Vous êtes sur la page 1sur 27

A Dança,

por Pe. Ricardo Félix Olmedo

Padre Ricardo Félix Olmedo


Professor de Teologia moral do Seminário Internacional “Nuestra Señora
Corredentora” em La Reja, Moreno. Buenos Aires, Argentina.

A DANÇA
Na sociedade cheia de contradições em que vivemos, a dança se transformou para quase
toda a juventude, algo quase necessário, e para não poucos, a coisa mais importante de
suas vidas. O fim de semana é esperado com ansiedade e planejado cuidadosamente
com muita antecedência, de maneira que todo o ano está organizado em torno dessas
reuniões mundanas, festas, noitadas, boates, discotecas, etc., onde os jovens esgotam
seus corpos e pervertem suas almas desde a meia-noite até a madrugada, por meio da
dança [16] , com conversas frívolas quando não abertamente más incluindo bebidas e
até drogas…

“A moral da Igreja é imutável e o que ontem era vaidade, ocasião próxima de escândalo
ou de pecado, o é hoje e o será sempre”, ensinava com toda razão Dom Antonio de
Castro Mayer em sua sempre vigente e mais atual que nunca, carta pastoral sobre os
“Problemas do Apostolado Moderno” [17] . Por isso é importante um juízo acertado
sobre a dança e as suas circunstâncias, que sirva, tanto aos pastores de almas como aos
fiéis devotos que vivem no mundo, para julgar e obrar segundo a reta razão e os
princípios perenes da moral católica.

1. NOÇÕES PRÉVIAS
O Cardeal F. Roberti define a dança como “um conjunto de movimentos rítmicos com
os quais se expressam sentimentos de entusiasmo, especialmente de alegria” [18] , e
assim entendido, conforme a sã teologia moral deve-se afirmar que a dança não é em si
intrinsecamente má [19] . Como também não o são a música e a poesia.

Pode-se então considerar a dança como uma atividade honesta de distração, expressão
ou manifestação de alegria da alma, realizada por movimentos corporais compassados,
e até como a expansão de um culto religioso…: “chegam os primeiros cristãos, ainda
impregnados dos usos pagãos, diz um autor, introduzindo a dança nos ritos da Igreja…”
E é significativo que os primeiros monges se chamassem coristas [20] . Recorde-se aqui
a dança do rei David diante da arca da aliança e outras ações semelhantes que conta o
Antigo Testamento [21] , como também alguns bailados ou danças folclóricas,
individuais ou em grupo, ainda que de ambos os sexos, por ocasião de festas civis em
que os participantes giram e realizam movimentos separadamente…, e ainda alguns
outros que poderíamos chamar danças da corte ou de salão até a metade do século
XVIII.

Mas também existem danças más, como aquelas que nos conta a mesma Sagrada
Escritura, a de todo o povo hebreu diante do bezerro de ouro, ou a de Salomé, filha de
Herodíades, no dia do aniversário de Herodes [22] , e as que aparecem a partir do
século XVIII e XIX. É então que “se deu uma grande revolução nas danças de salão,
desde o ponto de vista moral, quando a dança na qual o cavalheiro toca apenas a mão da
dama chegou a uma nova espécie em que o casal, em um abraço apertado, movimenta-
se em giros contínuos, como a valsa, a polca, a mazurca, etc.” [23] O século XX nos
trouxe uma maior decadência, com o advento do tango, o fox trote, o charleston, até os
mais modernos denominados com nomes extravagantes de origem indígena, ou melhor,
negro-americanos, como o mambo, o cha-cha-cha, o rock and roll e mais recentemente,
também méxico-americanos, como a rumba, etc.

Se é certo que a dança é uma demonstração lícita de alegria e ainda mesmo de piedade,
por causa do pecado original e da ferida da concupiscência, a mesma se torna
facilmente em uma ocasião de desordens passionais, e por isso o Espírito Santo adverte
ao católico: que “não freqüentes o trato com a bailarina, nem a escutes, se não queres
perecer ante a força de sua atração” [24] , e que a dança é o símbolo da impiedade: “os
ímpios tocam o pandeiro e o tambor e dançam ao som dos instrumentos musicais;
passam em delícias os dias de sua vida, mas na hora da morte vão ao inferno” [25] .

Por isso sempre foi preocupação dos Padres da Igreja e do Magistério por meio dos
Concílios de todas as épocas, dos Papas e também dos Bispos, advertir o que a moral
cristã tem a dizer a respeito da dança. Citando aqui dois exemplos, transcrevemos o que
afirmou o Concílio de Laodicea no século IV, em seu cânon 53: “os cristãos que
assistem às bodas não devem nem saltar nem bailar, senão participar com decência à
comida ou à ceia, como convém a todo cristão”, e Bento XV, em sua encíclica “Sacra
propediem”: “não falemos dessas danças – umas más, outras piores – exóticas que,
saídas da barbárie, invadiram pouco a pouco os salões mais elegantes, sem que seja
possível encontrar nada mais a propósito que elas para acabar com o último rastro de
pudor” [26] .

Com essas premissas, consideremos os princípios morais que devem regular esta
atividade do homem.

2. PRINCÍPIOS MORAIS
Como toda ação humana, a dança recebe sua primeira qualificação moral de seu
“objeto”e depois de seu “fim” e de suas “circunstâncias”.

Já adiantamos que há danças que em si são boas, há outras más e convém aqui precisar
essa condição que as fazem más por seu objeto.

Para descobrir os princípios que resultam aplicáveis neste ponto, deve-se assinalar, em
primeiro lugar que, sendo a dança uma ação humana cujo objeto são os movimentos
exteriores do corpo humano, deverá sempre estar regulada pela virtude. Sobre isso,
ensina Santo Tomás: “a virtude moral consiste em regular as ações humanas conforme à
razão. E não há dúvida de que os movimentos exteriores do homem são também
susceptíveis de tal ordenação, visto que o império da inteligência chega aos órgãos
externos” [27]

Para isso existe uma virtude especial, potencial da temperança (que regula os
movimentos difíceis do corpo), chamada “modéstia” que, entre outras coisas, é a que
modera “o que pertence aos movimentos e ações corporais, isto é, para que sejam feitos
com decência e honestidade” [28] .

Mas, além disso, Santo Tomás trata explicitamente sobre a dança em seu comentário ao
livro de Isaías, quando este fala da mundanidade das mulheres israelitas [29] e se
pergunta “se é possível dançar sem pecado” [30] , para responder que “a dança em si
mesmo [secundum se], não é má, e tudo depende do fim a que alguém se propõe no
mesmo bailar e das circunstâncias que podem fazer desta ação um ato de virtude ou um
vício”. Para que não ofenda a Deus, o doutor Angélico exige que “não seja pessoa que
possa dar escândalo, como um clérigo ou religioso, que seja unicamente para
exteriorizar a alegria, como nos casamentos ou circunstâncias parecidas, que se dance
com pessoas honestas e o sejam também os cânticos, e, além disso, não haja gestos
muito atrevidos ou livres. Mas quando se dança para provocar a lascívia ou com outras
circunstâncias inadequadas, é claro que se trata de um ato vicioso” [31] .
(a) O ato de bailar e seu objeto:
Aplicadas estas noções a nosso tema, pode-se dizer que pela modéstia – virtude que
propriamente se encarrega de submeter à razão os movimentos exteriores do homem – é
que são retificados os movimentos da dança.

Em outras palavras, a dança será moralmente boa e modesta, se seus movimentos –


objeto mesmo da ação humana de “bailar” – têm decência e honestidade; e guardarão a
decência e honestidade quando se dança; se há beleza, harmonia nos movimentos do
corpo; se no bailar guarda-se a razão, que expressa, com movimentos proporcionados,
os afetos ordenados, a sã alegria da alma.
Por isso, destaca com razão Santo Tomás que “os movimentos exteriores são certos
sinais da disposição interior”…, e Santo Ambrósio diz que no estado do corpo se vê a
disposição da alma; e que é certa expressão do espírito o movimento do corpo” [32] .

(i) Danças intrinsecamente más ou desonestas em si


Pelo contrário, será uma dança má, moralmente má, quando seus movimentos forem
desonestos, sensuais, indecentes, quando não expressarem proporção nem harmonia,
quando forem sinal de desordem da alma.

Assim, entende-se por que a Igreja, os moralistas, destacaram que algumas danças são
más em si mesmas, por sua própria natureza.

E o são entre outras razões? 1º) pelos “gestos livres ou atrevidos”; 2º) porque o contato
dos que dançam se estende por todo o corpo, 3º) porque são expressão de comoções
corporais e de atos sensuais, 4º) porque impõem um estreito abraço entre o casal que
dança, 5º) pelas atitudes, gestos provocativos, posturas, aproximações, e/ou modo de
tratar-se que proíbe o mais elementar pudor, 6º) pela “significação” (por exemplo,
imoral e impura, etc.) que têm, etc.

Lembremos mais uma vez do Papa Bento XV, quem, depois de lamentar-se da
indecência dos vestidos femininos e a falta de recato dos bailes, referindo-se a estes,
falava sobre “essas danças – se uma má outra pior – que, saídas da barbárie, irromperam
faz pouco tempo os salões mais elegantes, sem que seja possível encontrar coisa mais a
propósito do que essa para acabar com o último rastro de pudor”… [33] , Pio XI, por
sua vez, se queixava sobre este tema, nos seguintes termos: “observamos também como
passaram dos limites do pudor a frivolidade das mulheres e das meninas,
especialmente… ao dançar[34] ”; e Pio XII, em numerosas ocasiões aludiu a dança
moderna como meio poderoso de corrupção juvenil, particularmente da mulher. [35]

Entre outras danças modernas [36] condenadas temos as seguintes: “o tango [37] , o
fox-trot, o turkey-trot, o kamel-trot, o schymmy, o check-to-check, o one-step, o two-
spep, o Boston, o blues, o samba, o charleston, o jazz, o boogy-woogey, o cha-cha-cha,
o calipso, o twist, o rock-and-roll [38] , o guapachá, o kanndidance, etc.” [39] , e outros
que vão surgindo de todas as partes, como a cumbia, o quarteto, o tecno, o hardcore, o
beat, progressivo, etc.

Estas danças constituem um pecado grave e verdadeiro escândalo em si mesmo, e


ninguém pode, com tranqüilidade de consciência, cooperar com essa obra má, seja
organizando-as ou tomando parte nelas, ou facilitando o lugar para que sejam
realizadas, ou assistindo como mero espectador, ou convidando a outros, ou aprovando-
os, ou permitindo – quem tenha autoridade sobre outros – que seus filhos, alunos e
empregados assistam.
(ii) Danças menos honestas e más por serem ocasião próxima de pecado grave:
Além destas danças intrinsecamente más, os moralistas destacam a existência de outras,
menos honestas ou não honestas, quanto ao objeto. “São essas danças, dizem, em que
não apenas o cavalheiro toca a mão da dama, mas em que o par, num abraço apertado,
se movimenta em giros contínuos, como a valsa, a polca, a mazurca, o chotis, a redowa,
a habanera, etc…”[40]

Estes toques entre pessoas de sexos opostos não são considerados maus em si pelos
moralistas nem pelo Magistério. Assim, o artigo 35 dos Estatutos sinodais da diocese de
Québec (Canadá), promulgado no século XIX, após condenar o tango, o fox-trot e
outros do mesmo gênero como “lascivos em si mesmos”, acrescentava,
“Condenamos… também as danças que são lascivas pela maneira de bailar, como a
valsa, a polka, que se dançam em nossos dias ordinariamente de uma maneira lasciva.
Nós as reprovamos energicamente como ocasiões próximas de pecado; e as proibimos
expressamente…, de forma que (o que Deus não permita), quem ousar tomar parte ou
permitir a seus filhos ou a seus empregados tomar parte nelas, ou os deixe dançar em
sua casa, será réu de um pecado grave de desobediência” [41] .

Trata-se então nestes casos, de movimentos que não encerram uma malícia intrínseca,
mas que, pelo modo como se realiza ordinariamente, com o contato dos corpos e giros
velozes, são ocasião próxima objetiva de pecar.

A questão que se coloca nesta segunda classe de danças é a seguinte: são estas ocasião
universal próxima de pecado grave, referindo-nos sobretudo aos jovens, ou podem dar-
se circunstâncias que atenuem a excitação que produzem, de tal forma que não
suponham perigo e tornem lícita a assistência a elas?

Merkelbach e Noldin destacam que estas danças são – igual que as más em si –
gravemente desonestas pelo perigo de pecar. “Sobretudo, ensina o primeiro, pelo modo
de dançar, por exemplo levando apertado o peito da mulher contra o peito do homem,
de tal forma que parece que a jovem está nos braços do homem. Tudo o que provoca
movimentos desordenados, ainda que não necessariamente desonestos, como consta
pelo testemunho dos que dançam, e parece que é assim, devido a que o pensamento se
distrai com outras coisas e necessariamente tem que atender aos movimentos rítmicos
(na valsa, no galope, chotes, mazurca, cotillón, etc.)” [42] . Noldin, por sua vez, afirma
que “algumas danças que estão na moda no nosso tempo tem um perigo maior pelo
abraço apertado como se realizam, contudo, geralmente não se pode dizer que sejam
gravemente desonestas nem, portanto, de si, proibidas como ocasião próxima” [43] ,
palavras que devem ser entendidas corretamente, isto é, que estas danças não são más
intrinsecamente, o que é certo teoricamente falando, mas na prática são gravemente más
por ser em ocasião próxima universal em razão das circunstâncias…
No mesmo sentido e com uma visão real das coisas, Gury-Ferreres, afirmam que “entre
eles (os bailes desonestos em razão do modo de dançar), consideram muitos os que na
Espanha se designam como a valsa, a mazurca, o galope, a polka, o chotis, a americana
ou habanera, nos quais aumenta o perigo na mesma ordem em que vão sendo
ensinados” [44] . E acrescentam que “o perigo provém de um duplo motivo: da íntima
união dos corpos do homem e da mulher, e de que os que dançam se perdem entre a
multidão, abandonados a si mesmos, dando lugar a uma maior liberdade para conversas
indecentes [majorem libertatem habeant verba minus casta proferendi], quando todas
as circunstâncias contribuem a incitá-los a pecar; e quanto mais familiaridade existe
entre os que dançam, mais perigosas são estas danças e devem ser evitadas de qualquer
modo” [45] .
A estas razões podemos acrescentar outras que resultam de princípios morais aceitos
por todos os autores e que destacam estes atos como perigo próximo de pecado grave e
dos quais todos estão obrigados a afastar-se por não serem necessários:

a) O abraço das partes menos honestas – ou menos excitantes – não é em si desonesto


ou intrinsecamente mau, ao menos levemente mau (objetivamente), não sendo nunca
lícito, enquanto não exista causa proporcionada que compense o perigo que leva
consigo (nos referimos ao que se realiza entre pessoas de distinto sexo, não familiares);

b) Os tatos, os abraços morosos e prolongados de determinadas partes, como são as


costas, os braços, a cintura, costumam ser ocasião próxima de pecado.[46]

c) As danças, pelos contatos e abraços estreitos e demorados em determinadas partes do


corpo como costumam ser realizados, são enormemente perigosos e causa de múltiplas
tentações, sendo muitos os que pecam por sua causa.

d) Se olhar as partes menos honestas de uma mulher é pecado venial, mesmo que não
seja demoradamente, forçosamente são pecado os toques e certamente graves se são
prolongados e apertados.

e) Não sendo, contudo, ações em si mesmo más, para realizá-las são necessárias haver
uma causa proporcionada, tanto mais grave quanto maior for o perigo, e assim, só será
admissível esta assistência ou participação como ocasião de algum festejo familiar ou
social inevitável (exigências do cônjuge, casamento, festa pátria, evento diplomático), e
que sejam feitos os resguardos necessários para não transformar em remota a ocasião
próxima que estes bailes suscitam;

f) Não se nega que possam existir jovens (de ambos os sexos) para os quais a dança
possa não ser um perigo próximo (o que não quer dizer que não pequem por cooperação
e escândalo) ou porque seu temperamento é menos excitável, ou porque algumas
circunstâncias, em alguns casos, atenuem este perigo, ou porque a assistência seja
ocasional e tenham uma sólida formação religiosa.

g) Prescinde-se em tudo isto da intenção luxuriosa ou de deleite diretamente buscado, o


qual se existe, ainda que não seja perfeito, é sempre pecado mortal[47].

De tudo o que foi exposto pode-se propor o seguinte princípio para estas danças menos
honestas: as danças menos honestas ou desonestas pelo modo de realizá-las, entre
pessoas de sexo oposto, ordinariamente jovens, realizadas de modo habitual,
constituem por si mesmas perigo próximo de pecado grave, e só serão lícitas por causa
proporcionalmente grave e postas as condições que tornem remota a ocasião.
3. AS DANÇAS E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS
Toda ação humana recebe sua segunda qualificação moral das circunstâncias que a
rodeiam, e desta norma não está isenta a dança, ao que são aplicáveis os princípios
gerais sobre a matéria. Deles, nos parece necessário recordar aqui, dois principais: a)
um ato mau em si não se torna bom pela reta intenção do agente ou pelas circunstâncias
boas que o rodeiam, e b) um ato bom ou indiferente, pode se tornar mal pelo fim do
agente ou pelas circunstâncias.

Pode-se falar de circunstâncias objetivas e de circunstâncias subjetivas, segundo que


afetem a qualquer homem ou mulher em toda ocasião, ou que afetem somente a
determinadas pessoas em razão de alguma condição pessoal.

(a) O fim do agente:


Recordemos novamente a sentença de Santo Tomás: a dança em si mesma [secundum
se] não é má, e tudo depende do fim a que alguém se propõe na dança mesma… que
seja unicamente para exteriorizar a alegria, como nos casamentos ou circunstâncias
parecidas…” [48]
Igual maneira de pensar é a de outro doutor da Igreja, São Francisco de Sales: “para
dançar licitamente é necessário que seja por recreação e não por afeição” [49] .
Pergunta-se também São Francisco em que ocasiões se pode dançar, respondendo que
será lícito “quando por condescender ou para agradar à honesta conversação em que
alguém se encontra, a prudência e a discrição a façam aconselhável, porque a
condescendência… faz boas as coisas indiferentes, e as perigosas permitidas…” [50]
Porém se o que se procura é o deleite ou complacência dos sentidos, o prazer da carne,
sendo ordinariamente que estes são legítimos só dentro do matrimônio para seu fim
próximo, a dança não é lícita, e é gravemente pecaminosa a causa de se colocar
voluntariamente em ocasião de pecado de luxúria.

Em outra ordem de coisas, e considerando o fim perseguido, a Igreja condena os


chamados “bailes de caridade”, que se organizam para recolher fundos para obras
pias [51] .
(b) Circunstâncias objetivas:
Devem ser consideradas aqui as seguintes:

(i) As pessoas:

Nunca é lícito às pessoas consagradas (sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos


“consagrados”), em razão da sua dignidade, dançar, organizar, assistir ou incitar outras
pessoas a participarem dos bailes.

Para os leigos, quando lhes seja lícito fazê-lo pelas razões já apontadas, deve-se
considerar também que: não é lícito dançar com pessoas estranhas, de duvidosa ou má
reputação ou que não tenham boa intenção.

Estão condenados pela Igreja os bailes infantis [52] , e deve afastar-se dos bailes
modernos [53] os adolescentes de ambos os sexos.

Apenas a presença dos pais – qualquer que seja a idade dos jovens – pode fazer com
que algumas vezes desapareçam algumas grosserias externas escandalosas e
chamativas, porém não livra da malícia intrínseca nem os perigos próximos que, por si
só, tem alguns bailes. Cabe a eles, enquanto os filhos estão sob sua responsabilidade,
proibir, organizar ou assistir os bailes desonestos ou menos honestos [54] .

A diversidade ou igualdade de sexo nos bailes não encerra de si mesmo malícia alguma,
salvo o perigo de tentação ou intenção libidinosa…

(ii) Os vestidos e os perfumes

É também uma das mais freqüentes circunstâncias de tentação contra a castidade, a


grave falta de modéstia na forma de se vestir, em particular, das mulheres jovens, nas
ocasiões de assistir festas ou nos lugares de baile. O homem geralmente é muito mais
sensível que a mulher a este tipo de provocação.

Aqueles que por sua falta de modéstia no vestir são ocasião de tentação ou escândalo
para terceiros no baile, tornam-se responsáveis moralmente do pecado a que induzem
com sua imoderação no vestir.

O uso de fantasias nem sempre devem ser reprovados como ilícitos em si, a não ser que
haja má intenção ou que seja ocasião de outros pecados…, ainda que, em igualdade de
condições com os outros (os sem fantasia), são mais perigosos, particularmente em
lugares fechados.
E ainda devem ser considerados como circunstância moralmente má, que muitas vezes
os perfumes que as mulheres usam (e também alguns homens) se elaboram com drogas
e/ou produtos que adormecem os reflexos, excitam a sensibilidade…

(iii) O ritmo da música e a letra das canções

As danças modernas, em que geralmente os dançarinos não se tocam, nem por isso são
menos perigosas. Devem ser igualmente proibidas, além dos motivos já expressados, de
acordo com o motivo que aqui consideramos. E uma primeira causa desta proibição
moral é o ritmo da música que se utiliza em tais danças, que influenciam grandemente e
de modo desordenado sobre as paixões da alma e sobre os sentidos corporais.

Está comprovado que o ritmo “beat”, base musical de todas as danças modernas, produz
gravíssimas alterações no sistema nervoso, secreções anormais, estímulo da
sensualidade, depressão da inteligência e da razão que desemboca no erotismo, na
violência e até no suicídio [55] .

Também são circunstâncias que tiram a bondade da dança, as canções que se utilizam e
que têm letra sensual ou que incitam ao suicídio ou a qualquer outro pecado…

(iv) O lugar e o ambiente:

Não é mesma coisa os bailes familiares, somente entre parentes, e os que se realizam
em casas particulares onde amigos e amigas se reúnem para se divertir, sobretudo por
motivo de casamento e/ou aniversários, e que costumam ter uma condição particular
especial: a de estender aos que não são familiares, e sim, amigos de amigos, vizinhos e
estranhos que aparecem como “penetras”…

É evidente que o baile numa casa de família ou familiar, que se dá diante dos pais e
pessoas mais velhas, tem menos perigo do que os que acontecem em outros lugares,
desde que o que se dance seja honesto; porém advertimos que somente o lugar, ou uma
circunstância, não torna bom o que por seu objeto é mau…

Se for lugar mau, não se pode ir de modo algum, e é o que acontece nos atuais lugares
dançantes, seja qual nome for: bares, discotecas, boates, pubs etc., e isto pelas seguintes
razões: são lugares normalmente fechados, escuros, com utilização de luz branca e raios
laser, pouca iluminação, e onde há um jogo de luzes manipulado constantemente e de
tal modo que produz desinibição, estados de excitação das paixões que levam a pecar,
levam a uma ruptura com a realidade e perda de toda capacidade de controle, ou seja,
perturbações tais que produzem um “curto circuito” nas faculdades conscientes como
faz a droga alucinógena.
Porém, também os lugares abertos podem ser circunstâncias más, e ainda agravantes,
quando o ambiente é tal que afete a moral e os bons costumes, ou quando degenera em
histeria coletiva, atritos, atos de violência ou imoralidade, como ocorrem nos chamados
“festivais” ou “concertos” de música beat de grupos ou “bandas” famosas que
acontecem em estádios de futebol, centros esportivos ou similares, teatros, etc., para
centenas e até milhares de jovens que se amontoam para vê-los em suas contorções
frenéticas, escutarem suas canções muitas vezes imorais, para moverem-se
agitadamente numa massa amorfa que conduz prontamente a esse histerismo coletivo de
que falamos, atos de nudez e ainda sexuais em público, sem freio e sem inibição
alguma, quando não se drogam ou praticam outras ações aberrantes…
O “ambiente” que existe nestes bailes modernos é também um grave obstáculo para
legitimar a concorrência de um católico: a presença de toda classe de pessoas, sua
frivolidade, seu desejo de se divertir sem nenhum freio, a falta de controle dos
responsáveis pelo lugar, a falta de modéstia dos vestidos, muitas vezes acompanhados
com um show de streepers (nudismo de homens e/ou mulheres), venda de álcool,
quando não droga, etc…
(v) Tempo:

Há três aspectos que fazem do tempo uma circunstância má da dança: a freqüência, os


horários, o tempo sagrado.

De tal modo se apoderou esta “diversão” da sociedade, em particular dos jovens, que
aparece como algo absolutamente necessário em toda reunião familiar, festa profana ou
fim de semana. Tudo termina – senão quando começa também – e deve ser amenizado
com um baile, e baile moderno como os que descrevemos mais acima.

É um dado evidente que os jovens, nas noites dos fins de semana, “devem” sair para
dançar com os amigos…

Esta freqüência faz esquecer os deveres da vida, faz com que a paixão se inflame, o
pudor se debilite e o horror ao mal desapareça cada vez mais…

Some-se a isso o tema do horário. Para ninguém passa despercebido o perigo de que os
bailes aconteçam à noite e terminem às altas horas da madrugada [56] . Ambas as
coisas, horário e duração, combinadas, produzem um enervamento que acaba com toda
a reserva moral, e costuma ser a causa de outros pecados que se cometem depois de
uma “noitada” cheia de paixão e desenfreio…

Também tem importância assinalar a imoralidade dos bailes realizados nas épocas
consagradas a honrar Deus de um modo particular, particularmente no tempo da
Quaresma… Alguns Concílios regionais chegaram a proibi-los – e se tratava
logicamente de bailes honestos – durante as funções do culto…
(c) Circunstâncias subjetivas:

Todo o anterior foi descrição e princípios morais relativos de circunstâncias objetivas,


exteriores ao sujeito e ao mesmo baile considerado em si.

Devemos dizer algo do aspecto subjetivo, ou seja, atender ao próprio sujeito, sua
condição pessoal e que pode ser também um obstáculo para assistir ou participar dos
bailes…

Não nos referimos à intenção ou fim que pode perseguir quem dance, do qual já
falamos mais acima, e sim, supondo a retidão neste ponto, e a honestidade do mesmo
baile, de uma questão de temperamentos e sensibilidade pessoal tanto daquele que
dança, como daquele que assiste.

O que para alguns pode não ser ocasião de pecado, pode ser para outros, devido ao seu
temperamento, sua sensibilidade, e neste sentido, quem corre o risco de pecar, sendo a
ocasião do baile normalmente voluntária, deve abster-se do mesmo.

O mesmo deve dizer-se se o risco de pecar vem não da própria condição, mas sim de
terceiros que concorrem: não pode escandalizar-se o próximo pela forma de dançar, de
vestir-se, etc.

4. RESPOSTAS A ALGUMAS OBJEÇÕES


Para concluir, deve-se responder algumas objeções que levantam os jovens para
justificar sua assistência, organização e diversão nos bailes modernos. Não são todas as
que se escutam, mas são suficientemente representativas no modo de pensar da
juventude de nossa época e mesmo de nossos ambientes tradicionais:

1) Eu não peco porque não danço com má intenção:

É necessário reconhecer o justo direito que o homem tem de uma sã diversão, mas isso
não torna bom o que é de si mau. Dançar com boa intenção; qual é essa boa intenção?
Está dirigida pela modéstia e pela temperança? Será realmente boa, ou “aparentemente”
boa e não um verdadeiro bem [57] o que se está buscando? E ainda, admitindo a retidão
da intenção, ela não pode mudar de nenhum modo a natureza das coisas, não pode fazer
que o que é naturalmente mau, moralmente, seja bom. Se os bailes são maus ou menos
honestos em si, se as circunstâncias que o rodeiam são más não é lícito dançar nem
assistir a tais diversões…
2) Há muitas pessoas que dançam e são boas, inclusive melhores que muitas outras que
vão à Igreja:

Este argumento é um verdadeiro sofisma: estas pessoas poderão ser boas em muitas
outras coisas, talvez em todas as outras, mas nisto de dançar não o são…, e, portanto,
não têm a verdadeira bondade cristã, não são católicos virtuosos. Chamar de bom ao
que não é integralmente bom é não falar com propriedade, é esquecer aquele princípio
que nos recorda Santo Tomás: “a ação não será absolutamente [simpliciter] boa se todas
as bondades não se concentram nela, porque o bem, como diz Dionísio, resulta da
integridade da causa, e o mal, de um só defeito singular” [58] , e mais clara e
explicitamente o diz o apóstolo Santiago: “Porque qualquer um que houvesse guardado
toda a Lei, e faltasse em um só ponto, tornou-se culpado de tudo” [59] . Deve-se negar
em absoluto que um jovem ou uma jovem possa ser muito bom nem propriamente bom
diante de Deus se freqüenta estes bailes modernos…
3) Há jovens que são muito piedosos, que freqüentam os sacramentos, que vão à Missa
todos os domingos e, contudo, vão aos bailes; portanto esta diversão não será tão má
nem pecaminosa como se afirma:

A verdadeira piedade corresponde em “prestar submissão e reverência a Deus como


Pai”, ensina Santo Tomás [60] . Essencialmente, portanto, ao amor de Deus importa
primeiramente a obrigação de cumprir seus mandamentos [61] … Tomar parte nos
bailes modernos vai diretamente contra o sexto mandamento, porque, na melhor das
hipóteses, é pôr-se em perigo próximo de quebrantá-lo sem necessidade. Dançar e ser
verdadeiramente piedoso é tão impossível como fazer um círculo quadrado… Que os
jovens dancem habitualmente e depois freqüentem os sacramentos nos faz suspeitar de
muitas confissões e comunhões sacrílegas: não pode haver verdadeiro arrependimento
em quem se confessa de ter participado nestes bailes e não faz nada para afastar-se
deles… Se essas são suas disposições, de nada valem a absolvição do sacerdote. Sua
confissão e comunhão nesse estado é um verdadeiro sacrilégio…

Além disso, alguém deve se perguntar: depois de ter assistido a esses bailes e lugares,
tenho mais vontade de rezar? Tenho grandes desejos de virtude? Volto para casa em paz
com a minha consciência e com Deus? Sinto-me “melhor” depois de ter dançado sem
parar e de modo sensual e frenético durante longas horas da noite? A piedade e o baile
são absolutamente incompatíveis.

4) Há alguns sacerdotes que nada dizem sobre o baile, e inclusive que afirmam que se
se dança sem má intenção, não há pecado:

É possível que existam, e se é assim, estão erradíssimos. Esses tais não são nem bons
sacerdotes nem bons confessores. Pelo contrário, são perigosíssimos, lobos disfarçados
em pele de cordeiro que enganam os jovens, cometem uma falta grave de caridade
contra eles, e se fazem responsáveis por grandes pecados, próprios e também daqueles
que agem conforme seus conselhos.

Porém pode ocorrer também que seu conselho ou explicação tenha sido de um caso
geral quando em realidade correspondia a um caso em particular em uma circunstância
concreta, e que retirada do contexto tenha se transformado, por razões que preferimos
não indagar, em um princípio geral. Em absoluto, não é impossível que o confessor, em
um caso particular, autorize a ir dançar, como no caso, por exemplo, de uma mulher
casada, verdadeiramente piedosa que pergunta se pode acompanhar seu esposo em um
baile de fim de ano – homem rude e de costumes frívolos – porque este está decidido a
pensar que se esta não vai com ele, ficará dançando com outras…Nessas circunstâncias,
é provável que autorize, tomadas as devidas precauções e para evitar males e pecados
maiores, que podem ocorrer no referido baile. Porém isto não permite fazer de tal
permissão um princípio geral…

5) É melhor ir dançar que ir a lugares escondidos, como fazem certos casais, porque
isso é muito mais perigoso e dá muito mais o que falar:

Dançar não é “melhor” do que ir a “outro lugar escondido…”. Melhor é comparativo de


bom, e, portanto, na essência, pode-se dizer que dançar “é menos mal” do que fazer o
que fazem alguns…

Ser uma coisa pior que outra, não faz da última boa ou lícita… Além disso, não é
inevitável uma ou outra ação: dançar ou a outra… Há muitos jovens que se divertem de
maneira saudável sem necessidade de alguma dessas coisas…, e o católico deve buscar
esta maneira de se divertir…

6) Se não se dança, se não se freqüenta os lugares de baile, não se consegue casar e


nenhum jovem quer ficar solteiro. Ou freira ou casada, dizia alguém, e como não tivesse
vocação para freira, então…:

Argumentos semelhantes escutávamos faz algum tempo de um jovem: “ir às discotecas


para conseguir uma namorada…”

É num lugar como este que se pode conseguir um(a) namorado(a) verdadeiramente
católico(a) tradicionalista? [62] Procurar uma namorada ou um namorado em meio a
um baile ou freqüentando as “discotecas” é fora de toda lógica cristã, e não pode ser
concebido pensamento assim num jovem católico bem formado.

O casamento concebido dessa forma – se é que verdadeiramente os que vão a esses


lugares querem conseguir um(a) esposo(a) – será como dizia um Sumo Pontífice, um
“casamento de filme que retirou do homem o respeito pela mulher e desta o respeito por
si mesma”; definitivamente, um casamento que não estará fundado em princípios
verdadeiramente católicos…, e não se diga que logo o “converterão” ao
tradicionalismo…

Faz muitos anos, quando os colégios católicos eram verdadeiramente tais, um ancião e
santo religioso, dava este conselho aos alunos que iriam ingressar: “rapazes, não
procurem uma namorada na rua”, ensinamento que é reflexo de puro senso comum
católico: quem se deixa “abordar” por um desconhecido numa via pública mostra, além
de pouco juízo, que tem princípios liberais; e este princípio pode ser aplicado com
muito mais razão em relação às “boates”, “discotecas”, “pubs” ou como queiram
chamar estes lugares de baile moderno. Quando se deseja um esposo ou uma esposa
católica, que seja pai ou mãe católica para criar filhos católicos, jamais o encontrarão
nesses lugares, e o mais provável, é que quem se conhece dessa forma e chega a se
casar esteja trocando os planos que Deus tinha para ele…

Em todo o caso, sempre será válida a resposta a este argumento capcioso, aquela de São
Paulo: “non sunt facienda mala ut veniant bona” (não se deve fazer um mal para se
obter um bem) .

7) Todas vão, sou a única que nunca posso ir..:.

Era o argumento de uma menina colegial ainda, que acabava de entrar na adolescência e
reclamava com o pai, que lhe proibia de ir dançar com suas amigas aos sábados…

O progenitor havia apresentado inúmeros argumentos, mas não havia utilizado o único
verdadeiramente válido e importante: dê graças a Deus por ser a única que no dia
seguinte poderá despertar com a consciência tranqüila por não ter pecado indo a esses
lugares, por não ter-se colocado em ocasião voluntária de pecar gravemente…

O espírito liberal que invade tudo nos faz pensar que porque todos vão dançar, por ser a
maioria que resolveu que é lícito a dança, as suas circunstâncias se transformam, como
por arte de magia, em algo bom, conveniente e até necessário… Afastemos de nós este
raciocínio falso, semelhante ao que levou à morte a Nosso Senhor Jesus Cristo: “… e
todos gritavam a uma voz: Faze morrer este [e] gritavam mais forte: Crucifica-o,
crucifica-o…!” [63] Que todos fossem dançar, jamais se poderia fazer bom o que é mau
em si mesmo ou por suas circunstâncias ou ocasião…

8) Finalmente, também escutamos dizer que talvez se possa deixar os jovens em uma
semi-ignorância que talvez haja, prevendo que quem freqüenta estes lugares não está
em condições de parar de ir a eles e se corre o risco de converter em pecado formal algo
que não vêem assim, e que se apresenta como pecado material para eles…:
Quem pensa assim tem uma falsa caridade e nenhum conhecimento da moral católica.
A caridade se fundamenta na verdade, e ocultá-la, dissimulá-la, não dizê-la nestes casos
é consentir no pecado alheio, favorecê-lo, não afastar do pecado a quem deve e pode ser
afastado.

Para a teologia moral a semi-ignorância não existe, e não conhecemos nenhum


moralista que utilize esse termo em nenhum caso…

Os autores falam apenas em “ignorância”, e a definem, em ordem à moralidade dos atos


humanos, da seguinte forma: “falta de devido conhecimento em um sujeito capaz” [64] ,
e que dividem, referindo-se ao sujeito que pode tê-la como “ignorância invencível”, que
é aquela que não pode ser desvanecida ou porque de nenhum modo se dá conta do erro
ou porque suas tentativas por fazê-la desaparecer foram em vão (perguntando aos
outros, estudando o caso etc.) [65] , ou como “ignorância vencível” que é aquela que
poderia e deveria desvanecer com uma diligência razoável (consultando, refletindo,
etc.).

Se a ignorância invencível escusa de pecado por ser totalmente involuntária, e, portanto


inculpável, não ocorre o mesmo com aignorância vencível que é sempre culpada, e,
portanto pecado, em maior ou menor grau de acordo com a negligência em averiguar a
verdade.

É bom lembrar as reflexões simples que faz um teólogo conhecido em nosso meio
hispânico: “a razão da culpabilidade é porque é sempre voluntária. O agente percebe
sua ignorância e nada faz – ou muito pouco – para averiguar seus deveres. Contudo, é
certo que diminui um pouco o ato voluntário e o faz, por conseguinte, menos culpado; a
não ser que a ignorância seja afetada, neste caso aumenta a malícia do ato pela perversa
disposição da vontade do pecador, que não quer interar-se de seu dever para não ver-se
obrigado a cumpri-lo” [66] .

Poderíamos apresentar aqui a possibilidade de uma consciência provável na qual os


motivos em que se baseiam o juízo não garantam a certeza, mas também não são
suficientes para tornar honesto o ato de dançar. Em outras palavras, tentar justificar a
licitude da dança porque se duvida se é lícito ou não, havendo argumentos tanto para
dizer que sim ou que não. A consciência provável, ensinam os teólogos, é aquela em
que se afirma como sendo somente provável que algum ato é lícito ou ilícito, mas com
temor do que lhes é contrário. Seria algo semelhante à opinião, e os autores modernos
assimilam a consciência provável à duvidosa (ainda que, em sentido estrito, a
consciência duvidosa seja a suspensão do juízo do intelecto que não assume nenhuma
das partes contraditórias). Na prática, a solução é a seguinte: esta consciência provável
ou duvidosa se reduz também à consciência vencivelmente errônea; com efeito, quem
ignora desta forma conhece a sua ignorância e não pode ter certeza de seus juízos. E a
consciência vencivelmente errônea, assim como a provável ou duvidosa, não é regra
legítima para atuar: “Nunca a consciência duvidosa nem a consciência vencivelmente
errônea podem ser a norma reta de uma ação” ensinam os moralistas. Falando de outra
maneira, “não é permitido seguir a consciência vencivelmente errônea já seja que
mande ou permita algo, nem agir contra ela, senão que é preciso retirar o erro antes de
agir”.

“O homem deve se valer de uma séria solicitude para ter uma consciência certa”, e por
isso os jovens devem se informar a respeito de seus deveres morais, particularmente
neste em que estamos tratando: a dança; e por sua vez, aos pastores lhes urge pregar,
ensinar e aconselhar neste assunto e não podem deixar os jovens na ignorância…, nem
numa suposta “semi-ignorância”; pelo contrário, fazem-se culpados de uma gravíssima
negligência em seus deveres pastorais e responsáveis pelos pecados que aqueles
cometerem por não terem sido retirados de seu desconhecimento ou erro sobre este
tema.

Ensina Santo Tomás que “a ignorância implica na privação da ciência, a saber,


enquanto falte para alguém a ciência daquelas coisas que por natural aptidão pode saber
e algumas destas se está obrigado a saber, como aquelas sem cuja ciência não se pode
exercer com segurança o devido ato; pelo que todos estão obrigados a saber comumente
as coisas que são de fé e os preceitos gerais do direito; e cada um em particular as que
dizem respeito ao seu respectivo estado…” [67] .

E assim, aos jovens lhes está imposto o dever – insistimos – de interrogar, de informar-
se acerca do modo de se divertir cristianamente e a respeito da licitude ou não dos
bailes modernos… Sua ignorância neste ponto de nenhum modo pode ter-se como
“invencível” ou “inculpável”, porque facilmente podem obter o conhecimento que
precisam sobre o particular…: “pela negligência, a ignorância de algo que alguém está
obrigada a saber que é pecado…, [e] a ignorância vencível é sim um pecado, se versa a
respeito de coisas que se está obrigado a saber” [68] .

Por isso afirma com toda razão o Doutor Angélico que “se a razão ou a consciência é
errônea por um erro direto ou indiretamente voluntário no tocante às coisas que alguém
está obrigado a saber, tal erro não exime de pecado a vontade que segue a razão ou a
consciência errônea” [69]. Os jovens devem formar-se moralmente…, os sacerdotes
devem formá-los nestes temas morais!

Diz-se ainda na objeção que “quem freqüenta estes lugares não está em condições de
acabar com eles e corre o risco de converter-se em pecado formal algo que não vêem
assim, e que hoje não passa de pecado material para eles”.

Várias coisas devem ser consideradas aqui: 1) A falta de “condições”(?) para cortar com
esta ocasião provém de uma falta de firmeza na vontade? 2) Ou não querer fazê-lo, quer
dizer, deixar de ir dançar, porque acreditam que não é pecado? 3) Ou, por que apesar de
tudo não vão deixar de ir? E no segundo caso: 4) Que classe de ignorância é a sua para
que se possa dizer que é apenas pecado material?

Se se está atento ao que foi explicado, vê-se claramente que a questão da “ignorância” é
um problema de “inteligência”, e, portanto, se o problema é a fraqueza da vontade
(interrogação 1), o remédio é fortalecê-la pelos meios adequados, porém não é deixá-los
expostos a uma ocasião que produz piores males dos que se supõe.

Se é porque simplesmente não irão deixar de ir (interrogação 3), ainda que saibam de
sua malícia, o único que resta é negar-lhes a absolvição…

Mas se seu juízo “supostamente” bom sobre as danças modernas é por ignorância, ou
em todo caso por erro (interrogações dois e quatro), como se deve resolver o problema?
A ignorância nestes casos nunca é invencível porque com um mínimo de esforço – que
por outro lado é obrigação do jovem –, pode chegar a conhecer algo que é necessário
para sua “vida moral”, e, portanto nunca excusa de pecado formal. O que deve ser feito,
nos ensina Santo Afonso: “é obrigação do confessor alertar ao que está na ignorância
culpável de algum de seus deveres, já provenham eles da lei natural ou da lei positiva.
Quando esta ignorância é inculpável, deve-se fazer uma distinção: se alguém ignora as
coisas necessárias para se salvar, é de todo evidente que devemos retirá-lo do erro [70] ,
e aqui se trata de cumprir com o sexto mandamento…, cujos violadores, ensina São
Paulo, não entrarão no reino dos céus. Assim, não se pode falar em deixar que o jovem
cometa, nesses casos, pecado material, isto é, que quebrante involuntariamente a lei de
Deus porque não existe tal ignorância invencível: ele deve conhecer suas obrigações
morais e o sacerdote tem obrigação de instrui-lo sobre o tema.

9) Mas é necessário se divertir na vida, não é possível viver virtuosamente sem ter um
momento de relaxamento, pelo que é lícito dançar:

Certamente que a recreação é necessária ao homem e conforme a reta razão, e ensina


Santo Tomás que o contrário é vício: “é obrar contra a razão não participar da alegria
comum e impedir a recreação amena dos outros” [71].

Na vida é necessário certo repouso, e para consegui-lo fazem falta as distrações que o
proporcionem e “essas atividades, segue ensinando o doutor Angélico, em que se busca
o prazer do espírito se denominam… festas, e é necessário usá-las para descanso da
alma” [72] .

A virtude que regula esta atividade é a “eutrapelia”, que retifica, segundo a reta razão,
estas diversões, porque “se, sob o pretexto de diversão, comete-se uma ação imoral em
si mesmo ou nociva para o próximo em matéria grave, temos um pecado grave” [73].
É por isso que destaca Santo Tomás que, nestas diversões é necessário considerar três
coisas: “antes de tudo é necessário não buscar o dito prazer em coisas torpes ou nocivas;
convém, além disso, não perder a gravidade do espírito; e em terceiro lugar devemos
considerar que a brincadeira [a diversão] deve acomodar-se à dignidade da pessoa,
circunstâncias de lugar, tempo etc., ou como diz Cícero, “algo digno do homem e do
momento”. Tudo isto ponderado pela reta razão” [74] .

E assim pode existir “excesso em razão das circunstâncias, como divertir-se em tempo e
lugar indevido, ou em forma que vai contra a dignidade da pessoa e de seus negócios, e
isto pode ser às vezes pecado mortal pela veemência do afeto que se põe…
menosprezando os preceitos de Deus ou da Igreja” [75] .

E nossa dignidade é a de ser filhos de Deus, irmãos de Cristo, por quem fomos
redimidos pelo preço de seu Sangue divino e nos vem a salvação, herdeiros do Céu se
cumprirmos seus mandamentos de amor…

Assim se explica que “uma diversão má em si mesma, nunca está autorizada; uma
diversão má não é lícita se escolhida por nenhum preço, [e também] uma diversão
orientada para o mal, deve igualmente ser proibida, … e a causa dessa proibição é que,
o que ama, ou quer o perigo sem a menor necessidade, é, pela mesma razão,
considerado desejoso do mau que se lhe está unido; porque, em segundo lugar, toda lei,
assim como veda sua violação, proíbe tudo aquilo que leva a sua transgressão.
Esquivar-se da ocasião próxima não é, pois, um simples conselho, mas um preceito
imposto por Deus mesmo” [76] .

5. DANÇAS HONESTAS
Depois de tudo o que foi dito, a juventude hoje em dia pode praticar algum tipo de
dança? Trata-se, obviamente, de determinar em primeiro lugar se existem danças
moralmente honestas por seu objetivo, segundo os critérios dados por Santo Tomás, aos
que já fizemos referência, e que é nossa referência segura sobre o tema, e que então
sejam legítimas como expressão de uma alegria cristã… Porém a isso deve ser
acrescentado também, se compreendemos tudo o que foi dito até agora, circunstâncias
“boas”, no sentido moral do termo.

Para que a dança seja honesta e lícita, é necessário que, sendo expressão de uma sã
alegria da alma, seus movimentos sejam ordenados de acordo com a reta razão, com
arte, harmonia e conforme o que buscam exteriorizar, afastada toda a sensualidade,
indecência, atrevimento ou liberdade de gestos, giros e/ou atitudes que possam levar à
lascívia. Devem ser danças decentes, isto é, diz S. Afonso, “sem que mediem atos,
posturas, movimentos ou contatos contrários à pureza” [77] .
Assim fica excluído como danças honestas a dança abraçada, que põe em contato os
corpos (em particular os peitos) dos dançarinos, pelo perigo próximo de sensualidade
em que se colocam os participantes…

A estas “qualidades objetivas” devem somar-se: 1) o motivo honesto dos que


concorrem e dançam: um casamento, uma festa familiar etc…; 2) lugar decente: casa
particular, ou lugar aberto (por exemplo, como são as danças em praças públicas por
motivos de festas patronais) e não público (pelos perigos que implicam se são fechados,
estreitos, e além da índole dos assistentes, aglomeração etc.); 3) na presença de pessoas
mais velhas, respeitáveis, de costumes honestos; 4) com pessoas decentes, ou seja,
virtuosas e que saibam conduzir-se conforme os costumes católicos em tais
circunstâncias; 5) por pouco tempo [78] e em horários convenientes; 6) com vestimenta
cristã; 7) com retidão de intenção; ou seja, com a única finalidade de divertir-se por um
momento honestamente…

Estas qualidades encaixam-se perfeitamente nesses bailes regionais ou danças


populares, expressão de arte rítmica, de agilidade e destreza, que haviam nos povoados,
festas cívicas ou patronais, e até com a presença do padre paroquial.

Eram, entre outros da mesma índole, as danças e os bailes folclóricos da Espanha e da


América Latina que aconteciam durante a época colonial [79] e até tempos mais
próximos, as danças “criollas” que aconteciam no interior do nosso país [80] e que,
atualmente são consideradas como relíquias de costumes de um passado que não se
deseja recuperar.

Nada pode ofender a moral cristã a respeito de tais costumes, e talvez alguém se
pergunte se, fora desses tipos de danças, hoje poderia dar-se o título de “honesto” e por
conseqüência, “lícito” a alguma das danças que os jovens atuais usam em suas festas ou
entretenimentos. A resposta é clara: se há a possibilidade de aplicar ao mesmo tempo
todas as condições e circunstâncias descritas acima, pode-se praticá-las, salvo proibição
para aquelas que, ainda que todas as normas tenham sido cumpridas, as referidas danças
sejam uma ocasião pessoal de pecado por motivos subjetivos.

Notas:
[16] E mais…, segundo um artigo publicado em um jornal de Buenos Aires, em que se
conta a organização de festas durante todo o fim de semana. Com o título “Siga a
festa… até qualquer hora… maratonas de música eletrônica que se organizam em casas
de campo e discotecas para dançar de dia”, o jornal “La Nación”, do dia 3 de março de
2003, informa a respeito dos chamados “after hours… onde o pôr do sol não determina
o fim da festa, em que nada parece ser suficiente, e agora alguns se estendem até às
21:00 h…”. Vale a pena transcrever algumas das declarações transcritas pelo mesmo
jornal. Uma mulher, de trinta e cinco anos de idade, diz: “De segunda a sexta-feira
tenho uma vida supernormal. Trabalho de recepcionista e vivo com meus pais. Mas, os
fins de semana são para mim de um desfrute total”… Um jovem, por sua vez, afirma:
“… para muita gente isto é uma festa. E não ponha o meu nome, pois minha mãe pensa
que estou jogando uma partida de futebol em um clube campestre…” Um estudante
assinala que “aqui cada um está em seu mundo… a mim me encanta esta
agitação. [sic] de dançar até qualquer hora.”, e outra mulher diz: “Ontem me levantei
às 6:00 h. Trabalhei o dia todo; à noite, fui dançar e depois fui a uma reunião… Como
agüento? Isso não se pergunta”… Curiosamente, e como por casualidade, na mesma
página, o jornal traz um artigo sobre a substituição – por razões de custo – da droga
“extasis”, que invadiu as festas de dança na década de 90, por outro alucinógeno que se
vende nas lojas veterinárias. Ali se fala de “a droga do desenfreio e a dança sem fim…
que tem as propriedades de um anestésico, com a diferença de que a pessoa continua
desperta [sic]. Os rapazes e as moças dançam, mas não sentem o corpo. E se alguém os
golpeia ou os toca, não o percebem, porque a droga anula uma das defesas naturais do
organismo”… “O efeito que provoca é definido por seus consumidores – assinala o
artigo – como de separação do corpo e da mente. Não é droga de marginais e no último
ano houve um aumento considerável de consultas por consumo de ketamina (é o nome
da droga)”. A notícia conclui que “segundo um estudo da Food and Drug
Administration dos Estados Unidos, o uso prolongado de Ketamina pode provocar
delírio, amnésia, deterioramento da função motora e problemas respiratórios
potencialmente mortais”.
[17] Ed. Livraria Católica Ação, Buenos Aires, 1959, nº 53, pg. 94.

[18] Em seu “Dicionário de Teologia Moral, editorial Liturgia espanhola”, Barcelona,


1960, verbete “O baile”.

[19] Outras definições desta “ação humana” têm sido dadas, entre elas transcrevemos as
seguintes: “A dança vem a ser um conjunto de movimentos compassados, posturas,
gestos e atitudes…, sendo o essencial o movimento do corpo e como fundamento uma
certa intensidade de afetos anímicos que não podem expressar-se suficientemente com
toda a linguagem”(Pe. Rufino Villalobos Bote, em “Es pecado bailar? No es pecado
bailar?” ed. Difusora Del Libro, Madrid, pg. 23-24); “Uma sucessão de saltos e passos
regrados por uma cadência” (Littré, cit. por Villalobos Bote, 1. c.) , “O baile é um
movimento do corpo que se faz, segundo uma cadência ordinariamente ao som de
instrumentos ( Pe. Guerin, cit. por Villalobos Bote, 1. c.).

[20] Vicente Hernández, em “El Baile”, ed. Studium, Madri, ano 1961, pág. 14.

[21] Entre outros, o de Maria (Ex. XV, 20), o da filha de Jefté (Jud. XII, 34), e o da
mesma Judit (Jud. XV, 15)

[22] Ex. XXXII, 15 e ss.; Mc. VI, 17-29.


[23] Card. Roberti, 1.c.

[24] Ecli. IX, 4.

[25] Jó, XXI, 12-13.

[26] Encíclica “Sacra propediem” de 6 de janeiro de 1921, em “encíclicas Pontifícias”,


ed. Guadalupe, t. I, pág. 975.

[27] S.T. II-II, q.168, a. 1.

[28] S.T. II-II, q. 160, a. 2

[29] . Is. III, 16: “Et dixit Dominus: pro eo quod elevatae sunt filiæ Sion, et
ambulaverunt extento collo, et nutibus oculorum ibant, et palaudebant, ambulabant
pedibus suis, et composito gradu incedebant” (“E disse o Senhor: Pois que as filhas de
Sião se elevaram, e andaram com a cabeça emproada, lançando olhares
[desavergonhados], caminhando [afetadamente] a passo miúdo, e caminhavam
dançando fazendo ruídos com os pés”) .

[30] “quæritur de ludis chorealibus, utrum sine peccato exerceri possint, propter illud
quod dicit, et plaudebant: arguit enim tamquam peccatum”.

[31] In Is. III, cap. 3: “… Ad quod quidem dicendum, quod ludus secundum se non est
malus; aliter enim in ludis non esset virtus quæ dicitur eutrapelia: sed secundum quod
ordinatur diverso fine, et vestitur diversis circumstantiis, potest esse actus virtutis et
vitii. Quia enim impossibile est semper agere in vita activa et contemplativa; ideo
oportet interdum gaudia curis interponere, ne animus nimia severitate frangatur, et ut
postmodum homo promptius vacet ad virtutum opera. Et si tali fine fiat de ludis cum
aliis circumstantiis, erit actus virtutis, et poterit esse meritorius, si gratia informetur.
Istæ autem circumstantiæ videtur in ludo choreali observandæ præcipue: ut non sit
persona indecens, sicut clericus, vel religiosus: ut sit tempore lætitiæ, ut liberationis
gratia, vel in nuptiis, et hujusmodi: ut fiat cum honestis personis, et cum honesto cantu;
et quod gestus non sint nimis lascivi, et si qua hujusmodi sunt. Si autem fiat ad
provocandum lasciviam, et secundum alias circumstantias indebitas, constat quod actus
vitiosus erit”.

[32] S.T. II-II, q. 168, a. 2 ad 1.

[33] Encíclica “Sacra Propediem”, de 6 de janeiro de 1921, publicada em “Encíclicas


Pontifícias”, ed. Guadalupe, Bs. Aires, t. 1, pág. 975.
[34] Encíclica Übi Arcano”, de 23 de dezembro de 1922, em “Encíclicas…”, t. 1, pág.
1005.

[35] Entre outros, ver: “Discurso aos recém-casados”, de 24 de junho de 1940,


“Alocução às mulheres italianas”, de 21 de outubro de 1945; “Alocução à União de
mulheres católicas”, de 24 de junho de 1949…

[36] Não podemos aqui descrever as características das danças cujos nomes colocamos
em seguida, mas podemos caracteriza-las de um modo geral dizendo que são os
antepassados “mais ou menos próximos do <rock>”.

[37] Entre outros documentos do Magistério que explicitamente condenam o “tango”,


transcrevemos o de D. Chollet, Arcebispo de Cambrai na Semana religiosa da Diocese
de 20 de março de 1920: “O tango, o fox-trot e outras danças análogas são diversões
imorais por sua própria natureza. Estão proibidos pela própria consciência em toda parte
e sempre, anteriormente a quaisquer condenações episcopais e independentemente
delas. Semelhantes condenações agregam somente uma nova obrigação de não praticá-
las. Sendo estas danças imorais por sua própria natureza, são também proibidas quando
por um subterfúgio se conservam nelas as figuras e trocam somente o nome”. (cit. por
Vicente Hernández, o.c., p. 58).

[38] O termo “rock and roll”, que identifica um novo ritmo de música e de dança, foi
inventado por um “disc-jockey” de Cleveland (E.U.A.), mas o que a maioria ignora é
que esta expressão descreve os movimentos do corpo durante as relações sexuais” (Pe.
Jean-Paul Régimbal, em seu artigo “O Rock’nd Roll” publicado na revista Verbo da
Argentina, nº 246, setembro de 1984, pág. 65 e seg.).

[39] Cf. também, Pe. Vicente Hernández, em o.c., pág. 80.

[40] Cf. Vicente Hernández, o.c., pág. 91.

[41] Citado por Rufino Villalobos Bote, em o.c., pág. 150-151.

[42] Em suas “Quæstiones pastorales, <De mundanis>”, II, b, cit. por Vicente
Hernández em o.c., pág. 93, nota 68.

[43] Em “Summa Theologiæ Moralis”, t. 3, n. 421, pág. 437, ed. Herder, ano 1951.

[44] Em “Compendium Theologiæ Moralis”, ed. Subirana, Barcelona, ano 1910, t. 1, nº


242, pág. 184.
[45] Idem nota anterior.

[46] Entre outros, cfr.: Santo Afonso Maria de Ligório em “T.M. lib. 3, n. 423; Noldin,
em “De sexto Præcepto” (ed. Pustet, Roma, ano 1907), n. 51 e ss.; Prümmer, o.c. t. 2, n.
694; Zalba, “Theologiæ Moralis Summa”, ed. Bac, Madri, ano 1957, n. 461 e.; etc.

[47] Santo Afonso, o. c., Lib. 3, n. 415.

[48] In Is. III, cap. 3.

[49] “Introdução à Vida Devota, edições Dictio, Bs. Aires, ano 1980, cap. XXXIX, pág.
251.

[50] Idem nota anterior.

[51] Concílio Plenário Limense da América Latina, aprovado por Leão XIII em
1/1/1900: “799… Reprovamos as coletas de esmolas, que com o nome de Bailes de
caridade, autorizam um vício contrário à verdadeira caridade, a qual é mãe e tutora da
honestidade de costumes e da moderação cristã, e de nenhuma maneira da mundana
dissolução…”

[52] Idem nota anterior: “758. Reprovamos o abandono dos pais, que, concedendo a
seus filhos absoluta liberdade no trato com pessoas de sexo diferente, não protegem
bastante a sua pureza contra os perigos que a rodeiam, não evitam os namoros precoces,
e não robustecem nem fomentam em seus corações o amor à castidade. Por isso,
declaramos dignos de igual reprovação aos promotores e fautores dos bailes infantis, e
gravissimamente encarecemos no Senhor aos pais, que não exponham seus filhos a
tamanhos perigos, ainda que para buscar desculpas para os pecados, apresentem não
poucos pretextos, com aparência de honestidade”.

[53] Incluímos neste conceito de “bailes modernos”, todos os descritos em nossa


exposição até agora.

[54] Idem nota anterior. “759. Condenamos terminantemente…, os bailes e espetáculos


desonestos, pouco honestos ou perigosos, e declaramos que se desviam do caminho da
salvação, os pais que, seja com seu exemplo, seja com sua negligência em repreender a
seus filhos, ou em afastá-los eficazmente destes perigos, se tornam cúmplices e fautores
de tamanhas iniqüidades”.

[55] Transcrevemos aqui parte de um trabalho – já antigo e superado ‘do Pe. J. P.


Regimbal (OSST) sobre os efeitos físicos e morais da música rock: “a) As
conseqüências físicas: numerosos estudos têm sido empreendidos para avaliar os
diversos efeitos da música rock depois de graves traumatismos de ouvidos, vista, coluna
vertebral, sistema endócrino e sistema nervoso dos ouvintes assíduos deste tipo de
música. Bob Larson e uma equipe médica de Cleveland revelaram vários sistemas
convincentes em mais de duzentos pacientes: Temos mostrado que esta música pode ter
como efeitos conseqüências físicas assombrosas: mudanças na pulsação e na respiração,
secreção acrescentada das glândulas endócrinas, em particular a glândula pituitária que
regula os processos vitais no organismo. Quando aumenta a música a laringe se contrai,
quando abaixa se distende. O metabolismo de base e a porcentagem de açúcar no
sangue se modifica ao longo da audição. Pode-se então pensar em “jogar”sobre o
organismo humano como se toca um instrumento musical, e de fato certos compositores
de música se propuseram manipular o cérebro provocando um curto circuito nas
faculdades conscientes tal como faz a droga. O ritmo predominante do rock e do pop
condiciona primeiro o corpo e logo estimula certas funções hormonais do sistema
endócrino. Estes efeitos aumentam com a intensidade da música. Além dos 80 decibéis
o efeito é desagradável, além dos 90 se torna prejudicial. Ora, nos concertos rock tem
sido medido de 106 a 108 decibéis no centro do salão e cerca de 120 perto da orquestra;
os especialistas também descobrem nos jovens problemas de audição próprios dos
adultos com mais de cinqüenta anos, assim como um aumento inquietante das doenças
cardiovasculares ou problemas de equilíbrio. Nos problemas visuais a intensidade de
iluminação especial e a utilização de raios laser têm produzido danos irreversíveis nos
olhos de alguns participantes.” O professor Paul Zenier, da Universidade de Purdue,
explica: “…certas discotecas estão equipadas com efeitos laser. Se o raio penetra no
olho pode produzir uma queimadura na retina com formação de uma mancha cega e
permanente. Além disso, os raios de luz animada que aparecem ao ritmo da música,
produzem vertigens, náuseas e fenômenos alucinantes”. Autoridades sérias têm
denunciado isto, em particular o fez o governo britânico, que mandou publicar uma
advertência em um folheto de segurança em meios escolares. O célebre músicoterapeuta
Adam Knieste, no informe de um estudo realizado durante dez anos sobre os efeitos da
música rock, escreveu: “O problema central causado pela música rock nos pacientes que
eu tenho tratado, deriva claramente da intensidade do ruído, o qual provoca a
hostilidade, esgotamento, narcisismo, pânico, indigestão, hipertensão… O rock não é
um passatempo inofensivo; é uma droga mais mortal que a heroína e que envenena a
vida de nossos jovens”. No plano sexual, a equipe médica de Bob Larson afirmava
categoricamente: “As vibrações de baixa freqüência, devidas à amplificação da guitarra
baixo, às quais se agrega o efeito repetitivo do beat, produzem um efeito considerável
sobre o líquido cérebro-espinhal. Por sua vez, este líquido afeta diretamente a glândula
pituitária que regula a secreção de hormônios. O resultado global é um desequilíbrio
dos hormônios sexuais e suprarenais, assim como uma mudança radical da taxa de
insulina no sangue, de maneira que as diversas funções de controle das inibições morais
caem abaixo do tolerável ou estão completamente neutralizadas.

b) As conseqüências psicológicas: Se tão graves são os efeitos fisiológicos, os efeitos


psicológicos o são mais ainda. Não há quem se submeta impunemente durante um
tempo prolongado à influência despersonalizadora do rock, que não sofra traumatismos
psicológicos afetivos profundos. Basta-nos enumerar dez que se repetem quase sempre
nas análises médicas e psiquiátricas dos doutores Mac Raferty, Gramby Bline, Barnard
Saibel, Walter Woight, assim como Frank Garlok, Tom Allen e outros em diversos
trabalhos: 1) Modificação das reações emotivas que vão da frustração à violência
incontrolável; 2) Perda de controle, tanto consciente como reflexo, das capacidades de
concentração; 3) Diminuição considerável do controle da vontade sobre impulsos do
subconsciente; 4) Superexcitação neuro-sensorial que produz histeria, euforia,
sugestividade e inclusive alucinação; 5) Transtornos sérios da memória, das funções
cerebrais e da coordenação neuro-muscular; 6) Estado hipnótico ou cataléptico que
converte a pessoa em uma espécie de zumbi ou robô; 7) Estado depressivo que vai
desde a neurose até a psicose, sobretudo quando se combinam música e droga; 8)
Tendências suicidas e homicidas aumentadas com a audição quotidiana e prolongada da
música rock; 9) Automutilação, autoimolação e autocastigo, sobretudo nas grandes
concentrações; 10) Impulsos irresistíveis de destruição, de vandalismo e de levantes de
descontentes, depois de concertos e festivais de rock”.

[56] Não faz muito tempo, um governador da Província de Buenos Aires, Argentina,
decretou a obrigatoriedade de se fecharem os lugares de dança às 3:30 h da madrugada.
A medida gerou tal oposição pública que deveu deixar-se sem efeito o decreto
correspondente, voltando ao horário habitual de fechamento às 6:00 h da manhã.

[57] Conf. S. T. I-II, q. 18, a. 4 ad 1.

[58] S.T. I-II, q. 18, a. 4 ad 3.

[59] Sgo. II, 10: “quicumque autem totam Legem servaverit, offendat autem in uno,
factus est omnium reus”.

[60] S.T. II-II q. 121, a. 1.

[61] Jn. XIV, 21: “Quem recebe os meus mandamentos, e os observa, esse é o que me
ama”.

[62] Ver nosso artigo sobre o noivado, onde falamos do tema de ser “tradicionalista”
como uma condição para ambos os noivos na extraordinária circunstância da crise atual
da Igreja.

[63] Lc. XXIII, 18-21.


[64] “Teologia Moral para seculares, do Pe. Royo Marin (OP), t. I, n. 45, p. 49
(Ed. BAC).

[65] Usando as palavras de Santo Tomás: “a ignorância invencível é aquela que não
pode superar-se por nosso próprio esforço” (studio superari non potest).

[66] Idem nota anterior, n. 46, p. 51.

[67] S.T. I-II, q. 76, a. 2.

[68] Idem nota anterior.

[69] S.T. I-II, q. 19, a. 6.

[70] “Prática do confessor” pg. 51, ed. El Perpétuo Socorro, Madri. Ver também sua
Teologia Moral L. VI, nº 610 e 611.

[71] S.T. II-II, q. 168, a. 4.

[72] S.T. II-II, q. 168, a. 2.

[73] S.T. II-II, q. 168, a. 3.

[74] S.T. II-II, q. 168, a. 2.

[75] S.T. II-II, q. 168, a. 3.

[76] F. A. Vuillermet (OP), o.c., pág. 40.

[77] “Theologiæ Moralis”, L. 3, n. 429.

[78] “À vida é suficiente pouca recreação” ensina Santo Tomás (S.T. II-II, q. 168, a. 4).
Ver o que dissemos sobre a diversão”.

[79] Ainda que não todos, porque alguns, como o “fandango”provocaram a proibição
explícita “que pessoa alguma de qualquer dignidade, caráter, qualidade ou condição que
seja possa acorrer a semelhantes danças em casas particulares”, sob pena de
excomunhão maior para todos, além de severíssimas multas e até prisão (Decreto do
bispo de Buenos Aires, datado do dia 30 de junho de 1746.

[80] Na Argentina, país de origem do autor do presente artigo (N.T.).

Vous aimerez peut-être aussi