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Universidade Federal Fluminense

Polo Universitário de Volta Redonda

Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda

Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

VANDERSON SIZINO MENEZES

ESTIMATIVA DA POROSIDADE DE MATERIAL


CERÂMICO UTILIZANDO O ENSAIO POR
ULTRASSOM

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Volta Redonda

2016
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

VANDERSON SIZINO MENEZES

ESTIMATIVA DA POROSIDADE DE MATERIAL CERÂMICO UTILIZANDO O


ENSAIO POR ULTRASSOM

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em


Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia Industrial
Metalúrgica de Volta Redonda da Universidade Federal
Fluminense, como Requisito parcial para obtenção do Título de
Mestre em Engenharia Mecânica.

Área de Concentração:Mecânica dos Sólidos, Fabricação e


Projeto Mecânico

ORIENTADOR: Prof. D. Sc. JOSÉ FLÁVIO SILVEIRA FEITEIRA


CO-ORIENTADORA: Profª D. Sc. ÉSOLY MADELEINE BENTO DOS SANTOS

Volta Redonda
2016
VANDERSON SIZINO MENEZES

ESTIMATIVA DA POROSIDADE DE MATERIAL CERÂMICO UTILIZANDO O


ENSAIO POR ULTRASSOM

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________
ORIENTADOR: Profº. D. Sc José Flávio Silveira Feiteira
EEIMVR-UFF - Universidade Federal Fluminense

______________________________________________________
Profº. D. Sc. Claudinei dos Santos
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

______________________________________________________
Profº. D. Sc. Ésoly Madeleine Bento dos Santos
EEIMVR-UFF - Universidade Federal Fluminense

Volta Redonda
2016
Dedico este trabalho aos meus amigos, minha
família, em especial a meu pai Paulo e minha filha
Maria Fernanda.
AGRADECIMENTOS

Gostaria primeiramente de agradecer a DEUS pela saúde, por colocar pessoas em meu
caminho que contribuíram significativamente na conclusão deste trabalho;

Agradeço aos meus pais Paulo Simeão Menezes e Cleuza Maria Pio Sizino Menezes, pois
sem o amor, dedicação e educação que eles me passaram nada disso seria possível;

Aos meus amigos que sempre me apoiaram e compreenderam os momentos de dedicação ao


mestrado;

Aos meus orientadores José Flávio Silveira Feiteira, Ésoly Madeleine Bento dos Santos pela
paciência, dedicação, empenho, orientação e aprendizado adquirido em suas companhias
durante a elaboração desta dissertação;

Ao amigo Duílio Ferronato que esteve sempre disposto a contribuir com o trabalho, além dos
incentivos de motivação em momentos difíceis;

À minha esposa Rosana Menezes, a quem amo muito e sempre me deu força para continuar,
me mostrando a cada dia o quanto ela é especial. Sempre presente, companheira, com as
palavras coerentes na hora certa, mostrando ser uma mulher carinhosa, a quem admiro muito
pela garra e força.

À pós-graduação da Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda


(EEIMVR) pela oportunidade de pesquisa, prestando os recursos necessários para o
desenvolvimento do meu trabalho e, aos professores do programa de mestrado sempre
dispostos a ajudar.

Agradeço também a CAPES pelo apoio financeiro, sem o qual não teria a possibilidade de
realizar o mestrado.
RESUMO

O cimento Portland é um dos materiais mais usados no mundo, sendo utilizado


principalmente na produção de concretos e argamassas. As propriedades dos concretos e
argamassas são fortemente influenciadas pela microestrutura do material que é composta
pelos agregados, produtos de hidratação do cimento e poros. Para a determinação das
propriedades mecânicas são utilizados métodos convencionais que são destrutivos, no entanto
a utilização desses métodos em uma estrutura em execução é inviável. Uma das formas de
contornar esta dificuldade é correlacionar as propriedades com variáveis obtidas em ensaios
não destrutivos como na técnica de ultrassom. O objetivo deste trabalho foi avaliar a
viabilidade de estimar a porosidade da pasta de cimento em função da velocidade de
propagação de ondas ultrassônicas. Para isso foi realizado o ensaio de uma pasta de cimento
com adição de escória de alto forno durante o período de cura de 28 dias com intervalos de
sete dias. As amostras foram preparadas com razão água/cimento variando de 0,3 a 0,7.
Apresentando como resultados de porosidade para as razões de 0.3, 0.4, 0.5, 0.6 e 0.7,
respectivamente os valores percentuais de 16,08; 21,74; 28,93; 39,53 e 42,26. Os resultados
indicaram que o monitoramento da variação de velocidade de propagação permitiu determinar
de forma indireta o efeito da adição de água na porosidade do material e consequentemente
nas propriedades mecânicas. Além da porosidade, relacionou-se também a resistência a
compressão com a velocidade de propagação da onda mecânica longitudinal. Tais resultados
comparados com métodos convencionais de determinação de propriedades mecânicas se
mostraram muito eficientes com a vantagem de serem não destrutivos.

Palavras-chave: Ensaio de Ultrassom, Porosidade, Argamassa, Resistência Mecânica.


ABSTRACT

Portland cement is one of the most used materials in the world, being used mainly in the
production of concrete and mortars. The properties of concretes and mortars are strongly
influenced by the microstructure of the material that is composed of aggregates, cement
hydration products and pores. For the determination of the mechanical properties
conventional methods are used that are destructive, however the use of these methods in a
running structure is impracticable. One of the ways to overcome this difficulty is to correlate
the properties with variables obtained in non-destructive tests such as the ultrasound
technique. The objective of this work was to evaluate the feasibility of estimating the porosity
of the cement paste as a function of the velocity of propagation of ultrasonic waves. For this, a
cement slurry with blast furnace slag was tested during the 28 day curing period at seven day
intervals. The samples were prepared with water/cement ratio ranging from 0.3 to 0.7.
Featuring porosity results for the ratios of 0.3, 0.4, 0.5, 0.6 and 0.7, respectively, the
percentages of 16.08; 21.74; 28.93; 39.53 and 42.26. The results indicated that the monitoring
of the variation of propagation velocity allowed to determine in an indirect way the effect of
water addition on the porosity of the material and consequently on the mechanical properties.
In addition to the porosity, the compressive strength was also related to the propagation
velocity of the longitudinal mechanical wave. Such results compared with conventional
methods of determining mechanical properties have proved very efficient with the advantage
of being non-destructive.

Keywords: Ultrasound Test, Porosity, Mortar, Mechanical Strength.


SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2 - OBJETIVOS ........................................................................................................................ 3
2.1 – Objetivo Geral ................................................................................................................ 3
2.2 – Objetivos Específicos .................................................................................................... 3
3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 4
3.1 – Material cerâmico .......................................................................................................... 4
3.2 – O cimento ....................................................................................................................... 5
3.2.1 – OS tipos de cimento portland .................................................................................. 7
3.2.2 – A hidratação do cimento ......................................................................................... 9
3.3 – Pasta de cimento .......................................................................................................... 12
3.4 – Porosidade .................................................................................................................... 14
3.4.1 – Propriedades estruturais dos poros ........................................................................ 16
3.4.2 – Poros capilares....................................................................................................... 18
3.4.3 – Poros do Gel .......................................................................................................... 19
3.4.4 – Absorção de água .................................................................................................. 21
3.5 – Técnica de ultrassom ................................................................................................... 23
3.5.1 – A física do ultrassom ............................................................................................. 23
3.5.2 – A velocidade da onda ultrassônica ........................................................................ 24
3.5.3 – Propagação e tipos de onda ................................................................................... 25
3.5.4 – Ensaio por ultrassom ............................................................................................. 28
3.5.5 – Técnica de inspeção .............................................................................................. 32
3.5.6 – Velocidade de propagação de ondas ultrassônicas ................................................ 35
3.6 – Onda ultrassônica e porosidade ................................................................................... 37
4 – MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 39
4.1 – Preparação das amostras .............................................................................................. 39
4.3 – Ensaio de compressão .................................................................................................. 45
4.4 – Ensaio por imersão ....................................................................................................... 48
4.5 – Caracterização Microestrutural .................................................................................... 50
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 52
5.1 – Porosidade por ultrassom ............................................................................................. 52
5.2 – Porosidade por imersão ................................................................................................ 54
5.3 – Estimativa da porosidade via ultrassom ....................................................................... 57
5.4 – Ensaio de compressão .................................................................................................. 59
5.5 – Caracterização microestrutural .................................................................................... 62
6 – CONCLUSÕES................................................................................................................. 70
7 – TRABALHOS FUTUROS ............................................................................................... 73
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 74
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Composição do cimento Portland [Clínquer, Gesso e Fibras] (ANDREUSSI e


OLIVEIRA, 2015) ...................................................................................................................... 6
Figura 2: Processo de Hidratação do Cimento Portland (ANDREUSSI e OLIVEIRA, 2015) 10
Figura 3: Estrutura dos principais produtos formados pela hidratação do cimento Portland
(KUTCHKO, STRAZISAR, et al., 2007) ................................................................................ 12
Figura 4: Materiais constituintes da pasta de cimento, argamassa e concreto ......................... 13
Figura 5: Distribuição de poros abertos e fechados no material refratário (DUARE, 2005) ... 16
Figura 6: Vazios presentes na pasta de cimento quando no estado endurecido (MEHTA e
MONTEIRO, 2006) .................................................................................................................. 19
Figura 7: Microscopia eletrônica identificando grãos não hidratados e poros (NACIFA,
PANZERA, et al., 2013) .......................................................................................................... 20
Figura 8: Modelo esquemático dos tipos de água associados aos silicatos de cálcio hidratados
(MEHTA e MONTEIRO, 2006) .............................................................................................. 22
Figura 9: Espectro do som com faixas de frequências em Hz (GOMES, 2010) ...................... 24
Figura 10: (a) Característica da onda longitudinal (b) Propagação da onda longitudinal
(SANTIN, 2003) ....................................................................................................................... 26
Figura 11: Direção do movimento das partículas na propagação da onda transversal
(SANTIN, 2003) ....................................................................................................................... 27
Figura 12: Propagação das Ondas Longitudinal e Transversal (EXPLICATORIUM, 2007) .. 27
Figura 13: Ilustração de transdutor com propagação da onda de superfície Rayleigh (SANTIN,
2003) ......................................................................................................................................... 28
Figura 14: Componentes do Sistema Ultrassônico (osciloscópio, transdutores e gerador de
ultrassom) ................................................................................................................................. 29
Figura 15: Figura mostrando a contração e expansão do cristal quando submetido a uma alta
tensão alternada na mesma frequência sônica emitida pelo cristal (ANDREUCCI, 2008) ..... 30
Figura 16: Foto dos transdutores de incidência normal de ondas longitudinais de 50 KHz .... 31
Figura 17: Foto da graxa universal UNIFORT utilizada como acoplante nos ensaios de
ultrassom................................................................................................................................... 32
Figura 18: Imagem do osciloscópio com a técnica pulso eco (FERNANDES, 2000) ............. 33
Figura 19: Ilustração da técnica da transparência com queda do sinal ultrassônico
(ANDREUCCI, 2008) .............................................................................................................. 33
Figura 20: Técnica de imersão utilizando a água como acoplante (ANDREUCCI, 2008) ...... 34
Figura 21: Foto das amostras de Pasta de Cimento em formato cilíndrico conforme NBR
5738:2007 ................................................................................................................................. 40
Figura 22: Foto da Misturadora de areia ML.7 (FUNGEL – Roterid Companhia Mecânica) . 41
Figura 23: Gerador de pulsos Ultrassônicos Olympus NDT modelo 5058PR ......................... 42
Figura 24: Osciloscópio Digital Agilent série 1000B .............................................................. 43
Figura 25: Foto da análise por ultrassom utilizando a técnica da transparência, transdutores de
50KHz....................................................................................................................................... 44
Figura 26: Diagrama esquemático do sistema ultrassônico: geração e aquisição de dados ..... 45
Figura 27: Foto do dispositivo para cortes transversais nas amostras ...................................... 46
Figura 28: Medição do diâmetro das amostras utilizando micrômetro 50-57x0.01mm........... 47
Figura 29: Ensaio de Compressão na máquina universal com célula de carga com capacidade
de 600KN.................................................................................................................................. 47
Figura 30: (a) Amostras no interior da estufa à (100  5)ºC; (b) Registro de temperatura na
estufa......................................................................................................................................... 49
Figura 31: Registro da massa seca (Ms) das amostras na balança de precisão ........................ 49
Figura 32: Corpos de prova após o processo de metalização ................................................... 51
Figura 33: Velocidade da onda ultrassônica em função da razão água:cimento ...................... 52
Figura 34: Porosidade analisada por ondas ultrassônicas longitudinais ................................... 54
Figura 35: Porosidade por imersão - ABNT NBR 9778:2005 ................................................. 55
Figura 36: Valores percentuais de porosidade por ultrassom e imersão em água .................... 56
Figura 37: Estimativa da porosidade via velocidade ultrassônica ............................................ 58
Figura 38: Gráfico Compressão x Deformação para as diferentes razões água:cimento ......... 61
Figura 39: Gráfico da Velocidade de Ultrassom x Tensão ....................................................... 62
Figura 40: Identificação do Hidróxido de Cálcio, Grão de cimento não hidratado e C-S-H ... 63
Figura 41: Identificação do Hidróxido de Cálcio, Grão de cimento não hidratado e Poros ..... 64
Figura 42: Hidróxido de Cálcio, Grão de cimento não hidratado e C-S-H na amostra CP 05 . 65
Figura 43: Identificação e localização dos poros na amostra CP 03 ........................................ 66
Figura 44: Identificação e localização dos poros na amostra CP 04 ........................................ 66
Figura 45: Identificação e localização dos poros na amostra CP 05 ........................................ 67
Figura 46: Identificação e localização dos poros na amostra CP 06 ........................................ 67
Figura 47: Identificação e localização dos poros na amostra CP 07 ........................................ 68
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Teores dos componentes do cimento Portland de alto-forno (CP III) ........................ 8

Tabela 2: Exigências físicas e mecânicas do cimento Portland de alto-forno (CP III) .............. 8

Tabela 3: Classe de resistência dos cimentos Portland de alto-forno ......................................... 8

Tabela 4: Modelo Semiempírico para Materiais Porosos ......................................................... 15

Tabela 5: Propriedades mecânicas do concreto à porosidade zero ........................................... 16

Tabela 6: Classificação dos poros quanto ao tamanho ............................................................. 17

Tabela 7: Configuração das razões água:cimento das amostras em formatos cilíndricos ........ 39

Tabela 8: Configuração do gerador de pulsos ultrassônicos para amostras de pasta de cimento

endurecida................................................................................................................................. 42

Tabela 9: Comparando os valores percentuais de porosidade entre ensaio não destrutivo e

destrutivo .................................................................................................................................. 57

Tabela 10: Intervalos de Valores de Velocidade x Porosidade ................................................ 59

Tabela 11: Dados dos Ensaios de Compressão (28 dias de cura) ............................................. 60

Tabela 12: Medidas dos diâmetros dos poros localizados nos corpos de prova....................... 68
1 – INTRODUÇÃO

A investigação proposta neste trabalho, visa desenvolver em torno da análise não


destrutiva de materiais, um levantamento da estimativa da porosidade de pasta de cimento,
com diferentes valores de razão água:cimento, onde utilizará a aplicação da tecnologia de
propagação de ondas ultrassônicas, ou seja, ensaio mecânico por ultrassom.

O estudo apresentado relaciona leituras de ultrassom com propriedades mecânicas da


pasta de cimento, como por exemplo, módulo de elasticidade, resistência mecânica e
porosidade.

Chama-se ultrassom a uma onda mecânica com frequência superior a 20 kHz, logo,
fora do alcance do ouvido humano. De acordo com ANDREUCCI (2008) a onda ultrassônica,
como onda mecânica que é, precisa de um meio para se propagar e, geralmente, apresenta
maiores velocidades de propagação em meios mais densos, sofrendo reflexão e refração na
interface de dois meios com diferentes densidades.

BUNGEY (1989) diz que a velocidade da onda depende principalmente dos seguintes
fatores: coeficiente de Poisson, módulo de elasticidade e massa específica da amostra.

Segundo CAMPITELLI (1987), a porosidade de um material é a sua propriedade de


apresentar poros ou vazios. É representada pela fração do volume total de uma amostra
porosa, que é ocupada por poros ou por espaços vazios. A resistência mecânica da pasta de
cimento está relacionada à porosidade da mesma.

A técnica de inspeção utilizada no ensaio por ultrassom foi à transparência, que


possibilita dimensionar a velocidade de propagação da onda ultrassônica através da pasta de

1
cimento. E quanto maior a velocidade de propagação da onda ultrassônica, mais denso é o
material, ou seja, menos poros há na pasta de cimento.

Este trabalho busca contribuir para aquisição de conhecimentos da técnica de inspeção


por ultrassom, visando à obtenção e avaliação dos resultados dos ensaios, contribuindo na
ampliação de material do conteúdo já existente para pesquisa e estudos sobre o assunto com o
intuito de cooperar para o desenvolvimento e formação de recursos humanos para o mercado
brasileiro.

2
2 - OBJETIVOS

2.1 – Objetivo Geral

Esse trabalho tem como objetivo analisar a porosidade de material cerâmico (pasta de
cimento) utilizando a técnica ultrassônica no domínio da frequência, visando à caracterização
não destrutiva da pasta de cimento, que é de grande interesse devido à preocupação com a
segurança e eficácia na construção civil.

2.2 – Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral deste trabalho, serão desenvolvidos os seguintes


objetivos específicos:

 Determinar a resistência à compressão da pasta de cimento portland CPIII-40


 Medir a velocidade de propagação de ondas ultrassônicas utilizando a técnica da
transparência no ensaio de ultrassom
 Estimar a porosidade da pasta de cimento através dos dados do ensaio por ultrassom
 Analisar o tamanho dos poros na microestrutura da pasta de cimento

3
3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 – Material cerâmico

O termo cerâmica vem da palavra grega keramikos, que significa "material queimado",
indicando que as desejáveis propriedades destes materiais são normalmente encontradas
através de um processo de tratamento térmico de alta temperatura denominado queima
(CALLISTER, 2008).

Até cerca de 60 anos atrás, os materiais cerâmicos mais importantes eram


denominados "cerâmicas tradicionais", são aquelas cuja matéria prima básica é a argila, ou
seja, produtos considerados como cerâmicas tradicionais são louça, porcelana, tijolos, telhas,
ladrilhos, azulejos, manilhas e, em adição, vidros e cerâmicas de alta temperatura.
Atualmente, progressos significativos têm sido alcançados no entendimento do caráter
fundamental destes materiais e das reações que ocorrem neles que são responsáveis pelas suas
propriedades. Por consequência, uma nova geração de materiais cerâmicos foi desenvolvida e
o termo "cerâmica" abrange no momento um significado muito mais amplo. Em diferentes
níveis, estes materiais têm um efeito bastante significativo sobre as vidas das pessoas, seja na
eletrônica, computador, comunicação, aeroespacial, biomecânica e um grande número de
outras indústrias apoiam-se no seu uso (NASCIMENTO, 2007).

Materiais cerâmicos são materiais inorgânicos, formados por elementos metálicos e


não metálicos unidos por meio de ligações iônicas e ou covalentes (SMITH, 1998). Na Tabela
periódica, observa-se que os únicos elementos que são estáveis e se apresentam como átomos
isolados na natureza são os gases nobres, os demais elementos são considerados instáveis e
não são encontrados de forma isolada naturalmente, pois somente atingem estabilidade
quando são ligados a outros átomos.

4
Ligações iônicas e covalentes são caracterizadas como ligações fortes, ou seja,
possuem uma alta ligação química, e para serem quebradas necessitam de uma alta quantidade
de energia, e como consequência possuem altos pontos de fusão. Esses tipos de ligações
também dificultam a existência de elétrons livres, o que torna o material um bom isolante
térmico e elétrico (CALLISTER, 2008).

NASCIMENTO (2007) afirma que à temperatura ambiente, o material cerâmico quase


sempre fratura antes que qualquer deformação plástica possa ocorrer em resposta a uma carga
de tração ou compressão aplicada.

3.2 – O cimento

Cimento portland é a denominação convencionada mundialmente para o material


usualmente conhecido na construção civil como cimento. O cimento portland é um pó fino
com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ação da água.
Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido à ação da água, o cimento
portland não se decompõe mais. O cimento portland, misturado com água e outros materiais
de construção, tais como a areia, a pedra britada, o pó de pedra, a cal e outros, resulta nos
concretos e nas argamassas usadas na construção de casas, edifícios, pontes, barragens etc. As
características e propriedades desses concretos e argamassas vão depender da qualidade e
proporções dos materiais com que são compostos. Dentre eles, entretanto, o cimento é o mais
ativo, do ponto de vista químico. Pode-se dizer que o cimento é o principal responsável pela
transformação da mistura dos materiais componentes dos concretos e das argamassas no
produto final desejado (uma laje, uma viga, um revestimento etc.). Portanto, é de fundamental
importância utilizá-lo corretamente. Para isto, é preciso conhecer bem suas características e
propriedades, para poder aproveitá-las da melhor forma possível na aplicação que se tem em
vista (ABCP, 2002).

BAUER (2011) define o cimento Portland como um produto obtido pela pulverização
do clínquer constituído essencialmente de silicatos hidráulicos de cálcio, com certa proporção
de sulfato de cálcio natural, contendo, eventualmente, adição de certas substâncias que
modificam suas propriedades ou facilitam seu emprego.

5
NEVILLE (1997) afirma que o cimento pode ser considerado um material com
propriedades adesivas e coesivas capaz de unir fragmentos de minerais entre si, de modo a
formar um todo compacto.

De acordo com FUSCO (2008) os componentes do cimento Portland são a cal (CaO),
a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3) e o óxido de ferro. Esses componentes são aquecidos até a
sinterização e posteriormente moídos até a finura adequada.

Na figura 1 se visualiza os elementos típicos que compõem o cimento Portland, sendo


estes Clínquer, Gesso e Fibras que após em contato com água sofrem transformações
mineralógicas.

Figura 1: Composição do cimento Portland [Clínquer, Gesso e Fibras] (ANDREUSSI e


OLIVEIRA, 2015)

De acordo com (KIHARA e CENTURIONE, 2005), o cimento Portland fabricado


hoje é constituído de clínquer, um material sinterizado e peletizado, resultante da calcinação,
a uma temperatura aproximada de 1450ºC, de uma mistura de calcário, argila e eventuais
corretivos químicos de natureza silicosa, aluminosa ou ferrífera, empregados para garantir a
química da mistura dentro de limites específicos.

6
3.2.1 – OS tipos de cimento portland

Existem no Brasil vários tipos de cimento portland, diferentes entre si, em função de
sua composição. De acordo com ABCP (2002), os principais tipos oferecidos no mercado, ou
seja, os mais empregados nas diversas obras de construção civil são:

 Portland comum (CP I);


 Portland composto (CP II);
 Portland de alto-forno (CP III);
 Portland pozolânico (CP IV);

Em menor escala são consumidos, sejam pela menor oferta ou pelas características
especiais de aplicação, os seguintes tipos de cimento:

 Portland de alta resistência inicial (CP V - ARI);


 Portland resistente aos sulfatos;
 Portland branco (CPB);
 Portland de baixo calor de hidratação;
 Cimento para poços petrolíferos

Neste trabalho foi utilizado o Cimento Portland de alto-forno (CP III), o qual é
acrescido de escória siderúrgica, composta de metais resultantes do processo de alto-forno,
além da presença de silicato. O cimento CP III possui características de ligante hidráulico,
portanto maior impermeabilidade e durabilidade, baixo calor de hidratação, alta resistência à
expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser mais resistente a sulfatos. É um
cimento utilizado em argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada, de
concreto simples, armado, projetado e outras (ABCP, 2002).

7
De acordo com a NBR 5735 a composição do cimento CP III deve estar compreendida
entre os limites fixados na Tabela 1.

Tabela 1: Teores dos componentes do cimento Portland de alto-forno (CP III)

Classe de Componentes (% em massa)


Sigla Resistência Clínquer + Escória granulada Material
[MPa] sulfatos de Cálcio de alto-forno carbonático
25
CP III 32 65 – 25 35 – 70 0–5
40

Os cimentos Portland de alto-forno devem atender às exigências físicas e mecânicas


indicadas na Tabela 2 (NBR 5735, 1991).

Tabela 2: Exigências físicas e mecânicas do cimento Portland de alto-forno (CP III)


Limites
Características e Propriedades Unidade
CP III – 25 CP III – 32 CP III – 40
Finura (Resíduo na peneira 75 μm) % 8,0 8,0 8,0
Tempo de início de pega H 1 1 1
Expansibilidade a quente Mm 5 5 5
3 dias de idade MPa 8 10 12
Resistência à
7 dias de idade MPa 15 20 23
Compressão
28 dias de idade MPa 25 32 40

Conforme consta na norma regulamentadora NBR 5735 (1991), os cimentos Portland


de alto-forno (CP III) são definidos, para efeito da verificação de conformidade, nas três
classes apresentadas na Tabela 3, segundo a resistência à compressão obtida aos 28 dias de
idade.
Tabela 3: Classe de resistência dos cimentos Portland de alto-forno

Resistência à compressão aos 28 dias de idade (MPa)


Classe de Resistência
Limite inferior Limite superior
25 25,0 42,0
32 32,0 49,0
40 40,0 -

8
Segundo a NBR 5735 (1991), as resistências à compressão são objetos de um controle
estatístico, dentro da hipótese de uma distribuição gaussiana, assegurando-se os limites
indicados na Tabela 3, com 97% de probabilidade, isto é, a probabilidade do limite inferior
não ser atingido é de 3%, assim como do limite superior ser superado é, também, de 3%.

3.2.2 – A hidratação do cimento

O termo hidratação, por definição, indica a reação química de uma dada espécie
química com água convertendo-se em hidrato, pela introdução de água em sua molécula. No
âmbito restrito da química do cimento este termo refere-se ao conjunto de mudanças que
ocorrem quando o cimento anidro ou uma de suas fases constituintes é misturado com água. O
fenômeno é complexo envolvendo reações químicas que superam a simples conversão de
espécies anidras em hidratos correspondentes (TAYLOR, 1997), sendo assim os compostos
anidros do cimento portland reagem com a água, dando origem a numerosos compostos
hidratados.

O cimento portland é constituído por compostos, cujas reações são a origem do


processo de endurecimento. Os compostos presentes no portland são anidros, mas quando
postos em contato com a água, reagem com ela, formando produtos hidratados (OLIVEIRA,
2015).

De acordo com DIAMOND (1980), nas reações de hidratação do cimento portland


comercial, o teor de sulfato de cálcio exerce influência retardando a pega com consequente
redução da velocidade de endurecimento da pasta de cimento. A etapa de enrijecimento da
pasta é consequência da mudança de um sistema de núcleos aglomerados em uma suspensão
concentrada e, a seguir, em um sólido estruturado viscoelástico, capaz de suportar tensões
aplicadas em tempos reduzidos sem deformações significativas.

A imagem da figura 2 ilustra o processo de hidratação do cimento Portland, com


apresentação das fases de formação dos grãos da microestrutura presente na pasta de cimento.

9
Figura 2: Processo de Hidratação do Cimento Portland (ANDREUSSI e OLIVEIRA, 2015)

Desta forma, o crescimento da resistência mecânica da pasta de cimento surge da


hidratação do cimento, mais especificamente dos silicatos tricálcico e bicálcico. Nesta reação
surge a formação de hidróxido de cálcio ou portlandita [Ca(OH)2] que cristaliza no meio logo
após a saturação da água de mistura e início da formação dos silicatos de cálcio hidratados [C-
S-H], que liberam calor. Com a hidratação completada, adotando cálculos estequiométricos, a
composição aproximada corresponde ao C3S2H3 (QUARCIONI, 2008).

Imediatamente após o contato do cimento com a água, inicia-se uma troca de espécies
iônicas entre os sólidos e a fase líquida. A elevada solubilidade de alguns componentes do
clínquer dá origem a um rápido aumento na concentração de aluminatos, sulfatos e álcalis
(sódio, potássio e cálcio) na fase líquida. Segundo JAWED (1983) as maiores contribuições
para a composição da fase aquosa em contato com o cimento são:

• Silicatos de cálcio [C3S e C2S]: Ca2+ e OH-

• Aluminatos de cálcio [C3A] e ferritas (como C4AF): Ca2+ e Al(OH)4-

• Sulfato de cálcio [CaSO4]: Ca2+ e SO42-

• Sulfatos alcalinos [Na2SO4 e K2SO4]: Na+, K+ e SO42-

10
Ainda nos estudos de JAWED (1983), se verifica que com a dissolução das fases
anidras do clínquer ocorre a formação de compostos com solubilidade menor, o que leva à
precipitação de hidratos, que constituem a pasta endurecida.

Após a mistura do cimento Portland com água, ocorre uma reação de dissolução que
gera cálcio, íons de silicato e aluminato, entre outros. Em algumas horas, novos produtos
chamados hidratados precipitam, dentre os quais os mais importantes são o silicato de cálcio
hidratado (C-S-H) e o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), este último chamado de portlandita
(ISAIA, 2005). Conforme a reação de hidratação avança, uma quantidade maior de material
anidro é convertida em hidratos com uma redução da porosidade, pelo fato de que o volume
de hidratos produzidos pela reação completa do silicato tricálcico com água é duas vezes
maior que o volume inicial de anidro (LÉCOLIER, 2007).

Segundo Lécolier (2007), durante o processo de hidratação do cimento ocorrem duas


reações importantes: a primeira é uma simples formação de géis, devido à alta resistência
iônica da fase aquosa que ocorre quase que imediatamente após a mistura do cimento com a
água; e a segunda, e mais importante reação, resulta no endurecimento, o qual inicia em
poucas horas depois da formação dos géis. O período entre o início da formação dos géis e o
endurecimento é inadequadamente chamado de período de dormência, pois neste período
ocorre a nucleação e o crescimento de partículas hidratadas. Nesta etapa um processo
contínuo de reforço ocorre nas áreas de contato, conduzindo, em alguns pontos, para o
endurecimento.

A matriz do cimento é um material complexo - ambas as espécies que não reagiram e


produtos hidratados estão presentes e aglomerados por um produto amorfo, gel CSH. Após
hidratação do clínquer, os principais componentes são formados portlandita, aluminates e gel
CSH. O gel CSH é o produto mais importante da hidratação, compreendendo até 60% do
volume final, e é responsável pela coesão e propriedades mecânicas da pasta de cimento
(ABCP, 2002).

Na Figura 3 são exibidos os principais produtos formados pelo processo de hidratação


do cimento portland, no qual a matriz cinza escura é composta pela fase silicato de cálcio
hidratado (C-S-H), as fases claras são os grãos de cimento que não foram hidratados e as
regiões em cinza claro consistem em hidróxido de cálcio (Ca(OH)2). A sílica gel e as
porosidades apresentam-se como os pequenos pontos pretos.

11
Figura 3: Estrutura dos principais produtos formados pela hidratação do cimento Portland
(KUTCHKO, STRAZISAR, et al., 2007)

O silicato de cálcio hidratado (C-S-H) tem uma função importante que é de realizar a
ligação primária do material. Ele é amorfo, compreende cerca de 70% em massa do cimento
hidratado e tem sua notação efetuada por meio de hífens para denotar incerteza
estequiométrica (MEHTA e MONTEIRO, 2006). Sua fórmula química é Ca2SiO4.H2O e ele
representa a fase mais significativa na determinação das propriedades da pasta de cimento. O
hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) é cristalino e compreende aproximadamente de 15 a 20% do
cimento hidratado (KUTCHKO, STRAZISAR, et al., 2007).

3.3 – Pasta de cimento

Concreto, o material de construção mais amplamente utilizado no mundo, é uma


composição cerâmica feita de cimento, água, agregados de vários tamanhos, e possíveis
aditivos, que são adicionados para melhorar a trabalhabilidade e durabilidade. Após um
processo de hidratação do cimento, a mistura de cimento e água produz uma pasta sólida de
cimento. Esta pasta de cimento é composta de um material homogêneo macroscopicamente,

12
formado por componentes hidratados – silicato de cálcio [CSH], portlandita [Ca(OH)2] – e
poros (SELEGIN, 2013).

A figura 4 apresenta a relação de materiais constituintes da pasta de cimento,


argamassa e concreto, sendo a pasta de cimento componente de estudo deste trabalho.

Figura 4: Materiais constituintes da pasta de cimento, argamassa e concreto

Esquematicamente pode-se indicar que a pasta é o cimento misturado com a água, a


argamassa é a pasta misturada com a areia, e o concreto é a argamassa misturada com a pedra
ou brita, também chamado concreto simples.

O comportamento constitutivo do endurecido da pasta de cimento tem sido observado


como sendo linear elástica até a falha. A deformação de curto prazo é controlada pelas
propriedades elásticas. Nas idades de 14 dias ou mais, a pasta de cimento é bem aproximada
como um material linearmente elástico, pelo menos, para os tempos de carga curtos. O
desenvolvimento do módulo de elasticidade com o grau de hidratação foi observada
experimentalmente, por BOUMIZ (1996), para ser linear em idades muito precoces.

SMILAUER (2005) mostrou por métodos de elementos finitos (FEM), transformada


rápida de Fourier (FFT) e esquemas analíticos de homogeneização que a suposição comum de
linearidade entre o grau de hidratação e o módulo de elasticidade (E) são apropriados apenas
para razão água:cimento maior do que cerca de 0,35.

A necessidade dos componentes do clínquer em atingirem seu campo de estabilidade


sob as condições ambientais está relacionada com a avidez do cimento por água. Dessa forma,
os elementos químicos, juntamente com a água, rearranjam-se em novos sistemas cristalinos,

13
conferindo rigidez à mistura, que é a principal propriedade reológica que se espera do produto
(KIHARA e CENTURIONE, 2005).

A rigidez elástica final da pasta de cimento é maior quanto menor for a razão
água:cimento. Este fato pode ser explicado pela distância inicial, característico entre os grãos
de clínquer em sua microestrutura. Quanto menor a razão água:cimento (A / C), mais próximo
o empacotamento inicial dos grãos de clínquer, e mais fácil será o crescimento dos hidratos
em diminuir as distâncias entre vizinhos dos grãos de clínquer e estabelecer uma rede
conectada de partículas sólidas. Quanto menor for a A / C de pasta de cimento, mais rápido
será o aumento da rigidez macroscópica previsto do material com o aumento do grau de
hidratação.

3.4 – Porosidade

Segundo CALLISTER (2008) o conhecimento das propriedades elásticas da pasta de


cimento, bem como as principais propriedades que caracterizam a rigidez elástica dos
materiais, como o módulo de Young E, módulo de cisalhamento G, e razão de Poisson ν, são
indispensáveis na determinação de várias outras propriedades mecânicas dos materiais.

A porosidade que existe em muitas peças cerâmicas como um resultado dos processos
de fabricação, tem uma influência de redução sobre as propriedades elásticas. Por exemplo, a
magnitude do módulo de elasticidade E decresce com a fração de volume de porosidade P de
acordo com a relação:

E = E0[1-1,9P+0,9P²] (1)

onde Eo é o módulo de elasticidade de material não poroso (CALLISTER, 2008).

A porosidade tem um efeito negativo sobre a resistência à flexão por dois motivos:

i. Os poros reduzem a área da seção transversal através da qual uma carga é aplicada;
ii. Eles também atuam como concentradores de tensão – para um poro esférico isolado,
uma tensão de tração aplicada é amplificada por um fator de dois.

14
YAMAN (2002) apresenta relações semiempíricas que propõe estimar o módulo de
elasticidade de materiais porosos. As relações dadas são apenas para o módulo de
elasticidade, ou seja, qualquer estimativa do módulo de cisalhamento não é permitida.

A Tabela 4 lista as relações semiempíricas propostas por YAMAN (2002) para estimar
o módulo de elasticidade de materiais porosos, a partir do módulo de elasticidade do material
com porosidade zero.

Tabela 4: Modelo Semiempírico para Materiais Porosos (YAMAN, 2002)

Modelo Semiempírico para Materiais Porosos

(1.1)
(1.2)

(1.3)

(1.4)
(1.5)
p: Porosidade.
E: Módulo Elástico com porosidade p.
E0: Módulo Elástico com zero porosidade.
n, b, a: Parâmetros de ajuste empíricos.

De acordo com as equações na Tabela 4, o efeito da porosidade no módulo elástico do


material cerâmico é a principal característica dos modelos de Yaman (2002).

As relações do módulo de elasticidade presentes na Tabela 4, utilizam um ou mais


parâmetros de ajuste empíricos, além do módulo de elasticidade do material cerâmico a
porosidade zero.

Os estudos realizados e publicados por MARTIN (1996) demonstram que o melhor


parâmetro de ajuste para a velocidade da onda longitudinal no que diz respeito à porosidade,
no material cerâmico, é dado por n = 1,51. A velocidade longitudinal à porosidade zero,
encontrada por MARTIN (1996) foi 5.972,9 m/s.

15
Já nas análises realizadas por YAMAN (2002) no material cerâmico, mais
especificamente no concreto, foram encontrados os seguintes valores, presentes na Tabela 5,
para as propriedades mecânicas considerando um material à porosidade zero.

Tabela 5: Propriedades mecânicas do concreto à porosidade zero

Velocidade do
Propriedades Densidade [Kg/m³] Módulo Elástico [GPa]
ultrassom [m/s]
Mecânicas
5337 2487 45,35

3.4.1 – Propriedades estruturais dos poros

De acordo com CAMPITELI (1987) as propriedades estruturais, fundamentais para a


descrição dos materiais porosos, são: a porosidade, a área específica e a distribuição dos poros
por tamanho. A porosidade de um material é a sua propriedade de apresentar poros ou vazios.
É representada pela fração do volume total de uma amostra porosa, que é ocupada por poros
ou por espaços vazios.

A porosidade aparente, muitas vezes referida como porosidade aberta, é uma medida
da proporção de poros abertos ou interconectados presentes no refratário. Na figura 5 é
apresentada uma ilustração identificando os poros fechado, aberto e os canais de comunicação
referentes aos poros abertos.

Figura 5: Distribuição de poros abertos e fechados no material refratário (DUARE, 2005)

A área específica de um material poroso é a relação entre a área superficial das paredes
dos poros e o volume ou a massa do material poroso.

A distribuição dos poros por tamanho é a fração dos poros abertos, cuja fração é
enquadrada numa faixa estabelecida de tamanhos. Numa comparação, a curva de distribuição

16
dos poros por tamanhos corresponde à curva de distribuição granulométrica de uma areia, por
exemplo, só que em vez de grãos, têm-se poros (CAMPITELI, 1987).

CAMPITELI (1987) diz que a microestrutura da pasta de cimento endurecida é


constituída pelos produtos da hidratação do cimento e pelos poros. Os poros em uma pasta de
cimento endurecida se caracterizam por terem quantidade, formas e dimensões muito
variadas.

As propriedades da pasta de cimento endurecida variam com a porosidade. Para se


relacionar as propriedades com a porosidade, é necessário classificar os poros quanto ao
tamanho, pois esta é uma das características dos poros que mais influencia nas propriedades
(CAMPITELI, 1987). A Tabela 6 apresenta uma classificação dos poros quanto ao tamanho.

Tabela 6: Classificação dos poros quanto ao tamanho

Designação Descrição Diâmetro Unidade


Capilares grandes 10 – 0,5 μm
Poros Capilares
Capilares médios 50 – 10 nm
Capilares pequenos 10 – 2,5 nm
Poros do Gel Microporos 2,5 – 0,5 nm
Microporos “interlamelares” 0,5 nm

A rede porosa de um material é subdividida, segundo a classificação mais genérica


empregada aos meios porosos, em macro, meso e micro-poros. MEHTA (2006) simplificam
esta classificação genérica dividindo os poros em apenas dois grupos, sendo macroporos os
poros maiores que 0,05 μm e microporos os poros menores que 0,05μm. Ainda apontam que
enquanto os macroporos influenciam na resistência, os microporos exercem influência
principalmente na retração e fluência (MEHTA e MONTEIRO, 2006). Neste trabalho será
adotada a classificação dos poros adotada pela União Internacional de Química Pura e
Aplicada, que classifica os poros em três grupos: macroporos, mesoporos e microporos.

 Macroporos: poros com diâmetros maiores que 0,05μm (50nm);


 Mesoporos: poros com diâmetros maiores que 0,002μm (2nm) e menores que 0,05μm
(50nm) e;
 Microporos: poros com diâmetros menores que 0,002μm (2nm)

17
3.4.2 – Poros capilares

Os poros capilares são formados pela saída da água da mistura em excesso, que não
participou das reações de hidratação do cimento. Essa água em excesso, antes da hidratação,
provoca afastamento dos grãos de cimento numa magnitude tal, que os cristais em
crescimento podem ou não ocupar, esses espaços disponíveis. Assim, a porosidade capilar
será tanto maior, quanto maior for a quantidade de água adicionada à mistura e quanto menos
for o grau de hidratação (CAMPITELI, 1987).

Para (MEHTA e MONTEIRO, 2006) os vazios capilares representam os espaços não


preenchidos pelos componentes sólidos da pasta de cimento hidratada. O volume total
característico de uma mistura cimento/água permanece essencialmente inalterado durante o
processo de hidratação.

Em pastas de cimento bem hidratas com baixa relação água/cimento, os poros


capilares podem variar entre 10 e 50 nm. Em pastas com alta relação água/cimento, nas
primeiras idades de hidratação, os vazios capilares podem ser maiores, entre 3 e 5 μm
(MEHTA e MONTEIRO, 2006).

Assim, a formação de poros na pasta de cimento geralmente está associada à


hidratação do cimento e à evaporação da água livre nos poros capilares. O volume de poros
capilares na pasta de cimento endurecida depende da quantidade de água de amassamento
adicionada no início da hidratação e do grau de hidratação do cimento. Quando se tem a pega
do cimento, a pasta adquire um volume estável, que é aproximadamente igual ao volume de
cimento, mais o volume de água (QUARCIONI, 2009).

MEHTA E MONTEIRO (2006) sugerem que a distribuição de tamanhos dos poros, e


não a porosidade capilar total, seja um melhor critério para avaliar as características da pasta
de cimento hidratada. Vazios capilares maiores que 50nm, chamados de macroporos, têm,
provavelmente, mais influência na determinação da resistência e impermeabilidade
características, ao passo que vazios menores que 50nm, chamados de microporos, têm função
importante na retração por secagem e na fluência.

18
Além dos vazios capilares, MEHTA e MONTEIRO (2006) citam o ar incorporado
presente na pasta de cimento endurecida. De acordo com os autores, enquanto os vazios
capilares são irregulares na forma, os vazios de ar geralmente são esféricos. Uma pequena
quantidade de ar normalmente fica aprisionada na pasta de cimento durante a mistura. Por
várias razões, aditivos podem ser incorporados à mistura para introduzir, propositalmente,
minúsculos vazios de ar. Vazios de ar aprisionado podem chegar a 3mm; os vazios de ar
aprisionado normalmente variam entre 50 e 200μm. Assim, tanto os vazios de ar aprisionado
quanto os vazios de ar incorporado na pasta de cimento hidratada são muito maiores do que os
vazios capilares, podendo afetar negativamente a resistência.

Na figura 6 são elencados os tipos de vazios presentes na pasta de cimento no estado


endurecido, haja vista que a porosidade e a estrutura de poros da pasta de cimento são de
grande importância para o desempenho de compósitos à base da pasta de cimento quando no
estado endurecido, influenciando todas as suas propriedades.

Figura 6: Vazios presentes na pasta de cimento quando no estado endurecido (MEHTA e


MONTEIRO, 2006)

3.4.3 – Poros do Gel

Gel é o nome que se dá aos produtos da hidratação do cimento, tais como o Silicato
Hidratado de Cálcio (C-S-H), a Portlandita ou Hidróxido de Cálcio (CH), o Sulfato aluminato
de Cálcio Hidratado ou Etringita, o Monosulfoaluminato de Cálcio Hidratado, etc. Estes
compostos se apresentam na forma cristalina, com morfologia bem variada, tais como fibras

19
no C-S-H, placas hexagonais finas no CH, agulhas alongadas na Etringita, placas hexagonais
longas e finas ou rosetas no monosulfoaluminato, etc (CAMPITELI, 1987).

Os poros do gel são os espaços vazios existentes entre os produtos da hidratação e


também grãos de cimento não hidratados ou parcialmente hidratados, menores que os poros
capilares.

Na figura 7 observa-se uma imagem de microscopia eletrônica, com ampliação 1500x,


identificando os grãos de cimento não hidratados e os espaços vazios/poros.

Poros

Grãos não
hidratados

Figura 7: Microscopia eletrônica identificando grãos não hidratados e poros (NACIFA,


PANZERA, et al., 2013)

Segundo CAMPITELI (1987) os poros de gel ocupam cerca de 26% do volume total
do gel, considerando-se como sólido o material remanescente após a secagem. A porcentagem
real dos poros do gel, durante o andamento da hidratação, é característica para cada tipo de
cimento. Desde que haja água suficiente para hidratar completamente o cimento, a porosidade
do gel é independente da relação água-cimento.
20
O volume total de gel aumenta com o prosseguimento da hidratação,
consequentemente o volume de poros de gel também aumenta. Assim, a porosidade do gel
depende somente do grau de hidratação, ou da maturidade, da pasta de cimento
(CAMPITELI, 1987).

3.4.4 – Absorção de água

Absorção é um processo físico pelo qual a argamassa retém água nos poros e condutos
capilares e é função dos poros que têm comunicação com o exterior. A água tem acesso aos
poros do concreto pela ação de pressão ou pelo fenômeno de capilaridade (SILVA, 2005).

Segundo CAMPITELI (1987) a capilaridade, que é característica dos materiais


higroscópicos, se desenvolve por sucção capilar, independente de pressão exterior e necessita
apenas de contato com o foco de umidade. A água absorvida por capilaridade permanece na
rede capilar, podendo sofrer evaporação através das extremidades externas dos vasos.

O papel da água no interior da pasta de cimento é de grande importância, pois exerce


grande influência nas suas propriedades. É um de seus constituintes essenciais, pois toma
parte nas reações de hidratação e, uma vez que o esqueleto estrutural tenha se formado, é
atraída para as superfícies sólidas da pasta de cimento (CAMPITELI, 1987).

De acordo com (MEHTA e MONTEIRO, 2006) a água está presente de diferentes


maneiras dentro da pasta de cimento: água capilar, água adsorvida, água interlamelar, água
quimicamente combinada.

Água capilar – é a água presente em vazios maiores que 0,005μm. Pode ser descrita
como o volume de água livre da influência das forças de atração exercida pela superfície
sólida. Do ponto de vista do comportamento da água capilar na pasta de cimento hidratada, é
preferível dividir a água capilar em duas categorias: a água em grandes vazios, da ordem >
50nm (0,05μm), que pode ser chamada água livre (uma vez que sua remoção não causa
qualquer alteração de volume), e a água retida por tensão capilar em pequenos capilares ( 5 a
50nm), cuja remoção pode causar retração do sistema.

21
Água adsorvida – É a água que se encontra próxima à superfície do sólido. Sob
influência das forças de atração, as moléculas de água são fisicamente adsorvidas na
superfície dos sólidos na pasta de cimento hidratada. Sugere-se que até seis camadas
moleculares de água (0,0015μm) podem ser fisicamente retidas por pontes de hidrogênio.
Como as energias de ligação das moléculas individuais de água diminuem com a distância da
superfície do sólido, uma porção maior de água adsorvida pode se perder por secagem da
pasta de cimento hidratada a 30% de umidade relativa. A perda de água adsorvida é
responsável pela retração da pasta de cimento hidratada.

Água interlamelar – É a água associada com a estrutura do C-S-H. Sugere-se que uma
camada de água monomolecular entre as camadas do C-S-H é fortemente retida pelas pontes
de hidrogênio. A água interlamelar é perdida apenas por forte secagem (isto é, abaixo de 11%
de umidade relativa). A estrutura do C-S-H retrais consideravelmente quando a água
interlamelar é perdida.

Água quimicamente combinada – É a água que integra parte da microestrutura de


vários produtos de hidratação do cimento. Essa água não se perde na secagem; ela é liberada
quando os hidratos se decompõem por aquecimento.

A figura 8 ilustra diferentes tipos de água associados aos silicatos de cálcio hidratados.

Figura 8: Modelo esquemático dos tipos de água associados aos silicatos de cálcio hidratados
(MEHTA e MONTEIRO, 2006)

22
3.5 – Técnica de ultrassom

As primeiras publicações sobre medições de velocidade de pulsos mecanicamente


gerados apareceram nos Estados Unidos em meados de 1940. Constatou-se que a velocidade
depende das propriedades elásticas do material e quase não depende da sua geometria
(BUNGEY, 1989).

Ultrassom é uma técnica não destrutiva comumente usada para detectar, localizar e
dimensionar descontinuidades. Atualmente o ultrassom vem agregando possibilidades a
engenharia como a avaliação de texturas dos materiais, determinação do tamanho de grão,
estudo de constantes elásticas, avaliação de porosidade em materiais cerâmicos entre outros
casos, mas como principal foco a medida das tensões residuais em um material. Cada
aplicação citada anteriormente é detectada de acordo com os sinais processados quando a
onda ultrassônica atravessa o material.

Para medições das tensões residuais utiliza-se a variação da velocidade da onda


ultrassônica, que ocorre nos materiais metálicos devido à anisotropia acústica gerada pela
textura e tensão residual (BITTENCOURT, CARMO, et al., 2007).

Embora o notável desenvolvimento desta técnica ao longo dos anos, existem


dificuldades quando aplicada para medição das tensões residuais nos materiais.
Primeiramente, a diferença entre as velocidades das duas componentes da onda cisalhante
induzida pela tensão é muito pequena, da ordem de 0,5% ou menos. Sendo assim, técnicas
bastante precisas e sensíveis são necessárias. Segundo, como outros fatores além da tensão
podem causar a birrefringência acústica, tal como a orientação preferencial dos grãos, é
necessário separar os seus efeitos daqueles da tensão (HSU, 1974).

3.5.1 – A física do ultrassom

As ondas ultrassônicas são ondas mecânicas que consistem na oscilação de partículas


atômicas ou moleculares de uma substância, em torno de sua posição de equilíbrio. Quando
uma partícula é impulsionada, ela começa a vibrar e passa sua energia para as adjacentes,

23
propagando de uma partícula para as outras. Se essas vibrações se repetem de forma periódica
durante um determinado tempo, e com certa frequência, adequamos os valores gerados pelos
fatores citados em três categorias de som, o infrassom, som audível pelo ser humano e o
ultrassom.

A figura 9 faz uma divisão das frequências das ondas sonoras, onde o infrassom –
faixa abaixo de 20 Hz – são sons inaudíveis para o ser humano, o som – faixa entre 20 Hz e
20 KHz – são sons audíveis para o ser humano e o ultrassom – faixa acima de 20 KHz – são
sons inaudíveis para o ser humano.

Figura 9: Espectro do som com faixas de frequências em Hz (GOMES, 2010)

As ondas ultrassônicas possuem o mesmo comportamento das ondas sônicas audíveis


pelo ser humano. Em muitos aspectos, o feixe ultrassônico é semelhante ao feixe de luz, na
qual ambos obedecem aos mesmos princípios. Da mesma forma de um feixe de luz, o feixe
ultrassônico é refletido nas superfícies, refratado quando atravessa a interface entre dois meios
não homogêneos que possuem diferentes velocidades de propagação, e é difratado em bordas
ou ao redor de obstáculos. O espalhamento em superfícies rugosas reduz a energia do feixe
ultrassônico, da mesma maneira que reduz a intensidade de um feixe luminoso (SOUZA,
1983).

3.5.2 – A velocidade da onda ultrassônica

As ondas ultrassônicas são ondas mecânicas e necessitam de um meio para se


propagar assim a velocidade de propagação torna-se função da densidade e das constantes
elásticas do meio o que implica serem diretamente relacionadas ao meio de propagação.

24
De acordo com CUETO (1989) a velocidade das ondas ultrassônicas e a taxa com que
a amplitude e a energia decrescem durante a propagação são constantes. Quando uma onda
ultrassônica se propaga através de um sólido elástico, as partículas do meio movem-se, porém
oscilam em suas órbitas espaciais. Somente a energia viaja através do meio. A amplitude e a
energia das ondas ultrassônicas que se propagam em meios elásticos dependem da energia
fornecida inicialmente. A velocidade e a perda gradual de amplitude e energia dependem das
propriedades específicas do meio na qual a onda se propaga.

Quando uma onda ultrassônica se propaga através de um sólido elástico, faz-se uma
correspondência das variáveis acústicas. Nos estudos de ANDRINO (2007) a velocidade da

onda longitudinal num sólido pode ser escrita como , onde:

VL = velocidade de propagação da onda longitudinal


E = módulo de elasticidade
 = densidade do material cerâmico

3.5.3 – Propagação e tipos de onda

De acordo com SOUZA (2014) as ondas ultrassônicas propagam-se nos meios


elásticos com a passagem da energia acústica que faz com que as partículas que compõe o
mesmo, executem o movimento de oscilação em torno da posição de equilíbrio e tendo sua
amplitude de vibração reduzida com o tempo devido à perda de energia adquirida pela onda.
Por esse fato as ondas ultrassônicas se classificam em três tipos de propagação que são as
ondas longitudinais (chamadas de ondas de compressão), as ondas transversais (ou também
chamadas de ondas de cisalhamento) e as ondas superficiais.

As ondas longitudinais são aquelas cujas partículas oscilam na direção de propagação


da onda, podendo ser transmitida a sólidos, líquidos e gases. A vibração das partículas
transfere a energia cinética para os outros planos que passam a oscilar fazendo todo o meio
elástico vibrar na mesma direção de propagação da onda (SANTIN, 2003).

As figuras 10a e 10b exemplificam as características e forma de propagação da onda


longitudinal. Esse tipo de onda percorre a peça como uma série alternada de zonas de

25
compressão e rarefação, nas quais as partículas transmitem a vibração, movendo-se conforme
o sentido de propagação da onda.

(a) (b)
Figura 10: (a) Característica da onda longitudinal (b) Propagação da onda longitudinal
(SANTIN, 2003)

Já as ondas transversais ou ondas de cisalhamento são aquelas utilizadas na detecção


de tensões residuais e espessuras. Segundo SOUZA (2014) na onda transversal, ao contrário
da onda longitudinal, as partículas do meio, na qual a onda se propaga, movem-se
perpendicularmente à direção de propagação da onda ultrassônica.

SOUZA (2014) destaca ainda que a velocidade de propagação da onda transversal é,


aproximadamente, metade daquela da onda longitudinal, o que pode facilitar medir o tempo
de percurso entre dois ecos consecutivos.

A figura 11 mostra que na propagação das ondas transversais, os planos das partículas
mantêm-se equidistantes, movimentando-se lateralmente com ação cisalhante entre eles.

26
Figura 11: Direção do movimento das partículas na propagação da onda transversal
(SANTIN, 2003)

Na figura 12, se observa a diferença entre as ondas transversais e longitudinais em


função da direção de sua vibração, onde a onda longitudinal é aquela cuja oscilação ocorre na
mesma direção do movimento de propagação da onda. Enquanto a onda transversal é aquela
em que a oscilação é perpendicular à direção do movimento de propagação da onda.

Figura 12: Propagação das Ondas Longitudinal e Transversal (EXPLICATORIUM, 2007)

Por fim temos a onda superficial que é caracterizada por movimentos específicos das
partículas ao longo da interface entre um corpo sólido e o ar. Ideais para localização de
descontinuidades em uma fina camada próxima a da superfície analisada. Dentre os tipos
podemos destacar as ondas de Rayleigh, Lamb e ondas superficiais Creeping.

27
Na figura 13 se observa uma ilustração da incidência de um transdutor com
propagação da onda de superfície Rayleigh, que se propaga como as ondas na superfície da
água.

Figura 13: Ilustração de transdutor com propagação da onda de superfície Rayleigh


(SANTIN, 2003)

3.5.4 – Ensaio por ultrassom

É caracterizado como um método não destrutivo que tem por objetivo a detecção de
defeitos ou descontinuidades internas presentes nos materiais ferrosos ou não ferrosos. Possui
alta sensibilidade para detectar pequenas descontinuidades e é extremamente prático, pois
apresenta os resultados instantaneamente. Apesar de tudo possui limitações como dificuldades
de medição em espessuras muito finas, preparo da superfície para medição e conhecimento
teórico associado à experiência por parte do operador do equipamento.

SELLECK (1998) informa que o método do ultrassom possibilita estimar a


uniformidade e a resistência à compressão (quando correlacionada previamente) do concreto.
Também pode ser usado para investigar danos provocados pelo fogo, congelamento e agentes
químicos.

Na figura 14 têm-se os componentes necessários para o ensaio de ultrassom, onde se


visualiza o osciloscópio, dois transdutores de incidência normal de ondas longitudinais e o
gerador de ultrassom.

28
Figura 14: Componentes do Sistema Ultrassônico (osciloscópio, transdutores e gerador de
ultrassom)

Os transdutores de ultrassom possuem um elemento emissor de diferentes formas


geométricas, com uma determinada dimensão que vibra em certa frequência. Neles contém
um elemento que provém de um material cristalino e apresenta o efeito piezelétrico. Diversos
materiais (cristais) apresentam o efeito piezelétrico. Se tomarmos uma lâmina de certo
formato (placa) e aplicarmos uma pressão sobre o mesmo, surgem em sua superfície cargas
elétricas. O efeito inverso também é verdadeiro: se aplicarmos dois eletrodos sobre as faces
opostas de uma placa de cristal piezelétrico, de maneira que possamos carregar as faces
eletricamente, a placa comporta-se como se estivesse sobre pressão e diminui de espessura. O
cristal piezelétrico pode transformar a energia elétrica alternada em oscilação mecânica e
transformar a energia mecânica em elétrica (ANDREUCCI, 2008).

A figura 15 ilustra a contração e expansão do cristal piezelétrico quando submetido a


uma alta tensão alternada na mesma frequência sônica emitida pelo cristal, onde cargas
elétricas geradas na superfície do cristal emitem um pulso elétrico, gerando um sinal no
aparelho de ultrassom.

29
Figura 15: Figura mostrando a contração e expansão do cristal quando submetido a uma alta
tensão alternada na mesma frequência sônica emitida pelo cristal (ANDREUCCI, 2008)

Alguns dos materiais piezelétricos são: o quartzo (SiO2), o sulfato de lítio (Li2SO4), o
titanato de bário (BaTiO3), o metaniobato de chumbo (PN) e o zirconato-titanato de chumbo
(PTZ).

Quanto aos tipos de transdutores, o mercado tem oferecido os seguintes tipos. Os


transdutores normais ou retos que geram ondas longitudinal e normal à superfície de
acoplamento, transdutores angulares que a princípio se diferem por criarem um determinado
ângulo com a superfície do material, o transdutor de duplo cristal largamente utilizado para
medições de pequenas espessuras e descontinuidades superficiais, pois possuem dois cristais
que transmitem e recebem o sinal de forma mais rápida, e por fim, os transdutores “Phased
Array” que possuem múltiplos cristais em sua base, de 10 a 256 elementos, cada cristal ligado
a circuitos independentes capazes de terem o ciclo de excitação controlado separadamente
(ANDREUCCI, 2008). Neste último citado é possível numa única varredura inspecionar o
material com vários ângulos de refração diferentes de uma só vez.

A foto na figura 16 mostra dois transdutores normais de contato da marca Olympus,


que geram ondas longitudinais de 50 KHz de frequência.

30
Figura 16: Foto dos transdutores de incidência normal de ondas longitudinais de 50 KHz

Para que ao acoplar o transdutor sobre a peça a ser inspecionada, não crie uma camada
de ar que impeça que as vibrações mecânicas se propaguem e as impedâncias acústicas dos
materiais se igualem, faz-se uso dos acoplantes que em geral é um líquido que permite a
passagem das vibrações do transdutor para a peça e são escolhidos em função do acabamento
da peça, condições técnicas e tipo da peça. Os acoplantes mais comuns são o óleo (SAE 30),
glicerina, graxa e a água.

Os acoplantes devem ser selecionados em função da rugosidade da superfície da área


de varredura, o tipo de material, forma da peça, dimensões da área de varredura e posição para
inspeção (ANDREUCCI, 2008). Neste trabalho o acoplante selecionado em função das
características do material inspecionado foi a graxa.

Na figura 17 encontra-se a imagem da graxa azul UNIFORT, graxa universal à base de


sabão lítio, utilizada como acoplante nos ensaios deste trabalho.

31
Figura 17: Foto da graxa universal UNIFORT utilizada como acoplante nos ensaios de
ultrassom

3.5.5 – Técnica de inspeção

A inspeção dos materiais por ultrassom pode ser feita por três métodos diferentes, são
eles: técnica por pulso eco, transparência e imersão.

3.5.5.1 – Técnica do pulso eco

Está técnica utiliza apenas um transdutor responsável por emitir e receber as ondas
ultrassônicas. Ideal para verificar a profundidade de descontinuidades, suas dimensões e
localização na peça.

No ensaio de ultrassom, utilizando a técnica do pulso eco, as ondas se propagam em


um meio elástico em direção à peça a ser ensaiada e, se for encontrado algum tipo de
descontinuidade, é gerado um eco de reflexo na tela do aparelho de ultrassom, caracterizando
uma peça não conforme (DUARTE, 1999).

A figura 18 representa a tela do osciloscópio durante um ensaio mecânico de


ultrassom, utilizando um transdutor como emissor e receptor na técnica do pulso eco,
detectando uma descontinuidade na peça em análise.

32
Figura 18: Imagem do osciloscópio com a técnica pulso eco (FERNANDES, 2000)

3.5.5.2 – Técnica da transparência

É uma técnica que utiliza dois transdutores separados, acoplados em faces opostas e
alinhados entre si para que a onda ultrassônica seja transmitida e recebida. Ideal para
aplicações em chapas, juntas soldadas e barras, criando um critério comparativo de avaliação
do sinal recebido com a queda do eco na inspeção de uma mesma peça com e sem defeito. É
indicada também para a leitura do tempo de percurso da onda ultrassônica através do material
inspecionado.

Figura 19: Ilustração da técnica da transparência com queda do sinal ultrassônico


(ANDREUCCI, 2008)

33
Na figura 19 encontra-se a representação de dois transdutores em faces opostas da
peça inspecionada, onde nesta existe uma descontinuidade, detectada pelo feixe de ondas
ultrassônicas e visualizada por meio da tela do osciloscópio com a queda do sinal
ultrassônico.

O método baseia-se no fato de que a velocidade de propagação das ondas é


influenciada pela qualidade da amostra. O ensaio consiste na medição, por meio eletrônico, do
tempo de propagação de ondas ultrassônicas através do corpo de prova, entre o emissor e o
receptor. O comprimento percorrido entre os transdutores dividido pelo tempo de propagação,
resulta na velocidade média de propagação da onda (MALHOTRA, 1984).

3.5.5.3 – Técnica de imersão

Técnica que utiliza um transdutor de imersão a prova d’água. O transdutor é colocado


dentro de um tanque com água para proporcionar um acoplamento homogêneo onde o
transdutor pode se movimentar tanto na distância até a peça quanto na inclinação do feixe de
entrada na superfície.

A figura 20 representa a técnica de imersão, onde se utiliza um transdutor específico


para esta técnica, caracterizando a água como um acoplante natural para esta técnica de ensaio
de ultrassom.

Figura 20: Técnica de imersão utilizando a água como acoplante (ANDREUCCI, 2008)

34
3.5.6 – Velocidade de propagação de ondas ultrassônicas

O som, sendo uma onda mecânica, necessita de um meio para se propagar. Esta
propagação pode ser mais facilmente entendida com recurso a um exemplo famoso: imagine-
se uma matriz composta por bolas ligadas entre si com molas, (nos materiais, as bolas
representam as moléculas e as molas representam as fronteiras de interação entre moléculas).
O som atravessa a matriz comprimindo e expandindo as molas, que transmitem energia às
bolas a que estão ligadas, que, por sua vez, transmitem energia às molas seguintes. E assim
sucessivamente. Depreende-se então que a velocidade de propagação da onda está relacionada
com a rigidez das molas, ou seja, com o módulo de elasticidade dos materiais (OGUNSOTE,
2008).

A relação entre a velocidade das ondas e o módulo de elasticidade já tem sido


estudada ao longo de vários anos por diversos autores que foram estabelecendo equações
importantes, algumas das quais se mostram a seguir, por interessarem neste estudo.

A equação de Newton-Laplace, válida para fluídos, relaciona a velocidade com o


módulo volumétrico (bulk modulus) e a massa específica.

(2)

c – velocidade de propagação de ondas P em fluídos (m/s)

K – Módulo volumétrico (Pa)

ρ – Massa específica (Kg/m3)

O módulo volumétrico quantifica a resistência que determinada substância apresenta à


compressão. É tanto maior, quanto mais pressão for necessária para reduzir um mesmo
volume e relaciona-se com o módulo de Young pela seguinte expressão (HOBBS, 1971).

(3)

35
K – Módulo volumétrico (Pa)

ν – Coeficiente de Poisson

E – Módulo de Young (Pa)

Nos sólidos, e neste projeto em particular, interessa estudar a velocidade de


propagação de ondas longitudinais (P-waves) em sólidos, obtida pela fórmula:

(4)

Vp – Velocidade propagação das ondas P em sólidos (m/s)

M – Módulo longitudinal (P-Wave modulus) (Pa)

(5)

M – Módulo longitudinal (Pa)

G – Módulo de elasticidade transversal (Pa)

O módulo de elasticidade transversal pode ser relacionado com o módulo de Young


através do coeficiente de Poisson.

(6)

E – Módulo de Young (Pa)

ν – Coeficiente de Poisson

Relacionando as expressões (3), (4), (5) e (6) obtém-se a expressão final:

(7)

36
3.6 – Onda ultrassônica e porosidade

A relação entre a propagação de ondas ultrassônicas e os parâmetros de resistência


mecânica do material, como por exemplo porosidade, baseia-se no modelo proposto por
Yaman et. al. (2002). Primeiro, as velocidades da onda longitudinal e de cisalhamento estão
relacionadas com o módulo de elasticidade e a densidade, conforme as fórmulas a seguir:

(8)

(9)

Onde E é o módulo de Young, ν é o coeficiente de Poisson e  é a densidade.


Pressupõem-se para as equações (8) e (9) que haja homogeneidade no material que se refere à
onda ultrassônica, além da condição do comprimento de onda ser muito maior do que o
tamanho do grão.

Logo após, a relação entre o módulo de Young e a porosidade p é expressa utilizando


um parâmetro de ajuste empírico (CARMICHAEL, 1982).

(10)

Na equação (10) o termo n é um parâmetro de ajustamento empírico e E0 é o módulo


de Young do material com porosidade zero (nos próximos termos, índice 0 estará se referindo
ao material de porosidade zero). Segue também a densidade relacionada com a porosidade,
conforme equação (11).

(11)

A porosidade não influencia no coeficiente de Poisson, isto é, . A inserção das


equações (11) e (10) nas equações (8) e (9) produz:

(12)
37
(13)

Onde e

Conforme estudos de MARTIN (1996), as equações (12) e (13) podem ser aproximada
para as seguintes relações lineares:

(14)

(15)

Onde b = (n – 1)/2.

38
4 – MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 – Preparação das amostras

Para o desenvolvimento deste trabalho foram preparadas amostras de pasta de cimento


em formato cilíndrico, 75x150 mm (diâmetro x altura), utilizando o cimento Portland CPIII-
40, e água potável do sistema de abastecimento da cidade de Volta Redonda. Conforme
Tabela 7, estas amostras de pasta de cimento possuem diferentes valores de razão
água:cimento variando de 0,3 a 0,7.

A Tabela 7 apresenta a configuração das razões entre água:cimento das amostras em


formatos cilíndricos, conforme determinação da norma regulamentadora NBR 5738:2007.

Tabela 7: Configuração das razões água:cimento das amostras em formatos cilíndricos


Água:cimento Água (grama) Cimento (grama)

0.3 1200 4000


0.4 1600 4000
0.5 2000 4000
0.6 2400 4000
0.7 2800 4000

Na figura 21 encontra-se a imagem dos corpos de prova (amostras), os quais foram


moldados em formatos cilíndricos, onde a altura possui o dobro da medida do diâmetro

, conforme norma NBR 5738:2007.

39
Figura 21: Foto das amostras de Pasta de Cimento em formato cilíndrico
(75x150mm) conforme NBR 5738:2007

A água e o cimento foram pesados previamente e misturados na misturadora de areia


ML.7 (FUNGEL – Roterid Companhia Mecânica), figura 22, na qual foram misturados
gradativamente com adição de água em pequenas parcelas, com tempos de mistura de 1:30,
1:30 e 2:00, totalizando 5:00 (cinco minutos) de mistura.

A mistura foi confinada em um molde de formato cilíndrico de PVC, o mesmo foi


vibrado em uma mesa vibratória durante 2:00 (dois minutos) com 3000 (três mil) ciclos por
minuto, sendo depois curado em uma câmara com atmosfera saturada de água a 25ºC por 28
(vinte e oito) dias.

Para cada razão de água:cimento foram obtidos 3 (três) corpos de prova, totalizando
15 (quinze) corpos de prova. Após 48 (quarenta e oito) horas as amostras foram desmoldadas
para auxiliar na cura em todo o corpo de prova.

A figura 22 mostra a foto da misturadora de areia utilizada no laboratório de areias da


Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda (EEIMVR-UFF).

40
Figura 22: Foto da Misturadora de areia ML.7 (FUNGEL – Roterid
Companhia Mecânica)

4.2 – Ensaio por ultrassom

Em intervalos de sete dias as amostras foram pesadas, medida a velocidade de


propagação da onda ultrassônica, e consequentemente o módulo elástico. Com isso as
medidas foram realizadas com sete; catorze; vinte e um; e vinte e oito dias de cura.

Imediatamente após a realização das medidas, as amostras voltavam para câmara


saturada, sendo esse procedimento de pesagem e medida de módulo de Young repetido com 7
(sete), 14 (catorze), 21(vinte e um) e 28 (vinte e oito) dias de cura, sendo tomados os devidos
cuidados (evitar contato da amostra com água, evitar queda da amostra,...) para minimização
de erros experimentais.

Para as medidas do módulo de Young foi utilizado um sistema de medição composto


de um aparelho de ultrassom não convencional que funciona como um gerador de pulsos
ultrassônicos, e simultaneamente, como receptor de ecos a partir de dois transdutores
piezelétricos (um transmissor e um receptor).

Na figura 23 encontra-se a foto do gerador de pulsos ultrassônicos (emissor/receptor),


modelo 5058PR alta voltagem – Olympus NDT [Nondestructive testing Products], 100 –
900V com configurações de tensão contínua e gradual, atenuador de 0 – 80dB em passos de
1dB e escala de 1dB - 60 dB.

41
Figura 23: Gerador de pulsos Ultrassônicos Olympus NDT modelo 5058PR

A Tabela 8 apresenta a configuração do gerador de pulsos ultrassônicos, sendo esta


configuração utilizada para analisar o material cerâmico à base de pasta de cimento
endurecida, cimento portland CPIII-40. Para qualquer outro material, o gerador de pulsos
ultrassônicos deve ser configurado de acordo com as características do material.

O gerador de pulsos ultrassônicos é conectado a um osciloscópio digital, e este


conectado diretamente a um microcomputador.

Tabela 8: Configuração do gerador de pulsos ultrassônicos para amostras de pasta de cimento


endurecida

Potenciômetro/Chave Posição Unidade


REP RATE 20 Hz
DAMPING 100 Ohm
PULSE HEIGHT 400 Volts
MODE TANDEM (baixo) -
ATTENUADOR 20 dB
ATTENUADOR 1 dB
VERNIER 1 dB
GAIN 40 dB
PHASE NORMAL º (Graus)
FILTER HP OUT MHz
FILTER LP OUT MHz

A figura 24 mostra a foto do Osciloscópio Agilent série 1000B, modelo DSO1072B,


com dois canais, largura de banda e entrada de 70 MHz, taxa de amostragem (2 canais ligados
42
– 1 canal ligado) 500 MSa/s – 1 GSa/s e memória de armazenamento interno (2 canais ligados
– 1 canal ligado) de 8 – 16 kpts.

Figura 24: Osciloscópio Digital Agilent série 1000B

Os pulsos gerados excitam o transdutor piezelétrico que transmite ao material em


análise as ondas ultrassônicas. Estas ondas percorrem o material e incidem no transdutor
receptor, mostrando na tela do osciloscópio os ecos relativos ao tempo decorrido para a onda
se propagar ao longo da espessura do corpo de prova. Os sinais são adquiridos por um
software instalado no microcomputador, e a taxa de aquisição é manipulada pelo usuário,
conforme o tipo de fenômeno que se deseja analisar. Foram utilizados dois transdutores
piezelétricos de ondas longitudinais com incidência normal de 50 kHz, posicionados
paralelamente. Neste tipo de transdutor, a onda longitudinal emitida incide
perpendicularmente no corpo de prova, percorrendo a região ao longo da amostra.

Para evitar uma camada de ar entre a peça e os transdutores, que impeça as vibrações
mecânicas de se propagarem, conforme relatado na seção 3.5.4, a graxa foi o acoplante
selecionado, em função das características do material.

Na figura 25 encontra-se a foto da análise por ultrassom dos parâmetros da onda


ultrassônica, utilizando a técnica da transparência com transdutores de 50KHz e acoplantes nas bases
do corpo de prova.

43
Figura 25: Foto da análise por ultrassom utilizando a técnica da transparência, transdutores
de 50KHz

Este trabalho utilizou o emprego do sistema ultrassônico, onde se analisou a medida


do tempo de percurso da onda ultrassônica na amostra. Foram utilizados dois transdutores
Olympus na frequência 50KHz, acoplados em faces opostas, de ondas longitudinais e
incidência normal. Um como emissor e outro receptor dentro do modo transparência de ensaio
por ultrassom. Sendo esta a melhor opção para vincular a medida do tempo decorrido de
propagação da onda diretamente à base de tempo selecionada no osciloscópio. Assim o sinal
adquirido corresponde ao intervalo de tempo de percurso da onda ultrassônica através do
corpo de prova.

O sistema de aquisição de dados é representado pelo diagrama presente na figura 26.


A conexão com um computador (PC) nos possibilita maior confiança na aquisição e
processamento do sinal.

44
Figura 26: Diagrama esquemático do sistema ultrassônico: geração e aquisição de dados

4.3 – Ensaio de compressão

Realizou-se ainda o ensaio de compressão mecânico, um ensaio destrutivo, que foi


conduzido de acordo com as normas NBR 5738:2007 e NBR 5739:2007.

Nesse trabalho o único fator desejável na influência da capacidade de carga máxima de


cada amostra é a razão água:cimento das diferentes amostras, entretanto alguns fatores
externos podem influenciar na qualidade dos ensaios de compressão, tais como configuração
da máquina de compressão, acabamento superficial das amostras e tamanho dos pratos
superior e inferior.

Em relação á configuração, adotou-se uma configuração padronizada para as


características do material, onde a velocidade do ensaio foi ajustada para 1mm/min e para
cada amostra ensaiada foi inserido no sistema sua respectiva altura.

Os pratos do ensaio também não influenciaram na qualidade do ensaio, uma vez que
os mesmos atendem as especificações da norma NBR 5739:2007, que prescreve o método de
ensaio pelo qual devem ser ensaiados à compressão os corpos de prova em formatos
cilíndricos de concreto, pasta de cimento e argamassa.

45
Para o acabamento superficial das amostras, tornou-se necessária a criação de um
dispositivo físico para realizar cortes transversais ao longo do eixo longitudinal,
possibilitando o paralelismo das superfícies da base.

Sendo assim, o principal fator que influenciou nos dados adquiridos neste ensaio foi a
diferença entre as razões de água:cimento dos corpos de prova submetidos ao ensaio de
compressão.

Antes de expor os corpos de prova ao ensaio de compressão, foi necessário melhorar o


acabamento superficial dos mesmos. Para esse acabamento, tornou-se necessário a criação de
um dispositivo, figura 27, para tornar paralela a face inferior com a superior dos corpos de
prova, por meio de cortes transversais próximos as faces.

A figura 27 mostra a foto do dispositivo para auxiliar no corte transversal próximo as


faces dos corpos de prova, necessário para tornar as faces paralelas.

Figura 27: Foto do dispositivo para cortes transversais nas amostras

Com as faces do corpo de prova paralelas, realizou-se ainda a medição do diâmetro e


altura final das amostras, figura 28, para então dar início a sequência de ensaios de
compressão nos quinze corpos de prova.

46
Figura 28: Medição do diâmetro das amostras utilizando micrômetro 50-57x0.01mm

O ensaio de compressão foi realizado na máquina universal para ensaios mecânicos de


tração, compressão, flexão, modelo EMIC DL 6000, eletromecânica, microprocessada, marca
INSTRON/EMIC, com célula de carga EMIC com capacidade de 600kN (60000 kgf), e
configurado para um carregamento constante e sem choques na velocidade de 1mm/min,
sendo interrompido somente quando ocorresse uma queda de força indicando a ruptura do
corpo de prova.

A figura 29 registra a realização do ensaio de compressão na máquina universal de


ensaios mecânicos, com carregamento na amostra de razão 0,4 entre água:cimento.

Figura 29: Ensaio de Compressão na máquina universal com célula de carga com capacidade
de 600KN
47
De acordo com a equação 17 presente na norma regulamentadora NBR 5739:2007, o
cálculo da resistência à compressão obtém-se por meio da razão entre o máximo de
carregamento obtido no ensaio e a área superficial da amostra correspondente.

(17)

Onde:

Rc = Resistência a Compressão [MPa];

F = Carga Máxima Total [N];

Ac = Área da Superfície da amostra [mm²]

A resistência à compressão de cada corpo de prova é calculada individualmente, logo


após efetuando o cálculo da resistência à compressão média por meio da média aritmética das
resistências individuais.

4.4 – Ensaio por imersão

Logo após o ensaio de compressão, as partes dos corpos de prova geradas neste ensaio,
foram preparadas para a realização de mais dois ensaios: o ensaio de porosidade por imersão e
a microscopia eletrônica de varredura (MEV).

Nas imagens das figuras 30 (a) e (b), podem-se visualizar as amostras no interior da
estufa e o registro de temperatura desta marcando 100ºC, respectivamente.

48
(a) (b)
Figura 30: (a) Amostras no interior da estufa à (100  5)ºC; (b) Registro de temperatura na
estufa
Para facilitar o ensaio por imersão, os corpos de prova foram preparados em formato
prismático. De acordo com a norma NBR 9778:2005, referente ao ensaio para determinação
da absorção de água e do índice de vazios por imersão, para determinar a massa seca (MS) dos
corpos de prova, os mesmos são secos em estufa à temperatura de (105  5)ºC, durante 72
horas. Após secar os corpos de prova, os mesmos são pesados em balança de precisão, onde
se registra a massa seca (MS).

Na figura 31 encontram-se os corpos de prova secos, sendo pesados em balança de


precisão, para registrar a massa seca (Ms) dos mesmos.

Figura 31: Registro da massa seca (Ms) das amostras na balança de precisão

49
Completada a secagem em estufa e determinada a Ms, procedeu-se à imersão da
amostra em água à temperatura de (23 ± 2)°C, durante 72 h, conforme descrito na norma NBR
9778:2005. Ou seja, a amostra é mantida com 1/3 de seu volume imerso nas primeiras quatro
horas e 2/3 nas quatro horas subsequentes, sendo completamente imersa nas sessenta e quatro
horas restantes. A massa saturada (Msat) é determinada após enxugar a superfície da amostra
com material absorvente.

Como próximo registro, tem-se a massa da amostra imersa em água (Mi), onde depois
de terminada a saturação, se iniciou à pesagem em balança hidrostática, anotando a massa da
amostra imersa em água.

Conforme descrito na norma NBR 9778:2005, usando as massas Ms, Msat e Mi


especificadas anteriormente, fez-se os seguintes cálculos através da média de três amostras de
ensaio:

(18)

(19)

4.5 – Caracterização Microestrutural

A caracterização microestrutural foi realizada por meio da técnica de microscopia


eletrônica de varredura (MEV), utilizando o microscópio eletrônico da marca Carl ZEISS
modelo EVO MA 10. A análise da microestrutura teve como objetivo observar e identificar,
em diferentes razões entre água/cimento, a formação das principais microestruturas, além dos
micros poros gerados no endurecimento da pasta de cimento portland.

As amostras foram montadas de modo adequado no suporte porta amostras do MEV,


ajustando-se a melhor orientação em relação ao feixe de elétrons e ao coletor. Utilizou-se
como adesivo para fixar e realizar o aterramento das amostras, a fita de carbono.

50
Após o posicionamento das amostras no suporte, o passo seguinte foi a metalização
das mesmas, onde ocorre a cobertura das amostras com metal. Este passo visa fornecer ou
aumentar a condutividade da superfície da amostra através de uma fina camada (com até 20-
30 nm de espessura) de metal, onde o metal utilizado foi o ouro. Após a metalização, as
amostras estavam prontas para serem examinadas com o microscópio eletrônica de varredura.
A figura 32 mostra os corpos de prova logo após o processo de metalização.

Figura 32: Corpos de prova após o processo de metalização

51
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 – Porosidade por ultrassom

Conforme relatado por CUETO (1989), a velocidade da onda ultrassônica está


relacionada às propriedades específicas do meio pelo qual a onda se propaga. Na figura 33
observa-se este fato, através da queda da velocidade de propagação da onda ultrassônica
longitudinal em função do aumento da razão água:cimento das amostras analisadas, onde o
desvio padrão amostral é de 46,56 m/s.

Velocidade da Onda Ultrassônica


5200,00
5118
5100,00 5041
5000,00
Velocidade [m/s]

4943
4900,00
4799 4762
4800,00
4700,00
4600,00
4500,00
4400,00
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Razão

Figura 33: Velocidade da onda ultrassônica em função da razão água:cimento

Diante da necessidade da onda ultrassônica utilizar um meio para se propagar, pode-se


verificar que à medida que a quantidade de água nas amostras aumenta, aumenta-se também a
rigidez dos corpos de prova, dificultando a propagação da onda longitudinal.

52
Observa-se ainda, para valores menores da razão água:cimento, as amostras
apresentam uma compactação mais densa, diminuindo os espaços microscópios no seu
interior, favorecendo o aumento da velocidade de propagação da onda ultrassônica nos corpos
de prova que possuem menor razão água:cimento.

Para os valores de razão água:cimento iguais a 0.6 e 0.7 a velocidade da onda possui
valores médios muito próximos, portanto, considerando o desvio padrão nos ensaios (46,56
m/s), observa-se que estas razões apresentam os mesmos valores para a velocidade de
propagação da onda ultrassônica longitudinal.

Tendo em vista que a medição da porosidade por ultrassom se relaciona com a


velocidade de propagação da onda ultrassônica longitudinal, pois maiores são as perdas do
sinal no meio com elevado nível de porosidade, ou seja, quanto maior a razão água:cimento
menor é a velocidade da onda ultrassônica.

Em função dos valores de velocidade de propagação apresentados, analisou-se a


porosidade presente nos corpos de prova. A porosidade foi verificada utilizando o ensaio por
ultrassom e o ensaio por imersão em água.

A figura 34 apresenta os dados da porosidade por ultrassom – com desvio padrão de 


3,42, verificada com o recurso da onda ultrassônica longitudinal, amparada pela equação
, onde:

: velocidade de propagação da onda longitudinal na amostra de ensaio


: velocidade de propagação da onda longitudinal em material à porosidade zero
: parâmetro de ajuste (0,255)
: porosidade encontrada na amostra de ensaio

Os dados presentes no gráfico da figura 34 remetem ao fato da porosidade estar


relacionada ao volume de água adicionada as amostras. Verifica-se que com maiores valores
da razão água:cimento, ocorre também um aumento na porosidade das amostras. A água em
excesso presente nas amostras tende a sair e formar os poros capilares, uma vez que estes
poros capilares são formados pela saída da água da mistura em excesso, que não participou
das reações de hidratação do cimento, conforme apresentado na seção 3.4.2.

53
Em função do afastamento inicial dos grãos de cimento, provocado pela água em
excesso, antes da hidratação, os cristais em crescimento não ocupam todos os espaços
disponíveis no interior da pasta de cimento. Diante dos dados apresentados, o percentual de
porosidade aumenta de acordo com a razão água:cimento, ou seja, quanto maior a volume de
água adicionada a mistura, maior será a porosidade presente na pasta de cimento.

POROSIDADE ULTRASSOM
50,00
45,00
42,26
40,00 39,53
Porcentagem %

35,00
30,00 28,93
25,00
20,00 21,74

15,00 16,08
10,00
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Razão Água:Cimento

Figura 34: Porosidade analisada por ondas ultrassônicas longitudinais

Os percentuais de porosidade encontrados nos ensaios por ultrassom confirmam a


ideia de QUARCIONI (2009), onde o volume de poros capilares na pasta de cimento
endurecida depende da quantidade de água de amassamento adicionada no início da
hidratação e do grau de hidratação do cimento. Quanto maior o volume de água presente nas
amostras, maior é o percentual de poros formados no interior das mesmas.

A porosidade encontrada nos ensaios de ultrassom também está de acordo com as


afirmações de CAMPITELI (1987), após o esqueleto estrutural tenha se formado, a água em
excesso é atraída para as superfícies sólidas da pasta de cimento, constituindo a formação de
poros no interior das amostras.

5.2 – Porosidade por imersão

54
Com o intuito de comparar os valores encontrados nos ensaios por ultrassom, a
porosidade por imersão foi outra técnica explorada para determinar os valores percentuais de
porosidade.

Neste ensaio utilizou-se a norma NBR 9778:2005 que estabelece o modo pelo qual
deve ser executado o ensaio para determinação da absorção de água (porosidade), através de
imersão, além do índice de vazios e massa específica de materiais cerâmicos como argamassa
e concreto.

O gráfico da figura 35 apresentam os percentuais de porosidade em função da razão


água:cimento, obtidos nos ensaios por imersão seguindo as orientação da norma
regulamentadora NBR 9778:2005, com desvio padrão de  0,77%.

POROSIDADE POR IMERSÃO - ABNT NBR 9778


50,00
45,00
43,39
40,00
38,15
35,00
% Porcentagem %

30,00 30,54

25,00 25,11
20,00
18,16
15,00
10,00
5,00
0,00
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Razão Água:Cimento

Figura 35: Porosidade por imersão - ABNT NBR 9778:2005

Os valores percentuais de porosidade encontrados no ensaio por imersão demonstram


que a quantidade de água presente na mistura possui influência direta no aumento da
porosidade do corpo de prova, onde se sabe que a água em excesso tende a sair do corpo de

55
prova deixando lacunas (poros) no material. Desta forma, a porosidade será maior à medida
que a quantidade de água adicionada à mistura for aumentando.

Verificando-se o gráfico presente na figura 35, observa-se também uma linearidade no


crescimento da porosidade de acordo com o aumento da razão água:cimento constante em
cada amostra submetida ao ensaio por imersão.

O gráfico na figura 36 compara os valores percentuais de porosidade encontrados nos


dois ensaios mecânicos realizados para este trabalho, ensaio por ultrassom e ensaio por
imersão.

POROSIDADE (IMERSÃO x ULTRASSOM)


50,00

45,00 43,39
42,26
40,00 39,53
38,15
Porcentagem %

35,00
30,54
30,00
25,11 28,93 Imersão
25,00 Velocidade ultrassônica
21,74
20,00 18,16

15,00 16,08

10,00
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Razão Água:Cimento

Figura 36: Valores percentuais de porosidade por ultrassom e imersão em água

No gráfico pode-se visualizar a proximidade dos valores encontrados nos dois ensaios.
Sabendo-se que o ultrassom é um ensaio mecânico não destrutivo, torna-se mais apropriado e
viável a utilização deste método para a determinação da porosidade em estruturas à base de
pasta de cimento em execução.

A Tabela 9 apresenta os valores percentuais de porosidade dos ensaios por ultrassom e


por imersão, com os respectivos erros amostrais para cada razão de água:cimento.

56
Tabela 9: Comparando os valores percentuais de porosidade entre ensaio não destrutivo e
destrutivo

Razão 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7


Porosidade por ultrassom 16,08 21,74 28,93 39,53 42,26
Porosidade por Imersão 18,16 25,11 30,54 38,15 43,39

Erro 11,45% 13,42% 5,27% 3,62% 2,60%

De acordo com os dados apresentados na Tabela 9, o maior erro percentual entre o


método destrutivo e o não destrutivo foi de 11,45%, sendo este valor para a menor porosidade
encontrada (16,08%).

5.3 – Estimativa da porosidade via ultrassom

Por meio da análise do gráfico da figura 36 e Tabela 9, da seção 5.2, em comparação


com os dados obtidos nos ensaios por imersão e por ultrassom, observa-se coerência entre os
resultados de porosidade no ensaio não destrutivo com o ensaio destrutivo. Diante dos dados
coletados e processados, verifica-se a possibilidade de estimativa da porosidade de um corpo
de prova utilizando o ensaio de ultrassom, preservando a integridade da amostra.

O gráfico presente na figura 37 mostra a relação da porosidade do corpo de prova, em


função da velocidade de propagação da onda ultrassônica longitudinal.

57
Estimativa da Porosidade Via Velocidade
Ultrassônica
45 42,26
39,53 y = -0,0735x + 392,16
40
35
Porosidade %

28,93
30
25 21,74

20 16,08
15
10
4700 4750 4800 4850 4900 4950 5000 5050 5100 5150
Velocidade [m/s]

Figura 37: Estimativa da porosidade via velocidade ultrassônica

ANDREUCCI (2008) afirma que a onda mecânica precisa de um meio para se


propagar e, geralmente, apresenta maiores velocidades de propagação em meios mais densos.
O gráfico da estimativa da porosidade via velocidade de propagação da onda ultrassônica
longitudinal, presente na figura 37, converge com a necessidade de um meio para onda
mecânica se propagar.

A figura 37 está de acordo com as afirmações apresentadas por ANDREUCCI (2008),


onde se verifica maiores velocidades de propagação da onda em amostras com menores
porosidades. Enquanto que, nas amostras com maiores valores percentuais de porosidade,
encontram-se as menores velocidades de propagação da onda ultrassônica.

A estimativa da porosidade, utilizando a técnica da transparência no ensaio por


ultrassom, está coerente com as conclusões de BUNGEY (1989), uma vez que a velocidade
da onda depende da massa específica da amostra, ou seja, os poros fechados, abertos e
capilares presentes nos corpos de prova influenciam na velocidade de propagação da onda
ultrassônica longitudinal. De acordo com o gráfico presente na figura 37 a velocidade da onda
longitudinal é inversamente proporcional aos valores de porosidade.

A metodologia aqui utilizada demonstra, em caráter experimental e introdutório, a


possibilidade do ensaio por ultrassom ser utilizado na avaliação da porosidade de amostras à
base de pastas de cimento. Entretanto, sua aplicação definitiva como método de avaliação não

58
destrutivo exige mais pesquisas para formulação do método, considerando-se outros tipos de
materiais, tais como argamassa e concreto.

O resultado final para esta estimativa é apresentado relacionando os valores


representativos das variáveis de velocidade de propagação da onda ultrassônica longitudinal e
porosidade, conforme Tabela 10 a seguir.

Tabela 10: Intervalos de Valores de Velocidade x Porosidade


Velocidade [m/s] Porosidade [%]
4000 – 4200 98,16 – 83,46
4200 – 4400 83,46 – 68,76
4400 – 4600 68,76 – 54,06
4600 – 4800 54,06 – 39,36
4800 – 5000 39,36 – 24,66
5000 – 5330 24,66 – 0,41
> 5330 0

5.4 – Ensaio de compressão

NEVILLE (1997) constatou em seus estudos que a quantidade de água quimicamente


combinada é adotada como sendo correspondente a uma relação água-cimento de 0,23,
podendo ser menor para cimentos compostos. Quando superior a esse valor, resulta em água
livre, que, não reagindo com o cimento, gera poros na microestrutura após sua evaporação,
diminuindo sua resistência mecânica.

Para relacionar a velocidade de propagação de onda ultrassônica com a resistência


mecânica, realizaram-se os ensaios de compressão de acordo com a norma regulamentadora
ABNT NBR 5739:2007.

Os dados referentes aos ensaios de compressão são apresentados na Tabela 11. Na


Tabela 11 temos as médias dos valores de carga máxima [KN] e compressão máxima [MPa]

59
encontrados nos ensaios de compressão, confirmando a maior resistência dos corpos de prova
com menor razão água:cimento.

Tabela 11: Dados dos Ensaios de Compressão (28 dias de cura)

Razão água:cimento 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

Carga Máxima [KN] 208,27 110,92 100,61 101,37 88,07

Compressão Máxima [MPa] 50,61 27,75 24,61 25,44 21,64

Desvio Padrão 32,8 15,02 8,34 12,27 7,12

Os ensaios de compressão confirmam que a quantidade de água adicionada em cada


mistura é de grande importância na resistência à compressão das amostras de pasta de cimento
analisadas. As amostras com maiores quantidades de água são as que ofereceram menor
resistência à compressão. A água em excesso, presente nas misturas com maior razão, formam
poros capilares ao saírem dos corpos de prova, uma vez que não participam das reações de
hidratação. Esse excesso de água na mistura, antes de iniciar a hidratação, condiciona um
afastamento dos grãos de cimento de maneira que os cristais em crescimento não ocupam
esses espaços vazios, contribuindo para a formação de poros, diminuindo desta forma a
resistência a compressão dos corpos de prova com maior razão água:cimento.

O gráfico apresentado na figura 38 mostra as curvas de compressão x deformação para


os diferentes valores de razão água:cimento.

No gráfico referente aos ensaios de compressão se verifica que quanto menor é a razão
entre água:cimento, maior é a resistência mecânica do corpo de prova, em função do reduzido
volume de vazios, porosidade.

60
Figura 38: Gráfico Compressão x Deformação para as diferentes razões água:cimento

Os corpos de prova com maior quantidade de água tendem a fraturar com mais
facilidade e menor carga aplicada, enquanto que os corpos de prova com menores quantidades
de água absorvem um maior carregamento, consequentemente são mais resistentes à
compressão.

Quanto menor for a razão água:cimento, maior é a rigidez final apresentada pela pasta
de cimento. Esta configuração é explicada pela distância inicial, característico entre os grãos
de clínquer em sua microestrutura. Para menores valores da razão água:cimento (A / C), mais
próximo o empacotamento inicial dos grãos de clínquer, e mais facilmente será a ação de
crescimento dos hidratos para diminuir as distâncias entre vizinhos dos grãos de clínquer.

De acordo com as tensões obtidas nos ensaios de compressão, estima-se uma relação
com tendência polinomial entre a tensão de compressão e a velocidade de propagação da onda
ultrassônica em materiais cerâmicos à base de cimento portland do tipo CPIII-40.

As estimativas da tensão de compressão, em função da velocidade de propagação da


onda ultrassônica são apresentadas na figura 39, possibilitando o levantamento de dados
referente à compressão por meio do ensaio de ultrassom, não necessitando danificar ou
destruir a amostra a ser analisada.

61
Velocidade de Ultrassom x Tensão de Compressão
55
y = 4E-06x3 - 0,0538x2 + 263,91x - 431438
50 R² = 0,998
45
Tensão [MPa]

40

35

30

25

20

15
4700 4750 4800 4850 4900 4950 5000 5050 5100 5150
Velocidade [m/s]

Figura 39: Gráfico da Velocidade de Ultrassom x Tensão

Os dados encontrados demonstram a existência de uma relação entre resistência e


velocidade da onda ultrassônica. O ajuste foi obtido pela regressão polinomial de grau 3
(três), exibindo coeficiente de correlação igual a R² = 0,998.

5.5 – Caracterização microestrutural

Na figura 40, apresenta-se a imagem da microscopia eletrônica de varredura do CP 4


(razão água/cimento igual a 0,4), com escala de 10μm, detector modo de elétrons secundários
e voltagem de aceleração de 4 KV. Nesta imagem observa-se a presença dos grãos de cimento
não hidratados, do silicato de cálcio hidratado (C-S-H) e do hidróxido de cálcio (portlandita).

As variações entre os coeficientes de retroespalhamento mostram principalmente


diferenças na composição química entre os elementos presentes no corpo de prova.

Os componentes químicos de alta densidade de elétrons têm elevados coeficientes de


retroespalhamento, e aparecem brilhantes, conforme na figura 40. Por outro lado, os

62
componentes químicos de menor densidade de elétrons, como a maioria dos produtos de
hidratação do cimento, têm coeficientes de retroespalhamento inferiores e aparecem com
menor intensidade de brilho.

Em função do retroespalhamento, o grão de cimento não hidratado é representado pela


fase mais clara da imagem, enquanto que o hidróxido de cálcio são as placas, em formato
hexagonal, com tonalidades de cinza clara e o silicato de cálcio o cinza mais escuro.

Figura 40: Identificação do Hidróxido de Cálcio, Grão de cimento não hidratado e C-S-H

A figura 41, mostra a imagem da microscopia eletrônica de varredura do CP 3 (razão


água/cimento igual a 0,4), com escala de 10μm, detector modo de elétrons retroespalhados e
voltagem de aceleração de 4 KV. São destacados o grão de cimento não hidratado, o
hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), além dos poros registrados através dos pontos escuros
característicos.

Comparando visualmente as imagens das figuras 40 e 41, observa-se um número


maior de poros na figura 41 (referente ao CP 4) em relação a figura 40 ( referente ao CP 3).

A água em excesso no CP 4 ocupa os espaços entre os grão de cimento hidratado e não


hidratados, determinando desta forma os poros encontrados na microscopia.

63
Figura 41: Identificação do Hidróxido de Cálcio, Grão de cimento não hidratado e Poros

Pode-se observar também, que os produtos de hidratação encontrados em maior


número nos corpos de prova consistem essencialmente de hidróxido de cálcio e silicato de
cálcio hidratado (C-S-H). Contudo, estes produtos de hidratação são intercalados com espaços
porosos, conforme figuras 40 e 41.

A figura 42 mostra a imagem da microscopia do CP 05 (razão a/c igual a 0,5), com


escala de 20μm, detector modo de elétrons retroespalhados e voltagem de aceleração de 4
KV.

Além da identificação dos principais elementos de formação da pasta cimento,


verifica-se na imagem da figura 42 uma maior uniformidade na tonalidade de cinza da
imagem. Este fato explica-se pela maior presença de produtos hidratados, que possuem menor
densidade de elétrons, consequentemente baixos coeficientes de retroespalhamento,
justificando uma imagem com menor intensidade de brilho.

64
Figura 42: Hidróxido de Cálcio, Grão de cimento não hidratado e C-S-H na amostra CP 05

Nas imagens de microscopia eletrônica presentes nas figuras 43 a 47, observam-se


alguns dos poros presentes nos corpos de prova, os quais possuem suas dimensões estimadas
com o auxílio do software livre ImageJ.

65
Figura 43: Identificação e localização dos poros na amostra CP 03

Figura 44: Identificação e localização dos poros na amostra CP 04

66
Figura 45: Identificação e localização dos poros na amostra CP 05

Figura 46: Identificação e localização dos poros na amostra CP 06

67
Figura 47: Identificação e localização dos poros na amostra CP 07

São apresentados na Tabela 12, os diâmetros dos poros destacados e enumerados nas
figuras 43 a 47, com os seus respectivos valores em micrometro [μm] e milímetro [mm].

Tabela 12: Medidas dos diâmetros dos poros localizados nos corpos de prova
CP 03 CP 04 CP 05 CP 06 CP 07
Poro
μm mm μm mm μm mm μm mm μm Mm
1 158,352 0,158352 198,773 0,198773 227,444 0,227444 42,426 0,042426 12,780 0,01278
2 125,98 0,12598 223,415 0,223415 461,314 0,461314 67,604 0,067604 5,841 0,005841
3 73,796 0,073796 225,319 0,225319 326,357 0,326357 38,609 0,038609 14,627 0,014627
4 126,686 0,126686 295,918 0,295918 129,747 0,129747 43,893 0,043893 7,276 0,007276
5 104,887 0,104887 157,431 0,157431 249,763 0,249763 89,136 0,089136 22,628 0,022628
Média 117,9402 0,1179 220,1712 0,2201 278,925 0,2789 56,3336 0,0563 12,6304 0,0126
Desvio
31,1983 0,03119 50,4202 0,0504 123,7642 0,1237 21,5949 0,0215 6,6844 0,0066
Padrão

Diante da Tabela 12, se verifica que os poros investigados nas imagens possuem
diâmetros, aproximadamente, na faixa de 12 a 278 μm. Conforme observado, com os recursos
do software ImageJ, os poros apresentam formato esférico, ou seja, forma característica de
vazios de ar, conhecidos nas literaturas como ar aprisionado durante a mistura.

68
Na Tabela 12 observa-se um crescimento no diâmetro dos vazios de ar para as razões
0.3, 0.4 e 0.5, entretanto a partir desta razão ocorre um decréscimo nas medidas dos
diâmetros, onde as razões 0.6 e 0.7 desenvolveram vazios com menores diâmetros.

Os poros identificados nas imagens são classificados como macroporos, ou seja, poros
grandes, influenciando principalmente a resistência à compressão e a permeabilidade. A água
em excesso interfere significativamente na resistência mecânica, na permeabilidade, além de
influenciar nas variações de volume da pasta de cimento endurecida.

69
6 – CONCLUSÕES

Este trabalho teve como proposta principal elaborar um estudo em condições


experimentais, que servisse de contribuição para analisar a viabilidade do ensaio por
ultrassom como um recurso para uma avaliação não destrutiva das condições estruturais de
corpos de prova à base de pasta de cimento.

Através dos resultados de ultrassom, imersão em água e ensaios de compressão


realizados a uma velocidade de 1,00 mm/min, em temperatura ambiente, conclui-se que:

 O estudo teórico sobre as técnicas de ultrassom demonstrou possível o cálculo da


velocidade de propagação de uma onda ultrassônica longitudinal ao longo de amostras à
base de pasta de cimento endurecida;

 A velocidade da onda ultrassônica longitudinal em amostras de pasta de cimento


endurecida, depende das razões entre água:cimento na composição das amostras. Para as
menores razões de água:cimento, encontrou-se os maiores valores de velocidades de
propagação da onda ultrassônica longitudinal;

 Nos ensaios de ultrassom, concluiu-se que a porosidade é uma propriedade de grande


influência nas perdas do sinal da onda ultrassônica longitudinal. Nas amostras com
elevado nível de porosidade, menor é a velocidade da onda ultrassônica;

 Os percentuais de porosidade encontrados nos ensaios por ultrassom foram coerentes com
estudos anteriores sobre porosidade. Verificou-se ainda, que o volume de poros capilares
na pasta de cimento endurecida depende da quantidade de água adicionado no início da

70
hidratação do cimento. Portanto, quanto mais água foi adicionada nas amostras, maior foi
o percentual de poros formados;

 Nos ensaios por imersão, um ensaio mecânico convencional, houve a confirmação que a
quantidade de água na razão água:cimento influenciou no aumento da porosidade dos
corpos de prova, uma vez que a água em excesso na mistura, não reage na hidratação do
cimento, com tendência a formar poros no interior do corpos de prova;

 Os valores percentuais de porosidade do ensaio via ultrassom são coerentes com o ensaio
por imersão, onde se permitiu estimar a porosidade de um corpo de prova, à base de pasta
de cimento endurecida, utilizando o ensaio por ultrassom e preservando a integridade do
corpo de prova;

 Os métodos utilizados neste trabalho demonstraram a viabilidade do ensaio por ultrassom


ser utilizado na avaliação da porosidade de amostras à base de pastas de cimento
endurecido;

 Os corpos de prova à base de pasta de cimento endurecida com menores valores na razão
água:cimento, são os que apresentam maior resistência mecânica, quando submetidos aos
a ensaios de compressão em temperatura ambiente, em função do menor volume de poros
em sua microestrutura;

 Existe relação entre a velocidade de propagação da onda ultrassônica longitudinal, com a


tensão de compressão em materiais cerâmicos à base de cimento portland do tipo CPIII-
40, podendo realizar a estimativa da tensão em função da velocidade de propagação.

 Os dados encontrados nesta pesquisa evidenciam que a metodologia utilizada, os


materiais e métodos são adequados a proposta inicial do trabalho. A qualidade dos
números encontrados é mérito do emprego de normas regulamentadoras e conhecimento
científico da equipe de trabalho.

71
Portanto, conclui-se que os estudos realizados nesta pesquisa apontam para a
viabilidade de utilização do ensaio por ultrassom como recurso de estimativa da porosidade de
materiais à base da pasta de cimento portland CPIII-40.

72
7 – TRABALHOS FUTUROS

 Processamento de sinais de ultrassom utilizando os tempos adquiridos no contador


PUNDIT;

 Processamento de sinais de ultrassom para determinação da constante elástica;

73
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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