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CBPF
2010
1
Conteúdo
I. Prolegômenos ............................................................................................................................ 6
I.0. Introdução ........................................................................................................................... 6
I.1. As origens: uma conjetura de Dirac e a tese de Feynman .................................................. 8
I.2. A integral de Feynman e a equação de Schrödinger......................................................... 11
I.3. Analogias formais: as integrais de Wiener e Itô................................................................ 12
I.3.1. O movimento browniano revisitado ................................................................... 13
I.3.2. A integral de Wiener .......................................................................................... 14
I.3.3. A integral de Itô ................................................................................................... 15
I.3.4 A integral de Stratonovich....................................................................................... 16
I.4. Os Epígonos e o enigma matemático ................................................................................ 18
II. A Medida e a Integral .............................................................................................................. 20
II.1. Os conceitos e os elementos da integração ..................................................................... 20
II.2. Teoria da Medida (H. Lebesgue) – uma breve exposição ........................................... 21
II.3. A integral de Riemann: a exaustão da Análise Real ................................................... 26
II.4. A integral de Lebesgue e a extensão a espaços abstratos ......................................... 31
II.4.1. A integral ............................................................................................................. 31
II.4.2. Funções integráveis ............................................................................................. 33
II.5. Alguns exemplos de medidas em Física Teórica ........................................................ 37
II.5.1. A medida de Dirac ..................................................................................................... 37
II.5.2. Integração sobre grupos: a medida de Haar. ............................................................ 38
II.5.3. Outras medidas de integração .................................................................................. 44
III. Uma Teoria Geral da Integral de Feynman ............................................................................ 56
III.1. A Lei de Movimento da MQ ............................................................................................ 56
III.1.1. A Ação Clássica ........................................................................................................ 56
III.1.2. A Amplitude de Probabilidade na MQ .................................................................... 57
III.1.3. O limite clássico ....................................................................................................... 57
III.1.4. A soma sobre trajetórias .......................................................................................... 58
III.1.4.1. A analogia com a integral de Riemann.................................................................. 58
III.1.4.2. Construindo a soma .............................................................................................. 59
III.1.4.3. A integral de trajetória .......................................................................................... 60
III.1.4.4. A regra para dois eventos sucessivos .................................................................... 60
III.2. A fórmula de Trotter ....................................................................................................... 61
III.3. O Oscilador Harmônico Simples (OHS) e o Oscilador Harmônico Forçado ..................... 66
2
III.3.1. Integrais gaussianas ................................................................................................. 66
III.3.2. Cálculo da ação do OHS............................................................................................ 67
3
V.1.4. A Formulação Integral Funcional ............................................................................ 129
V.1.5. Representação Integral Funcional da Função de Partição ................................ 131
V.1.5.1. Amplitude de Transição para Bósons ............................................................ 131
V.1.5.2. A Função de Partição Bosônica ............................................................................ 133
V.1.5.3. Campo escalar neutro ................................................................................... 134
V.1.5.4. Férmions .............................................................................................................. 137
V.1.6. Aplicações do formalismo de Matsubara ............................................................... 141
4
VIII. Aplicabilidade da Integração Funcional à TFD – Alguns Resultados .................................. 208
VIII.1. Teorias de Calibre ....................................................................................................... 208
VIII.1.1. Teorias de Calibre para T=0 ................................................................................. 208
VIII.1.2. Invariância BRST a Temperatura Zero .................................................................. 213
VIII.1.3. Identidades de Ward-Takahashi e Slavnov-Taylor a Temperatura Zero.............. 218
VIII.1.4. Condições de Contorno Fermiônicas ................................................................... 228
VIII.1.5. Função de Partição de uma Teoria de Calibre Não-abeliana ............................... 231
VIII.1.6. Identidades de Ward-Takahashi a Temperatura Finita ....................................... 233
VIII.2. Modificações no Cálculo a Temperatura Finita .......................................................... 236
VIII.2.1. ε -regularização ................................................................................................... 236
VIII.2.2. Parametrização de Feynman ............................................................................... 238
VIII.2.3. Modificação da Fórmula de Feynman.................................................................. 239
VIII.3. Quebra Dinâmica de Simetria ..................................................................................... 240
VIII.4. A Fórmula de Redução LSZ.......................................................................................... 243
VIII.4.1. LSZ a Temperatura Zero ....................................................................................... 244
VIII.4.2. LSZ a Temperatura Finita ..................................................................................... 249
IX.1. Campo escalar com massa na teoria TFD em dimensões 1+1 ..................................... 250
IX.2. Número médio (no ensemble) de partículas com massa em 1+1 dimensões ............. 252
Lista de exercícios do Módulo B ................................................................................................ 253
X. Referências ........................................................................................................................ 255
5
A Integral de Feynman: das Origens às Teorias de Campos a Temperaturas
Finitas
I. Prolegômenos
I.0. Introdução
Para um entendimento mais completo das origens da integral de Feynman,
enquanto ferramenta de cálculo e de investigação teórica em Física, será apresentado
um breve e esquemático resumo dos dois formalismos – o hamiltoniano e o lagrangiano
– preexistentes e empregados desde o século XIX na sistematização da Mecânica
Clássica. Deve-se isto ao fato de que, em 1925, quando Heisenberg, Dirac, Born, Jordan
e outros deram início à produção de propostas originais que resultaram no arcabouço da
Mecânica Quântica, o Princípio de Correspondência de Bohr era o único critério de que
dispunham para se guiar num terreno desconhecido, além de resultados experimentais
inesperados que se acumulavam à espera de explicações sólidas. E, inicialmente, como
os dados mais precisos à disposição, dados pela espectroscopia, se referiam a diferenças
entre níveis atômicos de energia, aliados à associação direta entre a função hamiltoniana
de um sistema e sua energia total, levaram naturalmente à escolha do formalismo
hamiltoniano. Esta hegemonia só começou a ser superada em 1942, na proposta central
da tese de doutorado de Richard Feynman, que adotou explicitamente pela primeira vez
o formalismo lagrangiano como ferramenta de cálculo e de análise de fenômenos
quânticos, apoiando-se num trabalho seminal de Dirac já com dez anos de existência.
Mesmo assim, por razões que a própria razão desconhece, Dirac (1902-1984) sustentou
até o fim da vida que só considerava confiável o formalismo hamiltoniano.
6
introdução de termos não-locais (v. p.ex. , Y. Aharonov & M. Vardi, Phys. Rev. D
21(8), 2235-2240 (Appendix), 1980).
S = ∫ L ( q, q , t ) dt ,
tf
ti
ALGUMAS FÓRMULAS:
∂H ∂H
Equações canônicas de Hamilton: = qi ; − = p i
∂pi ∂qi
∂L d ∂L
Equações de Euler-Lagrange: =
∂qi dt ∂qi
∂L
Transformações de Legendre: pi = : momento canônico conjugado de qi
∂qi
d
LΛ ( q, q , t ) ≡ L ( q, q , t ) + Λ ( q, t ) : a função lagrangiana é determinada a menos de uma
dt
derivada temporal de uma função qualquer que dependa somente de ( q, t ) .
7
funções hamiltoniana Hem e lagrangiana Lem para uma partícula de massa m e carga
elétrica e sujeita a uma força de Lorentz F = e ( E + v × B ) , em três dimensões:
( p − eA )
2
1
H em = + eφ ; Lem = mvi v − eφ + evi A , onde B = ∇ × A .
2m 2
Aµ − ∂ µ ( ∂ν Aν ) = j µ ,
≡ ∂µ∂µ ≡ ∂ ( ∂t )
2
d’alembertiano está definido como − ∇ 2 . Com o fim de manter a
covariância manifesta das equações de Maxwell, usa-se escolher o calibre de Lorentz
∂ µ Aµ ( x ) = 0 , que resulta nas equações de Maxwell Aµ = j µ . E, para que seja
preservado o caráter local da teoria, uma vez que Aµ ( x ) pode variar para cada
x ≡ ( x 0 , x1 , x 2 , x 3 ) , a função lagrangiana deve ser tomada como a integral espacial sobre
uma densidade lagrangiana L ( x ) , e a expressão da ação invariante de Lorentz será,
portanto, dada por S = ∫ d 4 x L ( x ) . Nesta notação, no calibre de Lorentz, e com o tensor
intensidade de campo eletromagnético definido como F µν = ∂ µ Aν − ∂ν A µ , a densidade
lagrangiana eletromagnética quadridimensional será
1
L ( x ) = − Fµν F µν + jµ Aµ .
4
8
de Euler-Lagrange, uma vez que a única diferenciação possível é dada pelo análogo dos
colchetes de Poisson – ou seja, pelas relações canônicas de comutação. E continua, até
mostrar que o análogo quântico do Princípio da Ação Mínima (PAM) para uma variável
dinâmica que evolui entre os tempos t e T é dado por
1 qt +δ t − qt
( qt +δ t | qt ) CORRESPONDE a exp L , qt +δ t δ t .
δt
Dirac mostra então que L é a função lagrangiana, usando mais uma vez o
Princípio da Correspondência de Bohr, pois quando → 0 ,
t tm t2 t1 t
∫tm
Ldt + ∫
tm−1
Ldt + … + ∫ Ldt + ∫ Ldt = ∫ Ldt = S ,
t1 T T
Vale comentar que, com toda a fleugma britânica de Paul Adrien Maurice Dirac
demonstrada frente à descoberta de Anderson, a confirmação da existência do pósitron
lhe valeu o prêmio Nobel de 1933, aos 31 anos, compartilhado com Erwin Schrödinger
e, com um ano de atraso, porém na mesma cerimônia, também com Werner Heisenberg.
Adiantando desde já que a dedução acima será citada (tendo como fonte
indicada o livro “The Principles of Quantum Mechanics”, P. A. M. Dirac, p. 124-126),
quase ipsis litteris, dez anos depois, por Richard Phillips Feynman, cabe agora
apresentar resumidamente a motivação – na verdade, era a única escolha possível – do
uso do formalismo lagrangiano em 1942.
1. “A aceleração de uma carga pontual se deve à soma das suas interações com
outras partículas carregadas. Uma partícula não atua sobre si mesma;
2. A força de interação que uma carga exerce sobre outra é dada pela fórmula
de Lorentz, F = e [ E + v × B ] , onde os campos são aqueles gerados pelas
cargas de origem, segundo as equações de Maxwell;
3. Os fenômenos fundamentais (microscópicos) da natureza são simétricos com
relação à troca do passado com o futuro. O que determina que a solução das
equações de Maxwell que deve ser usada para calcular as interações seja a
soma simétrica, meio a meio, da solução retardada com a solução avançada
de Liénard-Wiechert.”
m ( x ( t ) )2
− V ( x ( t ) ) + k 2 x ( t ) x ( t + T0 ) dt ,
∞
S=∫
−∞ 2
onde “o tempo que a luz leva para ir da partícula ao espelho é assumido como constante,
e igual a T0 2 ”, conclui que “a força que atua no tempo t depende do movimento da
partícula num outro tempo diferente de t . As equações de movimento não podem ser
descritas diretamente na forma hamiltoniana.”
10
Ressalve-se que a visão de Feynman sobre a origem dos infinitos que assolavam a
QED precede a descoberta da renormalização, um conceito fundamental - que Dirac
nunca aceitou - para o posterior desenvolvimento da teoria. E acrescente-se que o
princípio (3) – na verdade, é um postulado -, além de permitir a interpretação do
pósitron como um elétron que viaja no sentido inverso do tempo – e vice-versa, isto é,
um elétron também pode ser um pósitron na contramão do tempo -, pode ser o germe da
estranha simetria que está no cerne da (matematicamente desafiadora e fisicamente
reveladora) integral de Feynman. Uma rápida amostra da espantosa fronteira
descortinada pelo princípio (3) entre a MC e a MQ (melhor dizendo, entre a MC e a
Teoria Quântica dos Campos, que será frutiferamente desenvolvida nos anos seguintes)
é a constatação de que, se o usarmos para construir o vetor de Poynting e daí calcular o
fluxo de energia F através da superfície de uma esfera de raio R r (onde r é o raio
de um círculo que a carga e descreve com velocidade constante), encontraremos que
F = 0 (J. L. Synge “Relativity: the Special Theory”, 1956, p. 394 & Appendix B). Ou
seja, classicamente, não há radiação alguma! Nem poderia haver, porque hoje sabemos
que esta situação corresponde fisicamente, no nível quântico, à aniquilação elétron-
pósitron, impensável à época de Liénard e Wiechert, a qual virá a ser facilmente descrita
(com a emissão de um fóton gama com energia mínima igual a 2me = 2 × ( 0,511) MeV ),
e precisamente calculada, pela... integral de Feynman!
iε m x − y
2
−V ( x ) dy
ψ ( x, t + ε ) = ∫ e ψ ( y, t )
2 ε
,
A
sendo A uma constante de normalização a ser calculada. Note-se que surge pela
primeira vez uma nova “medida de integração”, constituída do quociente do elemento
de volume dy por uma constante a determinar. Fazendo a substituição de variáveis
y = η + x , e observando que somente os valores de η próximos a zero contribuem na
integral, devido ao caráter rapidamente oscilatório da exponencial, é feita a expansão
em série de Taylor em torno de η = 0 , resultando na expressão
11
iε
− V ( x)
e i m
η2 ∂ψ ( x, t ) η 2 ∂ 2ψ
ψ ( x, t + ε ) = ∫ e 2ε ( )
ψ x , t + η + + … dη .
A ∂x 2 ∂x 2
i m 2
η 2π ε i π4 2π ε i
Como ∫ e dη =
2ε
e = ( v. “Tables of Integrals, Series and
m m
Products”, Gradshteyn, eq. 3.322(3)), podemos calcular, por diferenciação de ambos os
lados da equação com respeito a m , que
∞
i m 2
η 2π ε i ε i
∫ η e
2 2ε
dη = ,
−∞ m m
2π ε i
iε
m e− V ( x ) ψ x, t + ε i ∂ ψ + O ε 2 .
2
ψ ( x, t + ε ) = ( )
m 2 x2
( )
A
∂ψ 2 ∂ 2ψ
− =− + V ( x )ψ .
i ∂t 2m ∂x2
O fato de que o limite acima só possa ser calculado para este valor particular de A -
conhecido na literatura como a prescrição do ponto médio - se deve a que a medida de
integração, no espaço complexo das trajetórias possíveis para a partícula, não é positivo-
definida. Nas palavras do próprio Feynman, “... Isto é necessário porque as
trajetórias que realmente importam são aquelas não-diferenciáveis.”.
12
tempos e coordenadas iniciais ( x1 , t1 ) e ( xN , t N ) . Esta construção explícita leva
naturalmente a se imaginar uma analogia formal com a teoria do movimento browniano,
que efetivamente existe e será desenvolvida em seguida.
Consideremos um random walk discreto, sobre uma linha reta horizontal, com
todos os passos de igual comprimento ∆ , em tempos iguais t , com
probabilidade p à direita e q à esquerda ( p + q = 1 ). Fazendo x = j ∆ , t = N ε ,
a probabilidade do sistema, partindo do ponto ( x = 0, t = 0 ) , se achar em x ( j )
depois do tempo t ( N ) será u ( j , N ) . Para andar uma distância j à direita serão
necessários µ passos à direita e ν à esquerda, de tal forma que
µ −ν = j e µ +ν = N ,
N
O que pode se dar de maneiras distintas, resultando nas probabilidades
µ
N
u ( j, N ) = p µ qν (no caso em que N − j é par) e u ( j, N ) = 0 ( N − j
µ
ímpar). Para grandes valores de j e N , usando a aproximação de Stirling
N
∞ N
N ! = ∫ e − y y n dy ∼ 2π N ,
0
e
2 ( j − α )2
u ( j, N ) = exp − .
πN 2 N
13
Considerando que u ( j, N ) = 0 para N − j ímpar, devemos acrescentar um fator
1 2 e dividir por ∆ a fórmula acima, resultando então que, em função de x e t :
ε 1 ε 2
ρ ( x, t ) = exp − 2 ( x − α∆ ) .
2π t ∆ 2
2t ∆
∆2
D= ,
ε
1 ( x − ct ) 2
ρ ( x, t ) = exp − .
4π Dt 4 Dt
Esta é a equação que descreve a difusão de uma partícula cuja posição média se
movimenta com velocidade constante de deslocamento c . A densidade ρ ( x, t )
é também solução da equação diferencial
∂ρ ∂2 ∂ρ
= D 2 −c .
∂t ∂x ∂x
1 x2
ρ ( x, t ) = exp − .
4π Dt 4Dt
∫ ρ ( x, t ) dx .
b
Yt = ∫ ϕ ( x ( t ) ) dx ,
b
j (b − a )
xj = x a + ; xn = x ( b ) = xb ; x0 = x ( a ) = xa .
n
15
O estranho resultado obtido foi que
dϕ 1 b d ϕ ( x (t ))
2
= ϕ ( xb ) − ϕ ( xa ) − ∫
xb
∫xa dx 2 a dx 2
dt .
O ponto de contato com a integral de Feynman, que mostra que esta também é
calculada sobre trajetórias (não mais reais, e sim complexas) brownianas, e que
ilustra a necessidade – para que sejam mantidas as expressões do cálculo usual -
da prescrição do ponto médio, surge quando definimos, empregando as
definições de Itô para x j , xa e xb , a expressão uθ j ≡ x j + θ ( x j +1 − x j ) , onde
1 ≥ θ ≥ 0 , no cálculo de ϕ ( xb ) − ϕ ( xa ) , e se vê que, para θ = 1 2 , no limite
n → ∞ (o mesmo processo de limite e de divisão de intervalos usados na
integração de Feynman), o termo anômalo desaparece. Quando θ = 0 obtemos a
integral de Itô, e todas as expressões correspondentes do seu cálculo estocástico.
m T
derivada integrável, tais que ξ ( 0 ) = 0 , e a forma quadrática Q (ξ ) = ( )
2
ξ
∫0
t
sobre
X b . A teoria das transformadas de Fourier das integrais gaussianas num espaço de
Banach (um espaço vetorial normado) nos dá que
i T m 2 i p2T
∫ Dξ ⋅ exp ∫0 dt 2 ξ ( t ) − p jξ ( t ) = exp − 2m .
j
O hamiltoniano quântico para uma partícula em um potencial vetorial A e em um
potencial escalar V é dado por
1
Hˆ = −i∇ − eA + eV = Hˆ 0 + eHˆ 1 + e 2 Hˆ 2 ,
2m
1 2
onde Ĥ 0 = −
2 2
m
∇ , Hˆ 1 = −
1
2m
(
pˆ ⋅ A + A ⋅ pˆ + V ,) Hˆ 2 =
2m
A ,
p̂ é o operador −i∇ , e a ordenação dos fatores é tal que Ĥ resulte hermítico.
16
O funcional da ação correspondente é S (ξ ) = S0 (ξ ) + eS1 (ξ ) , onde
2
m dx
S0 (ξ ) = ∫
2 ξ dt
, (
S1 ( ξ ) = ∫ A ⋅ dx − Vdt ≡ ∫ A .
ξ
) ξ
∆ti ≡ ti +1 − ti , e ∆xi = x ( ti +1 ) − x ( ti ) ≡ xi +1 − xi .
Façamos agora
Ai ≡ A ( xi ) , Ai ,αβ = ∂α Aβ ( xi ) .
I
∫ξ A ⋅ dx ∑ Ai ⋅ ∆xi .
i
(
A ⋅ dx ∑ Ai + Ai +1 ⋅ ∆xi . )
S
∫ξ i 2
• É coerente com o espaço funcional L2,1 , isto é, o espaço das funções contínuas
cujas derivadas (no sentido de distribuições) são de quadrado integrável.
17
Os espaços L2,1 de trajetórias foram escolhidos como domínios de integração
para assegurar que a energia cinética seja finita. E isto obriga a que a integral de
Stratonovich, e não a de Itô, seja a única adequada ao contexto da MQ, uma vez
que a diferença entre ambas as integrais é dada por δ ∫ − ∫
ξ
S
ξ
I 1
(
= ∫ dt∇ ⋅ A ,
2 )
que é um termo que não pode ser desprezado, e que, embora não pertença ao
espaço dos caminhos contínuos, está bem definido nos espaços L2,1 , uma vez
que ∆xi e ∆ti são da mesma ordem de grandeza.
2
∂
f ( x, t ) = σ ⋅∇ 2 f ( x, t ) − V ( x ) f ( x, t ) ,
∂t
− V ( γ (τ ) + x ) dx
t
f ( x, t ) = ∫ e ∫0 ϕ (γ ( 0 ) + x ) dW (γ ) ,
1 t 1 dγ
2
dτ − ∫ V ( γ (τ ) ) dτ . Logo, é uma
i
St ( γ ) substituído por − ∫
t
com
2 0 2σ dτ 0
18
um dos resultados de maior beleza do formalismo da integral de trajetória de
Feynman.
G ( t ) = θ ( t ) e−iHt ,
1
E0 = lim − log Tr e −τ H .
τ →∞
τ
19
II. A Medida e a Integral
20
histórica que teórica, por estar no fundamento da integração riemanniana, e será visto
mais abaixo.
i) ∅ , X pertencem a X .
ii) Se A pertence a X , então o complemento C ( A) = X / A pertence a X .
∞
iii) Se ( An ) é uma sequência de conjuntos em X , então a união ∪A n pertence
n =1
a X.
C ∪ Aa = ∩ C ( Aa ) , C ∩ Aa = ∪ C ( Aa )
a a a a
21
Def. AII.2.3. – Seja X o conjunto estendido dos reais ≡ ∪ {−∞, +∞} , seja E
um subconjunto de Borel de , e E1 , E2 e E3 tais que
Def. AII.2.4. – Diz-se que uma função (estendida) f , sobre X e com valores em
(ou ), é X -mensurável (ou simplesmente mensurável), se, para todo número
real α , o conjunto
{x ∈ X : f ( x ) > α }
pertence a X . A coleção de todas as funções estendidas X -mensuráveis é referida
como M ( X , X ) .
f ( x ) = inf f n ( x ) , F ( x ) = sup f n ( x ) ,
22
Então f , F , f ∗ , F ∗ pertencem a M ( X , X )
Def. AII.2.9 – Uma medida é uma função real estendida µ , sobre uma σ -álgebra
X de subconjuntos de X e com valores em , tal que
i) µ (∅) = 0 .
ii) µ ( E ) ≥ 0 , ∀E ∈ X .
iii) µ é enumeravelmente aditiva, no sentido de que, se ( En ) é qualquer
sequência disjunta (isto é, para n ≠ m → En ∩ Em = ∅ ) de conjuntos em
X , resulta que
∞ ∞
µ ∪ En = ∑ µ ( En ) .
n =1 n =1
A seguir, são mostrados alguns exemplos importantes de medidas, com suas definições
particulares:
23
extensão completa λ f ∗ , definida sobre a σ -álgebra completa E ∪ N , onde N é a
coleção dos subconjuntos de todos os conjuntos de medida nula em B , é conhecida
como a medida de Lebesgue-Stieltjes.
24
agora a medida µα . Uma vez que α ( x ) é contínua, µα ({ p}) = 0 para todo conjunto
{ p} de pontos puros (pp), e µα está concentrada no conjunto de Cantor C , no sentido
de que µα ([ 0,1] C ) = µα ( M ) = 0 . Por outro lado, já vimos que a medida de Lebesgue
de C é zero. Em outras palavras, µα e a medida de Lebesgue λ ∗ habitam conjuntos
completamente distintos. Em particular, µα é um exemplo da medida de Lebesgue-
Stieltjes λ ∗f .
Def. AII.2.14. Diz-se que uma medida µ ≡ µsing é singular em relação à medida de
Lebesgue se e somente se µ ( M ) = 0 para algum conjunto M tal que M possui
medida de Lebesgue nula.
Def. AII.2.15. Diz-se que uma medida de Borel µ ≡ µ pp em ( µ ( K ) < ∞ para todo
conjunto compacto K ∈ ) é uma medida de ponto puro quando µ ( X ) = ∑ x∈X µ ( X )
para todo conjunto de Borel X . Uma medida de Borel µ ≡ µcont em é contínua
quando não possui pontos puros.
J = [ a1 , b1 ) × [ a2 , b2 ) × × [ an , bn ) .
25
Define-se como a medida de Jordan µ J desse retângulo como sendo o produto dos
comprimentos k [ ak , bk ) = ( bk − ak ) :
µ J ( J ) = ( b1 − a1 )( b2 − a2 ) ( bn − an ) = 1 ⋅ 2 n .
S = J1 ∪ J 2 ∪ ∪ J k , ∀k ≥ 1 .
Esta definição, porém, só serve como medida para a classe limitada de conjuntos que
são inteiramente cobertos pelos poli-retângulos. Para um conjunto limitado qualquer B ,
é necessário definir a medida de Jordan interna
µ J ∗ ( B ) = sup µ J ( S ⊂ B )
µ J∗ ( B ) = inf µ J ( S ⊃ B ) .
26
A integral de Riemann é uma parte fundamental do cálculo e um precursor
essencial da integral de Lebesgue. Consideraremos aqui a integral de Riemann de uma
função limitada em um intervalo fechado da linha real I = [ a, b] ⊂ . Uma partição P
de I é uma coleção finita de subintervalos { J k : 0 ≤ k ≤ N } , disjuntos por toda parte,
exceto por suas extremidades, cuja união é I . Podemos ordenar os J k = [ xk , xk +1 ] de
acordo com a regra
I P ( f ) = ∑ sup f ( x ) ( J k )
k Jk
e a soma inferior
IP ( f ) = ∑ inf f ( x ) ( J k ) ,
Jk
k
I ( f ) = inf I P ( f ) ;
P ∈Π ( I )
I ( f ) = sup IP ( f ) ,
P ∈Π ( I )
27
∫ f ( x ) dx = I ( f ) = I ( f ) .
I
∫ f ( x ) dx = lim ∑ f (ξν k ) ( Jν k ) .
ν →∞
I k =1
ϑ ( x ) = 1 , se x ∈ ; ϑ ( x ) = 0 , se x ∉ .
I (ϑ ) = ( I ) , I (ϑ ) = 0 .
28
∑ f ( x )∆x
n
f ( x ) dx ≡ lim
b
∫
∗
k k
a max ∆xk →0
k =1
∑ f ( x , y )∆A
n
∫∫ f ( x, y ) dA ≡ lim ∗
k
∗
k k
max ∆Ak → 0
k =1
∑ f ( x , y , z )∆V
n
∫∫∫ f ( x, y, x ) dV ≡ lim ∗
k
∗
k
∗
k k ,
max ∆Vk → 0
k =1
onde a ≤ x ≤ b e xk∗ , yk∗ e zk∗ são pontos arbitrários nos intervalos ∆xk , ∆Ak e ∆Vk
, respectivamente. O valor max ∆xk é chamado de malha de uma partição do
intervalo [ a, b] em subintervalos ∆xk .
Usando essa definição, pode-se calcular, por exemplo, a área sob a curva
f ( x ) = x r , no intervalo de 0 a a . Dividindo [ 0, a ] em n subintervalos iguais
a
∆xk = ≡h,
n
temos que
f ( x1 ) = f ( 0 ) = 0
f ( x2 ) = f ( ∆xk ) = h r
f ( x3 ) = f ( 2∆xk ) = ( 2h ) ,
r
f ( xk ) = f ( k − 1 ∆xk ) = ( k − 1) h = h r ( k − 1) ,
r r
f ( xk ) ∆xk = h r +1 ( k − 1) , e finalmente
r
n n
∑ f ( x ) ∆x = h r +1 ∑ ( k − 1) .
r
k k
k =1 k =1
k =1 k =1 k =1 k =1 k =1
n ( n + 1)( 2n + 1) n ( n + 1)
= h3 −2 + n .
6 2
29
Assim, passando ao limite, temos a integral de Riemann definida
n
n ( n + 1)( 2n + 1) n ( n + 1)
I = lim ∑ f ( xk ) ∆xk = lim h3 −2 + n =
n →∞ n →∞ 6 2
k =1
n ( n + 1)( 2n + 1) n ( n + 1) n 1 3
= a 3 lim 3
−2 + 3= a .
n →∞
6n 2n3 n 3
30
II.4. A integral de Lebesgue e a extensão a espaços abstratos.
II.4.1. A integral
Uma vez fixado, com o mínimo de rigor e de resultados necessários, o
conceito de medida, serão necessárias ainda algumas definições auxiliares para
estabelecer os resultados centrais da integração de Lebesgue, o que vai ser feito
a seguir.
n
ϕ = ∑ a j χE , j
j =1
de ϕ , e se E j = { x ∈ X : ϕ ( x ) = a j } , os E j são disjuntos, e X = ∪ E j .
n
j =1
∫ϕd µ = ∑ a j µ E j .
j =1
31
Adota-se nesta expressão a convenção 0 ⋅ ( +∞ ) = 0 , de modo que a
integral da função identicamente nula é sempre igual a zero, se a medida do
espaço for finita ou infinita. Observe-se que o valor da integral de uma função
simples em M + é bem-definido (podendo ser +∞ ), uma vez que os a j são não-
negativos, e jamais será encontrada uma expressão sem significado matemático
tal como ( +∞ ) − ( +∞ ) . Precisamos ainda das seguintes propriedades elementares
da integral:
Lema AII.4.3.
∫ cϕ d µ = c ∫ ϕ d µ ,
∫ (ϕ + ψ ) d µ = ∫ ϕ d µ + ∫ ψ dµ
∫f d µ = sup ∫ ϕ dµ ,
∫ f dµ = ∫ f χE d µ .
E
Pode ser mostrado facilmente que a integral é monótona, tanto com respeito ao
integrando, como com respeito ao conjunto sobre o qual se estende. Ou seja,
Lema AII.4.5.
i) Se f e g pertencem a M + ( X , X ) , e se f ≤ g , então ∫f dµ ≤ ∫ g dµ ;
32
ii) Se f pertence a M + ( X , X ) , se E , F pertencem a X , e se E ⊆ F , então
∫ f dµ ≤ ∫ f dµ .
E F
∫f d µ = lim ∫ f n d µ .
(A demonstração deste teorema pode ser feita a partir de resultados mostrados acima).
∫f d µ = ∫ f +d µ − ∫ f −d µ .
∫f d µ = ∫ f + d µ − ∫ f −d µ .
E E E
∫f dµ ≤ ∫ f dµ .
33
∫ f dµ ≤ ∫ g dµ .
∫α f dµ = α ∫ f dµ , ∫( f + g)dµ = ∫ f dµ + ∫ g dµ .
∫f d µ = lim ∫ f n d µ .
i) v ≥ 0 , para todo v ∈V ;
ii) v = 0 , se e somente se v = 0 ;
34
Def. AII.4.12. – Diz-se que duas funções em L = L ( X , X, µ ) são µ -equivalentes
quando elas são iguais por quase toda parte (ou seja, diferem entre si, em relação a µ ,
apenas por conjuntos de medida nula). A classe de equivalência determinada por f
em L é algumas vezes representada como [ f ] , e consiste no conjunto de todas as
funções em L que são µ -equivalentes a f . O espaço de Lebesgue L1 = L1 ( X , X, µ ) é
constituído por todas as classes de µ -equivalência em L . Se [ f ] pertence a L1 , sua
norma (ou L1 -norma) é definida por
[f]
1
= ∫ f dµ ,
e pode-se mostrar que L1 ( X , X, µ ) é um espaço linear normado.
Def. AII.4.13. – Se 1 ≤ p ≤ ∞ , o espaço Lp = Lp ( X , X, µ ) consiste em todas as classes
de µ -equivalência das funções f , X -mensuráveis e com valores em , para as quais
possui integral finita com respeito a µ , sobre X . A Lp -norma será dada por
p
f
[f] {∫ f }
p 1 p
= dµ
p
∫ g d µ = ∫ gf dx
para toda função de Borel g em L1 ( , d µ ) . Podemos então escrever que d µ = f dx .
Teorema AII.4.15. – Toda medida de Borel µ pode ser decomposta de forma única em
uma soma µ = µ pp + µcont .
Teorema AII.4.15. (Teorema da decomposição de Lebesgue) – Seja µ uma medida
de Borel. Sempre existe a decomposição µ = µac + µsing , e é única.
Portanto, dos dois teoremas acima se conclui que toda medida µ sobre possui
uma única decomposição canônica µ = µ pp + µac + µsing , onde µ pp é de ponto puro, µac
é absolutamente contínua em relação à medida de Lebesgue, e µsing é contínua e
singular com respeito à medida de Lebesgue. Esta decomposição irá se refletir, em
mecânica quântica não-relativística, onde cada estado será a soma de estados ligados,
estados de espalhamento, e estados sem interpretação física (pode-se mostrar, com
alguma dificuldade técnica, no contexto da análise espectral dos operadores no
35
formalismo de Schrödinger, que este último tipo de estado não ocorre, ou seja, que para
certas medidas {µsing } = ∅ )
Um espaço importante para o estudo das distribuições, que são definidas a partir
de uma generalização do conceito de medida, é o espaço de Schwartz, que é o espaço
S ( n ) das funções rapidamente decrescentes. Toda função f ∈ S ( n ) pertence ao
espaço de Lebesgue L1 ( n ) , e a transformada de Fourier
1
f (λ ) = f ( x ) dx (onde x ⋅ λ = ∑ k =1 xk λk ) é um mapeamento injetivo do
n
( 2π ) ∫
− ix⋅λ
e
n2
n
espaço de Schwartz sobre ele mesmo (isto é, um endomorfismo), o que resulta em que a
1
transformada inversa f ( λ ) = n2 ∫
eix⋅λ f ( x ) dx seja exatamente o mapeamento
( 2π ) n
inverso (Teorema de Plancherel). Este endomorfismo da transformada de Fourier
também ocorre em L2 ( n ) , embora nem todas as funções em L2 ( n ) estejam em
L1 ( n ) .
Def. AII.4.16. O espaço de Schwartz é definido pela condição
{
S ( n ) = f ∈ C ∞ ( n ) : f α ,b }
< ∞, ∀α , β ,
f α ,β
= sup xα D β f ( x ) ,
x∈ n
onde D β = −i∂α . Efetivamente, uma função de decrescimento rápido é uma função que,
quando x → ∞ , vai a zero mais rapidamente do que qualquer potência inversa de x ,
assim como também suas derivadas, e pode-se demonstrar que
S ( ) ⊂ L ( ) , ∀p ∈ [1, ∞] , e que as funções f ∈ S ( ) são limitadas (bounded).
n p n n
36
II.5. Alguns exemplos de medidas em Física Teórica.
II.5.1. A medida de Dirac
Talvez nenhuma outra medida tenha um uso tão presente na Física, desde sua
invenção, quanto a conhecida “função δ ”, ou “delta de Dirac”. Redescoberta por Dirac
na década de 1920 (“The Physical Interpretation of the Quantum Dynamics”,
Proceedings of the Royal Society of London, 113, p. 621-641, 1926-1927), esta
“função” já fora citada por Oliver Heaviside em seu livro “Electromagnetic Theory”
(1893-1912) como a derivada da hoje assim chamada “função de Heaviside”, ou
“função degrau”, e o próprio Heaviside atribuía a Jean Baptiste Joseph Fourier o mérito
de ter sido o primeiro a defini-la, ainda no contexto inaugural da representação de
funções por séries trigonométricas (No seu livro “Théorie analytique de la chaleur”
(1822), Fourier chega a uma expressão que, na notação de hoje, se traduziria por
1 2 + ∑ cos n ( x − α ) = πδ ( x − α ) ), no intervalo [ −π , π ] ). Qualquer livro-texto
avançado atual de eletromagnetismo define as funções de Green como soluções da
equação diferencial
Def. AII.5.1. – A medida de Dirac pode ser definida de forma geral a partir da integral
de Lebesgue
( )
δ ( xν ) (ϕ ) = ∫ ϕ ( x ) d δ ( xν ) ( x ) = ϕ ( xν ) , xν ∈ X ,
X
onde ϕ é uma função contínua sobre n , nula em torno de um conjunto compacto que
contém xν , e que assume valores complexos em .
37
conceito de distribuição a generalização do conceito de medida, um caso particular das
distribuições associadas a essas funções.
∫ dg ( af ( g ) + bh ( g ) ) = a ∫ dg f ( g ) + b ∫ dg h ( g ) ,
∫ dg f ( g ) > 0 , sempre que f ( g ) > 0 , ∀g .
∫ ( dg ) E
f ( g ) = ∫ ( dg ) E f ( g ′g ) ,
∫ dg 1 = 1 .
Mostraremos agora que esta medida existe e é única, assumindo primeiro sua existência
e encontrando uma expressão para ela, para depois mostrar que essa expressão satisfaz a
definição e é única.
38
Consideremos a princípio uma parametrização arbitrária dos elementos do grupo
em termos de parâmetros αi , em que o índice i vai de 1 a n , que é a dimensão da
variedade do grupo. Vamos admitir que, enquanto o parâmetro α percorre algum
domínio D de n , o elemento correspondente percorre univocamente o grupo:
G = { g (α ) | α ∈ D} .
g (α ( β , γ ) ) = g ( β ) g ( γ ) ,
onde α , β , γ ∈ D . Vamos agora buscar uma função-peso J (α ) que faça com que a
integral sobre o grupo seja uma integral n -dimensional usual:
∫ dg f ( g ) = ∫ dα dα J (α ) f ( g (α ) ) .
1 n
∫ d β J ( β ) f ( g ( β ) ) = ∫ d β J ( β ) f ( g (α ( γ , β ) ) ) ,
onde agora γ parametriza o elemento g ′ , usado acima na definição da invariância à
esquerda da medida. Fazendo agora a mudança de variáveis para α ( γ , β ) :
−1
∂α
∫ d β J ( β ) f ( g ( β ) ) = ∫ dα ∂β J ( β ) f ( g (α ) ) ,
J (α ) = ∂α ∂β J (β ) .
−1
J ( γ ) = K ∂ (α ( β , γ ) ) ∂β
−1
,
β =e
39
Portanto, se existe uma medida invariante, sua expressão será dada por essa
última equação. Para mostrarmos que a expressão é consistente com a definição, é
suficiente verificar que a expressão anterior continua válida para todo β , ou seja, após
introduzirmos um parâmetro δ ∈ D , comprovar que as duas expressões
( )
−1
J (α ( β , γ ) ) = K ∂ α (δ , α ( β , γ ) ) ∂δ
δ =e
e
−1 −1
∂α ( β , γ ) ∂α ( δ , β )
∂α ( β , γ ) ∂β J ( β ) = K
∂β ∂δ δ =e
são iguais.
α ( δ , α ( β , γ ) ) = α (α ( δ , β ) , γ ) .
∂α (δ , α ( β , γ ) ) ∂α ( ρ , γ ) ∂α (δ , β )
= .
∂γ ∂ρ ρ =α (δ , β )
∂δ
∫ ( dg ) D
f ( g ) = ∫ ( dg ) D f ( gg ′ ) .
∫ ( dg )′ f ( g ) = ∫ ( dg ) D
f ( g 0 gg0−1 ) ,
∫ ( dg )′ f ( gg ) = ∫ ( dg )
1 D
f ( g 0 gg0−1 g1 ) = ∫ ( dg ) D f ( g0 gg0−1 ) = ∫ ( dg )′ f ( g ) ,
40
após a aplicação da invariância à direita de ( dg ) D . Em consequência, ( dg )′ é também
invariante à direita, e a unicidade já mostrada anteriormente implica a igualdade
( dg )′ = ( dg ) D . Finalmente, usamos novamente a invariância à direita para obter que
∫ ( dg ) D
f ( g ) = ∫ ( dg ) D f ( g 0 gg 0−1 ) = ∫ ( dg ) D f ( g 0 g ) ,
o que mostra que a medida invariante à direita também é invariante à esquerda, e, logo,
por unicidade, ambas têm que ser iguais. Observe-se, é bom repetir, que, se as medidas
não fossem normalizadas na unidade – isto é, se o grupo não fosse unimodular -, todas
as medidas, finais e intermediárias, usadas na análise, poderiam sempre diferir por
fatores constantes. Pode ser demonstrado que todo grupo compacto é unimodular.
∫ dg f ( g ) = ∫ dg f ( g ) .
−1
Isto ocorre porque o lado esquerdo da equação define uma nova medida invariante – por
definição, todo elemento de um grupo possui um elemento inverso pertencente ao
mesmo grupo -, e, por unicidade, deve ser igual ao lado direito. O reflexo deste
resultado na teoria de calibre na rede de Wilson é que os sentidos das ligações entre os
vértices da rede não alteram a medida de integração.
Entretanto, saber que a medida de Haar sobre um grupo existe pode não ser de
muita ajuda, nos casos em que as leis de combinação de um determinado grupo são
complicadas. Uma fórmula um pouco mais explícita, e de muito maior utilidade para
obtermos as medidas de Haar sobre grupos de matrizes, é a que decorre da definição de
um tensor métrico sobre um grupo,
( )
M ij = Tr g −1 ( ∂ i g ) g −1 ( ∂ j g ) ,
∂i g = ( ∂ ∂α i ) g (α ) .
Em relação a essa métrica, a expressão da medida invariante de Haar passa a ter a forma
∫ dg f ( g ) = K ∫ dα det ( M ) f ( g (α ) ) ,
12
sendo o fator K uma constante de normalização. Esta é uma fórmula bem conhecida da
geometria diferencial dos grupos de Lie compactos. No caso dos grupos SU ( n ) , sendo
conhecido o tensor métrico em uma dada representação – fundamental ou adjunta -, a
medida de Haar será dada por
41
n 2 −1
∫ dg f ( g ) =∫ det M ∏ dω f (ω ,… , ω ) .
12 i 1 n
i =1
será c = 2 n , e na adjunta, c = n ( n 2 − 1) .
∫ dg f ( g ) = π ∫ d
−2 4
a δ ( a 2 − 1) f ( a0 + ia ⋅ σ ) .
Com uma parametrização diferente, angular (4-esférica), sobre a superfície da
esfera quadridimensional S3 de raio unitário, e usando a representação adjunta
do grupo, a medida de Haar terá a forma
ω
∫ dg f ( g ) = ∫ 4sen
sen θ d ω dθ dφ f (ω , θ , φ ) ,
2
2
onde ω 2 é o ângulo azimutal principal.
Estes dois resultados exemplificam algo que já foi avançado acima, ou
seja: as representações e/ou parametrizações dos elementos do grupo fazem com
que a medida de Haar possa assumir formas diferentes, porém rigorosamente
invariantes, nas representações e/ou parametrizações escolhidas.
42
• sobre o grupo SU ( 3) , Bég e Ruegg (Mirza Bég e Henri Ruegg, J. Math. Phys.
6, 677 (1965)) construíram uma base ortogonal completa para todas as
representações irredutíveis do grupo, usando as funções harmônicas esféricas
Ym , sobre a superfície de uma variedade invariante de SU ( 3) : a hiperesfera S5
com raio unitário. Em coordenadas esféricas, a parametrização será dada por
z1 + z2 + z3 = 1; z1 , z2 , z3 ∈
2 2 2
4
e a medida de Haar será dada por
3
1
∫ dg f ( g ) = K ∫∏i =1
dφi ∫ d ξ ∫ dθ sen 2 θ sen 2θ sen 2ξ f (φi , θ , ξ ) .
4
A constante K será determinada pela normalização
π 2 π 2 −1
1
K = ( 2π ) ∫ dθ ∫ d ξ sen 2 θ sen 2θ sen 2ξ .
3
0 0
4
A integral em ξ é imediata, e usando Gradshteyn, eq. 2.535(1), para integrar em
θ , obtemos que K = π −3 .
Logo, a medida de Haar sobre SU ( 3) , nesta parametrização e com a
base ortogonal completa composta por um conjunto bem definido de harmônicos
esféricos descritos por Bég e Ruegg, será dada por
dg = π −3 sen 2 θ sen 2θ sen 2ξ dφ1dφ2 dφ3 dθ d ξ .
43
II.5.3. Outras medidas de integração
1 1 n
γ n ( A) = dλ ( x) ,
( 2π ) ∫ 2
exp −
2
n2
x n
A
1 1 n
γ µn ,Σ ( A) = ∫ exp − 2 x−µ dλ ( x) .
2
( 2πΣ ) n
2
2 n2
A
α
Z J µa = ∫ DAµaDη∗aDηa exp i ∫ d 4 x LYM + LFP − ( ∂ µ Aaµ ) + J µa Aaµ ,
2
2
44
1 1
Podemos escrever Fµν = λ a Fµνa como Tr ( λ a λ b ) = δ ab , e obtemos
2 2
1 4 µν
d xFa ( x ) Fµνa , onde Fµνa = ∂ µ Aνa − ∂ ν Aµa − g 0 f abc Aµb Aνc . Temos então
4∫
S Aµa = −
i i
U
A µ ( x ) = U ( x ) Aµ ( x ) − ∂ µ U −1 ( x ) = U ( x ) A µ ( x ) U † ( x ) − U ( x ) ∂ µU † ( x ) =
g0 g0
= U ( x ) Aµ ( x )U † ( x ) +
i
g0
( ∂µU ( x ) )U † ( x ) , onde usamos que U ( x ) é um operador
unitário, U ( x ) = exp −i g 0 Λ a ( x ) λ a = exp −i g 0 ∏ Λ ( x ) , tal que S U A = S [ A ] .
i N 2 −1
Z J ∫ ∏ DA exp ∫ d x LYM ( Aµ ) + ∑ J µa Aaµ .
µ
a
a
µ
4 a
a a =1
( )
mudança de uma configuração geral Aµa para Aµa′ , U , onde Aµa′ satisfaz à escolha de
45
(OBS.: Na linguagem da Teoria de Fibrados podemos dizer que a órbita
{
OA a ≡ Aµa ∈ A SU ( 2 ) | ∃U ∈ SU ( 2 ) → Aµa′ = U Aµa
µ
} é a fibra definida para cada
∏ → A SU ( 2 ) ,
a ∈ SU ( 2 ) em relação ao fibrado principal não-trivial OA → A
onde A é o conjunto de todos os potenciais de Yang-Mills e ∏ é a projeção de
(
Consideremos a identidade I = ∫ DFa δ Fa Abµ ≡ ∆ −1 Aµa ∆ Aµa , que é )
“invariante de calibre”. Fazendo uma mudança de variáveis Fa → U no lado esquerdo
da equação:
δFa U Abµ
∫ DU det δU δ Fa Ab =
U µ
( )
Fa =0
δFa U Abµ
= ∫ ∏ DΛa det
a δΛ b
F =0
δ Fa U Abµ . ( )
a
δFa U Abµ
−1
∆ A = det
a , que é o determinante de Faddeev-Popov.
µ
δΛ b F = 0
a
iS Aµa , J µa
Z J µa = ∫ ∏ DAµa e
iS Aµa , J µa iS Aµa , J µa
∫ DAµa e
= ∫ DAµa ∆ −1 Aµa ∆ Aµa e
=
a
46
Como a ação S Aµa , J µa e o funcional ∆ Aµa são invariantes de calibre (a ação
(
Z J µa = ∫ DAµa ∆ −1 Aµa ∫ [DU ] δ Fa U Aµa e ) iS U Aµa , J µa
≡
(
≡ ∫ D U Aµa ∆ −1 U Aµa ∫ [DU ] δ Fa U Aµa e ) iS U Aµa , J µa
=
( )
= ∫ DAµa ∆ −1 Aµa ∫ [DU ] δ Fa Aµa e µ µ =
iS A , J a a
= ( ∫ [DU ]) ∫ DA a
µ ( )
∆ −1 Aµa δ Fa Aµa e
iS Aµa , J µa
≡
(
≡ Vgauge ∫ DAµa ∆ −1 Aµa δ Fa Aµa e ) iS Aµa , J µa
.
Portanto
(
Vg−1Z J µa = ∫ DAµa ∆ −1 Aµa δ Fa Aµa e ) iS Aµa , J µa
, onde
δFa U Aµb
−1
∆ A = det , e S A a , J a = S A a + d 4 xJ µ A a .
µ ∫
a
µ
δΛ b µ µ a µ
Fa =0
( )
δ Fa Aµb ≡ ∏ δ ( Fa ) = ∏ δ ( ∂ µ Aaµ − f a ( x ) ) .
a a
iα
Introduzindo agora a identidade 1 = cte.∫ ∏ Df c exp − ∫ d 4 x f a ( x ) f a ( x ) no
c 2
funcional gerador, obtemos
δFa U Abµ iα
− ∫ d 4 x f c2 ( x )
[ c] 2 δ ( ∂ µ Aaµ − f a ( x ) ) e µ µ .
iS A a , J a
Z J = ∫ DA det
a
µ
a
µ ∫ Df e
δΛ b F =0
a
Integrando em Df obtemos
47
δFa Aµc α 2
Z J = ∫ DA det
a
µ
a
µ
exp i ∫ d 4 x LYM Aµa + J aµ Aµa − ( ∂ µ Aaµ ) .
δΛ
b
F = 0 2
a
δFa U Aµc ( x )
−1 µ
∆ A = det ≡ det M; sendo F a ΛA b = 0 ;
a
δΛ b
( ) µ
y Λ= 0
∆ −1 Aaµ = det M
; Fa = 0 .
δ ΛAνd ( z ) δ
= b
δΛ ( y ) δΛ ( y )
b {Aνd ( z ) + ∂ ν Λ d ( z ) + g0 f def Λ e ( z ) Aνf ( z )} =
δFa ΛAµb ( x ) δ
Λ
δ A d
(z)
=
δ Aνd ( z )
Λ {∂ µ ΛAaµ ( x ) − f a ( x )} = ∂µδ ( z − x ) δad δνµ .
ν
( )
= ∫ d 4 z ∂ ν ∂ ν δab + g0 f abc Acν ( z ) δ ( z − x ) δ ( z − y ) ≡ ∫ d 4 z∂ ν Dabν δ ( z − x ) δ ( z − y ) =
= ( ∂ ν D ν ) δ( 4) ( x − y ) ,
ab
48
O determinante de Faddeev-Popov será então
{
Z J µa = ∫ DAµa det [ Mab ] exp iS Aµa , J µa + iα ∫ d 4 x ( ∂ µ Aaµ ) .
2
}
Observe-se que, no caso não-Abeliano, o Jacobiano não é independente de Aµa (como
ocorre no caso Abeliano), e não pode ser absorvido na normalização da integral
funcional. Isto constitui um grande problema para o cálculo do funcional gerador,
mesmo que perturbativamente, pois teremos contribuições não-locais.
{
det [ M] = ∫ DηνDη exp − ∫ d 4 x d 4 x ' η* ( x ) M ( x − x ' ) η ( x ' ) . }
Desta forma, podemos escrever o Jacobiano ∆ −1 = det Mab da seguinte maneira:
= ∫ ∏ Dη*a
a
∏ Dη a
a { }
exp i ∫ d 4 xLFP ( x ) , onde
2
49
Note-se que a Lagrangiana de Faddeev-Popov assemelha-se à de uma teoria de
férmions acoplados a um campo externo Aµc . Entretanto, o termo cinético η*a
ηa
corresponde ao termo cinético de um campo bosônico complexo.
Como estes campos ηa e η*a violam a conexão entre spin e estatística (Teorema de
spin-estatística, v. “PCT, Spin and Statistics, and All That”, A. S. Wightman & R.
Streater, 2000, Princeton U.P.), por possuírem métrica indefinida, são ghosts, e devem
contribuir apenas nos loops, e não devem existir fora da região de interação, pois não
correspondem a partículas físicas. Em resumo, são artefatos matemáticos introduzidos
para eliminar as ambigüidades do cálculo, e não possuem correspondência no sistema
físico.
ie− ip⋅( x − y )
0 T ( η*a ( x ) ηb ( y ) ) 0 = ∫ d 4 p δab .
p 2 + iε
50
Def. II.4.18. – A medida de Fujikawa para as teorias fermiônicas invariantes de calibre
é definida de acordo com o procedimento a seguir (Kazuo Fujikawa, Phys. Rev. Lett..
42, 18, p.1195-1198, 1979)
1
L = ψ ( iD − m )ψ + g 2 Tr Fµν F µν ,
2
ψ ( x ) = ∑ n anϕn ( x ) , ψ ( x ) = ∑ n ϕn ( x ) bn ,
†
d µ → d µ exp i ∫ α ( x ) (1 8π 2 ) Tr ∗ F µν Fµν dx ,
1 µναβ
onde * F µν ≡ ∈ Fαβ e ∈1234 =∈0123 = 1
2
Para exemplificar essa propriedade dentro do contexto de uma teoria física bem
conhecida, partiremos da lagrangiana clássica da QCD, a qual tem como graus de
liberdade fundamentais os campos de quarks qα ( α = 1, 2,3 ) e de glúons Aµa (
51
a = 1, 2, ,8 ), com qα e Aµa pertencendo, portanto, respectivamente, ao tripleto e ao
octeto do grupo de simetria de cor SU c ( 3) . A densidade lagrangiana, para um quark
com massa m , será dada por
Lcl = q α ( iD
/ αβ − mδαβ ) q β − Fµνa Faµν ,
1
4
Dµ ≡ ∂ µ + igt a Aµa .
t a , t b = if abc t c
tr ( t a t b ) = δ ab ,
1
2
f123 = 1 ,
f 458 = f 678 = 3 2 .
Podemos definir também a derivada covariante que atua sobre o octeto de cor do campo
de glúon como sendo dada por
Dµ ≡ ∂ µ + igT a Aµa ,
Esta definição pode ser apresentada numa forma mais elegante se fizermos as
substituições Aµ ≡ t a Aµa e Fµν ≡ t a Fµνa :
52
−i
Fµν = ∂ µ Aν − ∂ν Aµ + ig Aµ , Aν = Dµ , Dν .
g
Agora, por analogia com a teoria eletromagnética padrão, podemos definir campos
“elétricos” e “magnéticos” de cor a partir do tensor de intensidade de campo Fµν , que
serão, respectivamente,
Ei = F i0
1
B i = − ∈ijk F jk ,
2
( iD/ − m ) q = 0 e
Sabemos que a solução da equação de Dirac para o elétron livre é dada por
ϕ
ψ = exp {−ip ⋅ x} ,
χ
ϕ m I σˆ ⋅ p ϕ ϕ
p0 = 0 = m ,
χ σˆ ⋅ p m0 I χ χ
53
qR = (1 + γ 5 ) q e qL = (1 − γ 5 ) q .
t
q = ( u, d , s, c, b, t ) ,
cuja massa m será descrita agora por uma matriz 6 × 6 . Podemos observar, fazendo
uma analogia a partir da equação do elétron livre, que, para um quark livre com massa
nula, a quiralidade se reduz à helicidade.
W [J ] = e
iZ [ J ]
{
= ∫ [ dAdqdq ][ dcdc ] exp i ∫ d 4 x ( L + J Φ ) , }
onde c = c a t a e c = c a t a representam os campos fantasma e anti-fantasma de Fadeev-
Popov, e L é a lagrangiana quântica, invariável em relação à transformação BRST:
L = q α ( iD
/ αβ − mδαβ ) q β − Fµνa Faµν − ca ∂ µ Dµab cb −
1
4
( ∂ Aµ ) .
1 µ a 2
2ξ
Pode ser verificado de imediato que tanto L quanto Lcl são invariantes, para m = 0 , em
relação à transformação global U L ( N f ) × U R ( N f ) definida por
qL → exp {−iλ jθ Lj qL } , qR → exp {−iλ jθ Rj qR } ,
54
Usando agora o teorema de Nöther, que correlaciona simetrias a leis de
conservação, as relações obtidas para a corrente vetorial J µj = q γ µ λ j q e axial
J µj 5 = q γ µ γ 5λ j q serão
∂ µ J µj = iq m, λ j q , ( j = 0,… , N 2
f − 1) ,
∂ µ J µj 5 = iq {m, λ j } γ 5 q , ( j = 1,… , N 2
f − 1)
g2
∂ µ J µ0 5 = 2 N f 2iqmγ 5 q − 2 N f Faµν Fµνa ,
32π 2
onde Fµνa = ∈µνλρ Faµν 2 , com ∈0123 = 1 , é o tensor dual de intensidade de campo. Como
se pode observar, a conservação da corrente axial J µ0 5 do singleto de sabor é violada
não somente pela matriz de massa do quark, mas também pelo efeito quântico chamado
de anomalia axial. Do ponto de vista da integração funcional, este efeito é originado
pela não-invariância da medida fermiônica [ dqdq ] com respeito à transformação axial
U A (1) , demonstrada por Fujikawa (op. cit.).
55
III. Uma Teoria Geral da Integral de Feynman
O título “Por uma Teoria Geral da Integral de Feynman” seria mais fiel à realidade,
uma vez que existe mais de uma proposta para uma formulação rigorosa da teoria, como
veremos a seguir. De início, será exposta em III.1 a proposta original do próprio
Feynman, conforme utilizada repetidamente ao longo dos anos em que ensinou MQ no
California Technology Institute – Caltech. Será seguido de perto o texto do Cap. 2 do
livro Quantum Mechanics and Path Integrals, R. P. Feynman & A. R. Hibbs, 1965 –
mesmo porque, não tendo sido nunca reeditado, este livro é hoje uma raridade, quase
um objeto de colecionador.
ta
lagrangiana do sistema. Para uma partícula de massa m que se move num potencial
V ( x, t ) que é uma função da posição e do tempo, a lagrangiana será dada por
m 2
L= x − V ( x, t ) . A forma da trajetória extrema x ( t ) é determinada pelos
2
procedimentos usais do cálculo de variações. Assim, vamos supor que a trajetória x ( t )
sofra um desvio de δ x ( t ) ; a condição de que o ponto inicial e o ponto final sejam fixos
se traduz como δ x ( ta ) = δ x ( tb ) = 0 . A condição de que x seja um extremo de S
corresponde à expressão δ S = S [ x + δ x ] − S [ x ] = 0 , até a primeira ordem em δ x .
Usando a definição anterior de S podemos escrever que
tb ∂L ∂L
S [ x + δ x ] = ∫ L ( x + δ x, x + δ x, t ) dt = ∫ L ( x , x, t ) + δ x
tb
+ δ x dt
ta ta
∂x ∂x
tb ∂L ∂L
= S [ x ] + ∫ δ x + δ x dt .
ta
∂x ∂x
Integrando por partes, a variação de S resulta em que
∂L b d ∂L ∂L
t
tb
δS =δx − ∫ δ x − dt .
∂x ta ta
dt ∂x ∂x
Uma vez que δ x = 0 nas extremidades fixas da trajetória, o primeiro termo da
expressão à direita é nulo. Entre as extremidades, δ x pode assumir um valor arbitrário.
Logo, o extremo corresponde à curva ao longo da qual a seguinte condição é satisfeita:
56
d ∂L ∂L
− = 0.
dt ∂x ∂x
Esta é a equação de Euler-Lagrange clássica para o movimento, equivalente à segunda
lei de Newton.
Na Mecânica Clássica (MC), a forma da integral da ação S = ∫ Ldt é o que
interessa, e não o valor extremo SCl . Este interesse se origina da necessidade de se
conhecer a ação ao longo de um conjunto de trajetórias vizinhas, e a partir daí
determinar a trajetória de ação mínima.
Na MQ, tanto a forma da integral quanto o valor do seu extremo são
importantes. Com exemplo, vamos calcular o valor de SCl para uma partícula livre em
que L = mx 2 2 . Da equação de movimento sai imediatamente que mx = 0 . Integrando a
ação por partes teremos
2
m tb dx m tb m
SCl = ∫ L dt = ∫ dt = ∫ x dx = xx tb − ∫ xx dt .
tb t tb
ta 2 ta dt 2 ta 2 a ta
O integrando à direita é nulo, e, como x ( ta ) = x ( tb ) = constante = ( xb − xa ) ( tb − ta ) ,
resulta que SCl = m ( xb − xa ) 2 ( tb − ta ) .
2
Podemos chegar agora à regra da MQ que diz o quanto cada trajetória contribui para a
amplitude total de probabilidade para ir do ponto a ao ponto b . Neste caso, não é
apenas a trajetória particular do valor extremo da ação que contribui, mas é a totalidade
das trajetórias possíveis entre os dois pontos que vai contribuir, em proporções iguais,
porém com diferentes fases, para a amplitude total. A fase da contribuição de uma
determinada trajetória é a ação S própria a essa trajetória, em unidades do quantum de
ação . Resumindo: a probabilidade P ( b, a ) para uma partícula ir de um ponto xa com
tempo t a para um ponto xb com tempo tb é o quadrado absoluto P ( b, a ) = K ( b, a ) de
2
57
φ x ( t ) = A ⋅ exp {iS x ( t ) } diz que todas as trajetórias contribuem igualmente,
embora suas fases variem, mas não fica claro de que maneira, no limite clássico, uma
determinada trajetória é selecionada como a mais importante. A aproximação clássica,
contudo, corresponde ao caso em que as dimensões, massas, tempos, etc., são tão
grandes que S se torna imensa em comparação com ( = 1.05 × 10−27 erg-s), e a fase
S da contribuição é algum ângulo muito grande. A parte real (imaginária) de φ é o
cosseno (seno) desse ângulo, e tem chances iguais de ser positiva ou negativa. Se
movermos agora a trajetória por uma pequena distância δ x , pequena na escala
clássica, a alteração em S também será pequena nessa escala, mas não quando medida
na ínfima unidade . Essas pequenas mudanças na trajetória acarretarão, em geral,
enormes mudanças na fase, e o cosseno ou o seno oscilarão, de forma tremendamente
rápida, entre valores positivos e negativos. Assim, a contribuição total somada será
contabilizada como nula, pois quando uma trajetória contribui positivamente, uma
outra, infinitesimalmente próxima (do ponto de vista clássico) contribuirá
negativamente, anulando-a.
Desta forma, nenhuma trajetória será considerada quando sua vizinha tem uma
ação diferente que cancele a sua contribuição. Para a trajetória especial x , porém, para
a qual S se encontra num extremo, uma pequena variação não produz, ao menos em
primeira ordem, variação alguma em S . Todas as contribuições das trajetórias nesta
região estão aproximadamente em fase – na fase SCl -, e não se cancelarão. Portanto,
podemos ter contribuições importantes somente para trajetórias nas vizinhanças de x , e
no limite clássico precisaremos considerar importante apenas esta trajetória em
particular. É desta maneira que as leis clássicas de movimento surgem a partir das leis
quânticas correspondentes.
A ∼ ∑ f ( xi ) ,
i
58
A = lim ∆ ∑ f ( xi ) .
∆→∞
i
N ⋅ ε = tb − ta , ε = ti +1 − ti , t0 = ta , t N = tb , x0 = xa , xN = xb .
A equação resultante é
K ( b, a ) ∼ ∫∫ ∫ φ x ( t ) dx1dx2 … dxN −1 .
cada vez menor, podemos obter uma amostra mais representativa do conjunto completo
de todas as trajetórias possíveis entre a e b . Entretanto, não podemos passar
diretamente ao limite deste processo, porque esse limite não existe sem que seja
definido um fator de normalização que dependa de ε .
ε →0 A ∫∫ A A A ta
é uma integral de linha executada sobre a trajetória poligonal composta pelos segmentos
de reta que conectam todos os pontos xi .
59
III.1.4.3. A integral de trajetória
Há muitas maneiras de se definir um subconjunto de todas as trajetórias entre a
e b . A definição particular que usamos aqui poderá não ser a que sirva melhor a certos
propósitos matemáticos. Por exemplo, vamos supor que a lagrangiana dependa da
aceleração de x . Da forma pela qual construímos a trajetória, a velocidade é
descontínua nos vários pontos ( xi , ti ) , uma vez que a aceleração é infinita nesses
pontos. Esta será uma situação em que, possivelmente, teremos problemas. Entretanto,
nos exemplos que estamos apresentando, a substituição x = ( xi +1 − 2 xi + xi −1 ) ε 2 será
suficiente. Podem existir outros casos em que esta substituição não seja adequada, ou
mesmo possível, e nos quais a definição de soma sobre todas as trajetórias apresentada
aqui será inadequada. Esta situação ocorre na integração usual, em que a definição de
Riemann não se aplica, e precisamos recorrer a alguma outra definição, como, por
exemplo, a de Lebesgue.
K ( b, a ) = ∫ exp {( i ) S [b, a ]} D
x ( t ) ,
b
que será chamada de kernel da integral de trajetória, identificada pela notação D que
representa a medida de integração adequada, ou mais precisamente, o nosso
desconhecimento sobre a natureza precisa desta medida.
S [b, a ] = S [b, c] + S [ c, a ] .
Isto resulta da definição de ação como uma integral sobre o tempo e do fato de L só
depender da derivada de primeira ordem de x . Podemos então escrever o kernel como
K ( b, a ) = ∫ exp {( i ) S [b, c ] + ( i ) S [ c, a ]} Dx ( t ) .
Sempre é possível dividir uma trajetória em duas partes, a primeira com as extremidades
xa e xc ≡ x ( tc ) , e a segunda com extremidades xc e xb . Também é possível integrar
sobre todas as trajetórias de a para c , depois sobre todas as trajetórias de c para b , e
60
finalmente integrar o resultado sobre todos os valores possíveis de xc . Na primeira
etapa da integração, S [b, c ] é constante, e o resultado parcial será dado por
xc ∫
c
onde agora as integrações devem ser efetuadas não somente entre as trajetórias entre c
e b , mas também sobre a variável intermediária xc . Na etapa seguinte, será efetuada a
integração sobre todas as trajetórias entre um ponto arbitrário xc e o ponto b , e tudo o
que resta é uma integral sobre todos os valores possíveis de xc :
K ( b, a ) = ∫ K ( b, c ) K ( c, a ) dxc .
xc
Este resultado pode ser resumido assim: cada uma das trajetórias alternativas de
a para b pode ser associada ao passar num tempo tc por uma posição específica xc . E
o kernel para uma partícula que vai de a para b pode ser calculado pelas seguintes
regras:
P0 = 1 ; Pt P s = Pt + s 0 ≤ t, s ≤ ∞
Pt ≤ 1 0≤t <∞
61
lim Ptψ = ψ ψ ∈X .
t →0
Q = inf β onde B = {β | Qx ≤ β x , ∀x ∈ X } ,
β ∈B
Aψ = lim
t →0 t
( P ψ −ψ )
1 t
n →∞
A demonstração rigorosa desta fórmula não será apresentada, e em lugar disto será feita
uma demonstração heurística no âmbito da MQ, suficiente para os presentes objetivos,
como se segue.
1 2 −2 ∂ 2
Hψ = i ∂ψ ∂t ; H = T +V = p +V = +V .
2m 2m ∂x 2
∂
H − i G ( t , t0 ) = −i ( I ) δ ( t − t0 ) .
∂t
∂
H x − i G ( x , t ; y , t 0 ) = − i δ ( x − y ) δ ( t − t 0 ) .
∂t
62
G ( x, t; y, t0 ) = x G ( t , t0 ) y .
ψ ( t ) = G ( t , t0 )ψ ( t0 ) .
iH ( t − t0 )
G ( t , t0 ) = θ ( t − t0 ) exp − ,
onde θ é a função degrau, ou função de Heaviside. Uma vez que é assumido que H
independe do tempo, podemos, sem perda de generalidade, fazer uma translação
temporal e fixar t0 = 0 . Assim, para t > 0 , teremos
G ( x, t; y ) = x exp [ −iHt ] y .
G ( x, t ; y ) = x e
− λ (T +V ) N − λ (T +V ) N − λ (T +V ) N
e e y ,
onde o produto entre o bra e o ket é repetido N vezes. Usando a fórmula de Baker-
Campbell-Hausdorff para produtos de exponenciais de operadores
A+ B +
1 1
( )
[ A, B ]+ A,[ A, B ] + B ,[ B , A] +…
e Ae B = e 2 12
,
e − λ (T +V ) N = e− λT N e − λV + O (1 N 2 ) → e − λT N e− λV N .
N N N
N
Para números reais, mas não para operadores, esta substituição é imediata, e depende
apenas de uma propriedade fundamental da exponencial: a expressão (1 + ( x + yn ) n )
n
63
(e ) − (e ) = (e )(e )
N −1
− λ (T +V ) N
N
− λT N N − λ ( T +V ) N − λ (T +V ) N
e − λV N − λT N
e − λV N
−e
− λ (T +V ) N
+e − λT N e− λV N
e− λT N e − λV N
−e e − λ (T +V )( N − 2) N
+
+ ( e − λT N e− λV )
N −1 − λ (T +V ) N
N
e− λT N e− λV N
−e .
Esta última expressão é uma identidade, em que todos os N termos possuem um fator
− λ (T +V ) N
igual a e− λT N e− λV N
−e , o qual, segundo já foi visto, é da ordem de 1 N 2 , e,
logo, no limite N → ∞ , a diferença será nula. Justificamos assim a expressão para o
propagador de Green
G ( x, t; y ) = lim x ( e− λT N e− λV )
N N
y .
N →∞
Para obtermos a integral de trajetória, introduzimos agora, entre cada termo no produto
de exponenciais, o operador identidade, representado no espaço de coordenadas por
I x = ∫ dx j x j xj , j = 1, 2,… , N − 1 ,
para obter
N −1
G ( xN , t; x0 ) = lim ∫ dx1 dxN −1 ∏ x j +1 e− λT N e − λV N
xj .
N →∞
j =0
∞
1 − λ p 2 2 mN i p (η −ξ )
η e− λT N ξ = ∫ dp η e − λT N p p ξ =
2π ∫
dp e e .
−∞
Esta é uma integral gaussiana, cuja solução geral é conhecida e dada por
∞
∫e
− ay 2 + by
dy = π a ⋅ eb
2
4a
.
−∞
64
η e− λT N ξ = mN 2πλ 2 e− mN (η −ξ ) 2 λ 2
2
Resulta então que , e a expressão do
propagador terá a forma
m ( x − x )2 N λV ( x )
mN N −1
G ( xN , t ; x0 ) = lim ∫ dx1 dxN −1 ∏
j +1
exp − − .
j j
2πλ j =0 2λ N
N →∞ 2 2
Para justificar porque essa expressão é uma “integral de trajetória”, ou uma “soma sobre
histórias”, imaginemos que os pontos x0 , x1 ,… , xN sejam conectados por segmentos
retilíneos. A linha resultante será uma poligonal entre x0 e xN , e a soma dentro da
exponencial pode ser interpretada, no limite, como uma soma de Riemann de uma certa
integral ao longo dessa poligonal:
N −1 m x j +1 − x j 2 1 dx 2
( ) ( )
t
∑ ε
j =0 2
ε
− V x j
∼ dτ
∫0 2 dτ
m − V x .
65
iS x ( i )
G ( x, t ; y ) = C ∑ e .
x( i )
x( 0 ) = y
x( t ) = x
iS x ( i )
Esta é uma soma sobre trajetórias, ou sobre histórias, de e , que garante a
contribuição para a soma de todas as trajetórias que satisfaçam às condições x ( 0 ) = y ,
x ( t ) = x . O símbolo maiúsculo Σ é usado para evitar a impressão de que temos uma
medida confiável - bona fide -, e o estado presente do conhecimento sobre a integração
de trajetória só permite que cheguemos até aí.
Lquad = mx 2 2 + b ( t ) xx
− c ( t ) x2 2 − e ( t ) x ,
que tem como casos particulares o OHS, o OHS forçado e o campo de força uniforme.
A ação é a integral desta função em relação ao tempo, entre dois pontos fixos ( xa , ta ) e
( xb , tb ) . Queremos determinar a expressão para o kernel
i tb
K ( b, a ) = ∫ exp ∫ L ( x, x, t ) D
x (t ) .
b
a
t a
A maneira mais direta, mas a mais trabalhosa e tediosa, é seguir o método de divisão em
intervalos de tempos iguais, fazer a passagem ao limite, etc. Mas podemos fazer a
mesma coisa, definindo como x ( t ) a trajetória clássica e constante entre os pontos
inicial e final, e representando x em termos de x e de uma nova variável y ( t ) , que
representará o desvio da trajetória clássica, através de: x = x + y . Como as trajetórias
têm os mesmos pontos fixos iniciais e finais, resulta que y ( ta ) = y ( tb ) = 0 , e, como
x − y = x é constante, Dx ( t ) = Dy ( t ) . A integral para a ação assume então a forma
S x ( t ) = S x ( t ) + y ( t ) = ∫ α ( t ) x 2 + 2 xy
tb
+ y 2 + dt .
ta
66
Como sabemos que a escolha de x ( t ) é tal que não cause alterações em S , até a
primeira ordem, para pequenas variações de trajetória na vizinhança de x , podemos
concluir que tudo o que resta são os termos de segunda ordem em y ( t ) , e escrevemos
ta
Mas a integral sobre Dy ( t ) não depende da trajetória clássica, logo, o kernel será
i 0 i tb
K ( b, a ) = exp SCl [b, a ] ∫ exp ∫ α ( t ) y 2 + β ( t ) yy
+ γ ( t ) y 2 dt Dy ( t ) .
0 ta
i
K ( b, a ) = exp SCl [b, a ] F (T ) .
Explicitando:
67
A integral da ação é dada por
mω 2
(
m 2
) ∫ (A cos 2ωt − B 2 cos 2ωt − 2 AB sen 2ωt ) dt =
tb tb
SCl = ∫
x − ω 2 2
x dt = 2
ta 2 2 ta
mω A2 B2
= ( sen 2ω tb − sen 2ω t a ) − ( sen 2ωtb − sen 2ωta ) + AB ( cos 2ωtb − cos 2ωta ) =
2 2 2
mω A2 − B 2
= ( sen 2ωtb − sen 2ωta ) + AB ( cos 2ωtb − cos 2ωta ) .
2 2
Mas
A2 − B 2 1
= , e
2 2sen 2 ωT + xa xb ( sen ωta sen ωtb − cos ωta cos ωtb )
−1 xa2 sen ωtb cos ωtb + xb2 sen ωta cos ωta −
AB = .
sen 2 ωT − xa xb ( sen ωta cos ωtb + sen ωtb cos ωta )
sen ωT cos ωT =
= sen ωtb cos ωtb ( cos 2 ωta − sen 2 ωta ) + sen ωta cos ωta ( cos 2 ωtb − sen 2 ωtb ) ,
mω mω
SCl = ( xa2 + xb2 ) sen ωT cos ωT − 2 xa xb sen ωT = ( xa2 + xb2 ) cos ωT − 2 xa xb
2sen ωT
2 2sen ωT
imω 2
K OHS = F (T )OHS exp
2 sen ωT ( xa + xb2 ) cos ωT − 2 xa xb .
m ( xb − xa )
2
S livre
= .
2 tb − ta
Cl
68
im ( xb − xa )2
K ( b, a )livre = m 2π iT ⋅ exp .
2 T
0 i T m 2
F (T )OHS = ∫ exp ∫
2
( y − ω 2 y 2 ) dt Dy ( t ) .
0
0
nπ t
y ( t ) = ∑ an sen .
n T
Agora a integral para a ação pode ser escrita em termos dessa série, e o termo de
energia cinética será dado por
nπ t mπ t nπ t mπ t nπ t 2
2
T
y 2 dt = ∑∑ dt = ∑
T T
∫0
n m T T
an am ∫ cos
0 T
cos
T 2 n T
an ,
T
∑ an2 .
T
∫0
y 2 dt =
2 n
∞
∞ ∞ N im nπ 2 2 da1 da2 daN
F ( T )OHS = ∆ J ∫−∞ −∞∫ −∞∫ ∑
exp − ω 2
an .
n =1 2
T
A A A
69
Como o expoente pode ser separado em fatores, as integrações sobre cada coeficiente
an podem ser feitas separadamente, apresentando a forma geral
−1 2
∞
im n 2π 2
2 2 dan n 2π 2 2
∫−∞ exp 2 T 2 − ω an A = T 2 − ω .
−1 2
sen ωT
F (T )OHS =C .
ωT
mω
12
F (T )OHS = ,
2π i sen ωT
mω imω 2
12
K OHS = exp
2π i sen ωT 2 sen ωT ( xa + xb2 ) cos ωT − 2 xa xb .
Obs.: A lagrangiana quadrática mais geral apresentada acima (III.3.1) pode ter o seu
kernel (gaussiano) calculado de forma genérica pelo método de autovalores, e sua
expressão final será dada por
m i
K quad ( b, a ) = ⋅ exp SCl [b, a ] ,
2π i ⋅ f ( tb , ta )
∂2
m f ( t , ta ) + c ( t ) f ( t , t a ) = 0 ,
∂t 2
70
∂
f ( ta , ta ) = 0 ; f ( t , ta ) =1.
∂t t = ta
t
Ψ ′t Ψ T = ∫ Dψ exp i ∫ dt ψ 2 2 − ω 2ψ 2 2 + J ( t )ψ ,
T
1 t
− ε ∫ dt ψ 2 ( t ) ε >0,
2 T
e fazer com que ε → 0 ao final dos cálculos. O integrando passa agora a ser escrito
como
t 1
exp i ∫ ψ 2 − (ω 2 − iε )ψ 2 + Jψ .
1
T 2 2
Vamos supor agora que queremos calcular a amplitude de transição para o OHS,
partindo de um estado Ψ no passado infinito e chegando a um estado Ψ ′ no futuro
infinito, na presença de uma força externa. Será conveniente trabalharmos com as
transformadas de Fourier direta G , que é qualquer função bem-comportada de t , e sua
inversa G :
71
∞ dE iEt ∞ dt − iEt
G (t ) = ∫ e G(E) G ( E ) = ∫ e G (t ) .
−∞
2π −∞
2π
dE ′ i( E + E ′)t
ψ 2 − (ω 2 − iε )ψ 2 = ∫
∞ dE
− EE ′ − ω 2 + iε ψ ( E )ψ ( E ′ ) ~
−∞ 2π 2π e
1 +∞ dE dE ′ i( E + E ′)t
J ( t )ψ ( t ) = ψ ( E ) J ( E ′ ) + ψ ( E ′ ) J ( E ) .
2 ∫−∞ π π
e
+∞
Usando a identidade δ ( x − x′) = ∫ e
ik ( x − x′)
dk 2π , integrando sobre t e depois sobre E ′
−∞
ψ ′ ( E ) = ψ ( E ) + J ( E ) ( E 2 − ω 2 + iε ) , ou
+∞ dE iEt J ( E )
ψ ′ (t ) =ψ (t ) + ∫ e ,
−∞
2π E 2 − ω 2 + iε
Ψ ′+∞ Ψ −∞ J
=
i +∞ J ( E ) J ( − E ) i +∞
= exp − ∫ dE 2 ∫ ψ ∫ dE ψ ′ ( E ) ( E − ω + iε )ψ ′ ( − E )
2 2
D exp
2 −∞ E − ω + iε
2
2 −∞
Dψ ′ = Dψ ,
i
+∞
J ( E ) J ( − E )
Ψ ′+∞ Ψ −∞ J
= Ψ ′+∞ Ψ −∞ J =0
⋅ exp − ∫ E 2 − ω 2 + iε .
dE
2 −∞
72
i +∞
exp − ∫ dt ′ J ( t ) D ( t − t ′ ) J ( t ′ ) ,
2 −∞
onde
dE e − i(t −t ) E
′
+∞
D (t − t′) = ∫ .
−∞ 2π E 2 − ω 2 + iε
Ω +∞ Ω −∞ J
= ∫ d Ψ ′d Ψ Ω +∞ Ψ ′+∞ Ψ ′+∞ Ψ −∞ J
Ψ −∞ Ω −∞
i
− J DJ
= ∫ d Ψ ′d Ψ Ω+∞ Ψ ′+∞ Ψ ′+∞ Ψ −∞ J =0
Ψ −∞ Ω −∞ e 2
.
Mas Ω+∞ Ω −∞ J =0
é a amplitude de transição para que o sistema, partindo de seu
estado fundamental no passado infinito, se encontre no seu estado fundamental no
futuro infinito, na ausência de toda e qualquer força externa. E terá que ser
obrigatoriamente igual a 1 (desde que a normalização seja possível). Assim, podemos
identificar
i +∞
W [ J ] ≡ exp − ∫ dt ′ J ( t ) D ( t − t ′ ) J ( t ′ )
2 −∞
i iZ [ J ]
W [ J ] ≡ exp − J1 D12 J 2 ≡e .
2
1,2
1
D (t ) = θ ( t ) e − iωt + θ ( −t ) eiωt ,
2iω
73
onde θ ( x ) é a função degrau de Heaviside. E também, diferenciando diretamente a
dE e − i(t −t ) E
′
+∞
expressão integral D ( t − t ′ ) = ∫ , obtemos a equação diferencial
−∞ 2π E 2 − ω 2 + iε
d2 2
2 + ω D ( t ) = −δ ( t ) .
dt
∂G
G ( x1 + η1 , x2 + η2 ,…) − G ( x1 , x2 ,…) = ∑ ηi .
i ∂xi
δF
F A ( x ) + η ( x ) − F A ( x ) = ∫ η ( y ) dy .
δ A( y )
74
Todas as regras do cálculo usual, como diferenciação de produtos (regra de Leibniz),
integração por partes, etc., permanecem válidas no cálculo funcional assim definido.
δ F [ A]
= f ′ ( A( x )) =
df
;
δ A( x) dA
δ δ A( x) δ
, A ( x ) = − A( x) = δ ( x − y) ,
δ A ( y ) δ A( y) δ A ( y )
δ2 δ δ i
− JD
( −i ) W [ J ] = ( −i ) = D12 = D ( t1 − t2 ) .
2 2 1 12 J 2 1,2
e 2
δ J1δ J 2 δ J ( t1 ) δ J ( t2 )
75
muito pequeno, o que faz com que toda série perturbativa expandida em função de α
exiba uma convergência muito rápida.
Como fazer, porém, no caso geral, em que não sabemos a priori nem a solução,
nem estimar a ordem de grandeza dos parâmetros de acoplamento, e temos que obter
uma formulação da teoria, em integrais funcionais, que não pode depender dos estados
físicos que não conhecemos? A saída é na verdade muito simples, e já foi usada acima:
quaisquer que sejam os estados físicos de um sistema, por mais complexos e
surpreendentes que sejam, existe o consenso de que deve sempre haver um estado de
energia mínima, chamado de estado de vácuo. Imaginemos que vamos trabalhar com a
amplitude de transição do sistema a partir do estado de vácuo em t = −∞ até o estado de
vácuo em t = +∞ na presença de uma fonte de força arbitrária J ( x ) , onde x
representa o quadrivetor de posição no espaço-tempo. Isto quer dizer que, a qualquer
instante, reservamo-nos o direito de conduzir o sistema aonde bem entendermos, e
observar sua reação, com mecanismos de prova apropriados para a obtenção de
respostas reconhecíveis. Exatamente esta será a estratégia: a) trabalhar com a amplitude
ΩΩ J
para uma fonte arbitrária J ( x ) ; b) reconhecer e interpretar os resultados em
termos de amplitudes de espalhamento; c) usar essas amplitudes para calcular as
consequências físicas da teoria.
1
S = ∫ d 4 x ∂ µφ ∂ µφ − m 2φ 2 − V (φ ) = ∫ d 4 x L (φ , ∂ µφ ) .
1
2 2
∂L
π ( x) = = ∂ 0φ ≡ φ ,
∂ ( ∂ 0φ )
ΩΩ J {
≡ W [ J ] = N ∫ Dφ Dπ exp i πφ − H + J φ },
76
onde a constante N não é em geral bem-definida. A notação • indica integração
sobre o espaço-tempo, e J ( x ) é uma fonte arbitrária. Integrando sobre π , da mesma
forma que anteriormente, obtemos
1 1
W [ J ] = N ′∫ Dφ exp i ∂ µφ ∂ µφ − m 2φ 2 − V (φ ) + J φ .
2 2
1 1
W E [ J ] = N E ∫ Dφ exp − ∂ µEφ ∂ µEφ − m 2φ 2 − V (φ ) + J φ .
2 2
Em ambos os casos, o funcional gerador é usado para produzir as funções de Green que
são os coeficientes da expansão funcional
(i )
N
∞
W [J ] = ∑ J1 J 2 J N G ( (1, 2, , N ) 1N ,
N)
N =0 N!
ou
1 δ δ δ
G( (1, 2, , N ) = W [J ]
N)
.
(i ) δ J1 δ J 2 δ J N
N
J =0
1
W0 [ J ] ≡ N ∫ Dφ exp i ∂ µφ ∂ µφ − ( m 2 − iε ) φ 2 + J φ .
1
2 2
77
Como no caso do OHS forçado, o cálculo é mais simples no espaço dos momentos
canônicos, que é o espaço das transformadas de Fourier dos campos canônicos
conjugados, usando as transformadas
4
+∞ d x
F ( p ) = ∫ e−ip⋅ x F ( x ) ,
( 2π )
−∞ 2
+∞ d4 p
F ( x) = ∫ eip⋅ x F ( p ) ,
( 2π )
−∞ 2
( )
+∞
d4 p
δ ( 4) ( x − x′ ) = δ x 0 − x 0′ δ ( x − x′ ) = ∫ ( 2π ) 4
e(
i x − x ′ )⋅ p
,
−∞
onde x ⋅ p = x 0 p 0 − x ⋅ p , e F é qualquer função bem-comportada.. O expoente do
integrando pode ser facilmente expresso em termos das transformadas de Fourier de φ e
J , na forma
i −1
∫ d 4 p φ′ ( p ) p 2 − m 2 + iε φ′ ( − p ) − J ( p ) p 2 − m 2 + iε J ( − p ) ,
2
−1
onde φ′ ( p ) = φ ( p ) + p 2 − m 2 + iε J ( p ) . A nova variável φ ′ ( p ) difere de φ ( p ) no
espaço funcional apenas por uma constante, portanto, Dφ = Dφ ′ . Reunindo tudo, temos
( p) 2
J 1 2
∫ Dφ ′ exp i ∂ µφ ′ ∂ φ ′ − ( m − iε ) φ ′ ,
1 2
W0 [ J ] = N exp i ∫ d 4 p 2 µ
p − m + iε
2
2 2
i J ( p ) J ( − p )
W0 [ J ] = W0 [ 0] exp − ∫ d 4 p 2 .
2 p − m 2 + iε
( −i ) δ 2W0 [ J ] = ∆ ,
2
i
W0 [ J ] = W0 [ 0] exp − J1∆ F 12 J 2 ∴
W0 [ 0] δ J1δ J 2 J = 0
F 12
2
78
onde
− ip ⋅( x1 − x2 )
d4p e
∆ F 12 ≡ ∆ F ( x1 − x2 ) = ∫
( 2π ) p 2 − m 2 + iε
4
é o propagador de Feynman.
1 δ δ δ
G0( (1, 2, , N ) = W [J ]
N)
.
(i ) δ J1 δ J 2 δ J N 0
N
J =0
Realizando os cálculos, vemos que somente não são nulas as funções de Green com
número par de variáveis (devido à única dependência em J 2 de W0 [ J ] ), e todas são
funções apenas das diferenças ( xi − x j ) , refletindo a invariância translacional da teoria.
Teremos, por exemplo:
G0(
2)
( x1 , x2 ) = i∆ F ( x1 − x2 )
G0( 4) ( x1 , x2 , x3 , x4 ) = − ∆ F ( x1 − x2 ) ∆ F ( x3 − x4 ) + ∆ F ( x1 − x3 ) ∆ F ( x2 − x4 ) + ∆ F ( x1 − x4 ) ∆ F ( x2 − x3 )
G0( 6) ( x1 , x2 , x3 , x4 , x5 , x6 ) = −i ∆ F ( x1 − x2 ) ∆ F ( x3 − x4 ) ∆ F ( x5 − x6 ) +
( −1)
N
iZ [ J ] = ∑ Gc( (1,, N ) J1 J N
N)
.
N N! 1N
O subscrito em Gc(
N)
significa que estas são as funções de Green que
correspondem aos diagramas de Feynman conexos, que serão mostrados mais adiante,
e cuja denominação, de origem topológica, decorre do fato de poderem ser
integralmente “percorridos” sem interrupção.
79
O significado físico das funções de Green geradas a partir de W0 [ J ] pode ser
visto pela equação diferencial que resulta da derivada da integral que define o
propagador, o qual resulta ser a função de Green do operador + m2 :
(∂ ∂
µ
µ
+ m 2 ) ∆ F ( x ) = −δ (
4)
( x) .
As condições de contorno são determinadas pela prescrição −iε , através da integral de
trajetória. Podemos então identificar ∆ F ( x − y ) como sendo o propagador de sinais, de
x para y , correspondentes a estados de partícula e de antipartícula, uma vez que esses
estados são soluções da equação de Klein-Gordon
( )
+ m2 φ = 0 .
G0(
2)
( x, y ) = x__________y
Mas verifica-se rapidamente que uma interpretação mais fácil de analisar é a que pode
ser feita no espaço das transformadas de Fourier, o espaço dos momentos lineares. A
natureza característica de ∆ F ( x − y ) nos leva a interpretar p µ como o momento linear
quadridimensional de um estado de partícula. Esta interpretação é consistente com a
invariância translacional, que conduz naturalmente ao princípio de conservação do
momento linear p µ , cuja caracterização operacional na função de Green transformada
G ( ) ( p1 , , pN ) , por sua vez, se traduz matematicamente pela função δ ( ) . A expressão
N 4
G ( ) ( p1 , , pN )( 2π ) δ ( ) ( p1 + + pN ) = ∫ d 4 x1 d 4 xN e ( 1 1 G ( x1 , , xN ) ,
N 4 4 − i p x ++ pN xN ) ( N )
80
1
G 0( ) ( p, − p ) = G 0( ) ( p ) = p
2 2
p − m 2 + iε
2
Vamos agora obter as relações gerais entre as funções de Green que resultam dos
funcionais geradores de uma teoria de campo com auto-interação arbitrária, e, em
seguida, calcular a série perturbativa para a teoria φ 3 .
Gn ( x1 , , xn ) = 0 T φˆ ( x1 )φˆ ( xn ) 0 .
81
Existe uma maneira elegante de definir a função de Green conexa Gnc em termos do
formalismo integral funcional. Vamos definir Z [ J ] como sendo um funcional gerador que
produz apenas as funções de Green conexas, ou seja,
δ nZ [J ]
( x1 , , xn ) = ( −i )
n −1
G c
J = 0,
n
δ J ( x1 )δ J ( xn )
onde o fator ( −i )
n −1
foi introduzido para maior conveniência posterior. Mostraremos agora,
mais uma vez, que o funcional Z [ J ] está relacionado com o funcional gerador W [ J ] para as
funções de Green Gn através da relação
W [J ] = e
iZ [ J ]
.
δZ i δW
=− = 0 φˆ ( x ) 0 .
δ J ( x ) J =0 W [ 0] δ J ( x ) J = 0
O VEV, ou valor esperado no vácuo, do operador de campo φˆ ( x ) deve ser nulo, se estamos
δ 2Z [ J ] i δ 2W
=− = 0 T φˆ ( x1 ) φˆ ( x2 ) 0 ,
δ J1δ J 2 J =0 W [ 0] δ J1δ J 2 J =0
δ 3Z [ J ] i δ 2W
=− = 0 T φˆ ( x1 ) φˆ ( x2 ) φˆ ( x3 ) 0 .
δ J1δ J 2δ J 3 J =0
W [ 0] δ J1δ J 2δ J 3 J =0
Os termos à direita são únicos, logo, os termos à esquerda representam funções de Green
conexas, como se pode constatar de forma trivial. Efetuando a quarta derivada funcional, já
aparece um primeiro exemplo não-trivial, como é mostrado a seguir.
δ 4Z [ J ] i δ 4W
=− +
δ J1δ J 2δ J 3δ J 4 J =0
W [ 0] δ J1δ J 2δ J 3δ J 4 J =0
i δ 2W δ 2W δ 2W δ 2W δ 2W δ 2W
+ 2
+ + =
W [ 0] δ J1δ J 2 δ J 3δ J 4 δ J1δ J 3 δ J 2δ J 4 δ J1δ J 4 δ J 2δ J 3 J = 0
82
= iG2 ( x1 , x2 ) G2 ( x3 , x4 ) + iG2 ( x1 , x3 ) G2 ( x2 , x4 ) + iG2 ( x1 , x4 ) G2 ( x2 , x3 ) − iG4 ( x1 , x2 , x3 , x4 )
Vemos então que a função de Green conexa de 4 pontos está relacionada com a função de
Green de 4 pontos por
G4c ( x1 , x2 , x3 , x4 ) = G4 ( x1 , x2 , x3 , x4 ) −
−G2 ( x1 , x2 ) G2 ( x3 , x4 ) − G2 ( x1 , x3 ) G2 ( x2 , x4 ) − G2 ( x1 , x4 ) G2 ( x2 , x3 ) .
g 3
III.5.3.2. Cálculo da série perturbativa para o potencial V (φ ) = − φ
3!
Passemos agora ao caso específico da teoria de campo escalar neutro com auto-
interação φ 3 . A densidade lagrangiana correspondente a essa teoria é dada por
= ( ∂ µφ∂ µφ − m 2φ 2 ) − φ 3 ,
1 g
L
2 3!
1
W [ J ] = ∫ Dφ exp i ∫ d 4 x ( ∂ µφ∂ µφ − m2φ ) + φ 3 + φ J .
g
2 3!
Vamos considerar primeiramente o funcional gerador para o campo livre, isto é, com a interação
“desligada” ( g = 0 ):
1
W0 [ J ] = ∫ Dφ exp i ∫ d 4 x ( ∂ µφ∂ µφ − m 2φ ) + φ J .
2
1 δ
{ }
3
W0 [ J ] = ∫ Dφ (φ ( x ) ) exp i ∫ d x ( L0 + φ J ) ,
3 4
i δ J
n
1 ig
3
∞ δ
∑ ∫ d x W0 [ J ] =
4
n = 0 n ! 3!
iδ J ( x )
{ }
∞ n
1 ig 3
= ∫ Dφ ∑ ∫ d 4 x (φ ( x ) ) exp i ∫ d 4 x ( L0 + φ J ) ,
n = 0 n ! 3!
83
δ
exp −i ∫ d 4 x V W0 [ J ] =
iδ J ( x )
{ } {
= ∫ Dφ exp −i ∫ d 4 x (V (φ ) ) exp i ∫ d 4 x ( L0 + φ J ) . }
Esta última equação fornece uma representação útil para W [ J ] ,
δ
W [ J ] = exp −i ∫ d 4 x V W0 [ J ] ,
iδ J ( x )
g 1 g 4 δ
3 2
4 δ
3 2
W [ J ] = 1 − ∫ d x + ∫ d x + W0 [ J ] .
3! δ J 2 3! δJ
Para chegar a uma expressão explícita para esta série precisamos efetuar a integração funcional
de W0 [ J ] com respeito a φ ( x ) , e ter uma forma explícita para W0 [ J ] como funcional de
J ( x ) . Integrando por partes, podemos reescrever W0 [ J ] como
−i
W0 [ J ] = ∫ Dφ exp ∫ d 4 xd 4 yφ ( x ) K ( x, y ) φ ( y ) + i ∫ d 4 xφ ( x ) J ( x ) ,
2
∂ ∂
onde K ( x, y ) = δ 4 ( x − y ) ( y )
+ m2 , y =
∂y µ ∂yµ
.
−i
W0 [ J ] = C lim ∫ dφ1 dφN exp ∑ φ Kijφ j + i ∑ φ J i ,
N →∞
2 ij i
1
W0 [ J ] = C lim exp i ∑ J i ( K −1 ) J j I N ,
N →∞
2 ij
ij
84
onde
1
I N = ∫ dφ1′ dφN′ exp −i ∑ φi′Kijφ ′j .
2 ij
N
2π
IN = ∏ = constante det K .
j =1 iλ j
Esta equação produz uma constante numérica, e então, desprezando um fator numérico
irrelevante, obtemos que
i
W0 [ J ] = exp ∫ d 4 xd 4 y J ( x ) ∆ ( x, y ) J ( y ) ,
2
K , ∆ = ∫ d 4ξ K ( x, ξ ) ∆ (ξ , y ) = δ 4 ( x − y ) .
d 4 k exp {−ik ⋅ ( x − y )}
∆ ( x, y ) = ∫ ,
( 2π ) m2 − k 2 − iε
4
que nada mais é senão a equação do propagador de Feynman para o campo livre φ . E, de fato,
para esse campo livre, ocorre que
( −i ) δ 2W0 [ J ]
2
G2 ( x, y ) = 0 T φˆ ( x ) φˆ ( y ) 0 = = −i∆ F ( x, y ) .
W0 [ 0] δ J ( x ) δ J ( y )
J =0
i
W0 [ J ] = exp ∫ d 4 xd 4 y J ( x ) ∆ ( x, y ) J ( y )
2
em
85
g δ
3 2
δ
3 2
1 g
W [ J ] = 1 − ∫ d 4 x + ∫ d 4
x + W0 [ J ] ,
3! δ J 2 3! δJ
{
W [ J ] = W0 [ J ] 1 − gz1 [ J ] + g 2 z2 [ J ] + O ( g 3 ) , }
onde
i2 i3
z1 [ J ] = ∫ d 4
x1 11 ( 1 1 )
∆ ∆ J + ∫ d 4 x1 ( ∆1 J1 )( ∆1 J 2 )( ∆1 J 3 ) ,
2! 3!
+18i 4 ∆12
2
( ∆1 J1 )( ∆2 J 2 ) + 6i5∆11 ( ∆1 J1 )( ∆ 2 J 2 )( ∆ 2 J 3 )( ∆2 J 4 ) + 9i5∆12 ( ∆1 J1 )( ∆2 J 2 )( ∆2 J3 )( ∆2 J 4 )
+i 6 ( ∆1 J1 )( ∆1 J 2 )( ∆1 J 3 )( ∆ 2 J 4 )( ∆ 2 J 5 )( ∆ 2 J 6 )} ,
onde
∆ ij = ∆ ( xi , x j ) , i, j = 1, 2 ;
(∆ J ) = ∫ d
i j
4
y j ∆ ( xi , y j ) J ( y j ) , i = 1, 2; j = 1, 2,3, 4, 5, 6.
86
Os símbolos significam, respectivamente: i) uma fonte externa em y ; ii) um
propagador, ou seja, o operador de propagação de uma partícula entre dois pontos x e y ; iii)
um vértice em x , ou seja, uma interação quântica,
quântica, ou de espalhamento entre duas partículas, no
caso da MQ, ou, além disso, de criação/aniquilação de partícula e antipartícula, no caso da TQC.
Mas, de qualquer modo, uma interação ocorrida no ponto x , de acordo com as especificações
da integral funcional e de seu modo peculiar de cálculo ordenado no tempo.
87
Da mesma maneira, os oito termos de z2 [ J ] podem ser representados como
Os dois primeiros termos correspondem aos diagramas de vácuo (a) e (b), e são imediatamente
eliminados quando W [ J ] é normalizado por W [ 0] . De fato, vemos que
g2
W [ 0] = 1 + ∫ dx dx ( 6i ∆ + 9i 3∆11∆12 ∆ 22 ) + O ( g 4 ) .
3 3
2 ( 3!)
2 1 2 12
Além disso, o terceiro, sexto e oitavo termos de z2 [ J ] , de acordo com o diagrama acima, estão
representados
dos por grafos desconexos, e podem ser rearrumados dentro da expressão compacta
z2 [ J ] 2 . Obtemos assim
2
1
W [ J ] W [ 0] = W0 [ J ] 1 − gz1 [ J ] + g 2 z1 [ J ] + z [ J ] + O ( g 3 ) ,
2
2
i4
z[J ] = dx1dx2 dy1dy2 ∆ ( x1 , x1 ) ∆ ( x1 , x2 ) ∆ ( x2 , y1 ) ∆ ( x2 , y2 ) J ( y1 ) J ( y2 ) +
4∫
88
i4
+ ∫ dx1dx2 dy1dy2 ∆ ( x1 , x2 ) ∆ ( x1 , y1 ) ∆ ( x2 , y2 ) J ( y1 ) J ( y2 ) +
2
i5
+ ∫ dx1dx2 dy1 dy4 ∆ ( x1 , x2 ) ∆ ( x1 , y1 ) ∆ ( x1 , y2 ) ∆ ( x2 , y3 ) ×
8
×∆ ( x2 , y4 ) J ( y1 ) J ( y4 ) .
O funcional gerador para as funções de Green conexas, como já vimos, é dado por
Z [ J ] = −i ln W [ J ] .
1
Z [ J ] = −i ln (W0 [ J ]W [ 0]) − i ln 1 − gz1 [ J ] + g 2 z1 [ J ] + z [ J ] + O ( g 3 ) .
2
2
Z [ J ] = −i ln W [ 0] +
1
2 ∫ {
dxdyJ ( x ) ∆ ( x, y ) J ( y ) − i − gz1 [ J ] + g 2 z [ J ] + O ( g 3 ) . }
Como já vimos, Z [ J ] é o funcional gerador das funções de Green conexas Gnc ( x1 , , xn ) , e
agora estamos em condições de calcular essas funções, até a ordem g 2 :
dy∆ ( x, y ) ∆ ( y, y ) + O ( g 3 ) ,
g
G1c ( x ) = −i
2∫
g
G2c ( x ) = −i∆ ( x, y ) − dx1dx2 ∆ ( x1 , x1 ) ∆ ( x1 , x2 ) ∆ ( x2 , x ) ∆ ( x2 , y ) −
2∫
g2
− ∫ dx1dx2 ∆ ( x1 , x2 ) ∆ ( x1 , x ) ∆ ( x2 , y ) + O ( g 4 ) ,
2
G3c ( x, y, z ) = − g ∫ dx1∆ ( x1 , x ) ∆ ( x1 , y ) ∆ ( x1 , z ) + O ( g 3 ) ,
G4c ( x, y , z , w ) = ig 2 ∫ dx1dx2 ∆ ( x1 , x2 ) {∆ ( x1 , x ) ∆ ( x1 , y ) ∆ ( x2 , z ) ∆ ( x2 , w ) +
+∆ ( x1 , x ) ∆ ( x1 , z ) ∆ ( x2 , y ) ∆ ( x2 , w ) + ∆ ( x1 , x ) ∆ ( x1 , w ) ∆ ( x2 , z ) ∆ ( x2 , y )} + O ( g 4 )
89
1) A linha, reta ou curva, que representa o propagador, unindo os pontos x e y , é
identificada ao operador −i∆ ( x, y ) ;
2) As linhas, retas ou curvas, convergentes no ponto x , que representam um vértice, são
∫
identificadas ao funcional i d 4 x g ;
3) Para calcular uma contribuição de ordem g n às funções de Green conexas
Gnc ( x1 , , xn ) , devem ser desenhados todos os diagramas conexos e topologicamente
independentes (isto é, que não podem se transformar em outro por uma deformação
contínua), com n linhas externas e nv vértices, e aplicadas as identificações anteriores;
4) Cada contribuição dee laço −○, −○− , etc., deve ser multiplicada pelo fator de simetria
1 S , definido por S = Pv ∏ ( n !)
dn
, onde d n é o número de pares de vértices
n = 2,3
A título de exemplo ilustrativo, são mostrados abaixo todos os diagramas conexos das
funções de Green, para n ≤ 4 e nv ≤ 4 , no espaço de configuração da teoria φ 3 , com
indicação dos respectivos fatores de simetria. Os círculos negros simbolizam as fontes.
90
91
Para efeito de cálculo, aqueles diagramas em que o corte uma linha faz com que se dividam
em dois outros, sendo um deles sem fonte, deve ser desprezados, pois são automaticamente
cancelados por contra-termos
termos adicionados à lagrangiana. Os diagramas desprezados
desprezados e sem fonte
alguma, compostos apenas por linhas e laços, são chamados na literatura de tadpoles
(“girinos”), por sua aparência característica. Do conjunto acima de diagramas, após essa
“limpeza cirúrgica” de extirpação dos diagramas-girinos,
diagramas restam
tam os treze diagramas abaixo, para
a expansão perturbativa das funções de Green correspondentes aos números de linhas externas e
vértices n, nv ≤ 4 :
92
Na maioria das vezes, é mais conveniente trabalhar no espaço dos momentos lineares, ou
espaço de fase, e não no espaço de configuração. E, nesse caso, é mais conveniente, também,
trabalhar com as funções de Green truncadas, ou “amputadas”, definidas a seguir, que eliminam
os propagadores redundantes associados com linhas externas.
G n ( p1 , , pn −1 ) = G 2 ( p1 ) G 2 ( pn ) G nt ( p1 , , pn −1 ) ,
onde
G n ( p1 , , pn−1 )( 2π ) δ 4 ( p1 + + pn ) = ∫ d 4 x1 d 4 xn e ( 1 1 Gn ( x1 , , xn ) .
4 − i p ⋅ x ++ pn ⋅ xn )
G 2t ( p ) = 1 G 2 ( p ) .
d 4k
+O ( g3 ) ,
g 1
−iG1tc = ∫
2 ( 2π ) i m − k
4 2 2
g 1 d 4k d 4k
∫ ( 2π )4 i m2 − k 2 ∫ ( 2π )4 i m2 − k 2 m2 − ( k − p )2 + O ( g ) ,
1 1 1
−iG 2tc ( p ) = m 2 − p 2 − 2 + 4
2 m
−iG ( p, q ) = g + O ( g ) ,
tc
3
3
+O (g4 ) .
1 1 1
−iG 4tc ( p, q, k ) = g 2 2 + +
m − ( p + q ) m − ( q + k ) m − ( k + p )
2 2 2 2 2
Def. AIII.5.3.6. Regras de Feynman no espaço dos momentos lineares para a teoria φ 3 :
93
2) A linha que representa o propagador como momento k deve ser identificada ao fator
( )
1 m 2 − k 2 ; as linhas que convergem em um vértice devem ser identificadas a um
fator g ;
3) Deve-se observar em cada vértice a conservação do quadrivetor energia-momento;
4) A integração em cada laço deve usar sempre, em quatro dimensões, a medida
d 4 k i ( 2π ) ;
4
5) Cada contribuição de um laço deve ser multiplicada pelo mesmo fator de simetria 1 S ,
já definido acima.
94
IV. Técnicas e Aplicações da Integral Funcional
1
W [ J ] = N ∫ Dφ exp i ∂ µφ∂ µφ − ( m2 − iε ) φ 2 − V (φ ) + J φ =
1
2 2
1
exp i ∂ µφ∂ µφ − ( m 2 − iε ) φ 2 + J φ .
− i V (φ ) 1
= N ∫ Dφ e
2 2
1 δ i J ( x)
= φ ( x) e
i Jφ
Observemos agora que e , e como J e φ são variáveis
i δ J ( x)
independentes, esta relação continua válida para qualquer função de φ . Em particular
1 δ
−i V
− i V (φ ) i Jφ iδJ i Jφ
e e =e e .
1 δ
−i V 1
N ∫ Dφ exp i ∂ µφ∂ µφ − ( m 2 − iε ) φ 2 + J φ =
1
W [J ] = e
iδJ
2 2
1 δ
−i V
=e iδJ
W0 [ J ] ,
Ou, equivalentemente,
1 δ i
−i V − J1∆ F 12 J 2
= W [ J ] = Ne
iZ [ J ]
iδJ 2
e e .
Esta equação será o ponto de partida para a expansão perturbativa usada no cálculo de
W [ J ] e das quantidades físicas observáveis decorrentes.
95
1 1
W [J ] = e = N ∫ Dφ exp − ∫ d 4 x ∂ µφ∂ µφ + m 2φ 2 + V (φ ) − J φ ,
−Z[J ]
2 2
δ
− V
W [ J ] = Ne
− Z0 [ J ]
δJ
e ,
onde
1 d4 p eip( x − y )
Z0 [ J ] = − J ( x) ∆F ( x − y ) J ( y ) ,e ∆F ( x − y) = ∫ .
( 2π ) p2 + m2
xy 4
2
− V δδJ −Z J
Z [ J ] = − ln N + Z 0 [ J ] − ln 1 + e e − 1 e 0 [ ] ,
Z0
− V δδJ
e, definindo agora δ ≡ e e − 1 e − Z0 , obtemos a série
Z0
1 1
Z [ J ] = − ln N + Z 0 [ J ] − δ [ J ] + δ 2 [ J ] − δ 3 [ J ] +
2 3
1
Z [ J ] = − ln N + Z 0 [ J ] − λδ1 [ J ] − λ 2 δ 2 [ J ] − δ12 [ J ] −
2
1
−λ 3 δ 3 [ J ] − δ1 [ J ] δ 2 [ J ] + δ13 [ J ] +
3
− V δ
Expandindo a exponencial em δ ≡ e e δ J − 1 e − Z0 e comparando com a série,
Z0
obtemos:
1 Z0 δ 4 1 δ4 δ4
δ1 = − e e − Z0 ; δ2 = e Z0 e − Z0 .
δJ4 2 ( 4!) δ J14 δ J 24
2
4! 1 2
δ N Z [J ]
G(
N)
( x1 , , xN ) = − .
δ J1 δ J N J =0
96
Por exemplo, as funções de Green conexas de dois pontos, no espaço de coordenadas,
resultam dessa expressão como sendo dadas por
λ
G(
2)
( x1 , x2 ) = ∆ ( x1 − x2 ) − ∫ d 4 y∆ ( x1 − y ) ∆ ( y − y ) ∆ ( y − x2 ) +
2
λ2
+ ∫d
4
xd 4 y∆ ( x1 − x ) ∆ 3 ( x − y ) ∆ ( y − x2 ) +
6
λ 2
+ ∫d
4
xd 4 y ∆ ( x1 − x ) ∆ 2 ( x − y ) ∆ ( y − y ) ∆ ( x − x2 ) +
4
λ
xd 4 y ∆ ( x1 − x ) ∆ ( x − x ) ∆ ( x − y ) ∆ ( y − y ) ∆ ( y − x2 ) + O ( λ 3 ) .
2
+ ∫d
4
As funções de Green correspondentes, no espaço dos momentos lineares, são dadas pela
expressão euclidiana geral
G ( ) ( p1 , , pN )( 2π ) δ ( p1 + + pN ) =
N 4
= ∫ d 4 x1 d 4 xN e (
i p1 x1 + p N xN )
G(
N)
( x1 , , xN ) ,
que, aplicada à expressão anterior, nos fornece as funções de Green de dois pontos
1 λ 1 d 4q 1
G ( ) ( p, − p ) = − ∫ ( 2π ) +
2
p +m
2 2
2 ( p 2 + m2 )2 4
q + m2
2
δ ( p − q1 − q2 − q3 )( 2π )
4
λ2 1 d 4 q1 d 4 q2 d 4 q3
+ ∫ ( 2π ) ( 2π ) ( 2π ) ( q + m 2 )( q22 + m 2 )( q32 + m 2 )
+
( p 2 + m2 )
2 4 4 4 2
6 1
δ ( 1 − 2 )( 2π )
4
λ2 1 d 4q 1 d 4 1 d 4 2
+ ∫ ( 2π ) ∫ ( 2π ) ( 2π ) ( + m 2 )( 22 + m 2 )
+
( p 2 + m2 ) q + m2
2 4 2 4 4 2
4 1
λ2 d 4q d 4
∫ ( 2π ) ( + m ) + O ( λ ) .
1 1 1 1
+ ∫ ( 2π )
3
(p )
2 2 q + m p + m2
4 2 2 2 4 2
4 2
+m
97
IV.1.1. Regras de Feynman para o potencial φ 4
1
1. Para cada fator , deve-se
se desenhar uma linha orientada no sentido do
p + m2
2
momento linear p :
98
1 1
4 ⋅ 3 = . O vértice pede o
segunda linha ao vértice 2. Isto resulta no peso
4! 2
fator − λ . Consideremos q como sendo o momento linear circulando pelo
laço. Pelas regras acima, teremos então
λ d 4q 1 1
( 2π ) δ ( p + p + q − q)
2 ∫ ( 2π )
−
4
.
q + m ( p + m 2 )2
4 1 2 2 2 2
6 (p 2
+m 2 2
) ( 2π ) ( 2π ) ( 2π )
4 4 4
(q2
1 + m 2 )( q22 + m 2 )( q32 + m 2 )
99
Neste ponto, vale registrar, apenas como observação introdutória, que é mais
simples trabalhar com a ação efetiva Γ ( N ) , definida pelas equações funcionais
δ Γ [φ ] δ Z [J ]
= −J ; =φ .
δφ δJ
Γ ( N ) ( p1 , pN )( 2π ) δ ( p1 + pN ) = ∫ d 4 x1 d 4 xN e ( 1 1 N N ) Γ( N ) ( x1 , xN ) .
4 − i p x + p x
O estudo detalhado da ação efetiva e dos diagramas 1PI , porém, merece uma
dedicação e um espaço muito maiores do que o presente trabalho permite, além do
fato de esses elementos serem presença obrigatória em todo livro-texto
livro texto de TQC que
aborde a integração funcional de Feynman.
Feynman
100
IV.2. A Partícula Livre num espaço euclidiano D-dimensional.
a 2 ta j =1 −∞ 2ε j =1
fica claro que as integrais se fatoram em um produto D -dimensional, pois todas as
integrais são gaussianas. Começando com ( µ = 1,…, D ) :
( ) m m
( )
2
K N = 2 xµ( ) , xµ( ) ; 2ε = (1)
∫ dx exp − xµ( ) − xµ( ) =
2 0 2 1
2π iε −∞ 2iε
m
( )
m 2
= ⋅ exp − xµ( ) − xµ( ) ,
2 0
4π iε 4iε
( ) m
( )
m 2
K N xµ( N ) , xµ( 0) ; ε N = exp − xµ( N ) − xµ( 0) .
2π iε N 2iε N
eip⋅ x p22
ψ ( x) = , Ep = .
( 2π )
D
2m
101
IV.3. O Oscilador Harmônico num espaço euclidiano D-dimensional
mω imω 2
12
K OHS =
2π i sen ωT
exp
2 sen ωT ( xa + xb2 ) cos ωT − 2 xa xb
.
− (
1 2 2
x +y ) ∞
1t
n
1 4 xyt − ( x 2 + y 2 )(1 + t 2 )
∑ Hn ( x) Hn ( y) = exp ,
2
e
n=0 n ! 2 1− t2 2 (1 − t 2 )
∞
K ( xb , xa , T ) = ∑ e− iTEn Ψ*n ( xb ) Ψ n ( xa ) ,
n =0
mω H mω x exp − mω x 2 ,
Ψn ( x) =
( 2n n !) π
2 n
2
1
En = ω n + .
2
Estas soluções são válidas, porém, somente para 0 < ωT < π . Fazendo agora
nπ n = 0,1, 2,…
T= +τ , resulta que sen ωT = e inπ sen ωτ , cos ωT = e inπ cos ωτ ,
ω 0 < τ < π ω
sen ωT = sen ωτ , e a nova expressão geral do kernel será
mω iπ 1 imω
12
K ( xb , xa , T )OHS = exp − + n + ( xa2 + xb2 ) cos ωT − 2 xa xb
2π i sen ωτ 2 sen ωT
2 2
que, no limite τ → 0 , terá a forma K xa , xb ,
nπ
ω
i
= exp − π n δ xb − ( −1) xa .
2
n
( )
Podemos extrair, em D dimensões, relações de recorrência, tanto para o kernel quanto
para a função de Green, do OHS. Definindo µ = xa2 + xb2 e ν = xa ⋅ xb , x ∈ D , temos
102
1 ∂ ( D −2) 1 mω ∂
K(
D)
( xb , xa ; T ) = K ( xb , xa ; T ) = e−iωT − 2 K ( D −2) ( xb , xa ; T ) ;
2π ∂ν 2π ∂µ
∞ 2λ
1 − β cosh x
∫0 coth 2 x e J 2 µ (α senh x ) dx =
1
Γ − λ + µ
= − λ , µ (α + β ) − β ⋅Wλ , µ (α 2 + β 2 ) + β ,
2 M 2 2 12 12
α Γ ( 2µ + 1)
1
Re β > Re α , Re ( µ − λ ) > − 2 ,
m 1 E 2mω
G ( xb , xa ; E ) = −
1
Γ − D− 1 + E
2 π ω 2 ω 2 ω
( xa + xb + xb − xa )
2mω
×D 1 E
− +
−
( xa + xb − xb − xa ) ,
2 ω
1 ∂ ( D −2) 1 mω ∂
G(
D)
( xb , xa ; E ) ≡ G( D) ( µ |ν ; E ) = G ( µ |ν ; E ) = − 2 G( D−2) ( µ |ν ; E )
2π ∂ν 2π ∂ν
ξ = ( xa + xb + xb − xa )
1
Para finalizar, usamos as substituições e
2
η=
1
2
( xa + xb − xb − xa ) , e encontramos, para D = 1, 3, 5,… , a fórmula geral para D
dimensões ( D = 1, 3, 5,… ) das funções de Green do OHS:
D −1 D −1
1 m D E 1 1 ∂ ∂ mω 2
( D)
( xb , xa ; E ) = −
2
G Γ − 2 2
ξ −η +
2 π ω 2 ω 2π η − ξ ∂ξ ∂η
2 mω 2mω
×D D E ξ D 1 E − η .
− +
2 ω − +
2 ω
103
IV.4. Quantização Funcional de Campos Escalares
IV.4.1. Funções de Correlação
T 4
∫ Dφ ( x ) φ ( x1 ) φ ( x 2 ) exp i ∫ d xL (φ ) ,
−T
∫ Dφ ( x ) = ∫ Dφ ( x ) ∫ Dφ ( x )
1 2 ∫ φ ( x) .
φ ( x10 , x ) =φ ( x )
1
φ ( x20 , x ) =φ ( x )
2
O funcional principal ∫ Dφ ( x ) está agora vinculado aos tempos x10 e x20 , além dos
pontos extremos −T e T , porém devemos integrar separadamente sobre as
configurações intermediárias φ1 ( x ) e φ2 ( x ) . Após essa decomposição, os fatores extras
φ ( x1 ) e φ ( x2 ) se transformam em φ1 ( x1 ) e φ1 ( x2 ) , e podem ser extraídos da integral.
A integral principal é então fatorada em três integrais, cada uma delas correspondendo a
uma amplitude de transição. Os tempos x10 e x20 estarão ordenados automaticamente: se
x10 < x20 , teremos a expressão resultante
( ) ( ) ( )
∫ Dφ1 ( x )∫ Dφ2 ( x ) φ1 ( x1 )φ2 ( x2 ) φb e
− iH T − x20 − iH x20 − x10 − iH T + x10
φ2 φ2 e φ1 φ1 e φa .
φb e ( )φS ( x2 ) e (
− iH x − x )
φS ( x1 ) e ( ) φa .
− iH T − x
0
2
0
2 − iH x +T
0
1
1
0
104
A maioria dos fatores exponenciais se combina com os operadores de Schrödinger,
produzindo operadores de Heisenberg. No caso em que x10 > x20 , basta inverter a ordem
entre x10 e x20 . Podemos escrever então a última expressão como
Esta expressão é quase idêntica à função de correlação de dois pontos. Para torná-la
mais aproximadamente igual, fazemos o limite T → ∞ (1 − iε ) . Assim como na seção
4.2, este recurso opera a extração do estado de vácuo 0 a partir de φa e φb (desde
que esses estados tenham intercessão não-nula com 0 , o que estamos supondo que
ocorra). Por exemplo, decompondo φa nos auto-estados n de H , temos que
− iE0 ⋅∞ (1−iε )
e −iHT φa = ∑ e− iEnT n n φa
T →∞ (1−iε )
→ 0 φa e 0 .
n
Assim como na seção 4.2, obtivemos uma fase estranha e fatores superpostos. Mas
podemos cancelá-los, se dividirmos essa expressão pela expressão inicial sem os
campos extras φ ( x1 ) e φ ( x2 ) . Obtemos assim uma fórmula simples para a função de
dois pontos, que será
T 4
∫ ( ) ( 1 ) ( 2 ) i −∫T d xL (φ )
D φ x φ x φ x exp
0 T φH ( x1 ) φH ( x2 ) 0 = lim .
T →∞ (1− iε ) T 4
∫ Dφ ( x ) exp i −∫T d xL (φ )
Esta é a nossa esperada fórmula para a função de correlação de dois pontos, em termos
de integrais funcionais. Para construir funções de correlação de ordem superior, basta
acrescentar fatores φ ( xi ) adicionais em ambos os lados da equação.
1
S0 = ∫ d 4 x L0 = ∫ d 4 x ( ∂ µφ ) − m2φ 2 .
2 1
2 2
105
primeiro a integral D φ sobre configurações de campo, considerando a integral
contínua como um limite de um grande, porém finito, número de integrais. Trocaremos
então as variáveis φ ( x ) , definidas sobre um continuum de pontos, por variáveis φ ( xi ) ,
definidas sobre os pontos xi , vértices das malhas quadradas de uma rede. Chamaremos
o espaçamento (igual) das malhas de ε , o volume do espaço-tempo quadridimensional
de L4 , e definiremos, a menos de uma constante irrelevante,
Dφ = ∏ dφ ( xi ) .
i
Os valores de campo φ ( xi ) podem ser representados por uma série de Fourier discreta
1
φ ( xi ) = ∑e ik n ⋅ xi
φ ( kn ) ,
V n
Dφ ( x ) = ∏ d Re φ ( kn ) d Im φ ( kn ) .
kn0 > 0
1 d 4k
∑ →∫ .
( 2π )
4
V n
1
x ( ∂ µφ ) − m2φ 2 = − ∑ ( m2 − kn2 ) φ ( kn ) =
2 1 1 1 2
∫d
4
2 2 V n 2
=−
1
∑
V kn0 >0
( m2 − kn2 ) ( Re φn ) + ( Im φn ) , φn ≡ φ ( kn ) .
2 2
106
(
A quantidade ( m 2 − kn2 ) = m 2 + k n − ( k n0 )
2 2
) será positiva na medida em que k 0
n não
seja muito grande. Trataremos essa quantidade como positiva, ou, mais precisamente, a
mesma será calculada por continuação analítica da região em que kn > kn0 . O
denominador da expressão para a função de Green de dois pontos encontrada
anteriormente tomará a forma de um produto de integrais gaussianas:
1 2
∫ Dφ exp [ iS 0 ] = ∏
k 0 >0 ∫
d [ Re φ n ] d [ Im φ n ]
exp − ∑ (m 2
− kn2 ) φn
n V kn0 > 0
i 2 i 2
= ∏ ∫ d [ Re φn ] ex − ( m2 − kn2 ) ( Re φn ) ∫ d [ Im φn ] ex − ( m2 − kn2 ) ( Im φn )
kn0 > 0 V V
∏ ∫ d ξ k exp −ξi Bijξ j ,
k
onde B é uma matriz simétrica com autovalores bi . Para calcular esta integral,
fazemos ξi = Oij x j , onde O é a matriz ortogonal de autovetores que diagonaliza B .
Fazendo a mudança de variáveis de ξ i para os coeficientes xi , teremos
k
k
i
2
∏ ∫ d ξ k exp −ξi Bijξ j = ∏ ∫ dxk exp −∑ bi xi = ∏
i
( ∫ dx exp −b x )
i
2
i i
π
=∏ = const × [ det B ]
−1 2
.
i bi
107
A analogia fica mais clara ainda se integrarmos por partes, a partir da ação de Klein-
Gordon, resultando na expressão
d x φ ( −∂ 2 − m2 ) φ + ( termo de superfície ) .
1 4
S0 =
2 ∫
A matriz B corresponde então ao operador (∂ 2
+ m 2 ) , e podemos escrever
formalmente esse resultado como
= const × det ( m2 + ∂ 2 )
−1 2
∫ Dφ e
iS0
.
d 4k ie − ik ( x1 − x2 )
0 T φ ( x1 ) φ ( x2 ) 0 = ∫ = ∆ F 12 = ∆ F ( x1 − x2 ) ,
( 2π ) k 2 − m 2 + iε
4
x2 = t 2 − x → − ( x0 ) − x = − x E .
2 2 2 2
É possível mostrar que a continuação analítica das variáveis temporais produz, para toda
função de Green de uma teoria quântica de campos, uma função de correlação
invariante quanto à simetria rotacional do espaço euclidiano quadridimensional.
4 1 λ
( ) ( ) 1
2
∫ d 4
x L + J φ = ∫ 2
d x ∂ µ φ − m2φ 2 − φ 4 + J φ ,
2 4!
108
que, após uma rotação de Wick, assume a forma
1 λ
x E ( LE − J φ ) = i ∫ d 4 x E ( ∂ µEφ ) + m2φ 2 + φ 4 − J φ .
2 1
∫d
4
2 2 4!
1 2
SM = ∫ d 4 x − ( Fµν ) = ∫ d 4 x Aµ ( x ) ( ∂ 2 g µν − ∂ µ ∂ν ) Aν ( x )
1
4 2
1 d 4k
Aµ ( k ) ( − k 2 g µν + k µ kν ) Aν ( − k ) .
2 ∫ ( 2π ) 4
=
(∂ g
2
µν − ∂ µ ∂ν ) ∆νρ
F ( x − y ) = iδ µ δ
ρ ( 4)
( x − y) ,
ou sua transformada
109
( −k 2
g µν + k µ kν ) ∆ νρ
F ( x − y ) = iδ µ ,
ρ
1
Aµ ( x ) → Aµ ( x ) + ∂ µα ( x ) .
e
1
Os modos problemáticos são aqueles para os quais Aµ ( x ) = ∂ µα ( x ) , isto é, aqueles
e
que são equivalentes em calibre a Aµ ( x ) = 0 . A integral funcional é mal definida
porque estamos integrando repetidamente sobre uma infinidade contínua de
configurações de campo fisicamente equivalentes. Para resolver o problema, precisamos
isolar a parte da integral funcional que interessa, em que cada configuração física é
contabilizada apenas uma vez.
δ G ( Aα )
I = ∫ Dα ( x )δ ( G ( A ) ) det ,
δα
1
Aµα ( x ) = Aµ ( x ) + ∂ µα ( x ) .
e
n δg
I = ∏ ∫ dai δ ( ) ( g ( a ) ) det i .
i δa
j
110
No calibre de Lorentz, vale a relação G ( Aα ) ∂ µ Aµ + (1 e ) ∂ 2α , fazendo com que o
( )
determinante funcional det δ G ( Aα ) δα seja igual a det ( ∂ 2 e ) . A única propriedade
relevante deste determinante para a presente discussão é que o mesmo independe de A ,
e, logo, podemos tratá-lo como uma constante dentro da integral funcional.
δ G ( Aα )
δα ∫
det (
Dα ∫ DAeiS [ A]δ G ( Aα ) . )
δ G ( Aα )
∫
iS [ A]
Dα ∫ DAeiS [ A]δ ( G ( A ) ) .
δα ∫
D Ae = det
A integral funcional sobre A , por força da atuação da função delta, está restrita apenas
às configurações de campo fisicamente não-equivalentes, como era desejado. A integral
divergente sobre α ( x ) resulta apenas num fator multiplicativo infinito.
G ( A) = ∂ µ Aµ ( x ) − ω ( x ) ,
onde ω ( x ) pode ser qualquer função escalar. Igualando esta função G ( A ) a zero,
obtemos uma generalização da condição de calibre de Lorentz. O determinante
(
funcional é o mesmo que no calibre de Lorentz, det δ G ( Aα ) δα = det ( ∂ 2 e ) . A nova )
forma da integral funcional será então
∫ DAe
iS [ A] 1
= det ∂ 2
e
( ∫ Dα ) ∫ DAe [ ]δ ( ∂
iS A µ
Aµ ( x ) − ω ( x ) ) .
Esta igualdade vale para toda função ω ( x ) , logo continuará válida se substituirmos o
termo à direita por qualquer combinação linear, normalizada apropriadamente, de
diferentes funções ω ( x ) . E, para finalizar, faremos a integração sobre todas as ω ( x ) ,
usando como peso uma função gaussiana centralizada em ω = 0 . Desta forma, a
expressão acima será transformada em
111
4 ω
1
( ∫ Dα ) ∫ DAe [ ]δ ( ∂
2
N ( ξ ) ∫ Dω exp −i ∫ d x det ∂ 2 µ
Aµ ( x ) − ω ( x ) )
iS A
2ξ e
1
= N ( ξ ) det ∂ 2 ( ∫ Dα ) ∫ DAe [ ] exp −i ∫ d x 21ξ ( ∂ A ) ,
iS A 4 µ 2
µ
e
( ) i T d 4 xL
∫ D AO A exp
∫−T
0 T O ( A ) 0 = lim .
T →∞ (1−ε ) i d 4 xL
T
∫ DA exp
∫−T
2
∫ DAO ( A) exp i ∫ (
1 µ
∂ Aµ )
T
d 4 x L −
−T
2ξ
0 T O ( A ) 0 = lim .
T →∞ (1−ε ) T 4 2
∫ DA exp i ∫−T d x L − 2ξ ( ∂ Aµ )
1 µ
2 1 µ ν νρ
∆ F ( k ) = iδ µ ,
ρ
−k g µν + 1 − k k
ξ
−i µν k µ kν
∆ Fµν ( k ) = g − (1 − ξ ) ,
k + iε
2
k2
112
cálculo específico a ser feito, como, por exemplo: ξ = 0 (calibre de Landau); ξ = 1
(calibre de Feynman); ξ = 3 (calibre de Yennie).
xi xk + xk xi ≡ { xi , xk } = 0
113
Def. AIV.7.1.2. – Definimos as medidas de integração de Grassman dx1, dx2 ,, dxn , a
partir dos geradores da álgebra, naturalmente sujeitas às relações de anticomutação
∫ dxi =0 e ∫ x dx
i i =1.
A integral múltipla será sempre calculada da direita para a esquerda, como abaixo:
∫ x x dx dx = ∫ x dx ∫ x dx
i k i k i i k k =1
∫ f ( x ) dx dx n 1 = n ! f n (1, , n ) .
( xi xk )
∗
≡ xk∗ xi∗ = − xi∗ xk∗ .
x1 + ix2 x1 − ix2
x= e x∗ = ,
2 2
Calculando agora uma integral gaussiana generalizada que envolve uma matriz
hermitiana B com autovalores bi , teremos que
114
1
∏ ∫ dxi dxi xk xl e
∗
∗ ∗ − xi Bij x j
= det B .
i Bkl
W [η ,η ] = ∫ Dψ Dψ exp i ∫ d 4 x ψ ( i ∂ − m )ψ + ηψ + ψη ,
ψ ′ ( x ) ≡ ψ ( x ) − i ∫ d 4 x S F ( x − y )η ( y ) ,
onde
d 4x ie − ik ( x − y )
S F ( x − y ) = 0 Tψ ( x )ψ ( y ) 0 = ∫ ,
( 2π ) k − m + iε
4
W [η ,η ] = W [ 0 ] ⋅ exp − ∫ d 4 xd 4 yη ( x ) S F ( x − y )η ( y ) .
d d
θη = − ηθ = −θ .
dη dη
De acordo com a definição acima de W , por exemplo, a função de dois pontos é dada
pela expressão
1 δ δ
0 Tψ ( x )ψ ( y ) 0 = −i +i W [η ,η ] η ,η = 0 ,
W [ 0 ] δη ( x ) δη ( y )
115
que, após calculada, com os devidos cuidados com os sinais, verifica-se
verifica reproduzir
exatamente o propagador de Feynman fermiônico S F ( x − y ) , como esperado.
LQED = ψ ( i ∂ − m )ψ −
1
( Fµν ) − eψγ µψ Aµ = ψ ( iD − m )ψ − ( Fµν ) ,
1
2 2
4 4
faz-se
Para calcular as funções de correlação, faz se a expansão da exponencial do
termo de interação:
ie ( )
− ip ⋅ x − y
d4x
∫ ( 2π ) 4
p − m + iε
(propagador de férmion)
− ip⋅( x − y )
d 4 x −i g µν e
∫ ( 2π )4 q 2 + iε (propagador de fóton).
116
−ieγ µ ∫ d 4 x .
ℑ = ∫ Dψ Dψ exp i ∫ d 4 x ψ ( iD − m )ψ ,
ℑ = det ( iD − m ) = det ( i ∂ − m − eA ) = det ( i ∂ − m ) ⋅ det 1 − ( −ieA ) .
i
i∂ − m
det B = ∏ bi = exp ∑ ln bi = exp Tr ( ln B ) ,
i i
117
∞ 1 i
n
= −ieγ µ ∫ d 4 x Aµ ( x ) .
A série é exponenciada, uma vez que os diagramas desconexos são produtos de grafos
desconexos (observando-sese sempre os fatores de simetria gerados pela repetição de
grafos topologicamente equivalentes). Por exemplo,
118
dx1 dxn tr ( −ieA ( x1 ) ) S F ( x2 − x1 ) ( −ieA ( xn ) ) S F ( x1 − xn )
1
n∫
=−
1 i
n
= − Tr
n i ∂ − m
( −ieA ) ,
119
Lista de exercícios do Módulo A
Prof. Armando F. Rodrigues - 29/09/09
Ex. A-1.
Ex. A-2.
λ
- Calcular a expressão de δ 2 [ J ] na teoria em que V = − φ4 .
4!
==============================================================
120
V. O Formalismo de Tempo Imaginário
ρ ( β ) = e− β H ,
= H − µN ,
H
Z ( β ) = Tr ρ ( β ) = Tr e − β H ,
onde o traço da matriz densidade é a soma sobre os valores esperados em alguma base
completa que diagonalize a matriz. Consequentemente, o ensemble médio de qualquer
observável A passa a ser definido como
Tr e − β H A
A = Z ( β ) Tr ρ ( β ) A =
−1
,
β
Tr e − β H
121
e a média térmica da função de correlação de dois operadores quaisquer A e B ,
definidos em coordenadas diferentes, também passa a ser
AB β
= Z −1 ( β ) Tr ρ ( β ) AB .
AH ( t ) = eiHt Ae−iHt .
AH ( t ) BH ( t ′) β
= Z −1 ( β ) Tr ρ ( β ) AH ( t ) BH ( t ′) = Z −1 ( β ) Tr e− β H AH ( t ) BH ( t ′)
= Z −1 ( β ) Tr e− β H AH ( t ) e β H e− β H BH ( t ′) = Z −1 ( β ) Tr AH ( t + iβ ) e− β H BH ( t ′)
= Z −1 ( β ) Tr e − β H BH ( t ′) AH ( t + iβ ) = BH ( t ′ ) AH ( t + i β ) β .
AH ( t ) AH ( t ′ ) β
= AH ( t ′) AH ( t + iβ ) β .
122
V.1.2. O Formalismo de Matsubara
De modo geral, a função de partição de um sistema estatístico não pode ser
calculada exatamente. A simples observação da expressão que define a função de
partição deixa ver que até mesmo a expansão perturbativa em potências de uma
constante de acoplamento é uma tarefa formidável, em primeiro lugar, porque envolve a
soma dos valores esperados em todos os estados possíveis do espaço de Hilbert, e em
qualquer teoria quântica de campos, o número desses estados é infinito. O formalismo
de Matsubara (T. Matsubara, Progr. Theor. Phys. 14, 351 (1955)) fornece uma maneira
de cálculo perturbativo da função de partição, usando um método diagramático análogo
àquele empregado nas teorias quânticas de campos usuais a temperatura zero. Há mais
de uma forma de se introduzir o formalismo de Matsubara, sendo a mais comum a que
usa o método integral funcional. Por generalidade, vamos primeiramente apresentar o
método de operadores, e em seguida o funcional. A pedra fundamental de ambas as
construções, porém, é lançada pela constatação de que, da forma que é definida, a
matriz densidade ρ ( β ) = e− β H pode ser formalmente considerada como um operador de
evolução em que t → −iτ , ou seja, para tempos imaginários negativos. Daí a razão pela
qual esse formalismo é conhecido como “formalismo de tempo imaginário”, e fica
restrito a sistemas em equilíbrio, que não variam no tempo real.
H = H0 + H ′ ,
= 0 + H′,
HH
ρ ( β ) = e − β H = ρ0 ( β ) S ( β ) ,
onde definimos
ρ0 ( β ) ≡ e − β H ,
0
S ( β ) = e β H0 e− β H = ρ0−1 ( β ) ρ ( β ) .
123
∂ρ0 (τ )
= − H0 ρ0 (τ )
∂τ
∂ρ (τ )
= − Hρ (τ ) = − ( H0 + H ′ ) ρ (τ ) .
∂τ
∂S (τ ) ∂ρ 0−1 (τ ) ∂ρ (τ )
= ρ (τ ) + ρ 0−1 (τ ) = ρ 0−1 (τ ) H0 ρ (τ ) − ρ 0−1 (τ ) Hρ (τ )
∂τ ∂τ ∂τ
= ρ0−1 (τ )( H0 − H ) ρ0 (τ ) ρ0−1 (τ ) ρ (τ ) = − H I′ (τ ) S (τ ) ,
onde definimos
AI (τ ) = eτ H0 Ae −τ H0 .
Uma transformação deste tipo não é necessariamente unitária para τ real, e, portanto, o
operador adjunto de um operador transformado não coincide em geral com o operador
transformado do adjunto. Entretanto, caso τ fosse uma variável complexa, essa
transformação seria unitária para valores imaginários de τ . Por este motivo, o
formalismo de Matsubara também é conhecido como o formalismo de tempo
imaginário. Uma outra forma de ver seria notar que o operador que implementa a
transformação de evolução coincide com os usuais se fizermos a identificação t = −iτ ,
que equivale a uma rotação de Wick sobre o eixo imaginário. Cabe ressaltar que,
mesmo após essa rotação, o campo permanece hermitiano, uma vez que se considere a
definição de hermiticidade para coordenadas complexas, φ † ( z ) = φ ( z ∗ ) .
124
Assim como no caso a temperatura zero, podemos expandir a exponencial, e cada termo
dessa expansão dará origem a um diagrama de Feynman – modificado -, e, desta forma,
as quantidades térmicas poderão estar associadas a uma representação diagramática. Em
particular, a generalização do teorema de Wick a temperatura finita pode ser feita sem
maiores problemas, e mais, se definirmos, para τ 1 > τ 2 ,
τ
− ∫ 1 dτ H I′ (τ )
S (τ 1 ,τ 2 ) = Tτ e τ 2 = S (τ 1 ) S (τ 2 ) ,
−1
Observe-se também que as funções de Green de dois pontos podem ser definidas na
representação de Heisenberg, assumindo sempre que o campo φ seja complexo:
O campo φH tanto pode ser bosônico como fermiônico. E vemos também, pela
definição, que, se φ e φ † são operadores na representação de Schrödinger,
onde o sinal negativo no segundo termo diz respeito a campos fermiônicos. A relação
entre a representação de interação e a representação de Heisenberg, no presente
contexto, pode ser expressa como
AH (τ ) = eτ H Ae −τ H = eτ H e −τ H0 AI (τ ) eτ H0 e −τ H = S −1 (τ ) AI (τ ) S (τ ) .
Tr e− β HTτ S −1 (τ ) φI (τ ) S (τ ) S −1 (τ ′) φI† (τ ′ ) S (τ ′)
Gβ (τ ,τ ′) =
Tr e− β H
125
Tr e− β H0 S ( β ) Tτ S −1 (τ ) φI (τ ) S (τ ) S −1 (τ ′ ) φI† (τ ′ ) S (τ ′ )
=
Tr e− β H0 S ( β )
Tr e− β H0 Tτ S ( β ) S −1 (τ ) φI (τ ) S (τ ) S −1 (τ ′ ) φI† (τ ′ ) S (τ ′ )
=
Tr e− β H0 S ( β )
Tr e − β H0 Tτ φI (τ ) φI† (τ ′ ) S ( β )
=
Tr e − β H0 S ( β )
Tτ φI (τ ) φI† (τ ′ ) S ( β )
β ,0
= ,
S ( β ) β ,0
onde usamos os seguintes fatos: i) como β é o valor mais alto, S ( β ) pode ser incluído
no colchete de ordenação; ii) a ordem interna dos fatores não afeta a operação de
ordenação Tτ . O subscrito “ 0 ” significa que os valores esperados são calculados num
ensemble não-interagente. O resultado reproduz exatamente o que ocorre a temperatura
zero.
Gβ (τ < 0 ) = ±Gβ (τ + β ) ,
126
Gβ ( 0,τ ) = ± φH† (τ ) φH ( 0 ) = ± φH ( β ) φH† ( 0 ) = ±Gβ ( β ,τ ) .
β β
É interessante observar que este mesmo resultado pode ser obtido, após uma rotação de
Wick, da relação KMS geral já mostrada acima.
1
Gβ (τ ) = ∑e − iωnτ
Gβ (ωn )
β n
1 β
Gβ (ωn ) = ∫ dτ eiωnτ Gβ (τ )
2 − β
onde ωn = nπ β , com n = 0, ±1, ±2,… Mas, mesmo que, a princípio, todos os modos
inteiros sejam permitidos nessas expressões da transformada de Fourier, as condições de
periodicidade (ou antiperiodicidade) satisfeitas pelas funções Gβ acima determinam que
apenas modos inteiros pares contribuam para as funções de Green bosônicas, e apenas
modos inteiros ímpares contribuam para as funções de Green fermiônicas, como será
mostrado a seguir.
1 0 1 β
Gβ (ωn ) = ∫ dτ eiωnτ Gβ (τ ) + ∫ dτ eiωnτ Gβ (τ )
2 − β 2 0
1 0 1 β 1 0 1 β
=± ∫− β
dτ e iωnτ
Gβ (τ + β ) + ∫ dτ e iωnτ
Gβ (τ ) = ± ∫− β
dτ e
iωn (τ − β )
Gβ (τ ) + ∫ dτ eiωnτ Gβ (τ )
2 2 0 2 2 0
( )
= (1 ± e−iωn β ) ∫ dτ eiωnτ Gβ (τ ) = 1 ± ( −1) ∫ dτ eiωnτ Gβ (τ ) .
1 β 1 n β
2 0 2 0
Vê-se então, de imediato, que, para bósons, Gβ ( ωn ) se anula para valores ímpares de n ,
enquanto que para férmions o mesmo ocorre para valores pares de n . Separando os dois
casos, podemos dizer finalmente que as funções de Green de dois pontos têm as
transformadas de Fourier, em relação à variável τ , dadas por
1
Gβ (τ ) = ∑e − iωnτ
Gβ (ωn )
β n
1 β
Gβ (ωn ) = ∫ dτ eiωnτ Gβ (τ )
2 − β
127
onde
1 d 3k
Gβ ( x,τ ) = Gβ ( k , ωn )
− i (ωnτ − k ⋅x )
∑
β ∫
e
( 2π )
3
n
β
Gβ ( k , ωn ) = ∫ dτ ∫ d 3 x e ( Gβ ( x,τ ) .
i ωnτ −k ⋅x )
0
Agora já podemos obter a forma do propagador para qualquer teoria. Sabemos, por
exemplo, que para a teoria bosônica de Klein-Gordon, na assinatura de Minkowski
( +, −, −, − ) , a função de Green a temperatura zero satisfaz a equação
(∂ µ ∂ µ + m 2 ) G ( x ) = −δ 4 ( x ) .
∂2 2
2 + ∇ − m Gβ ( x,τ ) = −δ ( x ) δ (τ ) .
2 3
∂τ
1
Gβ ( k , ωn ) = ,
ω + k 2 + m2
2
n
128
zero. Por exemplo, os vértices de interação da teoria são definidos da mesma forma que
no caso de temperatura zero. Somente as formas exatas dos propagadores serão
diferentes, uma vez que serão responsáveis por exibir a dependência da temperatura, o
que já será suficiente para introduzir novos comportamentos nos sistemas quânticos a
temperatura finita.
φ ( x1 , t1 ) φ ( x 2 , t2 ) = φ1 e− iH (t −t ) φ2 = N ′∫ Dφ eiS ,
1 2
S [φ ] = ∫ dt ∫ d 3 xL ,
t1
t2
φ ( x1 ,t1 ) = φ1 e φ ( x 2 ,t2 ) = φ2 ,
Z ( β ) = Tr e− β H = ∫ dφ1 φ1 e− β H φ1 = N ′∫ Dφ e− S E ,
β
S E = S E + βµ N = ∫ dτ ∫ d 3 xLE + βµ N ,
0
φ ( x, β ) = ±φ ( x, 0 ) ,
129
conforme as mesmas sejam bosônicas ou fermiônicas, e as extremidades passam
também a ser integradas, uma vez que as trajetórias passam a ser fechadas. Resulta
dessas condições
ições que o contorno de integração no plano complexo do tempo, neste
formalismo, se dá ao longo do eixo imaginário negativo, da forma abaixo.
Cabe ressaltar
ar mais uma vez que o formalismo de Matsubara foi completamente
desenvolvido para um contexto de sistemas em equilíbrio termodinâmico – tanto assim,
que abrimos mão da variável tempo para adotar a variável temperatura. Logo, este
método é ideal para o estudo
estudo das propriedades estáticas e de equilíbrio de um sistema
quântico. A dependência temporal, mesmo assim, pode ser introduzida através de uma
continuação analítica não--trivial
trivial e problemática, mas de qualquer forma, somente
aplicável na descrição de evoluções
evoluções ou desvios, de sistemas quânticos em equilíbrio
térmico, que variem lentamente no tempo. Ou seja, este formalismo é totalmente
inadequado ao estudo de fenômenos fora do equilíbrio, como, por exemplo, mudanças
de fase; e é difícil de ser aplicado ao estudo
estudo de relações dinâmicas, tais como as
identidades de Ward das teorias de calibre. Mas serve bem para calcular quantidades
relacionadas ao equilíbrio termodinâmico.
Recapitulando brevemente: i) no formalismo de Matsubara, a função de partição
tem uma representação
esentação integral funcional que integra num intervalo finito de tempo a
ação euclidiana do sistema original; ii) as variáveis de campos fundamentais desta ação
euclidiana devem satisfazer condições de contorno (anti)periódicas, com período β ; iii)
as regras
as de Feynman desta teoria podem ser extraídas da integral funcional: os vértices
são os mesmo da teoria euclidiana a temperatura zero, mas os propagadores agora
correspondem aos inversos dos operadores da parte quadrática da lagrangiana, definida
em um espaço
paço de funções (anti)periódicas. Esta última característica faz com que o
130
propagador dependa da temperatura de uma forma não-trivial, de tal modo que o mesmo
não possa ser simplesmente decomposto, ou fatorado, em uma parte apropriada apenas a
temperatura zero e outra genuinamente dependente da temperatura. Essa decomposição
do propagador será, por outro lado, uma propriedade das teorias a temperatura finita nos
formalismos de tempo real.
φˆ ( x, 0 ) φ = φ ( x ) φ ,
∫ dφ ( x ) φ φ =1
φa φb = ∏ δ (φa ( x ) − φb ( x ) ) .
x
πˆ ( x, 0 ) π = π ( x ) π ,
dπ ( x )
∫ π π =1
2π
π a π b = ∏ δ (π a ( x ) − π b ( x ) ) .
x
131
A transformação de contato entre as representações de coordenadas e de momento linear
será dada por
(
φ π = exp i ∫ d 3 x π ( x ) φ ( x ) . )
Para o tratamento da dinâmica, o hamiltoniano é um funcional do campo e de seu
momento linear conjugado:
( )
H = ∫ d 3 xH πˆ , φˆ .
N
φa = lim ∫ ∏ d π i dφi 2π × φa π N π N e − iH ∆t φN φN π N −1
− iHt f
φa e
N →∞
i =1
× π N −1 e−iH ∆t φN −1
× φ2 π 1 π 1 e −iH ∆t φ1 φ1 π a .
φ1 φa = δ (φ1 − φa ) ,
( )
φi +1 π i = exp i ∫ d 3 x π i ( x ) φi +1 ( x ) .
Uma vez que precisamos do limite ∆t → 0 , podemos usar a seguinte expressão, até os
termos de primeira ordem:
π ì e−iH ∆t φi ≈ π i (1 − iH i ) ∆t φì = π i φi (1 − H i ∆t )
i
132
(
= (1 − iH i ∆t ) exp −i ∫ d 3 x π i ( x ) φi ( x ) , )
onde
H i = ∫ d 3 x H (π i ( x ) , φi ( x ) ) .
φa = lim ∫ ∏ dπ i dφi 2π δ (φ1 − φa ) exp −i∆t ∑ ∫ d 3 x H (π j , φ j ) − π j (φ j +1 − φ j ) ∆t
N N
− iHt f
φa e
N →∞
i =1 j =1
Note-se que a integração sobre π ( x,t ) é irrestrita, ao passo que a integração sobre
φ ( x,t ) obedece à condição de que o campo inicia em φa ( x ) para t = 0 e termina
novamente em φa ( x ) para t = t f .
Recordemos que
(
− β H − µi Nˆ î ) (
− β H − µi Nˆ i )
Z = Tr e = ∑ ∫ dφa φa e φà ,
a
onde a soma percorre todos os estados (o símbolo da função é a inicial da palavra alemã
correspondente Zustandsumme = “soma dos estados” : v. Frederick Reif, ‘Statistical and
Thermal Physics’, Ed. McGraw-Hill, 1965, p. 213). Essa expressão é muito parecida
com a da amplitude de transição definida mais acima, e, de fato, podemos exprimir Z
como uma integral sobre campos e seus momentos conjugados, usando apenas a
expressão da amplitude. É necessário, porém, fazer a substituição t = iτ , para um tempo
imaginário ou euclidiano, e o operador de traço indica apenas que a integração deve ser
133
feita sobre todos os φa . Finalmente, se o sistema admitir uma carga conservada,
devemos também fazer a substituição
H (π , φ ) → H (π , φ ) − µ N ( π , φ ) ,
β ∂φ
Z = ∫ [ d π ] ∫ [ dφ ] exp ∫ dτ ∫ d 3 x
π − H ( π , φ ) + µ N (π , φ ) .
period . 0 ∂τ
O índice period . significa que a integração sobre o campo está restrita pela condição
φ ( x, 0 ) = φ ( x, β ) . Isto decorre, como já foi visto, da ciclicidade do traço, quando se faz
φa ( x ) = φ ( x, 0 ) = φ ( x, β ) . Mais uma vez, não há restrições quanto à integração sobre π
. A generalidade dessa fórmula permite que seja facilmente estendida para números
arbitrários de campos e de cargas conservadas. Veremos a seguir como são obtidas e
tratadas as funções de partição para alguns campos particulares.
1 1
L= ∂ µφ ∂ µφ − m 2φ 2 − U (φ ) ,
2 2
onde o potencial é
U (φ ) = gφ 3 + λφ 4 ,
∂L ∂φ
π= = ,
∂ ( ∂ 0φ ) ∂t
∂φ 1 1 1
H =π − L = π 2 + ( ∇φ ) + m 2φ 2 + U (φ ) .
2
∂t 2 2 2
134
N ∞ dπ i N ∆τ 2
Z = lim ∏ ∫
d 3 x iπ j (φ j +1 − φ j ) − ( ) ( )
∑
2
∫ φ ∫ π + ∇ φ + φ
2 2
+ φ
d exp m 2U
N →∞
i =1 −∞ 2π period .
2
i j j j
j =1
As integrais sobre os momentos podem ser imediatamente efetuadas, uma vez que são
simplesmente produtos de integrais gaussianas. Dividimos o espaço das posições em
M 3 pequenos cubos, com V = L3 , L = aM , a → 0 , M → ∞ , sendo M um número
inteiro. Para maior conveniência, e para assegurar que Z se conserve explicitamente
( a ∆τ )
12
adimensional a cada passo do cálculo, faremos π j = A j 3
e integraremos A j de
−∞ a ∞ , obtendo assim, para cada cubo,
∞ 1 3 12
− a 3 (φ − φ ) 2
(φ j +1 − φ j ) A j = ( 2π ) exp
dA j a − j +1
.
∫ exp − A2j + i
1 2 j
−∞
2π 2 ∆ τ 2 ∆ τ
N ∆τ φ j +1 − φ j 2
( ) ( )
N
( 2π ) ∫ ∏
− M 3N 2
∑
2
Z = lim d φi exp − − ∇ φ − m φ
2 2
− 2U φ j
∆τ
j j
M , N →∞
i =1 2 j =1
.
β
Z = N ′ ∫ [ dφ ] exp ∫ dτ ∫ d 3L .
period . 0
β β
1 ∂φ 2
S = ∫ dτ ∫ d 3 xL = − τ ( φ ) φ
2 ∫0 ∫
+ ∇ +
3 2 2 2
d d x m .
0 ∂τ
β
1 ∂2 2
S =− ∫ dτ ∫ d 3
xφ − 2 − ∇ + m φ .
2
20 ∂τ
135
Como sabemos, o campo φ pode ser expandido por uma série de Fourier, que no caso
terá a forma
β ∞
φ ( x, t ) = ∑ ∑e ( φn ( p )
i p ⋅x +ωnτ )
V n =−∞ p
S = − β 2 ∑∑ (ωn2 + ω 2 ) φn ( p ) φn∗ ( p ) ,
1
2 n p
∞ 1
Z = N ′∏∏ ∫ dAn ( p ) exp − β 2 (ωn2 + ω 2 ) An2 ( p )
n p −∞ 2
= N ′∏∏ ( 2π ) β 2 (ωn2 + ω 2 )
12 −1 2
.
n p
Vemos então que, a cada integração sobre um momento linear, surge um fator final
igual a ( 2π )
−1 2
, que independe de volume ou temperatura, logo, podemos dizer que
Z = ∏∏ β 2 (ωn2 + ω 2 )
−1 2
,
n p
1
Z = N ′∫ [ dφ ] exp − (φ | Dφ ) ,
2
136
Z = N ′′ ( det D )
−1 2
.
ln β 2 (ωn2 + ω 2 ) .
1
ln Z = − ∑∑
2 n p
β 2ω 2
dθ 2
ln ( 2π n ) + β 2ω 2 = ∫ + ln 1 + ( 2π n )
2 2
θ + ( 2π n )
2 2
1
e
∞
1 2π 2 2
∑n
n =−∞
2
+ (θ 2π )
2
= 1 + θ
θ e − 1
,
o qual, uma vez efetuada a integração e sendo também descartados novos termos
independentes da temperatura e do volume, resulta na expressão final para a função de
partição bosônica:
d3p 1
ln Z = V ∫ 3
− βω − ln (1 − e − βω ) .
( 2π ) 2
V.1.5.4. Férmions
1 M
ψ ( x, t ) = ∑∑ b ( p, s ) u ( p, s ) e − ip⋅ x + d ∗ ( p, s ) v ( p, s ) eip⋅ x .
V p s E
x ψ † ( x, t )ψ ( x, t ) = ∑∑ b ( p, s ) + d ( p, s ) = 1 .
2 2
∫d
3
p s
∂ = γ µ ∂ µ = γ µ ∂ ∂x µ )
L = ψ ( i ∂ − m )ψ .
I 0
γ0 =
0 −I
0 σ
γ = ,
−σ 0
∂
L = ψ †γ 0 iγ 0 + iγ ⋅∇ − m ψ .
∂t
Esta lagrangiana tem uma simetria U (1) global, de forma tal que ψ → ψ e − iα e
ψ † → ψ †eiα . De acordo com o teorema de Nöther, existe uma corrente conservada
associada a esta simetria. Para identificá-la, procedemos de forma análoga ao caso do
campo escalar carregado, fazendo com que α → α ( x ) sofra um tratamento variacional
como se fosse um campo independente. Aplicando a transformação neste caso,
L → L + ψ ∂α ( x ) ψ . Uma vez encontrada a “equação de movimento” de α
∂L ∂L
∂µ − = 0,
∂ ∂ µα ( x ) ∂α ( x )
∂µ jµ = 0
j µ = ψγ µψ .
Fazendo agora α = cte. recuperamos a teoria original, e a carga total conservada será
138
Q = ∫ d 3 x j 0 = ∫ d 3 x ψ †ψ .
∂L
Π= = iψ † ,
∂ ( ∂ψ ∂t )
∂ψ ∂
H=Π
∂t
− L = ψ † i ψ − L = ψ −iγ ⋅∇ + m ψ .
∂t
( )
A função de partição é dada por
β
( ) ∂
= ∫ idψ † [ dψ ] exp ∫ dτ ∫ d 3 x ψ −γ 0 + iγ ⋅∇ − m + µγ 0 ψ .
− β H − µQˆ
Z = Tr † e
0 ∂t
φˆ ( x, t ) , πˆ ( y , t ) = i∂ ( x − y )
φ ( x, t ) , φ ( y , t ) = π ( x, t ) , π ( y , t ) = 0
ˆ ˆ ˆ ˆ
{ψˆ ( x, t ) ,ψˆ ( y, t )} = δ δ ( x − y )
α
†
β αβ
Estas relações de comutação são as únicas permitidas pelo teorema fundamental de spin
e estatística da teoria quântica de campos relativística. No limite → 0 os operadores
de campo são substituídos por seus autovalores. No caso de bósons, esses autovalores
são na verdade funções de campos clássicos, em termos dos quais é definida a função de
partição. No caso de férmions, o limite → 0 é bastante peculiar, uma vez que os
autovalores que substituem os operadores anticomutam entre si, como resultado do
princípio de exclusão de Pauli e do teorema de spin e estatística. Ou seja, as integrais
devem ser feitas sobre funções que representam campos clássicos mas anticomutam.
139
Essas funções são variáveis de Grassmann, ou grassmannianas, e operam de acordo com
as regras da álgebra e do cálculo de Grassmann. Para os presentes fins, só precisaremos
da integral
∫ dη dη dη dη N eη Dη = det D ,
†
† †
1 1 N
1
ψ α ( x, t ) = ∑∑ e ( ψα ;n ( p ) ,
i p ⋅x +ωnτ )
V n p
onde tanto n como p assumem valores positivos e negativos. Para uma função
arbitrária definida no intervalo 0 ≤ τ ≤ β , a frequência discreta ωn pode assumir os
valores nπ T . Para bósons, a periodicidade de φ ( x,t ) , decorrente da propriedade cíclica
do traço na função de partição, faz mandatório que ωn = 2π nT , para que
φ ( x, 0 ) = φ ( x, β ) . No caso fermiônico, ψ ( x, 0 ) = −ψ ( x, β ) , e, logo, ωn = ( 2n + 1) π T .
Z = ∏∏∏ ∫ idψα† ;n ( p ) dψ ( p ) e S ,
n p α
onde
S = ∑∑ iψ α† ;n ( p ) Dαρψ ρ ;n ( p )
n p
D = −i β ( −iωn + µ ) − γ 0γ ⋅ p − mγ 0 ;
logo,
Z = det D ,
n p
{
ln Z = 2∑∑ ln β 2 (ωn + iµ ) + ω 2 .
2
}
Uma vez que as somas são efetuadas sobre os valores positivos e negativos das
frequências, podemos rearrumar essa expressão como
140
n p
{ (
ln Z = ∑∑ ln β 2 ωn2 (ω − µ ) + ln β 2 ωn2 (ω + µ ) .
2
2
) ( )}
Usando agora a mesma identidade já vista anteriormente para ln ( 2π n ) + β 2ω 2 ,
2
podemos escrever
β 2 (ω ± µ )
2
dθ 2
ln ( 2n + 1) π + β (ω ± µ ) =
∫ + 1 + ( 2n + 1)2 π 2 .
2 2 2 2
ln
θ 2 + ( 2n + 1) π 2
2
1
ln Z = 2V ∫
d3p
( 2π )
3 ( ) (
βω + ln 1 + e− β (ω − µ ) + ln 1 + e− β (ω + µ ) .
)
Podemos observar imediatamente que i) o fator 2 aparece automaticamente, e decorre
da natureza dos férmions com spin 1 2 ; ii) as contribuições das partículas ( µ ) e
antipartículas ( − µ ) são manifestas; e iii) surge também uma contribuição de energia de
ponto zero. Outra observação importante é quanto aos resultados Z = det D para
férmions e Z = ( det D )
−1 2
para bósons, que têm grande influência nas aplicações da
teoria.
141
correspondentes. Lembrando que, agora, os propagadores para os campos de spin 0 e
spin 1 2 são dados, respectivamente, por
1 1
Gβ ( k , ωn ) = = ; e
ω + k + m ( 4n 2π 2 β 2 ) + k 2 + m2
2
n
2 2
γ 0ωn + γ ⋅ k − m γ ( ( 2n + 1) π β ) + γ ⋅ k − m
0
S β ( k , ωn ) = =
( )
.
ωn2 + k 2 + m 2 ( 2n + 1) π 2 + k 2 + m 2
2
1 m2 2 λ 4
L (φ ) = ∂ µφ∂ µφ − φ − φ .
2 2 4!
De acordo com o que já foi exposto, para calcularmos quantidades a temperatura finita,
devemos tratar o tempo como um parâmetro imaginário, e neste caso a teoria se torna
euclidiana. O propagador bosônico é aquele designado anteriormente, e os vértices são
os mesmos da teoria euclidiana a temperatura zero. Portanto, os cálculos podem ser
efetuados de forma análoga à teoria a temperatura zero. A única diferença é que, uma
vez que os valores de energia agora são quantizados, as integrais intermediárias sobre a
energia devem ser substituídas por somatórios sobre valores discretos, ou seja:
d 4kE 1 d 3k
∫ ( 2π ) → ∑ .
β ( 2π )
4 3
n
142
λ λ β
2
d 3k 1 d 3k 1
−∆m = −
2
∑∫ =−
( 4n π β ) + ωk 2β 2π ∑∫ ,
2β ( 2π ) ( 2π ) n 2 + ( βωk 2π )
3 2 2 2 2 3 2
n n
ωk = ( k 2 + m 2 ) .
12
λ d 3k 1 βωk
4 ∫ ( 2π )
∆m 2 = coth .
3
ωk 2
coth β x = 1 + 2nB ( 2 x ) ,
onde nB ( x ) = ( e β x − 1)
−1
é a função de distribuição de Bose-Einstein,
Bose Einstein, fica claro, em
primeiro lugar, que a correção de massa é composta da soma de dois termos: um,
correspondente à temperatura zero, e o outro dependente explicitamente da temperatura:
λ d 3k 1 λ d 3k 1 1
4 ∫ ( 2π ) 2 ∫ ( 2π )
∆m 2 = ∆m02 + ∆mβ2 = + βωk
.
3
ωk 3
ωk e −1
143
K. D. Rothe, A. F. Rodrigues, arXiv:0908.1558v1 [hep-th], 11 Aug 2009, Appendix; A.
P. C. Malbouisson e N. F. Sweiter, Physica A 233, 573 (1996) ):
λ d 3k 1 1 λm ∞
1
∆mβ2 =
2 ∫ ( 2π ) 3
ωk e βωk
=
− 1 4π 2 β
∑ n K ( nmβ ) ,
n =1
1
λ mT ∞
1 λT 2 ∞
1 λ m2 ∞
nm λT 2 m
∆mT2 = ∑ K ( nm β ) ∝ ∑ + 2 ∑ ln + ≈ +O .
4π 2 4π 2 8π
1 2
n =1 n n =1 n n =1 2T 24 T
Verificamos assim que a temperatura induz uma massa positiva para os bósons, de
forma análoga à de uma partícula que se move em um meio.
λ
OBS.: Cálculo da correção de massa, a temperatura finita, da teoria V (φ ) = − φ4
4!
Segundo Ashok Das, “Finite Temperature Field Theory”, eq. 1.48, o funcional que dá a
correção de massa da teoria bosônica φ 4 é
λ d 3k 1 1 λ
3 ( )
I β .
2 ∫ ( 2π )
∆m2 = =
− 1 16π
3
k 2 + m2 e β k +m2 2
Fazendo
z 2 = k22 + k32 + m 2 ,
144
temos que (Gradshteyn, 8.432(9), ν = 0 ):
(
exp − n β k12 + z 2 )=K
∫0
∞
dk1
k +z
1
2 2 0 ( nβ k 22 + k32 + m 2 ; )
Integrando na variável k2 e fazendo
( )=∫
2
∞ ∞ s nβ s
∫ dk2 K 0 nβ k + s 2
2
2
dt s ⋅ K 0 ( nβ s ⋅ cosh t ) cosh t = K1 2
0 0 2 2
s π π − nβ s
= e − nβ s = e (Gradshteyn, 8.469).
2 2 ( nβ s 2 ) 2 nβ
∞ π π ∞ x πm
K1 ( nmβ ) .
− nβ k32 + m2
∫ e − nβ x =
2n β ∫
dk3 e = dx
0 2n β m
x −m2 2 2 nβ
λ d 3k 1 1 λm ∞
1
∆mβ2 =
2 ∫ ( 2π ) 3
k +m e β k 2 + m2
=
4π 2 β
∑ n K ( nβ m ) .
1
2 2
−1 n =1
145
V.1.6.2. A Auto-energia
energia em Temperatura Finita
1 m2 2 1 M2 2 g
L= ∂ µφ ∂ µφ − φ + ∂ µ B∂ µ B − B − φ B2 .
2 2 2 2 2
g2 d 3k
Π ( p, p 0 ) =
1
∑∫ ,
2β ( 2π )
3 2
4n 2π 2 2 2 nπ 0
+ p + (k + p) + M 2
n
+ k + M
2 2
β β
2
onde p 0 é a energia das linhas externas, a qual terá valores discretos a temperatura
finita, no formalismo de tempo imaginário. Definindo as notações
ωk = ( k 2 + M 2 ) ; ( )
12
ωk + p = ( k + p ) + M 2
12 2
,
reescrevemos a auto-energia
energia como
co
β g
22
d 3k
Π ( p, p 0 ) = −
1 1 1
∑∫ −
2π 2β n ( 2π ) 4ωk ωk + p n + i βωk n − i βωk
3
2π 2π
146
1 1
× − .
n + β p + i βωk + p n + β p − i βωk
0 0
2π 2π 2π 2π
π
∑ n + ix n + iy = x − y ( coth (π x ) − coth (π y ) ) ,
1 1
n
resultando em
g2 d 3k 1 βω
Π ( p, p 0 ) =
1
∫ ( 2π )3 ωk coth 2 k ω 2 − ω − ip 0 2 +
8
k+ p ( k )
βωk + p
+( p ↔ −p ) .
1 1 0
+ coth
0
ωk + p 2 ωk2 − (ωk + p − ip 0 )
2
Este cálculo simples já revela algumas das sutilezas associadas com as teorias
quânticas de campo a temperatura finita. De início, já se pode notar que esta última
integral não pode ser resolvida de forma fechada, só permite ser calculada nos limites de
temperatura baixa e alta. Apesar disso, não é difícil ver que a auto-energia a
temperaturas finitas é uma função do momento linear e da energia, não-analítica na
origem. Para essa constatação, vamos supor que p 0 é uma variável contínua que
permite a continuidade analítica de Π para valores contínuos de p 0 , de forma a
permitir que se tome o limite p 0 → 0 . No caso geral, a continuação analítica de uma
função para valores contínuos de seu argumento não é bem definida, se apenas
conhecermos os valores da função num conjunto discreto de pontos. Porém, se
conseguirmos associar esses valores com uma sequência convergente no infinito,
poderemos fazer a continuação nessa região. Isto posto, obtemos que
g2 d 3k βωk p0 →0 g βωk
2
d 3k
Π ( 0, p 0 ) =
4 1 1
∫ ( 2π ) ωk 4ωk2 − ( p
coth → ∫ ( 2π ) coth
) ω
3 0 2 3 3
8 2 8 k 2
g2 d 3k 1 1 βωk βωk +p
Π ( p, 0 ) = ∫ ( 2π ) coth 2 − coth
8 3
ωk ωk + p ωk − ωk + p 2
1 βω βω
− coth k + coth k +p
ωk + ωk + p 2 2
147
p →0 g2 d 3k 1 βωk βωk 2 βωk
→
8 ∫ ( 2π ) 3 3
ωk
coth
2
+ 2 csch 2 .
n ( ωk + p ) =
1 1
n (ωk ) = βωk βωk + p
.
e −1 e −1
Usando a identidade
βωk
coth = 1 + 2n (ωk ) ,
2
Π (ω ) =
g2
8
d 3k
∫ ( 2π ) 3
1
ωk ωk + p
({ 1 + n (ω )) (1 + n (ω )) − n (ω ) n (ω
k k+ p k k+ p )
×
1
ω +ω +ω
−
1
ω − ωk − ωk + p
( )
+ n (ωk ) 1 + n (ωk + p ) − n (ωk + p ) (1 + n (ωk ) )
k k+ p
148
1 1
× −
ω −ω +ω ω + ωk − ω k + p
k k+ p
Esta função está definida apenas para valores imaginários discretos de ω , mas podemos
estendê-la facilmente a todo o plano complexo impondo a condição
Π∗ (ω ) = Π (ω ∗ ) .
Desta maneira, se vê de imediato que a extensão analítica possui cortes ao longo do eixo
real, e essa descontinuidade passa através desses cortes, é imaginária pura para ω real,
e é dada por
Desc Π (ω ) = lim ( Π (ω + iη ) − Π (ω − iη ) ) = 2i Im Π (ω ) ,
η →0
Im Π (ω ) = −
g 2 d 3k
∫
1
16 ( 2π ) ωk ωk + p
3 { ( ) }
(1 + n (ωk ) ) 1 + n (ωk + p ) − n (ωk ) n (ωk + p )
( ) { (
× δ (ω + ωk + ωk + p ) − δ (ω − ωk − ωk + p ) + n ( ωk ) 1 + n (ωk + p ) −)
} ( )
−n (ωk + p ) (1 + n (ωk ) ) × δ (ω − ωk + ωk + p ) − δ (ω + ωk − ωk + p ) .
φ → B+B
( )
ocorreria obrigatoriamente com o fator estatístico (1 + n (ωk ) ) 1 + n (ωk + p ) , de forma
semelhante a uma emissão estimulada de um laser em um meio físico. E, mais
importante, existem B ’s reais no meio térmico, e, logo, o processo inverso
B + B →φ
149
presentes no primeiro termo da expressão para a auto-energia. De forma semelhante, os
demais termos representam os processos
φ+B→B
B →φ + B .
Cabe notar que, se os produtos dos decaimentos fossem férmions, em vez de bósons, os
fatores estatísticos teriam a forma (1 − n ) , correspondendo ao princípio de exclusão de
Pauli, e representando o fato de que existe uma distribuição real de férmions com
densidade n no meio térmico, suprimindo assim a disponibilidade de densidade de
estados para o decaimento.
ω1 = ωk = ( k 2 + m12 )
12
12
ω2 = ωk + p = ( k + p ) + m22
2
s = ω 2 − p2 .
( ) ( k +p )
12 12
ω1ω2 = k + m12 + m22 ≥ k k + p + m1m2
2 2
∴ω1ω2 − m1m2 ≥ k k + p .
= ( m1 + m2 ) + k ⋅ ( k + p ) + 2 (ω1ω2 − m1m2 ) ≥ ( m1 + m2 ) + 2 ( k k + p + k ⋅ ( k + p ) )
2 2
≥ ( m1 + m2 ) .
2
Obtivemos deste modo o primeiro branch cut da função de dois pontos, situado no
intervalo ( m1 + m2 ) ≤ s ≤ ∞ , que coincide com o corte a temperatura zero que descreve
2
150
Além desse, porém, e devido aos novos processos adicionais a temperatura
finita, verifica-se
se um novo corte. Basta supor que a condição satisfeita pela função delta
seja ω = ω1 − ω2 (ou a condição simétrica ω1 ↔ ω2 ), e vemos que
= ( m1 − m2 ) + 2k ⋅ ( k + p ) − 2 (ω1ω2 − m1m2 )
2
≤ ( m1 − m2 ) − 2 ( k k + p − k ⋅ ( k + p ) ) ≤ ( m1 − m2 ) .
2 2
novo corte corresponde à absorção de partículas pelo meio, e sua estrutura pode ser
representada graficamente pela figura
fig abaixo:
Pode-se
se observar que o primeiro corte, como era esperado da análise das teorias a
temperatura zero, não produz não-analiticidades
não na origem. O segundo corte, por outro
lado, é responsável pelos limites não-comutativos,
não quando m1 = m2 , já discutidos
anteriormente. Essa mesma análise deixa claro também que, para processos em que o
laço envolve partículas com massas distintas, a não-analiticidade
não analiticidade deve desaparecer. Esta
conclusão pode ser explicitamente verificada ao se fazer o cálculo da auto-energia
auto do
bóson de calibre em uma teoria de calibre com quebra espontânea de simetria, no
calibre unitário. Cabe ressaltar também que a não-analiticidade
não analiticidade não é uma característica
particular da auto-energia
energia do bóson, e está presente também no caso fermiônico. Na
verdade, essa não-analiticidade
analiticidade também se manifesta no cálculo de ações efetivas, e
devemos sempre definir o que é entendido como potencial efetivo, quando a ação
efetiva não é analítica na origem do espaço dos momentos.
151
Obtém-se um sistema bem interessante quando consideramos uma teoria com
um campo escalar carregado Φ . O campo Φ neste caso é complexo, e descreve bósons
com cargas positivas e negativas, ou seja, bósons e os seus antibósons. Desta forma, a
densidade lagrangiana passa a ser
L = ∂ µ Φ ∗∂ µ Φ − m 2 Φ ∗Φ − λ ( Φ ∗Φ ) .
2
Vê-se imediatamente que essa lagrangiana possui simetria U (1) global ( α é uma
constante):
Φ → Φ ′ = Φe − iα .
Pelo teorema de Nöther existe uma corrente conservada associada a cada simetria
contínua da lagrangiana. Uma forma rápida de obtermos essa corrente é supor
inicialmente que α = α ( x ) , e retornar depois ao caso em que α ( x ) = cte. A
transformação U (1) “local” será então
( iα ( x )
) d ( Φe − iα ( x )
) − m Φ Φ − λ (Φ Φ )
2
L → L′ = ∂ µ Φ ∗e µ 2 ∗ ∗
= L + Φ ∗Φ∂ µα ∂ µα + i∂ µα ( Φ ∗∂ µ Φ − Φ∂ µ Φ ∗ ) .
∂L′ ∂L′
∂µ = .
∂ ( ∂ α ) ∂α
µ
∂L′
= Φ ∗Φ∂ µα + iΦ ∗∂ µ Φ − iΦ∂ µ Φ ∗ .
∂ (∂ α )
µ
Recuperando agora a condição de simetria global, temos que a corrente conservada será
jµ = i ( Φ ∗∂ µ Φ − Φ∂ µ Φ ∗ ) , ∂ µ jµ = 0 .
J µ = ∫ d 3 x jµ ( x ) e Q = ∫ d 3 x j0 ( x ) .
152
φ1 + iφ2
Φ= .
2
2 4
Q = ∫ d 3 x (φ2π 1 − φ1π 2 ) .
β ∂φ ∂φ
Z = ∫ [ d π 1][ d π 2 ] ∫ [ 1 ][ 2 ] ∫ dτ ∫ d 3 x iπ1 + iπ 2 2 − H + µ (φ2π1 − φ1π 2 )
d φ d φ exp
period . 0 ∂τ ∂τ
β 1 ∂φ1 1 ∂φ2
2
2
period .
2
( ∇φ1 ) − ( ∇φ2 ) − m 2φ12 − m 2φ22 − λ (φ12 + φ22 ) ,
1 1 1 1 1
−
2 2
2 2 2 2 4
β
φ1 = 2ς cos θ + ∑∑ e( φ1;n ( p )
i p⋅x +ωnτ )
V n p
153
β
φ2 = 2ς sen θ + ∑∑ e( φ2;n ( p ) .
i p ⋅x +ωnτ )
V n p
2
Z = ( N ′ ) ∏∏ ∫ dφ1;n ( p ) dφ2;n ( p ) e S ,
n p
onde
φ (p )
S = βV ( µ 2 − m 2 ) ς 2 − ∑∑ (φ1;− n ( −p ) , φ2;− n ( −p ) ) D 1;n
n p φ2;n ( p )
ω2 + ω2 − µ 2 −2 µωn
D = β2 n 2
.
−2 µω n ω 2
n + ω 2
− µ
Efetuando as integrações,
ln Z = βV ( µ 2 − m2 ) ς 2 + ln ( det D )
−1 2
.
ln det D = ln ∏∏ β 4 (ωn2 + ω 2 − µ 2 ) + 4µ 2ωn2
2
n p
n p
( 2
)
n p
2 2
= ln ∏∏ β 2 ωn2 + ( ω − µ ) + ln ∏∏ β 2 ωn2 + (ω + µ ) .
( )
Reunindo tudo isso, temos o resultado
ln Z = β V ( µ 2 − m 2 ) ς 2 −
1
∑∑
2 n p { 2
1
2 n p }
ln β 2 ωn2 + (ω − µ ) − ∑∑ ln β 2 ωn2 + (ω + µ )
2
{ }
Os dois últimos termos são exatamente da mesma forma já encontrada
anteriormente no caso do campo escalar neutro, e, para não repetirmos as contas, basta
154
fazer as substituições, respectivamente em cada termo: ω → ω − µ e ω → ω + µ , para
obtermos
ln Z = β V ( µ 2 − m 2 ) ς 2 − V ∫
d3 p
( 2π )
3 ( ) ( )
βω + ln 1 − e− β (ω − µ ) + ln 1 − e − β (ω + µ ) .
155
ρ = ρ ∗ ( βc , µ = m ) .
No limite não-relativístico ρ m3 , obtido após a expansão do integrando em
ρ ∗ , teremos então
23
2π 2 ρ
Tc = ;
m 3ς
e no limite ultra-relativístico ρ m3 a temperatura crítica será dada por
3ρ
12
Tc = .
m
No limite m → 0 , ocorrerá que µ → 0 e Tc → ∞ . Quando m = 0 , toda a carga
estará localizada no condensado, para todas as temperaturas, e nenhuma das
excitações térmicas possuirá carga.
156
VI. O Formalismo de Tempo Real
VI.1. Introdução
ρ ( t ) = ∑ pn ψ n ( t ) ψ n ( t ) .
n
157
A probabilidade de se encontrar o sistema quântico no estado ψ n ( t ) é igual a pn , e
como, para simplificar, vamos assumir que os estados possíveis para o sistema são
discretos, resulta que ∑p
n
n = 1 . A média de qualquer operador associado a esse sistema
A ( t ) = Tr ρ ( t ) A = ∑ pn ψ n ( t ) A ψ n ( t ) .
n
S = − ln p = −∑ pn ln pn ,
n
A evolução no tempo da matriz densidade pode ser obtida pela evolução dos
estados do sistema. Se esses estados satisfazem a relação
∂ ψ n (t )
i = H ψ (t ) ,
∂t
∂ρ ( t )
i = H , ρ ( t ) .
∂t
Foi assumido aqui que as probabilidades pn não variam com o tempo, o que é o mesmo
que dizer que a entropia é uma constante no tempo. A razão para essa hipótese é a falta
de conhecimento, da parte do observador, sobre a evolução dinâmica do sistema
externo, enquanto banho térmico. Como, por outro lado, podemos usar frequentemente
evoluções adiabáticas para estudar sistemas físicos, a hipótese assumida terá a sua
utilidade.
ρ ( t ) = e−iHt ρ ( 0 ) eiHt .
158
Se, também, o hamiltoniano comuta com ρ ( 0 ) , a matriz densidade será constante no
tempo, e, portanto, descreverá um sistema em equilíbrio. Isto é verdade, por exemplo, se
os estados do sistema são estacionários, ou se as probabilidades seguem uma
distribuição de Boltzmann – o que, neste caso, identifica um equilíbrio térmico. Em
geral, porém, o sistema não estará em equilíbrio, o hamiltoniano poderá depender do
tempo, e seremos obrigados a exprimir a matriz densidade usando o operador de
evolução temporal
ρ ( t ) = U ( t , 0 ) ρ ( 0 )U † ( t , 0 ) = U ( t , 0 ) ρ ( 0 )U ( 0, t ) ,
∂U ( t , t ′ )
i = H ( t )U ( t , t ′ ) , ou
∂t
− i dt ′′H ( t ′′)
t
U ( t , t ′ ) = T e ∫t′ ,
e− β Hi
ρ (0) = ,
Tr e − β H i
H i para Re t ≤ 0
H (t ) =
H ( t ) para Re t ≥ 0
O significado disto está bem claro: para tempos negativos, o sistema é preparado em um
estado de equilíbrio com temperatura β , e evolui, para tempos positivos, com o real
hamiltoniano do sistema, H ( t ) , que pode depender do tempo. Fica claro que o sistema
só evolui em equilíbrio no caso em que H ( t ) = H i .
U (T − i β , T )
ρ ( 0) = ,
Tr U (T − i β , T )
159
e, logo,
U ( t , 0 ) U (T − i β , T ) U ( 0, t )
ρ ( t ) = U ( t , 0 ) ρ ( 0 ) U ( 0, t ) = ,
Tr U ( T − i β , T )
Tr U ( t , 0 ) U (T − i β , T ) U ( 0, t ) A
A ( t ) = Tr ρ ( t ) A =
Tr U (T − i β , T )
Tr U (T − i β , T ) U ( 0, t ) AU ( t , 0 ) U ( 0, T ) U (T , 0 ) Tr U (T − i β , T ) U ( T , 0 ) U ( 0, t ) AU ( t , 0 ) U ( 0, T )
= =
Tr U (T − i β , T ) Tr U (T − i β , T )
Tr U ( T − i β , T ) U (T , t ) AU ( t , T )
= ,
Tr U (T − i β , T )
Falta apenas uma etapa final para que essa expressão assuma a forma padrão.
′
Seja T um tempo positivo muito grande. Usando as propriedades do operador de
evolução, podemos escrever então que
Tr U (T − i β , T ) U (T , T ′ ) U (T ′, T ) U (T , t ) AU ( t , T )
A (t ) =
Tr U (T − i β , T )
Tr U (T − i β , T ) U ( T , T ′ ) U (T ′, t ) AU ( t , T )
= .
Tr U (T − i β , T ) U (T , T ′ ) U (T ′, T )
O significado físico dessa expressão é bastante claro (não esquecendo que os operadores
estão seguindo a ordenação temporal: tempos iniciais à direita, tempos finais à
esquerda): o sistema evolui a partir de um tempo negativo muito grande T para um
certo tempo t , quando ocorre a inserção do operador A . Daí em diante, o sistema
evolui a partir de t até um tempo positivo muito grande T ′ , depois do que ele evolui
para trás no tempo para T , e finalmente segue ao longo de um tempo imaginário. No
plano complexo t , portanto, o contorno C associado ao funcional tem a forma:
160
Deve-se observar que os caminhos ao longo do eixo real são separados apenas
infinitesimalmente ao longo do eixo imaginário.
W [ J c ] = Tr U J c (T − i β , T ) U J c (T ′, T ) ,
onde J c define uma fonte ao longo do contorno de tempo que foi descrito acima.
Podemos notar também que U Jc representa o operador de evolução na presença das
fontes externas definidas ao longo do contorno. Para um hamiltoniano independente do
tempo e para J c = J , isto é, para uma fonte constante ao longo de todo o contorno,
transparece que o funcional gerador acima é exatamente o mesmo que foi discutido no
formalismo de tempo imaginário, uma vez que, nesse caso, e como resultado das
propriedades do operador de evolução,
U J c (T , T ′) U Jc (T ′, T ) = 1 .
Isto ocorre porque, neste caso, estamos aplicando o formalismo de tempo real a um
sistema em equilíbrio. Por outro lado, quando as fontes não são as mesmas ao longo do
caminho no tempo – em particular, nos dois ramos que seguem à frente e para trás no
tempo -, o hamiltoniano poderá ser diferente em tempos diferentes, e o funcional
gerador estará apto a descrever um sistema fora do equilíbrio, o que não seria possível
no formalismo de tempo imaginário.
Deve ter ficado claro agora que, se tomarmos a expressão acima para W [ J c ]
como definição do funcional gerador da nossa teoria, podemos, tal como ocorre a
temperatura zero, escrevê-la na representação integral funcional. Assim, por exemplo,
161
para uma teoria de Klein-Gordon real, interagindo somente com uma fonte externa, o
funcional gerador será escrito como
∫ ∫ i dt d 3 x ( L + J cφ )
W [ J c ] = ∫ Dφ e c ,
1 m2 2
L= ∂ µφ ∂ µφ − φ .
2 2
Dada uma integral funcional para a função de partição, como foi feito acima, podemos
obter várias funções de Green, perfazendo as derivadas funcionais com relação às
fontes, e fazermos estas corresponderem às apropriadas médias sobre o ensemble.
Entretanto, diferentemente do caso a temperatura zero, estas funções de Green, deverão
ser ordenadas temporalmente, ao longo do contorno C , no plano de tempo complexo.
Chamemos essas funções de Green ordenadas de Tc ( A ( t1 ) B ( t2 )) . Assim, por
exemplo, podemos definir o propagador, para a teoria real de Klein-Gordon, como
sendo
iGc ( t − t ′ ) = Tc (φ ( t ) φ ( t ′ ) ) = θ c ( t − t ′ ) φ ( t ) φ ( t ′ ) + θ c ( t ′ − t ) φ ( t ′ ) φ ( t ) ~
1 δ 2W [ J c ]
= ( −i )
2
,
W [ J c ] δ J c (t ) δ J c (t′) J
c =0
onde t e t ′ são dois pontos quaisquer do contorno, e onde, por simplicidade, suprimimos
as coordenadas espaciais (podemos supor que estamos trabalhando no espaço dos
162
momentos lineares, por exemplo). A função teta está definida sobre o contorno de forma
natural, tal que
θ ( t − t ′ ) para t , t ′ ∈ C+
θ ( t ′ − t ) para t , t ′ ∈ C−
θc ( t − t ′) =
0 para t ∈ C+ , t ′ ∈ C−
1 para t ′ ∈ C+ , t ∈ C−
e isto faz com que a função delta seja definida sobre o contorno como sendo
δ ( t − t ′ ) para t , t ′ ∈ C+
dθ c ( t − t ′ )
δ c ( t − t′) = = −δ ( t − t ′ ) para t , t ′ ∈ C−
dt 0 em caso contrário
∫ dt ′δ ( t − t ′) f ( t ′) = f ( t ) .
c
Com isso, o funcional gerador pode ser facilmente calculado, e tem a forma
i
W [ J c ] = N exp − ∫ dtdt ′∫ d 3 xd 3 y J c ( x, t ) Gc ( x − y, t − t ′ ) J c ( y, t ′ ) ,
2c
(∂ µ ∂ µ + m 2 ) Gc ( x − y , t − t ′ ) = −δ 3 ( x − y ) δ c ( t − t ′ ) .
∂2 2
2 + ωk Gc ( t − t ′, ωk ) = −δ c ( t − t ′ ) ,
∂t
Gc ( t ) Gc ( t ′ ) = Gc ( t ′ ) G ( t + i β ) ,
será
nB ( ω )
Gc ( t − t ′, ω ) =
2iω
( ′ ′
) ( ′ ′
)
θ c ( t − t ′ ) e βω −iω (t −t ) + eiω (t −t ) + θ c ( t − t ′ ) e βω + iω (t −t ) + e − iω (t −t ) ,
163
onde nB é a distribuição estatística de Bose-Einstein. Desta expressão do propagador
podemos extrair várias observações. Em primeiro lugar, o limite a temperatura zero
sobre C+ restitui o propagador usual, como era esperado. Em segundo lugar, o
propagador, assim como a temperatura zero, é uma função par:
Gc ( t − t ′) = Gc ( t ′ − t ) .
( )
lim Gc ( t − T + is, ω ) = lim e − iω (t −T +is ) + e βω +iω ( t −T +is ) → 0 .
T →−∞ T →−∞
Isto mostra que o propagador não pode conectar dois pontos distintos, quando um deles
está sobre C+ , ou C− , e o outro em C3 . Em outras palavras, o funcional gerador não
pode ter termos que misturem J 3 e J + , ou J − . Isto equivale a dizer que a contribuição
do ramo C3 à integral funcional pode ser fatorada, o que permite que se considerem as
fontes sobre esse ramo como sendo nulas. Esta contribuição pode ser absorvida em um
fator de normalização dependente da temperatura, que é irrelevante quando se
consideram questões dinâmicas, e, consequentemente, aquele ramo do contorno pode
ser inteiramente ignorado para fins de cálculo. O que transforma agora o contorno, na
prática, em um contorno fechado no plano complexo de tempo, justificando assim a
denominação do formalismo. Os mesmos argumentos, e, logo, o mesmo resultado, se
aplicam ao propagador dos campos fermiônicos.
Já ficou claro, portanto, que o propagador, em qualquer teoria, pode ser obtido
de forma paralela ao caso de temperatura zero, desde que se obedeça às condições
apropriadas de periodicidade, e também que, a temperatura finita, esse propagador tem
uma estrutura mais complexa, uma vez que é o portador da dependência da temperatura.
Considerando que propagadores são simplesmente as funções de Green multiplicadas
por i , temos sobre os ramos C+ e C− um total de quatro propagadores não-triviais,
obtidos de
G++ ( t − t ′, ω ) = −
i
2ω
{
θ ( t − t ′ ) + nB (ω ) e ( ) + θ ( t ′ − t ) + nB ( ω ) e ( )
− iω t − t ′
}
iω t − t ′
G+− ( t − t ′, ω ) = −
i
2ω
{
nB (ω ) e ( ) + (1 + nB (ω ) ) e ( )
− iω t −t ′ iω t −t ′
}
G−+ ( t − t ′, ω ) = −
i
2ω
{
nB (ω ) e ( ) + (1 + nB ( ω ) ) e ( )
iω t −t ′ − iω t −t ′
}
G−− ( t − t ′, ω ) = −
i
2ω
{
θ ( t − t ′ ) + nB (ω ) e ( ) + θ ( t ′ − t ) + nB (ω ) e ( ) .
iω t −t ′
}
− iω t −t ′
164
Os subscritos das funções de Green indicam os ramos do contorno fechado no plano
complexo de tempo aos quais as coordenadas de tempo correspondentes pertencem. Em
termo se médias no ensemble, as definições passam a ser as seguintes:
iG++ ( t − t ′ ) = T φ ( t ) φ ( t ′ ) t , t ′ ∈ C+
iG−− ( t − t ′ ) = T ∗ φ ( t ) φ ( t ′ ) t , t ′ ∈ C−
iG+− ( t − t ′ ) = φ ( t ) φ ( t ′ ) t ∈ C+ , t ′ ∈ C−
iG−+ ( t − t ′ ) = φ ( t ) φ ( t ′ ) t ∈ C− , t ′ ∈ C+ ,
φ
φa = +
φ−
J
Ja = + ,
J−
i
W [ J + , J − ] = N exp − ∫ d 4 xd 4 y J a ( x ) Gab ( x, y ) J b ( y ) ,
2
1 δ 2W [ J ]
iGab ( x, y ) = ( −i )
2
.
W [ J ] δ J a ( x ) δ J b ( y ) J =0
Podemos observar aqui que, neste caso, a integração se dá sobre o intervalo usual,
−∞ ≤ t ≤ ∞ , e que o ramo C− foi eliminado do contorno de trajetória fechada de tempo
(CTP), tendo sido substituído pela duplicação dos graus de liberdade do sistema.
165
Decorre imediatamente desta conclusão que a função de Green G++ corresponde à
função de Green convencional ordenada no tempo, enquanto que G−− faz o papel da
função de Green ordenada reversamente no tempo – uma vez que a ordenação no tempo
sobre C− , no qual o tempo flui reversamente, corresponde à ordenação reversa no
sentido convencional em TQC. Intuitivamente, já se pode prever que as funções de
Green a temperatura finita possuirão propriedades de analiticidade bem diferentes das
funções a temperatura zero. Nesta representação bidimensional, resulta também que
podemos escrever as funções de Green como uma matriz 2 × 2 da forma
G G+−
G = ++ .
G−+ G−−
Como já sabemos por experiência que os cálculos com as funções de Green são
grandemente simplificados no espaço dos momentos, usaremos agora as transformadas
de Fourier das funções de Green, que, no formalismo de tempo real, é uma operação
bem mais fácil do que no formalismo de tempo imaginário, e teremos então que
G++ ( p ) = 2
1
p − m + iε
2 ( )
− 2iπ nB p 0 δ ( p 2 − m 2 )
G−− ( p ) = − 2
1
p − m − iε
2 ( )
− 2iπ nB p 0 δ ( p 2 − m 2 )
( )
G+− ( p ) = −2iπ θ ( − p 0 ) + nB p 0 δ ( p 2 − m2 )
( )
G−+ ( p ) = −2iπ θ ( p 0 ) + nB p 0 δ ( p 2 − m2 ) .
1 1 1
δ ( x ) = lim − ,
ε →0 2iπ x − iε x + iε
166
É importante ressaltar que os propagadores em tempo real iGab possuem uma
descrição física intuitiva, o que não ocorre no formalismo de tempo imaginário. Em
primeiro lugar, observe-se que os propagadores em tempo real são constituídos por duas
partes, uma correspondendo à temperatura zero, e a outra sendo a portadora da
dependência da temperatura. E esta última é a mesma, para todas as componentes das
funções de Green. Em segundo lugar, analisando G++ , pode-se considerar
convencionalmente a parte de temperatura zero do propagador como representando a
troca de uma partícula virtual, ao passo que a outra parte representa uma contribuição
on-shell. Ocorre que, em um plasma de partículas aquecidas, há uma distribuição de
partículas reais, e essas partículas reais também podem participar dos processos de
absorção e emissão, além daqueles ocasionados pela troca de partículas virtuais. E a
parte do propagador dependente da temperatura descreve precisamente esta situação
física real.
Uma outra propriedade importante, cuja constatação corrobora o que já foi visto
antes, e que está patente na estrutura do propagador, é que, uma vez que a parte
dependente da temperatura corresponde a uma contribuição on-shell, não deverá ter
influência no comportamento da teoria no ultravioleta. Explicitando: um sistema
quântico não pode acrescentar divergências adicionais no UV a temperatura finita
(embora as divergências no infravermelho possam vir a ser significativas). Uma forma
também fisicamente intuitiva de ver isso é observar que, se a contribuição térmica vem
de uma distribuição de partículas reais em um meio aquecido (macroscopicamente
falando, o equivalente ao banho térmico da termodinâmica), esta distribuição tenderá,
no ultravioleta, a uma distribuição de Boltzmann, com a característica supressão de
modos de altas energias, tornando as contribuições da temperatura desprezíveis nesta
região.
iGR ( x, x′ ) = θ ( t − t ′ ) φ ( x ) , φ ( x′ )
iGA ( x, x′ ) = θ ( t ′ − t ) φ ( x ) , φ ( x′ )
167
iGC ( x, x′ ) = φ ( x ) , φ ( x′ ) + .
Estas funções podem ser expressas em termos das componentes das funções de Green
causais anteriormente encontradas, de acordo com
0 GA
Gˆ =
GR GC
G = Q −1GQ
ˆ
Ĝ = QGQ −1
1 1 −1
Q=
2 1 1
1 1 1
Q −1 = −1 1 = Q
†
2
Temos, portanto, que, uma vez que a matriz G das funções de Green causais tenha sido
calculada por diagramas, as funções de Green físicas Ĝ podem de imediato ser obtidas
Vejamos agora as formas das funções de Green físicas a temperatura finita para
a teoria de Klein-Gordon, que resultam da aplicação deste método. Obtemos as
expressões
168
1 1
GR ( p ) = =
p − m + iε p ( p0 + iε 2 ) − ω p
2 2 0 2
1 1
GA ( p ) = =
p − m − iε p ( p 0 − iε 2 ) − ω p
2 2 0 2
(
GC ( p ) = −2iπ 1 + 2nB p 0( ))δ ( p 2
− m2 ) .
S++ ( p ) = ( γ µ pµ + m ) 2
1
p − m + iε
2 ( )
+ 2iπ nF p 0 δ ( p 2 − m 2 )
S−− ( p ) = ( γ µ pµ + m ) − 2
1
p − m − iε
2 ( )
+ 2iπ nF p 0 δ ( p 2 − m 2 )
( ( ) )
S+− ( p ) = 2iπ ( γ µ pµ + m ) nF p 0 − θ ( − p 0 ) δ ( p 2 − m2 )
( ( ) )
S−+ ( p ) = 2iπ ( γ µ pµ + m ) nF p 0 − θ ( p 0 ) δ ( p 2 − m2 ) ,
( )
nF p 0 =
1
β p0
.
e +1
Da mesma forma, a partir daí, as funções de Green físicas podem ser obtidas de
imediato, pela aplicação da matriz de transformação unitária Q .
169
Para este contorno, as funções de Green para o campo escalar tem a seguinte forma, no
espaço dos momentos:
G11 ( p ) = G++ ( p )
G22 ( p ) = G−− ( p )
G12 ( p ) = eσ p G+− ( p )
0
G12 ( p ) = −2iπ e β p ( )
θ ( − p 0 ) + nb p 0 δ ( p 2 − m2 )
02
= −2iπ e β p
02
= −2iπ e
β p0 2
( )
nB p 0 δ ( p 2 − m 2 ) ;
G21 ( p ) = −2iπ e− β p ( )
θ ( p 0 ) + nB p 0 δ ( p 2 − m2 )
0
2
= −2iπ e − β p
02
= −2iπ e
β p0 2
( )
nB p 0 δ ( p 2 − m 2 ) .
G12 ( p ) = G21 ( p ) .
170
VI.4. Propriedades de Analiticidade
1
Re G++ ( p ) = P 2 2
p −m
β p0
Im G++ ( p) = −π coth δ ( p 2 − m2 ) ,
2
Im G++ ( p′0 , p ) β p ′0
Re G++ ( p 0 , p ) = −
1 ∞
P ∫ dp′0 tanh ,
π −∞ p 0 − p ′0 2
que mostra mais uma vez que G++ não possui propriedades de analiticidade bem
definidas.
Re GR ( p ) = Re G++ ( p )
β p0
Im GR ( p ) = tanh Im G++ ( p ) .
2
E, mais uma vez, como a função de Green retardada é analítica no semiplano superior
do plano complexo p 0 , resulta que G++ não é analítica em qualquer dos dois
semiplanos, assim como ocorre com a função delta δ ( x ) em relação ao plano complexo
x . Observe-se que essas relações para as funções de Green e propagadores da teoria
bosônica livre também serão válidas em uma teoria interagente. E, do mesmo modo,
podem ser obtidas da função de Green avançada.
171
Gβ ( p 0 , p ) =
1
,
(p )
0 2
+ p2 + m2
( )
Gβ i ( p 0 + iε ) , p = −
1
=−
1
= −GR ( p ) .
(p + iε ) − p 2 − m 2 p − m + 2iε p 0
2 2 2 2
S = ∫ d 4 x ( L ( φ + ) − L (φ − ) ) ,
onde
1 m2 2 λ 4
L (φ ) = ∂ µφ∂ µφ − φ − φ .
2 2 4!
172
O propagador térmico para a teoria livre já foi calculado anteriormente, falta
calcular os vértices de interação, representados como
Fica patente que agora temos duas espécies de vértices na teoria, um vértice envolvendo
apenas φ+ , o outro envolvendo apenas φ− . A intensidade da interação é a mesma em
ambos os casos, diferindo apenas nos sinais. Isto posto, podemos imediatamente
calcular as correções a um laço para a teoria, que se resume somente a uma correção de
massa:
( −iλ ) λ
−i∆m+2 =
2
d4 p
∫ ( 2π ) 4
iG++ ( p ) = ∫
d4 p
4
1
2 ( 2π ) p − m + iε
2 3 ( )
− 2iπ nB p 0 δ ( p 2 − m 2 )
= −i ( ∆m02 + ∆mT2 ) .
iλ d 3 p 1
4 ∫ ( 2π )3 ω p
−i∆m02 = − ,
173
enquanto que a integral em p 0 da parte dependente da temperatura pode ser efetuada
trivialmente usando-se a definição da função δ , e vem a ser igual a
i λ d 3 p nB ( ω p )
2 ∫ ( 2π )3 ω p
−i∆mT2 = − .
λ d3p 1 βω p
4 ∫ ( 2π )
∆m+2 = ∆m02 + ∆mT2 = coth ,
3
ωp 2
que vem a ser, como era esperado, a mesma expressão já anteriormente encontrada e
exatamente calculada no formalismo de tempo imaginário.
iλ d 4 p
∆m−2 = ∫ G−− ( p ) = ∆m+2 .
2 ( 2π ) 4
()
( p ) = iG++ + ( −i∆m+2 ) ( iG++ ) + ( i∆m−2 ) ( iG+− )( iG−+ )
1 2
iG++
(1)
( p ) = G++ ( p ) + ∆m+2 ( G++ ( p ) ) − G+− ( p ) G−+ ( p ) .
2
∴ G++
Apesar de cada função de Green conter uma função delta, cujo quadrado é uma
quantidade que não é bem definida, uma simples substituição mostra que essas
quantidades se cancelam mutuamente, dando como resultado a possibilidade de uma
expansão perturbativa da expressão acima. O que é mais uma forma de comprovar que a
174
duplicação dos graus de liberdade é realmente necessária à consistência de uma
descrição diagramática válida. Usando uma expressão regularizada para a função delta,
como aquela já apresentada, podemos também escrever que
1 1 1 2 ∂G++ ( p )
δ ( x ) = lim − → G++ = G++ ( p ) + ∆m+
(1)
ε → 0 2iπ
x − iε x + iε ∂m 2
o que mostra que a correção de massa tem apenas o efeito de deslocar a posição do polo
no propagador, de modo semelhante ao que ocorre à temperatura zero.
175
VII. Formalismo de Tempo Real com Campos Térmicos
VII.1. Introdução
a, a † = 1 ,
os operadores
q=
1
2
( a + a† ) ,
p=
1
2
( a − a† )
[ q, p ] = i ,
o que significa que um sistema com uma variável canônica atua como um oscilador.
N = a†a ,
N n =n n , n m = δ nm .
177
Como n não pode ser negativo, deve ter forçosamente um valor mínimo. Seja então
0 o autovetor de N com esse autovalor mínimo. Decorre daí, uma vez que a é um
operador de destruição cuja ação é fazer N decrescer, que
a 0 = 0,
N 0 =0,
o que mostra que o valor mínimo dos autovalores de N é nulo. Este fato justifica a
notação 0 , que nada mais é do que n com n = 0 . O estado 0 será identificado
com o estado de vácuo a temperatura zero.
1
( a† ) 0 .
n
n =
n!
∆A = A − A ,
( ∆p ) ( ∆q ) ≥1 4 .
2 2
178
VII.2.1.1.2. Estados Coerentes
Isto remete ao mesmo antigo problema que fez supor que, talvez, a fase e o
número de fótons pudessem ser variáveis canonicamente conjugadas, como, por
exemplo, faz crer a fórmula
e − iθ N ae iθ N = eiθ a .
Desta forma, N seria o gerador da mudança de fase, e, portanto, o número poderia ser o
conjugado canônico da fase, resultando, por analogia com o momento linear e a posição,
na relação de incerteza
∆θ ∆n ≥ ,
2
179
esse estado contenha muitos osciladores quânticos associados a a . Este exemplo mostra
como podem existir várias espécies de vácuo, uma vez que o vácuo apropriado para
uma onda com uma fase específica, como a gerada em um laser, é um novo vácuo que
contém muitos fótons condensados em um mesmo estado comum.
A transformação
a → α (θ ) = a + θ ,
α (θ ) 0, β = 0
a 0, β = −θ 0, β .
Definindo um gerador
Gc (θ ) = −i (θ ∗ a − θ a † )
tal que
U c (θ ) = exp iGc (θ )
obtemos que
α (θ ) = U c (θ ) aU c−1 (θ )
0, β = U c (θ ) 0 .
1 2
U c (θ ) = exp − θ exp ( −θ a † ) exp (θ ∗ a ) ,
2
1 2
0 (θ ) = exp − θ exp ( −θ a † ) 0 .
2
180
Isto indica que o estado 0, β de α -vácuo é uma superposição de estados com muitas
α -partículas. Este é um exemplo de condensação de α -partículas. Agora, do mesmo
jeito que construímos o a -espaço de Fock H ( a ) pela operação iterativa de potências
de a † sobre 0 , podemos construir o espaço de Fock H (θ ) pela ação cíclica de α †
sobre 0, β . Podemos ver também que H ( a ) é equivalente a H (θ ) , no sentido de que
qualquer vetor em H ( a ) é uma superposição de vetores em H (θ ) , e vice-versa.
Obtemos assim um espaço de Fock parametrizado, de tal forma que quaisquer dois
espaços com θ ’s diferentes são mutuamente equivalentes.
( ∆p ) ( ∆q ) =1 4 .
2 2
( ∆p ) ≤1 2 ( ∆q ) ≤1 2.
2 2
ou
Gs = i a 2 − ( a † )
1 2
2
U s (θ ) = exp iGs (θ )
α (θ ) = U s (θ ) aU s−1 (θ )
α † (θ ) = U s (θ ) a †U s−1 (θ ) ,
181
α (θ ) = ca − da †
α † (θ ) = ca † − da ,
1 1
0, β = exp − ln cosh θ exp ( a † ) tanh θ 0 .
2
2 2
Esta relação indica que o estado de α -vácuo 0, β é uma superposição de estados com
número par de α -partículas, isto é, este é mais um exemplo de condensação de a -
partículas. Observa-se mais uma vez que H ( a ) é equivalente a H (θ ) , no sentido de
que qualquer vetor em H ( a ) é uma superposição de vetores em H (θ ) , e vice-versa.
Aqui H (θ ) é o espaço de Fock criado por operações de potências de α † (θ ) sobre
0, β , e observamos novamente que o mesmo é parametrizado de forma a que dois
espaços quaisquer com diferentes θ são mutuamente equivalentes.
( ∆q ) = (c + d ) 2
2 2
( ∆p ) = (c − d ) 2 .
2 2
( ∆p ) ( ∆q ) =1 4 .
2 2
182
VII.2.1.1.4. Estados comprimidos com dois modos
a, a † = a , a † = 1
[ a, a ] = a, a † = 0
GB = i aa − a † a † .
α (θ ) = U B (θ ) aU B−1 (θ )
α (θ ) = U B (θ ) aU
B−1 (θ )
nos dá que
α (θ ) = ca − da †
α (θ ) = ca − da † ,
c −d c d
B (θ ) = ; B −1 (θ ) = ,
−d c d c
correspondente à relação
B −1 (θ ) = τ 3 B (θ )τ 3 ,
1 0
τ3 = ,
0 −1
a µ : a1 = a, a 2 = a †
183
a µ : a1 = a † , a 2 = − a
α (θ ) : α (θ ) = α (θ ) , α (θ ) = α † (θ )
µ 1 2
α (θ ) : α (θ ) = α † (θ ) , α (θ ) = −α (θ ) ,
µ 1 2
a µ = B −1 (θ ) α (θ )
µν ν
a µ = α (θ ) B (θ ) .
ν νµ
a 0 = a 0 = 0
α (θ ) 0 (θ ) = α (θ ) 0 (θ ) = 0 .
Uma vez que os α (θ ) -vácuos correspondem aos estados nos quais os pares
( a, a ) se apresentam condensados, estes vácuos são invariantes quanto à permutação de
a por a . Esta operação de permutação que deixa os vácuos invariantes é chamada de
(~)-conjugação, e tem as seguintes propriedades:
0 (θ ) = 0 (θ ) ,
0 (θ ) = 0 (θ ) .
184
n ≡ 0 (θ ) a † a 0 (θ ) e n ≡ 0 (θ ) a † a 0 (θ )
obtemos a identidade
n = n = d 2 = senh 2 θ ,
Uma análise detalhada das relações de incerteza revela que a correlação entre os
dois osciladores é induzida por um mecanismo bastante complexo. Os estados
comprimidos com dois modos exibem um aspecto particular, fortemente vinculado ao
efeito térmico, dos vários possíveis efeitos de vácuo quântico. Devido a esta
característica, a transformação de Bogoliubov para os estados compridos com dois
modos é chamada de transformação de Bogoliubov térmica, e cumpre um papel
fundamental na construção da teoria TFD.
A β
= Z −1 ( β ) Tr e − β H A = Z −1 ( β ) ∑ e − β En n A n ,
n
H n =E n ; n m = δ nm .
A β
= 0, β A 0, β = Z −1 ( β ) ∑ e− β En n A n ,
n
185
Supondo que se pode escrever o estado 0, β como uma superposição linear de
estados em H , e usando a relação de completeza do espaço de Hilbert, obtemos que
0, β = ∑ n n 0, β = ∑ f n ( β ) n .
n n
Logo,
0, β A 0, β = ∑ f n∗ ( β ) f m ( β ) n A m ,
n ,m
f n∗ ( β ) f m ( β ) = Z −1 ( β ) e − β En δ nm .
É imediato perceber, por outro lado, que, embora os f n ( β ) não sejam vetores
de estado, essa última relação é em tudo análoga a uma relação de ortonormalidade
entre vetores de estado. O passo seguinte é, seguindo o objetivo inicial, introduzir um
sistema fictício que seja uma cópia idêntica do sistema original em estudo, e apresentá-
lo como um sistema (~), no qual o estado n possui o autovalor número n . Vamos
então considerar o espaço produto dos dois sistemas, dado por
n, m = n ⊗ m ,
0, β = ∑ f n ( β ) n, n = ∑ f n ( β ) n ⊗ n .
n n
0, β A 0, β = ∑ f n∗ ( β ) f m ( β ) n, n A m, m = ∑ f n∗ ( β ) f m ( β ) n A n .
n ,m n
Foi usado o fato de que um operador do sistema físico original não atua sobre o espaço
de Hilbert do sistema (~), e vice-versa, o que se traduz nas relações de ortonormalidade
entre estados
186
n, m A n′, m ′ = n A n′ m m ′ = δ mm′ n A n′
n, m A n′, m ′ = n n′ m A m ′ = δ nn′ m A m ′ .
f n∗ ( β ) f n ( β ) = Z −1 ( β ) e − β En ,
H = ωa†a
a, a † = 1 ; [ a, a ] = a † , a† = 0 .
O espaço de Hilbert tem dimensão infinita, e os auto-estados do hamiltoniano
satisfazem
H n = nω n n = 0,1, 2,…
H = ω a † a ,
187
Onde os operadores (~) de destruição e criação obedecem a relações de comutação
idênticas às acima, além de comutarem com os operadores originais. A representação de
um estado padrão normalizado no espaço produto será
n, m = n ⊗ m n, m = 0,1, 2,…
12 ∞
0, β = (1 − e − βω ) ∑e − n βω 2
n, n .
n =0
Q (θ ) = −iθ ( β ) ( aa
− a † a † )
(
−θ ( β ) aa )
U (θ ) = e
− iQ (θ ) − a† a †
=e
(
−θ ( β ) aa )
0, β = U (θ ) 0, 0 = e
− a †a †
,
1 e − βω 2
cosh θ ( β ) = ; senh θ ( β ) = .
1 − e − βω 1 − e − βω
a
Db = †
a
a (β )
Db ( β ) = † = U (θ ) DbU (θ ) = Bb (θ ) Db ,
†
a ( β )
cosh θ ( β ) − senh θ ( β )
Bb (θ ) = .
− senh θ ( β ) cosh θ ( β )
188
Resulta da definição dos operadores térmicos de destruição e criação que o vácuo
térmico satisfaz as relações
a ( β ) 0, β = ( a cosh θ ( β ) − a † senh θ ( β ) ) 0, β = 0
a ( β ) 0, β = ( a cosh θ ( β ) − a † senh θ ( β ) ) 0, β = 0 .
Verificamos assim, mais uma vez, que o estado 0, β é destruído pelos operadores
térmicos de destruição, e pode ser considerado, neste sentido, como o vácuo térmico. É
importante notar também que a destruição de um quantum de partícula no vácuo
térmico equivale à criação de um (~)-quantum. Da forma usual, podemos construir o
espaço de Hilbert térmico pela aplicação das potências dos operadores térmicos de
criação sobre o estado de vácuo térmico 0, β . Entretanto, os estados neste espaço não
serão auto-estados do hamiltoniano original H , nem do (~)-hamiltoniano H , mas sim
do operador H − H , que pode ser considerado como o hamiltoniano total, com métrica
indefinida, que governa a dinâmica do sistema combinado. Desta forma, podemos
escrever a seguinte equação:
( H − H ) 0, β =0,
assim como podemos adotar a prescrição, para sistemas livres ou interagentes, para a
expressão da densidade lagrangiana total, dada por
LTotal = L − L .
0
Se separarmos a lagrangiana total LTot em sua parte livre bilinear LTot ≡ L0 − L0 e sua
I
parte interativa LTot ≡ LI − LI , podemos usar as fórmulas de Gell-Mann-Low e,
portanto, também o método usual dos diagramas de Feynman, ao VEV ( β ) de produtos
de operadores ordenados no tempo, que não são nada mais do que funções de Green
causais/ propagadores, em tempo real e a temperatura finita.
H = ω b †b ,
189
{b, b } = 1 ; {b, b} = {b , b } = 0 ,
† † †
H = ωb †b
Desta vez, vamos assumir que os operadores de destruição e criação do sistema original
e do sistema (~) anticomutam.
0, 0 ; 0,1 ; 1, 0 ; 1,1 .
Assumindo também, como usual, que os auto-estados são ortonormais, podemos fazer a
expansão
0, β = f 0 ( β ) 0 ⊗ 0 + f1 ( β ) 1 ⊗ 1 .
0, β 0, β = f 0 ( β ) + f1 ( β ) = 1 ,
2 2
1
0, β N 0, β = 0, β b†b 0, β = f1 ( β ) =
2
βω
.
e +1
1
f 0 ( β ) = f 0∗ ( β ) =
1 + e − βω
e− βω 2
f1 ( β ) = f1∗ ( β ) = .
1 + e − βω
190
0, β =
1+ e
1
− βω
( 0, 0 + e − βω 2
1,1 , )
e também obtemos de forma trivial, a partir das relações de anticomutação, que
( bb − b b ) 0, 0 = ( −1) 0, 0
2n n
† †
( bb − b b )
2 n +1
0, 0 = ( −1)
n +1
† †
0, 0 .
Q (θ ) = −iθ ( β ) bb (
− b†b † , )
sendo θ ( β ) um parâmetro real tal que torna formalmente unitário o operador
(
−θ ( β ) bb )
U (θ ) = e
−b†b †
− iQ (θ )
=e ,
o qual, por sua vez, tem a propriedade de, a partir do vácuo do espaço duplicado, gerar o
vácuo térmico, de acordo com a expressão
1 e − βω 2
cos θ ( β ) = ; sen θ ( β ) = .
1 + e − βω 1 + e − βω
A ( β ) = U (θ ) AU † (θ ) ,
b ( β ) = b cos θ ( β ) − b † sen θ ( β )
b ( β ) = b cos θ ( β ) + b† sen θ ( β )
b† ( β ) = b† cos θ ( β ) − b sen θ ( β )
191
b † ( β ) = b † cos θ ( β ) + b sen θ ( β ) ,
b
Df = † ,
b
(
b ( β ) 0, β = b cos θ ( β ) − b † sen θ ( β ) 0, β)
( )(
= b cos θ ( β ) − b † sen θ ( β ) cos θ ( β ) 0, 0 + sen θ ( β ) 1,1 )
( )
= cos θ ( β ) sen θ ( β ) b 1,1 − b † 0, 0 = 0 ;
(
b ( β ) 0, β = b cos θ ( β ) − b† sen θ ( β ) 0, β)
( )(
= b cos θ ( β ) − b† sen θ ( β ) cos θ ( β ) 0, 0 + sen θ ( β ) 1,1 )
(
= cos θ ( β ) sen θ ( β ) b 1,1 − b† 0, 0 = 0 ,)
onde foi usado o fato de que os operadores (~) e não-(~) anticomutam. Isto mostra que,
efetivamente, o vácuo térmico é o estado de vácuo dos operadores de destruição e
criação.
0, β ; b† ( β ) 0, β ; b † ( β ) 0, β ; b† ( β ) b † ( β ) 0, β .
192
observação importante, agora do ponto de vista físico, é que a destruição de um
quantum de partícula no vácuo térmico é inteiramente equivalente à criação de uma (~)-
partícula, e vice-versa. Isto nos leva naturalmente a imaginar uma (~)-partícula como
uma espécie de estado “buraco” das partículas quânticas, ou como um estado de
partícula no interior do banho térmico, provendo assim um significado intuitivo, na
dinâmica dos campos térmicos, ou teoria TFD, para a necessidade de duplicação dos
graus de liberdade. E mesmo, levando em conta a complexidade do sistema total, que
combina um sistema quântico microscópico, descrito por meio de operadores sujeitos à
sua álgebra específica, a um sistema termodinâmico macroscópico que descreve um
banho térmico, pode-se dizer que é simplesmente espantoso que seja suficiente, apenas,
duplicar o espaço de Hilbert original, para que sejam obtidos resultados quantificáveis e
verificáveis por experimentação, como na verdade ocorre.
Da mesma forma que no caso dos osciladores bosônicos, pela constatação de que
b† ( β ) b ( β ) − b † ( β ) b ( β ) = b†b − b †b
H Total = H − H ,
Deve-se a Ojima (Izumi Ojima, Ann. Phys. 137, 1-32 (1981)) a formulação
alternativa de uma transformação equivalente para o oscilador fermiônico, a partir do
contexto da Mecânica Estatística Axiomática, usando a estrutura matemática da C ∗ -
álgebra usada pelo formalismo HHW (Haag-Hugenholtz-Winnink), onde a condição
KMS não é derivada, e sim postulada. Neste contexto próprio, são identificadas relações
de comutação anormais geradas pela operação de (~)-conjugação, às quais se aplica
uma transformação de Klein apropriada. Em resultado dessas considerações, as relações
entre os operadores fermiônicos no espaço original e no espaço (~) passam a ser
193
VII.2.4. Teoria Livre do Campo de Schrödinger: Operadores Térmicos
1 †
L = iψ †ψ − ∇ψ ⋅ ∇ψ .
2m
De acordo com a TFD, devemos introduzir um sistema (~), cuja lagrangiana, por
analogia, será dada por
1 †
L = −iψ †ψ − ∇ψ ⋅ ∇ψ .
2m
A explicação para o sinal negativo no primeiro termo logo ficará clara, quando forem
estabelecidas as regras de conjugação ((~)-conjugação) entre os dois espaços de Hilbert.
A densidade lagrangiana total para o sistema será, como já foi visto,
Lˆ = L − L .
∂Lˆ
Π ( x, t ) = = iψ † ( x, t )
∂ψ ( x, t )
( x, t ) = ∂Lˆ
Π = iψ † ( x, t )
∂ψ ( x, t )
ψ ( x, t ) ,ψ † ( x, t ) = δ 3 ( x − y )
ψ ( x, t ) ,ψ ( y , t ) = 0 = ψ † ( x, t ) ,ψ † ( y , t )
ψ ( x, t ) ,ψ † ( x, t ) = δ 3 ( x − y )
194
e, logo, os sistemas serão idênticos, assim como a forma das densidades hamiltonianas.
Assumiremos também que os campos (~) comutam com os campos não-(~). Manifesta-
se aí uma das regras para a (~)-conjugação, qual seja, a lagrangiana para o sistema (~) é
obtida da lagrangiana do sistema original simplesmente pela substituição das variáveis
de campo pelas variáveis (~), e pela conjugação complexa de todos os coeficientes da
densidade lagrangiana original. Usualmente, esta regra é representada através da
identidade
ψ = c∗ψ .
c
Esta operação é crucial, mesmo quando a densidade lagrangiana não contém nenhum
parâmetro complexo, porque implica a estrutura analítica correta das funções de Green a
temperatura finita. È importante enfatizar que, no contexto da TFD, as regras de (~)-
conjugação são postuladas, e não derivam logicamente de outras considerações.
1 †
H= ∇ψ ( x, t ) ⋅∇ψ ( x, t )
2m
1 †
H = ∇ψ ( x, t ) ⋅∇ψ ( x, t ) ,
2m
o que resultará num hamiltoniano total para o sistema combinado dado pela relação
Ĥ = H − H .
1 2
iψ ( x, t ) = ψ ( x, t ) , Hˆ = − ∇ ψ ( x, t )
2m
1 2
iψ ( x, t ) = ψ ( x, t ) , Hˆ = ∇ ψ ( x, t ) .
2m
Estas equações confirmam que, de fato, podemos considerar Ĥ como sendo o gerador
de evolução temporal para o sistema combinado, correspondendo efetivamente,
portanto, ao papel de hamiltoniano total.
1 1
ψ ( x, t ) = ∑e ik ⋅x
ψ k (t ) = ∑e − iωk t + ik ⋅x
ak
V k V k
1 1
ψ ( x, t ) = ∑e ψ k ( t ) =
− ik ⋅x
∑e − iωk t − ik ⋅ x
ak .
V k V k
195
Devem ser observadas duas coisas nesta expansão. Em primeiro lugar, para simplificar,
o sistema foi quantizado numa caixa finita, cúbica, de volume V , o que leva a valores
discretos para k , e a energia corresponderá ao valor de
k2
ωk = .
2m
H = ∑ ωk a †k ak
k
H = ∑ ωk a †k ak
k
Hˆ = H − H = ∑ ωk ( a †k ak − a †k ak ) .
k
A partir daí, o espaço de Hilbert para o sistema combinado pode ser construído
diretamente, e o vácuo térmico pode ser definido como sendo
0, β = Z −1 2 ( β ) ∑∑ e − βωk nk 2
nk , nk ,
k nk
1
Z (β ) = ∑ .
k 1 − e − βωk
U (θ ) = e = exp −∑θ k ( β ) ( ak ak − ak† ak† ) .
− iQ (θ )
k
Este operador formalmente unitário irá relacionar o vácuo térmico com o vácuo a
temperatura zero na forma padrão, ou seja,
0, β = U (θ ) 0, 0 ,
196
desde que sejam feitas as identificações
1 e − βωk 2
cosh θ k ( β ) = senh θ k ( β ) = .
1 − e− βωk 1 − e − βωk
ak ( β ) ak cosh θ k ( β ) − senh θ k ( β ) ak
† = B (θ k ) † = † .
ak ( β ) ak − senh θ k ( β ) cosh θ k ( β ) ak
ψ k ( t , β ) ψ k cosh θ k ( β ) − senh θ k ( β ) ψ k
† = B (θ k ) † = † .
ψ k ( t , β ) ψ k − senh θ k ( β ) cosh θ k ( β ) ψ k
Uma vez mais, verificamos que o vácuo térmico é de fato destruído pelos operadores
térmicos de destruição. E, mais uma vez também, isto sugere que um quantum de uma
(~)-partícula se comporta como um buraco no sistema original, e que o vácuo térmico
contém um igual número de partículas e buracos, o que pode ser visto pelas identidades
Nˆ 0, β = 0
Hˆ 0, β = 0 .
nas quais α k é um parâmetro global arbitrário. Eis aí uma simetria que não estava
presente no sistema original, e somente se manifesta no sistema combinado em que os
graus de liberdade foram duplicados. E pode ser verificado, com facilidade, usando as
197
relações de comutação padrão, que o gerador da forma infinitesimal das transformações
desta simetria é dado pela expressão
E, de qualquer maneira, está claro que decorre da própria estrutura do vácuo térmico
que
Q (α ) 0, β ≠ 0 .
Isto é, o gerador desta simetria não destrói o vácuo térmico, o que só aconteceria se este
mesmo vácuo térmico coincidisse com o vácuo da teoria original, depois que esta
tivesse os seus graus de liberdade duplicados. O que não ocorre, como já foi visto mais
de uma vez. Resumindo, a simetria existente entre o sistema original e o sistema (~), a
qual está presente no hamiltoniano a temperatura finita, é quebrada espontaneamente
pelo vácuo térmico. Contudo, não podemos esperar o surgimento de bósons de
Goldstone com massa nula, uma vez que, a temperatura finita, a invariância de Lorentz
não é manifesta, e, também porque o espectro do hamiltoniano total Ĥ é composto por
vetores de estado que têm norma indefinida, ou seja, a norma, e, logo, a métrica do
espaço desses vetores, não é positivo-definida.
1 m2 2
L= ∂ µφ ∂ µφ − φ .
2 2
A (~)-densidade lagrangiana pode ser diretamente extraída daí como sendo igual a
2
1 m 2
L = ∂ µφ ∂ µ φ − φ ,
2 2
Lˆ = L − L .
Observe-se que, como neste caso os campos são reais, a regra de (~)-conjugação não
produz nenhum efeito aparente. Mas isto não é verdade, porém, se lembrarmos que a
condição de contorno, ou prescrição, de Feynman, é equivalente a se adicionar um
termo imaginário infinitesimal iε à parte quadrática da densidade lagrangiana. O sinal
desse termo será alterado de acordo com a (~)-conjugação, acarretando, portanto, que a
198
prescrição iε vai ser diferente para os campos (~), quando comparados ao sistema
original, o que se evidenciará na formulação integral funcional, que será usada a seguir
na construção do propagador térmico da teoria.
φ
Φ = .
φ
iG ( x − y ) = 0, 0 T Φ ( x ) Φ ( y ) 0, 0
1
k 2 − m2 + iε 0
G (k ) = .
− 2
1
0
k − m 2 − iε
= 0, 0 T B ( −θ ) Φ ( x ) Φ ( y ) BT ( −θ ) 0, 0
= B ( −θ ) 0, 0 T Φ ( x ) Φ ( y ) 0, 0 BT ( −θ )
= B ( −θ ) iG ( x − y ) BT ( −θ ) .
iGβ ( k ) = B ( −θ ) iG ( k ) BT ( −θ )
1
cosh θ k ( β ) senh θ k ( β ) k − m 2 + iε cosh θ k ( β ) senh θ k ( β )
2
0
=
senh θ k ( β ) cosh θ k ( β )
0 − 2
1 senh θ k ( β ) cosh θ k ( β )
k − m 2 − iε
199
1
k 2 − m 2 + iε 0 1 β k0 2
( )
− 2iπ nB k 0 δ ( k 2 − m 2 ) 0
e
Gβ ( k ) =
1 βk 2
0 − 2 e 1
k − m − iε
2
Os campos (~) podem ser identificados como aqueles que se situam no ramo de tempo
real inferior deste contorno, justificando assim a estrutura matricial do propagador.
Observe-se que em TFD os elementos da matriz do propagador não guardam entre si
nenhuma relação natural como os iG±± no formalismo CTP. Além disso, mesmo que
imaginemos os campos (~) como os campos originais do ramo de tempo real inferior do
contorno, a significação física é bastante diferente da que ocorre no formalismo CTP,
principalmente no que se refere às relações de comutação/ anticomutação características
da TFD, dinamicamente distintas das relações de comutação entre os dois ramos de
tempo real da teoria CTP. Portanto, há semelhanças entre os dois formalismos, mas as
analogias não podem ser levadas muito longe, como não poderia deixar de ser, uma vez
que a CTP trabalha com apenas uma cópia do espaço vetorial de estados.
200
relações de (~)-conjugação. A densidade lagrangiana completa de interação, neste caso,
dará origem a vértices de interação, e os vértices que envolvam os campos (~) terão, em
geral, fatores com sinal contrário aos dos vértices relativos aos campos do sistema
original. Desta forma, usando-se a forma matricial do propagador, os cálculos
perturbativos podem ser efetuados da maneira usual, com auxílio dos respectivos
diagramas de Feynman, e um efeito importante da duplicação dos campos é o de
possibilitar o cancelamento de termos singulares no cálculo de laços. Por último, porém
não menos importante: mais uma vez os contratermos originais da temperatura zero
serão suficientes para a renormalização da teoria.
A ( t ) 0, β = e β H 2 A † ( t ) 0, β
ˆ
0, β A ( t ) = ( −1) 0, β A † ( t ) e β H 2 ,
A ˆ
0, β A ( t ) B ( t ′ ) 0, β = ( −1) 0, β A † ( t ) e β H 2 B ( t ′ ) 0, β
A ˆ
A (1+ B )
= ( −1) 0, β A † ( t + iβ 2 ) B ( t ′) 0, β = ( −1) 0, β B ( t ′ ) A † ( t + iβ 2 ) 0, β
A
A (1+ B )
= ( −1) 0, β B ( t ′ ) e − β H 2 A ( t + iβ 2 ) 0, β = 0, β B ( t ′ ) A ( t + i β ) 0, β .
ˆ
No último passo do cálculo foi usado o fato de que, quando ambos os operadores não
possuem a mesma paridade grassmanniana, VEV ( β ) = 0 . Está claro que a relação
acima (como a própria condição KMS) é válida tanto para bósons como para férmions.
201
VII.2.7. Relações de Dispersão para Propagadores Arbitrários
dp 0 − ip0 ( t −t ′)
I AB ( p 0 ) .
∞
0, β A ( t ) B ( t ′ ) 0, β = ∫ e
−∞ 2π
dp 0 − ip0 ( t −t ′) − β p0
I AB ( p 0 ) .
∞
0, β A ( t ) B ( t ′ ) 0, β = 0, β A ( t − i β ) B ( t ′ ) 0, β = ∫ e e
−∞ 2π
iRAB ( t − t ′ ) = θ ( t − t ′ ) 0, β A ( t ) B ( t ′) ∓ 0, β .
dp 0 − ip0 ( t −t′)
RAB ( p 0 ) ,
∞
RAB ( t − t ′ ) = ∫ e
−∞ 2π
dp 0 e ( )
ip 0 t − t ′
∞
θ (t − t′) = ∫ ,
−∞ 2iπ p 0 − iε
dp′0 e
( )
− i p ′0 − p 0 ( t −t ′ )
dp 0
(1 ∓ e ) I ( p′ )
∞ ∞
RAB ( t − t ′ ) = ( −i ) ∫ ∫−∞ 2π p 0 − iε
− β p ′0 0
−∞ 2iπ
AB
dp′0 e ( )
− ip 0 t −t ′
dp 0
(
I AB ( p′0 ) )
∞ ∞
= ( −i ) ∫ ∫−∞ 2π p′0 − p 0 − iε 1 ∓ e
− β p ′0
−∞ 2iπ
dp 0 − ip0 ( t −t ′) ∞ dp′0 I AB ( p′ )
( )
0
∞
=∫ ∫ 1 ∓ e − β p′ .
0
e
−∞ 2iπ −∞ 2π p − p′ + iε
0 0
202
Comparando com a expressão da transformada de Fourier acima, tiramos finalmente
que
dp′0 I AB ( p′ )
( )
0
RAB ( p ) = ∫
∞
1 ∓ e − β p′ .
0
0
−∞ 2π p 0 − p ′0 + iε
iG AB ( t − t ′ ) = 0, β T A ( t ) B ( t ′ ) 0, β
dp 0 − ip0 (t −t ′)
G AB ( p 0 ) ,
∞
G AB ( t − t ′ ) = ∫ e
−∞ 2π
T A ( t ) B ( t ′ ) = θ ( t − t ′ ) A ( t ) B ( t ′ ) ± θ ( t ′ − t ) B ( t ′ ) A ( t ) ,
dp 0 − ip0 ( t −t ′) ∞ dp′0 e − β p′
0
dp′0 e − β p′
0
∴ GAB ( p ) = ∫ I AB ( p′0 ) 0
∞ 1
0
−∞ 2π
∓
p − p′0 + iε p 0 − p′0 − iε .
Re RAB ( p 0 ) = Re G AB ( p 0 )
tanh ( β p 0 2 ) Im G AB ( p 0 ) → ( bósons )
Im RAB ( p ) = 0
coth ( β p 2 ) Im G AB ( p ) → ( férmions )
0 0
203
VII.2.7. O Teorema de Goldstone na TFD
UHU † = H .
U = e − iα Q .
Num caso desses, a invariância do hamiltoniano pode ser descrita pela relação de
comutação
[ Q, H ] = 0 .
Diz-se que uma simetria é quebrada espontaneamente quando o vácuo não é invariante
em relação às transformações da simetria, mesmo que o hamiltoniano e a densidade
lagrangiana clássica o sejam. Expressando o conceito explicitamente, uma simetria é
quebrada espontaneamente quando
Q 0 ≠ 0.
Uma forma alternativa de caracterizar uma quebra espontânea de simetria é dizer que,
quando a mesma ocorre e é contínua, sempre existe um operador A tal que
0 [Q, A] 0 ≠ 0 .
(isto é: H : Aψ ψ ≥ 0, ∀ψ ∈ H, ∀ ψ ψ ∈ )
cuja dimensão seja d > 1 + 1 (“There are no Goldstone Bosons in Two Dimensions”, S.
Coleman, Comm. Math. Phys 31, 259-264 (1973)), gera a ocorrência de campos com
204
massa nula. É bem conhecida importância do campo de Goldstone no processo de
geração de massa pelo campo de Higgs, através do chamado fenômeno de Goldstone-
Higgs.
0, β [Q, A] 0β = Tr e − β H [Q, A] = 0 ,
[ x, p ] = 1 ,
da qual, após aplicar cegamente a propriedade cíclica do traço, tiramos os resultados
inconsistentes
Tr [ x, p ] = 0 Tr (1) ≠ 0 .
Q 0, β = 0 .
Neste caso, se diz que a simetria é quebrada espontaneamente, e que o vácuo térmico
não é destruído pelo gerador Q da simetria. Para analisar as consequências da quebra de
simetria, observe-se o seguinte: se a simetria é uma simetria global contínua, quando a
matéria está suficientemente localizada (ou seja, quando o operador de massa pode ser
restrito a um suporte ∆x > 0 tão pequeno quanto se queira) e não existem forças de
205
longo alcance (ou seja, cujo potencial efetivo tenda a zero mais rapidamente que 1 x ),
existe uma corrente conservada, e sua equação de continuidade é dada pelo teorema de
Nöther, com a forma
∂ µ J µ ( x, t ) = 0 .
Q = ∫ d 3 x J 0 ( x, t ) ,
na qual se observa que, de fato, a carga Q independe do tempo, como garante a equação
de continuidade.
0, β J 0 ( y ) , A ( x ) 0, β = ∫
d4 p
( 2π )
4
e
− ip⋅( y − x )
(
I ( p 0 , p ) 1 − e− β p .
0
)
Efetuando a integração sobre d 3 y , obtemos a expressão relativa à carga
0, β [ Q, A] 0, β = ∫
dp 0 − ip0 ( y 0 − x0 )
2π
e I ( p0 , 0 ) 1 − e− β p .
0
( )
Se, para algum operador A , ocorre que 0, β [Q, A] 0, β ≠ 0 , da mesma forma a
integral acima não pode ser nula. Observe-se também que o lado esquerdo da expressão
independe de y 0 , uma vez que a carga Q é uma constante. Portanto, derivando a
equação inteira em relação a y 0 , obtemos que
dp 0 − ip0 ( y0 − x0 ) 0
∫ 2π e (
p I ( p0 , 0 ) 1 − e− β p = 0 .
0
)
Isto significa afirmar que, para satisfazer a hipótese 0, β [Q, A] 0, β ≠ 0 , devemos ter
( )
I ( p 0 , 0 ) 1 − e− β p = aδ ( p 0 ) ,
0
onde a é uma constante. O que mostra que, de fato, existem funções de correlação que
estão representadas por singularidades do tipo δ - invalidando, portanto, a
possibilidade de uso da ciclicidade do traço.
206
- Se ocorre que, na ausência de forças de longo alcance, uma teoria com campos
suficientemente localizados possui uma quebra espontânea de uma simetria global
contínua, deverão ser gerados quanta de energia nula. Estes quanta não terão
necessariamente massa nula, uma vez que, a temperatura finita, não existe invariância
de Lorentz, ou covariância, de forma manifesta, e, que também, como já foi visto, o
conceito de massa não possui uma definição única a temperatura finita (conforme já foi
visto, a correção de massa a um laço pode depender quadraticamente da temperatura).
Podemos então considerar esses quanta de energia nula como estados de quase-
partícula, ou, como se pode mostrar mais precisamente, podemos associar os estados de
Goldstone – ou, como também são chamados, estados de Nambu-Goldstone - a
superposições, ou estados compostos, de estados (~) e não-(~).
207
VIII. Aplicabilidade da Integração Funcional à TFD – Alguns
Resultados
Teorias de calibre são teorias com invariâncias locais. Em sua apresentação mais
simples, podem descrever teorias invariantes em relação a transformações locais de fase
das variáveis de campo, mas podem também possuir estruturas de simetria muito mais
complicadas. Tal como entendemos hoje, as teorias de calibre são absolutamente
essenciais à descrição das forças da natureza. Portanto, o estudo das estruturas destas
teorias é crucial, tanto a temperatura zero quanto a temperatura finita
A teoria de calibre mais simples remonta ao século XIX, e foi construída por
James Maxwell, ao unificar em um só conjunto as equações do eletromagnetismo. A
versão quântica da teoria de Maxwell é fundada em uma invariância local de fase dos
campos de matéria, com simetria U (1) . Como o grupo de simetria U (1) possui
somente um gerador, a álgebra da simetria é abeliana, ou comutativa, o que acarreta que
a teoria de Maxwell descreva uma teoria de calibre abeliana, que descreve com grande
precisão as interações entre elétrons e fótons. O caráter abeliano da teoria quântica
resultante – a eletrodinâmica quântica (QED) -, entretanto, faz com que sua estrutura
seja muito mais simples que outras teorias de calibre que também descrevem interações
que ocorrem na natureza. Para extrair o máximo possível da riqueza estrutural
pertinente às teorias de calibre de um modo geral, vamos focalizar de modo especial as
teorias de calibre não-abelianas, ou teorias de Yang-Mills, assim chamadas por terem
sido descobertas em 1954 por Robert Mills e Chen Ning Yang, num trabalho em que
investigavam a invariância de calibre do spin isotópico (R. L. Mills e C. N. Yang, Phys.
Rev. 96, 191-195, 1/10/1954), que corresponde a uma teoria com simetria (aproximada)
SU ( 2 ) .
T a , T b = if abcT c ,
208
diferentemente do grupo U (1) , os geradores do grupo SU ( n ) não comutam, e,
consequentemente, esta álgebra é conhecida como uma álgebra não-abeliana. Na
verdade, essas constantes de estrutura, multiplicadas pelo fator i , produzem uma
representação dos geradores da álgebra de Lie conhecida como representação adjunta.
L0 = ψ i ( x ) ( iγ µ ∂ µ − m )ψ i ( x ) ,
onde afirmamos que os férmions possuem uma massa m , e i = 1, 2, , n . É fácil mostrar
que esta lagrangiana é invariante quanto a uma transformação infinitesimal global
SU ( n ) que tenha a forma
δψ i = iε a ( t a ) ψ
ij j
δψ i = −iε aψ j
(t ) a ij
,
L0 → L0 + δ L0 = δψ i ( iγ µ ∂ µ − m )ψ i + ψ i ( iγ µ ∂ µ − m ) δψ i
= L0 − ( ∂ µ ε a ( x ) )ψ iγ µ ( t a ) ψ j .
ij
J µ a = ψ iγ µ ( t a ) ψ j .
ij
209
Logo, se introduzirmos uma interação de calibre, inteiramente em paralelo com o que
fazemos na QED , ela terá a forma
Podemos pensar nos Aµa como sendo os campos de calibre apropriados para o presente
caso, notando porém que, diferentemente da QED , teremos agora a = 1, 2, , n 2 − 1
campos de calibre. A variação na lagrangiana de interação Lint motivada pela nova
transformação local pode ser facilmente calculada:
LTot = L0 + Lint ,
E fica claro que a densidade lagrangiana total será invariante perante as transformações
locais definidas acima se escolhermos os campos de calibre tais que também se
transformem como
(D ψ ) µ
i
(
= ∂ µψ i − i ( t a ) Aµaψ
ij j
).
210
A verificação de que esta derivada é transformada de forma covariante sob as
transformações locais acima é feita diretamente, com facilidade. Podemos ainda
escrever a densidade lagrangiana total fermiônica de forma compacta como
LTot = iψ iγ µ ( Dµψ ) ,
i
deixando óbvia a invariância local da lagrangiana total. Note-se também, como já foi
dito antes, que o fator if abc leva a uma outra representação dos geradores de SU ( n ) - a
representação adjunta. É fácil verificar, usando a identidade de Jacobi, que a
identificação exata entre as duas representações é dada por
(T )a bc
= −if abc .
Juntando esse resultado com a definição de derivada covariante, vemos que a variação
nos campos de calibre sob as transformações locais será dada por
Aµ = AµaT a .
Para atribuir dinâmica aos campos de calibre, faz-se exatamente como na QED :
define-se uma intensidade de campo associada aos campos de calibre (que podem ser
considerados análogos ao potencial vetor da eletrodinâmica), pela expressão
Vê-se imediatamente que nas teorias abelianas, como as constantes de estrutura são
nulas, esta forma se reduz à intensidade de campo de Maxwell. Podemos também fazer
uma modificação de escala nos campos de calibre, para inserir uma dependência da
constante de acoplamento no último termo, que é a forma de apresentação padrão das
teorias interativas físicas. Fazendo isso, teríamos claramente exposta a diferença
essencial entre os tensores de intensidade de campo abeliano e não-abeliano, que é o
fato de que, como os campos de calibre em SU ( n ) são os portadores de números
quânticos internos (carga generalizada, ou cores, no caso dos glúons), esses campos se
acoplam entre si. O fóton, por outro lado, por ser desprovido de carga, não possui essa
propriedade de auto-acoplamento. No entanto, sem perda de generalidade, por
211
simplificação, vamos considerar a constante de acoplamento de SU ( n ) como unitária,
mantendo a escala acima para os campos de calibre. Resulta das últimas equações que
podemos escrever, para qualquer quantidade α a ( x ) pertencente à representação
adjunta, que
( D , D α ( x ))
a
µ ν = f abc Fµνb α c ,
o que resulta, juntando tudo, que a variação do tensor intensidade de campo será dada
por
δ Fµνa = ( Dµδ Aν ) − ( Dν δ Aµ ) = ( Dµ Dν ε ( x ) ) − ( Dν Dµ ε ( x ) )
a a a a
(
= Dµ , Dν ε ( x ) ) = f abc Fµνb ε c ( x ) .
a
LG = − Fµνa ( F µν ) .
1 a
212
VIII.1.2. Invariância BRST a Temperatura Zero
1
( ∂ µ Aµ a ) ,
2
LGF = −
2ξ
ξ
LGF = ∂ µ F a Aµa + F aF a .
2
ξ F a = ∂ µ Aµa ,
213
É claro que, ao adicionarmos um termo de fixação de calibre à densidade
lagrangiana de calibre, alteramos a teoria, e, portanto, precisamos compensar este fato.
Convencionalmente, o que se faz é acrescentar à densidade lagrangiana ainda mais um
termo, chamado de densidade lagrangiana fantasma, com o seguinte procedimento: -
vamos supor que f a ( x ) = ∂ µ Aµa ( x ) − ξ F a ( x ) = 0 seja a condição que corresponda à
situação descrita pela densidade lagrangiana de fixação de calibre. Neste caso,
acrescentamos à lagrangiana um termo
δ f a ( x)
δ A ( y ) ( µ ( ) )
= − ∫ dy c ( x ) b
a b
LFant Dc y ,
µ
δ f ( g )a ( x ) b
S Fant = ∫ dx LFant = − ∫ dxdy c ( x )
a
c ( y),
δε b ( y )
f a = ∂ µ Aµa − ξ F a = 0 ,
LFant = − ∫ dy c a ( x ) ( ∂ µx δ ( x − y ) δ ab ) ( Dµ c ( y ) ) = −c a ( x ) ∂ µ ( Dµ c ( x ) )
b a
= ∂ µ c a ( x ) ( Dµ c ( x ) ) + ∂ µ () ,
a
onde o último termo é uma derivada total, que pode ser descartada.
Com todas essas modificações, a densidade lagrangiana total para uma teoria de
puro calibre não-abeliana tem a forma
Para o calibre covariante que estamos usando, a lagrangiana total será então,
explicitamente, dada por
214
ξ
LTot = − Fµνa F µν a + ∂ µ F a Aµa + F a F a + ∂ µ c a ( Dµ c ) .
1 a
4 2
Como já foi dito antes, a fixação de calibre e a lagrangiana fantasma modificam a teoria
original de forma a se compensarem, permitindo que os diagramas e as regras de
Feynman sejam definidos, e, assim, os cálculos perturbativos possam ser efetuados.
Num sentido mais profundo, a fixação de calibre e as lagrangianas fantasmas
correspondem, no formalismo integral funcional, a simplesmente um fator
multiplicativo unitário, que não modifica o conteúdo físico da teoria. Este cancelamento
pode ser resumidamente representado pelos determinantes de operadores que resultam
da integração funcional da lagrangiana de Fadeev-Popov, que, no caso simples do
calibre de Feynman sem acoplamento, numa dimensão geral d , se apresentam como
um produto
Veremos a seguir como, de fato, e num sentido que ficará claro, aqueles termos
adicionados à densidade lagrangiana não possuem conteúdo físico.
ω
δ Aµa = ω ( Dµ c ) ; δ c a = −
a
f abc cb c c ; δ c a = −ω F a ; δ F a = 0 ,
2
215
verdade uma transformação de calibre com parâmetro ε a = ω c a , e, portanto, a
densidade lagrangiana é invariante de forma trivial sob essa transformação, como se vê:
δ LG = 0 .
= ω∂ µ F aδ ( Dµ c ) − ω∂ µ F aδ ( Dµ c ) = 0 ,
a a
Cabe observar paralelamente que essa nilpotência, quando os campos fantasmas estão
presentes, é off-shell, e somente existe sem eles quando são usadas as equações de
movimento.
ω
δ Aµa = ω ( Dµ c ) ; δ c a = − f abc c b c c ; δ c a = ω ( F a − f abc cb c c ) ; δ F a = ω f abc F b c c .
a
δ ca = θ ca ; δ c a = −θ c a ,
Depois dessa adição de campos auxiliares, fica claro que o espaço de Hilbert da
teoria completa contém muito mais estados do que apenas os estados físicos, e somente
através da discussão de questões fisicamente orientadas é que será possível recuperar,
ou pelo menos identificar, o espaço de Hilbert físico. Uma dessas questões diz respeito
216
ao fato de que o espaço de Hilbert físico deve permanecer invariante em relação à
evolução temporal do sistema. Por exemplo, no nosso calibre covariante, o espaço físico
é selecionado de modo a satisfazer a condição
∂ µ Aµ(
+)
fís = 0 ,
onde o sobrescrito + indica que se trata da parte do campo com frequência positiva. Na
QED essa prescrição dá certo, porque ∂ µ Aµ satisfaz a equação de Klein-Gordon no
calibre covariante, e, consequentemente, o espaço físico selecionado dessa forma
permanece invariante quanto à evolução temporal. Numa teoria não-abeliana, por outro
lado, o operador correspondente não satisfaz uma equação livre, e, logo, não é
apropriado para identificar o espaço físico. Em compensação, os geradores QBRST da
simetria BRST e a simetria de escala dos campos fantasmas, Qc , são conservados, e,
portanto, podem ser usados para definir um espaço de Hilbert físico que se mantenha
invariante em relação à evolução temporal do sistema - QBRST e Qc , na verdade,
representam as cargas de Nöther associadas às duas correntes de Nöther conservadas
pelas ações das duas transformações de simetria. Assim, identificamos o espaço físico
da teoria como aquele que satisfaz as condições
Pode ser diretamente mostrado que essas condições se reduzem, no caso abeliano, à
condição de quantização de Gupta-Bleuler para o campo eletromagnético. Detalhando
um pouco mais: um operador QBRST nilpotente ( QBRST 2
= 0 ) que comuta com o
hamiltoniano H divide os auto-estados de H em três subespaços. Uma certa
quantidade de estados de H deve ser destruída por QBRST para que as relações que
definem a simetria BRST sejam satisfeitas. Seja então H1 o subespaço dos estados que
não são destruídos por QBRST . E seja H2 o subespaço dos espaços tais que
ψ 2 = QBRST ψ 1 , ∀ ψ 1 ∈ H1 . Devido à nilpotência de QBRST , se aplicarmos outra vez o
operador sobre H2 , o resultado será mais uma vez nulo. E, finalmente, seja H0 o
subespaço dos estados ψ 0 tais que QBRST ψ 0 = 0 , mas que não podem ser escritos
como QBRST ψ 1 . O subespaço H2 é muito peculiar, se observarmos que quaisquer dois
estados pertencentes a ele possuem produto interno nulo, devido à nilpotência de QBRST :
ψ 2 a ψ 2b = ψ 1a QBRST ψ 2b = 0 .
Pelo mesmo motivo, os estados de H2 também possuem produto interno nulo com os
estados de H0 . Após uma breve análise dos estados de partículas simples, verifica-se
que os bósons de calibre avançados e os campos antifantasmas povoam o espaço H1 ;
bósons de calibre retardados e campos fantasmas pertencem a H2 ; e, finalmente, os
217
bósons de calibre transversais estão todos em H0 . Pode ser mostrado, de forma mais
geral, que estados assintóticos que contenham campos fantasmas, antifantasmas, ou
bósons de calibre com polarização não-física, distribuem-se por H1 ou H2 , enquanto
que os estados assintóticos em H0 são todos os bósons de calibre transversalmente
polarizados. O operador QBRST da simetria BRST fornece assim uma relação precisa,
traduzida em graus de liberdade positivos ou negativos, entre os estados de bóson de
calibre com polarização não-física e os campos fantasma e antifantasma.
ξ ξ
LGF + LFant = δ −∂ µ c a Aµa − c a F a = QBRST , −∂ µ c a Aµa − c a F a .
2 2
218
formalismo de integração funcional. Ocorre que, na verdade, a abordagem funcional
fornece, de forma até mais direta que a abordagem por operadores, uma generalização
quântica do teorema de Nöther, que resultará numa identidade análoga à de Ward-
Takahashi (Nuovo Cimento, 6, 370 (1957)) para qualquer simetria de uma teoria
quântica de campos genérica. No caso das teorias não-abelianas, a relação
correspondente à simetria BRST costuma ser referida como identidade de Slavnov-
Taylor (A. A. Slavnov, Theor. Math. Phys. 10, 99 (1972); J. C. Taylor, Nucl. Phys B33,
436 (1971)).
i d 4 x L[φ ]
Ω Tφ ( x1 ) φ ( x2 ) φ ( x3 ) Ω = WJ−=10 ∫ Dφ e ∫ φ ( x1 ) φ ( x2 ) φ ( x3 ) ,
φ ( x) → φ′( x) = φ ( x) + ε ( x) .
∫ i d 4 x L[φ ] i d 4 x L[φ ′]
∫ Dφ e φ ( x1 ) φ ( x2 ) φ ( x3 ) = ∫ Dφ e ∫ φ ′ ( x1 ) φ ′ ( x2 ) φ ′ ( x3 ) ,
0 = ∫ Dφ e ∫
i d 4x L
{(i ∫ d xε ( x ) ( −∂ − m )φ ( x ) φ ( x )φ ( x )φ ( x ))
4 2 2
1 2 3
+ε ( x1 ) φ ( x2 ) φ ( x3 ) + φ ( x1 ) ε ( x2 ) φ ( x3 ) + φ ( x1 ) φ ( x2 ) ε ( x3 )} .
Os três últimos termos podem ser combinados com o primeiro, se usarmos a identidade
ε ( x1 ) = ∫ d 4 x ε ( x ) δ ( x − x1 ) . Observando que o lado direito da equação acima deve ser
nulo para qualquer variação de ε ( x ) , obtemos então que
0 = ∫ Dφ e ∫ ( ∂ + m ) φ ( x ) φ ( x1 ) φ ( x2 ) φ ( x3 )
i d4x L
2 2
219
+iδ ( x − x1 ) φ ( x2 ) φ ( x3 ) + iφ ( x1 ) δ ( x − x2 ) φ ( x3 ) + iφ ( x1 ) φ ( x2 ) δ ( x − x3 )} .
Uma equação similar a essa é válida para uma quantidade qualquer de campos φ ( xi ) .
Para analisar as implicações deste último resultado, vamos considerar apenas um campo
φ ( x1 ) na função de correlação inicial. Observando que as derivadas de φ ( x ) podem ser
extraídas da integral, ao dividirmos a equação acima por W obteremos a identidade
(∂ 2
+ m 2 ) Ω T φ ( x ) φ ( x1 ) Ω = −iδ ( x − x1 ) .
i =1
Além do mais, uma vez que a medida funcional é invariante quanto a uma
translação da variável de integração, podemos repetir o mesmo argumento e obter as
equações de movimento para funções de Green pertencentes a qualquer teoria de
campos escalares, vetoriais ou espinoriais. Esta é a razão principal pela qual
consideramos como fundamental a invariância translacional da integral de Grassmann,
expressa pela definição de Berezin (F. A. Berezin, The Method of Second Quantization,
Ed. Academic Press, NY, 1966)
∫ dθ ( A + Bθ ) = B .
220
Para uma teoria geral de um campo ϕ ( x ) , governada pela lagrangiana L [φ ] , os
mesmos procedimentos conduzem à identidade
δ
0 = ∫ Dϕ e ∫
i d4x L
i ∫ d x ε ( x )
4
δϕ ( x )
( ∫ d x′L )ϕ ( x )ϕ ( x ) + ε ( x )ϕ ( x ) + ϕ ( x ) ε ( x ) ,
4
1 2 1 2 1 2
δ ∂L
δϕ ( x )
( 4
)
∫ d x′L =
∂L
∂ϕ
− ∂µ ,
∂ ( ∂ µϕ )
δ n
∫ d 4
x ′L ϕ ( x ) ϕ ( x ) = ∑ ϕ ( x1 ) ( iδ ( x − xi ) )ϕ ( xn ) .
δϕ ( x )
1 n
i =1
Na teoria clássica de campos, o teorema de Nöther diz que a cada simetria de uma
lagrangiana local corresponde uma corrente conservada. Prosseguindo na discussão das
equações de movimento, buscaremos o análogo quântico desse teorema, submetendo o
funcional a uma mudança de variáveis infinitesimal ao longo da direção da simetria.
L = ∂ µφ 2 − m 2 φ .
2
221
clássica. Para encontrar as fórmulas quânticas, vamos considerar a mudança
infinitesimal de variáveis
φ ( x ) → φ ′ ( x ) = φ ( x ) + iα ( x ) φ ( x ) .
∫i d 4 x L[φ ] i d 4 x L[φ ′]
∫ Dφ e φ ( x1 ) φ ∗ ( x2 ) = ∫ Dφ e ∫ φ ′ ( x1 ) φ ′∗ ( x2 ) .
φ ′=(1+ iα )φ
0 = ∫ Dφ e ∫
i d 4x L
{i ∫ d x ( ∂ α ) ⋅ i (φ∂ φ
4
µ
µ ∗
− φ ∗∂ µφ ) φ ( x1 ) φ ∗ ( x2 )
+ iα ( x1 ) φ ( x1 ) φ ∗ ( x2 ) + φ ( x1 ) −iα ( x2 ) φ ∗ ( x2 ) . }
Observe-se que a variação da lagrangiana somente contém termos proporcionais a ∂ µα ,
devido ao fato de que a transformação infinitesimal mantém a lagrangiana invariante.
Para escrever essa relação num formato familiar, basta integrar por partes o termo que
envolve ∂ µα , coletar o coeficiente de α ( x ) e dividi-lo por W , e obtemos
∂ µ j µ ( x ) φ ( x1 ) φ ∗ ( x2 ) = ( −i ) ( iφ ( x1 ) δ ( x − x1 ) ) φ ∗ ( x2 ) + φ ( x1 ) ( −iφ ∗ ( x2 ) δ ( x − x2 ) ) ,
onde
j µ = i (φ∂ µφ ∗ − φ ∗∂ µφ )
é a corrente de Nöther. Aqui, da mesma forma que antes, a função de correlação denota
um produto ordenado no tempo onde a derivada de j µ ( x ) está fora da ação do símbolo
de ordenação T . Esta última relação é a lei clássica de conservação acrescida dos
termos de contato, isto é, é a equação de Schwinger-Dyson associada com a
conservação da corrente.
ϕa ( x ) → ϕa ( x ) + ε∆ϕa ( x ) .
222
Vamos assumir que a ação é invariante em relação a essa transformação. Se o parâmetro
ε for uma constante, a lagrangiana deve ser invariante a menos de uma divergência
total:
L [ϕ ] → L [ϕ ] + ε ∂ µ J µ .
∂L
L [ϕ ] → L [ϕ ] + ( ∂ µ ε ) ∆ϕ a + ε ∂µJ µ ,
∂ ( ∂ µϕ a )
δ
d 4 xL [ϕ + ε∆ϕ ] = −∂ µ j µ ( x ) ,
δε ( x ) ∫
∂L
jµ = ∆ϕ a − J µ .
∂ ( ∂ µϕ a )
∂ µ j µ ( x ) ϕ a ( x1 ) ϕb ( x2 ) = ( −i ) ( ∆ϕ a ( x1 ) δ ( x − x1 ) ) ϕb ( x2 ) + ϕ a ( x1 ) ( ∆ϕb ( x2 ) δ ( x − x2 ) )
Esta equação costuma ser referida como a identidade de Ward-Takahashi associada com
a simetria da transformação infinitesimal que a originou e a correspondente corrente de
Nöther.
Uma equação similar pode ser obtida para a função de correlação entre ∂ µ j µ e n
campos ϕ ( x ) . E assim temos o conjunto completo das equações de Schwinger-Dyson
associadas com o teorema de Nöther clássico.
ϕ a → ϕ a + a µ ( x ) ∂ µϕ a
∂L
L → ∂ν a µ ∂ µϕa + aµ ∂µL .
∂ ( ∂ν ϕ a )
223
A variação de ∫ d 4 xL com respeito a a µ fornece nesse caso a equação de conservação
para o tensor de energia-momento ∂ν T µν = 0 , com
∂L
T µν = ∂ µϕ a − g µν L .
∂ ( ∂ν ϕa )
Os procedimentos usados aqui estão na base das discussões das teorias de campos com
simetrias locais, como é o caso das teorias não-abelianas.
ψ ( x ) → (1 + iεα ( x ) )ψ ( x ) ,
L → L − ε ∂ µαψγ µψ ,
seguindo-se daí a identidade para a integral funcional sobre dois campos fermiônicos,
representando uma função de correlação de vértice com três pontos:
0 = ∫ Dψ Dψ DA ⋅ e ∫
i d 4 xL
{−i ∫ d x∂ α ( x ) j
4
µ
µ
( x )ψ ( x1 )ψ ( x2 )
+ ( ieα ( x1 )ψ ( x1 ) )ψ ( x2 ) + ψ ( x1 ) ( −ieα ( x2 )ψ ( x2 ) ) , }
com j µ = eψγ µ . Uma equação análoga poderá ser obtida, por generalização, para um
número qualquer de campos fermiônicos.
i∂ µ 0 T j µ ( x )ψ ( x1 )ψ ( x2 ) 0 = −ieδ ( x − x1 ) 0 Tψ ( x1 )ψ ( x2 ) 0
+ieδ ( x − x2 ) 0 Tψ ( x1 )ψ ( x2 ) 0 .
224
Integrando ambos os termos da equação para obter as respectivas transformadas de
Fourier:
∫d
4
xe − ik ⋅ x ∫ d 4 x1e + iq⋅ x1 ∫ d 4 x2 e − ip⋅ x2 [] ,
Mµ ( k ) = ∫ d 4 x eik ⋅x fin j µ ( x ) in ,
tais que os estados iniciais e finais incluem todas as partículas, exceto o fóton, cada uma
delas com amplitude M0 , e é claro que pode ser também obtida diagramaticamente no
formalismo de operadores, a partir de um diagrama de vértice, embora de forma um
tanto menos elegante e direta. Uma forma mais geral da identidade para a QED, para n
férmions confluentes e efluentes é obtida pela soma sobre todos os diagramas, e é dada
por
k µ Mµ ( k ; p1 pn ; q1 qn ) = e∑ M0 ( p1 pn ; q1 ( qi − k ))
i
−M0 ( p1 ( pi + k ); q1 qn ) .
225
Vamos considerar uma densidade lagrangiana efetiva que consiste de LTot e
mais termos de fontes, como descrito abaixo:
1
Lefet = LTot + J µ a Aµa + J a F a + i (η a c a − c aη a ) + K µ a ( Dµ c ) + K a − f abc cb c c .
a
2
Observe-se que, não apenas foram incluídas fontes para todos os campos da teoria,
como também foram adicionadas fontes para as variações compostas sob uma
transformação BRST, e logo se saberá a razão disso. Abreviando todos os campos por
A e todas as fontes por J , podemos escrever o gerador funcional da teoria como
W [J ] = e = ∫ DAe ∫
iZ [ J ] i d 4 xLefet
.
Os VEV dos operadores, na presença das fontes, serão dados agora por
δZ
Aµa = Aµ( ) =
c a
δ J µa
δZ
Fa = F(
c )a
=
δJa
δZ
ca = c(
c)a
= −i
δη a
δZ
ca = c(
c )a
= −i
δη a
δZ
( D c)
a
µ =
δ K µa
1 abc b c δZ
− f c c = ,
2 δ Ka
1
δ Lefet = J µ aδ Aµa + J aδ F a + i (η aδ c a − δ c aη a ) = J µ a ( Dµ c ) + i f abcη a cb c c + F aη a .
a
2
226
Por outro lado, o funcional gerador é definido pela integração sobre todas as possíveis
configurações de campo. Logo, se a redefinição dos campos por uma transformação
BRST é realizada dentro da integral funcional, o funcional gerador terá que ser
invariante, o que leva de imediato ao resultado
δZ δZ δZ
∫d
4
x J µ a ( x ) − iη a ( x ) + iη a ( x ) a = 0
δ K µa
( x ) δ K a
( x ) δ J ( x )
Esta é a equação Master, da qual podem ser derivadas todas as funções de Green
conexas da teoria. É justamente aqui que a escolha de introduzir fontes também para os
operadores compostos da transformação se torna óbvia.
(
Γ [ A, K ] = Z [ J ] − ∫ d 4 x J µ a Aµa + J a F a + i (η a c a − c aη a ) , )
onde K simboliza, de forma genérica, as fontes para as variações compostas. Desta
última expressão extraímos então as relações
δΓ
= − J µa
δ Aµ
a
δΓ
= −J a
δF a
δΓ
= iη a
δ ca
δΓ
= iη a
δc a
δΓ δZ
=
δ K µ δ K µa
a
δΓ δZ
= ,
δK a
δ Ka
227
δΓ δΓ δΓ δΓ δΓ
∫d
4
x a + − F a ( x) a =0
δ A ( x ) δ K µa ( x ) δ c a ( x ) δ K a ( x ) δ c ( x )
µ
Esta é a equação Master a partir da qual podemos derivar todas as relações entre os
vários vértices próprios 1PI resultantes da invariância BRST da teoria. É um resultado
essencial para se provar a renormalizabilidade das teorias de calibre. Note-se, por
exemplo, que esta última equação pode ser escrita no espaço dos momentos como
δΓ δΓ δΓ δΓ δΓ
∫d
4
k a + a − F a (k ) a = 0 .
δ A ( −k ) δ K ( k ) δ c ( −k ) δ K ( k )
µ a a
δ c ( k )
µ
δ 2Γ δ 2Γ δ 2Γ
+ − = 0.
δ F b ( p ) δ Aµa ( − p ) δ c b ( − p ) δ K µ a ( p ) δ c a ( − p ) δ c a ( p )
Uma análise simples mostra que esta identidade relaciona a função de dois pontos
mista, envolvendo F e Aµ , com a função de dois pontos para os campos fantasmas, e,
por consequência, os contratermos que normalizam a teoria deverão também obedecer a
essa relação. Desta maneira se vê que a invariância BRST é fundamental para o estudo,
em uma teoria de calibre, de sua renormalização e de sua independência de calibre
{a, a} = 0 = {a † , a † } ; {a , a } = 1 .
†
O espaço de Hilbert, nesse caso, será bidimensional, tendo como vetores de base
os estados 0 e 1 = a † 0 , que satisfazem por sua vez as relações de ortonormalidade
e completeza
n m = δ nm , n, m = 0,1 ; 0 0 + 1 1 = 1.
228
Tomemos agora um parâmetro ψ , com paridade grassmanniana ímpar, para
definir um estado da teoria como
ψ = e−ψ a 0 = 0 −ψ 1 .
†
Foi usado o fato de que, como ψ tem paridade grassmanniana ímpar, suas potências
maiores que 2 são nulas. Segue-se daí que
∗
ψ = 0 e − aψ = 0 + ψ ∗ 1 ,
(ψ a ) † †
= aψ ∗ ,
o que é essencial para mostrar que, para quaisquer dois estados φ e ψ , definidos como
acima,
φ ψ =( ψ φ )
∗
.
a ψ = a ( 0 −ψ 1 ) = ψ ( 0 ) = ψ ψ .
ψ φ = ( 0 +ψ ∗ 1 ) ( 0 − φ 1 ) = 0 0 +ψ ∗φ 1 1 = 1 +ψ ∗φ = eψ φ .
∗
Mais uma vez foi usado o fato de que parâmetros de Grassmann com paridade ímpar
anticomutam com operadores fermiônicos.
ψ ψ = 0 0 −ψ 1 0 +ψ ∗ 0 1 −ψ ∗ψ 1 1 .
dψ e−ψ ψ ψ ψ = ∫ dψ ∗dψ (1 −ψ ∗ψ )( 0 0 −ψ 1 0 +ψ ∗ 0 1 −ψ ∗ψ 1 1 )
∗
∫ dψ
∗
229
= ∫ dψ ∗ dψ ( −ψ ∗ψ ) ( 0 0 + 1 1 ) = 1 .
Para chegar a esse resultado, foram usadas a nilpotência dos parâmetros grassmannianos
ímpares e as regras de integração grassmanniana de Berezin para tais parâmetros, dadas
por
∫ dψ 1 = 0 e ∫ dψ ψ = 1.
= ∫ dψ ∗δ (ψ −ψ ′ ) ψ = ψ ′ .
∗
Fica claro também que, na descrição de estado coerente, o fator gaussiano e −ψ ψ atua
como um fator de peso no cálculo de várias quantidades. Por exemplo, podemos
calcular o traço de um operador bosônico A da seguinte forma:
∗ ∗
Tr A = Tr1A = Tr ∫ dψ ∗dψ e −ψ ψ ψ ψ A = ∫ dψ ∗dψ e−ψ ψ ψ A −ψ .
Esta relação é importante porque significa que o traço de um operador bosônico em uma
teoria fermiônica se define sobre estados antiperiódicos. Daí a razão para a definição de
antiperiodicidade na função de partição para uma teoria fermiônica. Das relações de
anticomutatividade também decorre que o operador número para férmions é
idempotente, isto é,
N = a†a = N 2 .
Em consequência disso,
e − iπ N = 1 − 2 N ,
o que faz com que a definição dos estados coerentes possa ser escrita como
e− iπ N ψ = (1 − 2 N ) ( 0 −ψ 1 ) = 0 + ψ 1 = −ψ .
Resulta que o traço de um operador bosônico da forma e − iπ N A seria dado pela expressão
∗ ∗
∫ dψ
∗
dψ e −ψ ψ ψ e − iπ N A −ψ = ∫ dψ ∗ dψ e −ψ ψ −ψ A −ψ .
230
VIII.1.5. Função de Partição de uma Teoria de Calibre Não-abeliana
Z ( β ) = Tr e − β H ,
Z ( β ) = Tr P ( ) e− β H = Tr P ( ) eπ Qc e − β H .
0 0
231
O fato de que os estados físicos possuem número de fantasmas nulo foi usado no
segundo passo acima. Usando vários resultados da unitariedade da teoria de calibre não-
abeliana com invariância BRST, quando restrita apenas aos estados físicos do sistema,
chegamos a uma expressão simples para a função de partição térmica, dada por
Z ( β ) = Tr eπ Qc e − β H .
Z ( β ) = Tr e− β H ,
1 1
( ∂ µ Aµ ) + ∂ µ c ∂ µ c
2
LTot = − Fµν F µν −
4 2ξ
1 µν ξ −1 µ ν
= Aµ η − ∂ ∂ Aν + ∂ µ c ∂ µ c .
2 ξ
Logo, se escrevemos a função de partição como uma integral funcional, assumindo que
os campos fantasmas satisfazem condições de contorno periódicas, teremos que
−1 2
β ξ −1 µ ν
Z ( β ) = N ∫ DAµ Dc Dc exp − ∫ dt ∫ d 3 x LTot = N det η µν − ∂ ∂ det ( − )
0
ξ
onde N é uma constante de normalização irrelevante, e o primeiro determinante é
tomado sobre o espaço dimensional finito de Minkowski ( µ ,ν ) , assim como também
sobre o espaço de coordenadas de infinitas dimensões. O segundo determinante vem da
integração das variáveis fantasmas, e a potência positiva é fruto da natureza
anticomutável desses campos. Devido à escolha das condições de contorno periódicas
para os campos fantasmas, ambos os determinantes estão definidos sobre o espaço das
funções periódicas. O primeiro determinante, depois de algumas contas trabalhosas,
pode ser calculado sobre o espaço de Minkowski finito, como o escalar de Lorentz que
232
de fato é, e pode ser escrito como det ( 4 ξ ) . A constante ξ independe da temperatura,
e pode ser absorvida na constante de normalização, de modo que a função de partição
pode ser escrita como
(
Z ( β ) = N det ( 4 ) ) (
det ( − ) = N ( det ( − ) ) ).
−1 2 −1 2 2
Como já ficou claro, para se definir a função de partição de uma teoria de calibre
deve-se ter em conta a preservação da simetria BRST da teoria a temperatura zero, que
tem consequências físicas importantes. Por exemplo, é a invariância BRST da teoria
completa de calibre fixado que leva às identidades de Ward-Takahashi, relacionando
amplitudes 1PI. É claro, então, que as identidades de Ward-Takahashi permanecem
válidas em temperatura finita, bastando ilustrar este fato com um exemplo simples.
233
Podemos escrever então que
S ++ → iS ( p ) = iS ( ( p ) + iS ( β ) ( p ) =
0)
= i ( p + m) 2 + 2iπ nF ( p ) δ ( p 2 − m 2 ) ,
1
p − m + iε
2
1
nF ( p ) = β u⋅ p
,
e +1
d 2k
iΠ (µν) = −e 2 ∫
β
Tr γ µ S (
0)
( k + p ) γν S ( β ) ( k ) + γ µ S ( β ) ( k + p ) γν S ( 0) ( k ) + γ µ S ( β ) ( k + p ) γν S ( β ) ( k )
( 2π )
2
ie 2
=− ∫d
2
k ( k + p ) µ kν + ( k + p )ν k µ − η µν ( k ⋅ ( k + p ) − m 2 )
π
nF ( k ) δ ( k 2 − m2 ) n ( k + p ) δ ( k + p )2 − m 2
× + F
+ 2iπ n ( k ) n ( k + p ) δ ( k 2
− m 2
) δ ( k + p )
2
− m 2
( k + p ) − m 2 + iε k 2 − m 2 + iε
2 F F
Usamos neste cálculo o fato de que os termos dependentes da temperatura são finitos, e,
em vista disso, o traço de Dirac foi realizado em 1 + 1 dimensões.
Ω = k ⋅u ; ω = p ⋅u ; k µ = Ωu µ − ∈µν uν k ′ ; p µ = ω u µ − ∈µν uν p′ ,
234
onde ∈µν representa a densidade tensorial antissimétrica de Levi-Civita, e, na nossa
notação, ∈01 = 1 . Também resulta dessas definições que
∈µν pµ uν = p′ .
iΠ (µν) = −e2uµ uν ( 2 I + I ′ ) ,
β
ω
u µ = uµ − ∈µν uν ,
p′
ip′ k ′ (ω + Ω ) + Ω ( k ′ + p′ ) δ ( Ω 2 − k ′2 − m 2 )
d Ωdk ′
ω ∫
I=
ω ( ω + 2Ω ) − p′ ( p′ + 2k ′ ) + iε βΩ
e +1 ( )
k ′ (ω + Ω ) + Ω ( k ′ + p′ )
I′ = −
2 p′
ω ∫ d Ωdk ′
(e βΩ
)(
+1 e
β ω +Ω
+1)
(
δ ( Ω 2 − k ′2 − m 2 ) δ ( Ω + ω ) − ( k ′ + p ′ ) − m 2
2 2
)
Isto evidencia que, independente dos valores das integrais finitas I e I ′ , a parte
do tensor de polarização dependente da temperatura é transversa ao momento linear,
como requerido pelas identidades de Ward-Takahashi. Observe-se que, apesar de ter
sido realizada em dimensões 1 + 1 , a mesma análise pode ser estendida às dimensões
3 + 1 , mostrando mais uma vez que o tensor de polarização dependente da temperatura é
transverso. Este é um exemplo bem simples, apenas para mostrar como as identidades
de Ward-Takahashi são preservadas a temperatura finita, desde que se tomem as
devidas precauções ao definir as funções de partição, zelando para que as mesmas
preservem a invariância BRST. Por outro lado, à temperatura zero existem várias
maneiras de escrever identidades semelhantes, usando os inversos de propagadores. A
temperatura finita, porém, ocorre que o inverso de um propagador não é único,
simplesmente porque a parte dependente da temperatura é destruída – no caso de um
campo escalar, por exemplo, por ( p 2 − m 2 ) . Logo, a definição do que se entende por
identidades de Ward-Takahashi, a temperatura finita, deve ser feita sempre com muito
cuidado, sempre levando em conta que as identidades corretas são aquelas obtidas a
partir do funcional gerador das funções de Green 1PI, como foi feito aqui.
235
VIII.2. Modificações no Cálculo a Temperatura Finita
VIII.2.1. ε -regularização
1 1
iS ( p ) = = 0 ,
p − ω p + µ + iε sgn (ωp − µ ) p − ω p + µ + iε sgn ( p 0 )
0
onde µ representa o potencial químico, que pode ser identificado com a energia de
Fermi, e ω p = p 2 2m . A segunda forma do propagador é mais adequada para os
cálculos, e, de um modo que lembra a estrutura dos propagadores a temperatura finita,
não apresenta uma analiticidade bem-comportada, uma vez que, para p 0 > 0 , tem um
polo no semiplano inferior, ao passo que, para p 0 < 0 , a localização do polo é na
metade superior do plano complexo p 0 . Singularidades da mesma natureza destas
obrigam a que, a temperatura finita, se use uma ε -regularização, que corresponde
simplesmente à prescrição para que usemos as representações seguintes:
1 x 1 1 1
P = lim+ 2 = lim+ +
x ε → 0 x +ε 2
ε → 0 2 x + iε x − iε
1 ε i 1 1
δ ( x ) = lim = lim − ,
ε →0 +
π x +ε
2 2
ε → 0 2π x + iε
+
x − iε
onde subentende-se que o limite só deve ser tomado ao final dos cálculos. Vamos agora
calcular a auto-energia do gás degenerado de elétrons, sendo que, para simplificar, o
cálculo será concentrado na parte real da auto-energia do gás.
236
d 4k
Re Π ( p ) = Re ( −2i ) ∫ S ( k ) S ( k − p ) =
( π )
4
2
d 4k 1 1
= Re ( −2i ) ∫ ,
( 2π )
4
k 0
− ωk + µ + iε sgn ( k 0
) k 0
− p 0
ωk − p + µ + iε sgn ( k 0
− p )
0
1 1
lim+ = P − iπ sgn (α ) δ ( x ) .
ε →0 x + iαε x
Desta forma, a parte real da auto-energia será dada, após substiuirmos as prescrições,
por
i d 4k
+ ( p0 → − p0 )
1 1
Re Π ( p ) = − ∫ 4
+ 0
2 ( 2π ) k + p − ωk + p + µ + iε k + p − ωk +p + µ − iε
0 0 0
× sgn ( k 0 ) 0
1 1
− 0
k − ωk + µ + iε k − ωk + µ − iε
i d 4k
=− ∫ sgn ( k 0 )
2 ( 2π ) 4
1 1 1 1
× 0 ⋅ 0 − 0 ⋅ 0
k + p − ωk +p + µ + iε k − ωk + µ + iε k + p − ωk +p + µ − iε k − ωk + µ − iε
0 0
1 1 1 1
− 0 ⋅ 0 + 0 ⋅ 0
k + p − ω + µ + iε k − ω + µ − iε
k + p − ωk +p + µ − iε k − ωk + µ + iε
0 0
k +p k
+ ( p0 → − p0 ) }
= I1 + I 2 ,
onde os primeiros dois termos dentro dos colchetes, que têm comportamento analítico
similar, foram agrupados em I1 , e os outros dois termos, com comportamento analítico
oposto, juntam-se em I 2 .
2 ∫ ( 2π ) 4 ∫
I1 = − dk 0
0
1 1 1 1
× 0 ⋅ 0 − 0 ⋅ 0
k + p − ωk +p + µ + iε k − ωk + µ + iε k − p + ωk +p − µ − iε k + ωk − µ − iε
0 0
1 1 1 1
− 0 ⋅ 0 + 0 ⋅ 0
k + p − ω + µ − iε k − ω + µ − iε k − p + ω − µ + iε k + ω − µ + iε
0 0
k +p k k +p k
+ ( pµ → − pµ ) }
Agora a integral interior pode ser calculada pelo método de resíduos, escolhendo-se um
contorno no quadrante superior direito, e obtemos que
i d 3k θ ( µ + p 0 − ωk + p ) θ ( µ − ωk )
I1 = − ∫ 2iπ − −
2 ( 2π )4 p 0 + ω k − ωk + p ωk +p − p 0 − ωk
θ (ωk + p − p 0 − µ ) θ ( ωk − µ )
− − + ( pµ → − pµ )
ωk + p − p − ω k
0
ωk − ωk + p + p 0
1 d 3k
=− ∫ 3
1
2 ( 2π ) p + ωk − ωk + p
0 ( )
sgn (ωk − µ ) − sgn (ωk + p − p 0 − µ ) + ( p µ → − p µ )
1 d 3k
I2 = −
1
2 ∫ ( 2π )3 p 0 + ωk − ωk + p
sgn (
( ω k − µ ) + sgn ( ω k+ p − p 0
− µ ) + ( p µ
)→ − p µ
)
Logo,
d 3k
+ ( pµ → − pµ )
1
Re Π ( p ) = I1 + I 2 == − ∫ sgn (ωk − µ ) 0
( 2π )
3 p +ω −ω
k k+ p
1 d 3k p 0 − ωk − ω k + p
I2 = − ∫ 2sgn + µ + sgn (ωk − µ ) + sgn (ωk + p − p 0 − µ ) `
2 ( 2π )3
2
+ ( p 0 → − p 0 ) ,
1
×
p + ωk − ωk + p
0
1 1
= ,
A + iαε B + i βε
isto é, o produto original é recuperado sem problemas. Vamos admitir, porém, que os
parâmetros α e β sejam tais que o integrando possui um polo no eixo real dos x , entre
0 e 1 (podemos fazer, sem perda de generalidade, α = β = 1 ). Para que isto ocorra
num ponto x0 , devemos ter que
x0 ( A − B ) + B = 0 = ( β + x0 (α − β ) ) .
x0 = β (β −α ) e β A =αB .
239
quando os dois fatores possuírem comportamento analítico oposto. Vamos impor então
a condição 0 ≤ x0 = β ( β − α ) ≤ 1 , e calcular a integral, usando o valor principal:
β
dx ( β −α ) −η dx
1
∫0 x ( A + iαε ) + (1 − x )( B + iβε ) 2 = ηlim
→ 0+ ∫0
x ( A − B + iε (α − β ) ) + B + i βε
2
1 dx
+∫
( β −α ) +η
x ( A − B + iε (α − β ) ) + B + i βε
β 2
=
1 1
− 2iπ
(α − β ) δ ( β A − α B ) .
A + iαε B + i βε A − B + i (α − β ) ε
1 1
=∫
1 dx
+ 2iπ
(α − β ) δ ( β A − α B )
A + iαε B + i βε 0
x ( A + iαε ) + (1 − x )( B + i βε )
2
A − B + i (α − β ) ε
240
as divergências UV de uma teoria de campos, e, na verdade, uma anomalia representa o
comportamento UV de sua teoria. Entretanto, como já foi visto, os efeitos a temperatura
finita não modificam o comportamento UV de uma teoria. Assim, intuitivamente,
espera-se que uma anomalia não seja modificada pelos efeitos da temperatura, e, logo,
espera-se da mesma forma que a quebra dinâmica de simetria associada à anomalia
também não sofra alterações. Em particular, diferentemente do que ocorre no caso da
quebra espontânea de simetria, não é esperado que uma quebra dinâmica de simetria
seja anulada, ou seja, que a simetria quebrada dinamicamente seja restaurada, a altas
temperaturas. Para mostrar que isto é o que realmente ocorre, usaremos o modelo QED2
de Schwinger, uma teoria eletrodinâmica quântica de férmions sem massa, com solução
exata em dimensões 1+1.
∂ µ T ( j5µ ( x ) jν ( 0 ) ) = Gν ( x ) .
A forma explícita de Gν é irrelevante para o exemplo, exceto pelo fato de que está
relacionada com a anomalia quiral da teoria. Fica claro que a questão de dependência da
anomalia em relação à temperatura é melhor estudada no âmbito do formalismo de
tempo real, onde os propagadores se separam naturalmente em uma parte independente
e outra dependente da temperatura. Diagramaticamente, o termo da anomalia sai de um
grafo de auto-energia a um laço, com um vértice γ 5γ µ :
241
Portanto, podemos ver que, a temperatura finita, a anomalia terá quatro contribuições:
d 2k
Tr γ 5 pk γ ν ( k + p )
1
I 0 = −e 2 ∫
( 2π ) (k + p)
2 2 2
k
d 2k
Tr γ 5 pk γ ν ( k + p ) δ (k 2 )
1 1
I1 = −2π e 2
∫ ( 2π ) (k + p) β k0
2 2
e +1
I 2 = −2π e 2 ∫
d 2k
( 2π )
2
Tr γ 5 pk γ ν ( k + p )
1 1
2 β k 0 + p0
k e +1
δ (( k + p ) ) 2
I 3 = − ( 2π ) e 2 ∫
2 d 2k
( 2π )
2
Tr γ 5 pk γ ν ( k + p )
e
β k +p
0
1
0
+1 e
β k +p0
1
0
+1
(
δ ( k 2 )δ ( k + p )
2
)
È fácil mostrar, usando a identidade do traço de Dirac, que I1 e I 2 dão as mesmas
contribuições. Em primeiro lugar, note-se que, se fizermos k ↔ − ( k + p ) em I 2 , como
as integrais são finitas e, portanto, não há problemas com mudança de variáveis, I 2
coincide com I1 , a menos da parte do traço. Mas, calculando o traço das matrizes γ :
Tr γ 5 p ( k + p ) γ ν k = Tr γ 5 p k γ ν ( k + p ) − k γ ν p + p γ ν k
= Tr γ 5 pk γ ν ( k + p ) + 2 pkν γ 5 = Tr γ 5 pk γ ν ( k + p ) ,
γ 5γ ν =∈νλ γ λ ,
I1 + I 2 = −4π e ∈ 2 νλ d 2k
∫ ( 2π ) (
Tr pk γ λ ( k + p ) ) 1 1
δ (k2 )
(k + p) β k0
2 2
e +1
242
= −8π e 2 ∈νλ
d 2k
∫ ( 2π ) 2 (k λ (k + p)
2
) ( k +1 p ) 2
e
1
β k0
+1
δ (k2 )
d 2k
δ (k2 ) = 0 .
1
= −8π e 2 ∈νλ ∫ ( 2π ) 2
kλ β k0
e +1
Usamos aqui o fato de que, nos passos intermediários, a função delta anula k 2 , e no
último passo, a integral é nula porque o integrando é uma função ímpar. Segue-se
trivialmente do resultado acima, porque o integrando em I 3 envolve um termo adicional
( )
δ ( k + p ) , que I 3 = 0 . Isto mostra que os termos na anomalia que são dependentes da
2
temperatura são nulos, e o único termo que resta é I 0 , que corresponde ao modelo de
Schwinger à temperatura zero. Consequentemente, como no modelo de Schwinger a
anomalia é mantida, independentemente da temperatura, a geração dinâmica de massa
para o fóton também permanecerá inalterada.
out
p1p 2 p Ap B in
out
p1p 2 p Ap B in
= lim T p1p 2 p Ap B −T
= lim p1p 2 e− iH ( 2T ) p Ap B .
T →∞ T →∞
out
p1p 2 p Ap B in
≡ p1p 2 S p Ap B .
out
p1p 2 p Ap B in
= ( 2π ) δ (
4 4)
(p A + pB − ∑ p f ) ⋅ iM ( p A , pB → p f ) .
243
Também sabemos que a transformada de Fourier da função de correlação de dois
pontos, considerada como uma função analítica de p 2 , possui um polo simples na
massa do estado de uma partícula ( Z é o fator de renormalização de intensidade de
campo, que dá a probabilidade de φ ( 0 ) criar um estado a partir do vácuo 0 ):
iZ
∫d
4
xeip⋅x 0 T φ ( x ) φ ( 0 ) 0 → .
p 2 → m2
p − m 2 + iε
2
Pode-se generalizar este resultado para funções de correlação de ordem mais alta,
através de uma relação geral existente entre funções de correlação e elementos da matriz
S , conhecida como a fórmula de redução LSZ (H. Lehmann, K. Symanzik, e W.
Zimmermann, Nuovo Cimento 1, 1425 (1955))
∫d
4
xeip⋅ x 0 T {φ ( x ) φ ( z1 ) φ ( z2 )} 0 .
∫ dx = ∫ dx + ∫ dx + ∫ dx
0 0 0 0
,
T+ T− −∞
onde T+ é muito maior do que todos os zi0 , e T− é muito menor do que todos os zi0 .
Uma vez que a região do centro, II , é limitada, e o integrando depende de p 0 através
da função analítica exp ( ip 0 x 0 ) , a contribuição dessa região será analítica em p 0 .
244
Entretanto, as regiões I e II , que não são limitadas, podem desenvolver singularidades
em p 0 .
d 3q 1
I = ∑∫ λq λq .
λ ( 2π )
3
2 Eq ( λ )
T+ λ ( 2π )
3
2 Eq ( λ )
λ T+ ( 2π )
3
2 Eq ( λ )
p + ( )
i p 0 − E + iε T
0 φ ( 0 ) λ0 λp T {φ ( z1 ) φ ( z2 )} 0 .
1e
=∑
λ 2 Ep ( λ ) p − Ep ( λ ) + iε
0
um polo:
245
Para calcular a contribuição da região III , repetimos o mesmo procedimento,
desta vez colocando φ ( x ) por último na ordenação temporal, novamente inserindo um
conjunto completo de estados entre T {φ ( z1 )} e φ ( x ) , e encontraremos um polo em
p 0 → − Ep :
d 3k
∫ d xe →∫ ∫ d xe e ϕ ( k ) .
4 ip0 x0 − ip . x 4 ip x − ik ⋅x
0 0
e
( 2π )
3
Essa distribuição restringe x a uma faixa, cuja extensão espacial é a mesma do pacote,
em torno da trajetória de uma partícula com momento p . Após essa modificação, o
somatório encontrado anteriormente apresentará uma estrutura de singularidade mais
complicada:
d 3k
0 φ ( 0 ) λ0 λk T {φ ( z1 ) φ ( z2 )} 0
1 i
∑λ ∫ ϕ (k )
( 2π )
3
2 Ek ( λ ) p − Ek ( λ ) + iε
0
d 3k
Z k T {φ ( z1 ) φ ( z2 )} 0 ,
i
→∫ ϕ (k )
p 0 →+ E
( 2π ) p − m2 + iε
p
3 2
reduz ao polo anterior. A singularidade devida aos estados de uma partícula no passado
remoto, correspondente à região III , é modificada da mesma maneira.
246
d 3k
∏i ∫ ( 2π )3 ∫ i ϕ ( i 0 T {φ ( x1 ) φ ( x2 ) } 0 .
)
i p i ⋅x i
i
d 4
x e k
i
d 3K d 3 ki
i 0 T {φ ( x1 ) φ ( x2 )} λK λK T {φ ( x3 )} 0
1
∑λ ∫ ∏ ∫ ip i ⋅ x i
ϕ ( )
i =1,2 ( 2π )3 ∫
4
d x e k
( 2π )
3 i
2 EK
O estado λK será destruído por dois operadores de campo restritos a pacotes de onda
distantes, e, portanto, deve consistir em apenas duas excitações distintas do vácuo, com
duas localizações distintas. Se essas excitações estão bem separadas, devem ser
independentes entre si, e podemos fazer a aproximação
d 3K
0 T {φ ( x1 ) φ ( x2 )} λK λK
1
∑λ ∫
( 2π )
3
2 EK
d 3q1 1 d 3q2 1
= ∑∫ 0 φ ( x1 ) λq1 λq 0 φ ( x2 ) λq λq , λq .
( 2π ) 2 Eq1 ( 2π )3 2 Eq1
3 1 2 1 2
λ1 , λ2
As somas sobre λ1 e λ2 nesta equação abrangem todos os estados com momento zero,
mas somente estados de uma partícula contribuirão para os pólos que estamos buscando.
Neste caso, as integrais sobre x10 ( x20 ) e q1 ( q 2 ) produzem uma singularidade
concentrada em p10 ( p20 ). O termo na integral que expressa ambas as singularidades é
dado por
247
d 3 q1
k1k 2 T {φ ( x3 )} 0 .
i
∏ ∫ ϕ ( k ) ⋅ Z
i =1,2 ( 2π )3 i i p i2 − m 2 + iε
No limite em que o pacote de ondas tende para as funções delta concentradas nos
momentos definidos p1 e p 2 , esta expressão tenderá para
⋅ Z out p1p 2 T {φ ( x3 )} 0 .
i
∏ 2
i =1,2 pi − m + iε
2
O estado p1p 2 é precisamente um estado out, uma vez que é o limite com momento
definido de um estado de partículas restritas a pacotes de onda bem separados.
Aplicando a mesma análise aos tempos xi0 no passado remoto, chegaremos ao resultado
de que o coeficiente do termo maximamente singular no momento correspondente pi0 é
um elemento de matriz no estado in. Este termo terá então a forma
i i
∏ 2 ⋅ Z ∏ 2 ⋅ Z out p1p 2 −p3 in .
i =1,2 pi − m + iε i =3,… p i − m + iε
2 2
Foi mostrado aqui então como podemos obter o valor de um elemento da matriz
S , construindo envoltórios de pacotes de ondas para cada um dos VEV dos campos
correspondentes, extraindo as singularidades principais nas energias pi0 , e tomando o
limite quando esses pacotes se tornam funções delta dos momentos. Entretanto, o
cálculo pode ser muito simplificado se essas operações forem feitas na ordem inversa –
fazendo em primeiro lugar com que os pacotes de onda se tornem funções delta,
retornando à transformada de Fourier correspondente, e só então extraindo as
singularidades. E, de fato, o resultado da singularidade principal não é afetado por essa
inversão de ordem nas operações. Por outro lado, a justificativa matemática deste
procedimento não é trivial, mas pode ser exposta, resumidamente, assim: na
terminologia usada até aqui, novas singularidades poderiam surgir porque, na
transformada de Fourier, x1 e x2 se aproximariam novamente no futuro remoto. Porém,
nessa região, o fator exponencial é próximo de exp i ( p1 + p2 ) ⋅ x1 , e, logo, as novas
singularidades vão ser pólos simples na variável ( p10 + p20 ) , ao invés de produtos de
pólos nas duas variáveis separadas de energia. Um argumento mais rigoroso pode ser
encontrado no artigo original já citado no final da seção anterior.
248
n m
i =1 j =1
n i Z m i Z
→ ∏ 2 ∏ 2 p1 p n S k 1 k m .
i =1 pi − m + iε j =1 k j − m + iε
cada pi →+ E p
0 2 2
cada k 0i →+ Ek
Resumindo, a fórmula LSZ diz que um elemento de matriz S pode ser calculado
seguindo os seguintes passos: a) calcular a transformada de Fourier da função de
correlação apropriada; b) identificar o coeficiente do polo multipartícula na região do
espaço dos momentos em que as partículas externas estão próximas se tornarem on-
shell; c) para campos com spin, deve-se, além disso, multiplicar cada estado por um
espinor u s ( p ) , ou vetor ∈r ( k ) , de polarização, para fazer a projeção do estado de spin
desejado.
(
Sψ ( x ) =: T ψ ( x ) exp −i ∫ d 4ξ {ϕ 0 (ξ ) φ (ξ ) + φ ( ξ ) ϕ 0 (ξ )}
) c
:,
1
ϕ0 ( x) = d k u ( k , x ) α ( k ) + u ( k , x ) α ( k ) ,
∗
( 2π ) ∫
3 †
32
249
onde
u ( k , x ) = u ( k ) exp ik ⋅ x − iω ( k ) t .
{
Sψ ( x, β ) =: T ψ ( x, β ) exp −i ∫ d 4ξ Lϕ0 ξ , ξ − Lϕ0 ξ , ξ
( ( ) ( ))} c
:
{
Sψ ( x, β ) =: T ψ ( x, β ) exp −i ∫ d 4ξ Lϕ0 ξ , ξ − Lϕ0 ξ , ξ
( ( ) ( ))} c
:,
onde
( ( ( )
S =: T exp −i ∫ d 4ξ Lϕ0 ξ , ξ − Lϕ0 ξ , ξ
( ) ) ) c
:.
Os campos térmicos escalares livres são dados em duas dimensões (1+1) por
( p0 = (p )1 2
+ m 2 ):
Σ ( x; β ) = U −1 (θ ( β ) ) Σ ( x ) U (θ ( β ) )
{e
∞
a ( p1 ) cosh θ ( p 0 , β ) − a † ( p1 ) senh ( p 0 , β )
1 dp1 − ip µ xµ
=
2 π ∫
−∞ p 0
+e
ip µ xµ
a † ( p1 ) cosh θ ( p 0 , β ) − a ( p1 ) senh ( p 0 , β ) ;
}
Σ ( x; β ) = U −1 (θ ( β ) ) Σ ( x ) U (θ ( β ) )
{e
∞
dp1
a ( p1 ) cosh θ ( p 0 , β ) − a† ( p1 ) senh ( p 0 , β )
1 ip µ xµ
=
2 π ∫
−∞ p 0
+e
− ip µ xµ
a † ( p1 ) cosh θ ( p 0 , β ) − a ( p1 ) senh ( p 0 , β ) .
}
As funções de dois pontos diagonal e não-diagonal são dadas, respectivamente,
por ( p = p1 ):
250
0, 0 Σ ( x; β ) Σ ( y; β ) 0, 0
{ }
∞
cosh 2 θ ( p, β ) + senh 2 ( p 0 , β ) ;
1 dp − ip µ ( x − y )µ
=
4π ∫
0 p +m2 2
e
0, 0 Σ ( x; β ) Σ ( y; β ) 0, 0
{ }
∞
senh ( p 0 , β ) cosh θ ( p, β ) .
1 dp − ip µ ( x − y ) µ − ip µ ( x − y ) µ
=− ∫ e cosh θ ( p, β ) + e
4π 0 p +m
2 2
0, 0 Σ ( x; β ) Σ ( y; β ) 0, 0 = ∆ (0 ( x; m ) + I ( x; m, β ) ,
+)
de ordem ν )
∆ (0 ) ( x; m ) =
+ 1
2π
(
K0 m − x2 , )
e a contribuição a temperatura finita é dada por
( )
∞
1 1 − β2 p 2 + m2 β ∞
senh θ =2
= e csch p 2 + m 2 = ∑ e − nβ p 2 + m2
eβ p 2 + m2
−1 2 2 n=1
resulta que
∞ ∞
−( nβ −ix0 ) ( )
cos ( px1 ) e
1 dp − n β −ix 0
I ( x; m, β ) =
p2 + m2 p 2 + m2
2π
∑∫
n =1 0 p 2 + m2
+e .
∑ {K (m ) ( )}
∞
− ( x + + inβ )( x − + inβ ) + K 0 m − ( x + − inβ )( x − − inβ ) .
1
I ( x; m, β ) =
2π
0
n =1
251
IX.2. Número médio (no ensemble) de partículas com massa em
1+1 dimensões
Para o número médio zΣ ( β m ) , no ensemble, de partículas com massa, temos
que
∞
1
zΣ ( β m ) = I ( 0; β m ) = ∑ K ( nβ m ) .
π n =1
0
Usando que
∞
1 x π
∑ K ( kx ) cos ( kxt ) = 2 γ + ln 4π +
0
k =1 2x 1+ t 2
π ∞
1 1 π ∞ 1 1
+ ∑ − + ∑ −
2 t =1 x 2 + ( 2π − tx )2 2π 2 t =1 x 2 + ( 2π + tx ) 2 2π
∞
1 meγ β 1 1 1
= ln + + ∑ − ,
2π 4π 2β m t =1 ( β m ) + ( 2 π )
2 2 2 π
1 meγ β 1
zΣ ( β m ) → ln + .
T 0
2π 4π 2β m
252
Lista de exercícios do Módulo B
Prof. Armando F. Rodrigues - 24/11/09
Ex. B-1.
iGβ ( k ) = B ( −θ ) iG ( k ) BT ( −θ )
1
k 2 − m 2 + iε 0 1 β k0 2
( )
− 2iπ nB k 0 δ ( k 2 − m 2 ) 0
e
Gβ ( k ) =
1 βk 2
0 − 2 e 1
k − m2 − iε
Ex. B-2.
dp 0 − ip0 ( t −t ′)
I AB ( p 0 )
∞
0, β A ( t ) B ( t ′ ) 0, β = ∫ e
−∞ 2π
iRAB ( t − t ′ ) = θ ( t − t ′ ) 0, β A ( t ) B ( t ′) ∓ 0, β
dp 0 − ip0 ( t −t ′)
RAB ( p 0 )
∞
RAB ( t − t ′ ) = ∫ e
−∞ 2π
iG AB ( t − t ′ ) = 0, β T A ( t ) B ( t ′ ) 0, β
dp 0 − ip0 (t −t ′)
G AB ( p 0 )
∞
G AB ( t − t ′ ) = ∫ e
−∞ 2π
T A ( t ) B ( t ′ ) = θ ( t − t ′ ) A ( t ) B ( t ′ ) ± θ ( t ′ − t ) B ( t ′ ) A ( t )
dp 0 e ( )
ip 0 t − t ′
∞
θ (t − t′) = ∫
−∞ 2iπ p 0 − iε
253
Ex. B-3.
1 1 1 1
× 0 ⋅ − 0 ⋅ 0
k + p 0 − ω + µ + iε k 0 − ω + µ + iε
k − p + ωk +p − µ − iε k + ωk − µ − iε
0
k +p k
1 1 1 1
− 0 ⋅ 0 + 0 ⋅ 0
k + p − ω + µ − iε k − ω + µ − iε
k − p + ωk +p − µ + iε k + ωk − µ + iε
0 0
k +p k
+ ( pµ → − pµ ) }
resulta em
1 d 3k
I1 = − ∫ 3
1
2 ( 2π ) p + ωk − ωk + p
0 ( )
sgn (ωk − µ ) − sgn (ωk + p − p 0 − µ ) + ( p µ → − p µ )
se for aplicada a fórmula de combinação de produto de Feynman
1 1 1 dx
=∫
A + iαε B + i βε 0
x ( A + iαε ) + (1 − x )( B + i βε )
2
==============================================================
254
X. Referências
Aubrey Truman, “Feynman Maps and the Wiener Integral”, J. Math. Phys. 19(8), 1742-
1750
Edwin Hewitt e Kenneth A. Ross, “Abstract Harmonic Analysis”, 2v.,2ª ed., Springer,
1979
Michael Reed e Barry Simon, “Methods of Modern Mathematical Physics”, 4 v., ed.
Academic Press, 1980
Michael Creutz, “Quarks, Gluons and Lattices”, cap. 8, ed. Cambridge UP, 1983
255
X.4. Teoria da Integração e Cálculo de Feynman
Richard Phillips Feynman e Albert R. Hibbs, “Quantum Mechanics and Path Integrals”,
ed. McGraw-Hill, 1965
Paul Adrian Maurice Dirac, Proc. Roy. Soc. London. A, 114, 243 (1927)
Ashok Das, “Field Theory: A Path Integral Approach”, ed. World Scientific, 2006
Pierre Ramond, “Field Theory: A Modern Primer”, 2ª ed. Perseus Books, 2001
Ashok Das, “Finite Temperature Field Theory”, ed. World Scientific, 1997
Edward V. Shuryak, “The QCD Vacuum, Hadrons and Superdense Matter”, ed. World
Scientific, 2004
Kohsuke Yagi, Tetsuo Hatsuda e Yasuo Miake, “Quark-Gluon Plasma”, ed. Cambrige
UP, 2008
256