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 a viagem dos sons

Falar de sans em viagem é, evidentemente, definir camportamentos associados a música e que de

algum modo marcamos itinerários construídos pelas pessoas. As viagens protagonizadas pelos por-
tugueses que a partir do século XV se aventuram na procura de outros mares e de outras terras,
levaram e trouxeram marcas de som, de cor e de sabor, ingredientes cuio papel de mediador afec-
tivo em muito contribuiu para quebrar distancias e revelar afinidades culturais. lsto é, a história sen-
sorial das navega>oes portuguesas define-se também pelos processos de permuta onde a música,
nem sempre da forma mais transparente, ocupou um espa>o privilegiado.
A pesquisa etnomusicológica tem dado especial aten>Cio ó problemática da viagem através dos estu-
dos sobre a música migrante, consolidados a partir dos anos 80. Um dos aspectos mais interes- 5
santes que emana desta pradu,ao é o facto de, no decurso do pracesso migratório, as pessoas
transportarem consigo elementos identitários da cultura de origem, entre os quais a música assume
um papel preponderante, mesmo porque a sua portabilidade lhe permite acompanhar os intérpre-
tes. A viagem migratória exprime traiectos, distancias, rupturas afectivas e sedu,oes entre dais uni -
versos em confronto: o da partida e o de acolhimento. Ora, é exactamente na rela,ao entre o que
é mutuamente adoptado e reieitado nestes dais contextos, que se define a viagem dos sons.
Os sons deslocam-se, portanto, com as pessoas e através delas, expando-se, tal como os seus

a
intérpretes, aventura de um novo habitat e, por isso, a diferentes vizinhani;as culturais. É neste
quadro que se desenvolve o conceito central desta coleci;ao, procurando ilustrar sonoridades
que resultam do transplante de estruturas e de expressaes associadas a música , para as quais
o papel dos portugueses, durante o período designado por "Descobrimentos", foi decisivo
(Castelo-Branco 1996) . De entre os testemunhos que hoje conferem maior visibilidade a este
processo, destaca-se a preseni;a , em diferentes regiaes , de instrumentos musicais identificados
com Portugal - dos quais o cavaquinho (uklele) constitui o exemplo mais representativo - ou
de géneros expressivos , cantados e dani;ados , igualmente associados a estereótipos de
portugalidade ou baseados em modelos da tradii;ao clássica europeia. Mas , talvez mais
emocionante do que procurar vestígios da música portuguesa nas músicas do planeta seja
mesmo a descoberta dos itinerários dos sons: mostrar que sons viajaram e como os portugueses
levaram consigo nao apenas a sua música mas também, ao promover a viagem dos outros,
diferentes tradii;aes musicais. Acima de tudo pretende-se rever de que forma os contextos e as
pessaas que adoptaram as músicas levadas pelos portugueses, ou através deles , devolvem a
história novas sonoridades expressivas, que entretanto adquiriram autonomia e vitalidade, gerando
outros universos sonoros. Éaqui que a viagem dos sons conhece o seu maior encanto e significado.
TCHILOLI DE SAO TOMÉ
Tel'Jos e gravo~Oes Rosa Clara Neves
TCHILOLI DE SAO TOMÉ
Enquanto unidade de análise o Tchiloli apresenta vários desafios aos padrees tradicionais
de categorizai;ao das actividades culturais. Abordagens mais ou menos simplificadoras
sugerem tratar-se de urna pe<;:a teatral, vagamente aparentada com tradii;oes dramáticas
do Norte de Portugal, cumprindo fun<;:oes semelhantes ás destas representa<;:oes (Reis 1969,
Ribas 1965) . No entanto, urna análise que privilegio as categorías émicas e pretende
transcender os limites próprios da mera execu<;:6o, rapidamente descortina urna grande
complexidade nos diferentes níveis performativos, funcionais e conceptuais: o Tchi/oli é, 7
no contexto da vida santomense, urna categoria autónoma e bem definida, distinta de
todas as outras (Neves 1985a e 1985b).
Do ponto de vista meramente formal o Tchiloli ou Tragédia do Marques de Mantua e do
lmperador Car/oto Magno pode ser entendido como um conjunto de actividades expres-
sivas que, tendo por base o romance de temática medieval de Baltazar Dios, poeta renas-
centista nascido na Madeira, nos conta "como o Marquez de Mantua, andando perdido
na cai;a, achou a Valdovinos ferido de marte, e da justi<;:a, que por sua morte foy feito a
D. Carlota, filho do Emperador" (Dios 1816). O Tchiloli parte do texto renascentista em
verso e acrescenta-lhe prosa , música , dan<;:a e trajes, tornando esta tragédia numo moni-
festai;ao cultural que só é compreensível na sua totolidade a luz de urna análise que tenha
como ponto de partida as características profundamente sincréticas da cultura Santomense.
Assim , o presente documento é inevitavelmente incompleto, urna vez que a fixa<;:ao do
som musical , as notas introdutórias e a reprodu<;:ao de algumas fotografias, mais nao
podem fazer do que suscitar o interesse por esta extraordinária prática expressiva. De facto,
o Tchiloli para ser compreendido e apreciado deve ser vivenciado no local: apenas em
Seo Tomé o Tchiloli pode fruir-se de forma completa.
Seo Tomé e Príncipe seo duas ilhas situadas no Golfo da Guiné descobertas pelos portugueses
Pero de Escobar e Joco de Santarém em 1470. Se as ilhas eram ou neo desertas ó data
da chegada destes navegadores é urna questoo por esclarecer, urna vez que fo¡ apenas
depois da independencia das ilhas em 1975 que se levantou a hipótese de já no século XV
existirem habitantes na parte sul da ilha de Seo Tomé, hipótese esta que carece de
investigac;:Cio aprofundada. A existir, a populac;:Cio autóctone neo fo¡ contactada pelos
portugueses, pelo que as primeiras medidas tomadas pela coroa se prenderam com a
necessidade de povoamento das ilhas em 1484. A partir desta data iniciou-se um processo
que se vi ria a estender a outros territórios africanos e que consistia no envio de portugueses,
muitas deles degredados, a quem era dada urna mulher africana escravizada com o propósito
de reproduc;:Cio, para assim se povoarem as ilhas (Hodges e Newitt 1988: 18). As crian<;as
resultantes destas ligac;:oes, a quem era atribuído urna carta de alforria, vieram a constituir
o grupo étnico mois importante do ilha de Seo Tomé e oquele que hojeé considerado como
o único verdadeiromente santomense - os Forros ou filhos da ferro.
A introduc;:Cio da cultura da cana do ac;:úcar e a criac;:Cio de diversos engenhos para o seu
tratamento no século XVI veio alargar as necessidades de meo de obra e abrir espa<;o o
um verdadeiro mercado de pessoas escravizadas. Segunda alguns autores foi durante este
Ciclo do Ac;:úcar que o texto de Boltozar Dios fo¡ introduzido em Seo Tomé pela meo de
olgum mestre ac;:ucareiro madeirense que, nesfa época, eram tidos como os melhores de
toda o Europa (Reis 1969). Esta hipófese é, contudo, pouco provável urna vez que neo é
sustentado por nenhuma das fontes do época ou mesmo posteriores (cf. Negreiros 1895).
Foi durante este período que os habitantes de Seo Tomé, que nesfa altura ocupavam prin-
cipalmente o norte da ilha, foram contactados por um grupo de angolares, sobreviventes
do naufrágio de um barco negreiro que se haviam fixado no sul e aí permaneceram até
aos nossos dios. Os ango/ares constituem um grupo étnico com língua, tradic;:oes, activi-
dades económicas e organizac;:Cio social distintas (Castello-Branco 1971 ).
Mas fo¡ com a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, e com o desenvolvimento
económico deste novo mundo que a escravotura veio ocupar um lugar preponderante na
vida económica e social de Seo Tomé e Príncipe, urna vez que as duas ilhas foram utili-
zadas como locais de passagem e de paragem para os inúmeros barcos negreiros que
realizavam as viagens de ligac;:Cio entre África e as Américas. A proveniencia e o número
efectivo das pessoas que se viram voluntária ou involuntariamente envolvidas nesta diás-
pora está longe de ser avaliada (cf. Thompson 1987), no entanto, investigoc;:oes recentes
sugerem que os movimentos de populac;:oes neo foram apenas num sentido e que terá
havido tombém intercéimbio de pessoas das Américas para África (Featherstone 1994).
Neste contexto neo seria de todo surpreendente se o texto de Baltazar Dios tivesse entrado
em Seo Tomé através do continente americano onde, de resto, existem inúmeros exem-
plos de tradic;:oes de algum modo relacionadas com o Tchiloli, neo só ao nível do texto
9
escrito, mas também no que diz respeito ó música, ó coreogrofio e oos trajes. Se em mui-
tos aspectos históricos, sociais, económicos e políticos Seo Tomé partilha pouco com os
outros países do continente africano, também no aspecto cultural Seo Tomé parece estar
geograficamente colocado no lado errado do oceano.
Corn a abolic;:Cio da escravatura no Brasil em 1811, Seo Tomé e Príncipe atravessam um
período de grande instabilidade económica que só é superado com a introduc;:é'io, pri-
rneiro do café, e depois do cocau nas ilhas (Silva 1958). Estos novas culturas seo imedi-
atornente adoptadas por rnuitos dos Forros que enriqueceram com o comércio de escra-
vos e no inicio do século passado a quase totalidade do território da ilha de Seo Tomé
encontrava-se dividida em grandes roc;:as, todas elas com grande necessidade de meo de
obra. Os Forros, por definic;:é'io descendentes de pessoas a quem era atribuído a carta de
alforria , sempre se recusaram a trabalhar a terra das roc;:as, símbolo último de escrava-
tura . Poro resolver este problema, os proprietários voltoram-se para outros territórios ultra-
marinos portugueses, urna vez que a importa~oo de trabalhadores de Angola , de Mo~am­
bique e, principalmente, de Cabo Verde era vista como simples transferencia de recursos
humanos dentro de um mesmo território . Estes novos habitantes das ilhos, genericamente
designados por servfr;:ais, vieram a estabelecer rela~oes estreitas com os forros , dando
assim origem a um outro importante grupo étnico de Sao Tomé - os tongas.
Durante o Ciclo do Cacau, Sao Tomé viveu um período de grande desenvolvimento eco-
nómico, chegando mesmo a ser o maior produtor mundial de cacau. É nesta época que
se assiste ó funda~oo de várias institui~oes de cariz cultural, como a Sociedade Africana
23 de Setembro, e se desenvolvem várias iniciativas, entre as quais se destaco a forma-
~ºº de urna banda filarmónica que se desloca a Viena de Áustria por ocasioo da Expo-
si~oo Universal. Segundo alguns autores é neste contexto de florescimento cultural que o
Tchilo/i e os grupos que o representam se organizam tal como os conhecemos hoje (Ambró-
sio 1988). As ra~os passaram depois, progressivamente, para as moos de grandes empre-
sas portuguesas e multinacionais, tendo os forros ocupado a zona suburbana da cidade
de Sao Tomé. É precisamente nesta zona geográfica que ainda hoje encontramos as Tra-
gédias, isto é, os grupos que representam a Tragédia do Marqués de Móntua e do lmpe-
rador Car/oto Magno.
A queda do pre~o do cacau nos mercados internacionais veio deixar Sao Tomé e Prín-
cipe numo situa~oo económica difícil. Em 1975 as duas ilhas tornaram-se indepen-
dentes formando o República Democrática de Sao Tomé e Príncipe, dando-se inicio a
um ciclo económica caracterizado pela ajuda internacional. Durante o período colo-
nial o Tchiloli tinha, de acordo com algumas abordagens recentes, a fun~oo de pro-
porcionar um local privilegiado para crítica ao sistema político e social imposto sobre
a popula~oo, permitindo assim que os forros ridicularizossem alguns aspectos do regime
colonial, nomeadamente a sua natureza hierárquica e burocrática. Assim, o Tchiloli ten-
dería a desaparecer num período pós -colonial caracterizado obrigatoriamente por urna
procura de identidade que passava sobretudo pela renúncia aos aspectos europeus da
cultura Santomense, em favor das suas características essencialmente africanas (Valbert
1985). É, assim, interessante verificar que mais de 20 anos passados sobre a inde-
pendencias das duas ilhas o Tchilo/i e as Tragédias que /he estoo associadas se apre-
sentem com um vigor surpreendente: as representa~oes sao constantes e há urnas Tra-
gédias que se dissolvem e outras novas que se criam, indiciando sem dúvida a vitalidode
do Tchilo/i. Em vez de desaparecer ou sofrer modifica~oes ao nível dos seus aspectos
identificadores, o Tchilo/i ganhou novas espa~os de representa~oo, e tornou-se num dos
símbolos culturois mais importantes da nova Na~oo, senda a sua música usado para
abrir e encerrar as sessoes diárias da Radio Nacional e tendo o seu nome sido adop-
tado para título de urna publica~oo periódica do Emboixada de Sao Tomé e Príncipe
em Portugal.
O s grupos que representam o Tchilo/i soo designados por Trogédios, senda a mesma desig-
na~oo utilizada para referir o próprio acto da representa~oo - fozer Tragédia. O número
de grupos em actividade nem sempre é fácil de recensear. Em 1991 existiam nove gru- 11
pos, dos quais um se encontrava em processo de desintegrrn;:oo e outro em forma~oo:
Tragédia Florentina de Caixéio Grande
Tragédia Democrática os Africanos de Cova Barro
Tragédia da Desejada
Tragédia Formiguinha de Boa Morte
Tragédia Madredence
Tragédia Benfica de Margarida Manuel
Tragédia os Palha~os de Péte-Péte
Trag édia Plano 79 de Praia Meloo
Tragédia Infantil os Riboquinos
Ouatro anos mais tarde, todos os grupas se mantinham em octividade mais ou menos intensa
e havia notícia de pelo menos mais dais grupos em fase de organiza~ao. O nome das Tro-
gédias reflecte a sua origem geográfica, incluindo na sua designa<;:ao o neme de várias
zonas suburbanas da cidade de Sao Tomé. As Tragédias sao constituí das por: ( 1) figuras
- elementos que representam as diferentes personagens, todos do sexo masculino, urna
vez que mesmo os papéis femininos sao representados por homens, (2) músicos, que tocam
vários tipos de instrumentos e que sao também todos homens, e (3) elementos que ocupam
furn;:oes administrativas, onde se destaca a única mulher do grupo - a membra - cuja
furn;:ao é garantir que tudo o que o grupo precisa durante a actuac;:ao está em ordem.
Embora as diferentes Tragédias apresentem aspectos específicos que permitem diferenciá-
las entre si, existem elementos comuns a todas as apresentac;:oes que sao, simultaneamente,
os marcadores característicos do Tchiloli enquanto categoria autónoma. O texto de Bal-
tazar Dios, de que aqui se apresenta um fac-símile de urna das muitas edic;:oes existentes
na Biblioteca Nacional, é um dos elementos unificadores mais importantes do Tchilo/i, urna
vez que serve de ponto de partida para a acc;:ao dramática que é apresentada. É impor-
tante reter que o texto nem sempre é apresentado em sequencia, nem tampouco na sua
totalidade; os pontos de início e fim sao essencialmente condicionados por factores de
ordem organizativa e temporal.
Ao texto original acrescente-se um outro texto em prosa que se tornou mais ou menos
fixo, em especial depois de 1969, data em que Fernando Reis fixou a verseo do Tchiloli
pela Tragédia da Formiguinha de Boa Morte. O exemplo seguinte é retirado do texto da
Tragédia Florentina de Caixao Grande, tal como foi apresentado pelos seus elementos
para depósito na Direcc;:ao Geral de Cultura em Sao Tomé, em 1991:
Ministro: Senhor Delegado de Justic;:a. pec;:o a V. Exa. de desarmar o réu
Príncipe D. Carloto com todos os seus aparatos. / Delegado de Justic;:a:
Salvo devido respeito, Príncipe D. Carloto. Exa. É com grande pesar que
recebi a ordem de Senhor Ministro da Justic;:a para desarmar Sua Exa.
Pec;:o-lhe pois de me entregar as suas armas predilectas. Crea-me meu Prín-
cipe estou em cumprimento do dever de ofício. / Príncipe: Senhor Dele-
gado de Justic;:a, eu nao posso entregar as suas armas sem primeiro con-
sultar com o meu advogado, Senhor Dr. Jakson.
Durante as ocasioes performativas assiste-se ainda a introduc;:ao de texto improvisado,
quer por parte dos elementos da Tragédia, quer por parte do público presente.
Tradicionalmente o Tchilo/i é apresentado na componente profana das muitas festas reli-
giosas que se comemoram em Sao Tomé; a semelhanc;:a do que acontece em Portugal,
grande parte da componente musical destas festas nao está relacionada com a celebra-
c;:ao religiosa (cf. Neves 1989). No entanto, no Sao Tomé contemporaneo, o Tchiloli ganhou
novos espac;:os, como sejam as ocasioes oficiais, a rádio, a televisao e as apresentac;:oes
no estrangeiro. O local de representac;:Cío, mais ou menos efémero, é constituído por um
rectangulo delimitado em comprimento pelas duas cortes - a do Marques de Mantua,
ou Corle Baixa, e a do lmperador Carloto Magno, ou Corte Alta - e em largura pelo 13
posicionamento dos músicos de um dos lados e por um qualquer material estendido do
outro, por forma a tentar impedir que o público invada o espac;:o de representac;:ao, o que
nem sempre é conseguido. O papel de manutenc;:ao do espac;:o é também assegurado por
duas figuras centrais do Tchiloli: Reincido e Capitao de Montalvao. Estas duas persona-
gens sao em grande medida criadas para o Tchiloli a partir do texto de Baltazar Dios; de
facto, no Romance original é introduzido, mesmo antes do fim, Reincido de Montalvao
que se apresenta na corte de Carlos Magno com urna carta na qual o assassino de Val-
devinos confessa o seu crime. No Tchiloli esta personagem é desdobrada em duas figu-
ras de carácter completamente diferente urna da outra, com func;:oes fundamentais no
decorrer de toda a apresentac;:ao, como por exemplo a manutenc;:ao do espac;:o de actu-
ac;:ao que é assegurada, em alternancia ou simultaneamente, por estas figuras através de
;ovime.n~os de alguma violencia contra o público, com o auxílio de urna vara por parte
° Cap1tao e de urna bengala por parte do Reincido.
Para a composi<;ao de cada personagem ou figura contribuem de forma decisiva o fato
mentes, mas nem sempre com toques diferenciados; isto é, o mesmo toque dos tambores
que cada elemento enverga e a movimenta<;ao que assume durante o decorrer da apre-
pode servir para acompanhar diferentes toques dos pitus, o mesmo acontecendo com os
senta<;ao. A análise aprofundada destas componentes transcende o ambito desta curta
chocalhos e o sino, sendo que este último executa sempre a mesma linha rítmica.
abordagem e a sua compreensao torna-se impossível num documento que nao permite a
Os toques sao designados pelo nome da personagem ou do momento da ac<;ao que intro-
fixa<;ao de imagens em movimento.
duzem e a sua quantidade e diversidade reflectem de forma muito evidente a leitura que
A fun<;ao de manuten<;ao do espa<;o de actua<;ao é também, e principalmente, deixada a
as diferentes Tragédias fazem do texto de Baltazar Dios. Esta interpreta<;ao diferenciada
música, sendo esta um dos elementos identificadores mais importante do Tchiloli. Apesar
de cada grupo é ainda complementada durante a apresenta<;ao pela durac;:ao de cada
da presen<;a da música ser indispensável, pouca ou mesmo nenhuma importancia lhe é
toque que é determinada pelo Capitao de Montalvao. Através de movimentos com a sua
dada nos escassos estudos publicados acerca do Tchiloli (Negreiros 1895, Reis 1969, Ribas
vara, ele indica aos músicos quando devem come<;ar e terminar cada toque. As suas indi-
1965 e Valbert 1985). No entanto, é através da música e da sua capacidade de se estender
para além do espa<;o físico em que é executada que os espectadores seguem o desenrolar
cac;:oes dependem das manifesta<;oes do público em rela<;ao a execu<;ao musical e, fun-
damentalmente da movimenta<;ao rica e variada que as figuras interpretam ao som da
da acc;:ao e identificam os momentos mais dramáticos e aqueles que mois atraem a sua
música enquanto percorrem a distancia entre as duas cortes - a Corte Alta e a Corte
aten<;ao. De facto, nao é habitual o público assistir a urna apresenta<;ao de Tchiloli do
Baixa. Assim, a dura<;ao de cada apresenta<;ao nao é fixa, podendo variar entre as duas
princípio ao fim; pelo contrário, o espectador aproxima-se e afasia-se constantemente do
e as oito horas, dependendo nao só de quem faz Tragédia, mas acima de tudo do público. 15
local da ac<;ao, permanecendo apenas nos momentos que mais lhe agradam.
A música contida neste CD é representativa da diversidade de abardagens musicais patente
A componente musical de cada grupo é muito variável e é um dos elementos mais impor-
em cada Tragédia. Na impossibilidade de incluir exemplos de todos os grupos, apresen-
tantes na diferencia<;ao das várias Tragédias; nao só ao nível da qualidade de execu<;ao
tam-se na totalidade os toques de duas tragédias: a Tragédia da Desejada (faixas 1 a 12),
a
reconhecida pelos espectadores, mas também no que diz respeito quantidade de toques 0
grupo mais antigo em actividade e aquele que executa o maior número de toques dife-
diferentes que o conjunto dos músicos interpreta. O conjunto instrumental que acompa-
rentes, e a Tragédia Benfica de Margarida Manuel (faixas 32 a 37), que apresenta um
nha o Tchiloli é constituído por flautas - primeiro e segundo pitus, tambores de diferen-
tes tamanhos - tabaque ou requinta, primeiro e segundo uembe, chocalhos e um sino.
a
número de toques mais reduzido e que está mais de acordo com o que é comum maioria
das Tragédias. Os toques sao primeiro apresentados na sua integridade tocados por todo
Cada toque é executado por todos os instrumentos sendo identificado do ponto de vista 0
conjunto instrumental, e depois sao apresentodos separadamente os pitus, os tambores
musical pelas linhas melódicas sobrepostas tocadas pelos pitus que diferem de toque para
e os chocalhos. Esta escolha tem como objectivo tornar mais evidente as diferen<;as e as
toque. As flautas sao, deste modo, os instrumentos mais importantes, já que tem a fun<;ao
semelhan<;as existentes entre cada toque. As gravac;:oes nao foram feitas no contexto de
de definir qual o toque que está a ser executado e, consequentemente, qual a figura em
urna apresentac;:ao, antes pelo contrário, foram solicitadas expressamente para este fim,
destaque num determinado momento da ac<;ao dramática; sem os piteiros (tocadores de
urna vez que em contexto os músicos numo executam as partes separadamente. Os toques
pitu) noo é possível fazer Tragédia. As Flautas sao acompanhadas pelos outros instru-
sao identificados pelas designa<;oes dadas pelos próprios músicos.
Finalmente, qua! espectador sontomense, o ouvinte é convidado o ossistir o dois dos
momentos mois altos do Tchi/oli: no início, logo opós o morte de Valdavinas, quondo o
Emperador e o Ganolao discutem os acontecimentos, onde o texto de Baltazar Dios é
seguido com rigor; e a leituro do Senten~a, urna parte acrescentado ao texto original e
onde se pode constatar a forma irónica como as institui~oes oficiais sao interpretadas.
Ambos os excertos incluem os toques que antecedem e concluem as cenas. Estas grava-
~oes foram feítas no contexto de urna apresenta~ao, a primeira pela Tragédia Formigui-
nha da Boa Morte (faixa 38), grupo vencedor de um concurso realizado em 1989 e que
por várias vezes viajou para a Europa para apresentar o Tchi/a/i, e o último pela Tragé-
dia os Democráticos de Cova Barro (faixo 39), vencedores do concurso de 1991.
 the journey of sounds

The ideo of sounds trovelling is in o woy, o definition of behoviour potterns ossocioted with
music, which in sorne way hove offected the itinerories constructed by peaple. From the fifteenth
century, the Portuguese soiled out in search of new seos and new londs, taking with them and
bringing bock from their voyages sounds, colours and flavours which functioned very much as
a gentle mediator, contributing greatly to breaking down distances and revealing cultural affinities.
In other words, by looking at the history of the Portuguese Navigations in these sensorial aspects,
we can also see the processes of exchange in which music played an extremely relevant role,
even though it may not always hove been porticularly obvious.
19
Reseorch into ethnomusicology has focused particularly on the issue of the ¡ourney itself in studies
on migrant music, which began to gain graund in the 1980s. One of the most interesting results
lo emerge was that throughout the migratory process people carry elements that could identify their
home culture. An importan! one of these was music, simply because af the ease with which it could
be token by the people who perform it. The ¡ourney of migration expresses paths, distances, breaks
in affections ond the seductions wrought by the two universes in confrontation: the one left behind,
and the one receiving the new-comer. lt is precisely in the relationship between what is mutuolly
odopted and rejected in these two contexts that the ¡ourney of sounds con be defined.

Sounds travel with people and through them. They are exposed to the advenlure of a new
habita! and different cultural surroundings, jusi as their performers are. This is the framework
underlying this collection of music. lt seeks to illustrate the sounds, which hove resulted from the
transplantation of structures and expressions associated with music. In this, the role of the
Portuguese during the period historically designated by "Discoveries" was decisive (Castelo-
Branco 1996). The most visible proof of this process can be found in the presence in different
regions of musical instruments identified with Portugal, the most representotive being the covoquinho
or ukulele. There ore olso forms of song and dance, which are linked to stereotyped images of
Portugueseness or bosed en clossical Europedn models. However, discovering the paths token
by these sounds is perhaps more exciting !han seorching fer troces of Portuguese music in other
musical lroditions ocross the globe as it involves showing how these sounds travelled ond how
the Portuguese took no! only their own music but also, by stimuloting others to travel, different
musical traditions. Mes! importantly, this is an attempt to see how the contexts and people who
adoptad the music brought by or through the Portuguese produced new forms of musical
expression which hove since acquired their own autonomy and vitality, generating other universes
of sound. This is where the journey becomes most enchanting and most meaningful.
TCHILOLI OF SAO TOMÉ
Texts and recording. Rosa Clara Neves
TCHILOLI OF SAO TOMÉ
As a unit of analysis Tchilo/i raises several challenges to the traditional categories of
cultural events. The more simplistic approaches suggest that it is a theatrical play,
related to drama traditions of Northern Portugal, with similar functions (Reis 1969,
Ribas 1965). However, an analysis which is based on emic categories and aims al
going beyond the limits of the performance itself, can easily foresee a greater complexity
al different levels, both functional and conceptual: Tchi/oli is, within the Santomean
context, a differentiated category, distinct from all the others.
21
From a formal point of view Tchilo/i or Tragédia do Marqués de Mantua e do Emperador
Cor/oto Magno can be seen as a set of expressive activities based on the medieval novel
by Baltazar Dios, a renaissance writer born in Madeira, which tells us the story of "how
the Marquis of Mantua being lost while hunting, was shot to death, and of the justice
made on his name to D. Carloto, son of the Emperor" (Dios 1816). Tchilo/i uses the
renaissance lext in verse and adds new !ex!, music, dance and costumes, creoting a
cultural event only fully understood trough an analysis, which takes into account the deep
syncretic elements of Santomean culture. This document is by its very nature incomplete,
because the music sound, the introductory notes, and the photos can only prompt a deeper
interest fer this exciting expressive practice. In fact, to understand it, Tchiloli has to be
e~perienced in loco: only in Sao Tomé can Tchiloli be thoroughly enjoyed.
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1
00
Tomé and Príncipe ore two islands located on the Gulf of Guinea, discovered by
e Portuguese Pero de Escobar and Joao de Santarém in 1470. Whether the islands
were deserted or not by the time the Portuguese navigators arrived is still to be
i nvestigated. Alter the i ndependence of the territories in 1975, it was suggested that
there were people living in the Southern par! of the island, however this hypothesis
needs further research; in any case, if it did exist, local population had no contacts
with the Portuguese al this time. The firsl measures token by the Crown in 1484 aimed
al populating the islands, and a process was started which was to be extended to
other African territories: Portuguese men, mostly criminals, were deported to Africa
and were given an enslaved women for purposes of procreation (Hodges and Newitt
1988: 18). The children born out of this liaisons were not slaves, they were liberated
by a chori - carta de alforria - and carne to constitute the most importan! ethnic
group in Sao Tomé - the forros or filho da ferro (literal\y, children of the land).
The first importan! culture to be introduced in the island was sugar cane and the need for
manpower increased, so that a real market for enslaved people was started. Although
there is no reference in any source, sorne authors claim that it was during this period that
Baltazar Dios' text reached Sao Tomé, in the trunk of sorne sugar expert from Madeira
(d. Negreiros 1895, Reis 1969). During this period, people in Sao Tomé lived mainly in
the Northern par! of the island, and were contacted by a group of ango/ares, survivals
of a slave ship wreck who occupied the South. The ango/ares still tend to live in the sorne
orea and maintain a specific language and socio-economic organization, as well as
distinct cultural traditions (Castello-Branco 1971 ).
With the arrival of the Portuguese in Brazil in 1500 and the economic developmenl
of the New World, slave trade became the most importan! economic activity of the
islanders. Sao Tomé and Príncipe were used as stop-overs for severa\ ships committed
to this trade between Africa and the Americes. The origins and exact number of people
involved in the Diaspora is still to be evaluated (d. Thompson 1987), yet recen!
research suggests that the exchange was made in both directions, and that many
people carne or returned to Africa from the Americes (Featherstone 1994). lf this was
to be the case, it is reasonable to assume that Baltazar Dios' work went to Sao Tomé
vio Brazil, where there are still today many examples of cultural traditions similar to
Tchiloli, not only in the text, but also in relation to the music, the choreography and
the costumes. In many social, economic and political aspects Sao Tomé shares little
with the African continent, also in terms of its culture it seems to be located in the
wrong side of the Atlantic Ocean.
With the abolition of slavery in Brazil in 181 l, Sao Tomé and Príncipe went through
a period of great economic instability, until coffee at first and cocoa latter were
introduced in the islands. These cultures were immediately adopted by many wealthy
forros, who invested the money they earned as a result of the slave trade. In the
beginning of the l 9th century the whole territory was divided into large properties -
ro<;as - and the demand formen to work the land was increasing. Forros, by definition
descendants of freed people, always refused to work in the plantations, seen as a
remaining symbol of slavery. In order to solve these problem farmers turned to other 23
Portuguese territories in Africa, and started importing workers mainly from Cape Verde,
but also from Angola and Mozambique. This practice was not seen as a trade, but
rather as a mere transfer of human resources within the sorne nation. These new
inhabitants, generally referred to as servi<;ais, soon established close relationships with
the forros, originating another importan! ethnic group - the longas.
During the cocea cycle, Sao Tomé lived a period of importan! economic development,
being for a while the largest cocoa producer in the world. At this time many cultural
institutions were created, as is the case of Sociedade Africana 23 de Setembro, and
ª Brass Bond was created to visit Vienna far the Universal Exhibition. This was, to
sorne authors, the context in which the Tchiloli, both the performance and the groups,
look the shape it has today (Ambrósio 1988). The plantations were latter transferred
to large Portuguese and multinational corporations and forros were driven to the
outskirts of the capital, orea where all the Tragédias - groups who perform the
Tragédia do Marques de Móntua e do lmperador Car/oto Magna - are presently
located.
The fall of cocoa prices in international markets left Sao Tomé and Príncipe in a difficult
economic and social position. In 1975 the two islands gained their independence from
the Portuguese, and the new República Democrática de Sao Tomé e Príncipe was
established. Since than, international aid has been the country's main source of income.
Sorne recent analysis suggest that, during the colonial period, Tchiloli provided a place
for political and social criticism of the regime imposed on the people, allowing forros to
ridicule the bureaucratic nature of the colonial administration. According to these authors,
Tchiloli tended to undergo severe changes, or even to disappear, as a result of the process
of search for national identity, in the post-colonial period. This would lead to a stress of
the African elements of Santomean culture and an inevitabl€ denial of its European
characteristics (Valbert 1985). Thus, it is interesting to observe that, more then twenty years
after independence, Tchiloli and the Tragéd.ias are as popular as ever: performances are
very frequent and new groups are coming into existence. lnstead of disappearing or
undergoing dramatic change, Tchiloli has acquired new performance opportunities and
has become one of the most importan! cultural symbols of the new nation. The music of
Tchiloli is used to open and clase daily broadcast by the Rádio Nacional and its name
was chosen as the tille of an official magazine issued by the Santomean Embassy in Lisbon.
Tchiloli is performed by Tragédias and the performance itself is referred to as fazer
Tragédia, literally "do tragedy." The exact number of groups is difficult to access; in
1991 there were nine groups, one in process of dissolving and another being created:
Tragédia Florentina de Caixao Grande
Tragédia Democrática os Africanos de Cova Barro
Tragédia da Desejada
Tragédia Formiguinha da Boa Marte
Tragédia Madredence
Tragédia Benfica de Margarida Manuel
Tragédia os Palha<;:os de Péte-Péte
Tragédia Plano 79 de Praia Melao
Tragédia Infantil os Riboquinos
Four years later, all groups maintained a more or less regular activity and two more
were staring activities. The name of each group reflects its geographic origin, including
many suburban neighborhoods of the city of Sao Tomé. Tragédias are made of (l) figuras
- elements who represen! the different characters, all mole, even for female roles,
(2) musicians, playing different musical instruments and also male, and (3) elements
with administrative positions, notably the only female in the group - the membra -
who ensures the logistics during performance.
Although all the different Tragédias have specific features, which distinguish them from 25
one another, there are common elements in all performances, which constitute the markers
of Tchiloli as an autonomous category. The text of Baltazar Dias, presented bellow in a
fac-simile of one of the several editions kept al Biblioteca Nacional is the basis of the
dramatic plot and a unifying element for all the groups. lt is importan! to note that the
text is usually presented in an incomplete formal and not always from beginning to end.
Text in prose is added to the original verses. This new text has become more or less
fixed since 1968, when Fernando Reis printed the version by Tragédia Formiguinha
da Boa Marte. The following example is quoted from the text deposited by Tragédia
Florentina de Caixao Grande at Direc<;:ao Geral de Cultura, in Sao Tomé, in 1991:
Ministro: Senhor Delegado de Justi<;:a. pe<;:o a V. Exa. de desarmar o
réu Príncipe D. Carlota com todos os seus aparatos. / Delegado de
Justi<;:a: Salvo devido respeito, Príncipe D. Carlota. Exa. É com grande
 pesar que recebi a ardem de Senhor Ministro da Justic;:a para desarmar
Sua Exc. Pec;:o-lhe pois de me entregar as suas armas predilectas. Crea-
me meu Príncipe estou em cumprimento do dever de olício. / Príncipe:
Senhor Delegado de Justic;:a, eu nao posso entregar as suas armas sem
primeiro consultar com o meu advogado, Senhor Dr. Jakson.
During performances both figuras and audiences improvise new text.
Troditionally, Tchiloli is presentad in the secular part of the many religious festivities
celebrated in Sao Tomé throughout the year; as it is the case in Portugal, the music
performed in this context as little to do with the religious event (cf. Neves 1989).
However, in today's Sao Tomé, Tchiloli has gained new performing spaces, like official
celebrations, radio and television broadcasts, and presentations abroad. The place of
performance, more or less temporary, is rectangular; delineated in length by the two
courts: the Low Court of the Marquis of Mantua and the High Court of Emperor Charles
Magne, and in width by the musicians in one side and by sorne kind of material
stretched on the other, in arder to try to keep the audience from invading the performance
space. This is not always achieved, in-spite-of the existence of two figuras with this
very sorne role: Reincido e Capitao de Montalvao. These two figuras, created in the
context of Tchiloli, are based on Reincido de Montalvao, a character introduced by
Baltazar Dios right befare the end of the Romance, who goes to the High Court with
a letter from the murderer of Valdovinos, confessing his crime.
Costumes and choreography are two other elements, which help a great deal in
creating the character of each figura. An analysis of these elements goes beyond this
short approach and is virtuolly impossible to be carried out in a document, which
does not allow far moving image.
Music also plays a role in keeping the performance space and is one of the most
importan! identifying elements of the Tchiloli. ln-spite-of its importance, music has
received little or no attention from the scarce studies published on Tchiloli (Negreiros
1895, Reís 1969, Ribas 1965 e Valbert 1985). Yet, it is through music and its ability
to go beyond the place of performance that people follow the plot identifying the most
dramatic moments, those, which catch their attention. In fact, it is not usual far the
public to attend a performance of Tchi/o/i from beginning to end; on the contrary they
approach and leave the performing orea constantly, staying pul only far the more
appealing moments.
The music performed by each Tragédia is not exaclty the sorne and the differences
are one of the most importan! elements far differentiating them, not only in terms of
public recognition, but also in what respects the number of different toques musicians
are able to play. The musical ensemble is made of flutes - first and second pitus,
drums of different sizes - tabaque or requinta and first and second uembe, rattles
and a bell. Each toque is played by all the instruments and is identified from the
musical point of view by the superimposed melodic lines of the pitus, which differ from 27
toque to toque. Thus, the flutes are the most importan! musical instruments because
they identify the toque thot is being played and the prominent figura al a certain point
in the action; without piteiros (flute players) it is not possible to do tragedy. The other
instruments accompony the flutes, not always with different toques; that is, the sorne
toque of the drummers can be used to accompany a set of flute toques, the sorne
applies to the rattles and the bell, which always plays the sorne rhythmic line.
Toques are designated by the neme of the character or the moment in the plot, which
they introduce, and its number and diversity reflects in a very clear way the different
interpretation of the text by Baltazar Dios made by each Tragédia. This is further
enhanced by the duration of each toque, which is determined by Capitao de Montalvao,
through movements of his stick indicating to the musicians when to start and finish
each toque. These indications depend on the reactions of the audience to the music
performance and, mainly, to the rich and varied movements interpretad by the figures
 while they move between the two Courts. The duration of each performance is nol ÍNDICE/INDEX
pre-set, it varies from two to eight hours, depending not only on those who do Tragedy, 1
but above all, on the audience. TOQUES DO TCHILOLI PElA/TOQUES OF TCHILOLI BY
The music on this CD is representative of this diversity of musical approaches. lt is TRAGÉDIA DA DESEJADA
impossible to include examples of all the groups, therefore toques of two Tragedies
12 de Maio de 1991
are presented in full: Tragédia da Desejada (the oldest group in existence and the
one who performs the largest group of different toques) and Tragédia Benfica de
Margarida Manuel (presenting a reduced number of toques, which is more common
Toques com todos os instrumentos/ Toques with ali the instruments
among the other groups). Toques are first played in full by the whole ensemble, followed 1. Toque da Entrada da Ronda do Marques de Memtua
by the presentation of each instrumental part separately. The aim is to allow for 2. Toque da Entrada de Ganaléio
differences and similarities to be more noticeable. Since parts are never played 3. Toque da Entrada de Duque Améio e Dom Beltréio
separately during performances, these recordings were made for this very purpose.
4. Toque da Entrada de Dom Roldéio
Toques are identified by the names given by the musicians themselves.
Finally, jusi like a Santomean, the listener is invited to attend two of the high momenls 5. Toque da Entrada da lmperatriz e de Ganaléio 29
of Tchiloli: (1) al the beginning, jusi after the death of Valdovinos, where the Emperor 6. Toque do Entrada de Ermelinda e Sibila
and Ganaléio discuss the events, where the original lext of Baltazar Dios is followed 7. Toque do Pagem Embuc;:ado/ Moc;:o Carta
closely; and (2) the Reading of the Sentence a part added to the original lext, where 8. Toque da Ida de Reinaldo de Montalvéio a corte
the criticism of official institutions is clear. Both excerpts include the toques which
introduce and conclude this scenes. These recordings were made in context, the first
9. Toque da Ida do Marques de Memtua a corte de cima
by Tragédia Formiguinha da Boa Morte, winner of a contest held in 1989, which has 1O. Toque da Ida da Criada a buscar as Comitivas
traveled severa! times to perform Tchiloli in Europe, and the last by Tragédia os 11 · Toque de Retirada
Democráticos de Cova Barro, winner of the 1991 competition. 12. Toque de Almandage

Toque só com apitas/Toques only with pitus

1· Toque da Entrada da Ronda do Marques de Mantua
2. Toque da Entrada de Ganaléio

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~-
 3. Toque da Entrada de Duque Amoo e Dom Beltroo 11
4. Toque da Entrada de Dom Roldao TOQUES DE TCHILOLI PELA/ TOQUES OF TCHILOLI BY
Tragédia Benfica de Margarida Manuel
5. Toque da Entrada da lmperatriz e de Ganaloo
6. Toque da Entrada de Ermelinda e Sibila 25 de Moio de 1991
7. Toque do Pagem Embu~ado/ Mo~o Carta
8. Toque da Ida de Reinaldo de Montalvoo a corte Toques com todos os Instrumentos/toques with all the instruments
1. Retirada
9. Toque da Ida do Marques de Mdntua a corte de cima
2. Marcha
1O. Toque da Ida da Criada a buscar as Comitivas
1 1. Toque de Retirada 3. Mo~o Carta
4. Algoz
12. Toque de Almandage
5. Rainha
6. Almandage 31
Toques de Chocalho/toques with bell
1. Para todos os toques, com excep~Cio do toque de D. Roldao
111
2. Para o toque de D. Roldao
1. Excerto de urna actua~Cio da/part of a performance by:
Toques de Tambores/toques with drums Tragédia Formiguinha de Boa Morte.
1. Para todos os toques, excepto toque de D. Rodao, (2 de Dezembro de 1990)
de Mo~o Carta, de Retirada e de Almandage
IV
2. Para o toque de D.Roldao
1. Excerto de urna actua~Cio da/part of a performance by:
3. Para o Toque de Mo~o Carta Tragédia Democrática os Africanos de Cova Barro.
4. Para o Toque de Retirada (19 de Maio de 1991 ).
5. Para o Toque de Almandage

lVIARQUEZ DE MAN TU A. l->11: o Jf41m¡ut,;r, jit1~i11do 1111d11r
ptrdido na rn¡11.
F Ominosa t;'I~:>. he
Quo a fonun¡ me ha mosw1Jv 1
PQis ~e .por ser man ife~ta·,
Minha pena, e grio cuiJado,
:Mt mosirou esta ílorcsrn.
Nunca vi ¡fo forte brenh<l;
Des tp;e me acorJo ·de mirn,
Eu creio, q1;1e l\br~asi
i''cz csia cerra darJ~mh.:i,
Jlstes c~mpos dt ,Medim.
Quero tocar " bosina ,
Por ver liC :üguem me ouvir:i,
M:u cuido 1 que nío ser;\ ,
J>Ortjue ' tninha gráo rnofin~ :
Cemj.go c~e~ou ja.
Todavia querb ver,
S~ mora afguC'm nejta serra.
Quci me díga dcsta cerra ,
Cujo he pñra saber,
Que qucm pergunrn, nio erut
Por demais he o tangcr
f.m lugat qesabit;i.do,
Onde \1áo ha. povoaJo ,
Nem 11nem peH:t rc,ponder 1
Ao q•.ie lhe for pc:rguntado.
Gtáo ma: he o l:ílminhar
TRAGEDIA DO MARQUEZ DE MANTOA, .Por 1áo 1r:tgoz·a monr:mh:t,
C:tr1~ado assim 1em 1:omp~nha,
00 IMPERAD"OR CARLOTO MAGNO, Nc: m onJe repou,<l'.r
Nem trirra tá.o estr:\nh:i..
,A qual lfat'I , com. o o Marque1 de Mantua :rndando perdido na cai;a. , v~jo o matto táo ¡errnJo'
&Jhou a VaJdivtnoa (erlJo de mortc, e di justh;", que por aua Que fiz bem de me
_mque fo¡ feita a Dllm Carlota tllho do lrnpi:rador. 1-~ meu ca,.allo J~ik:'!1',
Porqur ~stava tia C:<'A~:Jdo 1
INlfF;RLOCUTORF.S, Qnc j~ náo pocfi>t :'\O<lar.
Agvr.l vejo-me 3q11i
'Nena 1li.o gr:i.nd: ospeuurn,
O Marqu•z ¿, M11111ua, Ynldi'Oii101 uu ubri11ho. hum p,,.
Q .11e nem eu me ve o a mim
ltm, h111n ErJnit •. o·. áni1 Emh11ixaá1rtr, ,hamft dJJ Duq"e 'Nem ni de minha \·entura.
,/f"•ifo , r e Conh D . B1/triío , ' o J111parador Carloto , t Ncm1 mrnos será cgirdura,
.Gttlalóo, t d l111pai·11trte., ' a Mdi, t Esp9u1 Je Valdiv.- Repousi\r ncs1c lugt\r,
mu, 1 D. Car/01 0. ~ ~m sci d1:1n~le 11ossa a.,;h_ac
e, l
ÜC9Cñn~o ~ minli~ et isrun.
rllldivi110J.
Oh Virt;cm minh" s~nho r a ,
lvl.-.Jre Jo Rei J;\ verJ.,Jc
e.si~,
JJur VOH<\ orfo piedad\!
.Sede mi11hi\ intCHl:e.srnra
Lm r:tnt:l r:iecessiJad ~.
Oh summi Regia pi:t,
IüdiP.ncc luz phebea,
Cus1odia ;inim::e mcx,
l'ois est~ r;li\ u:rr.:t fria
A .dml de pcnr chea.
Po is és anip;i ro d(l)5 1cu',
Consola os descoruoJJJ1,,1s ,
Rainha ~os Altos Cetis
Jlogl\i a me~ Senhor Deos,
Que perdoe meu1 peccados.
M1trquer..
t\io sci, quem on~o gemcr,
E chor~r de c:iuandg em qu <\nJo,
A lgucm <leve aqui esrnr :
Scgund~ se cu.i 1111ei)(;inJo,
33
Devc l(C srnf\JC pcu r.
Yaldi11í11os.
Dom inc memento mei,
l..cmbrai·vo1 d~ minha ;\ln¡,1,
Ptli s c¡11e sois da glmi.1 H.t:1,
Nls..:iJn clt fit.H Ja \'"1ln1:1,
Henu:Jio i.J~ noua Lci ,
A11lrqt1e2 .
Segundo dclle se csper;i.,
A·]'1:1fc homem M,J., pcrdiJt,
r Ju ¡10~ ventura Íf!'ri.!o
Dr. :-.lguma. dcua kr;1'.
:t;pCH, Quero ver C5 te mym:rio;
<¿11c " f:tlb me J.i ous.1di:1.:
l'M•JllC Jous r.m comp;i.nhia
Tcm moi ¡;;r:mJc rdribcrio,
P:ir:'! q\;:\lq•1c:c .~~on¡3.
rlnlr11vi1101.
M in!-u. esf-t'n ~ , t Jenhou , .
1
] ;l nfo 1rre i~ c:m f~Jcr
Vo$~O e~rnso, qne :irnm ch,·r_ ,
f 'oi~ :1 morn: roub.1Go1.1,
Vl>l<i roub~ iodo o p11.z.er .
 e3 >
Q~ ViJa do ma11 Vi\•Ct,
Resplandcceme N a rci10,
Gr fo pe~ le\'O em snbu,
Q\Je nunca vos hci ~e yer
Até o di:.1 do J11i20.
Oh esperanp, ror qtJcm
Tinha Tic10ria \'CnciJa,
o· minh;\ gloria' me:.. bt'm;
Porc¡tle náo p~rt is t<ln\hem,
Poi! 9ne sois a minb vidl,
Se nfo far voss;i vol\t:ide
[..)e h::iver de mim compai:do,
M<ind.li·me mru cora~áo,
Mir.ha fé, e liberd:'!Je,
Que esr~ cm vosM prizáo.
Madre minha ml1ito ll.maJ11,
Q _ue1ie o filh~ que: ra;i,1e,,
De qH~m er.:!11 consolada,
Como st! ha torna.Jo na.Ja 1
Quanl"\ gloria pouuis1rs.
J3 me nÍ() \'creis rein:er,
];\ me náo rhreis consdho,
Nem cu o polso t0m~r ,
Que quc! . rn.Jo he u cspelho,
Em que vos S.1hei¡ olh;u.
J:í, mmca me h:l.veis Ja vtt
F;'l.zer Jus1;1s, t' rnrneios,
Ne:n vestir nol~res 2rreias 1
Nem C.w.illeiro1 vencer,
Nem romar h:tnJo!J ;'1.]heios.
J;i n~o 1011¡;ire¡s tml2et
QuandiJ me virdcs arm:.¿.,, 1
Ja VO'i n~o vi1fo JiZl'f
A fama de met1 P-'der,
Nem louvu-rne de C'SÍorr;n.•~I>.
Oh v"IC:'lt ~i:: C;l.l'.t/lrirus,
Re1na.Jdos de M1)n1:i.lvio,
o· esforr;-afo H.1 .• IJ;io,
O' ~farqu cz Don1 Oliveiroa 1
l )om R 1c:1r1Jn , J);im D11Jio,
Do"' Ciaifcros, Dom Bd: rio,
O' ¡.;r2o Duqu(' Je f\filfo,
Q11e he rle , o~~:l cotnr:i.,hi.1,
DllijllC ~laime
1lc l:.1\•1rr;,,
Qut: he de vo¡~o \ ·:i JJiv ínot ?
011 tsÍot~i'IJo C'iuain o1,
Q ·11em C"om siga vot ti\•eia 1
Mcu amigo Mantetinm,
Jj nunca ma1s vos vttrei,
Dl1m Alonso de In,;lcitcrra ,
J.1 rY.io acompanhMei
O Coride Dirlo¡ n:\ guerrJ.
Oh csfort;ado Marquez;
Oe Manrna tru senhorio,
Ji nfo me poreis ;'l.Tn<'Z,
Nem me vereis outr;;,. va:Z
Gozar vossó senhorio.
Já náa ql1ero vossa estndo 1
Ji _, io quna ser pe.ssOíl. ,
Ncm mandar, ne~ 1er r'ln:i.do,
}.i náo qut>ro ter corc'h
Nem C]ücro sc1· venerado.
Oh C:trloto ImpcrJ.dor,
Scohor dA r~ui ah .1 sor1~ t Eu nfo sou quem vós cuida H.,
C.omo senlircis grío JOr,
S;,!•cndo .3 minha morco ,
E l)Uc m Jcll:\ he Cl\U!adO",r,
IJcm sei, ie for lnform~do
Do caso, como r~uou,
Que se:rei mui bem ving;ido,
A V1cla cpie me marnu
Vo;N í:Jho mui am;i..!o.
O Princlpe D'Jm Cadoro 1
Q.ic cr;i t!io Jc>sih·1:tl ,
TI! movC'o a Ílll'r nral
Ern hum l11g~r 1fiu r~n~oto
A 1e11 :\ :ni-;::> lc:t!.
1 Muito mais do 9uc Jizcis,
A!rn Deos Omnipotente,
J11i7. dirciio St!rn p:l:,
$ohrc esu. morte in;ié>cente
Ju~'.ir;.i l1ncirl\iS rr.om:tr,
l'oi~ moiro 1So c-rurlmenre.
lJi1 l\.lrtJre de U.·os benigna 1
F. fun tc de riedad c •
Ar i:.1 J.1 Sama T1inJ.dc,
J).,ndc o \'tihf) llH· ino
Tr,11:\:e sua lrnir ;11iJ:de .
U' Scr:1a Domine mci\,
()' \'1r_r,cm ¡~r;11i:t plrn;i,
i:.m q1ic mi~1hil gr.11i.1 rlC'n.'.l. r
'
l 4)
fJai remedio á mi"ha se redt~,
PoJs CjOC' morro ein 1er1a .Jhea,
Mmqutz.
Senhor, porqoc TOS que¡xais;
Quem Vos rnuou de tal rnrtt,
l~ quem he, o ql!c tal morte,
Vos deo, como publicai.s,
Que estás he esta mal sorie ~
Nao me negueis 1 \·erdad.e,
Conuri·me vouo rezar ,
q_~e vos promeneo ajudar
Com toda a for~a, e vontade.
raldivínos.
~Iuilo me 11g;ista 1 amibo,
Ccnamen~e teu tardar,
Diz:e, 1c rn.us com1i¡;o,
Qucm me haja de cuníessar ~
M1irt¡1ttz.
Nunca comi \'OSSO pá:o,
7vfo5 vasses grirot, e .ais
Me irouurio a.onde cst:1is
Mui movid:\ ;i comp;iixio.
Dizci-me \'ossa é\gonia,
Que se remcdiQ ti\'er,
Eu \'Oi promt·tto fuer
Ccm gue tinh:i.is a!egri:i.
Valdivi110J4
Meu Scnhor, mnit;\l merd!¡.
Por voss:l boa vontacle
ncm creio' que me fare_i~'
Se~um:lo vos"Sa bondaJe.
}...b'i minhrt dtlr he mortrtl,
Meu r:_em.cdk> sO he marte,
J1orque "'sJóu paraLlo ul,
g.~~ nunca homem mon:ll
Poi •r:l¡aJo ti~ L)! sone.
Tcnho , . senhor, vimc e du:ts
JleriJ;u rod.u mofUC1 ,
l\g cn11;,nhas rur:u 1 e nu:u ,
E pas,a pen:u 1fo cru;¡s '·
4,lue n.io }JOdtdc> .ser moti,,
lfa:me mono á 1r;iis:,á-v
O füho do fo\pcr.-dor
Carfo1a :i g.ráo sem rai:io,
Moscrando-me todo amor ,
Nio o tC'ndo o cara~io.
MuiLaS veZl'S rcqueria
Minh~ esposa com ma!Jade-,
M:u eTC<l. náo consencia ,
Pelo bem, qne me queri:i.,
Por sul i;rande bondadc.
Carlota com gráo pezar
Coma maii 1iaidor, ~ue forte >
OrJenou de toe matar,
Cuidando com minha mane
Com ell:i. ha ver de ca.zar.
l\·l atou.me com tal falsia 1
Trazendo cí:ico comsigo,
.Scm eu 1raer mais comigo,
Que h'um pagem por corr:panhia.
A mitn ch~mio Vi.ldivinN,
Sou filha de EIRei de Dacia 1
E primo de E!Rei Je G1ecia ,
E Jo fone J\lontas inhos ,
Que he herdt'iro Je ü,1('ia,
Dona H~1melinJa forr¡¡os~ 35
Minha Madre natur.11,
S1billa minha espos.i,
De ~raps c5rcci;d,
1\hs co.-n primores f.tmos:t.
Esta nova cvntareis
A 1 1ri1;1c de minha Madce,
Que tm Mantua ach.11eis,
F. ao honrado M<i1quei.
Mcu río, Jrmáo Je mcu Padre.
Mt1rqtuz.
o~ dezest1a.Jo viver !
Oh .imargoza \·entura!
Oh vent\Jrl\ s~m pr:i.zct !
l'r:iz cr ch{'iu de trisrnr:-. !
T1mur:t c¡ue oio 1cm ser?
Oh Jes;n·c1msnd:i scmc !
Oh so n~ sem ~olffimen10 !
1ñ1t'lllJ'·":ldo 1urmento !
n¡;r mu iw rci.n, a mon:?
Monc lll'S;"1b1imen10;
üh mt:u rnbrinhiJ, rr.cu b:m 1.
i'd1nh.1 C3¡ 1 c~ ;:n).1 rcrJi¿a ~

O' ¡:;loi'i.:t qoe i:ne .snste.m,
Por9~e vo > parti Je t]'1em
Scrn "ós náo 1trá mais \'iJa !
Oh JcqvenuJrJdo vclhu,
€;}pt ivo !Cm l 1lx.rJade !
Q11cm me rb.lc d:u conselho'
Pois p:rdic!o he o es~lño
Do: minh .1 ~,¡ cl;i.ri~~;'l.d~.
Oh nw1h.'l hll 'erd<tdeira,
Tr-evas do mcu cor;¡~áo,
Pen.i~ J.1 minha paixiu,
CuiJado, 9ue me rr.:mrira,
T 11m~za Ge 1:il l'aix~o,
Po1c¡11e náo ']U<"reis fai!;ir
A <"Ste M:uc¡un co111ado,
Que 1in sonheis ch:'lmar ~
F allai- me sohrinho :\rr.ado,
Nio me for;ai~ rrbentar.
r
t1fdivinos . .
Meu 1romen10 tia mo·lest-o
Me faz náo \'OS conhecer
Ncm n2 fal]:'l 1 ni:m no gcsro,
Ncm tntendo YO!SO dizer 1
Stnio fo, m;iis manifu10.
E.stou 1áo rosto. no fim)
Que náo sei, se sou : i. lguem 1
NeCJ) r;nfnos conher;o :\ n•im,
Poi> <iuem r.:o conhscc: a si,
Mal conhi: ccr·í nin~ucm. · Pois que ráo tem o•trO Prtdre 1
Af,trqrwz..
Como n~Q conheceis
Meu .sobrir,ho V:\ld1vinos !
Ell sou o 1r,iste M:m:¡nc2,
Irm;io de F.1R..-i l>. Salinos ,
Q.1e Cl:l o p.1 i qu~ vos fez.
Eu ~ou o l\l.1r.p1e2 scm sane 1
Que rltvcr;i rd1en1:1 r
Chor :'lndo :l \'Oh:l morte,
Pois LOm viJ:1 T'láo fic~r
(\c;te nrnnd~l st: m ro11t:.
Oh 11 istc 11111nJl1 cn111.1Jo ,
Ning•1em .:i:vc en1 ti (i!.r,
P ois é-s (,cs:wc.11111;11!0,
Que o 11 1 1~ 1l·ns m .ti~ l''{:1l1;i.Jo
Múr qufd.1 lhcs klti •Jll.
( 5 )
fil/divinos.
Perdoai-me, Senhor 1ia 1
A minha de.scouczii\,
Que :i mính:\ J;randc agonit
J\ie pOz cm tanto Je}vio,
Que já vos n~o conheci.
Nio me queirais m:tis chorar,
Dcveis: de considcrnr
Qlie pMa ísso he o mund'O;
Que dobrais meu· "q,11 rrofundo'
l 1 MJ bem, e m:tl ¡' --o.S.11'.
E hem sabeis, <111e n~scemo>,
Para ir a 1tst,l jornada 1
F. 9ne q1.;ar.10 rr.:iis \'ivc:mos 1
M,1 io1 olfens:i f.l.!emos,
A quern nos criou de n.: da.
Assi¡n que ne.:cmJaJe
N:io tend~~ de me chor:n,
~o~·s ~~l~io~~~s ;1;~·1iT¡tJ.1 J;·~r
1
P ara mais m.e <1proyei1:ir.
M;i,is o que ha.\'eis Je fo2Ú,
fle por rtiinh:\ alma rog,.:!r 1
l'ocque o muito chor<1r
A' :ilmA niio d~ prazcr,
Mas ¡1.ntes mui grí0 pr<'tcr.
Qucro-yos el'ltommcndi'\r
Minha espma, e minh::i Madre-,
Qns as J1:i;;l cm :i01r:\r.1r ,
Senio vós, como he vel':l.:\J f'.
MH o que me J; p:1i:do
f.m C'S!ll triste ¡'Mtib 1
H~ rr.01 rer scm l:unr1 )sáo;
M;u: se r a110 deoua vid",
Deos rf'u:her.i ~ .:i.mcnc,:~o.
Frnr o /:'writtin, e o Pttsrm.
1Jiz o Lrmit.fri.
A pn de Deos sernp:m no
Srj:l comrnsco irrr,:10,
l. cmbr.1i-\'os ~.1 JJ;1ix~Q
<'i11i;: 1·m rH1s !ivr;1r d11 i11fl!rno
l':'l ~~cc eo \]l.!.1rirn ,.. \';\ffo.
1
¡.~¡/r/frÍ•I C! f
Cnm com:i npis !ÜO kl_~íu,
( 6 )
De qlle ve!Iu aq11i chec¡2 :~i.l ¡
p,¿,. de btos e11vi2Jo.
Qut se hum pouco füais t:ardara,
N~1 me achua neue estilJo.
P11grn1.
OJ, <J '.18 dejiutrada Smte
M~u sen!1or Done3 06eiro,
Olha.r vo~so eS".:-uJo for1e
OfbaJ,. sen'hor 1 vosso her Jeiro,
E~ que cstremo o pOz :t nlorre.
Oh desdicoso camlnho ,
Ca~a di! l:lnto pezar,
Que cuid:ind" de ca~ar ,
A marte :\ vosso so!ir¡nho
Viesre, scnhor, bnsc;'lr.
ErmitJ1;.
A grio pre111:a, que tr;ili.l,
Nio rile ..deo, senhor, lug:u
De Conhccer, nem falbr
A youa gráo .S:e11ho1il.
Nesc~ erro se ha culpil,
l'e~<>-lhe J,lle pmláo,
Airtda 911e a Jis..:rip~i.:i
Sua me dará drsculpa.
M.irqurt..
Ro~;ii :\ Deo3 i>;i !re hcm~a lo
Que nle que ira d.u p;?:Íel'l-:ia,
Que o perd4ó he eJCllS:\JO,
Por~p1c VllU1 Jdig.eoi.:i:l
Vos ná.o deixa ,ser culpa.lo.
Ertilitáo.
O filho •1 ' D.:;s :;wi:i lo 1 Afrrq11cz.
Vos - .. 1\ll! co;l9o,;is-ao,
E p:">is q•le ªT1i son Ü :!.~"- Ju,
Quero ouvir Je confis~io
Este íerido, f! Mt;usrfa fo.
Cous:\ he mui ll<"ltural
A rnorce a toJil 01. pc:tso;i 1
A tolo o munle em g~r:\l 1
l'ois tv1e a nenl~'Jm perrio:\,
Náo C':!nharrws por mais.
Porque o pecc;do Je A,Lio
J;o; cáo íero, e de t:1! s.J::e ,
Que n.5.tl só na gcra~io,
~las Deot, que he salv:,fiO,
Q.1iz r;1111b em receber marte.
_E por canro , filho meu ,
Nw se deve csp:rn 1ar
Da mc:nc~ ~qc ü.:os !he deo,
Porqu.: pJr prOvirn(nto scu
Lha Jeu para o salvar.
L~.nibr.e Stl.l pí\ixá'l:
Daqu!Stc mu!'!Jo cbutaJo,
N39 .o cng,,Je o rnalvaJ0,
Que n.í.o dá por galardiio
Sen~o trlsiez., , e cnidádo.
Em qu:i.110, filho 1 tcm viJí\,
Ch:i.me a Ma fre Deos,
Aquell.1 que foj nascid:\
Sclll pe.:ca L> cont:ebiJa 1
E coroaJ:\ nos Ccos.
F.sm foi san~ ific:1.Ja 1
E visit:da Jo1 Anjo1: ;
E e:n corpo, e alm.:i. ·ievaJa
A' hl~uii\ ond~ r.xahldl
Es1:i solHC os Anjos.
1\ssim 411e o J\c::Jempt0r,
E a csi;i, Virgl.!m ~em p~11
37
S1t h:1 , filho, cnco:-nmcnJ1'r
D>!pois que os Santo s íor
S :1a v.:t:uaJt: cham.u.
As mios Ji.:v;¡nte a.os Ceo;,
f.:\y.1 CO:'llissáo gcral ,
c\):)re~ ~:'lnJ0·SC .t D~or l
E :i. Virgen Celesci ~I,
E l coJtJs S:inroo scus,
( )~ b in1'1) t ,,IJOrTt:~id,1 !
<)\ J-::-:>.1maJ.i. fortun.l ~
1)'! pr:rzerci gd.o lli~una ,
Pu•,1·1e nfa ,Je¡:1mrir.1ii.
A 1¡11cm ra:Ho m:: irnportu11.:i. ~
Trisicz.1, dcsconEa·1~<' ,
Pu• •]LI~ náo Jcs~•p= r ;1 is ,
A ~¡•1::m nfo tcm confi:rns-;i
Cu.'1t:1i·me, µ.1¡;~m, Bur!m
O e;1.~o, <:uintJ p.nsou ,
q,Jc ;11 loi .11.f11d!e. 1raidor,
Q:i ! m .l tou vosso Scnhor,
0.1 par q qc ¡:,\u,;:t o m:nou.
 ( 7 )
Pt1gent,
Ser minh;1 mui maJ rontai.Jo
Se u~a grfo Senhoria
N.áo canr:issit o r•uSado,
Eu sei c~rro que fari<\,
O que r.io ~e i=sperado.
C<>nir:i q11em me deu eu;,Jo 1
F. feiro télnlJ.s merC~i,
Que r.unca meu pni me fez 1
O qu! n1eu Senhor ~mado,
E rr.ai! tós, Senno.r M "rtJ~1ez.
V.stan~o país em Pariz ,
O fi!llo i!o lmperador,
Mandou chamar meu senl1er
Nos rassos d3 lmper:ltriz,
Fallado muitos a saber,
O q\le fallarfo náo sei,
Senio que lor,,o nessa hon.
Sem fazerem maio; demora 1
Coi:n q11auo de uaz ¿e !i,
Foráo da Cidit,Je fíir:i. ,
Armados serrer~mrnt!!',
Se~undo depois ouvi.
Partimos todos d;:i.hi 1
F. D. Carlota rresente,
T í'mhem armn<lo o u ero si.
E 1:mr o '}UC aqui che;irfo,
Nes1e v;i.llc de pez11r
To.Jos jllntos se :i.peáráo,
E fizeráo-m: firar
Com es ca1·a!ios, 911e ddx~r.fo.
E lo~o todos enrt ~do,
fm este en1ui,·o lugor,
Onde nH~n sl·nhor tTlat<ir~o,
E depois ¿i: o ma1nr,
Nu~ i.:av.1llo ~ se 1r11n:i1 fio:
Comn cu o\ vi rorr?.r,
s~nl i1v:o m IJÍ!f'I t:i.l dUr
T emcn .!o de lh~ fall;ir,
Nilo csci J:: p..:q;uni~r ,
Onde e~!;:!\':'! n;l!n scnhor,
Vendo-os ;".}~Ír~1 C·rninh;i.r,
Pnn¡•1e ncrilu·m r.-e fnl!a~·a ;
f2111z a nieu ~·:rhor huscir,
ll urq1~e o ce>rn~·io rr.cr ~:l'i.\
Sofnesahos de pczar.
Nfo o podia topar,
Por~11r: :i t:~pl'tur;i,
hr:i11.Je
E a ntiitc m~dt•i-.1 1 1: cr•;111a
1\!1..· !'.1zia náo o ,..,.h;>;r,
De '!t:c 1in!wia grfo rristur.l 1
Hu \r.o:•;,/o·n com r:5~'} paida
Na qoe!lc f11'.~·1r r,:01010
O :i..:hd Jcs1a ícis·Jo,
or~se comn á trai9ilo
O m1uj1a D. C:i.rloto.
l"cr!?.nnrC"i pvr cp1c raliJ
Tr iste chcío de a~oni:\s,
Di~sC" -nie com ;:iht1cc;3n,
V•i-nie blfü-.1r confis'fo 1
J:i se ac<1.b.íráo meus d ias.
Corno raes nova! ouvi,
Com ¡.:ra1de trib1i!a~áo,
E pnar d.: vello .'.!~si m,
1..J.:= r:1rti logo J.!~u i
A Lu sc"r cscc Ermid.o.
lsto he 1 scnhor, o que •~i
Des te cuo des;1s1ra1o,
Qu.into me hJ. pergunti\do:
Outr.1 co11 'a nfo Jirei,
J\bis d;,> 911e llie hci contadtt.
Mt1rt¡11tz..
Q nJndo sn.1· Ma~c;rnJc
Ju~:1s·:1 nic n.í,) frlcr
C..>m roJa a rit;'11 iJ:,dc ,
A ÍO;~J de m··ti \ "l.~e r
C u:nrrirci minlu vea1,1~c.
Er111it,i.J.
)i 1 $t"n!11~r , se !.a confc31alo J
E foz :1Ctos d-= Chri11do:
f\l c·H-: ~11r:1 tod t:onuir;~o,
C,l11 1: r11 C'>l4ll m<i1.n•i!haJo
Oc! i;ua ~rfo de$Cr1~5o.
Nlu p<'11~e n~ui 1:uJ .H,
Se~11n..!ondlc !'!r.:i:
Acahli,1le lht.: f,1il;'lr,
r)l~!l~~,~ ~~J: T.:er.:; 1~:~ ;·. L1~v iJ.
Vii/1/i1·i11M.
l\'ft') rom:iis 1 110 > pi:t:lr,
4
( B)
Que me p:ma de vos ver,
l',aca "unca ma;s lOfn~r 1
Po.is Deos me manda diamar
E nio posso mais fazer.
Torno~vos a 1.:ncomtnend:u
Minha espo1a, e minha Mii 1
Que as q:.icraif consofor 1
E '-mb:u u amparar,
País ~oe nfo tcm onrro P11.i.
OM~lío de Vi1/div;11c.is.
Emª' 1uas mios 1 Se:"Lhor,
Encornmendo mcu es pirita,
11ois que (:¡ SalvaJor meu,
Meu üco!, e meu H.edcnlp101,
,Nfo me falle favor 1eu :
Pois, Senhor, me rdcmis¡e,
Como Deos 1 que és de verda::le,
:5enhor de rod<l ;i pied:iJe,
Lcmbra-1c desia alma trisle
Ch(if!. de toJ~ a mal.faJ.:.
S:1Jve , Scnhor:i benign<1.,
Madre de mi~ericord1a ,
J»az de nos!.l gráo discorJia,
Do:1 pecc;iJores meúihn ¡
V 1d;>; doc e , e cc.incorJi a 1
Sr~s nOStí<' , a ti i:WO~A;nU! 1
:);.1tva-nos J:t. escur:t 1rn;i ;
..A ti, Senhorn , ch;Hn:'lm OJ
Dekt~rrados filhos de F.va;
1\ ti, Virgem, suspiramos,
1.\ d gemendo, e chor;inJo
1:.m :lt.¡ueste la~rimorn
V<tllc scm ncnhum r cpou~o 1
St:mprc 1 Virg!m', ;i d chnm:Hr.03
Que és 0'15SO pr~z.er, t gozo.
Ora pois nossa ad\'o¡:;:\da,
Amp:iro da ChriStrt!'lcfaJc 1
Volvc º' o!bo¡ de piedadc
A mim, V irgem co:isa->rad",
l"'ois qui és noss:i J1be1J'ade,
O:i-me, Scnhur;i, virtude
Cl,)11t13 to 'os os mellS inimigos;
Po is que ~l " nossa saude,
P:u te robo, me l'ljl1des
Nos ~cm o rcs, e rcribt}S:
Rog" tu por triim, Scnhma,
Oh Santa r..I ,.Jré ¿,'! D~os,
l~1n qu~ minh:1 alma ziJora,
l'ois Cs Rainh::i. dos Ceos 1
.E. doJ Anjos 'uperiorn.
Aquí t1pira T·",1/divi1101, t diz ~
M11r111rz.
Oh triste velho coui:i.Jo !
Oh cis chcia de tris1ura !
Oh doloroso t:ltid:tdiJ !
Oh cuiJ.1do stm venrur.t,
Sein vct1111rn desterr:iJo !
Qucbrem-~ mi:iku emranh:i.s,
Rompa-~e rJICU corai;:áo
Com minha 11 ilrn!tl~áo.
Charem 10Ja1 ;u campanhas
l\Tmh.1 grnn~c perJifio,
.Escurer;a-se o Sol com Jó,
C:iiio tnrellas JC'I Ceo-,
A 1 irevas Je Fn1ó ,
\'cnhJ. j.í sobre mi in sfr, 39
Po is. mi11h:i. luz se rcrJeo.
t'h l11z Je mui d :uo J i.:t
Clarid:tJe 1 nem <.·!.1reza,
?v1nha doce com¡;a:')h i,1 ,
Onde está vos.s a a\cgri~ ,
Que me deixa 1n! trisrcz:i.
Oh vclhice de~suafa ,
Sem gloria 1 e sem prazer,
l":n <¡ue me deix:u ser 1
Po is que scnJo, nfa sou nlb t'
Nem d~s~·jo de vivcr.
l'on1ue nii.o \"enS r01decer,
Pwn1ue náo vindc!, tórm~nro.!,
P:ira g11c sfo so!fr1me1~1.os 1
A quem os nio qul:'.r p ter,
Ne:n busca conreo1amemos.
P;\lf\ que qutro providenci a 1
l':ira 9n~ quero pn1Jenci.1,
t':em ~:ibC'r, ncm dmdptáo,
1J;ir:i <}ne he pade1"i'1 ,
l\iis ¡icrdi 'onso!a~:o,

( 9 )
Pagtm.
Oh 1neu senhor mul .i. m;.. do ,
Porque vos rmn<1stes pó !
Perque me deixi1s1es s6
Em estl! mundo C('IUt:\do
Com tri~(ez.1, e dó.
Levareis-me cm companhia,
Poi1 .sernpre vos ti\'C ~ivo:
Oh minh;t gnnde :1!egri:a 1
Porque mt- deix;ii~ c;ipiivo,
:\lettido em t:\n!a :i.gr:ini:i. ~
Oh meu senhor, minh;i ;'1\cgri<\ 1
Dizei, porq11e nos Jc:ix~i
Com {;\f'Ha pen:\ nn: ori:i !
Lembrai-vos, tende memoril,
De qu:in1os desemp:arais,
Oh sem venror:i. ílurlor !
De quem ser.is :i.mpaudo,
De qnem terás o favor 1
Que rinh~ de teu senhor 1
Pl)iS que j:i le h:l falta do~
Ermit,1o.
Nfo teme is, filho, peziu ¡
Pois claramente sabeis,
Que pelo mui10 choru,
Náo cohr;iiq o que pcrdeis,
Devcis, filho, de cuiJM,
Q.ue noSS;'\ v'ida he hum venm
Tío ligeiro Je p:o.nar,
Ql1C' pó1.SS.:\ e~ hum momento
Por nóq, .:u~i m corr.o ;u,
Quem vio o Senhor lníani c 1
Táo pouco h;.,, fncr gueir<1 ,
A .ser nelb 1áo pos1:lnte,
Se agora em hum instlnte ,
Ser torn3Jo escura terra
Diria com grlo ratio
Que es1e munJo c~icado
Nio d~ ouuo ga!:udío,
Senáo trisicz.1, e p:ii~áo,
Como :t vÓ! ourros foi thdo.
Olhai, E!Rci Salaniáo
O galardáo, que lhe deo,
A Amon 1 e Abs:il.io,
E ao valente Sansio,
E ao fonc Mac-abeu :
Em a Sacra Escrirura
Muitos mais podia achar,
Se os quízeue contar¡
M<1.s \i os1a grande cordura
Supprir~, donde falt;u,
E pois q11e nio tem jj cura
o mal feito t e o r:\sudu,
Ces se a vossa trbt ora,
F. demos á sepllhur.\
Este carpo J~ lina ,~t J.
L ~ vcmc-lo onJe con\•em
P;1ra que sejl. enterrJdo,
F. póde 6cm ser guard:ado
N;i9uella ErmiJ:\ 1 que vcm 1
A té ser embJlsem;id-:>.
.A7tú ltv.dráo a 1' rddiviuo~ ¡{ Er·
mirl.i, r tlltrtl o lmpcrtidor 1 t
Contlr Uanalio, e tliz o fm-
pC'rndor:
Ceno 1 Conde Gan ~\l .io 1
Muito grá perd" perdemo¡,
Pez:i:-me no coras:fo,
Porque na COne ná(\ temu;:
Rcin;.,ldos de Montalváo 1
Nem o Conde D. Roldio
Nem o M?.rq11ez de O!i\·círos,
Ncm o Ouqt1e de Milio 1
Ncm o Infante Galfcros,
Nein o forte fy}ered i.io.
Ganalio.
M uito aleo 1mperaJor 1
Mui10 enou ma1av1lludo,
Porque mosua is 13) favor,
A c¡nem vos ha de;ho •m!o
Co':1 ranta ir:i, e rir,or,
Qu~ drnman<lo~si: Almansor,
Com e: scu ro~to mudJdO,
Aquel!c í;1ho rr:iidor
Com mui t;ianJc dt'shonror ,
f.{:>iz deshonru \.'Os~o esrado :
Pcrciue , senhor, nio senus,
Que este tr,alvado !<lJrfo
Vos pre:ndeo de sua m~o
Torn::i.ndo-vos a París
Com mlfito granJe trJi~So.
Pondo-vo.5 cm Mon1alvio
¿~ pezar Je vr1srn Jmpe1 io,
Onde com gr~o \'ittiperio
F stives1e em prizáo ,
Sem ter nenhum refrigerio,
Imperatlor.
VerJaJe he ino, cunh:tJo ,
Porém devcis de s.J.ber,
Que em Reinaldos me prcnJer
Eu mesmo sou o cu!rJdo.
Js10 bem o podcis crer ,
:i~ entao me quiz gu:\rntcer
Nfo he mui!a m:irnvilh:i,
~'ois j·i me c¡uiz J?:u:irnecc1·
M:-1ti1ndo Ell.lei C:irmeser
Que me trouxc a sua filha.
Gmialiío.
Vossa Rrnl M;igesrnde
Dirá 1udo, que C]•iÍZel',
M:l.5 ~u espero a l3cl1r~11,
Que se conhep :l nial.la.Je,
o~ quem se h:\ di! conheccr.
Ar¡ni se vni Ga1111/io, e vw1 dC'is
Embni.tadorts 1111111rl.1dos pelo
Aefnrr¡utz de Ma11tufl. rlumM-
dos Dom Btltriio 1 o Duqut
A111 Fo, t virio vtstidos dt dó:
' diz Dtl1rdo:
<lrfo Cezar Oc1aviano ,
M:1r,'10, Augusto 1 forre Rei ,
Clr•1n·J·~ lmrcr:ldor RomMo,
'º)
/\ 01pJro <h noss:i ].ci
PoJcrosa f\bgesrnJe,
Senhor de 10.i;i a ~h~.111p,
J h G.ucunhc, e d.1 Pra ru;a 1
Cirio pJaá.1 d:'t Chrirni.nd:iJe,
Esicio d;i St'~llnns:a :
Poi¡ sois senhor dos senhorcs,
Imper;1dor Jos Christáo~;
.Somos \'O~sos scrvedores,
Amigos leais, e sáos,
lmptrador.
F.11 mi: espanco D. D<?ltráo
De \'OS \'er daciuest;i JOrte,
E :i vi'n force Um.¡ue Amfo,
Nfo he esta disposir;.io 1
E tr:~jo de nossa COne.
Du7tte.
Muito mais ser:? esp.1 n1ttdo 41
De nossa tr iste embaix:id:l,
F. l!o caso desastrado,
O qllal !he ser~ con1ado,
SI! seguro nos he fiado.
Imptt.1rlor.
Bem o podei.5 el<plic;i.r
Scm 1er meJo, nem temor:
P.1 r:\ 1~1ic he :usegurar,
P\11s $;'\heis 9ue o Embaixadoc
Tcm lic~n}a de fallar.
Díz o Dm¡11t a Embaix11h1.
Quiz, .scnhor 1 nos.sa mofina,
Que o Infante Valdivioos,
Primo Jo fortc Gu:lrioos,
Fdho ¿a Jind;i Etmilinda 1
F. do grande Hci Si\linos;
a
Foss e morro 1raii;áo
N.1 Ao.res1a sem ventura.
A 1~0 granJe desnvi:nrur11
 11 )
If.1..er.Í, nfo prOClll':
l)r, vin¡:;.ir t;l[ re-rd11; i o ~
lnrprr.11/or.
Ile ceno l:Ío m:ild:tJc ,
Que o sobrmho do M:m1uez
He mo1to 1 como Jizcis:
Duq11t.
Pela maior íel iciJ¡¡.de,
Que nunca ninguem cal fez.
lmprra<lor.
Es1c caso he desestrado,
SJibamot, corco pa9sou ,
E c¡uem !~· l scnhor maroll,
Me1ece bem C<lstig;i.do.
Duqur.
S.'.\bed Voss.'.\ l\fagest:tde,
Qu-: dez <lias: póJc haYer ,
Que o l\farqucz fo¡ á e iJ;:iJc
!Je M•o1u", com r,ráo Yontade
A' ca9a, corno sob~ lazer.
AndanJo assim a ca9n,
Da companhia perd1Ja
Foi por vent urn topa r
Com seu sobrinho terid0,
Qnasi a ¡~onto Je espiri\r.
Rem pOde considerar
O r,do pez:n, q1.c 1eri:t,
De se ver scm comp:tnhi.l ,
E moircr cm t:-.1 1ug•n·
A COL!Sl, que m:iU 1.j11eri.l.
Pergllntando a r:rzio,
Senda della mui ignoto ,
Disse ct1m ,,r,)lidc paix~o ,
Q11e o marár:t ~ 1rai~áu
\' osto fi 1ho D . Car 101 o.
O c:t'o , que o moveo
D.1 ftlo rre 1io dolorosa ,
E tia ;;r.111J~ ami~l"J s~11 1
Nio íoi unrr:t 1 scnhot mcu,
S:\ h·o iomu·lhe a cspos;1.
Ma1ou-Q ~ f;i_!sa fC
lncfo mui co t.em arm:tdo
C1.1m quauo homi:ns Üe V~ :
Qu em ir, ;U ,\ l~O i!!m porq11e
Mncce bcm c:i.~ri:;n.:lo.
O i\brquei. Do11c; O¡:;ciro
Lhe m:'lnJ::i. peJ ir, .Srnlioc,
Juui~a mui por inteiro,
(~1JC ain1,.h 9'11! rerC;\ hcrJeiro 1
I:.lle perdc successor
D om Btfrr,io.
Nfo deve deix:'lr pasS:".r
Tio ~r:indc m.1l sem o prever 1
Porq11e deYe de cuiJ,1r,
Se seu filho nos ml t:lr,
Quem nos deve defender.
f. m.:tis !he f a~o saber ~
Porque cue'¡.:i: app:uelhí\Jo ,
Se ¡ustip. nio tlzer,
Que o l\J;ttqu~ z tem jurad,
De por :um:H " faze r.
O muí v:ilcncc 1 e 1emiJo
Rei;ialJo de ;\fontalv.io 1
F.rHrc rnJos escolhiJo
J.:sr~ bem apeicebido
CiJmo geral C1pitáo.
D. Ch1isfo, e Ag llib!"lle
Com o tone l) Ül1a.rinos,
F. o valcnte Moniesinhos
!'rimo do mo110 In fante,
l'rimo Je E/Hri O. Salinos,
E o mui p :m.:'.!.! H.ci }:lih> 1
De lJ. H..ein:ilJos Clinh.ido ,
E O esfor~.1.Ju Durio ,
f. o gdo lJlitptc Je fi.li!áo 1
E D. Ricartc e:;forc;:.1Jo,
O Marquez D. OliYeiroJ >
E o famoso Dmand:i.t1e,
E o Infante D. Ci111feiro.t,
l!. o mui fonc lticJ r\lo ,
F. outros fortet Cavaltcitot_,
Todos cem boa vontilde
De ajudar ao Marque%
Em ~ta necessidade,
Porque foi grlo cruelJaJe
A que 'º"º lilho foz.
Evitai, Senhor, 1;il d:.no,
Pois que sois Juiz scm rar ,
Náo vds mosrreis inhumano 1
AcorJai-vo-s Je Trajano,
Em a justic;a guardar.
Anim que alto , csclareciJo,
Poderoso scm igual,
O que fez 1io grande mal,
DC"m merece ser punido
Pot 1eu manda:io imp.:fial.
E pois 1 Senhor , he propasta
A causa 1 porque viemo1,
E iabC"is o que quercmot ,
Mandai~nos dar a respo1t a ,
Com que ao Marquez tomemos.
lmprrador.
Oh poderoso Senhor,
Que grande he vos•o mysr erio •
l'ois pua rneu v imperio
Me désce tal succeuor 1
Que des~onn1re este Imperio!
Se o que din-is he vtrd.lde,
Como creio cjuc ser·á ,
Nunca Rei na 'Chrisrnnd~Q e,
Fez tlo grande crne l.'ade,
Como por mim ae verá:
t'or mmha corOa juro
De cumrrir, e de mandar
Todo qiJC digo, e procuro.
.Ao M:irquez podeis dizer,
Que c:I te póde seiuro,
~ rodo¡ quaritos civcr,
Venhio de g\lerra, ou de paz
Anim como ('lle qu izcr,
E pe>i1 que jun1~a qutr 1
Com ella mui10 me rrl\Z:,
( ti )
Entra D. Car/oto, • dlz :
Hem sel que com gráo paixáo
Es1i vossa Mageuade
Pela fals.i informas:io,
Que de mim ~ontra ra.2áo
Derio com gdo folsiJade.
Porq •J ~ hum filho de :al homcm 1
E. tio grande gera~fo,
Náo dcvc suj:u seu nome
Em cuo de t:tl crair;áo.
Por viJa dt minha Madre,
Que se r2o grande deshomor
Ñio caS1íga r com rigor
Que me ser.i cruel Padte,
E náo dircito julgador.
lmptrador.
N~ovos qucirais de.rculpu,
Pois que rendes tanta culpa,
Que se o mundo vos desculpa 1
Eu n5o hcide descu!p;ir.
43
E por tanto mando logo ,
~~e 5~:·1:::r~~~~~ 0a retado,
Por consclho de rneu povo
Se suis livre, ou eondemnado,
Mando que sejais leTado
A' minha grio fonalna,
E q11e 1:1 scj:iis guardado
De cem hom-cns de estade
Até saber a ccrieza.
])om Cm/oto.
E come 1 Senhor, nfo qucr
Vossa real Magesu.dc
Saber prirn eiro a verdade ,
Senáo m:tnd:u· me prender
Pe>r láo grande fl\lsidade?
'
¡,,.prrador.
Nlo vos quero mait ouvir,
 ( IJ )
L~vem·no logo ~ ¡ r12ao,
O!l_Jc o n1:lndo ir , Come- huma triste mulher.
l'or que l.ÍO wnnJe ff~ itfo
Náo he par,, cons<"ntu.
Vés ol,ltros po<leis tornar,
F. conrar · lhc o ¡':lH;iJu,
A qutm vos c:i (j"JiZ m:inJu,
Que o seguro, que Jhe hei dado,
t:.u e reino a aftiim:lr,
Aq11i vem a linperntriz, e diz.:
Eu muito me maravilho
De vossa g,rande bond~Je,
<iue Jem r~záo, n¿m \'Crdade
Trntais ~mim vesso 61ho
Com t5.o f.:ranM crueldade.
Olhe \ ossa Milgeuadc
Q.'llC he hC"rdeiro pi incipal,
C que toda " Chrisc;i.ndade
Lho cer;i mui10 a m:ll.
lmprrt1dor.
A mi:n, Senhara, cor,vem
.Ser conlrit w<l;i. í\ 1rai~5o,
1': se voJ~o filho. a tcm ,
CaHíg:i.·lo he-i rnui b::n,
E en:t he minh;'l 1e:ii"::'>.
E. m:i is eu \'Ol ct·r11rico,
Que cc:n J1reito J e 1ir~or
Heí Je c;,stig:i.r ini100,
Ora !tj" pobre, ou 1 ii.:1J;
ü1 a s::rru, ou g,rfo scnhor.
Jmpr:ratrfa.
C.omo quer \'OUa gran¿cza
Jnfomi\r o nosso es1aUo
Scrn caui:a com lal c1uc'la,
lmpr,.t1der.
Qo11tm me c;i mandou rec;:ido
!\á foi ~cnáo e~~ CCrtiZil,
lmptrtttriz.
P1H t:il recado, Scnhor,
Quto1<·is tr:n.1r Ü 1.11 soffc
A vosso fi 1ho , e succeU\lt ,
Q.ue dc¡iQis de vossa morte
HaJe ser lmpcr:d~r?
l111pcrttrlor.
IT.m ~u o m:i.ndar rre .... i.!er
Ní() cuidcis que o m~hr:tto ;
Mas se e!le o merecer ,
F.u e!pero <le fazer
A jump .:li! Torqut:o;
Por\1ue p:ti tfo poJ~ro~o ,
Se11Jo de rnruo cauJi:ho,
Sedo fo1 rio rigoro;o,
Nern elle $C'r.i lwm filho 1
Nem $erri Rei just:fn5o
Que ;igura m:il p.:cc:i d(),
No.:nhum H.ei 1 nem in,;.hlOr
Fn j usri~a Jo maiM ,
J\fo s ;inces he desprezado
O peq'Jeno r.:om ri¡.;1>r.
T1.>Jo o numJo he :ilTcii;fo,
Jol~fo rnrn cir:i remisu
O r.o)re, q'Je tem ra zh
Al~11m tein o~iniio
De l~c 1oc:ir .1 j1mi~a ,
QLJc coflt:t possO c:u d<lr
Ao St·nho r Jos .ilco.- Ccos 1
Se :i men filho tilo julg<u,
Como a 011110 qu:i.l"luer dos mcus.
A~ s i:n qu? cscu~ado he
ílmc:H cs1t: ini crccuor,
l'orquc Uws de i\'<izarcth
f:\'ao mi fu 1.io gráo .Senhor
l'nra minha :-ilma rcrJt:r.
Jmprrtrtriz.
Ai triste di mim coitaJl !
PAra r¡ue qutro viver,
Pois que s1:1"1prc htl de ser
e 14 )
Do """ filho tfo penada,
Poi:; 1fo rriue hci de ser
Por mcu fill10 mui10 amaJo,
Nunca com3rei pra.zer,
Scnio tristeza, e cuidado?
lmpetndor.
l'\'lo fofi'lis :antos exiremos 1
Poit diteis que rem dcsculpa,
Que an1es que senten~A demot,
Primeiro lOJos varemos
Se tem culpil., ou náo tem ClllP"·
Mosttal maior ,of1:imer110,
Que o e.aso he desa¡1rado,
E iJe-vos a vosso ~prucnro,
Que <lle nlo ·será culrado.
.t/911i u vai 11 imprMtriz, ~ vcm
a Mii r a EspoM de Vt1l-
1 Cum c:uichdo mui penoso?
dívinos, e diz ti Mlii:
Oh cor.:i~fo hwima,lo !
Mais triste cp1e :i noi1c C>cura,
Oh doloroSSt trisrura !
Cuidado de1csperaJo !
J
E forn\r.oFa ,·cntnr:l !
Oh V'iJa dt1. mmha "ida,
A lm:i Liesre .corpo mqi1 !
Oh Ce-sdi1osa J'i?rdida !
Oh sem vtnwra r:ascid a !
.A m.t1is 91:e nunca n:uceo.
O'\ fiH10 m~n m11iro :-i.mado,
]\~inha doce comrflnhia 1
J\-leu pr.aitr, minha "!cgria,
1'linha mHeza, e ~uid~!do,
M:nha ~ahoro5a lembrar.t;a 1
Que farei eu stni voio v~r,
}'dhn J~ mi"h:t af("gril.:
Oh 11icu desrnnr;o, e pr~zcr,
POl"~11e me ~eix;iis "i\·e~
V ida com 1t1.nrn ag.:mi:' ·
Ado:1de vos :!d'l:trei,
Conso.to de mcu .rt'z ar ,
Onde vos irci hmcar 1
Poi~ gue p{'rdido vos hei 1
Par;,, jJ rnai., voJ cobrar l
FUho d~srn afma m~!i'l,Uinh3,
Oos melis olhos daridade,
O :ide estais Minha m~sinha ~
Oh frlho . de minha saur.lad~,
1'·1eu pazer, e vida minha?
Diz a tsposa, por 11ome Jibi/11:
Q11e he Je tJo?, rneu cor::.5fo 1
Quq he de minh.1 JibC"rJadi:,
füpdho da Christandadc,
Qufm VO! ma1ou eC'm razáo
Co_rp tfo grande crneldade ~
t.¿uem \'OS apartou de mim,
Meu gued~o, e meo esroso 1
Oh rTl'JU rrazet sauJoso'
l'orguc 0 1c deix;ai5 assim
Oh niinha tri~ie s~u·!·ade,
Oh meu e~poso, e .Senhor 1
45
fvlioha alcgri:i., e vonr.:de,
Em1do d;i, Christ:indade,
Dos 1riHes consQl:idor.
Que ÍHei tri He coit:id:t,
?\:a1s c¡•1C nenhoma n:'ist:idJ,
1'.l iser::ivcl :mJ;11Hi:iJ.1,
}J;i r:i <¡1Je ~uera ter vida 1
Pois minha a!m;i. he ap;o;rradJ,
U '1 for rnn.'l. v~ri:ivel,
Triste, 1,:rnd, C':\l:ldorn,
l Je rraine' rnuba1lor:1,
l ni mi:;a rnduravel'
Mat>i-mc se qun agnr:i,
Di-;. Iiermili1111a l!O Imptr11dor:
1-ltrmilitmtt.
Se \'O~s..1. gráo M;1gcst:i.de
Nio Jer c:i ~ 1i;:,o dir~uo
A 'J'•ltlTI 1an10 mal h<\ (cito 1
Nem rnstennu a verJade,
..
N~p seM ]ut.:z perf~ico.
Nio olhe \'ossa gundeza
Sua J\.bJre dolorou 1
N<m sna tan1a triscez~ t
M~ olhe 1ái:> grio Princez ;i.
Como cs1:i SU:\ espo!n.
lmprrAdor.
Faz-me tanto entristecer
F.ste 1áo gráo vituperi o ,
Que m;1is q11izera prrder
]un1amcrnte mell Imperio ,
Que rn.J meu filho four.
Mas se tal verdJtle he
Como j~ so11 informado ,
Que 1al c;ur igo lhc d~ 1
Que scja bem castigado.
Sibí/11.
Se ja justip gu :1 rJ;1.cf:i
A esr;i. orri sem m;i.rido,
Viuva di:samp:ir:l ,b 1
Táo triste, e dt".ocon;ol<1.J.:t
T\laiJ que q1'untas re.n 11:.sc¡Jo.
Olh.li, Senhor 1 tia gr:tnde mal,
Como vosso filh:> ha íeiro 1
E nio c¡ueirais ler re ;pd:o
Ao ::imor paterii::il,
Pois qui: náo he por Jireito,
lmptrmlor.
Sc11hora , nio d·1\'i Jei1
Qu'! eu farei o tlJ~ n~i
Se he vcd:.Je o yur di zci~ ,
Porque i.:ump;~ o 01e :1 r :.t;i.d.)
De fazer o q:ie q 1 ~rd1 :
Que rr<lis que ro 1 ~ 1· co.11ir,r1
Fama de ri.~oriJ~ le 1
Q ue dcixar de dn ca:.t i ~.J
A qucrn C.::OTI:'iletrcu tt1l n ~ . t\,'.,l :1.•.
PR~;i. 11ue he ser catJJd/1 1
O.:: t:into pi.)·,·o, e tao ¡_;r:11l ~,,
( lf )
E Impera::lor chama do,
Senáo julg;uut mcu filho
COl"'lo <]U:l.lqutr cstrngaJo ?
Nfo cuidem Duqccs 1 nem Rei'
Que p'1r meu herJei'ro ser ,
Que por i1so h3de viver;
Q.1JC agnelle, q•1e fa;z 39 Leis,
He ohrigado a manter.
Assim que por bem querer,
Amizade, nem resreito
Como ;i.gora s6 em fo:zer,
Náo hci di! negar direito,
A qu:m direico tiver.
E bem vos podeis torn :i r 1
F~zei CC'rr !i> o ()tJe dissestes,
E nio tomeis tal p~z a r,
P orgue o bem 1 qu~ j) p!'rJestcs ,
Nio o co!.ir:lis· com chorar.
Htrmilind .1.
,Senhor, nOs ou1roi nos po.nos
Em nü os J:i. voo;9a gr.1"\deza,
Olh:ii b:m) Senh or 1 l]UClll Sil mus 1
E Je qu~ finh:i¡:,e m somos,
Pois 0 ;.!0i no1 ;leo 1al no~frez ~ .
Sibil1i.
Q ;·h;1i OS servi~M c!ignoS,
<iJ.: t:1nto tempo vos h."'t
!\l e11 e;r:n., ValJivinos;
T.1 nbr!•n ~c11 d0 i'\hrq•1ez,
E ca.110 fo1i:i Lond•:rnos.
Aq·1i'se v.1i l1cr111ilin.l1t, e Sibi-
l.~, e vi A l?ci11:1UoI
jur;\ lt.1 ' f"lll
1:1,• lfM1drií 1 tt bum
m :i :(Id.?,
p:!gc 11~ D. C1rloto ,
t
Rá11t1lrfos rl1• ¡Vfo11t1llv.10 :
O summa Hci cloi Scnhores,
(; IC rl!OfíC\J C:rnciflcado
l ·.~, poJe r dos h Hiseos,
A.:rres':e!1 te vosrn C$t:ldo ,
F VIJ:i !irre de traidores.
( 16 )
linptrador.
Mui v:tlente 1 e esfor~ado
H:cin.11 dos de Montalvio,
Vós \ejais t:.mbem rhegado,
1
Como a sombra no vcr~o.
l'Huito estou maravilh:i.do,
lnvcncivcl, e mui fone,
De v~r-Tos assim :i.rmado,
Sabendo que em minha Cotte
Nunca foste• maltratado.
Rei11aldo1.
Senhor, náp sej:t esp.rn1~ Jo
De ver-me assim d .ei t:t sortc ,
Porque com iodo o ceidado
GRl'laláo vosso cun!udo
.SC"nirte me pnJCuta a marte.
Bem s;i!,eis qne scm razio
<;;om von1ade mui m:ilig.n..i
Fez: m:?IH mm r,rio u .1 i~io
J\ Tir~n rs , e F.rc:cinl ,
E ~ o feito .S.:il iáo:
E R mim já t¡uii m :.t11 r
Muii;i,s vezes com rralJ;iJ~,
E p!!ra m:1i~ me d&mna 1
Ft:z a sua M.1gcs1ade
Mil vezes me desterrnr.
O grande m.a! gue me gt1cr
De todo o mundo he s~Uido,
E por is~o guiz 1razer
Arrr.as par;i.. offcnJer,
A nres ~¡ue ser ofT-:n dido.
Mu Jei.xando isro :tssi m
Gua rda do p.:ir:t ~cu flJ¡;ar,
htt- 011Je se h·-' d-! vi ngar ,
Vos r¡uero 1 ~.:nhor • cont.H,
dit. Notorio n 1od(l Chrisláo
He o rezar l as1i~cin'
Do J\t ,·..,quez Cio1z Ori?,tiro,
Que 1cm C.OQ1 jmt:l rai áo
l'di 1111one dQ ;rt:rJciN.
Nesrn Robh.:: Corre e~ti.•>
Mui ru mui noLtc~ •;erhorc:S ,
Que .abtn1 que D. D<hrlo,
E • nobre Duque · AmSo
Jioráo seus Embaixadores:
T:lm be m cue he sabedor
O.u rcsposrns, que !he désteJ;
f. m ais J e como prendestei
Voiso F.lho sucGessor.
Da c¡ual esd mui contente
O ete llo pmw em prizáo,
E 1em muito gra~de razíp 1
Porque na can~ presente
Con fess:'r. toda a trahJáQ,
A qual fet da sua máo,
E. hum pagem a leyava
Par;¡ o Conde D. Roidáo,
Que n:t CidaJc Lle Da.wa
Faz a s11l h.1bira11io.
f. como nfo h<t fahi :! 1
Q11C se poss:1 esconde r ,
Ti nh'.\ o M:!rquez cspia,
l'uqur. lj~eri;i s;ibcr
0 '¡tic l >. 1h•IJio f,¡, i;i. 47
[·;!e p;i~om en,b1:11aJo,
S", m sus¡;~it;! 1 scm rcvcl
f-ii;1 rnui dc1e rm i1a¿o ,
OnJe lo~o foi 1omaJo,
E knJo :10 M:irquez.
l. cndo :i cílrt:l D. Gllarinos,
Nclla con1:>.va <1 tenr;io,
Por<¡11e o matara á t1ais;io.
le o ie, Senho r 1 a ve:r..::1Je ,
O LJ•~e \'OS man da dizer ,
!>e u que dit~º he fahiJJJe,
((ne ¡•o r iiN ;1, c¡uiz traZel' ,
A lt.«r:I a bonl conhi:cer 1
( (o:e he nte o seu s'1nal 1
( 'oi :t t1uem ÍC7. t~O t;ra nJC' miJ. 1
n~ro r.;er.::ce radecec
Marce juua corpor~I.
b•!prr,1,for.
Se t,...\ c....rr.l ciisser 1
'1
Nin ~e h:l d,C' mistcr mais rr o:tM,
Ncm ma1.:; ccncz:i fo z~r,
- ( 17)
SenSo 1ogo execu,ar
A pena que merecer.
E por unto scnl de1er,
Lea-se publicamcnic
.AntC cua nobre gente,
Pdrque todos ponfo 1'er
Vossa verdadc evidente,
C•rl• de D. Car/oto •D. RolJ•o.
Caudilho de gráo poder,
Capic!o da Chri1<an~ade ,
Esta vos quiz esuever,
Para vos fazcr saber
M in ha grio nec:enidade.
Porque o verdadeico ;imigo
liJa de rtr no coras:io,
Auim como fiel JrmiC),
E nio ha de <emer petigo ,
.Por :;afvar quem <cm razáo.
Porqut!" sabcrcis, Senhor ,
Que me sinio mui culr.tdo,
Com qucm foi miltaJor,
E temo ser condemnado
De m1u Padre lmpe rador.
PoTsu c~~f~s:l~uee J:~l~~~~
A Valdivinos matei :
A mor me fez com que errci 1
E o primor Jcr sua t'Sposa.
O lmpe1:rdor meu I>;iJre
~ie mandt•u pre'Zo J?,ua1dar 1
E nunc:1: 9uiz lll[CnJer
Os rogos Je minh:i. l\.hdre,
A ning•1em cpier escma: r ;
F. o M:uguez 1em jma.Jo
De nio l'C'illr, ncrn c:i!pr 1
Ncm cnm.r cm l'IQVO:i...!o 1
Aié me ''Cf justipr.
T c:"ndo por :i.ccosadnrcs
Reina.Idos de Moni;,lvio,
~ uu Padre Duque A mio f
h muiros grandi=s Senl1orei.
O griQ Duque de M 1li•J
Com o fo,te Montesinhut,
Que he prirno de Vtldivinos,
Assim que todos me 1ío
Accusadores continuos.
P~1 tanto conua mim do,
Eu vo1 rogo como amigo
Que vós queirais ser c~migo,
Porque tendo f?. Rol.Jio,.
Ni.o temo nenhum pcriga.
Imprrador.
Antes que algum 11»1 ctelfª;
Fas-amos o que devemc>s,
l'oit o sinal conhccemm ,
E pois vemos que confcssa 1
De n1air prova nio curemos 1
Nem vós fa~ais mah deten5a;
E pois já tendu licenf;i,,
PoJcis dizcr :11.> M;ir9uei ,
Qlle ·venha ou ... ir a 1cmenp •
lr·sf.ba D. Rtin~ldos , r vm
lmptitrtriz vr1tida tlt dri, •
diz o lmperador:
Sen hora, j~ ñio dirio,
Que foi eu mal informíldo ,
Nem 9ue o- prendo sem razácr,
Pois por su::t confissáo,
Vo~so tilho he condrmnaJo.
\'Cd-e-s a carl;\. presente,
Q11e fo¡ feira J..1 sua máo,
P.ua o Conde D. RolJáo,
A '-Jll:'li mui lar~a:nc:n1e
Dcd;"Jr;i toJa. a tr;i.i~io.
lmprrturiz~
Ern mui10 me m:u1vilho
f >o q•1e , Scnhor, m~ ha con1 ~Jo··
f.l.ls pois elle ii;l confes ~:tdo ,
Mc lhur he moner o filho ,
Que Jesh~rir.u o estado.
.M:ii ;i JOr do cor:l~áo
St:rnprc m:: ha Jo fic:1 r,
Pc~0tU1Q ceinaffeifi•,
Que lhe bu1qu0$ ~lvafáo,¡
l:. t¡ue o qu11ifa. ~urnr~
lit1p1'4áor.
Melhor he que o sxi;:euor
Pade~a moue· ~ene id.a ,
Qdle fic.u o Pai 1rnidor,
Que ser.l rncar hoHor
Pela cfcshonia nnscída :
TambotQ eu-paJG~P~ d.qr,
Tambero eu _sint9 paix..áo ..,
Tambcm, cu· !h~ _q:;riho amo1:
l\las :tntes quaro,,razio
Que amiza,de ,_nem. fav,or.
lmprr,,tri~
Pois que náo pódq . etoa.P,~f ' ·
P'..u nio consinro, nl!m qucro ,
4
Que vi'l~ o hitj~is dt: jul~.u · 1
Porr¡ue \'l)S roJem ch:t-;"i)/f '
Muiw maa, p1t1ar ';!Ue Ncro.
lmpe<ado¡.
Néo yivais. emrtal. en~~no,
Qu<J tJmbtm f 1ráo cau : Ji~has
1 lmprrttdor.
O grfo Troguato, o Tr:1pnQ,
E quizerfo e.ora ~ri\o 1 damno
Am~os justi)M se•JJ jilhos.
l'ois que menos Luei eu
Tcndo 1fo granJe csr:o.do,
Qucm hs com razio culradEi
hm mai".lr caso lJUe scu.
E por 1.;intv e 1.1 \ ' OS rn~o
Que r.áo tome is 1;1 ! pcz ;-.r,
Porque com vos er.joar
Dá·t>e gráo tris,CZ;\ ;¡o povo.
lo1 pcuitri-r..
Eo cumprir,ci 1eu ll\;\n•fadcr,
Por\}llt rejo ~lit: he n1:z.áo,
e in
"M.at sempre meµ cor.a~~?­
'f erá tristeza. , a: cuiJado ,
E v:rnde nibula);áO~
A1rli u vqi 4 .. Jmptratrfa·, t v:m
o M ar1Nez . dt Mamua vrsti·
d> dt do; diz o Marqurz:
tlcm parece , aho Serihor ,
QQe vos fez Deos sem se~ondo ,
E J~ rodos SUf(riqr 1
Ot1s mniürC$.fq 1 mC::lhor
Ri.:i, e Mm~arc;~. Jo mundo,
Porque vós , Senhor , .!;ois tal ,
Que LOm r..Jzáo, o verdade
S11neritnis ~ Chris1...anJaJc
Em j1H.Ci)a - univ<"md ,
A qua! p:tra salvai,.:áo
\' os he mui10 nC'Ct!S ~:u1a,
;'10 ch ..m,48
P N<¡ue convem
( ¿ue use tn.,is ,¡;! t<1Zfo ,.,
t¿ul' Ja ;illcit;:in vo!un1:.-1ii. 49
Como f!1z. voss<' ~r:\n\lez.s
C:: om scu íilho successor,
Assim que digo., .Sc:nL-or, 1
Que eslima maj¡ :i nobreza.
Q_uc 1n1izaJe, nem fav!r,
t\~o
curemos JI! falJ;::r
Em c011sa 1áo conhecid..•,
<]Ue 11eH;i bre1·c ._.¡¿~
1'111
J-J;tvc r.-.m di! proCLHM
J• clA e: ~rn:i e c.umrr iJ;,i,
l':.i r1 sentir gr~o pezar.
1
V/is 1c11Ju r.nfo. infiniu ,
[ t ~mbc m di! me ving:u,
Pnis fo¡ jus1:i vo!a vinJa.
Jl~m vi nini. \ 'OSS:\ emht1.Í>;;ad.a r
A c.i.•·sa 1felb propott:\
Foi de 111.ís mui bem olhada,
F. nio mcuo~ foi mantiula
!vf11 1 c11 .wcrciv..:I tC\FL'H,l;
Li, vimos \'OH" tcn~J.o,
-
~ !Oubemes V&SSO VOIO J lniptMtlor.
E vemos tc:nde~ ruío,
Pel:i grande informtfá l
De Principe O. C11rlo10.
E vimos ;i. confits~o
E>e Dom Carloi o t:imbem
f.. roubemot a trai~áo
Como na caria contc¡,m,
Que mand:i.v.1 :.. D. l\gJdáo
De tuda ccr1ificado.
Eu condemno a Dom C:uloto
T uda o qtJe u:nho nundnJo,
rou /mm p11grrn d" Imrrrntriz,
diundo:
A Jmper;'lniz, Senhor,
F.s t:\ táo amom:ciJ.1 ,
De gra nd~ patxfo, C' dar,
Q1ie ni.o 1em ptllso 1 hem e.S r,
Ncm nenhum sinal dt: vid:i.
~'enhum remedio lhe yem ,
Senfo nella pidece-r,
Sem lhe po . !ermos va!u,
F. segttndo ndl~ crcrmos ,
Mui pouco ha de viv cr.
LISI30J\,
N A 1" r • F s s ~ o
( ,, )
F.u muito rr.e mM:iv'ilho.
De su:\ granrle descrip~áo,
l\1~istinto Su:\ paixáo,
1 Que a mane de men füho:
Nfo re quera mais dizer 1
QLJcro·a ir conrnlar ,
Poit tanto lhe foz miuer,
Nfo sei po111ue he: enoj;ir,
Por jusii~:\ í:izer.
Ar¡ui Jf vni o lmptuiJor 1 t vir.~
Rti11a!dus tam o af.l(tJ'L 1 o qunl
l.rll t. n '"br\ll dt D. Cnr-
folg, e dix. Rtinnldos:
J.i :ignrl'!, ~enhor M:uqu~z,
Vos podeis d1:~mar vingJdo,
Porque JSS~s he c:ucigado
O qlle rnnto ma·l vos fez ,
JlPis <)llC morreo JegolaJo.
I•:t zei ror \'OS ;1!c:~rar,
D.:ii gr;i~::\I ''º Redemptor,
P,lis ;i.mni \'C'IS 9ui7. vingar,
.\rm l'l rnhom Je nf•s pu1gar
E com m.:iis \'QSSQ vak1r.
R " G 1 A, 1\ nn~ x SltQ.
c~1n litnJ f .1,
Agradecimentos
Este CD é ele próprio um dos frutos de urna longa viagem iniciada em 1990 e que ainda
nao terminou . Durante todos estes anos muitas foram as pessoas que tiveram a gentileza
e a paciencia de partilhar conhecimentos e opiniaes acerca do Tchiloli; a todas elas é
devido um agradecimento. Aos autores deste CD: todos os que fazem Tchiloli, nao só no
presente, mas também a todos os que no passado pisaram o terreira e que hoje conti-
nuam a visitar-nos em cada apresentai;ao. De entre estes, um abrigada muito especial aos
músicos, com que se viveram momentos inesquecíveis. Ao Professor Dieter Christensen, que
desde o início orienta o rumo desta viagem. A Junta Nacional de lnvestigai;ao Científico
e Tecnológica pela atribuii;ao de urna Bolsa de Doutoramento que possibilitou a investi-
gai;ao sobre o Tchiloli. Ao Sr. José Moi;as pela extraordinária disponibilidade e pela com-
preensao de que a música nao é só o som. Finalmente, ao Francisco companheiro inse-
parável em todas os viagens.
51
1
Acknowledgments
This CD is the result of a long journey started in 1990 and that has not yet reached the
end. During all these years many people were kind enough to share their knowledge and
opinions about Tchi/oli. To all of them a sincere thanks is due. To the authors of the CD, all
of those who do Tchi/oli, not only today, but also to those who hove stepped on the court-
yard and still come lo visit al all performances. Among them, a very special thanks to the
musicians, with whom unforgettable moments were shared. To Professor Dieter Christensen,
who has led the way from the beginning. To Junta Nacional de lnvestigai;ao Científica e
Tecnológica for the Doctoral Fellowship which made possible the research on Tchi/oli. To
Mr. José Moi;as for his extroordi nary ovailability and underslanding that music is more
then sound. Finally, to Francisco invaluable fellow traveler in all the lile journeys.
-
Bibliografia/Bybliography

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Concep~Co gráfico/grophics design: Carlos Nogueira©
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tro para a lgualdade de Oportunidades em Educar,:oo, 4: 22-24. Fotogrofias/photogrophs: Rosa Clara Neves
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6/7: 70-77. Coordeno~1io executivo/executive coordinotor: José Moi;as
SILVA, Helder Lains e, 1958, Sao Tomé e Príncipe e a Cultura do Calé, Lisboa, Ministério do Ultra- Edi,éio/edition - TRADISOM • Apartado 69 • 4730 Víla Verde • Portugal • http://www.tradisom.com •
mar, Junta de lnvestiga~ao do Ultramar. tradisam@mail.telepac.pt
THOMPSON, Vincent Bakpetu, 1987, The Making of the African Diaspora in the Americas 1441-1900,
New York, Longman a viagem dos sons é uma co·produ~áo / the journey of sounds is a co·production
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nationale de /'/maginaire, 14: 32-56.
-
NOTA DO EDITOR

a viagem dos sons é um trabalho apaixonado, compartilhado por urna grande equipa. Todos
se envolveram com empenho e profissionalismo, cientes da importancia das grava~oes que agora
se revelam.
Sem a enorme disponibilidade institucional da Comissiio Nacional para as Comemora~oes dos
Descobrimentos Portugueses, na pessoa do Professor Doutor António Manuel Hespanha e da
Professora Doutora Rosa Maria Perez, bem como de toda a equipa que ali trabalha, da Dr.º Simo-
netta Luz Alonso, Comissária Geral do Pavilhoo de Portugal da EXP0'98, de todos os investiga-
dores envolvidos, da inesgotável paciencia e técnica para tratar velhas grava~oes do meu amigo
José Gabriel da Rádio Nova - que amavelmente nos cedeu longas horas de estúdio ... -, da arte
do Carlos Nogueira, da dedica~éio, orienta~éio, rigor e amizade da Dr.º Susana Sardo - a quem
devo o arranque de todo o projecto -, e da solidariedade da minha querida mulher e filhos, de
quem me privei tempo demasiado nestes dais últimos anos ... esta «viagem» nao existiria. Com o
desejo de que a viagem continue ...
JOSÉ Moc;.As

Esta série de 12 discos mereceu oinda apoios das seguintes institui~6es:

Comisséío Territorial de Macau para as Comemora5éíes dos Descobrimentos Portugueses

Funda5éío Calouste Gulbenkian
Funda5éío Oriente
Instituto Portugues das Artes e do Espectáculo
Instituto Portugues do Oriente
Rádio Nova
Secretaria de Estado da Cultura