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TRINTA ANOS DO AI-5 - NÃO VAMOS ESQUECER

Se neste momento solene


Não lhes proponho um feriado Previsão do tempo:
comemorativo Tempo negro.
Da sacrossanta glória da burrice nacional Temperatura sufocante. O ar está
É porque, todos os dias, irrespirável. O país está sendo varrido
Graças a Deus, por fortes ventos. Máx.: 38º, em
Do Oiapoque ao Chuí, Brasília.Mín.:5º, nas Laranjeiras.
Ela já é gloriosamente festejada.

(Publicado no Jornal do Brasil, no dia


(Tom Zé, na música "Burrice Nacional", seguinte à decretação do AI-5)
1968)

Esta anticomemoração que a Fundação Perseu Abramo realiza é uma forma de lembrarmos os 30
anos do Ato Institucional nº 5, decretado em 13 de dezembro de 1968. Com ela, pretendemos não
deixar passar em branco nosso repúdio a este ato e ao que ele representou como agressão à
democracia, ao Brasil e ao seu povo.
O Ato Institucional nº 5 (AI-5) acentuou o caráter ditatorial do governo militar instalado em 1964
no Brasil. Com ele, o Congresso Nacional e as Assembléias Legislativas estaduais foram colocados
em recesso, e o presidente, à época o general Costa e Silva, passou a ter plenos poderes para
cassar mandatos eletivos, suspender direitos políticos, demitir ou aposentar juízes e outros
funcionários públicos, suspender o habeas-corpus em crimes contra a segurança nacional, legislar
por decreto, julgar crimes políticos em tribunais militares, dentre outras medidas autoritárias.
Paralelamente, nos porões do regime, generalizava-se o uso da tortura, do assassinato e de outros
desmandos. Tudo em nome da "segurança nacional".

Mas, sobretudo, o AI-5 atingiu o que restava de esperança de mudar o Brasil, fazê-lo voltar ao
caminho democrático, após o desvio de rota causado pelo golpe de 1964. Nos depoimentos que
recolhemos para esta anticomemoração, fica muito evidente esta conseqüência do Ato 5, que levou
muitos dos jovens que se empenhavam na oposição ao regime militar a optarem pela luta armada.

Outro ponto importante a ser ressaltado – e que é lembrado em mais de um depoimento – é o fato
de muitos dos personagens que participaram da decretação do regime de exceção, ou dele foram
beneficiários, hoje posarem de democratas radicais, lutadores contra o autoritarismo. Alguns só
faltam dizer que foram perseguidos pelo regime militar, quando na verdade foram seus
instrumentos. Outro é o caso daqueles que foram efetivamente punidos pelo AI-5, e hoje dão as
mãos – e quem sabe mais o quê – aos seus antigos algozes. Estes escolheram um novo rumo para
suas vidas.

Esperamos que os depoimentos aqui reunidos sirvam, para aqueles que viveram e sofreram com
Ato 5, como forma de recuperação daquele passado, para que nosso país não venha a repeti-lo,
seja por que pretexto for; para aqueles que não viveram os anos duros do regime militar, que
sirvam para que conheçam um momento particularmente importante da nossa história, que valeu,
pelo menos, para que muitos brasileiros dessem provas de um espírito de luta em favor da
liberdade e da justiça como poucas vezes se viu.

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