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Este fórum não é avaliativo, contudo, será de grande valia para a resolução das atividades e
fóruns que comporão sua nota de AV1.
Portanto fique atento, pois nas datas abaixo iremos disponibilizar indicações de leitura para
lhe auxiliarem nas avaliações.
1
RESPONDER
ORGANIZAR POR: MAIS ANTIGAS
A primeira avaliação será composta por três questões objetivas valendo 1.5 pontos na média
da AV1.
Conceito de hermenêutica
Positivismo jurídico
Escola da Exegese
Aplicação mecânica do direito
Atenciosamente,
Isabela Bejo
Tutora EAD
Agendada
1
Atividade 1
PESO
1,5
DE 19/02/2018 ATÉ 26/02/2018
TIPO MULTIPLA ESCOLHA
TOTAL DE QUESTÕES
03
TENTATIVAS
01
TEMPO LIVRE
AV1
AGENDADA
INICIA EM 10 DIAS
ABRIR NO CALENDÁRIO
ENVIAR POR MENSAGEM
AGENDADA
2
Atividade 2
PESO
1,5
DE 05/03/2018 ATÉ 12/03/2018
TIPO MULTIPLA ESCOLHA
TOTAL DE QUESTÕES
03
TENTATIVAS
01
TEMPO LIVRE
AV1
AGENDADA
INICIA EM 24 DIAS
ABRIR NO CALENDÁRIO
ENVIAR POR MENSAGEM
AGENDADA
3
Atividade 3
PESO
1,5
DE 09/04/2018 ATÉ 16/04/2018
TIPO MULTIPLA ESCOLHA
TOTAL DE QUESTÕES
03
TENTATIVAS
01
TEMPO LIVRE
AV1
AGENDADA
INICIA EM 59 DIAS
ABRIR NO CALENDÁRIO
ENVIAR POR MENSAGEM
AGENDADA
Fóruns:
b) o que significa “produzir uma norma que se situe completamente fora da moldura que a
norma a aplicar representa”;
Conceito de Hermenêutica
Fornecer ao aluno o entendimento da etimologia da palavra Hermenêutica , quais são as
razões do uso dessa teoria no Direito e entender o seu conceito
NESTE TÓPICO
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Referências
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tópico
Conceito de Hermenêutica:
A palavra Hermenêutica é derivada do grego “hermeneuein” e acabou adquirindo
diferentes sentidos ao longo da história. Ela é normalmente entendida como a teoria
da interpretação e, nesse sentido, é muitas vezes usada como sinônimo de exegese.
Se a exegese se concentra na interpretação de textos, a Hermenêutica vai adquirir
uma abrangência maior, incluindo a análise não apenas dos textos, mas também e de
manifestações não verbais, como uma pintura, uma escultura. É bastante difundida
a ideias de que a palavra tenha como referência Hermes, um dos deuses olímpicos,
filho de Zeus e de Maia – quando os romanos dominaram a Grécia, Hermes foi
assimilado ao deus Mercúrio.
Para os gregos, Hermes era o deus dos rebanhos, da magia, das estradas e das
viagens, dos ladrões, dos comerciantes, dos diplomatas, da eloquência, o guia das
almas dos mortos para o Hades e também o mensageiro dos deuses. Muito do que a
Hermenêutica representa está presente na mitologia grega, por exemplo, ao
considerar Hermes o inventor da linguagem e da fala. Quando se fala, não se diz
apenas a verdade, mas também a mentira. Ao falar, o comerciante pode convencer o
cliente a comprar o seu produto por ser um bom produto, mas também pode trapacear
o consumidor. No diálogo “Crátilo”, o mais antigo tratado sobre a linguagem da
cultura ocidental, Platão diz que as palavras têm o poder de revelar ou de esconder
a realidade, levando ou à verdade ou à falsidade.
E, muitas vezes, as mensagens assumem formas ambíguas, o que era retratado pelo
deus Hermes. Nesse diálogo, é discutido o significado do nome do deus Hermes, a
saber, “aquele que preside os discursos”. A própria dimensão da fala apresenta um
caráter múltiplo: ao falarem, as pessoas não se referem apenas às coisas do mundo,
mas também podem se referir à própria fala ou à fala de terceiros, para explicá-la,
para deturpá-la, para interpretá-la. Por meio da representação de Hermes como o
mensageiro dos deuses, do responsável pela transmissão de uma mensagem dos
deuses aos mortais (isto é, aos homens), temos a ideia de uma atividade de
interpretação.
Os deuses dizem algo aos mortais; mas nós, mortais, somente temos acesso àquilo
que é dito (transmitido) por Hermes. Em outras palavras, Hermes diz o que os deuses
disseram. Há uma sucessão de falas e o sentido é sempre transportado de uma para
outra até o destinatário que, por sua vez, realiza uma operação de entender o sentido
do que lhe é dito.A Hermenêutica lida, portanto, com uma tensão entre uma fala (ou
um texto) e o sentido dessa fala (ou desse texto). Diante de uma fala ou de um texto
existe uma atividade de compreensão do seu sentido e, também, pode existir uma
reflexão a respeito do que é exatamente essa atividade de interpretação. Em outras
palavras, a Hermenêutica se refere tanto a uma atividade (a de interpretar uma fala,
um texto) como a uma teoria a respeito dessa atividade de interpretação.
Vejamos a definição de Hermenêutica que consta nos seguintes dicionários da
Língua Portuguesa:
a) Dicionário Aurélio:
1. interpretação do sentido das palavras;
2. Interpretação dos textos sagrados;
3.Arte de interpretar as leis.
b) Dicionário Houaiss:
1. ciência, técnica que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou
filosóficos, especialmente das Sagradas Escrituras;
2. interpretação dos textos, do sentido das palavras; teoria,
3. ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico;
4. conjunto de regras e princípios usados na interpretação do texto legal.
Enquanto teoria, ou disciplina teórica, a Hermenêutica procura discutir problemas
como:- o que é interpretar?
Existem regras capazes de orientar a atividade de interpretação?
Existe uma interpretação verdadeira ou jamais se pode atingir a verdade a respeito
do sentido de um texto?
Por que a interpretação é uma atividade tão fundamental para nós (interpretamos até
mesmo os nossos atos, a nossa própria vida; e muitas pessoas que não encontram um
sentido para as suas vidas adoecem física e psiquicamente)?
Na Faculdade de Direito, ao estudarmos a Hermenêutica, privilegiamos a sua
dimensão teórica, estudando o que alguns dos filósofos pensaram a respeito da
atividade de interpretação, privilegiando a interpretação dos textos legais.
Por que a Hermenêutica é tão importante a ponto de ser uma das disciplinas
oferecidas pelas Faculdades de Direito hoje? A partir do século XIX, o direito passou
a se identificar com a lei. E a lei nada mais é do que um texto, cujo sentido é ensinado
nas faculdades, é debatido pela doutrina, é disputado pelas partes numa ação judicial.
Portanto, é preciso que os alunos aprendam as regras e técnicas da atividade de
interpretar os textos legais e reflitam sobre essa atividade.O senso comum jurídico
separa a teoria da prática, sempre para desmerecer a teoria. Diz-se, por exemplo, que
“na prática, a teoria é outra” ou que “isso é muito teórico, não serve para nada”.
Para o senso comum jurídico, bastaria aos alunos o conhecimento das regras e das
técnicas da atividade de interpretar os textos legais (a “prática”), sendo
desnecessária a reflexão sobre essa atividade (a “teoria”). Afinal, o aluno está sendo
preparado para ser um operador do direito, um advogado, um juiz, alguém que tem
que saber trabalhar com o direito e não para ser um “teórico”, um “filósofo” – aliás,
para o operador, muita “teoria” é prejudicial, pois geram questionamentos, dúvidas
que certamente impedirão a eficiência do operador do direito. Cuidado com essa
desconfiança a respeito da teoria e da reflexão. Ainda que ele mesmo não reconheça,
o senso comum jurídico adota um posicionamento teórico! Ao defender a separação
da teoria e da prática, o senso comum jurídico afirma que aplicar o direito é uma
atividade como fazer uma cadeira: basta aprender a usar os instrumentos para
trabalhar a madeira e seguir um manual de instruções a fim de montar corretamente
as peças.
Uma atividade mecânica que dispensa a reflexão a respeito de onde vem a madeira,
da finalidade da cadeira ou das condições em que se produzem objetos como as
cadeiras. Essas reflexões podem até ser importantes, mas em nada alteram a
qualidade da cadeira produzida. Ora, a disciplina Hermenêutica nos mostra como,
no caso direito, a separação entre teoria e prática é insustentável. O que o senso
comum jurídico chama de “prática” é formado também pela “teoria”, isto é, a
maneira como nós compreendemos o direito, o seu sentido, influencia a nossa prática
jurídica. E, por outro lado, a teoria jurídica é construída a partir da prática, sendo
que uma das suas finalidades é facilitar essa prática, ampliar o seu campo de ação,
liberá-la de obstáculos desnecessários.
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O teólogo e filósofo alemão Friedrich Schleiermacher deu uma dimensão mais ampla
à Hermenêutica, procurando dar-lhe uma dimensão universal desconhecida até
então, uma arte geral do próprio processo de entender. Para ele, entender algo é
reconstruir esse algo a partir da maneira como foi criado. Entender um texto é
reconstruí-lo como se, ao lermos um texto, fôssemos o seu autor.
É por essa razão que uma interpretação literal ou gramatical não mais é suficiente,
pois é incapaz de alcançar o momento subjetivo que criou o texto. Outra importante
contribuição de Schleiermacher foi a idéia de círculo hermenêutico: quando se
compreende algo, é necessário compreender o todo a partir de suas partes e as partes
a partir do todo. Não se pode conhecer o sentido de uma palavra sem que se conheça
o sentido das palavras que estão à sua volta; não se pode conhecer o sentido de
Memórias Póstumas de Brás Cubas sem o conhecimento das outras obras de
Machado de Assis; assim como não se pode conhecer a obra de Machado de Assis
sem se conhecer a cultura que deu origem à sua obra (um autor descendente de
negros e portugueses numa sociedade escravista periférica do capitalismo da
segunda metade do século XIX) etc. Exemplos de pensadores que entenderam a
Hermenêutica como a arte de interpretar os textos: Quitiliano, 30 – 100; Agostinho,
354 – 430; Philipp Melanchton, 1497 – 1560; e Friedrich Schleiermacher, 1768 –
1834
2. como fundamento metodológico das Ciências Humanas. Por meio da
Hermenêutica, alguns filósofos procuraram defender para essas ciências – como a
história, a sociologia, a antropologia, a ciência do direito etc. – uma metodologia
própria, distinta da metodologia das Ciências Naturais – como a Física, a Química,
a Biologia etc. As Ciências Naturais obtiveram grande desenvolvimento nos séculos
XVIII e XIX, e se acreditava que a razão de tamanho sucesso fosse o método
científico empregado por elas, que se compunha de etapas: observação do fenômeno,
criação de hipótese para explicá-lo e confirmação por meio de previsões.Um físico,
um astrônomo, por exemplo, observa o movimento de Mercúrio e cria uma hipótese
para explicá-lo – para Newton, por exemplo, o Sol, por meio da força da gravidade,
atrai Mercúrio e o faz orbitar, girar ao redor do próprio Sol.
O astrônomo faz uma previsão:
Daqui a um mês, Mercúrio estará na posição p, o que, se confirmado, atesta que a
explicação é correta. A Terra e os demais planetas também orbitam o Sol, o que
explica o fato de vermos parte da trajetória de Mercúrio como retrógrada: a órbita
da Terra é exterior à de Mercúrio e ela se movimenta mais vagarosamente, fazendo
com que vejamos, na abóbada celeste, o planeta Mercúrio “andar para trá s”.
Tudo isso é explicado com poucos conceitos (por exemplo, massa, força) e leis (de
Newton e de Kepler), a partir de uma relação de causa e efeito (a massa do Sol causa
o movimento de Mercúrio e da Terra ao seu redor). Nas ciências da natureza, existe
uma completa separação entre o sujeito e o objeto, isto é, o sujeito não interfere no
objeto que estuda.
Assim, o astrônomo descreve as órbitas de Mercúrio e da Terra ao redor do Sol e
não possui nenhuma influência sobre esses movimentos, não interfere nesses
movimentos.A Hermenêutica mostrou que as Ciências Humanas produzem de uma
espécie diferente de conhecimento, de uma maneira também
diferente.
Nessas ciências, o sujeito e o objeto não podem ser completamente separados, pois
aquele que investiga faz parte do objeto a ser analisado. Ao estudar a História do
Brasil, por exemplo, o historiador pertence à história brasileira pelo fato de ser
brasileiro, vem de um determinado estrato social, o que significa dizer que tem
determinados valores, que se educou em determinada escola brasileira por meio de
obras de outros autores brasileiros, esse historiador vive em uma determinada época
e traz uma série de características que pessoas de outras épocas não teriam, ele t raz
atrás de si um passado e se projeta num futuro a partir desse passado que é diferente
do passado de outras épocas e assim por diante.As perguntas que esse historiador se
dispuser a responder são perguntas em grande medida questionamentos da sua época,
elas são diferentes das questões estudadas por historiadores de outras
épocas.
Por exemplo, os historiadores do século XIX estavam preocupados com os
fundamentos das nações a que pertenciam e buscaram no passado as origens de um
sentimento de nacionalidade. Como o fundamento das nações deixou de ser buscado
em Deus e passou a estar na legitimidade que o povo transfere aos seus governantes,
é preciso encontrar a relação entre o povo e a nação. Buscava-se uma sequência
linear de acontecimentos que levasse à constituição da nação, uma história com um
final épico, uma história que procurava engrandecer a própria nação.
Ora, nenhum historiador, nos dias de hoje, está preocupado com essas questões.Além
disso, as Ciências Humanas não têm a mesma natureza nem utilizam o mesmo
método das Ciências Naturais: em vez de explicar os fenômenos por meio da relação
de causa e efeito, as Ciências Humanas compreendem o seu objeto de estudo, sua
tarefa é a de descobrir o seu sentido. Na investigação sobre o xamanismo, um
biólogo e químico vão procurar explicar qual substância, extraída de alguma planta,
que age no corpo do sacerdote, do pajé, do feiticeiro de uma determinada tribo
indígena.
A substância é a causa dos efeitos observados no transe do sacerdote (o tremor do
corpo, a fala alterada etc.). Para o antropólogo, contudo, não é essa a questão a ser
respondida, mas, sim, qual o sentido dessa prática social para aquela comunidade
indígena? O grande filósofo que apontou para essa vertente da Hermenêutica foi
Wilhelm Dilthey (1833 – 1911).
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Exemplo:
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Exemplo:
Alf Ross, Herbert Lionel Adolphus Hart, Norberto Bobbio – a posição de Hans
Kelsen é ambígua, em virtude do seu conceito de validade, conceito muito criticado
pelos demais autores positivistas. Ainda assim, seria mais apropriado entender que
ele não defendeu a tese do positivismo ideológico. Deve-se, portanto, fazer uma
distinção entre:
a. Positivismo Jurídico como uma teoria que considera o direito
como fato e não como valor (o que está em jogo é o conceito de
direito):uma norma jurídica existe (vale) porque foi criada e imposta
por quem detém o monopólio da violência numa determinada
sociedade. O que caracteriza o direito não é a justiça da disposição das
suas normas, mas a coatividade, a força para fazê-las cumprir. Por
meio da teoria positivista é possível identificar quais são as normas
jurídicas dentre as mais variadas normas sociais (normas morais,
religiosas, de etiqueta).
b. Positivismo Jurídico como uma teoria da obediência (o que está
em jogo não é o conceito de direito, mas uma obrigação
moral): deve-se obedecer às normas jurídicas independentemente do
conteúdo das suas disposições (“a lei é a lei”; “a lei é dura, mas é a
lei”).Os principais autores positivistas do século XX não aderiram ao
positivismo ideológico porque estavam preocupados com os aspectos
conceituais do direito, estavam preocupados em definir o que é o
direito e, com isso, identificar as normas jurídicas. Já o problema de
obedecer ou não ao direito não é um problema jurídico, não é um
problema da ciência do direito, mas um problema de natureza moral.
Por mais que se encontre a justificativa da obediência de uma norma
jurídica em outra norma jurídica e assim por diante, chegará o
momento em que as normas jurídicas se esgotarão e a pergunta ainda
permanecerá. Justamente porque a sua resposta depende de uma
consideração de ordem moral, consideração esta que foge ao escopo
daqueles autores positivistas como Ross, Hart e Bobbio.
No século XIX, no entanto, os positivistas foram em sua grande maioria também
positivistas no sentido ideológico, O Positivismo Jurídico torna-se o paradigma
dominante da Filosofia do Direito na modernidade, já que é na modernidade que se
consuma a monopolização da produção jurídica pelo Estado: o Estado se torna o
único centro produtor de norma. E, nos países da família romano-germânica (França,
Itália, Espanha, Portugal, Brasil, Argentina etc.), o Estado monopoliza a produção
jurídica na forma da legislação.
Ocorre, então, uma identificação entre direito, lei e Estado. Se, no início, foram os
teóricos da moderna Ciência Política que associaram direito, lei e Estado, foi
principalmente com a Revolução Francesa (1789-1799) que se concretizou tal
associação. Na Idade Média, havia uma pluralidade de centros produtores do direito
(os senhores feudais, as corporações, a Igreja, o rei, as cidades livres etc.), bem como
uma pluralidade de fontes do direito (o direito germânico, o romano, o canônico, as
cartas das cidades etc.). A autoridade política não tinha a pretensão de estabelecer o
direito – não tinha nem mesmo as condições política para tanto. Ela era mais o
garantidor de uma ordem jurídica preexistente a ela mesma: ela diz o direito que é
anterior a ela e, até mesmo, o direito que a constitui enquanto autoridade. Com a
modernidade, o soberano (seja um monarca ou uma assembleia, como nas
democracias) é autoridade criadora de um sistema normativo artificialmente
produzido por meio da legislação.
Na França, em 1804, é promulgado o Código Civil francês, chamado Código de
Napoleão em virtude do empenho do Imperador francês, Napoleão Bonaparte, para
a sua elaboração. Esse código, que não é o primeiro código europeu da Era Moderna,
será responsável pela onda de codificação do direito, durante os séculos XIX e XX,
onda que alcança o Brasil, independente em 1822, que passa a elaborar o seu código.
Ao derrotar o Antigo Regime, a Revolução Francesa operou uma grande mudança
na política e no direito:
A lei garante a igualdade (formal): uma mesma lei vale para todos e
todos são iguais perante a lei. No Antigo Regime, havia os privilégios
(a palavra significa “lei privada, particular”: se as pessoas não eram
consideradas como iguais, por que haveriam de obedecer a uma
mesma lei?), e eles foram extintos;
Por todas essas razões, os positivistas entendiam haver uma obrigação de obedecer
ao direito: é o direito que garante a ordem, a estabilidade das relações sociais, e
desobedecer ao direito significa se colocar acima da lei (o que viola o ideal de
igualdade) e impor aos demais o arbítrio da própria vontade (o que viola a liberdade
dos demais). A teoria liberal do Estado, que está por detrás do positivismo
ideológico, foi questionada durante o próprio século XIX, especialmente com o
aparecimento da teoria de Karl Marx, que traz outra visão a respeito do Estado e do
direito. As experiências totalitárias do século XX, como o nazismo e o stalinismo,
mostram claramente como o Positivismo Jurídico ideológico é inaceitável.
A questão que hoje se coloca nos Estados Democráticos é a de saber em que
condições de dizer que alguém tem o direito de resistir, de desobedecer a uma lei
democraticamente elaborada. Para alguns, tal comportamento seria ilegal; para
outros, há um direito de resistência contra uma lei que descumpre o papel que a lei
deve ter que é o de realizar a justiça.
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Livro goza, portanto, de imunidade tributária – o que é imune não pode ser tributado.
A imunidade impede que alguma lei venha a instituir tributo sobre os livros.O texto
constitucional é perfeitamente claro. De acordo com o brocardo “in claris cessat
interpretatio”, ele não necessitaria ser interpretado.
O problema é que surgiu uma dúvida a respeito do álbum de figurinha da novela
“Que rei sou eu”, da Rede Globo.
Esse álbum seria ou não seria um livro?
O passo seguinte é se perguntar: o que é um livro?
Qual o sentido da palavra “livro”, palavra que ocorre no texto constitucional?
Entende-se, normalmente, por “livro”, uma “reunião de folhas, encadernadas por
uma lombada, e protegidas por uma capa”. Quando se toma um álbum de figurinha,
será que se está diante de um livro?
Outro problema. Quando compro um “CD-Rom” que contém, por exemplo, parte da
legislação brasileira, como aqueles que acompanham o “Vade mecum”? Parece não
haver dúvida de que não estou diante de um livro, já que não há folha de papel,
lombada, pois se trata de um disco de metal. Por outro lado, o conteúdo que existe
no “CD-Rom” também se encontra em livros. É que o conteúdo daquilo que se
entende por “livro” já foi encontrado em diversos suportes matérias: em pedra, couro
de animais, papiro, papel – e, hoje, esse conteúdo é apresentado eletronicamente
(CD-Rom, “e-book”, podendo ser lido em diferentes suportes).
Então o problema persiste: o sentido de livro é dado pelo seu suporte material
(objeto feito de papel, encadernado etc.)? Ou pelo seu conteúdo (que pode ser
registrado em diferentes suportes materiais)?
Todas essas questões mostram que se está a interpretar aquele dispositivo
constitucional que, à primeira vista, parecia dispensar a interpretação.
A conclusão a que se chega é que o brocardo “in claris cessat interpretatio”não
pode mais ser aceito;
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Se "F", então "C" deve ser. Se não "C", então "SP" deve ser "F" – hipótese fática
"C" – consequência jurídica "SP" – Sanção punitiva.
Vejamos um caso:
O dever de se votar no Brasil.Dispositivos normativos:
Constituição Federal: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I. plebiscito;
II. referendo;
a. os analfabetos;
[...]
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do
serviço militar obrigatório, os conscritos.
[...]
Código Eleitoral, Lei nº 4.737, de 15 [e julho de 1965.
Art. 7º O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o Juiz Eleitoral até
trinta dias após a realização da eleição incorrerá na multa de três a dez por cento
sobre o salário mínimo da região, imposta pelo Juiz Eleitoral e cobrada na forma
prevista no art. 367. Art. 367. A imposição e a cobrança de qualquer multa, salvo no
caso das condenações criminais, obedecerão às seguintes normas:
I - No arbitramento será levada em conta a condição econômica do eleitor;
[...]
§ 2º A multa pode ser aumentada até dez vezes, se o juiz, ou Tribunal considerar
que, em virtude da situação econômica do infrator, é ineficaz, embora aplicada no
máximo.(Incluído pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966);
§ 3º O alistando, ou o eleitor, que comprovar devidamente o seu estado de pobr eza,
ficará isento do pagamento de multa.(Incluído pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966). Lei
nº 6.091, de 15 de agosto de 1974.
[...]
Art. 7º O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o Juiz Eleitoral até
sessenta dias após a realização da eleição incorrerá na multa de três a dez por cento
sobre o salário mínimo da região, imposta pelo Juiz Eleitoral e cobrada na forma
prevista noart. 367, da Lei 4.737, de 15 de julho de 1965.
[...]
Art. 16. O eleitor que deixar de votar por se encontrar ausente de seu domicílio
eleitoral deverá justificar a falta, no prazo de 60 (sessenta) dias, por meio de
requerimento dirigido ao Juiz Eleitoral de sua zona de inscrição, que mandará anotar
o fato, na respectiva folha individual de votação.Resolução TSE 21.538/20 03Art.
80.O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleitoral até 60 dias
após a realização da eleição incorrerá em multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada
na forma prevista nos arts. 7º e 367 do Código Eleitoral, no que couber, e 85 desta
resolução.
[...]
Art. 85 A base de cálculo para aplicação das multas previstas pelo Código Eleitoral
e leis conexas, bem como das de que trata esta resolução, será o último valor fixado
para a UFIR, multiplicado pelo fator 33,02, até que seja aprovado novo índice, em
conformidade com as regras de atualização dos débitos para com a União.Resolução
TSE nº 21.920/2004.
Art. 1º O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para todas as pessoas
portadoras de deficiência.Parágrafo único.Não estará sujeita à sanção a pessoa
portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o
cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao exercício do
voto.Dados esses vários dispositivos, chegamos à seguinte norma:
a. é brasileiro;
b. tem de 18 a 70 anos.
Se alguém ...
c. é alfabetizado;
d. não é conscrito;
i. deve votar ou
Todo enunciado condicional apresenta duas partes. No caso de uma norma, temos:
Basta ao aplicador da lei (um juiz, por exemplo) conhecer a Lei (isto é, ser capaz de
passar do texto legal para a norma, extraindo do texto todas as condições de fato e
consequências jurídicas ali presentes) e conhecer o caso concreto (como as partes
devem provar o que alegam, é trazido ao conhecimento do juiz todas as
circunstâncias relevantes do caso concreto, para que ele possa verificar se aquelas
condições de fato foram satisfeitas pelo caso concreto), para chegar à decisão : ou se
aplica a consequência jurídica (todas as condições de fato foram satisfeitas pelo caso
concreto) ou não se aplica a consequência jurídica (pelo menor uma condição de fato
não foi satisfeita pelo caso concreto).
A aplicação do direito é realizada como um cálculo lógico.Dados dois casos
concretos semelhantes quanto às características determinadas nas condições de fato
da norma, eles devem receber a mesma decisão de dois juízes distintos. Se isso não
acontecer, é possível identificar o erro judicial cometido, bastando refazer todo o
silogismo judicial e verificando se a subsunção foi corretamente aplicada.
Vejamos três casos concretos:
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