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Índice:
Introdução .......3
Conclusões .......37
Bibliografia .......39
Anexos .......40
Introdução:
“A Popular Music é a chamada banda sonora das nossas vidas: podemos ouvi-
la na televisão, nas rádios, nos nossos leitores de CD pessoais, nos nossos
computadores”1 (Wall 2003,1).
Tim Wall no seu livro Studying Popular Music Culture, propõe uma distinção
importante na Popular Music: Mainstream Music e Underground Music, ou música
marginalizada. A Mainstream Music engloba os nomes de sucesso, de referência, de
valor para os Media e o mercado. São os grupos que marcam os top’s de vendas e
que fazem mexer o mercado discográfico. A Underground Music é o oposto. Inclui-se
neste grupo as bandas e músicos que (ainda) não são conhecidos ou que não trazem
influência à indústria discográfica, e que muitos consideram amadoras, tanto pelo
número reduzido de trabalhos editados, ou mesmo a ausência desses, ou
simplesmente por não cativarem o público, pois também não chegam a ele. Contudo,
esta vertente Underground não quer dizer que seja menos criativa ou que tenha
menos qualidade, como explica Tim Wall, apenas não tem tanto acesso à visibilidade
do público consumista que é alimentada a indústria musical e pelo marketing de
vendas.
“Dave Hacker registou que os discos mais vendidos nos finais dos anos 60 –
período denominado como o período clássico do rock – foram bandas sonoras de
filmes e teatro, como “The Sound of Music” (Hacker 1992). Nos anos 60, as músicas
Quando ainda não sabia que tema escolher, já tinha uma ideia de que tipo de
trabalho gostava de fazer. Os meus objectivos passavam por estudar a música
enquanto factor social, e como desenvolvimento cultural de um grupo de indivíduos.
E após ver um dos episódio do programa KM0 surgiram-me algumas questões:
“Porque razão, bandas com tanta qualidade, para mim, não tinham mais sucesso?” e
“Porque é que estas bandas não estavam no circuito da indústria musical e
discográfica de Portugal?”. Quando me foi pedido para escolher o tema e definir uma
problemática, escolhi analisar o impacto que a televisão tem na Popular Music,
através da analise do programa, apresentado por J.P. Simões, Quilómetro Zero.
4
Listas de melhores bandas, listas de vendas de discos, top’s de preferências.
5
J.P. Simões – Músico nascido em Coimbra, nota biografica em Anexo VI
6
Blog do programa KM0, endereço: http://bus-kmzero.blogspot.com/
Para os The Guys From the Caravan, a cultura está longe de ser uma
prioridade no nosso país. Vale sobretudo o bom ambiente que se vive entre
músicos: “Temos tido oportunidade de partilhar palco com algumas das novas
bandas, que têm um papel preponderante no “refresh” da música feita em Portugal”
– Outubro é a data prevista para lançamento do álbum desta banda de Coimbra.
www.myspace.com/theguysfromthecaravan
Num registo mais popular, os Man & Bellas assumem “uma viagem recreativa
e festiva às raízes culturais tradicionais (medievais, intercélticas e também à música
de dança europeia)”, utilizando sanfonas do séc. XVII, construídas por Fernando
Meireles, músico mentor do projecto.
www.myspace.com/manbellas
O que define os Smix Smox Smux “passa muito também pelas letras, onde a
ironia e a inocência se combinam numa forma especial de escrever que
provavelmente é a principal responsável pela forma como as pessoas nos ouvem e
que normalmente as leva a cair em dois opostos: ou gostam muito ou não gostam
mesmo nada; o que nós gostamos bastante, o que importa é não deixar ninguém
indiferente.” Elementos:
Para o Monstro Mau “fazer música em Portugal nunca foi tão simples e a
prova disso é a quantidade de bandas que aparecem. O problema está no resto. Não
há circuitos estabelecidos, não há organização, não há produtores de espectáculos
para pequenas e médias salas. E sobretudo não há hábitos de consumo de
espectáculos, nem de discos. Isso faz com que seja complicado sobreviver da música
e torna reduzida a vida útil de uma banda.” Para 2009 o Monstro Mau está já fechado
nos seus laboratórios a preparar mais um disco. Elementos:
Alex - voz
Budda - guitarra
Nico - bateria
Tó Barbot - baixo
http://www.myspace.com/monstromau
http://www.myspace.com/lalalaressonance
Nikouala é um duo que opera em conjunto desde 2005 e que trabalha com
áreas tão específicas como o teatro ou o cinema estando agora a desenvolver uma
maior experimentação com a performance ao vivo e com as artes plásticas. Segundo
os músicos "o projecto Nikouala destina-se à composição de temas e ao trabalho de
sonoplastia inerentes à criação de bandas-sonoras originais”.
7
Centa – Centro de Estudos de Novas Tendências Artísticas
crioulo com o MC da Cova da Moura – Kromo Di Ghetto, sentir o rock pesado dos
Zieben e dançar ao som do ska de inspiração balcânica dos Kumpania Algazarra.
www.myspace.com/carlospeninha
8
ACERT – www.acert.pt - Associação Cultural e Recreativa de Tondela
http://www.myspace.com/fadomorse
http://www.fadomorse.net/
www.myspace.com/montecalvo146
www.myspace.com/wastedisposalmachine
PZ é Paulo Pimenta: “este projecto tem um cunho muito pessoal e tem como
expoente máximo o próprio disco: as músicas, a capa, as fotografias inseridas no
booklet, o design, foi tudo feito por mim como uma gravação integral da minha vida,
dos meus medos, das personagens que habitam na minha cabeça, do meu dia-a-dia,
das minhas rotinas quebradas por flashbacks e flash-forwards, um auto-retrato
musical se quiserem”. Web designer de profissão PZ pretende “acabar e compilar as
novas músicas que tenho feito” e desenvolver projectos paralelos como a Zany
Dislexic Band e os Lazy Burns. A sua produção musical passa por desenvolver o que
lhe vai na cabeça no momento, qualquer que seja o lugar. “O meu projecto não seria
possível de desenvolver há 20 anos atrás por exemplo. Os temas vão mudando, as
ideias transformam-se ao logo do tempo à medida que vamos sendo influenciados
por nova metamorfoses musicais. Mas o sentimento que nos leva a fazer música é o
mesmo de sempre. A comunicação transcendental entre seres humanos, ou algo do
género”. “Sofá Efervescente” já está no meu IPod há uns mesitos”.
“A vontade de fazer algo de original surgiu, tendo como base ideias musicais
que acumulavam pó nas nossas mentes”. Foi em 2006, numas sessões de fado em
Miratejo que Miguel Baptista e Nuno Correia se conheceram e lançaram as bases
para o projecto Gueixa. Pelo meio, na estação fluvial de Belém conhecem Paulo
Oliveira, o terceiro elemento. Gueixa é um projecto onde existe um espaço de
criação e intercâmbio de ideias musicais, com incentivo a colaborações permanentes
ou temporárias. “Procuramos assim fugir à noção fechada de banda musical, e
procuramos aprender e trocar ideias com qualquer pessoa interessada”. De facto
podem ler no MySpace um post do tipo classificados que identifica essa busca
constante por novos músicos e instrumentos. Para a banda o desafio de produzir
aqui e agora é complicado porque “o ser humano já explorou muitos caminhos a
nível de experimentação entre instrumentos diferentes. No entanto, com o
desenvolvimento destes e acima de tudo com a tecnologia que existe, algumas coisas
estão mais facilitadas, se compararmos com tempos passados. Nos diálogos que
criamos entre instrumentos tentamos fazê-lo com sonoridades não demasiado
exploradas ou divulgadas. Por vezes experimentamos outras abordagens aos
instrumentos, na esperança que nasça algo que ainda não tenhamos ouvido”.
http://www.myspace.com/cacique97
www.myspace.com/munchenpt
O Alentejo é muito curioso no que toca à sua relação com a música: tem um
povo cantor, com um imenso património de música popular e de modos musicais, e
tomou por sua como nenhuma outra zona do país a música de Zeca Afonso e dos
cantores e compositores de intervenção dos anos 1960 e 1970.
Por outro lado, o constante abandono político da região desde que o tempo
dos latifundiários quase esclavagistas cessou não tem contribuído para o progresso
material e cultural que seria desejável. A água das barragens limitou-se a afundar
aldeias.
Resumindo, foi-nos difícil encontrar novas criações musicais nesta belíssima
região mas, teimosamente, conseguimos.
www.myspace.com/projectofuga
E foi com muito prazer que chegámos ao Baixo Alentejo para conhecer um
estúdio incrivelmente situado no alto de uma serra, com vista sobre um mar de
“Há 800 anos, a capital imperial do Algarve era nem mais nem menos do que
Bagdade: vivia-se já o fim da maior dinastia de califas do Islão, os Abássidas, mas esta
zona era ainda um importante centro mundial de cultura e ciência. Hoje, a palavra
progresso substituiu o progresso da palavra; o conceito de auto-estrada substituiu o
conceito de viagem; e o conceito de indígena substituiu o de cidadão.
Mas vale a pena ver o lado bom das coisas; hoje uma lagosta ou um D.
Rodrigo, quando bem avaliados, conseguem ter uma excelente aproveitamento, a
matemática.”
(J.P. Simões, texto de abertura do programa 11)
www.myspace.com/joaofradetrio
www.myspace.com/jazztaparta
www.myspace.com/nanookspace
www.myspace.com/theweathermanpt
www.myspace.com/mimicalkix
www.myspace.com/norbertolobo
www.myspace.com/mikadolab
Dados estatísticos
Gráfico 1
Número
de
bandas
por
Distrito
10
9
Nº
de
Bandas
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Distritos
nº
de
elementos
por
banda
9
3%
7
0%
8
1
6
8%
10%
2
15%
15%
5
10%
3
4
21%
18%
Gráfico II
Assim podemos concluir que, 10% das bandas têm 1 elemento, 15% têm 2,
21% possui 3 elementos, 18% tem 4 elementos, 10% das bandas são compostas por
5 elementos, com 6 elementos temos 15% das bandas, com 7 elementos não foi
seleccionada nenhuma banda, 8% das bandas têm 8 elementos, e 3% tem 9
elementos.
Deste gráfico, podemos generalizar, que os trios de rock (baixo, guitarra e
bateria) e os quartetos da pop (baixo, bateria, 2 guitarras ou uma guitarra e
instrumento solista) são os mais frequentes e os mais usados como formação das
bandas. Se formos analisar a música Internacional, neste aspecto, vamos encontrar
valores também muito aproximados. Se compararmos com o número de elementos
das bandas que influenciaram estas gerações, podemos ainda concluir que os
números se mantêm.
Outro parâmetro da ficha técnica de análise é o de influências. Neste campo
foram colocados todos os nomes de bandas, filmes, livros, compositores,
realizadores e escritores, que de certa forma influenciaram e inspiraram a criação
artística destas bandas. De uma lista com mais de 190 nomes (anexo III), escolhi os
40 mais referenciados (anexo IV), os nomes que tiveram maior destaque foram os
mais conhecidos da população em geral. Os Beatles são unanimemente a banda que
mais influenciou a geração destes novos criadores, 6 das 39 bandas entrevistadas
fizeram referencia a este grupo. Depois segue o nome dos Nirvana, com 5
referências. Miles Davis, Frank Zappa, John Coltrane e Carlos Paredes foram
nomeados por 4 bandas, o que não deixa de ser interessante, o nome de Carlos
Paredes aparecer num pódio tão famoso como é o destes dois grandes mestres do
Jazz. Em destaque surgem ainda, os Smashing Pumpkins, Sérgio Godinho, Primus, Mr
Bungles, José Afonse, Keith Jarrot, José Mário Branco, Jeff Buckley, Fausto, Jesus and
Mary Chane com o álbum Candy e Bahaus, todos eles com 3 referências.
GráficoIII
Bandas de InSluência
Weather
Report
Tom
Waits
The
Doors
The
Beatles
Smashing
Pumpkins
Sergio
Godinho
Revolver
Red
Hot
Chili
Peppers
Rage
Agaist
the
Machine
Radiohead
Primus
Pixies
Nirvana
Nick
Cave
Neil
Young
Mr
Bungles
Miles
Davis
InSluências
Maria
João
e
Mario
Laginha
Leonard
Cohen
Led
Zeppelin
Kraftwerk
Keith
Jarrett
José
Mario
Branco
José
Afonso
Jorge
Palma
John
Coltrane
Jesus
and
Marie
Chane
(Candy)
Jeff
Buckley
Hermeto
Pascoal
Frank
Zappa
Fausto
Deus
Dead
can
dance
David
Bowie
Closer
OST
Charles
Mingus
Carlos
Paredes
Bahaus
Antibalas
0
2
4
6
8
nºde
bandas
inSluênciadas
Todas as restantes bandas deste top 40, foram referidas por 2 das 39 bandas.
É interessante ver que nomes portugueses continuam a influenciar as nossas bandas.
Um pouco relacionado com as influências e com a quantidade de músicos,
está a escolha dos instrumentos. Através das fichas de análise é possível saber quais
os instrumentos mais usados e que intensidade tem a electrónica e os computadores
ocupam na música portuguesa.
Gráfico IV
Xilofone
Voz/Coros
Violoncelo
Violino
Trompete
Trombone
Sousafone
Sintetizador/teclados
Saxofone
Tenor
Saxofone
Soprano
Saxofone
Baritono
Saxofone
Alto
Sanfona
Samplers
Programação/computador
Piano
Percussão
Melódica
Latocello
Harmónica
Guitarra
Portuguesa
Guitarra
Electrica
Guitarra
Acustica
Flauta
Transversal
Flauta
de
Bisel
Contrabaixo
Cavaquinho
Bateria
electrica
Bateria
Banjo
Bandolim
Baixo
Electrico
Acordeão
A língua é outro item da ficha de análise (anexo II). Dum total de mais
de 100 temas musicais, foram cantados em diferentes línguas e idiomas:
- 22 temas em Inglês
Das fichas de análise foi possível retirar imensa informação mas que,
sem haver qualquer tipo de registo anterior ou estudo de uma temática
como esta, se torna em informação curiosa, pois não há possibilidades de
comparar valores ou comparar comportamentos. Contudo, sinto que é
importante a continuidade deste tipo de trabalhos, porque só assim
poderemos chegar a conclusões mais credíveis e menos subjectivas.
Entrevistas às bandas
A informação dos gráficos e da descrição de cada banda, forma informações
retiradas directamente do visionamento do programa. Para além desta recolha, foi
também realizada uma entrevista às bandas. Tal como a equipa do Quilometro Zero,
também eu próprio me rendi às evidências e capacidades de funcionalidade da
ferramenta MySpace9. Através do MySpace foi-me possível consultar informações
sobre as bandas, ouvir as suas músicas e comunicar com eles.
Foi enviado a cada banda um breve questionário. As questões foram as
seguintes:
9
http://www.myspace.com/index.cfm?fuseaction=misc.aboutus - Ideia desenvolvido
por Tom Anderson, e mais tarde tornado num site de rede social global, com
especial atenção para músicos e grupos musicais. Nesta página pode-se ler os
principios do site.
consciente de que existe mais música em Portugal que não apenas aquela que é feita
com o apoio da grande indústria discográfica e dos canais Mainstream da rádio e
televisão”. A selecção das bandas é novamente referida como sendo lúcida e
representativa dos vários modos e direcções de criação da música dita
independente.
aparecer tão cedo no telejornal das nove ou publicitada num festival “Super-Rock,
Super-Bock”, ou num “Rock in Rio”. São bandas novas que estão a começar e que
produzem música no mínimo interessante e que cresceram em Portugal.”
Referem ainda que só com a teimosia e insistência, se conseguem fazer ouvir,
e recorrer a edições de autor é um passo necessário para que possam ganhar algum
respeito e fundos para se manterem activos. De salientar também, que grande parte
destes grupos não vive profissionalmente da música, muitos por necessidade
financeira outros porque a música se tornaria um meio de obter sustento em vez de
um meio de expressividade.
10
Non-Mainstream: termo usado por Pedro Nunes na sua tese de douturamento sobre Popular
Music, o mesmo que não-Mainstream.
11
Blitz e Ípsilon são as mais credíveis.
12
http://a-trompa.net
Algumas conclusões que posso tirar daqui é que após o programa KM0,
houve um aumento do nome das bandas nesta lista do site A Trompa, e dos nomes
que já contavam da lista mesmo antes da participação no KM0, subiram de posição
após a sua exposição na televisão. Contudo, e como a televisão assim exige, é um
momento efémero, como podemos ver pela quantidade de nomes para 2009, apenas
3.
Da análise do número de concertos por banda, visíveis no MySpace, e de
notícias pelos jornais, revistas e sites, é possível ver alguma evolução em certas
bandas. Partindo do principio que as bandas tinham pouco sucesso antes do
programa KM0, é notável que algumas evoluíram, ou pelo menos expuseram-se mais,
ou simplesmente tiveram mais cobertura pelos media.
Fiz um apanhado de algumas notícias e reportagem feitas no período pós-
KM0, já que antes do programa não há registos, à excepção de algumas bandas como
os LaLaLa Ressonance, Stoaways, the Weatherman e Kumpanhia Algazarra, mesmo
assim estas bandas tiveram mais concertos e participaram em eventos mais
importantes.
As bandas com mais destaque nos media foram, por ordem cronológica, os
Peixe:Avião, que logo após terem surgido no programa da Rtp2, lançaram o álbum
40.02 com o tema “a espera e um arame” tema esse que teve o interesse da Antena3
que o manteve a tocar na sua Play-list durante alguns meses. Esta banda deteve ainda
o 1ºlugar no top 2008 da RUC13, o 2º lugar no top 2008 da Rádio Universitária do
Minho, e o 2º lugar no top 2008 do site A Trompa, a revista online Magnética
13
RUC – Rádio Universitária de Coimbra
Magazine14 publicou uma entrevista sobre a banda numa das suas edições. Na Blitz,
ouve alguns comentários e o nome apareceu numa edição, mas sem qualquer
importância.
Outros nomes que se destacaram foram os Dr. Estranho Amor. Com um
visual arrojado, conquistaram uma página do jornal Metro, edição de 9 de Junho de
2009.
14
Magnética Magazine - http://www.magneticamagazine.com/
Conclusões:
dirigem. Pelo géneros de concertos, podemos ver que muitas destas bandas
já actuaram em palcos das “Queimas das Fitas” ou outros eventos
universitários, define-se assim o público alvo, e como é do conhecimento
geral e com a crescente taxa de “pirataria” musical, este público não são os
consumidores assíduos das discográficas, nem são estes que alimentam os
cofres dos produtores e dos estudos de gravação. Com isto, quero dizer que,
não compensa monetariamente a nenhum produtor ou editora apostar
nestas bandas pois vende poucos discos. Surge assim mais uma questão, será
que a política de lucros das editoras não está um pouco ultrapassada?
No Brasil as editoras chamam-se “gravadoras”, o que permite a que
os discos sejam mais baratos para quem os manda fazer. Penso que o truque
passa, como dizem os Nikoula: “faltam ainda – e infelizmente – bons agentes,
promotores de eventos e programadores de espaços culturais tomarem essa
consciência e decidirem apostar mais seriamente em produções e músicos
nacionais”. É de louvar e reproduzir em outros municípios, teatros e salas de
espectáculo, eventos como promoveu o teatro Aveirense ao receber as
bandas Mikado Lab e Peixe:Avião, ou o trabalho desenvolvido pelo CENTA
ou pela ACERT, associações que desenvolvem e divulgam a cultura. Porque
cultura não é só música erudita, e porque já Nietzsche dizia: “a vida sem
Música seria um erro”, sinto que devemos nos preocupar mais com estas
outras correntes de Popular Music, que me Portugal está ainda a nascer.
15
Programas na íntegra: http://ww1.rtp.pt/wportal/sites/tv/kmzero/
Bibliografia
- NUNES, Pedro (2004), “Popular Music and the Public Sphere: the
Case of Portuguese Music Journalism”, Dissertação de
Doutoramento. Universidade de Stirling. Sem edição. Stirling.
- http://www.myspace.com/quilometrozero (MySpace)
Anexos
1- O início.
a) Porque é que foi criado este programa?
O Programa nasceu da vontade antiga do produtor José Luís Rei em fazer um programa on the road
sobre música portuguesa. Quilómetro Zero seria o mote para encontrar jovens músicos talentosos
em começo de carreira.
Os critérios foram sendo inventados à medida da pesquisa, até se chegar aos princípios básicos de
selecção: inexistência de contratos e de visibilidade comercial relevante; competência expressiva e, de
preferência, alguma originalidade. Depois, a pesquisa revelou o habitual desiquilíbrio entre Litoral e
Interior, grandes cidades e outras, forçando a dedicar mais programas a determinadas zonas do que a
outras, traçando assim um quadro assimétrico da quantidade e qualidade da criação musical em
Portugal. Por último, a escolha dos projectos pré-seleccionados foi feita pela produção do programa,
respeitando a soma dos gostos e tendências.
De Outubro de 2007 a Fevereiro de 2008, ouvimos 15 mil sites de música feita em Portugal. A
restante pesquisa foi feita através de rádios locais e de boca a boca. Nenhuma outra ferramenta de
pesquisa se mostrou tão abrangente e acessível quanto o MySpace.
c) Que interesse demonstrou a RTP neste programa e que directivas foram dadas em relação aos
grupos gravados?
A produtora BUS investiu na criação, estruturação e no programa piloto, aguardando alguns anos até
à primeira demonstração de receptividade por parte da RTP. Depois de estabelecido um acordo, a
equipa, na figura do seu produtor José Luís Rei, fez garantir à RTP que não existiria qualquer espécie
de ingerência do canal nas opções e directivas que a equipa viesse a tomar.
Todos querem ser ouvidos e, depois, cada um terá a sua ideia de sucesso para cumprir.
À partida, não escolhemos projectos que tivessem relações relevantes com a indústria e/ou com a
comunicação social: a nosso ver, seria tornar o programa redundante.
Nenhuma. Como em tudo, é preciso juntar ao talento e à perseverança, uma boa dose de sorte.
d) Há bandas que já tiveram êxito e continuam a crescer, acha que se prende com o facto de
terem participado no seu programa?
Naturalmente que a televisão dá alguma visibilidade, mas o interesse principal do programa foi o de
surpreender pessoas com o prazer que suscitaram através da sua música. Isso é motivante.
É uma visão turva. A indústria é comércio, coisa sobre a qual não tenho opinião especializada: música
é poesia, risco, relação com outras coisas que não a expectativa apenas do reconhecimento
quantitativo. Trabalho e amor: o público é a entidade mais secundária da arte e o mercado é anexo ao
suburbano.
Ter dinheiro.
c) O que será mais importante? Ser “reconhecido” (vender) ou criar música com liberdade e sem
olhar aos resultados, apenas pelo instinto de se fazer arte?
Depende do que é importante para quem faz música. O principal é ser múltiplo, livre e reconhecido:
o tempo, em geral, assiste a quem o assiste.
Gismonti 1 Kraftwerk 2
MotorHead 1 Revolver 2
Mr Bungles 3 Rian In 1
Nirvana 5 Royksoop 1
Pole 1 Suspicious 1
Prodigy 1 Take 6 1
Deus 2 Pixies 2
Fausto 3 Primus 3
Led Zeppelin 2
NANOOK
Oi Luís, mil desculpas por só agora responder, mas por vezes o tempo é muito
pouco!Desde já agradeço o convite e desejo o melhor para o teu trabalho!
Respondendo ao questionário:
Jazztaparta
nos conheceram através do programa. Da nossa parte o efeito do programa não foi
mais longe do que isto porque na mesma altura tivemos de deixar de tocar. Talvez
um pouco pelo "susto" de a música passar a ser uma coisa séria, alguns membro
decidiram largar o projecto para uma mais profunda aprendizagem da música outros
para se concentrarem nas profissões não musicais. No entanto ficamos com uma
noção do poder que a participação num programa destes pode ter, principalmente
se explorada esta oportunidade por parte dos projectos. Neste momento viu-se que
muitos dos projectos selecionados tinham tudo para arrancarem a sério precisando
apenas do empurrão mediatico. O método deste programa parece-me justo e de
bom gosto, mas a verdade é que os lançamentos gigantes fazem-se de outras formas
menos elegantes e injustas: padrinhos, novelas, publicidade, etc...
A continuação deste tipo de programas deverá então continuar, mesmo que não
chegando a toda a gente, pois pela nossa experiência, quem realmente se interessa
por música e novos projectos não os vai perder.
Abraço e bom trabalho!
Caro Luis, antes de mais muito obrigado pelo teu contacto, creio (quem está a
escrever é a Sónia) que o teu projecto de seminário é muito interessante e
pertinente.
Infelizmente não te podemos ajudar para a tua base de dados na medida em que o
projecto MadMan Underground terminou pouco tempo antes do programa ir para o
ar.
U-clic
Carlos Peninha
Olá
em primeiro lugar
o convidado era eu proprio
decidi mostrar um pouco do meutrabalho com os cantos da lingua da acert e um
tema meu com a cantora mariana abrunheiro.
ela fez um, casting e está nos madredeus
exemplos
xutos e pontapes
uhf
gnr
quase nunca sucesso é sinónimo de qualidade
LALALA RESSONANCE
Abraço, Boa sorte, espero ter sido útil este modesto contributo.
PZ
Mikado LAB
O km0 deu sem duvida oportunidade a todos os projectos que reuniu e é sempre
importante participar num acontecimento tão extenso e essencial que deu tanto a
informar, e para nós foi talvez a única maneira de aparecer na televisão! eu não vejo
televisão sou alérgico e não tenho tempo. mas fiz questão de seguir o programa.
O interesse foi geral e muito positivo e compensador para quem fez e participou.
Marco Franco,
Nikoala
Caro Luís,
meu trabalho também virá a ser reconhecido num futuro qualquer, mas, ao figurar
na única série documental televisiva das últimas décadas sobre nova música
portuguesa faz-me sentir um degrau acima na difícil escalada rumo à auto-realização.
Ao condensar uma pequena selecção da nova música portuguesa de uma forma séria,
inteligente e ao mesmo tempo descontraída, a equipa do KM0 abriu um precedente
que poderá inspirar a classe dos jornalistas a se reaproximar da arte, e em especial
da música, como fonte de notícias e reportagens, devolvendo a devida visibilidade a
quem se esforça todos os dias pelo enriquecimento da cultura popular. A verificar-se
essa continuidade, a população em geral irá perceber que no nosso pais continua a
existir uma efervescente actividade musical que labora à margem, fazendo mais gente
aproximar-se de uma imensa minoria que a aprecia e dela tira experiências ricas,
quer através da escuta e interacção directa na rede Myspace, quer através de
concertos pelo circuito nacional de pequenos concertos.
Biografia:
João Paulo Simões de seu nome, é conhecido por
J.P. (leia-se "JêPê"). Nasceu em Coimbra em
1970, mas ainda criança emigrou para o Brasil.
Regressou a Portugal e mudou-se para Lisboa,
onde se licenciou em Comunicação Social, tendo
encetado o retorno a Coimbra para participar na
fundação dos Belle Chase Hotel.
Belle Chase Hotel e Quinteto Tati têm sido os
habitats onde J.P. Simões tem concebido e
produzido muitas das composições com que se foi distinguindo como magnífico
escritor de canções e intérprete.
Em 2003 foi levado ao palco, através da encenação de João Paulo Costa e da
companhia do Teatro do Bolhão, a "Ópera do Falhado", projecto cujo texto saiu da
pena de JP Simões e a música foi composta a meias com Sérgio Costa, eterno
companheiro de lides, nos Belle Chase Hotel e no Quinteto Tati. O libreto da ópera
foi publicado pela editora "101 Noites", em 2004.
Em 2006, preparou um novo espectáculo intitulado de "Canções do jovem cão" e
anunciou o lançamento da sua carreira a solo.
Foi ante-estreado em 2006 o filme de animação Jantar em Lisboa, com desenhos e
realização de André Carrilho e textos e banda sonora de J.P. Simões. Foi ainda nesse
ano que estreou no cinema o filme "Pele", realizado por Fernando Vendrell, com
banda sonora de J.P. Simões.
Discografia:
1970 (2007)
Boato (2009)
Compilações
Tribute to Scott Walker (2005) - Rosemary
Uma Outra História (2005)
Colaborações:
Rodrigo Leão - Pásion (apenas em concertos)
Riciotti Ensemble Lusitano Tour (2002)
Wordsong (2002)
Couple Coffee (2005)
Cindy Kat (2006)
Grupos:
Pop dell'Arte
Belle Chase Hotel
Quinteto Tati - álbum e participação na compilação "3 Pistas"
Livros:
Próteses
O Vírus da Vida (2007)