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VI SEMANA

DE PRODUÇÃO
CIENTÍFICA
PROFISSIONALISMO, ÉTICA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

20 a 24/MAI/2014
PARIPIRANGA - BAHIA - BRASIL

ANAIS
ISSN: 2358-3436

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VI SEMANA
DE PRODUÇÃO
CIENTÍFICA
PROFISSIONALISMO, ÉTICA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

20 a 24/MAI/2014
PARIPIRANGA - BAHIA - BRASIL

ANAIS

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AGES
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais SUMÁRIO
ARTIGOS

AFETIVIDADE NA PRÁTICA DOCENTE COMO FORMA DE COMBATER A EVASÃO


ESCOLAR: EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO INSTITUTO LUCIANO BARRETO JÚNIOR .......................... 11

AS REDES SOCIAIS NOS PROCESSOS DE INFOINCLUSÃO DIGITAL DESENVOLVIDOS


PELO INSTITUTO LUCIANO BARRETO JÚNIOR ................................................................................................ 19

Diretor Geral SERÁ QUE UMA BOA ESCOLA PROPORCIONA REALMENTE EDUCAÇÃO? ............................................... 31
Prof. José Wilson dos Santos
EDUCOMUNICAÇÃO: UMA ABORDAGEM DA INTERFACE ENTRE EDUCAÇÃO E
COMUNICAÇÃO ....................................................................................................................................................... 39
Diretor Adjunto
Prof. Rusel Marcos Batista Barroso EDUCAÇÃO POPULAR EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: VISITAS DOMICILIARES E
SANEAMENTO BÁSICO .......................................................................................................................................... 48
Secretária Acadêmica
Belª. Maria de Fátima Rabelo Andrade e Oliveira POLÍTICA: UMA VISÃO DE REPRESENTANTES PÚBLICOS DE UM MUNICÍPIO DO
INTERIOR DE SERGIPE ........................................................................................................................................... 56
— BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE ................................................. 66

Editoração Eletrônica O NEOLIBERALISMO, AS INIQUIDADES EM SAÚDE E A FRAGILIDADE DA CIDADANIA ...................... 77


Equipe de Comunicação e Projetos AGES
ENFERMAGEM: A CIÊNCIA DO CUIDADO ......................................................................................................... 89

Impressão RESUMOS
Sercore Artes Gráficas DEPRESSÃO PÓS-PARTO E PREJUÍSOS PARA A CRIANÇA ............................................................................. 96

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE COM TRANSTORNO MENTAL,


PROLAPSO RETAL E PÓLIPOS CÓLICOS ............................................................................................................ 98

TABAGISMO: UMA ANÁLISE FISIOLÓGICA E METAFÍSICA ......................................................................... 100

SAÚDE DOS PROFESSORES NO COLÉGIO MONTESSORI .............................................................................. 102

O QUE MOTIVA OS PACIENTES A FREQUENTAREM OU NÃO AO CAPS? .................................................. 104

PLANTAS MEDICINAIS: O USO TERAPÊUTICO NA ATENÇÃO BÁSICA ..................................................... 106

COMO O PROFISSIONAL DE SAÚDE PODE AJUDAR O INDIVÍDUO EM SUA COMUNIDADE,


A SOLUCIONAR SEUS PROBLEMAS ATRAVÉS DA AÇÃO EDUCATIVA? ................................................... 108

A OBESIDADE E O FATOR EMOCIONAL COMO UMA DAS CARACTERÍSTICAS DA VIDA


MODERNA ................................................................................................................................................................ 110
Faculdade AGES
OS DETERMINATES SOCIAIS E A TUBERCULOSE NO BRASIL .................................................................... 112
Av. Universitária, 23 - Parque das
Palmeiras 48430-000 Paripiranga - Bahia - PESSOAS COM DOENÇA DE PARKINSON TÊM MAIOR RISCO PARA APRESENTAR
Brasil (75) 3279-2210 DEPRESSÃO? ........................................................................................................................................................... 115
contato@faculdadeages.com.br
www.faculdadeages.com.br ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE SUBMETIDA À RECONSTITUIÇÃO DE
MAMA DIREITA COM TRAM- RELATO DE CASO ............................................................................................ 120

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE ................................................ 122 O SUICÍDIO ATRELADO À SAÚDE MENTAL: COMPORTAMENTOS E ASPECTOS QUE
CARACTERIZAM O ATO........................................................................................................................................ 180
A OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA: MODO DE VIDA E CONSEQUÊNCIAS ............................................... 126 MOVIMENTOS SOCIAIS E LUTAS INSTITUCIONAIS ....................................................................................... 182

A IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA BALANCEADA EM PACIENTES PORTADORES DE A INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................................... 183
DIABETES MELLITUS ............................................................................................................................................ 129
QUALIDADE DA ÁGUA EM FAVOR DA SUA SAÚDE, LEVANTAMENTO DE DADOS E AÇÃO
O CUIDADO AOS PORTADORES DE ALZHEIMER ............................................................................................ 131 EDUCATIVA SOBRE O TRATAMENTO E CONSUMO DE ÁGUA NO POVOADO LOGRADOR
FAZENDA VELHA – PARIPIRANGA/BA .............................................................................................................. 184
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ESTRÁTEGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA AO PORTADOR DE HANSENÍASE ...................................................................................................... 133 CONTRIBUIÇÃO DO CUIDADO HUMANIZADO PARA A CURA DE UM PACIENTE COM AVE ............... 186

CONTAMINAÇÃO DE AGENTE FÍSICO, QUÍMICO, BIOLÓGICO E ERGONÔMICO NO PACIENTE PORTADORA DA FENILCETONÚRIA.............................................................................................. 188
SETOR DE SERVIÇOS GERAIS NO AMBIENTE HOSPITALAR ........................................................................ 135
AÇÃO EDUCATIVA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA:
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE PORTADOR DE SÍNDROME DE ANALISE DA AÇÃO DESENVOLVIDA NO POVOADO MATOSO ................................................................... 191
FOURNIER: RELATO DE CASO............................................................................................................................. 137
PREVALÊNCIA DA DIABETES EM POPULAÇÃO DA MICRO-ÁREA II DO MUNICÍPIO DE
AS REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS NO INDIVIDUO APÓS O DIAGNÓSTICO DE PARIPIRANGA-BA: UM OLHAR FOCADO NA SAÚDE ..................................................................................... 193
DIABETES MELLITUS ............................................................................................................................................ 139
DA HOMOSSEXUALIDADE AOS LGBT: DISCURSO ACADÊMICO ................................................................ 195
LEITURA: PROPOSTA QUE MOTIVA, ENSINA, APRENDE E FAZ TODA DIFERENÇA ............................... 141
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE HAS, DIABÉTICO, ICC E
EXISTE RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E DEPRESSÃO? ................................................................................ 149 APRESENTANDO ERISIPELA EM MIE. - RELATO DE CASO........................................................................... 196

O DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXO) NO MUNICÍPIO DE ADUSTINA BAHIA ............................. 153 O MÉTODO ATIVO DA APRENDIZAGEM APLICADO AO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II DE
ENFERMAGEM NO ÂMBITO HOSPITALAR ....................................................................................................... 198
AÇÕES AFIRMATIVAS VERSUS MÉRITO NO VESTIBULAR: UM ESTUDO SOBRE O
DEBATE JUDICIAL EM TORNO DO PROGRAMA DE AÇÕES AFIRMATIVAS DA DIABETES INSIPIDUS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO .................................................................................... 200
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE ............................................................................................................ 155
A ATENÇÃO BÁSICA INTEGRADA A SAÚDE MENTAL: VISÃO DOS PORTADORES DE
DEVERIA HAVER PENA DE MORTE NO BRASIL? ............................................................................................ 160 TRANSTORNOS FRENTE AOS ATENDIMENTOS NAS UBS ............................................................................ 203

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS FATORES E CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE, NA INFÂNCIA ................................................................... 205
CUIDADORES DE PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER .................................................................... 162
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TDAH, TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E
O USO DA TECNOLOGIA COMO PROPOSTA DE AUMENTO DE RENDA E HIPERATIVIDADE, NA IDADE ESCOLAR .......................................................................................................... 207
DESENVOLVIMENTO NA AGRICULTURA ......................................................................................................... 164
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS ERGOGÊNICOS NUTRICIONAIS POR ALUNOS DA ACADEMIA
RESSOCIALIZAÇÃO: A POSSIBILIDADE DE MODIFICAR A REALIDADE DE PESSOAS DA CIDADE CORONEL JOÃO SÁ – BA ................................................................................................................ 208
QUE POSSUEM O ESTIGMA ENRAIZADO PELA SOCIEDADE........................................................................ 166
O NOVO CODIGO PENAL: PROPOSTA SOBRE ABORTO ................................................................................. 220
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA
ERISIPELA ................................................................................................................................................................ 167

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PORTADOR DE DIABETES MLLITUS


APRESENTANDO COMPLICAÇÕES CRÔNICAS VASCULARES: RELATO DE CASO
BASEADO NA TEORIA DO AUTOCUIDADO DE OREM ................................................................................... 169

A ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL .................................................................................................................. 171

É POSSÍVEL O USO DE MEDICAÇÕES NA GESTAÇÃO SEM TOXICIDADE FETAL? .................................. 172

QUAIS OS FATORES DE RISCOS QUE OS OPERADORES DE MAQUINA AGRICOLA


ENFRENTAM NO DIA-A-DIA NO MUNICIPIO DE ADUSTINA-BA ................................................................. 174

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA .............................................................................................................. 179

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Apresentação

A Semana de Produção Científica é um evento acadêmico que congrega professores, alunos e


convi-dados em torno de um tema geral, com o objetivo de promover a troca de experiências, com
foco na tessitura de redes do saber. Visa a ampliação dos diálogos científicos, ao encontro entre
profissionais, estudantes e a comunidade e, sobretudo, à afirmação do lugar social da Academia
como espaço de construção de um saber novo, com caráter emancipador e sensível aos problemas
da realidade local e ao desafio de formular um novo ethos social, capaz de construir um perfil
diferenciado para a so-ciedade.
A VI Semana de Produção Científica aconteceu entre os dias 05 e 10 de novembro de 2014 e foi
cons-tituída por conferências, mesas redondas, cafés filosóficos, oficinas, apresentações culturais,
salas temáticas para apresentação de produções científicas, momentos de confraternização/encontro
entre estudantes, professores, populares e pesquisadores de diversas universidades com
reconhecimento local e nacional.
“Ciência e tecnologia para transformação social” foi o tema que direcionou as atividades no evento.
A ideia nasceu dos constantes momentos de diálogo entre professores e estudantes sobre as problemá-
ticas sociais, econômicas, ambientais e o desejo de construir um comportamento intelectual, político e
comunitário que responda aos anseios locais e nutra a legitimidade da luta por um mundo melhor.
A Academia é o lócus privilegiado de construção do conhecimento, sendo a pesquisa a ferramenta ne-
cessária para tal fim. Constitui-se de um espaço para a reflexão, reformulação, desconstrução, trans-
formação. Tem como propósito a formação profissional, a capacitação técnica e a preparação para o
mercado de trabalho. Porém, para além destas habilidades, a Academia deve ter um compromisso
ético de responder por demandas sociais e suprir, por meio da construção do conhecimento
científico, as necessidades locais, bem como contribuir para a transformação social como um todo,
através do diálogo constante entre os diferentes campos do saber, de forma compartilhada com a
comunidade científica global. É preciso aliar a necessidade do saber com a preocupação com os
problemas locais, ou seja, é preciso produzir um saber comprometido.
A realidade muda a todo instante, e, do mesmo modo, as formas de compreensão sobre ela. Assim,
o conhecimento deve estar em constante manutenção, reavaliação e produção. Sendo a Academia
mo-vida pela troca e construção do conhecimento, a atividade de pesquisa se apresenta como
fundamental para a formação acadêmica, em todas as áreas existentes, visto que tem como objetivo
responder pro-blemas a partir do emprego de procedimentos científicos. A proposta de reforma
universitária nos traz que o ensino superior deve oportunizar a pesquisa, o desenvolvimento das
ciências, letras e artes e a formação profissional. Portanto, uma faculdade comprometida com a
formação do aluno em todas as suas esferas, deve promover oportunidades para que ele possa tirar o
máximo proveito da experiência acadêmica, sendo o envolvimento na produção do conhecimento
um elemento significativo para isto. Desta forma, espaços de diálogos e trocas acerca dessas
produções são fundamentais para fazer circu-lar este saber produzido na experiência acadêmica e
profissional. Configurando-se, assim, na proposta da SPC, que, de modo geral, tem apresentado
resultados bastante positivos, como podem ser obser-vados nas produções aqui disponibilizadas.

Suzana Almeida Araújo


Jaldemir Batista

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AFETIVIDADE NA PRÁTICA DOCENTE COMO FORMA DE COMBATER
A EVASÃO ESCOLAR: EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO INSTITUTO
LUCIANO BARRETO JÚNIOR

Fábio Mauricio Fonseca Santos - ILBJ/SE


Especialista em Psicopedagogia e Graduado em Segurança do Trabalho pela UNIASSELVI, Especialista em Mídias na
Educação pela UFPE/USP-NCE, Graduando em Licenciatura em Informática – UNIT, pós-graduando em Docência no
Ensino superior pela Estácio e Educador Social do Instituto Luciano Barreto Júnior.

Resumo

O presente artigo apresenta o relato de uma experiência vivenciada em espaço de aprendizagem de


uma instituição voltada ao atendimento de jovens sergipanos, em situação de risco pessoal e/ou
social. Centra-se, a problemática investigada, nos aspectos que permeiam a evasão escolar a partir
das reflexões acerca da afetividade em sala de aula. Nessa proposta, com base na bibliografia
existente sobre a temática, segue-se a metodologia na modalidade de estudo de caso, fundamentada
com a técnica da observação para obtenção dos dados, que implicaram em um projeto bem-
sucedido no aspecto de superação dos problemas evidenciados ao longo do caminho percorrido.
Palavras-chave: Afetividade. Evasão. Ensino-aprendizagem. Educador. Praxis.
ARTIGOS

Introdução

No âmbito da discussão acerca da práxis pedagógica, a evasão escolar é considerada uma das
problemáticas mais estudadas no domínio da educação, construída a partir de enfoques diferencia-
dos, frequentemente antagônicos e, muitas vezes, entendida como resultado do fracasso escolar do
estudante e da própria instituição de ensino. Nesse sentido, entender e interferir positivamente no
processo de evasão escolar é um desafio que requer uma atitude reflexiva para se alcançar a
abrangência do tema, constatando-se a necessidade de conscientização, por parte de quem é
mediador do
conhecimento, no que concerne, primeiramente, a ter coragem para querer a mudança e, depois, em
admitir a relevância de aprender efetivamente a ensinar.

Partindo-se do pressuposto que a afetividade é elemento fundamental para criar um ambiente


de convivência mais humana àqueles adolescentes que necessitam reconstruir uma história diferenciada
de vida, o presente artigo apresenta o recorte de uma experiência realizada em ambiente institucional, na
vivência profissional como professor em dois projetos distintos, justificando-se a escolha
da temática por se entender que a escola, enquanto espaço de formação humana, é constituída pela
heterogeneidade de ideias, valores, experiências e crenças, cabendo ao docente desempenhar papel
fundamental na construção da pessoa e do conhecimento, ajudando, com o afeto demonstrado, no

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ferir aos objetos de aprendizagem um sentido afetivo, remetendo ao entendimento de Vygotsky


desenvolvimento da personalidade e do comportamento do aprendiz.
(1993) de que o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental ge-
rado pela motivação, isto é, pelos desejos e necessidades, interesses e emoções. É incontestável,
portanto, a afetividade no funcionamento da inteligência, pois na interação afetiva existe o interesse
Acerca da Evasão e da Afetividade na Educação
e a motivação, além do desenvolvimento de sentimentos positivos com os quais o aluno irá
Na perspectiva de Ceratti (2008), a evasão escolar, caracterizada como o abandono da escola construir sua autoimagem, envolvido não somente intelectualmente, mentalmente, mas por inteiro
pelo aluno que deixa de frequentar a aula durante o ano letivo, tem sido um grande desafio para o no processo de aprendizagem.
sistema educacional no Brasil. Sabe-se, todavia, que esta é uma questão difícil de resolver em curto
Nessa perspectiva, evidenciou-se a necessidade, enquanto professor, do empenho em cativar
espaço de tempo, uma vez que as dificuldades pessoais dos aprendizes nela se encontram refletidas,
o educando dentro de um contexto comunicacional participativo, acreditando que o caminho para a
originadas das diversas condições com que se estes deparam em sua vida particular e escolar. Con-
inclusão social do discente passa pela educação conscientizadora, levando-o ao desenvolvimento da
siderando-se que tal problemática precisa ser compreendida para ser combatida, torna-se importante
competência para operar com a tecnologia, de acordo com os programas mantidos pelo Instituto em
questionar se é possível, no âmbito escolar, realizar ações que diminuam os índices de evasão, co-
análise, a qual se configura como uma organização sem fins lucrativos que mantém e desenvolve
nhecendo-se que a escola, muitas vezes, sem se dar conta, faz uso de algumas práticas de ensino que
atividades designadamente na área socioeducativa, com o principal objetivo de possibilitar a infoin-
acabam contribuindo para a fuga do aluno.
clusão social de adolescentes e jovens sergipanos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Percebe-se, neste contexto, a necessidade de compreensão e estímulo por parte do professor para
Nesse contexto, para a construção de um trabalho como educador social e visando a redução
superação das dificuldades e desafios que muitos encontram em seus caminhos, sendo gerados, muitas
da evasão escolar, uniu-se pesquisa e intervenção na situação observada, envolvendo tal problemá-
vezes, pela falta de acolhimento da escola, acreditando-se, por conseguinte, que o principal meio para se
tica, pautando a ação em três fases distintas, de acordo com a pedagogia de Freire (1987), a saber: a
evitar essas evasões encontra-se na afetividade, nos vínculos que se estabelecem em sala de aula,
elaboração do diagnóstico do problema, a elaboração preliminar da proposta de trabalho,
fazendo com o discente sinta-se motivado a permanecer na escola. De acordo com Fernandes,
propriamen-te dita, e o desenvolvimento e complementação do processo com a participação de toda
Luft e Guimarães (1998), o termo afetividade corresponde ao sentimento de inclinação para alguém,
a comunidade pedagógica da Instituição na implementação da proposta.
simpatia, afeição, encontrando-se eventualmente, na literatura, a utilização dos termos afeto,
emoção e sentimento, aparentemente como sinônimos. Partindo-se da análise estatística dos índices de evasão, procurou-se auxiliar na averiguação,
prevenção e intervenção dos problemas de aprendizagem, atuando, de maneira prática e efetiva, junto
Na visão de Wallon (1968), a afetividade tem uma concepção mais ampla que engloba um
aos sujeitos envolvidos no ato pedagógico, com foco na qualidade das relações estabelecidas entre
componente orgânico, corporal, motor, plástico (emoção), um componente cognitivo, representacio-
professores e alunos, caracterizando-se a pesquisa realizada como um estudo de caso, levando-se em
nal (sentimentos) e um componente expressivo (comunicação), os quais dão sustentação às ações
conta que o resultado deste se sustenta no desenvolvimento prévio de proposições teóricas que con-
dos indivíduos. Intrinsecamente vinculada à cognição, a afetividade constitui-se fator essencial na
duzem a coleta e a análise dos dados, com a intenção de propiciar uma visão global do problema ou de
vida escolar, encontrando-se na teoria de Piaget (1994) que ela cumpre o papel de fonte de energia
identificar possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados (YIN, 2001).
para o funcionamento da inteligência e, apesar de não lhe modificar a estrutura, pode interferir no
que se refere a acelerar ou retardar o desenvolvimento do processo de aprendizagem dos indivíduos. Mediante tal configuração, utilizou-se da observação que, conforme salienta Vianna (2007),
representa uma técnica valiosa, especialmente na coleta de dados não verbais, mediante a qual o ob-
Sob essa ótica, a afetividade exerce um papel crucial na vida das pessoas e forma um elo na
servador pode utilizar os sentidos para captar fatos evidenciados no realismo da situação observada.
relação professor-aluno, no âmbito da qual educar é ajudar o educando a tomar consciência de si
Dessa maneira, os sujeitos observados foram os alunos dos cursos de Informática Avançada nos tur-
mesmo, dos outros e da sociedade em que vive, bem como de seu papel dentro dela para aceitar-se
nos da manhã e tarde, perfazendo um total de 160 alunos, além de seis professores, uma
e, principalmente, ao outro, com seus defeitos e qualidades. Pode-se supor, nessa perspectiva, que a
coordenadora e uma assistente pedagógica, com o objetivo de se coletar informações que
afetividade se constitui como um fator de grande relevância na determinação da natureza das
possibilitassem intervir no sentido de se buscar a solução da evasão, tendo como referência a ideia
relações que se estabelecem entre o aluno e os diversos objetos de conhecimento, tais como os
de que a elaboração cognitiva deve centrar-se na relação com o outro.
conteúdos es-colares, bem como em sua disposição diante das atividades propostas e desenvolvidas.
Nas observações feitas, teve-se a oportunidade de comprovar que era comum nos jovens con-
Na verdade, são as experiências vivenciadas com as outras pessoas que irão marcar e con-

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siderados em situação de risco social, a manifestação de um comportamento arredio e de baixa au- bém passaram a solicitar à execução de um planejamento voltado à concretização de cursos e dinâ-
toestima, os quais não realizavam as tarefas, não tinham zelo e acabavam se isolando; por outro micas onde pudessem participar e interagir uns com os outros e, assim, rompidas as resistências, o
lado, o professor entrava em sala esperando mais uma aula monótona e sem a participação dos relacionamento melhorou consideravelmente, permitindo transformar a coordenação e os
alunos, ficando, portanto, em posição de defesa e agindo, até certo ponto, com relativa grosseria e professores em uma equipe única de colaboradores. Essas transformações impactaram na evasão,
prepotên-cia. Na análise do comportamento dos professores, verificou-se que ministravam aulas conforme se pode observar nos dados relativos ao curso de Informática Avançada:
muito técnicas e tediosas, acontecidas apenas no campo cognitivo, sem o estabelecimento, pois, de
vínculos como expressão da afetividade, do mesmo modo que os alunos, por não estarem
suficientemente motivados, acabavam por prejudicar as aulas com conversas paralelas até o Gráfico 1- Índice de Evasão
abandono total de seus estudos na Instituição. Evasão - Informática Avançada

30,8
Baseando-se na perspectiva teórica fundamentalmente social de autores como Piaget (1994),
Vygotsky (1993) e Wallon (1968), defendeu-se a proposta de que a afetividade, enquanto elemento

% de Alunos
17,9

inseparável do processo de construção da aprendizagem, deveria se manifestar na relação professor- 17,9

14,2
-aluno, levando-se em conta que a qualidade da interação pedagógica iria conferir um sentido 5,6

afetivo ao objeto de conhecimento a partir das experiências vividas entre eles. Nesse sentido, a
2008 2009 2010 2011 2012
Instituição em estudo, como um todo (coordenação, professores e educandos), precisava Dados retirado do sistema acadêmico no dia 23.07.12

compreender e aplicar a afetividade, aprendendo a cuidar adequadamente das emoções das pessoas
que dela fazem parte, uma vez que somente desta maneira seria propiciada uma vida emocional
plena e equilibrada, prin-cipalmente aos educandos que se sentiriam mais acolhidos e valorizados
no ambiente de ensino, acreditando que absolutamente todos se preocupam com eles, sua opinião e Nessa experiência vivenciada dentro de um contexto maior, o projeto âncora da Instituição,
o andamento de sua aprendizagem, passando a ser o centro das atenções e não somente um número, denominado de Projeto Conectando com o Futuro, por meio da afetividade, conseguiu facilitar a
ou mais um no meio de tantos outros alunos. comunicação e a aproximação do educador com o educando, reduzindo-se, consequentemente, a evasão,
Para tanto, orientando-se pelo principal objetivo de demonstrar a importância da relação levando para o ensino no Projeto Crescer, no âmbito da mesma Instituição, a resposta para uma relação
entre o afetivo e o cognitivo no âmbito de sala de aula, buscou-se direcionar os alunos no que se educativa duradoura, a qual envolve os aspectos cognitivos, emocionais e afetivos entre professor e
referia ao reconhecimento das potencialidades da aprendizagem das tecnologias no Instituto, aluno em sala de aula, após ter se chegado à conclusão que os sentimentos negativos inter-ferem
ressignificar conceitos pessoais capazes de influenciar em uma relação mais afetiva dos sujeitos desfavoravelmente e comprometem o processo de aprendizagem de jovens com dificuldades.
consigo mesmo e com o outro, estimular a construção de uma visão do conhecimento num contexto O Projeto Crescer para o Futuro, ou simplesmente Projeto Crescer, possui o objetivo de opor-
de inter-relações, bem como propor aos professores a elaboração de um planejamento adequado tunizar a ressocialização de jovens e adolescentes advindos de instituições de acolhimento, tratando--se
para cada turma e/ou alunos específicos. de uma parceria do Ministério Público de Sergipe com o Instituto, cuja natureza humanística tem na

Com a firme intenção de facilitar o aprendizado a partir da perspectiva do valor do dis- educação o motor para o processo de transformação pessoal e social, com duração de 10 meses e
cente, procurou-se oferecer uma educação que possibilitasse sua constituição como pessoa dotada constituído das seguintes disciplinas básicas: Informática, Matemática, Português e Cidadania e Tra-
de atitudes sociais, tornando-o capaz de respeitar não somente a si mesmo, como também o outro. A balho. Diante de sua especificidade, originalmente o Projeto Crescer reunia, em uma mesma turma,
coordenação, em parceria com os professores, buscou alternativas capazes de solucionar os proble- apenas os jovens abrigados, o que representava, em média, 25 a 30 destes educandos, mas terminando
mas advindos da falta de motivação dos alunos, consciente de que estes não se limitavam apenas ao com somente 3 ou 5, no máximo, o que levou a equipe pedagógica e docente a reconsiderar esta com-
alunado, mas apresentando uma proporção maior devido às dificuldades no estabelecimento de vín- posição, redirecionando-os para diferentes turmas do curso de Informática na Instituição.
culos afetivos na instituição, o que, consequentemente, implicou em maior respeito pelo Entretanto, notou-se que, mesmo assim, os problemas com evasão e indisciplina permane-ciam,
profissional docente, compreensão por seu trabalho e na autorresponsabilidade. motivo pelo qual, a título de experiência, no ano de 2012, esse grupo foi conduzido às aulas de
Identificou-se, com isso, que os docentes tornaram-se não somente favoráveis, como tam- Informática Avançada que são ministradas pelo autor, contrariamente a exigência, do próprio Insti-

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tuto, relativa a todo aluno ingressante ter que passar, pelo menos, um ano no módulo de Informática
Básica para só então ser introduzido em outra modalidade deste tipo de ensino, mas levando em
conta os bons resultados que vem se alcançando no tocante à evasão, disciplina, aprendizagem e
relaciona-mento.

Com a implantação do educador social, em 2011, na Instituição, e um olhar diferenciado pela


experiência vivenciada na proposta de conscientização da importância da afetividade nas aulas do
Projeto Conectando com o Futuro, assumiu-se as turmas oriundas de abrigos, constituindo-se um
desafio reuni-los a alunos, ditos “normais”, em uma mesma sala, pois além dos problemas oriundos
de suas histórias de vida, encontrariam outros obstáculos por nunca haverem mantido contato com o
computador, o que, possivelmente, implicaria na dificuldade em fazer com que eles interagissem
com os demais e, principalmente, conseguissem acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem
do grupo já integrado ao conhecimento de Informática, incorrendo, fatalmente, em evasão.
Para que isso acontecesse, a troca de experiências, a tomada de consciência acerca da
Nesse sentido, contrariando várias ideias arraigadas na prática docente, como o apego a uma importância do afeto na construção da noção do eu e do outro, num processo concomitante de
planificação rígida, foi proposto aos alunos envolvidos nesse grupo de necessidades, os meios inte- diferen-ciação e socialização (PIAGET, 1994), foi fundamental para que os alunos provenientes dos
lectuais e afetivos para ultrapassar os obstáculos naquela situação educativa, tendo como diferencial abrigos conseguissem, com êxito, acompanhar a turma e continuar em outros projetos no Instituto.
as competências profissionais observadas em professores que se afastaram do modelo docente tradi- O estabe-lecimento dos laços de afetividade, companheirismo e amor tornaram significativas as
cionalista e identificaram-se mais com aquelas que caracterizam o educador social. Nessa dinâmica, contribuições das observações, cuja intencionalidade de tornar concreto o afeto na ação pedagógica
levou-se em consideração a cuidada atenção às diferenças dos alunos e a concretização de ocasiões promoveu uma forma precisa para uma aprendizagem eficaz e, consequentemente, evitou-se o
de interação entre eles, de acordo com a perspectiva de Astolfi (1995 apud DUARTE, 2005) que aumento das evasões que vinha apresentando um índice constante em sua trajetória.
embasa a pedagogia diferenciada.

Assim, organizando a turma em grupos, lançou-se mão do método de aprendizagem no qual


os alunos com mais domínio de conceitos ou competências da Informática puderam ajudar, em cada Considerações Finais
unidade, àqueles com dificuldades, alcançando certas noções pela reformulação em termos mais
sim-ples, além da intervenção docente em exposições breves, atentando sempre às formulações de
cada aprendiz. A aprendizagem de todos os alunos ganhou um novo impulso, em decorrência da Através do espaço institucional optado, procurou-se refletir, respaldado em diversas teorias,
ampliação do relacionamento entre educador e os educandos, cujos resultados puderam ser sobre os considerados problemas de aprendizagem humana dentro da abordagem da afetividade, fa-
identificados na re-dução da evasão, conforme se identifica abaixo: zendo-se uma observação da prática docente que permitiu a obtenção de subsídios para concluir
que, no caso em questão, a evasão podia ser analisada como uma resposta do aluno às condições
Gráfico 2- Redução da evasão no Projeto Crescer
relacio-nais existentes, implícitas ou explícitas, no ambiente escolar. Isso originou a preocupação
com as es-pecificidades da aprendizagem que deve ocorrer em sala de aula, de acordo com a visão
de educação que torna perceptível a necessidade do indivíduo ser trabalhado em sua afetividade e
cognição, prin-cipalmente aqueles estudantes que, pelas dificuldades diagnosticadas, exigem maior
compreensão e acompanhamento no ensino.

Sublinha-se que é a organização escolar quem produz o insucesso dos alunos quando não
consegue responder às diferentes expectativas e necessidades dos jovens ao oferecer o conhecimento
apenas como algo meramente ensinável, destituído de vínculos de afeto e confiança, representando,
assim, uma combinação infeliz quando ligada à história sociocultural, econômica e familiar do edu-

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cando. AS REDES SOCIAIS NOS PROCESSOS DE INFOINCLUSÃO DIGITAL
Resta acrescentar que a exposição, mesmo breve, de um trabalho realizado com a pertinente DESENVOLVIDOS PELO INSTITUTO LUCIANO BARRETO JÚNIOR
preocupação de dar significado à própria experiência docente, permite reconhecer que a reflexão
sobre os quadros de referência acerca do ensino e de suas múltiplas faceta interfere significativa-
mente nos processos de aprender a ser professor, apontando algumas sugestões para servir de apoio
à modificação de atitudes, em termos de experimentação de um procedimento pedagógico capaz de Fábio Maurício Fonseca Santos – ILBJ1
desencadear novo entusiasmo mesmo em mentes céticas e desiludidas. fabio@ilbj.org.br

Jonathas Fontes Santos – ILBJ2


jonathas@ilbj.org.br
Referências

CERATTI, M. R. N. Evasão escolar: causas e consequências. Paraná: 2008. Disponível em:


<http:// www.diadiaeducação.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242/pdf>. Acesso em 06 out. 2012.
DUARTE, J. B. Pedagogia diferenciada para uma aprendizagem eficaz. São Paulo: Cortez Edi-
tora, 2005.
Resumo
FERNANDES, F.; LUFT, C. P.; GUIMARÃES, F.M. Dicionário Brasileiro Globo. São Paulo:
Glo-bo, 1998. Este artigo pretende analisar a importância dos sites de redes sociais (SRS) na promoção da
Infoinclusão Digital de adolescentes e jovens com idade entre 15 e 25 anos, provenientes de
PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. VIANNA, famílias vulnerabilizadas pelas desigualdades sociais. O Instituto Luciano Barreto Júnior (ILBJ)
espaço de aprendizagem e construção de conhecimento se configura no âmbito da educação não-
H. M. Pesquisa em educação: a observação. Brasília: Liber- Livro Editora, 2007. formal (GOHN, 2010), instituição sem fins lucrativos desde 2003, desenvolve projetos para o
desenvolvimento social sustentável e fortalecimento da cidadania a partir do conceito de
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
infoinclusão digital e de sua percepção acerca dos fatores que levam a exclusão digital no país,
WALLON, H. P. H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968. (SORJ, 2003). Desenvolve-se numa abordagem de pesquisa exploratória (GIL, 2002), através de
três etapas: levantamento bibliográfico; coleta de dados, mediante questionário online, e análise e
YIN, R. K. Estudo de casos: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001. interpretação dos dados, a partir do qual, descrevemos algumas percepções dos jovens a respeito
dos sites de redes sociais utilizados pelo ILBJ e identificamos razões que evidenciam estes sites
como relevantes ao seu processo de infoinclusão digital.

Palavras-chave: Educação não formal; Infoinclusão Digital; Redes Sociais.

Introdução

Sendo a desigualdade social fator de grande preocupação para a sociedade contemporânea,


o combate as suas múltiplas dimensões é um dos grandes desafios na atualidade. A exclusão digital

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constitui-se em um exemplo destas dimensões, que Sorj (2003, p.13) a define como “a distribuição potencialidades na exploração deste tipo de comunicação, e para o jovem que ingressa no ILBJ
desigual entre os países – e no interior de cada sociedade – dos recursos associados às tecnologias é essencial que no processo de infoinclusão digital sejam a ele oferecidas condições que o façam
da informação e comunicação” (TIC). O impacto destes recursos na sociedade leva a um aumento explorar estas potencialidades, de modo responsável, consciente e ético.
desta desigualdade, já que apenas os setores da população mais favorecidos é que, inicialmente,
Através desta mediação tornou-se possível a criação e expressão de redes sociais no mundo
apropriam-se deles ampliando as vantagens sobre os demais, por dispor de recursos e educação. Em
virtual, permitindo interações entre pessoas, organizações e grupos sociais através dos SRS. É
contrapartida as classes menos favorecidas necessitam de uma garantia de acessibilidade e
indiscutível a aceitação e interesse por estes sites por boa parte dos jovens e adolescentes da sociedade.
conectividade com as inovações tecnológicas (SORJ, 2003).
Partindo desta observação, temos com a sua utilização, um excelente propulsor capaz de mobilizar
Tal garantia pode ocorrer através da infoinclusão digital, pois ela possibilita ao sujeito os jovens que ingressam no ILBJ a buscarem compreender e dominar habilidades básicas de acesso
em situação de exclusão, domínio técnico e capacidade intelectual e profissional para explorar as à internet, com intuito de fazer parte deste mundo virtual, que só é possível com a comunicação
múltiplas potencialidades oferecidas pela telemática. mediada pelo computador.

A luta contra a exclusão digital pode ser entendida como “um esforço para não permitir Podemos exemplificar o uso do correio eletrônico, o envio e recebimento de arquivos, a
que a desigualdade cresça ainda mais com as vantagens que os grupos da população com mais visualização de arquivos de multimídias, uso de comunicadores instantâneos e compartilhamento de
recursos e educação podem obter pelo acesso exclusivo a este instrumento.” (SORJ, 2003, p.62). informações, como apenas algumas das habilidades que podem ser adquiridas em consequência desta
mobilização ao uso dos SRS. Assim, o uso destes sites possui relação importante de contribuição com o
Para Sorj (2003), este tipo de exclusão depende de cinco fatores que determinam o nível
processo de alfabetização digital, que é “o treinamento no uso do computador e da Internet” (SORJ,
de universalização dos sistemas telemáticos: 1) a existência de infraestruturas físicas de
2003, p.38).
transmissão; 2) a disponibilidade de equipamento/conexão de acesso; 3) treinamento no uso dos
instrumentos do computador e da internet; 4) capacitação intelectual e inserção social do usuário, Constituindo o ILBJ um espaço que desenvolve ações voltadas à educação não formal,
produto da profissão, do nível educacional e intelectual e de sua rede social, que determina o numa análise das dimensões do processo político pedagógico de aprendizagem e produção de
aproveitamento efetivo da informação e das necessidades de comunicação pela internet, 5) o último saberes, tem-se neste tipo de educação a aprendizagem para a cidadania e para atuação no mundo
fator que é a produção e uso de conteúdos específicos adequados às necessidades dos diversos do trabalho (GOHN, 2010). Relacionando estas dimensões à forma como a alfabetização digital
segmentos da população. Desta forma, compreendemos que o combate a esta dimensão da deve ser promovida, que é de modo a proporcionar “a aquisição de habilidades básicas para o uso
desigualdade social deve suprir a falta de acesso aos recursos, desenvolver no sujeito competências de computadores e da Internet, mas também que capacite as pessoas para a utilização dessas mídias
e habilidades para o seu uso e oferecer conteúdos adequados às suas necessidades. em favor dos interesses e necessidades individuais e comunitárias, com responsabilidades e senso
de cidadania.” (TAKAHASHI, p.31) encontramos uma ligação entre a aprendizagem da educação
Com base na breve contextualização teórica e no que Gil (2002) reconhece como
não formal com a alfabetização digital, no que se refere ao exercício da cidadania.
objetivo da pesquisa exploratória, que é o de “proporcionar maior familiaridade com o problema
com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses” (p. 41), além de aprimorar ideias ou Segundo Gohn (2010, p.16) “a educação não formal é aquela que se aprende ‘no mundo
descobertas de intuições; partimos para uma abordagem mais específica dos temas considerados na da vida’, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços de
pesquisa, sendo os sites de redes sociais (SRS) e a infoinclusão digital, para então discorrer sobre ações coletivos cotidianos” e apesar de o agente do processo de construção do saber neste tipo de
suas relações com as ações desenvolvidas no Instituto Luciano Barreto Junior (ILBJ). educação ser o educador social, para a autora o principal educador é aquele com quem o sujeito
interage e se integra (GOHN, 2010). Neste sentido, o fato de os SRS oferecerem espaços para a
promoção de interação e integração no ciberespaço, os aprendente que fazem uso deles têm como
Os sites de redes sociais e a infoinclusão digital opção, novas formas de construir o saber por meio destas interações com outros aprendentes,
educadores, equipe pedagógica e outros indivíduos também pertencentes à rede.

Ainda sobre interação, sabe-se que na educação não formal, os espaços educativos onde ela
A comunicação mediada pelo computador trouxe novos meios de organização,
pode acontecer são em “locais onde há processos interativos e intencionais” (GOHN, 2010, p.17), sendo
identificação, conversação e mobilização social (RECUERO, 2009). Sabemos que há inúmeras a intencionalidade peça fundamental. E através dos SRS é possível, como já foi apresentado,

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processos de interação entre os sujeitos envolvidos, possibilitando a promoção de espaços conscientizar sobre temas de relevância para o aprendente envolvido neste processo como qualquer
educativos que darão lugar a construção de novos conhecimentos, experiências, valores etc. outra ação que venha beneficiar o processo.

Também para Gohn (2010, p.35), as “redes de sociabilidades virtuais, atualmente uma O que ocorre quase sempre no início é a chegada de jovens possuindo conhecimentos
grande força propulsora de atividades de natureza diversa (associativa, de lazer, de negócios, básicos sobre o ciberespaço, relacionados em sua maioria a sites como Facebook e Orkut,
política, cultural, religiosa etc.)” não devem se vincular apenas a aprendizagens escolares, entende- sobressaindo raras exceções, e eles possuem uma visão do recurso como uma alternativa de
se com isto que deve fazer parte também de outras formas de aprendizagens, a exemplo da entretenimento. No entanto, são indivíduos que não são capazes de explorar o computador e a
aprendizagem para a cidadania e o mercado de trabalho. internet para finalidades que exijam um pouco mais de habilidades e capacidade intelectual.

Mas, mesmo sem esta capacidade intelectual com o uso da internet, sabe-se que estes
conhecimentos não devem ser desconsiderados, pois possuem sua importância para a alfabetização
O Uso de Sites de Redes Sociais no ILBJ
digital, e os educadores sociais devem aproveitar-se e a partir deles levar os aprendentes a construir
novos conhecimentos relacionados ao uso do computador e da internet.

Em 2005 o ILBJ realizou uma avaliação das atividades de infoinclusão social A exploração deste site pelo ILBJ também desperta nos aprendentes a percepção de que
desenvolvidas nos dois primeiros anos de fundação, a fim de entender quem eram, como viviam e o os SRS não possuem o entretenimento como exclusiva ou principal forma de uso, mas tudo depende
que pensavam os adolescentes e jovens que participavam dos projetos. Nesta avaliação, preocupou- da finalidade e interesse de quem está utilizando além de ser uma excelente ferramenta de
se também em refletir sobre o conceito de inclusão digital desenvolvido desde 2004 por meio do comunicação e interação, podendo também ser uma ferramenta essencial para a construção de novas
Projeto Conectando com a Vida (PROJETO INSTITUCIONAL, 2007). experiências com o ciberespaço.

Diante dos resultados obtidos, concluiu-se que, além de dar continuidade as ações já Outra ação a ser considerada na relação entre o uso do Facebook e as ações do ILBJ é a
desenvolvidas, a instituição necessitava criar novas ações, dentre as quais se propôs a “criar espaços de possibilidade do desenvolvimento dos capitais sociais relacional e cognitivo. Para melhor
comunicação e de acesso à informação, assim como contribuir para o desenvolvimento de competências compreensão é necessário entender sobre a colaboração que a educação não formal pode dar a um
básicas para que os adolescentes e jovens possam participar do processo de produção e distribuição da determinado grupo, conforme o que propõe Gohn (2010) e os valores que podem ser construídos ao
informação, grande meta para a sociedade do conhecimento” (PROJETO INSTITUCIONAL, 2007). fazer parte de determinados SRS, com base na contribuição de Recuero (2009).

Ao analisarmos o uso da internet temos como opção duas dimensões: sua utilização como Quando a educação não formal colabora para o desenvolvimento e fortalecimento de um
“instrumento de comunicação e divulgação” ou como meio de “acesso à informação” (SORJ, 2003, grupo, contribui para a criação de seu capital social, que Gohn (2010, p.20) prefere denominar
p.68), nesta perspectiva, a internet é um instrumento indispensável à concretização da ação proposta. como “acervo sociocultural e político”, e para a autora o grupo tem na qualidade deste acervo a sua
força e potencial de atuação. Com base na consideração de que os SRS são “capazes de construir e
O Facebook, considerado SRS e um tipo de comunicação mediada pelo computador,
facilitar a emergência de tipos de capital social que não são facilmente acessíveis aos atores sociais
permite processos de interação, característica que possibilita processos educativos da educação não
no espaço off-line.” (RECUERO, 2009, p.107), temos nestes sites a possibilidade de contribuir para
formal, razão pela qual o ILBJ criou um perfil onde há publicação de eventos, programações e
o desenvolvimento do acervo sociocultural e político dos jovens.
avisos; diálogos por meio de comunicador instantâneo; esclarecimentos de dúvidas e
questionamentos; divulgação de arquivos de multimídia e compartilhamento de mensagens com Há uma relação entre o uso dos SRS e os capitais sociais relacional e o relacional
teor de conscientização para o exercício da cidadania. Além destas finalidades, também permite a cognitivo, tal relação ocorre por meios de valores que podem ser construídos com a participação nos
educadores desenvolver ações que o explore como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem. SRS, que são: visibilidade, reputação, popularidade e autoridade (RECUERO, 2009).

Percebe-se claramente a intencionalidade da instituição com o uso do site no processo de A visibilidade é construída por meio da capacidade que uma pessoa possui em está
infoinclusão digital. Nesta perspectiva, o ILBJ explora tendo-o principalmente como instrumento de conectada e mais visível numa determinada rede, e isto aumenta as possibilidades do indivíduo receber
comunicação e divulgação, mas também abre possibilidades para que novas iniciativas sejam determinadas informações compartilhadas ou comentadas na rede, além de obter auxílio com mais
desenvolvidas por meio dos SRS a fim de fornecer acesso à informação, contribuir para a aprendizagem, facilidade para algo que esteja encontrando dificuldades. Apesar de a visibilidade decorrer da

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própria presença desta pessoa na rede, o valor irá ser importante também na construção dos demais Podemos definir weblog como uma
valores e está ligada ao capital social relacional (RECUERO, 2009).

A reputação é a percepção que se tem do ator construída pelos demais integrantes da rede, [...] página na Web que se pressupõe ser actualizada com grande frequência através da
implicando o “eu”, o “outro” e a relação entre estes. Relaciona-se ao que outras pessoas constroem colocação de mensagens – que se designam “posts” – constituídas por imagens e/ou textos
normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo links para sites de interesse e/
como impressões de nós, tendo por base as informações sobre quem somos e o que pensamos. Sabendo- ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e apresentadas de forma cronológica,
sendo as mensagens mais recentes normalmente apresentadas em primeiro lugar. (GOMES,
se também que este valor é influenciado por meio de nossas ações e do que os outros estabelecem sobre
2005, p.311).
elas. Este valor tem uma percepção qualitativa, ou seja, não deve depender da quantidade de conexões
que temos com outros atores, mas da impressão que estes têm de nós. Está ligado ao capital social
relacional, por ser consequência das conexões existentes entre os atores, e também ao cognitivo, por O blog, abreviação de weblog, pode ser explorado como “recurso pedagógico” ou
depender do tipo de informação que publicamos (RECUERO, 2009). “estratégia pedagógica” (GOMES, 2005, p.312). Como recurso proporciona um espaço de “acesso a
A popularidade possui relação com a audiência, esta é possível visualizar por meios das informação especializada” ou “disponibilização de informação por parte do professor”, enquanto
conexões e referência a alguém na rede. Este valor é relativo à posição que ele possui dentro da rede que como estratégia permite a criação de: portfólio digital, espaço de intercâmbio e colaboração,
a qual participa. Ele tem um valor quantitativo, ou seja, um jovem é mais popular por ter mais espaço de debate – role playing ou espaço de integração (GOMES, 2005).
pessoas conectadas a ele, podendo este ter uma forte capacidade de influência que outros por causa Se pensarmos nas duas dimensões de uso da internet, descritas anteriormente, percebe-
desta popularidade. Está também relacionado ao capital relacional, mas com maior ligação a laços se que o blog não permite apenas explorar a primeira, mas também ser um meio de acesso à
fracos por causa de sua associação à quantidade de conexões e não a sua qualidade. informação, possibilitando o alcance do quinto fator, do qual também está relacionada a exclusão
Por último temos a autoridade, que trata do poder de influência que uma pessoa possa ter na digital, já que através dele o educador pode produzir ou direcionar os aprendentes para conteúdos
rede, compreende-se também de autoridade a presença de reputação, pelo fato de haver a necessidade de específicos conforme adequação às suas necessidades.
uma análise da real influência do indivíduo com relação à sua rede e da percepção que os outros têm da O educador tem através do uso deste recurso, distintas formas de exploração na educação
reputação desta pessoa. Ela está relacionada tanto ao capital relacional como também ao cognitivo e só não formal, podendo acompanhar a abordagem de conteúdos nas aulas; disponibilizar conteúdos,
pode ser medido “através dos processos de difusão de informações nas redes sociais e da percepção dos estabelecendo ligações a sites que tenha alguma relação; fazer comentários, tanto em sala como no blog;
atores dos valores contidos nessas informações.” (RECUERO, 2009, p.114). fazer referências a notícias atuais, caso estas possuam relevância aos conteúdos abordados em aulas,
Por enquanto, destacou-se a importância do Facebook no processo, mas há outra além de outras que estejam em acordo com a intenção do ILBJ no exercício de suas ações.

iniciativa que explora o uso de SRS e que também cabe destacar, que é o weblog para aprendentes Apresentamos aqui apenas algumas possibilidades, valendo para a criação de outras a criatividade
do Projeto Informática Avançada. do educador e a preocupação em está contribuindo para os objetivos da educação não formal,
propostos por Gohn (2010): a justiça social, os direitos (humanos, sociais, políticos, culturais etc.), a
O “Blog do Avançado”, como é chamado, foi idealizado com o intuito de disponibilizar liberdade, a igualdade e o respeito à diversidade cultural, a democracia, o combate a toda e qualquer
informações pelos educadores, coordenação pedagógica e psicossocial, informações estas relacionadas a forma de discriminação e o exercício da cultura e manifestação das diferenças culturais.
oportunidades de emprego, processos seletivos, eventos internos e externos relacionados ou não ao
ILBJ, dicas sobre mercado de trabalho, temas sobre cidadania, ética, tecnologia e dentre outros.

Tomamos com base para considerar o “Blog do Avançado” como SRS a definição de Resultados
Recuero (2009, p.102) que o considera como “toda ferramenta que for utilizada de modo a permitir
que se expressem as redes sociais suportadas por ela”, para a autora fotologs, weblogs e ferramentas
de micromessaging atuais podem ser também incluídos neste tipo de site, por possuírem Procuramos fundamentar a análise nas contribuições de autores que tratam de três temas:
mecanismos de individualização, mostrar as redes sociais de cada ator de forma pública e exclusão digital, educação não formal e expressão de redes sociais na internet. No que se refere à
possibilitarem que eles construam interações por meio destes sistemas. exclusão digital, tomamos como base os conceitos de Sorj (2003) e os fatores que o autor apresenta
como itens importantes no combate a exclusão digital. Em relação ao tipo de educação desenvolvido

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pelo instituto, fizemos referência à contribuição de Gohn (2010) sobre a educação não formal, ILBJ, motivo que deixa-nos com um item a ser abordado nas próximas análises, a fim de
analisando características, objetivos, locais onde pode acontecer, sua relação com a construção do compreender o porquê desta escolha.
capital social e a observação de que o principal educador para este tipo de educação é o “outro” com
Como nosso objetivo foi analisar a relação dos aprendentes que estão conectados à lista,
quem o aprendente interage e se integra.
cabe-nos tratar dos resultados encontrados. Dos 29,5% conectados à lista, questionou-se o seguinte:
Ainda em análise das contribuições teóricas, destacamos as referências feitas ao “Fazer parte da lista de amigos do ILBJ no Facebook, tem sido útil para você de que forma?”. É
trabalho de Recuero (2009), onde tivemos como associar objetivos da educação não formal com os possível visualizar o percentual das respostas dos jovens no gráfico abaixo:
valores construídos na utilização dos SRS, no que se refere ao desenvolvimento do acervo
sociocultural e político de um determinado grupo.

Considerando que o ILBJ desenvolve ações relacionadas à educação não formal, as


reflexões sobre o uso dos SRS foram realizadas pensando nas suas relações de contribuição com os
objetivos propostos por Gohn (2010) para este tipo de educação. Buscamos para estas reflexões uma
breve demonstração de valores construídos nos SRS que ajudam no desenvolvimento do capital social
relacional e cognitivo (RECUERO, 2009) e uma demonstração da exploração do weblog na educação
não formal, tanto como estratégia quanto como recurso da prática pedagógica (GOMES, 2005).

Na construção de dados foi utilizado um questionário on-line aplicado a aprendentes do


Projeto Informática Avançada que participaram ou estão participando em 2012 do curso, constituindo o
principal objetivo analisar se o uso do perfil do ILBJ no Facebook tem sido visto pelos aprendentes que
fazem parte de sua lista de “amigos” como meio de comunicação, divulgação e interação. Isto para saber
se os objetivos propostos pelo instituto com o uso da ferramenta estão sendo alcançados.
Outro objetivo foi o de saber se na residência destes aprendentes havia computador com acesso à
internet, por ser este um dos fatores que caracterizam a exclusão digital. Com isto tivemos como
analisar o nível de importância do ILBJ como local de acesso à internet para os jovens, já que
muitos não dispõem dos recursos necessários ao acesso à internet em suas próprias residências.
Através destes dados é possível analisar a percepção que estes jovens estão tendo em
Os aprendizes responderam a questões com abordagens sobre: idade, sexo, escolaridade e se integrar a lista de amigos do instituto. Em primeiro lugar, observamos que os maiores índices, de
possuíam computador com acesso a internet em casa. As demais questões tinham por objetivo como os adolescentes têm explorado esta relação, são justamente os que enfatizam a interação entre
identificar pontos relacionados à relação deles com o Facebook e com o perfil alimentado pelo ILBJ. aprendente e equipe ILBJ (gerência, coordenação e educadores) e acesso a informações
relacionadas à instituição e divulgadas no espaço (eventos, mini-cursos, cursos, atividades,
O primeiro ponto observado foi que dos 80 participantes que responderam ao questionário
palestras, oficinas e seleções).
70% não possuem conexão à internet em suas residências, diante desta informação e convertendo
tal percentual para o universo de jovens matriculados no ILBJ em 2012, que é de 1400, percebemos Mas não é apenas para interação com a equipe ILBJ que os jovens utilizam esta lista, há um
que temos uma estimativa de que 980 jovens não possuem conexão em suas residências. nível considerável que utiliza como meio de interagir com outros jovens, tanto para construção de novas
amizades (onde se enquadra o valor visibilidade, que está relacionado ao desenvolvimento do capital
Em segundo lugar, observamos como se dá a relação dos jovens que possuem perfil no
social), como também para manter-se atualizado das informações que os demais jovens estão
Facebook e pertencem à lista de amigos do ILBJ. De início percebemos que apenas 29,5% dos
compartilhando, comentando e/ou “curtindo”. Nestas interações é possível ocorrer processos educativos
aprendentes estão conectados à lista, 43,58% apesar de possuírem perfil no site não estão e apenas
da educação não formal, já que neste tipo de educação não temos apenas o educador social como único
26,92% ainda não possuem um perfil no site. Diante destas informações confirma-se o interesse que
agente para se construir o saber, mas é no “outro” que o aprendente também encontra, através da
há dos jovens pelos SRS, já que mais de 70% fazem parte do SRS, mas descobre-se algo que nos
interação e integração, um meio de desenvolver seu acervo sociocultural e político (GOHN,
deixa curiosos, pois nota-se que muitos jovens apesar de fazer parte não estão conectados à lista do
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2010). oportunidades de emprego; maior interatividade e que esteja sempre atualizado.

Com a construção de novas conexões por meio da rede é possível também o aumento do
valor visibilidade que contribui com o capital social relacional do indivíduo. A visibilidade,
Considerações finais
segundo Recuero (2009), pode funcionar como matéria-prima na criação de outros valores, como a
reputação e popularidade.

Com estes dados percebemos também que o menor índice está relacionado ao Diante dos resultados apresentados percebemos que o ILBJ tem contribuído para o
entretenimento, pois buscou saber se o jovem acessa o perfil do ILBJ apenas para ver coisas tidas desenvolvimento do acervo sociocultural e político dos aprendentes por meio dos SRS, tanto como
por eles como engraçadas, já que muitos indivíduos buscam em tais redes apenas conteúdos de teor instrumento de comunicação e divulgação, quanto como recurso pedagógico no caso do weblog.
humorístico. Então, concluímos que a maioria deles não busca apenas este tipo de conteúdo no Mas, com esta pesquisa abrimos espaço para novas reflexões e perspectivas de pesquisas na busca
perfil do instituto, mas principalmente interação e informação sobre assuntos de seus interesses que de melhorar ainda mais as ações já desenvolvidas com o uso de SRS.
estão em sua maioria relacionados às ações desenvolvidas pelo instituto.
As possibilidades são muitas, de exploração dos SRS no processo, que podem ganhar
Através deste questionário analisamos a relação dos jovens com o Facebook e com o espaços e serem aplicadas. Por exemplo, se há um blog para os aprendentes do avançado, nada impede
perfil do instituto, mas também procuramos saber qual percepção que eles têm construído a respeito que o ILBJ possa criar outros blogs como recursos e/ou estratégia pedagógica a serem explorados pelos
do blog. E dar espaço para que eles contribuíssem com sugestões do que poderia ser melhorado para demais projetos, ou até, centralizar todas as ações relacionadas ao desenvolvimento de ações
eles obterem um maior aproveitamento com o uso do recurso. pedagógicas por meio de weblog em um único recurso reservado a todos os projetos.

Os jovens responderam a dois questionamentos, sendo um a respeito da importância do Também é necessário considerar as sugestões dos aprendentes para o weblog no
blog para eles enquanto aprendentes do curso e outra com objetivo de dar espaço para saber o que desenvolvimento de novas ações direcionadas ao uso do recurso, e por que não pensar em
eles teriam de sugestões para o blog. estratégias pedagógicas onde os aprendentes sairiam de receptores de conteúdos e produziriam seus
próprios blogs para compartilhar conhecimentos, experiências, trabalhos artísticos, opiniões etc.
Em análise das respostas constatamos que há uma percepção clara de que eles têm o
espaço como meio para realização de duas principais finalidades, uma é explorá-lo como meio de De acordo com os resultados, a percepção dos aprendentes a respeito da utilidade em
acesso a informação e conhecimento, e a outra para ter acesso a oportunidades de emprego. Estas fazer parte da lista de amigos do ILBJ e de como o weblog, enquanto recurso pedagógico tem
são as que mais foram lembradas pelos entrevistados em suas respostas, mas outras foram contribuído com algumas das expectativas dos jovens, demonstram uma concretização da
pontuadas, a exemplo de: interação, entretenimento, resolução de questões e dicas relacionadas ao intencionalidade do instituto na aplicabilidade dos SRS em suas ações, principalmente no processo
mercado de trabalho e concursos públicos. de infoinclusão digital. Mas, leva-nos a refletir a respeito de nossa prática como educadores sociais
que objetiva desenvolver novas ações, a fim de valorizar mais a participação dos aprendizes como
Visando receber sugestões que sirvam de subsídios ao desenvolvimento de novas ações
autores no uso de weblog, podendo para isto considerar a exploração pedagógica do weblog como
com o uso do blog, foi aplicada uma questão para que o aprendente deixasse suas ideias de como o
estratégia, onde eles poderiam construir portfólios digitais e promover espaços de intercâmbio e
espaço poderia ser melhorado. Numa síntese geral do que eles propuseram, temos uma visão de que
colaboração, de debate e de integração.
eles querem uma participação mais ativa do espaço, saindo de meros expectadores e passando a
autores de informação, conteúdo e experiências. Podemos então, reafirmar como razões que demonstram a importância dos SRS no
processo de infoinclusão digital promovido pelo ILBJ: a utilidade dos SRS como instrumento de
Quatro aprendentes defendem que suas experiências devem ter espaço para publicação,
comunicação e divulgação; o favorecimento da construção nos jovens de uma percepção contrária a
podendo ser compartilhadas através de multimídias. Já outros sugerem que o “Espaço do aluno”, parte
de que sites como Facebook servem apenas como forma de entretenimento; a importância no
que há no blog reservado a postagem de conteúdos criados pelos jovens e que disponibilizaram para
desenvolvimento do acervo sociocultural e político destes aprendentes, por meio de valores que
compartilhar com os demais, seja mais valorizado. Além de outras sugestões, destacamos algumas
podem ser construídos e a possibilidade de uso como recurso pedagógico para o educador
delas: maior número de postagens com informações sobre mercado de trabalho, curiosidades e
disponibilizar informações de relevância para o processo.
entretenimento; maior liberdade para download de músicas, vídeos e imagens; divulgação de mais

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Referências Bibliográficas SERÁ QUE UMA BOA ESCOLA PROPORCIONA REALMENTE
EDUCAÇÃO?

SORJ, Bernard. Brasil@povo.com: A luta contra a desigualdade na Sociedade da Informação. Rio de


Janeiro: Jorge Zahar, 2003; Brasília-DF: UNESCO.

Érica Monize Chagas Santos


RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. (Coleção Cibercultura).
Camila Souza

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GOHN, Maria da Glória. Educação não formal e o educador social: atuação no desenvolvimento de Resumo
projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2010.
A educação sofreu variações, consoante os tempos e países. Cada sociedade possui um sistema edu-
cativo que se impõe aos indivíduos com uma força irresistível. Dentre uma visão interacionista, esse
GOMES, Maria João. Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica. VII Simpósio Internacional de processo de ensino-aprendizagem é centrado nos atores sociais, os professores e os alunos, os quais se
Informática Educativa – SIIE05, Leiria, Portugal, 16-18 Novembro de 2005. Disponível em:<http://
interrelacionam, trocando informações, construindo conhecimentos e produzindo mudanças de co-
repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4499/1/Blogs-final.pdf>. Acesso em: 16/08/2012.
nhecimento entre si. O principal motivo dos alunos irem para a escola é que vão encontrar um espaço
democrático, onde poderão compartilhar conhecimento e a experiência com o diferente. O trabalho foi
Instituto Luciano Barreto Junior. PROJETO INSTITUCIONAL, 2007. realizado em dois momentos. Primeiramente foi feita a leitura da obra “A escola que sempre so-nhei
sem imaginar que pudesse existir”. Numa fase posterior, foram feitas outras leituras de obras que
trabalhavam com a temática da educação e foram feitas as correlações entre todas para a construção do
TAKAHASHI, Tadao. (Org) Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da
trabalho acadêmico. Observou-se que aescola é um canal de mudanças, devendo promover a inclu-são.
Ciência e Tecnologia, 2000.
Esta faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino, todos ganham com ela, apren-de-se
todos os dias a exercitar tolerância e o respeito ao próximo, seja ele quem for. Em uma escola de
Portugal analisada na obra em questão, a educação, mais do que um caminho, é um percurso feito à
medida de cada educando e solidariamente partilhado por todos. O aluno é o verdadeiro sujeito do
(Endnotes)
currículo. Na escola da ponte, as crianças conseguem entender o mundo e realizam-se como pessoas.
1 Graduação em Segurança do Trabalho e especialista em Psicopedagogia pela UNIASSELVI, pós-graduando
UFPE/USP-NCE, Programa de Educação Continuada Mídias na Educação UFPE/USP-NCE, e Educador Social do A ponte é uma passagem e a escola é uma ponte. Esta escola é um espaço onde se vive o que se apren-
Instituto Luciano Barreto Júnior. de e se aprende o que se vive. Conclui-se, que uma boa escola pode promover uma boa educação para
2 Graduação em Informática e Gestão da Informação UNIT, pós-graduando, Programa de Educação Continuada
Mídias na Educação UFPE/USP-NCE, professor de Informática do SESC-SE, e Educador Social do Instituto alunos, professores e demais funcionários. Cada criança deve agir como participante solidário de um
Luciano Barreto Júnior. projeto de preparação para o exercício da cidadania. A descoberta de valores comuns permite percorrer
um itinerário comum, que reforça vínculos afetivos e é gerador de um imenso sentimento de pertença.
As escolas devem buscar uma escola de cidadãos que se formem como sujeitos demo-cráticos e
participativos. É preciso acreditar que a educação é algo que deve ser renovado a cada dia.

Palavras-chave: alunos; desenvolvimento educacional; escola; professores.

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A educação sofreu variações infinitas, consoante os tempos e países (...). Cada sociedade Para Ferreira; Bozzo (2009) a inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do
pos-sui um sistema educativo que se impõe aos indivíduos com uma força irresistível. Aprender e ensino e o primeiro passo para que isso de fato aconteça é olhar a educação com outros olhos.
educar são processos educativos que envolvem a transmissão, fixação e a produção de saberes, Todos ganham com a inclusão, pois aprendemos todos os dias a exercitar tolerância e o respeito ao
memórias, sentidos, significados, práticas e performances (DURKEIM, 1984 apud VIEIRA, 2006). próximo seja ele quem for.

A educação escolar pode ser concebida como “um processo de influência interpessoal Werneck (1993) apud Ferreira; Bozzo (2009) diz que evoluir é perceber que incluir não é
(ensino) visando à produção de mudanças comportamentais no aluno (aprendizagem)”. Dentre uma tratar igual, pois as pessoas são diferentes. Incluir é abandonar estereótipos. É preciso acreditar que
visão in-teracionista, esse processo de ensino-aprendizagem é centrado nos atores sociais, os a educação é algo que deve ser renovado a cada dia. Ter um aluno portador de deficiência em sala
professores e os alunos, os quais se interrelacionam, trocando informações, construindo de aula é aceitar que todos de alguma forma são diferentes uns dos outros e deve-se ter direitos e
conhecimentos e produzindo mudanças de conhecimento entre si: conhecimento, habilidade opor-tunidades iguais.
interesse, atitude (DARÉ; CARVA-LHO; BARBIERI, 1998).
De acordo com Kant in Durkeim (1984) apud Vieira (2006), afirmava que a finalidade da
O ator social definido como professor, quando interagem com os alunos, atua em equipe educação consiste em desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que ele é susceptível. Freire
com os alunos, tornam-se durante alguns momentos alunos de seus alunos (DARÉ; CARVALHO; (1997) apud Vieira (2006) afirma que formar é mais do que puramente treinar o educando no
BAR-BIERI, 1998). desem-penho de destrezas e depois mais adiante, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possi-bilidades para a sua produção ou a sua construção.
Antropologia e educação parecem constituir, hoje, um campo de confrontação, em que a
com-partimentação do saber atribui à antropologia a condição de ciência e à educação, a condição Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensina-ram
de prática. O diálogo entre antropologia e educação, percebido por muitos como uma “novidade” raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
que se instaura com as transformações da década de 1970, neste século, é mais antigo que isso e desembrulhar-me e ser eu. O essencial é saber ver, isso exige um estudo profundo, uma aprendizagem
reporta-se a um momento crucial da história da ciência antropológica (GUSMÃO, 1997). de desaprender. A memória nos torna prisioneiros do passado, não nos deixa perceber a eterna novi-
dade do Mundo. Os neuróticos são prisioneiros da sua mesmice, a psicanálise é uma pedagogia da
No entanto, Galli (1993) apud Gusmão (1997) afirmou que “a realidade de seu tempo apon-
desaprendizagem. É preciso esquecer o que se sabe, a fim de ver o que não se via (ALVES, 2001).
tava um risco para os povos do futuro e para o futuro da própria civilização. A razão era que, his-
toricamente, a nossa sociedade e a escola que lhe é própria não desenvolviam - e não desenvolvem - Em 1976, a escola da ponte era um arquipélago de solidões, os professores remetiam para o
mecanismos democráticos, perante as diversidades sociais e culturais”. Antropologia e a educação isolamento físico e psicológico em espaços e tempos justapostos. O trabalho escolar era exclusiva-
estabelecem um diálogo. A educação realiza-se, então, no interior da sociedade, composta por dife- mente centrado no professor, informado por manuais iguais para todos, repetição de lições,
rentes grupos e culturas, visando certo controle sobre a existência social, de modo a assegurar sua passivida-de. Entregues a si próprios. As crianças que chegavam à escola com uma cultura diferente
reprodução por formas sociais coletivamente transmitidas (GUSMÃO, 1997). da que ali prevalecia eram desfavorecidas pelo não conhecimento da sua experiência sociocultural.
Se os pais eram chamados a escola, pedia-se castigo para o filho ou pediam-se contributos para
De acordo com Boas apud Gusmão (1997) através de estudos diretos obtidos no campo edu-
reparações ur-gentes. Na escola da ponte, como em outros lugares, é indispensável alterar a
cacional, demonstra que a escola inexiste como instituição independente e, como tal, não possibilita
organização e interrogar práticas educativas dominantes (ALVES, 2001).
independência e autonomia dos sujeitos que aí estão. A meta da escola centra-se num aluno-modelo
que desconsidera a diversidade da comunidade escolar e, para contê-la, atua de forma autoritária. Em 1988, o tribunal foi substituído por uma comissão de ajuda com composição e funções muito
diferentes. O velho e ineficaz castigo foi substituído pelo ficar a refletir. Como o objetivo dos objetivos
Segundo Ferreira; Bozzo (2009) a escola é um canal de mudanças, portanto a inclusão de
é fazer das crianças pessoas felizes, foi substituída uma caixinha de segredo, essa caixinha ensina os
crianças com síndrome de Down na rede de ensino pode ser um começo para outras transformações
professores a reaprender. A autodisciplina é a filha dileta do autoritarismo e da permissivi-dade. A
não somente de pensamentos mais de atitudes. A palavra incluir significa abranger, compreender,
disciplina a que me refiro é a liberdade que conscientemente exercida, conduz a ordem, não
so-mar, é nisso que se deve pensar quando se fala em inclusão de pessoas com deficiência, é trazer
é a ordem imposta que nega a liberdade. O sucesso dos alunos depende da solidariedade exercida no
para perto, dar a ela o direito de ter as mesmas experiências, é aceitar o diferente e aprender com
seio de equipes educativas que facilita a compreensão e resolução de problemas comuns (ALVES,
ele. O principal motivo das crianças irem para a escola, é que vão encontrar um espaço
2001).
democrático, onde poderão compartilhar conhecimento e a experiência com o diferente.
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Segundo Alves (2001) a educação é sempre uma aventura coletiva de partilha, de afetos e e a paciência, na escola da ponte acontecem de uma forma absolutamente espantosa (ALVES, 2001).
sen-sibilidades, de conhecimento, saberes, experiências, atitudes. Reforçar os mecanismos de
Conforme Alves (2001) os ambientes amigáveis e solidários de aprendizagem são precisa-
interação solidaria e os procedimentos cooperativos são, pois um imperativo de qualquer política
mente aqueles que mais e melhor favorecem a aprendizagem, porque é neles que as crianças, de
educativa que pretenda assumir a educação como uma responsabilidade social. A experiência de
fato, sentem-se muito mais seguras, disponíveis e motivadas para aprender e o que não é menos
autonomia da escola da ponte é hoje, apontada como um paradigma de excelência.
significa-tivo em termos educacionais, para aprender uma com as outras e não apenas com os
Nenhum pensamento reclama tanto a comunhão dos olhares para fora e para dentro como o adultos. A escola da ponte não é apenas um ambiente solidário e amigável de aprendizagem. Mais
pensamento sobre a educação. A educação é um permanente movimento no sentido de decantação e do que uma escola, ela é verdadeiramente, sem eufemismos, uma comunidade educativa. É uma
da intersecção desses olhares. Começamos por treinar e desenvolver apenas o olhar para fora. Du- comunidade profunda-mente democrática e autorregulada. Democrática, no sentido de que todos os
rante alguns anos, permanecemos cegos para o que não existe. Só descobrimos o olhar para dentro e seus membros concor-rem genuinamente para a formação de uma vontade e de um saber coletivo.
começamos a pressentir o que não existe quando se nos impõe ou nos é imposta a necessidade de
Autorregulada, no sentido de que as normas e regras que orientam as relações societárias não são
interrogar e compreender o que vemos fora de nós. Esse é o primeiro momento mágico da
injeções impostas ou importadas simplesmente do exterior, mas nas normas e regras próprias que
educação. O mundo interior, só é captável pelo olhar para dentro, quando dá expressão á nossa
decorrem da necessidade sentida por todos de agir e interagir de uma certa maneira, de acordo com uma
identidade e singulariza o nosso destino (ALVES, 2001).
idéia coletivamente apropriada e partilhada do que deve ser o viver e o conviver numa escola que se
De acordo com Alves (2001) á medida que o ser humano vai tomando consciência desse mun-do pretenda constituir como ambiente amigável e solidário de aprendizagem. O que distingue a escola da
interior é que, vai aperfeiçoando a focagem do olhar para fora, ou seja, aperfeiçoando a própria ponte é uma práxis de educação na cidadania. A educação na cidadania é o próprio respirar e sentir da
percepção e compreensão do mundo exterior que avança para o segundo e decisivo momento mágico da comunidade. É da prática do civismo que resultam a aprendizagem e a consciência da cidadania. As
educação, o momento em que finalmente pode-se começar a escrever a própria vida. A educação é um crianças pesquisam, investigam e aprendem em grupo e as mais dotadas se responsabilizam pelo
caminho e um percurso, um caminho que de fora se nos impõe e o percurso que nele fazemos. Os acompanhamento e apoio a aprendizagem das menos dotadas (ALVES, 2001).
caminhos existem para ser percorridos. E para reconhecermos interiormente por quem os percorre.
Na ponte, tudo ou quase tudo parece obedecer a uma outra lógica. Não há aulas, turmas,
O olhar para fora vê apenas o caminho, identifica-o como um objeto alheio e porventura estranho.
folhas, testes elaborados pelos professores para avaliação dos alunos. Não há manuais escolares,
Só olhar para dentro reconhece o percurso, apropriando-se dos seus sentidos. O século XX, não foi
toques de campainha, sineta. Não há professores, de tal modo eles se confundem com os alunos, as
o século do renascimento da educação, mas foi o século da agonia da educação, da sua colonização
salas de aula são sem divisões. Nesse ambiente escolar havia disciplina, concentração, alegria e
instrumental.
eficiência. O observador procura ver e compreender melhor tudo o que se passa ali, ele acaba perce-
Portanto, Alves (2001) aborda que a escola da ponte foi a doce e fraternal serenidade dos bendo o sentido de tudo, a tal lógica singular de organização e funcionamento da escola da ponte. E
olhares, dos gestos e das palavras de todos, adultos ou crianças. Ali, ninguém tem necessidade de percebe que a filosofia subjacente ao projeto pedagógico daquela comunidade é
en-grossar a voz, e de pôr em beiços de pés para se fazer ouvir ou reconhecer pelos demais, porque extraordinariamente simples e coerente com tudo o mais. Ele percebe que naquela escola o
todos sabem que a sua voz conta e é para ser ouvida. Como as crianças não são educadas para a currículo não é o professor, mas o aluno (ALVES, 2001).
competição, mas para entre ajuda, essa entre ajuda está instituída em todos os níveis da escola como
De acordo com Alves (2001) educação naquela escola, mais do que um caminho, é um per-
se fosse à verdadeira matriz do seu projeto cultural. As pulsões de inveja, ciúme, rivalidade e toda
curso feito á medida de cada educando e solidariamente, partilhado por todos. O aluno é o
agressividade comportamental que lhes anda associada, estão quase ausentes dos gestos cotidianos
verdadeiro sujeito do currículo, não é um instrumento ou um mero destinatário do currículo. Os
dos membros dessa comunidade educativa.
professores não estão no centro da vida escolar, não são o sol do sistema curricular. Então,
Por isso é que na escola da ponte não faz sentido falar de problemas de indisciplina, porque relativamente às crianças procuram acompanhar, orientar e reforçar o percurso de aprendizagem e
todos apoiam todos, todos ajudam todos, todos são efetivamente cúmplices de todos, todos são soli- de desenvolvimento pessoal e social de cada aluno. Em vez, de se fechar como uma ilha de virtudes
dariamente responsáveis por todos. Todos procuram reconhecer e respeitar a identidade de todos. A as interferências e a curiosida-de tantas vezes mórbida e depredadora dos estranhos, a escola da
serenidade que espreita nos olhares, nos gestos e nas palavras das crianças não é mais do que o re- ponte tem sempre as portas abertas para os amigos e os inimigos, para os cúmplices e os detratores.
sultado esperado e inevitável do segredo da intervenção pedagógica dos profissionais da educação da
Portanto, Nietzsche apud Alves (2001) disse que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver.
ponte. Um segredo feito, simplesmente de duas palavras é das correspondentes atitudes: a meiguice

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Ver é coisa complicada, não é função natural, precisa ser aprendida. Soares apud Alves (2001) o No entanto, Alves (2001) cita que na escola da ponte, as crianças conseguem entender o
que vemos não é o que vemos, senão o que somos. É preciso ser diferente para ver diferente. O ser mun-do e realizam-se como pessoas. A ponte é uma passagem e a escola é uma ponte. A escola da
feito de palavras, prisioneiros da linguagem, só vemos aquilo que a linguagem permite e ordena ver. ponte é um espaço onde se vive o que se aprende e se aprende o que se vive. A escola é apenas
A visão é um processo pelo qual construímos nossas impressões óticas segundo o modelo que a espelho, não chega a ser reflexo, conforto, compaixão e certeza são tônicos de aprendizagem,
linguagem impõe. Então, para se ver diferente, é inútil refinar a linguagem, refinar as teorias. O educar é viver. Após uma primeira fase (iniciação), as crianças convivem e aprendem nos mesmos
refinamento das teorias só aumenta a clareza da mesmice. espaços, sem conside-ração pela faixa etária, mas apenas pela vontade de estar no mesmo grupo. O
critério de formação dos grupos é o afetivo e o afeto não tem idade.
Os aprendizes (alunos) trabalham sem que seja preciso que alguém lhes diga que devem
trabalhar. Trabalham com concentração e alegria, inteligência e emoção de mãos dadas. Isso sempre Read apud Alves (2001) disse: “a educação no sentido mais amplo, como crescimento
acontece quando se está tentando produzir o próprio rosto. Ao final, terminando o trabalho, o aprendiz guiado, pode assegurar que a vida seja vivida em toda a sua natural espontaneidade criadora e em
sorri feliz, admirando o objeto produzido. Aprendem assim, formando pequenos grupos com interesse toda a ple-nitude sensorial, emocional e intelectual”. Educar é mais doa que preparar alunos para
comum por um assunto, reúnem-se com uma professora e ela, estabelece um programa de trabalho de fazer exames, é ajudar as crianças a entenderem o mundo e a realizarem-se como pessoas, muito
15 dias, dando orientações sobre o que pesquisar e os locais onde pesquisar. Ao final dos 15 dias se para além do tempo de escolarização. As crianças aprendem a ser naturalmente, como aprendem a
reúnem novamente e avaliam o que aprenderam. Se o que aprenderam foi adequado, aquele grupo falar e a escrever e cada qual nos seu próprio momento. Os alunos gerem, quase em total
se dissolve, forma-se um outro para estudar outro assunto (ALVES, 2001). autonomia, os tempos e os espaços educativos. Escolhem o que querem estudar e com quem. Se
acontecesse desinteresse por parte de um aluno, a escola está doente, está doente o aluno ou estão
Segundo Alves (2001) as crianças aprendem a ler frases inteiras, é assim que aprendiam a ler.
ambos enfermos. Bastará determinar a etiologia, buscar remédio e verificar os efeitos do tratamento.
Elas aprendem palavras inteiras, pois somente palavras inteiras fazem sentido, A aprendizagem e o
ensino são um empreendimento comunitário, uma expressão de solidariedade. Mais que aprender Conclui-se a partir desse trabalho que uma boa escola verdadeiramente pode ajudar numa
saberes, as crianças estão aprendendo valores. A ética perpassa silenciosamente, sem explicações, boa educação para alunos, professores e demais funcionários. Na ponte, cada criança age como
as relações em sala. Em uma parede havia dois quadros de avisos. Num deles estava afixada a frase: partici-pante solidário de um projeto de preparação para a cidadania no exercício da cidadania. A
tenho necessidade de ajuda em, e no outro, a frase: posso ajudar qualquer criança que esteja tendo descoberta de valores comuns permite percorrer um itinerário comum, que reforça vínculos afetivos
di-ficuldades em qualquer assunto coloca-se o assunto e o seu nome. Um outro colega, vendo o e é gerador de um imenso sentimento de pertença. A escola da Ponte busca uma escola de cidadão
pedido, vai ajudá-la. Assim, se forma uma rede de relações de ajuda. indispensável ao atendimento e a prática da democracia. Procuram no mais íntimo pormenor da
relação educativa, formar o cidadão democrático e participativo, o cidadão sensível e solidário, o
Na escola da ponte, as crianças são convidadas a ver o bom, o bonito, o generoso e falar sobre
cidadão fraterno e tolerante.
eles. Havia problemas de disciplina, para tais situações as crianças estabeleceram um tribunal. Aquele
que desrespeita as regras de convivência por elas mesmas estabelecidas tem de comparecer perante esse
tribunal. Sua primeira pena é pensar durante três dias sobre os seus atos. O conhecimento é uma
árvore que cresce da vida. Na escola da ponte percebe-se o conhecimento crescendo a partir das expe-
riências vividas pelas crianças. Gente de boa memória jamais entenderá aquela escola. Para entender Referencias bibliográficas
é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento (ALVES, 2001).

A inteligência é essencialmente prática, está a serviço da vida. Na escola da ponte, as crianças


ALVES, Rubem. A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. São Paulo:
aprendem e tem prazer em aprender. Quanto a ciência que se aprende a partir da vida, ela não é esque-
cida nunca. A vida é o único programa que merece ser seguido. A escola da ponte é um único espaço, Papi-rus, 2001.
partilhado por todos, a lição social é que todos partilham de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são DARÉ, Gustavo Leopoldo Rodrigues; CARVALHO, Célia Pezzolo de; BARBIERI, Marisa Ramos.
companheiros numa mesma aventura. São as crianças que estabelecem as regras da convivência: a Pesquisando o que se ensina: uma metodologia para o aprimoramento contínuo da educação.
necessidade de silencio, de trabalho não perturbado. O espaço da escola tem de ser como o espaço do São Paulo, 1998.
jogo, o jogo para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. A vida social depende de que cada um
FERREIRA, Michele Marcelina; BOOZO, Fátima Eliana Frigato. Educação inclusiva: inclusão de
abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva (ALVES, 2001).

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crianças com síndrome de down do ciclo I do ensino fundamental. São Paulo, 2009. EDUCOMUNICAÇÃO: UMA ABORDAGEM DA INTERFACE ENTRE
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GUSMÃO; Neusa Maria Mendes de. Antropologia e educação: Origens de um diálogo.
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VIEIRA, Ricardo. Processo educativo e contextos culturais: notas para uma antropologia da edu-
cação. Porto Alegre, 2006. Jonathas Fontes Santos – SESC/SE1
jonathasfontes@hotmail.com

Resumo

Trabalho que pretende apresentar os elementos sociais e as áreas de intervenção da educomunicação,


campo de intervenção social que emerge da inter-relação entre a educação e a comunicação, o qual tem
ser apresentado, segundo Soares (2011), como proposta inovadora capaz de renovar as práticas sociais
que visam ampliar as condições de expressão do ser humano, especialmente da infância e da juventude.
A abordagem baseia-se em contribuições de pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo de Comunicação e
Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP) e que são abordadas por
Soares (2011); informações disponíveis no endereço eletrônico do próprio NCE/USP, além de
refletir sobre textos (LAURITI, 1999; SOARES, 2000; KAPLÚN, 1999) que tratam sobre a inter-
relação. A pesquisa apresenta a interdiscursividade e a interdisciplinaridade como elementos sociais
do campo, além de tratar sobre as áreas de intervenção reconhecidas por Soares (2011) como partes
em que o campo se materializa, finalizando com o entendimento de que este mesmo campo traz
consigo novas posturas teóricas e práticas, abre caminho para uma educação cidadã emancipatória,
elabora novos conceitos e faz surgir novas necessidades, a exemplo de um profissional preparado
para atuação nesta inter-relação, o educomunicador.

Palavras-chave: Educomunicação. Intervenção Social. Comunicação. Educação.

Conhecendo a Educomunicação

O Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), órgão da Universidade de São Paulo


(USP), surgiu em 1996 através da formação de um grupo de professores com um interesse em comum, o
estudo da inter-relação entre Comunicação e Educação. Sua primeira pesquisa com grande destaque
foi um trabalho que envolveu especialistas de doze países da América Latina e países da Península
Ibérica possuindo duas finalidades, uma delas era compreender o pensamento dos coordenadores de

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projetos desta área de estudo e o outro descrever o perfil dos profissionais com atuação nesta inter- Temos dois pressupostos para a educomunicação, o de que a “educação só é possível
relação. Desta pesquisa constatou-se que havia acontecido uma transformação, ou seja, a interface enquanto ação comunicativa’” e que “toda comunicação – enquanto produção simbólica e
entre Comunicação e Educação que se configurava na conhecida forma de uma complementação intercâmbio/ transmissão de sentidos – é em si, uma ‘ação educativa’” (SOARES, 2011, p. 17),
mútua transformou-se numa integração, surgindo então um novo campo de intervenção social, a resumindo-se na ideia de que comunicação e educação, concomitantemente e cada um a seu modo,
Educomunicação, que em síntese tem por meta a construção da cidadania, baseando-se no direito à exercem tanto o papel de educar como também o de comunicar, reconhecendo como princípio o
expressão e à comunicação que cada sujeito possui (NCE/USP, 2011). direito universal à expressão garantidos tanto a mídia, quanto a seu público.

A pesquisa permitiu ao núcleo definir o campo da educomunicação como o Mas, historicamente educação e comunicação, quando instituídas pela racionalidade
moderna, tiveram campos de atuação com demarcações, no contexto do imaginário social de
maneira independente e aparentemente neutra. À educação cabendo administrar a transmissão do
[...] espaço que membros da sociedade se encontram para implementar ecossistemas
comunicativos democráticos, abertos e participativos, impregnados da intencionalidade saber indispensável ao desenvolvimento social e à comunicação difundir as informações, promover
educativa e voltado para a implementação dos direitos humanos, especialmente o direito à lazer popular e manter o sistema produtivo através da publicidade. E, foi a partir das contribuições
comunicação. (NCE/USP, 2011).
teórico-prática de filósofos da educação e comunicação, junto aos avanços das conquistas
tecnológicas, que grupos de especialistas ativamente e organizados iniciaram o processo de
aproximação entre os dois campos, processo este irreversível (SOARES, 2000).
Em uma breve análise histórica da inter-relação, observamos que em 1980 tivemos um
campo internacionalmente voltado à educação para a recepção dos produtos midiáticos, uma década Entre os filósofos da educação que contribuíram com o processo de aproximação, Soares
depois a apresentação de metodologias de abordagem para práticas de educação à mídia, possuindo um (2000), destaca Paulo Freire como um dos pioneiros que refletiram sobre a inter-relação no cenário
diferencial marcante, que era a passagem de práticas com apenas “leitura de mídia” para “produção de latino-americano, já que em “Extensão ou Comunicação?” defendeu um agir pedagógico libertador por
comunicação” de maneira democrática e participativa. Foi então a partir de 1999 que o termo passou a meio de processos comunicacionais, ou seja, a comunicação já podia ser vista como componente do
ser corrente em textos do NCE/USP, levando a elaboração de um conceito, fundamentado na pesquisa processo educativo, mas não devendo ser apenas parte do “messianismo tecnológico”.
realizada pelo núcleo. Um ano depois a interpretação dada ao conceito obteve circulação internacional.
Em relação à preocupação de não permitir que este messianismo, de fato aconteça, é
Diante destes fatos e considerando que pesquisadores se depararam com a figura emergente de um novo
necessário o entendimento de que a educomunicação não “é sinônimo de ‘Tecnologias da Educação’
profissional, identificou-se a necessidade de criar uma formação universitária, proposta esta que foi
(TE), ou mesmo de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs).”, pois o importante “não é a
concretizada pela USP em 2009, lançando a licenciatura em Educomunicação.
ferramenta disponibilizada, mas o tipo de mediação que elas podem favorecer para ampliar os diálogos
Aprovada pelo Conselho Universitário, a graduação, foi lançada com intuito de oferecer sociais e educativos.” (SOARES, 2011, p. 18), e conforme é descrito posteriormente a mediação
ao país um novo profissional, dotado de condições para contribuir com o sistema de ensino básico tecnológica no contexto educacional funciona apenas como uma de suas áreas de intervenção.
nacional, no que se refere ao alcance das metas previstas. A razão de se optar pela licenciatura é que
Neste mesmo entendimento, Kaplún (1999) já considerava que a Comunicação no
este profissional deveria ser um professor de comunicação no âmbito do magistério e especialmente
contexto educacional, denominada por ele como “Comunicação Educativa”, não deveria ser vista
voltado a atender a demanda do ensino médio. O conselho ao deliberar a formação estabeleceu que
como mero instrumento midiático e tecnológico, mas como componente pedagógico e com um
este professor devesse ser habilitado à pesquisa e consultoria, representando respectivamente, a
olhar interdisciplinar e, enquanto campo de conhecimento, deveria convergir numa leitura tanto da
capacidade de analisar e sistematizar experiências em educomunicação e a de assessorar projetos de
pedagogia a partir da comunicação como numa leitura de ordem inversa.
comunicação educativa (SOARES, 2011).

Os estudos realizados pelo NCE a respeito do tema corroboraram com a consideração da


educomunicação como sendo um campo oferecedor de suporte teórico-metodológico que direcionam
agentes sociais a compreensões da importância da ação comunicativa para o convívio humano, a
produção do conhecimento e a elaboração e implementação de projetos colaborativos de mudanças Elementos Essenciais
sociais. Somando-se, também, estes conceitos e práticas às propostas dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, especificamente à área das linguagens e suas tecnologias.

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Temos como elementos essenciais da epistemologia do campo a interdiscursividade e a caberia pensar nos meios como processos educativos e como espaço de polifonia e pluralidade
interdisciplinaridade (SOARES, 2000). Para Lauriti (1999), a interdiscursividade funciona como um dos cultural, além de programar e produzir com respeito à dignidade humana e de olho na construção do
eixos construtores desta área de confluência, e devido ao campo possuir a polifonia discursiva como bem comum.
elemento estruturante, a autora atentou para o fato de que é preciso deixar de priorizar nas análises sobre
Em síntese, o espaço público mediatizado deve-se constituir em “espaço de troca e
o campo apenas as práticas de incorporação das TIC no processo educativo e buscar um maior
negociações dos novos sentidos da vida que os processos comunicacionais põem em pauta e a
aprofundamento teórico, motivo pelo qual a autora justificou a elaboração de seu trabalho denominado
Educação não pode ficar à margem”, já os processos educativos em comunicação acontecerem
“Comunicação e Educação: território de interdiscursividade”. Numa reflexão sobre o ponto em que a
“pela ótica da cidadania, da construção do bem comum, da validação de um contrato social
epistemiologia relacionada ao campo de inter-relação se encontra, constatamos que tal aprofundamento
plurilateral, em que os significados da vida tenham sentido no coletivo, discutido em uma longa
teórico pode-se considerar concretizado, pois nos últimos anos foram realizados diferentes estudos sobre
conversa com toda a sociedade.” (GARCIA, 1998, p. 11).
o tema e há importantes experiências com abordagens de práticas educomunicativas aplicadas tanto no
Brasil como em outros países.

Para compreender a razão da necessidade de interdiscursividade, devemos se


conscientizar sobre o fato de que o discurso da educação não é capaz de
Áreas de Intervenção

[...] isoladamente posicionar-se diante do novo contexto criado pelas novas tecnologias da
comunicação e da informação. Sua metanarrativa é insuficiente para ressiginificar seu
discurso diante dessas novas mediações. Assim, educador e comunicador não podem ser Encontramos nas áreas de intervenção, “pontes”, que segundo Soares (2011, p. 49)
pensáveis como atores independentes e isolados deste novo ecossistema da comunicação
devem ser postas “entre os sujeitos sociais e o mundo da mídia, do terceiro setor, da escola,
educativa. (LAURITI, 1999, p. 2).
oferecendo um diálogo sobre determinado âmbito da ação educomunicativa.”.

Em Soares (2000), o autor reconheceu as seguintes áreas de intervenção social, como partes
A interdiscursividade requer da educação tanto uma busca de ressignificação do estatuto em que o campo se materializa, sendo elas: educação para comunicação, mediação tecnológica, gestão
epistemológico como uma re-flexibilização do discurso atual, considerando a necessidade de uma da comunicação no espaço educativo e reflexão epistemológica sobre esta inter-relação como fenômeno
relação dialógica com a comunicação. “Trata-se de uma re-fundamentação teórico-prática e ético- cultural emergente. Mas, também destacou que estas não seriam excludentes e nem as
política, tanto do agir pedagógico, quanto do agir comunicativo.” (LAURITI, 1999, p. 2), ou seja, o únicas, apresentavam-se apenas como síntese, pois pareciam aglutinar as distintas ações possíveis.
discurso pedagógico deve ser revitalizado e através do diálogo com a comunicação ocorrer o Em estudos mais recentes, Soares (2011) acrescentou também como áreas a expressão comunicativa
exercício da interdiscursividade. através de artes e a pedagogia da comunicação.
Referindo-se a interdisciplinaridade, Garcia (1998) afirma que comunicação e educação Estas áreas apresentam-se como percurso para a construção de ecossistemas
possuem, respectivamente, a mediação e o processo como aspectos centrais, sendo que nas mediações comunicativos em espaços educacionais. Para Lauriti (1999) os ecossistemas devem contemplar de
há um caráter processual e nos processos educacionais há uma natureza mediadora, permitindo assim modo concomitante: formas heterogêneas de experiências culturais, mediações proporcionadas
compreender a razão que caracteriza a interdisciplinaridade também como elemento essencial. pelas novas TIC e criação de maneira que conserve o encanto do processo de aprendizagem.
Destas relações interdimensionais resultam duas subáreas, a de mediações comunicacionais A educação para a comunicação constitui-se na compreensão do fenômeno da
em educação e a de processos educacionais em comunicação, em que temos “a dimensão da comunicação, podendo acontecer tanto em nível interpessoal e grupal, como em nível
comunicação insinuando-se sobre a educação e a aceitação desta das funções daquela” (GARCIA, organizacional e massivo. Encontramos reflexões em torno da relação entre os produtores, o
1998, p. 10) e a da educação insinuando-se sobre a comunicação. processo produtivo e a recepção das mensagens, além de formações no campo pedagógico de
Partindo desta perspectiva caberia ao educador o domínio da tecnologia, inserção dos meios receptores autônomos e críticos em consequência dos meios. Há também projetos que através de
nas ações curriculares, democratização da temática cultural, ver-se como sujeito de mediações e possuir suas ações permitem a apropriação dos meios e das linguagens da comunicação (SOARES, 2000).

a capacidade de dar significado e sentido ao volume de informação. Já ao comunicador

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A expressão comunicativa através das artes, como uma das áreas de intervenção, tem Este fenômeno cultural emergente, compreendido da inter-relação entre educação e
numa comunidade educativa a atenção dirigida essencialmente ao potencial criativo e emancipador comunicação, também precisa que experiências e estudos sejam sistematizados, obrigatoriamente de
das diferentes formas de manifestação artística, tornando este potencial num meio de comunicação maneira coerente, no que diz respeito à relação entre teoria e prática. E será justamente a área de
acessível a todos. Quando primordialmente voltadas para o potencial comunicativo da expressão reflexão epistemológica que garantirá esta sistematização, dando unicidade às suas práticas e,
artística, concebida como uma produção coletiva, mas de performance individual, possui uma consequentemente, proporcionando seu reconhecimento, evolução e legitimação (SOARES, 2000 e
aproximação de práticas identificadas com a Arte-Educação (SOARES, 2011). 2011).

No contexto educomunicativo, as mediações tecnológicas voltam-se a procedimentos e


reflexões no que se refere à presença das TIC e suas múltiplas explorações pela comunidade educativa,
garantindo formas democráticas de sua gestão. Tal mediação, enquanto ação educomunicativa, não deve
estar centrada apenas na acessibilidade a recursos tecnológicos (SOARES, 2000 e 2011). Considerações Finais

As TIC podem prover um espaço de vivência pedagógica com uma excelente aproximação
do imaginário de crianças e adolescentes, com isto a ideia, enquanto ação educomunicativa, é
Fica evidente o surgimento de um campo que traz consigo novas posturas teóricas e práticas,
proporcionar a criação de projetos que pretendam abordar o uso social das invenções que caracterizam a
além de abrir caminho para uma educação cidadã emancipatória. Novos conceitos são elaborados para a
Era da Informação, desconsiderando para isto ações que tenham como preocupação principal apenas o
inter-relação e também surgem novas necessidades, a exemplo da figura do educomunicador, profissional
manejo de aparelhos tecnológicos. Esta mediação ganha espaço quando a apropriação de recursos
com diferentes características, típicas de professor, comunicador, pesquisador e consultor.
técnicos acontece de forma solidária e democrática (SOARES, 2000 e 2011).
Não há dúvida de que o campo de intervenção social emergente, abordado neste trabalho já
A pedagogia da comunicação como área de intervenção volta-se ao cotidiano da
foi efetivamente formado e conquistou autonomia, não sendo tão somente uma disciplina a acrescentar
didática e busca multiplicar as ações de professor e alunos através do trabalho em conjunto. Há a
nos currículos escolares, mas na verdade o surgimento de um novo paradigma discursivo transverso e
escolha, quando conveniente por ações através da pedagogia de projetos (SOARES, 2011).
detentor de conceitos transdisciplinares, que requer nosso olhar atento e nossa disposição para a busca
Mas, para que estas áreas de intervenção abordadas satisfaçam as expectativas de qualquer de compreender como poderemos criar espaços comunicativos, seja em espaço escolar, no terceiro setor,
ação educomunicativa há a necessidade da área de gestão da comunicação, pois ela terá o papel de em ambiente empresarial, enfim, a fim de desenvolver práticas educomunicativas
planejamento e a execução de planos, programas e projetos, que permitirão a criação de ecossistemas (SOARES, 2000).
comunicativos. Os processos e procedimentos abordados por esta área são referentes às demais áreas de
Numa abordagem de como as áreas de intervenção devem ser promovidas, compreende-
intervenção, a ela cabendo definir indicadores para avaliação dos ecossistemas existentes. Com isto
se que tanto individualmente como em conjunto para seu desenvolvimento é exigido um pensar a
percebemos que se trata de uma área central e indispensável (SOARES, 2000 e 2011).
partir de um olhar especialmente educomunicativo.
A área de gestão requer a presença de um sujeito capaz de incentivar os educadores no
Em pesquisas referenciadas por Soares (2011), temos a constatação de pontos, tais como a
exercício em termos de escolhas de opções de áreas de intervenção e com capacidade de suprir
incapacidade do ensino em atrair o interesse dos jovens pelo aprendizado e o alto percentual de jovens
necessidades do ambiente em relação a espaços de convivência e tecnologias necessárias (SOARES,
que deixam a escola por desinteresse. Mas, também a identificação de como práticas educomunicativas
2000 e 2011).
realizadas por ONGs em diferentes regiões do Brasil têm atraído cada vez mais jovens a envolverem-se
Os ecossistemas comunicacionais criados por intermédio dos planejamentos da área com suas ações. Devendo-se esta atração, principalmente, à “atitude reflexiva e crítica que elas
descrita possuem um conceito que designa “organização do ambiente, a disponibilização dos demonstram ter diante da sociedade de massa guiada pela ideologia do consumo.”
recursos o modus faciendi dos sujeitos envolvidos e o conjunto das ações que caracterizam (SOARES, 2011, p. 29).
determinado tipo de ação comunicacional.” (SOARES, 2000, p. 22), sendo que eles podem ser
Os jovens devem ser instigados a pensar, expor suas opiniões, conhecer como os meios
criados em ambiente familiar, na comunidade educativa ou numa emissora de rádio, onde cada
de comunicação agem e a envolver-se com processos de produções midiáticas, para se abrirem a
indivíduo e instituição poderão atuar em distintos ecossistemas, considerando que o pertencimento
compreender criticamente a realidade social e ampliar seu interesse em participar da construção de
pode ocorrer simultaneamente em vários ecossistemas (SOARES, 2011).
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uma sociedade mais justa. Ações como estas levam os jovens a escolherem a opção democrática da GARCIA, Edson Gabriel. Comunicação e educação: campos e relações interdisciplinares.
vida em sociedade, graças à participação, pois ela permite maior conhecimento e interesse pela Núcleo de Educação e Comunicação – NCE/USP. Disponível em: <
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/21. pdf>. Acesso em: 25/09/2012.
comunidade onde vivem, além de desenvolver a capacidade de inspirarem ações coletivas de
educomunicação (SOARES, 2011).
KAPLÚN, Mário. Processos educativos e canais de comunicação. Comunicação & Educação, São
Há um consenso entre documentos internacionais a respeito da necessidade de priorizar
Paulo, (14): 68 a 75, jan./abr. 1999. Disponível em: < http://www.revistas.univerciencia.org/index.
o estabelecimento de canais de comunicação entre jovens, a fim de permitir que sejam ouvidos, que php/comeduc/article/view/4417/4139>. Acesso em: 25/09/2012.
tenha participação e que desenvolva papéis de liderança através de informações que lhes sejam
proporcionadas. Esta participação irá refletir-se num ganho de autonomia, autoconfiança e
autodeterminação, já que o jovem tem em suas possibilidades de expressão e de comunicação um LAURITI, Nádia C. Comunicação e educação: território de interdiscursividade. Núcleo de
Educação e Comunicação – NCE/USP. Disponível em:< http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/142.
caminho para a conquista da autonomia (SOARES, 2011).
pdf>. Acesso em: 25/09/2012.
Diante deste campo promissor é possível que nossas reflexões abram espaços para a busca
por aprofundamento teórico e prático sobre a inter-relação aqui apresentada, desta maneira, na tentativa
Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo – NCE/USP. Disponível em:
de oferecer algumas indicações de referências bibliográficas, além das que foram exploradas na <www.usp.br/nce>. Acesso em: 25/09/2012.
elaboração deste texto, compartilhamos algumas que fazem parte da Coleção Educomunicação:
Citelli e Costa (2011) e Citelli (2012).
SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação:
Muitos textos também podem ser encontrados no endereço eletrônico do NCE/USP e na contribuições para a reforma o ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011.
Revista “Comunicação e Educação” do Departamento de Comunicações e Artes da ECA/USP, que sem
dúvida permitirão um maior aprofundamento em assuntos relacionados à inter-relação abordada.
SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação & Educação,
Há também a Rede de Experiências em Comunicação, Educação e Participação (Rede São Paulo, (19): 12 a 24, set./dez. 2000. Disponível em: < http://www.revistas.univerciencia.org/
CEP), existente desde 2004, que reúne diferentes organizações, um centro de pesquisa e dois index.php/comeduc/article/view/4147/3888>. Acesso em: 25/09/2012.
colaboradores com vasta experiência em educomunicação. No endereço eletrônico da rede é
possível encontrar sugestões de sites e portais com informações sobre mudanças no âmbito da (Endnotes)
educação, garantia de direitos e comunicação social no Brasil e no mundo; lista das organizações
1 Graduação em Informática e Gestão da Informação UNIT, pós-graduando, Programa de Educação Continuada
que constituem a rede junto a seus respectivos sites; histórico e outros conteúdos que possuem sua Mídias na Educação UFPE/USP-NCE, professor de Informática do SESC-SE, e Educador Social do Instituto Luciano
utilidade específica a quem pretenda encontrar informações sobre o campo. Barreto Júnior/ILBJ-SE.

Referências Bibliográficas

CITELLI, Adílson Odair; COSTA, Maria Cristina Castilho. Educomunicação: construindo uma
nova área de conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2011.

CITELLI, Adílson, (org.). Educomunicação: Imagens do professor na mídia. São Paulo:


Paulinas, 2012.

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EDUCAÇÃO POPULAR EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: VISITAS sionais que compõem as equipes de Saúde da Família em interação com a comunidade. “Dentro
DOMICILIARES E SANEAMENTO BÁSICO dessa abordagem, a Promoção da Saúde é definida como o processo de capacitação da comunidade
para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no
controle desse processo” (MACHADO et al, 2007, p. 336).
Maria Estela Santos Nascimento
Segundo Mano e Prado (2010), é necessário que as atividades de prática em educação popu-lar
Acadêmica do 8º Período de Enfermagem pela Faculdade AGES e Técnica em Enfermagem pelo Colégio Cenecista
Laudelino Freire – CENEC. aplicadas à saúde sejam implementadas nos currículos dos cursos de saúde, para que os futuros
profissionais, desde o período de formação, desenvolvam a habilidade de interação com a sociedade.
Fabiana Lopes Martins
Nesse contexto, é urgente trazer para as práticas de educação permanente, no SUS, os
Enfermeira, Professora de Enfermagem na Faculdade AGES-BA.
aprendi-zados da educação popular, até a pouco, centrada nas relações com as comunidades. Essa é
a grande novidade da educação popular em saúde nos últimos anos: a constatação de sua pertinência
na forma-ção profissional. (MANO e PRADO, 2010, p. 17).
Resumo
Desse modo, pode-se perceber a importância das atividades de práticas educativas
As condições do ambiente influenciam diretamente no processo saúde/doença. Assim, a Estratégia de pertinentes ao currículo do curso de Bacharelado em Enfermagem promovido pela Faculdade
Saúde da Família (ESF) tem buscado cada vez mais aproximar as equipes do Programa de Saúde da
Família (PSF) das comunidades, facilitando a interação entre profissionais de saúde e usuários, além de AGES, em especial no que se refere às visitas domiciliares.
permitir a observação in loco dos principais problemas que influem na qualidade de vida e saúde da
O presente artigo tem como foco as informações referentes a problemas relativos à falta sa-
população. Assim, as atividades de educação em atenção primária à saúde têm adotado como principal
medida para atingir tais objetivos as visitas domiciliares. Seguindo este prisma, alunos do curso de neamento básico, colhidas durante as visitas domiciliares realizadas por alunos do 6º período do
Bacharelado em Enfermagem da Faculdade AGES, realizaram atividades de práticas educa-tivas no refe-rido curso, no Povoado Conceição de Campinas, município de Paripiranga, no Estado da
Povoado Conceição de Campinas, no município de Paripiranga-BA, onde foram realizadas visitas Bahia, fator este indicado como potencial causador de problemas de saúde na população local.
domiciliares nas quais os moradores foram entrevistados, tendo sido aplicado um questionário
estruturado, previamente preparado. Além de realizarem as entrevistas e orientarem a população, os
discentes observaram características do ambiente, tendo constatado, dentre os principais problemas, a
falta de provimento, por parte do poder público, de infraestrutura de saneamento básico.

Palavras-Chave: Educação em Saúde, Visitas Domiciliares, Saneamento Básico. Revisão bibliográfica

A educação popular em saúde tem se revelado um excelente meio na busca de promoção do


cuidado integral, baseado nas relações com as comunidades, e destas com o ambiente no qual estão
inseridas.

Introdução Com expansão da Estratégia Saúde da família, um número enorme de profissionais de saúde vem sendo
inserido em serviços muito próximos das famílias e das comunidades. Essa proximidade os tem levado a
perceber a ineficácia do modelo médico e sanitário tradicional. Está gerando uma angústia e uma busca
O conceito de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ultrapassa a frontei-ra de novos caminhos de enfrentamento dos problemas de saúde. Nesse contexto, assiste-se a um
da ausência de doença, sendo, portanto, descrito como um estado de bem-estar, não somente físico, mas crescimento do interesse pela educação popular em saúde. (MANO e PRADO, 2010, p. 14).

também mental e social. Seguindo esta definição, o Sistema Único de Saúde (SUS), traz como
Observa-se que a educação popular em saúde tem se revelado um instrumento em potencial
princípios norteadores de suas ações a universalidade, integralidade e equidade no atendimento. para a implementação das políticas de saúde pública, visando à promoção da integralidade, univer-
Com o objetivo de alcançar estes princípios, os programas de saúde pública trazem em seu salidade e equidade, previstas pelo SUS, através do diálogo das equipes de saúde da família com as
bojo propostas de implementação de ações educativas em atenção básica à saúde, como medida im- comunidades. “A Estratégia Saúde da Família (ESF) representa uma concepção de atenção à saúde
prescindível. Nesse ínterim, as visitas domiciliares surgem como uma das medidas mais eficazes no focada na família e na comunidade, com práticas que apontam para o estabelecimento de novas re-
processo de educação em atenção primária à saúde, contando com a participação de todos os profis- lações entre os profissionais de saúde envolvidos, os indivíduos, suas famílias e suas comunidades”

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(BRASIL, 2000, p. 9). principalmente no tocante às comunidades mais carentes. Seguindo este prisma, as visitas
domicilia-res funcionam como instrumento essencial às práticas educativas populares.
Vale ressaltar que a práxis de educação popular na atenção primária deve estar presente nos
[...] é por meio da visita domiciliar que o profissional de saúde poderá avaliar as condições socioambien-
currículos dos cursos de formação profissional em saúde para que os discentes comecem a encarar,
tais e habitacionais em que vive o indivíduo (seu paciente) e sua família, bem como realizar a busca ativa,
já durante o processo de formação, os desafios da interação com as comunidades e assim, tornarem- planejar e executar as medidas assistenciais adequadas. (MATOS, apud AZEREDO et al, 2007, p. 750).
-se aptos ao desempenho desta nova prática ao chegarem ao mercado de trabalho. Segundo Mano e
É importante ressaltar que somente as visitas domiciliares em si não se constituem grandes
Prado,
inovações na atenção primária à saúde. É necessário, no bojo das discussões contemporâneas em
Verifica-se que a educação popular já não é apenas um instrumento de relação dialogada e engajada de
técnicos, militantes e intelectuais com a população, mas também um instrumento de formação metodologia de saúde básica, que elas ocorram dentro de um planejamento sistematizado, para que
profissional e de gestão participativa das políticas de saúde. A educação popular não está mais apenas nas se possa obter, a partir delas, elementos que possibilitem planejamento na ESF.
comunidades, mas também nas universidades, secretarias de saúde e centros de formação. Tem-se
descoberto a poten-cialidade da educação popular para a formação dos doutores e para organização de “A visita domiciliar só se configura como parte do arsenal de intervenções de que dispõem
políticas de saúde mais adequadas. (MANO e PRADO, 2010, p. 16).
as equipes de saúde da família quando planejada e sistematizada. De outra forma, configura mera
Saliente-se que essa interação aqui proposta deve ocorrer de forma horizontal, respeitando as ativi-dade social” (TAKAHASHI e OLIVEIRA, apud SILVA, 2009, p. 10).
peculiaridades da cultura de cada comunidade, os conhecimentos transmitidos através das gerações,
Ela permite a observação in loco da realidade das comunidades, sendo, portanto, um impor-
os saberes populares, os recursos provenientes do ambiente, de modo que a aprendizagem acontece
tante instrumento na ESF, uma vez que permite a identificação de determinantes do processo saúde/
em um sistema de reciprocidade, ou seja, ao passo que os profissionais interagem com a população,
doença, encontrados no ambiente onde estão inseridas as famílias, em especial as condições de
orientando sobre medidas básicas para se ter qualidade de vida e acesso ao aparelho de saúde
sanea-mento, servindo como base para a implementação de atividades educativas para a promoção
pública; adquirem informações valiosas, provenientes da cultura das localidades assistidas.
da saúde e melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Certamente aprendi mais do que ensinei com essa vivência, tendo contribuído em algum grau para
atenuar as dificuldades da vida dessas pessoas, além de ter tentado aliviar o peso da percepção tradicional A implementação de medidas de saneamento básico constitui, dentre todas as atividades de
sobre o atendimento odontológico, mas muito resta a fazer, assim como muito ainda tenho que aprender
na relação com os usuários e trabalhadores dos serviços de saúde. (MANO e PRADO, 2010, P. 144). saúde pública, uma das principais medidas preventivas contra uma série de doenças. A Organização
Mundial de Saúde, (OMS) apresenta a seguinte definição: “saneamento é o controle de todos os fa-
As ações de educação popular em saúde também devem apontar a importância da relação do tores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o seu bem-
homem com o ambiente, das políticas ambientais, para a qualidade de vida e saúde da população, estar físico, mental ou social”.
“Trata-se, pois, de tomar consciência da inter-relação tanto ‘espiritual’ quanto biológica dos ser hu-
O saneamento tem como principal objetivo a promoção da saúde do homem, uma vez que
mano com os ecossistemas, dentro da biosfera em evolução, onde se necessita reequilibrar as
muitas doenças têm como fator de proliferação a carência de medidas adequadas de saneamento, le-
posturas e atitudes históricas que a humanidade tomou” (PELIZZOLI, 2002, p. 52).
vando à existência de elementos como ambiente poluído, destinação inadequada do lixo, falta de
Referindo-se à relação existente entre as características do ambiente, suas alterações provoca-das água de boa qualidade para o consumo humano, bem como má destinação dos dejetos,
pela ação antrópica e a influência para a qualidade de vida e saúde, não só do homem, mas de todos os responsáveis, por exemplo, por muitas mortes de crianças com idade em torno de um ano, causadas
seres, Pelizzoli afirma que “O primeiro passo de Capra é mostrar que estamos vivendo uma ‘crise por diarreia, a maior parte dos casos de internação pediátrica têm como causa a falta de saneamento,
profunda, complexa, multidimensional, que afeta a todos os níveis de nossa vida’ – saúde e modo de além de um grande número de casos de esquistossomose. Segundo Cynamon (1986), “O
vida, qualidade do ambiente e relações sociais economia ciência e política.” (PELIZZOLI, 2002, p. 52). Saneamento é condicionante indispensável á saúde do homem. E no momento em que se pretende
Assim, pode-se afirmar que as condições de saneamento básico interferem diretamente na qualidade de ampliar a cobertura sanitária terá de haver maior cobertura com Saneamento Básico” (p. 145).
vida e o nível de adoecimento da população, devendo-se voltar o olhar, principalmente, para as
comunidades mais carentes ou, àquelas situadas distantes dos centros urbanos.

Assim, valorizando a inter-relação entre os seres humanos, entre estes e todos os seres e
elementos que compõem o ambiente onde vivem, a educação popular em atenção primária à saú-de
tornou-se um elemento imprescindível no cuidado da saúde e promoção da qualidade de vida,

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Metodologia Gráfico 1 – Distribuição dos domicílios do Povoado Conceição de Campinas segundo o tratamento de água

O presente trabalho trata-se de um estudo observacional, tendo como instrumentos principais


usados para a coleta de dados a realização de entrevistas aplicadas durante as visitas domiciliares e
a observação in loco de fatores ambientais que possuem forte influência sobre a qualidade de vida e
o surgimento de problemas de saúde. Sua realização deu-se em quatro etapas, conforme descrito nos
parágrafos seguintes.

Na fase primeira foram elaborados questionários para serem aplicados durante as visitas do-
miciliares, tendo como base os conteúdos referentes a educação em atenção básica de saúde,
apresen-tados em sala de aula pela professora Fabiana.

Já na segunda etapa, foi colocado em prática todo o planejamento anterior, quando o grupo
se dirigiu para o Povoado Saco para a realização das atividades educativas, com o objetivo de
Fonte: Pesquisa de campo realizada pelas autoras, 2012.
observar fatores ambientais e aplicar os questionários junto às famílias, ao passo que as orientava
sobre uma série de cuidados, tais como tratamento da água para consumo humano, descarte do lixo,
cuidados com alimentos, dentre outros.
É interessante observar que nestes casos os moradores foram informados sobre os riscos de
A terceira etapa consta de um estudo bibliográfico, cujo tema central é o processo de educação se consumir a água sem antes passar por qualquer processo de tratamento, tendo sido orientados a
popular em atenção básica de saúde direcionando para a questão do saneamento básico, tendo como adotarem alguma das medidas de tratamento, sendo que em todos os casos as sugestões foram bem
base teórica as obras indicadas pela professora e artigos obtidos a partir de publicações eletrônicas. recebidas pelas pessoas.

Por último, foram confrontados os dados obtidos durante as entrevistas e observações com o Embora todas as residências visitadas sejam abrangidas pelo serviço de coleta do lixo resi-
referencial teórico. dencial, em apenas 24% os dejetos do esgoto residencial são lançados na rede pública, sendo que em
66% são destinados a fossas e em 15% são lançados a céu aberto, o que pode ser visto no gráfico 2,
a seguir.
Análise Dos Resultados
Em termos gerais, a maioria das do Povoado Saco são construídas com alvenaria e boa parte Gráfico 2 – Distribuição dos domicílios de Conceição de Campinas segundo o destino do esgoto sanitário

com tijolos, apresentando, em sua maior parte, boa estrutura, embora existam algumas, cujas famí-
lias são mais carentes, possuindo estrutura inferior, sem oferecer boas condições de conforto a seus
moradores, inclusive, algumas das quais, por não serem rebocadas, apresentando possíveis focos de
barbeiros e outros insetos.

Na maior parte das residências a água para consumo humano é originária das chuvas, sendo que
mais de 60% por cento das famílias informaram que utilizam o processo de filtração antes do consumo,
porém, a porcentagem de residências onde a água não passa por nenhum processo de puri-ficação antes
do consumo ainda é muito alto, cerca de 24%, conforme apresentado no gráfico 1, o que pode levar à
incidência de uma série de doenças, conforme demonstrado na fundamentação teórica.

Fonte: Pesquisa de campo realizada pelas autoras, 2012

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Quanto à água, depois de utilizada nas residências, devido a não abrangência da rede pública prestar assistência no âmbito familiar e comunitário, seja diretamente pela enfermeira ou por meio
de saneamento básico, na maioria dos domicílios é lançada em esgoto a céu aberto. Assim, observa- dos técnicos e auxiliares, atuando nos níveis preventivos e de atenção às necessidades básicas.
se que as condições de saneamento básico são bastante precárias, sendo, portanto, um fator em
potencial para o surgimento de doenças na população local.

Desse modo, faz-se necessária a articulação das políticas públicas de promoção de saúde, vol-
tadas para a instalação de infraestrutura urbana de saneamento básico e ações educativas no sentido de Referências bibliográficas
sensibilizar toda a comunidade sobre a importância de uma convivência harmoniosa com o meio
ambiente, como fator preponderante na promoção da qualidade devida e preservação da saúde.
AZEREDO, Catarina Machado. Avaliação das condições de habitação e saneamento: a impor-
tância da visita domiciliar no contexto do Programa de Saúde da Família. Ciência & Saúde Co-
letiva, 12(3):743-753, 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n3/25.pdf >. Acesso
Considerações Finais em 26 out. 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde/Secretaria de Políticas de Saúde/Departamento de Atenção Básica/


As atividades desempenhadas no Povoado Saco demonstraram o quanto é importante o desen- Programa de Saúde da Família. Educação Permanente. Org. Milton Menezes da Costa Neto. –
volvimento de práticas educativas na atenção primária à saúde, tendo em vista que se pode observar de Brasí-lia: 2000. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cad03_educacao.pdf
perto os problemas relativos ao meio ambiente e infraestrutura, como principais fatores relaciona-dos à >. Aces-so em 17 out. 2011.
má qualidade de vida e ao surgimento dos casos de doenças mais recorrentes nas comunidades. CYNAMON, Szachna Eliasz. Política de Saneamento – proposta de mudança. Cadernos de Saú-de
Pública, R.J., 2(2): 141-149, abr/jun, 1986. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/csp/v2n2/
Além disso, o diálogo com a comunidade proporciona uma fantástica troca de experiência,
v2n2a03.pdf >. Acesso 28 out. 2011.
pois, ao passo em que os alunos transmitiam à população informações técnicas essenciais à
prevenção de doenças, promoção da saúde e qualidade de vida, adquiria-se um grande aprendizado MACHADO, Maria de Fátima Antero Sousa. Integralidade, formação de saúde, educação em
saúde e as propostas do SUS - uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, 12(2):335-342,
oriundo dos saberes populares da cultura local.
2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n2/a09v12n2.pdf >. Acesso em 27 set. 2011.
Neste sentido, de acordo com MANO e PRADO (2010), o processo de educação popular em
MANO, Maria Amélia Medeiros; PRADO, Ernande Valentim do. Vivências de educação popular
saúde ocorre de forma horizontal, por meio da interação entre os conhecimentos técnicos dos profis- na atenção primária à saúde: a realidade e a utopia / organizadores: Maria Amélia Medeiros
sionais e o saber presente na cultura local das comunidades. Mano, Ernande Valentim do Prado – São Carlos: EdUFSCar, 2010.
Nesse contexto, a visita domiciliar deve ser considerada enquanto aspecto central da educação em saúde PELIZZOLI, M. L. Correntes da Ética Ambiental. – Petrópolis/RJ: Vozes. 2002.
por contribuir para a mudança de padrões de comportamento e, conseqüentemente, promover a qualidade
de vida através da prevenção de doenças e promoção da saúde. (AZEREDO et al, 2007, pp. 750-751). SANTOS, José Wilson dos. Manual de Trabalhos Acadêmicos: Artigos, Ensaios, Fichamentos,
Relatórios, Resumos e Resenhas./José Wilson dos Santos, Rusel Marcos Batista Barroso –
Com as visitas, constatou-se que a falta de infraestrutura de saneamento básico se apresen-ta
Aracaju: Sercore, 2007.
como um dos principais problemas que poderá surgir como principal fator para o surgimento de
doenças na população, facilitando a perpetuação de ciclos de transmissão de doenças parasitárias in- SILVA, rafaela de oliveira lopes da. A Visita Domiciliar como ação para promoção da saúde da
família: um estudo crítico sobre as ações do Enfermeiro. Disponível em: < http://www.uni-
testinais, entre outras de veiculação hídrica. Tais condições colocam a população em risco de rio.br/propg/posgrad/stricto_paginas/site%20Enfermagem/SiteENFv3/dissertacoes/dissertacoes%20
contrair doenças infecciosas, sobretudo as crianças. Daí a necessidade da atuação do poder público 2009/a%20visita%20domiciliar%20como%20acao%20para%20promocao%20da%20saude%20
no sentido de melhorar as condições sanitárias, essenciais à qualidade de vida e promoção da saúde. da%20familia%20um%20estudo%20critico%20sobre%20as%20acoes%20.pdf >. Acesso em 26
out. 2011.
Com esta experiência prática, foi possível perceber a importância do envolvimento da facul-
SOUZA, C. R.; LOPES, S. C. F.; BARBOSA, M. A. - A contribuição do enfermeiro no contexto de
dade com a comunidade para a formação de profissionais de saúde qualificados e preparados para en-
promoção à saúde através da visita domiciliar. Revista da UFG, Vol. 6, No. Especial, dez 2004.
frentar os desafios desta nova concepção de atenção básica à saúde, pautada em atividades educativas Disponível em: < http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/familia/G_contexto.html >. Acesso em 26 out.
junto à população. Segundo HORTA, apud Souza et al (2004), é papel da enfermagem comunitária 2011.

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POLÍTICA: UMA VISÃO DE REPRESENTANTES PÚBLICOS DE UM neficiam, aumentando a corrupção e a impunidade.
MUNICÍPIO DO INTERIOR DE SERGIPE A política seria uma maneira de lançarmos luz sobre teias invisíveis que nos dominam e ten-
tarmos controlá-las. O indivíduo não pode ter direitos se não cumprir certos deveres. Cortella
(2010) em relação à política observa na população uma atitude de desprezo, de asco ou nojo e ainda
uma atitude de tédio, pois, segundo ele, os adultos não conseguiram fazer com que os jovens se
encantas-sem com a política, sem associá-la a uma coisa menor, à política partidária dos acordos
RESUMO espúrios e da corrupção.

“Na Grécia antiga a política era o ápice da vida humana e atualmente se vê a vida política como Então, com o passar dos tempos percebemos que na época grega, por exemplo, a política era o
safa-da e político com pilantra, ou seja, era uma atividade considerada importante e agora é ápice da vida humana e atualmente se vê a vida política como safada e político com pilantra, ou
vergonhosa”. A partir desta reflexão feita por Janine e Cortella em seu livro, “Política para não ser
seja, era uma atividade considerada importante e agora é vergonhosa (Janine; Cortella, 2010).
idiota” reali-zamos o presente trabalho com o objetivo de conhecer a opinião de alguns
representantes públicos do município de Lagarto – Sergipe, sobre a política e analisar se estes Contudo o presente trabalho objetivou conhecer a opinião de alguns representantes públicos de um
percebem a política como um instrumento de cidadania como mencionado no livro. Realizou-se um município do interior de Sergipe sobre a política e analisar se estes percebem a política como um
estudo empírico com análise qualitativa e abordagem descritiva. A amostra foi composta instrumento de cidadania
aleatoriamente por oito representantes do poder executivo. Os dados foram organizados em quatro
categorias: Conceito de política; Forma de exercer a política; Benefícios da política na vida das
pessoas e visão da política atualmente. A maioria das respostas dos representantes públicos do
município não se distanciou do conceito de política dis-cutido por Janine e Cortella. Algumas falas METODOLOGIA
apontam a necessidade de aproximar a população da po-lítica, por isso é preciso desenvolver formas
mais avançadas de participação, organização e controle popular sobre o que é público. O presente estudo foi realizado no fórum do município de Lagarto, região centro-sul de Ser-
gipe. Realizou-se um estudo empírico buscando conhecer a opinião dos entrevistados sobre política.
Realizou-se análise qualitativa com uma abordagem descritiva. A amostra foi composta aleatoria-
Palavras-Chave: política; cidadania, participação social.
mente por oito representantes do poder executivo.

As entrevistas foram agendadas com antecedência e os entrevistados foram informados


INTRODUÇÃO sobre a gravação e aspectos éticos da pesquisa. A entrevista iniciou após assinatura do Termo de
Consenti-mento Livre e Esclarecido (permitindo a gravação e a entrevista), conforme determina a
O livro “política para não ser idiota” de Cortella e Janine (2010) nos instigou sobre o tema
Resolução 196/96/CONEP.
“Política”, a partir da discussão dos autores passamos a perceber a política com outros olhos e a nos
sentir parte dela. O livro fala da política como instrumento para governar, utilizando o poder para de- Os dados foram coletados durante o mês de março de 2011 por meio da aplicação de ques-
fender os direitos sociais, a liberdade de se expressar e de ter uma opinião, contribuindo desta forma tionários, compostos por cinco questões abertas aos participantes da pesquisa, e, através da análise
para uma sociedade mais justa. No nosso cotidiano, a palavra política é utilizada de diversas formas, de conteúdo, estes foram organizados, agrupados e transcritos em quatro categorias referentes ao
relacionando-a apenas com a política partidária e com a forma de agir de alguns de nossos represen- objetivo proposto.
tantes, por isso muitas pessoas falam que não gostam de política. As perguntas realizadas foram:
A política é citada de forma pejorativa como sinônimo de “politicagem”, devido às notícias
O que é política para você?
de corrupção, desvios de verbas públicas, somada ainda à impunidade dos envolvidos. Aranha e Mar-
tins, 1993, citam “politicagem”, como a falsa política em que predominam os interesses particulares Onde podemos exercer a política?
sobre os coletivos. Janine (2010) comenta que a política passa pela fala, pela conversa, pelo diálogo,
Você acha que a política te traz liberdade? De que forma?
se opondo assim as ditaduras, onde não há liberdade de expressão; esse seria o lado positivo. O lado
negativo seria o desinteresse da sociedade pela política, possibilitando desta forma que alguns se be- Como você vê a política atualmente? O que te faz pensar assim?

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Você considera que a política te ajuda a ser mais humano? tem por fim organizar a cidade feliz. A lei é para Aristóteles o princípio que rege a ação dos cidadãos, é
a expressão política da ordem natural. Usando o critério axiológico (de valor), Aristóteles considera que
algumas formas de governo podem ser consideradas boas, quando visam o interesse comum, e más,
RESULTADOS E DISCUSSÃO corrompidas, degeneradas, quando tem como objetivo o interesse particular. A ética política se distingue
da moral privada, uma vez que a ação política deve ser julgada a partir das circunstâncias vividas, tendo
Os dados coletados foram organizados, analisados e agrupados em quatro categorias, as
em vista os resultados alcançados na busca do bem comum (Aranha, Martins, 1993).
quais se apresentam a seguir.
Na nova perspectiva, para fazer política é preciso compreender o sistema de forças
existentes e calcular a alteração do equilíbrio provocada pela interferência de sua própria ação nesse
Conceito de política: sistema (Aranha, Martins, 1993). Lefort in Aranha, Martins (1993) cita: “em definitivo, em nenhum
lugar está traçada a vida real da política”, cabe ao homem de ação descobrir, na paciente exploração
Ao questionar sobre o conceito de política destacamos algumas falas. dos possíveis, os sinais da criação histórica e assim inscrever sua ação no tempo.
“... refere-se á forma como os homens se organizam socialmente no sentido de gerenciarem
as relações de poder...”(E1).
Formas de exercer a política:
Cortella (2010) afirma que a política é resultado de nossos atos, conscientes ou não. Visto
que se faz política mesmo quando não se sabe que está fazendo. A política de ação, não só a política Percebemos as várias formas de acordo com as seguintes respostas:
do cotidiano, mas a política como atividade e vida pública, exige participação. Parte das gerações “em quaisquer relações sociais, seja no âmbito familiar, social, político, entre outras”(E1).
mais jovens tem a felicidade como ideal de vida, Aristóteles pregava que a finalidade da política é a
feli-cidade, isto é a eudaimonia. Para Janine política é o mundo da heteronomia, política é o mundo Segundo Cortella (2010), fazemos política no prédio, no bairro, escrevendo, na convivência
feio, em que os políticos mandam. Eles fazem coisas que independem de nós. Somos autores do com a família, no modo como nos relacionamos com as pessoas com quem trabalhamos e assim por
quadro atual, somos responsáveis por ele. diante. Ele afirma antes de tudo que a política, não é obrigatoriamente consenso. O consenso é uma
parte do ato político, mas não é a única forma de lidar com as diferenças.
Já para Platão a política é “a arte de governar os homens com o seu consentimento” e o polí-
tico é precisamente aquele que conhece essa difícil arte, só poderá ser chefe quem conhece a ciência “em todas as instituições sociais: família, igreja, escola...”(E2).
política. Platão critica a política do seu tempo e recusa as formas de poder degeneradas (Aranha,
As organizações sociais e políticas criam espaços públicos e estruturas de oportunidade para
Martins, 1993).
a deliberação sobre questões coletivas e para aprender sobre política (VERBA et al., 1995; AVRIT-
“é o instrumento pelo qual os indivíduos de uma sociedade devem se valer para viabilizar, ZER, 2002; BAIOCCHI, 2003 in Rennó (2006). Assim, os participantes dessas organizações são
através da discussão de idéias, a vida em comunidade”(E2). mais propensos a entrar em contato com as ideias e opiniões de outros membros da organização. É
também mais provável que esses membros obtenham informações sobre políticas dos líderes de
Kuschnir (2006) sugeriu que a política é entendida, aqui, principalmente como um meio de
suas organi-zações. Pode-se supor que a distribuição da informação política dentro dessas
acesso aos recursos públicos, no qual o político atua como mediador entre comunidades locais e di-
organizações torna seus membros, em comparação com os não-militantes, mais informados.
versos níveis de poder. Esse fluxo de trocas é regulado pelas obrigações de dar, receber e retribuir, o
que o antropólogo Marcel Mauss ([1924] 1974) chamou de “lógica da dádiva”, e cujo princípio Seguindo a maior parte da literatura sobre o papel da informação nas eleições, não se espera
fundamental está no comprometimento social daqueles que trocam para além das coisas trocadas. que os eleitores saibam tudo sobre política para fazerem uma escolha esclarecida (LUPIA e
As pessoas que participam dessas redes, seja como eleitores, seja como políticos, nunca MCCUB-BINS, 1998; SNIDERMAN et al., 1991 in Rennó (2006). O partidarismo, portanto, é um
concordariam com os acadêmicos que consideram suas ações um mero “clientelismo”. atalho de informação que resume outras informações. Segundo Delli Carpini e Keeter (1996) in
Rennó (2006), os eleitores devem saber quem são os atores do sistema político, quais as questões
“lutar para que os nossos direitos e deveres sejam cumpridos”(E3).
mais importantes e qual a posição dos atores diante dessas questões.
Aristóteles relata que a finalidade da ação moral é a felicidade do indivíduo, também a política

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“no dia-a-dia, em debates de idéias...”(E3). orientações ideológicas da maioria dos candidatos e partidos políticos.

Rennó (2006) afirma que a maior parte da literatura, especialmente aquela sobre o orçamento
participativo (OP) do Partido dos Trabalhadores do Brasil, sustenta que o OP é uma estrutura de opor-
“quando dentro da política se vê o querer social, podemos escolher fazendo uso da
tunidade para que os indivíduos se reúnam e debatam não só problemas locais, mas também discutam
liberdade. A política nos torna mais humanos quando visa o bem comum...”(E2).
política num sentido mais amplo. O paradoxo está no fato que, numa democracia, espera-se equidade
pelo menos na esfera política. O OP é um instrumento de democracia direta através do qual os cida-dãos
influenciam a formulação dos orçamentos de investimento municipais por meio de assembleias
A explicação corrente é que eleitores usam atalhos cognitivos e dicas recebidas através de redes
periódicas nos bairros; é uma forma de democracia que enfatiza a deliberação dos cidadãos, bem como a
de amigos, membros da família ou grupos para informar os seus votos e atitudes (HUCKFELDT e
transparência e accountability na política orçamentária.
SPRAGUE, 1995; BAKER, AMES e RENNÓ, 2006 in Turgeon; Rennó (2010)). Assim, encontramos
Nas reuniões, as prioridades de investimento na cidade são definidas mediante o voto direto dos evidências de que mudança nos níveis de informação política é um importante fator na formação de
participantes. Seguindo a literatura, a principal hipótese testada é que aqueles que participam de opiniões e atitudes políticas. Uma atitude política define-se como uma avaliação positiva ou negativa de
reuniões do OP se tornam mais bem informados sobre a política. Uma segunda hipótese, que ainda não certo objeto político como um partido, um programa governamental, uma política pública e assim por
foi levantada tampouco testada, é que os níveis de informação dos militantes, adquiridos através da diante, e pode ser baseada em elementos afetivos ou cognitivos ou em ambos (SCHWART e
participação no OP, não se diferenciarão entre homens e mulheres, ricos e pobres, negros e brancos. BOHNER, 2001 in TURGEON; RENNÓ (2010)).

Neste sentido, a participação no OP aumenta diferenças de informação entre ativistas e não- O impacto da informação política em atitudes políticas declaradas não é trivial e que uma
-ativistas, mas atenuaria as diferenças de gênero, raça e renda dos participantes. A principal hipótese, cidadania mais bem informada sobre política pensa diferentemente de uma menos informada.
neste caso, é que as organizações que estão mais diretamente ligadas ao sistema político, tais como
“a política não traz liberdade, porque não é efetiva no que propõe. Dessa forma não me
sindicatos e partidos, terão um impacto mais decisivo sobre os graus de informação política dos mi-
litantes do que organizações mais voltadas a questões extra-políticas e de nível local e preocupações torna mais humano, não me ajuda em nada”(E3).
extra-políticas, como associações de bairro, grupos ligados à igreja e o próprio OP (RENNÓ, 2006).

Segundo alguns, a falta de informação afeta de maneira importante as atitudes políticas dos
Existe benefício da política na vida das pessoas: eleitores. Já para outros, a informação política não é relevante para formação de opiniões. Décadas
de pesquisa, no Brasil e em outros países, corroboram que a maioria dos cidadãos sabe pouco acerca
Percebe-se os benefícios de acordo com as seguintes respostas: da política (BENNETT, 1989; Converse, 1964; DELLI CARPINI & KEETER, 1996; RENNÓ,
2007 in TURGEON; RENNÓ (2010)). De acordo com alguns pesquisadores, a ausência de
informação tem poucas consequências, porque a maioria das pessoas vota como deveria e têm
“a política acaba trazendo liberdade, sobretudo num Estado democrático de direito. A atitudes “corretas” ou previsíveis, mesmo com níveis informacionais baixos. Ou seja, os eleitores
liberdade traz consigo a responsabilidade pelos atos em nome dela praticados. Sem a política, não comportam-se da mesma forma quando têm pouca ou muita informação política (BOWLER &
somos humanos, a política só se faz entre homens...”(E1). DONOVAN, 1998; LUPIA, 1994; LUPIA & MCCUBBINS, 1998; POPKIN, 1991; SNIDERMAN,
BRODY & TETLOCK, 1991 in TURGEON; RENNÓ (2010)).

Para Howlett (2000), os meios de comunicação desempenham um papel muito ativo e


De acordo com Cortella (2010), o idiota não é livre porque toma conta do próprio nariz, pois só
continuado, influenciando e refletindo a construção da agenda. Influencia a formação de políticas ao
é livre aquele que se envolve na vida pública, na vida coletiva. Cortella (2010) afirma que, o que nos
gerar a atenção do público e, através dela, a pressão política para que certos atores passem a atuar
torna mais humanos é justamente a capacidade do exercício da política como convivência e como
sobre uma questão particular.
conexão de uma vida. Turgeon Rennó (2010) diz que não é novidade que o cidadão brasileiro, como
outros vivendo em países democráticos, em média sabem pouco sobre seus governos e sobre as A cobertura da mídia, porém, não apenas aumenta as percepções e atenção públicas sobre

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várias questões, mas as constrói, definindo-as como econômicas ou políticas, sociais ou pessoais,
radicais ou conservadoras. O que é relatado, como é relatado, quem relata e o caráter do meio de
“o político está desacreditado, não pensam no bem comum...” (E2).
comunicação, tudo isso tem implicações para a mensagem da mídia ao público. No entanto, existem
várias limitações ao papel da mídia como ator no processamento das políticas que a tornam um
agente mediador imperfeito para a opinião pública e faz com que a ligação entre a opinião pública e
Valente (2009) mostra que a primeira constatação é que se trata de um fenômeno atual a
a formação de políticas seja indireta.
desimportância da política como esfera decisória dos destinos públicos, confundida apenas com o
ato de votar de tempos em tempos. Essa “desimportância” se amplia cada vez mais com o enorme
peso econômico das corporações, que tornam sem valor os controles da cidadania sobre a vida
Visão da política atualmente:
pública. A terceira constatação é que a própria política está mais e mais reduzida ao espetáculo.
Pôde-se visualizar este fato nas falas seguintes:
Em sociedades de massa, com mecanismos de controle e participação popular praticamente
inexistentes, prepondera o peso dos meios de comunicação na definição daquilo que é ou não é
importante do ponto de vista do debate público. Tamanha é a desimportância da política que mesmo
“a moralização política sempre será mais lenta que os tentáculos da corrupção...”(E1).
as grandes questões parecem ser decididas por fora dessa esfera. Qualquer leitor mais atento
Cortella (2010) relata que a política era o ápice da vida humana e atualmente se vê a vida percebe que a política desapareceu dos cadernos dos grandes jornais destinados a tratar desse tema.
política como safada e político com pilantra, ou seja, era uma atividade considerada e agora é
A política hoje se revela ou nos cadernos de economia, onde estão retratadas as grandes
vergonhosa. Janine defende a idéia que a corrupção não aumentou, ela só esta sendo mais
transações, que definem a vida de milhões, mas que emergem pouco à esfera pública, ou nos
percebida. A corrupção é o que há de mais anti- republicano, porque vai na jugular da res publica,
cadernos de cotidiano, que tratam da verdadeira crise social em que o país está mergulhado, com
põe em xeque a coisa pública e o bem comum.
ausência de recursos para as áreas sociais, colapso e privatização do sistema de saúde, sucateamento
Ele pensa que, para estimar a política é importante a ação ser eficaz: o indivíduo precisa da educação pública, explosão da violência nos perímetros pobres das grandes cidades.
sentir que sua iniciativa tem um retorno, produz algum resultado. Se ele nunca tiver uma resposta
positiva, acabará desistindo de agir. Por um lado, as pessoas não sabem exatamente o que esperar da
política, por outro lado sentem que os resultados obtidos são limitados. Janine afirma ser um erro “vejo a política voltada aos interesses próprios e de seus familiares...” (E3).
nossos políticos pensarem que se ganharem, levarão tudo. Ele diz que política faz bem, que nos
sentimos vivos, e sentir-se vivo é saber que a corrupção é algo que não se deseja e por isso, deve ser
empreendida uma ação para que ela deixe de existir. Sentir-se vivo é também sentir-se participante. A overdose de denúncias de corrupção – que pode até não ter crescido, mas apenas ganhado
novos holofotes – cria no imaginário popular a sensação de que tal prática tornou-se tão cotidiana e
Afinal, a mesma situação que gera o problema e a consciência dele, gera também os meios
constante a ponto de contaminar toda a política. Ou seja, a corrupção é algo natural ao Estado e aos
para resolvê-los. A política não pode ser anulação, tem de propiciar possibilidades de convivência.
políticos brasileiros que, portanto, não são dignos ou capazes de participar do jogo democrático e
Ele é a favor da política.
decidir os rumos da nação.
Para Kuschnir (2006) a política opera com valores da sociedade mais abrangente,
Para Brooks in Howlett (2000) descobrindo a pouca relação entre opinião pública e a formação
tradicionalmente associados a outras esferas da vida social, como família e religião, mas
de políticas, chama o fenômeno de “frustração democrática”, sugerindo que ele resulta de um problema
considerados ilegítimos quando operados na esfera política. Como afirmou Abélès (1997) in
quando o sistema de políticas não reage de maneira apropriada ao sistema democrático. O ato de votar
Kuschnir (2006), a antropologia não tem como objetivo criticar as práticas políticas, mas entender a
é muitas vezes concebido em termos de avaliação de políticas, ou seja, como uma atividade coletiva
maneira pela qual as relações de poder emergem numa situação determinada, adquirindo significado
em que eleitores individuais julgam as políticas de um governo.
para os atores sociais. Parte sempre do pressuposto de que a “democracia” é um modelo teórico, e
que, portanto, não existe de forma pura. No entanto, embora o ato de votar seja o mais básico e importante meio de participar dos
processos políticos dos estados democráticos, ele dá ao eleitor a oportunidade de expressar apenas

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sua escolha geral de governo, mais que sua escolha de políticas específicas. Em outras palavras, Turgeon, Mathieu; Rennó, Lúcio. Informação política e atitudes sobre gastos governamentais e
ainda que os partidos e os candidatos em busca de votos possam tentar oferecer pacotes de políticas impostos no Brasil: evidências a partir de um experimento de opinião pública. São Paulo, v.16,
que, esperam, atrairão os eleitores, o sistema eleitoral não é estruturado de modo a permitir aos p.143-159, 2010.
eleitores uma escolha de políticas específicas.
Valente, Ivan. Estudos avançados: a crise da grande política. São Paulo, p.119-125, 2009.

CONCLUSÃO

As respostas dos representantes públicos do município estudado nos fizeram aprofundar


nossa reflexão sobre política. Não percebemos um distanciamento de suas respostas com o que
Janine e Cortella discutem em seu livro “Política para não ser idiota”. Algumas falas apontam a
necessidade de aproximar a população da política, é preciso desenvolver formas mais avançadas de
participação, organização e controle popular sobre o que é público. Por tudo isso, é preciso
aumentar participação popular e mecanismos eficazes de transparência e controle público.

Por fim, é importante participar ativamente da sociedade, se mostrando um cidadão


comprometido com sua família, com seu bairro, cidade, país, dando exemplo de honestidade e
cidadania em pequenos gestos, como não “furar a fila”, devolver objetos esquecidos, não jogar lixo
no chão, participar das reuniões do conselho de saúde, ou do conselho comunitário, votar
conscientemente, desestimulando a prática da venda de votos, dentre outros pequenos gestos que
fazem toda a diferença. É necessário se responsabilizar pela sociedade, participando dos assuntos
que são de interesse social, para que desta forma possamos ter uma vida melhor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Maria Lúcia De arruda; Martins, Helena Pires. Filosofando: introdução á filosofia.
São Paulo: Moderna, 1993.

Cortella, Mário Sérgio; Ribeiro, Renato Janine. Política para não ser idiota. São Paulo: Papirus 7
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Howlett, Michael. A Dialética da Opinião Pública: efeitos recíprocos da política pública e da opi-
nião pública em sociedades democráticas contemporâneas. São Paulo,v.6, p.167-186, 2000.

Kuschnir, Karina. Métodos e explicações da política. São Paulo, v.22, p.166-178, 2006.

Rennó, Lúcio. Os militantes são mais informados? Desigualdade e informação política nas
eleições de 2002. São Paulo, v.12, p.329-347, 2006.

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE natureza são necessárias amostras periódicas regulares (Seigel & Ford, 1987; Vanzolini, 1986).
Uma alternativa que dá bons resultados é estudar aspectos reprodutivos de uma ou duas espécies
através de exemplares preservados em coleções, o que possibilita análises de séries que cobrem
vários anos (Marques, 1996; Alves et al., 2005; Prudente et al., 2007). Outra é fazer inferências
Geziana Silva Siqueira Nunes sobre os aspectos reprodutivos através da literatura.
(Mestra pelo Núcleo de Pós Graduação em Ecologia e Conservação - NPEC, na UFS)
Para estudos de comunidades de serpentes feitos em curto espaço de tempo, as coletas embora
geziananunes@yahoo.com.br
intensivas, não são robustas ao ponto de cobrir todos os períodos do ano para todas as espécies
Adauto de Souza Ribeiro
(Prof. Doutor do NPEC da UFS)
(Sawaya et al., 2008; Fitch, 1985). Neste caso, todas as informações que puderem ser obtidas serão
adautosr@ufs.br muito bem-vindas para compor um cenário, cujos elementos possam expressar algumas dimensões
do nicho reprodutivo de uma taxocenose. Os objetivos do presente estudo são abordados sob três
Juliana de Carvalho Cordeiro
(Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, na UFS) dimensões: descrever a morfologia das gônadas das serpentes machos e fêmeas, analisar os órgãos
julianacordeiro.ufs@gmail.com do sistema reprodutor para determinar estágios reprodutivos e não-reprodutivos, bem como discutir
Jusivânia Silva dos Santos Cruz sobre os ciclos reprodutivos.
(Graduada em Ciências Biológicas pela UFS)
jusivaniasilva@hotmail.com

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo: Os dados foram obtidos na região da Caatinga do estado de Sergipe, nas
RESUMO
seguintes localidades: Itabaiana (10o43’S, 37o28’41W); Lagarto (10o54’S, 37o39’W); Pedra Mole

O conhecimento a respeito da biologia reprodutiva é importante para uma melhor compreensão sobre (10o36’S, 37o41’W); Poço Redondo (9o47’S, 37o40’W); Poço Verde (10o45’S, 38o9’53W); Simão Dias
alguns aspectos do nicho reprodutivo de uma taxocenose estudada. O presente estudo tem como objetivo (10o45’S, 37o46’W); Tobias Barreto (11o11’S, 37º59’W).
descrever alguns aspectos morfológicos das gônadas e os ciclos reprodutivos das serpentes de seis
municípios no contato da Caatinga do estado de Sergipe. Foram examinados no laboratório
119 exemplares de serpentes representando 34 espécies. A reprodução das espécies na taxocenose
estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas
(35%) estarem em fase reprodutiva, com folículos vitelogênicos. Com relação à sincronia reprodutiva Figura 1 – Mapa dos municípios que serão amostrados em Sergipe
dentro da espécie, os dados sugerem que algumas espécies podem não ser sincrônicas, porque houve a (Modificado - Atlas digital sobre recursos hídricos, Secretaria de
presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas num mesmo período. Na Caatinga estudada não Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia, 2008).
houve diferença significante entre as serpentes fêmeas e os machos reprodutivos coletados durante os
dois anos de estudo, sugerindo que ambos os sexos estão reprodutivos nas mesmas épocas.

Palavras-chave: Gônadas; Reprodução; Serpentes; Caatinga; Sergipe.

Km

INTRODUÇÃO

Material e Métodos: Foram examinados no laboratório 119 exemplares de serpentes


A biologia reprodutiva de serpentes é uma dimensão ecológica fundamental para conhecermos
representando 34 espécies. Com um bisturi era feito um corte na região ventral, desde a área cloacal
e interpretarmos o nicho reprodutivo das espécies de serpentes na comunidade onde estão inseridas
até o final da região onde se localizava o aparelho reprodutor. Os cortes variavam de tamanho a
(Pianka, 2000). Serpentes são animais difíceis de serem estudados sob este aspecto. Encontrar cobras
depender da espécie e porte do indivíduo e as camadas do revestimento corporal eram rebatidas
no campo é obra do acaso e este fator constitui uma séria limitação, porque para estudos desta
com auxílio de espátulas e pinças, para que as gônadas pudessem ser visualizadas, medidas com uso

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de paquímetro digital, analisadas em sua morfologia e fotografadas. Os espécimes foram coletados região mediana denominada tuba uterina; na região da cloaca é a vagina (Gomes & Puorto, 1993).
entre 2008-2009, licença de coleta 21198-1 SISBIO. Os espécimes foram obtidos através de busca Foram observadas algumas diferenças nos folículos vitelogênicos das serpentes da Caatinga.
ativa (Crump & Scott, 1994) e também coletados por moradores da região. Após análises, o Em Boiruna sertaneja os folículos têm forma elipsóide, são deprimidos nas extremidades; em Chironius
material foi devidamente etiquetado, fixado em formalina 10% e conservado em álcool 70%. Os os folículos têm forma elipsóide, as extremidades são arredondadas. É possível que estas variações
exemplares encontram-se tombados no Instituto Butantan e na Coleção Herpetológica da morfológicas estejam relacionadas ao número e tamanho dos embriões e o espaço no corpo da mãe para
Universidade Federal de Sergipe - CHUFS. Na análise estatística utilizou-se o teste Q de Cochran. alojá-los (Almeida-Santos, 2005). Em Boiruna foram encontrados 11 folículos vitelogênicos, em
Chironius o exemplar tinha 5 folículos vitelogênicos. Os tamanhos dos folículos vitelogênicos maiores
variam entre as espécies (Ibid). Por exemplo, Boiruna sertaneja apresentou folículos com 53mm,
RESULTADOS E DISCUSSÃO Chironius flavolineatus 33mm, Leptodeira annulata 15mm, Leptophis ahaetulla 24mm, Oxyrhopus
trigeminus 26mm, Philodryas nattereri 20mm e Philodryas patagoniensis 38mm.
Morfologia das gônadas e principais aspectos reprodutivos das fêmeas
Morfologia das gônadas e principais aspectos reprodutivos dos machos
O sistema reprodutor das serpentes fêmeas (Figuras 2-4) é formado por dois ovários e dois
ovidutos, dispostos assimetricamente, o direito é mais anterior. Os ovários são constituídos por folículos O sistema reprodutor dos machos (Figuras 5-6) é formado pelos testículos, epidídimos e
formados por células especializadas, cujo número varia entre as espécies. Nas cobras imaturas os ductos deferentes. Os testículos estão suspensos pelo mesórquio e por ligamentos, assimetricamente
folículos (oócitos) são pequenos e as células são indiferenciadas. Ao atingirem a primeira reprodução as situados no abdome, o testículo esquerdo é mais anterior em todos os exemplares dissecados. Além
células foliculares se diferenciam e formam camadas compostas pelas oôgonias. Nesta fase começa a disso, afiguram-se esbranquiçados e sua forma varia de acordo com o estado reprodutivo. No geral
deposição de vitelo – lipoproteína formada no fígado –, cuja função é nutrir o embrião caso haja são alongados e se comunicam com a cloaca através dos dutos deferentes (Almeida-Santos, 2005).
fecundação. Aldridge (1979) denominou esta fase de vitelogênese primária, a qual ocorre em todas as Nos machos reprodutivos os testículos são mais volumosos, convolutos, cujo tamanho
serpentes (em todos os répteis), mas varia de acordo com fatores externos. Estes fatores externos, por depende da espécie. Por exemplo, num exemplar de Chironius adulto pode chegar até 20 mm, já
exemplo, a temperatura e a pluviosidade, vão desencadear os processos reprodutivos, os quais variam num exemplar adulto de Leptotyphlops o testículo não ultrapassa 4 mm. Na fase reprodutiva os
dentro da mesma espécie, dependendo da região geográfica. Nem todos os folículos ficam vitelogênicos, epidídimos estão hipertrofiados, convolutos, de cor esbranquiçada, cujo tamanho depende da
apenas aqueles mais anteriores, próximos aos ovidutos. E destes, nem todos ficam vitelogênicos ao espécie; ligam-se das adrenais até o início dos ductos deferentes (Seigel & Ford, 1987). O conjunto
mesmo tempo, vai depender do ciclo de cada espécie. epidídimos-adrenais é envolto por um tecido conjuntivo contido no meso que prende lateralmente
Numa fase mais adiantada há aumento de água, cálcio, lipídeos e proteínas nos folículos os testículos à aorta. Os ductos deferentes que estão em continuação aos epidídimos na sua porção
vitelogênicos, os quais, macroscopicamente ficam amarelados e de tamanho muito maior do que os posterior são menos convolutos (Ibid).
demais folículos. É a vitelogênese que Aldridge (1979) classificou como secundária. Os folículos O hemipênis tem a função de se fixar na cloaca das fêmeas durante a cópula, geralmente só um
nesta fase estão prontos para se desprenderem dos ovários e migrarem para os ovidutos. O lado é introduzido. É uma adaptação comum entre os vertebrados, de forma a garantir fecundação. Os
desprendimento do folículo deixa uma cicatriz, formada por um tecido de aspecto fibroso, de cor hemipênis das serpentes, como em todos os répteis, apresentam diferenças morfológicas entre as
esbranquiçada. É o corpo lúteo, que após algumas semanas pode desaparecer. Esta estrutura é espécies e é um importante caráter sistemático (Mossmann, 2001). Por exemplo, na Caatinga os
importante para caracterizarmos uma desova recente e inferirmos se o indivíduo produz mais de hemipênis de Chironius são bifurcados, com espículas cutâneas distribuídas por todo o órgão, já os
uma ninhada na mesma estação reprodutiva (Ibid). hemipênis de Crotalus são estruturas pares tubulares, profundamente bifurcadas, com as espículas
Os dois ovidutos são estruturas tubulares de paredes elásticas, que ligam os ovários à cloaca. cutâneas mais concentradas na base, as extremidades são lisas (Figura 6). Entretanto, em alguns gêneros
São neles onde os óvulos são fecundados e se forma o envoltório que no meio externo evita o a morfologia do hemipênis é semelhante entre as espécies, como é o caso de Philodryas (D’Agostini,
dessecamento. Nos indivíduos reprodutivos os ovidutos são convolutos, esbranquiçados e elásticos; nos Cappellari & Santos-Costa, 2000). Normalmente os hemipênis ficam retraídos na região caudal das
indivíduos não reprodutivos ou imaturos os ovidutos são diáfanos e não convolutos. Os ovidutos serpentes, como em todos os répteis.
acompanham as alterações foliculares. A região anterior dos ovidutos é chamada infundíbulo, não
contém dobras e é bem irrigada por vasos linfáticos, presa por ligamentos no intestino e no fígado.
Esta região do oviduto possui uma abertura lateral voltada para os ovários, conhecida por óstio, e uma

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Figura 2. Óvulos e ovidutos de Boiruna sertaneja.

Figura 5. Boa constrictor: te - testículo esquerdo, int -intestino,


rie - rim esquerdo (adaptado de Gomes et al., 1989).

Figura 3. Óvulos e ovidutos de Chironius flavolineatus.

Figura 6. A. Hemipênis de Chironius flavolineatus -


vista ventral; B. Hemipênis de Crotalus durissus,
vista dorsal.

Figura 4. Boa constrictor: ovad - ovário direito, ovae - ovário esquerdo,


ovu - óvulos, ov - ovidutos, int - intestino, rid - rim direito, rie - rim
esquerdo, pu - papila urinária (adaptado de Gomes et al., 1989).

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Modos reprodutivos Caatinga (Vanzolini et al., 1980; Vitt & Vangilder, 1983). As informações mais detalhadas são com
relação ao ciclo das fêmeas, porque incluem associações entre o tamanho da ninhada por fêmea,
tamanho e massa corporal das fêmeas em relação ao tamanho e massa corporal dos ovos, frequência
Pragmaticamente podemos categorizar os tipos de reprodução das serpentes em partenogênese,
de desovas e sazonalidade (Vitt & Seigel, 1985).
ovíparas e vivíparas. Entre os répteis a partenogênese – reprodução sem fertilização, só fêmeas – é mais
Há uma interessante hipótese, bastante testada nas últimas décadas, envolvendo a reprodução de
comum em lagartos, por exemplo, no gênero Cnemidophorus e Gymnophthalmus (Vrijenhoek et al.,
serpentes de regiões temperadas e de regiões tropicais: nas primeiras a reprodução seria sazonal e
1989). A serpente citada na literatura como sendo partenogenética é o tiflopídeo (família Typhlopidae)
uniforme, na segunda seria contínua (Shine, 1977, Aldridge, 1982). Estudos posteriores mostraram que
Ramphotyphlops braminus, que ocorre na Ásia e África (Wynn et al., 1987).
as estratégias reprodutivas são muito mais complexas, porque a mesma espécie pode apresentar
A maioria das serpentes é ovípara, os ovos são desenvolvidos nos ovidutos, fecundados e
reprodução contínua num domínio e ser sazonal em outro. No geral a reprodução das serpentes nas
depositados em vários locais para serem incubados. O tempo de incubação varia entre as espécies.
regiões tropicais ocorre na época das chuvas, em lugares onde a pluviosidade é regular, mas nas regiões
Na reprodução por viviparidade os filhotes já nascem vivos. Os embriões se desenvolvem através
com pouca chuva ou estas são irregulares, como na Caatinga, pouco sabemos como os ciclos
de modificações do epitélio maternal, havendo trocas gasosas entre o embrião e a mãe (Albieri et
reprodutivos das serpentes respondem (Almeida-Santos, 2005).
al., 1989). Há na literatura uma interessante discussão sobre este modo reprodutivo porque algumas
As Tabelas 1 e 2 sumarizam os dados reprodutivos das serpentes da Caatinga deste estudo.
serpentes retêm os ovos no abdome por algum tempo, nascendo os filhotes vivos (Shine &
As amostragens foram muito irregulares e o número de exemplares coletado por espécie também foi
Thompson, 2006). Então entre as espécies vivíparas existe uma gradação morfológica e fisiológica
baixo, como era esperado em estudos sobre comunidades de serpentes. Entretanto, algumas inferências
entre as espécies que apresentam retenção uterina dos ovos e aquelas nas quais ocorrem
podem ser feitas: A reprodução das espécies na comunidade estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é
modificações no epitélio materno, envolvendo trocas gasosas com o feto. Uma hipótese seria que a
baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas (doze espécies que representam 35% do total
viviparidade teria como evento precursor a retenção de ovos e estaria relacionada com climas frios,
amostrado) estarem reprodutivas, com folículos vitelogênicos. A pergunta que emerge é a seguinte:
uma adaptação para a proteção dos ovos (revisões em Yaron, 1985; Nunes, 2008).
Qual é o período reprodutivo das serpentes da Caatinga sergipana? Fica como hipótese a ser verificada a
Nas serpentes da Caatinga, as leptotyphlopídeas e typhlopídeas são ovíparas (famílias
possibilidade da reprodução das espécies na área de estudo ser durante a estação chuvosa, o que na
Leptotyphlopidae e Typhlopidae). São vivíparas as boídeas, jibóias e a salamanta (família Boidae),
região vai de maio a agosto. Talvez esta hipótese explique também o número de espécies não
e as viperídeas (família Viperidae), com exceção da surucucu pico-de-jaca (Lachesis muta), que é
reprodutivas (dezessete), já que a maior parte das coletas foi realizada durante os meses da estiagem,
ovípara. A surucucu é o típico exemplo de animal amazônico que – entre outros – são encontrados
setembro a abril. Para as demais espécies (cinco) não foi possível obter dados sobre a reprodução.
no domínio da Mata Atlântica (Shine & Thompson, 2006). É uma serpente que não ocorre na
Com relação à sincronia reprodutiva dentro da espécie, os dados revelam que algumas
Caatinga e nem no Cerrado. Na região de Sergipe há referências populares para esta espécie, mas
espécies não são sincrônicas, já que houve a presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas
até o momento não se tem notícia de nenhum exemplar que houvesse sido coletado.
dentro da amostragem realizada (oito espécies, Tabela 1) num mesmo período. Esta observação dá
As elapídeas (família Elapidae), das cobras corais verdadeiras, são ovíparas; as colubrídeas
motivo para a formulação de algumas perguntas, por exemplo: Por quanto tempo é possível
(família Colubridae) podem ser ovíparas ou vivíparas, a primeira categoria é mais comum. Na
observamos corpos lúteos nos ovários? Quantas ninhadas uma fêmea produz por período
região da Caatinga sergipana nós temos Thamnodynastes pallidus como exemplo de colubrídea
reprodutivo? Estes são dados fundamentais para entendermos também a estrutura das populações
vivípara, como todas as espécies do gênero (Franco & Ferreira, 2002). O gênero Helicops apresenta
das espécies na área de estudo e podermos produzir as tabelas de vida (Pianka, 2000).
dois modos reprodutivos: as espécies H. angulatus e H. hagmani (da Amazônia) são ovíparas, as
Com relação aos machos, é possível que estes estejam produzindo espermatozoides durante o
demais são vivíparas (Pizzato et al., 2006). Em Sergipe ocorre H. angulatus. decorrer de todo o ano, como ocorre comumente com espécies de outras regiões (Vitt & Vangilder,
1983). Entretanto, esta hipótese só poderá ser verificada através de dados histológicos das gônadas,
desde que tenhamos uma boa série por período, o que, como dito, não é tarefa fácil (Ibid).
Ciclo reprodutivo
Na Caatinga estudada não houve diferença significante entre as fêmeas e os machos
reprodutivos coletados durante os dois anos de estudo, sugerindo que ambos os sexos estão
Até a década de 1980, a maioria das informações sobre ciclo reprodutivo foi obtida nas regiões
reprodutivos nas mesmas épocas (Q Cochran = 0.0667, g.l. = 1, p> 0.05, Tabela 2).
temperadas, principalmente nos Estados Unidos (Fitch, 1982; Licht, 1984). Nesta época aumentaram os
relatos sobre biologia reprodutiva de serpentes, com dados sobre a Mata Atlântica, Cerrado e

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Tabela 1. Condição das gônadas das serpentes fêmeas e (*) número de exemplares analisados. Liophis poecilogyrus 1 1
Liophis viridis 1 1
Reprodutivos + Não
Reprodutivos Não Reprodutivos Oxybelis aeneus 0 1
Reprodutivos
Oxyrhopus petolaW 0 0
Atractus cf. ronnie (2) Boiruna sertaneja (1) Leptotyphlops borapeliotes (1)
Oxyrhopus trigeminus 1 1
Chironius flavolineatus (4) Leptophis ahaetulla (2) Typhlops brongersmianus (1)
Philodryas nattereri 1 1
Leptodeira annulata (2) Philodryas patagoniensis (3) Boa constrictor (2)
Philodryas olfersii 0 1
Liophis miliaris (4) Taeniophallus occipitalis (1) Epicrates cenchria (5)
Philodryas patagoniensis 1 0
Liophis poecilogyrus (8) Eunectes murinus (1)
Pseudoboa nigra 0 1
Liophis viridis (4) Atractus cf. taeniatus (1)
Siphlophis compressus 0 1
Oxyrhopus trigeminus (7) Chironius carinatus (1)
Spilotes pullatus 1 0
Philodryas nattereri (9) Erythrolamprus aesculapii (1)
Taeniophallus occipitalis 0 0
Helicops angulatus (1)
Thamnodynastes hypoconia 0 0
LiophiWs cobella (1)
Thamnodynastes pallidus 0 0
Oxyrhopus petola (2)
Xenodon merremii 0 1
Philodryas olfersii (1)
Micrurus ibiboboca 0 1
Pseudoboa nigra (1)
Bothrops leucurus 0 1
Siphlophis compressus (1)
Crotalus durissus 0 0
Xenodon merremii (1)
Micrurus ibiboboca (3)
Bothrops leucurus (5) (Q Cochran = 0.0667, g.l. = 1, p> 0.05).
8 espécies 4 espécies 17 espécies

Tabela 2. Condição das gônadas de serpentes machos e fêmeas. CONCLUSÕES

Espécie Fêmeas Reprodutivas Machos Reprodutivos


A reprodução das espécies na taxocenose estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é
Leptotyphlops borapeliotes 0 0
Typhlops brongersmianus 0 0
baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas coletadas que corresponde a 35%, se
Boa constrictor 0 0 encontrarem na fase reprodutiva, apresentando folículos vitelogênicos. Com relação à sincronia
Epicrates cenchria 0 1 reprodutiva dentro da espécie, os dados sugerem que algumas espécies podem não ser sincrônicas,
Eunectes murinus 0 0 porque houve a presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas num mesmo período.
Atractus cf. ronnie 1 0 No tocante aos indivíduos machos, é provável que estes estejam produzindo
Atractus cf. taeniatus 0 0 espermatozoides durante o ano inteiro, num ciclo contínuo.
Boiruna sertaneja 1 0
Chironius carinatus 0 0
Chironius flavolineatus 1 1 REFERÊNCIAS
Erythrolamprus aesculapii 0 0
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Liophis cobella 0 0 ALDRIDGE, R. D. 1982. The ovarian cycle of the watersnake Nerodia sipedon, and the effects of hypophysectomy and
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Liophis miliaris 1 0
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VITT, L.J. & SEIGEL, R.A. 1985. Life history traits of lizards and snakes. Amer. Naturalist, 125: 480-484.
VITT, L. J. & VANGILDER, L. D. 1983. Ecology of a Snake Community in Northeastern Brazil. Amphibia – mundo em termos de distribuição de renda, superando apenas por seis países da África e quatro da
Reptilia, 4: 273 – 296. América Latina” (TEMPORÃO, 2008, p.11).
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In: Dawley, R. M. and Bogart, J. P. (Eds.). Evolution and ecology of unisexual vertebrates. New York State Essas desigualdades sociais e econômicas produzem por sua vez, uma série de problemas,
Museum Bulletin. 466. Albany, New York, USA. pp. 19-23. a exemplo das iniquidades em saúde que segundo Temporão (2008), poderiam ser evitadas. As
WYNN, A. H.; COLE, C. J. & GARDNER, A. L. 1987. Apparent triploidy in the unisexual Brahminy blind snake,
Ramphotyphlops braminus. American Museum Novitates 2868:1-7. iniquidades, ou seja, as desigualdades em saúde “são produto de grandes desigualdades entre os
YARON, Z. 1985. Reptilian placentation and gestation: Structure, function, and endocrine control. Pages 527–603. In: diversos estratos sociais e econômicos da população brasileira” (...) “além de sistemáticas e
Gans C. and Billett F, eds. Biology of the Reptilia. Vol. 15. New York: John Wiley & Sons.
relevantes são também evitáveis injustas e desnecessárias” (TEMPORÃO, 2008, p. 11).
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Essas desigualdades sociais e econômicas, que por sua vez geram iniquidades em saúde, são Com vistas o alcance dos objetivos reportados, o estudo fora inicialmente estruturado de
provenientes do sistema neoliberal, modelo político-econômico exposto como um fator que forma a traçar relações entre os temas, o que resultou nos seguintes tópicos: Neoliberalismo e a
promove tais desigualdades. “O neoliberalismo atualmente produz o terror pela a ameaça do desigualdade social; Desigualdade social e as iniquidades em saúde; As iniquidades em saúde, a
desemprego, para ainda os desempregados, e a crescente exclusão econômica e social da maioria da fragilidade da cidadania e os princípios do SUS; SUS e o Neoliberalismo. Em seguida, são
população. A desigualdade é cada vez maior e fica mais evidente” (PIRES e REIS, 1999). apresentados e discutidos os resultados da pesquisa de campo.
Nesse sentido, Oliveira, et al (1998) especifica que a expansão e a consolidação do modelo
econômico neoliberal no Brasil expressa-se na área da saúde. Segundo Oliveira, et al (1998) as
evidências que comprovam tal fato, apregoam-se nos indicadores de morbimortalidade que Neoliberalismo e a Desigualdade Social
traduzem os processos que excluem e destituem a cidadania de 30 milhões de brasileiros situados
abaixo da linha de pobreza. Segundo Cambaúva e Silva, (2005) o modo de como a sociedade está estruturada comunga com
Enquanto o modelo neoliberal destitui a cidadania, a Constituição, por sua vez, assegura “a os pressupostos do neoliberalismo, modelo político-econômico em vigência no mundo capitalista.
garantia do exercício da cidadania ao declarar o direito à saúde e considerá-la como resultante de Ainda segundo tais autores, a visão que alicerça esse modelo é a seguinte:
condições adequadas de moradia, alimentação, educação, renda, meio ambiente, lazer, trabalho,
transporte, emprego, liberdade, posse da terra e acesso aos serviços de saúde” (MOURA , 1996, p. 3).
Os homens são desiguais por natureza. Concebido como juiz de suas próprias aspirações,
Nessa perspectiva, cidadania “significa, em essência, o direito de viver decentemente” (DIMENSTEIN, cada indivíduo deve lutar para atingir seus próprios objetivos, mesmo causando prejuízo
2000, p.29). aos seus semelhantes. Nesse “cada um por si”, o homem pode contar apenas consigo
mesmo, posto que, na perspectiva neoliberal, é dotado de capacidades tais como
Essas condições adequadas, citadas acima, caracterizam-se como Determinantes Sociais em autocontrole e autossuficiência diante dos demais (CAMBAÚVA e SILVA, 2005, p. 3).
Saúde (DSS). De acordo com Sobral e Freitas (2010) os determinantes sociais geram iniquidades
em saúde, os quais se “expressam, com maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente
bastante generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da Nessa perspectiva, esse modelo político-econômico institui uma competição entre os sujeitos.
população estão relacionadas com sua situação de saúde” (BUSS E PELLEGRINI, 2007, p.02). Essa situação de competitividade causa a exclusão de muitos, gerando grande desigualdade na
Segundo Buss e Pellegrini (2007) nas últimas décadas houve extraordinários avanços sobre sociedade. “O neoliberalismo atualmente produz o terror pela a ameaça do desemprego, para ainda os
os estudos dos determinantes sociais da saúde. Conforme Villar, apud Sobral e Freitas (2010), desempregados, e a crescente exclusão econômica e social da maioria da população. A desigualdade
alguns acontecimentos na atualidade, como o desgaste do modelo neoliberal de desenvolvimento e é cada vez maior e fica mais evidente” (PIRES e REIS, 1999).
as tensões geradas pela crescente iniquidade socioeconômica e seus efeitos sobre a saúde, tem O neoliberalismo além de promover, incentiva a desigualdade entre os homens e as
contribuído para o redirecionamento do foco das atenções da saúde pública para esse tema. sociedades, justificando-se através desse pensamento que lhe é característico, sendo, pois, condição
Tendo em vista essas questões, o presente estudo assume significativa relevância, no sentido importante para o crescimento econômico, no qual poucos concentram riquezas. Desse modo, o
de contribuir para a reflexão dos profissionais de saúde e acadêmicos acerca das desigualdades pensamento neoliberal entende que “a desigualdade social é um valor positivo para gerar e manter o
sociais, assim como com a relação com a situação socioeconômica e a produção das iniquidades em desenvolvimento econômico. A desigualdade é importante para a prosperidade, e a concentração de
saúde, de modo a assinalar um breve entendimento sobre a atual conjuntura e a importância da riquezas” (PIRES e REIS, 1999, p. 3).
teorização de saúde coletiva para busca de estratégias.
A pretensão de esclarecer questões sobre o neoliberalismo sua relação com as desigualdades
sociais no Brasil e os conflitos com os princípios do SUS é objeto epistemológico-científico A Desigualdade social e as iniquidades em saúde
assumido como proposta motriz deste artigo. Buscando entender como os mecanismos de produção
de iniquidades em saúde, os fatores determinantes da saúde, sobretudo, os sociais influenciam o Segundo Peres (2007) o Brasil está em 9º lugar em renda per capita na classificação entre os
estado de saúde das pessoas. Para tanto, buscou-se explicar conceitos e significados de expressões países em desenvolvimento e o 25º lugar em se tratando da proporção de pobres. O que evidencia
que têm relação direta com as temáticas. Conforme Dimenstein (2000) para compreender melhor o que o Brasil não é um país pobre, mas desigual. Esses números colocam o país “entre os países de
funcionamento das questões sociais é preciso conhecer bem os significados de expressões e alta renda e alta pobreza. Ao mesmo tempo em que está entre o 10% dos mais ricos, o Brasil integra
conceitos complicados. a metade mais pobre dos países em desenvolvimento” (PERES, 2007, p. 6).

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Todavia, o que significa renda per capita e o que é pobreza? Segundo Dimenstein (2000) a 1996, p. 3). Por outro, a Constituição contrapõe quando assegura ao sujeito a garantia do exercício da
expressão per capita quer dizer por cabeça, ou seja, renda por cabeça, por habitante. “É quando cidadania, declarando assim o direito à saúde e considerando a “saúde como resultante de condições
dividimos a produção de um país, ou seja, o Produto Interno Bruto (PIB) pelo número total de adequadas de moradia, alimentação, educação, renda, meio ambiente, lazer, trabalho, transporte,
habitantes. Em 1996, a renda per capita brasileira era equivalente a cerca de metade do preço de um emprego, liberdade, posse da terra e acesso aos serviços de saúde” (MOURA, 1996, p. 3).
carro popular” (DIMENSTEIN, 2000 p. 80). A pobreza é configurada quando a renda familiar não Outro contraponto a respeito das iniquidades em saúde e a essa postura do Estado de protetor
atinge determinada quantia por pessoa. “É considerada pobre a família com rendimento per capito social é o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Gouveia e Palma, (1999) o SUS tem sua
igual ou inferior a meio salário mínimo” (DIMENSTEIN, 2000 p. 65). institucionalização na Constituição Federal, nas Leis Orgânicas Federais 8080/8140 (...) apresentando
A autora Peres (2007) esclarece que a pobreza tem sua existência “quando um segmento da como “princípios a universalidade do atendimento, a equidade das ações, a descentralização dos
população é incapaz de gerar renda suficiente para obter elementos básicos que lhe garantam uma serviços e a participação social em seu controle” (GOUVEIA e PALMA, 1999, p. 2).
qualidade de vida digna. Esses são, por exemplo, água, saúde, educação, alimentação, moradia, entre O principio equidade tem uma grande importância nesse contexto. Segundo Paim e Silva (2010),
outros” (PERES, 2007, p. 6). De acordo com a autora, um país pode ter pobreza mesmo quando seu a equidade é considerada como um contraponto as desigualdades. Sendo essas desigualdades no aspecto
volume de riqueza é expressivo. Isso acontece quando esse volume de riqueza é mal distribuído. socioeconômico ou no aspecto de saúde. “A equidade implica em diminuir as diferenças evitáveis e
Conforme Peres (2007) é por causa dessa má distribuição que o Brasil é considerado um dos injustas, ao mínimo possível e na oferta dos serviços de saúde em função das necessidades de
primeiros do mundo em desigualdade social. Os números expressam essa desigualdade quando temos a pagamentos” (PAIM e SILVA, 2010, p. 3). Em relação à “distribuição de recursos, a noção de equidade
metade dos brasileiros mais pobres se apropriando apenas do mesmo valor que o 1% dos brasileiros admite a possibilidade de atender desigualmente os que são desiguais, priorizando aqueles que mais
mais ricos. “A renda de uma pessoa rica é 25 a 30 vezes maior que a de uma pessoa pobre. De acordo necessitam para poder alcançar a igualdade” (PAIM e SILVA, 2010, p. 4).
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 56.9 milhões de pessoas abaixo da Em relação ao principio universalidade, Paim e Silva (2010) afirmam que o sistema de saúde, ao
linha de pobreza e 24.7 milhões vivendo em extrema pobreza” (PERES, 2007, p. 6). ser universal, incide uma pressão em termos de qualidade, tendo em vista que todas as classes sociais
A desigualdade social tem como efeito a pobreza, ou seja, desigualdade social produz pobreza, a utilizariam o sistema, ou pelo menos por partes da classe média. Desse modo, “conceber e implementar
qual influencia a situação da saúde. Segundo Peres (2007), esse arranjo social tem como um dos traços serviços de saúde universais pode ser uma estratégia de assegurar as classes populares acesso a serviço
mais marcantes as iniquidades em saúde entre os grupos. “A consequência emblemática negativa de melhor qualidade e, portanto, exercitar a equidade” (PAIM e SILVA, 2010, p. 4).
produzida pela desigualdade social é a pobreza (PERES, 2007, p. 6), fenômeno emblemático De acordo com Paim e Silva, (2010) a defesa de políticas universais e igualitárias não
contemporâneo, ora presente em âmbito mundial, revela no campo da saúde sua face mais cruel” impede que, num momento seguinte, prevaleça o princípio da equidade. É possível constatar
(PERES, 2007, p. 1). sistemas universais que buscam a equidade para se tornarem mais justo.

No SUS, supõe que todos os brasileiros tenham acesso igualitário aos serviços de saúde e
As iniquidades em saúde, a fragilidade da cidadania e os princípios do SUS
respectivas ações, sem qualquer barreira de natureza legal, econômica, física ou cultural. A
equidade possibilita a concretização da justiça, com a prestação de serviços, destacando um
Conforme Temporão (2008), o Brasil situa-se entre os países com maiores iniquidades em grupo ou categoria essencial alvo especial das intervenções. E a integralidade tende a
reforçar as ações de intersetoriais e a construção de uma nova governança na gestão de
saúde. Essas iniquidades, ou seja, as desigualdades em saúde entre os grupos populacionais “são politicas públicas (PAIM e SILVA, 2010, p. 4).
produto de grandes desigualdades entre os diversos estratos sociais e econômicos da população
brasileira (...) além de sistemáticas e relevantes são também evitáveis, injustas e desnecessárias”
SUS e o Neoliberalismo
(TEMPORÃO, 2008, p. 11).
Segundo Gouveia e Palma, (1999) a importância do SUS como política social que marcha
Alguns autores expõem o conceito de iniquidade como algo que “corresponde à injustiça, seja
no sentido contrário dos atuais processos ideológicos, políticos e econômicos de exclusão social, é
como negação da igualdade, seja no âmbito da superestrutura político-ideológica, seja como um produto
reforçada quando se expõe propostas como a da Organização Pan-americana de Saúde. Nessa
inerente à própria estrutura social” (PAIM e SILVA, 2010, p. 6). Nesse sentido, “a marginalização
proposta o dirigente sugere que:
inerente aos direitos mínimos (...) se reproduz na maior parte do país onde a população, carente de
serviços, se submete ao Estado numa relação de gratidão e não de exercício de cidadania”
(MOURA, 1996, p. 3). O governo brasileiro, em meio à crise, abandone os atuais princípios constitucionais com
Se por um lado, o “Estado assume seu papel conservador de proteção social”, (MOURA, relação à saúde e passasse a garantir apenas uma “cesta básica” (sic) de doenças e

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procedimentos, composta por vacinas, atenção primária e saneamento, além do fim da problemáticas, foram analisados e confrontados com referencial teórico.
“gratuidade” dos serviços. Para além disso, o mercado de planos e seguros (GOUVEIA e
PALMA, 1999, p. 3).
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo Gouveia e Palma (1999) trata-se de uma proposta neoliberal, que não é nada A Pesquisa de Campo
inovadora; é, contudo, a reprodução do que o Banco Mundial defende há mais de uma década. Esse A pesquisa de campo tem como eixo os determinantes da saúde relacionados a comportamento e
Banco propõe, “explicitamente para o Brasil, o fim da saúde como direito, e de seu caráter público, estilo de vida, a acesso a ambientes e serviços essenciais como saúde e educação, a condições
universal e igualitário, Tal direito seria substituído por determinados procedimentos simplificados e habitacionais; a condições econômicas, culturais e ambientais. Para análise e discussão realizou-se um
de baixo custo, os demais destinados aos que pudessem pagar” (GOUVEIA e PALMA, 1999, p. 3). paralelo dos dados da pesquisa com dados estatísticos nacionais e baseou-se no modelo de produção
Os autores Gouveia e Palma (1999) ressaltam que a tese contraria de uma só vez, quatro dos social da doença elaborado por Diderichsen e colaboradores (2007). “Esse modelo enfatiza a

princípios constitucionais básicos do Sistema Único de Saúde, “contra a universalidade, uma política estratificação social gerada pelo contexto social, que confere aos indivíduos posições sociais distintas, as
quais, por sua vez, provocam diferenciais de saúde” (SOBRAL e FREITAS, 2010).
focalista; contra a integralidade, uma “cesta básica”; contra a igualdade, o favor e a porta do fundo de
Nessa perspectiva, a pesquisa focalizou questões voltadas para o analfabetismo, trabalho,
alguns hospitais; contra o controle público, as leis do mercado” (GOUVEIA e PALMA, 1999, p. 3).
renda, desenvolvimento do ciclo da pobreza e exclusão social. Para tanto, coletou-se dados sobre
escolaridade e renda per capita dos moradores do povoado Baixa do Juá, localizado no município de
METODOLOGIA Paripiranga-BA.
Em relação à escolaridade 12% das pessoas estudaram entre 8 a 11 anos, 40% das pessoas
Este trabalho constitui-se como um desdobramento dos estudos desenvolvidos na disciplina de estudaram entre 4 a 7 anos, 28% das pessoas estudaram entre 1 a 3 anos e 20% das pessoas nunca
Ações de Enfermagem em Atenção Básica de Saúde no segundo semestre de 2011. O estudo estudaram, ou seja, são analfabetas. É polêmica a definição de analfabetismo. “No Brasil, considera-se
caracteriza-se por levantamento bibliográfico, aprofundamento teórico sobre o tema e pesquisa de oficialmente alfabetizado quem sabe escrever um bilhete simples. Mas existem estudos indicando que
campo. Baseia-se no modelo descritivo de pesquisa, apropriando-se da abordagem quantitativa, a partir quem não foi pelo menos quatro anos à escola pode ser considerado analfabeto de fato”
da aplicação de entrevistas estruturadas. Na referida tipologia de entrevista, são feitas as mesmas (DIMENSTEIN, 2000, p. 161).
perguntas para cada um dos informantes, sendo elas perguntas claramente definidas. No caso específico
Gráfico 1. Média de anos de estudos das pessoas de 15 anos ou mais de idade do povoado
desse estudo, foram utilizadas, para a obtenção dos resultados, questões da ficha de Visita Domiciliar, Baixa do Juá Paripiranga BA 2011
que se configura como um instrumento de coleta de informação utilizado no âmbito da intervenção de
enfermagem de saúde pública. Participaram do estudo cinco famílias, totalizando vinte e cinco sujeitos,
moradores do povoado Baixa do Juá, localizado no município de Paripiranga-
BA.
As questões da ficha de Visita Domiciliar englobam os aspectos ambientais, comportamentais, e
natureza da atenção à saúde oferecida. Procurou-se focar sobre questões de identificação pessoal,
número de moradores, saneamento básico, grau de escolaridade, trabalho e renda. Os dados foram
analisados de acordo com a apreciação do conteúdo. Para imprimir consistência ao trabalho, utilizou-se
alguns aportes teóricos, a saber: As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil; O cidadão de
Fonte: Meireles (2011)
papel; Atenção primária à saúde: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia; e alguns
artigos. Estas obras se constituíram como suporte teórico e por vezes metodológico, concedendo
Os números mostram que houve uma mudança significativa em relação ao índice de
orientações para o desenvolvimento e aprofundamento desse estudo.
analfabetismo no país entre os anos de 1940 a 2000. “Na esfera do desenvolvimento social ocorreram
Procurou-se, anteriormente à coleta de dados, esclarecer sobre as questões envolvidas no
também grandes mudanças nas últimas décadas. Em 1940, 56% da população brasileira era analfabeta,
trabalho, tais como: objetivo da pesquisa e metodologia. Os dados recolhidos foram agrupados por
percentual que cai para 40% em 1960 e 13% em 2000” (TEMPORÃO, 2008, p. 29). Segundo
temas e apresentados em forma de gráficos. Os resultados alcançados, a partir das questões

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Dimenstein (2000), o analfabetismo se constitui como um dos sintomas da falta de cidadania, o Os autores Sobral e Freitas (2010) expõem que os elementos estruturantes da estratificação
mesmo compromete em vários aspectos a liberdade de um indivíduo. social, ou seja, a “causas das causas” são as políticas macroeconômicas, sociais e de saúde, o
Segundo Temporão (2008), o nível de instrução tem efeitos que são manifestados em contexto político e social e os valores e normas sociais e culturais. “Esses elementos estruturantes
diferentes formas: “na percepção dos problemas de saúde; na capacidade de entendimento das determinam e condicionam as posições ou estratos sociais” (SOBRAL E FREITAS, 2010).
informações sobre saúde; na adoção de estilos de vida saudáveis; no consumo e na utilização dos Os dados seguintes referem-se às condições de vida, como habitação, comportamento, estilo
serviços de saúde; e na adesão dos procedimentos terapêuticos” (TEMPORÃO, 2008, p. 46). de vida, acesso a ambientes e serviços essenciais de saúde, e adoecimento, este último sendo
Em relação à renda per capita familiar 100% das famílias têm renda igual ou inferior a meio resultante dos demais e influenciado por aspectos socioeconômico-ambientais. “A carga de
salário mínimo, 60% das famílias têm renda igual ou inferior a um quarto salário mínimo. “É doenças, tanto em países pobres quanto em países ricos, está intimamente relacionada às condições
considerada pobre a família com rendimento per capito igual ou inferior a meio salario mínimo” em que as pessoas nascem, vivem e trabalham, e são moldadas pela estratificação social e pelas
(DIMENSTEIN, 2000 p. 65). “Estatisticamente são consideradas indigentes famílias com rendimento condições econômicas, culturais, sociais e ambientais” (SOBRAL E FREITAS, 2010).
per capito igual ou inferior a um quarto do salário mínimo” (DIMENSTEIN, 2000 p. 65). Nesse sentido, contemplou-se as seguintes questões: meio ambiente, atentando para o
saneamento básico, qualidade da água; comportamento social e cultural relacionado ao uso de
Gráfico 2. Distribuição percentual das pessoas por classe de rendimento médio álcool e tabaco; natureza da atenção à saúde oferecida relacionado à procura do serviço de saúde em
mensal domiciliar per capita do povoado Baixa do Juá Paripiranga BA 2011 caso ou não de doenças, atendimento devido a problema de saúde.
No que se referem ao ambiente: ao esgotamento sanitário 100% dos domicílios convivem
com o esgoto a céu aberto, e sobre a qualidade da água os números expressam que 100% dos
domicílios são abastecidos por água da chuva e não há tratamento. Conforme Temporão (2008),
houve melhoria nos índices de cobertura de água e esgoto no período de 1999 a 2004 no país.
“Segundo a PNAD 2004, o percentual de domicílios particulares atendidos por rede geral abastecida
por água aumentou de 80% para 83% e o percentual de domicílio servido por esgotamento sanitário
adequado aumentou de 65% para 70%, no referido período” (TEMPORÃO, 2008, p. 55).
Sobre o comportamento social e cultural: 20% das pessoas consomem tabaco, 24% das pessoas
Fonte: Meireles (2011) são etilistas, consomem álcool. De acordo com Temporão, (2008) o tabagismo é reconhecido como
doença crônica gerada pela nicotina (...) sendo atribuindo “ao consumo de tabaco 45% das mortes por
Segundo Temporão (2008) os dados do censo, no ano de 2000 revelam que quase um terço, doenças coronariana, 85% das mortes por doença obstrutiva crônica, 25% das mortes por doenças
ou seja, “cerca de 30% da população tinha uma renda familiar per capita menor que meio salário e cerebrovasculares e 30% das mortes por câncer” (TEMPORÃO, 2008, P. 87). Quanto ao alcoolismo
75% uma renda familiar menor que dois salários mínimos, situando outro extremo 3% da população Temporão (2008) expõe que 3,2 % das mortes em todo o mundo estejam relacionadas ao álcool. “o
com uma renda familiar per capita superior a dez salários mínimos” TEMPORÃO (2008, p. 24). O consumo excessivo pode provocar cirrose, pancreatite, acidente cerebrovascular, demência,
autor revela ainda que índice como o de Gini mostra que houve uma piora na distribuição de renda, polineuropatia, miocardite, desnutrição, hipertensão, infarto e certos tipos de cânceres”
entre 1960 e 1991, e houve uma pequena melhora em 2000. (TEMPORÃO, 2008, p. 90).
Conforme Temporão (2008), existe uma forte associação entre os temas renda, escolaridade a No que diz respeito à natureza da atenção à saúde oferecida: 30% das pessoas foram atendidas
resultados de saúde. O autor ressalta que análises de dados do censo de 2000, realizado por Messias pelo serviço de saúde quando tiveram problemas de saúde. Segundo Temporão, (2008) apesar dos
(2003) revelou que o PIB per capita, a distribuição de renda e a taxa de analfabetismo estão avanços em produção de serviços e dos princípios que regem o SUS, “ainda se observam importantes
associados à expectativa de vida. desigualdades na oferta de recursos e serviços, assim como uma forte influência da posição social do
Os dados apresentados da pesquisa relacionados a determinantes sociais da saúde, renda e indivíduo no acesso” (TEMPORÃO, 2008, p. 67). “Dados da Pesquisa Mundial de Saúde mostram uma
escolaridade despontam a um cenário de analfabetismo, pobreza e miséria. “esses elementos, que associação entre o melhor nível socioeconômico e maior uso de serviços de saúde” (TEMPORÃO,
definem as posições ou estratos sociais, influenciam os diferenciais de exposição e vulnerabilidade 2008, p. 70).
aos riscos de danos à saúde, na forma de doenças ou acidentes, bem como das consequências sociais Na pesquisa somente 8% das pessoas procuraram atendimento nos serviços de saúde nos
e o estado de saúde”. (SOBRAL E FREITAS, 2010). últimos quinze dias. Temporão, (2008) expõe estudos que identificam o perfil dos indivíduos que

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procuraram o serviço nos últimos 15 dias sem êxito. Os estudos de “Ribeiro et al (2006) observaram E, por fim, Sobral e Freitas (2010) propõem intervir no sistema de saúde buscando reduzir
maior dificuldade para aquele com pior nível socioeconômico (...) os problemas se esgotam nas os diferenciais de conseqüências ocasionadas pela doença, “incluindo a melhoria da qualidade dos
características socioeconômicas do individuo, refletindo também problemas de oferta e organização serviços a toda a população, (...) mecanismos de financiamento equitativos, que impeçam o
dos serviços de saúde” (TEMPORÃO, 2008, p. 71). empobrecimento adicional causado pela doença (SOBRAL e FREITAS, 2010).

Gráfico 3. Distribuição percentual das pessoas do povoado Baixa do Juá, segundo


Determinantes da Saúde Paripiranga - BA (2011)
CONCLUSÃO

O neoliberalismo, modelo político-econômico vigente, valoriza a desigualdade entre os


homens, a iniciativa individual, incentiva a competitividade entre os sujeitos, que de alguma forma
abate as relações de solidariedade e confiança. Esse modelo político-econômico estabelece um
contexto em que uma minoria se apropria e concentra riqueza, e um mercado de trabalho que tem
como desígnio o desemprego e a exploração.
Com o estabelecimento desses desígnios, concretizada pelas políticas sociais e econômicas
neoliberais, a má distribuição de renda, a desigualdade social, a pobreza e a exclusão tornam-se
Fonte: Meireles (2011)
inevitáveis. Não obstante, dessas condições, os processos ideológicos, políticos e econômicos de
Os dados sobre os determinantes sociais da saúde apresentado influencia a saúde dos moradores. exclusão social se expressa quando se propõem o fim da saúde como direito, o que contraria os
Desse modo, “a saúde de um indivíduo ou uma população é determinada por sua combinação genética, princípios constitucionais do SUS.
mas grandemente modificado pelo ambiente social e físico, por comportamentos que são cultural ou Constatou-se que desigualdade social, provocada pelo neoliberalismo, causa iniquidades em
socialmente determinados e pela natureza da atenção à saúde oferecida” (STARFIELD, 2002 p. 22). saúde, por evitar que os sujeitos tenham acesso à saúde que é resultante de condições adequadas de
Observa-se que apesar de ter havido melhoramento em algumas questões como moradia, alimentação, educação, renda, meio ambiente, lazer, trabalho, transporte, emprego,
analfabetismo, distribuição de renda, saneamento básico no país, a situação dos moradores do liberdade, posse da terra e acesso aos serviços de saúde.
povoado Baixa do Juá é desastrosa, expressa a desigualdade social, quando depara-se com a maioria Na análise dos dados relacionados aos determinantes sociais da saúde, escolaridade e renda,
das famílias vivendo em condição de indigência, e a totalidade vivendo em condição de pobreza, constatou-se que a estratificação social da maioria dos moradores situa-se na indigência, abaixo da
vulnerabilidade, sem as mínimas condições de viver decentemente. linha da pobreza, e pode-se considerar que se trata de pessoas com grandes níveis de exposição e
Nesse contexto da pesquisa entende que há uma situação que Dimenstein, (2000) chama de vulnerabilidade aos riscos de danos à saúde, na forma de doenças ou acidentes, bem como das
ciclo vicioso, pobreza produtora de pobreza. “A família é pobre. Mora numa casa onde não tem consequências sociais e o estado de saúde.
saneamento básico. O ambiente facilita a transmissão de doenças. As doenças enfraquecem o corpo, Constatou, ainda, alguns aspectos que denotam a fragilidade da cidadania, como
que já é desnutrido. A criança desnutrida não aprende direito o que é ensinado. E quem não estuda analfabetismo, pobreza, indigência. O índice de analfabetismo dos moradores é maior que o índice
não consegue arrumar um bom emprego” (DIMENSTEIN, 2000 p. 15). nacional. Se considerar analfabeta a pessoa que frequentou a escola menos quatro anos, teremos
Conforme Sobral e Freitas (2010) para o combate dessas iniquidades em saúde é proposto 35% a mais do índice nacional; e o índice das famílias com renda per capita inferior a meio salário
intervir nos mecanismos de estratificação social, incluindo “políticas que diminuam as diferenças mínimo a diferença é exorbitante, sendo 70% a mais que o índice nacional.
sociais, como as relacionadas ao mercado de trabalho, educação e seguridade social” (SOBRAL e Diante disso, considera-se interessante para o combate das iniquidades em saúde intervir
FREITAS, 2010). sobre os níveis macro, intermediário e micro dos determinantes sociais da saúde, como políticas que
Outras intervenções dizem respeito a inserir políticas que “busca diminuir os diferenciais de diminuam as diferenças sociais, como as relacionadas ao mercado de trabalho, educação e
exposição a riscos, tendo como alvo, por exemplo, os grupos que vivem em condições de habitação seguridade social; políticas que diminuam os diferenciais de exposição a riscos; e intervenções no
insalubres, (...) ou estão expostos a deficiências nutricionais” (SOBRAL e FREITAS, 2010); inserir sistema de saúde buscando reduzir os diferenciais de consequências ocasionadas pela doença.
“políticas de fortalecimento de redes de apoio a grupos vulneráveis para mitigar os efeitos de
condições materiais e psicossociais adversas” (SOBRAL e FREITAS, 2010).

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REFERÊNCIAS: ENFERMAGEM: A CIÊNCIA DO CUIDADO

BUSS, P. M.; PELLEGRINI, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, vol.17 no.1 Rio
de Janeiro Jan./Apr. 2007.
Maria Estela Santos Nascimento
CAMBAÚVA, L. G.; SILVA M. C. Depressão e neoliberalismo: constituição da saúde mental Graduanda do 8º Período em Enfermagem pela Faculdade AGES-BA e Técnica em Enfermagem pelo Colégio Cenecista
na atualidade. Psicol. cienc. prof. v.25 n.4 Brasília dez. 2005. Laudelino Freire - CNEC.

DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel. 16ª ed. São Paulo: Ática, 2000. Ernande Valentim do Prado
Sanitarista, Enfermeiro, Professor de Enfermagem na Faculdade AGES – BA e Universidade Federal de Sergipe – cam-pus
GOUVEIA, R.; PALMA J. J. SUS: na contramão do neoliberalismo e da exclusão social. Estud. de Lagarto (UFS). Rede de Educação Popular em Saúde do Ministério da Saúde (CNEPS).
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MOURA, L. C. Direito a saúde: o papel de diferentes sujeitos sociais no exercício da
cidadania. Saude soc. vol.5 no.1 São Paulo 1996.
RESUMO
OLIVEIRA, M. A. C; et al. Globalização e saúde: desafios para enfermagem em saúde coletiva
no limiar do terceiro milênio. Saude soc. vol.7 no.2 São Paulo Aug./Dec. 1998
A enfermagem é uma das profissões ligadas à área de saúde que tem buscado se firmar como
PAIM, J.S.; SILVA, L. M. V. Universalidade, integralidade, equidade e SUS. Boletim do Instituto
ciência própria, e não como atividade auxiliar da medicina. Este artigo consta de um estudo
de Saúde v. 12 nº 2010.
bibliográfico que tem como principal objetivo demonstrar que a enfermagem tornou-se uma ciência
PERES, E. M. O programa Saúde da Família no enfrentamento das desigualdades sociais. independente, vol-tada para o cuidado, visando promover o bem-estar das pessoas, pacientes ou
Aquichán v.7 n.1 Bogotá jan./jun. 2007. não; assim, o cuidado é seu princípio fundamental e formador. Apresenta, também, uma síntese das
etapas que compõem o processo de enfermagem, dentro da fenomenologia do cuidado, pois
PIRES, M. F. C.; REIS, J. R. T. Globalização, neoliberalismo e universidade. Interface, considera o Processo de Enfer-magem etapa fundamental do saber/fazer da Enfermagem.
Comunicação, Saúde, Educação. V. 3, nº 4, 1999.
SOBRAL, A.; FREITAS, C. M. Modelo de organização de indicadores para operacionalização
dos determinantes socioambientais da saúde. Saude soc. vol.19 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2010 Palavras-chave: Ciência, Cuidado, Processo de enfermagem.

STARFIELD, B. Atenção Primária à Saúde: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e


tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002
TEMPORÃO, José Gomes ET AL., As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil.
1. INTRODUÇÃO
CNDSS, 2008. 216p.
Ciência é um conjunto de conhecimentos ou práticas sistematizados, baseados em pesquisas e
experiências. Segundo Horta (1979, p.4), “uma atividade humana desenvolvendo um conjunto cres-
cente, do ponto de vista histórico, de técnicas, conhecimentos empíricos e teorias relacionadas entre si e
referentes ao universo natural”. Partindo do pressuposto de que a enfermagem tem acumulado ao longo
da história uma gama de conhecimentos e técnicas empíricas, não resta dúvida que esta nobre atividade
enquadra-se no rol das ciências, a ciência do cuidado que, de acordo com algumas defini-ções é
empírica, mas para alguns autores, tal como Horta, a Enfermagem é uma ciência aplicada.

Este é um artigo de revisão bibliográfica que tem como objetivo principal demonstrar que a
enfermagem tornou-se uma ciência independente, a qual tem como princípio basilar o cuidado. Além
disso, este trabalho também descreve as etapas que compõem o processo de enfermagem, que é um
conjunto integrado de ações que devem ser realizados através da interação entre os seres cuidador e

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cuidado. Segundo Andrade (2007), a aproximação do profissional de enfermagem com o paciente, generalizar as relações de cuidado, pois elas ocorrem de forma diversa, variando de acordo com o
por meio de uma relação de afeto baseada no cuidado, pode despertar o instinto de luta pela sobrevi- contexto e com a natureza das pessoas envolvidas.
vência e pela recuperação.
Conforme se depreende de Nascimento (Nascimento et al, 2008), no decorrer da História, a
assistência de enfermagem foi gerida baseada em um modelo tradicional rígido, excessivamente
especializada, centrada na doença e não no ser humano; porém, a partir da década de 70 este modelo
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
vem dando lugar a uma assistência com qualidade mais humanizada, buscando uma aproximação maior
2.1 Enfermagens e ciência
dos pacientes e do meio social em que ele se insere. Ainda segundo Nascimento, “Assim, torna--se
Apresentando a enfermagem como ciência, Horta (1979, p. 27), a define não como uma premente a busca por processos mais dinâmicos e sistemas cooperacionais complexos no processo do
ciên-cia empírica, mas sim, aplicada, e faz a seguinte afirmação: “Acreditamos ser a enfermagem cuidado, que valorizem as diferentes concepções do ser humano e que sejam capazes de integrar as
uma ciência aplicada, saindo hoje da fase empírica para a científica, desenvolvendo suas teorias, várias dimensões do cuidado, de forma inovadora e criativa”.
sistema-tizando seus conhecimentos, pesquisando e tornando-se dia a dia uma ciência E importante que a ação de cuidar, dentro do processo de enfermagem, escape dos padrões
independente”. Ainda de acordo com a referida autora, “Como ciência, a enfermagem, na busca do meramente técnicos e se torne espontânea e humanizada, de modo que ocorra a interação entre o(a)
correlacionamento de seus conhecimentos, vem desenvolvendo teorias que procuram explicar seus enfermeiro(a) e o paciente, do contrário não surgirá confiança e, consequentemente, não haverá re-
eventos referentes ao universo natural.” (p. 9). ceptividade e, com isto, o cuidado ocorre de forma deficiente, ou simplesmente não ocorre. Waldow
O propósito da enfermagem é assistir o paciente, proporcionando-lhe bem-estar, não (2004) afirma que “O cuidado se inicia por nós, com a preocupação com o outro, com o seu bem
somente físico, mas também psicológico, desenvolvendo atividades com o escopo de prevenir, estar. Cuidar significa praticar a convivalidade, o respeito, a solidariedade”.
manter e pro-mover a saúde. Segundo Boff (1999), o cuidado é um princípio presente na vida do ser humano,
De acordo com Andrade (2007, p. 97), a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) acompanhan-do-o em todas as situações no decorrer de sua caminhada terrena. Para ele, a prática do
é uma importante estratégia na assistência baseada em conhecimentos científicos, essencial à cuidado torna a vida mais suave, de modo que cada circunstância, cada momento, traz a
evolução científica da profissão. possibilidade de crescimen-to de sua prática.

2.2 O cuidado de enfermagem Seguindo essa acepção de realização do ser humano através do cuidado, Prado et al (2011)
afirma que não existe cuidado verdadeiro sem envolvimento, de modo que é essencial a criação de
Tendo em vista o cuidado como principal fundamento da enfermagem, Waldow (2004, p. um vínculo por meio da interação entre o profissional de saúde e paciente, vínculo este que só se
23), afirma que vários estudiosos desta área adotam as ideias de Mayeroff, autor que enfoca o torna possível se houver sentimento, se houver afetividade. Além disso, deve-se salientar que para
cuidado em sua obra, apresentando os elementos elencados a seguir como essenciais para prática do haver uma interação com tais características, é necessário conhecer o perfil, as características, e
cuidado: conhecer o sujeito que receberá os cuidados, alternar ritmos com o intuito de buscar o vivências de cada indivíduo. Nestes termos, “a promoção de saúde, portanto, vai além de cuidados
melhor resulta-do, ter paciência no sentido de permitir que o outro se encontre, “ver o outro como técnicos de saúde, pressupõe a preocupação verdadeira, a empatia, o comprometimento com as
ele é e não como gostaria ou pensa que deveria ser.”, confiar nas decisões e na capacidade de causas do agravo, o cuidado, enfim”.
crescimento do outro, ser humilde ao entender que sempre há o que aprender e que também se
2.3 O processo de enfermagem
aprende com o ser que está sendo cuidado, esperança e coragem. Para Boff (1999, p. 162), o
cuidado deve ocorrer na medida certa, “Por isso o cuidado não convive nem com o excesso nem Neste prisma, o cuidado é traduzido por Horta (1979, salientando, pois, que atualmente o
com a carência. Ele é o ponto ideal de equilíbrio entre um e outro”. interesse da enfermagem pelo indivíduo tem chegado a um limiar que jamais esteve e defende que a
contribuição à saúde e bem-estar dos humanos se deve à gama de conhecimentos teóricos que
Waldow (2004), citando Bishop e Scudder, diz que a prática da enfermagem encontra sentido no
funda-menta a prática.
ato de cuidar, o qual afirma a humanidade do profissional e do paciente. O cuidado tem a presença como
uma de suas principais categorias, a qual desenvolve no paciente a autoconfiança, encorajan-do-o, Horta (1979), afirma que “o processo de enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas e
fazendo com que ele acredite em sua recuperação. É importante salientar que não se devem inter-relacionadas, visando a assistência ao ser humano. Caracteriza-se pelo inter-relacionamento e

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dinamismo de suas fases ou passos”. Estas fases são: 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Histórico de enfermagem; Nas palavras de Horta (1979), levando-se em consideração que o processo de enfermagem
ocorre a partir do levantamento de dados, a partir de conhecimentos técnicos, o cuidado de enferma-
• Diagnóstico de enfermagem;
gem passa de empírico para científico.
• Plano assistencial;
Nestes termos, pode-se afirmar que a Enfermagem está contemplada no rol das ciências e,
• Plano de cuidados, ou prescrição de enfermagem; conforme delineado no corpo do presente artigo, como seu principal fundamento é a arte de cuidar,
aplicando os conhecimentos e técnicas desenvolvidos ao longo de sua historia, é cabível a
• Evolução de enfermagem;
afirmação de que a enfermagem é “a ciência do cuidado”, ou ainda, segundo a mencionada autora:
• Prognóstico de enfermagem; Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades
básicas, de torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado;
• Assistência de enfermagem e; de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais (Horta, 1979).

• Cuidado de enfermagem. De acordo com Souza (Souza, et al, 2005), “compreender o valor do cuidado de enfermagem
requer uma concepção ética que contemple a vida como um bem valioso em si, começando pela va-
O histórico é realizado no ato da admissão, constando da identificação do paciente e levanta-
lorização da própria vida para respeitar a do outro em sua complexidade, suas escolhas, inclusive a
mento dos dados significativos que poderão influenciar o desenvolvimento da doença, bem como in-
escolha da enfermagem como profissão”. Destarte, foi demonstrado que o processo de enfermagem deve
terferir na evolução do tratamento, tais como problemas de saúde anteriores, hábitos, alimentação etc.
ocorrer por meio da interação entre o profissional e o paciente ou grupo de pacientes.
“Diagnóstico de enfermagem é a determinação da natureza e extensão dos problemas de
enfer-magem apresentados pelos pacientes ou família, que recebem cuidados de enfermagem”
(ADELLAH apud, Horta, 1979, p. 58). Segundo esta autora, a metodologia para se chegar ao
diagnóstico de enfer-magem é feita de acordo com os passos a seguir: problemas de enfermagem,
sintomas e análise, onde este último aponta as necessidades e dependência. REFERÊNCIAS
A partir da análise do diagnóstico de enfermagem, traça-se o plano assistencial. Já o plano
de cuidado deve ser claro e conciso: composto pelos cuidados prioritários, de modo que nem
ANDRADE, Andréia de Carvalho. A enfermagem não é mais uma profissão submissa. Ver Bras
sempre estarão todos escritos. Diária ou periodicamente devem-se lançar no prontuário do paciente Enferm, Brasília 2007 jan-fev; 60(16): 96-98.
as mu-danças ocorridas (avaliação do plano de cuidados).

Em relação ao prognóstico, informa-se que este indica as condições em que o paciente se en-
BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. Petrópolis,RJ: Vozes,
contra na alta médica, constando, portanto, de uma avaliação de todas as fases anteriores. 1999.

A consulta de enfermagem consiste na aplicação do processo de enfermagem, ou seja, apli-


cação dos passos acima. Referindo-se ao planejamento da assistência, Andrade (2007, p. 98) diz que HORTA, Vanda de Aguiar. Processo de Enfermagem. Colaboração de Brigitta E. P. Castellanos.
“este processo nos permite diagnosticar as necessidades do cliente, fazer a prescrição adequada dos São Paulo, SP: EPU, 1979.
cuidados e, além de ser aplicado à assistência, pode nortear tomada de decisões em diversas
situações [...]”.
SANTOS, José Wilson dos; BARROSO, Rusel Marcos B. Manual de Trabalhos Acadêmicos:
Ar-tigos, Ensaios, Fichamentos, Relatórios, Resumos e Resenhas. Aracaju: Secore, 2007.

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WALDOW, Vera Regina. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e o cosmos. Petró-
polis, RJ: Vozes, 2004.

NASCIMENTO, Keyla Cristiane do Nascimento; BACKES, Dirceu Stein; KOERICH, Magda San-
tos; ERDMANN, Alacoque Lorenzini. Sistematização da assistência de enfermagem: vislum-
brando um cuidado interativo, complementar e multiprofissional. Disponível em: <
www.scielo. br/pdf/reeusp/v42n4/v42n4a04.pdf >. Acesso em 26 set. 2010.

PRADO, Ernande Valentim; FALLEIRO, Letícia Moraes; MANO, Maria Amélia. Cuidado,
Promo-ção de Saúde e Educação Popular – Porque um não pode viver sem os outros. Ver
APS. 2011 out/ dez; 14(4): 464-471.

SOUZA, Maria de Lourdes; SARTOR, Vicente V. de Bona; PADILHA, Maria Itayra C. de; PRADO,
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www. scielo.br/pdf/tce/v14n2/a15v14n2.pdf >. Acesso em 26 set. 2010.

RESUMOS

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DEPRESSÃO PÓS-PARTO E PREJUÍSOS PARA A CRIANÇA mulheres pesquisadas, essas que estão gostando do período gestacional, sem grau de ansiedade e tristeza
não possui abalo emocional, físico e psicológico, estão tendo uma boa gestação, sem nenhum fator de
risco que as levem a ter uma depressão pós- parto e futuro transtornos pra a criança.
Pra confirmar o artigo, três entrevistadas têm fator de risco para a depressão e vão ser anali-
Elitani Costa Cruz sadas individualmente, e sendo apontados e analisados os fatores de risco. I.R.J era casada, tem 21
elitani_costa@hotmail.com anos e durante a gestação era maltratada pelo marido, ele faleceu de overdose antes do bebê nascer
e a criança ao nasceu com problemas mentais, relatado pela mãe que foi erro médico. São muitos os
Hoga Rejane Teles Santos fatores que podem levar essa mãe a ter depressão pós- parto, ela teve um grau de ansiedade e
Shogateles@hotmail.com tristeza muito grande durante e depois a gestação por causa da doença da filha, mais a mãe ajuda e
sua família dá todo o apoio necessário, I.R.J estava evoluindo para um estado depressivo grave, que
Hoga Rejane Teles Santos não evoluiu porque a família lhe deu todo apoio emocional e psicológico. Foi possível perceber que
como o esta-do depressivo não permaneceu, a criança também não apresentou deficiências
emocionais e cogniti-vas. A gestante A.G tem 18 anos e se encontra deprimida, por causa dos
planos feitos por ela antes da gestação, mais ela gosta do bebê e tem muito apoio familiar, sua
INTRODUÇÃO tristeza é decorrente dos falatórios, mais tem afeto pelo filho, esse afeto materno traz proteção para
a criança e não deixa que a depressão permaneça durante toda a gestação.
O artigo traz uma reflexão sobre depressão pós-parto e suas características analisam como
uma gestante que passa por diversos aborrecimentos e ansiedades podem desenvolver a depressão
pós- parto e trazer assim prejuízos futuros para a criança como um mau desenvolvimento cognitivo
e emocional. Mostra a importância de a doença ser diagnosticada precocemente, pois assim a
gestante irá ser tratada e cuidará de seu filho adequadamente para que ele não venha desenvolver CONCLUSÃO
problemas futuros. Logo, profissionais devem conhecer bem a doença para trabalhar na prevenção
da depressão pós- parto. Foi possível concluir que a gravidez é um período de muitas emoções e que necessita de
apoio, principalmente familiar. Mulheres casadas há muito tempo e que têm apoio familiar possui
menos chances de desenvolver depressão pós- parto. As mulheres que são adolescentes, que ainda
es-tudam, são maltratadas e os filhos nascem com doenças tem maiores chances de ter DPP, mais o
apoio familiar e do marido pode diminuir o grau de ansiedade e não deixando que a depressão
MÉTODOS permaneça durante a gestação e parto.

Foram realizadas pesquisas por meio de busca eletrônica, com artigos científicos referentes É importante que essas mães tenham apoio e que profissionais desenvolvam trabalhos com
ao tema, sendo selecionados aqueles que trouxeram informações relevantes. Houve realização de elas, pois crianças que com histórico de mãe depressiva podem sofrer transtornos psicossociais, e
pesquisa de campo com entrevistas a gestante e puérperas, utilizando questionários. não irão conseguir manter vínculo com as pessoas, podendo assim, trazer futuros problemas para a
sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Depressão pós parto; Gestante; Bebê; Profissional.


RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo foi realizado com seis mulheres que encontravam- se em diferente período de ges-
tação, onde o perfil das gestantes era de casadas e com idade superior a 25 anos e outras com idade
inferior; o objetivo é identificar os fatores de risco da depressão pós- parto e como elas estavam lidan-do
com as mudanças decorrentes desse período gestacional. Das entrevistadas todas estavam casadas e
tinham o apoio da família, mais apenas três gestantes estavam curtindo a fase, duas são casadas há mais
de 8 anos e queriam muito ter filhos, estão gostando do pré- natal e tem apoio familiar e do mari-do, o
seu grau de ansiedade se encontra baixo e só pensam na chegada do bebê como algo parte de si.
Essas mulheres vivem bem e seu psicológico não se encontra abalado, elas já interagem com
o bebê, criando vínculo maior com ele. A entrevistada R.S.C, possui 17 anos e na pesquisa foi um
diferencial, pois mesmo estudando e sendo uma adolescente está adorando esta fase. Foi possível
perceber que a gravidez constituiu uma maneira de ir morar com o namorado e sair de sua casa, das
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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE COM O presente estudo de caso, de caráter descritivo e exploratório, permite uma investigação e um
TRANSTORNO MENTAL, PROLAPSO RETAL E PÓLIPOS CÓLICOS respaldo teórico-prático a respeito do cuidado de enfermagem prestado ao paciente do ponto de vista
biopsicossocial e espiritual, visando atender aos princípios éticos que norteiam as pesquisas en-volvendo
os seres humanos, utilizando uma abordagem qualitativa. O estudo foi realizado a partir de visitas
domiciliares a uma paciente inserida nos programas de políticas públicas (CAPS e PSF Sede
Cleidiane Castro da Silva I, Área 002, micro área 04 Família 47) de Cícero Dantas/BA, pelos acadêmicos do Curso de
cleidyane.castro@hotmail.com Gradua-ção em Enfermagem da Faculdade AGES, solicitado pela disciplina Projeto Integrador,
utilizando a Sistematização da Assistência de Enfermagem. A coleta de dados foi realizada após a
Simone Argolo da Silva aprovação dos familiares e usuária em participar da pesquisa mediante a assinatura do (TCLE)
argolo2013@hotmail.com Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido.
Bárbara Andrade Araújo
bara_andrade.cipo@hotmail.com

Michele Evangelista Matos DISCUSSÃO


michele-jorro2011@hotmail.com
Prolapso do reto significa a saída completa ou parcial desse segmento do intestino grosso
pelo ânus, podendo ser aparente ou oculto. Segundo Goligher (2008), pelo que está convencionado,
usa-se, o termo procidência (descida de alguma parte do corpo para fora do seu lugar - sinônimo de
caída ou de prolapso) para diferenciar o prolapso completo (toda a espessura da parede do reto) do
INTRODUÇÃO incompleto ou “parcial” em que somente a mucosa sai pelo canal anal. Pólipos são crescimentos
anormais da mucosa do cólon, como pequenas protuberâncias. Geralmente são assintomáticos e de
A saúde é um direito do cidadão e todos devem ter acesso à prevenção e tratamento de doen- causa desconhecida. Os pólipos variam de milímetros a pequenos centímetros. Quando pequenas
ças por meio das ações básicas de saúde, cabendo ao poder público garantir um atendimento de qua- essas lesões são benignas, mas, ao continuarem crescendo, transformam-se em lesões malignas. No
lidade. Segundo o Ministério da Saúde, o desenvolvimento da Estratégia de Saúde da Família nos passado recente, seu tratamento era realizado através da abertura do abdômen e do intestino.
últimos anos interagindo com os serviços substitutivos em saúde mental, especialmente os Centros Portanto, além do tratamento do pólipo, faz-se, também, a prevenção do câncer do intestino grosso.
de Atenção Psicossocial (CAPS) marca um progresso indiscutível da política do SUS. A busca ativa Fisica-mente a depressão é causada por uma falha nos neurotransmissores, que são os agentes
é um dos pontos fortes do Programa Saúde da família, pois a equipe vê de perto a realidade de cada químicos que levam a informação de um neurônio para outro. Os neurônios, ao contrário do que se
família e toma providências para promoção e prevenção. Numa Unidade Básica de Saúde, a equipe imagina, não estão unidos uns aos outros como as demais células do corpo.
de enfermagem desempenha um papel importante na assistência contínua à comunidade e por isso
deve estar atenta aos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, a fim de prevenir a agudização
das crises e encaminhá-los ao serviço de saúde responsável. Segundo MELLO, a depressão é um
crônico transtorno, de curso variável, que pode aparecer em diversas fases da vida. É um problema
de saúde pública e apontada além de causador de custos sociais, econômicos e sofrimento, podendo CONCLUSÃO
levar alguns portadores ao pela Organização Mundial de saúde como uma das principais causas da
incapacidade, suicídio. Ao termino do presente trabalho percebe-se a importância que a Assistência de Enfermagem se
da no decorrer do estudo, levando em consideração que a paciente se encontrava em local de difícil
acesso e em condições precárias, permanecendo distante dos meios de saúde publica, preconizados pela
constituição federal como um dos princípios doutrinários do SUS a “universalidade do acesso”.
Através da literatura podemos nos aprofundar no caso da C.G.A relacionando teoria e pratica e po-
OBJETIVO dendo assim promover um plano assistencial baseado nos sinais e sintomas relatados pela paciente e
descritos no prontuário, relatório medico, e exames. Por fim podemos notar que o papel do enfermeiro
Aplicar a sistematização da assistência de enfermagem a uma paciente com diagnóstico de é fundamental para desenvolver a busca ativa junto a equipe da estratégia de saúde da família, para
Transtorno mental, Prolapso retal e Pólipos Cólicos. que, dessa forma venha a contribuir de forma significativa na qualidade de vida da mesma.

PALAVRAS-CHAVE: Paciente; Prolapso retal; Pólipos cólicos; Transtorno mental; Assistência.


MÉTODOLOGIA

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TABAGISMO: UMA ANÁLISE FISIOLÓGICA E METAFÍSICA RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após avaliar os resultados bibliográficos e fazer uma análise do voluntário entrevistado, che-ga-
se à colusão de que ele tem bronquite. Segundo o resultado da pesquisa bibliográfica, apresenta todos os
sintomas da patologia. Como ele e fumante há sete anos, supostamente os cílios que se en-contram nas
Deise Soares Almeida
vias aéreas, que tem a função de capturar os resíduos e expelir o muco para fora do trato respiratório,
deisesoares.13@hotmail.com
perderam a sua função ficando paralisados devidos as substâncias que se encontram no cigarro, melhor
Jacyara Nascimento Mendoça dizendo na fumaça, e que irá provocar a paralisia dos cílios, fazendo com que o muco produzido pelas
cyaramendonca@yahoo.com.br células caliciformes fique acumulado provocando assim a tosse. Esse muco também estreita as vias
aéreas tornando a respiração mais difícil, sinais esses que o paciente apresenta.
Angélica Vieira de Jesus Apesar de saber das consequências do que cigarro causa, ele não consegue deixar de fumar,
angelyca_viera@hotmail.com praticando tal vício exageradamente. Em um determinado momento o fumante fez uso, dentro de 10
minutos, de três cigarros, o que dá para perceber e que não é só o ato de fumar é que lhe dar prazer,
Thauane Fontes Correia mas só o fato de estar com o cigarro acesso na mão também proporciona prazer por que uma grande
thauane_fontes@hotmail.com
parte do cigarro acaba sem que fume.
Enfim, há uma discussão infinita quando se aborda temas como este, uma vez que a cada dia
podem ser encontros novos problemas relacionados à droga como também ser descoberta uma nova
solução para problemas já existente. Portanto, é dessa forma que este é um problema que ainda irá
INTRODUÇÃO perpetuar no mundo durante décadas.

O tabaco é uma planta da qual é extraída a nicotina e varias outras substancias tóxicas que
causam a dependência química no homem. A forma mais comum do uso do tabaco é fumando ou
inalando em forma de cigarro, charuto e cachimbo. A população mais afetada é a adolescente devido
à curiosidade e influências sociais. Trabalhando com essa droga, que se mostra cada vez mais pauta CONCLUSÃO
das ações de saúde pública brasileira, esse trabalho teve como objetivo aprofundar os
conhecimentos sobre as conseqüências fisiológicas dessa droga, mostrando a realidade de um A pesquisa de campo e o respaldo científico mostram a realidade em que o Brasil se
viciado, ao adentrar uma análise metafísica. encontra na questão do uso de drogas licitas, onde existe muita deficiência dos governantes em
relação a essa realidade sendo que esta poderia ser mudada, melhorando cada vez mais a criação das
políticas de educação, a divulgação dos seus efeitos maléficos mesmo que as pessoas já tenham o
conhecimento, palestras educativas com dinâmicas para chamar atenção das crianças nas escolas.
Dessa maneira, conscientizar as crianças é a base espacial onde ainda não estão visíveis os
MÉTODOLOGIA malefícios do mundo, e também os adolescentes, principalmente nas periferias, onde há uma maior
disseminação do uso de drogas, e também nos centros de saúde.
O estudo foi iniciado com uma revisão bibliográfica acerca das consequências bioquímicas e
fisiológicas do tabagismo, seguido por pesquisa de campo envolvendo entrevista de um viciado vo-
luntário, esclarecido cientificamente sobre o tema. Após essas etapas foi elaborada uma análise das PALAVRAS-CHAVE: Tabagismo, Nicotina, Fisiologia, Metafísica, Dependência.
informações obtidas visando confronto com a teoria metafísica de Valcapelli e Gasparetto.
A entrevista foi realizada com um morador da cidade de Paripiranga-BA, sendo este nascido
e criado no estado de São Paulo, com curso superior completo na área biológica e completa
consciência do tema. Foi criado e aplicado um questionário com nove perguntas diretas sobre o
tema desse estudo, entre os meses de março e abril do ano de 2011. O participante assinou um
termo de consentimento onde diz estar de acordo com a pesquisa.

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SAÚDE DOS PROFESSORES NO COLÉGIO MONTESSORI cansaço mental, que tinham em média de 7 a 11 anos de trabalho como professores, muitos relatos
que não se arrependeram de ter escolhido essa profissão, pois estão bem realizados, reclamavam da
carga horária que é exausta muitas vezes, pois alguns trabalham cerca de 60 horas semanais, pois
trabalham alem do colégio onde foram entrevistados em outros da rede particular ou ate mesmo da
publica, para poder dar uma boa qualidade de vida para sua família, grande parte também se queixa
Raquel Bianca Leite César
se problemas relacionados à dor na coluna e nos braços pelo esforço repetitivo de escrever nas
raquelbiancaa@hotmail.com
lousas, apagar, corrigir provas e trabalhos, ficando com isso exposto a problemas de garganta pelo
esforço exercido também de muitas vezes ter de gritar nas salas de aula para poder passar o
Renata Dórea Nogueira
conteúdo aos seus alunos, poucos deles trabalham com giz, mas mesmo assim os poucos que
tatadorea@hotmail.com
trabalham tiverem rinite alérgica, irritação nos olhos entre outros, uma grande maioria também
Maria Luísa Matos Mota tinha alguns problemas relacionados à sonolência, redução de visão em alguns casos, falta de ar,
luisamattos.sq@hotmail.com
palpitações devido ao stress sofrido diariamente.

INTRODUÇÃO CONCLUSÃO
Até a década de 80 a saúde do trabalhador tinha como objetivo principal sanear os espaços do Portanto, percebe-se que a saúde dos trabalhadores ainda tem muito que mudar e novas
trabalho e cuidar do corpo doente do trabalhador. A partir da década 90 cuidar da saúde dos trabalha- trans-formações precisam ser realizados para que todos tenham acesso a ela, e não os de carteira
dores passa a ser um dos eixos das ações executadas pelo SUS. A lei 8.080 cria importantes inovações a
assinadas, como também os que trabalham em casa ou de modo terceirizado e que exista mais
descentralização e maior participação popular, propondo soluções para os problemas relacionadas
planos de ações para que eles não sofram tanto acidentes de trabalhos, não ficando exposto também
à saúde, tendo caráter permanente e universal. Conforme a OIT cerca de 60% dos brasileiros traba-lham
a agentes quími-cos, físicos ou biológicos entre tatos outros problemas que tem que haver para
no mercado informal, não gerando informações e nem dados suficientes para criar projetos para
melhorar a saúde dos trabalhadores. Na questão dos professores, vale ressaltar que muitos ainda seu
melhorar a saúde de todos os trabalhadores.Observa-se atualmente que trabalhadores que executam a
piso salarial ainda é muito baixo, a carga horária excessiva porque tem de trabalhar em vários
mesma função estão expostos de maneira diferente aos agentes ambientais de risco, por isso ao falar-
locais, os problemas re-lacionados à voz, postura corporal, cansaço físico e mental, esforços
mos de atenção a saúde do trabalhador temos que pensar em ações coletivas e individualizadas.Nesse
repetitivos têm de haver ações para que possa diminuir tudo isso.
contexto podemos citar os professores, expostos diariamente a diversos agentes ambientais de risco,
como o químico (pó de giz), físico (ruído), ergonômicos (postura em pé e movimentos repetitivos ao
usar a lousa) e psicossociais. Sendo assim este trabalho tem como objetivo analisar as condições de
saúde dos professores do Colégio Montessorino Município de Paulo Afonso. PALAVRAS-CHAVE: Saúde, Professores, Contexto de saúde do trabalhador, Sintomas,
Doenças, Fatores da Saúde Mental, Fatores da Saúde Corporal.

MÉTODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa de caráter descritivo de natureza qualitativa com pesquisa biblio-
gráfica e de campo. Foram entrevistados professores do Colégio Montessorino Município de Paulo
Afonso. Na analise utilizamos a técnica de analise temática de conteúdo, segundo os passos nele
previsto evidenciando os objetivos e fundamentos teóricos da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Amaioria dos professores entrevistados são mulheres, que a distribuição por idade a que mais
chamou atenção é que grande parte tinha de 36 a 40 anos, percebendo com isso que os novos edu-
cadores, ainda perdem na questão de experiência para os antigos, grande parte também apresentava

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O QUE MOTIVA OS PACIENTES A FREQUENTAREM OU NÃO AO CAPS? necessidade de identificação pessoal. Obtivemos o consentimento oral da mantenedora da
instituição e posteriormente demos início ao estudo.

Alexsandro Araujo França


alexs_1926@hotmail.com
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Welde Natan Borges de Santana
Foi possível identificar no relato de alguns usuários o descontentamento para com o serviço
welder_natan@hotmail.com
prestado pelo caps. Os dados colhidos na fala dos usuários, familiares e profissionais do CAPS
Érica Pereira de Jesus foram transcritos na integra. Partindo desta linha de raciocínio, irei demonstrar os desafios que os
ericaliana28@hotmail.com
usuários muitas vezes têm que passar para ter acesso ao serviço de saúde mental.
A partir da fala de alguns familiares de usuários podemos notar a insatisfação de alguns com
Vanuce Sandrali Moraes Cardoso a forma que o CAPS funciona e do atendimento de alguns profissionais: “...o medico passou uns re-
sandrali_uaua@hotmail.com médios que quando ela toma fica toda sonolenta...”
Podemos notar, a partir de alguns relatos que o CAPS possui, que há sim fragilidades, tanto
administrativas, como de atendimento por parte de alguns profissionais, sendo que essas, em muitas
INTRODUÇÃO vezes, não visam à inserção social dos usuários, assim não contribuindo para o resgate de sua cida-
dania.
O CAPS É um Centro referencial destinado ao tratamento de pessoas com sofrimento
psíqui-co. É um recurso em saúde mental extra-hospitalar que é atualmente usado em nosso país.
Este mo-delo veio substituir as internações em manicômios, buscando a reinserção do indivíduo a
sociedade na qual habitam, priorizando o resgate de sua cidadania.
CONCLUSÃO
É um serviço de cunho substitutivo de atenção a saúde mental que tem demonstrado efetividade na
substituição da internação de longos períodos, por um tratamento que não isola os pacientes de suas O intuito deste trabalho não é obter respostas de soluções para problemas relativos ao CAPS,
famílias e da comunidade. mas sim tentar chegar à essência do seu entendimento por seus usuários, para que através disto possa-
mos entender melhor esse contexto através das pessoas portadoras de sofrimento psíquico; já que seu
Um dos maiores desafios apresentados por este novo modelo assistencial foi a de possibilitar que o objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social
doente mental permaneça o maior tempo possível com sua família, visando a reintegração do dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer e fortalecimento dos laços familiares e comunitários; isto tem
mesmo à sociedade, eliminado o antigo conceito o qual suponha que o sofredor psíquico deveria ser
que ficar claro para os principais interessados no assunto, que são os usuários e seus familiares.
isolado do meio que vivia, por seu um perigo social, obrigando os familiares a mantê-los em
cárceres por lon-gos períodos; visto que esta percepção preconceituosa tornava a situação ainda Para os usuários o CAPS representa uma forma especial de atenção que é valorizada e reco-
mais complexa, pois manter estes indivíduos enjaulados como animais contribuía para o aumento de nhecida pelos mesmos, representa ainda a possibilidade de mudanças, de pensar em trabalhar ou re-
sua agressividade e rejeição. tomar o trabalho; de “retornar à realidade”. Destarte, este é um serviço essencial para a saúde
mental de uma grande parcela da população, mas ainda é uma área muito negligenciada quanto aos
serviços de atenção à saúde, devido talvez, ao estigma e aos recursos limitados, ou a falta de
competência de alguns gestores públicos.

MÉTODO
PALAVRAS-CHAVE: Saúde mental, sofrimento psíquico, exclusão.
A estratégia utilizada para desenvolver esse estudo foi mediante a uma pesquisa etnográfica
de cunho observativo, na qual o CAPS fora o ambiente escolhido, o trabalho foi realizado após dois
dias de observação, na qual possibilitou a exposição teórica do conteúdo.
Esclarecemos que o nosso propósito era uma reflexão sobre o funcionamento, vivência e in-
tegração dos usuários uns com os outros, as estratégias utilizadas, tratamentos, uso dos psicotrópicos e
oficinas educativas. Pedimos permissão para que a fala de alguns usuários com os quais decorreu e
diálogo o nome da entidade se fizessem presentes em meio ao artigo, esclarecendo que não havia

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PLANTAS MEDICINAIS: O USO TERAPÊUTICO NA ATENÇÃO BÁSICA medidas informativas para esclarecer a população a cerca do uso indiscriminado de fitoterápicos e
plantas medicinais, visto que a falta de informações pode acarretar danos a saúde.

José Lenildo Gonçalves Pereira


lenoncalves@hotmail.com
PALAVRAS-CHAVE: Fitoterapia, plantas medicinais, conhecimento popular, prevenção,
Josefa Vandercleide Oliveira S. dos Santos Atenção Básica.
josefavandercleide@hotmail.com

Josefa Lúcia Oliveira Silva


paullinhacd@hotmail.com

Maria Ivana Castro Moreno


ivanacastro2010@gmail.com

INTRODUÇÃO
A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e prevenção de doenças, é
uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. A Organização Mundial de Saúde
acredita que, atualmente, a prática do uso de plantas medicinais é tida como a principal opção tera-
pêutica de aproximadamente 80% da população mundial. No Brasil, em especial nas regiões Norte e
Nordeste, é inegável que a população mais pobre recorre ao uso de plantas medicinais como um dos
únicos lenitivo para suas patologias. Este estudo teve como objetivo verificar o conhecimento e o uso de
plantas medicinais das mulheres moradoras da comunidade assistida pela Unidade Básica de
Saúde da Família Senhor do Bonfim, localizada no município de Paulo Afonso-BA. Trata-se de uma
pesquisa do tipo descritiva, exploratória e de campo, com abordagem quantiqualitativa. A amostra foi
constituída por 26 mulheres, selecionadas de forma não probabilística, conforme os critérios de inclusão
e exclusão. A pesquisa de campo foi realizada nos meses de agosto à outubro de 2012, com aplicação de
um formulário estruturado. As variáveis quantitativas foram analisadas por distribuição de porcentagem
e comparadas à luz da literatura atual. Os dados qualitativos foram analisados através da técnica de
Discurso do Sujeito Coletivo. A presente pesquisa foi fundamentada e delineada no que preconiza a
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os resultados evidenciam que 23% das mulheres
entrevistadas estavam com idade igual ou superior a 61 anos, a maioria delas, 61% se declararam
casadas, com ensino fundamental incompleto, onde 57% dizem serem donas de casas. Com relação ao
uso de plantas medicinais 30% das participantes afirmam utilizá-las frequentemente. 78% atribuem a
aquisição de conhecimento sobre plantas medicinais aos avós e aos pais. 52% das en-trevistadas obtém
as plantas na casa dos vizinhos. 72% das entrevistadas relataram fazer uso da flora medicinal a mais de
15 anos. No total foram citadas 82 espécies de plantas medicinais. Constatou-se que as folhas 41% são
as partes das plantas mais utilizadas nas preparações e o modo de preparo mais utilizado para confecção
de remédio é à infusão 42%. Com relação à dosagem da preparação, 47% das mulheres relataram seguir
a recomendação de amigos e parentes. A análise qualitativa revelou que as benzedoras e as rezadeiras
constituem um núcleo importante do sistema local de saúde do ponto de vista comunitário, visto que são
procurados para a cura dos males que as afligem. Conclui-se que a utilização de plantas medicinais é
comum na comunidade e que o conhecimento ainda é baseado na herança cultural, embora a população
necessite de informações com base cientifica, principalmente quanto aos riscos e interações
medicamentosas. Estudos como este buscam o desenvolvimento de

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COMO O PROFISSIONAL DE SAÚDE PODE AJUDAR O INDIVÍDUO EM para o hábito da higiene, são responsáveis por 7% de todas as mortes e doenças e todo o mundo, sendo
que 2,5 milhões de pessoas morreram de doenças diarréicas em 1996. O armazenamento inadequado da
SUA COMUNIDADE, A SOLUCIONAR SEUS PROBLEMAS ATRAVÉS DA água pode propiciar condições de transmissão de doenças ao homem, principalmente associadas a
AÇÃO EDUCATIVA? hospedeiros intermediários como caramujos da esquistossomose e ligadas a vetores biológicos como os
anofelinos transmissores de parasitos da malária. Outras doenças podem acometer essa população como:
viroses, cólera, febre tifóide, disenterias bacilares e amebianas. Além disso, a água não é en-contrada
pura na natureza. Ao cair na forma da chuva já incorpora impurezas da atmosfera e no escoa-mento
carreia substâncias que alteram ainda mais a sua qualidade. Portanto, antes do consumo a água precisa
Érica Monize Chagas Santos
ericagouveia1@hotmail.com
passar por um processo de adequação das suas características aos padrões de potabilidade.

INTRODUÇÃO CONCLUSÃO
O homem no processo de civilização tem atuado sobre a paisagem original, modificando-a, al- Duas conclusões podem ser tiradas da pesquisa feita: a primeira é o pouco investimento da
terando os ecossistemas, empobrecendo a parte biótica, animal e vegetal e provocando mudanças nas prefeitura em querer minimizar os problemas que a população da Lagoa Preta vem enfrentando, onde foi
comunidades naturais. Com o aumento da população e mais recentemente da urbanização, a pressão possível observar que é preferível gastar mais em saúde a investir para diminuir as idas dos mora-dores
sobre os ambientes é cada vez maior, pois é premente a obtenção de recursos. Durante séculos a água foi aos serviços públicos de saúde de Paripiranga, já a segundo, refere-se ao fato de que é possível
considerada um bem público de quantidade infinita, a disposição do homem por se tratar de um recurso modificar a atual situação daquele povo, por meio, pois, de campanhas de conscientização, de pro-
autossustentável pela sua capacidade de autodepuração, mas hoje constatamos que a água é finita e que moção e prevenção de saúde, investir em abastecimento de água e em uma estação de tratamento da
precisa ser valorizada e economizada para que nós e as gerações futuras não soframos por sua escassez.
água. Não é preciso que as coisas continuem a ser do jeito como sempre foram. A vida social depende
O principal benefício que a água tratada proporciona à saúde publica é a prevenção das doenças
de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva.
infecciosas intestinais e helmintíases. Essas doenças podem levar a desnutrição e a situações de
fragilidade. O indicador que permite avaliar o impacto do sistema de abastecimento de água nessas
doenças é a morbidade, por causa do enorme contingente de pacientes que procuram os serviços de
saúde, onerando o setor com despesas que poderiam ser evitadas. Esse trabalho propõe relatar um dos
principais problemas ambientais que a população da Lagoa Preta vem enfrentando durante anos PALAVRAS-CHAVE: Saneamento básico; água; medidas de prevenção; ação educativa;
seguidos, a falta de abastecimento e tratamento de água.
educa-ção.

MÉTODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em três momentos. Primeiramente foram feitas dez entrevistas aos
moradores da Lagoa Preta, buscando dados pessoais, como: nome do morador (es), endereço, ida-
de, quantidade de moradores na residência, doenças que eram acometidos, entre ouros. Numa fase
posterior, foi feita a coleta de materiais fotográficos para anexar no trabalho. Logo após foi feito um
levantamento dos dados coletados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise dos dados, verificou-se que o principal problema enfrentado pelos moradores
residentes no bairro da Lagoa Preta em Paripiranga-Bahia é a falta de abastecimento e de tratamento
da água: a população armazena água da chuva e a utiliza sem nenhum tipo de tratamento da água. A
ausência de sistemas de abastecimento de água, associado à falta de informação e conscientização

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A OBESIDADE E O FATOR EMOCIONAL COMO UMA DAS PALAVRAS-CHAVE: Obesidade, redução de estomago, fatores psíquicos, dieta,
comportamento, genética.
CARACTERÍSTICAS DA VIDA MODERNA

Renata Dórea Nogueira


tatadorea@hotmail.com

Raquel Bianca Leite César


raquelbiancaa@hotmail.com

Maria Luisa Matos Mota


luisamattos.sq@hotmail.com

INTRODUÇÃO
O século XX foi marcado por uma epidemia mundial, denominada obesidade, atingindo in-
discriminadamente, independe de sexo, classe socioeconômica, as pessoas que vivem nos dias atuais
estão cada vez mais gordas características não muito comuns nos indivíduos dos séculos passados.
A Obesidade é uma doença que não tem cura, porém, existem métodos que podem frear os proces-sos
metabólicos e driblar o aumento de tamanho nas células adipócitas. Para isso é necessário muita força de
vontade, é essencial ter uma dieta balanceada, rica em frutas, legumes, cereais, leguminosos e hortaliças,
evitar massas, açúcares, e gorduras. É imprescindível em uma dieta para perda de peso ingerir menos
calorias e aumentar o gasto energético e praticar exercícios físicos regularmente. Os resultados da
análise foram relacionados com a obra de Valcapelli e Gasparetto, que aborda o Siste-ma Endócrino
(incluindo obesidade) e o Sistema Muscular. Este artigo foi realizado através de uma pesquisa descritiva
e exploratória. Descritiva, pois busca conhecer as diversas situações que ocorrem na vida social,
econômica e demais aspectos do comportamento humano; exploratória devido o pouco conhecimento
sobre o problema a ser estudado. O artigo contou com uma amostra realizada através de um individuo
do sexo feminino que convivia com a obesidade há mais de cinco anos e que há dois anos realizou a
redução de estômago. Os dados coletados foram organizados, analisados, agrupados e transcritos na
forma de tema, em três categorias que seguem abaixo. Os dados foram analisados qualitativamente
durante todo o transcorrer do trabalho e confrontados com o referencial bibliográfi-co, favorecendo a
análise e a observação do tema proposto. Este artigo tem o objetivo de observar a obesidade, a cirurgia
Fob-Capella como uns dos tratamentos mais utilizados e os principais fármacos adotados nesse processo
e quais os principais fatores que podem desencadear esta doença. Ao final chega-se à conclusão que não
apenas distúrbios alimentares, comportamento ou questões genéticas podem condicionar o indivíduo a
desenvolver obesidade, mais também fatores psíquicos e emocio-nais. Observa-se também que a
redução de estômago é um processo que envolve muita conscienti-zação referente aos novos hábitos
alimentares e comportamentais que deverão ser tomados para um bom resultado, pessoas que nunca se
exercitarão, que tem compulsão em alimentos calóricos, ricos em gordura e açúcares têm mais
dificuldade em mudar seus hábitos, como todo procedimento cirúrgi-co exige cuidados e a paciência e
determinação torna – se os maiores aliados nesse processo de perda de peso.

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OS DETERMINATES SOCIAIS E A TUBERCULOSE NO BRASIL Brasil (2009) relata que o Brasil e outros vinte e um países em desenvolvimento somam 80% dos
casos da doença no mundo, deixando clara a importância dos determinantes sociais na evolução da
doença, pois nesses países as iniqüidades sociais estão fortemente presentes e apesar dos conheci-
mentos adquiridos quanto no que tange à compreensão do processo patogênico da tuberculose,
Samile Aquino de Matos assim como o desenvolvimento e uso da BCG para a imunização da população acessível nas
myleaquino@hotmail.com
unidades bási-cas de saúde em todo o país, que previne os casos graves da doença não foram o
suficiente para que esse agravo merecesse menos empenho dos profissionais de saúde.
Erika Mayara Nascimento Major
erikamayara@bol.com.br

MÉTODOS

RESUMO O presente trabalho foi utilizado para montar uma concepção da tuberculose e dos determi-
nantes sociais dentro de literaturas atuais abordando a saúde e os determinantes sociais dentro dos
Demonstra-se a necessidade de se interligar a evolução da patogenia da tuberculose a as- seus conceitos, o conhecimento sobre a população susceptível, juntamente com os aspectos
pectos sociais comumente encontrados no Brasil o que é correlacionado por se tratar de um país em patológi-cos da doença, assim como a manifestação da tuberculose no Brasil e a estratégia da saúde
desenvolvimento abrangendo assim aspectos epidemiológicos e de política pública para melhor da família e o programa nacional contra a tuberculose.
com-preensão da situação atual, assim como a descrição das medidas tomadas para prevenção e
controle tendo base no trabalho sobre a equidade social princípio do SUS relatado na Lei Orgânica
8.080, tendo como destaque o Programa Nacional de Controle a Tuberculose - PNCT dentro da
Estratégia de Saúde da Família.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho em questão nos traz o enfoque do trabalho empregado principalmente na ESF que
tem um importante papel dentro do Programa Nacional de Controle a Tuberculose. A atuação do Pro-
INTRODUÇÃO grama Nacional de Controle da Tuberculose compreende estratégias inovadoras que visam ampliar e
fortalecer a estratégia com o enfoque na articulação com outros programas governamentais para am-
Este trabalho propõe uma ampla reflexão sobre o conceito dos determinantes sociais na saú- pliar o controle da Tuberculose e de outras co-morbidades, como, por exemplo, a AIDS. Além disso,
de voltando-os aos casos de tuberculose no Brasil, podendo assim determinar e entender o porquê privilegia a descentralização das medidas de controle para a Atenção Básica, ampliando o acesso da
da população que é mais susceptível a essa patologia o que nos remete a explicações patologias e população em geral e das populações mais vulneráveis ou sob risco acrescido de contrair a Tubercu-
fisiológicas que envolvem a evolução do caso de tuberculose. Debate-se também a ligação que o lose, além da articulação com organizações não governamentais ou da sociedade civil, para fortalecer o
tema tem com a política pública, pois não abrange apenas medidas de saúde, mas também medidas controle social e garantir a sustentabilidade das ações de controle.
educacionais e de assistência social agindo de forma integrada para mudar a situação em que o
Brasil se encontra em relação à prevenção e o controle da Tuberculose. Essa reflexão acontece
dentro dos princípios trazidos pela Lei Orgânica da Saúde - 8.080 e da Constituição Federal de 1988
que carac-terizam o atendimento em saúde no Brasil.
Explica-se a importância do controle epidemiológico, com as devidas notificações e alimentação dos CONCLUSÃO
sistemas de informação para que os dados sejam os mais próximos à realidade, pois eles são à base de
todo trabalho em todos os níveis de prevenção sendo eles segundo Laprega in Franco e Passos Através das reflexões propostas, entendemos o quão enraizados são os determinantes sociais
(2004) prevenção primária quando é feita no período de pré-patogênico sendo dividida em dois se encontram no processo patológico que envolve a Tuberculose, e que mudar essa situação requer
níveis de aplicação que compreendem tanto a promoção da saúde quanto a proteção específica, não apenas do aparato tecnológico que temos atualmente, mas também da mudança nas condições
prevenção secundária e terciária no período patogênico sendo que a prevenção secundária abrange de vida da população que requer medidas que não englobam apenas as políticas de saúde, mas
os níveis de diagnóstico precoce com tratamento imediato e as medidas de limitação de também diversas outras políticas de saúde, como também situações geradoras das iniqüidades, pois
incapacidade, e a preven-ção terciária abrange as atividades de reabilitação. como sabemos o Brasil é um país de enormes diferenças na distribuição de renda, e apesar dos
esforços e alguns avanços, ainda há muito a melhorar em relação tanto a prevenção quanto ao
Nessa questão deve reconhecer a importância da Estratégia de Saúde da Família – a ESF – nesse con- controle dessa doença.
trole, pois possui grande responsabilidade dentro do Programa Nacional do Controle a Tuberculose
– PNCT. Entretanto, não podemos deixar de falar da importância e organização do Sistema Único de
Saúde dentro da sua integralidade de ações principalmente dentro Atenção Primária à Saúde junta-

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mente com o controle epidemiológico feito pela Vigilância Epidemiológica e dos Sistemas de Infor- PESSOAS COM DOENÇA DE PARKINSON TÊM MAIOR RISCO PARA
mação e da acessibilidade rápida e fácil pelo DATASUS que ajuda o melhor planejamento e interven-
ções contribuindo no aumento da qualidade das ações e serviços de saúde. APRESENTAR DEPRESSÃO?

Josivânia Neri Menezes


PALAVRAS-CHAVE: determinantes sociais, tuberculose, prevenção de saúde, saúde pública, nerimenezesjosivania@yahoo.com
Pro-grama Nacional Contra a Tuberculose ( PNCT).
Juliana de Souza Correia
julianacorreia_enf@hotmail.com

Ortencia de Souza Correia


ortahortencia62@yahoo.com.br

Maria Eulidênia Oliveira Carvalho


nenezinha_2006@hotmail.com

RESUMO

O presente artigo trata de uma pesquisa bibliográfica sobre a relação entre a doença de
Parkin-son e a depressão. Discute-se que o aumento progressivo na expectativa de vida implica no
aumento da morbidade por doenças crônicas não transmissíveis, que muitas vezes são
incapacitantes e que são determinantes da maior parte dos gastos com a saúde, levando a um
impacto negativo na qualidade de vida e risco de suicídio. Os pacientes com doença de Parkinson
podem apresentar alterações muscu-loesqueléticas como fraqueza e encurtamento muscular e as
alterações neurocomportamentais como demência, depressão e tendência ao isolamento e
comprometimento cardiorrespiratório. Conclui-se, portanto, que a depressão é a principal variável
que influencia negativamente a qualidade de vida dos pacientes parkinsonianos e que a abordagem
multidimensional da doença é de grande importância, visando melhoria na sua qualidade de vida.

INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson resulta da depleção de um neurotransmissor chamado dopamina. É


um distúrbio extrapiramidal comum, qual se origina no córtex motor e nas áreas circundantes do
cerebe-lo. Ele afeta principalmente os gânglios basais e as conexões da substância negra e do corpo
estriado. A deficiência de dopamina nessas áreas afetadas altera o equilíbrio entre a dopamina e a
acetilcolina; em decorrência disso, são produzidos distúrbios do movimento, uma de suas principais
caracterís-ticas. Em geral, a doença de Parkinson começa após os 50 anos de idade e o termo
parkinsonismo é usado para descrever o grupo de sintomas similares aos da doença de Parkinson
que ocorre devido a várias etiologias (SMITH e TIMBY, 2005)
Segundo Brunner e Suddarth, 2008, embora a causa da maioria dos casos de doença de Parkinson não
seja conhecida, pesquisas sugerem diversos fatores causais, incluindo genética, aterosclerose, acú-mulo
excessivo de radicais livres de oxigênio, infecções viróticas, traumatismos crânio-encefálicos,

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uso crônico de medicações e algumas exposições ambientais. Sendo a doença de Parkinson, a quarta dos indivíduos, afirma que num momento de debilidade, de transição, onde essa pessoa precisa de ajuda
doença neurodegenerativa mais comum e afeta mais freqüentemente homens que mulheres. para poder voltar rapidamente àquilo que era capaz de fazer sozinha. E que ser profissional, é ser capaz
de fazer a avaliação da necessidade do paciente, percebida por ele mesmo, e daquela neces-sidade que,
Doenças clínicas podem contribuir para a patogênese da depressão através de efeitos diretos na fun-
às vezes, ele não percebeu, mas que um bom profissional e técnico é capaz de entender.
ção cerebral ou através de efeitos psicológicos ou psicossociais. Tal associação pode ser vista de
modo bidirecional: a depressão precipitando doenças crônicas e as doenças crônicas exacerbando A depressão é uma síndrome psiquiátrica altamente prevalente na população em geral; estima-se que
sintomas depressivos. Essa complexa relação tem implicações importantes tanto para o manejo das acometa 3-5% desta. Já em populações clínicas a incidência é ainda maior, uma vez que a depressão é
doenças crônicas, quanto para o tratamento da depressão (DUARTE e REGO, 2007). encontrada em 5-10% dos pacientes ambulatoriais e 9-16% de internados, Katon, 2003. Apesar desta
alta prevalência em populações clínicas, a depressão ainda é subdiagnosticada e, quando correta-mente
A doença de Parkinson tem um início gradual e os sintomas evoluem lentamente por um curso crôni-co diagnosticada, é muitas vezes tratada de forma inadequada, com subdoses de medicamentos e
e prolongado. Os sintomas clínicos só aparecem depois de haver perda de 60% dos neurônios
manutenção de sintomas residuais, que comprometem a evolução clínica dos pacientes. Apenas 35% dos
pigmentados e de o nível de dopamina do estriado diminuir em 80%, dentre os quais incluem tremor,
pacientes são diagnosticados e tratados adequadamente (HIRCHFELD et al., 1997).
rigidez, bradicinesia, instabilidade postural, dentre outras manifestações como sudorese excessiva e não
controlada, rubor facial paroxístico, hipotensão ortostática, retenção gástrica e urinária, constipa- A depressão ocorre em aproximadamente 40% dos pacientes com Doença de Parkinson, com uma
ção intestinal e disfunção sexual. Além de alterações psiquiátricas que estão com frequências inter- incidência de 1,86% ao ano e um risco cumulativo de 8,6% ao longo da vida. Porém, há variação na
re-lacionadas e podem se predizer mutuamente. Elas incluem depressão, demência (deterioração literatura entre 4-70%, incluindo pacientes com depressão maior, depressão menor e distimia. Esta
mental progressiva), distúrbios do sono e alucinações (BRUNNER e SUDDARTH, 2008) variação ocorre devido aos diferentes critérios, diagnósticos e metodologias utilizadas. (SILBER-
MAN, et al., 2004).
Os pacientes com doença de Parkinson podem apresentar também, alterações músculo-esqueléticas
como fraqueza e encurtamento muscular e as alterações neurocomportamentais como demência, de- Demência e depressão são as duas grandes síndromes que podem agravar e trazer conseqüências pro-
pressão e tendência ao isolamento e comprometimento cardiorrespiratório, o que interfere blemáticas na evolução do processo da doença de Parkinson. Elas têm influência sobre a qualidade de
diretamen-te no desempenho funcional e independência destes indivíduos. (GOULART, et al, 2004) vida, aumentam os custos diretos e indiretos do tratamento e sobrecarregam ainda mais o cuidador.
(Silberman, et al., 2004). E de acordo com Paes, 2004, nos grandes sofrimentos, como a morte ou uma
De acordo com Paes, 2002, qual enfatiza a importância da comunicação nas relações interpessoais, doença aguda ou uma perda muito querida, ninguém quer saber de fórmulas prescrições ou conselhos. O
ela é bem precisa ao dizer que ao cuidar de um paciente num ambiente hospitalar o toque é essen- alívio e o conforto maiores vêm da presença amorosa de outro ser humano.
cial quando o paciente sente-se sozinho, com dor, quando está morrendo, quando a autoimagem e a
autoestima estão baixos, quando está triste, deprimido, com a consciência baixa, no recebimento do Num estudo cujo objetivo foi investigar a associação entre doenças crônicas e depressão em idosos de
mesmo e na sua despedida. Uma vez que somente pela comunicação efetiva é que o profissional um ambulatório de referência, em Salvador, Bahia, onde, mais especificamente, o trabalho buscou
poderá ajudar o paciente a conceituar seus problemas, enfrentá-los, visualizar sua participação na avaliar a prevalência de depressão e de doenças crônicas em idosos, foi observado que a doença de
experiência e alternativas de solução dos mesmos, além de auxiliá-lo a encontrar novos padrões de Parkinson foi a patologia que mais se associou com a depressão. (DUARTE e REGO, 2007)
comportamento.
Grande parte dos transtornos neurológicos que possuem algum acometimento do sistema nervoso
O aumento progressivo na expectativa de vida implica no aumento da morbidade por doenças crôni- central freqüentemente apresenta depressão, tanto pelas alterações neurofisiológicas diretamente im-
cas não transmissíveis, que muitas vezes são incapacitantes e que são determinantes da maior parte plicadas na gênese biológica da depressão, como pelas conseqüências adversas para as capacidades de
dos gastos com a saúde nos países desenvolvidos. A depressão na população idosa, por exemplo, é adaptação psicossocial que as doenças infligem nestes indivíduos. (TENG e DEMETRIO, 2005).
um importante problema de saúde pública em virtude de sua alta prevalência, frequente associação
com doenças crônicas, impacto negativo na qualidade de vida e risco de suicídio. (DUARTE e Aproximadamente 75% dos pacientes com doença de Parkinson apresentam distúrbios do sono. Isso
REGO, 2007). pode estar relacionado à depressão, à demência ou a medicações. Alucinações auditivas e visuais
foram relatadas em aproximadamente 37% das pessoas portadoras de doença de Parkinson e podem
Conforme Kübler-Ross, 1996, apud (Rosii e Santos, 2003), a partir de sua prática clínica com pa-cientes também estarem associadas à depressão, demência, privação de sono ou a efeitos adversos de medi-
terminais, identificou cinco estágios caracterizados por atitudes específicas do paciente diante da morte cações. (BRUNNER e SUDDARTH, 2008)
e do morrer: (1) choque e negação: ocorre quando o paciente toma conhecimento de que está próximo
da morte e se recusa a aceitar o diagnóstico; (2) raiva: ocorre quando os pacientes se sentem frustrados, Na Doença de Parkinson sintomas como bradicinesia, fadiga, dificuldade de concentração, alterações do
irritados ou com raiva pelo fato de estarem doentes, passando a descarregar esses sentimentos na equipe sono e diminuição da libido podem estar presentes, sem que o paciente esteja deprimido. Even-
médica; (3) barganha: ocorre quando o paciente tenta negociar sua cura com a equipe médica, com os tualmente o paciente pode descontinuar atividades sociais em virtude de discinesias incapacitantes ou
amigos e até com forças divinas, em troca de promessas e sacrifícios; (4) depressão: o paciente mesmo desconforto com sua aparência que pode mimetizar a de um paciente deprimido (bradici-nesia e
apresenta sinais típicos da depressão, como desesperança, ideação suicida, retraimento, retardo diminuição da expressão facial). Neurologistas custam a reconhecer depressão na vigência de Doença de
psicomotor, enquanto reação aos efeitos que a doença opera sobre seu corpo ou como antecipação à Parkinson. A depressão aumenta o risco de declínio cognitivo ou demência na Doença de Parkinson.
possibilidade de perda real da própria vida; (5) aceitação: ocorre quando o pa-ciente percebe que a Assim, reconhecer depressão o mais precocemente possível e tratá-la pode ser importante para alteração
morte é inevitável e aceita tal experiência como universal. (TORPY et al., 2004). do curso clínico da doença. (Silberman, Laks, Rodrigues e Engelhardt, 2004)

Segundo Paes, 2002, qual enfoca a necessidade do profissional de saúde levar em conta a fragilidade

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A doença de Parkinson pode apresentar comorbidade com depressão em até 50% dos pacientes aco- REFERÊNCIAS
metidos, o que pode ser explicado pela reação psicológica à incapacitação gerada pela doença ou
pela neurodegeneração de áreas cerebrais comuns às duas patologias, principalmente no circuito
gânglios da base-talamocórtex pré-frontal e frontal, com conseqüente redução da atividade
serotoninérgica, dopaminérgica e noradrenérgica (MCDONALD et al., 2003).
KÜBLER-ROSS, Elizabeth. Sobre a Morte e o Morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a
Grande parte dos transtornos neurológicos que possuem algum acometimento do sistema nervoso médicos, enfermeiras, religiosos e a seus próprios parentes. Tradução Paulo Menezes, 9º edição. São
central freqüentemente apresenta depressão, tanto pelas alterações neurofisiológicas diretamente Paulo, Editora Martins Fontes, 2008.
im-plicadas na gênese biológica da depressão, como pelas conseqüências adversas para as
capacidades de adaptação psicossocial que as doenças infligem nestes indivíduos.
(TENG e DEMETRIO, 2005) SILVA, M. J. P. da. Comunicação tem Remédio – A Comunicação nas relações interpessoais em
Pessoas com DP apresentam desordens motoras e emocionais que podem gerar incapacidades consi- saú-de. Edições Loyola, São Paulo, 7ª. ed. 2010.
deráveis em todas as fases da doença. Reduções da velocidade para realizar movimentos e baixa apti-
dão física estão presentes em indivíduos com DP em fases inicial e moderada da doença e não apenas na
fase avançada. Estas alterações interferem nas habilidades funcionais diárias desses indivíduos e é SILVA, Maria Julia Paes da, O Amor é o Caminho. 5ª edição. São Paulo Edições Loyola, 2002.
possível que uma intervenção fisioterapêutica específica seja capaz de melhorar tais habilidades.
(GOULART, et al., 2004)

Pode-se afirmar que a interação entre depressão e DP é complexa e bidirecional, ou seja: depressão Duarte M B, e Rego M A V. Comorbidade entre depressão e doenças clínicas em um ambulatório
é um fator de risco para DP, assim como DP é um fator de risco para depressão. É possível se traçar de geriatria. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, mar, 2007.
um perfil mais homogêneo do paciente deprimido com DP que evolui com transtorno cognitivo. A
depressão é uma doença, e não uma manifestação do envelhecimento fisiológico; portanto, necessita
ser diagnosticada e tratada. (Silberman, Laks, Rodrigues e Engelhardt, 2004). Goulart F, Santos C C, Teixeira-Salmela L F e Cardoso F. Análise do desempenho funcional em
pacientes portadores de doença de Parkinson. Departamento de Fisioterapia e Ambulatório de
É de grande relevância que todos os pacientes diagnosticados com Doença de Parkinson procurem a
Movi-mentos Anormais/Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil, 2004.
geriatria, possível especialidade clínica que mais se preocupa com a investigação da sintomatologia
depressiva. Na prática, o idoso, que na maioria das vezes é portador de múltiplas patologias crônicas,
termina sendo avaliado por diversos especialistas, e estes, focados no seu alvo de abordagem, perdem a
visão integral do indivíduo, deixando de diagnosticar e tratar doenças que interagem entre si, com Melo L M, Barbosa E R e Caramelli P. Declínio cognitivo e demência associados à doença de
efeitos deletérios sobre a saúde e a qualidade de vida dos seus pacientes (Duarte e Rego, 2007) Parkin-son: características clínicas e tratamento. Rev. Psiq. Clín 34(4); 176-183, 2007.

Faz necessário ressaltar que é fundamental o correto tratamento da patologia clínica de base, uma vez
que a depressão e as doenças clínicas quase sempre se retroalimentam, interagindo para criar uma
Teng C T, Humes E C e Demetrio F N. Depressão e comorbidades clínicas. Rev. Psiq. Clín. 32 (3);
situação deteriorante. Pois, tem-se discutido amplamente que a depressão é a principal variável que
149-159, 2005.
influencia negativamente na qualidade de vida dos pacientes parkinsonianos. (SILBERMAN, at al.,
2004).
Conclui-se, portanto, que a abordagem multidimensional do idoso é de grande importância, conside- Silberman C D, Laks J, Rodrigues C S e Engelhardt E. Uma revisão sobre depressão como fator de
rando que a comorbidade nessa população é mais a regra do que a exceção, e que a associação entre risco na Doença de Parkinson e seu impacto na cognição. R. Psiquiatr. RS, 26’(1): 52-60, jan./abr.
depressão e doença clínica poderá oferecer dificuldades tanto no diagnóstico, como no manejo de 2004
ambas. Possivelmente, poderiam ser atenuadas ou revertidas através da prática de atividade física
regular, ao aumento da habilidade funcional e à maior independência. Sendo assim, os programas de
atividades físicas regulares para adultos e idosos é de fundamental importância para que possa mini-
Brunner e Suddarth. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica: o paciente com Doença de Parkinson
mizar as consequências da inatividade, favorecendo uma melhor percepção do indivíduo portador de
– Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, vol. 4, 2009.
Doença de Parkinson, associada à depressão, visando melhoria na sua qualidade de vida.

Timby B K e Smith N E. Enfermagem Médico-Cirúrgica; [tradução Marcos Ikeda]. – 8. ed. rev. e


ampl. – Barueri, SP: Manole, 2005.
PALAVRAS-CHAVE: Relação, doença de Parkinson, depressão.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE SUBMETIDA À diagnósticos de enfermagem, foi utilizado, como fonte, as características definidoras e os fatores
rela-cionados pela taxonomia II NANDA, tendo ainda como embasamento teórico outras obras
RECONSTITUIÇÃO DE MAMA DIREITA COM TRAM- RELATO DE CASO
citadas no contexto do caso. Dessa maneira podem-se identificar as propostas das intervenções de
Enfermagem e a implementação das mesmas nos cuidados integral.

Rosana de Souza Santana


rosanynhasouzaa@hotmail.com
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sandra Regina Santana Silva
sandrinha_bjs@hotmail.com Os diagnósticos de enfermagem identificados foram: Risco de infecção, Integridade da pele
prejudicada, Ansiedade, Dor aguda, Náusea, Conhecimento deficiente, Estilo de vida sedentário en-
Raquel Cardoso Gouveia tre outros. Desde 1985 são utilizadas técnicas cirúrgicas que minimizam o dano estético e visam o
kekel.gouveia@hotmail.com aperfeiçoamento da cirurgia reparadora da mama. Além disso, o tratamento para o câncer de mama
foi complementado com várias formas de terapias sistêmicas, de acordo com a idade da paciente e o
José Lenildo Gonçalves Pereira estágio da doença; todos procurando tornar o tratamento mais humano e efetivo. O método utilizado
lenocalves@hotmail.com na cirurgia em estudo foi com tecidos do próprio corpo da paciente, do retalho do músculo reto ab-
dominal (TRAM), segundo TIMBY & SMITH é um procedimento cirúrgico no qual a área de uma
mastectomia é remodelada para simular o contorno de uma mama e, opcionalmente, criar um
mamilo e uma aréola. A reconstrução pode ser iniciada no momento da mastectomia se pele
INTRODUÇÃO suficiente for poupada, ou pode ser realizada mais tarde. A paciente ficou satisfeita com os resulta
obtidos com a cirurgia, sendo a assistência de enfermagem fornecida de forma sistematizada.
O presente estudo é realizado com base em uma paciente acometida pelo Câncer de Mama no
seio direito. De acordo com o diagnóstico da paciente pretende-se elaborar um plano assistencial
baseado na promoção, manutenção e recuperação da saúde da mesma, levando em consideração suas
individualidades, a partir da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória torna-se
possível fazer uma avaliação continua da assistência ao paciente, utilizando para isso seus conheci- CONCLUSÃO
mentos e habilidades, além de orientação da equipe de enfermagem para a implementação das ações
sistematizadas. Diante do apresentado percebe-se que o planejamento dos cuidados de enfermagem faz- Na realização do presente trabalho pode-se perceber a tamanha importância que a Assistência de
se necessário a prática da assistência de enfermagem. Então, o presente trabalho se justifica pela grande enfermagem se faz no decorrer do tratamento do paciente, e também se pode comprovar que, por meio
relevância social, na medida em que fornece território impar para a construção do conhecimen-to da assistência de enfermagem embasada na SAEP, a possibilidade de identificar as dificuldades dos
científico aliado à prática clinica do profissional enfermeiro. Neste sentido, a SAEP como processo profissionais de saúde no cuidado do paciente tornando-se notório a importância de se operacio-nalizar
planejado, sistemático e contínuo contribui para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação do o processo de enfermagem tomando como referência um modelo assistencial, pois facilita a
individuo, família e comunidade, trazendo melhor atuação do profissional, maior reconhecimento e identificação de diagnósticos de enfermagem, bem como o desenvolvimento de sua prática.Dessa forma
qualidade das suas ações. Assim o presente estudo objetivou aplicar a Sistematização da Assistência de considera-se o estudo de caso sobre a mamoplastia na situação (reconstrução parcial), com significância
Enfermagem perioperatória visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde da paciente. de melhorar auto-imagem, diminuir a insatisfação relacionada com tamanho, forma e aparência
mamária. Salientando que a mamoplastia não é só aumento, mas a reparação, sendo esta uma das
cirurgias mais realizada, oferecida pelo SUS. Ao que pudemos presenciar, sobre a Sistemati-zação da
Assistência de Enfermagem (SAE) é de grande relevância e importância no hospital para um bom
prognóstico. Percebemos, na prática, que a melhor assistência é a individualizada e humanizada, onde o
MÉTODOLOGIA usuário é um ser único e plural, multidimensional, nas suas necessidades básicas, para tanto devemos
como futuros enfermeiros estar assistindo o cliente como um ser único, respeitando as suas necessidades
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, com uma abordagem qualitativa, do biopsicosocioespirutual.
tipo estudo de caso, realizado a partir de práticas educativas a uma paciente no Hospital Geral Santa
Tereza em Ribeira do Pombal/BA, pelos acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem da
Faculdade AGES, no mês de maio de 2012. Tal documento visou atender os princípios éticos que
norteiam as pesquisas envolvendo os seres humanos. A realização do estudo de caso teve início na vi-
sita pré-operatória onde foi realizada avaliação dos dados obtidos durante a entrevista com a paciente, PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Assistência; Diagnósticos; Intervenções de Enfermagem.
consulta a ficha pré-operatória de enfermagem e prontuário. A coleta de dados foi realizada após a
aprovação da paciente pelo TCLE (Termo de Concedimento Livre e Esclarecido). Para determinar os

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE al., 2008; Fitch, 1985). Neste caso, todas as informações que puderem ser obtidas serão muito bem--
vindas para compor um cenário, cujos elementos possam expressar algumas dimensões do nicho re-
produtivo de uma taxocenose, objetivo deste estudo, que é abordado sob três dimensões: morfologia
das gônadas e discussão sobre os modos e ciclos reprodutivos.
Geziana Silva Siqueira Nunes
geziananunes@yahoo.com.br

Adauto de Souza Ribeiro


adautosr@ufs.br
MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo: Os dados foram obtidos na região da caatinga do estado de Sergipe, nas se-
Juliana de Carvalho Cordeiro
julianacordeiro.ufs@gmail.com
guintes localidades: Itabaiana, Lagarto, Pedra Mole, Poço Verde, Simão Dias e Tobias Barreto.
Material e Métodos: Foram examinados no laboratório 119 exemplares de serpentes repre-
Jusivânia Silva dos Santos Cruz sentando 34 espécies. Com um bisturi era feito um corte na região ventral, desde a área cloacal até o
jusivaniasilva@hotmail.com final da região onde se localizava o aparelho reprodutor. Os cortes variavam de tamanho a depender da
espécie e porte do indivíduo e as camadas do revestimento corporal eram rebatidas com auxílio de
espátulas e pinças, para que as gônadas pudessem ser visualizadas, medidas com uso de paquímetro
digital, analisadas em sua morfologia e fotografadas. Os espécimes foram coletados entre 2008-2009,
RESUMO licença de coleta 21198-1 SISBIO. Os espécimes foram obtidos através de busca ativa (Crump &
Scott, 1994) e também coletados por moradores da região. Após análises, o material foi devidamente
O conhecimento a respeito da biologia reprodutiva é importante para uma melhor compreen- etiquetado, fixado em formalina 10% e conservado em álcool 70%. Os exemplares encontram-se
são sobre alguns aspectos do nicho reprodutivo de uma taxocenose estudada. O presente estudo tem tombados no Instituto Butantan e na Coleção Herpetológica da Universidade Federal de Sergipe -
como objetivo descrever alguns aspectos morfológicos das gônadas e os ciclos reprodutivos das CHUFS.
serpentes de seis municípios no contato da caatinga do estado de Sergipe. Foram examinados no
labo-ratório 119 exemplares de serpentes representando 34 espécies. A reprodução das espécies na
taxoce-nose estudada pode ser sazonal. Esta conclusão, é baseada no fato de apenas uma parte das
serpentes fêmeas (35%) estarem em fase reprodutiva, com folículos vitelogênicos. Com relação à
sincronia reprodutiva dentro da espécie, os dados sugerem que algumas espécies podem não ser RESULTADOS E DISCUSSÃO
sincrônicas, porque houve a presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas num mesmo
período. Na caatinga estudada não houve diferença significante entre as serpentes fêmeas e os Morfologia das gônadas
machos reprodutivos cole-tados durante os dois anos de estudo, sugerindo que ambos os sexos estão
reprodutivos nas mesmas épocas. O sistema reprodutor das serpentes fêmeas é formado por dois ovários e dois ovidutos, dis-
postos assimetricamente. Nos indivíduos reprodutivos os ovidutos são convolutos, esbranquiçados e
elásticos (Gomes & Puorto, 1993).
Foram observadas algumas diferenças nos folículos vitelogênicos das serpentes da caatin-ga.
Em Boiruna sertaneja os folículos têm forma elipsóide, são deprimidos nas extremidades; em
INTRODUÇÃO Chironius os folículos têm forma elipsóide, as extremidades são arredondadas. É possível que estas
A biologia reprodutiva de serpentes é uma dimensão ecológica fundamental para conhecer- variações morfológicas estejam relacionadas ao número e tamanho dos embriões e o espaço no
mos e interpretarmos o nicho reprodutivo das espécies de serpentes na comunidade onde estão inse- corpo da mãe para alojá-los. Em Boiruna foram encontrados onze folículos vitelogênicos, em
ridas (Pianka, 2000). Serpentes são animais difíceis de serem estudados sob este aspecto. Encontrar Chironius o exemplar tinha cinco folículos vitelogênicos. Os tamanhos dos folículos vitelogênicos
cobras no campo é obra do acaso e este fator constitui uma séria limitação, porque para estudos maiores va-riam entre as espécies. Por exemplo, Boiruna sertaneja apresentou folículos com 53mm,
desta natureza são necessárias amostras periódicas regulares (Seigel & Ford, 1987; Vanzolini, Chironius flavolineatus 33mm, Leptodeira annulata 15mm, Leptophis ahaetulla 24mm, Oxyrhopus
1986). Uma alternativa que dá bons resultados é estudar aspectos reprodutivos de uma ou duas trigeminus 26mm, Philodryas nattereri 20mm e Philodryas patagoniensis 38mm.
espécies através de exemplares preservados em coleções, o que possibilita análises de séries que Nos machos reprodutivos os testículos são mais volumosos, convolutos, cujo tamanho de-
cobrem vários anos (Marques, 1996; Alves et al., 2005; Prudente et al., 2007). Outra é fazer pende da espécie. Por exemplo, num exemplar de Chironius adulto pode chegar até 20 mm, já num
inferências sobre os aspectos reprodutivos através da literatura. exemplar adulto de Leptotyphlops o testículo não ultrapassa 4 mm. Na fase reprodutiva os
Para estudos de comunidades de serpentes feitos em curto espaço de tempo, as coletas embora inten- epidídimos estão hipertrofiados, convolutos, de cor esbranquiçada, cujo tamanho depende da
sivas, não são robustas ao ponto de cobrir todos os períodos do ano para todas as espécies (Sawaya et espécie; ligam-se das adrenais até o início dos ductos deferentes.

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O hemipênis tem a função de se fixar na cloaca das fêmeas durante a cópula, geralmente só Misc Publ. 76:1–76, 1985.
um lado é introduzido (Mossmann, 2001). Na caatinga, os hemipênis de Chironius são bifurcados,
com espículas cutâneas distribuídas por todo o órgão, já os hemipênis de Crotalus são estruturas GOMES, N & PUORTO, G. Atlas anatômico de Bothrops jararaca Wied, 1824 (Serpentes:
pares tubulares, profundamente bifurcadas, com as espículas cutâneas mais concentradas na base, as Viperidae). Memórias do Instituto Butantan, v.55 (supl.1), 1993, p. 69-100,
extremidades são lisas. LICHT, P. Reptiles. In: LAMMING, G. E. ed. Marshalls physiology of reproduction.
Edenbur-gh, Churchill Livingston, v.1, 1984, p.206-282.

Modos e ciclos reprodutivos MOSMANN, M. N. Guia das principais serpentes do mundo. Ed. Ulbra, Canoas, 2001, 390 p.

Pragmaticamente podemos categorizar os tipos de reprodução das serpentes em partenogêne-se, PIANKA, E. R. Evolutionary Ecology. Benjamim-Cummings, New York, 6a. ed. 2000.
ovíparas e vivíparas (Pizzato et al., 2006). Em relação às serpentes da caatinga sergipana, temos PIZZATO, L.; ALMEIDA-SANTOS, S. M. & MARQUES, O. A. V. Biologia reprodutiva
classificadas como ovíparas, maioria das serpentes das famílias Leptotyphlopidae, Typhlopidae, Dip- de serpentes brasileiras. In: Herpetologia no Brasil. Sociedade Brasileira de Herpetologia, Belo
sadidae e Colubridae. E como vivíparas, serpentes das famílias Boidae e Viperidae. Hori-zonte, Brasil, vol. 2., 2006, p. 201-221.
As amostragens realizadas na presente pesquisa foram irregulares e o número de exemplares
PRUDENTE, A. L.; MASCHIO, G. F.; YAMASHINA, C.E. & SANTOS-COSTA, M.C. Mor-
coletado por espécie também foi baixo, como era esperado em estudos sobre comunidades de serpen-tes.
phology, reproductive biology and diet of Dendrophidion dendrophis (Schlegel, 1837) (Serpentes,
Entretanto algumas inferências podem ser feitas. Na caatinga estudada não houve diferença signi-ficante
Colubridae) in Brazilian Amazon. South American Journal of Herpetology 2 (1): 53-58, 2007.
entre as fêmeas e os machos reprodutivos coletados durante os dois anos de estudo, sugerindo que
ambos os sexos estão reprodutivos nas mesmas épocas (Q Cochran = 0.0667, g.l. = 1, p>0.05). SAWAYA, R. J.; MARQUES, O. A. V. & MARTINS, M. Composição e história natural
das serpentes de Cerrado de Itirapina, São Paulo, Sudeste do Brasil. Biota Neotropica. Campinas, v.
8, n. 2. 2008, p. 129-151.
SEIGEL, R. A & FORD, N. B. Reproductive ecology. In: Seigel, R. A., J. T. Collins & S. S.
CONCLUSÃO Novak (eds.) Snakes: ecology and evolutionary biology. New York: McGraw-Hill, 1987, p. 210-252.
VANZOLINI, P. E. Paleoclimas e especiação em animais da América do Sul Tropical.
A reprodução das espécies na taxocenose estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é
baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas (35%) estarem em fase reprodutiva, com Publi-cação Avulsa da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 1:1-35, 1986.
folículos vitelogênicos. Com relação à sincronia reprodutiva dentro da espécie, os dados sugerem
que algumas espécies podem não ser sincrônicas, porque houve a presença de fêmeas reprodutivas e
não reprodu-tivas num mesmo período.
No tocante aos indivíduos machos, é possível que estes estejam produzindo espermatozoides PALAVRAS-CHAVE: Gônadas; Reprodução; Serpentes; Caatinga; Sergipe.
o ano todo, como ocorre com espécies de serpentes das demais regiões. Entretanto, esta hipótese só
poderá ser verificada através de dados histológicos das gônadas, desde que tenhamos uma boa série
por período, o que, como dito, não é tarefa fácil.

REFERÊNCIAS

ALVES, F. Q.; ARGÔRLO, A. J. S. & JIM, J. Biologia reprodutiva de Dipsas neivai


Amaral e D.catesby (Sentzen) (Serpentes, Colubridae) no sudeste da Bahia, Brasil. Revista
Brasileira de Zoo-logia, v.22: 573-579, 2005.
CRUMP, M. A. & SCOTT JR., N. J. Visual Encounter Surveys. In: Heyer, W. R., M. A.
Donnelly, R. W. McDiarmid, L. C. Hayek and M. S. Foster (Eds). 1994. Measuring and monitoring
biological diversity: standard methods for amphibians. Smithsonian Institution Press, Washington.
1994, p. 84-92.
FITCH, H. S. Variation in clutch and litter size in new world reptiles. Univ Kans Mus Nat Hist

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A OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA: MODO DE VIDA E MÉTODOS
CONSEQUÊNCIAS Trata-se de um estudo descritivo, que é considerado uma pesquisa qualitativa, segundo Ri-
chardson (1999) a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão
detalhada dos significados e características situacionais apresentados pelo entrevistado. Esta é de grande
relevância e aprendizagem, visto que, a partir da revisão bibliográfica, ter-se-á um retrato de uma vida
Erika Mayara Nascimento Major real. Ao se colocar na posição de pesquisador desse estudo de caso, tenta-se analisar e com-preender
erika.mayara@bol.com.br cada detalhe que se faz importante para entender a história e o desenvolvimento do caso.
Foi desenvolvida a coleta de dados através de um questionário. Conforme Richardson (1999), a
Samile Aquino de Matos
informação obtida por meio de um questionário permite observar características de um indivíduo.
myleaquino@hotmail.com
Tendo a realização de uma entrevista, esta se destaca na forma não estruturada por visar
compreender informações detalhadas, que busca descrever como e por que algo ocorre, fazendo
análise das res-postas e do comportamento. Os dados adquiridos foram coletados na residência
própria da Indivídua pesquisada, oferecendo a esta um ambiente conhecido, para que esta pudesse
RESUMO deixar transparecer seus sentimentos e emoções. No processo de coleta de dados foram dados os
seguintes passos para obten-ção das informações necessárias: entrevista não estruturada com
A obesidade na adolescência alcança índices preocupantes em todo o mundo, em especial no
levantamentos de dados, associação de informações e emoções para uma análise completa do caso e
Brasil. Este problema é decorrente de questões relacionadas ao modo de vida. Neste artigo, dá-se
relação dos dados obtidos com a revisão bibliográfica.
ênfase ao processo da obesidade em adolescentes. Dentre os múltiplos fatores sociais e metabólicos
relacionados ao ganho de peso, observam-se as patologias decorrentes deste processo e a
necessidade de melhorias no sistema de saúde. Estudo desta natureza é de total relevância, visto que
se percebe um aumento gradativo de obesos nas sociedades.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise do estudo de caso focou-se numa adolescente de 13 anos, com 1,60 de altura e peso de
85 quilos, tendo um índice de massa corporal de 33,20 caracterizando assim a presença da obesi-dade.
INTRODUÇÃO Seus hábitos alimentares desde a infância são marcados por alimentos ricos em calorias: carnes gordas,
tortas, salgados diversos, bolos, doces e muita comida industrializada. JMNO declara “eu como todos os
O presente artigo aborda a questão da obesidade na adolescência, relacionando-a com o
tipos de alimentos, mas não me contento com pequenas quantidades, e adoro comer doces e salgados e
modo de vida e suas consequências. Para atingir este objetivo tivemos que vasculhar obras recentes
são estes que eu sempre quero mais e mais”. Desde a infância ela apresentava um peso acima do
que versam sobre o tema, a fim de auxiliar na leitura e interpretação de dados colhidos junto a uma
necessário algo que com o tempo só piorou, diante dos seus hábitos alimentares e da não realização de
pessoa portadora deste mal. Estudos desta natureza são importantes, especialmente num momento
atividades físicas e nenhum acompanhamento medico para tentar uma resolução do problema. Esta
em que muitos países e, em especial o Brasil começam a despertar para o número de pessoas com ainda é muito jovem, mas diz não se incomodar muito com as gozações e apelidos que recebe mais para
sobrepeso ou em situação de obesidade mórbida. O objetivo é relatar o testemunho de como um valcapelli & Gaspareto (2004) aceitar o próprio corpo não significa acomodar-se na condição que esta.
obeso se vê, se sente e pensa dentro da sociedade. Assim, ela não é uma pessoa mal resolvida e leva sua vida numa boa. E é tão sossegada que nem se
Tem-se o esforço de compreender este fenômeno através das contribuições sociológicas, das preocupa com os problemas de saúde que pode ter, sendo que as consequên-cias da obesidade já
reações metabólicas e do processo saúde/doença. Leituras que nos permitem observar diferentes começaram a aparecer, ela tem hipercolesterolemia não fazendo nenhum tipo de acompanhamento, sem
aspectos deste processo. uso de medicamentos e realização de dietas, ou seja, nada é feito para promo-ver o controle da doença
sendo que com o tempo pode desencadear efeitos mais graves decorrentes da patologia apresentada,
O corpo humano é uma máquina construída por movimento e, o organismo humano se aprimora com o uma das principais conseqüências do colesterol alto é a aterosclerose, que
andar, a falta de movimentação contraria as características da nossa espécie (VARELLA, 2006). é o acumulo de gordura nas veias e artérias e pode desencadear o infarto do miocárdio, quando esta
Pessoas sedentárias teriam dificuldade de sobrevivência num mundo sem automóvel e gordura tapa a veia ou artéria por inteiro, causando também hipertensão que é o aumento da pressão
supermercado na esquina. Antes do surgimento da agricultura, nossos antepassados eram forçados a sanguínea, e até um acidente vascular encefálico. Todo esse problema mal controlado futuramente
consumir vastas quantidades de calorias para poder sobreviver aos grandes intervalos sem nenhuma pode desencadear a morte decorrente das complicações da patologia do colesterol sem controle ou
alimentação, sen-do assim nosso cérebro herdou o desprezo por alimentos pouco calóricos e a acompanhamento médico. Esta é uma das grandes falhas do sistema de saúde, que é a falta de cons-
predileção obstinada por carne gorda, frituras e doces, por oferecer um alto conteúdo energético, cientização da população acerca do que uma doença mal cuidada ou sem tratamento pode levar à
gerando na vida do homem atual uma luta permanente contra a balança. morte.

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CONCLUSÃO A IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA BALANCEADA EM PACIENTES
A obesidade na adolescência e, como geral nas sociedades modernas, é uma consequência PORTADORES DE DIABETES MELLITUS
do modelo de vida culturalmente definido pela tecnologia na qual se valoriza o uso de
equipamentos que promovem a facilitação da vida e traz a influência de consumo para uma vasta
quantidade de alimen-tos ricos em lipídeos e carboidratos, como sendo a melhor maneira ideal de se
alimentar. A obesidade origina diversas complicações, pois acarreta o aparecimento de varias Alexsandro Araujo França
patologias, e dentre estas estão os problemas psicológicos por não se aceitarem como realmente são. alexs_1926@hotmail.com
Mas observou-se, diante do estudo de caso, que existem obesos que são realmente felizes como são
e não tem problemas com o que os outros pensam ao seu respeito, como é o caso de JMNO. Enfim, Welde Natan Borges de Santana
pode-se dizer que a obesidade é um problema de saúde pública, que traz a necessidade de welder_natan@hotmail.com
tratamentos e acompanhamentos para os que a apresentam, e de conscientização para toda a
sociedade, na tentava de promover saúde in-centivando e demostrando que em geral a obesidade Maria Eulidênia Oliveira Carvalho
necessita de escolhas individuais humanas, que devem pregar a busca pela qualidade de vida. nenezinha_2006@hotmail.com

Érica Pereira de Jesus


ericaliana28@hotmail.com

PALAVRAS-CHAVE: Obesidade, Sedentarismo, Qualidade de Vida, Saúde e Sociedade.

INTRODUÇÃO
O presente artigo irá discorrer sobre a importância de uma dieta balanceada em pessoas com
Diabetes Mellitus, destacarei ainda na avaliação cotidiana destes pacientes suas aflições e angústias
devido a pressão de não poder vivenciar desejos e aventuras como gostaria em detrimento das debili-
dades apontadas como opressoras tanto nos aspectos psicológicos, como físicos e emocionais. Assim
como a mudança de hábitos alimentares e de estilo de vida, devendo, esta, ser regrada e baseada numa
alimentação saudável e balanceada, dependendo unicamente da força de vontade própria para aceitar a
nova realidade. Irei destacar ainda a questão das biomoléculas envolvidas em sua dieta alimentar, bem
como as consequências de uma dieta inadequada para um paciente com diabetes.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 2002 “O Diabetes Mellitus é uma síndrome
de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da mesma de exercer
adequa-damente seus efeitos, resultando em resistência insulínica”. Demonstrando que a
cronicidade desta doença está associada não somente a fatores genéticos, mas também ao estilo de
vida que o indivíduo leva; a diabetes influência nas perspectivas de vida de cada pessoa de maneira
diferente, visto que, uma vez adquirida ou descoberta ela desencadeia um montante de reações em
decorrência do modelo e as regras que lhes são proferidas.

MÉTODOS

A metodologia adotada no presente estudo compõe-se de pesquisas bibliográficas realizadas e


fundamentadas por autores conceituados. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida, utilizando os
autores que discorrem sobre o tema em estudo e análises dos materiais escritos, principalmente livros,
sites de pesquisa científica (Birene, Scielo). Os dados qualitativos são referentes a estudo de caso que
abordaram sentimentos frente à situação do paciente, seu estilo de vida e doenças apresentadas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO O CUIDADO AOS PORTADORES DE ALZHEIMER
Podemos notar que no caso de Lara, durante a visita domiciliar pode-se observar a insegu-rança,
falta de higiene e condições mínimas de saúde, estes são fatores que contribuem de maneira negativa em
sua saúde, principalmente por ela ser diabética e ter sido diagnosticada também com hanseníase
multibacilar, que uma de suas características está circunscrita às lesões de pele e perda da sensibilidade Kátia Andrade Carvalho
local. Então, com a perda de sensibilidade as pessoas que tem hanseníase se ferem com facilidade e isso katiajandrade@hotmail.com
é muito perigoso principalmente para diabéticos, porque eles têm difícil cicatrização, e se for aos
membros inferiores é um risco maior ainda devido à circulação de sangue nos seus mem-bros inferiores Kátia Aves Terriaga
katiagabi8@yahoo.com.br
não ser tão boa, por meio das altas taxas de glicose circulante que acabam se ligando às proteínas, entre
elas, as que participam da coagulação. Isso cria um estado de formação de coágulos e trombos no
Kecya Santana Brito da Silva
organismo, entupindo os vasos capilares, diminuindo ainda mais o fluxo sanguíneo, aju-dando na
kecyapatricinha@hotmail.com
isquemia local. Fica, portanto, mais difícil para o corpo lutar contra as infecções e curar-se por si só.
Como resultado, qualquer infecção e ferimentos no pé podem tornar-se sério e gragenar.
Daiane Miranda dos Santos
daiane-miranda10@hotmail.com

CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
Para que Lara consiga melhorar de suas lesões, é necessário que ela tenha um
acompanhamen-to para controlar seu diabetes, hipertensão e a hanseníase, além de uma dieta Trata-se de um trabalho do tipo relato de caso, que tem como objetivo analisar a temática sobre
balanceada indicada por um nutrólogo ou nutricionista. No caso do profissional enfermeiro, ele a história de vida de um portador de Alzheimer sobre relatos do familiar cuidador, relacionan-do com a
poderá recomendar a ingestão de alimentos ricos em fibras e com pouca glicose para tentar obra “O cuidado na Saúde”, bem como elencar os possíveis diagnósticos e intervenções ao paciente
controlar seu diabetes, além de frutas, legumes, cereais, grãos, etc. A perda de peso e o aumento da enfocando a importância do cuidado aos pacientes acometido por uma enfermidade que leva a involução
atividade física também são indicados, pois melhoram o controle glicêmico através da diminuição afetiva intelectual e física. Considera-se que Alzheimer é uma doença que gera uma grande mudança no
da resistência à insulina; então seguir um plano dietético adequado pode representar toda a cotidiano familiar alterando os hábitos de vida de todo seu núcleo o que merece uma abordagem
diferença para uma pessoa que esteja lutando para manter sua glicemia e o seu peso sob controle. singular do enfermeiro. Alzheimer é uma doença crônica caracterizada por um tipo de demência aonde o
paciente vai perdendo as funções cognitivas, intelectuais, abstração do senso crítico e perda de memória
O enfermeiro também deverá orientar sobre a importância de se fazer os curativos das lesões suficiente para interferir nas funções sociais e ocupacionais do indivíduo.
regularmente para evitar infecções, bem como a necrose dos tecidos que poderá levar a amputação
do membro. Então, é de fundamental importância conscientizar a paciente de todos os riscos que ela
corre se não tratar sua diabetes adequadamente, e alertar que como ela tem alguns agravantes como
a hipertensão e a hanseníase. Faz-se necessário ter cuidados redobrados com suas lesões e seguir o
tratamento da hanseníase corretamente para evitar futuras complicações. OBJETIVO
Analisar a vida de um cliente portador de Alzheimer referente a aspectos sociais, afetivos e
físicos, através de relatos de familiar cuidador, a fim de oferecendo aos acadêmicos o conhecimento de
uma historia de vida baseada em dedicação, amor e cuidado, além de mostrar a importância da
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus; Biomoléculas, hábitos alimentares. enfermagem na prestação do cuidado mesmo ao paciente que se sabe não ser possível alcançar a cura.

MÉTODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caráter descritivo interpretativo do tipo estudo de caso, que é uma
modalidade de estudo que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e
significativas de episódios da vida rela. Utilizou-se de questionário com perguntas diretas ao familiar do
cliente portador de Alzheimer aonde foi descrito todo processo da enfermidade bem como todas

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as limitações e cuidados prestados à cliente, a entrevista foi realizada na residência do cliente no SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA
período de 04 a 29 de Agosto de 2010. A fase posterior da pesquisa envolveu a análise das informa-
ções coletadas. Para se chegar aos diagnósticos, foram utilizadas, as características definidoras e os
ESTRÁTEGIA SAÚDE DA FAMÍLIA AO PORTADOR DE HANSENÍASE
fatores relacionados ou de risco determinada pela taxonomia da NANDA e por DIAGNÓSTICO
EM EMFERMAGEM de SPARKS.

Angélica Vieira de Jesus


angelyca_vieira@hotmail.com

DISCUSSÃO Daniele Menezes Araujo Carvalho


dani.m.a3@hotmail.com
As pessoas acometidas por essa patologia aos poucos vão se tornando totalmente dependente
o que necessitam de cuidados integrais exercido na maioria das vezes por familiares muitas vezes
sem experiência para lidar com esse tipo de situação. O enfermeiro como o ser do cuidado tem um
papel primordial no desenvolvimento e aplicação de orientações aos cuidadores. “O cuidado” é o INTRODUÇÃO
sentido moral da prática de enfermagem.
O presente trabalho propõe mostrar a importância da sistematização da assistência em enfer-
magem (SAE) na estratégia saúde da família, especialmente com pessoas portadoras de hanseníase
em do município de Boquim-Se. O individuo é uma adolescente de 14 anos. Foi acometida pela
doença com 12 anos, sendo que fez uso da medicação de forma inadequada por não aderência ao
RESULTADOS tratamento advindo dos preconceitos.

O relato de caso deixa como reflexão a importância do conhecimento cientifico da enferma- A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de caráter crônico, multibacilar que acomete o indiví-
gem sobre o cuidado e a sua aplicação aos portadores de Alzheimer, tendo em vista a involução duo de maneira sistêmica lesionando a pele e nervos periféricos podendo comprometer as articula-
física e mental que esses pacientes são acometidos, devendo incluir no plano de cuidado do ções. Desde os tempos passados que a hanseníase é vista com preconceito devido o acometimento
enfermeiro o núcleo familiar, pois a família é o elo do enfermeiro ao paciente, visto que geralmente da estrutura física do corpo e pela longa duração do tratamento.
o cuidador passa maior parte do tempo dedicado ao paciente acometido pela doença devido à
Para maior enfrentamento e diminuição do preconceito da equipe de saúde e em especial ao profis-
incapacidade que os acometidos têm de realizar suas tarefas diárias. Esses cuidadores podem vir a
sional de enfermagem, objetiva-se, com base na SAE, colocar em prática as etapas da
desenvolver alguns sentimentos como estresse, ansiedade, depressão o que merece uma atenção
sistematização desde a investigação até a avaliação desse paciente, realizar o exame neurológico
especial pela equipe de enfermagem devendo ser incluído no plano de cuidado do enfermeiro.
para identificar si-nais da patologia, conversar, esclarecer as dúvidas, encaminhar ao posto de saúde
e assim o individuo possa realizar o tratamento, para isso é preciso uma relação interpessoal,
trabalhar além da patologia o psicológico desse indivíduo. Trabalhar a comunidade também é
essencial para o progresso de saúde da mesma, pois quando se tem conhecimento sobre determinada
doença o individuo procura melho-res formas de defesa, invés da exclusão social.
CONCLUSÃO

Essa pesquisa evidenciou também a importância e a necessidade de planejamento eficaz de


políticas de saúde, no que diz respeito á prevenção primária das doenças crônicas degenerativas,
visto que são poucos estudos que esclarecem de forma detalhada sobre o assunto em especial sobre
a atuação do enfermeiro frente os cuidados aos portadores de Alzheimer. O cuidado não deve ser MÉTODOLOGIA
prestado de modo que só vise à obtenção da cura, esse deve ser oferecido de formar integral a fim
Esse trabalho foi realizado nos municípios de Aracaju e Lagarto nos dias 12 e 13 de abril de
de proporcionar dignidade e respeito a todos independente da enfermidade.
2011 e adaptado para Semana de Produção Científica (SPC) em 2012. Foi realizado a partir de rotei-ros
de observação com os seguintes pontos: dados pessoais, antecedentes familiares, dados da doença atual,
e sinais e sintomas da patologia. O roteiro foi elaborado pelos professores do quinto período.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Intervenções; Família; Alzheimer; Enfermagem.

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RESULTADO E DISCUSSÃO CONTAMINAÇÃO DE AGENTE FÍSICO, QUÍMICO, BIOLÓGICO E
O caso apresentado mostrou que existem profissionais que não orientam adequadamente, tan-to ERGONÔMICO NO SETOR DE SERVIÇOS GERAIS NO AMBIENTE
em relação à doença como em relação ao tratamento, o que pode causar resistência ao tratamento. HOSPITALAR
Percebe-se que a sistematização da assistência em enfermagem ainda não é rotina na prática, porém
seria muito importante para mudar esta situação. Aqui reproduzo dois diagnósticos através do NAN-DA
que seriam possíveis nesta situação, mas que não foram realizados pelo profissional.
• Falta de adesão relacionada ao conhecimento relevante para o comportamento do re- Tatiana dos Santos Oliveira
gime de tratamento, caracterizado por falha em manter compromissos agendados.
Elyziane Santana Reis
• Integridade tissular prejudicada relacionado a fatores biológico caracterizado por
teci-do lesando (pele). Hoga Rejane

Elitani Costs Cruz

CONCLUSÃO

O diagnóstico de enfermagem se tornou indispensável no atendimento de qualidade, seja INTRODUÇÃO


am-bulatorial, hospitalar ou na Estratégia Saúde da Família. Ele diferencia-se do diagnóstico
O Estudo de Caso apresentado salienta a contaminação por agentes físicos, químicos, bioló-
médico por trabalhar com problemas potenciais e possibilidades reais, enquanto os diagnósticos
gicos e ergonômicos, no ambiente hospitalar, referenciando principalmente os trabalhadores do setor de
médicos indicam somente a doença. Através da SAE profissionais enfermeiros podem realizar um
serviços gerais e os da lavanderia. O andamento de tal estudo se dá através de uma introdução, em que
planejamento mais elaborado e planejar todo seu acompanhamento, evitando fragmentar os
são apresentadas várias bibliografias, ajudando o desenvolver do caso. Assim, realizou-se uma pesquisa
cuidados e obter um prog-nóstico confiável. de campo onde entrevistamos os trabalhadores desses setores do Hospital Nossa Senhora da Conceição,
com o objetivo de obter o máximo de informações sobre o trabalho que eles realizam e quais as medidas
de prevenção que são tomadas, caso ocorra algum acidente se é notificado entre outros. Com base nas
informações obtidas pela aplicação do subsídio metodológico, foi possível apresentar através de gráficos
todos os dados colhidos, facilitando a compreensão de todos os leitores.
PALAVRAS-CHAVE: SAE, Assistência de enfermagem, Hanseníase.

MÉTODOS

Foram realizados pesquisas por meio de busca eletrônica, no banco de dados, com artigos
científicos referentes ao tema, foram selecionados aqueles que trouxeram informações relevantes e
desenvolveu-se pesquisas de entrevistas com trabalhadores de serviços gerais, utilizando questioná-
rios e visitas no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo o Ministério da Previdência Social, caracteriza-se como AT a doença produzida ou


desencadeada pela prática do trabalho peculiar a determinada atividade, e a doença do trabalho, ad-
quirida ou desencadeada em função de condições especiais nas quais o trabalho é realizado. (MAR-
ZIELE,MHP, et al, 1995).
Dos acidentes de trabalhos já ocorridos, vimos que dos 100% dos trabalhadores 57, 1% nunca

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sofreram acidente e 21,4% já sofreram algum tipo de acidente. Concluímos que, os que já sofram ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE PORTADOR DE
acidente foram por problemas físicos e outros por desgaste físico devido ao trabalho e as posturas
SÍNDROME DE FOURNIER: RELATO DE CASO
incorretas.

Kátia Andrade Carvalho


CONCLUSÃO katiajandrade@hotmail.com

Ao concluir esta pesquisa, observamos que o trabalhador está exposto a riscos relacionados a Kecya Santana Brito da Silva
agentes biológicos, químicos, físicos e ergonômicos, onde estes riscos têm ocupado espaço nas kecyapatricinha@hotmail.com
discussões sobre a saúde e a segurança dos trabalhadores. Entretanto, nos setores de serviços gerais
e lavanderia ficam mais expostos a tais riscos, como também através dos desgastes físicos que Kátia Alves Terriaga
adqui-rem ao decorrer da jornada de trabalho. katiagabi8@yahoo.com.br

Devemos salientar que os trabalhadores precisam do uso de EPI´S, orientação quanto aos
Daiane Miranda dos Santos
riscos a que estão expostos, treinamento para manuseio de máquinas, estarem cientes sobre a impor- daiane-miranda10@hotmail.com
tância dos exames periódicos, ou melhor, que a empresa oferte a eles, para que possam desenvolver
um bom trabalho e manter uma boa saúde.

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Fournier é uma patologia infecciosa grave, rara, de rápida progressão, que
PALAVRAS-CHAVE: Acidente; materiais; riscos; trabalho; exposição.
aco-mete a região genital e áreas adjacentes, caracterizada por uma intensa destruição tissular,
envolvendo o tecido subcutâneo e a fáscia (FIGUEIREDO, 1997). Essa patologia ocorre mais
freqüentemente em homens, podendo acometer também em mulheres. O índice de mortalidade está
relacionado com a precocidade no diagnóstico e tratamento adequado.

OBJETIVO

Este estudo objetivou aplicar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) indivi-


dualizada e humanizada a um paciente portador de Síndrome de Fournier, baseada na teoria do
auto-cuidado para a operacionalização do processo de enfermagem. O processo de enfermagem de
Orem é um método de determinação das deficiências de autocuidado e a posterior definição dos
papéis da pessoa ou enfermeiro para satisfazer as exigências de autocuidado.

MÉTODOLOGIA

Tratou-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, que
é uma modalidade de estudo que permite uma investigação para se preservar as características holísticas
e significativas de episódios da vida real, como ciclos de vida individuais e processos orga-nizacionais e
administrativos. A coleta de dados foi realizada após autorização por escrito da paciente, os dados foram
coletados através de uma entrevista semi-estruturada guiada por um roteiro padroniza-do denominado
como Histórico de Enfermagem, fundamentado e adaptado à Teoria do Autocuidado

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de Orem, o qual continha os dados de identificação, história da admissão, exame físico e informações AS REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS NO INDIVIDUO APÓS O
adicionais como as necessidades humanas básicas. Para subsidiar a pesquisa ainda foram utilizadas
algumas informações contidas no prontuário do cliente tais como resultados de exames realizados e
DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS
intercorrências durante a hospitalização. A operacionalização da coleta de dados seguiu os seguintes
passos do processo: realização do levantamento de dados através da entrevista; planejamento das ações
de enfermagem através do sistema de apoio-educação, execução e avaliação das ações de en-fermagem.
A fase posterior da pesquisa envolveu a análise das informações coletadas. Para se chegar aos Kátia Alves Terriaga
diagnósticos, foram utilizadas, como base, as características definidoras e os fatores relacionados ou de katiagabi8@yahoo.com.br
risco determinados pela taxonomia da NANDA, como também o conhecimento e a experiência das
autoras na sistematização da assistência de enfermagem. Kátia Andrade Carvalho
katiajandrade@hotmail.com

Daiane Miranda dos Santos


daiane-miranda10@hotmail.com
RESULTADOS
Kecya Santana Brito da Silva
Os principais diagnósticos de enfermagem identificados foram: risco para controle ineficaz kecyapatricinha@hotmail.com
do regime terapêutico e para infecção, ansiedade, medo, mobilidade física prejudicada, proteção al-
terada, dor aguda, déficit no autocuidado para banho/higiene e de conhecimento, comunicação
verbal prejudicada, interação social prejudicada, distúrbio da imagem corporal, processos familiares
inter-rompidos, padrão respiratório ineficaz, nutrição alterada entre outros. O estudo mostrou a INTRODUÇÃO
importância da SAE e da decisão do cliente em engajar-se no autocuidado, a fim de proporcionar
uma melhora no padrão de resposta do doente à doença. A prevalência do Diabetes vem crescendo nos últimos anos o que está associado às
mudanças no estilo de vida e em grande parte ao envelhecimento da população, configurando-se
atualmente como uma epidemia. Além da transição demográfica/epidemiológica, o Brasil vem
passando por um processo de transição nutricional substituindo o padrão alimentar de consumo de
cereais por alimen-tos gordurosos contribuindo de forma importante para o aparecimento de doença
CONCLUSÃO crônicas. O Dia-betes Mellitus é considerado um sério problema de saúde pública no Brasil e no
mundo, em função tanto do crescente número de pessoas atingidas quanto pela complexidade que
Com a aplicação dos processos de enfermagem percebeu-se a importância de existir na Unida-de constitui o processo de viver com essa doença, atualmente dentre as causas mais importantes de
de Internamento esta sistematização da assistência, pois só assim a enfermagem é capaz de realizar uma internações hospitalares bem como de mortalidade destacam-se o diabetes mellitus. Esta
assistência integral e de qualidade, mostrando-se eficaz na evolução satisfatória do cliente. enfermidade vem levando os acometidos com freqüência, à invalidez parcial ou total do individuo
com graves repercussões para o paciente e família e sociedade, Porém quando diagnosticada
precocemente, oferece múltiplas chances de evitar complicações quando não delongam a progressão
das já existentes. Investir na prevenção é decisivo não só para garantir a qualidade de vida como
também para evitar a hospitalização e os conseqüentes gastos, principalmente quando se considera o
PALAVRAS-CHAVE: Cuidados de Enfermagem; autocuidado; Síndrome de Fournier; relato alto grau de sofisticação tecnológica da medicina mo-derna.
de caso; SAE.
.

OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo compreender as repercussões psicossociais no indi-víduo
após o diagnóstico de Diabetes Mellitus. O interesse por esse estudo originou-se a partir da curiosidade
de conhecer como os portadores de DM (Diabetes Mellitus) lidam com a condição de ser
Diabético bem como a percepções quanto ao enfrentamento e controle dessa patologia e os
sentimen-tos experimentados por esses indivíduos após o diagnóstico.

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MÉTODOLOGIA LEITURA: PROPOSTA QUE MOTIVA, ENSINA, APRENDE E FAZ TODA
Para isso buscou-se realizar uma pesquisa de campo com entrevistas aplicadas a portadores DIFERENÇA
dessa patologia no município de Itabaiana – SE bem com o uso de bibliografias referente ao assunto
para discussões dos resultados. Trata-se de um estudo descritivo com uma abordagem quantitativa.
A amostra correspondeu a 6 pessoas entrevistadas da população-alvo, em que 03 (50%) do total é
do sexo feminino e 03 ( 50%) do sexo masculino. Desta 01 (10%) tem 15 anos e 02 (33%) estão Luciana Virgília Amorim de Souza
entre 31 – 59 e 3 (50%) tem mais de 60 anos. luvirgilia@hotmail.com

Isabel Maria Amorim de Souza


belaamorim75@hotmail.com

DISCUSSÃO

O interesse por esse estudo originou-se a partir da curiosidade de conhecer como os portado-res
de DM (Diabetes Mellitus) lidam com a condição de ser Diabético bem como a percepções quanto ao
RESUMO
enfrentamento e controle dessa patologia e os sentimentos experimentados por esses indivíduos após o Como despertar o gosto pela leitura nos alunos do ensino fundamental? Tais perguntas serão
diagnóstico, a maioria dos entrevistados relatou que não houve mudança significativa no estilo de vida respondidas no artigo, pois propõe mostrar as dificuldades que os alunos sentem pela falta de leitura
após o diagnóstico que lidam bem com o fato de ter uma doença crônica. em todos os ambientes. Essa motivação pode vir da família, amigos e escola. Ler é imprescindível
para gerar criatividade, desenvolver uma visão de mundo mais abrangente e criticidade. Trabalhar
na sala de aula a leitura prepara o aluno para o aprendizado em geral em diversas disciplinas.

RESULTADOS

relatam pouca mudança no estilo de vida, sendo a principal mudança nos hábito alimentares
INTRODUÇÃO
o que não tiveram muitos problemas para se adequar a alimentação. Ao serem questionados sobre o
que sentiram após o diagnóstico do Diabetes, afirmam não ter nenhum sentimento como revolta O trabalho procura abordar a importância da leitura na sala de aula e as estratégias que o
medo, angustia relatam terem se adaptado aos novos hábitos de vida. pro-fessor coloca para o aluno, como forma de desenvolver o cognitivo e despertar o gosto pela
leitura. Dessa maneira, as práticas e atitudes do professor de Língua Portuguesa seriam formas de
melhoria da escrita nas séries iniciais do ensino fundamental.
A leitura tem papel primordial para fazer do aluno um ser mais crítico e criativo, de modo
CONCLUSÃO que as inteligências múltiplas estejam apuradas e ativas no cérebro, como requisito básico para
melhorar o conhecimento e prática das atividades e exercícios que o professor desenvolve na sala de
Este estudo possibilita refletir sobre as repercussões que a condição crônica por diabetes aula, e assim, faz dele melhorar suas aptidões, a interatividade com o português e a redação e fazer
mellitus causa na vida das pessoas acometidas. Essas repercussões ocorrem no cotidiano onde estes da prática de leitura e escrita serem melhores desenvolvidas.
experienciam o que é viver com a condição crônica frente algumas restrições e limitações que o
sen-tir-se doente impõem. Geralmente o professor adota como planos de aula para a disciplina de Língua Portuguesa
(LP) trabalhos com a leitura com alunos de forma tradicional, ou seja, colocando o texto para os
alu-nos lerem, sem trabalhar a parte prática o que é fundamental para desenvolver habilidades. É
preciso rever suas propostas de atividades e propusesse a aplicação de uma aula com mais
participação da integração de texto e fazer com que os alunos se sintam estimulados a compreender,
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus; Repercussões psicossociais; Qualidade de vida; questionar e criticar o que está lendo.
Hábitos alimentares; Enfrentamento. Pelo simples fato, dos alunos fazerem parte de uma sala diferenciada, a aprendizagem do
. aluno deve abranger todos os aspectos como a prática da leitura diária e ampliação, das vivências
habituadas a ver, da interpretação do texto de forma a gerar a opinião e desenvolver autocrítica.
Para aperfeiçoar a leitura na sala de aula, é necessário que antes os alunos tenham a habili-
dade de ler, e assim desenvolver a aptidão pela prática e interação com a leitura. Para cada aluno há

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uma especificidade, aprende dentro do seu tempo e associação neurolinguística e assim, ao ler mais, conteúdo do signo, segundo esta mesma tradição, é também denominado de significado. (2006 p.5).
interage socialmente com o mundo
.
Para existir produção textual, entre os alunos na sala de aula, é necessário que o professor
ofereça respaldo teórico consistente, no sentido de mostrar subsídios essências para que a produção seja
objetiva, concisa, e sem a intromissão de uma linguagem do cotidiano, ou seja, a linguagem tem que ser
PROPOSTAS PARA MELHORAR A AULA DE LEITURA
imparcial, denotativa e de acordo com a norma culta, encontrada nos livros e documentos.
É preciso trabalhar, a linguagem e a sociolinguística no sentido de estudar e interação, a ora- Para haver comunicação e absorção do conhecimento é necessário interação com o mundo
lidade e a linguagem dos alunos, ensinando-os duas modalidades, não só a linguagem normativa ou diversificado da linguagem e que os professores de diversas matérias ofereceram oportunidades tam-
culta, mas a linguagem padrão e coloquial. bém para produzir ciência, ensinar a ler, e despertar o gosto pela busca do saber. Aprender a ler é, antes
Treinar a leitura como prática diária é importante para que os alunos se sintam motivados a de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação me-cânica
quererem aprender e questionar melhor o assunto discutido, no sentido de interação social e críticas de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade (FREIRE, 2001) .
para formar opiniões. Aplicar ao texto a informação necessária, introduzir aulas interativas, lúdicas O Texto para ser melhor compreendido pelos alunos na sala de aula tem que passar pelas
e expor ideias e o sentido do texto com maior participação dos alunos. esfe-ras sociais e ser estimulante, criando expectativas produzindo conhecimento para despertar
Para Vieira (1989): interesse e o gosto pela leitura.
Durante o período de prática na sala de aula, pode-se perceber que o professor de Língua
A leitura, conforme vem sendo encaminhada na escola, não cumpre suas mais fundamentais fun-
ções”. Para a professora, a escola não consegue trabalhar a leitura nem no sentido de oferecer
Por-tuguesa procura aproximar as aulas de interpretação de texto de forma a experimentar conteúdo
prazer ao aluno. Geralmente atividades de leitura são elaboradas para preencher brechas nas aulas
que tivesse aparência e vivenciasse o cotidiano dos alunos, com temas mais aprazíveis, isso torna as
de Lín-gua Portuguesa, para atribuição de nota, ou simplesmente por uma questão de imposição ou
aulas mais dinâmicas, interessantes e divertidas, fazendo com que o aluno se senta motivado e
“mo-dismo” (acreditar numa nova pedagogia de ensino de língua) sem qualquer embasamento
pratique mais a leitura gerando conhecimento e aprendizagem.
teórico e organização para a prática da leitura. Trabalhar a linguística nas salas de aula é aproximar ao máximo a linguagem coloquial deles
com a norma coloquial. A linguagem coloquial comparada à linguagem culta, requer do professor
habilidade para esclarecer as diferenças e os usos corretos num discurso oral ou escrito.
Para desenvolver a atividade de prática de leitura é preciso formar cantinhos de leituras e
com aplicação de concurso de leitura, pois assim, sentem-se estimulados aprender mais. O papel do
pro-fessor e sua prática da leitura na sala de aula seria colocar como meio de interação social a É realmente preciso conceber que todos os falantes, mesmo quando se acreditam monolíngues
disciplina em si e nas especificidades e dificuldades de aprendizagem. O objetivo de leitura e sua (que não conhecem “línguas estrangeiras”), são sempre mais ou menos plurilíngues, possuem um
prática não se remetem somente ao professor de Língua Portuguesa. Para Trabalhar a prática de leque de competências que se estendem entre formas vernaculares e formas veiculares (CALVET,
leitura é preciso escolher um texto em que o aluno se sinta motivado a entender e interpretar as reais 2002, p. 114).
intenções, para interagir com as ideias e construir conhecimento.
“Ensinar a ler é uma tarefa de todo professor, não sendo exclusividade do de Língua Portuguesa,
quase sempre responsabilizado pela dificuldade do aluno de interpretar questões de outras discipli- Primeiro momento da aula é necessário esclarecer o porquê da importância da leitura, con-
nas. O desconhecimento do que seja leitura e dos processos sócio-cognitivos nela envolvidos leva ceitos, atuações. Neste caso, o professor terá que escolher um texto que seja aprazível e acessível ao
as pessoas a construírem um conceito limitado desta ação de linguagem.(PAOLINELLI; COSTA, conhecimento do dia a dia dos alunos. Deverá fazer as análises interpretativas dos textos com inter-
2009).” venções, explicando cada contexto.
A análise linguística deverá ser feita de forma a mostrar as diferenças dos usos dos diversos
tipos de linguagens que poderá ser visualizada no texto pelos alunos. Após ter detectado o uso da
A comunicação efetuada entre os alunos na sala de aula é feita através da utilização de lin-guagem através de exercícios o professor pedirá ao aluno diferentes tipos de discursos e
gêneros discursivos e textuais. O gênero textual é a indicação de como a língua está sendo utilizada linguagens empregadas no texto. Neste caso, avaliar-se-á a produção e a compreensão do texto e da
pelos in-terlocutores. Cada pessoa utiliza a língua de acordo com suas características linguísticas e a forma como a aluno produz o conteúdo de maneira a deixar claro, o que foi compreendido, no caso,
variações encontradas no discurso, segundo Maia, comenta: a mensagens da aula no que refere à análise discursiva e os empregos dos recursos linguísticos
Podemos, então, conceber as unidades linguísticas como entidades de dupla face ou signos, que têm ministrados pelo professor.
como propriedade fundamental o estabelecimento de uma relação entre um plano de expressão e um A biblioteca são formas de atrair a participação de alunos trazendo com que eles escolham seus
plano de conteúdo. O plano de expressão do signo linguístico costuma também ser denominado, próprios livros sem serem obrigados a lerem somente o que o professor indica, mas aprendam a
segundo a tradição da linguística estruturalista de Ferdinand de Saussure, de significante. O plano de

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descobrir seus próprios gostos e vontades. utilizam. È preciso que antecipem que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento
prévio que possuem, que verifiquem sua suposição tanto em relação á escrita, propriamente, quanto ao
significado. É disso que se está falando quando se diz que é preciso aprender a ler, lendo. (PCN,
1997 p.53).

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E CRITICIDADE


Os brasileiros segundo INAF (2009) 75% não têm habilidade de leitura e escrita, não sabem
A leitura como proposta para o conceito de uma boa educação é indispensável para o aluno interpretar e entender textos médios e curtos, não decifram o que estão lendo e não compreendam a
não só mudar de série como mostrar o que aprendeu. Ler não é só decodificar as letras e palavras é informação.
construir ações, conhecimento, interpretação juízo de valor, criticidade e principalmente fazer da
informação, a formação. Leitura não é um mero instrumento de ensino é um ato comunicativo é No dia a dia, esses alunos que não leem, não conseguem fazer uso da informação, e os que
uma proposta de construção de saber, de conquista, de liberdade de cada pessoa. leem pouco, não conseguem interpretar o que estão lendo. A falta de desempenho comunicativo e
interação social com compartilhamento de novos conhecimentos dentro da coletividade, favorece a
Para Silva (2000, p.23):
uma leitura decadente, precária e deficitária.
A leitura é pensada num processo total de percepção e interpretação dos sinais gráficos e das A escola é a instituição que forma, é responsável pelos leitores, muitas vezes a leitura fica
relações de sentido que os mesmos guardam entre si. Ler não é, então apenas decodificar palavras,
atrelada a gramática, ou seja, quem lê sabe bem se comunicar gramaticalmente correto.
mas con-verte-se num processo compreensivo que deve chegar às ideias centrais , às inferências, a
descoberta dos pormenores, às conclusões. A concepção de leitura como pluralidade indefinida de significações desafia a escola contemporâ-
nea, já que nossa sociedade a escola ainda representa a via principal ou quase exclusiva de acesso
aos bens culturais, precisando tomar, por um lado, a leitura, como uma atividade intelectual, que
O texto e a leitura servem, na maioria das aplicações, para o professor, na sala de aula, ao tem um papel fundamental na construção da subjetividade humana e por outro, não ignorar a
dimensão política da leitura, o que exige levar em consideração o capital cultural dos alunos, isto
usar a gramática correta interpretar melhor os textos, fazendo uso das entrelinhas e informações
é, suas expe-riências de vida, suas histórias, sua linguagem. (BAGNO, 2007 p.127).
relevantes que o texto traz.
Grande parte dos alunos na escola, enquanto estudantes, são péssimos leitores, não tem
habito de ler, não gostam de ler e não fazem nenhuma associação à leitura a sua prática diária. “ler Essa associação é verdadeira, pois para se comunicar bem é preciso conhecer a funcionalida-
não seve pra nada”, “para que ler?”. Assim, eles têm dificuldades de ler e não se interessam por des da língua e os rigores impostos por ela, nos atos da fala. Conhecer as funções da gramática e da
nenhuma lei-tura, nem no ambiente escolar, nem com a família. Pois: língua e conhecer as aplicabilidades nos níveis fonológico, sintático, semântico e morfológico
Há uma interação do leitor com o texto, e este por não ser um sistema fechado e definido, é .
permeado de vazios, que são preenchidos e atualizados pelo leitor de acordo com o momento, as
circunstâncias e suas experiências, ou seja, com aquilo que elas chamam de horizontes. O que
determina o valor de uma obra literária é justamente a capacidade de alterar ou expandir o
horizonte de expectativas do leitor. (AGUIAR; BORDINI, 1988, p.82).
FORMAÇÃO DE LEITORES COMPETENTES E CRÍTICOS

Ler para compreender o mundo, ler para dar significação e interpretação. É preciso desen-
volver leitores críticos, não só na sala de aula para os alunos, como também para toda sociedade e
Ao interpretar um texto na sala com o uso do livro didático, muitas vezes o professor dá res- família. Só assim, as políticas educacionais encontradas dentro dos PCNs são importantes na
posta prontas encontradas nos livros, a mecanicidade da leitura, a desmotivação é grande, e nem mes- medida em que forma leitores conscientes do papel de cidadão que desenvolvem atividades
mo os professores querem raciocinar e fazerem seus alunos pensarem sozinhos e construir opiniões. formadoras de opiniões e decisões.
Trabalhar leitura na escola é necessário rever os atos da comunicação, a linguagem envolvida no Segundo os PCNs da Língua Portuguesa (1997, p.53):
texto, a informação e significação dos sentidos das ideias e a produção e interpretação do texto.
Formar cidadão é construir homem leitores com criticidade, e juízo de valor, para isso é pre-
ciso ler, perguntar e questionar o saber ou informação absorvida. No Brasil se ler mal e se questiona A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do
pouco, aceitam-se tudo pronto vindo da internet ou dos meios de comunicação como a televisão. texto, a partir dos seus objetivos, dos seus conhecimentos sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o
que se saber sobre a língua: característica do gênero, do portador, do sistema de escrita, etc.
O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não se deve
ensinar a ler por meio de práticas centradas na decodificação. Ao contrário, é preciso oferecer aos
alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando aos procedimentos que os bons leitores

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Para se chegar à compreensão absoluta do texto lido, o leitor passa por diversos processos de CONSIDERAÇÕES FINAIS
absorção e compreensão. As combinações de estruturas gramaticais de compreensão como
ortografia, sintáticos e semânticos fazem parte dos itens relevantes no processo de interpretação, Um trabalho sem prática educacional voltado para a leitura e construção de ideias que fazem
criticidade e entendimento. sentido, não transformam, não motivam e não resultam em mudanças sócio-educativas.

A leitura é considerada um processo complexo efetuado entre leitor-sujeito. Esse processo Para a construção de novos conceitos é preciso descartar as ideias já prontas, formuladas
de leitura está embasado na aplicabilidade da diversidade de gêneros que são empregados na sala, pelo livro didático pelo professor na sala, é necessário analisar, criticar e refletir para a produção
pelo professor, que coordena como deve ser construído à compreensão e interpretação do que está significa-dos relevantes ao aprendizado.
sendo lido. A leitura possibilita a construção de ideias e sentidos, além da habilidade de extrair do Cabe ao professor, à capacidade de atrair, de instigar, de levantar dúvidas e hipóteses sobre o
livro, informações suficientes para a efetivação do conhecimento. ensino da LP (Língua Portuguesa), pois não está somente voltado para a gramática, mas sim para a
A capacidade de extrair a expressão do texto é essencial para a articulação de novos concei- interatividade e dinamicidade que assimile uma nova realidade vivida, de forma crítica, para que a
tos e compreensão de informação, dessa forma com atividades interativas, aos poucos, possibilitam leitura se torna aprazível.
a habilidade de discussão e construção de novas ideias e sentido essenciais para a formação e novas O professor na sala é um articulador e formador de opiniões e ideias. Ele é autor da inserção
maneiras de construção da reflexão, e juízo de valor, para aquele que busca na leitura aprendizagem do aluno leitor-crítico no mundo de novos conceitos e ideias no meio social transformado da
como meio de informação. realidade vivenciada.
Ao conviver com o mundo da leitura, o indivíduo constrói sua própria história, que reflete e É preciso que nas atividades de leitura todos estejam envolvidos, como a família, a escola e
critica. O ato social que o aluno embute em si mesmo, é o ato da liberdade, criatividade e
os amigos, ou seja, os fatores sócios pedagógicos estejam ligados mutualmente, no fim único, o co-
capacidade de quebrar paradigmas já impostos como respostas prontas vindas da sociedade
nhecimento.
tradicional, pois a leitura liberta.
Para que esse propósito esteja bem articulado e o resultado seja promissor é indispensável um
Por Macêdo (2010) entende-se que:
clima peculiar que adequem e congreguem juntos, motivando o aluno a ler, ou seja, esse espaço físico
No ambiente de trabalho, como você sabe, são poucas as pessoas com ideias interessantes, estimu- seja agradável, confortável, proporcione satisfação, prazer e lazer, durante os processos de leitura.
lantes e inovadoras. Portanto, se essa for a sua experiência, pegue um bom livro e vá para um lugar
tranquilo e comece a lê-lo e a discuti-lo com o seu autor. Quanto mais tempo você permanecer em
sua companhia, mais sábio você se tornará”.

REFERÊNCIAS
A leitura tem que está voltada para criação de leitores competentes e críticos de forma ques- AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Leitura a Formação do Leitor:
tionadora, pois a realidade vivida é apresentada, construindo um leitor ávido por uma comunicação alter-nativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado aberto, 1988.
necessária para a construção e formação da própria cidadania.
BAGNO, Marcos; BRITTO, Luiz Percival Leme; JUNG Neiva Maria; SAVELI, Esméria de
Alguns ícones destacam na influência de um leitor assíduo como o professor, a família, ami- Lourdes; FURLANETTO, Maria Marta. Práticas de Letramento no Ensino, Leitura, Escrita e
gos, comunidades e a escola. Esses hábitos de leitura são adquiridos ao longo da insistência em ler Discur-so. São Paulo: parábola, 2007.
como diversão e prazer. Essa atividade proporciona reflexão, questionamento e construção de saber,
ideias e sentido além de formar opinião. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresen-
tação dos temas transversais e ética. Brasília: MEC/SEF, 1997.
“Desde os nossos primeiros contatos com o mundo, percebemos o calor e o aconchego de um
berço diferentemente das mesmassensações provocadas pelos braços carinhosos que nos enlaçam. CALVET, Louis-jean. Sociolinguística um Introdução Crítica. São Paulo: Parábola, 2002.
A luz excessiva nos irrita, enquanto a penumbra tranquiliza. (...) Começamos assim a
MAIA, Marcus. Manual de Linguística: subsídios para a formação de professores indígenas
compreender, a dar sentido ao que e a quem nos cerca. Esses também são os primeiros passos para
aprender a ler. ( MARTINS , 2006,p. 11).
na área de linguagem. Brasília: LACED/Museu Nacional, 2006.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de Ler: fundamentos psicológicos para uma nova
A construção de novos conceitos, sentidos e ideias vêm de uma prática interativa da leitura
crítica. Dentro da sala, o professor discute a proposta, e levanta questionamento e assim, à medida peda-gogia da leitura. 8. Ed. São Paulo; Cortez, 2000.
que expõe o texto discutido, junto com a experiência vivida pelo aluno, no ambiente interno, a MARTINS, Maria Helena. O Que é Leitura? São Paulo: Brasiliense, 2006.
escola proporciona dialogo, discussão interatividade e constroem informações relevantes e
essenciais para a construção do saber.

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MACÊDO, Gutemberg B. de. O Poder Transformador da Leitura. 2010. Disponível em: EXISTE RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E DEPRESSÃO?
<http://empregocerto.uol.com.br/info/dicas/2010/11/22/o-poder-transformador-da leitura.html#rm-
cl>. Acesso: 09/11/2011, às 01:06h.
PAOLINELLI, Honoralice de Araújo Matos; COSTA, Sérgio Roberto. Práticas de Leitura/
Escrita em Sala de Aula. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/cardeno09-13. Juliana de Souza Correia
html>. Acesso: 01/10/2011, às 12:50h. julianacorreia_enf@hotmail.com

VIEIRA, Alice. O Prazer do Texto: perspectiva para o ensino de literatura. São Paulo: Ortencia de Souza Correia
E.P.U.1989 ortahortencia62@yahoo.com.br

. Ana Carla Oliveira Santos


Anacarla_enf@hotmail.com

PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Dificuldade; Motivação; Criticidade. Josivânia Neri Menezes


nerimenezesjosivania@yahoo.com
.

RESUMO
O artigo em questão trata de um estudo bibliográfico que enfoca a relação entre obesidade e
depressão. A obesidade envolve aspectos genéticos, metabólicos, endócrinos, nutricionais, psicosso-
ciais e culturais. A cultura ocidental enfatiza mais a boa forma e a imagem corporal, o que facilita a
identificação de incômodos com o excesso de peso, independente dos graus de obesidade, favore-cendo
muitas vezes o desenvolvimento de problemas psicológicos, como a ansiedade, depressão e dificuldades
comportamentais, Estudos mostraram uma maior proporção de sintomas depressivos em pessoas obesas
quando comparadas com as de peso normal. Conclui-se, portanto, que a obesidade tem direta relação
com a depressão e é necessário que os profissionais da saúde estejam atentos e habilitados à
compreensão multifatorial das doenças e compreender os determinantes genéticos, orgâ-nicos,
desencadeantes e agravantes psicossociais relacionados à depressão para que se possa realizar um
diagnóstico diferencial, visando um atendimento integral às pessoas portadoras dessas doenças.

INTRODUÇÃO

As doenças e agravos não transmissíveis vêm aumentando, e no Brasil, são as principais


cau-sas de óbitos em adultos, sendo a obesidade um dos fatores de maior risco para o adoecimento
neste grupo. A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a
promoção da saúde e redução da morbimortalidade, não só por ser um fator de risco importante para
outras doenças, mas também por interferir na duração e qualidade de vida, e ainda ter implicações
diretas na aceitação social dos indivíduos quando excluídos da estética difundida pela sociedade
contemporânea (BRASIL, 2006).
A cultura ocidental enfatiza mais a boa forma e a imagem corporal, o que facilita a identificação de
incômodos com o excesso de peso, independente dos graus de obesidade. Nossos padrões culturais
fazem com que até indivíduos com peso dentro dos parâmetros de normalidade possam sentir-se com
peso acima do desejado. É possível observar a importância da participação de vários fatores etio-lógicos
genéticos e orgânicos, da falta de atividades físicas, de fatores educacionais e psicológicos

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(VASQUES et al., 2004). ciar uma diminuição de oportunidades sociais que levam o indivíduo ao isolamento social potencia-
lizando os sintomas depressivos (BAPTISTA at al. 2008).
A obesidade pode ser definida, de forma resumida, como o grau de armazenamento de gordura no
organismo associado a riscos para a saúde, devido a sua relação com várias complicações metabó- Ainda de acordo com o autor acima citado, a obesidade, na maioria das vezes, faz com que a crian-
licas. O Índice de Massa Corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade em ça sofra discriminação e estigmatização social, prejudicando seu funcionamento físico e psíquico,
nível populacional, e o mesmo é estimado pela relação entre o peso e a estatura, e expresso em kg/ causando um impacto negativo em sua qualidade de vida. A criança obesa pode freqüentemente ser
m²(BRASIL, 2006). marginalizada pelos colegas, sobretudo quando participa de exercícios físicos que exigem rapidez e
bom desempenho.
Pode ser classificada em exógena, aquela causada pela ingestão calórica excessiva, sendo
responsável por mais de 95% dos casos, ou endógena que tem como causa os distúrbios hormonais Para Capitão e Tello, 2004, a depressão pode estar relacionada ao peso corporal e ao comer desviante.
e metabólicos. A do tipo I tem como característica o excesso de massa corporal total; II excesso de Num estudo notou-se que o comer compulsivo nas mulheres associa-se a experiências negativas, tais
gordura nas re-giões abdominal e tronco-andróide; III excesso de gordura vícero-abdominal e o tipo como a raiva, tristeza, solidão e exaustão, favorecendo o quadro de depressão e o aumento de peso.
IV excesso de gordura gluteofemoral (SALVE, 2006). Notou-se que a depressão e a obesidade nas mulheres variam de acordo com a sua auto-imagem, ou
seja, o quanto se sentem distantes dos modelos de beleza da sociedade. A compulsão por comida
Além do grau do excesso de gordura, a sua distribuição regional no corpo interfere nos riscos asso- seria uma forma de compensar uma falta, geralmente a de afeto, assim como ao desejo inconsciente
ciados ao excesso de peso. O excesso de gordura abdominal representa maior risco do que o de ser gorda.
excesso de gordura corporal por si só. Esta situação é definida como obesidade andróide, ao passo
que a dis-tribuição mais igual e periférica é definida como distribuição ginecóide, com menores O obeso apresenta aspectos emocionais e psicológicos identificados como causadores ou conse-
implicações à saúde do indivíduo (BRASIL, 2006). qüências ou retroalimentadores da sua condição de obeso, concomitante a uma condição clínica e
educacional alterada. Na obesidade, nem sempre o tratamento farmacológico é a primeira opção
Baptista, et al., 2008, define a obesidade como uma doença crônica, que envolve o acúmulo em terapêutica; este deve, antes, compor o tratamento que deve ser pautado numa abordagem
exces-so de tecido adiposo em nível comprometedor à saúde dos indivíduos. Trata-se de um multidisci-plinar. Dietoterapia associada à psicoterapia, por serem modalidades não invasivas,
conceito multi-fatorial, que parece envolver aspectos genéticos, metabólicos, endócrinos, devem ser sempre priorizadas (VASQUES et al., 2004)
nutricionais, psicossociais e culturais, embora tal etiologia ainda não esteja totalmente esclarecida.
Quando a depressão é diagnosticada mediante avaliação psicológica, dependendo da intensidade e
Considerando que aspectos emocionais podem estar associados à obesidade, favorecendo muitas ve- freqüência dos sintomas, pode ser necessário um apoio psicoterápico individualizado. É importante
zes o desenvolvimento de problemas psicológicos, como a ansiedade, depressão e dificuldades com- ressaltar que o tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar, envolvendo médico, nutricionista,
portamentais, é fundamental compreender o papel destes transtornos na etiologia ou mesmo como psicólogo, assistente social, enfermeira, bem como professor de educação física (RAPOSO, et al.
conseqüência da obesidade. Estudos mostraram uma maior proporção de sintomas depressivos em 2008)
pessoas obesas quando comparadas com as de peso normal (LUIZ, et al.,2005).
Conclui-se, portanto, que é indispensável que os profissionais da saúde devam estar atentos e habilita-
Os indivíduos que apresentam depressão devem experimentar pelo menos um sintoma adicional de uma dos à compreensão multifatorial das doenças e é de grande relevância compreender os determinantes
lista que inclui alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora, diminuição da ener-gia, genéticos, orgânicos, desencadeantes e agravantes psicossociais relacionados à depressão para que se
sentimentos de desvalorização pessoal ou culpa, dificuldades em pensar, concentrar-se ou tomar possa realizar um diagnóstico diferencial, visando um atendimento integral às pessoas portadoras dessas
decisões, ou pensamentos recorrentes a propósito da morte ou ideação, planos ou tentativas suicidas.
doenças. Faz-se necessário também a participação dos familiares e amigos para que haja me-lhor adesão
(RAPOSO at al., 2009).
ao tratamento e obtenção de bons resultados. (LUIZ et al. 2005).
Entre os transtornos nutricionais infantis, a obesidade é um dos problemas de saúde mais freqüen-
tes; por isto, é considerada um grave problema de saúde pública. Entre os grupos vulneráveis para o
desenvolvimento da depressão infantil encontra-se, também, a obesidade, que muitas vezes acarreta
dificuldades comportamentais, interferindo assim, no relacionamento social, familiar e acadêmico
da criança (VASQUES, et al. 2004). REFERÊNCIAS

Segundo Baptista et al, 2008, obesidade e depressão são dois grandes problemas de saúde pública e BAPTISTA, M. N.; VARGAS J. F. e BAPTISTA A. S. D. Depressão e qualidade de vida
variam em grandes níveis, fazendo-se necessário, o estudo detalhado de ambas no âmbito clínico e em uma amostra brasileira de obesos mórbidos. Aval. Psicol. v.7 n.2 Porto Alegre ago. 2008.
geral, para trazer novas perspectivas e benefícios aos pacientes, a fim de contribuir para a melhora BRASIL. Ministério da Saúde. Obesidade. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de
da qualidade de vida dos obesos mórbidos. Pois a obesidade aumenta o risco da depressão quando
Atenção Básica. –Brasília, 2006.
controladas variáveis como doenças físicas crônicas, depressão familiar e fatores de risco sócio-de-
mográficos. CAPITÃO, C. G. e TELLO, R. R. Traço e estado de ansiedade em mulheres obesas. Psicol. hosp.
(São Paulo) v.2 n.2 São Paulo dez. 2004.
A depressão na adolescência pode trazer maior risco ao desenvolvimento e manutenção da obesidade,
além de acarretar seqüelas psicossociais e complicações médicas em longo prazo que podem propi- LUIZ, A. M. A. G.; GORAYEB, R.; JUNIOR, R. D. R. L. e DOMINGOS, N. A. M. Depressão, ansie-

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dade, competência social e problemas comportamentais em crianças obesas. Faculdade de Medicina O DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXO) NO MUNICÍPIO DE
e Enfermagem de São José do Rio Preto. Estudos de Psicologia 2005, 10(3), 371-375. ADUSTINA BAHIA
RAPOSO, J. V.; FERNANDES, H. M.; MANO, M. e MARTINS, M. Relação entre exercício
físico, depressão e índice de massa corporal. Motri. v.5 n.1 Santa Maria da Feira jan. 2009.
SALVE, M. G. C. Obesidade e Peso Corporal: riscos e conseqüências. Movimento e Percepção, Es-
Josefa Menezes Andrade
pírito Santo de Pinhal, SP, v.6, v.8, Jan./Jun. 2006-ISSN 1679-8678.
josefa_menezes@msn.com
VASQUES, F.; MARTINS, F.C.; de AZEVEDO. Aspectos psiquiátricos do tratamento da
obesidade. A.P. Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 195-198, 2004 Louise Kathleen Freire Barroso
kathleenbarroso@hotmail.com

Maralise Santa Barbara Gois


maralicebarbara@hotmail.com
PALAVRAS-CHAVE: Estudo, relação, obesidade, depressão.
Adriana Marquilene Nunes Viana
drikamarquilene@hotmail.com

INTRODUÇÃO
Por muito tempo a sociedade acreditou que os recursos naturais eram inexauríveis, o que
gerou uma grande degradação ambiental. Atualmente crescem as preocupações com o ambiente
com relação ao desperdiço da matéria-prima e de energia. Nossa civilização chega ao século XXI
como uma civilização marcada pelo acúmulo de resíduos mais conhecido como resíduos sólidos,
lixo. A sociedade industrial e tecnológica tem a responsabilidade de assimilar novos produtos no
mercado a menos custo e a acima de tudo com menos danos à natureza.

OBJETIVO

Mostrar o destino dos resíduos sólidos no município de Adustina - Bahia.

METODOLOGIA

Utilizou-se da pesquisa de campo com uma análise qualitativa dos dados colhidos, no ano de
2010 no município de Adustina-Ba.

RESULTADOS

O lixo no município de Adustina é depositado em um lixão a céu aberto; não há qualquer tipo

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de seleção ou tratamento do lixo; o município não utiliza técnicas de reciclagem dos resíduos; o AÇÕES AFIRMATIVAS VERSUS MÉRITO NO VESTIBULAR: UM ESTUDO
lixo, depois de depositado no lixão é queimado. SOBRE O DEBATE JUDICIAL EM TORNO DO PROGRAMA DE AÇÕES
AFIRMATIVAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CONCLUSÃO

Os lixões a céu aberto representam uma grande ameaça à vida. A reciclagem é um dos cami- José Lucas Santos Carvalho
lucascarvalhodir@hotmail.com
nhos na direção da sustentabilidade e da responsabilidade social, pois, no constante
desenvolvimento socioeconômico, a sociedade atual tem levado em conta além da melhoria da
Kelly Helena Santos Caldas
qualidade de vida das pessoas, a preocupação como meio ambiente.
kellycaldasdir@hotmail.com

PALAVRAS-CHAVE: Lixo; Resíduos sólidos; Meio ambiente; Riscos a saúde. INTRODUÇÃO

As políticas de ação afirmativa para afrodescendentes e seus respectivos mecanismos de im-


plementação, notadamente na educação pública superior brasileira, recolocaram na pauta dos
debates públicos do Brasil contemporâneo a questão racial, como também a constitucionalidade ou
não das políticas públicas de mitigação das diferenças. As discriminações positivas no âmbito
educacional suscitaram vigorosas divergências jurídicas, notadamente sobre sua compatibilidade
com o texto constitucional.
Assim, as várias contestações judiciais à adoção de políticas de ação afirmativa para negros nas
Uni-versidades Públicas acabaram por criar uma nova demanda para os juízes, a qual levou o
Judiciário a esboçar respostas jurídicas ao desafio constitucionalmente posto de se construir uma
sociedade mais justa, solidária, tolerante, integrada e igualitária.
Até o Supremo Tribunal Federal se posicionar pela constitucionalidade das ações afirmativas houve
em todo o país decisões divergentes sobre o programa de cotas e, em Sergipe não foi diferente. Para
Faria (2002), o Judiciário, provocado adequadamente, pode ser um poderoso instrumento de forma-
ção de políticas públicas.
Pela sua natureza, o debate judicial permite o avanço da democracia ao permitir as discussões de
temas relevantes. Seja lá qual for a nossa opinião a respeito de temas como censura, liberdade de
imprensa, aborto, direitos de minorias, direito de greve, etc., sua submissão a uma discussão judicial
amplia o espaço de democracia, porque exige, com mais ou menos sucesso, a racionalidade das pro-
postas divergentes. Daí a importância desta pesquisa quando busca discutir como o tema das ações
afirmativas foi debatido na Justiça do Estado de Sergipe no ano de 2010, primeiro ano do programa
no estado, cuja população negra é a segunda maior do nordeste, com cerca de 80% de negros.

MÉTODOS
Com relação à amostra, foram coletadas as sentenças das ações impetradas contra o Programa de
Ações Afirmativas da Universidade Federal de Sergipe – PAAF/UFS, proferidas pelos juízes da
Justiça Federal do Estado de Sergipe no ano de 2010.

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Tais documentos foram coletados no sítio eletrônico da Justiça Federal Seção Judiciária de situação que, na verdade, acomete boa parte da população e mais fortemente, é de se reconhecer, os
Sergipe. Os documentos colhidos passaram por um procedimento analítico quantitativo e qualitativo afrodescendentes, maioria, segundo apontam dados do IBGE.
do seu conteúdo. Concernente à analítica conceitual foi empreendido o uso de pesquisa
bibliográfica, visando a apropriação teórica das discussões contemporâneas sobre a matéria. Uma Segundo o posicionamento de Telma Maria Santos, o critério renda familiar possivelmente
vez realizada esta etapa, analisou-se em caráter hermenêutico as decisões judiciais. Ao final da parece mais palatável do que o baseado na cor porque além de alcançar os carentes existentes entre
pesquisa foi possível delinear a postura da Justiça Federal Sergipana diante do tema atual e os afrodescendentes, também alcança os carentes de cores diversas. Diferentemente da Juíza Telma
relevante da adoção de ações afirmativas no Brasil e perante o debate que se estabeleceu com a Maria Santos, o juiz substituto da 1ª Vara Federal, Fábio Cordeiro de Lima, diante de situação
implementação do PAAF/UFS, entre a adoção de ações afirmativas, com base no princípio da análo-ga, ao julgar a Ação Ordinária, processo nº 0000736-04.2010.4.05.8500, ajuizada por Nataly
igualdade material, e o princípio do mérito no vestibular. Leite de Castro, a qual requeria a declaração de inconstitucionalidade da Resolução nº 80/2008 que
instituiu o sistema de cotas, com a consequente matrícula da autora para o curso de medicina,
decidiu pela improcedência do pedido autoral.
Para o magistrado, as políticas de ações afirmativas têm por precípua finalidade dar efetivi-
dade ao conteúdo do princípio da isonomia. Salienta ainda que, as ações afirmativas possuem
RESULTADOS E DISCUSSÃO caráter temporário e devem ser acompanhadas de medidas que tornem cada vez mais desnecessária
A coleta dos dados deste estudo foi feita no sítio da Justiça Federal de Sergipe a sua utilização.
(www.jfse.jus. br), a partir da busca processual por nome da parte (Universidade Federal de
Sergipe), sendo possível verificar, no primeiro momento, que o instrumento mais utilizado pelos
autores das ações judiciais foi a ação ordinária, totalizando 59, seguida por 35 mandados de O ENTENDIMENTO DA 2ª VARA FEDERAL DE SERGIPE
seguranças e apenas uma ação declara-tória incidental, resultando em um total de 95 ações.
O juiz substituto da 2ª Vara Federal, Fernando Escrivani Stefaniu, ao julgar a Ação
Da análise das decisões, observou-se que os magistrados ao julgarem o primeiro processo Ordinária, processo nº 0000941-33.2010.4.05.8500, ajuizada por Mariana Oliveira Andrade visando
sobre o tema, utilizaram a mesma fundamentação nas sentenças seguintes, pois já possuem o seu obter a in-validação da Resolução nº 80/2008 que instituiu o sistema de cotas, com a consequente
convencimento formado. Assim, foi escolhida uma sentença proferida por cada magistrado para matrícula da autora para o curso de direito diurno, decidiu pela procedência do pedido autoral.
apre-sentação da sua fundamentação.
O magistrado expõe que o sistema de cotas está alinhado com o princípio da isonomia e a
A partir dos resultados iniciais alcançados, que serão expostos individualmente nos tópicos concretização dos Direitos Fundamentais, encontrando seu fundamento no conteúdo material e di-
referentes a cada Vara Federal, foi feita uma triagem inicial das sentenças colhidas, com a nâmico do princípio da isonomia. Para ele, o pressuposto de ordem fática calcado na constatação de
finalidade de se apurar se a sentença adentrava ou não no dilema existente acerca da um desequilíbrio relevante de oportunidades dita a necessidade de medidas diferenciadoras voltadas
constitucionalidade do programa. Isso porque, durante a pesquisa, constatou-se a existência de à produção de um resultado final de equilíbrio. Todavia, afirmar a adequação teórica do sistema de
outras ordens de assuntos que são judicializados no debate sobre as cotas, já que há também ações cotas em relação ao princípio da isonomia, não satisfaz, por insuficiente, a indagação sobre a legiti-
ajuizadas por vestibulandos que queriam ser enquadrados como cotistas, mas não o foram, em midade da providência concretamente adotada pela Universidade Federal de Sergipe, devendo
função de terem estudado parte da vida apenas em escola pública, ou a escola não é pública, mas avaliar dois pontos relevantes: a aptidão normativa e a proporcionalidade da medida.
tem finalidade filantrópica e mais uma série de situações que não se identificam com o objeto da
Portanto, a distorção destes conceitos constitui violação ao sentido da Constituição e produz, por
presente pesquisa, pois constituem outra vertente do assunto.
consequência, atos materiais ou legislativos desprovidos de legitimidade jurídica. Corroborando com a
Assim, passamos ao exame do entendimento de cada Vara Federal para ao final delinear o tese levantada, o magistrado apresentou precedentes em que o Supremo Tribunal Federal teve a
posicionamento majoritário da Justiça Federal de Sergipe sobre o PAAF/UFS. oportunidade de esclarecer o espectro relativo e materialmente delimitado da autonomia universitária.
O juiz titular da 2ª Vara Federal, Ronivon de Aragão, ao julgar os processos de sua
atribuição filiou-se a fundamentação do juiz substituto Fernando Escrivani Stefaniu, adotando-a em
O ENTENDIMENTO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE sua íntegra, assim no julgamento do Mandado de Segurança, processo nº 0000550-
A juíza titular da 1ª Vara Federal, Telma Maria Santos, ao julgar a Ação Ordinária, processo nº 78.2010.4.05.8500, impetrado por Thaísa Calumby Lima com a finalidade de obter a determinação
0001372-67.2010.4.05.8500, ajuizada por Júlio César Melo dos Santos Júnior objetivando a sua judicial para que lhe fosse pro-movida a matrícula no curso de odontologia, o magistrado concedeu
matrícula no curso de fisioterapia da UFS, no turno matutino, decidiu pela procedência dos pedidos a segurança para determinar à autoridade impetrada que efetue a referida matrícula.
contidos na peça inicial e orientou-se, em síntese, pelos seguintes fundamentos e questionamentos: Para
a magistrada, o sistema de cotas instituído pela UFS objetiva garantir o acesso de grupos menos
favorecidos aos cursos por ela ministrados, e não obstante a constatação de quanto os negros foram O ENTENDIMENTO DA 3ª VARA FEDERAL DE SERGIPE
vítimas de injustiças atrozes, tem-se indagado se a pouca representatividade deles nas Universidades
Públicas decorre do fato da cor, ou da dificuldade e, até mesmo, em alguns casos, da impossibilidade de O juiz titular da 3ª Vara Federal, Edmilson da Silva Pimenta, ao julgar a Ação Ordinária, processo nº
terem acesso a um ensino de qualidade que possibilite condições suficientes de aprendizagem, 0000951-77.2010.4.05.8500, ajuizada por Thaysa Souza Santana pedindo a sua matrícula no curso

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de direito diurno da UFS e a declaração incidental da inconstitucionalidade/nulidade da Resolução formalidade adotada pela Universidade para estabelecer a ação afirmativa, a qual se deu mediante
nº80/2008 decidiu pela procedência dos pedidos contidos na peça inicial. resolução administrativa. Segundo estes, o princípio da autonomia acadêmica não pode ser visto de
maneira ampliada e absoluta, devendo-se ser sempre analisado em consonância com os demais
Na fundamentação o magistrado orientou-se pelo entendimento de que a República Federativa do Brasil
man-damentos constitucionais, sob pena de extrapolar suas funções.
que é um Estado Democrático de Direito e tem como uns dos seus pilares o princípio da legali-dade e o
da igualdade, possuindo entre os seus objetivos fundamentais a proibição da discriminação, daí que o Enquanto isso, os favoráveis à ação afirmativa específica das cotas, por sua vez e também em breve
tratamento diferenciado entre os cidadãos somente é possível quando autorizado pela Lei síntese, argumentam que o artigo 3º, inciso III, impõe como objetivo fundamental da República
Maior. erra-dicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais, ao passo que já é
superada na doutrina a alegada vedação à discriminação positiva (também chamada de tratamento
Assim, para o magistrado o estabelecimento do sistema de cotas para ingresso nas universidades pú-
preferencial), voltada justamente a assegurar a igualdade material (e não apenas formal) entre os
blicas é, antes de tudo, uma questão jurídica, que não encontra amparo na Carta Magna, onde foi ve- integrantes de um Estado.
dado tratamento discriminatório dessa natureza e que sequer a lei ousou disciplinar. Diante disso, não há
nos dispositivos constitucionais qualquer autorização para edição de Resolução pela universidade, Para os favoráveis ao sistema de cotas da UFS, o mesmo mostra-se adequado e eficaz, uma vez que
disciplinando qualquer forma de ingresso mediante discriminação por qualquer critério. o princípio da autonomia administrativa possui bases constitucionais capazes de legitimar a adoção
de medidas educacionais concatenadas com as diversas diferenças e realidades sociais apresentadas.
Em sentido diverso, o juiz substituto da 3ª Vara Federal, Rafael Soares Souza, ao julgar a Ação Or- Diante da “privatização” das universidades públicas, as quais são maciçamente frequentadas por
dinária, processo nº 0000893-74.2010.4.05.8500, ajuizada por Samara Dourado Matos, inscrita nas egressos das instituições particulares de ensino, a mobilidade social mostra-se inaplicável se não
vagas para não cotistas, a qual questionava o sistema de cotas da UFS, qualificando-o como fos-se a adoção desses mecanismos de redução das desigualdades e geradores de maiores
inconsti-tucional, decidiu pela improcedência do pedido autoral. oportunidades aos estudantes de baixa renda, os quais são, predominantemente, de cor negra.
Quanto aos argumentos favoráveis têm: o combate aos efeitos presentes da discriminação passada; a
promoção da diversidade; a natureza compensatória das ações afirmativas; a criação de modelos posi-
tivos para estudantes e as populações minoritárias e a provisão de melhores serviços às comunidades
minoritárias. Os argumentos contrários fundamentam-se na necessidade de observância do mérito e a
consequente injustiça quanto aos adversários do regime comum de competição; tensão entre um modelo PALAVRAS-CHAVE: Direito à educação; Políticas públicas de Ação Afirmativa; Poder
de proteção individual ou grupal dos direitos e a gravidade de algumas modalidades de ação afirmativa; Judiciá-rio.
caráter prejudicial às minorias raciais, dado o reforço dos estigmas e preconceitos deles decorrentes;
violação ao princípio da legalidade e na igualdade nas condições de acesso e permanên-cia na escola [e
universidade] prevista no art. 206, I da Constituição.

CONCLUSÃO

No tocante a análise dos posicionamentos dos magistrados federais sergipanos nas ações im-
petradas contra o PAAF/UFS no primeiro ano do programa, 2010, chegou-se ao resultado de que
ape-sar de majoritariamente a Justiça Federal de Sergipe ser contrária ao programa de cotas, tal
posiciona-mento não se mostra pacificado. Uma vez que, existem fundamentações diversas para a
resolução do mesmo conflito social, a qual perpassa por dois princípios cruciais: o princípio da
igualdade material e o princípio do justo mérito.
Em breve síntese, os contrários a tais medidas afirmam que a Constituição Federal, nos seus artigos
3º, inciso IV, e 4º, inciso VIII, veda preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação, além do art. 5º, caput, assegurar que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza.
Em razão deste mandamento constitucional, para que a discriminação positiva estabelecida pela
Uni-versidade Federal de Sergipe fosse constitucional era necessário a sua previsão expressa, já que
o princípio da legalidade pondera e limita a aplicabilidade do princípio da igualdade material.
Outro aspecto amplamente rebatido pelos magistrados contrários ao Sistema de Cotas da UFS foi a

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DEVERIA HAVER PENA DE MORTE NO BRASIL? E também, os Direitos humanos, que, asseguram, declaram, que os homens nascem continuam
livres e iguais em direitos. E, que, as distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.
A pena de morte vai contra os direitos fundamentais, que são os direitos à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade. Neste caso, especialmente à vida que a Constituição Federal
Luan Wesley Santana de Jesus proclama, que o Estado deve assegurar, o direito de continuar vivo, ter vida digna quanto à
l.u_a.n@hotmail.com subsistên-cia e de certa forma até de nascer, para os indivíduos.
E também, deve-se levar em consideração a tortura que vão submeter-se as pessoas que forem
punidas com este regime. O art. 5º da CF prevê que ninguém, será submetido a tortura nem a trata-
RESUMO mento desumano ou degradante.
Beccaria (1998) questiona em sua obra Dos delitos e das Penas. “Quem poderia ter concedido
Este ensaio tem como pretensão, discutir com racionalidade, se a pena de morte deveria ser
a homens o direito de fazer degolar seus iguais?” e também afirma ser um absurdo que as leis, que
adotada no Brasil. É notória a precariedade dos sistemas de contenção da violência. O espantoso
são a expressão da vontade pública e que detestam e castigam o homicídio, o cometam elas
cres-cimento de nossa população carcerária, e a incapacidade da prisão, em ressocializar os
próprias, e para afastarem os cidadãos do assassinato ordenem elas próprias um assassinato público.
delinquentes, tornar o indivíduo criminoso em não criminoso.
O mesmo através de argumentos como estes, pede simplesmente a anulação da pena de morte, por
A incapacidade de nosso sistema de controle criminal é, consequentemente, revelador da ne- considerá-la bárbara e inútil.
cessidade de uma profunda reforma no sistema de prevenção criminal e não apenas isso, é
Enfim, conclui-se que não é uma simples decisão, pois não caberia a pena de morte no Brasil.
necessário que as causas da violência também sejam adequadamente tratadas. Além disso, devemos Como apresentado nos argumentos acima, e também, em um projeto de Emenda Constitucional
levar em consideração os Direitos Fundamentais e Humanos apresentados na Constituição vigente.
para introduzir a pena de morte no país já é inconstitucional. Assim, pois, de acordo com a
Pois assun-tos deste cunho (pena de morte, prisão perpetua), acabam ferindo os nossos princípios.
Constituição o direito à vida é um direito individual expressamente proclamado e garantido. A
O trabalho foi realizado, através de livros, doutrinas, jurisprudências e aulas assistidas no disposição constitu-cional é clara e direta, não deixando qualquer dúvida sobre isso.
trans-correr do período. E dentre os argumentos favoráveis a pena de morte, temos a realidade do
E o artigo 60, que trata das Emendas Constitucionais, enumera no § 4º as únicas hipóteses
nosso país que não são das melhores. O auto índice de violência, o crescimento da população
em que não poderá ser admitida proposta de emenda. Que contém em síntese que o direito à vida é
carcerária, a precariedade das prisões. Este tipo de pena poderia diminuir o índice de criminalidade
fundamental e intocável. No sistema jurídico brasileiro o direito à vida é reconhecido e assegurado
solucionar estes problemas.
como um dos direitos fundamentais do indivíduo, direito que nenhuma pessoa e nenhum órgão pode
Nos últimos anos, o Brasil presenciou grandes calamidades, como o caso de Eloá Cristina o restringir nem pode pretender eliminar. É evidente que o país necessita de melhoras, para a
mais longo sequestro em cárcere privado já registrado, e morta pelo ex-namorado, caso este que contenção da violência, mas, a pena de morte não seria a melhor opção.
adquiriu grande repercussão nacional e internacional. Isso mostra a fragilidade do sistema de con-
tenção da violência, esta fatalidade poderia ter sido evitada se o Estado oferecesse mais segurança.
E também, o de Isabella Nardoni, que foi arremessada da janela do 6º andar de um prédio.
Os autores deste crime hediondo, Alexandre Nardoni e Anna Jatobá, praticaram este ato, sa- PALAVRAS-CHAVE: Pena de Morte, Direitos Humanos e Fundamentais.
bendo das consequências que iriam sofrer, no sentido da forma que seriam condenados pelo ocorrido.
Se existisse pena de morte, para crimes como este, acredito que os mesmos não teriam coragem de fazer
isto. Então fatos como estes fazem com que a população se revolte cada vez mais com o Estado.
E peçam que adotem outro sistema.

Quanto à preservação dos Direitos Humanos do condenado da pena de morte, questiona-se se,
com a atitude brutal que os mesmos praticam o ato, poderiam ser considerados humanos. Por fim,
também temos a economia, que, o Estado acarretaria, no sentido em que não teria de bancar o de-
linquente em toda sua estadia no sistema prisional. E este dinheiro poderia servir para beneficiar a
sociedade em diversas formas.
Já, os argumentos contrários a pena de morte, temos os Direitos Fundamentais. Cujo o obje-
tivo é assegurar aos indivíduos proteção contra o Estado e contra os particulares, ao mesmo tempo
que reafirma a sua própria condição humana, é o direito com base na dignidade da pessoa humana,
reconhecidos e protegidos pelo Estado. Tudo isto esta contido no artigo 1º da CF.

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A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA MELHORIA DA QUALIDADE RESULTADOS E DISCUSSÃO
DE VIDA DOS CUIDADORES DE PACIENTES COM DOENÇA DE A Doença de Alzheimer compromete em grande escala a vida dos cuidadores dos pacientes,
ALZHEIMER pois, estes, na maioria das vezes deixam de viver suas próprias vidas para se dedicarem ao cuidado
ao portador da mesma. A esse respeito, Luzardo, Et al, 2006, comenta que a “necessidade de
cuidados ininterruptos, o difícil manejo das manifestações psiquiátricas e comportamentais,
somadas às vivên-cias dos laços emocionais positivos e negativos experienciados pelo convívio
anterior à instalação da doença produzem desgaste físico, mental e emocional.” Sendo assim, é de
Maria Riso Barbosa do Nascimento fundamental importância a intervenção do profissional enfermeiro no contexto da assistência ao
maria.risobn@gmail.com cuidador, tendo em vista que essa assistência poderá dar suporte, apoio, àquela pessoa que, pelas
circunstancias da vida, vê-se en-volvida com o paciente portador da DA, e com tudo o que esse fato
Maria Eulidênia Oliveira Carvalho implica. Segundo Cruz e Handan, 2008, “melhores estratégias de gerenciamento de problemas
nenezinha_2006@hotmail.com influenciam no ajustamento emocional do cuidador, refletindo-se em uma melhor assistência ao
paciente.” O enfermeiro, portanto, deve atuar como educador dos cuidadores, pois, este profissional
Ana Carla Oliveira Santos está habilitado para contribuir para o planeja-mento, realização e suporte para o cuidado.
anacarla_enf@hotmail.com

Regivânia Souza Silva


regivaniasouza@yahoo.com.br
CONCLUSÃO

Diante do estudo realizado, se pode concluir que o papel do enfermeiro(a) na assistência aos
INTRODUÇÃO cuidadores de pacientes portadores de DA tem relevada importância, pois, é a partir dessa assistên-
cia que essas pessoas terão a oportunidade de serem orientadas sobre como proceder naquilo que se
O aumento do número de idosos no mundo é algo perceptível, pois o avanço da tecnologia refere ao manejo com o paciente, a se inserirem em grupos de apoio como terapia familiar, terapia
aliado à melhor qualidade de vida proporciona ao homem maior expectativa em relação à mesma individual, quando intervenções serão realizadas visando estabelecer um fluxo de informações entre
levando as pessoas a ficarem idosas e consequentemente adquirirem problemas decorrentes da o profissional de enfermagem, outros profissionais e os cuidadores tendo como objetivo principal a
idade. A doença de Alzheimer é um deles, pois acomete os indivíduos principalmente após os 60 melhoria da qualidade de vida dos mesmos. Estas intervenções podem contribuir para minimizar os
anos. O diagnóstico da D.A. é desanimador, porque a mesma, segundo Smith e Timby, 2005, não problemas causados pela DA na vida de portadores e cuidadores.
tem cura, e, de acordo com os mesmos autores é um distúrbio cerebral progressivo e deteriorante de
início precoce antes dos 60 anos de idade, e de inicio tardio após 60 anos.
O objetivo desse trabalho é discutir sobre os cuidadores dos pacientes com a D.A e o impacto
trazido por ela à vida dos mesmos e de que forma o enfermeiro pode contribuir para melhorar a qua- PALAVRAS-CHAVE: Amor, cuidar, cuidar-se, dedicação, vida.
lidade de vida destes indivíduos, nesse sentido, o estudo tem uma grande relevância, uma vez que se
torna necessário uma orientação profissional especializada a estas pessoas que cuidam de pacientes com
DA. Esta orientação deve ser direcionada através de intervenções de enfermagem, tendo como objetivo
minimizar os problemas causados pela doença na vida de portadores e cuidadores.

METODOLOGIA

O estudo realizado trata de uma revisão de literatura descritiva exploratória, cuja coleta de
da-dos foi efetuada por meio de levantamento bibliográfico, baseado em artigos encontrados na
internet pelas bases de dados Scielo. Vários textos foram previamente selecionados e, após leitura e
avalia-ção, foi feita a seleção final de acordo com os objetivos do trabalho. Os autores e suas visões
foram estudadas, mostrando como a Doença de Alzheimer afeta além do portador o cuidador dos
pacientes portadores da mesma. Tendo como descritores utilizados: Cuidador, Doença de
Alzheimer, Enferma-gem.

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O USO DA TECNOLOGIA COMO PROPOSTA DE AUMENTO DE RENDA E Foi realizada uma revisão bibliográfica por meio de consultas a livros, artigos e periódicos
disponíveis em meios eletrônicos, em acervos públicos e pessoais referente às temáticas que tratam
DESENVOLVIMENTO NA AGRICULTURA
sobre o uso das tecnologias como peça fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento da
agri-cultura
José Venicius Andrade Santos Assim, através da análise de vários autores, pudemos fazer uma reflexão crítica sobre o re-
jose-veni@hotmail.com
ferido tema, que são técnicas e manuseio de utensílios para a realização e aumento da produção na
agricultura fortalecendo a economia nacional e oportunizando o crescimento econômico do
Diego Andrade de Jesus Lelis
individuo e de seu grupo.
diegolellis09@hotmail.com

RESUMO RESULTADOS E DISCUSSÃO


O objetivo deste artigo é destacar a importância do uso das tecnologias voltadas para a agri- A modernização da agricultura, nas últimas décadas passa a ser fator de fundamental impor-
cultura, uma vez que as mesmas proporcionam aos agricultores, independentemente de seu porte tância para o desenvolvimento do país e conseqüentemente como alavanca de ascensão econômica e
um aumento da produtividade, o crescimento social e econômico e o desenvolvimento do país. Para social para os pequenos, médios e grandes agricultores, o campo vem se transformando e fazendo
al-cançar tal objetivo foi realizado um levantamento bibliográfico por meio de consultas a livros, com que o setor agrícola passe a explorar novas áreas para suprir as necessidades de aumento na
artigos e periódicos disponíveis em meios eletrônicos ou em acervos públicos, buscando refletir produção interna e externa, visto que muito da produção nacional é voltada para atender o mercado
acerca da importância da tecnologia na agricultura e o beneficio de tais praticas. externo.
O campo sofreu sérias transformações possibilitando o crescimento da produção agrícola e a
expansão do setor agroindustrial, visto que, há uma interdependência nesse processo de ampliação
do mercado capitalista agrícola. Porém, deve-se ressaltar que esse desenvolvimento tecnológico na
INTRODUÇÃO agricultura não se da de forma homogênea em todo o território nacional e camadas sociais, os
médios e grandes produtores se sobressaem nesse contexto de modernização e produção, devido a
A agricultura desempenha um papel de grande importância no mundo atual, e certamente maior de-tenção de capital e acesso as tecnologias direcionadas a agricultura
tende a aumentar impulsionada pelas evolutivas taxas de crescimento demográfico, pelo evidente
au-mento do número de pessoas a alimentar e ainda fomentada em atender as demandas de Para Diniz (1986) não se pode pensar na agricultura apenas como meio de subsistência, pois
oleaginosas e outros produtos para fins industriais. ela deve ter papel de destaque no processo global de desenvolvimento das nações, sobretudo do
mun-do subdesenvolvido.
Desde seu inicio até os dias atuais foi um período de longa aprendizagem, de evolução
consti-tuída em descobrimento de técnicas, ferramentas, utilização de insumos e defensivos para um
melhor aproveitamento de rendimento da produção.
Diante do aumento da necessidade de produção de alimentos, o homem passou a usar sua CONSIDERAÇÕES FINAIS
inteligência para criar novas maneiras de construir instrumentos que fossem capazes de auxiliá-lo
na produção. A partir do exposto, é possível perceber a importância do acompanhamento tecnológico pelo
campo e do uso das tecnologias para a agricultura, pois tal utilização proporciona aos agricultores o
Nesse contexto as tecnologias voltadas para a agricultura, teriam a função de aumentar a
aumento da produtividade na área rural, o crescimento social e econômico a partir da aquisição de
produção e fortalecer o mercado interno, gerando o crescimento econômico do país e dos
bens e conseqüentemente de sua área de plantio. Esta pratica contribuindo de forma ampla e signifi-
respectivos protagonistas desse crescimento, no caso, os agricultores sendo responsáveis pelo
cativa para o desenvolvimento do setor e da economia nacional.
desenvolvimento de uma classe forte de pequenos e médios produtores agrícolas, além da redução
substancial do pro-blema social, permitindo assim uma melhor distribuição de renda gerando dessa Dentro desse contexto O desenvolvimento do setor agrícola tem influenciado a permanência
forma um ciclo de crescimento e evolução econômica e social. do proprietário da terra no campo, motivado pelo aumento da produção, através do uso das tecnolo-
gias, aliado a valorização do seu trabalho e ao crescimento de sua renda favorecendo assim
Mediante tais informações essa pesquisa visa destacar a importância do uso das tecnologias
oportuni-dades de melhorar sua qualidade de vida.
para o crescimento econômico, fomentando a necessidade de sua utilização para tal crescimento
nes-sa área.
MATERIAIS E MÉTODOS PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia, Agricultura, Renda, Desenvolvimento,Produtividade.

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RESSOCIALIZAÇÃO: A POSSIBILIDADE DE MODIFICAR A REALIDADE A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO
DE PESSOAS QUE POSSUEM O ESTIGMA ENRAIZADO PELA DA ERISIPELA
SOCIEDADE
Maria Eulidênia Oliveira Carvalho
nenezinha¬_2006@hotmail.com
Erica Karine Santana Santos
ericakarine.psi@gmail.com
Juliana de Souza Correia
julianacorreia_enf@hotmail.com
Bianca Nayara Menezes Dias
biancanm.dias@hotmail.com
Alexssandro Araújo França
alexs_1926@hotmail.com
Anesângela de Vasconcelos Vieira
anne.gui.nath@hotmail.com
Maria Riso Barbosa
maria.risobn@hotmai.com
RESUMO

O presente trabalho aborda as questões sobre a deficiência do sistema prisional brasileiro, o


alto índice de reincidência de ex-detentos e principalmente os rótulos impostos pela sociedade,
RESUMO
sendo perceptível várias polêmicas e, consequentemente, o surgimento de indagações. Pretende-se
defender a ideia de que, apesar de considerada uma tarefa árdua, pois vai desde mudanças em todo A Erisipela é um processo infeccioso cutâneo, podendo atingir a gordura do tecido celular
o sistema carcerário do país, ou seja, a devida aplicação e cumprimento das leis, até mudanças na subcutâneo, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. A erisipela ocorre por-que
forma de ver e aceitar o ex-detento, apoiá-lo e não apenas discriminá-lo, é possível ressocializar uma bactéria (um Estreptococo) penetra numa pele favorável à sua sobrevivência e reprodução. A porta
esse indivíduo que vem inserido nesse contexto de encarceramento envolto por todos os estigmas e de entrada quase sempre é uma micose interdigital (as famosas “frieiras”), mas qualquer ferimento pode
preconceitos. Porém, este deve ser um trabalho individual que deve partir de cada um de nós, desencadear o mal. Os primeiros sintomas podem ser aqueles comuns a qualquer in-fecção: calafrios,
gerando assim um bem cole-tivo. febre alta, astenia, cefaleia, mal-estar, náuseas e vômitos. As alterações da pele po-dem se apresentar
rapidamente e variam desde uma simples vermelhidão, dor e edema (inchaço) até a formação de bolhas
O trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, este tipo de pesquisa é elaborada
e feridas por necrose (morte das células) da pele. A localização mais frequente é nos membros
com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material inferiores, na região acima dos tornozelos, mas pode ocorrer em outras regiões como face e tronco. No
impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. início, a pele se apresenta lisa, brilhosa, vermelha e quente. Com a progressão da infecção, o inchaço
Os resultados obtidos no decorrer da pesquisa, nos remete a ideia de que a ressocialização aumenta, surgem as bolhas de conteúdo amarelado ou achocolatado e, por fim, a necrose da pele. A
do detento é o principal objetivo da pena visto com caráter punitivo ou preventivo, mas para isso doença deve ter cuidados especiais, para um bom prognóstico, por isto é essencial ter o
deve haver uma mobilização de toda a sociedade, seja ela no respeito à pessoa humana e na chance acompanhamento de profissionais capacitados para instruir o paciente e cuidar do mesmo, para que
a mais que a sociedade deve dar ao ex-detento. Porém, o sistema penitenciário brasileiro é precário assim seja alcançada a reabilitação. Portanto, o estudo tem como objetivo divulgar a importância do
e por isso comete injustiças e não cumpre com a sua função, sendo que no Brasil não há programas enfermeiro diante do tratamento de feridas. O trabalho foi realizado com o paciente J.E.B. de 46 anos,
de res-socialização e os poucos presídios que tentam, ou organizações que apoiam, são morador da cidade de Moita Bonita o qual já estava internado há onze dias no Hospital Pedro Garcia
“apedrejados” pela população desejosa por vingança que entende a recuperação de um criminoso Moreno Filho na cidade de Itabaiana/se, com diagnóstico de Erispela. O estudo foi realizado através de
como “proteção aos bandidos”. Para a sociedade em geral um ex-delinquente é sempre visto como um estudo de caso que possibilitou o acompanhamento durante três semanas. No primeiro contato com
um inimigo e nunca como um cidadão. o paciente a lesão se caracterizava em faze de necrose em seu membro inferior direito e sinais
flogísticos. O curativo era realizado todos os dias para que fosse realizada uma avaliação do tipo de
Haja vista a realidade acima delineada, acreditamos que a ressocialização é sim possível, tratamento que deveria seguir. Para que fosse traçado o tratamento, e os cuidados de enfer-magem, foi
mas antes é preciso haver uma mudança radical do Estado e na sociedade em geral, visto que aplicado a Sistematização da Assistência de Enfermagem no paciente. O paciente acom-panhado teve
vivemos em uma cultura totalmente preconceituosa. Portanto, não podemos esquecer que apesar de que realizar um debridamento físico, pois estava sendo feito o curativo com papaína a 10% há dez dias e
se tratar de indivíduos que foram totalmente contra as normas, leis e padrões impostos pela não estava fazendo efeito. Após o debridamento, o curativo ficou sendo realizado duas vezes ao dia
sociedade, ou seja, indivíduos desviantes que certamente prejudicaram vidas de pessoas tratam se fazendo uso da papaína a 10%, fato este que fez a acadêmica questionar o tipo de medicamento que
antes de qualquer coisa de seres humanos. estava sendo usado, então, a prescrição foi mudada para papaína a 2% e hidrogel.
Além do tratamento com os antibióticos de acordo com a prescrição médica. Depois do debridamento
físico a lesão ficou com alguns pontos de fibrina com a maior parte de tecido de granulação. Devido a
PALAVRAS-CHAVE: Sistema prisional; ressocializar; detento e estigma. profundidade da ferida, teve que ser realizado o enxerto e após três dias o paciente recebeu alta para

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dar continuidade ao seu tratamento em casa. O presente estudo de caso teve o compromisso com a ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PORTADOR DE
assistência prestada ao cliente, podendo assim obter um melhor prognóstico, já que no primeiro
con-tato que o grupo teve com J.E.B. pode verificar a presença de uma grande lesão, ou seja, uma
DIABETES MLLITUS APRESENTANDO COMPLICAÇÕES CRÔNICAS
úlcera já em necrose fazendo o uso da papaína a 10% já há dez dias sem resultado satisfatório tendo VASCULARES: RELATO DE CASO BASEADO NA TEORIA DO
que se submeter à debridação cirúrgica. Após o debridamento o cliente permaneceu fazendo uso da
papaína a 10%, fato este que fez o grupo questionar o tipo de medicamento que estava sendo usado,
AUTOCUIDADO DE OREM
então, a prescrição foi mudada para papaína a 2% e hidrogel. Fomos informados que o cliente
passou por um procedimento cirúrgico de enxerto, e hoje já se encontra em casa e se recupera bem. Valdiceia da Silva Dantas Gama
É importante que o enfermeiro conheça a sistematização para que seja um provedor e preveja com ceinha.20@hotmail.com
antecedência a importância da sua atuação. Também é fundamental para um bom trabalho em
equipe. O enfermeiro utiliza um processo de tomada de decisão para determinar um diagnóstico de Michel Oliveira Caldas
enfermagem, projetar um resultado desejado e selecionar intervenções pra chegar a um resultado. michelcaldas1@hotmail.com
Esse é o enfermeiro que se deve ter nos dias atuais, tendo uma visão holística de cada cliente,
praticando o cuidado e capaci-tando sua equipe para uma assistência humanizada.

INTRODUÇÃO
Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, o número de portadores da doença em
PALAVRAS-CHAVE: Erisipela; doença; bactéria, ferida, curativo. todo o mundo era de 177 milhões em 2000, com expectativa de alcançar 350 milhões de pessoas em
2005. No Brasil são cerca de seis milhões de portadores, a números de hoje, mas deve alcançar 10
milhões de pessoas em 2010 (BRASIL, 2006). Segundo o SIAB, na Bahia existem 10.356, sendo que do
sexo feminino o índice é maior do que no sexo masculino, pois há aproximadamente 7.030 mulheres
diabéticas e apenas 3.330 homens acometidos por essa patologia. E em Ribeira do Am-paro-BA,
existem cerca de 290 portadores de diabetes, ou seja, 2,04% da população dessa cidade estão
acometidos por essa doença. Esse índice é maior entre pessoas de 15 anos ou mais, sendo que existe
apenas um caso entre pessoas de 0 a 14 anos (DATASUS). Esse trabalho mostrou-se de extre-ma
importância, pois os resultados foram motivadores para a cliente e para equipe de enfermagem.
Assim sendo, tornou-se interessante, buscar respostas a várias indagações surgidas. Como se sente o
paciente portador de Diabetes Mellitus? Quais as mudanças no seu estilo de vida? A doença alterou
o seu comportamento? Como é viver com a doença apresentado comprometimento vascular? Como
se sente emocionalmente e socialmente?

OBJETIVO

Mostrar a importância do cuidado de enfermagem a um paciente portador de Diabetes Melli-


tus e com comprometimento vascular, utilizando os diagnósticos e intervenções de Enfermagem.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, que é
uma modalidade de estudo que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e
significativas de episódios da vida real, como ciclos de vida individuais e processos organizacionais
administrativos. Este tipo de estudo ainda contribui, de maneira inigualável, para a compreensão dos
fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. Essa coleta foi feita no

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período de 14 a 18 de outubro de 2010. Os critérios de inclusão do paciente estabelecidos para a pes- A ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL
quisa foram: 1. Paciente portador de diabetes, 2. Precisar de cuidados dos profissionais de saúde e 3.
Aceitar participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os dados foram coletados na residência da paciente, através de uma entrevista semiestruturada, o Marta Andrade Carregosa
qual continha os dados de identificação, história da doença, historia familiar. carregosa.marta@hotmail.com

RESUMO
DISCUSSÃO
Trata-se de artigo que procura analisar a importância da ética na profissão contábil, como um
Segundo Brasil (2006), a maioria dos casos de diabéticos apresenta excesso de peso ou depo- ponto diferencial de qualidade do seu trabalho buscado pelas organizações. O contabilista irá vivenciar
sição central de gordura. Em geral, mostram evidência de resistência á ação da insulina e/ou defeito na situações em que o interesse aparecerá fortemente e é nesta hora em que ele deve exercer seus dilemas
secreção de insulina, manifesta-se pela incapacidade de compensar essa resistência. Em alguns é éticos sobre o determinado problema, diferenciando o certo do errado e agindo a favor do bem-estar da
normal, é o defeito secretor mais intenso. É possível considerar que o uso da teoria do Autocuidado é sociedade proporcionando assim a justiça. A ética possui como objetivo o estudo do comportamento
um instrumento válido, o qual nos ajudou a promover uma comunicação mais objetiva entre pesquisa- humano no meio em que está inserido, buscando os questionamentos das atitu-des morais e valores
dor e pesquisado, adequando de certa forma, planejamento da assistência de enfermagem a problemá- pessoais, o indivíduo constrói seu próprio conjunto de valores e crenças, o que determina o
tica desta paciente. Consideramos também, que o processo de enfermagem baseado em Orem nos deu comportameto diante das situações a serem vivenciadas na busca incessante dos seus objetivos, agindo
subsídios para a aplicação sistemática dessa assistência, fazendo-se mudanças necessárias ao plano de conforme sua razão. Assim, cada pessoa possui e determina seus interesses e fará o possível para
cuidado da paciente. Através da aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) alcançá-los, consequentemente é natural que surjam conflitos, é nessas diferenças e desentendimento
pudemos identificar os diagnósticos e intervenções de enfermagem concernente para esse caso. Em- entre os indivíduos que a ética pretende estabelecer o comportamento adequado à convivência em
basadas na teoria de Orem observamos a necessidade de envolvimento da paciente na assistência, o que sociedade. O código de ética tem por finalidade indicar um padrão de conduta pro-fissional
promove maior adesão à terapia utilizada e satisfação pessoal para a cliente e equipe. demonstrando o que é permitido ou não, tornando assim maneiras mais fácies de resolver os problemas
que venham a ocorrer na organização. O profissional deve exercer valores éticos de acordo com a
situação, além de uma conscientização adequada à cultura organizacional focalizando na solu-ção dos
problemas. A análise é construida por meio de pesquisa bibliográfica de livros, textos e temas
relacionados ao respectivo conhecimento estudado, como também a elaboração de uma análise numa
CONCLUSÕES turma de estudantes que cursam contabilidade, para verificar quais as mudanças necessárias que pre-
cisam ser aplicadas, visando a harmonia no meio social. A leitura realizada mostra que a utilização da
A aplicação da SAE a esta paciente permitiu confirmar a concepção que os autores Valcapelli & ética profissional está sendo um diferencial muito importante para aquele que deseja ter sucesso nessa
Gasparetto já possuíam, que paciente diabético não pode ser visto somente como um ser biológi-co, mas área, pois, cada vez mais as organizações avaliam o conceito ético como um fator primordial e
também levado em consideração seu lado psicológico e social. Podemos perceber isso com mais clareza indispensável na contratação de seus profissionais. Tudo isso tem uma explicação básica e clara, onde a
quando Valcapelli & Gasparetto citam: Independentemente da predisposição genética, a manifestação ética profissional deve ser valorizada, utilizada e aplicada, antes de qualquer norma obrigatória dos
da diabetes está relacionada a períodos de graves distúrbios emocionais, como rupturas no lar, conselhos de classes profissionais, classificada como um princípio de vida e respeito para com os ci-
frustações afetivas, profissionais ou estresse (2006, p.150). Por intercessão da realização deste estudo dadãos da sociedade em que convive. A conclusão que pode ser tirada no trabalho é que o profissional
pudemos evidenciar que, por meio da assistência embasada na teoria de Orem, foi possível identificar os de contabilidade deve desenvolver a ética na sua carreira, buscando desempenhar suas atividades de
déficits de autocuidado, e que é relevante operacionalizar o processo de enfermagem tomando como forma honesta possuindo um refencial ético comprometido não só com o conselho federal e regional de
referência um modelo de assistência, pois facilita a identificação de diagnósticos de enfermagem, bem contabilidade, mas também com a sociedade, valorizando a dignidade de sua classe contábil. É
como o desenvolvimento de sua prática. Percebe-se com este caso que os fatores emocionais importante ressaltar que a corrupção e o lucro fácil jamais promoverão o sentimento de relização
influenciam diretamente no aparecimento da diabetes, pois, além da predisposição gené-tica, a vida profissional, pois, é nesses aspectos que deixa de ser construida uma economia nacional forte e justa,
social do cliente conta muito. E nesse caso isso fica evidenciada pela aparente situação emocional da com fraudes de balanços e a sonegação de impostos não existe a distribuição de renda e o estado não
paciente em questão. Portanto, o cuidado é a essência do ser humano. pode garantir melhores condições de vida aos demais cidadãos.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Diabetes Mellitus; Paciente; Autocuidado, Assistência. PALAVRAS-CHAVE: Ética, contabilidade, sociedade, comportamento, responsabilidade.

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É POSSÍVEL O USO DE MEDICAÇÕES NA GESTAÇÃO SEM TOXICIDADE RESULTADOS E DISCUSSÃO
FETAL? Estima-se que 10% ou mais dos defeitos congênitos são resultantes da exposição materna a
drogas. Por este motivo, a Food and Drug Administration (FDA) classifica todas elas em categorias de
risco. Muitas drogas não têm sido avaliadas em estudos clínicos – e, provavelmente, não o serão por
Ana Carla Oliveira Santos questões éticas. Em estudo de revisão de literatura sobre a farmacogenética dos defeitos congê-nitos,
anacarla_enf@hotmail.com
com foco sobre a necessidade de ensaio genotípico materno preditivo, os autores concluem que os
indivíduos variam em como metabolizam drogas e manipulam exposições ambientais tóxicas. Em
Maria Eulidênia Oliveira Carvalho
usuárias crônicas de medicamentos, não existe técnica disponível que possa identificar aquelas de risco
nenezinha_2006@hotmail.com
de dismorfose. Os polimorfismos de gene para uma determinada enzima específica podem resultar numa
ausência ou redução no nível da atividade enzimática, ou em nenhuma mudança, com pouco efeito sobre
Maria Riso Barbosa do Nascimento
a estrutura/função dos produtos do gene, mas eles não estão associados ao fenótipo clínico, tanto para a
maria.risobn@gmail.com
mãe como para o feto. Outros polimorfismos podem ser apenas marcadores.

INTRODUÇÃO CONCLUSÃO
Há no Brasil crescente utilização de medicamentos industrializados, inclusive durante o ciclo Em conclusão, quase 40 anos após o desastre da talidomida, mulheres grávidas continuam
reprodutivo feminino. Com a finalidade de sanar as queixas advindas, por vezes, da falta de atenção às sendo expostas a grande número de medicamentos cuja segurança nem sempre está bem estabeleci-
necessidades básicas de sobrevivência. A utilização de medicamentos industrializados tem crescido ao da. Entre os médicos, duas atitudes extremas podem ser observadas. Por medo da embrio/fetotoxi-
ponto de incorporar-se ao acervo popular de conhecimentos, permitindo os palpites diagnósticos e cidade, muitos adotam atitudes excessivamente conservadoras com relação ao uso de medicamentos
terapêuticos, num processo que levará à tendência crescente à automedicação afirma BUCHER,1992. durante a gravidez e expõem a mãe a sofrimento desnecessário, enquanto outros prescrevem de
Como toda a população, a gestante está sujeita a intercorrências de saúde que impõem o uso de medi- modo irracional e excessivo, expondo a parturiente e feto a sérios riscos. Todavia, medicamentos
camentos. A gestação compreende situação única, na qual a exposição a determinada droga envolve dois necessá-rios para a preservação da integridade da mãe nunca devem ser evitados.
organismos. A resposta fetal, diante da medicação, é diferente da observada na mãe, podendo resultar
em toxicidade fetal, com lesões de variada monta, algumas irreversíveis. Portanto, acredita-se que o melhor a ser proposto para uma menor exposição a gestantes que
necessitam o uso de medicamentos é estimular à educação continuada dos profissionais de saúde
O objetivo dessa pesquisa é avaliar o risco da toxicidade fetal na gravidez. Nesse sentido a en-volvidos com o pré-natal, visando uma melhoria da qualidade das prescrições e
pesquisa tem grande relevância, social e prática. Pois torna-se necessário uma orientação e consequentemente da atenção à gestante e, principalmente, discussões com todos os sujeitos do
prescrição medicamentosa cautelosa, pelos profissionais de saúde com vista á minimizar os processo sobre a concepção de saúde-doença que norteia as práticas do serviço e da comunidade,
problemas causados pelos fármacos, principalmente as más- formações congênitas. visando resgatar a representação da gestação como um processo fisiológico normal, que exige
cuidados, mas que não é patológico e, portanto, não implica necessariamente em intervenções
curativas, entre elas a prescrição de medica-mentos.

MÉTODOS

O estudo realizado trata de uma revisão de literatura descritiva exploratória, cuja coleta de PALAVRAS-CHAVE: Gravidez; toxicidade; dismorfose; feto; educação continuada.
da-dos foi efetuada por meio de levantamento bibliográfico, baseado em artigos encontrados na
internet pelas bases de dados Scielo e Lilacs. Vários artigos foram previamente selecionados e, após
leitura e avaliação, foi feita a seleção final de acordo com os objetivos do trabalho. Os autores e
suas visões foram estudadas, mostrando como o uso indiscriminado de medicação durante a
gestação podem acarretar danos a saúde do feto.

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QUAIS OS FATORES DE RISCOS QUE OS OPERADORES DE MAQUINA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
AGRICOLA ENFRENTAM NO DIA-A-DIA NO MUNICIPIO DE ADUSTINA- O trabalho tem um importante papel na vida humana, pois além de ser fonte do seu sustento,
BA o trabalhador pode se sentir útil, produtivo e valorizado, contribuindo para a melhora da auto-estima
e concreta auto-realização. Entretanto, quando o trabalho é realizado sob condições inadequadas,
pode ser nocivo, prejudicando a saúde, provocando doenças, levando à inatividade, encurtando a
vida e até causando a morte. (MACIEL ET AL, online;2006).
Wheidna Suiana Menezes de Melo A área de Saúde do Trabalhador, no Brasil, tem uma conotação própria, reflexo da trajetória
wheidna_adustina@hotmail.com que lhe deu origem e vem constituindo seu marco referencial, seu corpo conceitual e metodológico.
A princípio é uma meta, um horizonte, uma vontade que entrelaça trabalhadores, profissionais de
Karla Reis Menezes serviços, técnicos e pesquisadores sob premissas nem sempre explicitadas. O compromisso com a
karla.enfermagem@hotmail.com mudança do intrincado quadro de saúde da população trabalhadora é seu pilar fundamental, o que
supõe desde o agir político, jurídico e técnico ao posicionamento ético, obrigando a definições
Josefa Menezes Andrade claras diante de um longo e, presumidamente, conturbado percurso a seguir. (MINAYO-GOMEZ &
josefa_menezes@msn.com THE-DIM-COSTA).

Maria Edna Santos Andrade Atualmente, no Brasil, não existem informações precisas sobre o numero de acidentes que
enfedna@hotmail.com ocorrem pelo exercício do trabalho. Sabe-se, porém, que pouco mais da metade da população eco-
nomicamente ativa encontra-se registrada na previdência social, o que o sub-registro de acidentes é
comum. Estima-se que ocorram, anualmente, cerca de três milhões de acidentes com trabalhadores
no país. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI)
Na zona rural, a situação é bem mais grave, pois as pessoas trabalham por conta própria e
INTRODUÇÃO sem carteira assinada e raramente registram a ocorrência de acidentes. Os trabalhadores rurais estão
cons-tantemente expostos a inúmeros agentes que podem causar acidentes, como máquinas e
É perceptível, ainda, nos dias atuais um descaso quanto à precaução dos trabalhadores como implementos agrícolas, ferramentas manuais, agrotóxicos, animais domésticos e animais
um todo, sobretudo os classificados como de terceiro setor, questões as quais estão relacionadas à peçonhentos. Alem disso, outros fatores que poderiam ser associados aos acidentes, como a
falta de informação, capacitação, e muitas das vezes pela própria negligência com que realiza suas ocorrência de eventos estressantes, apresentam freqüência relativamente elevada na população
funções. economicamente ativa. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI).
A problemática dos operadores de máquinas agrícolas está associada aos fatores de riscos Segundo o artigo 131 do Decreto nº 2.172, de 05 de março de 1997, acidente de trabalho no
(físico, químico, ambiental e ergonômico) aos quais, direto ou indiretamente, estão expostos durante meio rural é o que ocorre na realização do trabalho rural, a serviço do empregador, provocando
a realização do seu trabalho. lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou redução permanente ou
A pesquisa em análise foi desenvolvida com o intuito de explanar as probemáticas ocupacio-nais temporária da capacidade para o trabalho.
que incidem sobre a saúde dos operadores de máquinas agrícolas no município de Adustina, BA. De acordo com Rodrigues & Da Silva (1986): Uma das principais conseqüências da mo-
A fim de contribuir para minimizar a prevalência de acidentes com tais trabalhadores, por meio do dernização da agricultura brasileira foi a substituição progressiva do trabalho manual pelo trabalho
conhecimento dos fatores riscos e de ações preventivas. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi mecanizado. A introdução de instrumentos e insumos modernos nas tarefas agrícolas ampliou signi-
um levantamento epidemiológico acerca da ocorrência de acidentes, associados a fatores ocupacio- ficativamente os tipos de acidentes de trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores rurais
nais, com operadores de máquinas de diversas propriedades agrícolas de Adustina.
Os trabalhadores rurais estão constantemente expostos a inúmeros agentes que podem cau-
Assim, a segurança do trabalho pode ser observada como um conjunto de medidas adotadas sar acidentes, como máquinas e implementos agrícolas, ferramentas manuais, agrotóxicos, animais
visando a minimização dos acidentes na rotina diária, as doenças ocupacionais, bem como proteger domésticos e animais peçonhentos. Além disso, outros fatores que poderiam ser associados aos aci-
a integridade e a capacidade de trabalhadores rurais. dentes, como a ocorrência de eventos estressantes, apresentam freqüência relativamente elevada na
As informações necessárias à realização deste trabalho foram obtidas por intermédio de uma população economicamente ativa. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI).
entrevista direta com os motoristas, para tanto foi utilizado um questionário previamente elaborado Nesse sentido, as ações de vigilância em saúde do trabalhador, ainda em processo de cons-
contendo questões abertas e fechadas, abordando diversos aspectos todos os quais necessários para trução, requerem uma articulação intersetorial e uma atuação interdisciplinar, devendo ser uma
melhor entender as possíveis problemáticas capazes de provocar distúrbios físicos e psíquicos nos intervenção participativa, de caráter contínuo, atuando “sobre riscos, cargas de trabalho, danos,
entrevistados. acidentes, doenças, seqüelas de agravos “ , enfoque que supere abordagens redutoras e
fragmentadas como a inspeção do trabalho, praticada pelo Ministério do Trabalho (LACAZ, 1999).

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A Constituição federal de 1988 institui o SUS - Sistema Único de Saúde - e atribui a ele as ações 2. Agentes químicos: os agentes químicos dentre os quais merecem destaque e podem
de Saúde do Trabalhador, as quais são melhor estabelecidas na lei Orgânica da Saúde nº8080 de 1990. causar danos à saúde são: pilhas e baterias; óleos e graxas; pesticidas/ herbicidas; solventes; tintas;
As ações de Saúde do Trabalhador compreendem um conjunto de atividades que se desti-nam, através produtos de limpeza; cosméticos; fármacos; aerossóis. Chumbo, cádmio e mercúrio considerados
das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde do trabalhador metais pesados, têm efeito acumulativo e podem provocar diversas doenças como saturnismo,
submetido aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. Abrangem a assis-tência ao distúr-bio do sistema nervoso, entre outros. Pesticidas e herbicidas têm elevadas solubilidade em
trabalhador vítima de acidente do trabalho ou portador de doença relacionada ao trabalho, buscando a gorduras que combinada com a solubilidade química em meio aquoso, pode levar a magnificação
sua recuperação e reabilitação; a participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e biológica e provocar intoxicações agudas no ser humano;
agravos potenciais à saúde no trabalho e na normatização, fiscalização e controle das condições de
produção, extração, armazenamento, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e 3. Agentes biológicos: podem ser responsáveis pela transmissão direta e indireta de
de equipamentos, que apresentem riscos à saúde do trabalhador; a avaliação do impacto que as doenças. Microorganismos patogênicos ocorrem mediante a presença de curativos, papel higiênico,
tecnologias provocam na saúde; a informação ao trabalhador; participação na normatização, fiscalização fraldas descartáveis, agulhas, lenços de papel e preservativos masculinos, originados da população,
e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas dos resíduos de pequenas clínicas, farmácias e laboratórios;
(REZENDE,1998) ( ALBUQUERQUE & RAMOS, 2001 ). 4. Agentes ergonômicos: a região anatômica exposta, a intensidade, a organização tem-
Para Deliberato (2002), as doenças ocupacionais são entendidas como uma interação que poral da atividade e o tempo de exposição, se caracterizam por elementos importantes aos fatores de
ocorre entre o ser humano e seu ambiente tem origem multicausal e divide-se em dois grandes risco.
grupos: intrínseco (relacionado ao trabalho): postura pessoal inadequada, habilidade emocional, A caracterização dos acidentes com tratores agrícolas reveste-se de grande importância, por-
constituição antropométrica inadequada; e extrínseco (aspectos que dizem respeito às empresas): que diferentes tipos de acidentes (capotamento, quedas a distinto nível, atropelamentos, entre
ritmo da ativida-de, organização do trabalho, condições ambientais desfavoráveis e outros.
outros) possuem causas e conseqüências específicas (MÁRQUEZ, 1986).
Deliberato (2002) divide os fatores etiológicos das doenças ocupacionais por categorias: Portanto, acidentes de diferentes tipos exigem práticas, na maioria das vezes, específicas para a
1. Fatores biomecânicos: sendo representada por força excessiva na execução da tarefa, efetiva minimização de seu nível de ocorrência e gravidade. No que se refere às causas, ZÓCCHIO
postura estática corporal e/ou segmentar mantida por períodos prolongados, alavancas críticas sobre (1971), ALONÇO (1999) e CARDELLA (1999) definem dois grandes grupos de causas de acidentes de
as articulações, compressão mecânica dos tecidos moles e elevada repetitividade dos movimentos, trabalho: atitudes inseguras e condições inseguras. O primeiro grupo relaciona-se diretamente às falhas
humanas, enquanto o segundo engloba as limitações inerentes à maquina. Neste sentido,
sem que haja o devido reeqüilíbrio das estruturas envolvidas nessa movimentação;
MÁRQUEZ (1990) indica que, na Espanha, 84% dos acidentes com tratores agrícolas são causados
2. Fatores organizacionais: monotonia excessiva, ciclos de trabalhos menores do que 30 por atitudes inseguras.
segundos, irregularidade das horas extras, problemas de comunicação interna e interdepartamentos,
estímulo nocivo entre funcionários e ausência de programas de prevenção que sejam parte A saúde é, segundo a Constituição, um direito de todos e um dever do Estado e o acesso a ela,
formalmente, é universal e igualitário. Mas ela não chega de um modo universal e igualitário; ao
integrante do cotidiano da empresa;
contrário, ela é restrita, distintiva, desigual e desumana: tão demasiada e opressivamente insensível e
3. Fatores ambientais: inadequação da iluminação, ruídos, temperatura efetiva, umidade monstruosa que nem aos animais se dispensam os tratamentos oferecidos aos acidentados. (HIRA-
relativa e velocidade do ar; NO; REDKO; FERRAZ).

4. Fatores psicossociais: falta de adaptação do funcionário a novas tarefas ou modelos


gerenciais, desmotivação em relação à atividade desenvolvida e ausência de projetos de interação da
família com a empresa (atividades de lazer nos finais de semana).
Segundo Oliveira e Murofuse (2001) e Ferreira e Anjos (2001), os agentes capazes de RESULTADOS
interfe-rir na saúde e no ambiente e que costumam estar presentes nos locais de trabalho, podem ser Nesta pesquisa foram entrevistados 20 tratoristas de propriedades rurais diversificadas da ci-
agrupa-das em: dade de Adustina. Todos os entrevistados eram do sexo masculino, reforçando o conceito de que
1. Agentes físicos: a sintomatologia como mal estar, cefaléia e náuseas em trabalhadores que essa atividade é peculiar deste sexo.
interagem com equipamentos de coleta ou de sistemas de manuseio, transporte e destinação final pode
A partir da análise dos dados pode-se observar que os tratoristas de Adustina têm idade de
ser decorrente ao odor emanado. Um agente comum nas atividades com resíduos é a poeira, que pode
30 entre 50 anos, com uma grande variação entre as idades, 30% destes trabalhadores então no
causar um desconforto, perda momentânea da visão, problemas respiratórios e pulmonares. Ruídos em
intervalo de 37,2 – 42,4. Dados das entrevistas nos mostraram que 100% dos trabalhadores não
excesso, durante as operações de gerenciamento dos resíduos, podem promover a perda parcial ou
receberam treinamento sobre a função e o uso de EPI que são consideradas ponto de relevância para
permanente da audição, cefaléia, tensão nervosa, estresse, hipertensão arterial. Sintomas como
este tipo de trabalho, além de apontar que também todos os trabalhadores exigiam esforço físico,
lombalgias, dores no corpo e estresse podem sobrevir da vibração de equipamentos. Responsá-veis por
postura inade-quada, situação de estresse físico, com trabalhos em turnos e noturnos, além de
cortes e ferimentos dos trabalhadores da limpeza urbana, os objetos perfurantes e cortantes são sempre
levantamento de peso, monotonia e jornada de trabalho prolongada.
apontados entre os principais agentes de risco nos resíduos sólidos;

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Foi percebido também o uso de medicamentos por 50% dos trabalhadores, eles utilizam HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
como forma de estabilizar a doença existente. Doenças estas que apresentam uma diferenciação na
distri-buição dos trabalhadores como distúrbio renal (10%), cãibras (5%), hipertensão arterial
(30%), dia-betes (15%) e que prevalece o problema de coluna e visão sendo 40% dos trabalhadores.
Diante da pesquisa realizada 65% dos trabalhadores sofreram acidentes com máquinas, equi- Louise Kathleen Freire Barroso
pamento manuais, implementos, e o restante dos os 35% dos trabalhadores não sofreram, mas kathleenbarroso@hotmail.com
tiveram ataques com animais peçonhentos. Sendo que a distribuição dos equipamentos prevalece
nas máqui-nas com 40%, e outros se repartem entre manuais com 15% e implementos com 10%. Maria Edna Andrade

Josefa Cleide Andrade

Edcleverson Lacerda de Albuquerque

RESUMO

A hipertensão arterial sistêmica é uma das doenças mais acometidas em adultos jovens no
Brasil. As causas da HAS são obesidade, estresse, fumo, baixa escolaridade, sedentarismo, idade, sexo,
qualidade de vida, nível socioeconômico, hábitos alimentares, antecedentes familiares e raça negra. Na
população rural, as taxas de prevalência de indivíduos com hipertensão é alta devido a uma menor
qualidade de vida e também por poderes econômicos baixos ou mínimos a sobrevivência.
A obesidade ou o sobrepeso é um fator de risco muito relevante para esta patologia, pois a mesma retém
uma alta quantidade de gordura no corpo, com um consumo de energia muito maior do que o corpo
necessita para a sua manutenção e possíveis realizações de atividades físicas diárias, ou seja, para os
gastos energéticos, por isso, esta patologia contribui para o surgimento da HAS. A falta de atividade
física e o sedentarismo por conta das cargas elevadas de trabalho aumentam o estresse que os indivíduos
enfrentam, porém, a realização da atividade física faz com que neutralize a ação de neu-rotransmissores
como a adrenalina, então, na prática de qualquer tipo de atividade física a endorfina é produzida no
corpo e mais ainda no cérebro, proporcionando uma sensação de bem estar aos seres humanos. Hábitos
alimentares com alto teor de gordura, como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite
integral e salsichas diminuem a qualidade de vida dos indivíduos e aumentam a promoção de células
cancerígenas, como também pode ocasionar um aumento na pressão arterial sistêmica. A evolução
clínica desta doença é lenta, porém, as consequências no aumento da pressão arterial sistêmica podem
ser cardíaca, como angina de peito, infarto agudo do miocárdio, cardiopatia hipertensiva e insuficiência
cardíaca, cerebral, como acidente vascular cerebral e demência vascu-lar, renal, como nefropatia
hipertensiva e insuficiência renal, ocular como retinopatia hipertensiva. Contudo, para que o homem não
adquira a hipertensão ele deve ter algumas orientações fornecidas pela equipe de enfermagem,
incentivar à prática de atividades físicas, orientar a importância de uma alimentação saudável, mostrar
as consequências das doenças através de dados clínicos ou represen-tações de artistas, referenciar o
paciente para a continuidade das consultas de hiperdia, informar os clientes e tirar as suas dúvidas
quanto a HAS, implantar um plano terapêutico de HAS e promover a educação em saúde através de
palestras educativas.

PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial sistêmica; causas; consequências; orientações; equipe


de enfermagem.

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O SUICÍDIO ATRELADO À SAÚDE MENTAL: COMPORTAMENTOS E normalidade ou se apresenta algum problema psicológico. Fica evidenciado o fato de que o suicídio
nem sempre é resultante de doença mental, visto que entre as vítimas pesquisadas, apenas uma delas
ASPECTOS QUE CARACTERIZAM O ATO
sofria depressão. Cabe asseverar, que para aquelas pessoas que estão sem perspectivas de vida, sem
objetivos ou expectativas futuras, o suicídio é considerado como a cura para todos os males.

Hércules de Oliveira Santana


heck-@hotmail.com
PALAVRAS-CHAVE: Suicídio; fatores de risco; comportamento suicida, intervenção.
Erica Karine Santana Santos
ericakarine.psi@gmail.com

Bianca Nayara Menezes Dias


biancanm.dias@hotmail.com

RESUMO
Diante das taxas de suicídio que o evidenciam como um problema de saúde pública, ações de
promoção e prevenção de tal ato são indispensáveis. O objetivo deste artigo é discorrer sobre carac-
terísticas, e aspectos para o comportamento suicida, apresentaremos também as possíveis e variadas
intervenções para sua prevenção no que diz respeito à atenção básica de saúde do indivíduo. Dentre os
fatores de risco mais importantes para tal comportamento podemos destacar os transtornos mentais,
antecedentes e relações familiares, sexo, idade, abuso de substâncias, problemas físicos e situação social
desfavorável, buscaremos identificar tais fatores com o intuito de estruturar ações para uma possível
intervenção e solução a serem desenvolvidas no tratamento dos indivíduos.
A pesquisa empreendida teve dois momentos: num primeiro instante, foi feita uma consulta
a dados perante o representante do Ministério Público local; a mesma, não obtendo as informações
as quais precisávamos, fez-nos encaminhar até o cartório de registros, em que o escrivão substituto
dis-cutiu um pouco sobre a causalidade dos atos suicidas conclusos, e sobre a grande incidência na
popu-lação, passados três dias da nossa visita, o mesmo nos entregou uma certidão comprovando
números de um determinado período. Finalmente fez-se uma pesquisa de campo, nos domicílios dos
familiares das vitimas recorrentes, para verificar tais informações a partir de um questionário
semiestruturado, o que possibilita o bom andamento da entrevista, o qual permitia tanto a nós,
quanto aos entrevistados, discorrer sobre o assunto de forma que, surgindo novos questionamentos,
acrescentariam maior peso à pesquisa, assim como, deixando também o entrevistado à vontade e
não se sentir pressionado ao falar sobre o assunto.
Com base no referencial teórico e resultados alcançados pelas entrevistas, percebemos que
as discussões atuais sobre o suicídio nas sociedades envolvem a influência da cultura, dos valores e
da moral religiosa. Pôde-se constatar neste estudo, que os indivíduos que tentaram o suicídio,
aparen-taram possuir menos flexibilidade na resolução de seus problemas, pois como foi trazido
pelos seus familiares, estes indivíduos só podiam ter se deixado levar a tal ato em um momento de
fraqueza ou até mesmo por impulsividade.
Algumas conclusões podem ser tiradas dessa pesquisa de campo. Uma delas é que, é neces-
sário que em primeiro plano conheçamos as representações sociais, na qual o sujeito que praticou o
ato está inserido. Como também é necessário saber se este indivíduo se encaixa em um padrão de
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MOVIMENTOS SOCIAIS E LUTAS INSTITUCIONAIS A INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR

Augusto Cesar Santiago Teixeira


Josafa de Souza Miranda Junior
junolucaloro@hotmail.com

RESUMO
Ao longo do século XX os movimentos sociais adquiriram importância no conjunto da socie-
dade e, desde a década de 1940, vem se constituindo em objeto de estudo acadêmico. A ideia básica era RESUMO
compreender os movimentos como uma espécie de ‘comportamento coletivo’. Isso justifica o fato dos
Este artigo tem como objetivo analisar as possibilidades de inclusão dos deficientes visuais
estudos acadêmicos sobre este tema não estarem próximos dos estudos sobre as eleições. Ao pesquisar
na escola e nas aulas de Educação Física. Inicialmente, para contextualização da temática, realizou-
sobre a relação entre movimentos sociais e eleições, pode-se ampliar a compreensão sobre o papel
se um resgate histórico da legislação sobre Educação Especial; posteriormente, a classificação da
desses movimentos quanto ao processo de engajamento, militância, participação e con-fronto político.
defi-ciência visual, bem como levante dos números de casos no mundo e no Brasil, das principais
Inicialmente, como atores que se organizavam em torno de uma causa, mas o apro-fundamento das
causas da deficiência, do papel das famílias, das escolas e profissionais para a inclusão e a ação da
relações com a esfera pública imprimiu a necessidade da institucionalização, com a profissionalização
Educação Física. Destaca-se que a inclusão das pessoas portadoras de deficiência visual na escola e
de seus integrantes e atividades. É da busca pelo sentido do engajamento, dos repertórios e dos
conseqüen-temente na Educação Física escolar é benéfica, tanto para o portador de deficiência,
desdobramentos da ação junto ao conjunto de atores sociais, especialmente o Estado que se busca
quanto para o aluno normal. No entanto, a inclusão escolar não é um processo rápido, automático, é
compreender a relação entre os movimentos sociais e os partidos políticos, no sentido de responder a
sim um desafio a ser enfrentado devido a vários motivos, principalmente, a falta de professores
seguinte indagação: Será os partidos políticos um elemento-chave para se compreender a dinâmica dos
habilitados e de es-truturas físicas adequadas aos alunos portadores de deficiências. Salienta-se,
movimentos no Brasil? A eleição de candidatos oriundos dos movimentos sociais vin-culados aos
ainda, que a inclusão do deficiente deve ser responsabilidade de toda a comunidade escolar que
partidos de esquerda imprimiu uma relação de proximidade e de complementariedade em alguns
carece sentir-se comprometi-da, facilitando assim a plena integração do deficiente.
momentos, como um porta-voz da causa, ou mesmo de forma simbólica, sinaliza a presença do
movimento no parlamento ou na instância de governo. Estudar a relação entre movimentos sociais e os Colegiado de Educação Física - Orientadora Profª Camila
partidos políticos é também compreender a dinâmica desse processo, com a devida elucidação das
estratégias dos atores e dos limites dessa relação. Um exemplo possível é a eleição de indivíduos ligados
à questão da educação, que procuram no parlamento ser a voz do segmento que o ajudou no pleito
eleitoral. Ligação e ou identidade anunciada de forma aberta e, em certos casos a sede dos mo-vimentos
são utilizados em alguns momentos do mandato como local de encontros e debates. Fatos como estes PALAVRAS-CHAVE: Educação Física escolar, deficiência visual, inclusão, interação e educação
também ocorrem em outras áreas, a exemplo da saúde e segurança pública, em que os candidatos e, especial.
mais tarde, os parlamentares continuam a defender os interesses e bandeiras de luta da-queles que os
ajudaram no momento das eleições. Mas, no caso de Sergipe, a academia ainda carece de esforço
interpretativo desta relação.

PALAVRAS-CHAVE: Movimentos sociais; Politica; Repertório; Engajamento.

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QUALIDADE DA ÁGUA EM FAVOR DA SUA SAÚDE, LEVANTAMENTO DE quisa de campo feita a partir das visitas domiciliares da Comunidade Logrador Faz. Velha, e contou
com a participação de 34 alunos do ensino fundamental do Grupo Escolar do Marizeti. O plano de
DADOS E AÇÃO EDUCATIVA SOBRE O TRATAMENTO E CONSUMO DE
ação com as crianças foi escolhida após perceber que aproximadamente 30% da população possui
ÁGUA NO POVOADO LOGRADOR FAZENDA VELHA – PARIPIRANGA/ entre 5 e 17 anos e cursam entre pré-escolar e 5ª série dividido em dois turnos, manhã e tarde. A
apresentação do trabalho proposto será realizado no turno da tarde a partir das 2h. Pensando nisso as
BA
crianças seria um meio de levar até suas residências as informações colhidas através das atividades
lúdicas e oficinas elaboradas e realizadas dentro da sala de aula.

Mariana Macedo Neves


marianamacedon@hotmail.com
RESULTADO E DISCUSSÃO
Manuela Pires Souza
manu_pyres@hotmail.com O plano de ação se deu a partir da coleta de dados, quando notamos que seria de fácil acesso
e de sumo interesse entre ambas às partes, uma vez que de forma lúdica à interação levou de
Nicole Miranda de Souza maneira mais rápida, eficaz e pertinente, fixando as informações sobre a água obtidas no plano de
nicolle_miranda17@hotmail.com ação. Se-gundo Saviani (1986), esse processo permite ao educando sair de uma visão sincrética da
totalidade da realidade vivenciada, para uma visão sintética pela mediação da análise.
Suellany Bomfim
suellanny_souza_ss@hotmail.com

Mariana Oliveira de Moura


marii_mourah@hotmail.com CONCLUSÃO
Levar a comunidade do Logrador Faz. Velha, através das crianças, a melhor e mais adequada
orientação aos usuários da água que é colhida da chuva e armazenada em cisternas sobre este armaze-
namento, tratamento, uso e possível reuso da água foi de grande responsabilidade e consciência am-
INTRODUÇÃO biental. Foi importante refletir e tentar buscar soluções e planos de ação para melhorar a qualidade da
A premissa, o trabalho a ser apresentado mostra a realidade sobre o abastecimento de água no água consumida, uma vez que se esta não for adequada poderá ocasionar graves danos à saúde. Água
povoado Baiano Logrador Fazenda Velha – Paripiranga que apresenta uma porcentagem inexistente contaminada pode transmitir doenças como diarreia, hepatite A, dengue, cólera e esquistossomose, entre
outras. Acreditamos que este foi nosso maior desafio, sensibilizar e educar as crianças, a fim de garantir
para o uso da rede geral de água, sendo o maior índice o abastecimento por meio de cisterna ou poço
que as mesmas levem as informações à seus pais, tios, irmãos, primos, avós, no intuito de que esta
que representa 67.5%, em 24.5% foi declarado a fonte de abastecimento sendo a água da chuva.
comunidade possa desfrutar de toda a qualidade de vida que a água pode oferecer, visando ainda
cuidados necessários para a preservação do meio ambiente.

OBJETIVO

A partir da ação educativa que será realizada no colégio Marizeti com as crianças do ensino PALAVRAS-CHAVE: Água, Tratamento, Educação, Saúde, Ambiente.
primário e fundamental, temos como objetivo diante da ação sobre o tema “A qualidade da água à
fa-vor da sua saúde” educar e orientar os alunos de forma lúdica, sensibilizando-os quanto a
importância da água tratada, da sustentabilidade e em quanto recurso natural de forma a interagir
com a realidade em que as crianças vivem.

METODOLOGIA
O Projeto Educativo foi elaborado a partir da escolha de um dos problemas levantados na pes-

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CONTRIBUIÇÃO DO CUIDADO HUMANIZADO PARA A CURA DE UM RESULTADOS E DISCUSSÃO
PACIENTE COM AVE O cuidado humanizado foi de grande importância para a recuperação do Ave, pelo fato da
neurocientista ter que aprender atividades que ela havia esquecido. E para reaprender novamente
sua mãe e seus amigos obtiveram muita paciência para ensinar o que havia esquecido. Além do
cuidado humanizado, ela também participou ativamente no seu processo de recuperação. Como
Maria Luísa Matos Mota teria que aprender novamente algumas atividades, tinha um gasto energético muito grande em seu
luisamattos.sq@hotmail.com cérebro, e uma forma para poupar essas energias o sono era seu aliado. Quando se sentia muito
cansada dormia para repor suas energias e recomeçar de onde parou cada atividade. Ao realizar
Jivania da Silva Carvalho alguns procedimentos a conduta ética se torna essencial devido à exposição do corpo e a vida
jivaniacarvalho@hotmail.com pessoal de cada paciente. O cuidar participa de todas essas etapas enquanto estiver presente no
papel do cuidador, conhecer o seu paciente diante de fatos da vida pessoal pode contribuir para uma
Alex Henrique de Oliveira recuperação, por estar diante de algumas fragilidades e conquistas vividas por cada um. Cada
alexhenrique@hotmail.com profissional tem uma maneira diferente de estabelecer a comunicação com o paciente.

Izis Thamires Santos Menezes


izis_thamires@hotmail.com

CONCLUSÃO

Contudo, o cuidado humanizado participa ativamente no processo de recuperação até a cura,


INTRODUÇÃO pois ele traz instrumentos que auxiliam para obter bons resultados com o carinho, o amor, a dedica-
ção que é oferecida ao paciente. Esse cuidado humanizado traz tranquilidade ao resignado, além da
A humanização no processo de cuidar tem um papel muito importante, no que diz respeito ao
confiança de que a cura é possível, estimulando ao paciente que tenha vontade de chegar ate a cura.
vínculo que é criado entre o profissional e família que oferece cuidados (WALDOW, 2007, p.08).
Além desse cuidado, tal prática contribui para a recuperação e a cura de um AVE, correspondendo,
“Humanizar responde, pela solidariedade, irmandade, pelo amor e pelo respeito. Logo, humanizar
ora, com o profissional que tenha uma maneira diferente para aplicar o cuidado. O ser humano ne-
corresponde ao cuidado”. Diante de todos esses atributos, dessa forma estará sendo oferecido um con-
cessita de cuidados que os deixem sentir bem, capazes de ir até a cura dependendo do caso, a cada
forto e uma confiança ao paciente doente que terá estímulos para uma boa recuperação. Na obra “A
procedimento deve haver o incentivo para que possa chegara ao final de cada um. O cuidado então
cientista que curou seu próprio cérebro” ela relata a importância do cuidado e carinho que recebeu de
esta na essência de cada indivíduo ter esperança e se sentir que pode lutar e conseguir com ajuda
sua mãe, amigos e estudantes que lhe admiravam. (TAYLOR, 2008, p.109) “Recuperação, seja qual for
dos profissionais, da família e dos amigos.
sua maneia de defini-la, não é algo que se faz sozinha, e minha recuperação foi completamente
influenciada por todos à minha volta”. Para Jill o cuidado humanizado foi de inteira importância para
sua recuperação, diante da calma que todos tinham com suas dificuldades. Cada etapa foi de funda-
mental importância com a paciência e o respeito que foram peças chaves para sua recuperação. Tendo o
objetivo de mostrar como e importante a humanização no processo de recuperação a um paciente com
REFERÊNCIAS
AVE, pelas mudanças fisiológica que acontece no organismo havendo a necessidade de reapren-der
algumas atividades, que exige um cuidado especial para esse aprendizado. WALDOW, Vera Regina. Cuidar: expressão humanizadora da enfermagem. 2 ed. Petrópolis, vozes,
2007

TAYLOR, Jill Boter. A cientista que curou seu próprio seu cérebro. São Paulo: Ediouro, 2008.

METODOLOGIA

Este trabalho foi construído na disciplina de Sociologia no terceiro período para o curso de
Enfermagem, no labor de uma produção acadêmica com base na obra “A cientista que curou seu pró- PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Humanização; recuperação; comunicação; cura.
prio cérebro”. Sendo abordado o cuidado humanizado como instrumentos de cuidados e contribuição
para cura de uma Ave sofrida pela autora da obra, trazendo exemplos a esse tipo de cuidado para au-
xiliar no trabalho da enfermagem a toda atenção prestada aos pacientes em processo de recuperação.

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PACIENTE PORTADORA DA FENILCETONÚRIA Essa pesquisa trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, que permite
uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas de episódios da vida real.
Este tipo de estudo ainda contribui, de maneira inigualável, para a compreensão dos fenômenos
individuais, organizacionais, sociais e políticos, representando uma estratégia comum de pesquisa na
psicologia, sociologia e genética. Os dados extraídos da Fenilcetonúria foi atrás do levantamento de
Paula Mariza Rabelo da Silva Leal
entrevista com mãe da paciente a senhora Rosangela que freqüenta a PAE da cidade de Salvador para os
paula-mariza@hotmail.com
cuidados de sua filha. Esse trabalho foi desenvolvido mediante a assinatura do Termo de Consen-
timento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletados na residência da paciente na Cabeça da Serra
Daiana Natacha dos Santos
Município de Paripiranga no dia 14 de maio do ano 2010, através da orientação do professor Allan e
daiananatacha@hotmail.com
Fábio da Faculdade AGES.
Thais Luciana Oliveira de Moura
thaisluciana@bol.com.br

Rafaela Pinheiro de Souza


raffaella-pinheiro@hotmail.com
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante o estudo de caso, a paciente E.I.S.S, 2 anos e 9 meses, do sexo feminino, parda, cató-lica,
natural de Paripiranga, residente na Cabeça da Serra, apresentou temperatura normal, tem altura de 85
cm com 10/0,85 Kg, apresenta em seu quadro clínico um problema cujo este esta relacionado a ausência
INTRODUÇÃO de uma enzima a fenilalanina hidroxilase. Devido à falta de fenilalanina, nota-se que há uma serie de
fatores relacionados dessa enzima. Segundo a sua mãe Rosângela as queixas principais estão
Fenilcetonúria ou PKU clássica é uma entre as 300 doenças hereditárias causadas por desor-dens relacionadas às crises de choro constante, temperatura corpórea 39 ºC, tremor, insônia, náusea, vomito,
nos processos bioquímicos celulares, sendo clinicamente a mais encontrada dentro do grupo de doenças odor característico na urina, medo, ansiedade, dificuldade na comunicação e atraso no de-senvolvimento
envolvendo erros congênitos no metabolismo de aminoácidos. É uma desordem autossômica recessiva, neuropsicomotor. Urina de 4 a 5 vezes ao dia, porem apresenta pouca quantidade, por ingerir pouca
causada pela deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase da PAH, resultando na reduzi-da conversão quantidade de líquido. Quando se expõe ao sol apresenta espirros, as vezes apresenta inflamação nas
de Phe em tirosina. Desta maneira o tratamento consiste na dieta alimentar através de frutas, vegetais, amídalas Relata histórico familiar com presença de doenças psiquiátricas. Ao aparecer os sintomas
complemento alimentar PKU 2 e outros alimentos : doces, mel, chá, sucos e refrige-rantes comuns. As como a febre e inflamação das amídalas o seu médico prescrevia alguns medicamentos, a Dipirona GT,
formulas metabólicas especiais de um Fenilcetonúrico é a base em (PKU1 Mix e o Heprofeno e Amoxilina 250mg. Desta maneira o Complexo B GT é utilizado para reposição de
PKU1) são as verdadeiras unidades construtoras. As formulas especiais isentas de fenilalanina, ofe- algumas vitaminas. Os sintomas citados acima surgem caso o tratamento não seja segui-do de forma
recem todos os nutrientes necessários para a suplementação da dieta: aminoácidos essenciais, vitami- correta e a dieta esteja inadequada. Através da ingestão de alimentos de origem animal e origem vegetal
nas, cálcio, ferro e zinco. Trata-se de um estudo de caso realizado na residência paciente localizado no como: as carnes vermelhas e brancas, leites e seus derivados, amendoim, feijão castanha, pipoca,
Povoado Cabeça da Cerra região de Paripiranga- BA, em maio de 2010, utilizando a Sistematização da biscoitos, tortas e chocolates. O tratamento da criança EISS é feito na APAE de Salvador, desta maneira
Assistência de Enfermagem e propondo diagnósticos de enfermagem com base na taxonomia II o portador da fenilcetonúria passara a receber uma dieta especial, que devera ser mantida por toda a vida
NANDA bem como as intervenções de enfermagem relacionadas. Os principais diagnósticos de en- e que, de certa forma, poderá alterar sua rotina familiar. Portanto, o apoio dos pais e de toda a família é
fermagem identificados foram: Atraso no crescimento e desenvolvimento, Náusea, Privação do sono, fundamental para o sucesso do tratamento da fenilcetonúria. Observa-se que diante os problemas
Ansiedade, Hiperterrmia, Comunicação Verbal prejudicada, Medo, entre outros. apresentados há possíveis diagnósticos. A Fenilcetonúria é decorrente de uma má formação genética,
sendo assim isso pode ter uma relação da mãe para o feto. Geralmente o diagnóstico da doença é visto a
partir do momento que a criança nasce para que haja o tratamento adequado. Por não ser algo criado da
própria mente, essas pessoas precisam ter força positiva, para não serem gerados maiores complicações
futura no seu desenvolvimento físico e psicológico.
OBJETIVOS

O objetivo primordial desse estudo é transmitir para as pessoas que a fenilcetonúria é um


pro-blema genético autossômico recessivo e é fundamental o seu estudo detalhado.
CONCLUSÕES

O estudo mostrou a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem, tendo


como objetivo passar o cuidado na assistência com o paciente, de modo a proporcionar uma
melhora no padrão de resposta do doente à doença.
MÉTODOS

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REFERÊNCIAS AÇÃO EDUCATIVA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA
GASPARETTO, Luiz Antônio. VALCAPELLI. Metafísica da Saúde vol.1 e 2. ATENÇÃO BÁSICA: ANALISE DA AÇÃO DESENVOLVIDA NO POVOADO
TANNURE, Meire Chucre. GONÇALVES, Ana Maria Pinheiro. Sistematização da Assistência de MATOSO
Enfermagem: Guia Prático. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

H.P.Rang. M.M.Dale. Et al. Farmacologia: Tradução Rodrigues Santos e outros. 6. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2007. Rafaela Pinheiro de Souza
raffaella-pinheiro@hotmail.com

Daiana Natacha dos Santos


daiananatacha@hotmail.com
PALAVRAS-CHAVE: Fenilcetonúria; enzima; fenilalanina; genética; alimentos.
Paula Mariza Rabelo da Silva Leal
paula-mariza@hotmail.com

Thais Luciana Oliveira de Moura


thaisluciana@bol.com.br

INTRODUÇÃO

A atenção básica surge como porta de entrada da saúde visando promoção e prevenção de
saúde, intervindo nos determinantes do adoecimento, prestando assistencialismo aos indivíduos de
forma coletiva. As práticas educativas agem como facilitadoras na prevenção e promoção de saúde,
sendo um arsenal de estratégias de ação eficaz presente na atenção básica.

MÉTODOS

Consiste em analisar a ação educativa realizada no povoado Matoso, avaliando a relação da


prática pedagógica na atenção básica, considerando-a como estratégia de promoção e prevenção de
saúde. Trata-se de uma avaliação dos recursos utilizado nas praticas da ação educativa e sua eficácia
na resolução dos problemas sociais, bem como a participação da comunidade no evento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Philippe (2005, p 158) dependendo dos hábitos da população, é preciso que ocorram
mudanças de comportamento para que os problemas sejam resolvidos e o desenvolvimento da saúde
seja alcançado. A educação é um poderoso instrumento de apoio ao desenvolvimento de estratégias e
intervenção. O processo de promoção- prevenção- cura- reabilitação é também um processo peda-
gógico, no sentido de que tanto o profissional de saúde quanto o cliente-usuário aprendem e ensinam.
Esses conceitos podem mudar efetivamente a forma e os resultados do trabalho em saúde, transfor-
mando pacientes em cidadãos co-participativos do processo de construção da saúde. (ALBURQUE-
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QUE 2004). Nessa perspectiva, a Atenção Básica age sendo indispensável a sua prática. As PREVALÊNCIA DA DIABETES EM POPULAÇÃO DA MICRO-ÁREA II DO
atividades em análise foram desenvolvidas à tarde, no dia 16.11.2011, das 14h e 30min à 16h, tendo
sorteio de brindes como filtro e sextas básicas, literatura de cordel, distribuição de lanche saudável e
MUNICÍPIO DE PARIPIRANGA-BA: UM OLHAR FOCADO NA SAÚDE
hipoclorito. Em local a parte outros acadêmicos caracterizados de personagens infantis
desenvolveram de forma lúdica atividades de aprendizagem com as crianças, enquanto os adultos e
jovens interagiam, tiravam as dúvidas em mesa redonda com os demais acadêmicos.
Rosana de Souza Santana
rosanynhasouzaa@hotmail.com

Sandra Regina Santana Silva


CONCLUSÃO Sandrinha_bjs@hotmail.com

A enfermagem como profissão do cuidado deve ter internalizado o ser pedagógico, avaliando e Raquel Cardoso Gouveia
ensinando o cuidado como método de intervenção educativo e pedagógico, nisto a ação aqui citada kekel.gouveia@hotmail.com
permite compreender o sentido de ser enfermeiro como mediador da promoção de saúde. Em análise
geral, a ação desenvolveu-se de forma produtiva com esclarecimento quanto os problemas de saúde Rodrigo Andrade Leal
decorrente da água contaminada, as formas correta de tratar e os cuidados com o armazenamento e r.minhoca@hotmail.com
higiene dos mesmos, a população contribuiu com a discussão aceitando as recomendações. .

INTRODUÇÃO
PALAVRAS-CHAVE: Atenção básica, ação, estratégias, saúde, prevenção. O Diabetes estar prevalente cada vez mais na população, sendo que muitos diabéticos desco-
nhecem o fato de apresentar a doença, e muitos que têm o diagnostico prévio da doença não fazem
tratamento. Na micro-área abordada no trabalho acadêmico foram investigados vários indicadores
de saúde dos quais foi analisados as diversas situações. Conforme as questões abordadas a uma
gran-de incidência de pessoas portadoras de diabetes e hipertensão, doenças cardiovasculares,
problemas visuais além de fatores socioeconômicos como plano de saúde, renda familiar,
saneamento básico, tratamento da água e esgoto, posse de bens de consumo. O presente trabalho se
justifica pela grande relevância social, na medida em que fornece território impar para a construção
do conhecimento cien-tífico aliado à prática clinica do profissional enfermeiro. Portanto o objetivo
desse artigo foi levantar uma base epidemiológica da diabetes por revisão bibliográficas e demais
artigos científicos como fonte para uma abordagem teórica, utilizando de dados da entrevistas a
população da micro área II do município de Paripiranga/BA.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo exploratório, de natureza qualitativa e quantitativa. O refe-


rencial teórico abordado se deu através de literaturas e artigos científicos sobre diabetes. Os dados
co-letados através das entrevistas foram submetidos à análise e calculo de tabulação dos mesmos.
Foram selecionadas, mediante entrevistas, para elaboração desse trabalho a população diabética,
localizada na micro área II do no município de Paripiranga no Estado da Bahia. Tal documento
visou atender os princípios éticos que norteiam as pesquisas envolvendo os seres humanos. As
entrevistas foram reali-zadas após a aprovação dos entrevistados através da assinatura do (TCLE)
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A população foram entrevistadas utilizando um
questionário contendo questões abertas e fechadas abordando informações sócio-demográfica,
socioeconômica, os hábitos e estivo de vida e patologias mais freqüente.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES DA HOMOSSEXUALIDADE AOS LGBT: DISCURSO ACADÊMICO
Ao aborda a população entrevistada no total de 117 famílias constatou-se que 5,5% tem o
diagnostico de diabetes sendo que a maioria da população relatava não saber se são portadores dessa
patologia. Sendo que o diabete é uma doença crônica, potencialmente invalidante, a qual determina
mudanças internas nas atividades diárias da pessoa. Essa patologia faz com que o pacientes vivencie Markivan de Santana Dias
vários sentimentos “como regressão, perda da auto-estima, insegurança, ansiedade, negação da situa-ção markivan_santana@yahoo.com.br
apresentada e depressão. De acordo com a estrutura psíquica da pessoa e seus recursos internos, ela
lidará, melhor ou pior, com a nova situação de doença...” (Graça & cols., 2000, p. 215). Assim, é
importante que as pessoas diabéticas adquiram o conhecimento sobre as ferramentas de autocuidado em
diabetes para as decisões diárias no seu cotidiano. Lunney(2000) apud Becker TAC, Teixeira CRS, RESUMO
Zanetti ML(2008) ao discutir um estudo de caso em diabetes, ressalta a vantagem dos profis-sionais de
Enfermagem aperfeiçoar a compreensão do comportamento humano no processo de traba-lho da O presente trabalho aborda a questão da construção da nomenclatura homossexualismo no
Enfermagem e mostrar para outros profissionais a necessidade de um modelo para orientar a prática século XIX aos dias atuais, quando se discute a questão de gênero (masculino/feminino). É um
além de outras funções específicas como a de educador em diabetes. estudo bibliográfico, com foco nas diferentes percepções sobre um segmento inicialmente
considerado uma anomalia e, resgatado como identidade nas duas últimas décadas do século XX. O
esforço visa ma-pear os diferentes contextos de produção de significados dessa identidade, que
encontra barreiras para se adequar a heteronormatividade. Assim, para se protegerem construíram
estratégias, como os gue-tos que se fizeram para que os homossexuais pudessem ter um local para
CONCLUSÃO viver sua sexualidade sem os olhares de condenação da sociedade. Intercalando esses temas também
tratará de como a religião ao longo desses períodos vê e julga os homossexuais. Passando para as
Através da realização deste artigo pode-se comprovar que, os casos de diabetes na concepções mais atuais do homossexual, como foram acontecendo os primeiros movimentos de
população brasileira vêm aumentando a cada dia, e vêm se tornando um problema muito militância, a ciência como uma possível resposta do porque um ser humano torna-se homossexual,
complicado de solucio-nar. Por isso, é necessário prestar assistência às pessoas que convivem com ”o gene da homossexualidade”, a posição da psicologia, com foco na carta de Freud a uma mãe de
essa patologia. A orienta-ção é muito importante, pois tem por objetivo fazer com que os mais um rapaz homossexual nos Estados Unidos. Por fim, mostrando hoje, no século XXI como se
jovens cheguem à idade adulta sem nenhuma complicação, entendendo e atuando ativamente nos encontra organizado o movimento LGBT, suas leis, suas próprias divisões de gênero. Para assim
seus tratamentos, com autonomia, independência e cientes de que suas limitações dependerão da levantar questões a cerca do preconceito que até hoje se vê fortemente enraizado na cultura geral.
forma com que eles encaram a doença, pois como pode-se notar no decorrer do trabalho o
diagnostico do diabete pode provocar sentimentos de menos-valia, inferioridade, baixa auto-estima,
medo, revolta, raiva, ansiedade, regressão, negação da doença, desesperança, incapacidade de amar
e se relacionar bem com as pessoas, idéias de suicí-dio e depressão. Nesse intuito é de grande
importância os cuidados de enfermagem já que o cuidado de enfermagem possui um sentido único e PALAVRAS-CHAVE: homossexualidade; Foucault; teoria Queer; gênero; LGBT.
transcendental, pois consiste em promover as pessoas a um estado em que percebam o sentido e a
importância de cuidar de si, assim como se compreendam como um ser-no-mundo-com-o-outro e,
portanto, considerem suas responsabilidades consigo e com o próximo.

PALAVRAS-CHAVE: Micro-Área; Diabetes; Saúde da população; Enfermagem.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE HAS, DIABÉTICO, semi estruturada guiada por um roteiro padronizado denominado como Histórico de Enfermagem,
fundamentado e adaptado à SAE. Para auxilio da pesquisa foram utilizadas informações
ICC E APRESENTANDO ERISIPELA EM MIE. - RELATO DE CASO
importantes contidas no prontuário do cliente.

Sandra Regina Santana Silva


sandrinha_bjs@hotmail.com RESULTADOS E DISCUSSÕES

Rosana de Souza Santana A ICC vem se tornando um dos maiores problemas de saúde pública nos últimos anos. Se-
rosanynhasouzaa@hotmail.com gundo os dados epidemiológicos, a causa mais frequente de IC é a HAS. Além da grande
prevalência de pessoas com níveis sanguíneos elevados de glicose que tem aumentado de forma
Raquel Cardoso Gouveia exponencial, prevendo-se que as 150 milhões de pessoas atualmente afetadas no mundo passem a
kekel.gouveia@hotmail.com ser 250 milhões dentro de 15 anos. Noventa por cento dos doentes têm DM II, propensos a
desenvolver a erisipela, uma celulite superficial com intenso comprometimento do plexo linfático.
Josefa Lucia Oliveira Silva Os diagnósticos de enfer-magem identificados foram: Risco de infecção; Risco de Perfusão renal
paullinhacd@hotmail.com ineficaz; Fadiga; Integridade da pele prejudicada; Intolerância à atividade; Perfusão tissular
periférica ineficaz; Mobilidade física prejudicada; Débito cardíaco diminuído; Ansiedade; Medo;
Dor aguda; Náusea; Risco de baixa au-toestima situacional; Risco de glicemia instável e Estilo de
vida sedentário. Waldow (2004, p.13) relata que a cura das doenças com certeza é esperada, mas
que nem sempre isso pode ser alcançado. Mas quando isso acontece, “não significa que o cuidado
INTRODUÇÃO
não contemple a cura, o que é necessário salientar é que não é a sua prioridade”.
As doenças cardiovasculares e suas complicações continuam na liderança das estatísticas de
causas de óbito e de morbidade em todo o mundo. No Brasil, as doenças do aparelho circulatório são
também as principais causas de óbito para todas as idades em ambos os sexos. Sabe-se que a hiper-
tensão arterial pode ser considerada causa direta ou fator de risco para outras doenças do coração,
principalmente cardiopatia isquêmica e doença cerebrovascular. Diante destas considerações, resol- CONCLUSÃO
vemos desenvolver um estudo aplicando o processo de enfermagem baseado na obra O Cuidado na
Nas primeiras visitas a residência, a paciente mostrou-se aberta à ajuda da enfermagem e dis-
Saúde de Waldow “As relações entre o eu, o outro e o cosmos” objetivando aplicar a metodologia
posta a interagir na realização das ações planejadas para superar os déficits encontrados. Expressou suas
da assistência de enfermagem (SAE), em uma paciente com HAS, Diabetes Mellitus II, ICC e
ansiedades e sentimentos, mostrando querer muito viver. Na última visita, a cliente agradeceu pelo
erisipela, baseada na obra de Waldow (2004), para a operacionalização do processo de enfermagem,
acompanhamento de enfermagem e informou estar feliz por poder participar do seu cuidado e referiu já
buscando detectar os diagnósticos de enfermagem, utilizando os diagnósticos de enfermagem
ter planejado as atividades de lazer que gostaria de fazer quando recebesse alta. Isso ca-racterizou que a
propostos pela taxonomia II NANDA. Desse modo o presente trabalho se justifica pela grande
paciente reconhecia a importância da realização de atividades de cuidado, e absor-via as sugestões
relevância social, tendo como proposta o modelo de implementar o plano de cuidado assistencial
oferecidas, superando assim alguns déficits de autocuidado. Sendo assim, podemos perceber a tamanha
com o intuito de pro-porcionar melhoras nas condições de saúde e bem-estar dos pacientes inseridos
importância que a Assistência de enfermagem se faz no decorrer do tratamento do paciente. Também se
na Atenção Básica, para capacitá-los a cuidar-se, reverenciando suas sugestões e decisões, traçando
pode comprovar que, por meio da assistência de enfermagem embasada na SAE e na obra de, Waldow,
assim, cuidado com um olhar holístico e proporcionando o bem estar biopsicosocioesperitual.
2004, foi possível identificar as dificuldades dos profissionais de saúde no cuidado do paciente como ser
biopsicosocioespiritual, e dessa forma é notório a importância de se operacionalizar o processo de
enfermagem tomando como referência um modelo assistencial, pois facilita a identificação de
diagnósticos de enfermagem, bem como o desenvolvimento de sua prática.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, com uma abordagem qualitativa, do
tipo estudo de caso, abordando a importância do cuidado de enfermagem prestado ao paciente visto
como ser biopsicosócioespiritual. Tal documento visou atender os princípios éticos que norteiam as PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; assistência; diagnósticos; intervenções de enfermagem.
pesquisas envolvendo os seres humanos. A realização deste estudo de caso teve início na Unidade Bá-
sica de Saúde da família, onde é referência para o seu município. A coleta de dados foi realizada após a
aprovação do cliente através da aceitação de participar da pesquisa mediante a assinatura do TCLE. Os
dados foram coletados durante as consultas e visitas na casa da paciente, através de uma entrevista

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O MÉTODO ATIVO DA APRENDIZAGEM APLICADO AO ESTÁGIO no que tange à aplicação dos cuidados de enfermagem à pacientes hospitalizados. Nos campos por
onde passamos, tivemos a oportunidade de elaborar o Planejamento e Programação Local em Saúde
SUPERVISIONADO II DE ENFERMAGEM NO ÂMBITO HOSPITALAR (PPLS). Neste instrumento apontamos os principais problemas que dificultam o trabalho da enfer-
magem dentro das unidades hospitalares. Realizamos atividades de gerenciamento em enfermagem
e buscamos entender as patologias que mais assolam os pacientes que necessitam dos serviços de
saú-de, à fim de promover um cuidado humanizado, que cobre os princípios do SUS, que são:
Weliton Vieira de Andrade Integrali-dade, Universalidade e Equidade. A metodologia problematizadora permite-nos, como
wellytonadustina@hotmail.com acadêmico de enfermagem, entender melhor as necessidades que o cliente tem e a melhor conduta
que o enfermeiro deve adotar para promover o cuidado como fator primordial para a melhoria da
Rodrigo Andrade Leal qualidade de vida dos pacientes hospitalizados.
r.minhoca@hotmail.com

Eduardo Marques de Oliveira Sobrinho


dududeirailde@yahoo.com.br
CONCLUSÃO
Jéssica Aparecida de Oliveira Souza
broto@bol.com.br A Problematização sustentou a construção do processo educativo reflexivo, com a participa-
ção de discentes ativos no processo de ensino-aprendizagem, contribuindo, assim, para a humaniza-
ção do cuidado, acolhimento dos usuários e satisfação das suas necessidades humanas básicas.

INTRODUÇÃO
O curso de graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais AGES, tem
modelado seu projeto pedagógico de forma a atender às exigências das Diretrizes Curriculares PALAVRAS-CHAVE: Estágio supervisionado; enfermagem; metodologias ativas de
Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem. O objetivo é formar profissionais com compe- aprendiza-gem, Humanização, cuidados de enfermagem.
tências para atuar nos variados campos de assistência à saúde, através de uma formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva. Assim, a Metodologia Problematizadora constitui um importante re-curso
metodológico para a realização de projetos de ensino, pesquisa e extensão. Na utilização desta
metodologia, o sujeito é levado a se voltar para a realidade que o cerca, refletir sobre ela e indagar as
razões daquilo que lhe parece problemático. A aplicação desse recurso metodológico no contexto
hospitalar possibilita assegurar a integralidade da atenção e a humanização do atendimento de indiví-
duos acometidos por alguma patologia. Assim o presente estudo objetiva descrever a experiência dos
enfermeirandos durante a realização do estágio curricular supervisionado II.

METODOLOGIA

O presente trabalho se inscreve numa perspectiva de relato de experiência vivenciado


durante o estágio curricular supervisionado II, nos meses de Agosto a Outubro de 2012, do curso de
enferma-gem da Faculdade AGES/BA, realizado em hospitais vinculados à Fundação Hospitalar de
Saúde de Sergipe e em outras instituições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o estágio pudemos avaliar a estrutura dos Hospitais, realizando diversas atividades

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DIABETES INSIPIDUS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO distintos. O diabetes insípido central, associado à redução na secreção de ADH, é mais freqüente-mente
idiopático, ou associado a trauma, cirurgia, tumores da região hipotalâmica ou a encefalopatia
hipóxica/isquêmica. Já o diabetes insípido renal, associado a diferentes graus de resistência à ação do
ADH, ocorre nas formas hereditárias, induzido por fármacos (por exemplo, lítio) ou secundário à
hipercalcemia (PORTARIA SAS/MS Nº710, 2010).O DI hipofisário é permanente e não pode ser
Priscila Gardênia Rodrigues dos Santos
curado, mas seus sintomas podem ser completamente controlados por meio de diversas drogas, en-tre as
priapotencia@hotmail.com
quais se encontra uma forma modificada da vasopressina conhecida como desmopressina ou dDAVP
(AAFP7 IN FIGUEREDO & RABELO 2009).Já o diabetes insípidos nefrogênico não pode ser tratado
Roberta Amaral Menezes
com dDAVP, e dependendo da causa que o originou, pode não ser curado, suspendendo-se o
btashow@gmail.com
medicamento em questão, ou tratando a enfermidade de base. Até os dias de hoje, não foi encon-trado
tratamento algum para a forma hereditária, assim esta permanece por toda a vida. Atualmente existem
Dária Lidiane Menezes de Mesquita Moura
tratamentos parciais que podem reduzir os sinais e sintomas do DI nefrogênico (KOREN, 2003;
dari.diane@yahoo.com.br
NGUYEN; NIELSEN; KURTZ, 2003 IN FIGUEREDO & RABELO 2009). As mudanças decorrentes
da diminuição do Volume de Líquidos no corpo humano provocam alterações no funcio-namento de
Lúcia Meirelle Rosa Oliveira
todos os sistemas orgânicos. O enfermeiro deve ser capaz para detectar tais alterações o mais precoce
meirelleoliveira@hotmail.com
possível, uma vez que a principal intenção é a prevenção dos agravas e das possíveis situações que
podem acontecer a longo e médio prazo. A equipe de enfermagem deverá estar atenta a quaisquer sinais
de choque hipovolêmico, e a comunicação e a interação são potentes ferramentas desse trabalho, entre
esta comunicação existe a verbal e a não-verbal. Neste sentido, a assistência de enfermagem aos
RESUMO pacientes com risco de choque hipovolêmico, envolve uma avaliação contínua do estado geral do
paciente identificando distúrbios nos parâmetros hemodinâmicos, antecipando e pre-venindo
O diabetes insípidos nefrogênico (DIN) é uma rara doença renal caracterizada por um desar-
complicações, fornecendo um plano de cuidados e tratamento de emergência e reanimação caso seja
ranjo, que tem como principal característica a perda excessiva volumes de urina (poliúria) hipotônica,
necessário, além do apoio emocional e a boa comunicação com todos da equipe, com os a pacientes e
geralmente acompanhada de polidipsia primária. Poliúria é definida como diurese com Volume uriná-rio
familiares (PONTE E ARAGÃO). Por fim Nota-se que a diabetes insípidos é ser uma patologia que
em 24 horas > 3 l [> 40 ml/kg] em adolescentes e adultos e > 2 l/m2 de superfície corporal [> 100
acomete o hipotálamo e os receptores no sistema renal não tem como prevenir. Neste caso a
ml/kg] em crianças). E polidipsia que é um sintoma que o paciente apresenta a sensação de sede em
enfermagem deve trabalhar com educação em saúde, mostrando a importância da adesão ao tratamento
demasia (WEILER ET AL 2008). O DI Nefrogênico é raro, mas estudos mostram que tem prevalência
medicamentoso, as reações e as possíveis complicações. Além do incentivo para o cliente manter uma
no sexo masculino de 4 em 1.000.000 de habitantes, ele pode ser herdado ou adquirido. Sua principal
vida saudável, como a pratica de atividades físicas e uma boa alimentação..
característica é por uma insuficiência em concentrar a urina, apesar da presença de níveis plasmáti-cos
normais ou elevados de ADH. Em geral, a doença é caracterizada por início na infância, história familiar
positiva, sede persistente, poliúria e hipostenúria resistente à administração de vasopressina. Sua
apresentação em quadro clínico manifesta-se por poliúria, polidipsia e hipostenúria. (ROCHA ET AL,
2000) O objetivo deste trabalho é abordar conceitos fundamentais sobre a diabetes insípidos e a atuação
REFERÊNCIAS
de enfermagem frente a esta patologia e para isso foi traçado objetivos específicos: dis-cutir a
fisiopatologia da doença; relacionar os diagnósticos e intervenções de enfermagem e por fim o ALMEIDA, A. B.;PERDIGAO, J. A; LANA, C. Desequilíbrio do Hormônio Antidiuréti-co
tratamento. A metodologia adotada seguiu os princípios de pesquisa bibliográfica, envolvendo as (ADH) e Diabetes Insípido;netsaber. Disponível em: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_ar-
atividades básicas de identificação, compilação e fichamento das fontes localizadas através de bases de tigo_15274/artigo_sobre_desequilibrio_do_hormonio_antidiuretico_(adh)_e_diabetes_insipido.
consulta do Scielo. Na primeira fase foram coletados 15 artigos sobre a diabetes insipidus. Deste acervo Acesso em 23 de setembro as 13:52.
foram selecionados oito que abordavam especificamente sobre esta patologia. A Discussão inicia pela
fisiopatologia da Diabetes insipidus, pois existe dois diferentes mecanismos causadores da doença. O BRASIL; Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Diabetes Insípido. Portaria SAS/MS nº 710,
central, onde ocorre uma deficiência da glândula hipofisária em liberar o ADH, e que pode ser primário de 17 de dezembro de 2010.
ou secundário. É primário quando não há uma lesão identificável na hipófise, podendo ser genético ou
esporádico (idiopático); é secundário, quando há danos na hipófise ou no hipotálamo, como cirurgias, FIGUEIREDO, D. M & RABELO, F. L Diabetes insipidus: principais aspectos e análise
infecções ou traumas. O outro tipo de diabete insípido é o nefrogênico, onde a hipó-fise produz comparativa com diabetes mellitus. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 30, n. 2,
adequadamente o ADH, mas os rins não respondem em função de um defeito nos túbulos renais que p. 155-162, jul./ dez. 2009
interferem na reabsorção da água. Esta forma pode ser genética ou adquirida. A DI central ocorre NAVES, ET AL. Distúrbios na secreção e ação do hormônio antidiurético. Revista Arq Bras Endo-
igualmente em ambos os sexos, com idade de início entre 10 e 20 anos na maioria dos casos, suas
crinol Metab vol.47 no.4 São Paulo Aug. 2003.
principais causas são danos ao sistema nervoso central como, por exemplo: trauma, cirurgia, tumor,
infecção, sarcoidose, histiocitose etc. (NAVES ET AL, 2003) É importante a diferenciação entre os PONTE, K. M. A.; ARAGÃO A. E. Cirurgia cardíaca: perfil do pacientes, permanência hospitalar e
tipos de diabetes insípido. Pois os tratamentos para o diabetes insípido central e o renal são evolução: KM de Azevedo Pontexa.yimg.com

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ROCHA ET AL. Diabetes Insipidus Nefrogênico: Conceitos Atuais de Fisiopatologia e Aspectos A ATENÇÃO BÁSICA INTEGRADA A SAÚDE MENTAL: VISÃO DOS
Clínicos. Revista. Arq Bras Endocrinol Metab. Nº44, 2000 PORTADORES DE TRANSTORNOS FRENTE AOS ATENDIMENTOS NAS
ROSSI, ET AL. Déficit de volume de líquidos: perfil de características definidoras no paciente UBS
porta-dor de queimadura Rev. Latino-Americana. Enfermagem vol. 3 nº.3 Ribeirão Preto July 1998
WEILER Fernanda G; BLUMBERG, Kátia; LIBONI Claudia S.; ROQUE Eduardo A. C.; GÓIS
Aécio F. T. de Diabetes insípido em paciente com esclerose múltipla.Revista Arq Bras Endocrinol.
Metab vol.52 no.1 São Paulo Feb. 2008 Roberta Amaral Menezes
btashow@gmail.com

Priscila Gardênia Rodrigues Santos


priapotencia@hotmail.com
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes insipidus, cuidados de enfermagem, descontrole eletrolítico.
Dária Lidiane Menezes de Mesquita Moura
dari.diane@yahoo.com.br

Lúcia Meirelle Rosa Oliveira


meirelleoliveira@hotmail.com

RESUMO
A Atenção Básica é um conjunto de ações, de caráter individual e coletivo, situadas no primei-ro
nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agra-vos,
tratamento e a reabilitação (PNAB, 2006). O desenvolvimento da estratégia Saúde da Família nos
últimos anos e dos novos serviços substitutivos em saúde mental – especialmente os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) – marca um progresso indiscutível da política do SUS. Esse avanço na resolução
dos problemas de saúde da população por meio da vinculação com equipes, e do aumento de
resolutividade propiciado pelos serviços substitutivos em crescente expansão, não significa, contudo,
que tenhamos chegado a uma situação ideal, do ponto de vista da melhoria da atenção. A Saúde Men-
tal, desde os primórdios, padeceu e ainda padece de preconceitos perante a sociedade e seus acometi-dos
que, em sua maioria são intitulados como loucos, doidos, sem juízo. E tais insultos e preconceitos são
opróbrios quando provenientes dos que compõe a equipe de Saúde da Família que é o primeiro contato
do indivíduo com os serviços de saúdes ofertados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), que em sua maioria ignoram os fatos voltando-se somente a programas disponibilizados na
Atenção Básica, agindo de forma mecanizada e técnica, fazendo do serviço uma rotina e aquele sujei-to
fica no esquecimento agravando sua situação e, além de não prestar o atendimento básico, não acio-nam
ao menos à especialidade como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou até mesmo não faz uma
contra referência de suporte como o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família). Este trabalho busca
evidenciar os fatores e dificuldades apontados pelos portadores de transtorno mental ao acesso a unidade
básica de saúde. A metodologia utilizada foi um estudo exploratório-descritivo de análise qualitativa,
realizada durante visita domiciliar no primeiro simestre de 2011 sob supervisão dos pro-fessores do 6º
período de enfermagem, colhido uma amostragem de aproximadamente cem pessoas, com questionário
pré-estabelecido e aplicado aos moradores de uma determinada área na cidade Pa-ripiranga-BA.
Utilizou-se para a coleta de dados grupo focal, permitindo a reflexão do grupo sobre o tema abordado.
Os resultados: Diante dos relatos e discorridos, há uma acepção dos portadores de transtornos mentais
que aos olhos daqueles que estão na linha de frente da Atenção Básica, sugerindo que estes já têm um
acompanhamento na atenção psicossocial (como se todas as suas necessidades

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em saúde fossem supridas nesta atenção), não são estes inseridos no atendimento de nível primário, não FATORES E CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE, NA INFÂNCIA
obtendo o merecido tratamento holístico. No entanto há ainda aqueles que trazem traços de um possível
diagnóstico de transtorno mental e esses ainda não foram acolhidos ou referenciados os quais, durante
visita domiciliar poderiam ser encaminhados (pelos ACS) ao PSF para uma avaliação ou até mesmo
acionado à equipe da sua existência e possível transtorno, ofertando a esse usuário qualidade de vida e
Renata Dórea Nogueira
gerando pontos positivos no que diz respeito à prevenção e promoção a saúde. Ainda há o envolvimento
tatadorea@hotmail.com
da família e a comunidade, ao redor desse indivíduo que muita das vezes não sabe como agir nesses
casos ou a que serviço procurar até por não ter uma orientação adequada e conhecimento relacionado à
Raquel Bianca Leite César
possível patologia e suas consequências, deduzindo assim que está tudo nas normalidades agravando a
raquelbiancaa@hotmail.com
situação e alimentando o preconceito a desinformação, o rompimento da integralidade e uma
comunidade não participativa em questões de saúde. Porém, essa falta não está voltada apenas para a
Atenção Básica como, também, para os serviços de Atenção Psicossocial que, diante de tal fato estaria
juntamente à Atenção Básica organizando essa assistência e ganhando espaço no nível primário voltado
ao transtorno mental. Conclusão: A necessidade de conjugação e de conhecimento entre os diferentes INTRODUÇÃO
serviços de saúde (NASF, PSF E CAPS) continua sendo essencial e de caráter urgente mediante a
situação em que se encontram os serviços, assim como os ACS que são a principal porta de entrada a Ao recordarmos épocas passadas podemos observar que a obesidade era algo praticamente
estes serviços. O treinamento e uma educação continuada desses servi- inexistente, pois as pessoas desempenhavam no seu dia – a dia um alto grau de atividade física em
ços são fundamentais, a fim de que se tornem agentes multiplicadores de prevenção e promoção da comparação aos alimentos ingeridos, porém com o passar dos tempos podemos observar uma abun-
saúde e assim possam dar devida assistência e aperfeiçoar a aliança entre os serviços para que então dância de alimentos o que tem incentivado os indivíduos a comerem mais associado a uma redução nos
atinjam a comunidade de uma forma positiva. É relevante também que haja uma interação entre os níveis de atividades diárias característica de uma sociedade industrializada, o que tornou a obe-sidade
serviços e comunidades, para poder discutir, informar e propagar saúde, incentivando para que tornou – se uma doença dos tempos modernos, onde não escolhe alvos específicos, podendo atingir
todos sejam participantes dessa ação somando agentes multiplicadores, no entanto compreendendo crianças, jovens, adultos e idosos. A obesidade pode ser definida como um distúrbio dos siste-mas
seus conhecimentos e respeitando suas culturas e procurando caminhos que levem a qualidade de reguladores do peso corporal e caracteriza – se por um peso corporal maior do que 20% segundo o
vida e possam propagar o que é viver em saúde mas, para isso ocorra, é necessário que os calculo do IMC que é índice de massa corpórea, esse cálculo pode ser possível devido ao acúmulo
profissionais da saúde vistam a camisa da humanização. excessivo de tecido adiposo. Estudos indicam que mesmo a obesidade moderada é perigosa à saúde,
podendo estar envolvida, como um fator de risco, na doença cardiovascular, hipertensão, doença pul-
monar, diabetes melitos e tipo II, artrite, certos tipos de câncer, (na mama, útero e colo do intestino
grosso), varizes e doenças da vesícula biliar. Contribuições genéticas também são fatores importantes a
serem considerados, porém não são considerados determinantes e sim condicionantes.
REFERÊNCIAS

FOUCAULT, Michel. A História da Loucura na Idade Clássica. 1997. São Paulo, Perspectiva. METODOLOGIA
Ministério da Saúde, Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. - Brasília, Este artigo é do tipo pesquisa bibliográfica e descritiva, visto que tenta explicar o problema
novembro de 2005 exposto a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações. É descritiva por
se tratar de uma pesquisa que visa conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção à Saúde. Brasília :
social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano através de pesquisa
Ministério da Saúde, 2006. Disponível em:http://portal.saude.gov.br
biblio-gráfico, livros, sites e artigos específicos sobre o tema abordado, a partir dos quais foram
analisados fatores e características de crianças obesas, na faixa etária dos 10 aos 12 anos. Na analise
desses documentos, optamos pela técnica de analise temática de conteúdo, segundo os passos nele
previsto evidenciando os objetivos e fundamentos teóricos da pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE: Atenção básica; saúde mental; comunidade; educação continuada e
integra-lidade.

DESENVOLVIMENTO

Conforme o Ministério da Saúde “a Globalização, o consumismo, a necessidade de prazeres


rápidos e respostas imediatas contribuirão para o aparecimento da obesidade como uma questão so-
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cial”. A obesidade envolve uma complexa relação entre corpo – saúde – alimento e sociedade, uma CONSIDERAÇÕES SOBRE O TDAH, TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
vez que os grupos têm diferentes inserções sociais e concepções diversas sobre estes temas, que
variam com a história. A Obesidade é uma doença que não tem cura, porém existem métodos que
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE, NA IDADE ESCOLAR
podem frear os processos metabólicos e driblar o aumento de tamanho nas células adipócitas,
Obser-va-se que os transtornos alimentares geralmente ocorrem na infância e na adolescência. Na
infância comportamentos alimentares em excesso, na maioria das vezes são considerados normais.
Nesse momento preocupação com o peso e com as formas corporais não são características Lais Rocha Santos
relevantes nem para os pais e nem para as crianças, porém as conseqüências de uma alimentação laisrocha_17@hotmail.com
descontrolada po-dem interferir diretamente em uma criança tanto no comportamento, como no seu
estilo de vida. Já no adolescente os distúrbios alimentares podem estar associados a futuras doenças Mônica Deyse de Souza Carvalho
como obesidade, anorexia ou bulimia. monica50psicologia@hotmail.com

RESUMO
DISCUSSÃO
O presente trabalho procura explanar pontos importantes a cerca do Transtorno de déficit de
Contudo, a obra de WOODMAN, 2002, relata casos de pessoas que se entregam seriamente atenção e hiperatividade na infância inserida no contexto escolar, a partir das dificuldades enfrenta-das
a comer e beber, trabalhar, limpar casa e até mesmo aquelas que não comem por estarem sempre pelos profissionais que lidam com essas crianças, os familiares e o ponto de vista da criança, o que esta
buscando um corpo ideal ou aqueles que comem, porém sentem-se culpados com se o ato de comer vivencia no seu dia-a-dia, e que forma lida com as características particulares que apresenta e como se
fosse um crime inafiançável, esta literatura destina – se diretamente a pessoas que de alguma forma dá seu relacionamento social, a forma como se relaciona com os colegas de classe. Para aclarar e trazer
desenvolve distúrbios emocionais que estarão diretamente ligados a seu comportamento e emoções. um pouco da realidade de tais situações para o estudo, contou-se com a observação em âmbito escolar
Entretanto, a obra de WOODMAN, 2002 irá relacionar os distúrbios da obesidade com problemas de duas crianças, uma diagnosticada como portadora do transtorno e outra que era vista sob a ótica da
psicológicos e emocionais, segundo a autora para o obeso partilhar o alimento é fazer parte da vida. suspeita por parte da escola. Os resultados refletem a realidade que é vivenciada pela maioria dos
A obesa e a anoréxica estão lutando para se conscientizar mediante o alimento aceitando – o ou re- indivíduos com o TDAH. Quando se trata do TDAH, parece haver certas discrepân-cias na sociedade.
jeitando, em nossa cultura o alimento é catalisador para praticamente qualquer emoção, uma Na maior parte dos casos, tanto a família como o portador sequer ouviu falar do transtorno, e
maneira positiva de expressar amor, alegria, aceitação, ou negativa que expressa culpa, suborno, infelizmente a vida dessas pessoas segue arrastada, cheia de dificuldade, ano após ano, sem que
medo, rejei-ção. nenhuma medida seja tomada, tornou-se costume acreditar que a vida é assim mesmo, não há o que
fazer para mudá-la. Por isso tem-se como objetivo contribuir com a divulgação de infor-mações corretas
acerca do transtorno, identificar sua principal sintomatologia e, dessa forma, fazer um feedback para a
CONCLUSÃO escola, a fim de melhor esclarecê-los quanto a realidade das crianças portadoras. Pensa-se que a criança
é daquela forma porque é de sua natureza e assim não se cogita a chance ou a possibilidade de haver
Portanto percebe - se que a obesidade não é só um processo bioquímico, onde as células tratamento. Para a realização do presente trabalho contou-se com a observação em contexto escolar,
aumentam de tamanho, devido à ingestão inadequada de alimento e falta de exercícios físicos é um Colégio Cenecista Laudelino Freire, na cidade de Lagarto/SE, onde se procurou observar o dia-a-dia de
processo que também está associado a comportamentos psicológicos. Com tudo, nosso emocional duas crianças conideradas hiperativas, bem comocolher informações daqueles que convivem
estará diretamente ligado na forma como agimos, pensamos e reagimos ao nosso corpo. È natural diariamente com as mesmas, bem como a aplicação do teste psicológico HTP. Diante disso, foi possível
que crianças que tenham experiências difíceis na infância, tenham dificuldade de se relacionar com constatar sinais importantes do transtorno de hiperatividade, no entanto muitas características típicas de
seu próprio eu, desencadeando compulsão por alimentos, percebe – se também que a Globalização, crianças nessa fase também foram identificadas, o que aponta para a im-portância do diagnóstico bem
o con-sumismo, a necessidade de prazeres rápidos e respostas imediatas contribuem para o feito, por profissionais sériose competentes, já que se trata da vida de uma criança e da qualidade da
aparecimento da obesidade como uma questão social. mesma. Além disso, é importante que o profissional da saúde enxergue o portador do TDAH como ser
humano que é, não enxergar só o transtorno, é de bom senso que se considere todas as implicações
sociais e de âmbito emocional que este acarreta.

PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; globalização; genética; psicológico; biológico; comportamento.

PALAVRAS-CHAVE: Hiperatividade, atenção, escola, vivências, estigma.

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UTILIZAÇÃO DE RECURSOS ERGOGÊNICOS NUTRICIONAIS POR rar a performance nas atividades físicas, esportivas, ou mesmo ocupacionais. Dessa forma, podemos
ALUNOS DA ACADEMIA DA CIDADE CORONEL JOÃO SÁ – BA subdividir os agentes ergogênicos em 3 grupos: a) fisiológicos; b) nutricionais; c) farmacológicos
(MALFATTI et al., 2008). Atualmente a literatura científica se refere aos recursos ergogênicos
como sendo substâncias ou artifícios utilizados com a pretensão de melhorar a performance do
corpo, hi-pertrofia muscular, diminuição do percentual de gordura, maior disposição.
Rislane de Jesus Santos
reduei@hotmail.com Os suplementos – recursos ergogênicos nutricionais – de acordo com ELIASON et al.
(1997) citado por PEREIRA, LAJOLO e HIRSCHBRUCH (2003) podem ser definidos como
Cleiton Antônio de Oliveira
cleiton_adustina@hotmail.com
produtos feitos de vitaminas, minerais, produtos herbais, extrato de tecidos, proteínas, aminoácidos
e outros produtos, consumidos com objetivo de melhorar a saúde e prevenir doenças. Porém não é
José Carlos Santana Carregosa com esse destino que eles estão sendo utilizados pela maioria dos frequentadores de academias de
todo o país e principalmente pelos frequentadores da academia de Coronel João Sá. O objetivo de
utilização desses suplementos é conseguir por meio deles maior resistência, disposição para os
treinos e principalmente o ganho de massa muscular em curto espaço de tempo.
INTRODUÇÃO
O presente artigo objetiva definir e caracterizar os recursos ergogênicos nutricionais, os su-
Há atualmente uma crescente busca em todo o país por academias, procura essa que deveria plementos mais utilizados, seus pontos negativos e positivos, com base em uma pesquisa de campo
ser para obtenção de uma melhor qualidade de vida, porém o fator estético continua sendo o maior
embasada nos principais suplementos utilizados pelos frequentadores da academia de Coronel João Sá, e
elemento motivacional. Grande parcela da população procura academias com o intuito de obter o
com utilização de referencial teórico sobre a temática estudada, objetivando também contribuir sobre os
“corpo ideal”, pois a preocupação com aparência seja para conseguir emprego, estar sempre na
prejuízos que esses podem trazer a saúde de seus usuários, relatando quais informações, indi-cações e
moda assim como manda a sociedade, satisfação quanto à estética são fatores os que influenciam a
conceitos os usuários possuem sobre os suplementos utilizados diante da pesquisa realizada.
socie-dade adolescente, jovem e adulta a ir à busca cada vez mais desse corpo perfeito tão desejado,
sendo esse público cada vez mais influenciado pela mídia que exerce papel fundamental na questão
da estética corpórea na contemporaneidade e é nessa constante busca pelo “corpo perfeito” a
qualquer custo e obtenção rápida, em um curto espaço de tempo que muitos acabam por fazer uso
SUPLEMENTOS ALIMENTARES
de recursos ergogênicos nutricionais, que, segundo informações em seus rótulos, fornecem vários
subsídios para que os objetivos sejam alcançados satisfatoriamente, não se importando muitas vezes A busca pelo corpo perfeito virou “epidemia” em todos os locais, e nessa busca a utilização
com os efeitos adversos, prejudiciais dessas substâncias, bem como para que se destina cada um. de meios que podem ser prejudiciais e desnecessários à saúde vem aumentando cada vez mais. É
Esse fato é um pro-blema preocupante, pois o padrão cultural de beleza atual é ter força e um corpo comum e crescente a grande utilização de recursos suplementares para que os objetivos de obtenção
com músculos bem volumosos e definidos, com teor mínimo de gordura. A prática da musculação de massa muscular, formas corpóreas bem definidas sejam alcançadas pelos mais diversos tipos de
vem ao encontro deste ideal, o ganho de força e de massa muscular é importante para a autoestima frequentadores de academias nos treinos de musculação, aeróbica e por atletas de alto rendimento.
do jovem, facilitando sua aceitação junto ao grupo de amigos e impressionando o sexo oposto. As promessas feitas pelos mais diversos tipos de suplementos provoca nos seres humanos a cobiça,

Muito se especula sobre suplementação e recursos ergogênicos, se eles são a mesma coisa, se vontade e desejo de chegar àquilo que se atribui de corpo ideal em um curto período de tempo, para os

fazem bem ou não a saúde, se realmente são positivos quanto aos objetivos de quem faz utilização. Cabe homens belos bíceps e tríceps braquial, barriga de “tanquinho”, pernas torneadas e bem definidas,

aqui ressaltar que no estudo proposto os suplementos não se distinguem de recursos ergogêni-cos, mas panturrilhas malhadas, glúteos enrijecidos e empinados. Para as mulheres a tão desejada barriga lisa,

sim fazem parte desse “mundo” de substâncias utilizadas não com fins de melhorar a saúde, mas sim a bem definida, sem nenhuma gordurinha ou pneuzinho, glúteos enrijecidos hipertrofiados com grande

obtenção de massa muscular, potência, disposição entre outras promessas observadas nos rótulos dessas volume, seios “durinhos”, pernas malhadas, hipertrofiadas e com muita massa muscular.

substâncias. Os recursos ergogênicos de acordo com sua etimologia significa “produ-ção de trabalho” Porém poucos realmente sabem o que é suplemento, qual a verdadeira necessidade de utili-
(ergo=trabalho, gen=produção de) o uso desses pode ser compreendido por abranger todo e qualquer zação dos suplementos dietéticos, bem como os riscos que correm ao se utilizarem desses a partir de
mecanismo, efeito fisiológico, nutricional ou farmacológico que seja capaz de melho- suas dosagens sem um acompanhamento ou manuseio de um nutricionista ou médico específico

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na área. Segundo ALVES e LIMA (2009) suplementos alimentares são definidos como substâncias haja a necessidade de auxilio desses para manter a carga de treinamento, principalmente quando
utilizadas por via oral com o objetivo de complementar uma determinada deficiência, sendo esses esses não tem uma alimentação bem balanceada e regrada.
in-dicados por especialistas na área para aquelas pessoas que precisam de complemento em sua
A alimentação saudável e adequada deve ser entendida e compreendida pelos atletas de alto
alimen-tação para fornecer alguns nutrientes que lhe faltam já que o corpo por ação endógena não
rendimento ou mesmo praticantes de musculação, principalmente pelos frequentadores da academia
consegue produzir. Porém os suplementos estão sendo comercializados como substâncias
de Coronel João Sá que fazem uso de suplementos, como sendo o ponto de partida para obter o de-
ergogênicas capazes de melhorar ou aumentar o desempenho físico. Segundo estudos de BARRET
sempenho máximo e considerar as manipulações nutricionais como uma estratégia complementar,
(1997) isso é fato ve-rídico e preocupante, pois cada vez mais as pessoas acreditam que a saúde seja
assim como também afirma (SABINO, LUZ, CARVALHO, 2010). Quando os nutrientes se
comprável, adquirida por meio dos suplementos dietéticos, sendo que esses suplementos são
apresen-tam em quantidades ótimas, a saúde e o bem-estar do indivíduo são maximizados. A
comercializados com a pro-messa de aumentar energia, melhorar a performance física, diminuir
determinação de quais nutrientes são essenciais e das quantidades ótimas dos nutrientes essenciais
massa gorda e aumentar a massa magra corpórea, prevenir e tratar alguns problemas de saúde,
têm sido foco de investigações por décadas e as recomendações de nutrientes específicos têm sido
quando na verdade não tem todas suas “promessas” comprovadas cientificamente.
apresentadas nas Recomendações de Ingestão pela Dieta – RIDs (National Research Council, 1989)
De acordo com MELVIN (2004) os suplementos dietéticos são usados por atletas no mundo citado por (SAN-TOS e SANTOS, 2002).
todo. Nos Estados Unidos, a lei Dietary Supplement Health and Education Act (Lei sobre Educação
e Saúde dos Suplementos Dietéticos) definiu suplementos dietéticos como substâncias adicionadas
à dieta, principalmente (1) vitaminas, (2) minerais, (3) aminoácidos, (4) ervas ou produtos botâni-
cos e (5) metabólitos/constituintes/extratos ou combinação de qualquer desses ingredientes. Além SUPLEMENTOS: SUBSTÂNCIAS
dos atuais produtos alimentícios desenvolvidos para atletas e indivíduos fisicamente ativos, diversas
empresas comercializam suplementos dietéticos para atletas, geralmente sob a alegação de que o
desempenho nos esportes pode ser melhorado aliando a isso a busca de um corpo esteticamente per- AMINOACIDOS
feito que é gerado pela falta de uma cultura corporal saudável e que tem levado a população a usar
Os aminoácidos possuem um importante papel de realizar a síntese protéica, ou seja, é por
de forma abusiva, substâncias que possam potencializar no menor espaço de tempo possível os seus
desejos. Dentre essas substâncias, o suplemento tem um destaque primordial, talvez por falta de meio da junção de vários aminoácidos que as proteínas são formadas, isso por processos anabólicos.
uma legislação rigorosa que autorize a sua venda sem receita médica, ou devido às indústrias De acordo com estudos realizados os aminoácidos mais utilizados em suplementos são:
lançarem constantemente no mercado produtos ditos ergogênicos prometendo efeitos imediatos e • GLUTAMINA: A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no plasma e tecido
eficazes. Pa-ralelo a isso, alguns profissionais de Educação Física vêm estimulando o uso do muscular sendo utilizado em altas concentrações por células de divisão rápida, para
suplemento com o intuito de melhorar a performance de seu aluno, sem levar em conta os meios fornecer energia e favorecer a síntese de nucleotídeos. A suplementação com esse ami-
mais saudáveis para se atingir os objetivos traçados (SANTOS e SANTOS, 2002). noácido pode atenuar o estresse oxidativo, reduzir a quantidade de lesões celulares
De acordo com pesquisas feitas sobre comprovações de positivos resultados do uso de suple- decorrentes de exercícios físicos exaustivos e melhorar a defesa imunológica.
mentos não restam dúvidas quanto às mudanças favoráveis da composição corporal e a influencia po- • BCAAs: São aminoácidos de cadeia ramificada e dentre os BCAAS essenciais estão
sitiva sobre o desempenho esportivo de atletas após o manejo dietético, através do uso da suplemen- a Valina, Leucina e Isoleucina. Esses aminoácidos são necessários para a construção
tação alimentar para casos específicos (HERNANDEZ e NAHAS, 2009), pois diante de pesquisas e manutenção dos músculos, quanto à suplementação com esses aminoácidos eles
abordadas a maioria dos usuários atribui que os suplementos surtem efeitos positivos diante aumento de atuam na prevenção da fadiga muscular, promovem a síntese protéica, evitam o
massa muscular e auxílio na hipertrofia muscular, na questão de resistência e disposição, dando a essas catabolismo protéico e serve também como substrato para a gliconeogênese.
substâncias o mérito por conseguir chegar aos objetivos desejados. Porém, HERNANDEZ e NAHAS
Pontos negativos: Doses acima do recomendado podem provocar diarreia e comprometer a
(2009) explicitam muito bem que o uso de suplementação deve ocorrer de acordo com prescrição e um
absorção de outros aminoácidos e em longo prazo, leva a sobrecarga renal, desidratação e
profissional da área e desde que o sujeito tenha a necessidade real de consumo desses produtos devido a
complementar uma alimentação que não é bem equilibrada, balanceada afetada por diversos fatores. Já
problemas cardiovasculares.

para atletas de alto rendimento os suplementos alimentares são importantes caso

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PROTEÍNAS (Greenhaff et al., 1993) citado por PERALTA e AMANCIO (2002). De acordo com estudos elabo-rados
a creatina aumenta o pool de creatina corporal, o que potencialmente facilitaria a geração de maior
Suplementos proteicos são compostos de aminoácidos que são elementos fundamentais da
quantidade de CP, sendo o efeito ergogênico específico para certos tipos de esforço físico, como por
construção muscular. O corpo necessita de gordura e carboidratos para funcionar, porém é impossí-
exemplo: exercícios repetitivos, de alta intensidade, curta duração e com períodos de recu-peração muito
vel adquirir músculos sem proteína. É por isso que uma fonte de alta qualidade de proteína deve ser
curtos. Diante disso, a creatina é utilizada por praticantes de musculação ou mesmo atletas com o intuito
incluída na dieta e rotina de musculação. Os suplementos proteicos são os mais consumidos, desta-
de repor a energia gasta durante o treinamento, potencializando também a síntese de proteínas no
cando-se as proteínas do soro do leite os chamados Whey Proteins e a proteína encontrada na clara
músculo, essa reposição de energia gera no corpo o aumento da disposição levando ao aumento da
de ovos a Albumina.
sobrecarga e repetições de exercício com intuito de aumentar a massa muscular.
• Whey Proteins possuem alto valor nutricional, alto teor de aminoácidos essenciais e “O consumo de creatina, substância ergogênica não considerada como doping pelo COI, tem se mos-
de cadeia ramificada, alto teor de cálcio e peptídeos bioativos do soro. Seus efeitos trado efetivo na melhoria do desempenho esportivo, porém, em condições específicas de exercício,
principalmente em modalidades de curta duração, alta intensidade e períodos curtos de recuperação.
bioló-gicos resultam no aumento da síntese proteica muscular, redução da gordura Este efeito seria devido ao aumento dos níveis musculares de creatina, o qual poderia potencializar a
corporal em função do seu alto teor de cálcio e alta concentração de glutationa, rápida regeneração do ATP. A suplementação seria mais efetiva naqueles indivíduos com níveis iniciais
baixos deste composto nos músculos, como vegetarianos e idosos. Os efeitos ergogênicos desta
diminuindo a ação dos agentes oxidantes nos músculos esqueléticos e aumento da substância podem ser aumentados quando consumida com glicose, mas a quantidade do car-boidrato
concentração de insulina plasmática favorecendo a captação de aminoácidos para o deve ser grande. É importante ressaltar que não são poucos os trabalhos bem controlados sem
demonstração de benefício significativo com o consumo de creatina. Não há, ainda, evidência
interior da célula muscular ALVES e LIMA (2009). conclusiva sobre efeitos colaterais de seu uso. Faltam também mais estudos para determinar se o au-
mento de peso decorrente do seu consumo é devido à retenção de água ou a um aumento verdadeiro
Pontos negativos: Consumido em excesso ele sobrecarrega os rins, pois esses se veem na
da síntese de proteínas.” (PERALTA e AMANCIO, 2002)
necessidade de aumentar seu trabalho para eliminar as substâncias toxicas, tendo como outro fator
importante que toda proteína que não é utilizada para formação de massa muscular vira gordura. E Pontos negativos: a creatina consumida erroneamente pode provocar aumento do peso, devi-
se a ingestão de carboidrato não for suficiente para liberar energia à prática da atividade, a proteína do ao aumento de tecido adiposo, retenção de líquidos (dando a falsa impressão de ganho de massa
será desviada para esse fim. Ou seja, não haverá ganho de massa muscular. muscular), inchaço no fígado, interfere na glicogênese, lesão no miocárdio, potencializa a desmine-
ralização óssea, pode provocar distrofia muscular, cãibras, náuseas e vômitos, desconforto
• Albumina é reconhecida como a mais rica proteína animal, sendo fundamental para o
estomacal, diarreia, tonturas, desregula a atividade hormonal, complicações cardíacas, renais e do
crescimento e regeneração muscular, sendo indicada para pessoas que tem como
fígado, câncer, impotência sexual, insônia, tumores, alterações no colesterol, hipertensão, aumento
objetivo o aumento de massa muscular, sendo também consumidas por pessoas que
de ácido úrico, lesões musculares, dores abdominais, mudanças de hábitos intestinais e urinários,
necessitam em sua dieta grandes quantidades de proteínas. Ela é uma proteína obtida
excesso de cálcio, pedras nos rins e vesículas, altera a glicose, coma e morte, a creatina, a exemplo
a partir da clara do ovo desidratada e pasteurizada, que possui alto valor biológico
de outros suplemen-tos, pode ajudar atletas quando ministrada com cuidado, de acordo com a
sendo fundamental para o crescimento e regeneração muscular.
necessidade de cada um e com orientação de profissionais da área.
Pontos negativos: Pode causar gases e o consumo exagerado causa diarreia, diminui a
queima de gordura durante o exercício e engorda.
CARNITINA

É uma amina encontrada na carne vermelha, leite e derivados, sendo essa sintetizada a partir da
CREATINA lisina e metionina no fígado, no cérebro e também no rim. A carnitina é comumente chamada de Fat
Burners (Queimadores de gordura), isso porque a carnitina presente em nosso corpo é quem realiza o
A creatina é um composto nitrogenado naturalmente sintetizado no fígado, rins e no pâncreas,
transporte dos derivados da gordura para dentro das mitocôndrias, onde eles serão oxidados. Ao tomar
que também pode ser obtida pelo consumo de alimentos de origem animal (como carnes, por exem-plo).
conhecimento destas reações, algumas indústrias farmacêuticas apressaram-se em produzir e vender
No organismo, cerca de 95% estão depositados no músculo esquelético, sendo 1/3 em sua forma livre e
o restante na forma fosforilada (CP) (VIENA, 2006). A creatina fosforilada é uma reserva de energia carnitina, afirmando que sua ingestão aumentaria a degradação de lipídeos e ajudaria a quei-mar a

nas células e sendo ela utilizada como suplemento parece não aumentar a concentração de indesejável gordura localizada. Porém, tendo em vista que o catabolismo do tecido gorduroso possui um

ATP muscular de repouso, mas ajuda a manter os níveis de ATP durante um esforço físico máximo grande número de reações, catalisadas por diversas enzimas e reguladas por diversos fato-res, seria
errôneo atribuir que com o consumo desse suplemento sozinho toda esta cadeia de reações
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aconteceriam diminuindo a quantidade de gordura corpórea sem que os outros fatores de catabolismo Gráfico 1
fossem alterados, sendo que também os tecidos animais saudáveis já possuem quantidades mais que
suficientes de carnitina para manter as reações, não sendo esse o motivo de maior ou menor queima de
gordura. Portanto é um erro atribuir a carnitina como responsável por “queimar” a gordura do corpo,
sabendo que para que isso acontecesse a carnitina exógena ingerida deveria além de entrar na corrente
sanguínea ela teria que entrar na mitocôndria para que lá ela desempenhasse seu papel.

VITAMINAS

A função das vitaminas no corpo humano como reguladores metabólicos, atuando em uma sé-rie
de processos fisiológicos importantes para o desempenho na prática de exercícios ou nos esportes.
Muitas das vitaminas do complexo B, por exemplo, participa do processamento de carboidratos e
gor-duras para produção de energia, um aspecto importante durante exercícios de intensidade
variadas. Também é prática comum entre atletas o uso de doses extras de vitaminas, principalmente
C e E, por suas propriedades antioxidantes. Segundo um estudo realizado em São Paulo com
universitários de uma instituição privada mostrou que 30,4% dos entrevistados usavam produtos
vitamínicos (ALVES e LIMA 2009).
Fonte: Pesquisa de campo embasada no questionário aplicado na academia de Coronel João Sá.

Diante dos dados da amostra apresentada, mostra-se maior predominância do sexo


masculino quanto à freqüência na academia colaboradora com 53% da população masculina, ou
METODOLOGIA E METODOS seja, 17 homens e 47% de população feminina, ou seja, 15 mulheres. A seguir no gráfico 2 segue a
média das idades dos entrevistados, feita a partir de um cálculo de média aritmética de FILHO
O estudo pauta-se em uma pesquisa de campo foi feita por meio de um questionário misto de
(2007) com os seguintes resultados:
nove quesitos sobre o tema em questão – suplementação – aplicado na academia de musculação na
cidade de Coronel João Sá – BA, sendo esse questionário respondido por frequentadores da mesma. Gráfico 2
Ao total foram 32 colaboradores, a pesquisa foi elaborada com base em uma amostra, os quais res-
ponderam os 9 (nove) questionamentos de acordo com o conhecimento que tinham sobre o assunto,
e com o consentimento dos mesmos para uma possível análise e publicação dos dados fornecidos.
Os resultados estão demonstrados por meio de gráficos e tabelas, sendo explicitada a média das
idades dos colaboradores, bem como a faixa etária predominante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram avaliados ao total 32 colaboradores, frequentadores de uma academia em Coronel João


Sá com a pretensão de apresentar os suplementos mais utilizados, a indicação, o porquê da
utilização, os resultados obtidos, forma de utilização e principalmente o conceito que cada usuário e
não usuário colaborador da pesquisa possui sobre o uso de recursos ergogênicos nutricionais. Segue
no gráfico 1 a quantidade respectiva quanto ao gênero dos entrevistados:

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A média aritmética das idades foi de 22,5 respectivamente: 14, 16(3), 17(2), 18(2), 19(6), 20(2), Gráfico 4
21(2), 23(3), 24, 25(3), 29(3), 30(2), 37, 40. Isso demonstra que a pesquisa feita com base em uma
amostra a maioria dos freqüentadores são jovens com maior predominância aos 19 anos. No gráfico 3 é
evidenciado a quantidade dos usuários de suplementos com fins estéticos, segue o gráfico
3:

Gráfico 3

De acordo com o resultados apresentados no gráfico 4, evidencia-se que há maior predo-


minância de freqüentadores que não utilizam suplementos, superando os que utilizam em 18,76%.
Quando perguntado aos colaboradores da amostra referente quais os tipos de suplementos eram
utili-zados os resultados são os que seguem na tabela 6:

Tabela 6
O gráfico 3 mostra que dos 32 participantes da amostra sendo 17 homens, 12 fazem uso de
Suplementos Usuários
suplementos, e das 15 mulheres entrevistadas somente 1 faz utilização de suplementos. Segue no
Massa 3200 Anticatabolic 1
gráfico 4 o percentual total de homens e de mulheres na amostra que fazem uso de recursos
Creatina 8
ergogêni-cos nutricionais para fins estéticos comparado aos frequentadores da academia que não Mega Massa 2
utilizam essas substâncias. Monster Nitro Pack (No2) 7
Albumina 1
Fonte: Pesquisa de campo embasada no questionário aplicado na academia de Coronel João Sá.

De acordo com os dados obtidos e apresentados, mostra-se um maior consumo de suplemen-tos


à base de proteínas e aminoácidos de cadeia ramificada, os BCAAs, destacando-se também um alto
índice de utilização da creatina. Dentre os tipos de suplementos utilizados o que aparece com maior
presença é a creatina (8) e o Monster Nitro Pack (No2) (7). O Monster Nitro Pack NO2 é com-posto por
uma combinação ideal de nutrientes proveniente de proteínas de alto valor biológico como a Whey
Protein (Proteína do soro do leite) concentrada e hidrolisada, glutamina peptídeo (proteína hidrolisada
do trigo), BCAAs, guaraná, vitaminas, antioxidantes e minerais quelatos com arginina e
é indicado para atletas em treinos moderados e intensos, que desejam uma musculatura mais definida

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e aparente. Outros dois suplementos que também são destacados são a Massa 3200 Anticatabolic e a essas quantidades quando passadas por testes fica evidenciado que a quantidade descrita no rótulo
Mega Massa. A Massa 3200 Anticatabolic é um suplemento constituído a base de soro do leite iso-lado não corresponde ao total em exatidão. Um fator interessante a ser relevado é que a maioria dos
(Whey Protein Isolete) com alto teor de glutamina, BCAAs, utilizados para obtenção de massa muscular entrevis-tados (29) indicou ser de extrema importância utilizar essas substâncias com auxílio de
e principalmente com o objetivo de diminuir o catabolismo das células musculares. A Mega profissionais na área, porém eles mesmos consomem sem indicação de profissional nenhum,
Massa é um suplemento a base de Whey Protein, carboidratos complexos e proteínas nobres, ideal levando como base as idéias e indicações que amigos têm ou mesmo por conta própria, sendo esses
para treino voltado para o ganho de massa magra, volume muscular e também força. produtos adquiridos com freqüência e sem nenhuma dificuldade, podendo esses ser comprados em
farmácias, internet principalmente, a instrutores de academias, ou seja, há uma grande banalização
Quanto à indicação dos suplementos indicados na tabela 6 os resultados são os
também por parte dos profissionais da educação física, cujos agem como se fossem médicos, tendo
demonstrados na tabela 7:
comportamentos errô-neos, indicando, prescrevendo e vendendo essas substâncias sem se importar
Tabela 7 com a real necessidade dos usuários, mas sim com o lucro que irão obter com as vendas.
Indicação Usuários
Amigos 4
Personal Treiner 4
Médico 1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nutricionista 1
Por conta própria 4 É notável que o consumo de suplementos foi bastante significante entre os frequentadores da
Fonte: Pesquisa de campo embasada no questionário aplicado na academia de Coronel João Sá. academia de Coronel João Sá, com um índice de 40,56% de usuários de suplementos na academia
A tabela 7 mostra as informações quanto à indicação dos suplementos aos usuários, pesquisada. Ligado isso vem os fatores de precauções que os usuários não tem quando fazem a uti-

mostrando que a maioria usa devido à indicação de amigos, pelo incentivo de um personal treiner e lização desse recursos ergogênicos nutricionais. Pode-se dizer que os suplementos – recursos ergo-
gênicos nutricionais – ajudam seus usuários a obter maior disponibilidade, energia, massa muscular
o pior é que grande parte desses ainda utilizam esses recursos ergogênicos por contra própria.
desde que esses sejam tomados corretamente, com orientação de um profissional e principalmente
Quanto aos resultados: 12 usuários afirmaram que os suplementos utilizados cumprem as que as substâncias contidas neles seja verídicas com seu rótulo. Os suplementos devem somente ser
promessas em seus rótulos, afirmando eles que eles dão a sensação de mais disposição, energia para usados quando receitado por um médico especialista ou um (a) nutricionista, desde que o indivíduo
realização dos exercícios e principalmente houve rentabilidade quanto à principal questão para seu realmente tenha a necessidade de utilização desses, visto que uma boa alimentação, com todos os
uso que é o ganho de massa muscular. Somente um usuário afirmou que o suplemento utilizado não nu-trientes necessários a para realização das atividades garantem aos seres humanos subsídios
tinha ainda surtido o efeito desejado devido ao pouco tempo de consumo (creatina). suficientes para garantirem uma boa performance, conseguir massa muscular, ter energia e
Quando perguntado se sabiam o que eram suplementos e seus fins somente três afirmaram disposição suficiente para realizar os exercícios físicos, chegando assim aos objetivos desejados
não saber o que são suplementos, os mesmos não faziam utilização desses recursos ergogênicos sem precisar recorrer a nenhum tipo de recurso ergogênicos e que manuseado erroneamente venha a
nutricionais. Vinte e nove (29) de todos os entrevistados afirmaram saber o que são suplementos, prejudicar a sua saúde. Por tanto cabe aqui um alerta aos jovens que fazem uso dessas substancias
porém, quando perguntados sobre a concepção que tinham sobre, não souberam afirmar com sem um acompanhamento profissional e sem se importar com os efeitos adversos.
clareza o que eram suplementos limitando-se somente a dizer que essas substâncias são positivas ao
corpo em relação à disponibilidade quanto a disposição, fornecimento de maior energia e
principalmente no ganho de massa muscular e que toda utilização desses recursos deve ser indicada
por uma pessoa responsável e de conhecimento na área, no caso nutricionista ou um médico. PALAVRAS-CHAVE: Suplementos, recursos ergogênicos, creatina, proteínas, aminoácidos.
A pesquisa feita comprova o uso indiscriminado dessas substâncias promovedoras de ener-gia e
massa muscular corpórea, sendo constatado também o uso desses suplementos sem prescrição nenhuma
de um profissional especifico na área o que pode desencadear futuros problemas de saúde futuramente
caso haja uso indiscriminado. É de importância levar em consideração que muitos desses suplementos
existentes indicam em seus rótulos determinadas quantidades de substâncias sendo que
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O NOVO CODIGO PENAL: PROPOSTA SOBRE ABORTO mente, declara o nosso país, um Estado Democrático, ou seja, a noção de governo do povo.

É dever de todos os cidadãos “lutarem” pelos seus direitos, opinar a respeito das normas, ou
seja, ter o acesso à justiça que de acordo com CAPPELLETTI, e GARTH, é “o sistema pela qual as
Luan Wesley Santana de Jesus pessoas podem reivindicar os teus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado
l.u_a.n@hotmail.com que, primeiro deve ser realmente acessível a todos, segundo, ele deve produzir resultados que sejam
individual e socialmente justos.” (p. 1). Mas, o acesso não tem a efetividade que desejamos, contém
varias barreiras que impedem.

INTRODUÇÃO Dessa forma fica evidente o poder constituinte. A manifestação soberana da vontade
política, de um povo, social e juridicamente organizado. O mesmo pode ser dividido em dois, o
Este trabalho tem como principal objetivo refletir sobre o Direito, em especial, o Novo
originário e o derivado.
Código Penal, que traz em seu anteprojeto vários tabus, erros graves e temas polêmicos que acabam
ferindo os princípios constitucionais, dentre eles os anencefálicos e o aborto. Segundo Moraes (2010), o originário estabelece a Constituição de um novo Estado, organi-
zando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. E o derivado está
Indubitavelmente, é uma dificuldade dos legisladores de se ajustar com a realidade do
inserido na própria Constituição, pois decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional,
mundo atual, em que cada vez mais aumenta os índices de criminalidade, violência, o aborto e a sua
portanto, reconhece limitações constitucionais expresses e implícitas e é passível de controle de
pratica clandestina.
cons-titucionalidade.
Esse Novo Código não pode ser visto como um meio de solução para diminuir a criminali-
Então, o Código Penal traz novidades preocupantes, pois vai contra os princípios constitu-
dade, pois não é simples combater a mesma, penas mais rígidas não é “sinônimo” de diminuição de
cionais, especificadamente, os Direitos Humanos, que é com base na dignidade da pessoa humana,
crimes, violência. Como diz Edilson Santana “A erradicação do analfabetismo, o pleno emprego,
reconhecidos e protegidos pelo Estado. Tudo isto está contido no art. 1º da CF. E também, os
as-sistência médica, a distribuição justa das riquezas e um sistema previdenciário de grande alcance
mesmos, asseguram, declaram que, os homens nascem e continuam livres e iguais em direitos. As
são meios que, com absoluta certeza, reduzem a criminalidade.” (p.91). Então, deve-se investir em
distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.
mais educação, lazer, emprego, estes sim são formas de contenção da violência.
O aborto que, conforme o Código Penal Brasileiro nos artigos 123 a 128 CP. Só é permitido
Segundo Santana (2008), o Direito Penal é ciência jurídica de origem muito remota. Isso
em casos, quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, gravidez resultante de estrupo,
acontece porque, desde os primeiros tempos da Historia, surgiu a necessidade de coibir-se a prática
precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. De certa
delitiva. Assim, o Direito Penal tornou-se imprescindível como ciência que cataloga e estuda as nor-
forma, vão contra os direitos fundamentais, que são os direitos, à vida, à liberdade, à segurança, e à
mas que tipificam os crimes. Além disso, deve-se respeitar a integridade física e moral do ser
propriedade. Neste caso, especialmente, à vida que a Constituição Federal proclama que o Estado
humano, por ser um direito fundamental assegurado pela Constituição:
deve assegurar, o direito de continuar vivo, ter vida digna quanto à subsistência e de certa forma até
A preservação da integridade física e/ou moral do ser humano constitui direito fundamen- de nascer, para os indivíduos.
tal, presente no corpo das Constituições, como clausula pétrea. Ao constituí-la, outro não foi o
pen-samento do legislador constituinte, senão o de combater toda forma de tortura. (SANTANA, Em plena era moderna, o aborto de uma forma geral, ainda é um assunto que discorre muita
p.21, 2008) polémica, por conta das crenças religiosas, que defendem as tuas teorias, em favor da vida. E tam-
bém, por conta da clandestinidade, pessoas não qualificadas que utilizam locais inapropriados para
fazer o mesmo.
Com isso, temos que destacar que, essa discussão do Novo Código Penal, é de fundamental
Com relação ao aspecto religioso, por mais que a crença seja fundamental na vida de cada
importância para o futuro do nosso país. E conforme a Constituição, que é, como reza Alexandre de
um, procurei não me ater com os posicionamentos religiosos. Porque, o nosso Estado Brasileiro é
Moraes, (p. 6, 2010) “Lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à
laico, ou seja, é imparcial, quando se refere aos temas religiosos. E com relação ao aborto, em casos
estruturação do Estado, à formação de poderes públicos, formas de governo e aquisição do poder de
de anencefálicos, que como reza ESPINOSA (1998, p. 27):
governo distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.”. E que, principal-
Anencéfalo é todo embrião, feto ou bebê que carece de uma parte do sistema nervoso

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central, mais concretamente dos hemisférios cerebrais e de uma parte, maior ou menor, do tronco tido no art. 5ª da Constituição Federal, e também, o artigo 7º Estatuto da Criança e do Adolescente:
encefálico (bulbo raquidiano, situado acima da medula, e os dois seguimentos seguintes: ponte e “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
pendúculos cerebrais). Como no bulbo raquidiano estão situados os centros da respiração e da
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
circu-lação sanguínea, o anencefálico pode nascer com vida e viver algumas horas, mais raramente
alguns dias ou poucas semanas. condições dignas de existência.”.

A respeito do aborto, o Código Penal Brasileiro diz que é crime contra a vida humana,
estando contido nos artigos 123 a 128 CP. E só é permitido em casos, quando não há outro meio de
Então, a anencefalia é quando existe uma má formação, caracterizada pela ausência parcial
salvar a vida da gestante, no caso de gravidez resultante de estrupo, precedido de consentimento da
do encéfalo, que é o centro do sistema nervoso. Os bebês que contém anencefalia possuem uma gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Neste ano de 2012, o supremo decidiu que
expec-tativa de vida muito curta, apesar de que não se pode estabelecer com precisão o tempo de o aborto anencefálico não é “crime”. E está em discussão o anteprojeto de aceitar o aborto, como já
vida que terão fora do útero. foi dito, a gestante de aproximadamente até 12 semanas, desde que um médico ou um psicólogo
A interrupção da gravidez nesses casos, também conhecida como aborto terapêutico, é per- ateste que a mesma tenha incapacidade psicológica.
mitida em casos de anencefalia em diversos países. E o Brasil neste ano de 2012 também autorizou Então, depende da visão de cada um, se tratando dos anencefálicos para a igreja existe vida
a realização deste tipo de aborto, mas, precisa de autorização judicial para realizar. A decisão foi nestes seres, mas, para o “supremo” não existe vida e até mesmo não pode ser considerado crime de
toma-da com base em argumentos, como que, não existe vida possível. Ele é biologicamente vivo, aborto, já que não existe vida possível. Pois o crime de aborto é quando o feto morre por
por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. decorrência das “manobras abortivas”. Além disso, o risco de vida da mãe faz por optar proteger a
Agora a novidade é que o novo código penal contém em seu anteprojeto, em especial, aonde vida de quem está vivo do que um que dificilmente irá sobreviver.
trata sobre o aborto, uma proposta, em que a gestante de aproximadamente até 12 semanas poderá Mas, está proposta do novo código penal, que trata sobre o aborto, em que a gestante de apro-
interromper a gravidez desde que um médico ou um psicólogo ateste que a mesma não tenha deter- ximadamente até 12 semanas poderá interromper a gravidez desde que um médico ou um psicólogo
minadas condições de arcar com a maternidade. ateste que a mesma não tenha determinadas condições de arcar com a maternidade. E deferentemente
Este é mais difícil de assimilar do que nos casos anencefálicos, cujo último foi levado em dos anencefálicos, o filho que está para nascer é saudável, este sim pode ser considerado uma vida. E a
consideração, principalmente, o sofrimento psicológico que a mãe iria sofrer ao esperar um filho legislação assegura o direito à vida do nascituro conforme o art. 2º CC. Por isso, tem o direito de ser
que tem poucas chances de vida, e até mesmo de certa forma não existe vida possível, por conta da humano, dentre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.
má formação. E por estas circunstâncias apresentadas acima, e ao decorrer do artigo, não podemos aceitar
Mas, neste novo caso contido no anteprojeto, o filho é saudável, tem vida, e se for praticar o está proposta de aborto, contida no anteprojeto.
aborto, estará matando aquele ser saudável que está para nascer. Além disso, como um medico ou
até mesmo um psicólogo irá avaliar as mulheres, para afirmar com total convicção se ela tem
condições para ser mãe ou não.
PALAVRAS-CHAVE: Novo Codigo Penal; Anencefalicos; Aborto.
É importante destacar que, desde o primeiro momento de sua existência, o nascituro que esta
sendo formado. Deve ser reconhecido os seus direitos de pessoa, em que apesar de já ter vida, pode
ser considerado um ser humano, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.

A legislação brasileira afirma que, a vida do nascituro deve ser salvaguarda por ser vida hu-
mana, e não só porque tem expectativa de direito civil. Como diz o art. 2º do Código Civil: “A
perso-nalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.”
Então, este ser tem direito de nascer, o direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito
deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado da vida. Tudo isto está con-

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