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3. O PENSAMENTO COMPLEXO
O pensamento de ordem superior ou complexo, explica Lipman (ibid., p. 42), envolve mais um
componente: ao sustentar convicções, é preciso estar ciente, simultaneamente, das razões e dos
fundamentos sobre os quais elas se baseiam. Esse componente do pensar apresenta grande
complexidade, por conta das próprias suposições e implicações, das razões e provas que sustentam
as conclusões a que se chega ao pensar. Segundo o filósofo norte americano: O pensamento
complexo leva em consideração a sua própria metodologia, seus próprios procedimentos, sua
própria perspectiva e ponto de vista. O conhecimento complexo está preparado para reconhecer os
fatores que são responsáveis pelas tendências, preconceitos e auto-ilusões. Ele inclui pensar sobre
seus procedimentos ao mesmo tempo em que, pensa sobre seu tema principal. (LIPMAN, 1995a, p.
42) Na sociedade complexa e dinâmica de hoje o domínio de um pensar de ordem superior é
instrumento fundamental de realização de todas as pessoas. Daí a sua proposta de uma educação
para o pensar que contemple o seu desenvolvimento. Lipman praticamente só escreve propondo
caminhos para uma nova educação que ele, por vezes, denomina de reflexiva ou de paradigma
educacional reflexivo. Sua proposta decorre de uma ontologia, de uma axiologia e principalmente
de uma teoria do conhecimento, esta última mais bem explicitada em seus escritos.
Elizabeth Maia Bório que “Em razão do baixo nível de educação do povo brasileiro, da perda de
suas tradições e raízes culturais, da fraca capacidade de organização das classes subalternas para
defesa de seus interesses e da pequena participação na vida política do país, confirmamos, como
povo, a força do individualismo crescente na sociedade moderna. Esse individualismo dificulta uma
convivência em que possam reinar a igualdade, a justiça e a fraternidade.” Pode parecer que não,
mas refletir sobre atitudes do dia-a-dia é um dos caminhos para a conscientização, capaz de
proporcionar mudanças na prática que atualmente anda tão banalizada, inclusive no que se refere ao
tratamento em relação a uma outra pessoa humana. Em razão disto, nas aulas de filosofia ou mesmo
num trabalho interdisciplinar, utilizando-se do aspecto filosófico, o professor-educador poderá criar
condições para que o aluno reflita sobre suas próprias atitudes, de forma que possa confrontar a sua
ação com as normas da sociedade, bem como sobre a atitude das pessoas da sociedade (grupo) em
relação ao seu aspecto individual e o dos outros; aprendendo então, a lidar com seus direitos e
deveres juntamente com o grupo em que convive.