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8º Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação

18 a 22 de maio de 2015, Salvador, Bahia, Brasil


Copyright © 2015 ABCM

ESTUDO DO EFEITO DA FASE β NA USINABILIDADE DE LIGAS DE


LATÃO LIVRES DE CHUMBO

Márcio Rodrigues da Silva, marcio_rodrigues@usp.br ¹²³


Izabel Fernanda Machado, machadoi@usp.br ¹
1
Departamento de Engenharia Mecatrônica e Sistemas Mecânicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
Avenida Professor Melo de Morais, 2231, 05508-900, São Paulo/SP – Brasil
2
Centro Educacional da Fundação Salvador Arena, Estrada dos Alvarengas, 4001, 09850-550, São Bernardo do
Campo/SP – Brasil
3
Termomecanica São Paulo S.A., Avenida Caminho do Mar, 2652, Complemento 2700, 09612-000, São Bernardo do
Campo/SP – Brasil

Resumo: Este trabalho visa estudar a influência dos parâmetros microestruturais da liga latão 60/40 isenta de
chumbo nos aspectos de usinabilidade durante o processo de torneamento cilíndrico de desbaste e acabamento. Foram
utilizadas 4 diferentes frações volumétricas e morfologias da fase β obtidas por diferentes processos de fabricação e
tratamento térmico. Estes materiais foram comparados com duas referências comerciais de ligas de latão, sendo uma
de corte livre com adição de chumbo e outra de latão 70/30 isento de fase β, por meio dos ensaios de caracterização
microestrutural, ensaios mecânicos, avaliação das morfologias macro e microestrutural dos cavacos, rugosidade das
peças usinadas, forças de usinagem e análise da vida do ferramental utilizado. Esta comparação busca viabilizar a
gradativa substituição das ligas de latão com chumbo por ligas isentas de metais pesados, preenchendo uma demanda
crescente de mercado por este tipo de produto. Para as condições utilizadas nos testes, foi verificada redução nas
forças de corte e nos valores de rugosidade, além de importante transformação nas frações volumétricas das fases α e
β dos cavacos analisados.

Palavras-chave: Usinabilidade, Latão, Isento de chumbo, Microestrutura.

1. INTRODUÇÃO

As ligas de cobre e zinco com até 37% de zinco em massa são denominadas latões alfa livres de chumbo, ou latões
binários, e são utilizados em processos de conformação variados devido a sua boa trabalhabilidade à temperatura
ambiente. Os latões com mais de 38,5% de zinco são caracterizados como latões bifásicos (α+β), sendo a fase α descrita
como uma solução sólida substitucional com aproximadamente 0 a 38% de zinco, com reticulado cristalino idêntico ao
observado no cobre comercialmente puro, cúbico de face centrada, com elevada ductilidade a frio (ASM Metals
Handbook, 1990; Coutinho, 1980).
Os precipitados de fase β, com estrutura cúbica de corpo centrado, exibem transformação ordem-desordem e com
isso assumem duas configurações distintas, ao observar pelo posicionamento relativo entre os átomos de cobre e zinco.
Abaixo da temperatura crítica de 454ºC, ocorre a formação de um composto intermetálico ordenado de baixa
ductilidade, denominado como fase β’, com os átomos de cobre e zinco ocupando posições específicas no reticulado
cristalino. O arranjo desordenado com elevada ductilidade é denominado de fase β, e ocorre acima da temperatura
crítica em decorrência do aumento da energia térmica e consequente aumento na vibração da rede cristalina, reduzindo
a influência das ligações preferenciais. Estas diferenças explicam o fato dos latões α monofásicos (Isentos de fase β)
apresentarem elevada conformabilidade a frio, bem como o melhor comportamento dos latões bifásicos quanto à
conformação a quente (Cullity, 1956; Brooks, 1985).
Latões bifásicos com a adição de 1,5 a 3% de chumbo são a solução mais comum no mercado de latões usináveis,
sendo denominados como latões de corte livre. A presença do chumbo na microestrutura dos latões, na forma de
precipitados insolúveis na matriz Cobre-Zinco, promovem a ruptura do cavaco através da formação de concentradores
de tensão. Além disso, o seu baixo ponto de fusão permite a formação de um filme fino que lubrifica e
consequentemente diminui a tensão de cisalhamento no corte, aumentando a vida útil do ferramental de usinagem.
(ASM Handbook, 1990; Hofmann e Magd; 2004, CDA, 2014)
Entretanto, o chumbo é um metal pesado e de comportamento nocivo à saúde humana, e seu uso vem sendo
sistematicamente reduzido, baseado nas restrições impostas por diretivas europeias para as indústrias química, de
eletrônicos e automotiva (RoHs, 2002; REACH, 2007; ELV, 2010). Devido a isso, estudos com o uso de materiais
alternativos aos metais pesados estão sendo realizados nos mais diferentes segmentos da indústria, e no que diz respeito
às ligas de latão usináveis comerciais já existem importantes trabalhos realizados, direcionados na escolha de elementos
com baixa ou nenhuma solubilidade ao cobre, e dentro deste contexto apresentam um comportamento similar ao
observado no chumbo. Vilarinho et. al (2005), por exemplo, contribuíram com estudos com ligas de latão com adições
de bismuto e selênio, caracterizando uma família denominada de “SeBiLoys”. Entretanto, a rara disponibilidade de
bismuto na mineração e custo cerca de 10 vezes maior em comparação ao chumbo são alguns dos inconvenientes do uso
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do mesmo e consequentemente reduzindo a sua efetividade (Fontaine, Keast, 2006). Taha et. al (2012) realizaram
estudos com a adição de silício com variações de 1 a 4% em massa, caracterizando uma família de latões denominados
de “Ecobrass”, as quais apresentam a formação de uma fase rica em silício, denominado fase κ (Kappa). Este estudo
mostra pontos importantes, como a melhora no acabamento superficial em composições de 1% de silício e melhor
morfologia dos cavacos no caso de composições de 4% de silício. Porém é fundamental indicar que a fase κ,
responsável pela quebra do cavaco, apresenta dureza consideravelmente maior do que o chumbo, e consequentemente
reduz a vida útil da ferramenta de corte, além do aumento das forças de corte, comparando estas ligas aos latões isentos
de silício, sejam estes com a adição ou não de chumbo.
Com isso, o principal objetivo deste trabalho é avaliar de forma exploratória o comportamento de diferentes
microestruturas dos latões binários isentos de elementos adicionais, sob o ponto de vista dos principais aspectos de
usinabilidade, sendo estes os ensaios de caracterização mecânica e microestrutural, esforços de corte, rugosidade
superficial e avaliação da vida da ferramenta através da medição do desgaste de flanco. Será utilizada a liga de latão
60/40, com a utilização de diferentes concentrações, morfologias e distribuições dos precipitados de fase β ricos em
zinco obtidas por diferentes tratamentos térmicos, os quais posteriormente foram comparados com a referência
comercial de latão com chumbo, além do latão 70/30, cuja microestrutura consiste em uma estrutura isenta de fase β.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Materiais

Os materiais utilizados neste estudo são barras extrudadas a quente com posterior trefilação a frio da liga latão
Muntz 60/40 (UNS-C28000). Estes materiais posteriormente foram submetidos a diferentes tratamentos térmicos, sendo
o material A1 isento de tratamento térmico, A2 e A3 recozido em fornos contínuos em diferentes parâmetros de
temperatura e tempo, e A4 submetido ao processo de alívio de tensões em forno estático, para a obtenção de diferentes
morfologias e concentrações da fase β, bem como distintas propriedades mecânicas entre as mesmas.
Para os ensaios comparativos, foram utilizados dois materiais de referência, sendo um nomeado como material B1,
da liga Latão cartucho 70/30 (UNS-C26000), o qual se caracteriza por ser um material monofásico, com 70% de cobre e
isento de fase β, e o grupo denominado de C1, referente à liga de Latão de Corte Livre Americano, (UNS-C36000),
reconhecida como a liga de latão referência para operações de usinagem (Usinabilidade 100%), sendo as composições
químicas dos materiais apresentadas na Tab. (1).

Tabela 1. Composição química dos materiais utilizados

Material Liga Zn Pb Fe Ni As Cu
A1 Latão 60/40 40,10% 0,01% 0,00% 0,01% 0,00% Restante
A2 Latão 60/40 40,10% 0,01% 0,00% 0,01% 0,00% Restante
A3 Latão 60/40 40,10% 0,01% 0,00% 0,01% 0,00% Restante
A4 Latão 60/40 40,10% 0,01% 0,00% 0,01% 0,00% Restante
B1 Latão 70/30 30,50% 0,01% 0,02% 0,01% 0,00% Restante
C1 CLA com Pb 36,80% 3,40% 0,02% 0,01% 0,00% Restante

2.2. Procedimento experimental

As amostras para observação metalográfica foram preparadas em conformidade com a norma ASTM E3, sendo os
corpos de prova imersos em reagente composto por 5 g de FeCl3, 100 ml de etanol e 7 ml de HCl por 30 segundos, e
analisado via microscopia óptica utilizando o microscópio Leica DM2700 M, sendo que as amostras avaliadas em suas
seções transversais e longitudinais. A quantificação das frações volumétricas de fase β foram realizadas com a
utilização do software Leica QPhase, com o reconhecimento da fase β a partir da análise das áreas escuras observadas
nas imagens monocromáticas.
A caraterização mecânica foi realizada utilizando-se dos ensaios de tração, dureza e microdureza, sendo os ensaios
de tração realizados com a máquina de tração Instron 3387, com capacidade de 29,4 KN de carga, com corpos de prova
cilíndricos e procedimentos em conformidade com a norma ASTM E8 M. O ensaio de dureza foi realizado com os
parâmetros previstos na norma ASTM E92, sendo escolhida a escala Vickers com carga de 10 kgf, no durômetro
universal Wilson UH-930. Para o ensaio de microdureza Vickers, foi utilizado microdurômetro Buehler com carga de
0,01 kgf, a qual permite a caracterização dos microconstituintes de forma individualizada. Os ensaios de usinagem
foram realizados em torno CNC Romi Multiplic 30D, utilizando ferramenta TNMA160408 IC20 (ISO 513) com
suporte MTJNR2020K-16W, com ângulo de saída negativo (γ) de 6° e ângulo de posição (χ) de 91°, sendo escolhida
uma pastilha com superfície plana e isenta de geometrias auxiliares na quebra de cavaco. Foram escolhidos 4
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parâmetros de corte, com parâmetros de profundidade de corte de 2 mm, avanço de 0,2 mm/rotação e velocidades de
corte de 60, 100, 140 e 180 m/min, sem o uso de fluidos de corte. A morfologia dos cavacos gerados neste processo de
usinagem foi analisada de acordo com o padrão previsto na norma ISO 3685. Além disso, as amostras dos cavacos e dos
materiais foram analisadas através de microscopia eletrônica de varredura (MEV), no equipamento Phenom Pro X,
sendo utilizado o recurso da análise química por energia dispersiva (EDS), para análise da composição química
qualitativa na região de segunda fase.
Para avaliação dos esforços de usinagem em cada um dos parâmetros de usinagens, sendo estes a força de corte
(Fc), Força de avanço (Ff) e a Força passiva (Fp), utilizando o dinamômetro piezoelétrico Kistler modelo 9265B/
9441B, e um software analisador de sinais DynoWare 2825A1-2. Os parâmetros de corte utilizados para este teste
foram profundidade de corte de 2 mm, avanço de 0,205 mm/rotação e velocidade de corte de 132 m/min.
Os ensaios de desgaste de ferramenta foram baseados na observação do desgaste de flanco, tanto em lupa
estereoscópica Olympus SZX10 quanto em microscópio eletrônico de varredura Phenon Pro X, após usinagem das
peças por 60 minutos, na velocidade de corte de 140 m/min, profundidade de corte de 1 mm e avanço de 0,08 mm/rot
no torno CNC Romi Multiplic 30D, utilizando ferramenta TNMA160408 IC20 (ISO 513) com suporte MTJNR2020K-
16W.
As peças depois de usinadas foram submetidas à medição de rugosidade Ra e Rz utilizando o rugosímetro Mitutoyo
Surftest SJ-210, sendo realizadas 10 repetições para cada medida, com parâmetro de cutoff de 2,5mm, adequado para os
valores de rugosidade identificados nos materiais.
Os resultados obtidos para a microdureza da fase β e rugosidades foram analisados pela ferramenta estatística
ANOVA: fator único, para um nível de significância α = 0,05.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Caracterização microestrutural e mecânica das amostras.

As análises metalográficas das seções tranversais dos materiais são apresentadas na Fig. (1), e a respectiva
caracterização microestrutural e mecânica são descritos na Tab. (2). É observado um gradativo aumento na quantidade
de fase β nos materiais da liga latão 60/40, com variação entre 25,5 e 34,7%.

Figura 1. Microestrutura dos materiais utilizados utilizado no microscópio óptico (Aumento 200X)

Tabela 2. Caracterização mecânica dos materiais utilizados

Fração Alongamento Dureza Microdureza (HV 0,01)


Grupo Liga σLRT (MPa) σLE (MPa)
de fase β (%) (%) (HV 10) Fase Alfa Fase Beta
A1 60/40 34,7 573 553 20 186 188,75 213,75
A2 60/40 31,2 437 259 46 125 172,25 199
A3 60/40 28,5 391 177 50 102 137,5 194,75
A4 60/40 25,5 425 243 43 116 185,25 197,5
B1 70/30 0 332 165 66 86 126,5 -
C1 CLA com Pb 18,7 388 305 36 122 136,25 193,5
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3.2. Análise de variância para a microdureza da fase β

A Figura (2) mostra a análise de variância dos ensaios de microdureza da fase β, indicando que os valores são
próximos entre os diferentes materiais, com exceção do material A1 isento de tratamento térmico, sendo o valor obtido
no teste de hipóteses F menor do que o valor de F crítico (Fc) de 3,49.

Microdureza da fase β
205,0
Microdureza Vickers [HV 0,01]

200,0
Dentro
195,0 Fonte da
Entre grupos dos Total Fo Fc p-value
Variação
190,0 Grupos
SS 75,69 298,75 374,44
185,0
HV
GL 3 12 15 1,01 3,49 0,4207344
180,0 0,01
MS 25,23 24,90
175,0
A2 A3 A4 C1
Material

Figura 2. Análise de variância dos dados de microdureza da fase β. (SS – Quadrado das Somas, GL – Graus de
Liberdade e MS – Quadrado das médias)

3.3. Análise da morfologia dos cavacos

Quanto à análise dos cavacos obtidos, a Fig. (3) mostra com exceção ao material C1, para a não ocorrência de
diferenças significativas em suas morfologias, sendo estes classificados conforme a ISO 3685 como 1-3 (Cavaco em
fita, emaranhado). O material C1 em todas as condições apresentou a classificação 7 (Cavaco fragmentado).

Figura 3. Morfologia dos cavacos obtidos nos ensaios de torneamento

3.4. Análise microestrutural e química dos cavacos

Não foram identificados na análise da micrografia dos cavacos, tanto na microscopia óptica quanto na microscopia
eletrônica de varredura, importantes mecanismos de fratura dos cavacos na interface entre as fases α e β, sendo estes
apresentados nas Fig. (4) e Fig. (5). É observado no material B1 um maior acúmulo de bandas de cisalhamento
adiabático em comparação aos materiais com presença da segunda fase. No entanto, os materiais A1, A2, A3 e A4
apresentaram uma significativa alteração na fração volumétrica das fases α e β, sendo esta diferença mais evidente nas
menores velocidades de corte, além dos resultados das análises de EDS, mostrados nas Fig. (6) e Fig. (7), indicarem
para uma variação na composição química das fases, com um padrão constante no qual a quantidade de cobre da fase β
aumenta em comparação a fase α, sendo este aspecto um indicativo importante da ocorrência de difusão atômica entre
as fases, propiciada pelo calor gerado no processo de corte.
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Figura 4. Análise de microscopia eletrônica de varredura dos cavacos usinados da liga Latão 60/40 para a
velocidade de corte de 60 m/min (Aumento 7000X)

Figura 5. Micrografia dos cavacos obtidos nos ensaios de torneamento (Aumento 200X)

Figura 6. Comparativo da fração volumétrica de fase β da liga Latão 60/40 nos cavacos obtidos

Figura 7. Fração volumétrica dos elementos Cobre e Zinco na fase β da liga Latão 60/40
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3.5. Estimativa da temperatura máxima atingida no processo de corte

Uma abordagem possível para estimar as temperaturas máximas atingidas no processo de corte é apresentada na
Fig. (8) abaixo, através da análise do diagrama de fases do sistema cobre e zinco, no qual se observa que, para a
obtenção de uma fração de 50% de Fase α e 50% de fase β pela regra das alavancas, o maior valor verificado nos testes,
é necessário o aquecimento da liga a uma temperatura de aproximadamente 600ºC. Assumindo esta hipótese, é possível
afirmar que toda a fase β presente no material sofreu transformação de ordem-desordem, e desta forma deixou de
apresentar comportamento frágil e passa a exibir comportamento de elevada ductilidade. A confirmação deste dado
explicaria o fato do cavaco apresentar comportamento contínuo, mesmo com o aumento das tensões atuantes no plano
de cisalhamento primário, uma vez que as elevadas taxas de deformação e consequente aumento da temperatura de
corte alteram significativamente as propriedades mecânicas do material processado.

Figura 8. Análise do diagrama de fases binário Cobre-Zinco

3.6. Análise das forças de corte

Os ensaios de medição das forças de corte no parâmetro escolhido, apresentados na Fig. (9), indicam uma
importante tendência de redução da Força de Corte (Fc) e da Força de Avanço com o aumento da fração de fase β. Com
relação a força passiva, os valores obtidos para o material C1 foram muito menores que os outros valores de força e
desconsiderados nesta análise, e os outros materiais apresentaram valores próximos. Um aspecto importante a ser
ressaltado é o relativo à considerável redução das forças de corte com a utilização do chumbo na liga, sendo que o
material A1 apresentou valor 79,5% maior do que o observado ao material C1, com Fc de 393 N. Analisando somente
os materiais isentos de chumbo, o material A1 apresentou o melhor resultado, representando uma redução de 18,9% da
força de corte em comparação com o material B1, maior valor observado.

Figura 9. Forças de corte obtidas nos ensaio de torneamento


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3.7. Análise da vida do ferramental

Quanto à análise de vida da ferramenta, a Fig. (10) indica que não foram observadas diferenças significativas
quanto ao desgaste de flanco, seja com a presença ou não de fase β. Observou-se pequena adesão de latão nas
ferramentas utilizadas para os materiais A4 e B1, indicando para a formação de aresta postiça de corte. Este aspecto
pode indicar, ainda que com dados insuficientes para validação, para uma tendência ao maior desgaste por mecanismos
de difusão e adesão, com o aumento do calor gerado no processo de corte em decorrência do aumento das velocidades
de corte ou avanço.

Figura 10. Análise do flanco das ferramentas utilizadas em lupa estereoscópica (Aumento 20X) e MEV
(Aumento 290x)

3.8. Análise comparativa de rugosidade

A Figura (11) mostra a análise de variância dos dados de rugosidade Ra e Rz para um nível de significância de
0,05, a qual indica para uma tendência de redução da rugosidade com o aumento da quantidade de fase β, sendo este
comportamento observado nas quatro condições de corte escolhidas.
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Um ponto importante, porém esperado, é o observado no material C1, o qual apresentou maiores valores de
rugosidade, principalmente nas condições de menores velocidades de corte, sendo este comportamento explicado pelo
dano superficial causado pelos fragmentos dos cavacos.

Velocidade de Corte 60 m/min


4,5 30
Dentro
Rugosidade Ra [µm]

Rugosidade Rz [µm]
25
Fonte da Entre
3,5
dos Total Fo Fc p-value
Variação grupos
3 20
Grupos
2,5 SS 244,59 282,58 527,18
15
2 Ra GL 5 54 59 9,35 2,39 0,0000019
1,5 10
MS 48,92 5,23 -
1
5
0,5 SS 5,39 8,27 13,65
0 0
A1 A2 A3 A4 B1 C1 A1 A2 A3 A4 B1 C1
Rz GL 5 54 59 7,04 2,39 0,0000397
Material Material MS 1,08 0,15 -

Velocidade de Corte 100 m/min


4,5 30
Dentro
Rugosidade Ra [µm]

4
Rugosidade Rz [µm]

25
Fonte da Entre
3,5
dos Total Fo Fc p-value
Variação grupos
3 20
Grupos
2,5 SS 3,88 12,51 16,39
15
2 Ra GL 5 54 59 3,35 2,39 0,0103818
1,5 10
MS 0,78 0,23 -
1
5
0,5 SS 326,27 258,27 584,54
0 0
A1 A2 A3 A4 B1 C1 A1 A2 A3 A4 B1 C1
Rz GL 5 54 59 13,64 2,39 0,0000000
Material Material MS 65,25 4,78 -

Velocidade de Corte 140 m/min


4,5 30
Dentro
Rugosidade Ra [µm]

4
Rugosidade Rz [µm]

25
Fonte da Entre
3,5
dos Total Fo Fc p-value
Variação grupos
3 20
Grupos
2,5 SS 3,84 7,06 10,90
15
2 Ra GL 5 54 59 5,88 2,39 0,0002096
1,5 10
MS 0,77 0,13
1
5
0,5 SS 184,81 233,62 418,43
0 0
A1 A2 A3 A4 B1 C1 A1 A2 A3 A4 B1 C1
Rz GL 5 54 59 8,54 2,39 0,0000052
Material Material MS 36,96 4,33

Velocidade de Corte 180 m/min


4,5 30
Dentro
Rugosidade Ra [µm]

Rugosidade Rz [µm]

4 Fonte da Entre
25 dos Total Fo Fc p-value
3,5 Variação grupos
3 20
Grupos
2,5 SS 2,73 6,17 8,90
15
2 Ra GL 5 54 59 4,77 2,39 0,0011061
1,5 10
MS 0,55 0,11
1
5
0,5 SS 160,78 28,93 189,71
0 0
A1 A2 A3 A4 B1 C1 A1 A2 A3 A4 B1 C1
Rz GL 5 54 59 60,03 2,39 0,0000000

Material Material MS 32,16 0,54

Figura 11. Análise da rugosidade Ra e Rz dos materiais usinados nas velocidades de corte testadas

4. CONCLUSÃO

Com base nos dados apresentados, é possível afirmar que o aumento da fração volumétrica da fase β influencia em
pontos importantes dos processos de usinagem, sendo as principais contribuições a redução da Força de Corte e de
Avanço, e a redução dos valores de rugosidade Ra e Rz em todas as condições de corte testadas. Um ponto importante a
ser estudado com mais detalhe é o relativo a vida do ferramental, sendo a diferença observada nos experimentos
realizados muito pequena, indicando apenas uma tendência de maior formação de aresta postiça nos materiais com
menores frações de fase β, a qual necessita de validação mais detalhada, com a utilização de maiores velocidades de
corte e de avanço.
Um ponto de atenção observado, o qual limita a utilização de latões isentos de chumbo, é o relativo à morfologia
dos cavacos, sendo o cavaco contínuo indesejado nos processos de fabricação, principalmente nos tornos automáticos
de alta velocidade. Porém convém ressaltar que para este experimento, foram utilizadas ferramentas isentas de
geometria de quebra cavacos, justamente com o intuito de avaliar a influência dos precipitados de segunda fase no
processo de usinagem e neste aspecto os mesmos não contribuíram significativamente para a alteração destas
morfologias.
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Dentro deste contexto, foi observada uma importante alteração microestrutural dos cavacos, sob os aspectos de
fração volumétrica e porcentagem dos elementos cobre e zinco na fase β. Esta profunda alteração está diretamente
relacionada com as elevadas taxas de deformação presentes nos processos de usinagem e o consequente calor gerado no
processo, promovendo um significativo mecanismo de difusão atômica nos contornos de fase, sendo proposto com a
análise do diagrama de fases do sistema cobre e zinco a possibilidade de obtenção de temperaturas em torno de 600ºC.
Com isso, pode-se entender que ocorreu a transformação microestrutural de ordem-desordem nas condições analisadas,
a qual conduziu para um ganho de ductilidade do material durante o processo de usinagem, mesmo com o aumento das
tensões de cisalhamento, neste caso, devido ao aumento da velocidade de corte.
Dentre as possíveis abordagens industriais para utilização de latões isentos de chumbo, admitindo o fato de que as
forças de corte provavelmente serão maiores do que as observadas para os latões de corte livre, este trabalho pode
contribuir em 2 principais aspectos: Desenvolvimento de trabalhos mais aprofundados com relação ao controle das
temperaturas obtidas durante o processo de usinagem destas ligas, com a utilização de fluidos de refrigeração na zona
de cisalhamento primário, e o uso de geometrias auxiliares para a quebra dos cavacos, e a sua consequente contribuição
nas forças de corte obtidas.

5. AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Regina Celi Venâncio, em nome do conselho curador da Fundação Salvador Arena, Luiz Dessotti
Sobrinho e Adilson Soares em nome de todo o time de laboratórios da Termomecanica São Paulo S.A, Valcir Shigueru
Omori, Wilson Carlos da Silva Júnior, Silvio Peixoto, André Ferrus e Marco Aurélio em nome de toda a equipe do
Centro Educacional da Fundação Salvador Arena, Luiz Henrique Caveagna, em nome de toda equipe de produção da
Termomecanica São Paulo S.A e Julio Gonzales e Paulo Suyama em nome de todo o time de engenharia da
Termomecanica São Paulo S.A, por todo o auxílio prestado, na disponibilização dos materiais e recursos para realização
dos ensaios, e com as contribuições técnicas.
A Ricardo de Freitas, da empresa Iscar, pela disponibilização das ferramentas para realização do ensaio, e Raphael
em nome da equipe do Laboratório de Fenômenos de Superfícies da Escola Politécnica da USP.
Gostaríamos também de agradecer à FAPESP CNPq pelo apoio dado para aquisição de equipamentos utilizados
neste trabalho e pela bolsa PQ, respectivamente.

6. REFERÊNCIAS

ASM Metals Handbook, 1990, “Volume 2, Properties and selection: Nonferrous alloy and special-purpose materials”,
ASM International, 3470 p.
ASTM E3, 2011, “Standard Guide for Preparation of Metallographic Specimens”, ASTM International.
ASTM E8 / E8M, 2013, “Standard Test Methods for Tension Testing of Metallic Materials”, ASTM International.
ASTM E92, 2003, “Standard Test Method for Vickers Hardness of Metallic Materials”, ASTM International.
Brooks, C. R., 1985, “Heat treatment, structure and properties of nonferrous alloys”, American Society of Materials.
CDA, 2014, “Free-Cutting Brass (UNS C36000) for Automatic Screw Machine Products”, Copper Development
Association.
Coutinho, T. A., “Metalografia de não-ferrosos”, 1980, Editora Edgard Blucher, 128 p.
Cullity, B. D., “Elements of X-Ray diffraction”, 1956, Addison-Wesley Publishing Company, 531 p.
ELV, “End-of-life vehicles”, 2000, Directive 2000/53/EC of the European Parliament and of the Council of 18
September 2000.
Fontaine, A. L., Keast, V. J., 2006, “Compositional distributions in classical and lead-free brasses”, Materials
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Hofmann, U., Magd, E. E., 2004, “Behaviour of Cu-Zn alloys in high speed shear tests and in chip formation
processes”, Materials Science and Engineering; A 395, p. 129-140.
ISO 3685, 1993, “Tool-life testing with single-point turning tools”.
REACH, 2006, “Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals”, Regulation (EC) No 1907/2006
of the European Parliament and of the Council of 18 December 2006.
RoHs, 2002, “Directive on the restriction of the use of certain hazardous substances in electrical and electronic
equipment”; European Directive 2002/95/EC.
Taha, M. A., El-Mahallawy, N. A., Hammouda, R. M., Moussa, T. M, Gheith, M. H., 2012, “Machinability
characteristics of lead free-silicon brass alloys as correlated with microstructure and mechanical properties”, Ain
Shams Eng Journal.
Vilarinho, C., Davim, J.P., Soares, D., Castro, F., Barbosa, J., 2005, “Influence of the chemical composition on the
machinability of brasses”, J. Materials Processing Technology, Vol. 170, p. 441-447.

7. DIREITOS AUTORAIS

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho.
8º Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação
18 a 22 de maio de 2015, Salvador, Bahia, Brasil
Copyright © 2015 ABCM

STUDY ON EFFECT OF PHASE β ALLOYS IN MACHINABILITY OF


LEAD-FREE BRASSES
Márcio Rodrigues da Silva, marcio_rodrigues@usp.br ¹²³
Izabel Fernanda Machado, machadoi@usp.br ¹
1
Engineering School of the University of São Paulo, Department of Mechatronics Engineering and Mechanical
System, Laboratory of Surface Phenomena, Zip Code 05508-900, São Paulo, Brazil
2
Educacional Center of Fundação Salvador Arena, Zip Code 09850-550, São Bernardo do Campo, Brazil
3
Termomecanica São Paulo S.A., Zip Code 09612-000, São Bernardo do Campo, Brazil

Abstract: This work aims to study the influence of the microstructural features of lead-free 60/40 brass in the aspects
of machinability during roughing and finishing cylindrical turning process. The observation of 4 different volume
fractions and morphologies of β phase obtained by different manufacturing processes and heat treatment allowed the
comparison among different microstrucutures. The machinability of the materials were compared with two
commercial references brass alloys: a leaded free cutting brass and a 70/30 brass without β phase, by means of the
mechanical and microstructural characterization tests, evaluation of chip microstructure and macro morphology,
roughness of machined parts, machining forces and tool life analysis. This comparison has the purpose to facilitate the
gradual replacement of brass alloys with poisonous metals, filling a growing market demand for this type of product.
For the testing conditions, it was observed a reduction in the cutting forces, roughness and an important variation in
the volume fraction of α and β phases of the analyzed chip which was related to an order-disorder transformation.

Keywords: Machinability, Brass, Lead Free, Microstructure.

1. RESPONSIBILITY NOTICE

The authors are the only responsible for the printed material included in this paper.

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