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Revista Científica Periódica - Telecomunicações ISSN 1516-2338

A Técnica de Transmissão OFDM


Ernesto Leite Pinto e Claudio Penedo de Albuquerque

Instituto Militar de Engenharia - IME - Rio de Janeiro – RJ


Centro de Desenvolvimento de Sistemas - CDS - Brasília - DF

Resumo. É feita uma apresentação de um tutorial A técnica traz como vantagem trabalhar-se
da técnica de transmissão OFDM (Orthogonal com uma segunda dimensão, o domínio da
Frequency Division Multiplexing), a qual é freqüência, o qual permite obter ganhos
empregada tanto em sistemas de comunicação sem adicionais na utilização de técnicas de melhoria
fio (wireless), como por exemplo, os sistemas DVB,
do sinal (entrelaçamento e códigos corretores de
DAB e Wireless LAN IEEE 802.11a, quanto em
sistemas de comunicação a fio (wireline), como o
erro) relativamente aos obtidos pela utilização
ADSL. O tutorial destaca a concepção básica da destas técnicas no domínio do tempo.
técnica e as ferramentas de processamento de Este tutorial está organizado em oito seções.
sinais usualmente empregadas em sistemas OFDM. A concepção básica associada à técnica OFDM é
Os compromissos básicos envolvidos na escolha dos apresentada na segunda seção. Na terceira seção
parâmetros OFDM e as principais fontes de descreve-se os processos de transmissão e
degradação de desempenho desta técnica são recepção e explica-se a funcionalidade do
também apresentados, juntamente com as intervalo de guarda. Aborda-se os principais
principais características de alguns sistemas parâmetros no projeto de um modem OFDM na
OFDM padronizados internacionalmente. quarta seção. Na quinta seção descreve-se as
Abstract. A tutorial exposition of the OFDM
principais fontes de degradação de desempenho
(Orthogonal Frequency Division Multiplexing)
technique is presented, which is employed in
da técnica. Apresenta-se algumas aplicações que
wireless communication systems, such as DVB, se utilizam da técnica na sexta seção. Na sétima
DAB and Wireless LAN IEEE 802.11a systems, as seção é realizada a conclusão deste trabalho.
well as in wireline systems such as ADSL. The
tutorial points out the basic conception of this II. CONCEPÇÃO BÁSICA DA TÉCNICA OFDM
technique, and the signal processing tools usually
Num sistema convencional de transmissão, os
employed within OFDM systems. A basic
presentation of the trade-offs involved in the choice
símbolos são enviados em seqüência através de
of OFDM parameters and the main sources of its uma única portadora (modulada na taxa de
performance degradation are also included, as well símbolos da fonte de informação), cujo espectro
as the main features of some communication ocupa toda a faixa de freqüências disponível.
systems based on this technique. A técnica OFDM consiste na transmissão
paralela de dados em diversas subportadoras com
I. INTRODUÇÃO modulação QAM ou PSK e taxas de transmissão
A técnica de transmissão OFDM por subportadora tão baixas quanto maior o
(Multiplexação por Divisão de Freqüências número destas empregadas.
Ortogonais) surgiu como uma evolução da A redução na taxa de transmissão (aumento na
técnica convencional de Multiplexação por duração dos símbolos transmitidos em cada
Divisão de Freqüência, FDM (Frequency subportadora) implica uma diminuição da
sensibilidade à seletividade em freqüência
Division Multiplexing) onde, no lugar de utilizar-
(dispersão no tempo) causada por multipercurso.
se bandas de guarda para a separação das
subportadoras na recepção do sinal, trabalha-se Além disso, conforme será visto a seguir, a
com uma particular sobreposição espectral de utilização de símbolos ciclicamente estendidos
subportadoras. Um sistema OFDM foi torna a técnica de modulação OFDM ainda mais
inicialmente proposto em 1968 [1] e patenteado eficaz no combate a desvanecimentos desta
nos Estados Unidos em 1970 [2]. A primeira natureza.
A Fig. 2.1 ilustra o espectro de um pulso
avaliação da aplicação da técnica OFDM para
gerado na modulação QAM, o qual é da forma
comunicações móveis foi apresentada em
1985[3]. Esta técnica vem desde então sendo sinc( fT ) , com cruzamentos de zeros em pontos
particularmente considerada para ser empregada múltiplos de 1 T , sendo T a duração de um
em radiodifusão, em transmissão digital sobre símbolo QAM. Cabe notar que o valor 0 no eixo
linhas de telefone e em redes locais sem fio horizontal desta figura corresponde de fato à
(Wireless LAN). freqüência da portadora.
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Freqüência

Freqüência

Figura 2.3 − Espectros FDM convencional e OFDM.

Em relação ao domínio do tempo, a característica


de ortogonalidade entre subportadoras implica que
duas subportadoras quaisquer diferem exatamente por
um número inteiro de ciclos durante um intervalo de
Figura 2.1 − Espectro de um sinal QAM. Freqüência símbolo OFDM, uma vez que estas estarão separadas
em freqüência por um valor múltiplo de 1 T . A Fig..
normalizada em relação ao valor 1T .
2.4 ilustra esta propriedade para o caso de quatro
subportadoras OFDM.
Num sistema OFDM o espaçamento entre
subportadoras é cuidadosamente selecionado de forma T
que cada subportadora seja locada em pontos de
cruzamento de zero do espectro das demais, conforme
ilustrado na Fig.. 2.2.

1T

Figura 2.4 – Subportadoras no domínio do tempo.

Em princípio a geração direta e a demodulação do


sinal OFDM requerem conjuntos de osciladores
coerentes, resultando numa implementação complexa
e cara, particularmente quando o número de
Figura 2.2 – Subportadoras de um sinal OFDM.
Freqüência normalizada em relação ao valor 1/T. subportadoras é elevado. Entretanto, conforme será
visto a seguir, esses processos de modulação e
demodulação podem ser executados de forma mais
Embora exista sobreposição espectral de
simples utilizando-se respectivamente algoritmos
subportadoras moduladas, a informação conduzida por
IFFT (Inverse Fast Fourier Transform) e FFT (Fast
cada uma delas poderá ser isolada das demais através
Fourier Transform).
de um correlator (ou filtro casado) adequado.
A largura de faixa dos subcanais de um sistema
Admitindo sincronização de relógio, a saída deste
OFDM é dada pela divisão da largura de faixa total
correlator corresponderá à projeção do sinal OFDM
destinada ao sistema pelo número de subportadoras
recebido sobre a subportadora a ele associada. É
empregadas. Trabalhar com canais mais estreitos ao
possível mostrar que tal projeção depende apenas da
invés de um único canal mais largo traz um grande
informação conduzida por esta subportadora (as
benefício no que diz respeito à seletividade em
projeções das outras subortadoras são nulas). Noutras
freqüência. A possível natureza de desvanecimento
palavras, existe ortogonalidade entre as
seletivo em freqüência apresentado por um canal para
subportadoras, a qual se deve ao espaçamento de
uma transmissão de portadora única, pode ser
freqüência empregado. No entanto, para que se tenha
revertida numa natureza de desvanecimento plano ou
ortogonalidade entre os subcanais na recepção, é
quase plano apresentada pelas frações deste canal,
necessário que as subportadoras estejam centradas nas
quando do emprego da técnica OFDM. Isso elimina
respectivas freqüências dos subcanais OFDM, além de
ou reduz significativamente a necessidade de
se ter a devida sincronização de relógio.
equalização.
Cabe notar ainda que esta sobreposição espectral
Embora a técnica leve o termo multiplexação em
particular produz uma economia significativa de
sua denominação, deve-se ter em mente que a rigor
banda relativamente à técnica FDM tradicional,
não ocorre multiplexação num sistema OFDM, mas
conforme ilustrado na Fig.. 2.3. Pode-se obter uma
sim a transmissão paralela de uma seqüência de bits
economia de banda de aproximadamente 50%.
originalmente única.
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 0
− j 2π ⋅  ⋅(t −t S )
III. TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DO S INAL OFDM T
e
t S+T
Os sinais de N S subportadoras QAM espaçadas
∫ ( )dt
de ∆ f (= 1 T ) e iniciando em t = tS são dados por: tS

  i 
si (t ) = Re d i ⋅ exp  j2π ⋅   ⋅ (t − t S ), t S ≤ t ≤ t S + T Sinal Rx Símbolos
  T   P/ S
OFDM
si (t ) = 0,
(3.1) QAM
tS + T < t < tS  N −1 
− j2π ⋅ S ⋅(t −t S )

i = 0, 1, 2,.....(N S −1)
 T 
e
t S+T

onde T é a duração do símbolo e d i é o símbolo ∫ ( )dt


tS
complexo QAM transmitido pela suportadora de
ordem d i Figura 3.2 – Recepção analógica do sinal.
Os símbolos QAM d i são comumente
denominados subsímbolos de um símbolo OFDM. O Pela observação da Eq. (3.2) pode-se notar que o
sinal OFDM equivalente em banda base é o somatório sinal complexo OFDM em banda base equivale a uma
de N S subportadoras deste tipo. Considerando-se um IDFT (Transformada de Fourier Discreta Inversa) da
seqüência discreta formada pelos N S subsímbolos
intervalo de símbolo que se inicie em t = tS , esse
QAM que compõem cada símbolo OFDM.
sinal pode ser dado por:
Utilizando-se deste fato, elimina-se a complexidade
associada ao uso de um banco de osciladores para a
N S −1  i  
sl (t ) = Re  ∑ di ⋅ exp  j2π ⋅   ⋅ (t − tS ) , tS ≤ t ≤ tS + T geração e a recuperação do sinal OFDM. Na prática é
 i =0  T   comum se utilizar respectivamente algoritmos de
(3.2)
sl (t ) = 0, t S + T < t < tS transformada rápida de Fourier (IFFT e FFT) para a
modulação e a demodulação do sinal.

A Fig. 3.1 ilustra o processo de transmissão III.1. PROCESSAMENTO DIGITAL DO


analógica de sinal OFDM.
SINAL OFDM
 0
j2π ⋅ ⋅(t −tS )
T 
e A Fig. 3.3 ilustra o processo usual de geração
de um sinal OFDM. Realiza-se inicialmente uma
conversão série-paralelo (S/P) na qual conjuntos
de NS palavras de k bits são armazenadas num
Símbolos buffer e mapeadas em NS subsímbolos complexos
S/P Sinal Tx d i , os quais determinam os pontos da constelação
QAM
OFDM de cada subportadora de acordo com o tipo de
 NS −1 (
j2π ⋅ ⋅ t −t S )
 T 
e modulação empregada. Em seguida é aplicada
uma IFFT a este bloco de subsímbolos
complexos, fornecendo como
resultado NS amostras s(i) correspondentes a um
Figura 3.1 – Transmissão analógica do sinal. símbolo OFDM. Por último é realizado o
procedimento de acréscimo de intervalo de guarda ao
A recuperação dos símbolos complexos no símbolo, que será visto posteriormente, seguido então
receptor é realizada pela passagem do sinal OFDM de uma conversão D/A do sinal resultante.
através de um banco de N S correlatores, seguidos de
Sinal Tx Insere
comparações com limiares de decisão adequados. O DA intervalo
processo de recepção analógica de sinal OFDM é OFDM de guarda
ilustrado na Fig 3.2.
Admitindo-se que a entrada do receptor é o sinal m0 m0 Map d0 s(0)
OFDM da Eq. (3.2), sem ruído, a saída do j − ésimo m1 d1 s(1)
m1 Map
correlator será dada por:
m2 m2 Map d2 s(2 )
IFFT
tS + T
 
exp − j2π ⋅   ⋅ (t − tS ) ⋅ sl (t ) dt
j
rj = ∫
tS   
T  (3.3)
tS + T m N S −1 m N S −1 d N S −1
N S −1
  i-j   Map s( N S −1)
rj = ∑d ⋅ ∫ i exp − j2π ⋅   ⋅ (t − t S ) dt = d j ⋅ T
i= 0 tS   T   Dados Tx
Figura 3.3 – Transmissão digital do sinal.

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Caso Ns não seja uma potência de 2, é comum Entrada de Dados


acrescentar-se subsímbolos complexos d i de valor nulo
ao bloco de subsímbolos complexos. Isto tem como Mapeamento
objetivo tornar possível a utilização do algoritmo
IFFT mais comum, que se baseia em seqüências com Bloco de N Complexos
comprimento potência de 2 (algoritmo butterfly) [4]. Taxa 1 T
As subportadoras associadas a estes subsímbolos IFFT
nulos são denominadas subportadoras inativas. Com Re Im Taxa N T
o objetivo de melhor utilizar a faixa de freqüência
cos ω Ct sen ω C t
disponível para transmissão, estes subsímbolos nulos
ocuparão a parte central na ordenação dos pontos da
IFFT (parte mais externa do espectro do sinal).
A recepção do sinal OFDM é realizada como um Sinal O F D M
processo inverso ao da transmissão, conforme Figura 3.5 − Transmissão com modulação adicional.
ilustrado na Fig. 3.4.
Dados Rx III.3. TRANSMISSÃO SEM MODULAÇÃO
s (0 ) d0 Map m0 m0 ADICIONAL
Inverso
Map
s (1) d1 Inverso m1 m1 Em alguns sistemas wireline deseja-se transmitir o
s (2 ) d2 Map
Inverso m2 m2 sinal sem a utilização de nenhum estágio adicional de
FFT
modulação. Neste caso isto só é possível tendo-se
como saída da IFFT valores reais, e não complexos.
Este problema é solucionado gerando-se a partir da
s(N S −1) d N S −1 Map m N S −1 m N S −1
Inverso seqüência original de N elementos, uma nova
seqüência complexa com 2N elementos cuja IFFT é
Sinal Rx Remove uma seqüência real. O novo bloco de dados
AD intervalo
OFDM de guarda complexos d i' gerado a partir do bloco original de
dados di será formado conforme as equações a
Figura 3.4 − Recepção digital do sinal. seguir[6]:
Após os processos de conversão A/D do sinal e de
remoção do intervalo de guarda é aplicada uma FFT di , i = 1,..., N − 1
d i' =  * (3.4)
em NS amostras s(i) correspondentes a um símbolo d2 N −i , i = N + 1,..., 2 N − 1
OFDM, fornecendo como resultado um bloco de NS
subsímbolos complexos d i . Em seguida mapea-se d 0' = Re {d 0 } (3.5)
inversamente esse bloco em um conjunto de NS d 'N = Im {d 0 } (3.6)
palavras de k bits, armazenando-as num buffer. Por
último é realizada a conversão paralelo-série (P/S) Resumindo-se, são acrescentados à seqüência
desses bits. original complexos conjugados dos elementos da
mesma. A saída da IFFT para uma seqüência com esta
III.2. TRANSMISSÃO COM MODULAÇÃO ADICIONAL propriedade sempre será real. A Fig. 3.6 ilustra o
processo de transmissão sem modulação adicional
A Fig. 3.5 ilustra a arquitetura de um sistema Entrada de Dados
OFDM capaz de utilizar um estágio adicional de
Mapeamento
modulação empregando moduladores em fase e
quadratura. Esta configuração é comum em sistema de
comunicação wireless, no processo de modulação de. Bloco de N Complexos
sinais em banda base para a banda requerida de Taxa 1 T
freqüência FI ou RF. Deve ser observado que a Bloco de 2 N ( Complexos e Conjugados )
configuração básica ilustrada não leva em
consideração a dispersão de atrasos do canal, o qual é Taxa 1 T
IFFT
combatida com a utilização do intervalo de guarda
Em muitos sistemas wireless são utilizados nas Taxa 2 N T
subportadoras constelações com poucos níveis, que
Sinal OFDM
possuem maior eficiência de potência, tais como
BPSK, QPSK e QAM-16. Em sistemas a fio Figura 3.6 − Transmissão sem modulação adicional.
(wireline), onde a relação sinal ruído (S N ) em geral
é maior e varia de acordo com a faixa de freqüência, o III.4. INTERVALO DE GUARDA
número de níveis de modulação e, portanto, a taxa de
bits transportados por cada subportadora pode ser Uma das mais importantes razões para se utilizar a
maior [5]. técnica OFDM é o modo de como ela lida com o
espalhamento de retardo do canal (τ rms ) . A conversão
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S/P dos dados de entrada tem como conseqüência um Desde que seus respectivos valores de retardo
aumento na duração de cada símbolo transmitido (T) sejam menor que o intervalo de guarda, pode-se
por um fator NS , o que faz também com que a relação garantir que réplicas retardadas do símbolo OFDM
entre τrms e T seja reduzida pelo mesmo fator. terão sempre um valor inteiro de ciclos dentro do
Para a eliminação da Interferência entre Símbolos intervalo de cálculo da FFT. Como resultado, os sinais
(ISI, de Intersymbol Interference) introduz-se um multipercurso com retardo menor que o intervalo de
intervalo de guarda a cada símbolo OFDM. Projeta-se guarda não causarão ICI.
este intervalo de forma que as componentes É válido observar também que modulações de
multipercurso de um símbolo OFDM não possam ordem mais elevadas, tais como a QAM-64, são mais
interferir na recepção do símbolo OFDM subseqüente. sensíveis à ICI e à ISI do que as modulações de ordem
Um símbolo OFDM (de duração TS ) será constituído menores, como a QPSK [7]. A utilização de códigos
então pelo símbolo útil OFDM (de duração T) e pelo com maior capacidade de correção pode ser necessária
intervalo de guarda (de duraçãoTg ). para combater o efeito de tais interferências.
Um intervalo de guarda poderia ser criado apenas
pela ausência de sinal. Neste caso, porém, as IV. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS OFDM
subportadoras deixariam de ser ortogonais, dando
origem ao problema de Interferência entre A escolha dos vários parâmetros OFDM requer um
Subportadoras (ICI, de Interchannel Interference). compromisso entre alguns requisitos freqüentemente
Este efeito é ilustrado na Fig. 3.7, através de um conflitantes. Geralmente são utilizados três requisitos
exemplo relativo à recepção de duas subportadoras. principais para se começar o projeto básico de um
sistema OFDM: a largura de faixa do sinal (B W), a
taxa de transmissão requerida (R) e o espalhamento de
subportadora 1 retardo do canal (τrms ). No projeto completo de um
modem OFDM, consideram-se também: o
espalhamento Doppler do canal (υ rms ), a degradação
na S/N devido ao ruído de fase (Dfase) e a degradação
subportadora 2 na S/N devido ao desvio de freqüência (Dfreq).
retardada O efeito produzido pelo espalhamento Doppler
resume-se em ter-se na recepção um deslocamento de
intervalo freqüência (função do comprimento de onda do sinal e
de guarda do vetor velocidade do móvel) na portadora do sinal.
T = intervalo de integração FFT Um efeito desta natureza, conforme será visto na
seção V, causa uma degradação na relação S/N
símbolo OFDM proporcional a razão entre o deslocamento de
Figura 3.7 − Intervalo de guarda sem extensão cíclica. freqüência e o espaçamento entre subportadoras (∆f).
Pode-se concluir então, que o efeito produzido
pelo espalhamento Doppler será contrário ao efeito
Quando o receptor OFDM tentar demodular a
produzido pelo espalhamento de retardo, no sentido de
primeira subportadora mostrada na Fig. 3.7, irá
que pode ser conseguida uma boa tolerância em
encontrar alguma interferência da segunda. Isto ocorre
relação a este último diminuindo-se o espaçamento
pelo fato da diferença entre o número de ciclos das
entre subportadoras, enquanto uma maior robustez em
duas subportadoras dentro do intervalo de cálculo da
relação ao primeiro poderá ser conseguida
FFT (T) não ser um número inteiro. De forma similar,
aumentando-se este espaçamento. Com base no
ocorrerá alguma interferência da primeira
espalhamento de retardo do canal determina-se o valor
subportadora na segunda.
do intervalo de guarda (Tg ).
Para que a ICI seja eliminada, o símbolo OFDM é
Como regra geral, Tg deve ser cerca de duas a
estendido ciclicamente no intervalo de guarda,
quatro vezes τrms [7]. A sua definição precisa
conforme ilustrado na Fig. 3.8. Isto equivale a
acrescentar ao início de cada símbolo uma certa dependerá do tipo de codificação e do tipo de
modulação utilizados. Alguns autores preferem
quantidade de amostras da parte final do mesmo.
projetar Tg como tendo apenas um valor maior do que
subportadora 1 o valor de retardo máximo do canal (τmax) [8].
Determinado Tg , tem-se o valor da duração do
símbolo OFDM (TS ), dado pela soma de T com Tg . A
subportadora 2
perda na relação S/N devido à inserção de um
retardada intervalo de guarda é dada pela Eq. (4.1) [8]:

 Tg 
intervalo ( S N ) PERDA = − 10 log  1−  (4.1)
de guarda
 TS 
T = intervalo d e integração FFT
onde T é a duração do símbolo útil OFDM, Tg é a
símbolo OFDM
duração do intervalo de guarda e TS = T + Tg é a
Figura 3.8 − Intervalo de guarda com extensão cíclica duração do símbolo OFDM.
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Para minimizar a perda devido à introdução de Tg notar, no entanto, que embora os sistemas OFDM
é desejável se ter TS >> Tg . Uma escolha prática de sejam mais suscetíveis ao ruído de fase e ao desvio de
projeto é fazer TS no mínimo cinco vezes maior que freqüência que os sistemas de portadora única, estas
Tg , o que implica numa perda de aproximadamente degradações podem ser mantidas em níveis
admissíveis.
1dB na S/N devido à Tg [7]. Entretanto este parâmetro
não pode ser arbitrariamente elevado, uma vez que um Uma terceira fonte de degradação de sistemas
maior valor de TS implica em: aumento de NS com OFDM mas de menor expressão, refere-se ao erro de
temporização do símbolo, o qual causa maiores danos
diminuição de ∆f, maior complexidade de
na recepção do sinal em sistemas de portadora única.
implementação, maior sensibilidade ao ruído de fase e
Para uma determinada taxa de transmissão, os
ao deslocamento de freqüência e o aumento na relação
símbolos de um sistema de portadora única são em
entre a potência de pico e a potência média do sinal.
geral de duração muito menor que os símbolos do
Fixados TS e Tg NS segue diretamente da divisão de
sistema OFDM que utilize a mesma banda, estando,
BW por ∆ f .Atendidos os requisitos relativos a τms e
portanto, mais sujeitos aos efeitos da maior ou menor
BW , atender-se-á o requisito relativo a R pela escolha precisão dos circuitos de extração de sincronismo de
do tipo de modulação a ser empregada nas símbolo na recepção. Além disso, a inclusão do
subportadoras. A relação R.TS /NS fornecerá o número intervalo de guarda no sistema OFDM aumenta ainda
de bits que cada subsímbolo empregado deverá mais sua imunidade aos erros de temporização de
representar. símbolo.
Cabe notar que na verdade não existe um
ordenamento único de etapas a serem seguidas no V.1. RUÍDO DE FASE
projeto de um modem OFDM. Assim sendo, o tipo de
modulação a ser empregado nas subportadoras Estágios adicionais de modulação podem
também pode, por exemplo, ser um pré-requisito do introduzir degradações na S N devido ao ruído de
projeto. Diversos exemplos práticos de
fase no oscilador local envolvido nestes estágios. Num
estabelecimento dos parâmetros OFDM são relatados
oscilador prático, este tremor de fase aleatório
na seção VI.
modulará em fase a portadora gerada.
O ruído de fase produzirá um efeito comum a
V. FONTES DE D EGRADAÇÃO DE DESEMPENHO DA
todas as subportadoras denominado neste trabalho de
TÉCNICA OFDM
erro de fase comum. Esta rotação na fase das
subportadoras pode ser eliminada, por exemplo,
Num receptor OFDM as subportadoras serão medindo-se a variação na fase de uma subportadora
ortogonais somente se a freqüência da portadora do
piloto e subtraindo esta rotação de todas as
sinal recebido coincidir com a freqüência do oscilador
subportadoras.
local. Qualquer descasamento entre estas provoca ICI. Osciladores de melhor qualidade (maiores custos)
Um problema que dá surgimento a este fato é o ruído
tipicamente apresentam menos ruído de fase que os
de fase. Um oscilador prático não produz uma
osciladores mais baratos. Em sistemas wireless,
portadora numa freqüência exata, mas ao invés disso, portanto, deve-se esperar um efeito maior do ruído de
é produzida uma portadora modulada em fase por um
fase nos terminais móveis do que na estação rádio
sinal aleatório (tremor de fase). Como resultado, a
base. Em princípio, os ruídos de fase de ambos os
freqüência que é a derivada temporal da fase, nunca osciladores (estação base e terminal móvel) deveriam
será perfeitamente constante, podendo causar ICI na
ser levados em conta no projeto do modem OFDM.
recepção.
Na prática o oscilador utilizado na estação rádio base é
Um segundo problema relacionado a este fato é o suficientemente estável para se desconsiderar seu
desvio de freqüência devido à imprecisão na
ruído de fase.
freqüência de trabalho de um oscilador. O valor de
A densidade espectral de potência do ruído de fase
freqüência de um oscilador é em geral especificado de um oscilador é comumente modelada por um
com uma determinada margem de erro. Este erro pode
espectro de Lorentz, que equivale ao quadrado do
causar uma diferença significativa entre as freqüências
módulo da função de transferência de um filtro passa-
dos osciladores do transmissor e do receptor, baixas de Butterworth de 1a ordem [7]. O espectro
implicando também em ICI na recepção do sinal.
unilateral da saída do oscilador é dado neste caso por:
Nos sistemas de portadora única, o ruído de fase e
os desvios de freqüência fornecem apenas 2 π BO
SS = , f ≥ fC (5.1)
degradações na S N , ao invés de introduzirem 1 + ( f − fC )2 BO
interferências. Estas degradações na S N significam
onde BO é a semifaixa de 3dB do sinal do oscilador.
o valor necessário a ser aumentado na S N para que Na Fig. 5.1 ilustra-se um exemplo de espectro de
seja mantida a mesma taxa de erro de bit (BER, de Bit Lorentz de ruído de fase, centrado em fc com uma
Error Rate) quando na ausência de danos ao sinal. semifaixa de 3dB de 1Hz, típico de osciladores na
Isto explica a sensibilidade ao ruído de fase e ao faixa de 5GHz.
desvio de freqüência serem freqüentemente
mencionados como desvantagens dos sistemas OFDM
em relação aos sistemas de portadora única. Deve-se
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V.3. ERRO DE TEMPORIZAÇÃO DE S ÍMBOLO

A técnica OFDM apresenta maior robustez a um


deslocamento do instante de recepção do símbolo,
uma vez que este instante pode variar sobre um
intervalo de tempo de duração igual ao intervalo de
guarda sem causar ISI ou ICI.
O erro de temporização na recepção do símbolo
( )
OFDM τ erro implicará apenas um deslocamento de
fase ϕ i , que será proporcional à freqüência de cada
subportadora e será dado pela Eq. (5.4) [7].
ϕ i = 2π f i τ erro (5.4)

Estes deslocamentos de fase, acrescentados aos


Figura 5.1 − Densidade espectral de potência do sinal de desvios de fase produzidos pelo canal também podem
um oscilador com ruído de fase. ser estimados e reduzidos com a utilização de tons
pilotos.
Para um canal Gaussiano, a Eq. (5.2) fornece a
degradação na S N devido à ICI causada pelo ruído VI. ALGUMAS APLICAÇÕES
de fase [9].
Esta seção descreve exemplos de sistemas que se
44π BO E S
D fase ≅ (5.2) utilizam da técnica OFDM. Apresentam-se
6 ln 10 ∆f N O primeiramente sistemas de radiodifusão de áudio e
televisão digitais. O Padrão de Radiodifusão de Áudio
Como pode ser observado em (5.2), esta Digital (DAB, de Digital Audio Broadcasting) foi na
degradação será proporcional à razão entre BO e ∆f. O verdade o primeiro padrão baseado em modulação
maior problema que pode ser produzido pelo ruído de OFDM. As principais razões para escolha da
fase em sistemas OFDM é a ICI introduzida por este. modulação OFDM para este sistema, o que também se
Isto é causado pela perda de ortogonalidade entre os aplica à Radiodifusão de Vídeo Digital (DVB, de
subcanais, conforme exemplificado na Fig. 5.2. Um Digital Video Broadcasting), são as possibilidades de
segundo efeito destrutivo é uma redução nas projeções fazer-se uma rede de freqüência única (SFN, de Single
do sinal recebido sobre as diferentes subportadoras Frequency Network) e a maneira eficiente de lidar-se
(deslocamento das funções sinc).
com τms .
∆F O Padrão IEEE 802.11a Wireless LAN, que
Amplitude também se utiliza da técnica de modulação OFDM,
apresenta como vantagem relativamente ao Padrão
802.11b poder trafegar com taxa de transmissão de até
54 Mbps. A taxa máxima de transmissão admissível
no Padrão IEE 802.11b é de 11 Mbps. Por último e
como exemplo de aplicação OFDM wireline,
descreve-se sucintamente o sistema ADSL (Assimetric
Freqüência Digital Subscriber Line).

VI.1. RADIODIFUSÃO DE ÁUDIO DIGITAL (DAB)


Figura 5.2 − Recepção de sinal OFDM com ICI.
O DAB representa uma sucessão da radiodifusão
V.2. DESVIO DE FREQÜÊNCIA analógica baseada em AM e FM. Foi padronizado em
1995 pelo Instituto de Padronização de
A ocorrência de desvio de freqüência acarreta a Telecomunicações Europeu (ETSI) [10]. A base para
perda da ortogonalidade entre as subportadoras essa padronização foi a especificação desenvolvida
OFDM, e o conseqüente surgimento de ICI. Pode-se pelo projeto Europeu Eureka 147 DAB, que teve
mostrar que para um canal Gaussiano a degradação na início em 1988.
S N causada por um desvio de freqüência que seja Quatro são os modos de transmissão para o DAB,
pequeno em relação a ∆ f é dada pela Eq. (5.3) [9]. classificados de acordo com o conjunto de parâmetros
OFDM empregados. A Tabela 6.1 lista o conjunto de
2
10  π δf  ES parâmetros OFDM para cada modo.
D freq ≅   (5.3) Uma importante razão para o uso de OFDM para
3 ln10  ∆f  NO DAB é a possibilidade de utilizar-se redes de
freqüência única. Deste modo pode-se cobrir distintas
onde δf é o desvio de freqüência. Conforme sugerido áreas geográficas com transmissores enviando o
pela Eq. (5.3), esta degradação será proporcional ao mesmo sinal sem que uma recepção proveniente de
quadrado da razão entre δf e ∆f. mais de um desses transmissores sofra ISI.
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Tabela 6.1 − Principais parâmetros OFDM do sistema domínio da freqüência, ou seja, comparações de fases
DAB. de subsímbolos de subportadoras adjacentes.
Parâmetros Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 4
NS 1536 384 192 768 VI.2. RADIODIFUSÃO DE VÍDEO DIGITAL (DVB)

∆f 1 kHz 4 kHz 8 kHz 2 kHz O DVB trabalha o OFDM com dois possíveis
T 1.0 µs 250.0µs 125.0µs 500.0µs modos utilizando respectivamente 1705 e 6817
Tg 246µs 61.5µs 30.8µs 123µs subportadoras [11]. Estes modos são respectivamente
Separação entre <96 km < 24 km referenciados como Modo 2k e Modo 8k.
<12 km <48 km A principal razão de existirem dois modos é
transmissores
devido ao fator implementabilidade do sistema Modo
Desta forma as redes de freqüência única podem 8k. Basicamente, o Modo 2k é uma versão
ser encaradas como método de aumento na eficiência simplificada o qual requer somente uma IFFT/FFT de
espectral. É importante observar também que a dimensão igual a um quarto do tamanho daquela
separação entre transmissores varia diretamente com o necessária ao sistema Modo 8k. Devido ao intervalo
valor do intervalo de guarda. de guarda ser também quatro vezes menor, o Modo 2k
Em uma rede de freqüência única, um usuário pode lidar com um menor espalhamento de retardo do
recebe o mesmo sinal de diferentes transmissores canal e com uma menor diferença de retardos de
simultaneamente. Devido às diferentes propagações propagação entre transmissores dentro de uma rede de
entre transmissores, existe algum retardo entre a freqüência única.
chegada dos sinais. Isto é exemplificado na Fig. 6.1, A Tabela 6.2 lista os principais parâmetros do
onde o sinal DAB proveniente de dois transmissores padrão DVB.
chega ao usuário com uma diferença de retardo que é
Tabela 6.2 − Principais parâmetros OFDM do sistema
dado pela diferença das distância (d1 − d2 ) dividida DVB.
pela velocidade da luz c .
Parâmetros Modo 2K Modo 8K
NS 1705 6817
∆f 4464 Hz 1116 Hz
d2
T 224µs 896µs
d1 Tx 2 56µs(1/4) 224µs(1/4)
DAB
Tg 28µs(1/8) 112µs(1/8)
Tx 1 14µs(1/16) 56µs(1/16)
DAB 7µs(1/32) 28µs(1/32)

A duração do símbolo útil OFDM é 896 µs para o


Modo 8k, enquanto o intervalo de guarda pode
assumir quatro valores distintos, de 28 a 224 µs. Para
Figura 6.1 − Usuário recebendo sinais de dois o Modo 2k os valores correspondentes são quatro
transmissores DAB. vezes menores. Nas subportadoras são empregados
subsímbolos QPSK, QAM-16 e QAM-64.
Do ponto de vista do usuário, esta situação é
basicamente equivalente a um canal multipercurso de
dois raios. Portanto, desde que a diferença de VI.3. IEEE 802.11A WIRELESS LAN S TANDARD
propagação entre os dois sinais seja menor que o
intervalo de guarda do símbolo OFDM, não ocorrerá Em julho de 1998, o grupo de padronização IEEE
ISI nem ICI. 802.11 decidiu selecionar a técnica OFDM como base
A adição de dois sinais deslocados no tempo com para seu novo padrão em 5 GHz, objetivando uma
correção de atraso relativo entre eles, cria uma transmissão de dados na faixa de 6 a 54 Mbps [12]-
vantagem de diversidade para o usuário, pois a [13]. Este novo padrão é o primeiro a utilizar a técnica
probabilidade de que a soma de ambos sinais tenha OFDM em comunicações baseada em pacotes. Até
uma potência inaceitavelmente baixa devido ao então a utilização da técnica OFDM estava limitada
sombreamento ou ao desvanecimento plano é muito somente a sistemas de transmissão contínua, como o
menor que a probabilidade de que um dos sinais DAB e o DVB.
individuais tenha níveis de potência excessivamente O valor do intervalo de guarda foi o parâmetro
reduzidos. chave que determinou a escolha dos demais. O valor
Nas subportadoras são empregados subsímbolos de 800 ns para este, provê uma robustez a valores de
DQPSK no domínio do tempo de modo que, para a espalhamento de retardo do canal da ordem de
recuperação da informação na recepção, a fase de cada centenas de nano segundos, dependendo da taxa de
subportadora é comparada com a fase da mesma codificação e da modulação empregadas nas
subportadora do símbolo previamente transmitido. subportadoras. Na prática isto significa que o padrão é
Cabe aqui ressaltar que a técnica OFDM também robusto o suficiente para ser empregado em ambientes
permite trabalhar com subsímbolos DQPSK no indoor. Aplicações em ambientes outdoor também são
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viáveis, embora a utilização de antenas diretivas possa aproximadamente 8M bps em downstream


ser necessária para reduzir o espalhamento de retardo (transmissão da rede para o usuário) e 800Kbps em
do canal. A Tabela 6.3 lista os principais parâmetros upstream (transmissão do usuário para a rede). Uma
OFDM do padrão 802.11a. classe mais simples, comumente denominada ADSL
Lite, pode oferecer aproximadamente uma taxa de
Tabela 6.3 − Principais parâmetros OFDM do padrão transmissão de dados de até 1.5Mbps em downstream
IEEE 802.11a. e 500Kbps em upstream.
Parâmetros IEEE 802.11a As duas classes de ADSL são de alguma forma
NS 52 compatíveis. Em ambos os casos as subportadoras são
espaçadas de 43.125 Hz (símbolo útil de duração igual
∆f 312.5 kHz
a 231.9 µs)) nas duas direções . A taxa de transmissão
T 3.2 µs
pode ser ajustada a qualquer valor em passos de
Tg 800 ns
32Kbps. Canais analógicos de voz também são
providos no mesmo par. O valor da probabilidade de
Para combater o efeito de desvanecimentos erro de bit alvo é de 10-7 [15].
profundos sofrido pelas subportadoras, códigos No sentido downstream, a classe Full Rate ADSL
corretores de erros são utilizados com variadas taxas trabalha com 255 subcanais, onde alguns destes
de codificação, fornecendo taxas de transmissão de transportam subsímbolos nulos, conforme explicado
informação de 6 a 54 Mbps. anteriormente. Depois de adicionado à seqüência
original complexos conjugados dos elementos da
Tabela 6.4 − Modulações e taxas de codificação do padrão
mesma, é realizado uma IFFT de 512 pontos nesta
IEEE 802.11a.
seqüência. Isto resulta num quadro de 512 valores
Taxa de reais. Por último, um intervalo de guarda de 32
Modulação Taxa de Codificação
transmissão amostras é adicionado ao símbolo útil.
6 Mbps BPSK 12 No sentido upstream, a classe Full Rate ADSL
3 4 trabalha com 31 subcanais. O mesmo processamento é
9 Mbps BPSK
executado e é adicionado um intervalo de guarda de 4
12 Mbps QPSK 12 amostras ao símbolo útil. Os subcanais downstream e
18 Mbps QPSK 3 4 upstream podem ser sobrepostos.
12 A classe ADSL Lite teve como objetivo ser um
24 Mbps QAM-16
sistema mais simples e de custo menor. Uma
36 Mbps QAM-16 3 4 importante diferença é a eliminação de filtro no
48 Mbps QAM-64 23 equipamento de acesso dos usuários para separar os
canais de voz e de dados. Trabalha com 127 subcanais
54 Mbps QAM-64 3 4
em downstream. Já os subcanais upstream são criados
de forma idêntica ao da classe Full Rate ADSL, com a
Uma das possibilidades é utilizar codificação exceção dos seis primeiros subcanais serem nulos.
convolucional com taxa de padrão industrial 1/2, Estudos sobre aplicações ADSL estão em progresso
comprimento de restrição 7, com polinômios no mundo atualmente [16].
geradores (133,171) representados em octal. Taxas de
codificação de valores maiores, como 2/3 e 3/4, são VII. CONCLUSÃO
obtidas pelo puncionamento da taxa 1/2 (código mãe).
A Tabela 6.4 resume os conjuntos de modulações e Apresentou-se neste trabalho um tutorial sobre a
taxas de codificação para as possíveis taxas de técnica de transmissão OFDM. Abordou-se
transmissão. primeiramente a concepção associada à técnica, onde
A taxa de codificação 2/3 é utilizada juntamente se justificou tanto a robustez de tal tipo de sinal a
com uma modulação QAM-64 nas subportadoras para efeitos de multipercurso como a relativa eficiência
a obtenção de uma taxa de transmissão de 48 Mbps. A espectral da técnica. Em seguida apresentaram-se os
taxa de codificação 1/2 é utilizada juntamente com processos de transmissão e recepção do sinal,
modulações BPSK, QPSK e QAM-16 nas abordando-se também a funcionalidade do intervalo
subportadoras para fornecer taxas de transmissão de guarda.
respectivamente iguais a 6, 12 e 24 Mbps. Finalmente, Relativamente ao projeto destes modems,
a taxa de codificação 3/4 é utilizada juntamente com apresentou-se uma metodologia e verificou-se que a
modulações BPSK, QPSK e QAM-16 e QAM-64 nas escolha dos parâmetros OFDM é um compromisso
subportadoras para fornecer taxas de transmissão entre alguns requisitos freqüentemente conflitantes.
respectivamente iguais a 9, 18, 36 e 54 Mbps. As principais fontes de degradação de desempenho da
técnica foram apresentadas, onde equacionou-se os
VI.4. LINHA DE ASSINANTE DIGITAL ASSIMÉTRICA respectivos valores de degradações na S/N associados
(ADSL) a tais fontes de degradação.
Por fim apresentaram-se, sucintamente, algumas
Recentemente duas classes de ADSL foram aplicações que se utilizam da técnica. Como exemplo
padronizadas [14]. A classe Full Rate ADSL pode de aplicação wireless foram vistos os sistemas DVB,
oferecer uma taxa de transmissão de dados de até
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DAB e o padrão IEEE 802.11a, e como exemplo de [12]TAKANASHI, H. and R. van NEE -Merged
aplicação wireline foi visto o sistema ADSL. Physical Layer Specification for the 5 GHz Band.
IEEE p802.11-98/72-r1, Mar. 1998.
VIII. REFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS [13] IEEE - Supplement to Standard for
Telecommunications and Information Exchange
[1] CHANG, R. W. e GIBBY, R. A. − A Theoretical Between Systems - LAN/MAN Specific
Study of an Orthogonal Multiplexing Data Requirements - Part 11: Wireless MAC and PHY
Transmission Scheme. IEEE Trans. on. Specifications: High Speed Physical Layer in the
Communications, 16 (4): 529-540, Aug., 1968. 5 GHz Band, P802.11a/D7.0, July 1999.
[2] U.S. PATENT 3,488,445 − Orthogonal [14] KYEES, P. J., McCONNELL R. C.,
Frequency Division Multiplexing. Filed Nov. 14, SISTANIZADEH K. - ADSL: A New Twisted
1966, issued Jan. 6, 1970. Pair Access to the Information Highway. IEEE
[3] CIMINI, L. J. - Analysis and simulation of a Commun. Mag.; 33: 52-59, Apr., 1995
digital mobile channel using orthogonal [15] BARTON, M., CHANG L., HSING T. R. -
frequency division multiplexing. IEEE Trans. Performance Study of High Speed Asymmetric
On Communications, 33(7):665-675, Jul., 1985. Digital Subscriber Line Technology. IEEE Trans.
[4] CARLSON, A. B. − Communication Systems. On Commun., 44: 156-157, Feb., 1996
3rd. Ed., New York, McGraw-Hill, 1986. [16] TAKEUCHI, S. - Recent Transmission
[5] BAHAI AHMAD R. S. e SALTZBERG Technology Development for Multimedia
BURTON R. - Multicarrier Digital Services (ADSL for Internet Multimedia).
Communications. Kluwer Academic/Plenum Electrical and Electronic Technology, 2001.
Publishers, 1999. TENCON. Proceedings of IEEE Region 10.
[6] PROAKIS, J. G. - Digital Communications. 3rd. International Conference on, Volume: 1, 2001.
Ed., Prentice-Hall, 1995. Page(s): P1 -P7 vol.1.
[7] PRASAD, R., e VAN NEE, R. - OFDM for
Ernesto Leite Pinto graduou-se em Engenharia
Wireless Multimidia Communications. Artech
Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba, em
House, 2000.
1983. Tem mestrado e doutorado na área de sistemas
[8] EDFORS, O., SANDELL M., BEEK, J. J. V.,
de comunicações pela PUC/RJ, concluídos em 1986 e
LANDSTRÖM, D. e SJÖBERG, F. - An
1998, respectivamente. É Professor Adjunto IV do
Introduction to Orthogonal Frequency-Division
Departamento de Engenharia Elétrica do IME, onde
Multiplexing. September 1996.
trabalha desde 1987. Suas principais áreas de pesquisa
[9] POLLET, T., VAN BLADEL, M. e
são avaliação de desempenho de sistemas de
MOENECLAEY, M. - BER Sensitivity of
transmissão digital e processamento digital de sinais
OFDM Systems to Carrier Frequency Offset and
aplicado a sistemas de comunicações digitais. É autor
Wiener Phase Noise. IEEE Trans. on Comm., 43,
de diversos trabalhos publicados em anais de
No 2/3/4, pp. 191-193, Feb.-Apr. 1995.
congressos e revistas de sociedades científicas
[10] ETSI - Radio Broadcasting Systems: Digital
nacionais e internacionais. É sócio e já fez parte do
Audio Broadcasting to Mobile, Portable and
Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de
Fixed Receivers. European Telecommunication
Telecomunicações.
Standard, ETS 300-401, Feb. 1995.
E-mail: ernesto@aquarius.ime.eb.br ,
[11]ETSI - Digital video broadcasting: framing
structure, channel coding, and modulation for Claudio Penedo de Albuquerque graduou-se em
digital terrestrial television. European Engenharia Eletrônica em 1996 e obteve o grau de
Telecommunication Standard, EN 300-744, Aug. Mestre em Ciências em 2000, ambos pelo Instituto
1997. Militar de Engenharia – IME. Atualmente trabalha no
Centro de Desenvolvimento de Sistemas.
E-mail: penedo@cds.eb.mil.br

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