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Haydu, V. B. (2009). Compreendendo os processos de interacao do homem com seu meio ambiente. In S. R. Souza & V. B. Haydu. (Orgs.), Psicologia comportamental aplicada: avaliago e intervencdo nas dreas do esporte, clinica, saiide e educacéo (pp. 9-35). Londrina: EDUEL. COMPREENDENDO OS (Rea PROCESSOS DE INTERAGAO DO HOMEM COM SEU MEIO | AMBIENTE VERONICA BENDER HAYDU - A compreensio dos pracessos de interagio do homem com seu meio ambiente € fundamental para que se possa explicar ¢ prever como os individuos aprendem, se desenvolvem esc adaptam para poder intervir em contextos clinicos, educacionais, esportivos ¢ outros. A busca de esclarecimentos sobre como ocorrem 0 processos ditos psicolégicos implica a andlise de uma ampla gama de processos de interagao, que envolvem aqueles que sio determinados por heranga genética (as contingéncias filogenéticas), aqueles entre o individuo ¢ as varidveis presentes a0 longo de sua vida (as contingéncias ontogenéticas) ¢ aqueles decorrentes da vida em sociedade (as contingéncias culturais). Esse modelo de anilise, denominado de Selepio por Consequéncias, foi proposto por Skinner (1984) sob a influencia da Teoria da Evolugao de Darwin. (BAUM, 1999). Uma nogio fundamental para esta anilise € a de contingéncia que se refere 4 relagio de dependéncia entre um ou mais eventos ambientais ou entre eventos ambientais ¢ 0 comportamento. Em outros termos, “as contingéncias sie as probabilidades condicionais que relacionam alguns eventos a outras”. (CATANIA, 1999, p.394). Deacordo com o modelo deselesio pelas consequéncias, o comportamento dos seres humanos ¢ também dos animais é explicado como sendo determinado por meio de um proceso de selegao ¢ nao de forma mecanica. Os comportamentos reflexos incondicionais sao selecionados pelo mecanismo da selegio natural, tal como as caracteristicas fisicas dos seres vivos. Os comportamentos reflexos condicionais e os comportamentos operantes sio selecionados por meio de contingéncias ontogenéticas. E alguns comportamentos especificos dos seres humanos sao transmitidos entre geragdes, por contingéncias culcurais. No caso da selegio ontogenética, as variagdes que os comportamentos apresentam sio selecionadas ¢ reproduzidas, ao produzirem consequéncias fortalecedoras ou sao extintas, quando nao produzem mais as consequéncias que anteriormente produziam, ou ainda, sio enfraquecidas quando seguidas por estimulos aversivos, isto é, punidas. Um proceso semelhante a esses ocorre no nivel cultural, em que as priticas de um grupo sio sclecionadas por screm relevantes para a sobrevivéncia da cultura. © COMPORTAMENTO E O AMBIENTE © comportamento operante é explicado como sendo fungio de suas consequéncias anteriores. Comportamento & © proceso de interagio entre 0 organismo ¢ o ambiente. O organismo ¢ os eventos ambientais afetam um ao outro (intcragem) ¢ dessa mancira produzem alteragGes recfprocas. Q analista do comportamento faz andlises funcionais deste tipo ao descrever as relagdes de contingéncias, ou seja, ao identificar as varidveis que o controlam. Na expressio proceso comportamental esta implicito que se trata de eventos que estéo em constante alteragio, ou seja, ao longo de toda sua vida, 0 organismo apresenta um processo de adaptagao, que ¢ ininterrupto, pois o ambiente também muda constantemenre. Diante disso, pode-se dizer que nio existe adaptacio, pois quando organismo se ajusta, o ambiente ja esti modificado e dessa forma ocorre um fluxo continuo de mudangas, das quais o préprio organismo vivo tem participagio. A analise do comportamento implica a investigacao desse processo interativo, nao se podendo separar 0 organismo do meio ambiente em que ele vive, incluindo ai os eventos presentes ¢ os passados. Assim como em qualquer outra ciéncia, na Ciéncia do Comportamento nao se pode observar o objeto de estudo de uma sé vez. Ao estudar ou observar um comportamento, existe a necessidade de se fazer recortes, ou seja, tomam-se segmentos do comportamento como unidades de andlise, as quais sio denominadas respostas, mais cspecificamente, classes de respostas. Um exemplo de uma classe de resposta € 0 comportamento de “abrir a porta”, Esse comportamento envolve determinados movimentos, dependendo de a porta ter um trinco ou uma macaneta. Considere, por exemplo, que voce esti diante de uma porta fechada com um trinco, vocé pode abrir a porta abaixando o trinco com a mio direita, a mao esquerda ou, ainda, com o cotovelo ¢ até mesmo com o pé. Cada uma dessas formas de abrir implica um movimento especifico, ou seja, tem uma determinada topografia. Para o analista do comportamento, geralmente, © movimento envolvido na agio nao € 0 aspecto relevante para andlise. Como foi especificado anteriormente, 0 que importa, na maioria das vezes, é 0 efeito que © comportamento tem sobre o ambiente, isto é, a sua fungao. No exemplo citado, 0 efeito analisado é de produzit a porta aberta. Assim, o comportamento é uma classe de ages definida pelo efeito comum no ambiente. (MATOS, 1997). Contudo, vale ressalvar que em algumas situacées ¢ dreas de estudo da Psicologia, a topografia das respostas pode ser um aspecto relevante para andlise, como acontece na Psicologia do Esporte. © comportamento do atleta, em grande parte, rem como dimensées relevantes a topografia € a precisio da resposta. Portanto, € importante considerar que todo comportamento tem uma topografia ¢ uma fungio, ¢ essas dimensdes podem ser relevantes em diferentes momentos da anilise ou da intervengio que estiver sendo feita. Cabe, ainda, fazer um outro destaque aqui: 0s comportamentos de um individuo nio se restringem ao conjunto de respostas que podem ser observadas de forma direta. Os pensamentos, os sentimentos € os sonhos sio também analisados como sendo processos de interacio entre 0 organismo ¢ 0 ambiente ¢, portanto, sio comportamentos. Skinner (1982) distinguiu esse tipo de comporramento pelo termo encoberto, sendo ele definide como aquele tipo que nio ¢ observado ou observavel, mas apenas passivel de ser inferido ou de ser registrado por meio de equipamentos especiais. (CATANIA, 1999). Por serem considerados comportamentos que tém a mesma natureza dos demais que um organismo pode apresentar, 0 estudo dos pensamentos, dos sentimentos ¢ dos sonhos nio requerem principios explicativos especiais ou especificos. A sua descrigao é feita a partir dos mesmas principios que os dos demais comportamentos. Para a Anélise do Comporramento, uma nogio fundamental é a de ambiente, que consiste da configuragao total de energia com possibilidade de entrar em relagio funcional com 0 organismo. Esse conceito é complex, porque niio se refere apenas a tudo aquilo que esta ac redor de um individuo, mas somente daquelas partes ou estimulos que podem afetar um organismo em um dado momento. Assim, um evento ambiental, quando classificado como um estimulo, pode ser tanto um som, uma luminosidade ou uma substancia quimica, como, por exemplo, a voz do treinador de uma equipe: um toque, come o contato fisico da mio da mae com a pele do bebé; uma substincia, como sumo de limo que produz salivagéo; a nota que o adolescente tirou numa prova; ou ainda um sopro devento que o faz espirrar. O ambiente de um individuo inclui, além dos estimulos provenientes do meio externo, aqueles produzidos pelo proprio organismo. Uma célica renal ou o dente do siso que esté rompendo a gengiva de um jovem rapaz so considerados estimulos quando afetam o seu comportamento, constituindo- se em parte da relagao funcional do organismo com o seu ambiente. Portanto, de acordo com essa visio, 0 ambiente € composto pelos eventos externos ao comportamento, nao se considerando a pele do individue como o limite que separa os eventos internos dos externos. (MATOS, 1997). Para esclarecer a nogio de que o ambiente é tudo aquilo que € externo a0 comportamento sob anilise ¢ nao sé aquilo que € externo ao organismo, pode-se considerar o seguinte exemplo. O comportamento de uma crianga de prestar atengio a instrugées que Ihe sio dadas é determinado, principalmente, pela histéria anterior de seguir instrugées. Se no passado esse comportamento foi reforcado, ele tem alta probabilidade de ser repetido. Em uma situagio de sala de aula, um alune que normalmente presta atengao as instrugSes do professor, pode nio fazé-lo em um momento especifico em que esti com febre devido a uma infecgio urinaria. O proceso de interacio professor-aluno foi alterado, porque a febre interfere com 0 comportamento do aluno prestar atengio. Assim, a febre € um estimulo proveniente do préprio organismo que entra na relagio funcional com 0 comporramento de prestar atengio, 0 qual estava relacionado com outros aspectos do ambiente, como, por exemplo, as consequéncias liberadas pelo professor. A complexidade da tarefa de um analista de comportamento é ainda maior do que sugere o exame do conceito de ambiente, porque, ao se fazer uma anilise funcional, deve-se levar em considera que o comportamento de um individuo € um processo histérico. Portanto, ao se fazer uma anilise funcional, deve-se considerar as fungées dos estimulos presentes na situagao, as quais geralmente jas em situagdes vivenciadas anteriormente pelo individuo ow transmitidas culturalmente, ¢ as variéveis de contexto, como as operagées motivacionais, 0 ambiente como um todo (a ccologia), ete. foram estabele: De acordo com Gerwitz ¢ Peléez-Nogueras (1992), cxistem diversas razoes pelas quais as experiéncias de uma pessoa devem ser consideradas como relevantes para o desenvolvimento do repertério comportamental. A expressio repertério comportamental refere-se ao que um individuo pode fazer, dizer ou sentir em qualquer momento de sua vida. (SKINNER, 1982). A primeira razao pela qual as experiéncias de uma pessoa devem ser consideradas € 0 fato de existirem aspectos fisiolégicos subjacentes aos processos psicolégicos, os quais requerem estimulagio ambiental para comegarem a operar ou para se manterem funcionando. Por exemplo, 0 desenvolvimento fisiolégico da visio depende da interagao do individuo com um ambiente iluminado. Isto €, 0 olho s6 se torna operativo se for estimulado pela luz. Uma segunda razio é que o desenvolvimento de certas habilidades depende da aquisigao prévia de determinadas respostas componentes, caracterizando um efeito cumulativo. Por exemple, a capacidade de caminhar depende de outros comportamentos que devem ser adguiridos antes, como o de ficar em pé ¢ de se equilibrar. Uma terceira razio baseia-se no fato de que certos comportamentos mais complexos, que ocorrem apenas mais tarde na vida do individuo, sao estabelecidos com maior eficicia quando sustentados por repertérios comportamentais aprendidos no inicio da vida. Como exemplos, podem ser citados os comportamentos de manter contato visual, de seguir visualmente um objeto em movimento, o sorriso, a orientagio, a vocalizagio € outros. Esses comportamentos tornam-se elementos de diversas sequéncias comportamentais ¢ de comportamentos mais complexos que o individuo vem a apresentar mais tarde em sua vida. Por exemplo, a leitura envolve 0 contato visual com estimulos impressos, 0 comportamento de prestar atengio, a orientacao da esquerda para a direita, etc. A APRENDIZAGEM termo aprendizagem é amplamente utilizado, tanto no meio académico quanto fora dele, mas o seu significado varia tanto que ele pode, algumas vezes, atrapalhar mais do que ajudat, quando se pretende fazer uma anilise ci dos processos envolvidos. No presente texto, ele néo deixar de ser usado, mas deve ficar claro que seri empregado de modo mais abrangente do que o usual, incluindo todo e qualquer proceso de interagio entre um organismo vivo ¢ seu meio ambiente, que produza alteracio no repertério comportamental desse organismo, podendo envolver a aquisigao ¢ a extingio de um comportamento. Para exemplificar os processos de aprendizagem mais clementares, seréo descritas diversas situagdes que envolvem o desenvolvimento comportamental de um recém-nascido, mas ¢ importante esclarccer que esses processos nv so iniciados ntifica com o nascimento, pois mesmo na vida intrautei a jf ocorrem alteragdes no repertério comportamental do bebé. Portanto, 0 repertério comportamental é tudo aquilo que um individuo ¢ capaz de fazer em uma determinada situacio, sendo estabelecido por contingéncias filogenéticas, ontogenéticas e culturais. Um recém-nascido que tem todas as suas caracteristicas bem desenvolvidas apresenta comportamentos adequados para a sua sobrevivéncia, nos primeiros dias de sua vida. Esse conjunto de comportamentos € formado, basicamente, por um tipo de comportamento que é determinado por eventos antecedentes, denominado reflexo. O comportamento reflexo & um proceso de intcragio entre um evento ambiental © © organismo, em que estimulos especificos eliciam respostas especificas. Como exemplos, podem ser citados comportamentos que fazem parte do repertério de bebé ao nascer como: 0 choro que € provocado (cliciado) por estimulos que produzem dor ou desconforto, como célicas intestinais, fralda molhada, isolamento, ctc; o sugar quando um objeto pequeno, como um mamilo, ¢introduzido em sua boca; o espirro € a tosse que sio cliciados por estimulos como pocira ou lufadas de vento; a salivacao eliciada pelo contato de alimenro ou outras substancias com a mucosa bucal; o sobressalto cliciado por sons altos movimentos de aproximacao bruscos; a contracao da pupila eliciada por Fachos, etc. O repertério comportamental formado por reflexos incondicionais €, no entanto, bastante restrito € implica que o bebé necessita de cuidados de um adulro. Assim, 0 desenvolvimento de outros comportamentos se faz necessario para que a crianca se adapte ao novo ambiente € possa sobreviver. Esse proceso de aprendizagem ocorre porque o bebé apresenta a capacidade de aprender comportamentos partir daqueles com os quais ele nasce, 0 que ocorre por meio de dois processos basicos de interagéo com os eventos ambientais, que sio © condicionamento respondente e o fortalecimento operante. Essa capacidade de aprender, ou seja, a sensibilidade ao efeito do emparelhamento entre estimulos ea sensibilidade ao efeito das consequén: a seguir), também, é herdada. ias das ages dos bebés (processos descritos Uma das formas como ocorre a ampliagéo do repertério inicial do bebé é © condicionamento respondente, que consiste da aquisigio de reflexos diferentes daqueles com os quais o bebé nasce. Por exemplo, comportamentos como o chorar, espirrar, salivar, sobressaltar-se, etc, que inicialmente ocorriam apenas diante de estimulos especificos, passam a ser eliciados por outros estimulos que ‘0 tinham essa propriedade. Por exemplo, a presenga de um cio nao faz.a crianga chorar, mas se dle latir préximo a cla, 0 som alto do latido el iara o choro. Apés a ocorréncia simultinea do evento “presenga do cio” e o latido (emparelhamento de estimulos), a presenga do cae poderd vir a eliciar o choro. Um outro exemplo €0 condicionamento da resposta de salivar. Inicialmente o bebé sali quando substincias quimicas entram em contato com sua mucosa gustativa olfativa. Depois de alguns emparelhamentos sisteméticos entre uma determinada substancia como as gotinhas de remédio, juntamente, com um som que sua mae faz quando vai lhe dar © remédio, com dizer, “gotinhas”, este som poder passar a liciar a salivagio. ‘a apenas A partir dos exemplos anteriores, pode-se verificar que o desenvolvimento ¢ a adaptagio do bebé ¢, também, de individuos em todas as outras faixas etirias, ocorre, em parte, pela ampliagio do repertério de comportamentos reflexos. A crianga passa, dessa forma, a ser capaz de responder a um ambiente diferente daquele para o qual ela estava preparada por determinagao flogenética. Entretanto, a aquisigao eo desenvolvimento do repertérie comportamental de um. ‘ionamento respondente. Quando um bebé apresenta comporramentos respondentes como, chorar, sorrir, sugar, balbuciar, etc, esses comportamentos, frequentemente, produzem uma agio sobre o ambiente. O choro do bebé afeta 0 comportamento das pessoas de seu convivio, as quais tendem a pegi-lo no colo, a acaricii- lo, a falar com ele ea eliminar o estimulo que esta eliciando o choro. Esses comportamentos do adulto, que sio as consequéncias do choro, fazem com que seja provivel que o bebé venha a chorar novamente em situagdes semelhantes, que passam a envolver a presenga de um adalto. Dessa forma, 0 comportamento de chorar passa, pouco a pouco, a ficar sob 0 controle das consequéncias que gerou. As mies observam com facilidade esse processo, pois elas, frequentemente, apanham seus filhos nos bragos quando cles choram, o que faz o choro cessar ¢, por conseguinte, os bebés comesam a mostrar uma tendéncia para chorar a0 ver a sua mie. Esse comportamento costuma ser denominado pelas mies de “fazer individuo nao se limitam aos efeitos gerados pelo processo de condi manha”. Ao se observar o comportamento de uma pessoa adulta, verifica-se que, raramente, o choro apresenta caracteristicas de comportamento reflexo. Isso ocorre porque o choro produziu diferentes tipos de consequéncias no passado, como aatengio, mas nao significa que o choro nao possa mais ter as caracteristicas de um comportamento reflexo, ou seja, ser eliciado por eventos antecedentes. A maior parte dos cliciadores incondicionais continua tendo essa fungio, mesmo no adulto. O conjunto de ages determinadas e mantidas pelas suas consequéncias é chamado de comportamento operante. Elefoi assim denominado por Skinner (1981), porque a agéo opera no meio, alterando-o. As consequéncias que produzem um aumento na probabilidade do comportamento vir a ser apresentado novamente em sinuagées Futuras sio denominadas extimulos reforgadores ¢ 0 proceso de aumento da frequéncia do comportamento é denominado reforgo operante. Esse processo responsivel pela maior parte do repertério comportamental de uma pessoa, fortalecimento de comportamentos novos, a partir de outros existentes no repertério de um individuo, de maneira geral, envolve um processo gradual, que decorre da modelagem. Para excmplificar 2 modelagem de comportamentos, pode-se descrever uma situagio em que um bebé, que esta deitado em seu bergo, movimenta de maneira indiferenciada os bragos ¢ as pernas. Ao esticar 0 brago numa dada diregio, ele pode fazer contato com um objeto que foi pendurado por sua mae sobre o bergo © que emite um som suave ao ser tocado. Imaginem que esse objeto é uma marionete (um boneco articulado) com um cordao © um puxador em forma de argola na extremidade do cordio. O cordio ao ser puxado faz com que a marionete apresente um apito suave. Cada vez que um movimento do bebé produzir sucesso, isto é, 0 tocar da marionete, esse movimento especitico sera reforcado e tenderd a ser emitido com uma frequéncia cada vez maior. Os movimentos indiferenciados levam, ocasionalmente, a palma da mio do bebé a fazer contato com a argola no cordio, eliciando a apreensio dela, o que € um reflexo incondicional. Em seguida, o hebé volta 0 brago para a posicao inicial ¢, ao fazé-lo com argola na mao, ele provoca um estiramento do cordio, 0 que fara com que 0 boneco apresente o movimento de erguer os bragos ¢ as pernas dar © apito. O comportamento de puxar do cordio, pouco a pouco, se tornara mais frequente € mais preciso, de modo que, apés algumas tentativas bem sucedidas, © bebé estara apanhando a argola do boneco ¢ puxando-a com precisio. Dessa forma, ele estara produzindo, com sucesso, movimentos dos bragos ¢ das pernas © 0 apito da marionete. Esse exem plo ilustra nao s6 0 processo de fortalecimento do comportamento de puxar o cordao da mationete, mas, também, o reforgo diferencial. Ao puxar cordao com pouca forga, a crianga nao vé o movimento nem ouve o apito € essa forma especifica de puxar tende a nao se repetir. O processo de redugio na frequéncia de ocorréncias de algumas respostas, devido a nio apresentagio de uma consequéncia que vinha ocorrendo apés clas € denominado de extingédo. Quando uma determinada resposta operante é reforgada, enquanto outras sio submetidas a extingio, levando ao fortalecimento da primeira ¢ & redugio na frequéncia das outras, tem-se 0 chamado proceso de diferenciagdo de respostas. Ele caracteriza-se como sendo um processo, porque ocorre uma mudanga no comportamento ao longo do tempo. Enquanto uma resposta é fortalecida, outras sao enfraquecidas. A expressio fortalecimento operante refere-se ao conceito que se aproxima bastante a0 de aprendizagem usado no cotidiano. O fortalecimento operante nio é um efeito observado somente em relagio a0 comportamento de bebés em suas interag6es iniciais com 0 mundo, mas também do adolescente, do jovem, do adulto ¢ dos idosos, ou seja, em qualquer momento da vida dos individuos. Outro aspecto importante do processo de fortalecimento operante é que ele € um fenémeno que apresenta reciprocidade. A crianga, ao reagir diante das continggncias estabelecidas por seus pais, produz consequéncias para as acées deles, que aumentam a probabilidade deles agirem da mesma maneira em situag6es futuras. Para exemplificar essa interagio, pode-se citar a situagao que leva ao desenvolvimento de comportamentos, como o de fazer manha dos bebés, citado anteriormente. O choro do bebé é um evento desagradavel para os seus pais. Quando um bebé estd isolado, cle tende a chorar ¢, a0 fazé-lo, a mie se aproxima ¢, muitas vezes, 0 pega no colo. Ao ser colocado nos bragos, o bebé para de chorar e, As vezes, sorri. O parar de chorar reforga 0 comportamento da mie que tenderd a pegar o bebé no colo numa préxima ocasido em que ele estiver chorando, pois o término do choro é reforgador para a mic. Assim, tanto © comportamento de chorar do bebé quanto 0 da mie, de aproximar-se e segurar 0 bebé nos bragos, sio reforgados. Nesse exemplo de interacéo entreo bebé e sua mie sao descritas duas formas de reforgar os comportamentos. Uma é pela apresentagao de uma consequéncia com caracteristicas apetitivas para a maioria das pessoas que é o sorriso de alguém dirigido a nds. A outra é a remogao de um evento com propriedades aversivas, 0 choro de outra pessoa, Uma grande parte do repertério comportamental de um individuo é mantida por consequéncias que consistem na remogao de estimulos que lhe sio aversivos. O Controle de Estimulos Durante a modelagem de um comportamento operante, a dimensio da resposta que é diferencialmente reforcada é, geralmente, a topografia da resposta. No exemplo descrito anteriormente, em que o bebé puxa a corda da marionete, segurar a argola do cordio de forma especifica ¢ importante para que a resposta venha a produzir a consequéncia reforcgadora. Entretanto, a forga com que o bebé puxa o cord4o também determina se a marionete abriré ou nao os bragos © as pernas ¢ apitaré. Portanto, quando o processo envolve a diferenciagao da Tesposta, a topografia ¢ a forga fisica das respostas so dimensées rclevantes. No entanto, quando nao se trata de modelagem do comportamento, a topografia da resposta pode nao ser relevante, como foi exemplificado anteriormente com 0 comportamento de abrir a porta. O reforga diferencial pode ser estabelecido com base nas dimensées dos estimulos presentes na situagio em que 0 comportamento € cmitido. (CATANIA, 1999). Praticamente, todos os nossos comportamentos ocorrem em situagdes especificas por cerem sido reforcados nessas situagées ¢ nao em outras. O termo que descreve esse processo é denominado controle de estimulos. Ele envolve a discriminagto de estinrulos ¢ a generalizagiio de estimulos. Podem ser citados, como exemplos, 0 comportamento de fazer manha que ocorre diante dos familiares ¢ nio de pessoas estranhas; dizer “ppd” que ocorre em presenga do pai, mas nao da irmazinha; o empilhar que ocorre com cubos, mas nio com bolas; 0 pedir a chave do carro para a mae ¢ nao ao pai. Porque estes comportamentos sio diferencialmente reforcados, tendem a ocorrer com frequéncia maior na presenca dos estimulos que estavam presentes quando a resposta foi reforgada. Uma classe de comportamentos operantes, que ocorre de forma diferencia em diferentes situades de estimulos, € denominada operame discriminativo, e os estimulos na presenga dos quais uma resposta é diferencialmente reforgada, estimulos discriminatives. Os estimulos discriminativos nao eliciam as respostas operantes, como acontece na cliciagao dos comportamentos reflexos, mas estabelecem a ocasiio para que as respostas produzam o reforgo. (CATANIA, 1999). Assim, diz-se que um individuo apresenca comportamento discriminativo quando emite uma resposta especifica numa determinada situacao € no emite essa mesma resposta em outra, ou quando emite uma determinada resposta em uma determinada situagao ¢ outra resposta em outra situagio. © processo de aquisig’o de um comportamento discriminativo, comumente, ocorre quando uma determinada resposta é reforgada diante de um determinado estimulo ambiental, o S® (esse dé) ¢ nao reforgada diante de um outro estimulo, o S* (esse delta). A alternagio entre essas duas situagdes, S” S*, permite estabelecer uma correlacdo positiva entre o S” e o reforgo, levando a um aumento gradual na frequéncia da resposta em presenga desse estimulo; ¢ uma correlagio negativa entre o S® ¢ a resposta, de tal forma que, apés algumas tentativas, o individuo passa a cmitir 0 comportamento especificado somente diante do S°. Um exemplo que ocorre durante 0 processo de aprendizagem do comportamento de falar pode ser observado quando a crianga tende a dizer “papa” na presenga de diversas pessoas, incluindo o irmaa, 0 tio ¢ 0 avd. Essas is ficam felizes a0 ver a crianga vocalizar as primeiras palavras reconheciveis. No entanto, com © passar do tempo, nio se mostrario satisfeitas por serem confundidas. Assim, na presenca do pai dizer “papa” sera reforgado com carinho ¢ atengio, mas na presenga de outras pessoas, a resposta nio produz mais esse tipo de consequéncia. Geralmente, as pessoas corrigem a crianga, dizendo “eu nao sou 0 papai”. Dessa forma, a crianga passa a dizer “papa”, em presenga do pai e nio de outras pessoa Com is pessoas podem, inicialmente, reforcar esse comportamento, p. sso, a familia da crianga esti arranjando contingéncias que, a0 mesmo tempo, levam 0 comportamento de dizer “papa”, na presenga do tio, a ser extinto; dizer “papa”, na presenga do pai, a ser reforcado; dizer “titio”, na presenca do tio, a ser reforgado; ¢ dizer “titio”, na presenga do pai, a ser extinto. Esse tipo de contingéncia caracteriza 0 que é denominado controle de estimulos. A discriminagio de estimulos pode ocorrer com graus intermediirios: & medida que a crianca aprende a discriminar seu pai de seu tio ¢ estes de outras pessoas da familia, cla emite, com uma probabilidade cada ver maior, a resposta reforgada em presenga do S®, e com a probabilidade cada vez menor em presenga do S*. Quando uma resposta € cmitida com a mesma probabilidade em presenga do S® ¢ do $+, diz-se que ela esti apresentando generalizagio de estimulos, (MILLENSON, 1976). A crianga que diz “papa” em presenga do pai € de outros adultos do sexo masculine com a mesma frequéncia esti emitindo uma resposta de generalizagio. A generalizacio nao deve ser considerada como sendo um erro, um equiveco, uma vez que € extremamente importante que um comportamento adquirido cm uma nunca vivenciadas pelo individu. Por exemplo, a crianga que aprendeu a dizer “au-au” para o seu cachorrinho, provavelmente o fara, também, diante 0 cachorro do seu ituagao acorra também em situagées novas zinho, diante de um cio completamente estranho visto na rua ¢, com uma probabilidade um pouco menor, diante de outros animais peludos, como diante de um gato, ou ainda, de seu bichinho de pelicia. A generalizagao ¢ a discriminagao de estimulos nio sie processos independentes ou opostos, mas sim diferentes formas de se desctever o controle de estimulos (DINSMOOR, 1995) sio complementares. E fundamental que a crlanga seja capaz de responder da mesma forma a um conjunto de pessoas, objetos ou eventos que possuem caracteristicas comuns € nao apresentar esse comportamento diante de outros conjuntos de pessoas, objetos ou eventos. Isto fica bem claro se for considerado, como exemplo, o comportamento de apresentar um nome comum, por exemplo, “tots”, diante de diferentes cies e no apresentar esse mesmo nome diante de gatos e passarinhos. Uma outra forma de controle de estimulos, consideravelmente relevante na aquisigio de comportamentos € no processo de adaptasio do ser humano & diversidade ambiental, esta presente no controle da imitagao. Nesse tipo de controle de estimulos, © comportamento de outra pessoa é 0 S” para o comportamento daquele que imita, O comportamento de imitacao € reforgado pelos pais e pelos membros da nossa sociedade em geral, por ser importante para a aquisigdo de novos comportamentos. Posteriormente, a prépria semelhanca entre o comportamento do modelo, por exemplo, de um adulto ¢ 0 da crianga pode tornar-se reforgadora ¢ manter a resposta imitativa. A imitagao ¢ facilmente observada em situagées de aquisicgio da fala. O bebé apresenta inicialmente um conjunto de sons, os balbucios, que incluem uma gama indiferenciada de sons da fala humana. A medida que determinados fonemas produzem consequéncias, eles tendem a veorrer com frequéncia cada vex maior, enquanto os outros vio diminuindo. Ou seja, os sons que nao fazem parte da lingua materna sio extintos ¢ os que fazem sio reforgados (diferenciagio de respostas). Uma crianga de pais brasileiros, por exemplo, tenderd a apresentar com frequéncia cada vez maior fonemas como pa, td, nd, md, etc, que se assemelham aos sons ouvidos pela crianga. Além disso, os balbucios sio mantidos por suas _ consequéncias diretas, isto ¢, 0 préprio som da fala é reforgador para o bebé. Produzir mudangas no ambiente pode, po um individuo. Ouvir 0 som que € produzido ao executar os movimentos da fala € tao importante, que pessoas surdas nao aprendem a falar, porque nao ouvem os sons que emitem, i $6, reforgar 0 comportamento de Para que uma crianga aprenda por imitagdo e para que ela responda de maneira apropriada diante dos estimulos discriminativos, cla precisa prestar atengio a esses estimulos, sejam cles objetos presentes no ambiente ou o comportamento de outras pessoas. O comportamento de prestar atengao ou de observagao nem sempre faz parte do repertérie de uma crianga ¢ pais desavisados podem nio se dar conta de que ele também precisa ser aprendido, ¢ que pode levar algum tempo para isso ocorrer. Até aqui, foram descritos alguns processos bisicos de aquisicao de comportamentos, os quais podem ser caracterizados, no senso comum, como sendo aprendizagem. Entretanto, de acordo com a descrigio do procedimento de modelagem ¢ a do ensino de respostas discriminativas, essas aprendizagens envolvem, também, a redugio de comportamentos com ropografias que néo correspondem ao especificado na contingéncia ou séo respostas diante de um S°. Isso mostra que aprender um comportamento implica emitir certas respostas deixar de emitit outras. Deixar de se comportar de determinada maneira poderia ser, de acordo com o senso comum, um “desaprender”, mas como seri exposto a seguir, nao € dessa maneira que esse processo € caracterizado, de acordo com a Anilise do Comportamento, A Extingao e a Punigéo de Comportamentos Um dos processos de enfraquecimento de um comportamento € 0 da extingdo que consiste em redugio na frequéncia da resposta, porque o mesmo nao produz mais a consequéncia que anteriormente produzia. Em dois dos processos comportamentais descritos anteriormente, ocorre a extingio de uma parte do comportamento enquanto outra € fortalecida. Na diferenciagéo de respostas, gue é observada durante © procedimento de modelagem ocorre um aumento na frequéncia da topografia de resposta que foi reforgada ¢ uma redugio daquela no reforgada. Na discriminagio de estimulos ocorre um aumento na frequéncia do comportamento na presenga de um determinado estimulo ¢ redugio na frequéncia desse mesmo comportamento na presenga de outro estimulo. Os processos de extingao, assim como de fortalecimento, nao podem ser considerados como tendo apenas um efeito especifico: diminuir ou aumentar a frequéncia da resposta, Antes de se observar o efeito principal da extingio, que éa reducao na frequ aumento significativo da frequéncia das respostas que nao sio mais reforsada: Alem disso, os estudos de laboratério, por exemplo, (AZRIN; HUTCHINSO! HAKE, 1966; HARRELL, 1972; RILLING; CAPLAN, 1975) demonstraram que a extingao, assim como a punigdo, produz subprodutos emocionais. Nao reforsar uma resposta anteriormente reforgada pode levar a comportamentos agressivos que sao comumente denominados de raiva. Por exemplo, se um individuo tenta abrir uma porta que nao esti trancada, mas mesmo assim nao abre, esse individuo abaixa repetidas vezes o trinco. Em seguida, ele passa a forcar o trinco para baixo com vigor. Apés algumas tentativas, o individuo tende a puxar © empurrar com forga a porta ¢ pode até chegar a esmurri-la ea chuté-la. Esse € apenas um exemplo dentre os intimeros que poderiam ser citados como sendo reagées emocionais diante de situagées nas quais comportamentos anteriormente reforcados no produzem mais as consequéncias que vinham produzindo. ncia do comportamento que vinha sendo reforgado, ocorre um Resumidamente, os efeitos do procedimento de extingao consistem em aumentos imediatos da frequéncia do comportamento ¢ redugio posterior; diversificagao do responder, com 0 aumento de outros comportamentos ¢ mudangas na topografia da resposta; aumento no valor reforgador da destruicio, ou seja, a ocorréncia de respostas emocionais. (MILLENSON, 1976). O primeiro cfeito observado, isto g, © fato de 0 comportamento colocade cm extingio apresentar um aumento substancial em sua frequéncia no inicio do proceso, é um aspecto que deve sempre ser lembrado quando esse procedimento for utilizado com fins educativos. Se o educador nio cstiver alerta para esse aspecto tenderd a desistir do procedimento por achar que nao est produzindo o efcito esperado, que € 0 de diminuir a frequéncia do comportamento. © tiltimo efeito citado, © da produgio de respostas emocionais, mostra que a extingdo também tem propricdades aversivas, apesar de no haver risco de danos fisicos ao individuo quando a extingio é aplicada. A punigéo é um procedimento que, também, produz a redugio na frequéncia de comportamentos, porém, ¢ estabelecida pela apresentagio de um estimulo aversive (eventos que causam danos fisicos ou morais ao individu) ou pela remogao de um estimulo apetitivo. O xingamento, a repreensio ¢ a surra sio exemplos de punigio que envolve a ocorréncia de estimulos aversivos verbais ou no verbais. O castigo, isto é, a perda de um privilégio como por exemplo, nao poder sair para brincar, ficar sem poder assistir TV, nao poder it ao clube ete, uma forma de punigio, que envolve a remogao de um estimulo apetitivo, ou seia, a perda de um privilégio, Puniges que consistem da apresentacio de estimulos aversivos, como, por exemplo, surra, beliscio, xingamentos, etc, além de diminuirem a frequéncia do comportamento punido, contribuem para o desenvolvimento do comportamento de fuga. A fuga é um comportamento reforgado negativamente pela remocio do estimulo aversivo presente na situagio. A remogao de um estimulo aversivo é denominada reforgo negative. Enquanto estiver presente, o estimulo aversive é uma variivel motivacional (operasio estabelecedora) que estabelece 0 seu término como reforco. Assim, firga é definida como sendo um comportamento que ocorre na presenga do estimulo aversivo, interrompendo-o. (MICHAEL, 1993). Demancira geral, um adulto,ao surrar uma crianga, apresenta verbali ages: do tipo que a ameagam. A ameaca adquire, dessa forma, fungao aversiva por ser emparelhada com a surra, passando a ser uma operagio estabelecedora para a emissio de comportamentos semelhantes & fuga, denominados equiva. Esses estimulos que adquiriram fungao aversiva sio identificados como estimulas que tém fungées aversivas condicionais, isto é, sio os chamados estimulos aversivas condicionais. Portanto, a ameaga € uma varidvel motivacional, isto é, uma operagio que estabelece o término desta como um evento reforgador. A esquiva € um dos comportamentos mais frequentes nas situacées em que uma pessoa se sente ameagada, ou seja, quando as contingéncias coercitivas estio presences. Por exemplo, esquecer compromissos, faltar ao trabalho, nio prestar atengao ao que © outro esti dizendo, envolver-se em atividades alternativas, inventar doengas ou mudar de emprego ou de escola, etc, podem caracterizar comportamentos de esquiva. Essa breve revisio de como enfraquecer os comportamentos mostra que a extingdo © a punigao podem representar formas expressivas de coergio ¢ que getam comportamentos indesejados como a fuga ¢ a esquiva. Evidentemente, a professora que ameaga 0 aluno que nio faz as suas tarefas, nao deseja que ele pare de frequentar as aulas, mas, sim, que ele faca as tarefas determinadas por cla. Uma questo diante dessas colocagdes & como evitar 0 uso da punigio de comportamentos indescjados ¢ inapropriados para o convivio social? Um exemplo apresentado por Haydu di uma nogio de como o processo de inceragao entre pais ¢ filhos pode ser desenvolvido, privilegiando contingéncias de reforco positive. © recém-nascido apresenta, de forma geral, uma regularidade quanto aos hordrios de suas atividades. Apés ser alimentado e suas fraldas terem sido trocadas, cle dorme por aproximadamente trés horas. E muito comum ouvir maes dizendo que seu bebé “parece um relégio”, tal é a regularidade desse ciclo. Apds o period de sono, 0 bebé acorda e mostra-se disposto a mamar. De forma geral, ele nao acorda berrando, ele normalmente passa alguns minutos acordado movimentando-se. Apés esse pequeno periodo comeca a emitir sons que podem ser interpretados como sendo resmungos, ‘08 quais vao se tornando cada vez mais freqiientes ¢ intensos até que, finalmemte, se nio atendido, cle comesa a chorar € com intensidade cada vez maior. Se a mie do bebé atendé-lo, assim que ele acordar, dado ser o horirio de mamar, ela poderd evitar que 0 choro ocorra. Se, no entanto, ela atender o bebé somente depois que ele estiver berrando, ela estar, sem saber, estabelecendo uma contingéncia de reforgo para © chorar, pois esse comportamento estaré produzindo como conseqiiéncia a alimentasio, além da apresentacio de outros estimulos reforgadores, como a atensao, 0 carinho, o colo etc. (HAYDU, 2003, p.133-134) O exemplo anterior descreve um tipo de situagao que pode ser extrapolada para diversas situagSes de interagdo entre os individuos e resume as consequéncias geradas pelo procedimento de reforgo de comportamentos incompativeis com os comportamentos socialmente inadequados. “Os pais que reagem mito com a punigio, mas oferecendo as suas criangas oportunidade para o recebimento de reforgos positivos, deparam-se com criangas felizes, autoconfiantes e competentes”. (SIDMAN, 1995, p.251). A autoconfianga € um sentimento que o individua tem em relagao a si, que depende do tipo de inreragio estabelecida com a comunidade na qual cle vive. As interagdes sociais ¢ as priticas sociais caracterizam o que foi identificado como “contingéncias culturais”, ao ser apresentado o modelo de sclegio pelas consequéncias de Skinner (1984), no inicio deste capitulo. © Comportamento Verbal Um comportamento humano caracteris do como uma pritica social é 0 comportamento verbal. Ele é estabelecido ¢ mantido por essas priticas ¢, também, éum dos aspectos bisicos para o desenvolvimento das culcuras. Com esse tipo de comportamento, as pessoas aprendem sem ter que vivenciaras situagdes especificas de aprendizagem. Elas podem aprender com o relato que outras pessoas fazem do que elas vivenciaram, ou seja, 0 repertério comportamental de um individuo pede ser ampliado com a experiéncia dos outros, mesmo através de geragées. © comportamento verbal desenvolve-se a partir da modelagem de sons indiferenciados € com a imitagio dos sons da lingua materna, conforme foi descrite no exemplo de discriminagao que a crianga aprende a fazer entre o pai ¢ do tio. Além desse processo, estao envolvidas diversas interagées do individuo com seu meio-ambiente, o qual € formado pela comunidade sociolinguistica ou comunidade verbal, nas palavras de Skinner (1957). © comportamento verbal é 0 comportamento operante que exige a presenca de outra pessoa para ser reforgado, ou seja, ele € mantido pelas consequéncias que sio mediadas pelo ouvinte. O ouvinte € especialmente treinado como mediador, sendo esse comportamento, também, modclado ¢ mantido pela comunidade verbal. A troca de papéis durante uma conversa comega muito cedo na interagao da mie com seu bebé. A mic fala com 0 bebé dando 0 modelo, o bebé imira, ela reforcaaimitacio eo bebé tendea repetir o comportamento. Pouco a pouco, os sons que o bebé apresenta passam a produzir nio s6 a aprovagio da mac, mas também consequéncias nao sociais, como alimento, égua ¢ outras coisas importantes para cle. Portanto, as consequéncias do comportamento verbal afetam a sua ocorréncia futura, assim como corre com qualquer outro comportamento. Uma das consequéncias mais gerais do comportamento verbal é 0 faro de que o individuo que fala altera 0 comportamento daquele que ouve, o que pode simplesmente ser aquilo que o ouvinte diz. em seguida. Esse tipo de consequencia € caracterizado como sendo reforgo verbal e social. (CATANIA, 1999). Por exemplo, o filho pode pedir a sua mae para Ihe dizer que horas sio. Nesse caso, a ago verbal dele modificou 0 ambiente, produzindo um comportamento verbal da mae. Assim, comportamento verbal é definido como sendo aquele que “é modelado e mantido por um ambiente verbal ~ por pessoas que respondent ao comportamento de certas maneiras por causa das prdticas do grupo de que séo membros”. (SKINNER, 1957, p. 226). Skinner(1957) apresentouumaanslisefuncional do comportamento verbal, classificando-o a part do tipo de evento antecedente € das consequéncias que produzem, na interag4o com os ouvintes. Foram especificados diversos operantes verbais, os quais sio as categorias de comportamentos verbais que tém diferentes fangées, pois sio produros de contingéncias distintas. Essas contingéncias evolvem os eventos antecedentes que podem ser estimulos verbais ou nao verbais € as consequéncias, que também podem ser verbais ou no verbais. Voltando ao exemplo do bebé que esté aprendendo a falar, verifica-se que, nessa ocasiio, amae modela 0 comportamento deseu filho, apresentando palavras como estimulos-modelo. O filho repere o que a mie diz e esse comportamento € seguido por consequéncias reforgadoras. Esse tipo de comportamento verbal foi denominado ecoar. O erdico é uma resposta verbal sob controle de estimulos verbais, em quea resposta gera um padrio de sons semelhante Aquele do estimulo. Ou seja, 0 ecéico consiste da imitagio vocal generalizada, como no exemple da mie que diz “tots” ao seu filho ¢ ele repete “tord”. Esse tipo de comportamento que permite um encurtamento do processo de modelagem ¢ mantido por reforgos generalizados, como a aprovacio. O comportamento de ecoar implica discriminagées de estimulos vocais diferentes ¢ na emissio de respostas vocais que apresentam similaridade formal com os estimulos ouvidos. Nao se trata de imitagio sonora, mas fonética, pois 0 comportamento modelado nao é a reprodugio do som, como faz um papagaio, mas, dos fonemas apresentados como estimulos-modelo. Ser capaz de ecoar € importante porque esse repertério estabelece as unidades minimas constitutivas dos sons da fala, os foncmas, que podem ser recombinados para produzir qualquer estimulo novo ouvido. Isso caracteriza um dos aspectos generativos da fala humana. Quando amaemodela ocomportamento de ecoar do filho, frequentemente, cla o faz na presenga do objeto ou da pessoa nomeada. Assim, muitas vezes ela aponta para o objeto on pessoa do ambiente que esti sendo nomeado. Desta forma, ela esté modelando o comportamento de apresentar um nome especifico, na presenga de um evento ambiental especifico. Por exemplo, quando o pai da crianga esté presente, cla diz: “Olha, é 0 pap exemplo de coma sio aprendidos os comportamentos classificados como f2t0s, definidos como sendo a resposta verbal evocada por S” nao verbal. O estimulo discriminative pode ser um objeto, uma pessoa ou um evento particular. Por exemplo, ao dizer ‘mama” diante da mamadcira, o bebé poder simplesmente estar nomeando o objeto. Isto fica claro quando ele néo estiver privado de alimento. Portanto, © tato é mantido por reforgos sociais (generalizados), como a aceitagao da resposta, nao tendo relagéo com qualquer tipo de privagao (operagio estabelecedora) particular. © aponta para ele. Esse € um © tato beneficia de maneira especifica 0 ouvinte, pois permite que ele tenha seu contato com 0 meio ambiente, ampliado por intermédio do comportamento verbal do falante. £ muito importante, para a mae do bebé, que seu filho aprenda a dizer © nome dos objetos ¢ das pessoas a sua volta, pois cla poders ter informagées, por exemplo, sobre o que ele viu ou fez quando ela no estava presente. Esse, também, € um comportamento pré-requisito para que a crianga aprenda a nomear eventos encobertos, como dizer 0 que esti sentindo. Assim, pode-se afirmar que comunidade verbal age no sentido de estabelecer relacGes tinicas entre uma resposta verbal e um estimulo ambiental (S”), tendo-se como decorréncia desse processo, a formagio do que € denominado controle de estimulos. O tato € 0 ecoico nao sio as tnicas categorias de comportamento verbal da taxonomia de Skinner (1957). No exemplo de interagao verbal da mae com © filho, citado anteriormente, ao pedir para o filho acender a luz ou pedir para pegar um objeto, a mac esta emitindo 0 comportamento verbal classificado como mando, Nesse caso, 0 falante diz qual é 0 reforgador ou 0 comportamento que © ouvinte deve emitir ¢ a consequéncia é especifica, ou seja, aquilo que se pediu, A probabilidade de 0 mando ocorrer depende de operagdes estabelecedoras, ou seja, de operagdes motivacionais, Por exemplo, 0 comportamento de pedir um copo d’égua, para ser caracterizado como um mando, deve depender de uma operagio estabelecedora como a privacio de agua, a ingestio de alimento salgado, ctc. © mando esta sob o controle discriminativo da presenga do ouvinte © opera, principalmente, para o beneficio do falante. O comportamento do ouvinte € reforgado socialmente (reforgo gencralizado), por exemplo, com um agradecimento: “muito obrigado”. A anilise do processo de aquisigio do comportamento de falar de uma crianga permite, como foi exposto, caracterizar trés categorias comportamentais extremamente relevantes para que a crianga se adapte ao meio sociolinguistico no qual ele vive. Mais tarde, geralmente na escola, a crianga aprende a ler, que € um comportamento que permite ampliar significativamente o repertério comportamental de um individuo, sem que cle tenha que vivenciar diretamente as situagGes. Em uma situagio de sala de aula ou mesmo em casa, 0 comportamento da crianga de dizer “pato” diante da palavra escrita PATO, é reforgado ¢ dizer “pato”, em presenga de outros estimulos visuais impressos, nao sera reforsado. Dessa forma, propiciam-se condigées para o desenvolvimento do comportamento textual. (SKINNER, 1957). © comportamento textual € uma resposta verbal que pode ser puiblica ou privada, que esta sob 0 controle de estimulos visuais especificos impressos, os grafemas, os quais sao estimulos verbais nao orais. Ha uma correspondéncia entre os elementos que compéem a palavra, os grafemas, ¢ os elementos que compoem. a palavra oralizada, os fonemas, mas a correspondéncia é arbierdria. Ela varia de acordo com o sistema de escrita que esta sendo ensinado ¢ nao ha semelhanga formal. Portanto, as discriminagées das unidades que compéem uma palavra devem ser ensinadas. A eaxonomia do comportamento verbal apresentada por Skinner (1957) inclui, ainda, outras categorias de comportamento como a transcrigio, envolvendo o ditado ea cépia; o intraverbal; o autoclitico. Essas categorias verbais nao serio descritas aqui, no entanto, o leitor interessado em ampliar a sua leitura sobre o tema podera consultar 0 préprio livro do Skinner (1957) ou revises resumidas como Ribeiro (2004), Baum (1999, cap. 7) ¢ Catania (1999, cap. 14 € 15). Comportamento Governado por Regras Ao caracterizar © comportamento verbal como sendo aquele modelado ¢ mantido pelas priticas de uma comunidade verbal, incluiu-se 0 papel do ouvinte. Portanto, é importante destacar como fez Catania (1999, p.272), que“ comportamento verbal envolve ranto o comportamento do ouvinte, que é modelado pelos seus efeitos sobre 0 comportamento do falante, quanto 0 do falante, que é modelado pelos seus efeitos sobre o ouvinte”. Essa reciptocidade foi considerada por esse autor como aquilo que define o comportamento verbal. Conforme foi exposto ainda, o comportamento verbal permite modificar 0 ambiente por meio da agio do outro. O mando ¢ uma das categorias da taxonomia comportamental de Skinner (1957) que claramente caracteriza essa definicio, pois ao emitir um mando, o falante muitas vezes especifica 0 que 0 outro deve fazer, além de especificar a consequéncia de sua aio. “O comportamento verbal pode produzir conseqiiéncias verbais ou ndo-verbais, mas de una forma ou de outra, a conseyiéncia é geralmente uma mudanga no comportamento do ouvinte”. (CATANIA, 1999, p.273). © comportamento do ouvinte que est4 respondendo a um mando foi caracterizado por Skinner (1966) como sendo um comportamento governado por regras, Mais recentemente, Catania (1999) sugeriu 0 termo comportamento verbalmente governado. Esse tipo de comportamento descnvolve-se a partir de uma extensa histéria de reforgo diferencial, sendo 0 obedecer reforcado € 0 nio obedecer punido ou colocado cm extingic. Quando a resposta esti incorreta, muitas vezes, o falante fornece feedback negativo e solicita que a aga seja executada novamente. Por exemplo, a crianga quando esté aprendendo a falar, aprende, a pedido da mae, a apontar 0 que a mie nomeou. Por exemplo, quando a mie esta brincando de localizar as partes do rosto com seu filhinho, ela aponta o nariz dele ¢ diz, “olha o nariz do neném”, cla aponta a boea da crianga ¢ diz, “olha a boquinha do neném”. Simultancamente, cla nomeia ¢ aponta o scu proprio nariz e sua propria boca nomeando essas partes do rosto. Depois ela diz, “cadé © narizinho do neném” ou “cadé a boquinha do neném”, ¢ espera que ele aponte seu proprio nariz ou sua prépria boca, reforcando socialmente a resposta ou fornecendo feedback negativo quando a resposta est incorreta, dizendo “Nio, esse ndo € 0 narizinho do neném, mostra o seu narizinho pra mamiel” Ela pede também que ele aponte © nariz ¢ a boca, reforgando ou corrigindo a resposta da crianga, Portanto, quando a mac esta ensinando scu filho a tatcar as partes do rosto, ela esté, também, ensinando © comportamento de seguir instrugées (comportamento governado por regras), ao pedir para a crianga apontar determinada parte do rosto que ela nomeia. do ouvinte O comportamento governado por regras foi definido por Skinner (1969) como sendo um comportamento controlado por estimulos antecedentes verbais, isto €, as contingéncias que estabelecem esse tipo de comportamento sio efetivas, provavelmente, porque elas fazem com que as consequéncias sejam dependentes da relagio entre os estimulos antecedentes verbais ¢ 9 comportamento que os seguem. O comportamento governado por regras foi diferenciado por esses autores dos chamados comportamentos modelados por contingéncia, que sio mantidos pelos efeitos diretos que tem sobre 0 ambiente. Os comportamentos modelades pelas contingéncias envolvem apenas um estimulo discriminativo, verbal ou nao verbal, que estabelece ocasiéo para uma determinada resposta, enquanto os comportamentos governados por regras envolvem dois estimulos, um dos quais € verbal e descreve uma relagio entre um outro estimulo, uma resposta e a sua consequéncia. (VAUGHAN, 1989). Por exemplo, se uma crianga nao toca uma abelha que esté numa flor, porque no passado ela foi picada por uma abelha ao fazé-lo, seu comportamento esti sob controle de contingéncias. Se a crianga no coca a abelha porque foi dito a ela que é petigoso, pois a abelha pode machucé-la, entio seu comportamento esté sob o controle de regras. E importante destacar que a contraposi¢ao das expresses comportamento governado por regras ¢ comportamento modelado por contingéncia pode levar & interpretagdo inadequada de que o comportamento governado por regras nio é afctado por suas consequéncias. Na verdade, 0 que se tem € um comportamento que é desenvolvido e mantido por contingéncias distintas das que normalmente contribuem para a modelagem ¢ a manutengio dos demais comportamentos. No exemplo anterior, a0 seguir a instrugio ¢ nao tocar a abelha quando isso The foi dito, 0 comportamento dela é seguido por consequéncias sociais como a aprovagao. Por exemplo, a mie diz: “Isso filhinho, a mamie gosta quando vocé ¢ obediente”. Ao caracterizar o que vem a ser um comportamento governado por regras, Skinner (1969) definiu estimulos verbais como sendo estimulos discriminativos que cspecificam contingéncias, esses estimulos passaram a ser denominados regras. Essa definigio gerou uma ampla discussio na drea ¢ leitor interessado pode consultar, por exemplo, Galizio (1979); Blakely; Schlinger (1987); Catania; Shimoff; Matthews (1989); Hayes; Zettle; Rosenfarb (1989); Vaughan (1989); Cerutti (1989), entre outros. Albuquerque fez uma revisio conceitual dessa bibliografia ¢ concluiu que a divergéncia na interpretagio dos diversos autores esta relacionada com o fato de serem as regras estimulos que podem exercer miltiplas fungies. Isto é podem evocar o comportamento por elas especificado, alterar as fungSes dos estimulos por elas descritos, exercer estes dois efeitos simultaneamente, © estabelecer comportamentos novos antes destes comportamentos manterem contato com as suas conseqiiéncias. Portanto, regras deveriam ser classificadas como estimulos antecedentes que podem descrever contingéncias © exercer miiltiplas fungSes. (ALBUQUERQUE, 2001, p.139) De acordo com 0 que foi sintetizado por Albuquerque (2001), pode-se especificar que: 1) uma regra pode evocar um comportamento como um SP, como, por exemplo, quando € dito aos alunos em sala de aula: “o professo chegou, facam silencio”. Nesse caso, a regra evoca 0 comportamento. 2) A regra pode alterar a Fungio de outros estimulos, mas nao evocar comportamento. No exemplo da mae que diz a sua filha “tire a roupa do varal, se comecar a chover”, a regra especifica a fungio de S? para a chuva, mas néo evoca 0 comportamento como um 8”, pois a roupa sera recolhida apenas se chovery mais tarde. A chuva é que é 0 S®, que evoca o comportamento de recolher a roupa. 3) Regras podem alterar a efetividade reforgadora de outros eventos. Por exemplo, se a mie diz a 62°, ea crianga no quer ir; a mae pode completar dizendo “A vové fez um bolo de chocolate!”. Ai o filho concorda em ir € até se apressa, dizendo, “Vamos logo!”. Neste caso, a regra alterou a fungao teforgadora do evento © ao mesmo tempo, evocou o comportamento de concordar em ir 3 scu filho “Vamos a casa da vows casa da vové. Um aspecto importante a ser considerado sobre 0 comportamento de formular ¢ seguir regras € que, ao formular uma regra de como o ambiente funciona, o individuo pode reagir, mais tarde, de modo eficaz, sem ter que ser exposto as continggncias que modelaram esse comportamento. (SKINNER, 1969). Por excmplo, sc o pai modela o comportamento de scu filho de trocar © pneu do carro, o filho, em situagées fururas poderd descrever a sequéncia de passos a serem seguidos, ao se defrontar com um pneu furado. Dessa forma, ele poderd trocar apropriadamente 0 pneu mesmo na auséncia das contingéncias que modelaram esse comportamento. Além disso, ele podera descrever para um amigo, que se defronta com um pneu furado, como trocar o pneu, ensinando seu amigo a partir da experiéncia de trocar © pneu sob a supervisio de scu pai. CONCLUSAO Os principios bisicos da Andlise do Comportamento apresentados aqui s4o apenas uma parte do complexo conjunto de principios que devem ser considerades ao se fazer uma andlise funcional do comportamento. Além disso, € importante destacar que os exemplos ¢ as situagdes descritas sio recortes simplificagées das condigdes que estao envolvidas nos processos de adaptagio ¢ de interagio dos individuos com seu meio ambiente. O fato de ser um proceso complexo, no entanto, nio significa a impossib processos de interagio, de fazer predigdes ¢ de estabelecer contingéncias que permitam controlar os comportamentos ou modificé-los. idade de se compreender os Conforme foi descrito no inicio do capitulo, o repertério comportamental inicial de um bebé, que foi selecionado por meio de continggncias filogenéticas, € necessirio para sua sobrevivéncia, mas nao € suficiente para que ele possa lidar com a diversidade ¢ a complexidade do mundo a sua volta. A ampliagio do repertério comportamental dos individuos inicia-se na vida inteauterina, o que acontece por meio de processos de condicionamento, que envolve tanto a aprendizagem de reflexos condicionais como de respostas operantes, 0 que caracteriza as contingéncias ontogenéticas. Além das contingéncias filogenéticas © ontogenéticas, os seres humanos desenvolvem comportamentos verbais que permitem que os individuos atuem sobre o ambiente de modo indireto, por meio da agio do outro, ¢ permitem que se aprenda a partir da experiéncia dos outros, © que caracteriza as contingéncias culturais. Um aspecto fundamental a ser destacado para concluir é que o analista do comportamento ¢ os demais profissionais que atuam em areas afins nio devem deixar de revisar com frequéncia os principios basicos, nem tio pouco deixar de acompanhar os avangos da area. A atualizagio permite que o profissional de qualquer area possa melhorar a sua atuagio com base no conhecimento produzido pelas pesquisas cientificas e, também, permite que cle nao seja apanhado pela “armadilha” do mentalismo, presente nas explicagées dadas aos processos comportamentais pela comunidade verbal na qual vive. Isso porque essa “armadilha” € uma forma poderosa de controle, ou seja, de contingéncia que pode levar 0 analista do comportamento a abandonar a anilise funcional do comportamento, porque a sua linguagem é diferente da linguagem usada no senso comum. Além disso, deve ser incentivada a promogio de um intercimbio constante entre pesquisadores e aqueles que atuam em contextos aplicados, pois “[.] as conseqiténcias prdticas geralmente forcam o cientista a lidar com varidveis que de outra maneira ele colocaria de lado para consideragéo posterior.” (SKINNER, 1972, p.279). REFERENCIAS ALBUQUERQUE, L.C. Definigées de regras. 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