Vous êtes sur la page 1sur 45

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS


FACULDADE DE FÍSICA

A TERMODINÂMICA DO REFRIGERADOR POT-IN-POT

ELIELZER DE SOUZA NUAYED

ORIENTADORA: SILVANA PEREZ

Belém-Pará
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
FACULDADE DE FÍSICA

ELIELZER DE SOUZA NUAYED

A TERMODINÂMICA DO REFRIGERADOR POT-IN-POT

Monografia submetida ao Programa de


Graduação em Licenciatura em Física
Noturno do Instituto de Ciências Exatas
e Naturais da Universidade Federal do
Pará como parte dos requisitos para a
obtenção do certificado de Graduação
em Licenciatura em Física.

Belém-Pará
2017
RESUMO

Este trabalho apresenta o resultado do estudo prático do refrigerador do tipo pot-in-pot


mediante a experimentação prática. O refrigerador do tipo pot-in-pot trabalha com o princípio
de resfriamento evaporativo da água retida em uma camada de material poroso guarnecido em
um vaso de argila ou outro material similar. Os idealizadores desse dispositivo o
desenvolveram para uso doméstico e o difundiram nas regiões de clima quente e seco para
conservação de alimentos e vegetais. Apesar de sua simplicidade, a explicação dos fenômenos
que regem o seu processo de funcionamento requer uma abordagem cuidadosa e completa da
termodinâmica e suas extensões. Isso é o que este trabalho propõe mostrar e superposto os
aspectos climáticos da região tropical. A observação minuciosa, juntamente com o suporte da
bibliografia pesquisada, levou a concluir que o pot-in-pot, é adequado para a
instrumentalização do ensino da física. As explicações sobre isso estão contidas neste
trabalho.

Palavras-chave: Resfriamento evaporativo. Pot-in-pot. Temperatura. Escoamento.


ABSTRACT

This paper presents the results of the practical study of the cooler of the type pot-in-pot
through experimentation. The cooler the type pot-in-pot works with the principle of
evaporative cooling of the water retained in a layer of porous material comprising in a vessel
of clay or other similar material. The framers of this device developed for domestic use and
the spread in regions of hot and dry climate for conservation of food and vegetables. Despite
its simplicity, the explanation of the phenomena governing the procedure for its operation
requires a careful approach and complete of thermodynamics and its extensions. This is what
this work proposes to show and superimposed the climatic aspects of the tropical region. The
observation, together with the support of the literature researched, led to the conclusion that
the pot-in-pot is suitable for the use of teaching physics. The explanations about it are
contained in this work.

Keywords: Evaporative Cooling. Pot-in-pot. Temperature. Flow.


SUMÁRIO

1 Introdução ......................................................................................................................... 8

2 Transição de fase ............................................................................................................ 10

2.1 A evaporação de um líquido explicada pela teoria cinética ..................................... 11


2.2 Equilíbrio termodinâmico líquido-vapor .................................................................. 12

3 Transferência de calor e massa, e convecção ............................................................... 14

3.1 Sistema termodinâmico e volume de controle .......................................................... 15


3.2 Princípio da conservação da massa .......................................................................... 15
3.3 O teorema do momento ............................................................................................ 16
3.4 Princípio da conservação da energia ........................................................................ 16
3.5 Fluidos ...................................................................................................................... 17
3.6 Parâmetros significativos .......................................................................................... 19
3.7 Resfriamento evaporativo ......................................................................................... 21

4 O refrigerador de Mohamed Bah Alba (Pot-in-pot cooler) ......................................... 22

4.1 Modelagem matemática ............................................................................................ 23

5 Metodologia ..................................................................................................................... 35

5.1 Procedimentos e coleta de dados .............................................................................. 35

6 Resultado e análise ......................................................................................................... 39

7 Considerações Finais ...................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42

APÊNDICE A - Recursos para o experimento .............................................................. 44

ANEXO A - Determinação de massa relativa de vapor ................................................. 45


1 Introdução

O presente estudo nasceu de um desafio de sala de aula proposto pelo professor como
atividade discente voltada à prática na disciplina física estatística do curso de licenciatura em
física. Trata-se do estudo do refrigerador evaporativo (pot-in-pot cooler). Este consiste da
combinação de dois vasos de barro, um interno ao outro, cuja separação é preenchida com
areia úmida, e tem a finalidade de resfriar e conservar alimentos como vegetais e
refrigerantes. Esse dispositivo foi um dos temas do International Young Physicists'
Tournment (IYPT 2010-2011). Consta que esse dispositivo foi idealizado na Nigéria em 1990,
por Mohamed Bah Alba, o que lhe rendeu um prêmio internacional.

As fontes de referência indicadas pelo IYPT 2010-2011 serviram de partida para esse
trabalho, tanto para conhecer o contexto histórico do dispositivo como para se encontrar uma
teoria que explica o processo físico termodinâmico. Entretanto, ao mesmo tempo em que se
encontraram essas informações também se verificou a necessidade de aprofundar as bases
teóricas, dado o caráter técnico e complexo do assunto. Dessa forma, apresenta-se nos
capítulos dois e três a revisão bibliográfica dos conceitos de apoio ao estudo. São definições
de transição de fase, os postulados da transferência de calor e massa, bem como as relações
que governam o processo evaporativo, que é o fenômeno principal na mecânica do dispositivo
e cujas correlações empíricas no processo de escoamento são necessariamente incorporadas
na lógica do modelo matemático adotado.

No capítulo quatro descreve-se o pot-in-pot com mais detalhes, buscando reproduzir


suas especificidades. Usou-se para isso informações traduzidas do artigo técnico da Movement
e.V1.: The clay pot cooler – an appropriate cooling technology (RINKER, 2014). Esse artigo
técnico é um manual de instrução já direcionado para os usuários do dispositivo.

Na busca de um modelo explicativo para o pot-in-pot a partir da lista bibliográfica do


IYPT encontrou-se dois artigos com abordagens similares: "Heat and Mass Transfer in a
Clay-Pot Refrigerator: Analysis Revisited (DAMLE, 2015)" e "Heat and Mass Transfer
Analysis of a Pot-in-Pot Refrigerator using Reynolds flow model (PANDEY, 2016)". Ambos
os artigos se sustentam na hipótese de que é possível descrever o dispositivo em regime

1
Uma cooperativa de Burkina Faso, um país do continente africano.
9

estacionário de temperatura. Nesses artigos, em condição de equilíbrio, aplicam-se as relações


de balanço de massa e de energia, cujo sistema de equações é resolvido por aproximação
numérica para obter o fluxo de massa de evaporação, com o processo em condições de fluxo
laminar. As equações matemáticas envolvendo as diversas variáveis termodinâmicas que dão
suporte ao modelo matemático escolhido estão relacionadas no capítulo quatro e parte de suas
deduções pode ser conferida via referências bibliográficas.

A metodologia é apresentada no capítulo cinco. Para a coleta de dados utilizou-se uma


montagem do dispositivo pot-in-pot e foram coletados dados de temperatura em pontos
específicos para confrontar com o modelo matemático. Os dados foram tabulados e
submetidos a uma análise. Uma vez que foram obtidos os resultados concluiu-se o trabalho na
forma dessa monografia.
10

2 Transição de fase

Diferente do que usualmente é apresentado como evaporação da água a 100 ⁰C, neste
trabalho será abordada aquela que se ocorre em temperatura ambiente. Essa condição pode ser
mais bem entendida no artigo de Silveira (2016) e nas explicações da teoria cinética da
evaporação na seção 2.1.

Nesse sentido introduz-se aqui o termo fase para designar qualquer estado específico
da matéria, tal como o de um sólido, um líquido ou um gás (YOUNG & FREEDMAN, 2008,
pag.193). Por exemplo, o composto 𝐻2 𝑂 existe na fase sólida como gelo, na fase líquida
como água e na fase gasosa como vapor d’água. Já a transição de um estado para outro é
chamada de transição de fase ou mudança de fase.

Figura 2-1 - Curvas de aquecimento da água.

Fonte: Adaptado de Silveira (2016, p.27).

Nota: A figura mostra o aquecimento do conteúdo do calorímetro em função da energia elétrica dissipada no
aquecedor, para diferentes potências.

A Figura 2-1, retrata o estudo de Silveira (2016) e mostra a perda de massa em uma
amostra de água submetida ao aquecimento. Observa-se que ocorrem perdas de massa e de
energia térmica fornecida a amostra de água em várias temperaturas e decorrentes da
evaporação, ou seja, de uma transição de fase. Por exemplo, com 105kJ fornecidos à amostra
usando uma fonte de energia de 40W, houve uma perda de 31g de água por evaporação. A
11

quantidade de energia seria suficiente para a água atingir 100 ⁰C, mas houve uma transição de
fase para a fase vapor um pouco acima de 75 ⁰C, com perda energia e massa por evaporação.

2.1 A evaporação de um líquido explicada pela teoria cinética

A evaporação de um líquido pode ser explicada pela teoria cinética, que diz que a
energia cinética média para qualquer grau de liberdade de uma molécula ou outro objeto é
1
𝑘𝑇 (FEYNMAN, 2008, pag.42-1), a se considerar o comportamento idêntico ao de um gás
2

ideal. Na explicação de Feynman, o problema da evaporação, dada uma caixa com um grande
volume parcialmente preenchida por líquido em equilíbrio e vapor em dada temperatura,
reside em, primeiramente, descobrir quantas moléculas há na fase vapor comparado ao
número que há no líquido. Depois disso, estimar quantas moléculas 𝑁𝑒 que deixam a
superfície por segundo, de forma a manter o equilíbrio com a quantidade 𝑁𝑐 que se
condensam da fase vapor.

Nesse sentido, considerando que para levar uma única molécula do estado líquido para
vapor, certa quantidade de trabalho 𝑊 deve ser feito, Feynman mostra que no equilíbrio:
𝑊
𝑣
𝑁𝑐 = 𝑁𝑒 = (𝑉 ) ∙ 𝑒 −𝑘𝑇 , (2-1)
𝑎

onde 𝑣 é velocidade média, 𝑇 é a temperatura termodinâmica e 𝑉𝑎 , o volume ocupado por


uma molécula.

Pode-se presumir que no equilíbrio ocorrerão evaporação e condensação simultâneas,


porém condições de desequilíbrio poderão favorecer um ou outro processo, que no trabalho de
Silveira (2016) aparece na forma de energia fornecida por aquecimento seguido de um
resfriamento induzido por evaporação de massa de água. No caso presente em estudo, o
resfriamento deverá ocorrer em consequência da temperatura ambiente.

2.1.1 Entalpia de transformações físicas

Um processo que libera calor para as vizinhanças é exotérmico, e um que absorve


calor da vizinhança é endotérmico. Como a liberação de calor corresponde à diminuição da
entalpia de um sistema, podemos dizer que um processo exotérmico à pressão constante é
aquele no qual ∆𝐻 < 0. Inversamente, uma vez que a absorção de energia provoca a elevação
12

da entalpia do sistema, um processo endotérmico à pressão constante é aquele no qual ∆𝐻 >


0 (ATKINS, 2015, pag.53,54).

A variação de entalpia-padrão que acompanha uma mudança de estado físico é a


entalpia-padrão de transição que se representa por 𝛥𝑡𝑟𝑠 𝐻ᶱ, no caso da vaporização é a entalpia
padrão de vaporização 𝛥𝑣𝑎𝑝 𝐻ᶱ ∆𝐻 > 0 (ATKINS, 2015, pag.54).

2.2 Equilíbrio termodinâmico líquido-vapor

Todo líquido ocupando uma parte de um recipiente fechado no qual é feito vácuo e
mantido a temperatura constante (abaixo da sua temperatura crítica 𝑇𝑐 ) evapora
instantaneamente (PINEDA & VELASCO, 2009, p. 201). Dependendo da quantidade de
líquido, todo ele passa para o estado de vapor, ou acaba alcançado um estado de equilíbrio
com o seu vapor até uma pressão de equilíbrio. Na temperatura crítica 𝑇𝑐 , e acima dela, a
amostra de um gás tem uma fase única que ocupa todo o volume do recipiente. Esta fase é,
por definição, um gás. Então a fase líquida de uma substância não se forma acima da
temperatura crítica (ATKINS, 2015, pag.27).

Uma amostra de gás comprimida, a uma temperatura constante pouco abaixo de sua
temperatura crítica 𝑇𝑐 , experimentará uma redução de volume e aumento de pressão.
Entretanto, haverá um ponto onde ocorrerá outro comportamento entre pressão e volume em
nada semelhante. Nele iniciará o processo de condensação do material da amostra para a fase
líquida, a tal ponto que o material em fase líquida estará em equilíbrio com o vapor. O valor
de pressão estabelecido nesse ponto é a pressão de vapor do líquido.

A pressão de vapor de uma substância aumenta com a temperatura, isto porque nas
temperaturas mais elevadas o número de moléculas que tem energia suficiente para escaparem
da interação como as moléculas vizinhas é maior (ATKINS, 2015, p.115).

Se um líquido é colocado em um recinto onde existe ar (ou outro gás) a uma dada
temperatura, o líquido evapora-se até que a pressão parcial de vapor de água na mistura de gás
torna-se igual à pressão de vapor do líquido a essa temperatura (PINEDA & VELASCO,
2009, p.215). A mistura gasosa satisfaz a lei de Dalton. Portanto, mantendo a mesma
quantidade de ar na mistura, a medição da pressão parcial de vapor de água nele à diferentes
temperaturas permite conhecer a dependência da pressão de vapor com a temperatura do
líquido.
13

2.2.1 A curva de equilíbrio líquido-vapor

O diagrama de fases de uma substância mostra as regiões de pressão e de temperatura


em que as diversas fases são termodinamicamente estáveis. As curvas que separam as regiões
são denominadas curvas de equilíbrio e mostram os valores de p e T nos quais duas fases
coexistem em equilíbrio e seus potenciais químicos são iguais (vide Figura 2-2).

Figura 2-2 - Um típico diagrama de fase 𝑃 × 𝑇,

Fonte: Adaptado de Young e Freedman (2012, p. 611).

Nota: A figura mostra as regiões de temperatura e pressão em que ocorrem as várias fases, e também as linhas
que caracterizam as transições entre as fases.

Neste estudo há interesse na região separada pela curva de vaporização onde ocorre o
equilíbrio líquido-vapor. Atkins (2015, p. 125) mostra que a curva de vaporização pode ser
obtida a partir da equação de Clapeyron, considerando a entalpia de vaporização ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻
independente da temperatura, sendo expressa conforme equação

𝑝 ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻 1 1 (2-2)
ln( ) = ∙( − )
𝑝𝑐 𝑅, 𝑇 𝑇𝑐
onde 𝑅 é igual a 8,3145JK-1 mol-1, 𝑝 a pressão, 𝑇𝑐 é a temperatura crítica e 𝑝𝑐 é a pressão na
temperatura crítica.

2.2.2 Umidade relativa do ar


14

Se em um dado volume de ar é adicionado vapor de água mantendo sua temperatura


constante, a pressão parcial de vapor de água no ar é aumentada. É chamado de umidade
relativa a razão entre a referida pressão parcial e a pressão de vapor a essa temperatura
(PINEDA e MAÍLLO, 2009, p. 203) expressa pela equação:

𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 (2-3)


𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = × 100(%)
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟(𝑇)

onde a pressão parcial de vapor e pressão de vapor devem estar na mesma unidade, neste
trabalho utilizaremos o pascal (𝑃𝑎 = 𝑁/𝑚2 ).

Medida importante é a temperatura de bulbo úmido 𝜃𝑤 que seria aquela que teria
uma porção de ar se esta fosse resfriada sob a saturação (100% de umidade relativa) por
evaporação de água sobre ele com o calor latente sendo fornecido pelo ar. E a temperatura
de bulbo seco 𝜃𝑠 , como sendo a temperatura quando tomada do ar com umidade relativa
abaixo de 100%. Conforme Miranda at. al (2015), para determinar a pressão parcial na
equação na equação (2-3), calcula-se primeiro a pressão de vapor 𝑝 por meio da equação
(2-4), onde 𝑒 é o número de Euler:

17,3𝜃𝑤 7,5𝜃𝑤
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 = 𝐴 × 𝑒 237,3+𝜃𝑤 , ou 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 = 𝐴 × 10237,3+𝜃𝑤 (2-4)

onde o parâmetro 𝐴 equivale a 610,8 𝑃𝑎 (para resultados em 𝑃𝑎), 0,6108 𝑘𝑃𝑎 (para
resultados em 𝑘𝑃𝑎), ou 4,58 𝑚𝑚𝐻𝑔 (para resultados em 𝑚𝑚𝐻𝑔), 𝜃𝑤 é a temperatura de
bulbo úmido em °𝐶. Em seguida, deve-se calcular a pressão parcial de vapor por meio da
equação (MIRANDA at. al, 2015):

𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 = 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 − 𝛾 × 𝑝𝑎𝑡𝑚 × (𝜃𝑠 − 𝜃𝑤 ) (2-5)

onde 𝛾 é a constante psicrométrica2 que é igual a 6,67 × 10−4 𝐾 −1 , 𝑝𝑎𝑡𝑚 é a pressão


atmosférica expressa na mesma unidade da 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟. E as temperaturas em °𝐶.
3 Transferência de calor e massa, e convecção

2
Consultar a referência para outros aspectos específicos da constante psicrométrica.
15

Nesta seção abordam-se as definições de transferência de calor e massa e os relevantes


na modelagem do problema da convecção e transferência de calor e massa. A solução do
problema da convecção implica na combinação das leis de conservação. Os princípios
indicados para isso são: o princípio da conservação da massa; o teorema do momento;
princípio da conservação da energia (KAYS e CRAWFORD, 1993, p. 5). Em Liu at al.
(1995) é apresentado um modelo matemático para a transferência de massa e calor em um
meio poroso. De modo geral, esse modelo mostra que o problema do processo de
resfriamento evaporativo é governado pelas seguintes equações diferenciais: equação da
continuidade, do momento (equação de Navier-Stokes), e equação da energia.

3.1 Sistema termodinâmico e volume de controle

Considere uma região definida no espaço através de uma fronteira da qual massa,
energia e momento possam fluir, no interior da qual mudança de massa, energia e momentum
possam ocorrer e também forças externas atuar. Tal região é denominada “volume de
controle” e as suas fronteiras são chamadas “superfícies de controle” (KAYS e CRAWFORD,
1993, p. 5). O volume de controle é utilizado em diversas análises. Pode ser de dimensões
finitas ou infinitesimais. No caso de um volume de controle onde não haja a troca de matéria
então é denominado de sistema termodinâmico.

3.2 Princípio da conservação da massa

Considerando que o termo criação com a conotação de fluxo saindo menos, o fluxo
entrando corresponde ao acréscimo de armazenamento, então o princípio da conservação de
massa, quando aplicado ao volume de controle pode ser expresso pela equação (KAYS e
CRAWFORD, p. 6):

A taxa de criação de massa = 0. (3-1)

Se, em um sistema de fluxo, a velocidade relativa normal à superfície de controle é


designada como 𝑉, o fluxo total passando pela superfície é definido de acordo com a
expressão:

𝐺 ≡ 𝑉𝜌 (3-2)
,
16

onde 𝜌 é a densidade do fluido, e 𝐺 a velocidade mássica ou fluxo de massa em 𝑘𝑔/(𝑠 ∙ 𝑚2 )


Se 𝐺 é constante sobre uma seção reta 𝐴, a variação total do fluxo de massa através da
área 𝐴, é dado pela equação:

𝑚̇ = 𝐴𝐺 = 𝐴𝑉𝜌 (3-3)
onde, 𝑚̇ é a taxa de fluxo de massa através da superfície de controle, 𝑘𝑔/s.

3.3 O teorema do momento


O teorema do momento, quando aplicado a um volume de controle, pode ser expresso
vetorialmente pela expressão (KAYS e CRAWFORD, p. 7):

Taxa de criação de momento = 𝐹⃗ . (3-4)

O termo criação nessa expressão possui a mesma conotação para o princípio da conservação
da massa, ou seja, fluxo saindo menos o fluxo entrando corresponde ao acréscimo de
armazenamento.

3.4 Princípio da conservação da energia

O princípio da conservação da energia é a expressão geral da primeira lei da


termodinâmica aplicada a um volume de controle. De acordo com Kays e Crawford (1993,
p.8), considerando a energia que pode cruzar a superfície de controle, a superfície de controle
e as variações de energia armazenada que podem se configurar no volume de controle, o
princípio da conservação da energia pode ser estabelecido pela expressão

(3-5)
Taxa de acúmulo de energia = 𝑆,

onde essa taxa terá dimensão tanto volumétrica e superficial dependendo do contexto. De
acordo com Kays e Crawford (1993), a energia pode cruzar a superfície de controle na forma
de trabalho ou calor, ou como energia armazenada em qualquer massa que flua através da
superfície. Em resumo, abaixo são listadas algumas formas de energia frequentemente
encontradas em sistemas de escoamento:
17

 Energia que pode cruzar a superfície de controle: trabalho mecânico, fluxo de trabalho,
calor;
 Energia armazenada por unidade de massa à medida que cruza a superfície de controle:
energia térmica interna, energia cinética, energia potencial, entalpia;
 Energia que pode estar envolvida na variação da energia armazenada através do volume
de controle: energia térmica interna, cinética, energia potencial, geração de energia.

3.5 Fluidos

Um fluido é definido como uma substância que se deforma continuamente sob a ação
de uma tensão cisalhante. Uma importante consequência dessa definição é que, quando um
fluido está em repouso, não pode haver tensão cisalhante. Tanto líquidos como gases são
fluidos. Algumas substâncias, como o vidro, são tecnicamente classificadas como fluidos.
Entretanto, a taxa de deformação em vidro, em temperaturas normais, é tão lenta que torna
impraticável considerá-lo um fluido (WELTY at al., 2017, p. 1).

3.5.1 Propriedades de um Fluido e Propriedades de um Escoamento

Alguns fluidos, em particular líquidos, têm densidades que permanecem quase


constantes para amplas faixas de pressão e de temperatura. Fluidos que exibem essa
qualidade são geralmente tratados como incompressíveis. Os efeitos de compressibilidade,
entretanto, são mais uma propriedade da situação do que do fluido em si. Por exemplo, o
escoamento do ar em velocidades baixas é descrito pelas mesmas equações que descrevem o
escoamento da água. De um ponto de vista estático, ar é um fluido compressível e água,
incompressível. (WELTY at al., 2017, p. 3)

3.5.2 Tensão em um ponto

Considere a força 𝛥𝐹⃗ atuando em um elemento 𝛥𝐴. A força 𝛥𝐹⃗ é decomposta nas
componentes normal e paralela à superfície do elemento. A força por unidade de área ou a
𝛥𝐹⃗
tensão em um ponto é definida como: o limite de quando 𝛥𝐴 → 𝛿𝐴, em que, 𝛿𝐴 é a
𝛥𝐴

menor área para a qual as médias estatísticas são significativas, expressa de acordo com a
equação:
18

𝛥𝐹⃗𝑛 𝛥𝐹⃗𝑠
lim = 𝜎𝑖𝑖 ; lim = 𝜏𝑖𝑖 (3-6)
𝛥𝐴→𝛿𝐴 𝛥𝐴 𝛥𝐴→𝛿𝐴 𝛥𝐴

onde 𝜎𝑖𝑖 é a tensão normal e 𝜏𝑖𝑖 é a tensão cisalhante (WELTY at al., 2017, p. 3).

3.5.3 Lei de Fourier de condução de calor

A lei de Fourier é expressa pela equação:


𝜕𝑇
𝑗𝐸 = −𝑘 𝜕𝑥 (3-7)

onde 𝑘 é o coeficiente característico de cada material, chamado de condutividade térmica, 𝑇 a


temperatura termodinâmica e 𝑗𝐸 a densidade de corrente de energia. Em relação a essa
expressão, Alonso e Finn (1972, p. 513) falam que ocorre condução térmica sempre que a
temperatura varia de ponto para ponto na substância e experimentalmente, a menos que a
𝜕𝑇
temperatura varie rapidamente sobre uma distância pequena, 𝑗𝐸 é proporcional a 𝜕𝑥 .

3.5.4 Lei de Fick da difusão

A relação básica para a difusão molecular define o fluxo molar em relação à


velocidade molar média, 𝐽𝐴 . Uma relação empírica para esse fluxo molar foi primeiramente
postulada por Fick e, assim, frequentemente é referida como primeira lei de Fick. Ela postula
que a difusão do componente 𝐴 em um sistema isotérmico e isobárico é proporcional ao
gradiente de concentração (WELTY at al., 2017, p. 403) e é dada pela equação (3-8).

𝐽𝐴 = −𝐷𝐴𝐵 ∇cA (3-8)

A lei de Fick é a mais restrita relação, e que é exata, para a difusão de massa em uma
mistura binária3 na ausência de outros gradientes de potenciais. Em notação vetorial, a lei de
Fick é expressa pela equação
𝐺⃗𝑑𝑖𝑓𝑓,𝑗 = −𝜌𝐷𝑗 ∇
⃗⃗𝑚𝑗 , (3-9)

3
Em uma mistura binária, apenas dois componentes estão presentes (WELTY at al., 2017, p. 400).
19

onde 𝐺⃗𝑑𝑖𝑓𝑓,𝑗 é o vetor fluxo de massa 𝑘𝑔/(𝑠 ∙ 𝑚2 ), 𝜌 é a densidade da mistura, 𝑘𝑔/𝑚3 , 𝑚𝑗 é


a concentração de massa 𝜌𝑗 /𝜌j, e 𝐷𝑗 é o Coeficiente de difusão, 𝑚2 /𝑠 (KAYS e
CRAWFORD, p. 15).

3.6 Parâmetros significativos

De acordo com Welty at al. (2017, p. 281), certos parâmetros são úteis na correlação
de dados convectivos e nas relações funcionais para os coeficientes convectivos de
transferência de calor. Além disso, ainda em Welty at al. (2017, p. 133), são mencionados o
uso de coeficientes adimensionais como um recurso de análise de equações diferenciais
governantes e que esses coeficientes favorecem a análise na medida em que se apresentam
determinadas situações, por exemplo, simetria geométrica. Relaciona-se a seguir os
coeficientes adimensionais e parâmetros empíricos que são utilizados nesse estudo, estes
últimos estão agrupados conforme a aplicação específica, tais como transferência de calor por
convecção (KAYS e CRAWFORD, p. 281) e de transferência de massa (KAYS e
CRAWFORD, p. 516).

O número de Biot, 𝐵𝑖:

A magnitude de Bi, definida como (OLIVEIRA, 2014, p.1) 𝐵𝑖 =


𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
e tem como significado físico indicar onde ocorre a maior ou
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑖𝑓𝑢𝑠𝑖𝑣𝑜

menor resistência à transferência de calor. Sua expressão algébrica é dada na equação:

ℎ ∙ ∆𝑇 ℎ𝐿𝑐 𝑘𝑐 𝐿𝑐 (3-10)
𝐵𝑖 = = , ou 𝐵𝑖𝑚 = (WELTY at al. , 2017, p. 504)
∆𝑇 𝑘 𝐷𝐴𝐵
𝑘∙ 𝐿
𝑐

onde ℎ é o coeficiente convectivo (𝑊/𝑚2 𝐾), ∆𝑇 a variação de temperatura, 𝐿𝑐 o


comprimento característico do corpo, e 𝑘 é a condutividade térmica (OLIVEIRA, 2014, p.1),
𝑘𝑐 o coeficiente convectivo de transferência de massa (𝑚/𝑠), 𝐷𝐴𝐵 a difusividade mássica ou
coeficiente de difusão para o componente A se difundindo através do componente B (𝑚2 /𝑠) e
𝐵𝑖𝑚 é o número de Biot mássico . Um alto valor de 𝐵𝑖 indica que a resistência condutiva
controla - isto é, existe mais capacidade para calor sair da superfície por convecção do que por
condução (WELTY at al., 2017, p. 260). Um baixo valor de 𝐵𝑖 representa o caso em que a
20

resistência interna é desprezível e existe mais capacidade de transferir calor por condução do
que existe por convecção. Nesse último caso, o fenômeno controlador da transferência de
calor é a convecção, sendo os gradientes de temperatura dentro do meio, bem pequenos. No
caso de 𝐵𝑖𝑚 , seu valor pode explicar então as resistências convectivas à transferência de
massa e a diferença de concentração na superfície da espécie A de sua concentração na fase
fluida (WELTY at al., 2017, p. 506).

O número de Spalding: 𝐵

O Número de Spalding tem o significado de força motriz para proporcionar a transferência de


massa e está relacionado no caso de convecção à concentração da fase da substância
considerada (KAYS e CRAWFORD, p. 499). É definido conforme a equação:

𝜔𝑣,∞ − 𝜔𝑣,𝑤 (3-11)


𝐵=
𝜔𝑣,𝑤 − 1
onde, 𝜔𝑣,∞ é a concentração de vapor no ar, e 𝜔𝑣,𝑤 é a concentração de vapor na camada
limite.

3.6.1 Parâmetros significativos de transferência de calor por convecção e de massa

As equações da tensão de cisalhamento e a duas leis de fluxo podem ser escritas em


termos de um coeficiente. Cada coeficiente é dimensionalmente análogo à viscosidade, assim
podem-se formar grupos adimensionais de relações, os quais surgirão como parâmetros em
equações diferenciais (KAYS e CRAWFORD, p. 17). Esses coeficientes são aplicáveis como
simplificações no equacionamento das variáveis termodinâmicas e estão sintetizados no
QUADRO 3-1.

QUADRO 3-1 - Parâmetros para as equações de fluxo.


Denominação Expressão
Transferência de calor por convecção
Número de Prandtl, 𝑃𝑟 (WELTY at al., 2017, p. 281) 𝜇⁄𝜌 𝜇
𝑃𝑟 = =
𝑘 ⁄𝜌𝑐 Γ
(3-12)
Número de Nusselt, 𝑁𝑢 (idem) 𝛼𝐿𝑐
𝑁𝑢 ≡
𝑘
(3-13)
Número de Grashof, 𝐺𝑟𝐻 (WELTY at al., 2017, p. 285). 9,81𝛽(𝑇∞ − 𝑇𝑤 )𝐻3
𝐺𝑟𝐻 = (3-14)
𝑣𝑎2
21

Denominação Expressão
Transferência de massa
Número de Schmidt, 𝑆𝑐𝑗 (WELTY at al., 2017, p. 516) 𝜈 𝜇⁄𝜌 𝜇
𝑆𝑐𝑗 =
𝐷𝑗
=
𝐷𝑗
=
γj (3-16)
O número de Lewis, 𝐿𝑒𝑗 , (WELTY at al., 2017, p. 517) 𝑘 ⁄𝜌𝑐 𝑘 ⁄𝑐 Γ
𝐿𝑒𝑗 = = = (3-15)
𝐷𝑗 𝜌𝐷𝑗 γj

Relação entre os índices 𝜇


𝑆𝑐𝑗
𝐿𝑒𝑗 = 𝑃𝑟
𝜇 = 𝑃𝑟 (3-17)
𝑆𝑐𝑗
Nomenclaturas
𝜈 ≡ 𝜇⁄𝜌 difusividade de momento
𝑘 ⁄𝜌𝑐 difusividade térmica

Fonte: O autor.

NOTA: 𝜌 densidade; 𝜇 coeficiente de viscosidade dinâmica; 𝑐 o calor específico, 𝑘 a condutividade térmica


(𝑊/𝑚𝐾), Γ = 𝑘/𝑐 a taxa de escoamento do filme condensado por largura; 𝛼 é o coeficiente convectivo
(𝑊/𝑚2 𝐾), 𝐿𝑐 é o comprimento característico do corpo, 𝑘 é a condutividade térmica de fluido; 𝛽 é o coeficiente
de expansão, 𝑇∞ a temperatura ambiente; 𝑇𝑤 a temperatura da camada limite, 𝐻 a altura da camada, 𝑣𝑎 é a
viscosidade cinemática; 𝐷𝑗 é a difusividade mássica (𝑚2 /𝑠), γj = 𝜌 × 𝐷𝑗 é o coeficiente de difusão combinado
com densidade e 𝑗 é o componente da mistura.

3.7 Resfriamento evaporativo

O resfriamento evaporativo direto simplesmente evapora a umidade presente no ar,


reduzindo a temperatura em entalpia aproximadamente constante. Em climas quentes e secos
este processo pode frequentemente ser o suficiente para prover condições de conforto para as
pessoas (MCDOWALL, 2006, pag.185). Um resfriamento evaporativo indireto usa a
evaporação para resfriar uma superfície, como por exemplo, uma serpentina, que é então
usada para resfriar o ar de trabalho. O resfriamento evaporativo indireto reduz tanto a
temperatura e quanto a entalpia, pode ser efetiva em todas, mas em especial nas condições
extremas (MCDOWALL, 2006, pag.185).
22

4 O refrigerador de Mohamed Bah Alba (Pot-in-pot cooler)

O princípio básico de funcionamento do Pot-in-pot (IYPT, 2013, p. 31-33) é o


princípio de um refrigerador de arrefecimento por evaporação. A evaporação da água requer
energia que é tomada a partir do ar ambiente que conduz a uma queda na temperatura do ar
dentro do refrigerador. No Pot-in-pot é utilizado esse princípio a partir de uma construção
relativamente simples (Figura 4-1) feita de dois vasos de barro com tamanhos diferentes, areia
molhada e um pano.

O vaso de barro menor é colocado dentro de um vaso de barro maior e o espaço entre
eles é preenchido com areia grossa. Esta areia é molhada e subsequentemente a abertura do
pequeno vaso de barro deve ser coberta com um pano molhado. Devido à porosidade de barro
cozido, uma parte da água da areia pode difundir-se através da argila e evaporar-se na
superfície do lado de fora do pote maior (RINKER, 2014). Este processo de evaporação
consome a energia térmica do interior do vaso de barro externo resultando em diminuição da
temperatura do ar no vaso de barro interno.

Figura 4-1. Ilustração de montagem do Pot-in-pot.

Fonte: adaptado de RINKER, (2014)

No artigo técnico de Rinker (2014) são apresentadas as dimensões baseadas na


experiência do autor, e que o mesmo diz que as dimensões por ele indicada são sugestões, não
23

precisando ser exatamente iguais ao por ele indicado. O mais importante diz ele é que um
vaso caiba dentro do outro.

4.1 Modelagem matemática

Dentre os artigos pesquisados encontraram-se dois: Damle e Date (2015) e Pandey e


Pesala (2016), os quais abordam a modelagem do resfriamento evaporativo do pot-in-pot, e
que serviram de referência para o desenvolvimento do trabalho. De acordo com Damle e Date
(2015), o objetivo de modelar o fenômeno de resfriamento da pot-in-pot é obter a temperatura
final de resfriamento 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 . De forma a facilitar o entendimento, apresenta-se na TABELA
4-1, a relação completa dos símbolos algébricos que preserva os símbolos dos artigos
pesquisados.

TABELA 4-1 - Nomenclaturas para o estudo termodinâmico.


Símbolo Nomenclatura Símbolo Nomenclatura
𝐴 Área superficial (𝑚2 ) 𝜀 Emissividade
𝐵 Número de Spalding (adimensional) 𝜆 Calor latente (𝐽/𝑘𝑔)
𝐵𝑖 Número de Biot (adimensional) 𝜇 Viscosidade (𝑁𝑠⁄𝑚2 )
𝑏 Espessura da parede do pote, (𝑚) 𝑎
Ar atmosférico
𝐶𝑝 Calor específico (𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾 ). 𝑐𝑙
Argila
𝑔 Coeficiente de transferência de massa 𝑐𝑜𝑙𝑑
Do ambiente do vaso interno
𝐻 Altura do vaso (pote) (𝑚)
(𝑘𝑔⁄𝑚2 . 𝑠) 𝑑𝑝
Ponto de orvalho
ℎ Entalpia de mistura (𝐽/𝑘𝑔) 𝑒
Princípio da conservação de energia
𝑘 Condutividade térmica (𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 ) 𝑠𝑤
Areia + água
2
𝑘𝑝 Permeabilidade (𝑚 ) 𝑖
Pote interno
𝑘ℎ𝑦 Condutividade hidráulica (𝑚⁄𝑠 ) 𝑙𝑜𝑎𝑑
Carga de resfriamento
𝐿𝑒 Número de Lewis (adimensional) 𝑚
Princípio da conservação da massa
𝑚̇ Taxa de evaporação (𝑘𝑔⁄𝑠 ) 𝑀
Estado da substância transferida
𝑚 Massa (𝑘𝑔) 𝑚𝑒𝑎𝑛
Meio misto
2
𝑝 Pressão (𝑁⁄𝑚 ) 𝑛𝑐
Convecção natural
𝑄 Calor de transferência (𝑊) 𝑜
Pote externo
𝑇 Temperatura (℃) 𝑟𝑎𝑑
Radiação
2
𝛼 Coeficiente de transferência de calor (𝑚 ). 𝑟𝑒𝑓
Valor de referência
𝛽 Coeficiente volumétrico (𝐾 −1 ). 𝑣
Vapor
𝜔 Massa relativa 𝑤
Água ou estado 𝑤
Φ Umidade relativa ∞
Condições do meio ambiente
Fonte: Adaptado de Damle e Date (2015, p. 12)
24

4.1.1 Descrição geral

A Figura 4-2 apresenta as características principais para o modelo para o refrigerador


em estudo. De acordo com a modelagem descrita em Damle e Date (2015), o refrigerador
pot-in-pot é representado em superfícies cilíndricas de raios 𝑟𝑖 e 𝑟𝑜 e altura ℎ apesar de em sua
maioria ser constituído de superfícies curvadas. As espessuras dos vasos, interno e externo são
𝑏𝑖 (≪ 𝑟𝑖 ) e 𝑏𝑜 (≪ 𝑟𝑜 ) respectivamente.

Figura 4-2. Características principais de um pot-in-pot.

Fonte: (a) (RINKER, 2014, p. 6); (b) e (c) adaptado de Damle at al. (2015, p. 13).

Nota: (a) Refrigerador pot-in-pot em operação. (b) Detalhes em corte. (c) Parâmetros geométricos.
25

A condutividade térmica da argila é designada por 𝑘𝑐𝑙𝑤 e a condutividade do conjunto


areia+água como 𝑘𝑆𝑤 . A partir de uma temperatura ambiente 𝑇∞ é suposta uma evaporação
da umidade da camada de areia úmida devido à interação com a energia de irradiação e de
convecção no volume de controle confinado entre o pot-in-pot e a ar ambiente (vide Figura
4-3).

Assim, de acordo com Damle e Date (2015, p.13), em regime permanente a


dependência 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 é dada na relação da expressão:

𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 = 𝐹{(𝑇∞ , Φ∞ ), (𝑟𝑖 , 𝑟𝑜 , 𝐻, 𝑏𝑖 , 𝑏𝑜 ), (𝑘𝑐𝑙𝑤 , 𝑘𝑠𝑤 , 𝛼𝑖 , 𝛼0 , 𝜀), 𝑘ℎ𝑦 } (4-1)

onde 𝜀 é a emissividade da superfície externa do vaso externo, 𝛼𝑖 e 𝛼0 são os coeficientes de


transferência de calor das superfícies dos vasos, interno e externo respectivamente, e 𝑘ℎ𝑦 é a
condutividade hidráulica.

Figura 4-3. Volume de controle .

Fonte: O autor.
Nota: Volume de controle entre o pot-in-pot e a vizinhança estacionária com temperatura T∞ que teoricamente
determina a temperatura Tw .

A temperatura de preservação 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 no vaso interno depende das condições ambientes, ou


seja, temperatura 𝑇∞ e umidade relativa Φ∞ , bem como o irreversível processo de
transferência de calor e massa. Em Damle e Date (2015, p. 13) a abordagem do problema é
feita com base, no modelo de Reynolds, em que a substância transferida é tomada como
uniforme em temperatura e concentração e também na hipótese de que a temperatura varia
26

radialmente no espaço anelar ocupados pela substância transferida. Essa condição (vide
Figura 4-4) está hipoteticamente indicada por uma superfície 𝑀-𝑀4 representando o estado 𝑀
da substância transferida com propriedades uniformes (ou média) dadas pela equação

𝑇𝑖 + 𝑇𝑜
𝑇𝑀 =, e, 𝜔𝑣,𝑀 = 1 (4-2)
2
onde 𝑇𝑖 é a temperatura da superfície externa
, do vaso interno, e 𝑇𝑜 é a temperatura da
superfície interna do vaso externo.

Figura 4-4 - Detalhes esquemáticos em corte, com ilustração da substância transferida


representada como uniforme pela superfície cilíndrica 𝑀-𝑀).

Areia+água (𝜔𝑣,𝑀 = 1) Eixo de simetria


𝑀

𝑇𝑖 𝑇𝑜

𝐻 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 𝑇𝑖 + 𝑇𝑜
𝑇𝑀 =
2

Fonte: Adaptado de Damle e Date (2015).

Para efeito de estudar o comportamento idealizado do refrigerador pot-in-pot os


fenômenos envolvidos são considerados sob a ótica de algumas hipóteses a seguir descritas.

4
O duplo M indica que o estado da substância é o mesmo por toda a extensão da altura da superfície.
27

4.1.2 Hipótese de estado permanente

De acordo com Damle e Date (2015), vários fatores na equação (4-1) variam com o
tempo. Variações na temperatura ambiente 𝑇∞ e umidade relativa Θ∞ são óbvias. Entretanto,
a dependência no tempo do calor operacional dependerá do ritmo de uso e dos alimentos.
Assim, o objetivo é de identificar a influência dos fatores em regime permanente. De
forma a garantir isso é necessário assumir as seguintes pressupostos: a) a umidade é mantida
continuamente no espaço anelar entre os vasos a uma taxa igual à taxa de evaporação 𝑚̇𝑤 .
Isso garante que a altura (𝐻) da coluna de água no espaço anular permanece constante; b) a
temperatura da água injetada no espaço anelar é hipoteticamente exatamente igual à
temperatura 𝑇𝑀 . Isso assegura que a temperatura imaginária 𝑇𝑀 (Figura 4-4) permaneça
constante.

4.1.3 Hipótese do fluxo de Reynolds

Segundo Damle e Date (2015) e com referência a Figura 4-5, haverá um fluxo de
massa cruzando a superfície ∞-∞ fluindo em direção à superfície 𝑤-𝑤, mas com as
propriedades em ∞-∞ em 𝑘𝑔/𝑠 igual a 𝑔𝐴𝑜 ; e um fluxo de massa cruzando de ∞-∞ fluindo a
partir da superfície 𝑤-𝑤, mas com as propriedades em 𝑤-𝑤 igual a 𝑔𝐴𝑜 + 𝑚̇𝑤 , onde, 𝐴𝑜 =
2𝜋𝑟𝑜 𝐻; e 𝑔 é o coeficiente de transferência de massa (𝑘𝑔/𝑚2 𝑠).

Figura 4-5 - Detalhes esquemáticos para entender a hipótese de fluxo de Reynolds.


𝑖 𝑀 𝑜 𝑤 ∞

𝑔𝐴𝑜

𝐻 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑
𝑚̇𝑤
𝑟𝑜
𝐴𝑜 = 2𝜋𝑟𝑜 × 𝐻
𝑤 ∞
𝑔𝐴𝑜 + 𝑚̇𝑤 𝐻

𝑤 ∞
𝑖
𝑀 𝑜 𝑤 ∞
𝐴𝑜
Fonte: O autor.
= 2𝜋𝑟𝑜 × 𝐻
28

Agora ainda em referência a Figura 4-5, desde que 𝑚̇𝑤 registre a fase considerada na
superfície 𝑤-𝑤, o balanço de massa ao longo da largura da fase considerada (vapor) mostra
que na hipótese de um fluxo de massa fictício (𝑔𝐴𝑜 ), o processo não cria ou destrói qualquer
massa na fase considerada (idem). A magnitude de 𝑔 não é afetada pela presença de
gradientes de espécies de frações de massa 𝜔𝑗 ou temperatura 𝑇, não é afetada pela
turbulência, radiação etc. na fase considerada. O fluxo de 𝑔 também não é afetado pela
direção de 𝑚̇𝑤 (DAMLE e DATE, 2015, p. 15).

4.1.4 Princípio da conservação da massa

Em referência à figura 4.6, Damle e Date (2015) aplicam o princípio da conservação


da massa para o vapor de água entre os estados, resultando na equação:

𝑔𝐴𝑜 𝜔𝑣,∞ + 𝑚̇𝑤 = (𝑚̇𝑤 + 𝑔𝐴𝑜 )𝜔𝑣,𝜔 (4-3)

onde 𝜔𝑣 é percentual de massa de vapor. Obviamente o percentual de massa de ar será 𝜔𝑎 =


1 − 𝜔𝑣 .

Figura 4-6 - Volume confinado entre as superfícies 𝑤-𝑤 𝑒 ∞-∞.


𝑤 ∞

𝑔𝐴𝑜 𝜔𝑣,∞

𝐻 𝑚̇𝑤

(𝑚̇𝑤 + 𝑔𝐴𝑜 )𝜔𝑣,𝜔

𝑤 ∞

Fonte: O autor.

Nota: O desenho retrata a conservação da massa aplicada ao volume confinado entre as superfícies 𝑤-𝑤 𝑒 ∞-∞
29

Rearranjada, a expressão (4-3) fica conforme a equação (4-4) abaixo, onde, 𝜔𝑣,∞ é o
percentual de massa de vapor ambiente, e 𝜔𝑣,𝑤 é o percentual de massa de vapor na superfície
𝑤-𝑤.
𝜔𝑣,∞ − 𝜔𝑣,𝑤
𝑚̇𝑤,𝑚 = 𝑔𝐴𝑜 𝐵, onde, 𝐵 = (4-4)
, 𝜔𝑣,𝑤 − 1

O subscrito 𝑚 em 𝑚̇𝑤,𝑚 acima é colocado para se referir ao princípio da conservação da


massa5, e 𝐵 é o número de Spalding (DAMLE e DATE, p. 16). O valor 𝜔𝑣,∞ é conhecido,
mas 𝜔𝑣,𝑤 é desconhecido. Este último será determinado a partir da condição de equilíbrio na
superfície 𝑤-𝑤 quando 𝑇𝑤 for conhecido.

Segundo Damle e Date (2015) desde que o número de Lewis, 𝐿𝑒, seja
aproximadamente 1, para o modelo em estudo, o coeficiente 𝑔 (𝑘𝑔⁄𝑚2 ∙ 𝑠) pode ser estimado
a partir do coeficiente de transferência de calor por convecção 𝛼𝑜 conforme expressão (4-5),
onde 𝐶𝑝𝑚 é o calor específico do meio misto.

αo (4-5)
𝑔≈
𝐶𝑝𝑚

O valor de αo , seguindo as orientações em Damle e Date (2015, p. 19), é apurado com


base nos parâmetros significativos, segundo a utilização das equações (4-6), onde 𝑘𝑎 é a
condutividade térmica do ar, e a constante de expansão térmica 𝛽 em 𝐺𝑟𝐻 é 𝛽 = 1⁄𝑇 com
𝑚𝑒𝑎𝑛

𝑇𝑚𝑒𝑎𝑛 = 0,5(𝑇𝑤 + 𝑇∞ ) em kelvin.

αo 𝐻
𝑁𝐻= ; 𝑁𝑢𝐻 = 0,59(𝐺𝑟𝐻 ∙ 𝑃𝑟)0,25 (4-6)
𝑘𝑎

Para garantir o registro das características de condutividade hidraúlica da areia e da


argila Pandey e Pesala (2016) aplicando a lei de Darcy6 determinam uma nova expressão para
o 𝐵 presente na primeira equação da expressão (4-4) corrigido por um numero de Biot, 𝐵𝑖𝑚 .
𝑔
Isso resulta na equação (4-7), com 𝐵𝑖𝑚 ≡ 𝜌 , sendo 𝜌𝑤 a densidade e 𝑘ℎ𝑦 é a
𝑤 ∙𝑘ℎ𝑦

condutividade hidráulica da água.

5
Os termos em azul possuem no arquivo digital uma ligação às respectivas definições no próprio material.
6
A lei de Darcy diz que a vazão de uma amostra de solo é diretamente proporcional à área da seção transversal,
à perda de carga, e inversamente proporcional ao comprimento da amostra (FERNANDES, 2106, p.174).
30

(0,0189𝐻 − 0,622) × 𝜔𝑣,𝑤 + 0,622(1 + 0,05𝐻) (4-7)


𝐵∗ =
𝐵𝑖𝑚 ∙ (0,622 + 0,378𝜔𝑣,𝑤 )

Assim, a equação (4-4) fica reescrita na forma da equação (4-8) abaixo.

𝑚̇𝑤,𝑚 = 𝑔𝐴𝑜 × 𝐵 ∗ (4-8)

4.1.5 Princípio da conservação da energia

Damle e Date (2015) aplicando a conservação de energia à mistura ar-vapor de água


confinada entre as superfícies 𝑤 − 𝑤 𝑒 ∞ − ∞ (vide Figura 4-7), obtém a equação de balanço
(4-9).

𝑔𝐴𝑜 ℎ∞ + 𝑚̇𝑤 ℎ𝑀,𝑤 = 𝑄𝑛𝑐 + (𝑚̇𝑤 + 𝑔𝐴𝑜 )ℎ𝑤 (4-9)

Figura 4-7 - Esquema para entendimento do balanço de energia no volume do


controle entre as superfícies 𝑤 − 𝑤 e ∞ − ∞.
𝑤 ∞

𝑄𝑛𝑐 𝑔𝐴𝑜 ℎ∞

𝑚̇𝑤 ℎ𝑀,𝑤

(𝑚̇𝑤 + 𝑔𝐴𝑜 )ℎ𝑤

𝑜 𝑤 ∞

Fonte: O autor.
31

Numa segunda etapa, da mesma forma, é aplicado o balanço de energia (vide Figura
4-8) através das superfícies 𝑤 − 𝑤 e 𝑜 − 𝑜, resultando na expressão abaixo (4-10).

𝑄𝑛𝑐 − 𝑄𝐿 = 𝑚̇𝑤 (𝐻𝑀,𝑤 − 𝐻𝑀,𝑜 ) (4-10)

Figura 4-8 - Esquema para aplicação da equação de balanço à região confinada


entre as superfícies 𝑤 − 𝑤 e 𝑜 − 𝑜.

𝑜 𝑤

𝑄𝑛𝑐

𝑚̇𝑤 (ℎ𝑀,𝑤 − ℎ𝑀,𝑜 )

𝑄𝐿

𝑜 𝑤

Fonte: O autor.

Em uma terceira etapa (vide Figura 4-9) é aplicada a equação de balanço na região
entre as superfícies 𝑀 − 𝑀 e 𝑜 − 𝑜 com a aplicação da lei de Fourier da condução resultando
4
na equação (4-11) onde 𝑄𝑟𝑎𝑑 = εσ(T∞ − Tw4 ).

𝜕𝑇 𝜕𝑇
𝑚̇𝑤 (𝐻𝑀,𝑜 − 𝐻𝑀 ) − 𝑘𝑠𝑤 𝐴 | − (𝑘𝑠𝑤 𝐴 | ) = 𝑄𝑟𝑎𝑑 (4-11)
𝜕𝑟 𝑜 𝜕𝑟 𝑀
32

Figura 4-9 - Esquema para entendimento da equação de balanço para a região entre as
superfícies 𝑀 − 𝑀 e 𝑜 − 𝑜.

𝑀 𝑜

𝑄𝑟𝑎𝑑
𝜕𝑇
𝑄load = − (𝑘𝑠𝑤 𝐴 | )
𝜕𝑟 𝑀

𝑚̇𝑤 (ℎ𝑀,𝑜 − ℎ𝑀 )

𝜕𝑇
𝑄𝑜 = −𝑘𝑠𝑤 𝐴 |
𝜕𝑟 𝑜

𝑀 𝑜

Fonte: O autor.

Combinando as equações (4-9) e (4-10) Damle e Date (2015) chegam em uma


expressão intermediária na equação (4-12) abaixo, de tal forma que esta, combinada à

𝑔𝐴𝑜 (𝐻∞ − 𝐻𝑤 ) = 𝑄𝐿 + (𝐻𝑤 − 𝐻𝑀,𝑜 ) (4-12)

equação (4-11), resulta na obtenção de uma expressão para 𝑚̇𝑤 = 𝑚̇𝑤,𝑒 , conforme equação
(4-13), onde o susbcrito 𝑒, significa que valor está sendo obtido via conservação de energia.

𝑄𝑟𝑎𝑑 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 + 𝑔𝐴𝑜 (𝐻∞ − 𝐻𝑤 )


𝑚̇𝑤,𝑒 = (4-13)
𝐻𝑤 − 𝐻𝑀
Ademais, as equações para a determinação das entalpias de vaporização ℎ dos diversos
estados termodinâmicos do modelo são dadas pelas expressões (4-14), (4-15) e (4-16).
(4-14)
ℎ∞ = 𝐶𝑝𝑎 (𝑇∞ − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + [(𝐶𝑝𝑣 − 𝐶𝑝𝑎 )(𝑇∞ − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + 𝜆𝑟𝑒𝑓 ]𝜔𝑣,∞

ℎ𝑤 = 𝐶𝑝𝑎 (𝑇𝑤 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + [(𝐶𝑝𝑣 − 𝐶𝑝𝑎 ) ∙ (𝑇𝑤 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + 𝜆𝑟𝑒𝑓 ]𝜔𝑣,𝑤 (4-15)

𝑇𝑖 +𝑇𝑜
ℎ𝑀 = 𝐶𝑝𝑤 (𝑇𝑀 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) → 𝑇𝑀 = (4-16)
2
33

4.1.6 Determinação das temperaturas ( 𝑇𝑖 , 𝑇𝑜 e 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 )

Segundo as indicações de Damle e Date (2015) uma vez que sendo 𝑇𝑤 um valor
desconhecido, então as temperaturas intermediárias, 𝑇𝑖 , 𝑇𝑜 e 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 podem ser determinadas
1−𝜃𝑠 𝜃
conforme equações (4-17) a (4-23), em que, 𝑘𝑆𝑤= = 𝑘𝑠 × 𝑘𝑤𝑠 , é condutividade térmica
𝜃
para o meio areia+água, 𝑘𝑐𝑙𝑤 = 𝑘𝑠1−𝑐𝑙 × 𝑘𝑤𝑐𝑙 , é a condutividade térmica para a argila úmida.
𝜃𝑠 o coeficiente de porosidade da areia, 𝜃𝑐𝑙 o coeficiente de porosidade do vaso de argila.
Essas condutividades são valores efetivos, devido à condição de constituição do meio por
duas fases, sólida e fluida (PANDEY e PESALA, 2016).
.
𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 1 𝑏𝑖 (4-17)
𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 = 𝑇𝑖 + ∙[ + ]
𝐴𝑖 𝛼𝑖 𝑘𝑐𝑙𝑤

𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑
𝑇𝑖 − 𝑇𝑜 = 𝑟 (4-18)
𝑘𝑠𝑤 𝐴𝑖 ⁄𝑟𝐼 ln( 𝑜⁄𝑟𝑖 )

𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑
𝑇𝑜 − 𝑇𝑤 = (4-19)
𝑘𝑐𝑙𝑤 (𝐴𝑜 ⁄𝑏𝑜 )

𝑇𝑜 − 𝑇𝑖 𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 + 𝑄𝑟𝑎𝑑 (4-20)


𝑇𝑜 − 𝑇𝑀 = =
2 𝑚̇𝑤 ∙ 𝐶𝑝𝑤

𝑏𝑜 𝑟𝑖 ∙ln(𝑟𝑜 ⁄𝑟𝑖 )
𝑇𝑖 = 𝑇𝑤 + (𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ) ∙ {𝑘 + } (4-21)
𝑐𝑙𝑤 𝐴𝑜 𝑘𝑠𝑤 ∙𝐴𝑖

𝑏𝑜
𝑇𝑜 = 𝑇𝑤 + (𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ) ∙ ( )
𝑘𝑐𝑙𝑤 𝐴𝑜 (4-22)

−1
𝑚̇w 𝐶𝑝𝑤 ⁄2
𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 = −𝑄𝑟𝑎𝑑 ∙ [1 + 𝑟
] (4-23)
𝑘sw 𝐴𝑖 ⁄[𝑟𝑖 ln( 𝑜 )]
𝑟𝑖

O procedimento de solução requer um processo numérico, o qual é apresentado na


forma de um fluxograma na Figura 4-10, para solucionar as equações (4-8) e (4-13), uma vez
que a temperatura 𝑇𝑤 da superfície externa do pote externo é desconhecida.
34

Figura 4-10 - Fluxograma do processo de solução numérica para o deteminar o valor de 𝑇𝑤


mediante a hipótese de que no equilíbrio 𝑚̇𝑤,𝑒 converge para 𝑚̇𝑤,𝑚 .

Início A

Especificar I 𝑟𝑖 , 𝑟𝑜 , 𝑏𝑖 , 𝑏𝑜 , 𝐻 Equação (4-8)


Calcular 𝑚̇𝑤,𝑚

Especificar II 𝑇∞ , Φ∞ , 𝜔𝑣,∞ , e 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 𝑚̇𝑤,𝑚 + 𝑚̇𝑤,𝑒


Calcular 𝑚̇𝑤
2
𝐶𝑝𝑤 , 𝐶𝑝𝑎 , 𝐶𝑝𝑣 , 𝑘ℎ𝑦 , 𝑘a , 𝑘𝑐𝑙 ,
Especificar III
𝑘𝑆 e 𝑘w Equação
Calcular 𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑
(4-23)
Definir 𝑇𝑤 Chute inicial

Calcular temperaturas Ti , 𝑇𝑜 , 𝑇𝑀
B

Calcular 𝜔𝑣,w através da fórmula de correlação (DAMLE; DATE, 2015 p. 25).


𝜔𝑣,w = 3,416 × 10−3 + 2,7308 × 10−4 )𝑇𝑤 + (1,372 × 10−5 )𝑇𝑤2 + (8,2516 ×
10−8 )𝑇𝑤3 − (6,9092 × 10−9 )𝑇𝑤4 + 3,5315 × 10−10 )𝑇𝑤5 − (3,7037 × 10−12 )𝑇𝑤6 +
(6,1923 × 10−15 )𝑇𝑤7 + 9,9349 × 10−17 )𝑇𝑤8, sendo que esta correlação é válida para
o intervalo −20 < 𝑇(℃) < 100.

Calcular entalpias ℎ∞ , ℎ𝑤 , ℎ𝑀
Calcular 𝜔𝑣,mean 𝜔𝑣,mean
= 0,5(𝜔𝑣,∞ + 𝜔𝑣,w )
Equação
Calcular 𝑚̇𝑤,𝑒
Calcular 𝐶𝑝𝑚
𝐶𝑝𝑎 (1 − 𝜔𝑣,mean ) (4-13)
+ 𝐶𝑝𝑣 ∗ 𝜔𝑣,mean
Equação
Comparar 𝑚̇𝑤,𝑚 com 𝑚̇𝑤,𝑒
Calcular 𝛼𝑜 (4-13)
Equação (4-6)

Calcular 𝑔 Equação (4-5) ̇ 𝑤,𝑚 −𝑚̇𝑤,𝑒 )


(𝑚 S
Se | 100|>0,001
𝑚̇𝑤,𝑚

𝑔
Calcular 𝐵𝑖𝑚 𝐵𝑖𝑚 ≡ Ajustar 𝑇𝑤
𝜌𝑤 ∙ 𝑘ℎ𝑦

Calcular 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑
Equação (4-7)
Calcular 𝐵 ∗

B
A
Fim

Fonte: Adaptado de Damle e Date (2015).


35

5 Metodologia

O trabalho tem viés de ensino, portanto destina principalmente como demonstrações


dos fenômenos termodinâmicos. Será feita a montagem de um pot-in-pot conforme orientação
geral obtida na pesquisa bibliográfica (vide capítulo 4). Deverão ser tomadas as medidas de
temperatura:

1. Do entorno (ambiente), 𝑇∞ ;
2. Da superfície externa do vaso externo, 𝑇𝑤 ;
3. Da superfície imaginária coaxial média na camada de areia úmida, 𝑇𝑀 ;
4. Temperatura do ambiente interno do vaso interno, 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 .

A leitura de temperatura deve ser considerada após a estabilização do termômetro. Os


dados de umidade relativa do ar, Φ∞ , serão estimados com base em aproximação usando a
equação (2-3), a partir da temperatura de bulbo seco e da temperatura de bulbo úmido.

5.1 Procedimentos e coleta de dados

Os dados do trabalho foram organizados em duas partes. Um correspondendo aos


dados, como constantes físicas, dimensões, etc., estão apresentados no QUADRO 5-1, eles
foram definidos com base nas referências bibliográficas. Os dados de porosidade receberam
as considerações com base no trabalho de Pandey e Pesala (2016) os quais sugerem a
porosidade do processo como a combinação das porosidades da areia e da argila combinadas
com a água. A outra parte dos dados corresponde aos dados do experimento propriamente dito
e são apresentados no QUADRO 5-2.
36

QUADRO 5-1 - Valores de referência para o trabalho.

SÍMBOLO UNIDADE VALOR


PARÂMETRO

Raio vaso interno 𝑟𝑖 m 0,072

Raio vaso externo 𝑟𝑜 m 0,145

Espessura do vaso interno 𝑏𝑖 m 0,008

Espessura do vaso externo 𝑏𝑜 m 0,01

Altura do vaso 𝐻 m 0,25

Temperatura ambiente 𝑇∞ ⁰C Medida do termômetro

Umidade relativa do ambiente Φ∞ % Estimado

Massa relativa de vapor no ambiente 𝜔𝑣,∞ Adimensional Conforme T

Calor de transferência da carga de resfriamento 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 W 0,1

Calor específico da água 𝐶𝑝𝑤 Jkg-1 K-1 4186

Calor específico do ar 𝐶𝑝𝑎 Jkg-1 K-1 1005

Calor específico do vapor 𝐶𝑝𝑣 Jkg-1 K-1 1880

Condutividade hidráulica 𝑘ℎ𝑦 ms-1 8,00E-09

Condutividade térmica do ar 𝑘a Wm-1K-1 0,027

Condutividade térmica da argila 𝑘𝑐𝑙 Wm-1K-1 1,5

Condutividade térmica da areia 𝑘𝑆 Wm-1K-1 0,26

Condutividade térmica da água 𝑘w Wm-1K-1 0,6096

Coeficiente de porosidade da areia 𝜃𝑠 Adimensional 0,37

Coeficiente de porosidade da argila 𝜃𝑐𝑙 Adimensional 0,41

Viscosidade cinemática do ar 𝑣𝑎 m2s-1 0,000001604

FONTE: adaptado de Pandey e Pesala (2016)

Detalhes do experimento constam no APÊNDICE A. As medidas de temperatura


𝑇𝑤 , 𝑇𝑀 , 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 , foram obtidas por contato direto da sonda do termômetro com as respectivas
superfícies.
37

QUADRO 5-2 - Tabulação das temperaturas.

Medições 𝑇𝑤 𝑇∞  𝑇𝑀 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 Medições 𝑇𝑤 𝑇∞  𝑇𝑀 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑

𝑀1 𝑀3
Φ∞ = 84,6 Φ∞ = 71,4
29,5 31,1 27,9 28,70 28,7 32,0 27,0 27,90
29,3 30,1 27,7 28,50 28,9 31,5 27,0 27,80
28,6 30,7 27,7 28,40 27,6 31,5 27,3 27,50
28,7 30,9 27,7 28,30 28,4 31,7 27,3 27,40
A 30,7 27,7 A 28,1 31,5 27,0 A

Média 29,0 30,7 27,7 28,5 Média 28,34 31,64 27,12 27,65
𝑅1 28,7 30,7 28,2 29,6 𝑅3 27,73 31,64 26,62 27,40

𝑀2 𝑀4
Φ∞ = 83,2 Φ∞ = 77,0
29,1 30,5 27,6 28,00 28,9 30,7 28,2 28,3
28,1 30,3 27,7 27,70 28,7 30,9 28,1 28,1
28,5 30,5 27,7 27,60 28,7 31,0 28,2 28,3
28,5 30,7 27,4 27,60 28,5 30,4 28,1 28,1
A 30,2 27,5 A 28,7 30,9 28,2 28,3

Média 28,55 30,44 27,58 27,73 Média 28,7 30,8 28,2 28,2

𝑅2 28,30 30,44 27,70 28,55 𝑅4 27,8 30,8 26,9 27,7


𝑀5 

Φ∞ = 74,5
28,1 31,3 27,6 28,70
28,7 31,3 27,7 28,60
28,3 31,1 27,6 28,50
28,1 31,1 27,7 28,30
28,4 A 27,6 28,20

Média 28,32 31,20 27,64 28,46


𝑅5 27,78 31,20 26,82 27,61

FONTE: O autor.

NOTA: 𝐴 - dados ausentes; 𝑀 - valores medidos pelo termômetro; Média - a média dos valores M; 𝑅 -
resultados obtidos segundo modelo; Φ∞ - a umidade relativa estimada com base nos dados do Erro! F

onte de referência não encontrada..


38

QUADRO 5-3 - Resultado para estimativa da umidade relativa do ar.


Medições 𝜃𝑠 (°𝐶) 𝜃𝑤 (°𝐶) 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝑝(𝜃𝑠 ) P. vapor ( 𝜃𝑤 ) P. parc.vapor (𝜃𝑤 ) Φ∞ (𝑈𝑅)

𝑀1 30,1 28,1 101.325 4.345 3.678,9 3.814 84,6


𝑀2 30,2 28,0 101.325 4.377 3.643,2 3.792 83,2
𝑀3 31,6 27,6 101.325 4.810 3.434,0 3.704 71,4
𝑀4 30,7 27,6 101.325 4.536 3.494,8 3.704 77,0
𝑀5 31,1 27,6 101.325 4.656 3.467,8 3.704 74,5
Fonte: O autor.
Nota: 𝜃𝑠 - temperatura de bulbo seco. 𝜃𝑤 - temperatura de bulbo úmido. 𝑝𝑎𝑡𝑚 - pressão atmosférica; 𝑝(𝜃𝑠 ) -
pressão de vapor à temperatura de bulbo seco; P. vapor ( 𝜃𝑤 ) - pressão de vapor na temperatura de bulbo úmido.
P. parc.vapor (𝜃𝑤 ) - pressão parcial de vapor na temperatura de bulbo úmido. Todas as pressões estão referidas
em pascal (𝑃𝑎). Φ∞ 𝑒 (𝑈𝑅) - umidade relativa.
39

6 Resultado e análise

Os dados foram submetidos a um processamento numérico indicado no fluxograma


referido na Figura 4-10. As medições obtidas pelo processamento numérico se aproximaram
dos valores obtidos por medição direta, o que leva a sustentar as hipóteses do modelo
matemático adotado.

Os dados indicam que o resfriamento se estabelece a partir da parede externa e ocorre


a redução da temperatura na região da areia úmida até o interior do dispositivo aonde ocorre
uma leve elevação de temperatura. A síntese dessa observação pode ser escrita como 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 >
𝑇𝑀 , 𝑇𝑀 < 𝑇𝑤 < 𝑇∞ , tanto para o calculado quanto para o experimental. Apesar disso o
resfriamento não se mantém constante, podendo variar ao longo do dia a depender da
temperatura ambiente 𝑇∞ e da umidade relativa do ar Φ∞ , como enfatizado na equação (4-1).
As medições foram efetuadas em diversos horários e apesar disso observa-se a tendência de a
temperatura interna na camada de areia atingir um patamar na casa dos 27 ⁰𝐶.

QUADRO 6-1 - Síntese dos resultados para análise.

Valores
Média de
Grandeza Método Grupo menores valores deΦ∞
Grupo maiores valores deΦ∞
valores
Menor 𝑇∞ do grupo Maiores 𝑇∞ do grupo

Umidades relativas (%)


Φ∞  Medido 83,20 84,60 77,00 74,50 71,40

Temperaturas (°𝐶)
𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 (1) Média experimental 28,11 27,73 28,50 28,20 28,46 27,65
𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 (2) Calculado 28,17 28,55 29,60 27,70 27,61 27,40
𝑇∞ (3) Medido 30,96 30,44 30,70 30,80 31,20 31,64

Variações (°𝐶)
(1) (3) − (1) 2,85 2,71 2,2 2,6 2,74 3,99

(2) (3) − (2) 2,79 1,89 1,1 3,1 3,59 4,24

Fonte: O autor.

Nota: Os dados estão apresentados agrupados com base nas características de umidade relativa.

Com referência ao QUADRO 6-1, na coluna - Média de valores - nota-se que o valor
médio 28,11º𝐶 (média da média experimental) de 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 apresentou-se bem próximo do valor
médio dos valores calculados, 28,17°𝐶. As variações de temperatura não são uniformes, tanto
para os maiores valores quanto para os menores valores de umidade relativa. Essas
40

disparidades podem estar associadas ao método de obtenção da temperatura ou da medida da


umidade relativa do ar, nos seus aspectos de precisão e exatidão e isso merece ser estudado. O
Grupo menores valores Φ∞ apresenta consistência quanto à evolução Φ∞ relativamente à
evolução de 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 , tanto em relação ao valor calculado quanto ao experimental. O valor alto
de temperatura de 31,64°𝐶 na última coluna deveria afetar o desempenho de temperatura,
entretanto o valor baixo de 71,40% de umidade relativa compensou esse efeito, haja vista os
valores, nessa coluna, de 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 estarem compatíveis. Portanto, isso reforça que o resfriamento
resulta da combinação conjunta da temperatura ambiente da umidade relativa. A precisão das
medidas principalmente da umidade relativa é preponderante para a maior consistência dos
valores calculados perante os medidos.

Como uma forma de compensar as características do modelo e do formato do pote


usado, considerando o seu aspecto abaulado então foi refeito os cálculos com nos números de
Nusselt específico para invólucros verticais (WELTY, 2015, p. 307) conforme equação (6-1)
e não houve alterações significativas.

𝑃𝑟 0,29
𝑁𝑢𝐿 = 0,18 (0,2+𝑃𝑟 𝑅𝑎𝐿 ) (6-1)
41

7 Considerações Finais

Neste trabalho desenvolveu-se um estudo sobre o refrigerador pot-in-pot, de acordo


como objetivo. Foi necessária uma profunda pesquisa bibliográfica, além de conhecimentos
clássicos da termodinâmica. Mas no final conseguiu-se fazer as medições experimentais e
comparar como um modelo matemático plausível. Tem-se, portanto as seguintes
considerações finais:

1. O estudo do refrigerador pot-in-pot é uma oportunidade de aprendizado


contextualizado.
2. O estudo, como um todo, dá oportunidade de observar, sem aparatos sofisticados e
com o senso de pesquisa, a termodinâmica e em específico o fenômeno de evaporação
e convecção, assuntos pouco abordados no ensino da física.
3. Observa-se que o trabalho envolveu as leis da termodinâmica:
a. A lei zero na obtenção das medições de temperatura;
b. A primeira lei, na obtenção das entalpias;
c. E a segunda lei durante a tratativa da convecção na evaporação quando da
expansão de vapor de água no ar ambiente.
4. Além disso, um novo ponto de vista do processo foi obtido, uma vez que o
experimento captou as características locais de região.
5. Faz-se uma ressalva quanto às medições de umidade relativa, nesse caso deve ser
bastante apuradas dadas a influência que esse fator influência nos resultados.

De forma a dar continuidade dos trabalhos nessa área de estudo, uma vez que o
enfoque deste trabalho tenha sido preponderantemente um estudo de caso com análise de
dados brutos, lançam-se duas hipóteses para trabalhos futuros:

 O impacto da umidade relativa do ar na temperatura de resfriamento do pot-in-pot.


 O pot-in-pot como um dispositivo de ciclo termodinâmico.
42

REFERÊNCIAS

ATKINS, P. W. Físico-química: vol. 1. Rio de Janeiro, LTC, 2015.

ALONSO, M; FINN, E. Física um curso universitário. Vol. II, S. Paulo. Edgard Blücher,
1972. 565 p.

DAMLE, R. M.; DATE, A. W. Heat and Mass Transfer in a Clay-Pot Refrigerator: Analysis
Revisited. Journal of Energy, Heat and Mass Transfer 37 (2015) 11-25.

FEYNMAN, R. P. Lições de Física de Feynman. Vol. 1, Porto Alegre, ARTMED Editora


S/A, 2008. pag. 42.1

ITPT, First day draft // August 1, 2013, pag.31-33

KAYS, W. M.; CRAWFORD, M. E. Convective heat and mass transfer. 3ed. McGraw-Hill,
Inc., 1993, EUA, 601p.

LAWRENCE, M. G. The relationship between relative humidity and the dewpoint


temperature in moist air: a simple conversion and applications, 2005. AMERICAN
METEOROLOGICAL SOCIETY. Disponível em
http://journals.ametsoc.org/doi/pdf/10.1175/BAMS-86-2-225. Acesso em 01/11/2017.

LIU, W.; PENG, S. W.; MIZUKAMI, K. A general mathematical modelling for heat and
mass transfer in unsaturated porous media: an application to free evaporative cooling. Heat
and Mass Transfer 31 (1995) 49-55. Springer-Verlag 1995.

MIRANDA, J. H. at al. LCE-0200 - Física do ambiente agrícola, 2015. Acessível em


http://www.esalq.usp.br/departamentos/leb/aulas/lce200/Cap6.pdf. Acesso em 01/11/2017.

MCDOWALL, R. Fundamentals of HVAC Systems, inch/pound edition. Elsevier, 2006.


Atlanta, USA. 224p.

OLIVEIRA, P. J. Transmissão de Calor – Condução em Regime Variável, 2014. Disponível


em: <http://webx.ubi.pt/~pjpo/TransCal7.pdf>. Acesso em 18/07/2017.

PANDEY, R.; PESALA, B. Heat and mass transfer analysis of a pot-in-pot refrigerator using
Reynolds flow model. 2016. Disponível em
http://thermalscienceapplication.asmedigitalcollection.asme.org/. Acesso em 19/04/2017.

PINEDA, F. C.; MAÍLLO, V. S. Introducción a la Termodinámica (Manuales científico-


técnicos) (Spanish Edition). Sintesis. 2009. Edição do Kindle. 232p.

RINKER, Peter. The clay pot cooler – an appropriate cooling technology. 2014. Disponível
em www.movement-verein.org. Acesso em 24/6/2017.

SILVEIRA, F. L. Um tema negligenciado em textos de física geral: a vaporização da água.


Física na Escola, v. 14, n. 2, 2016.
43

WELTY, J., RORRER, L., FOSTER, G. Fundamentos de Transferência de Momento, de


Calor e de Massa, 6ª edição. LTC, 06/2017. VitalBook file.

YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física II: termodinâmica e ondas, 12ed (Página
183).. Edição do Kindle.

______. Sears and Zemansky's universe physics: with modern physics, 13ed. San Francisco:
Pearson, 2012.
44

APÊNDICE A - Recursos para o experimento

QUADRO 7-1 - Recursos para o procedimento experimental.


Vasos de barro de dimensões que sejam
adequados para o manuseio.

Areia limpa 5 kg aproximadamente

Pano de algodão (flanela) para selar a parte


superior do dos vasos

Água potável disponível. Quantidade


variável para manutenção da umidade da
areia do dispositivo

Formulário para anotação de dados


Termômetro digital

Local abrigado arejado


FONTE: Elaboração própria.
45

ANEXO A - Determinação de massa relativa de vapor

A determinação de massa relativa de vapor no ar ambiente 𝜔𝑣,∞ a partir da umidade


∞ 𝑊 𝑝𝑣,∞
relativa Φ∞ nesse trabalho obedecerá a relação 𝜔𝑣,∞ = 1+𝑊 , onde 𝑊∞ 0,622 × (𝑝 ),
∞ 𝑡𝑜𝑡 −𝑝𝑣,∞

𝐹
𝑝𝑣,∞ Φ 𝑝𝑠𝑎𝑡 𝑇

= (100), = 𝑒 (1−𝜏) , 𝜏 = 1 − 𝑇∞ , 𝐹 = 𝑎1 × 𝜏 + 𝑎2 × 𝜏 1,5 × 𝑎3 × 𝜏 3 + 𝑎4 × 𝜏 3,5 +
𝑝𝑠𝑎𝑡 𝑝𝑐𝑟 𝑐𝑟

4 7,5
𝑎5 × 𝜏 + 𝑎6 × 𝜏 , 𝑎1 = −7,85951783, 𝑎2 = 1,84408295, 𝑎3 = −11,7866497, 𝑎4 =
22,6807411, 𝑎5 = −15,9618719, 𝑎6 = 1,80122602, 𝑇𝑐𝑟 = 647,096𝐾, 𝑝𝑐𝑟 = 220,64𝑏𝑎𝑟,
𝑝𝑡𝑜𝑡 = 1,01324𝑏𝑎𝑟 (DAMLE e DATE, p. 25).

Vous aimerez peut-être aussi