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1) Título: O Spinoza de Lacan: a transversalidade spinozana contida na obra psicanalítica

lacaniana.

2) Introdução

O presente projeto visa desenvolver através de uma pesquisa bibliográfica narrativa


questionamentos, análises e exposições sobre aspectos de influencia da filosofia do
seiscentista Benedictus de Spinoza na teoria psicanalítica de Jean-Jacquesn Lacan. A
compreensão de conceitos-chave de Lacan como desejo, fantasma, ética, transferência entre
outros, ao serem concatenadas as obras de Spinoza, vem a contribuir numa interpretação mais
ampla da teoria psicanalítica. A relevância de uma pesquisa com essa caraterística se dá pela
aproximação da filosofia de Spinoza com conceitos estudados da teoria psicanalítica, sendo
que uma pesquisa foi desenvolvida com tal objetivo durante a graduação e estimulou
desdobramentos e hipóteses acerca do tema. Essa ‘volta à modernidade’ se demonstra um
aparato de grande importância para uma formação mais adequada acerca do entendimento das
matrizes epistemológicas que influenciaram o pensamento da Psicanálise em Lacan. Assim,
um estudo dessa natureza e seu objetivo, ou seja, a confluência quanto as matrizes
epistemológicas da psicanálise lacaniana em correspondência a metafisica de Spinoza,
demonstrará um panorama sobre esse viés epistemológico da psicanálise.
3) Fundamentação teórica e estudos sobre o tema

O filósofo Henri Bergson afirmava que “todo filósofo tem duas filosofias: a sua
própria e a de Spinoza” (BERGSON,1959, p.587). Sendo a aplicabilidade dessa afirmativa
coerente e legítima, há de se pensar que para além das contribuições para o campo filosófico a
obra do holandês do século XVII Benedictus de Spinoza1 “parecia ter vislumbrado soluções
que a ciência só agora está oferecendo para vários problemas” (DAMÁSIO, 2004, p.13). De
tal modo que estudos na física, química, sociologia, antropologia, psicologia e psicanálise tem
confrontado ou se apropriado da teoria spinozana para redirecionar suas perspectivas
epistemológicas e teóricas. Mais estritamente algumas abordagens teóricas dentro da
psicologia e psicanálise tem-se atentado consideravelmente para uma das principais temáticas
tratadas por Spinoza em seu livro Ética demonstrada a maneira dos geômetras que é: “ a
verdadeira natureza e força dos afetos e como a mente pode fazer para moderá-los”
(SPINOZA, 2008, p.45). Com Lacan esse premissa se valida, já que o mesmo está entre o hall
de pesadores que retornaram a filosofia para um maior embasamento de sua própria teoria.

Desde sua origem nascimento da psicanálise com seu dialogo e epistemologia e suas
matrizes a filosofia, o próprio Freud em seu texto ‘O interesse científico da psicanálise’(1913)
faz uma crítica a um possível devir que a psicanálise poderia contribuir no campo filosófico a
partir de então:

“A filosofia, até onde se apóia na psicologia, não poderá deixar de levar integralmente
em conta as contribuições psicanalíticas à psicologia e de reagir a esse novo
enriquecimento de nossos conhecimentos, tal como fez em relação a todo processo
digno de consideração nas ciências especializadas. Em particular, o estabelecimento
da hipótese de atividades mentais inconscientes deve compelir a filosofia por um lado
ou outro e, se aceitar a idéia, modificar suas próprias opiniões sobre a relação da
mente com o corpo, de maneira a poderem se conformar ao novo conhecimento”
(FREUD, 1913, p. 125)

Esse caráter de uma filosofia a partir da psicanálise pode ser utilizado tanto para
compreender aspectos até então não levados em conta pela filosofia, como também de
utilizar-se dessa aproximação para uma leitura epistemológica da psicanálise. Sendo assim, a
possibilidade de estudos que visam estabelecer as conexões entre psicanálise e filosofia são de
relevância impar, seja para um conhecimento das origens dos questões problemas que a
psicanálise tem a resolver ou para aparato conceitual da interpretação conceitual no campo

1
É adotada a grafia latina do nome do filosofo, tendo como base a discussão de André Santos Campos em
“Spinoza e Espinosa: excurso antroponímico”, Revista Conatus, n.1, 2007.
psicanalítico. Em ‘História do movimento psicanalítico’ Freud nos atenta para da importância
dessa aproximação:
“A teoria da repressão sem dúvida alguma ocorreu-me independentemente de
qualquer outra fonte; não sei de nenhuma impressão externa que me pudesse tê-la
sugerido, e por muito tempo imaginei que fosse inteiramente original, até que Otto
Rank (1911a) nos mostrou um trecho da obra de Schopenhauer World as Will and
Idea na qual o filósofo procura dar uma explicação da loucura. O que ele diz sobre
a luta contra a aceitação da parte dolorosa da realidade coincide tão exatamente
com o meu conceito de repressão que, mais uma vez, devo a chance de fazer uma
descoberta ao fato de não ser uma pessoa muito lida.” (FREUD, 1914, p. 10)

Para a psicanálise lacaniana o mesmo atributo (a aproximação com a filosofia) pode


ser desenvolvido como objeto de estudo, tendo em vista que sua obra está repleta de citações
a filósofos e de interações de estudantes de seus seminários, que utilizam de conceitos
filosóficos para corroborar em seus argumentos. Podendo assim, ter influenciado na forma
filosófica de pensamento do Lacan, ponderando que “Lacan não opôs uma filosofia do desejo
a uma biologia das paixões, mas utilizou um discurso filosófico para conceituar a visão
freudiana, que julgou insuficiente” (ROUDINESCO, 1998, p. 147). Se evidenciam em
diversos escritos e seminários conceitos de autores da filosofia como Hegel, Kant e Spinoza,
que vem a tona para um debate mais amplo, mas não menos intrínseco, dos conceitos da
psicanálise. Um notório texto lacaniano que demonstra essa familiaridade com a filosofia por
parte de Lacan é ‘Kant com Sade’ (1995), onde o autor faz um paralelo da filosofia Kantiana,
principalmente no livro ‘Crítica a razão prática’, e de Marquês de Sade em sua ‘Filosofia na
alcova’. Sobre Hegel o próprio Lacan participou assiduamente do curso do professor de
filosofia Alexandre Kojève ‘Introdução à filosofia de Hegel’ onde “se juntou, através da
leitura da Fenomenologia do espírito, de Hegel, feita pelo filósofo Alexandre Kojève (1902-
1968), a idéia de uma dialética da negatividade, segundo a qual todo reconhecimento do outro
passa por uma luta de morte”. (ROUDINESCO, 1998, p. 559).
O caráter geométrico da principal obra de Spinoza, a Ética, em diversas passagens
demonstra uma estreita relação dos conceitos do filósofo com a psicanálise de Lacan. O rigor
matemático do racionalismo de Spinoza pode ser comparado, guardada as devidas proporções
de objetivos e de épocas, a lógica tão amplamente utilizada por Lacan. A influência de
Spinoza na vida de Lacan, segundo biógrafos do psicanalista, se deu em sua adolescência que
“com a idade de 16 anos, admirava a Ética de Baruch Spinoza.” (ROUDINESCO, 1998, p.
446) e que “... por quem o adolescente Lacan já manifestava um interesse apaixonado, quando
rabiscara a Ética, em latim, na parede de seu quarto, aos quinze anos”. (TEIXEIRA, 2007, p.
91). Lacan até mesmo utilizou em seu seminário 11 ‘Os quatro conceitos fundamentais da
psicanálise’ o termo ‘excomunhão’ para dizer acerca da cisão que aconteceu entre ele e a IPA,
onde que para Lacan aconteceu com ele o que aconteceu com Spinoza de maneira similar:
“Ela só existe desta forma numa comunidade religiosa .designada pelo termo
indicativo, simbólico, de sinagoga, e propriamente disto é que Spinoza foi objeto. A
27 de julho de 1656 primeiro -singular bicentenário, pois corresponde ao de Freud -
Spinoza foi objeto do kherem, excomunhão que corresponde mesmo à excomunhão
maior; depois, ele esperou 12 a excomunhão algum tempo para ser objeto do
chllmmata, o qual consiste em acrescentar àquela a condição de impossibilidade de
retorno.” (LACAN, 1964, p. 11)

Outra aproximação importante entre os dois autores se encontra na primazia que


ambos dão ao afeto desejo. Para Spinoza é um dos três afetos primários, juntamente com a
alegria e a tristeza, de onde todos os outros afetos são derivações desses três. O filosofo na
Ética, livro 3, definições dos afetos conceitua o desejo como “a própria essência do homem,
enquanto esta é concebida como determinada, em virtude de uma dada afecção qualquer de si
própria, a agir de alguma maneira.” (SPINOZA, 2008, p. 237). Lacan no seu seminário 10,
aproximasse da idéia de desejo spinozana quando conceitual “o desejo do homem e o desejo
do Outro” (LACAN, 1962, p. 31). E também é próximo aos comentadores e estudiosos da
psicanálise essa simbiose contida na natureza do desejo para ambos os autores sendo que “O
desejo é a essência do homem, disse Spinoza, e é também o problema fundamental tanto da
teoria como da prática psicanalítica.” (KAUFMANN, 1996, p. 230). Logo o problema
fundamental tanto de Spinoza quanto de Lacan está na tentativa rigorosa de apreender qual o
papel do desejo na dimensão humana e para isso se debruçam sobre o tema exaustivamente.
No inicio do seu seminário número 14 ‘A lógica do fantasma’ Lacan faz sua
exposição acerca do ‘objeto a’ e para isso utiliza em sua linha de pensamento uma concepção
de Spinoza contida na Ética demonstrada a maneira dos geômetras acerca do desejo. A
inserção lacaniana acerca da definição de desejo spinozana contribui para a seguinte crítica de
Lacan acerca de como o desejo era visto pela psicanálise, como essência da realidade: “Nessa
fórmula spinoziana, temos que substituir simplesmente essa fórmula - essa fórmula cujo
desconhecimento conduz a psicanálise às aberrações mais grosseiras, a saber: que o DESEJO
E A ESSENCIA DA REALIDADE.” (LACAN, 2008, p.19). Logo após no parágrafo seguinte
Lacan apresenta o matema para sua proposição do papel do desejo na realidade em relação ao
Outro, do gozo ao outro, o seja “o objeto a é a sua interseção” (ibdem).
A aproximação entre os dois autores se dá ainda mais visível quando Lacan afirma:
É por isso que jamais - nessa relação de um vel originalmente estruturado que
é aquele onde tentei articular para vocês, há três anos, a alienação - o sujeito
poderia se instituir senão como uma relação de falta com esse a que é do
Outro, exceto, ao querer se situar nesse outro, a só te-lo igualmente amputado
desse objeto a”. (LACAN, 2008, p. 20)
Uma passagem da Ética de Spinoza vem de encontro à exposição lacaniana, através
de uma leitura paralela das dos dois autores, para indicar essa amputação, esse insuficiência, o
desejo em relação ao outro. No escólio da proposição 17 Spinoza nos apresenta uma célebre e
conhecida idéia de sua obra:

Além disso (pelo corol. prec. e pelo corol. 2 da prop. 16), compreendemos
claramente qual é a diferença entre, por exemplo, a idéia de Pedro, que
constitui a essência da mente do próprio Pedro, e a idéia desse mesmo
Pedro que existe em outro homem, digamos, Paulo.A primeira, com efeito,
explica diretamente a essência do corpo de Pedro, e não envolve a
existência senão enquanto Pedro existe; a segunda, entretanto, indica mais o
estado do corpo de Paulo do que a natureza de Pedro e, assim, enquanto
durar o estado do corpo de Paulo, sua mente considerará Pedro como lhe
estando presente, mesmo que Pedro, já não exista. (SPINOZA, 2008, p.
109-111)

Essa metáfora spinozana vem ilustrar o conteúdo das imagens representativas


formadas na mente após as afecções, ou seja encontros de corpos, e com isso a mente dessas
imagens a representação de outros corpos. A formação em si dessas imagens não é o
problema segundo o filósofo, pois “consideradas em si mesmas, não contem nenhum erro; ou
seja, a mente não era por imaginar, mas apenas enquanto é considerada como privada da idéia
que exclui a existência das coisas como ela imagina como ilhe estando presentes.”
(SPINOZA, 2008, p. 111). Esse conteúdo imagético que parte das afecções dos corpos é
chamado a atenção por Lacan e faz alusão a possibilidade representativa em relação ao corpo:
“Que tudo que é do corpo passe na alma, lá, é isso é isso que pode ser retido, é a imagem do
copo, lá esta aquilo através do de que tantos analistas acreditam poder apreender isso que é
nossa referencia ao corpo.” (LACAN, 2008, p. 410).
Outra temática que vem de encontro para uma transversalidade da obra dos dois
autores é o corpo. Em Spinoza é notório que seu monismo auxilia na compreensão de como
corpo e mente não são substancias distintas (cartesianismo), mas que são modos diferentes de
uma mesma substancia sem uma relação hierárquica entre ambos. Sobre essa importância do
corpo dada por Spinoza Jaquet diz:
O afeto concerne, portanto, primeiramente ao corpo enquanto pode ser modificado
em virtude de sua natureza e de suas partes. Sua condição de possibilidade reside na
existência de um modo finito da extensão cuja a natureza assaz composta o torna
apto a ser disposto de um grande número de maneiras tanto no nível das partes
quanto na totalidade. O afeto se funda, portanto, sobre uma física do corpo humano
concebido como individuo complexo. (JAQUET, 2015, p.103)

O corpo em Lacan também possui lugar de destaque. Em seu texto ‘Radiofonia’ Lacan
desenvolve claramente a importância do corpo no pensamento psicanalítico, sendo o corpo
aquele que pode portar as marcas, de maneira similar que com Spinoza diz sobre afecções
sofridas pelo corpo percebidas pela mente, que diz que “A mente humana não conhece a si
mesma senão enquanto percebe as idéias das afecções do corpo” (SPINOZA, 2008, p. 117).
Disso segue o trecho de Lacan:

O corpo, a levá-lo a sério, é, para começar, aquilo que pode portar a marca
adequada para situá-lo numa seqüência de significantes. A partir dessa marca, ele é
suporte da relação, não eventual, mas necessária, pois subtrair-se dela continua a
ser sustenta-la. (LACAN, , p. 407)

Esse primado do corpo é fundamental para compreensão de como ambas as teorias


podem caminhar juntas numa leitura epistemológica que estabeleça uma ampla discussão
acerca da discussão do corpo lacaniano, tendo como matriz a afecções corpóreas e as idéias da
mente de Spinoza.

A função dos afetos é outro ponto a ser destacado numa leitura paralela entre os dois
autores. Michael Della Rocca (1996) faz uma leitura pertinente e crítica sobre as
possibilidades de se ter uma psicologia de cunho afetivo spinozano. A discussão sobre as
modificações cognitivas provocadas pelos afetos é evidente, mas a dimensão prática e ética
dos afetos também é inserida:

A natureza cognitiva dos afetos tem uma função central na explicação spinozana dos
meios que podemos usar para destruir afetos danosos ou ao menos diminuir seus
efeitos deletérios. Já que um afeto danoso- como qualquer outro – envolve crenças,
pensamentos etc. de maneira essencial, se formos capazes de alterar o estado
cognitivo relevante, com isso alteraremos ou até mesmo destruiremos o afeto
danoso. Dessa maneira, podemos ver como, para Spinoza, os princípios de
constituição dos afetos têm importantes implicações práticas e éticas. 2 (Rocca, 1996,
p. 243)

Spinoza ao concentrar em seu terceiro livro da Ética ‘Da origem e natureza dos afetos’
um esforço para elaborar uma organização de como os afetos influem na vida humana. É feito
por ele um esforço para compreender como os afetos são causa de nossa servidão ou liberdade
e com isso baseia-se nessas modificações corporais e mentais simultaneamente. Essa
discussão spinozana pode nos auxiliar a compreender a importância que o padrão afetivo

2
The cognitive nature of affects plays a central role in Spinoza's account of the means by which we may destroy
harmful affects or at least lessen their deleterious effects. Since a harmful affect - like any other - essentially
involves beliefs, thoughts, and so forth, if we are able to alter the relevant cognitive state, we will thereby alter or
even destroy the harmful affect. In this way, we can see how principles of affect constitution carry importante
practical and ethical implications for Spinoza.
possui na análise, sendo os afetos uma nuance para intervenções bem sucedidas durante a
análise se levada em conta por parte do analista.

Considera-se, com efeito, que aquilo que poderemos chamar um certo número de
afetos, na medida em que o analista seja tocado por eles na análise, constitui um
modo, senão normal, pelo menos normativo, do balizamento da situação analítica, e
um elemento não somente da informação do analista, mas até mesmo de sua
intervenção, pela comunicação que ele pode fazer disso, eventualmente, ao
analisado. (LACAN, 1992, p. 247)

Esse mapeamento afetivo é imprescindível para uma melhor condução do processo de


análise, pois eles são resultados da organização mental e corpórea do analisando. É
Importante pontuar, que assim como em Spinoza, o conceito afeto deve esclarecido já que
pode trazer inúmeros desconfortos para quem utiliza de maneira genérica o conceito, o
próprio Lacan nos adverte disso quando se refere que “a transferência, na opinião comum, é
representada como um afeto.” (LACAN, 1988, p. 119).

4) Objetivos

Objetivo geral: Analisar e interpretar a bibliografia do filosofo Benedictus Spinoza e do


psicanalista Jean-Jacques Lacan, e consequentemente de seus comentadores, observando
assim as relações e aproximações conceituais entre esses dois autores que influenciaram no
desenvolvimento do estatuto epistemológico da teoria psicanalítica lacaniana.

Objetivos específicos:

 Revisar a bibliografia de Spinoza partindo da Ética demonstrada a maneira dos


geômetras.

 . Revisar a bibliografia de Lacan tendo como base os seminários onde Spinoza é


citado.

 . Analisar paralelamente os conceitos de Lacan que se aproximam com os conceitos


filosóficos de Spinoza, principalmente os conceitos de desejo, ética, afetos e
transferência.

 Debater a convergência epistemológica entre da filosofia moderna Spinoza com as


práticas psicanalíticas contemporâneas lacanianas.
5) Método

O método utilizado na pesquisa será o qualitativo, onde utilizara revisão bibliográfica


narrativa das obras originais dos autores Spinoza e Lacan e também em seus comentadores,
sendo a “revisão da literatura narrativa ou tradicional, quando comparada à revisão
sistemática, apresenta uma temática mais aberta” (CORDEIRO, 2007, p. 429). Em seguida
desenvolver uma narrativa interpretativa da epistemologia entre esses autores que corrobore a
hipótese da influência spinozana na psicanálise lacaniana.

Sobre as obras de interpretação da obras de Spinoza e importante ressaltar o caráter


sintético e coeso do autor, que em sua vida concebeu poucas obras. Mas isso não é fator que
retira sua densidade teórica, pelo contrário, já que “Trata-se de um autor extremamente
conciso. Sua obra magna, a "Ética", tem cem páginas! Com exceção do "Tratado Teológico-
Político", suas demais obras são curtas. Esse laconismo obriga seu comentador a mergulhar na
erudição e na filologia para poder explicitar o implícito.” (CHAUÍ, 1999, p. 1). O caráter
erudito do autor também estará em foco, já que a linguagem geométrica utilizada pelo mesmo
será estudada para uma melhor interpretação.

Em relação à leitura de Lacan com uma obra qualitativamente maior que a de Spinoza
serão abordados os seminários onde o Spinoza é citado primeiramente. Isto porque é
necessário estabelecer na obra de Lacan como a teoria do filosofo é utilizada, para qe
posteriormente os conceitos de ambos os autores sejam interpretados por si só. E isto é
possível graças uma característica da própria leitura lacaniana:

Lacan era um leitor e intérprete voraz; para ele, a própria psicanálise é um método
de leitura de textos, orais (a fala do paciente) ou escritos. Não há maneira melhor de
ler Lacan, então, que praticar seu modo de leitura e ler os textos de outros com
Lacan. Assim, cada capítulo deste livro vai confrontar uma passagem de Lacan com
um outro fragmento (de filosofia, de arte, de cultura popular e ideologia) (ZIZEK,
2010, P.12)

Em paralelo a leitura dos comentadores de ambos os autores será imprecindivel já que


o papel do comentador é definido por Foucault da seguinte maneira:

Senão o de dizer enfim o que estava articulado silenciosamente no texto primeiro.


Deve, conforme um paradoxo que ele desloca sempre, mas ao qual não escapa
nunca, dizer pela primeira vez aquilo que, entretanto, já havia sido dito, e repetir
incansavelmente aquilo que, no entanto, não havia jamais sido dito. (FOUCALT,
2009, p. 25)

Com isso, a leitura de desses dois autores e seus comentadores possibilitará o


desenvolvimento da interpretação acerca das convergências conceituais em ambas as teorias.
6) Referências

BERGSON, Henri. Écrits et paroles. Paris: PUF, 1959.

CHAUÍ, Marilena. Mea philosophia: depoimento. [13 de março, 1999]. São Paulo: Revista
da Folha de São Paulo. Entrevista concedida a Bento Prado Jr. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/resenha/rs13039901.htm. Acesso em 14 de junho de 2017

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Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro , v. 34, n. 6, p. 428-431, Dec. 2007 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
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http://dx.doi.org/10.1590/S0100-69912007000600012
DAMÁSIO, Antônio. Em busca de Espinosa: Prazer e dor na ciência dos sentimentos. 2º
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FOUCAULT, Michel A Ordem do Discurso. Aula Inaugural no Collège de France,
pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 19.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

JAQUET, Chantal. A unidade do corpo e da mente: afetos, ações e paixões em Espinosa. 1.


Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011. 207 p.

KAUFMANN, Pierre. Dicionário enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud e


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LACAN, Jaques (1960-1961/). O Seminário livro 8. A transferência. Rio de Janeiro: Jorge


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LACAN, Jaques (1964). O Seminário livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da


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TEIXEIRA, Antonio Márcio Ribeiro. A soberania do inútil e outros ensaios de psicanálise


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ZIZEK, Slavoj.Como ler Lacan. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges: revisão técnica
Marco Antonio Coutinho Jorge. - Rio de Janeiro: Zahar. 2010

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