário:

 Individual: quando destinado a indivíduo determinado;

 Geral ou normativo: quando destinado a indeterminadas pessoas.

6.3. Quanto ao efeito:

 Constitutivo: é o ato que cria, modifica ou extingue direito;

 Declaratório: declara a existência de determinada situação ou reconhece


direitos;

 Enunciativo: atesta fato ou direito.

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6.4. Quanto a sua imperatividade, o ato será:

 De império: quando for decorrente do exercício do poder de império;

 De gestão: quando a administração editar ato na qualidade de gestora. São os


atos típicos da administração de bens e serviços.

6.5. Quanto a competência será:

 Vinculado: são atos cujos elementos estão previstos na legislação, o


administrador público não possui liberdade na sua atuação;

 Discricionário: são os atos que garantem ao administrador uma certa liberdade


na sua edição. Geralmente é feito um juízo de conveniência e oportunidade.

6.6. Quanto aos efeitos:

 Externo: atos cuja incidência ultrapassa os limites da Administração Pública,


atingindo, também, os particulares;

 Internos: surtem afeito apenas no âmbito da Administração Pública.

6.7. Quanto a retratabilidade:

 Revogável: são os atos que podem ser revogados a qualquer momento pelo
critério da conveniência e oportunidade;

 Irrevogáveis: são os atos que não podem ser revogados pela administração.

6.8. Em relação a executoriedade, o ato será:

 Executório: quando for editado por vontade da Administração Pública;

 Não executório: quando depender da manifestação do Poder Judiciário.

6.9. Quanto a sua formação:

 Perfeito: são os atos totalmente aptos a produzir efeitos a partir da sua


publicação;

 Imperfeitos: são os atos que ainda não estão completamente formados


dependem da edição de outro ato para se tornarem válidos;

 Pendentes: são atos perfeitos sujeitos a termo ou condição;

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 Consumados: são os atos que já produziram os seus efeitos.

O jurista francês Léon Duguit classifica os atos em: ato-regra, ato-condição e ato
subjetivo. O ato-regra, são aqueles que criam comandos gerais e abstratos. O ato-
condição é aquele praticado a partir de um ato-regra. Por fim, o ato subjetivo são
aqueles que criam situações concretas e pessoais. Esta classificação não é muito
aceita pela doutrina brasileira, mas seu estudo é importante, pois é tema cobrado por
algumas bancas de concurso.

7. Espécies

7.1. Ato normativo

São atos gerais e abstratos, cujo objetivo é dar o fiel cumprimento a lei. Estes
atos possuem conteúdo semelhando ao de uma lei, mas não inovam no ordenamento
jurídico. É exemplo de ato normativo o decreto regulamentar.

A partir da EC 32/2001, passou a existir no nosso ordenamento o decreto autônomo.


Estes decretos são submetidos as matérias de “reserva de administração”, ou seja,
organização da administração e extinção de cargo ou função pública.

7.2. Ato ordinatório

São atos internos da Administração Pública que derivam do exercício do poder


hierárquico, como por exemplo, as ordens de serviço e as circulares.

7.3. Ato negocial

São atos editados quando o particular depende de prévio consentimento da


administração. Um bom exemplo de ato negocial são as licenças.

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7.4. Ato enunciativo

A doutrina majoritária define o ato enunciativo como atos de conteúdo


declaratório.

Tipos de ato enunciativo:

 Certidão;

 Atestado;

 Parecer;

 Apostila;

7.5. Atos punitivos

São atos que restringem direitos ou impõem obrigações aos que estiverem em
desconformidade com a lei. São exemplos de atos punitivos as multas e apreensões.

8. Extinção

8.1. Anulação
A anulação ocorrerá quando o ato possuir vício de legalidade. A ilegalidade do
ato está na sua origem, sendo assim, sendo anulado o ato, essa extinção terá efeito
retroativo. Porém em certas ocasiões por razões de segurança jurídica, o ato ilegal
poderá surtir efeito por decisão devidamente motivada, modulando-se assim os seus
efeitos. Vide súmula 473 do STF.

8.2. Caducidade
Ocorre a caducidade quando o ato administrativo editado deixar de ser
compatível com nova norma jurídica.

8.3. Cassação

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Extinção do ato administrativo em decorrência do descumprimento das


condições impostas pela Administração Pública.

8.4. Revogação
Ocorre a revogação quando o ato for extinto por critério de conveniência e
oportunidade da própria Administração Pública.

9. Convalidação ou sanatória
A convalidação ou sanatória ocorrerá sempre que o ato possuir vício sanável.
Neste caso, a convalidação surtirá efeitos retroativos. Poderá ser:
 Voluntária: quando decorrer de manifestação da própria administração, por
meio de ratificação, reforma ou conversão;
 Involuntária: opera-se pelo decurso do tempo. É a denominada decadência
administrativa.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: FMP Concursos – Órgão: PGE/AC – Prova: Procurador do


Estado). Existem diversas alternativas possíveis quanto às hipóteses abstratas de
extinção dos atos administrativos, EXCETO:
a) o decurso do tempo.
b) a renúncia do interessado.
c) a revogação pelo Poder Judiciário.
d) a invalidação pela própria Administração.
e) o desaparecimento do pressuposto fático.

Gabarito: C
Justificativa: A alternativa “C” está incorreta, pois o Poder Judiciário não revoga ato
administrativo, apenas anula.

2. (Ano: 2017 – Banca: IMA – Órgão: Prefeitura de Penalva/MA – Prova: Procurador


Municipal). Os atos administrativos que se destinam a dar andamento aos processos e

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papeis que tramitam pelas repartições públicas, preparando para a decisão de mérito a
ser proferida pela autoridade competente, são classificados como:
a) Atos de império.
b) Atos de gestão.
c) Atos de expediente.
d) Atos normativos.

Gabarito: C
Justificativa: A questão diz respeito aos atos de expediente, mas vamos conceituar os
atos que estão nas outras alternativas.
→ Atos de império são aqueles praticados pela administração e impostos aos
particulares sem prévia autorização judicial. Há presença de supremacia do interesse
público.
→ Atos de gestão são aqueles praticados pela administração como se pessoa privada
fosse.
→ Atos normativos são aqueles que contém comando geral do Poder Executivo.

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). A prefeitura de determinado município brasileiro, suscitada por
particulares a se manifestar acerca da construção de um condomínio privado em área
de proteção ambiental, absteve-se de emitir parecer. Nessa situação, a obra poderá
ser iniciada, pois o silêncio da administração é considerado ato administrativo e produz
efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Errado
Justificativa: O silêncio da administração é fato administrativo e não ato.

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Capítulo 11
PROCESSO ADMINISTRATIVO

1. Conceito
O processo administrativo nada mais é que uma sequência de atos pelo qual é
possível obter uma decisão administrativa. Em âmbito federal, essa sequência de atos
é regulada pela Lei 9784/1999.

2. Classificação

2.1. Em relação a litigiosidade, o processo administrativo será:


 Não litigioso: quando não houver conflito de interesses;
 Litigioso: quando houver conflito de interesses entre a Administração Pública e
algum administrado.

2.2. Em relação aos interesses dos administrados:


 Ampliativo: é o processo que visa ampliar os direitos dos administrados.
 Restritivo: é o processo que tem por objetivo restringir direitos dos
administrados.

2.3. Quanto ao âmbito de incidência:


 Interno: diz respeito aos processos que envolvem a Administração Pública e
pessoa que com ela possua vínculo especial;
 Externo: são os processos que envolvem a Administração e algum particular;

2.4. Em relação ao conteúdo, o processo administrativo será:


 De controle: quando tiver como objetivo o controle de juridicidade de ato
administrativo;
 Punitivo: para aurar eventuais irregularidades;

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3. Princípios

3.1. Devido processo legal


Princípio consagrado pelo texto constitucional pelo qual a Administração
deverá respeitar todas as formalidades estabelecidas pela lei.

3.2. Contraditório e ampla defesa


O contraditório e a ampla defesa, também são princípios consagrados pela
Constituição Federal de 1988. Estes princípios garantem as partes o direito de serem
ouvidas e de se defenderem.

3.3. Oficialidade
Por este princípio a Administração pode instaurar e dar impulso ao processo,
independentemente de provocação da parte interessada.

3.4. Formalismo moderado


O processo administrativo não exige formalidades rígidas. Neste sentido, o STF
editou a seguinte súmula vinculante:

Súmula Vinculante no 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo


administrativo disciplinar não ofende a Constituição.

3.5. Publicidade
O processo administrativo deve ser transparente, com ampla publicidade de
todos os atos.

3.6. Duração razoável do processo


Princípio constitucional que garante as partes a razoável duração do processo
bem como a celeridade na tramitação.

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3.7. Motivação
Este princípio garante a motivação de todos os atos administrativos.

3.8. Gratuidade
O princípio da gratuidade veda a cobrança de despesas processuais nos
processos administrativos, salvo quando for estipulado em lei.

3.9. Participação
O novo modelo de Administração Pública é pautado numa maior participação
popular, é daí que decorre o princípio da participação.

3.10. Recorribilidade
Garante as partes a possibilidade de interposição de recursos contra decisões
em processos administrativos.

4. Fases do processo administrativo

4.1. Fase introdutória


Esta fase indica o início do processo administrativo, seja de ofício ou por
provocação de pessoa interessada.

4.2. Fase preparatória


Esta fase é caracterizada pela produção de provas e quaisquer outras
diligências cabíveis que contribuam para a decisão final do processo. O ônus da prova
cabe ao interessado, salvo quando ele declarar que os dados estão nos documentos
em posse da própria administração em que corre o processo.

4.3. Fase decisória


É a fase do processo administrativo que emite a decisão final da autoridade
competente.

5. Recursos

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5.1. Recurso hierárquico próprio


Trata-se de impugnação feita para autoridade hierarquicamente superior
àquela que proferiu a decisão. Atenção para a súmula vinculante 21.

Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento


prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

5.2. Recurso hierárquico impróprio


É o recurso interposto para autoridade fora da entidade que proferiu a decisão.

5.3. Pedido de reconsideração


Trata-se de um pedido de reexame da decisão para a própria autoridade que a
proferiu.

5.4. Revisão
Através da revisão é possível solicitar a qualquer momento a revisão da decisão
quando surgir fato novo ou circunstância relevante.

6. Processo Administrativo Disciplinar – PAD


Processo Administrativo Disciplinar é o meio pelo qual se investiga e aplica
punições aos agentes públicos, sendo de competência de cada ente federativo a
edição de normas referentes aos seus respectivos processos administrativos.

6.1. Sindicância Administrativa


É a fase preliminar do PAD e tem como objetivo apurar os indícios de infração e
autoria. Possui caráter inquisitório.

6.2. Fases do Processo Administrativo


O PAD possui três fases: instauração, inquérito e decisória.

 Instauração: é a fase inicial do processo que pode ser de ofício ou por


provocação da parte interessada.

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 Instrução: é a fase de produção de provas;


 Decisória: é a fase final do processo em que é emitida a decisão que poderá ser
condenatória ou absolutória.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: MPE/PR – Órgão: MPE/PR – Prova: Promotor Substituto). Sobre
competência administrativa, assinale a alternativa incorreta:
a) A Lei nº 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo), ao tratar da competência, prevê
que os atos de delegação e de avocação deverão ser publicados no meio oficial.
b) A delegação e a avocação são instrumentos de transferência temporária e
excepcional de competências.
c) Segundo a Lei nº 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo), não pode ser objeto de
delegação a edição de atos de caráter normativo, as decisões de recurso
administrativo e os atos de competência exclusiva.
d) A Constituição Federal de 1988 admite casos de delegação de atos normativos.
e) A Lei nº 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo) não traz vedação expressa e
absoluta à subdelegação de competência.

Gabarito: A
Justificativa: Para responder essa questão, é necessária leitura atenta da Lei 9784/99.
a) ERRADA – De acordo com o art. 14 da referida lei, apenas a delegação e sua
revogação deverão ser publicados em meio oficial.
b) CERTA – Nos termos do §2o do art. 14, a delegação é revogável a qualquer tempo.
Da mesma forma, é permitida a avocação temporária de competência atribuída a
órgão hierarquicamente inferior, conforme art. 15 da lei.
c) CERTA – A justificativa para esta alternativa está no art. 13 da lei.
d) CERTA – A justificativa para esta alternativa está no art. 68 e seus parágrafos da
referida lei.
e) CERTA.

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2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). O prefeito de um município brasileiro delegou determinada
competência a um secretário municipal. No exercício da função delegada, o secretário
emitiu um ato ilegal. Nessa situação, a responsabilidade pela ilegalidade do ato deverá
recair apenas sobre a autoridade delegada.

( ) Certa
( ) Errada

Gabarito: Certa
Justificativa: A afirmativa está correta e encontra fundamento no art. 14, §3 o da Lei
9784/99 e na Súmula 510 do STF.

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Com relação a processo administrativo, poderes da administração e
serviços públicos, julgue o item subsecutivo.
No processo administrativo, vige o princípio do formalismo moderado, rechaçando-se
o excessivo rigor na tramitação dos procedimentos, para que se evite que a forma seja
tomada como um fim em si mesma, ou seja, desligada da verdadeira finalidade do
processo.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo
Justificativa: A afirmativa está correta, pois nos termos do art. 1°, PÚ da Lei 9784/99,
nos processos administrativos deverão adotar formas simples, suficientes para
propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados. Ainda, nesta lei, o art. 22 explicita que os atos do processo
administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir.

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4. (Ano: 2017 – Banca: TRF 2ª Região – Órgão: TRF 2ª REGIÃO – Prova: Juiz Federal
Substituto). Analise as assertivas e, ao final, marque a opção correta:
I – No recurso administrativo, a reformatio in pejus é inconstitucional, por violar o
princípio da especialidade e da segregação das funções;
II – Das decisões administrativas cabe recurso, em regra, apenas nos aspectos que se
referem à legalidade do decidido, e a admissibilidade de que o recurso reveja o mérito
(conveniência e oportunidade) depende de explícita previsão legal, pena de afronta à
competência dos agentes públicos, previamente definida em lei;
III – É inconstitucional a exigência de depósito em dinheiro, ou arrolamento de bem,
para admissibilidade de recurso administrativo; é admissível, porém, a exigência de
fiança ou outra caução.
a) Apenas a assertiva II está correta.
b) Todas as assertivas são erradas.
c) Apenas a assertiva III é correta.
d) Apenas as assertivas I e III são corretas.
e) Todas as assertivas são corretas.

Gabarito: B
Justificativa: Na questão, todas as assertivas estão erradas. Vamos analisar o erro de
cada um delas.
I – Conforme PÚ do art. 64 da Lei 9784/99, se do recurso decorrer gravame à situação
do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da
decisão.
II – Nos termos do art. 56 da Lei 9784/99, das decisões administrativas cabe recurso,
em face de razões de legalidade e de mérito.
III – A Súmula Vinculante no 21 determina que é inconstitucional a exigência de
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo. Da mesma forma, o art. 56, §2o da Lei 9784/99, a interposição de
recurso administrativo independe de caução, salvo exigência legal.

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Capítulo 12
LICITAÇÃO

1. Conceito
Em regra, toda vez que a Administração Pública for contratar ela deverá realizar
um procedimento prévio denominado licitação. A licitação tem por objetivo buscar a
proposta mais vantajosa observando sempre o princípio da isonomia.
A licitação terá como objeto o conteúdo do contrato a ser realizado,
estabelecendo a Lei 8666/93 quatro objetos: as obras, os serviços, compras e
alienações.

No que tange aos serviços em geral, podemos defini-los como terceirização. O TCU
entende que só será legitima quando se tratar de contratação para o exercício de
atividade-meio da Administração em preservação a regra do Concurso Público
(Acórdão 391/2009 do TCU).

2. Princípios
O processo de licitação, além de respeitar os princípios expressos na
Constituição, deverá observar alguns princípios específicos. São eles:

2.1. Competitividade
O princípio da competitividade indica que a Administração Pública deverá
buscar a proposta mais vantajosa. Quanto mais a licitação for competitiva, mais
vantajosa será a proposta para a Administração.

2.2. Vinculação ao instrumento convocatório


O instrumento convocatório da licitação é o edital ou a carta convite. Esses
instrumentos são considerados como “lei” entre o Poder Público e os licitantes, por
este motivo, devem ser observadas as regras neles contidas sob pena de acarretar
ilegalidade ao certame.

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2.3. Julgamento objetivo


O julgamento do processo de licitação deve ser pautado em critérios objetivos
estabelecidos no instrumento convocatório. Conforme a legislação em vigor, esses
critérios devem ser: menor preço, melhor técnica, técnica e preço, e, maior lance ou
oferta.

2.4. Sigilo das propostas


As propostas apresentadas devem ser mantidas em sigilo até a data da
abertura de todas elas em conjunto.

3. Função regulatória da licitação


Conforme a doutrina majoritária, a licitação serve não só para a Administração
Pública contratar, mas serve também para atender outras funções públicas, como por
exemplo, promover um desenvolvimento sustentável e a inclusão de pessoas
deficientes. Uma verdadeira função regulatória.

4. Sistema de registro de preços


O sistema de registro de preços é o meio utilizado pela Administração Pública
para registrar as propostas mais vantajosas para futuras contratações. Em regra, é
realizado na modalidade concorrência ou pregão.
Será possível usar o sistema de registro de preços quando: houver necessidade
de contratações frequentes; for conveniente a aquisição de bens ou contratação de
serviço de forma parcelada; for conveniente a aquisição de bens ou contratação de
serviço para mais de um órgão ou entidade; e, for impossível quantificar a natureza do
objeto a ser demandado pela Administração.
Seu principal objetivo é racionalizar as contratações, ou seja, a Administração
realiza apenas uma única licitação para registrar preços para futuras contratações.
Ao final será elaborada uma “ata de registro de preços” em que ficarão
registrados todos os preços. Esta ata terá o prazo de validade de um ano.

4.1. Efeito Carona

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O efeito carona ocorre quando um órgão ou entidade administrativa que não


participaram do registro de preço, utiliza a ata de registo de preços de outro órgão ou
entidade para realizar as suas contratações.

5. Destinatários
Conforme legislação em vigor, são destinatários do processo de licitação os
entes da Administração Pública Direta e Indireta, bem como as entidades controladas
direta ou indiretamente pelo Estado.

6. Contratação direta
A regra para contratação pelo Poder Público é a licitação. No entanto, a lei em
vigor estabelece algumas situações em que o Poder Público poderá contratar
diretamente, seja por ser inviável por ausência de competição ou inconveniente.

6.1. Licitação dispensada


A licitação dispensada cabe nos casos elencados no art. 17, I e II da Lei 8666/93.
As hipóteses elencadas neste artigo são taxativas, não tendo a Administração Pública
qualquer possibilidade de discricionariedade. O principal objeto destes contratos é a
alienação de bens.

6.2. Dispensa de licitação


A dispensa de licitação está prevista no art. 22 da Lei 8666/93, que possui rol
taxativo, mas que cujas hipóteses dependem de um juízo de conveniência e
oportunidade da Administração Pública para que ocorra a dispensa.
Caberá dispensa de licitação quando: o valor da contratação for reduzido;
houver situação emergencial; a licitação for deserta; houver intervenção no domínio
econômico; a licitação for frustrada; houver contratação de entidades administrativas;
for caso de segurança nacional; houver compra e locação de imóveis; haver
necessidade de complementação do objeto contratual; for compra de gêneros
perecíveis; houver contratação com entidades sem fins lucrativos, entre outros.

6.3. Inexigibilidade de licitação

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Ocorrerá inexigibilidade nas hipóteses previstas no art. 25 da Lei 8666/93,


casos em que a competição será inviável. O rol apresentado neste artigo é
exemplificativo, cabendo a Administração Pública verificar a impossibilidade de
competição.
Será inexigível a licitação nos seguintes casos: fornecedor exclusivo, serviço
técnico especializado, artista consagrado e credenciamento.

ATENÇÃO! Súmula 252 do TCU: A inviabilidade de competição para a contratação de


serviços técnicos, a que alude o inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/1993, decorre da
presença simultânea de três requisitos: serviço técnico especializado, entre os
mencionados no art. 13 da referida lei, natureza singular do serviço e notória
especialização do contratado.

7. Modalidades de licitação
A legislação estabelece algumas modalidades de licitação cujos critérios devem
ser observados pela Administração Pública. Estas modalidades estão previstas na Lei
8666/93 (concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão), Lei 10520/2002
(pregão) e Lei 9986/2000 (consulta).

OBSERVAÇÃO!! Há ainda uma outra modalidade denominada RDC (Regime


diferenciado de contratação) que será estudado com detalhes mais à frente.

7.1. Concorrência
É a modalidade utilizada para contratações de grande vulto, sendo cabível para
valores acima de R$ 1.500.000,00 nas contratações de obras e serviços de engenharia
e valor acima de R$ 650.000,00 para compras e demais serviços. É a regra para os
processos licitatórios e está prevista no art. 23 da Lei 8666/1993.

7.2. Tomada de preços


Esta modalidade é exigida para contratações de médio vulto, ou seja, para
obras e serviços de engenharia com valor até R$ 1.500.000,00 e para compras e

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demais serviços de até R$ 650.000,00. A tomada de preços está prevista no art. 23 da


Lei 8666/1993.
Um item importante que não pode passar despercebido é quando na licitação
envolver consórcio público. Nestes casos, estes valores serão em dobro para
consórcios com até três entes federativos e será o triplo quando o consórcio for
formado por mais de três entes.

7.3. Convite
Convite é modalidade de licitação prevista no art. 23 da Lei 8666/1993 exigível
para contratações de menor vulto. Desta forma, as obras e serviços de engenharia de
valor até R$ 150.000,00 e compras e demais serviços até R$ 80.000,00 seguirão a
modalidade convite. Importante lembrar que, em relação aos consórcios aplicar-se-ão
as mesmas regras mencionadas no item anterior.
Poderão participar do convite os convidados (cadastrados ou não) e os não
convidados (mas cadastrados) que manifestarem interesse até 24 horas antes da
apresentação das propostas. Mas atenção:

Súmula 248 do TCU: Não se obtendo o número legal mínimo de três propostas aptas
à seleção, na licitação sob a modalidade Convite, impõe-se a repetição do ato, com a
convocação de outros possíveis interessados ressalvados as hipóteses previstas no
parágrafo 7º, do art. 22, da Lei nº 8.666/1993.

7.4. Concurso
Haverá o concurso para escolha de trabalho técnico, artístico e científico,
mediante entrega de prêmio ou remuneração. Esta modalidade está prevista no art. 22
da Lei 8666/1993.
A modalidade concurso não se confunde com o concurso público, pois na
primeira o objetivo é a contratação de trabalho, e, na segunda o objetivo é o
provimento de cargo ou emprego público.

7.5. Leilão

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O leilão está previsto no art. 22 da Lei 8666/1993, é a modalidade de licitação


para alienação de: bens móveis inservíveis, produtos legalmente apreendidos ou
penhorados e bens imóveis adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante dação
em pagamento.
Será definido um valor mínimo de arrematação para o bem a ser leiloado,
sendo declarado vencedor aquele que oferecer maior lance (igual ou superior) ao valor
da avaliação.

7.6. Pregão
O pregão é modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns.
Está previsto na Lei 10520/2002.
Entende-se por bem ou serviço comum aqueles cujos padrões de desempenho
possam ser objetivamente definidos no edital, por meios das especificações usuais no
mercado.

7.7. Consulta
São as licitações realizadas pelas agências reguladoras. Encontra previsão na Lei
9986/2000. Esta modalidade será cabível quando não for possível a realização de
licitação na modalidade pregão.

8. Procedimento
O procedimento licitatório variará de acordo com a modalidade adotada.

8.1. Fase interna


É a fase preparatória da licitação, compreende os atos preparatórios antes da
publicação do instrumento convocatório. Não encontra previsão normativa.
Nesta fase há: requisição de objeto, exposição de motivos, pesquisa de
mercado, declaração orçamentária, autorização do ordenador de despesas, formação
da comissão licitante, elaboração da minuta da licitação e do contrato. Realizado todo
este processo, os documentos serão enviados para o órgão de consultoria jurídica que
elaborará parecer autorizando o início da fase externa.

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8.2. Fase externa


É a fase em que o instrumento convocatório é publicado, tendo início aqui a
licitação. Caso algum cidadão verifique alguma irregularidade, ele poderá impugnar o
edital até 5 dias antes da data da abertura das propostas. A Administração Pública
deverá julgar e responder a impugnação em até três dias úteis. No caso de formulação
de pedido de esclarecimento, a interpretação vinculará a Administração e os demais
interessados, é o que decidiu o STJ no REsp 198665/RJ.

ADMINISTRATIVO. CONCORRÊNCIA PÚBLICA. CONSULTA. A resposta de consulta a


respeito de cláusula de edital de concorrência pública é vinculante; desde que a regra
assim explicitada tenha sido comunicada a todos os interessados, ela adere ao edital.
Hipótese em que, havendo dissídio coletivo pendente de julgamento, a resposta à
consulta deu conta a todos os licitantes de que os reajustes salariais dele decorrentes
seriam repassados para o preço-base; irrelevante o argumento de que o dissídio coletivo
assegurou reajuste salarial não previsto em lei, porque prevalece, no particular, a
decisão do Superior Tribunal do Trabalho, que se presume conheça e aplique a lei, de
que é o intérprete definitivo no seu âmbito de competência. Recurso especial não
conhecido. (REsp 198.665/RJ STJ)

8.3. Habilitação
Nesta fase a Administração Pública verificará a idoneidade do particular que
com ela deseja contratar. A habilitação deve observar os requisitos estabelecidos em
lei, são eles:

 Habilitação jurídica: é o requisito que comprova a existência do licitante no


mundo jurídico, possuindo então capacidade para contrair direitos e
obrigações.
 Qualificação técnica: o licitante deve demonstrar que possui aptidão técnica
para executar o objeto do contrato.
 Qualificação econômico financeira: comprovação da capacidade financeira do
licitante para a execução do contrato. Essa comprovação pode ocorrer através
da apresentação do balanço patrimonial, das demonstrações contábeis do
último exercício social, certidão negativa de falência ou concordata, e, da
exigência de garantia do licitante, limitada a 1% do valor estimado para a
contratação.

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 Regularidade fiscal e trabalhista: o licitante deve demonstrar que está


adimplente com as obrigações fiscais e trabalhistas. A comprovação da
regularidade fiscal ocorre por meio da apresentação de uma certidão negativa
de débitos ou certidão positiva com efeitos de negativa, e, a comprovação da
regularidade trabalhista será através de certidão negativa de débitos
trabalhistas (CNDT).
 Não exploração do trabalho infantil: o licitante deverá demonstrar que não
possui menor de 18 anos exercendo trabalho noturno, perigoso ou insalubre,
nem que possui trabalhadores menores de 16 anos, salvo na qualidade de
aprendiz, conforme disposto no art. 27, V da Lei 8666/1993 e art. 7º, XXXIII da
Constituição Federal de 1988.

8.4. Julgamento
Nesta fase, a Administração Pública irá selecionar a melhor proposta através
dos seguintes critérios objetivos: menor preço, melhor técnica, técnica e preço, e,
maior lance ou oferta.
Ao término, a Administração Pública estabelecerá uma ordem classificatória em
que será declarado o vencedor da licitação.

8.5. Homologação e adjudicação


Na homologação será atestada a validade do procedimento licitatório e haverá
confirmação do interesse na contratação.
A adjudicação é o fim da licitação, que garante ao vencedor a garantia de que a
contratação será realizada com o primeiro colocado.

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. REVOGAÇÃO.


LICITANTE VENCEDOR. DIREITO À CONTRATAÇÃO. INEXISTÊNCIA. - Os atos
administrativos, a despeito de gozarem de presunção de legitimidade e auto-
executoriedade, podem ser anulados ou revogados pela própria Administração, de
ofício, quando eivados de ilegalidade, ou por motivo de conveniência, na
preservação do interesse público. - É incontroverso na doutrina e na jurisprudência
que a adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor confere mera
expectativa de direito de contratar, submetendo-se ao juízo de conveniência e
oportunidade da Administração Pública a celebração do negócio jurídico. - A

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revogação de procedimento licitatório em razão da inexistência de suficientes


recursos orçamentários, bem como em razão da inconveniência da aquisição de
equipamentos sofisticados, não gera direito à contratação. - Mandado de
segurança denegado.
(STJ - MS: 4513 DF 1996/0021490-5, Relator: Ministro VICENTE LEAL, Data de
Julgamento: 01/08/2000, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: --> DJ
04/09/2000 p. 114)

9. Anulação e revogação
Ocorrerá anulação da licitação quando for verificada alguma ilegalidade no
procedimento, podendo ser declarada pela própria Administração Pública ou pelo
Poder Judiciário. Pode ser declarada a qualquer momento, não gerando, em regra o
dever de indenizar.
Já, a revogação ocorrerá por razões de interesse público ou de fatos
supervenientes devidamente comprovados. Somente a Administração Pública poderá
revogar licitação, podendo ser feita a qualquer momento. De acordo com a doutrina
majoritária, a revogação gera direito de indenização pelas despesas realizadas pelo
vencedor da licitação.

10. Recurso administrativos


A Lei 8666/1993 admite a interposição de três recursos em sentido amplo:
recurso hierárquico, representação e pedido de reconsideração.
Em sentido estrito, caberá recurso nos casos de habilitação ou inabilitação,
julgamento de propostas, anulação ou revogação da licitação, indeferimento do
pedido de inscrição, rescisão do contrato e em casos de aplicação de algumas penas.
Nestes casos, o recurso será admitido no prazo de 5 dias a contar da intimação ou da
lavratura da ata. Este prazo de interposição será de 2 dias quando se tratar de licitação
na modalidade convite.

11. Microempresas e empresas de pequeno porte


As microempresas e empresas de pequeno porte recebem tratamento
diferenciado nos processos licitatórios. Vejamos alguns deles:

11.1. Regularidade fiscal e trabalhista

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As microempresas e empresas de pequeno porte podem corrigir eventuais


falhas nos documentos de regularidade fiscal e trabalhista, no prazo de 5 dias úteis a
contar da declaração do vencedor do certame, prorrogável por igual período

11.2. Empate ficto ou presumido


Presume-se o empate quando as propostas apresentadas pelas microempresas
e empresas de pequeno porte forem iguais ou até 10% superiores a melhor proposta.

11.3. Licitação diferenciada


A legislação estabelece algumas hipóteses de licitações diferenciadas para as
microempresas e empresas de pequeno porte, são elas: licitações até o valor de R$
80.000,00 reservadas exclusivamente para essas empresas, exigência de que o licitante
realize subcontratações com essas empresas, e, reserva de cota de até 25% do objeto
em certames para aquisições de bens e serviços de natureza divisível.

12. Regime diferenciado de contratação – RDC


O RDC está regulamentado no Decreto 7581/2011 e só poderá ser aplicado aos
casos enumerados no texto do decreto. A opção de uso pelo RDC afasta a incidência da
Lei 8666/1993, salvo quando houver disposição em contrário.
O RDC tem como objetivo a ampliação da eficiência nas contratações públicas
e a competitividade entre os licitantes, a promoção da troca de experiências e
tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público,
fomento à inovação tecnológica, e, garantia de tratamento isonômico entre os
licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.
Vejamos algumas características:

 Ocorre exclusivamente na modalidade pregão eletrônico;


 Inversão das fases de habilitação e julgamento;
 Adoção dos modos de disputa aberto e fechado;

Resolução de Questões

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1. (Ano: 2017 – Banca: IMA – Órgão: Prefeitura de Penalva/MA – Prova: Procurador


Municipal). À luz da Lei n. 8.666/93, no que concerne a composição da comissão
permanente de licitação, é CORRETO afirmar:
a) A comissão permanente de licitação será composta de, no mínimo, três servidores
qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração
responsáveis pela licitação.
b) A comissão permanente de licitação será composta de, no mínimo, cinco membros,
sendo pelo menos três deles servidores qualificados pertencentes aos quadros
permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação.
c) A comissão permanente de licitação será composta de, no mínimo, três membros,
sendo pelo menos dois deles servidores qualificados pertencentes aos quadros
permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação.
d) No caso de convite, a comissão de licitação, excepcionalmente, nas empresas
públicas e em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por
servidor formalmente designado pela autoridade competente.

Gabarito: C
Justificativa: A resposta da questão é verificada a partir de uma leitura atenta do art.
51 e parágrafos da Lei 8666/93.

2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: MPE/RR – Prova: Promotor de Justiça


Substituto). Com referência aos crimes, às penas e ao processo judicial previstos na Lei
de Licitações e Contratos, julgue os seguintes itens.
I – Dispensa de licitação em situação estranha às hipóteses taxativas previstas em lei
constitui crime passível de punição com pena de detenção e multa fixada na sentença
a ser revertida à fazenda federal, distrital, estadual ou municipal, conforme o caso.
II – Em casos de crimes previstos na lei em apreço, a ação penal é pública
incondicionada e a sua promoção cabe ao MP.
III – Em relação aos crimes previstos na lei em questão, não será admitida ação penal
privada subsidiária da pública.

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IV – Quando os autores dos crimes previstos na referida lei forem ocupantes de cargo
em comissão ou exercerem função de confiança em órgão da administração pública
direta ou indireta, a pena imposta será acrescida da terça parte.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens III e IV estão certos.
b) Apenas os itens I, II e III estão certos.
c) Apenas os itens I, II e IV estão certos.
d) Todos os itens estão certos.

Gabarito: C
Justificativa: Na questão, os itens I, II e IV estão corretos. Vamos analisar o erro do
item III.
III – A correção está no art. 103 da Lei 8666/93, será admitida ação penal privada
subsidiária da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando-se, no que
couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do CPP.
Os demais itens encontram fundamento nos seguintes artigos:
I – art. 89 e 99, §2o da Lei 8666/93.
II – art. 100 da Lei 8666/93.
IV – art. 84, § 2o da Lei 8666/93.

3. (Ano: 2017 – Banca: MPE/PR – Órgão: MPE/PR – Prova: Promotor Substituto).


Conforme a normativa da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos), assinale a
alternativa incorreta:
a) Frustrada a contratação do licitante convocado, em virtude da sua negativa em
assinar o contrato, é facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes,
na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições
propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de
conformidade com o ato convocatório.
b) Em caso de exigência de garantia pela Administração Pública nas contratações de
obras, serviços e compras, o valor desta, em regra, não excederá a cinco por cento do
valor do contrato.

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c) Caberá ao contratado optar por uma das seguintes garantias: caução, seguro-
garantia e fiança bancária.
d) Constitui motivo para a rescisão do contrato o atraso superior a 60 (sessenta) dias
dos pagamentos devidos pela Administração, decorrentes de obras, serviços ou
fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao
contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até
que seja normalizada a situação.
e) A Lei nº 8.666/93 estabelece a possibilidade de alteração contratual por acordo
entre as partes, com as devidas justificativas, tanto para fatos decorrentes da teoria da
imprevisão como resultantes de fato do príncipe.

Gabarito: D
Justificativa:
a) CERTA – A alternativa encontra fundamento no §2o do art. 64 da referida lei.
b) CERTA – A alternativa encontra fundamento no §2o e 3o do art. 56 da referida lei.
c) CERTA – A alternativa encontra fundamento no §1o, incisos I, II e III do art. 56 da
referida lei.
d) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no inciso XV do art. 78 da referida lei.
e) CERTA – A alternativa encontra fundamento no inciso II, d, do art. 65 da referida lei.

4. (Ano: 2017 – Banca: IBADE – Órgão: PC/AC – Prova: Delegado de Polícia Civil). No
que tange às licitações públicas e aos contratos administrativos, com base na Lei n°
8.666/1993 e no Regime Diferenciado de Contratações Públicas (Lei n° 12.462/2011), é
correto o que se afirma em:
a) Por ser incompatível com o regime jurídico de Direito Público, a Lei n° 8.666/1993
veda expressamente a aplicação supletiva dos princípios da teoria geral dos contratos
aos contratos administrativos.
b) O Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) aplica-se às licitações
necessárias à realização das obras e serviços de engenharia para construção,
ampliação e reforma e administração de estabelecimentos penais e de unidades de
atendimento socioeducativo. Contudo, às licitações relativas às ações no âmbito da

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segurança pública não se aplica o Regime Diferenciado de Contratações (RDC),


devendo esta hipótese ser regida integralmente pela Lei n° 8.666/1993.
c) Contratos administrativos regidos pela Lei n° 8.666/1993 podem ser alterados
unilateralmente pela Administração quando conveniente a substituição da garantia de
execução contratual. Esta prerrogativa da Administração é um exemplo de cláusula
exorbitante.
d) Segundo a Lei n° 8.666/1993, é inexigível a licitação na aquisição de bens e
contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares
brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas
quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo
Comandante da Força.
e) Conforme a Lei do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), nas
licitações e contratações de obras e serviços de engenharia serão adotados como
regimes de execução indireta, preferencialmente, a empreitada por preço global, a
empreitada integral ou a contratação integrada.

Gabarito: E
Justificativa:
a) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no art. 54 DA Lei 8666/93.
b) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no inciso VII, do art. 1 o da Lei
12462/11.
c) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no inciso II, a, do art. 65 da Lei
8666/93.
d) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no inciso XXIX, do art. 24 da Lei
8666/93.
e) CERTA – A alternativa encontra fundamento nos incisos II, IV, V e §1 o do art. 8o da
Lei 8666/93.

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Capítulo 13
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

1. Conceito
É o contrato firmado entre a Administração Pública e um particular para a
execução de atividades de relevante interesse público. Estes contratos possuem duas
espécies, são elas:

 Contratos administrativos: são marcados pela presença de um desequilíbrio


contratual, decorrente das normas de Direito Público e da presença de
cláusulas exorbitantes.
 Contratos privados da administração: possuem, em regra, um equilíbrio
contratual relativo, tendo em vista a ausência de cláusulas exorbitantes e são
regidos por normas de Direito Privado.

2. Características

 Formalismo moderado: a atuação da Administração Pública exige uma


formalidade muito maior que uma atuação privada.
 Bilateralidade: por se tratar de um contrato, este deverá ter um acordo de
vontade entre as partes.
 Comutatividade: as partes contratantes possuem obrigações recíprocas, de
forma proporcional. Trata-se do equilíbrio econômico financeiro do contrato.
 Personalíssimo: o contrato deverá ser celebrado com aquele que apresentou a
melhor proposta.
 Desequilíbrio: a Administração Pública está numa posição de superioridade
em relação ao particular.
 Instabilidade: A Administração Pública possui a prerrogativa de alterar
unilateralmente o contrato ou até mesmo de rescindi-los.

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3. Sujeitos do contrato
São partes no contrato administrativo a Administração Pública e o particular.

4. Formalização do contrato e garantias


Na elaboração do contrato, a Administração Pública deverá observar as
formalidades impostas pela Lei 8666/1993. Dentre elas destacamos:

 Cláusulas necessárias (art. 55);


 Realização de licitação (art. 62, § 1o);
 Forma escrita (art. 60, PÚ);
 Possibilidade de exigência de garantia de 5% para contratação de obras,
serviços e compras (art. 56, caput e §§ 1o ao 5o);

5. Cláusulas exorbitantes
As cláusulas exorbitantes caracterizam-se pelo desequilíbrio contratual e estão
previstas no art. 58 da Lei 8666/1993. Vejamos abaixo as cláusulas exorbitantes
previstas na legislação.

5.1. Alteração unilateral


A Administração Pública poderá alterar unilateralmente o contrato para
atender o interesse público. Essa alteração poderá ser qualitativa ou quantitativa.
Para que esta alteração unilateral ocorra, alguns pontos devem ser observados.
São eles: a necessidade de motivação, o fato que enseja a alteração deve ser
superveniente, o objeto não pode ser descaracterizado, preservação do equilíbrio
econômico-financeiro, somente cláusulas regulamentares podem ser alteradas, e, os
efeitos econômicos devem ser respeitados.

5.2. Rescisão unilateral


A Administração Pública por rescindir o contrato, conforme dispõe o art. 58,II
da Lei 8666/1993. Essa rescisão poderá ocorrer por culpa do particular ou sem a culpa
deste, quando se tratar, por exemplo, de caso fortuito ou força maior.

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Quando se tratar rescisão por culpa da Administração, esta rescisão deverá dar-
se por meio de acordo na via administrativa ou mediante sentença decorrente da
propositura de ação judicial.

5.3. Fiscalização
A Administração Pública tem a obrigação de fiscalizar a execução do contrato.

5.4. Sanções
No caso de inexecução do contrato, seja parcial ou total, a Administração
Pública poderá aplicar as seguintes sanções: advertência, multa, suspensão temporária
de participação em licitação, impedimento de contratar com a Administração por até 2
anos e declaração de idoneidade.

5.5. Ocupação provisória


Havendo faltas contratuais, a Administração poderá apossar-se dos bens,
pessoal e serviços do contratado, de forma provisoriamente.

6. Equilíbrio econômico-financeiro
O equilíbrio econômico-financeiro garante ao contratado e a Administração
Pública a manutenção das condições pactuadas no contrato. Vejamos alguns
mecanismos utilizados para a manutenção deste equilíbrio.

6.1. Reajuste
O reajuste garante a preservação do valor do contrato em decorrência da
inflação. É aplicado anualmente por meio de índices de preços gerais, setoriais ou que
reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados no contrato.
Trata-se de cláusula necessária nos contratos que incidirá sempre sobre as
cláusulas econômicas e sobre fatos previsíveis.

6.2. Revisão
A revisão decorre da lei, podendo incidir em qualquer cláusula contratual.
Restaura o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, pois referem-se a fatos

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imprevisíveis ou imprevisíveis, mas de consequências incalculáveis. Não possui


periodicidade mínima para que ocorra a revisão.

6.3. Atualização financeira


É semelhante ao reajuste, pois incide no contrato em razão da inflação. Mas,
incidirá apenas nos valores referentes a data final do adimplemento de cada parcela
até a data do pagamento.

6.4. Repactuação
A repactuação é admitida nos contratos de terceirização de serviços, devendo
considerar a variação de custos comprovada pelo contratado. Esta só poderá ser
efetivada após 12 meses.

7. Duração dos contratos


Em regra, a duração dos contratos administrativos fica vinculada a vigência dos
respectivos créditos orçamentários. Vejamos algumas exceções, em que o contrato
terá prazo superior à vigência do orçamento:

 Projetos previstos no plano plurianual;


 Serviços contínuos;
 Aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática;

 Contratações previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24 da Lei
8666/1993;

8. Prorrogação
A prorrogação do contrato é exceção. Sendo admitida se observar os seguintes
requisitos:

 Justificativa por escrito;


 Autorização de autoridade competente;
 Manutenção das demais cláusulas do contrato;

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 Manutenção do equilíbrio econômico do contrato;

 Previsão expressa em lei.

9. Inexecução contratual

9.1. Inexecução culposa

 Exceção de contrato não cumprido: tem o objetivo de paralisar o cumprimento


das obrigações contratuais enquanto a Administração Pública estiver
inadimplente.

9.2. Inexecução sem culpa


Trata-se da inexecução em virtude de fatos não imputáveis às partes. Quando
ocorrer algum desses fatos poderá ser feita a revisão do contrato para dar
continuidade ao mesmo ou, então, extingui-lo.

 Teoria da imprevisão (aplica-se aos eventos imprevisíveis, supervenientes e


extracontratuais de natureza econômica);
 Fato do príncipe (fato extracontratual praticado pela Administração Pública
que repercute no contrato, acarretando aumentos nos custos);
 Caso fortuito e força maior.

9.3. Extinção dos contratos


Em regra, os contratos se extinguem pelo decurso natural do tempo. Mas, o
contrato poderá extinguir-se também em decorrência de outros motivos abaixo
descritos.

 Motivos imputáveis ao contratado: é a hipótese em que a Administração


Pública rescinde o contrato unilateralmente nas hipóteses de inadimplemento
do contratado;
 Motivos imputáveis à Administração: é a hipótese em que a Administração

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rescinde o contrato por relevante interesse público. Trata-se de rescisão


unilateral;
 Motivo não imputado às partes: quando o contrato é extinto em caso de caso
fortuito ou força maior;
 Amigável: quando o contrato é extinto por acordo entre as partes;
 Judicial: quando a extinção ocorre por meio de sentença judicial.

10. Sanções administrativas


A Administração Pública poderá impôr sanções quando for verificada a
inexecução total ou parcial do contrato. Estas sanções estão previstas no art. 87 da Lei
8666/1993, são elas: advertência, multa, suspensão temporária nos processos de
licitação, impedimento de contratar com a administração e declaração de idoneidade.
Importante destacar que, na aplicação dessas sanções deverá ser observado o
princípio constitucional do contraditório e ampla defesa.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: FMP Concursos – Órgão: PGE/AC – Prova: Procurador do


Estado). Considerando a problemática da responsabilidade da Administração Pública
por encargos de natureza diversa gerados pelo inadimplemento de empresa
terceirizada, tomem-se os seguintes aspectos:
I – É vedada a responsabilização automática da Administração Pública pelos encargos
trabalhistas, só cabendo a sua condenação se houver prova inequívoca de sua conduta
omissiva ou comissiva na fiscalização dos contratos.
II – A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos
previdenciários resultantes da execução do contrato.
III – O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não
transfere automaticamente ao poder público contratante a responsabilidade pelo seu
pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário.
Das assertivas acima, estão corretas
a) apenas a I e a II.
b) apenas a III.

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c) apenas a I e a III.
d) apenas a II e a III.
e) a I, a II e a III.

Gabarito: E
Justificativa:
I – A assertiva encontra fundamento no RE 760931/DF (Informativo 862 do STF).
II – A assertiva encontra fundamento no §2o do art. 71 da Lei 8666/93.
III – A assertiva encontra fundamento no art. 71 da Lei 8666/93 e na ADC 16.

2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: TJ/PR – Prova: Juiz Substituto). O art. 58 da Lei
n.º 8.666/1993 prevê que o regime jurídico dos contratos administrativos por ela
instituído confere à administração a prerrogativa de prever cláusulas exorbitantes.
Ocorre que alguns contratos celebrados pela administração apenas incidem ou podem
incidir parcialmente em cláusulas exorbitantes, pois são regidos predominantemente
por normas de direito privado. Nesse sentido, assinale a opção que apresenta contrato
celebrado pela administração, regido por normas do direito público, e pelas
disposições do citado art. 58, independentemente de compatibilidade com as regras
contratuais do direito privado.
a) contrato de locação em que o poder público seja locatário
b) contrato de seguro
c) contrato de financiamento
d) contrato de prestação de serviço técnico profissional de fiscalização de obras e
serviços

Gabarito: D
Justificativa: A questão encontra fundamento nos arts. 13, IV e 62, §3 o, I da Lei
8666/93.

3. (Ano: 2017 – Banca: FGV – Órgão: ALERJ – Prova: Procurador). Contrato


administrativo celebrado com uma sociedade empresária do ramo da construção civil
para a execução de obra pública foi objeto de dois termos aditivos. O primeiro

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promoveu acréscimo de 60% (sessenta por cento) e supressão de 45% (quarenta e


cinco por cento) do valor atualizado do contrato. O segundo estabeleceu, a pedido do
contratado, a modificação da garantia do contrato, com a substituição de títulos da
dívida pública por uma garantia hipotecária. Sobre os referidos temas, a jurisprudência
do Tribunal de Contas da União já se consolidou no sentido de que:

a) em relação ao primeiro termo aditivo, não haveria óbice jurídico, já que a alteração
final foi de 15% (quinze por cento), não tendo ocorrido a superação do limite legal de
25% (vinte e cinco por cento);
b) em relação ao primeiro termo aditivo, haveria óbice jurídico em razão da supressão
resultante de acordo entre as partes ultrapassar o limite de 25% (vinte e cinco por
cento);
c) em relação ao primeiro termo aditivo, haveria óbice jurídico porque acréscimos e
supressões devem ser contabilizados isoladamente, sem qualquer compensação,
tendo sido ultrapassado o limite de 25% (vinte e cinco por cento);
d) em relação ao segundo termo aditivo, haveria óbice jurídico em razão da
impossibilidade legal de substituição da garantia durante a execução do contrato;
e) em relação ao segundo termo aditivo, não haveria óbice jurídico para que as partes
contratantes, de comum acordo, substituíssem títulos da dívida pública por uma
garantia hipotecária.

Gabarito: C
Justificativa: Resolve-se a questão com uma leitura atenta do art. 65, §§ 1o e 2o da Lei
8666/93.

4. (Ano: 2017 – Banca: FGV – Órgão: ALERJ – Prova: Procurador). No julgamento da


Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 16, o Supremo Tribunal Federal declarou a
constitucionalidade do § 1°, do artigo 71, da Lei nº 8.666/93, cujo teor é o seguinte: A
inadimplência do contratado com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o
uso das obras e edificações, inclusive perante o registro de imóveis. Considerando a

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orientação fixada na decisão do Supremo Tribunal Federal e a sua repercussão no


âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, deve a Administração Pública em relação aos
encargos trabalhistas dos empregados das empresas terceirizadas:
a) responder subsidiariamente pelos encargos trabalhistas resultantes da execução do
contrato, independentemente do cumprimento da sua obrigação legal e contratual de
fiscalização;
b) responder solidariamente pelos encargos trabalhistas dos contratados, a fim de
evitar prejuízos aos seus empregados;
c) responder subsidiariamente pelos encargos trabalhistas do contratado, ainda que
não tenha participado da relação processual ou constado do título executivo;
d) responder subsidiariamente pelos encargos trabalhistas do contratado, caso
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento da sua obrigação legal e
contratual de fiscalização;
e) reter obrigatoriamente os pagamentos devidos ao contratado no caso de
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos seus empregados.

Gabarito: D
Justificativa: Para resolver a questão, deve ser feita uma leitura atenta do RE
760931/DF (informativo 862 do STF). Importante, ainda, leitura da Súmula 331 do TST.

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Capítulo 14
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ORDEM ECONÔMICA

1. Introdução: Estado liberal, social e regulador


O modo de intervenção do Estado na ordem econômica sofreu diversas
modificações ao logo do tempo. Abaixo, listaremos os principais modelos de
intervenção estatal.

1.1. Estado liberal


No Estado Liberal de Direito ou Estado Abstencionista, temos a figura do Estado
Mínimo, caracterizado pela ausência de interferência estatal. Surgiu como resposta ao
Estado Absolutista, priorizando a proteção de direitos individuais e políticos.

1.2. Estado social (walfare state)


O Estado Social de Direito ou Estado Intervencionista, teve início com o fim da II
Guerra Mundial. Este período é marcado pela forte desigualdade social ocasionada
pelo Estado Liberal. O Estado social é marcado pela forte intervenção do Estado na
economia para a satisfação de interesses sociais.

1.3 Estado Regulador


O Estado Regulador ou Estado Democrático de Direito, diminui o aparato
Estatal por meio da devolução de atividades econômicas e delegação de serviços
públicos a particulares, a serem regulados por agências reguladoras. A intervenção
estatal passa a ser indireta, marcada pela regulação das atividades.

2. Fundamento
A ordem econômica fundamenta-se na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, conforme disposto no art. 170 da Constituição Federal de 1988.

2.1. Valorização do trabalho humano

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A CRFB garante proteção ao trabalhador, intervindo, assim, ao editar normas


que efetivem essa proteção.

2.2. Livre iniciativa


A livre iniciativa garante a liberdade para o desenvolvimento da atividade
econômica, independentemente de autorização do Poder Público, salvo quando a lei
assim determinar. A intervenção do Estado na economia só se justifica pela proteção
da dignidade da pessoa humana e da justiça social.

3. Espécies de intervenção
O Estado pode intervir na economia direta (quando o Estado atua na produção
de bens e serviços) ou indiretamente (quando impõe normas, regulação...).
As principais formas de intervenção do Estado na economia são: planejamento,
regulação, fomento, repressão ao abuso econômico e exploração direta da atividade
econômica.

4. Planejamento
A Intervenção do Estado na economia requer que seja feito um planejamento a
fim de indicar os motivos, meios e as metas que deverão ser implementadas para
atingir o interesse público.
O objetivo principal do planejamento encontra fundamento no Princípio da
Eficiência (art. 174 da CRFB).
Existem diversos instrumentos para que o planejamento se efetive. Os
principais são: o plano geral de governo, os programas sociais, o orçamento anual e o
programa financeiro de desembolso.

5. Regulação
Entende-se por regulação a atuação do Estado com o fim de coordenar
determinadas atividades privadas, garantindo a livre concorrência e a prestação de
serviços públicos. Trata-se de forma de intervenção indireta do Estado na economia. A
atividade regulatória do Estado possui as seguintes características: edição de normas,
implementação delas, fiscalização pelo cumprimento delas e punição pelas infrações.

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5.1. Livre concorrência


A livre concorrência caracteriza-se pela: liberdade de entrada, liberdade relativa de
preços, fragmentação da estrutura da prestação dos serviços públicos, e,
compartilhamento de infraestrutura.

6. Fomento
Entende-se por fomento os incentivos estatais para o desenvolvimento de
determinadas atividades com o objetivo de satisfazer o interesse público. O fomento
encontra previsão no art. 174 da Constituição Federal de 1988.

7. Repressão ao abuso econômico e proteção da concorrência

7.1. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC


O sistema brasileiro de defesa da concorrência é formado pelo CADE e pelo
SEAE.

 CADE: ou conselho administrativo de defesa econômica é uma autarquia


federal cujo objetivo é evitar e apurar abusos no poder econômico. É formada
pelo tribunal administrativo de defesa econômica, pela superintendência geral
e pelo departamento de estudos econômicos;
 SEAE: ou secretaria de acompanhamento econômico cujo objetivo é
acompanhar os preços do mercado, subsidiar decisões e reprimir condutas
anticoncorrenciais.

8. Estado Empresário: atuação na atividade econômica


A atuação do Estado como empresário é medida excepcional prevista a
Constituição Federal e por meio da criação de empresas públicas e sociedades de
economia mista.

Resolução de Questões

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1. (Ano: 2016 – Banca: FCC – Órgão: PGE/MT – Prova: Procurador do Estado). O Estado
X pretende criar estrutura administrativa destinada a zelar pelo patrimônio ambiental
estadual e atuar no exercício de fiscalização de atividades potencialmente causadoras
de dano ao meio ambiente. Sabe-se que tal estrutura terá personalidade jurídica
própria e será dirigida por um colegiado, com mandato fixo, sendo que suas decisões
de caráter técnico não estarão sujeitas à revisão de mérito pelas autoridades da
Administração Direta. Sabe-se também que os bens a ela pertencentes serão
considerados bens públicos. Considerando-se as características acima mencionadas,
pretende-se criar uma:
a) agência reguladora, pessoa de direito público, cuja criação se dará diretamente por
lei.
b) agência executiva, órgão diretamente vinculado ao Poder Executivo, cuja criação se
dará diretamente por lei.
c) associação pública, pessoa de direito privado, cuja criação será autorizada por lei e
se efetivará com a inscrição de seus atos constitutivos no registro competente.
d) agência executiva, entidade autárquica de regime especial, estabelecido mediante
assinatura de contrato de gestão.
e) fundação pública, pessoa de direito privado, cuja criação será autorizada por lei e se
efetivará com a inscrição de seus atos constitutivos no registro competente.

Gabarito: A
Justificativa:
a) CERTA – Encontra fundamento no art. 4o da Lei 9986/00.
b) ERRADA – Encontra fundamento no art. 51, II da Lei 9649/98.
c) ERRADA – Encontra fundamento no art. 52, §1o da Lei 9649/98.
d) ERRADA – Encontra fundamento no art. 51, II da Lei 9649/98.
e) ERRADA – A alternativa conceitua uma fundação privada.

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Capítulo 15
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

1. Conceito
A intervenção do Estado na propriedade nada mais é que a imposição de
restrições ou de condições na propriedade para atender questões de interesse público
e a função social da propriedade.

2. Modalidades
Nossa legislação divide a intervenção do Estado na propriedade em dois
grandes grupos: intervenção restritiva e intervenção supressiva.

2.1. Intervenção restritiva


A intervenção restritiva ou branda não retira a propriedade do seu titular,
apenas impõe algumas restrições ou, até mesmo, algumas condições. As formas
previstas em nosso ordenamento são: servidão, requisição, ocupação temporária,
limitação administrativa e tombamento.

2.2. Intervenção supressiva


A intervenção supressiva ou drástica retira a propriedade do seu titular. Essa
intervenção ocorre por meio da desapropriação.

3. Servidão
Trata-se de um direito real público que autoriza que a Administração Pública
utilize propriedade imóvel particular para execução de obras ou serviço de interesse
público. Embora se assemelhe com o instituto da servidão prevista no Direito Civil,
uma não se confunde com a outra, pois a primeira ocorre no bojo de uma relação
privada enquanto que a servidão administrativa ocorre para atender interesse público.

3.1. Formas de instituição

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A servidão administrativa poderá ocorrer de duas formas: por acordo ou por


sentença judicial. No acordo, o proprietário do bem e a Administração Pública
formalizam acordo por escritura, garantindo o uso do imóvel para atender interesse
público. Quando não houver possibilidade de acordo, a servidão será instituída
mediante sentença judicial.

3.2. Indenização
Em regra, não há pagamento de indenização em decorrência da instituição da
servidão, pois não há perda de propriedade. No entanto, o proprietário do imóvel
poderá ser indenizado pelos eventuais danos ou prejuízos que o imóvel vier a sofrer.
Sendo necessário indenizar, a quantia não poderá elevar-se até o valor do bem.
Na indenização deverá estar incluso: juros moratórios, juros moratórios, correção
monetária, honorários advocatícios e despesas judiciais.

3.2. Extinção
A servidão administrativa é, em regra, permanente, permanecendo assim,
enquanto for necessária para que se atinja os objetivos que motivaram a sua
instituição.

4. Requisição
A requisição administrativa ocorre quando em situação de perigo público
iminente, o Estado utiliza um bem (móvel ou imóvel) pertencente a particular para
atender alguma situação urgente. Está previsto no art. 5o, XXV da Constituição Federal
de 1988.

4.1. Indenização:
O proprietário só será indenizado pelos danos que o bem vier a sofrer, sendo o
pagamento realizado após a utilização do bem.

4.2. Instituição e extinção:

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A requisição administrativa será instituída de imediato, sem prévia autorização


já que se trata de situação de perigo público iminente. Finda a situação de perigo, a
requisição será extinta.

ATENÇÃO – Requisição de bem e serviço público


CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. MUNICÍPIO
DO RIO DE JANEIRO. UNIÃO FEDERAL. DECRETAÇÃO DE ESTADO DE
CALAMIDADE PÚBLICA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO. REQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS MUNICIPAIS. DECRETO 5.392/2005
DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO.
Mandado de segurança, impetrado pelo município, em que se impugna o art. 2º,
V e VI (requisição dos hospitais municipais Souza Aguiar e Miguel Couto) e § 1º e
§ 2º (delegação ao ministro de Estado da Saúde da competência para requisição
de outros serviços de saúde e recursos financeiros afetos à gestão de serviços e
ações relacionados aos hospitais requisitados) do Decreto 5.392/2005, do
presidente da República. Ordem deferida, por unanimidade. Fundamentos
predominantes: (i) a requisição de bens e serviços do município do Rio de
Janeiro, já afetados à prestação de serviços de saúde, não tem amparo no
inciso XIII do art. 15 da Lei 8.080/1990, a despeito da invocação desse
dispositivo no ato atacado; (ii) nesse sentido, as determinações impugnadas do
decreto presidencial configuram-se efetiva intervenção da União no município,
vedada pela Constituição; (iii) inadmissibilidade da requisição de bens
municipais pela União em situação de normalidade institucional, sem a
decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio. Suscitada também a ofensa
à autonomia municipal e ao pacto federativo. Ressalva do ministro presidente e
do relator quanto à admissibilidade, em tese, da requisição, pela União, de bens
e serviços municipais para o atendimento a situações de comprovada
calamidade e perigo públicos. Ressalvas do relator quanto ao fundamento do
deferimento da ordem: (i) ato sem expressa motivação e fixação de prazo para
as medidas adotadas pelo governo federal; (ii) reajuste, nesse último ponto, do
voto do relator, que inicialmente indicava a possibilidade de saneamento
excepcional do vício, em consideração à gravidade dos fatos demonstrados
relativos ao estado da prestação de serviços de saúde no município do Rio de
Janeiro e das controvérsias entre União e município sobre o cumprimento de
convênios de municipalização de hospitais federais; (iii) nulidade do § 1º do art.

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2º do decreto atacado, por inconstitucionalidade da delegação, pelo presidente


da República ao ministro da Saúde, das atribuições ali fixadas; (iv) nulidade do §
2º do art. 2º do decreto impugnado, por ofensa à autonomia municipal e em
virtude da impossibilidade de delegação.

(STF - MS: 25295 DF, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de Julgamento:
20/04/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-117 DIVULG 04-10-2007
PUBLIC 05-10-2007 DJ 05-10-2007 PP-00022 EMENT VOL-02292-01 PP-00172)

5. Ocupação temporária
Ocupação temporária é a forma de intervenção estatal na propriedade em que
o Estado usa temporariamente imóvel particular para execução de obra e serviço
público.

5.1. Instituição e extinção


A ocupação temporária é instituída a partir de um ato administrativo em que a
Administração Pública determina a ocupação de imóvel particular temporariamente
em razão de obra ou serviço. A ocupação se extingue imediatamente com o término da
obra ou do serviço.

5.2. Indenização
O pagamento de indenização está condicionado aos danos que o imóvel vier a
sofrer por conta da ocupação.

6. Limitação
A limitação administrativa é o meio pelo qual a Administração Pública impõe
obrigações ao proprietário de imóvel, para que a propriedade atenda a sua função
social. É forma de intervenção na propriedade que deriva do poder de polícia.

6.1. Instituição e indenização


A limitação administrativa pode ser instituída mediante lei ou regulamento, e
não ensejam o pagamento de indenização.

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7. Tombamento
O tombamento visa a proteção do patrimônio histórico e cultural, por
manifestação expressa da Administração Pública. Está previsto no art. 216, § 1 o da
Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelo Decreto-lei 25/1937.

7.1. Objeto
O tombamento pode ser realizado em bem móvel ou imóvel.

7.2. Modalidades de tombamento

 Voluntário: quando o próprio proprietário concorda com o tombamento;


 Compulsório: quando a própria Administração Pública faz a inscrição de
tombamento;
 Provisório: quando o processo de tombamento está em trâmite;
 Definitivo: é aquele após a efetiva conclusão do processo de tombamento,
com a inscrição no Livro do Tombo.
 De ofício: é o tombamento de bem público.
 Individual: quando um bem em específico é tombado.
 Geral: quando todos os bens de uma cidade ou bairro são tombados.

7.3. Processo de tombamento


O processo de tombamento de um bem móvel ou imóvel com oitiva do
proprietário, envolve algumas etapas imprescindíveis, são elas:

 Parecer de órgão técnico competente;


 Notificação do proprietário da intenção de tombamento;
 Decisão do Conselho Consultivo responsável pelo tombamento;
 Por se tratar de processo, o proprietário tem a possibilidade de interpor
recurso contra a decisão que declara a necessidade de tombamento em
respeito ao princípio do contraditório e ampla defesa;
 Inscrição do bem no Livro do Tombo.

7.4. Efeitos

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O tombamento gera importantes efeitos para o proprietário, para a


administração Pública e até mesmo, para terceiros. Vejamos esses efeitos:

 O proprietário deve proteger e conservar o bem, mantendo suas


características originais;
 Qualquer reparo que o bem necessite deverá ser comunicado ao órgão
competente;
 Caso não possua recursos suficientes, o proprietário deverá comunicar o
órgão competente para que este execute as obras necessárias;
 A Administração Pública tem dever de vigilância sobre o bem tombado;
 Em caso de alienação, o proprietário deverá comunicar a Administração
Pública, possuindo ela o direito de preferência;
 Vizinhos de imóveis tombados não poderão realizar obras que impeçam a
visibilidade do bem tombado.

7.5. Indenização
A indenização depende da comprovação de prejuízo, sendo de 5 anos o prazo
prescricional para propositura de ação indenizatória.

8. Desapropriação
Desapropriação é forma de intervenção drástica/supressiva na propriedade
pela qual o Estado transfere para si a propriedade de bem imóvel alheio em razão de
utilidade ou necessidade pública, e, interesse social. Trata-se de forma originária de
aquisição da propriedade.
Esta forma de intervenção encontra fundamento no art. 5 o, XXIV do testo
constitucional, que dispõe o seguinte: “a lei estabelecerá o procedimento de
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante
justa e prévia indenização em dinheiro”.

8.1. Modalidades
 Despropriação comum (ou ordinária): é a desapropriação por utilidade pública
ou necessidade pública, ou por interesse social, com justa e prévia indenização

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em dinheiro. A indenização justa abrange o valor do bem, os danos emergentes


e lucros cessantes decorrentes da perda da propriedade, se houver dívidas
fiscais, estas serão deduzidas do valor final. É forma regulada pelo Decreto
3365/1941 e pela Lei 4132/1962.

 Desapropriação urbana: é a desapropriação de imóvel em razão do não


atendimento a função social que está prevista no Estatuto da Cidade (Lei
10257/2001). Trata-se de desapropriação sancionatória, sendo esta a última
etapa de uma série de medidas que devem ser adotadas pelo Poder Público
para que o bem atenda a função social. As medidas são:

1o) Notificação do proprietário;


2o) Estipulação de IPTU progressivo, cuja alíquota pode ser majorada até 5 anos
consecutivos, devendo ser respeitada a alíquota máxima de 15%;
3o) Efetiva desapropriação, indenizável com o pagamento de títulos da dívida pública,
resgatáveis em até 10 anos.

 Desapropriação rural: é forma de desapropriação de imóvel rural que não


atende a função social para fins de reforma agrária. Também é desapropriação
sancionatória indenizável por meio de título da dívida agrária, resgatáveis em
até 20 anos.

 Expropriação confiscatória: é forma de desapropriação de imóvel que possuir


plantação de plantas psicotrópicas ou que sirva de exploração de trabalho
escravo. Estes imóveis serão destinados para a reforma agrária ou para
programa de habitação popular. Não há pagamento de indenização para o
proprietário.

8.2. Procedimento
 Fase declaratória: é a fase inicial da desapropriação em que o Poder Público
declara a existência de necessidade pública ou interesse social. Essa declaração

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poderá ser emitida por declaração do ente federativo interessado ou por


portaria da ANEEL ou do DNIT. Formalizada a declaração, a autoridade poderá
ingressar no bem (inclusive com o auxílio de força policial), tendo o Poder
Público o prazo de 5 anos para promover a desapropriação.

 Fase executória: é a fase que põe em prática a desapropriação na esfera


administrativa. Nesta fase, a autoridade faz uma proposta ao proprietário para
aquisição do bem. Possui competência para a fase executória, os entes
federativos, a ANEEL, o DNIT e o particular delegatário.

8.3. Ação de desapropriação


A ação de desapropriação caberá quando não for possível o acordo em via
administrativa. Vejamos algumas particularidades no processo de desapropriação que
merecem destaque.

8.3.1. Imissão provisória na posse


Conforme determina o art. 15 do Decreto-Lei 3365/1941, se o expropriante
alegar urgência e depositar indenização prévia, passará a ter a posse provisória do
bem. Este alor prévio será arbitrado pelo juiz.
A imissão provisória deverá ser registrada no registro geral de imóveis – RGI.

8.3.2. Resposta do Réu


A legislação limita a contestação do réu, sendo possível discutir apenas
questões processuais e impugnação de valores.

8.3.3. Sentença
A sentença põe fim ao processo de desapropriação, autorizando a imissão
definitiva na posse para o expropriante, com a devida transcrição da propriedade no
RGI.

8.4. Desapropriação indireta

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Entende-se por desapropriação indireta a apropriação da propriedade pelo


Estado sem a observância do procedimento de desapropriação e sem a prévia e justa
indenização. Este instituto encontra fundamento legal no art. 35 do Decreto_lei
3365/1941.

8.5. Desapropriação por zona


A desapropriação por zona ocorre quando uma grande extensão de área é
desapropriada para a realização de obra, ficando as áreas vizinhas reservadas para
continuação posterior de obra ou serviço ou para alienação em decorrência da
valorização da área.

8.6. Direito de extensão


É o direito que o proprietário do bem expropriado tem de exigir a
desapropriação total do bem, bem como a respectiva indenização em razão do
esvaziamento econômico do bem. Decorre da desapropriação parcial.

8.7. Tredestinação e retrocessão


Ocorre a tredestinação quando a Administração Pública dá ao bem destinação
diversa da prevista no decreto expropriatório, seja pela transferência do bem para
terceiro ou pelo desvio de finalidade.
Atualmente, a doutrina majoritária reconhece a possibilidade de tredestinação
lícita que ocorre quando a finalidade de atender o interesse público for mantida, ainda
que seja dada destinação diversa da prevista no decreto expropriatório.
Na retrocessão há o retorno do bem para o patrimônio do expropriado quando
não for dada a destinação pública para a qual o bem fora desapropriado ou em
decorrência de ilícito.

ATENÇÃO! No ano de 2016, a MP 700/2015 que promovia modificações na legislação


sobre desapropriação por utilidade público e na Lei de Registros Públicos, perdeu a
sua vigência.

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Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: FMP Concursos – Órgão: PGE/AC – Prova: Procurador do


Estado). Sobre o instituto constitucional da expropriação e suas implicações, mostra-se
adequado concluir, considerando as suas atuais repercussões normativas e
jurisprudenciais:
a) A única hipótese fática prevista na Constituição para a implementação de tal
instituto recai sobre as propriedades de qualquer região do Pais onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas, as quais serão imediatamente
expropriadas.
b) A expropriação pode ser afastada desde que o proprietário do imóvel comprove que
não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in elegendo.
c) Em caso de existência de condomínio no imóvel onde se evidencia o plantio de
drogas, é necessária a demonstração de responsabilidade de todos os proprietários
para autorizar a expropriação da totalidade do bem.
d) A função social da propriedade aponta para um dever do proprietário de zelar pelo
uso lícito do imóvel, salvo quando este não esteja em sua posse direta, encargo que
competirá exclusivamente ao respectivo possuidor ou quem lhe faça as vezes.
e) A expropriação estatal deverá se cingir à área do imóvel efetivamente
comprometida com a prática das ilegalidades combatidas pelo ordenamento jurídico
nacional.

Gabarito: B
Justificativa:
a) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no art. 243 da CRFB.
b) CERTA – A alternativa encontra fundamento no art. 243 da CRFB e no RE 635336/PE
(Informativo 851 do STF).
c) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no RE 635336/PE (Informativo 851 do
STF).
d) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no RE 635336/PE (Informativo 851 do
STF).

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e) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no RE 543974/MG (Informativo 540


do STF).

2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: MPE/RR – Prova: Promotor de Justiça


Substituto). Concluído determinado processo de desapropriação, com o pagamento
integral do valor e a incorporação do bem ao patrimônio do poder público, este
decidiu devolver o bem expropriado ao antigo dono, por não lhe ter sido atribuída a
destinação prevista no decreto expropriatório nem qualquer outra destinação pública.
Essa reversão do procedimento expropriatório é denominada:
a) tredestinação lícita.
b) desapropriação indireta.
c) desistência da desapropriação.
d) retrocessão.

Gabarito: D
Justificativa:
a) ERRADA – A tredestinação lícita o Poder Público dá ao bem expropriado destinação
diversa daquela prevista no decreto expropriatório.
b) ERRADA – Na desapropriação indireta o Poder Público se apropria do bem
particular, sem observar os requisitos da desapropriação.
c) ERRADA – Só é possível a desistência da desapropriação quando o pagamento da
indenização não tiver se consumado.
d) CERTA – Retrocessão é a reversão da desapropriação, quando não for dada a
destinação pública ao bem.

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: MPE/RR – Prova: Promotor de Justiça


Substituto). O bem de propriedade particular tombado pelo Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional poderá:
a) sair do país se houver transferência de domínio.
b) sair do país, por prazo indeterminado, desde que autorizado.
c) ser alienado, cabendo ao adquirente fazê-lo constar do devido registro.
d) ser reparado ou restaurado sem prévia autorização do órgão competente.

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Gabarito: C
Justificativa:
a) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no art. 14 do Dec 25/1937.
b) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no art. 14 do Dec 25/1937.
c) CERTA – A alternativa encontra fundamento no art. 12, §1o do Dec 25/1937.
d) ERRADA – A alternativa encontra fundamento no art. 17 do Dec 25/1937.

4. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Acerca do direito administrativo, julgue o item que se segue.
“A possibilidade de realização de obras para a passagem de cabos de energia elétrica
sobre uma propriedade privada, a fim de beneficiar determinado bairro, expressa a
concepção do regime jurídico-administrativo, o qual dá prerrogativas à administração
para agir em prol da coletividade, ainda que contra os direitos individuais”.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo
Justificativa: A afirmativa está correta. Trata-se do instituto da servidão administrativa
que encontra fundamento na Supremacia do Interesse Público sobre o Privado.

5. (Ano: 2017 – Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) – Órgão: MPE/MG – Prova:


Promotor de Justiça Substituto). Diversas são as formas de intervenção do Estado na
propriedade, o que revela o poder de império estatal ao qual se sujeitam os
particulares. Desse modo, é CORRETO afirmar que o direito à preempção municipal é:
a) Ocupação temporária.
b) Servidão administrativa.
c) Limitação administrativa.
d) Requisição.

Gabarito: C
Justificativa: O direito à preempção municipal encontra amparo art. 25 do Estatuto da
Cidade (Lei 10.257/01).

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Capítulo 16
BENS PÚBLICOS

1. Conceito
A doutrina majoritária conceitua bem público a partir da redação do art. 98 do
Código Civil, pelo qual é considerado bem público os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno.
Há discussão acerca dos bens pertencente à pessoa jurídica de Direito Privado,
pertencente à Administração Pública. Nestes casos, sujeitar-se-ão ao regime jurídico
do bem publico aqueles bens que estiverem sendo utilizados na prestação de algum
serviço público.

2. Características
Os bens públicos possuem algumas características que os distinguem dos bens
privados, que formam o regime jurídico dos bens públicos. Vejamos elas:

2.1. Alienação condicionada


Conforme o art. 100 do Código Civil vigente, os bens públicos de uso comum do
povo bem como os de uso especial são inalienáveis enquanto conservarem suas
características, na forma da lei. Ainda seguindo a redação do Código Civil, dispõe ao
art. 101 que os bens públicos dominicais poderão ser alienados.
A alienação dos bens públicos é relativa, incidindo apenas sobre os bens
indisponíveis.

2.2. Impenhorabilidade
A penhora nada mais é que o ato de constrição judicial de bens do devedor
para satisfazer o credor. Os bens públicos não são suscetíveis de penhora por
disposição prevista no texto constitucional.

2.3. Imprescritibilidade

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Os bens públicos são imprescritíveis, ou seja, não podem ser adquiridos por
meio de usucapião.
2.4. Não onerabilidade
Os bens públicos não podem ser gravados em garantia real, ou seja, não podem
ser dados em penhor, anticrese e hipoteca.

3. Classificação

3.1. Quanto à titularidade


Em relação à titularidade os bens públicos poderão ser federais, estaduais,
distritais ou municipais.

3.2. Quanto à destinação

 Uso comum do povo: são os bens destinados ao uso geral do povo;


 Uso especial: são os bens destinados à Administração Pública e aos serviços
públicos;
 Bem dominical: são os bens que não possuem uma destinação pública, mas
que pertencem à pessoa jurídica de Direito Público. Geralmente são utilizados
para a geração de renda para o Poder Público.

3.3. Quanto à disponibilidade

 Indisponíveis por natureza: são os bens de natureza não patrimonial que não
podem ser alienados e nem onerados;
 Patrimoniais indisponíveis: são os bens afetados por uma destinação pública e
que por isso a Administração Pública não pode dispor;
 Patrimoniais disponíveis: são os bens que podem ser alienados, na forma que
a lei estabelecer.

4. Afetação e desafetação

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Estes institutos estão relacionados a vinculação ou não de um bem a uma


finalidade pública.
Na afetação o bem está atrelado a finalidade pública, estes bens são de uso
comum do povo ou de uso especial. O bem ficará afetado por meio de disposição legal,
ato administrativo ou fato administrativo.
Já, na desafetação, é retirada do bem a sua destinação pública. São os bens
dominicais, podendo ser implementada da mesma forma que a afetação.

5. Formas de uso do bem públicos

5.1. Uso comum


Os bens de uso comum são aqueles destinados ao uso de todo e qualquer
indivíduo, sem distinções.

5.2. Uso especial


O uso do bem é destinado a quem preencher os requisitos impostos pela
Administração Pública.

5.3. Uso privado


Diz respeito às hipóteses em que o Poder Público consente o uso privativo do
bem. Este bem público pode ser utilizado por particular nos seguintes casos:
autorização, permissão, concessão, cessão de uso e uso por instrumento de direito
privado.

5.3.1. Autorização
Ato administrativo discricionário e precário que concede ao particular o uso de
bem público, baseado em critério de conveniência e oportunidade.

5.3.2. Permissão
Ato administrativo discricionário e precário que concede ao particular o uso de
bem público, atendendo interesse público e privado.

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5.3.3. Concessão
Contrato administrativo que concede ao particular o uso de bem público para
atender interesse público.

5.3.4. Cessão de uso


Na cessão de uso há a transferência de uso de forma gratuita entre entidades
da Administração Pública ou pessoas jurídicas de Direito Privado sem fins lucrativos.

5.3.5. Uso privativo por instrumento de Direito Privado


É a uso de bem público possibilitada através de um instrumento de Direito
Privado, como por exemplo, o contrato de locação.

6. Espécies

6.1. Terras devolutas


São os bens que pertencem ao domínio público dos entes federados, mas que
não são afetados a uma finalidade pública.

6.2. Terrenos de marinha e acrescidos


Conforme o art. 2o do decreto-lei 9760/1946, são terrenos de marinha as áreas
situadas no continente, nas costas marítima e nas margens de rios e lagoas e as áreas
que contornam as ilhas situadas onde se sinta a influência da maré.
Os acrescidos, são os que se formarem de forma natural ou artificial, para o
lado do mar ou de rios e lagoas.

6.3. Terrenos reservados


São os banhados por correntes navegáveis, mas fora da influência da maré.

6.4. Terras indígenas


São as terras ocupadas por índios e habitadas permanentemente. Essas terras
são pertencentes à União.

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6.5. Plataforma continental


Diz respeito à extensão de terras continentais até a profundidade de cerca de
200 metros. São terras pertencentes à União.

6.6. Ilhas
São as elevações de terra acima do nível das águas. Pode ser: marítima
(costeira ou oceânica), fluvial ou lacustre.

6.7. Faixa de fronteiras


É a área ao longo das fronteiras terrestres, podendo chegar a uma extensão de
até 150 km de largura.

6.8. Águas públicas


São as áreas que compõem os mares, rios e lagos pertencentes ao domínio
público.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: VUNESP – Órgão: TJ/SP – Prova: Juiz Substituto). Considerando-
se o regime jurídico dos bens públicos, pode-se afirmar que:
a) a eles não se aplica o princípio da função social da propriedade, em razão do regime
de impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
b) a eles se aplica, com grau diferenciado, o princípio da função social da propriedade,
em relação aos bens de uso comum do povo.
c) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade, em grau diferenciado,
em relação aos bens dominiais.
d) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade que incide
indistintamente e com mesmo grau de intensidade, dada sua função normativa, sobre
todo o ordenamento jurídico e sobre o domínio público e particular.

Gabarito: C

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Justificativa: Nos termos do art. 5o, XXIII da CRFB, a propriedade deverá atender a sua
função social. Nos bens públicos, os bens de uso comum do povo e os bens de uso
especial já cumprem a sua função social. Nos bens dominicais este principio terá
incidência em grau diferenciado.

2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: MPE/RR – Prova: Promotor de Justiça


Substituto). Considerando o entendimento do STJ, julgue as asserções seguintes.
I – É ilegal cobrar de concessionária de serviço público taxas pelo uso de solo, subsolo
ou espaço aéreo.
II – A utilização do uso de bem público por concessionária de serviço público para a
instalação de, por exemplo, postes, dutos ou linhas de transmissão será revertida em
benefício para a sociedade.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a) As asserções I e II são falsas.
b) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
c) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
d) A asserção I é falsa, mas a II é verdadeira.

Gabarito: B
Justificativa: Esta questão encontra fundamento no AgInt no REsp 1482422/RJ, julgado
em 22/11/2016 e publicado no DJe 30/11/2016.

3. (Ano: 2017 – Banca: FCC – Órgão: TJ/SC – Prova: Juiz Substituto). A propósito do uso
dos bens públicos pelos particulares, é correto afirmar que:
a) as concessões de uso, dada a sua natureza contratual, não admitem a modalidade
gratuita.
b) o concessionário de uso de bem público exerce posse ad interdicta, mas não exerce
posse ad usucapionem.
c) a autorização de uso, por sua natureza precária, não admite a fixação de prazo de
utilização do bem público.
d) a Medida Provisória n° 2.220/2001 garante àquele que possuiu como seu, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados

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de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais e


respeitado o marco temporal ali estabelecido, o direito à concessão de uso especial.
e) a permissão de uso, por sua natureza discricionária, não depende de realização de
prévia licitação.

Gabarito: B
Justificativa:
a) ERRADA – A concessão de uso pode ocorrer de forma onerosa ou gratuita.
b) CERTA – Encontra fundamento no art. 102 do Código Civil.
c) ERRADA – A autorização de uso transfere o uso do bem público por período de curto
período.
d) ERRADA – De acordo com a MP 2220/01, a utilização do bem deve ser para moradia
própria ou da família, e não para fins comerciais como está descrito na alternativa.
e) ERRADA – A permissão de uso depende de procedimento licitatório prévio.

4. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). A respeito de bens públicos e responsabilidade civil do Estado, julgue o
próximo item.
Situação hipotética: Determinado município brasileiro construiu um hospital público
em parte de um terreno onde se localiza um condomínio particular.
Assertiva: Nessa situação, segundo a doutrina dominante, obedecidos os requisitos
legais, o município poderá adquirir o bem por usucapião.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo
Justificativa: O usucapião é forma originária de aquisição de bens, na forma do art.
1238 do Código Civil. Neste caso, o Município poderá alegar usucapião, desde que
observados os requisitos do Código Civil.

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Capítulo 17
AGENTES PÚBLICOS

1. Conceito
Agentes públicos são as pessoas responsáveis por externalizar a vontade do
Estado e pelo exercício da função pública.

2. Espécies

2.1. Agentes públicos de direito


São as pessoas que têm vínculo formal com o Estado, mediante investidura
prévia em cargo, emprego ou função pública. São agentes públicos de direito os
agentes políticos, os servidores públicos e os particulares em colaboração.

2.1.1. Agentes políticos


A doutrina majoritária define agente político como sendo aquelas pessoas que
possuem destaque na estrutura do Estado e que são responsáveis pelas decisões
políticas. Vejamos algumas características dos agentes políticos:

 O acesso é por meio de eleições;


 Possui caráter transitório;
 Tomam decisões fundamentais para o Estado;

2.1.2. Servidores públicos


Os servidores públicos são as pessoas que possuem vínculo profissional com o
Estado. Compõem a maior parte dos agentes públicos. Podem ser: civis ou militares,
em relação à função exercida, e, estatutários, trabalhistas ou temporários, em relação
ao regime jurídico.

2.1.3. Particulares em colaboração

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São as pessoas que exercem função pública de forma transitória, mas que não
ocupam cargo ou emprego público. Também são chamados de agentes honoríficos.

2.2. Agentes públicos de fato


Os agentes públicos de fato são pessoas que não possuem vínculo com a
Administração Pública, mas que exercem alguma função pública. Estes agentes podem
ser putativos ou necessários.

 Putativos: são as pessoas que exercem função pública normalmente como se


fossem agentes públicos;
 Necessários: são as pessoas que exercem função pública em casos de
calamidade.

3. Cargo Público
Para iniciar este tópico, é impostante estabelecer uma distinção entre cargo,
emprego e função pública. Desta forma:

Cargo público: é o vínculo estabelecido entre a Administração Direta e entidades de


Direito Público com o servidor estatutário.
Emprego público: é o vínculo contratual estabelecido entre o servidor celetista e a
entidade de Direito Privado.
Função pública: diz respeito as atribuições impostas pela lei aos agentes públicos.

3.1. Acesso a cargo, emprego e função


Conforme previsão no texto constitucional, o cargo, emprego é função pública
é acessível a todos os brasileiros e estrangeiros, desde que preenchidos os requisitos
da lei.

3.2. Classificação dos cargos

 Cargo isolado: são os cargos que não permitem progressão funcional;

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 Cargo de carreira: são os cargos divididos em classe, admitindo a progressão


funcional;
 Cargo efetivo: são os cargos que garante ao seu ocupante a estabilidade;
 Cargo vitalício: são os cargos que garante ao seu ocupante a vitaliciedade;
 Cargo em comissão: são cargos de livre nomeação e exoneração, não
dependendo da realização de concurso público para que seja ocupado. O
cargo em comissão não se confunde com a função de confiança, pois para o
primeiro pode ser nomeada pessoa que não integra o quadro funcional,
enquanto que na segunda deve ser ocupada exclusivamente por servidor
estatutário.

3.3. Formas de provimento

3.3.1. Originário
O provimento originário ocorre quando o ocupante não possui vínculo anterior
com a Administração Pública. É formalizado através da nomeação de candidato
aprovado em concurso público, salvo exceções previstas na constituição (ministros do
STF e STJ e o quinto constitucional).

3.3.2. Derivado
O provimento derivado ocorre quando o ocupante já possui vínculo anterior
com a Administração Pública. São formas de provimento derivado:

 Promoção: trata-se da progressão funcional de servidor de um cargo de classe


inferior para um superior, dentro da mesma carreira.
 Readaptação: é a readaptação do servido em outro cargo compatível com as
limitações sofridas em sua capacidade física ou mental.
 Reversão: é o retorno do servidor aposentado quando for declarada a
ilegalidade da aposentadoria ou quando perícia médica verificar insubsistência
dos motivos da aposentadoria por invalidez.
 Aproveitamento: é o retorno do servidor posto em disponibilidade, com

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rendimentos compatíveis ao do cargo anterior.


 Reintegração: é o retorno do servidor demitido ilegalmente ao cargo anterior,
com ressarcimento dos rendimentos não recebidos.
 Recondução: é o retorno do servidor ao cargo de origem quando este servidor
for inabilitado em estágio probatório referente a outro cargo ou quando
houver reintegração de servidor demitido ilegalmente.

3.3.3. Vacância
Ocorre vacância quando determinado cargo não estiver ocupado. São fatos que
ensejam vacância, conforme determina a legislação brasileira: exoneração, demissão,
promoção, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo e falecimento.

3.3.4. Acumulação de cargo, emprego ou função


Em regra, é vedada a acumulação de cargo, emprego e função. No entanto,
admite-se a acumulação de forma excepcional quando: houver compatibilidade de
horários, obedecer o teto remuneratório, sendo admitida apenas nos casos previstos
na Constituição. Pode ocorrer a acumulação de:

 Dois cargos de professor;


 Um cargo de professor com outro técnico ou científico;
 Dois cargos ou emprego privativo de profissional de saúde, com profissões
regulamentadas.

3.3.5. Conceitos diversos

 Classe: reunião de cargos em uma mesma categoria profissional.


 Carreira: agrupamento hierárquico de classes de uma mesma categoria
profissional.
 Quadro: conjunto de cargo, carreira e função dentro de uma mesma entidade.
 Lotação: é o número total de servidores em uma mesma repartição.
 Investidura: para a doutrina majoritária são os atos que viabilizam a

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vinculação do servidor ao Estado, bem como o exercício das suas funções.


 Posse: ato pelo qual o servidor aceita sua nomeação.
 Exercício: desempenho das funções inerentes ao cargo.

4. Regime jurídico único – RJU


Antes de entrar propriamente no tema do regime jurídico único é importante
estabelecer os conceitos de regime estatutário, celetista e especial.

 Regime estatutário: é o regime próprio dos servidores que ocupam cargos


públicos. Possui como característica a pluralidade de normas (cade ente
possui autonomia para editar normas que regerão seus servidores) e o vínculo
legal. A competência para processar e julgar os servidores é da justiça comum.
 Regime celetista: é o regime próprio dos agentes que ocupam empregos
públicos. Possui como característica a unicidade normativa e o vínculo
contratual. A competência para processar e julgar estes agentes é da justiça
trabalhista.
 Regime especial: aplica-se aos agentes públicos temporários, devendo ser
observada a existência de lei regulamentadora com previsão de contratação
temporária, o prazo da contratação, a necessidade temporária e o interesse
público que deverá ser excepcional. O vínculo com a administração será
contratual, sendo competente para processar e julgar esses agentes, a justiça
comum.

Feitas essas considerações inciais, podemos iniciar o tema do regime jurídico


único. O RJU encontra previsão no art. 39 da Constituição Federal de 1988, determina
a sua instituição. A doutrina majoritária sempre entendeu que o RJU deve ser o regime
estatutário, ainda que o texto constitucional não definisse qual era o regime de
pessoal.
Com a reforma administrativa da EC 19/1998, foi retirada o art. 39 da CRFB a
obrigatoriedade do RJU, admitindo a adoção do regime celetista em certos casos.

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Após, foi proposta a ADIN 2135/DF, que determinou o retorno do RJU,


declarando inconstitucional (por vício formal) a redação da EC 19/1998 estabelecida
para o art. 39 da CRFB.

5. Estabilidade
Estabilidade é garantia de permanência no cargo conferida ao servidor público
estatutário que ocupa cargo efetivo, após três anos de efetivo exercício (estágio
probatório) e com aprovação na avaliação especial de desempenho.

5.1. Estabilidade e efetividade

 Servidor efetivo e estável: servidor estatutário que adquiriu estabilidade;


 Servidor efetivo, mas não estável: servidor estatutário, mas que ainda não
adquiriu estabilidade;
 Servidor não efetivo e estável: servidor que entrou na regra do art. 19 do
ADCT;
 Servidor não efetivo e não estável: são os empregados públicos.

5.2. Demissão e exoneração de servidor estável

 Por processo judicial, com sentença transitada em julgado;


 Pelo processo administrativo;
 Por insuficiência de desempenho;
 Pelo excesso de gasto orçamentário com despesa de pessoal.

6. Vitaliciedade
Vitaliciedade é garantia de permanência no cargo conferida ao servidor que
ocupa cargo vitalício, após o efetivo exercício no prazo de dois anos (estágio de
vitaliciamento). Por se tratar de uma garantia mais forte que a estabilidade, o
ocupante de cargo vitalício só poderá ser demitido após sentença judicial transitada
em julgado.

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Possuem cargos vitalícios: ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas,


magistrados e membros do Ministério Público.

7. Concurso Público
O concurso público é a regra para o provimento de cargos públicos, salvo
estipulação em contrário. Trata-se de obrigatoriedade imposta pelo art. 37 do texto
constitucional, este próprio dispositivo enumera as situações em que o concurso será
inexigível. São elas: ocupantes de cargo em comissão, servidores temporários,
ministros dos tribunais superiores e dos Tribunais de Contas, magistrados que
ingressarem pelo quinto constitucional, agentes de saúde, agentes de combate à
endemias e ex-combatentes que participaram de operações bélicas na Segunda Guerra
Mundial.

7.1. Prazo de validade


O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, podendo ser
prorrogado uma vez pelo mesmo período. O prazo terá início com a homologação do
resultado final.

8. Remuneração
O sistema de remuneração dos servidores públicos divide-se em dois grandes
grupos: vencimentos e subsídios. Entende-se por vencimento o somatório das parcelas
fixas e das vantagens pecuniárias. Já os subsídios são parcelas únicas fixadas por lei,
sendo vedado o recebimento de vantagens.

9. Associação sindical
A Constituição garante ao servidor o direito à livre associação sindical,
conforme art. 37, VI.

10. Greve
Aos servidores públicos é garantido o direito de greve, sendo necessária a
edição de lei ordinária específica para regulamentar este direito. Até o momento tal
norma ainda não foi editada.

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Tendo em vista a inércia do nosso legislador, o Poder Judiciário em sede de


julgamento de mandado de injunção, determinou a aplicação temporária da lei de
greve do setor privado no setor público, no que couber.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: FMP Concursos – Órgão: PGE/AC – Prova: Procurador do


Estado). De acordo com o atual panorama interpretativo verificado na jurisprudência
dos Tribunais Superiores, pode-se afirmar sobre o direito subjetivo à nomeação do
candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas disciplinado pelo
certame de que participou:
a) O cadastro reserva revela-se por si como medida inidônea para o aproveitamento
dos candidatos aprovados durante a validade do concurso.
b) Os aprovados dentro do cadastro reserva não têm expectativa de direito à
nomeação, muito menos direito subjetivo a serem chamados para o preenchimento da
vaga.
c) Incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de discricionariedade exercido
de forma livre, avaliar a conveniência e a oportunidade de novas convocações durante
a validade do certame.
d) O direito subjetivo à nomeação do candidato surge, dentre outras hipóteses,
quando, ao surgirem novas vagas ou ao ser aberto novo concurso durante a validade
do certame anterior, ocorre a preterição de candidatos de forma justificada e
motivada por parte da Administração.
e) Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não pode a
Administração deixar transcorrer o prazo de validade a seu bel prazer para nomear
outras pessoas que não aquelas já aprovadas em concurso válido.

Gabarito: E
Justificativa:
a) ERRADA – O cadastro de reserva é meio idôneo para o aproveitamento de
candidatos.

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b) ERRADA – Estes candidatos não possuem direito subjetivo à nomeação, mas sim
mera expectativa de direito.
c) ERRADA – Neste caso, a discricionariedade não é exercida livremente, deve-se
avaliar de forma racional e eficiente a necessidade de novas convocações durante a
validade do certame.
d) ERRADA – O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso não gera
automaticamente o direito à nomeação para os candidatos aprovados fora do número
de vagas previstas no edital.
e) CERTA.

2. (Ano: 2017 – Banca: FMP Concursos – Órgão: PGE/AC – Prova: Procurador do


Estado). Assinale a alternativa CORRETA no que se refere à acumulação de cargos
públicos.
a) O teto remuneratório é aplicável ao conjunto das remunerações ou ao somatório
dos ganhos percebidos de forma cumulativa.
b) A proibição constitucional de acumular estende-se apenas a empregos e abrange
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações mantidas
pelo poder público.
c) Há vedação legal no ordenamento jurídico vigente quanto à acumulação de cargos
públicos em entidades ou órgãos situados em unidades distintas da Federação.
d) A existência de norma jurídica que estipula limitação de jornada semanal dos cargos
a serem acumulados constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação
prevista na Constituição.
e) Nos casos de acumulação autorizados pelo texto constitucional, deve-se levar em
conta, para a aplicação do teto remuneratório, separadamente cada um dos vínculos
formalizados.

Gabarito: E
Justificativa: Esta questão trabalha com questão debatida pelo STF em sede de
repercussão geral no RE 612975/MT e RE 602043/MT, julgados em 26 e 27/4/2017
(Informativo 862).

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3. (Ano: 2017 – Banca: FCC – Órgão: DPE/PR – Prova: Defensor Público). Sobre Agentes
Públicos e Princípios e Regime Jurídico Administrativo, é correto afirmar:
a) O princípio da impessoalidade destina-se a proteger simultaneamente o interesse
público e o interesse privado, pautando-se pela igualdade de tratamento a todos
administrados, independentemente de quaisquer preferências pessoais.
b) São entes da Administração Indireta as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista, e as subsidiárias destas duas
últimas. As subsidiárias não dependem de autorização legislativa justamente por
integrarem a Administração Pública Indireta.
c) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública
prescindem de autorização específica para fins do exercício do controle externo.
d) Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público aplica sanções por
infrações administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de
Polícia com base na hierarquia.
e) A licença não é classificada como ato negocial, pois se trata de ato vinculado,
concedida desde que cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei.

Gabarito: C
Justificativa:
a) ERRADA – O princípio da impessoalidade visa a proteção de interesse público.
b) ERRADA – A criação de subsidiárias dependem de autorização legislativa.
c) CERTA.
d) ERRADA – A alternativa diz respeito ao poder disciplinar e não ao poder de polícia.
e) ERRADA – A licença é ato negocial e vinculado.

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Capítulo 18
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

1. Conceito
Diz respeito a obrigação que o Estado tem de indenizar os danos materiais e
morais praticados por seus agentes, quando estiverem atuando na qualidade de
agente público.

2. Evolução

2.1. Teoria da irresponsabilidade do Estado


Essa teoria tem origem nos Regimes Absolutistas. Neste período, havia a
concepção de que o rei não erra (The king can do no wrong), ou seja, o Estado era
considerado divino, sendo impossível que houvessem falhas dos seus governantes.

2.2. Teoria da culpa individual


Essa teoria faz uma distinção entre dois tipos de atos emitidos pelo Estado: o
ato de gestão e o ato de império. O primeiro ato diz respeito a atuação do Estado em
igualdade com o particular e o segundo, o Estado se encontra em situação de
supremacia.
A possibilidade de responsabilização depende da identificação do agente que
praticou o ato, incidindo esta apenas sobre os atos de gestão.

2.3. Teoria da culpa anônima (culpa administrativa)


Pela teoria da culpa anônima, a vítima só tem direito à indenização se
conseguir comprovar a falha do serviço. Essa teoria é aplicada nos casos de não
funcionamento do serviço, serviço mal prestado ou atraso na execução do serviço.

2.4. Teoria do risco administrativo

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A teoria do risco administrativo reconhece a possibilidade de indenizar o


particular, independentemente da falta do serviço ou da culpa de agente público,
basta que ocorra o dano.
Esta teoria dispensa a comprovação de culpa (responsabilidade objetiva),
sendo possível eximir a Administração Pública do dever de indenizar quando ficar
comprovada culpa exclusiva do particular ou quando for verificada alguma excludente.
É a teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro.

2.5. Teoria do risco integral


Pela teoria do risco integral basta que exista o dano, sem que o Estado tenha a
possibilidade de alegar alguma causa excludente. O Estado responde integralmente
pelos danos advindos de atividades por ele desenvolvidas ou fiscalizadas. Esta teoria
encontra aplicabilidade, atualmente, nas questões relativas ao Direito Ambiental.

3. Responsabilidade contratual e extracontratual


A responsabilização do Estado poderá decorrer de vínculo contratual ou
extracontratual. A primeira pressupõe a existência de uma relação contratual entre um
particular e o Estado com a consequente inexecução do contrato pelo Estado. Já, o
vínculo extracontratual está relacionado com a atuação estatal voltada para o cidadão.

4. Responsabilidade civil objetiva


A possibilidade de responsabilização objetiva do Estado encontra fundamento
na teoria do risco administrativo e na teoria da repartição dos encargos sociais. A
teoria do risco integral, já estudada no item anterior, admite a indenização pelo dano
independentemente de comprovação de culpa. Na repartição de encargos sociais,
todos aqueles que se beneficiarem de uma atividade desenvolvida pelo Estado devem
suportar igualmente os riscos resultantes dessa atividade.
Para que seja reconhecida a responsabilidade civil objetiva, é imprescindível a
existência de três elementos: conduta, dano e nexo causal.

 Conduta: é o fato administrativo. O dano deve ter relação com o exercício da

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função pública.
 Dano: é a lesão provocada em algum bem jurídico. O dano poderá ser:
material ou moral. Entende-se por dano material a lesão no patrimônio da
vítima, podendo subdividir-se em dano emergente ou lucro cessante. É dano
moral aquele que incide sobre os direitos da personalidade.
 Nexo de causalidade: deve haver uma relação entre a conduta do Estado e o
dano sofrido pela vítima. Nosso ordenamento jurídico adota a teoria da
causalidade direta e imediata para explicar o nexo de causalidade, para esta
teoria, será causa necessária do dano, o evento que se vincular direta e
imediatamente com ele.

5. Causas excludentes do nexo de causalidade


As excludentes de causalidade decorrem na norma constitucional que garante
à vítima o pagamento de indenização somente quando o dano for causado por ação ou
omissão do Estado. Vejamos abaixo as causas que excluem o nexo de causalidade.

5.1. Culpa exclusiva da vítima


Quando o dano for causado por fato exclusivo da vítima, o Estado não terá a
obrigação de indenizar.

5.2. Fato de terceiro


Não há dever de indenizar quando o dano for causado por terceiro que não
possui vínculo com o Estado.

5.3. Caso fortuito e força maior


Os danos causados por evento humano ou natural imprevisíveis excluem o
nexo de causalidade.

5.4. Causas concorrentes

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Quando o Estado e a vítima contribuírem para que ocorra o evento danoso


haverá culpa concorrente. Neste caso, o Estado será responsabilizado na medida da
sua contribuição para o dano.

6. Pessoas responsáveis

6.1. Pessoa Jurídica de Direito Público


Em regra, as pessoas jurídicas de Direito Público, integrantes da Administração
Direta e Indireta, responderão de forma objetiva.

6.2. Pessoa Jurídica de Direito Privado


Aplica-se a regra da responsabilidade objetiva, conforme o item anterior. No
entanto, algumas particularidades devem ser observadas.

 Responsabilidade das estatais: a responsabilização dependerá do objeto da


estatal. No caso de estatal prestadora de serviço público incidirá a
responsabilidade objetiva, enquanto que nas estatais exploradoras de
atividade econômica a responsabilidade será subjetiva. O Estado responderá
de forma subsidiária quando a estatal não dispor de recursos suficientes.
 Responsabilidade das concessionárias e permissionárias: a responsabilidade
será objetiva, independentemente se a vítima é usuária do serviço ou um
terceiro.

7. Responsabilidade civil por omissão


Nosso ordenamento jurídico não traz regra expressa em relação a
responsabilidade por omissão do Estado.
A doutrina majoritária e a jurisprudência baseiam, em regra, a responsabilidade
por omissão na teoria da culpa administrativa. Neste caso, a responsabilidade do
Estado será subjetiva, devendo a vítima comprovar que houve a omissão.

8. Responsabilidade por ato legislativo e ato judicial

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8.1. Responsabilidade por ato legislativo


Em regra, os atos legislativos não acarretam responsabilização para o Estado.
No entanto, incidirá a responsabilidade nas seguintes situações: edição de lei
inconstitucional e na edição de lei de efeito concreto.

8.2. Responsabilidade por ato jurisdicional


Assim como nos atos legislativos, os atos jurisdicionais não acarretam
responsabilização para o Estado. Salvo quando se tratar de erro judicial, prisão além do
tempo fixado na sentença e demora na prestação jurisdicional, casos em que incidirá
responsabilização pelo Estado.

9. Ação de regresso
O texto constitucional em seu art. 37, §6o garante à Administração Pública o
direito de regresso. Desta forma as pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

10. Responsabilidade administrativa, penal e civil


O ato administrador causador do dano pode incidir responsabilização na esfera
administrativa, penal e civil. A princípio a responsabilização nessas esferas são
independentes, no entanto, quando envolver responsabilização penal essa regra
poderá ser relativizada.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: FMP Concursos – Órgão: PGE/AC – Prova: Procurador do


Estado). Considere as seguintes afirmativas sobre as ações de ressarcimento oriundas
de ilícitos, praticados por qualquer agente, que ocasionem prejuízos ao erário.
I – Possui repercussão geral a controvérsia relativa à prescritibilidade da pretensão de
ressarcimento ao erário, em face de agentes públicos, em decorrência de suposto ato
de improbidade administrativa.

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II – O Supremo Tribunal Federal já fixou entendimento no sentido de que é prescritível


a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
III – Situada a premissa da imprescritibilidade das ações de ressarcimento oriundas de
ato de improbidade administrativa que causem prejuízos ao Estado, é razoável apontar
para o consectário lógico de que referido tratamento igualmente abrangeria as ações
de ressarcimento de danos decorrentes de ilícitos penais.
IV – A interpretação que embasa a tese da imprescritibilidade da ação de
ressarcimento ao erário por ato de improbidade administrativa decorre literalmente
da hipótese normativa isolada constante do artigo 37, §5°, da Constituição da
República de 1988.
Estão CORRETAS apenas as afirmativas:
a) I e III.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II, III e IV.

Gabarito: D
Justificativa:
I – Encontra fundamento no RE 852475/SP.
II – Encontra fundamento no RE 669069/MG.
III – Encontra fundamento no RE 669069/MG.
IV – Encontra fundamento no RE 669069/MG.

2. (Ano: 2017 – Banca: FCC – Órgão: DPE/PR – Prova: Defensor Público). Conforme o
estudo da responsabilidade civil do estado e dos agentes públicos:
a) na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua
função, os tribunais superiores assentaram a possibilidade de ajuizamento pelo lesado
de ação de reparação de danos diretamente contra o autor do fato, devendo nesse
caso, ser perquirida apenas a conduta, nexo causal e os prejuízos.
b) na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão transitada em
julgado, em regra, não fará jus o servidor aos salários que deixou de receber, mas

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apenas a equitativa compensação, sob o fundamento de que deveria ter sido investido
em momento anterior.
c) constitui caso de concorrência de culpa o suicídio de detento ocorrido dentro de
estabelecimento prisional do estado, devendo haver redução proporcional do valor da
indenização.
d) afastada a responsabilidade criminal do servidor por inexistência daquele fato ou de
sua autoria, restará automaticamente repelida a responsabilidade administrativa.
e) aplica-se o prazo prescricional quinquenal previsto no Decreto n° 20.910/1932 às
ações indenizatórias ajuizadas contra Fazenda Pública, afastando-se a incidência do
prazo trienal previsto no Código Civil em razão do critério da especialidade normativa.

Gabarito: E
Justificativa:
a) ERRADA – Tal questão foi debatida no RE 327904/SP, RE 344133/PE e no RE
720275/SC.
b) ERRADA – Trata-se de questão debatida no RE 724347/DF.
c) ERRADA – Questão debatida no REsp 1.305.259/SC e no RE 841526/RS em sede de
repercussão geral.
d) ERRADA – Súmula 18 do STF.
e) CERTA – Encontra fundamento no art. 1o da Lei 9494/97.

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). A respeito de bens públicos e responsabilidade civil do Estado, julgue o
próximo item.
“De acordo com o entendimento do STF, empresa concessionária de serviço público de
transporte responde objetivamente pelos danos causados à família de vítima de
atropelamento provocado por motorista de ônibus da empresa”.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo
Justificativa: A afirmativa encontra fundamento no RE 591.874/MS.

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Capítulo 19
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Conceito
Controle da administração pública diz respeito ao conjunto de instrumentos
que possibilitam a fiscalização da atividade administrativa pela própria Administração
Pública ou por órgãos externos.

2. Espécies

2.1. Quanto a pessoa responsável pelo controle

 Autocontrole: é o controle exercido pela própria Administração Pública;


 Controle externo: é o controle exercido pelo Poder Legislativo, Poder
Judiciário e Tribunal de Contas;
 Controle social: é o controle exercido pela sociedade.

2.2. Quanto ao momento do controle

 Prévio: quando exercido antes da publicação do ato administrativo;


 Posterior: é exercido com o ato administrativo já vigente.

2.3. Quanto a atuação administrativa

 Legalidade: no controle de legalidade verifica-se a compatibilidade do ato


administrativo com o ordenamento jurídico. Pode ser feito pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário;
 Mérito: é o controle exercido pela própria Administração para avaliar critérios
de conveniência e oportunidade.

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3. Controle administrativo
O controle administrativo é prerrogativa conferida à Administração Pública
para o controle dos seus próprios atos. Decorre do princípio da autotutela. Em regra,
ocorre por meio de processo administrativo instaurado de ofício ou por pessoa
interessada (em decorrência do direito de petição).

4. Controle legislativo
O controle legislativo sobre os atos da Administração Pública incide nos
critérios políticos e financeiros. Abaixo listamos os principais casos de controle
legislativo:

 Sustação de atos normativos que extrapolarem o poder regulamentar;


 Convocação de autoridades para prestarem informações sob pena de crime de
responsabilidade;
 Autorização ou aprovação a prática de algum ato administrativo;
 Instituição de comissões parlamentares de inquérito (CPIs);
 Processamento e julgamento do processo de impeachment;
 Julgamento das contas prestadas pelo Presidente da República;
 Fiscalização contábil da Administração Direta e Indireta.

5. Controle pelo Tribunal de Contas


O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo na fiscalização contábil,
financeira e orçamentária, mediante três tipos de controle: legalidade
(compatibilidade formal com a lei), legitimidade (compatibilidade com os princípios) e
economicidade (relação custo-benefício).
Conforme o texto constitucional, são atribuições do Tribunal de Contas que
auxiliam neste controle: consultiva, fiscalizadora, julgadora, registro, sancionadora,
corretiva e ouvidoria.

6. Controle judicial

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É o controle exercido pelo Poder Judiciário. Este controle está restrito as


questões de legalidade.

6.1. Instrumentos de controle judicial

Remédio constitucional que visa proteger o direito de


Habeas corpus liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Pode ser preventivo ou repressivo;

Mandado de Remédio constitucional cujo objetivo e proteger direito líquido


segurança individual e certo, contra ato ilegal ou abuso de poder.

Mandado de Remédio constitucional cujo objetivo e proteger direito


segurança coletivo coletivo e individual homogêneo, líquidos e certos, contra ato
ilegal ou abuso de poder.

Mandado de Ação que tem por objetivo suprimir omissão legislativa.


injunção

Ação que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de


Ação popular entidade, à moralidade, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural.

Ação civil pública Visa a prevenir ou reprimir dano ao patrimônio público e


social, do meio ambiente e de interesses difusos e coletivos.

Assegura o reconhecimento, retificação ou anotação de


Habeas Data informações da pessoa do impetrante, constantes em registro
ou bancos de dados públicos.

Ação de improbidade Aplicar sanções aos agentes públicos que praticarem atos de
administrativa improbidade.

Resolução de Questões

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1. (Ano: 2017 – Banca: FMP Concursos – Órgão: PGE/AC – Prova: Procurador do


Estado). Sobre a doutrina da discricionariedade administrativa e do controle
jurisdicional, considere as seguintes assertivas:
I – A discrição administrativa pode decorrer da hipótese da norma, no caso da ausência
de indicação explícita do pressuposto de fato, ou no caso de o pressuposto de fato ter
sido descrito através de termos ou expressões que ilustram conceitos vagos, fluidos ou
imprecisos.
II – A noção de discricionariedade não se prende somente ao campo das opções
administrativas disponíveis efetuadas com base em critérios de conveniência e
oportunidade, no chamado campo do mérito do ato administrativo.
III – A hipótese de discricionariedade administrativa sempre corresponderá uma
situação concreta em que se identifica que a decisão do administrador é tida como
intangível, pois corresponderá a uma opção de mérito cuja escolha se sintoniza com o
espectro de possibilidades antevisto pela norma jurídica aplicável.
IV – A abstrata liberdade de atuação conferida no âmbito textual da norma jurídica
aplicável define de antemão o espaço da discricionariedade administrativa a ser
concretizado pelo agente público.
São CORRETAS:
a) apenas a I, II e III.
b) apenas a II, III e IV.
c) apenas a I e II.
d) apenas a I, III e IV.
e) apenas a I e IV.

Gabarito: C
Justificativa: A questão encontra fundamento nas lições de Celso Antônio Bandeira de
Mello.
I – A discrição administrativa decorre da hipótese da norma, finalidade da norma e,
inclusive, do mandamento da norma.
II – No uso da discricionariedade deve-se ponderar: a possibilidade do agente decidir
pela solução pertinente, coisa que a vinculação não permitiria; a lei permite o uso da

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discricionariedade que poderá ser utilizada ou não, conforme o caso concreto; e, por
fim, o controle da discricionariedade ocorrerá por critérios de razoabilidade.
III – A hipótese de discricionariedade administrativa sempre corresponderá uma
situação concreta em que se identifica que a decisão do administrador não é tida como
intangível. O agente público deverá fazer a melhor escolha, sob pena de anulação do
ato.
IV – O uso da discricionariedade encontra quatro fundamentos: intenção legal de
conferir a discricionariedade; impossibilidade do legislador em prever todas as
situações; inviabilidade de suprimir a discricionariedade; e, impossibilidade de negar a
discricionariedade.

2. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: TJ/PR – Prova: Juiz Substituto). No que se refere
à discricionariedade administrativa e ao controle judicial dos atos administrativos,
assinale a opção correta.
a) Não havendo previsão legal sobre o tema, o STF tem admitido que o Poder Judiciário
determine a atualização da tabela do imposto de renda.
b) Segundo o entendimento do STF, não havendo flagrante ilegalidade ou
inconstitucionalidade, o Poder Judiciário não pode interferir em critérios fixados por
banca examinadora de concurso público.
c) Segundo o STF, a determinação judicial para que a administração pública realize
obras ou reformas emergenciais em presídios fere a separação dos poderes, mesmo
que a melhoria preste-se a garantir a integridade física dos presos.
d) Não se admite o controle judicial dos atos discricionários.

Gabarito: B
Justificativa: Esta questão encontra fundamento no RE 632853/CE, pelo qual o Poder
Judiciário não poderá interferir em critérios fixados por banca examinadora de
concurso.

3. (Ano: 2017 – Banca: FGV – Órgão: ALERJ – Prova: Procurador). Determinada agência
de fomento estadual, enquadrada como instituição financeira, é instada pelo

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competente Tribunal de Contas a apresentar dados relativos aos financiamentos


públicos por ela concedidos. Diante da requisição, deve a agência:
a) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, considerando que
estão protegidos pelo sigilo bancário;
b) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, porquanto
apenas o Poder Judiciário poderia requisitar essas informações;
c) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de Contas, considerando o fato de que
operações financeiras que envolvam recursos públicos não estão submetidas ao sigilo
bancário;
d) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de Contas, considerando o fato de que
a Constituição Federal ressalva expressamente o direito ao sigilo nos casos de
requisições efetivadas pelas Cortes de Contas;
e) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, porquanto
restaria violado o direito à intimidade dos beneficiários dos financiamentos públicos.

Gabarito: C
Justificativa: Resolve-se a questão a partir da leitura do MS 33340/DF, constante no
Informativo 787 do STF. Tal MS trata de operações de crédito realizadas pelo BNDES.

4. (Ano: 2016 – Banca: CESPE – Órgão: PGE/AM – Prova: Procurador do Estado). Acerca
do controle administrativo interno e externo, julgue o item a seguir.
“As comissões parlamentares de inquérito são instrumentos de controle externo
destinados a investigar fato determinado em prazo determinado, mas desprovidos de
poder condenatório”.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo
Justificativa: Esta questão está fundamentada no art. 58, §3o da CRFB.

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Capítulo 20
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

1. Conceito
A ação de improbidade administrativa tem por objetivo impôr sanções àqueles
que praticarem atos de improbidade administrativa e encontra regulamentação legal
na Lei 8429/1992. Está intimamente ligada ao princípio da juridicidade.

2. Controle da improbidade

Instrumentos de controle preventivo Estatutos funcionais, código de ética,


Ministério Público, Tribunal de Contas

Instrumentos de contro repressivo Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

3. Sujeitos

3.1. Sujeito passivo


É quem sofre o ato de improbidade. Conforme determinado na lei, são sujeitos
passivos: as pessoas da Administração Pública Direta e Indireta; empresas
incorporadas ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% por cento do patrimônio ou da
receita anual; entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou
creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com menos de 50% por cento do patrimônio ou da receita
anual.

3.2. Sujeito ativo


É a pessoa que comete o ato de improbidade administrativa. Pode ser sujeito
ativo os agentes públicos e os terceiros.

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4. Atos de improbidade administrativa e suas respectivas sanções


São atos de improbidade administrativa: enriquecimento ilícito, dano ao erário
r a violação aos princípios da administração.

4.1. Enriquecimento ilícito


Constitui enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão de cargo, emprego, função ou mandato.
Aquele que receber vantagem indevida, sofrerá as seguintes penalidades:

 Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;


 Ressarcimento integral do dano, quando houver;
 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos;
 Pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial;
 Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez
anos.

4.2. Dano ao erário


Pratica dano ao erário aquele que por ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseja perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de
bens. A prática deste ato tem como sanção, nos termos da lei:

 Ressarcimento integral do dano;


 Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer
esta circunstância;
 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos;
 Pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano;
 Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou

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incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por


intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
cinco anos.

4.3. Violação aos princípios da administração pública


Diz respeito a ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. As sanções respectivas a este ato
de improbidade são:

 Ressarcimento integral do dano, se houver;


 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos;
 Pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida
pelo agente;
 Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
três anos.

5. Prescrição
Na forma da lei, o prazo prescricional será de:

 Até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em


comissão ou de função de confiança;
 Dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de
exercício de cargo efetivo ou emprego;
 Até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação
de contas final pelas entidades especificadas pela lei.

6. Procedimento

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O procedimento a ser verificado nas ações de improbidade administrativa está


descrito na própria lei. Abaixo, resumimos bem o trâmite dessa ação judicial.
A ação principal seguirá o rito ordinário, possuindo legitimidade para sua
propositura o Ministério Público e pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da
efetivação da medida cautelar.
A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios
suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas. Estando a inicial em
devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e
justificações, dentro do prazo de 15 dias.
Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão
fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade,
da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de
improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.

Resolução de Questões

1. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: MPE/RR – Prova: Promotor de Justiça


Substituto). Após a captura em flagrante de um homem, policiais o detiveram na
delegacia, onde o torturaram na tentativa de obter dele a confissão da prática de
determinado crime. O MP ajuizou ação de improbidade administrativa contra esses
policiais. Nessa situação hipotética, conforme o entendimento do STJ, a conduta dos
policiais:
a) não configurou ato de improbidade administrativa, que se caracteriza como ato
imoral com feição de corrupção de natureza econômica, conduta inexistente no tipo
penal de tortura.

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b) configurou ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da


administração pública.
c) configurou ato de improbidade administrativa, pois a tortura é expressamente
prevista no rol de condutas ímprobas na Lei de Improbidade Administrativa.
d) não configurou ato de improbidade administrativa, que pressupõe lesão direta à
própria administração, e não a terceiros.

Gabarito: B
Justificativa: Resolve-se esta questão a partir da leitura do REsp 1.177.910/SE,
constante no Informativo 577 do STJ.

2. (Ano: 2017 – Banca: IBADE – Órgão: PC/AC – Prova: Delegado de Polícia Civil). Tendo
em vista as disposições da Lei n° 8.429/1992, que trata da improbidade administrativa,
é correto o que se afirma em:
a) Por ser o ato ímprobo extremamente pernicioso para a sociedade, as ações ou
omissões, dolosas ou culposas, que importem enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário
ou violação de princípios da Administração Pública, serão passíveis de aplicação das
sanções constantes da Lei de Improbidade Administrativa.
b) No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público beneficiário os bens ou
valores acrescidos ao seu patrimônio. Por uma lacuna legislativa, esta sanção não
alcança os terceiros beneficiários da conduta ímproba.
c) Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a tortura de preso
custodiado em delegacia praticada por policial não constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública, mas sim uma
questão a ser resolvida exclusivamente na esfera penal.
d) Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, nos casos de dispensa
ilegal de procedimento licitatório mediante fracionamento indevido do objeto licitado
em que o Poder Público deixa de contratar a melhor proposta, veda-se
peremptoriamente a pena de ressarcimento ao erário porque sua admissão implicaria
prejuízo ao erário in re ipsa, o que, para aquela Corte, é um caso não admitido de
responsabilização objetiva por improbidade administrativa.

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e) Segundo expressa disposição da Lei de Improbidade Administrativa, liberar recursos


de parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas sem a estrita
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
irregular constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário.

Gabarito: E
Justificativa:
a) ERRADA – Apenas os atos de improbidade que causam lesão ao erário podem
assumir a forma culposa. O erro da alternativa está em generalizar e afirmar que todos
os atos de improbidade podem ser cometidos de forma culposa.
b) ERRADA – Não há lacuna legislativa em relação ao terceiro. Art. 6o da Lei 8.429/92.
c) ERRADA – A tortura de preso em custódia constitui ato de improbidade
administrativa, conforme REsp 1.177.910/SE, constante no Informativo 577 do STJ.
d) ERRADA – É possível a pena de ressarcimento ao erário nos casos de dispensa ilegal
de procedimento licitatório mediante fracionamento indevido do objeto licitado, trata-
se de entendimento firmado no REsp 1.214.605/SP.
e) CERTA – A alternativa encontra fundamento no art. 10, XXI da Lei 8.429/92.

3. (Ano: 2017 – Banca: CESPE – Órgão: Prefeitura de Fortaleza/CE – Prova: Procurador


do Município). Um servidor da Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza,
ocupante exclusivamente de cargo em comissão, foi preso em flagrante, em operação
da Polícia Federal, por fraudar licitação para favorecer determinada empresa. Com
referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente tendo como
fundamento o controle da administração pública e as disposições da Lei de
Improbidade Administrativa e da Lei Municipal n.º 6.794/1990, que dispõe sobre o
Estatuto dos Servidores do Município de Fortaleza. Mesmo que o servidor mencionado
colabore com as investigações e ressarça o erário, não poderá haver acordo ou
transação judicial em sede de ação de improbidade administrativa.
( ) Certo
( ) Errado

Gabarito: Certo

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Justificativa: Trata-se de situação prevista no art. 17, §1o da Lei 8.429/92. Este artigo
havia sido alterado pela MP 703/2015 que, no entanto, perdeu a sua eficácia em maio
de 2016. Não esqueça de manter seu material de estudos atualizado.

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