Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Diamantina – 2010
Apostila de Farmacobotânica
MICROTÉCNICA VEGETAL
CONSIDERAÇÕES GERAIS
As Ciências Morfológicas descrevem as relações espaciais dos elementos estruturais.
Esses elementos formam um sistema hierárquico, cujos componentes apresentam dimensões
diferentes. De acordo com a estrutura que vai ser analisada, instrumentos diferentes são
necessários para sua observação.
De um modo geral, órgãos vegetais são visíveis a olho nu ou com microscópio
estereoscópico. Tecidos ou células são visualizados com microscópio óptico e organelas
celulares com microscópio eletrônico.
Desse modo, o material botânico deve ser coletado e preparado adequadamente para uma
boa observação.
COLETA
Sempre que possível deve-se coletar um mínimo de exemplares de uma planta em seu
estado mais perfeito e completo. A coleta deve ser adequada ao objetivo do trabalho a ser
desenvolvido. Assim podemos ter a planta inteira ou partes como ramos, porções do caule etc.
CONSERVAÇÃO
O material botânico pode ser conservado herborizado (prensado e desidratado) ou em
líquidos de preservação, como etanol 70%, formaldeído a 10% ou FAA (formaldeído a 40%,
ácido acético e etanol 95%).
Os líquidos de preservação podem ser fixadores, ou seja, substâncias químicas que
promovem a morte das células e sua preservação estrutural em estado próximo do material
fresco. Na fixação ocorre coagulação ou precipitação das proteínas ou de outros componentes
celulares. As principais substâncias fixadoras são formol, álcool, iodo, bicromato de potássio e
os ácidos: acético, pícrico crômico e ósmico. A escolha do uso de soluções depende dos
objetivos do trabalho a ser realizado. Atenção para evitar o contato das soluções fixadoras com a
pele, pois a maioria das substâncias citadas é tóxica.
O material fresco presta-se para observações rápidas ou que não dependem da
conservação para verificação posterior.
Composição do FAA
Etanol 95% ...........................................................50,0ml
2
Apostila de Farmacobotânica
TIPOS DE PREPARAÇÕES
Para se observar o material em microscopia óptica, este deve ser suficientemente delgado
para que a luz possa passar através dele. A observação de algumas estruturas só é possível após o
preparo destas, envolvendo seccionamento (cortes histológicos), diafanização ou dissociação
(maceração) de órgãos ou tecidos.
Muitas vezes é aconselhável a coloração dos materiais, cuja finalidade é acentuar os
contrastes entre os vários tipos de células e tecidos da planta. Os corantes ou reagentes mais
largamente empregados são o cloreto de zinco iodado, Sudam III ou IV, Lugol, hematoxilina,
verde-firme, azul de alcião, fucsina básica, orange G, entre outros.
3
Apostila de Farmacobotânica
Longitudinal Longitudinal
radial tangencial
Transversal
2. Diafanização
A diafanização consiste em tratar amostras biológicas de modo a torná-las
semitransparentes. É muito utilizada no estudo de venação, epidermes e estruturas reprodutoras.
3. Dissociação (maceração)
A dissociação ou maceração é o processo pelo qual há dissolução da substância
intercelular (lamela média) separando-se, assim, as células que compõem o tecido. Há vários
métodos para a se efetuar a dissociação de material vegetal.
PREPARAÇÕES HISTOLÓGICAS
As preparações histológicas para microscopia óptica podem ser permanentes, semi-
permanentes e temporárias.
Nas preparações temporárias utilizam-se cortes de material que são montados e no seu
próprio líquido de inclusão ou no próprio corante ou reagente, que pode ser água, glicerina 50%,
etanol 70% etc. As preparações temporárias podem ser coradas com cloreto de zinco iodado,
Sudam II ou IV, lugol etc.
4
Apostila de Farmacobotânica
TÉCNICA DE CLAREAMENTO
A célula vegetal contém inúmeras substâncias que possuem cor, dentre elas os
pigmentos. Para facilitar a observação das estruturas, vários métodos de coloração podem ser
5
Apostila de Farmacobotânica
empregados, entretanto para que sejam eficientes, é necessário que os tecidos estejam livres de
outras cores.
O clareamento dos cortes é feito utilizando solução de hipoclorito de sódio comercial ou
cloral hidratado. O transporte dos cortes mais delgados para a solução de hipoclorito deve ser
feito com o auxílio de estilete e não com pincel, para não danificar suas cerdas. Transferir os
cortes em seguida para outro recipiente com água destilada e enxaguar abundantemente. Com o
objetivo de corrigir o pH para que não haja interferência na eficácia do corante, passar os cortes
em solução de ácido acético diluído, enxaguando em água em seguida.
TÉCNICA DE COLORAÇÃO
Uma dupla coloração simples e fácil de ser realizada é a que emprega como corantes o
azul de alcião e a fucsina básica.
a. Retirar os cortes do meio de fixação ou preservação, lavar com água destilada e colocar a
solução de hipoclorito de sódio comercial, até que fiquem clarificados;
b. Lavar várias vezes em água destilada;
c. Gotejar azul de alcião 0,5% e deixar por 1 a 3 minutos;
d. Lavar em água destilada;
e. Gotejar fucsina básica 0,1% em etanol 50% e deixar por 1 minuto;
f. Lavar em etanol 50% e depois em água destilada até o corante não ser mais eliminado;
g. Colocar, com um conta gotas, uma gota de glicerina 50% sobre a lâmina histológica;
h. Transferir para a lâmina, com o auxílio de um pincel, o corte a ser examinado;
i. Cobrir com lamínula: encoste um dos lados da lamínula no bordo da gota de líquido de
montagem e espere que este se espalhe ao longo da lamínula e, então, desça-a lentamente
para evitar a formação de bolhas de ar;
j. Se necessário, retirar o excesso do meio de montagem com papel de filtro;
k. Algumas vezes é interessante manter a lâmina para observações posteriores. Para tanto
deve-se vedar toda a lamínula com esmalte de unha incolor.
REAGENTES E CORANTES
Reagentes:
a. Cloreto de zinco iodado (Composição: Cloreto de zinco, iodeto de potássio, iodo e água
destilada).
6
Apostila de Farmacobotânica
Corantes:
a. Azul de alcião (Composição: azul de alcião, ácido tartárico e água).
É usado para detectar celulose (coloração azul).
b. Fucsina básica (Composição: fucsina básica e etanol 50%).
É usado para detectar lignina (coloração vermelha).
c. Sudam IV (Composição: Sudam IV, etanol 80% e glicerina).
É usado para detectar cutina e suberina (coloração marrom-avermelhada).
d. Safranina (Composição: safranina e etanol 50%).
É usado para corar material dissociado e detectar lignina, suberina e cutina
(coloração avermelhada).
Obs.: O corante que será mais utilizado em nossas aulas é o safrablau. Trata-se de uma solução
composta por dois tipos de corantes: o azul de astra ou azul de alcião, que cora paredes
celulósicas em azul, e a safranina, que cora paredes lignificadas, suberificadas e cutinizadas em
vermelho.
DESENHOS
As práticas de Anatomia Vegetal são realizadas mediante a observação de várias
estruturas vegetais em diversos grupos, portanto é necessária a documentação das observações
através da confecção de desenhos.
Os desenhos devem ser simples e levar em consideração a forma do objeto e as
proporções dos componentes dos cortes. Outro aspecto importante é a inclusão de legendas, para
que se possa reconhecer as estruturas desenhadas.
Dois tipos de desenho podem ser empregados nas aulas práticas:
7
Apostila de Farmacobotânica
Parênquima
Colênquima
Esclerênquima
Felema ou súber
Xilema
Floema
Epiderme
Sempre anote qual material vegetal e o tipo de corte que estão sendo observados. Anote
outras informações que forem importantes no estudo que estiver sendo realizado.
TECIDOS VEGETAIS
CONSIDERAÇÕES GERAIS
8
Apostila de Farmacobotânica
9
Apostila de Farmacobotânica
3. Seção transversal de caule de Bidens pilosa L. (picão – Asteraceae) com dupla coloração
(safrablau).
a. Identifique na seção os seguintes tecidos: parênquima, colênquima e de revestimento.
Esquematize.
b. Compare com as observações efetuadas na aula anterior sem o emprego de corantes.
10
Apostila de Farmacobotânica
2. Seção transversal da raiz de Emilia sp. (Asteraceae), com dupla coloração (safrablau).
a. Localize o córtex e o cilindro vascular (nestes cortes o tecido de revestimento encontra-
se danificado!).
b. Esta raiz se encontra em crescimento primário ou secundário?
c. Identifique os tecidos presentes e compare a anatomia desta raiz com a da
monocotiledônea observada anteriormente.
3. Seção transversal do caule de Bambusa sp. – Poaceae (bambu), com dupla coloração
(safrablau).
a. Identifique todos os tecidos presentes. Esquematize.
4. Seção transversal do caule, em estrutura primária, de Bidens pilosa – Asteraceae (picão), com
dupla coloração (safrablau).
a. Identifique os tecidos presentes. Observe a organização dos feixes vasculares.
Esquematize.
11
Apostila de Farmacobotânica
12