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1
Luiz Gustavo Bizerra de Lima Morais
2
Daniel Almeida Bezerra
3
Hosana Vieira da Silva
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo uma análise da paisagem agrícola do município de
São João do Cariri, tendo como base os pressupostos do projeto Mandalla que é um
sistema sustentável de desenvolvimento humano e agrícola, que visa através de
medidas de baixo custo, criar mecanismos que possibilitem uma melhor integração
entre a família rural e o meio em que vivem. Foi realizada uma entrevista no local com
o intuito de se averiguar possíveis falhas na administração do espaço agrícola.
Averiguou-se a função do geógrafo, através do seu conhecimento global do espaço,
para uma melhor qualidade de vida para o homem do campo. O trabalho em conjunto
entre geógrafos, engenheiros e populares torna-se imprescindível na medida em que
as trocas de conhecimento mostram-se eficazes na resolução dos problemas que são
enfrentados pela comunidade rural; Para tanto se faz necessário o conhecimento da
paisagem geográfica, do comércio local, e de possíveis medidas políticas,
principalmente àquelas que tangem a “formar” um espírito de solidariedade entre
aqueles que compartilham dos mesmos problemas enfrentados no semi-árido. Há
dentro do contexto da administração da Mandalla um destaque especial para presença
da mulher, pois, é ela quem direcionará os rumos do beneficiamento dos produtos
agrícolas. No contexto sócio-espacial, o Projeto Mandalla propõe uma integração entre
as possíveis Mandalas em formação, pois estas, em conjunto, venceram com
solidariedade obstáculos. Dessa forma, o conhecimento produzido na universidade
concretiza-se em ação social na prática.
1
Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia na Universidade Estadual da Paraíba [UEPB]
2
Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia na Universidade Estadual da Paraíba [UEPB]
e Graduando do Curso Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba [UEPB].
daniel_sagacidade@hotmail.com
3
Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba
[UEPB].
Campina Grande, ISBN 978-85-61702-14-4, REALIZE Editora, 2009
X Encontro Regional de Estudos Geográficos – X EREG
Políticas de (Des)envolvimento da/ na REGIÃO NORDESTE: Uma leitura crítica geográfica
22 a 25 de julho de 2009
Introdução
do plano de ação. Este pode ser embasado por linhas de pesquisas anteriores, as
quais apontem para a sustentabilidade.
Esta assume papel preponderante enquanto entendida como instância
social, a qual terá sim que, a partir de parâmetros éticos ambientais, coordenarem
suas ações. A partir dessa consciência, o geógrafo estará habilitado “a assumir um
papel de ligação e a analisar as relações existentes entre os elementos do complexo
sobre o qual se pretende agir” (PHLIPPONNEAU, 1964, p. 214).
Contudo esta ação não se dá de forma isolada, pois, sem a presença de
técnicos, a ação, ou execução do plano/projeto fica comprometida; pois o geógrafo é
capaz de compreender a(s) necessidade(s) do Campo Rural, como por exemplo, um
açude ou irrigação, porém ele não possui e não é de seu viés a execução daquela(s).
Por conseguinte, Phlipponneau (1964, p. 222) nos diz que
Esta visão global é míope nas ciências exatas, ditas especializadas, tais
como as Engenharias; nelas, não se vê o fator humano sendo levado em conta no
contexto da problemática ambiental como se vê pelas Ciências Sociais nas quais a
geografia está inserida. Importa as primeiras apenas à produção em si, já à segunda,
cabe contextualizar a ação dos que trabalham na primeira perspectiva, pois
dinâmica que fortalece, qualifica e enaltece a agricultura familiar, pois, segundo Labad
e Rodrigues (2006, p.177)
São nestas referidas políticas que buscamos mostrar a importância desse projeto para
a região do Cariri Paraibano, especificamente São João do Cariri.
Esta evaporação intensa resulta em rápida perda de água por parte dos
reservatórios que possuem um espelho d’água muito extenso, isso contribui para um
fenômeno natural denominado salinização do solo. Dessa forma a construção de
açudes nesta área não é algo aconselhável, justificando assim, a construção de
pequenos reservatórios como as Mandalas de forma a visar à manutenção da água
durante todo o ano. Além destes fatores morfoclimáticos, nota-se na região de São
João do cariri uma intensa criação de caprinos ― estes, quando criados de forma
extensiva, pode sim danificar o solo para uma produção agrícola, devido a
compactação deste solo através das pegada dos animais; ou seja, através do
“pisoteamento’’.
A sustentabilidade em debate
onde há sete salários mínimos divididos para sete pessoas e mesmo assim, estão
todos trabalhando na horticultura.
Quando questionado sobre essa situação, ele atribui a falta de
trabalhadores a projetos sociais que estariam injetando dinheiro de forma fácil, sem
trabalho, nas mãos das pessoas. Mas ele supõe haver além deste, outros fatores, que
estariam contribuindo para a falta de mão–de-obra voltada para o trabalho no campo.
Há sim a falta de uma cultura voltada para o campo, onde se produza explorando
águas imersas ou subterrâneas através da irrigação, pois no Cariri a exploração do
solo, na maioria das vezes, está associada apenas ao período chuvoso, sendo raras
as irrigações ou ainda mais raro quando o assunto é Mandalla.
Tem que haver uma maior difusão deste projeto e maior orientação por
parte dos agentes incorporadores, sobre o uso desta ferramenta tão importante para a
sustentabilidade, ainda mais quando se trata de um projeto que envolve valores
humanos e ambientais como: cooperação e a eliminação do uso de agrotóxicos. E
envolve assuntos de interesse social como a oportunidade de emprego, pois ao invés
de se usar mão-de-obra da região para o plantio de hortaliças, tem-se que recorrer
para a mão-de-obra de outras regiões, desvirtuando em parte o projeto das suas
finalidades.
Não há na Mandalla do Sítio Santana nenhum projeto de apoio de cunho
cientifico, por tanto, pode ser comprovado com nitidez a necessidade de uma ajuda
como essa, pois os trabalhadores sentem dificuldades para trabalharem com o solo
que, com o passar do tempo, torna-se pobre, o que eles chamam de ‘’terreno chocho’’.
Há assim uma queda na produção oriunda da Mandalla em torno de 50%, segundo o
senhor Antônio, gestor da Mandalla e, uma descontinuidade altimétrica nas hortaliças,
o que é prejudicial à produção.
Quando perguntado sobre o que ele achava de trabalhar no sistema de
cooperativa, ele disse nunca ter se incorporado a uma, por ter presenciado algumas
tentativas que haviam dado errado, enquanto trabalhava no município de Lagoa Seca.
Seria parte fundamental para o fortalecimento da estrutura produtiva da
Mandalla a implantação de novas culturas. A estrutura tem que satisfazer todas as
necessidades básicas da família. A estrutura é de fundamental importância, como
afirma Triviños (1992, p.80): ‘’ A estrutura e própria de todos os fenômenos, coisas,
objetos e sistemas que existem na realidade [...] ela preserva a unidade que
peculiares a coisa através das conexões estáveis que se estabelecem entre os
diferentes elementos que a constituam’’
Por tudo isso que aqui foi abordado, compreendemos que é de suma
importância o papel do geógrafo, tanto na elaboração quanto na execução de projetos
que visem de alguma forma a melhor integração do homem do campo ao seu meio,
por conseguinte, ficou clara essa necessidade de um amparo técnico-científico por
parte do agricultor Antônio para que sua Mandalla apresente plenas condições de
eficiência e possibilite um melhor rendimento para a sua família.
Referências