O crime hediondo é aquele considerado bárbaro, asqueroso ou
repugnante, merecendo maior reprovabilidade, segundo o legislador ordinário. O rol dos crimes hediondos é taxativo, sendo tal presente na Lei 8072/90.
A previsão constitucional dos crimes hediondos está no Art. 5º, XLIII da
Constituição Federal de 1988:
“a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá- los, se omitirem” (BRASIL, 2010, p.9).
Ao dispor sobre os crimes hediondos e equiparados na Lei
Fundamental de 1988, o legislador originário determinou que tais delitos tivessem um tratamento mais rigoroso que os demais.
Além do comando a ser seguido, a Carta Magna também determinou
que os crimes de terrorismo, tortura e tráfico de drogas recebessem igual tratamento rigoroso dado aos crimes hediondos. Assim, tais crimes foram considerados como equiparados ou assemelhados aos hediondos.
Os crimes hediondos são:
Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994); Latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994); Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994); Extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994); Estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994); Atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994); Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994); Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 20.8.1998); Crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2 º e 3 º da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994).
Existem crimes equiparados aos crimes hediondos, sendo eles o tráfico
ilícito de entorpecentes, tortura e o terrorismo.
Por fim, vale citar as leis que alteraram os dispositivos da Lei n.
8072/90. São elas: a Lei n. 8930/94, a Lei n. 9677/98 e a Lei n. 9695/98. A primeira deu nova redação ao art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5o, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. Ela promoveu alterações na Lei de Crimes Hediondos e foi encabeçada pela novelista Glória Perez, em movimento público de emenda popular (a primeira na história do Brasil) em virtude do assassinato a facadas de sua filha, a atriz Daniela Perez. Através disso, o homicídio qualificado tornou-se crime hediondo.
Já a Lei n. 9677/98 alterou dispositivos do Capítulo III do Título VIII
do Código Penal, incluindo na classificação dos delitos considerados hediondos crimes contra a saúde pública, e dá outras providências. E a Lei n. 9695/98 acrescenta incisos ao art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, e altera os arts. 2o, 5o e 10 da Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977, e dá outras providências. CRIME DE TORTURA (depois da Suellen):
O § 5º do Art. 1º da Lei de Tortura trata sobre que a condenação
acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Neste caso, ocorre de um caso de efeito automático da condenação pelo delito supracitado. Não se faz necessário que o magistrado declare em sentença, como ocorrem com os efeitos da condenação, previstos no Art. 92 do Código Penal.
Paulo Juricic afirma que
“(...) há exigência da manifestação expressa e motivada do magistrado na sentença, como se verifica no parágrafo único deste dispositivo. Assim, fica claro que, quando se trata de crime tão grave como a tortura, não se justifica a permanência do condenado no exercício do cargo, função ou emprego público. Perderá, ainda, o cargo aquele que se omitir em evitar a prática da tortura ou em apura- la, uma vez que o § 5º não o exclui do efeito da condenação” (JURICIC, 2003, p. 78).
Vale citar que decorrido o dobro do prazo da sanção imposta, o
condenado poderá assumir outro cargo, emprego ou função pública. Todavia, fica vedada a retornar a situação anterior, em virtude do parágrafo único do Art. 93 do Código Penal.
Já o § 6º versa que “o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
graça ou anistia” (BRASIL, 2010, p. ????). Por fim, o § 7º trata sobre o condenado por crime de tortura, salvo a hipótese do § 2º, começará o cumprimento da pena em regime fechado.
Este parágrafo revogou de forma expressa o § 1º do Art. 2º da Lei dos
Crimes Hediondos, no que se referia ao estabelecimento de regime integral para a prática da tortura. Portanto, há possibilidade da existência de progressividade de regime, pois o regime inicial referido é fechado. O autor Paulo Juricic entende que não se estende esse benefício aos crimes hediondos, tráfico ilícito de entorpecentes e afins e o terrorismo, em virtude de decisão do STF em relação ao habeas corpus HC 76371. O voto da Excelsa Corte confirmou que a progressão de regime da tortura não pode ser estendido aos crimes hediondos e equiparados.
Já o Art. 2º da referida lei dá margem para duas hipóteses. A primeira
hipótese é que se a vítima for brasileira, se aplica a legislação nacional. Já na segunda hipótese, quando for cometido o referido crime fora do território nacional, sejam o agente e a vítima brasileiros ou não, sendo necessário, todavia, que o agente se encontre em local sujeito à jurisdição brasileira.
O Art. 3º versa sobre o início da vigência da Lei, sendo esta a partir da
data da sua publicação. Por fim, o Art. 4º trata sobre a revogação do Art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Esse artigo revogou o Art. 233 do Estatuto da Criança e Adolescente, pois o fato que até então era previsto neste artigo agora foi acoplado no Art. 1º, II ou § 1º da Lei 9455/97, logo, não ocorreu abolitio criminis. Em virtude dos princípios da irretroatividade da lei mais rigorosa e da ultratividade da lei mais benéfica, o condenado pelo delito praticado anteriormente à vigência da nova lei está sujeito à pena menor, previsto pela lei revogada ou pela lei da tortura, ficando a critério do magistrado.
BIBLIOGRAFIA:
Constituição (não sei qual vcs vão usar, é melhor adequar todas os inventar um número qualquer aí).
JURICIC, Paulo. Crime de tortura. 2ª ed. São Paulo: Editora Juarez de
SANTANA, Joana Valente. Banco Interamericano de Desenvolvimento e a política urbano no Município de Belém: tensões e compatibilidades no modelo de gestão de cidades e no discurso da participação social